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Jason Miiller; Hella Jongerius; Tree Hotel; Ilustração Portuguesa; Hortas Urbanas.
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II SÉRIE - MARÇO/ABRIL 2011WWW.BLUE.COM.PT
PORTUGAL - CONTINENTE 01
N.º 01 - II SÉR
IE
JASON MILLERDesign desempoeirado Made in USA
HELLA JONGERIUSO que é que Hella tem?
TREE HOTELUma cabana no topo do mundo
ILUSTRAÇÃO PORTUGUESAO regresso do livro-objecto
QUE VALORES DEFENDE?Os nossos protegem as próximas gerações...
Venha connosco! [ Veja pág. 04 ]
HORTAS URBANAS � O CAMPO NA CIDADE É “BIOAGRADÁVEL”
II SÉ
RIE
N.º 0
1
BIMESTRAL €3.95
BD01-KAPA DESIGN1:BK-KAPA COOKING 31 3/1/11 2:13 PM Page 1
PUB:PUB 12/20/10 4:12 PM Page 1
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MISSÃO BLUE | OS NOSSOS VALORES
PORQUÊ MUDAR?…Revendo-se na mudança que desponta no mundo,
a Blue será mais solidária com os valores inerentes às “boas práticas”.
Solidariedade, Sustentabilidade e Consciência, são algumas
das palavras de ordem. Mantendo a qualidade que o mercado
sempre lhe reconheceu, responderá através da sensibilização
e da criação de soluções ajustadas à realidade, quer para o universo
dos seus leitores, quer para as marcas que estiverem a seu lado.
Juntos percorreremos esse caminho.
CONSUMO INTELIGENTE O novo paradigma do mercado assim o exige.
PRÁTICAS CONSCIENTESPor uma sociedade mais verdadeira.
SUSTENTABILIDADEPara um Mundo à escala humana.
SOLIDARIEDADE Porque não estamos sozinhos.
MÉRITOPremiar e promover quem merece.
DEFESA DO PLANETAUm bom testemunho para as próximas gerações.Os nossos filhos merecem e aí seremos intransigentes!
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…POR UMA VIDA NOVA!
II SÉRIEMENSAL
II SÉRIEBIMESTRAL
II SÉRIEBIMESTRAL
Mensal
UMA NOVA MARCA, UMA NOVA REVISTA
[ BY BLUE ]
New!
Mais do que querer muito, do que ser grande ou mesmo enorme, é ser IMENSO.
É ter vontade de mudar, de fazer, de ser, de estar, de marcar cada momento
do dia-a-dia, criando à nossa volta um movimento de boas atitudes, boas práticas e maior
consciência, uma corrente com uma aura positiva, generosa, universalista
e aglutinadora que chegue a muitos, a todos!
IMENSO é tudo o que já se faz e tudo o que falta fazer!
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editorial :: blue design
Um passo gigante,uma pequena pegadaUMA CAIXA DE SAPATOS É só uma caixa de sapatos. Mas o trabalho de redesign das embalagens
da Puma, levado a cabo pelo estúdio Fuseproject, de Yves Behar, no final de 2010, mostra como um
pequeno passo para o packaging pode ser um passo gigante para a humanidade.
Estes sapatos foram feitos para andar, mas a caixa que os envolve, e na qual são distribuídos pelo mundo,
reduz significativamente a pegada ambiental: a nova embalagem, baptizada de “Clever Little Bag”, usa
menos 65% de cartão que as caixas tradicionais, e reduz 60% o consumo de energia na etapa de
produção. Uma folha de cartão monta-se como um jogo de crianças, fazendo dobras (sem agrafos, sem
cola, sem nada) e um saco de polipropileno, encarnado vibrante, envolve-a, dando-lhe estrutura.
Mas a inteligência da “Clever Little Bag” não se esgota aqui. Ela é “clever”, sobretudo, porque o seu ciclo
de vida não termina quando chegamos a casa e arrumamos os sapatos no armário. Ela é “clever” porque,
em todas as etapas do projecto, foi pensada, desenhada, para ser reinventada. Porque pode ser reutilizada:
as duas partes (cartão e saco de poliéster) separam-se, e temos um saco de viagem para sapatos. Ou para
uma ida à mercearia. Ou para levar o jornal de domingo. Claro que isto acontece com todas as coisas que
reaproveitamos nas nossas vidas. A diferença aqui é que, desde o princípio, esta caixa foi feita para isso.
E funciona. Apesar do nome, a caixa de Behar não é só uma caixinha. Ela é grande porque é fina, astuta,
inteligente, criativa. É “clever”. E é esta atitude, altruísta, solidária, consciente, responsável,
e absolutamente criativa, que valorizamos e celebramos na blue Design. Sempre o fizemos, e basta recuar
a Dieter Rams, que nos anos 80 enunciou os dez princípios do bom design, para perceber que ser “amigo
do ambiente” era já uma questão em cima da mesa. Hoje, pelas razões óbvias, é ainda mais relevante. E
urgente. Só que ser verde hoje não é a mesma coisa que há 30 anos. O verde, hoje, não é simplesmente
bom. É bonito. Da mesma maneira que um objecto bem desenhado, honesto, claro, legível, duradouro,
simplesmente não pode evitar ser belo. Com este número, inauguramos a segunda série da blue Design,
que agora passa a bimestral. Vamos estar mais vezes consigo e também mais perto das coisas,
pequeninas e grandes, que realmente importam nas nossas vidas. Porque o design é das pessoas
e para as pessoas. Porque a vida está nos pormenores. Desenhe a sua vida.
M A D A L E N A G A L A M B A [email protected]
CLEVER LITTLE BAG YVES BEHAR
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N 01
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SUM
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IRA
R 10 B R A N D N E W D E S I G NAs últimas novidades das primeiras marcas.
20 A S C O I S A S D E L E S O chef Lujbomir Stanisic escolhe 8 objectos sem maneiras.
22 LIVRO: PAUL FELTONOs dez mandamentos da tipografia. E o reverso.
24 S P O T : T R E E H O T E LUma cabana no topo do mundo.
26 P E R F I LA designer Marcela Brunken e os arquitectos do Plano B.
30 TENDÊNCIA: HORTAS URBANASEm Lisboa e em Berlim, a cidade veste-se de verde.
36 DESIGN GUIDE: CATARINA CARREIRASCidades criativas com um olhar de insider.
Nova Iorque é a estreia.
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42 E N T R E V I S T A : J A S O N M I L L E RA beleza das coisas imperfeitas segundo o independente
do design americano.
50 DESIGN GURU: HELLA JONGERIUSRetrato ilustrado da grande dame do design Holandês.
60 F O C O : I L U S T R A Ç Ã O N A C I O N A LO regresso do livro-objecto made in Portugal.
88 C U L T O : C I N E C L U B E D A M A I AA tradição cinéfila ainda é o que era.
90 S P O T : S O L E P E S C ANum lugar contemporâneo, o sabor conserva-se.
94 L I V R O SPara folhear o design.
95 E X P O S I Ç Õ E SA arte que vem.
96 M O R A D A SProcure e encontre.
98 N O T E B O O K E R I AIlustração em agenda.
CRIAR
VIVER
68 T H E C O I L I N G C O L L E C T I O NO estúdio Raw Edges mistura lã e silicone.
72 P E T I T H B Y H E R M È SO luxo também se recicla.
76 A R T E C N I C AO design consciente e socialmente responsável da editora
de Los Angeles.
84 W H A T Y O U S E E I S N O TNem tudo o que parece é neste projecto de Fernando Brízio
para a droog design.
86 C O L L E G I E N B R É T I L L O TAs meias vestem a casa.
PROJECTAR
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JMTOSCANO LDA; Rua Rodrigues Sampaio N.º 5; 2795-175 Linda-a-Velha. Todos os preços incluem portes de correio.
Cheque à ordem de: JMTOSCANO-Comunicação e Marketing LdaTransferência Bancária: N IB 0 0 4 5 4 0 6 0 4 0 1 0 2 9 72073 1 9 , da Caixa Crédito Agricola
CONTACTOS PARA ASSINATURAS: Tel.: 214 142 909; Fax: 214 142 951; E-mail: [email protected]
O seu comentário é fundamental para melhorarmos a blue Design a cada edição. Assim, criámos este e-mail para que nos possa apontar todos os defeitos que for encontrando na sua revista. Muito obrigado! [email protected]
A F O R M A S E G U E A E M O Ç Ã O
BLUE MEDIA Rua Vera Lagoa, n º 12, 1649 - 012 Lisboa, Tel.: 217 203 340 | Fax geral: 217 203 349 | Contribuinte nº 508 420 237
DIRECTOR GERAL Paulo Ferreira | DIRECTORAMadalena Galamba, [email protected]
DIRECTOR DE ARTE E PROJECTO GRÁFICO BLUE DESIGN Pedro Antunes, [email protected]
COLABORAM NESTA EDIÇÃO Ricardo Polónio (Fotógrafo) | Susana Alcântara (Arte) | Nuno Miguel Dias, [email protected], Gui Abreu de Lima, [email protected] (Textos)
DIRECÇÃO COMERCIAL Paulo Ferreira, [email protected]
PRÉ-IMPRESSÃONuno Barbosa, [email protected] | DISTRIBUIÇÃO Logista | IMPRESSÃO União Europeia
DEPÓSITO LEGAL 257664/07; Registado no E.R.C. 125205 | PROPRIEDADE: MBC Lazer, S.A.
{ I N T ERD I TA A R E PRODUÇÃO D E T E X TOS E I MAGENS POR QUA I SQUER ME I O S }
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INSPIRAR
BRAND NEWS
TYPE BIBLE
HORTAS URBANAS
TREE HOTEL
PLANO B
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R U C H É , D E I N G A S E M P É P A R A A L I G N E R O S E T
Segunda VoltaDEPOIS DO SUCESSO da linha de sofás Ruché, a designer francesa Inga Sempé traz-nos uma sequela
igualmente cativante: as camas e mesinhas de apoio que reproduzem a mesma filosofia. Uma estrutura
simples de madeira de faia é coberta com uma manta levemente almofadada, e o efeito, leve e acolhedor,
está criado. Nas camas, as combinações de cores (azul céu/madeira natural e cinza/encarnado) estão
particularmente conseguidas. As mesas, em vários tamanhos e formatos, têm um cesto de pele na base,
que pode servir para guardar tudo, de revistas a mantas, dependendo se as queremos ao lado do sofá ou
da cama. Talvez o total look (sofá+cama+mesa) seja exagerado mas Ruché não deixa de ser uma colecção
extremamente atractiva. E, neste caso, o sucesso comercial vem acompanhado de boas críticas.
www.ingasempe.fr MG
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design :: brand new
F L O W E R P A P E R , D E S A N D R A B A U T I S T A P A R A A I N T U N U B E
Notícias FrescasFAÇA CHUVA OU FAÇA SOL, flores novas todos os dias, com a regularidade e a novidade de um jornal
diário. Como as notícias, estas flores (de papel) são sempre frescas. A ideia é da designer Sandra Bautista que
ideou este Flower Paper, um jornal ilustrado com 32 magníficas fotografias de flores solitárias. O método é fácil:
escolhe-se a flor, põe-se na capa, enrola-se o jornal e põe-se num jarro. Depois é só olhar. E fruir. Hortênsias,
Rosas, Margaridas ou Yoko Onos (sim, o nome existe e são verdes) à mão de semear. Não precisam de água.
Estão sempre maravilhosas. Resistem ao calor. Só não têm perfume, mas inspiram, e a imaginação fará o resto.
Em Lisboa, estão à venda na Fabrica Features. www.intunube.com MG
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brand new :: design
T H E C O P E N H A G E N W H E E L P R O J E C T ,P A R A U M A F R E G U E S I A D E C O P E N H A G A
Sentidoe Sustentabilidade
É UMA RODA DE BICICLETA INTELIGENTE, um híbrido entre a pedalada natural
e poder da electricidade. A Copenhagen Wheel acopla-se à bicicleta e vai armazenando a energia
que produzimos, ao pedalar e travar, para depois a usar (em modo eléctrico) quando precisamos de
um empurrãozinho. Mas não é tudo. À medida que pedalamos, a roda Copenhagen vai recolhendo
informação sobre a nossa performance (que esforço estamos a fazer, quantas calorias estamos a
queimar), ao mesmo tempo que os sensores incorporados captam informação sobre o ambiente:
níveis de monóxido de carbono, trânsito, ruído, temperatura e níveis de humidade. Toda esta
informação é reunida numa aplicação no Smart Phone, o que nos permite escolher a melhor rota
e ainda partilhar a informação que vamos recolhendo com os outros ciclistas urbanos ligados.
O projecto, desenvolvido pelo SENSEable City Lab do MIT, para uma freguesia de Copenhaga será
lançado em Junho. http://senseable.mit.edu/copenhagenwheel/ MG
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I E T A G ,Y U R E N A R U S E E J U N I N O K U M A
ConstrutivoPARTINDO DE UMA FORMA ARQUETIPAL e usando um material reciclado (a madeira utilizada nas obras
como suporte da construção, e que, finalizado o edifício, se transforma em lixo) os japoneses Yure Naruse e Jun
Inokuma criam uma paisagem doméstica com memória. A madeira, transformada em papel, é regenerada,
e ao mesmo tempo retém, na forma que permanece, a história do que foi. Cada casa é um bloco de etiquetas
autocolantes de papel que servem para marcar livros e documentos, mas é também a evocação do momento
da construção. Assim, nada se perde, tudo se transforma, e de casa em casa, compõe-se uma cidade verde,
para alinhar, como o perfil de uma povoação, em cima da secretária.
www.narukuma.com MG
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A C A D E M I A D E A R T E U N I Q A ,D E L T A Q
Cápsula Criativa O NAMORO ENTRE as máquinas de café de cápsulas e a produção gráfica e artística
está na moda, e a Delta Q não é excepção. Mas fazê-lo com tanta inspiração e arrojo já
não é tão comum. Com o projecto Academia de Arte úniQa, um espaço vibrante e cheio
de onda, que durante o mês de Fevereiro serviu de plataforma criativa para os jovens
artistas nacionais mostrarem o seu talento, a Delta Q mostrou como o universo do café
pode ser inspirador. No coração do Bairro Alto, a galeria temporária expunha as peças
criadas pelos artistas da agência Who, no último Natal: alinhadas nas paredes,
as máquinas Delta Q Qosmo personalizadas pelos ilustradores não deixavam ninguém
indiferente. Para além da mostra Q, os visitantes do espaço podiam assistir ao vivo
à customização das máquinas, levada a cabo pelos artistas da Academia, e participar no
intenso programa de actividades, que incluía workshops de desenho, duelos de produção
artística entre criadores (Ilustra Battles) e acções apaixonadas, como a convocada para
o Dia dos Namorados, onde os casais especialmente criativos tinham carta branca para
fazer uma declaração de amor pública, e gráfica. Pela Academia de Arte úniQa, entre
tertúlias e intervenções gráficas (o mural, feito ao vivo, é um prodígio) passaram artistas,
mas também estudantes de design, ilustração e Belas Artes à procura do lado mais
criativo e estimulante do café. www.mydeltaq.com MG
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L O S A N G E S D E R O N A N & E R W A N B O U R O U L L E C , P A R A A N A N I M A R Q U I N A
Kilim Geométrico“SEMPRE NOS SENTIMOS fascinados pelos tapetes Persas tradicionais, especialmente pela técnica ancestral
do kilim que é uma mistura delicada entre o rústico e o fino”, explicam Ronan & Erwan Bouroullec a propósito
do seu novo projecto para a marca espanhola Nani Marquina. Feito à mão no norte do Paquistão, cada tapete
Losanges é único, porque a lã afegã é fiada manualmente, dando origem a combinações cromáticas “subtilmente
aleatórias”. São 13 cores e um bonito perfil recortado que reproduz a forma geométrica do losango (que também
vibra, em diferentes tamanhos e tons, na superfície do tapete). Os manos Bouroullec em grande forma, mais uma
vez a reinterpretar um clássico, ainda que distante, e a torná-lo incrivelmente próximo. www.bouroullec.com MG
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CONCEBER uma habitação unifamiliar de construção sustentável e de baixo
custo para a capital de Angola, foi o repto do concurso A House in Luanda:
Patio and Pavillon, lançado pela 2ª Trienal de Arquitectura de Lisboa, em
parceria com a Trienal de Luanda. Os 30 projectos em competição foram vistos
no Museu da Electricidade e o júri elegeu vencedor o projecto português da
equipa coordenada por Pedro Sousa, composta pelos arquitectos Tiago
Ferreira, Madalena Madureira, Tiago Coelho e Bárbara Silva. Na lógica da
sustentabilidade, da execução por etapas, passíveis de realizar pelos
moradores, trata-se de uma casa em taipa – sistema rudimentar de construção
de paredes que consiste em comprimir a terra às camadas em moldes de
madeira – com interessante planta, que lança um corredor central ligado a seis
pátios e aos espaços destinados às diversas funções da casa. Fica, assim,
assegurada a comunicação permanente do interior com o exterior,
e a privacidade dos membros da família.
www.trienaldelisboa.com | www.tma.pt GAL
brand new :: arquitectura
A H O U S E I N L U A N D A : P A T I O A N D P A V I L L O N , P A R A A T R I E N A L D E A R Q U I T E C T U R A D E L I S B O A
A Luanda,com saudade
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??????????? :: ?????????arquitectura :: brand new
O NOVO EDIFÍCIO que expande o Oceanário de Lisboa, projectado pelo arquitecto Pedro Campos Costa em
parceria com a especialista de aquários Coutant, está a vestir-se, e a fatiota foi talhada pela Cumella. A reputada
fábrica de cerâmica catalã de Toni Cumella, foi escolhida para elaborar o revestimento, que terá a cor branca
a três tons, num total de 4000 “escamas” opacas e 800 de gelosia, reservadas à área de fachada perfurada,
concebida para a entrada de luz. A montagem conta com a supervisão assídua de Toni Cumella e as peças serão
colocadas de forma aleatória, a pressagiar um resultado surpresa. O rigor aconteceu na produção, com critérios
de proporção na cor, mas agora é o acaso que vai ditar o ritmo da desordem. Ansiosos pois, sabemos que
o melhor spot para gozar a obra do galardoado Cumella é o restaurante. Vista para o Tejo, 400m2 luminosos
e menus saudáveis de raiz mediterrânica. A descobrir nos últimos suspiros de Março. www.cumella.net GAL
C E R Â M I C A C U M E L L A , G R E S P E R A L ’ A R Q U I T E C T U R AP A R A O O C E A N Á R I O D E L I S B O A
O canto da sereia
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É o homem de quem todos falam. Um falatório por vezes indistinto,
por causa da água na boca. Afinal, Ljubo tem a mão em duas das melhores cozinhas lisboetas, o 100
Maneiras e o homónimo Bistro. Mas há toda uma vida fora delas. É aí que entram todos estes objectos.
Ljubo gosta destas coisas. Vai poder falar sobre outros assuntos que não a cozinha, onde passa a maior
parte do seu tempo, e receitas que cria ou reinterpreta. Foi por isso que lhe coube a inauguração desta
rubrica. Quando chegámos ao Bistro, à hora do almoço (um horário estrategicamente planeado
para aproveitar a hospitalidade jugoslava, que assoma sempre na forma de um inevitável “Queres comer
alguma coisa?”, shame on me), Ljubo estava numa reunião com os sócios (à mesa, claro). Mudava-se,
naquele momento, uma ementa na qual eu não ousaria tocar, festejava-se a chegada
de outro vinho da sua criação e experimentava-se um prato novo. Provei destes últimos e lancei-me
ao trabalho. Sobre o chão de ardósia do 100 Maneiras Bistro, jaziam retalhos da vida
de um Chef jugoslavo sem o qual Lisboa já não consegue viver. e
LJUBOMIR STANISICA S C O I S A S D E L E S
1. Bola de Basquete | Jogador desde os nove anos,
passou pelas equipas Sarajevo e Partisan. Em Portugal,
chegou a disputar, pelos Estrelas de Lisboa, um lugar
na Liga Inatel. Ainda hoje segue as competições mais
importantes e, como bom jugoslavo que é (quem não
se lembra do Vlad Divac ou do Drasdan Petrovic),
brilham-lhe os olhos quando relembra as derrotas
inflingidas aos E.U.A. em duas olimpíadas seguidas (Los
Angeles 84 e Seul 88). Por cá, costuma “bater bolas”, mas
a impopularidade do desporto que considera rei leva
a que os seus adversários sejam vexados (como o próprio
cunhado, que na última partida perdeu por 30-4).
2. Os seus vinhos | Não falamos da sua selecção. São
mesmo os que FEZ, com a ajuda de alguns dos melhores
enólogos da praça. Solar dos Lobos by Ljubomir (branco
e tinto), o elegantíssimo Lhubinho e o novíssimo e já
imperdível LHU BAV (ou LHUBÃO). Aos outros, desde
que bons, gosta de degustá-los com demora, de apreciar
cada pormenor. Não concebe boa comida sem eles.
Um gourmand, pois.
3. MOJ KUVAR | Ou “O Meu Livro de Receitas”.
É uma obra de 1825 de e sobre cozinha tradicional
jugoslava que considera uma bíblia. Foi, provavelmente,
o livro que mais folheou na vida (embora leia tanto
que não vê, sequer, TV) e ainda hoje retira das gastas
páginas ideias valorosas, que acabam sempre por
se provarem excelentes.
4. Navalha | Ljubo não é Alentejano mas parece.
Instrumento de trabalho, talher e fiel amiga na pesca
dos tempos livres, a navalha está sempre ao seu alcance.
Porque nunca se sabe quando e de onde pode aparecer
um queijo de cabra bem curado e salgado.
Como deve ser, portanto.
5. Relógio Snyper | Não é um objecto muito conhecido
em Portugal, mas é um instrumento de precisão
de fabrico suíço que, para um correcto desempenho
da sua profissão (os tempos de forno ou cozedura a vácuo
podem ser quase medidos em milésimas), precisa
de ter ao pulso. Mas não o tira nos tempos livres.
Não que precise de ver as horas. Só porque sim...
6. Discos | Não conseguiria viver sem música.
Tem a “escola” dos Blues e Gospel mas, hoje, é a música
electrónica que o faz vibrar. O gira-discos é essencial
em casa e considera-se, a esse nível, antiquado.
7. Cadeira Barcelona | Um ícone do design mundial
e uma presença obrigatória em sua casa.
Não há outro sofá ou similar que proporcione a mesma
relação conforto/beleza.
8. Piaggio Vespa | O melhor meio de transporte
do mundo, “e chega. Não escrevas mais nada”, pede-me.
Mas eu tenho que referir que a preferência recai sobre
a 150 Sprint dos anos 60 e 70. Peço desculpa, Ljubo.
9. The Man | Ljubomir Stanisic nasceu na Jugoslávia
não interessa há quantos anos. Interessa, isso sim,
há quantos anda nisto da Alta Cozinha. Há muitos.
E há quantos trocou o seu país pela Lisboa por quem
se enamorou? Há alguns. Foi por isso que lhe ofereceu
dois dos melhores restaurantes do momento.
Toda a Europa (e o Tripadvisor.com) o sabe. e
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PAUL FELTON Porque para quebrar as regras temos de as conhecer. Um guia para paginadores
modernos feito bíblia do design gráfico. Para saber, precisamente, onde e como pecar
da melhor maneira. E que bem que sabe.
TEXTO E FOTOS N U N O M I G U E L D I A S
OS “DEZ MANDAMENTOS DA TIPOGRAFIA”
ou “Heresia na Impressão”, se virarmos o livro
horizontalmente (e numa tradução absolutamente livre
que, por acaso, não existe para português) é, antes de
mais, um apontamento humorístico. 80 páginas que ora
expõem os mandamentos que comandam a mais
convencional forma de paginar o lettering, seja qual for
o suporte (livros, revistas, artes gráficas em geral),
ora apelam ao derrube de todas as barreiras para que
se possa inovar e surpreender de uma forma mais
desafiadora, ou herética, dependendo da forma como
incidimos o nosso olhar sobre o livro
(ou de que lado o abrimos).
Primeiro, aprender os cânones que “regularizam”, desde
Gutenberg, a mais convencional forma de dispor os
caracteres sobre uma página em branco. Depois, e com
o devido conhecimento de causa, perverter tudo em
nome de uma contemporaneidade que cabe a cada um
de nós. No que toca ao design, afinal, tudo vale,
desde que envolva paixão.
Paul Feldon sugere, expondo dez regras como
mandamentos, que as mesmas sejam quebradas,
ilustrando como fazê-lo, num registo humorístico que dá
vontade de ler, partilhar e, pois, seguir religiosamente!
Como petiz que aprendeu, na escola, a cartilha da
paginação de texto e, agora, qual revolucionário lutando
contra o sistema que o agrilhoou durante décadas,
apregoa a mudança, o autor opta por um “golpe” de
mestre: um livro que é, tanto pelo que encerra como
pelo que sugere, à primeira vista, ser, uma obra de arte
gráfica ele próprio. Este livro não é um guia e a sua
repetida consulta só se poderá levar a cabo porque
convém, aos profissionais da área, lembrar que estes
não são tempos de nos rendermos ao convencional.
Num tempo em que se questiona (mais em Portugal do
que em qualquer outro centro de produção de conteúdos
de valor), se o papel, como suporte, tem algum futuro,
quem realmente sabe responde com publicações
verdadeiramente inovadoras e que ultrapassam, em
contemporaneidade, qualquer produção milionária
destinada ao iPad, gritando palavras de ordem que
suplantam modas ou tendências efémeras. Paul Felton
dedica, neste que é, à partida, um objecto de culto
conseguido de forma engenhosamente criativa, um
“lado” aos “mandamentos” do ordeiro alinhamento do
texto em página, apelando à doutrina da legibilidade e
às regras da correcta capitalização, entre outros e, no
final deste, que é, afinal, o início do outro, à sacrílega
subversão dessas regras, apresentando alternativas.
Suportando quaisquer argumentos contra ou a favor,
Felton inclui tanto uma lista de “discípulos” cumpridores
internacionalmente reconhecidos (Eric Gill, Jan
Tschichold e Erik Spiekermann) como “Anjos Caídos”,
os “gurus” do experimentalismo do design gráfico como
sejam David Carson, Jeffery Keedy, Phil Baines
e Jonathan Barnbrook.
De entra as várias conclusões que poderão ser retiradas
desta obra, uma soa como um mantra: “Seguir fielmente
as regras é a forma mais fácil de fazer o trabalho”.
E, se para bom entendedor, meia palavra basta,
esperemos que uma frase inteira chegue para que,
no mínimo, uma revolução, esteja em curso. e
THE TEN COMMANDMENTS OF TYPOGRAPHY | TYPE HERESY
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VIDA DE ESQUILO
A inspiração surgiu do documentário de Jonas Selberg Augustsen, Tree Lovers,
que conta a história de três homens urbanos que constroem uma casa de madeira.
Um filme que reflecte sobre o significado histórico-cultural da “árvore” na vida da Humanidade.
Se o projecto excitou arquitectos e designers, imagine-se o que é passar uns dias no Tree Hotel.
TEXTO G U I A B R E U D E L I M A | FOTOS T R E E H O T E L
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UMA VILA NO TOPO DO MUNDO,
um vale, um rio, um hotel. A uma hora da cidade
sueca de Luleå, a pacata povoação de Harads
tem casas que convidam à mais transcendente
experiência. Ficam na floresta, brotam
dos troncos dos pinheiros, confundem-se com
eles ou destacam-se plenamente, e acolhem-nos
com o seu aroma a pinho e o irresistível charme
irreverente do design contemporâneo. Viver
no bosque, acordar ao ritmo do seu despertar,
sentir o movimento da natureza, a sua música
e as suas cores, é uma estadia inspiradora,
divertida e única, seja verão ou inverno. Não será
para todos, mas existe, e tem um propósito
de elevado valor. O já badalado Tree Hotel
de Harads, nasceu para louvar um dos tesouros
mais valiosos do planeta e do país a que pertence
– as árvores.
Todas as casas são diferentes. Do cubo de vidro
que reflecte a paisagem, ao quase genuíno ninho
gigante ou, em alto contraste, o futurista UBO,
que parece uma nave espacial acabada de aterrar,
todas elas desafiaram a criatividade aos
arquitectos que, com muita madeira e vidro q.b.,
conseguiram tornar mágico este pedaço
de bosque escandinavo. Foram vários os ateliers
envolvidos e a eles se juntaram outros
profissionais e marcas, criando sinergias
de cooperação com o objectivo de tornar
a actividade do sui generis hotel sustentável
e a sua filosofia coerente. Os produtos da região,
a comida local, a qualidade do design sueco
a reforçar, nos têxteis, nas loiças, nas luzes,
na tecnologia, o ambiente familiar da guest house
Brittas, ponto de recepção e mesa de refeições,
as actividades outdoor, a certeza de dias de paz
em comunhão com a natureza, todos contribuem
para esta novidade com que a Suécia mais
uma vez surpreende e se destaca. Um cenário,
mil méritos para aplaudir, uma cultura
com contornos imperdíveis para conhecer.e
www.treehotel.se
THE MIRRORCUBE
Na página da esquerda,
o projecto do atelier
Tham & Videgård Arkitekter
(www.tvark.se). A estrutura
de alumínio com 4x4x4 metros
suporta paredes de vidro que
reflectem a envolvente
paisagística. Acessível por pontes
suspensas, evita eventuais
colisões de aves através de cores
ultravioletas transparentes
no interior dos painéis de vidro.
spot :: tree hotel
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design :: perfil
Marcela Brunken
A designer Marcela Brunken é o rosto e a alma da Fabrico Infinito, a concept store que se tornou um símbolo da novamovida do Príncipe Real. Para Brunken, a loja, como a vida, é um work in progress apaixonante.TEXTO: MADALENA GALAMBA FOTOGRAFIA: R ICARDO POLÓNIO
INSPIRAÇÃO INFINITA
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“COSTUMAM DIZER-ME que não só reciclo coisas, que reciclo
pessoas”, conta Marcela Brunken, a designer brasileira fundadora
da Fabrico Infinito, a concept store da Rua D. Pedro V que, há três anos,
maravilha os lisboetas com criações originais de artistas e designers
vindos dos quatro cantos do mundo. O seu trabalho divide-se entre a vida
da loja, a criação de projectos próprios, e a procura de novos talentos, que
abraça, como uma madrinha quase maternal, no espaço que pôs de pé.
“Procuro a criatividade, a diferença. Além do produto, muitas vezes
envolvo-me com as pessoas.”, explica Brunken. “Há pessoas que têm
vidas complicadas e não se apercebem do potencial que têm. Trabalho
com os designers e ajudo-os a desenvolver o seu potencial.
Fazem coisas belíssimas.”
Para Marcela Brunken (Espírito Santo, 1968) a reciclagem é muito mais
que uma tendência. Está-lhe no sangue, faz parte dela. “O lado ecológico
dos objectos... é ali que eu me derreto”, confessa Brunken.
A frase “o verde é bom e bonito”, parece ter sido feita para ela.
“Queria fazer um espaço criativo focado na ecologia” explica Brunken,
que estudou design gráfico no Rio de Janeiro antes de viajar, durante
um ano, pela Europa, até se fixar em Munique. “No Brasil, fui voluntária
da Greenpeace. O meu projecto de fim de curso envolvia lixo reciclado,
e foi feito para eles. Já na Alemanha, fiquei vidrada com
o desenvolvimento ecológico do país.” Um dos seus mais recentes
projectos, um banco ainda sem nome, transforma garrafas de plástico
cheias de água com gás num assento confortável e versátil. Ainda está
em fase de protótipo e precisa de afinações (por exemplo, perceber como
encher as garrafas de gás e até misturar pigmentos para que tenham cor),
mas já tem despertado muita curiosidade.
Para além dos objectos e das pessoas que estão por trás deles, Brunken
recicla espaços. A Fabrico Infinito, eleita a 17ª tendência do mundo pelo
site coolhunter (ao lado de computadores, gadgets, e roupa de designers),
começou por ser uma casa decrépita habitada por ratazanas. Hoje, é um
paraíso para quem procura inspiração ou quer introduzir uma boa dose
de poesia à sua volta. “Encontrei um espaço abandonado mas percebi
que era perfeito para o meu projecto. A rua não tinha o movimento que
tem hoje e praticamente só havia antiquários. Havia o Maurício das flores
(Em nome da Rosa) e a (charcutaria) Moy. Mais nada.”
Agora, é quase impossível encontrar um espaço disponível na Rua D.
Pedro V, citada pelo The New York Times como uma das artérias mais
trendy de Lisboa, graças ao impulso de Marcela.
Na loja, Marcela Brunken encontrou o cenário perfeito para mostrar
as suas criações e as preciosidades que a deslumbram por esse mundo
fora. A Fabrico Infinito ficou conhecida pelas suas montras,
tão surpreendentes e inesperadas quanto o seu interior (e o maravilhoso
e soalheiro jardim nas traseiras), povoado de objectos cheios de vida
e de histórias. Podemos encontrar as jóias maravilhosas de Mana
Bernardes, as últimas criações de Jorge Moita, os headphones búzio
de Joana Astolfi, candeeiros vintage, peças de roupa de autor
(por exemplo em PackLight, a Pop Up Shop, de Kalaf Ângelo e Armando
Cabral, e, em breve, a colecção de Bono Voxx), e um sem fim de peças
únicas e memoráveis. “Eu sei que se tivesse produtos de catálogo,
de produção industrial, seria muito mais rentável”, desabafa Marcela
Brunken. Felizmente para nós, não foi esse o caminho que escolheu.
Assim, podemos sentar-nos numa cadeira fantasma, como a Ghost of
a Chair (design de Valentina Gonzalez Wholers) e quase flutuar,
percebendo que a verdadeira beleza está nas coisas invisíveis. e
www.fabricoinfinito.wordpress.com
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design :: perfil
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São três arquitectos portugueses. Eduardo Carvalho, Francisco Freire e Luís Gama. Colheitas de 74 e 75, trazem os ventos da revolução ao século XXI, com a sua marca registada em 2002, a que chamaram Plano B arquitectura.TEXTO: GUI ABREU DE L IMA FOTOGRAFIA: PLANO B
ALTOS PLANOS
Plano B arquitectura
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design :: perfil
“PLANO B” é sempre uma expressão de esperança, porque é uma
alternativa. E as alternativas calham às vezes melhores que os projectos
iniciais. Retórica à parte, interessa o que os jovens arquitectos andam
a congeminar por esta terra. É terra mesmo, desde que o Eduardo conheceu,
em 2001, numa conferência em Berlim, um senhor do Novo México
que lhe sugeriu receber formação em adobe, nos Estados Unidos. Depois,
foi só contagiar os condiscípulos e aproveitar o desejo de alguém muito
próximo que queria uma casa “plano B”, que é o mesmo que dizer, uma
edificação em que o material de excelência é a terra. Em taipa, em adobe,
em todas as variantes possíveis. E até agora, inúmeros são os exemplos
já erguidos aos céus, aqui e ali, para habitação ou como soluções
em explorações agrícolas e industriais. Como a Casa do Garrano, em Ourém,
ou os Apoios nas Salinas do Samouco, ou o coberto Colunas de Terra,
na Benedita, para a Quinta Pedagógica da Barafunda, levantada em modo
de workshop e com mão-de-obra voluntária. A sustentabilidade no coração?
Sem dúvida, mas na voz dos três arquitectos, com sérios contornos
de sensatez. Para eles, essa filosofia tem de ser bem entendida. Que não
descarte matéria-prima de outra natureza, que não se feche num purismo
enganador. Porque afinal ser ecológico e andar de carro, ser sustentável
mas cobiçar o lucro, é ter dois galos no mesmo poleiro. Então, o Plano B
arquitectura, o que faz, é apartar-se dessa guerra ideológica e honestamente
assumir todas as possibilidades. Incorporando materiais industriais a uma
estrutura o mais natural possível. O esqueleto é uma gaiola pombalina,
as paredes, preenchidas de terra compactada, mas uma rampa de acesso
pode ser pavimentada em alcatrão, as fachadas revestidas de membranas
de plástico, e a cobertura engalanar-se de painéis fotovoltaicos...
Da indústria, chegam mil opções “de uma beleza singular”, garantem.
Na prática, todos “resultam da composição de várias substâncias,
por processos químicos, físicos ou outros, seja vidro, cimento, até mesmo
madeira laminada ou terra estabilizada.” Importa-lhes “utilizar materiais
naturais como elemento estrutural”, até porque a durabilidade
é, obviamente, um valor acrescido. E enquanto sabemos que há casas
de terra com 10 mil anos, estamos a ser confrontados com a incógnita
da validade do betão.
Para o Plano B, as casas também têm coração. E como nas pessoas,
ele faz toda a diferença. Quanto mais puro, melhor. e
www.alejandroaravena.com
CASA EM ARRUDA DOS VINHOS, 2008
“Utilizar madeira, terra ou palha em simultâneo com asfalto, aço ou betão, permite-nos
reflectir sobre aspectos éticos, sociais, políticos e económicos da arquitectura num
contexto industrializado. Porém, une-nos sobretudo o interesse pela arquitectura de
terra, a procura de novas soluções, a vontade de a recriar hoje”. Plano B
EDUARDO
FRANCISCO
LUIS
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Tendências :: agricultura urbana
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a assegurar a justa distribuição de talhões. A adesão é total
e as pequenas hortas urbanas representam uma
contribuição preciosa à subsistência
de tantas famílias que viram a paz dos dias desmoronar-se
com a crise e o desemprego. Mas nem todas as hortas
urbanas se fazem através da Lipor. Uma breve pesquisa
na internet basta para ver exemplos similares, fruto
da vontade de cidadãos anónimos, que transformaram
terrenos abandonados, públicos ou privados,
e invariavelmente depósitos de lixo, em hortas onde
crescem as mais inesperadas culturas. Investigam,
procuram informação, adoptam técnicas da agricultura em
modo biológico e até da Permacultura, procuram sementes
não manipuladas e autóctones, espécies regionais, fertilizam
com composto orgânico, aproveitando o lixo doméstico, e
conhecem os truques para afastar pragas e doenças típicas.
Há anos que a Calçada do Monte, entre a Graça e a
Mouraria, via o seu pequeno espaço verde, miradouro
da cidade, repleto de dejectos caninos, entulho de obras, lixo
de toda a espécie. Até chegar um grupo de jovens que, após
um encontro sobre hortas urbanas, no Centro Social
da Mouraria, promovido pelo Gaia - Grupo de Acção
e Intervenção Ambiental, e com o seu apoio inicial, lhe deu
um fim mais digno. Nasceu a Horta do Monte, que hoje
AS HORTAS URBANAS GANHAM CORPO
em muitos lugares do Planeta e em Portugal também.
Juntam gente de todas as idades, profissões, raças
e credos. Nacionais, estrangeiros, pessoas do bairro
ou vindas de outras freguesias e concelhos. Adultos
e crianças, reformados, saudosos de um passado rural
ou citadinos de gema que, entusiasmados, embarcam
na aventura de cultivar a terra. Para uns é terapia, para
outros, puro prazer. Comer o que se planta e viu crescer,
é um gozo desmedido. E o sabor de produtos livres
de químicos e saudáveis é uma nova sensação.
Uma horta na cidade é hoje símbolo e parte da estratégia de
defesa da Terra. Um universo onde as boas práticas
se encontram, a sustentabilidade se implanta
e a consciência ecológica ganha asas. É o homem
em diálogo com a Natureza, aprendendo lições para uma
vida que exige respeito pelo meio ambiente.
A Lisboa, Coimbra, Porto, Maia, juntam-se já outros
municípios, através do projecto gerido pela Lipor (empresa
de gestão resíduos sólidos urbanos), a entidade que em
articulação com as autarquias, procura disponibilizar terra
a quem a queira cultivar, emparcelando-a, dando formação
básica para que certas regras de cultivo sejam mantidas,
e abrindo inscrições sob critérios simples, de forma
HORTA DO MONTE
Entre a Graça e a Mouraria,
com vista sobre a cidade
”UMA HORTA NA CIDADE É HOJE SÍMBOLO E PARTE da estratégia de defesa da Terra.
Um universo onde as ‘boas práticas’
se encontram, a sustentabilidade
se implanta e a consciência ecológica
ganha asas.”
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Acelgas, alfaces, espinafres, flores comestíveis, rúcula,
beterraba, cenoura, canónigos, alhos, urtigas...” (?!) “São
óptimas na sopa”, garante. Todos os dias, saladas e caldos
com aromas e sabores genuínos. “O que se vende
no supermercado é uma fraude.” À chegada, as pessoas têm
muito que aprender. Há os que insistem nos químicos,
os que não podem ver uma erva daninha, ávidos de capinar
e deixando à mercê do frio, do vento ou do sol, plantas
que estavam protegidas pela vegetação espontânea.
Os mais velhos são mais ciosos das suas parcelas,
desconfiam dos granjeios alheios.
Mas tudo se conversa, o respeito acaba por reinar
e a amizade constrói-se. Nas idas à horta, as crianças
brincam por ali, são curiosas e aprendem por tabela.
Em Julho, o piquenique foi uma festa profícua. Agora,
a primavera anuncia-se e vai haver muito trabalho para
as culturas de verão. É o tempo de semear, boa época para
conviver, abrir mentalidades e renovar a esperança
de que a Horta do Monte perdure.
MAIS PREVENIDOS foram os mentores de um projecto
em Berlim. O Jardim da Princesa é o orgulho de Kreuzberg.
Numa esquina devoluta da Moritzplatz, dois amigos
aventuraram-se a erguer uma horta urbana. Foi no verão
de 2009. Ano e meio volvido, entre prédios e grafitti, há
uma autêntica tribo de agricultores de altíssima categoria,
a merecer o grau de mestres em arquitectura paisagista
e certificado de sustentabilidade. Aos olhos, é uma obra
de arte, e o espanto da genialidade é que o éden
de Moritzplatz é móvel. Sim, uma horta nómada que, caso
o terreno onde se insere seja vendido, se transfere para outro
lugar. Tudo cresce dentro de caixas, os alfobres em
embalagens tetra pack, as couves em sacos de polietileno.
Ver para crer, soluções de cultivo rigorosamente pensadas,
plantas bem nutridas e catalogadas, em que as espécies
mais sensíveis às condições climatéricas extremas, do verão
ou do inverno, podem ser levadas e resguardas.
Se a velha Berlim industrial negligenciou os espaços verdes,
os habitantes contemporâneos da capital alemã não ´
se coíbem de inverter a tendência. Os dois pioneiros
do Prizessinengarten inspiraram dezenas de famílias
das redondezas a dar alma à empreitada. Vêm tratar
e colher alimentos frescos, confraternizar e relaxar,
provando que se as grandes cidades derem espaço
à Natureza, todos serão mais saudáveis e felizes. e
se vê viva e viçosa, apesar dos golpes de vandalismo
e maldade que sofre de quando em vez. Desde abrirem
as torneiras dos depósitos de água da chuva, a partirem
pequenas árvores, a roubarem plantas, a atirarem lixo
e a deixarem os “presentes” dos seus cães. Doloroso para
todos os que semanal ou diariamente vêm tratar
das plantações e sementeiras ou colher para o jantar.
No bairro há quem olhe com muito agrado para a horta
e há quem ache que aquilo devia ser um jardim com bancos
e flores, que hortas não é coisa de se ter numa cidade.
Há os que esquecem os dias em que aquele pedaço
da Calçada do Monte não passava de lixeira a céu aberto
e os que, convidados a participar, devolvem
um olhar com novo brilho.
Uma manhã fria mas ensolarada de Janeiro, apanhei
o eléctrico, apeei-me na Graça, e segui à horta, pela Rua
Damasceno Monteiro. Pouco depois, chegou a Inês C..
Vive “noutra colina” mas já cá anda há três anos
e é a coordenadora do grupo actual. Sim, porque
os hortelãos vão saindo, vão entrando, vão-se organizando
para os trabalhos e outras acções. Há muitos jovens a fazer
Erasmus que gostam de ter aqui o seu talhão. Quando
regressam a casa, doam a sua terrinha portuguesa a outro
que a estime e cultive. Inês fala-me das pessoas formidáveis
que ali se cruzam. Gente cheia de capacidade de realização,
das mais diversas profissões, interessada em fazer bem
e melhor, que procura seguir os métodos de uma agricultura
sã, que se entrega de coração, que ajuda a resolver
problemas e a trazer soluções. A água, por exemplo, é uma
questão central nas hortas urbanas, quase sempre
indisponível ou de difícil acesso. Aqui, a grande conquista,
além da autorização camarária para manterem o projecto,
foi poderem contar com os Bombeiros que, periodicamente,
vêm encher os depósitos. Ainda assim, o futuro é uma
incógnita. No papel, há uns anos, o local estava destinado
a parque de estacionamento...
Virginie D. é francesa mas vive em Portugal há mais de 15
anos. Mora rente à horta e sempre a catrapiscou. Um dia,
recebeu um mail de uma amiga que findara o Erasmus
em Lisboa, e a convidava a ficar com o seu canteiro lá
da Calçada. Passou quase um ano e a lista de produtos
que colheu nos seus três metros quadrados e na zona
comum, abre o apetite. “A colheita de verão foi maravilhosa.
Mãos à obra!No quintal, na varanda, na marquise ou num projecto comunitário, há semprequem ajude, ensine e partilheexperiências com todo o gosto. Viaje porestes domínios fora e encante-se.
- Conheça as hortashttp://hortadomonte.blogspot.com e http://couvesparatodos.blogspot.com e pouse os olhos no berlinensewww.prinzessinnengarten.net e noamericano www.oneseedchicago.com.
- Fique a saber mais emhttp://trumbuctu.blogspot.com, emhttp://cantinhoverde.blogspot.com, e informe-se sobre as hortas da Liporem www.hortadaformiga.com.
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. consulte ohttp://maosahorta.wordpress.com e ohttp://dasementearvore.blogspot.com.
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A VIVER EM NOVA IORQUE HÁ OITO MESES,
a designer Catarina Carreiras é o nosso primeiro guia
para conhecer por dentro o lado criativo de algumas
das cidades mais irresistíveis do mundo.
DES GNGU DE
Catarina Carreiras nasceu em 1985, em Lisboa. Licenciada emdesign de comunicação pela Faculdade de Belas Artes de Lisboa, é um dos talentos mais promissores do design nacional (três bolsasde mérito da Universidade de Lisboa e duas vezes finalista nacategoria de Design Gráfico do concurso Jovens Criadores). A trabalhar desde 2008 na Fabrica, o centro de pesquisa emcomunicação do grupo Benetton, trocou a pacata vila de Treviso, no norte da Itália, pela selva de betão de Manhattan. OuWilliamsburg, o bairro mais hip e criativo de Brooklyn (and beyond)onde vive num apartamento com vista sobre a cidade. Catarinaarrasa no campo do design gráfico, mas o seu talento e energia sãoigualmente visíveis em projectos de design de espaços e de produto.A trabalhar no estúdio Karlssonwilker, continua a colaborar com aFabrica, como consultora. Entre os seus projectos mais recentes,estão o design da exposição permanente, merchandisinge website do Museum of Moving Image, e a colecção Ornament, para a Vista Alegre, esta última, em conjunto com Sam Baron. www.catarinacarreiras.com
CATARINA CARREIRASdesigner
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Porque é que foste para NY?
Vim, literalmente, perder-me. Depois de viver dois anos
em reclusão numa vila pequenina no norte italiano, quis
pôr-me à prova numa escala consideravelmente maior.
Quis perder-me a conhecer, passear, ver, sentir, ouvir
uma cidade tão grande — e tão pequena.
E quando tive a oportunidade de vir trabalhar com os
Karlssonwilker, um estúdio que me intrigava (e muito),
meti-me num avião.
O que é que gostas mais na cidade?
Gosto de viver todos os dias num cliché. Das escalas
grandes e dos detalhes mínimos. Dos extremos. Gosto
de não conhecer ninguém, mas de sentir que podia
conhecer toda a gente. Das ruas, dos jardins, da
arquitectura, do rio. Gosto do flâneur. Da juventude,
do passado recente, das gerações. Gosto de lhe conhecer
segredos — quando há tanta coisa para contar.
Gosto de me afogar no díspar — de pessoas, paisagens,
experiências, contextos, lugares. E de poder
ir do 8 ao 80 — só com um bilhete de metro no bolso.
E o que é que gostas menos?
Não gosto do barulho, da poluição, das filas, das esperas,
do frenesim, da demência, dos desesperados, da
superficialidade, dos iPhones e dos iPads na rua e à mesa,
e de todos os apps que te dizem o que fazer, e onde e como.
Mas, ao mesmo tempo, gosto desta falta de perfeição. Seria
tão aborrecido apagar todas estas coisas dos meus dias.
O que podes dizer-nos
sobre o bairro onde vives?
Gosto muito de cidades grandes, mas venho de uma vila
(quase) pequena, à beira mar, a um pé de Lisboa.
Williamsburg é isso mesmo: sentir-me em casa, à beira
rio, a um pé de Manhattan. E tem uma lista incrível de
histórias por descobrir. São milhares de caças ao tesouro
à volta de casa — como quando era pequenina. Cada
ida ao supermercado é uma cena a la Mary Poppins:
uma wonderland de pessoas, restaurantes, lojas,
galerias, objectos, armazéns de segunda mão, murais
gráficos, mercados vintage, episódios, coisas que
nascem de coisas. De vidas simples, mas desenhadas,
que se desdobram atrás das janelas grandes dos lofts
das fábricas antigas. De uma avenida enorme só com
uma loja, e do facto dessa loja ter mais interesse do que
uma rua cheia delas. Gosto de conhecer os meus
vizinhos, de viver num prédio que tem só três andares,
da skyline de Manhattan no canto da janela.
Em Williamsburg, do meu sofá, as luzes do Empire
dão-me as boas noites todos os dias —
sou uma privilegiada.
Qual a tua maneira favorita
de te deslocares em NY?
A pé. Mesmo com um frio terrível, ou um calor agoniante,
andar a pé em Nova Iorque é sempre a melhor história por
contar. Tento sempre olhar à volta, ver uma vida diferente,
descobrir uma coisa nova, todos dias. E consigo.
Que passeio recomendarias em NY
para estar em contacto com a natureza
mesmo dentro da grande urbe?
A High Line, em Chelsea — um projecto de arquitectura
paisagística e design urbano exemplar.
E claro que um passeio no Central Park será sempre
"um passeio no Central Park". Mas não tem de ser só a
acompanhar a carneirada típica de turistas: pode ser
uma tarde num barco a remos, uma volta de bicicleta,
um piquenique, um concerto ao ar livre, um monte e
um saca-rabos (e com a neve torna-se tudo ainda mais
bonito, surreal). Mas para quem evita seguir o guia,
também o Prospect Park, em Brooklyn, e o seu jardim
botânico, são uma boa opção.
www.thehighline.org
O que é que te inspira em NY?
Os detalhes. É uma cidade que se constrói e que
se entranha em ti nos detalhes. Gosto de me inspirar no
que só conhece quem não veio apenas de visita. De me
perder no Lower East Side, de decorar a Bleecker Street
desde Greenwich Village ao Soho. De passar a ponte de
Brooklyn e aterrar em Dumbo, a espreitar os ateliers que
existem em cada esquina. De vaguear pelo Met e perder-
me nos seus milhares de salas. Continuar a saltar de
museu em museu no Upper East Side e acabar a
descobrir o cheesecake do Eli Zabar no E.A.T. Ou, entrar
em todas as galerias de Chelsea, e acabar a lanchar no
Ace Hotel. Inspira-me ver pessoas a passar. >>>
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”GOSTO DE UMAAVENIDA ENORME SÓ COM UMA LOJA,e do facto dessa loja ter mais interesse
do que uma rua cheia delas.
Gosto de conhecer os meus vizinhos...”
Tentar teimosamente conhecer todas as pequenas e
grandes salas de concertos, teatros, escolas de bailado,
bares de música ao vivo, parlours, e os seus programas
incansáveis de concertos e espectáculos. Roubar um
Village Voice da rua e decidir instantaneamente o que
vou fazer a seguir. Sair de casa de manhã, e só voltar à
noite, quando o plano é passear sem fim. Ah, e tenho
esta aspiração (que me inspira) de um dia conhecer
todas as ruas de downtown, de ir fazendo ziguezagues
no mapa para ter a certeza que nada me vai escapar
antes de deixar Nova Iorque.
www.elizabar.com
www.acehotel.com
www.villagevoice.com
(semanário cultural de distribuição gratuita)
Hora do dia preferida em NY, e porquê?
O pôr-do-sol. É dos mais bonitos que já vi. Pelas cores,
pelo sol a desaparecer nos arranha-céus, pelo que
promete — o encerrar de tudo o que se fez de dia
e a passagem para tudo o que a noite ainda oferece.
Qual o teu restaurante preferido?
Five Leaves, em Greenpoint. Óptimo para panquecas
de ricotta num brunch e para truffle fries
e sea scallops ao jantar.
www.fiveleavesny.com
LOJA DE SEGUNDA MÃO EM WILLIAMSBURG
>>>
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MUSEUM OF THE MOVING
IMAGE, ASTORIA, QUEENS
HIGH LINE, CHELSEA
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guide :: design
Café ou diner preferido?
Café Colette, em Williamsburg. Um diner versão século
XXI, onde te sentes um local, com as melhores
omeletas do mundo e, no verão, uma keylime
pie de chorar por mais.
www.freewilliamsburg.com/listings/cafe-colette
Cinema preferido?
Museum of the Moving Image, em Astoria, Queens.
O museu reabriu este mês e funciona também como
cinemateca, com um programa de excelência, que pode
ser assistido numa das salas de cinema de arquitectura
surrealista, pelo dedo de Thomas Leeser.
www.movingimage.us
Loja preferida?
Kiosk, no Soho. Uma colecção de objectos tão simples
quanto diferentes, que se compram acompanhados por
uma história. http://kioskkiosk.com
Galeria preferida?
The Future Perfect, em Williamsburg e no Soho. Porque
é um blogue de design ao vivo e a cores.
www.thefutureperfect.com
Museu preferido?
Hum... tenho o coração dividido entre o MAD (Museum
of Art and Design), pela curadoria surpreendente,
e o Met (Metropolitan Museum of Art), pela diversidade:
uma colecção incrível de máscaras tribais da Oceânia
e uma exposição do Baldessari na sala a seguir.
www.madmuseum.org
www.metmuseum.org
Livraria preferida?
Não consigo reduzir a lista a menos de três: Strand, em
East Village (quilómetros e quilómetros de livros novos e
antigos a preços reduzidos), Printed Matter, em Chelsea
(livros de artista e fanzines) e Spoonbill and Sugartown,
em Williamsburg (la créme de la créme da literatura
contemporânea e muitos livros e revistas de arte).
www.strandbooks.com
http://printedmatter.org
www.spoonbillbooks.com
CERÂMICA AMERICANA
NO APARTAMENTO DE CATARINA CARREIRAS
FIVE LEAVES,
WILLIAMSBURG
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CRIAR
JASON MILLER
HELLA JONGERIUS
ILUSTRAÇÃO PORTUGUESA
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projecto :: espaço público
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design :: entrevista
JASON MILLER SACODE A POEIRA
Jason Miller tem tanto de santo como de pecador. Ao mesmo tempo que a imprensa o apelida de “santo padroeiro do novo design americano”,
Miller continua a encarnar a figura de cavaleiro solitário. Depois de um percurso imaculado
a celebrar a imperfeição, com projectos independentes na fronteira entre o design e a arte,
Miller decidiu oficializar a coisa. Com a Roll & Hill, empresa que edita luminárias de luxo,
o maverick de Brooklyn parece estar mais atinado.
ENTREVISTA M A D A L E N A G A L A M B AFOTOS M I L L E R S T U D I O
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aquela que, para muitos, foi a melhor exposição
da Experimentadesign 09, onde Miller marcou presença
com os seus objectos com rasto (um deles era uma
cadeira “Papyrus” dos irmãos Bouroullec, devidamente
customisada com pó e dedadas). Miller encarna o “lone
fighter” americano, e os objectos que faz “mostram
a imperfeição como uma afirmação de vida”.
Arranhados, poeirentos, partidos, remendados,
os objectos de Jason Miller estão sempre e inegavelmente
vivos. E na sua imperfeição resplandescente,
desempoeiram-nos a vista e a existência. Nos seus
arranhões carregam histórias e memórias. Tempos
e discursos. Acabam quase sempre num sorriso. Mexem
connosco porque, como Miller escreveu, tornam
“o humano visível”.
O humano, já sabemos, é imperfeito. E é nessa
imperfeição que nos reconhecemos. “Revemo-nos
em cada arranhão”, diz Miller, por isso, a ideia é assumir,
em vez de esconder, essas marcas da história e do tempo,
torná-las completamente visíveis, relevantes.
É isso que acontece em Duct Tape Chair, uma poltrona
remendada que foi capa de revista. É o objecto preferido
de Miller, e encarna a sua obsessão em pôr as feridas
a nu, tornando-as incrivelmente belas. Aqui, a fita adesiva
que encontramos em todas as garagens americanas
(na verdade é uma recriação da fita adesiva, feita de pele)
é cosida ao estofo da cadeira, antes mesmo de precisar
de um remendo. É uma espécie de medalha que se
pendura na cadeira, em reconhecimento da sua (longa)
vida e serviços prestados. Se a imperfeição é bela,
e humana, e real, porquê escondê-la? É a mesma atitude
que vemos em Beautifully Broken, uma série de jarras
de vidro que depois de quebradas, são recompostas,
sem nenhuma ilusão quanto à restituição da sua forma
original, com as cicatrizes bem à vista. Ou em Dusty
NAS RUAS DE BROOKLYN, onde vive, não
o imaginamos a descer do cavalo e a sacudir o pó das
botas, mas é a figura romântica do cowboy solitário
que melhor define o percurso e a atitude de Jason Miller.
Não só porque o seu trabalho é, em grande medida, uma
apropriação/reinvenção da cultura americana
(da natureza inóspita das paisagens do Oeste ao brilho
metálico de uns óculos de aviador), mas também porque
a sua maneira de ver o mundo – e o lugar que o design
nele ocupa – é convictamente contra a corrente.
Sem se preocupar demasiado com o “sustainism”
ou a preocupação do design se tornar sustentável
a partir de dentro, Miller apropria-se dos objectos
correntes, gastos, maltratados, esquecidos, de todos
as segundas escolhas, de todos os irremediáveis, e dá-lhes
um novo fôlego. Transforma os párias em príncipes, torna
os preteridos, preferidos. Está de tal maneira convencido
da beleza das coisas imperfeitas que não espera que
os objectos se degradem para os fazer renascer. Ele
trabalha nas fendas, e provoca-as. Celebra o erro, o lapso,
e o descuido.
Como escreveu Hans Maier-Aichen, que comissariou
BEAUTIFULLY BROKEN (2004)
Uma série de jarras que foram
partidas e depois reconstruídas.
Os cacos celebrados.
”ARRANHADOS,POEIRENTOS,PARTIDOS,REMENDADOS, OS OBJECTOS de Jason Miller estão sempre
e inegavelmente vivos.
E na sua imperfeição resplandescente,
desempoeiram-nos a vista e a existência. ”
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design :: entrevista
TINTS (2009)
Mesas com estrutura de madeira e tampo de vidro colorido.
Uma homenagem aos óculos de aviador “uma peça icónica
do design americano”.
SECONDS (2004)
As “sobras”, os restos, são glorificados nestas peças de porcelana
deslocadas. “Quem disse que um pássaro inteiro é melhor que meio?”
pergunta Miller.
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”ACHO QUE OS DESIGNERS DEVIAM PERGUNTAR-SEPORQUE FAZEM O QUE FAZEM,antes de se porem a pensar
como é que vão resolver determinado
problema formal”
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DESIGN
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de partida para o design, também. E é algo que muitas
vezes não é tido em conta nas escolas de design. Acho
que os designers deviam perguntar-se porque fazem o
que fazem, antes de se porem a pensar como é que vão
resolver determinado problema funcional.
O que é que faz os seus projectos não serem
objectos de arte? Há uma grande carga
conceptual neles...
Não são objectos de arte porque lhes chamo objectos de
design. Sei que parece uma resposta escorregadia, mas
acredito que é verdadeira. Há uma grande mistura entre
certas disciplinas, como a arte e o design, por exemplo.
Chega um momento em que temos de decidir de que lado
queremos estar.
Tables, onde o pó que inevitavelmente se agarra às coisas
se transforma numa patine luminosa, intercalada
por dedadas que nos recordam que estivemos ali.
É uma questão de honestidade, mas também
de provocação.
Jason Miller nasceu em 1971, em Nova Iorque. Estudou
arte na Universidade de Indiana e na New York Academy
of Art. Trabalhou como director de arte na agência
de publicidade Ogilvy & Mather, foi assistente de Jeff
Koons e (improvável, mas certo) designer na equipa
de Karim Rashid. Sacudiu o pó e avançou. Fundou o seu
estúdio em 2001 e, em 2008, criou a Roll & Hill,
uma empresa que edita luminárias desenhadas pelo
melhor sangue novo do design norteamericano, de Rich,
Brilliant, Willing a Lindsey Adams Adelman. Em 2007, foi
nomeado “best breaktrough designer” pela revista
Wallpaper e eleito um dos “tastemakers” do ano pela
revista Forbes. A direcção de arte da Roll & Hill (que
produz dois candeeiros de Miller: Superordinate Antler
Lamp, feita a partir de chifres de alce moldados em
cerâmica, e o clusterModo) é compaginada com os
projectos como as novas mesas Tints, uma estrutura de
madeira com um tampo de vidro (colorido: uma lâmina de
plástico ensanduichada entre duas peças de vidro) que
colhe inspiração nos clássicos óculos de aviador
americanos. Outro elemento da cultura americana, os
bisontes nas pastagens do Oeste, é recuperado em Wolly
Chair. Entre o “whatever” e o “leftover” (de pauzinhos de
gelado a peças de porcelana com imperfeições,
recompostas assumindo o pecado original) Jason Miller
desdramatiza a falha, glorifica-a, para nos lembrar que
errar é humano, e é tão bom.
Escolheu estudar arte... mas acabou por se
tornar designer. Como é que este caminho
“alternativo” influenciou o seu trabalho?
Os artistas têm de se perguntar, em última análise,
porque é que fazem o que fazem. Não há nenhuma razão
prática para fazer arte, por isso o artista tem de inventar
um motivo. Este tipo de pensamento é um óptimo ponto
CULTURA MATERIAL
O candeeiro Superordinate Antler
(ao lado) e a mesa I Was Here,
com inscrições de grafitti
retiradas das ruas de Nova
Iorque, são dois exemplos do
talento de Miller para revisitar a
cultura americana em todas as
suas faces.
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que veste. Pode-se extrapolar e dizer que os objectos de
design fazem muito mais do que simplesmente funcionar.
Eles exprimem ideias. Em muitos dos meus projectos,
estou apenas a tentar ver até onde posso levar esta ideia.
Há, no seu trabalho, um fascínio com a
imperfeição, os substitutos, a beleza das
coisas partidas e que não encaixam. Quando
é que descobriu que essa ideia do “whatever”
era tão importante para si?
A perfeição não existe. Tudo é imperfeito. Podemos ficar
extremamente desiludidos com este facto, ou abraçá-lo.
Grande parte do meu trabalho procura ir ainda mais longe
e celebrar a imperfeição. A ideia de “whatever” (o que quer
que seja) é muito semelhante. Tem a ver com confiança.
A confiança dá-nos a capacidade de estarmos bem com
o que quer que seja.
Qual é o papel do humor no seu trabalho?
Não há necessidade de levarmos as coisas tão à séria.
Especialmente o design. Parece-me que é bom
mantermos o sentido de humor sobre aquilo
que fazemos.
Muitos dos seus projectos, e até a maneira
como os comunica, parecem ser uma
reinterpretação do imaginário americano
(“Americana”). É uma atitude intencional?
Parece-me que à medida que o mundo se torna mais
global, a cultura local é cada vez mais importante. Não
acredito que caminhemos para uma cultura internacional
uniformizada (seria muito triste se fosse esse o nosso
caminho). Por isso, tento afirmar a minha cultura no meu
trabalho, torná-la reconhecível. Sou americano, e isso
influencia a minha maneira de ver o mundo. Tento ser
honesto com esse ponto de vista.
Outro tema que reaparece no seu trabalho
é o modo como os objectos contam uma
história, e a própria ideia de memória,
pessoal e colectiva. Pode explicar como
é que isso acontece?
Os objectos de design têm uma função. É a partir deste
prisma que os avaliamos. No entanto, há muitos objectos
de design que têm uma importância muito maior nas
nossas vidas. O mobiliário é um excelente exemplo.
A casa de uma pessoa diz tanto sobre ela como a roupa
Design :: entrevista
DUSTY TABLES (2006)
“É inevitável. As mesas ganham poeira.
Porquê preocupar-se?”. Dusty Table é um
dos projectos seminais de Miller, onde
fixa o desarranjo e o desalinho num
objecto belo.
Na página ao lado, o lustre Modo (2009),
um sistema versátil que permite compôr
diferentes formas e tamanhos a partir das
peças base. Editado pela Roll & Hill.
”A PERFEIÇÃO NÃO EXISTE. TUDO É IMPERFEITO.PODEMOS FICAREXTREMAMENTEdesiludidos com esse facto, ou abraçá-lo.
Grande parte do meu trabalho procura ir
ainda mais longe e celebrar
a imperfeição.”
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design :: entrevista
lugar incrivelmente vibrante, especialmente agora
que Manhattan está cada vez mais homogéneo.
Brooklyn é o coração de Nova Iorque.
Como é que a Roll and Hill, a editora
de iluminação que fundou, começou?
A minha namorada estava à espera do nosso primeiro
filho e decidi que era altura de começar a ganhar
algum dinheiro... Mas estava a produzir duas linhas
de candeeiros no meu estúdio, por isso pensei que era
altura de expandir e comecei a editar peças de outros
designers, e assim nasceu a Roll & Hill.
Qual é o seu projecto favorito até agora?
Duct Tape Chair.
E o projecto de sonho?
Um estádio. e
O que é que espera dos objectos
que desenha quando interagem com
as pessoas?
Simplesmente quero que as pessoas sejam felizes.
Como é que um objecto as faz felizes, depende delas.
A sustentabilidade tornou-se parte do ADN
do “bom design”. Como é que aborda isto no
seu trabalho?
Procuro dar o meu melhor e não me preocupo com
muito mais para além disto.
Foi apelidado de “Santo Padroeiro dos
novos designers Americanos”.
O título fica-lhe bem? Concorda?
Não sou nenhum santo...
Qual é o peso da “design scene” de
Brooklyn no panorama do design
americano contemporâneo?
Eu diria que mais ou menos metade do design actual
dos Estados Unidos vem de Brooklyn. Brooklyn é um
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design :: foco
TEXTO M A D A L E N A G A L A M B A
FOTOS C O R T E S I A J O N G E R I U S L A B
Uma retrospectiva em Roterdão e uma
monografia definitiva, editada pela Phaidon, são dois bons
motivos para olharmos de perto para o trabalho de Hella
Jongerius, a grande dame do design holandês que trouxe
a linguagem artesanal para o seio da produção industrial.
HELLA TEM?O QUE É QUE
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guru :: design
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À PRIMEIRA VISTA, os objectos desenhados por Hella
Jongerius são estranhos. Levemente toscos, sim, talvez
inacabados, muitas vezes femininos (a palavra horripila-a,
é sabido), delicados e deliciosamente defeituosos,
seguramente inadaptados num mundo de linhas direitas.
Mas um olhar mais atento, e sobretudo o contacto com estes
pequenos párias da produção industrial, e a história é outra.
De repente, parecem-nos perfeitos. Hella pode não desenhar
a regra e esquadro, mas acaba sempre por escrever direito
por linhas tortas.
Estes objectos revelam uma sensibilidade invulgar. As suas
falhas são a sua força. Muita segurança também. Hella
Jongerius chama-lhe “intuição”, a capacidade inata de
distinguir o que é bom (e bonito) do que não passará nunca
de desinteressante.
Se a intuição é classicamente feminina, a designer
holandesa mostra as suas garras quando tentam reduzir
o seu trabalho a uma questão de género, e foge dos rótulos
como o diabo da cruz. “Quando trabalho com têxteis
ou cerâmica, as pessoas nunca me perguntam se o trabalho
tem um toque feminino.“, disse numa entrevista à revista
ICON. “Isso só acontece quando desenho mobiliário.
Aí é que começam a perguntar: acha que isto tem uma
lógica feminina?.”Hella Jongerius, que se apresenta, no seu
site, como uma das mais “individuais e influentes” designers
contemporâneas, desconfia dos media, não lê revistas
de design e raramente dá entrevistas. Independente,
portanto. Mas isso não a impede de seleccionar
criteriosamente os meios com quem colabora (por exemplo,
a revista daMN, a quem concedeu recentemente uma
entrevista, conduzida, é bom lembrá-lo, por Jerszy Seymour,
em que, curiosamente “desancava” nos media), do mesmo
modo que escolhe a dedo as empresas a quem decide
emprestar o seu talento.
“OS DEFEITOS SÃO A MINHA PERFEIÇÃO”
Hella Jongerius (n. 1963) formou-se na Design Academy
de Eindhoven, em 1993. Durante os anos 90, apanhou
a onda da Droog Design, o que lhe traria grande
notoriedade, mas acabou por seguir o seu caminho,
desligando-se do movimento no ano 2000, para se entregar
ao seu próprio estúdio, Jongeriuslab, dividido entre Roterdão
e Berlim (desde 2008). A partir daí foi sempre a subir.
A colaboração com a Vitra deu asas industriais às suas
criações (o Polder Sofa, uma peça que contém vários tipos
de materiais e texturas, nuances de cor, botões retro
e almofadas de tamanhos desiguais, foi a primeira peça
de mobiliário de Jongerius produzida industrialmente,
embora tudo no sofá grite “feito à mão”). Para empresas
como a Maharam e a Royal Tichelaar Makkum,
desenvolveu projectos únicos que foram fundamentais para
varrer definitivamente (e respectivamente) os têxteis
e a cerâmica das margens do design.
Com a mesma desenvoltura com que remistura o low tech
e o high tech, Hella subverte a lógica de produção de massas
introduzindo pormenores aparentemente desajustados
(porque oriundos da produção, do saber e da cultura
artesanais) neste contexto standardizado. É o que acontece
quando na superfície dos pufes Boivist (2005), produzidos
pela Vitra, aparecem bordados que contêm referências
a um quadro de Johannes Vermeer, que representa,
justamente, uma menina a fazer renda. Ou quando
o serviço de porcelana B-Set (1997, reedição 2006),
da Royal Tichelaar Makkum, introduz pequenas variações,
pois cada peça é ligeiramente distorcida, pelas altas
temperaturas a que é cozida, tornando-se ao mesmo tempo
“igual” a todas as outras e “única”. B-Set foi um dos
© LOUISE BILLGERT
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HELLA JONGERIUS: MISFIT
A exposição monográfica no museu Boijmans
de Roterdão é a primeira grande retrospectiva
de Hella Jongerius na Holanda.
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“COM A MESMADESENVOLTURA COM QUE REMISTURA o low tech e o high tech, Hella subverte
a lógica de produção de massas
introduzindo pormenores aparentemente
desajustados (porque oriundos
da produção, do saber e da cultura
artesanais) neste contexto standardizado.” ANIMAL BOWL
LAYER, MAHARAM
POLDER SOFA, VITRA
TRIBUTE TO CAMPER
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design :: guru
primeiros projectos de Hella a inserir a individualidade
na produção em série. Com estes e outros exemplos, Hella
resolve o dilema do Modernismo: é possível produzir
objectos em massa sem os esvaziar da sua identidade
(ou humanidade). Na monografia editada pela Phaidon,
numa das conversas hipotéticas com a escritora e comissária
holandesa Louise Schouwenberg (que Hella conhece desde
1997, e sobre quem diz “Eu trato do design, tu tratas das
palavras”), Jongerius confessa a sua “dívida” para com
o movimento Memphis. “Eles inauguraram um sentimento
de liberdade.” E acrescenta: “A função do design assumiu
um conteúdo completamente diferente. Não podes conceber
a função unicamente em termos de conforto ou uso.
Às vezes a questão está – paradoxalmente –
na não-funcionalidade, na medida em que os produtos
apelam, acima de tudo, à nossa imaginação.”.
O PAPEL DA COR.Basta olhar para o batom vermelho
dramático que se tornou imagem de marca da designer para
perceber que a cor não é um simples acessório na sua visão
do mundo. Hella Jongerius foi pioneira numa nova
percepção do papel da cor no mundo do design e hoje
é consultora da Vitra neste domínio. A cor já não é um
odiado apêndice decorativo que se acrescenta ao objecto.
A cor faz parte do projecto, é uma variável ao mesmo nível
que a forma e a função. A cor é estrutural, e geralmente não
vem sozinha. Não é perfeita. Claro que mais uma vez
Jongerius foge do esperado. A ideia não é compilar um
manual de cor anunciando quais serão as tendências
cromáticas para o ano seguinte, como fazem os estilistas
deste mundo. A ideia é investigar, compôr, ousar, sobrepôr.
O objectivo não é homogeneizar o mundo pintando-o de um
só tom (ou de uma paleta mais ou menos reduzida de tons
que são tendência), mas fazê-lo explodir em combinações
e nuances audazes e incrivelmente belas. Criar escolhas.
É isso que acontece no programa interactivo Colour Lab,
desenvolvido para a Vitra, onde as pessoas podem pesquisar
as cores que melhor combinam com os produtos
da colecção. Mas a investigação à volta da cor aplica-se
ao próprio trabalho de Jongerius. Para a retrospectiva
no Museu Boijmans Van Beuningen de Roterdão, criou uma
instalação, 300 Coloured Vases, onde as jarras desenhadas
para a Royal Tichelaar Makkum (o mais antigo fabricante
de cerâmica da Holanda) são esmaltadas a partir de uma
camada de pigmentos ancestrais, retirados do processo
de produção – e obtidos a partir de cádmio (encarnado), ferro
(castanho), cobalto (azul) , etc. – combinada com cores “fast
food” actualmente usadas na indústria. Jongerius chama-lhe
“pointillisme sobre porcelana” e o resultado é deslumbrante:
ao justapor e misturar pigmentos, e experimentar com
diferentes temperaturas de cocção, aparecem novas cores,
policromáticas e irrepetíveis. As cores “mudam” dependendo
da hora do dia, e da incidência da luz. A designer que trouxe
as artesanias para o seio da produção industrial,
antecipando o movimento glocal que hoje é central
no design contemporâneo, está agora a experimentar
de novo, imbuindo a tradição com as descobertas
tecnológicas mais recentes. Não é um olhar nostálgico.
A ideia é reinventar a tradição, recompondo as memórias
num quadro inteiramente novo e individual.
A BELEZA DO ERRO.O modus operandi de Jongerius
é extremamente feminino: trata-se de combinar e fazer novo
a partir daquilo que já conhecemos.
De misturar o inesperado. De dar sentido, todo o sentido,
ao contraditório. O artesanato com o industrial, o velho com
o novo, o polido com o rugoso, o impoluto com o defeituoso.
A crítica de design Alice Rawsthorn, que assina um dos
ensaios publicados na nova monografia dedicada
a Jongerius, chama-lhe “o factor humano”, ou a capacidade
inata e intuitiva que Hella tem de conciliar o ideal Modernista
da uniformização (para todos), com a individualidade
(e a imperfeição). Aquilo que é comum a todo o trabalho
de Jongerius (seja um produto industrial disfarçado
de “artesanato”, como nos sapatos para a Camper, ou uma
edição limitada onde o valor da mão é claramente
assumido) é a sua assinatura. A marca da mão, a celebração
da individualidade. À volta das texturas, dos materiais,
das cores. Nos esmaltes quebrados, nos fios de algodão
que se desprendem de miniaturas de porcelana.
Está o designer, o artesão, e estamos todos.
É porque assume que o design, como o erro, é humano,
que Hella Jongerius é capaz de criar objectos tão formosos
e familiares. Serão estranhos, idiossincráticos, heterodoxos,
em queda e em falha. Irregulares e imperfeitos.
Belos e frágeis. Objectos como nós. e
www.jongeriuslab.com
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Hella Jongerius: MisfitEste livro não é para tablets, mas pode ser para todos. Publicado em Fevereiro
de 2011, e coincidindo com a primeira retrospectiva de Hella Jongerius na Holanda
(a exposição no Museum Boijmans van Beuningen de Roterdão), Hella Jongerius:
Misfit (Phaidon Press) é uma monografia exaustiva do trabalho da designer. O livro
é uma beleza (desta vez, redondamente acabada) e uma delícia. A começar pela capa
(mole, e agradece-se), onde podemos completar o Red White Vase de Jongerius
colando-lhe uma etiqueta translúcida que resulta numa combinação cromática única
(à semelhança do que a designer fez em 300 Coloured Vases). O deleite prolonga-se
no interior, onde temos acesso a toda a obra relevante de Jongerius organizada
cromaticamente: viajamos (deslizamos, flutuamos) da candura dos brancos iniciais
à frescura dos verdes e amarelos, passando por todas as nuances dos vermelhos,
para fechar de novo o círculo (o espectro) com mais objectos pintados de si.
A lombada, de onde pende um fio que parece ter sido toscamente cosido à mão,
oferece uma ilusão de artesania que nos remete para o trabalho de Hella.
As fotografias são de pasmar: estão lá as partes e o todo, os pormenores e o caos.
E depois, os textos: o fio condutor são as entrevistas imaginadas com Louise
Shouwenberg, o alter ego narrativo de Jongerius, que espreitam por entre
os ensaios fotográficos, e estão povoadas de reflexões e desabafos inteligentes
e envolventes. Duas grandes senhoras da crítica e curadoria do design, Alice
Rawsthorn e Paola Antonelli, versam sobre a figura e a obra de Hella Jongerius,
com perspectivas luminosas e claras sobre o seu lugar na história do design.
Se Rawsthorn destaca o factor humano do design de Hella (que aponta como uma
corrente alternativa ao design sustentável, para digerir o Modernismo no contexto
pós-moderno), Antonelli realça a imperfeição que o caracteriza e nos faz pasmar.
Visual e táctil, o livro é poesia impressa sem palavras. Inspiração instantânea para
designers e não só, devia ser obrigatório nas escolas. Um livro para percorrer,
folhear e mastigar. Um objecto, como poucos, para contemplar.
Hella Jongerius: Misfit
Phaidon Press
Fevereiro 2011, 39,95€
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LONG NECK E GROOVE BOTTLES
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NOVÍSSIMAJá lá vai o tempo em que o panorama editorial português era feito,
essencialmente, de conteúdo. As capas, essas, faziam qualquer banca
livreira parecer um alfarrabista. Agora, porém, há sangue novo.
E nunca mais um livro em português vai ser o objecto que era antes.
TEXTO N U N O M I G U E L D I A S
ILUSTRAÇÃO PORTUGUESA
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Design :: spot
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ATÉ HÁ BEM POUCO TEMPO, o amor pelo livro
como objecto só era possível, em Portugal, e na maioria
dos casos, depois de o ler. Por um lado, não deixa de ser
interessante que assim fosse. Que a atracção exercida
por determinada obra se devesse ao seu conteúdo.
Mas é demasiado erudito. E contraria a lógica que
estava por trás do livro-objecto aquando da sua criação,
mesmo que a sua importância como livro-conteúdo
fosse um dado adquirido.
Da primeira bíblia à era Gutenberg, o livro foi sempre
algo do qual a beleza era indissociável. Iluminuras
de valor incalculável, caracteres cuidadosamente
elaborados pelos melhores calígrafos, capas de couro
com bordados a folha de ouro, encadernações
milionárias a proteger conteúdos que influenciariam
(ou não) a Humanidade no seu rumo. Livros traduzidos
em quase todas as línguas do mundo, obras
propositadamente omitidas do conhecimento
dos homens, conhecimentos herméticos, declarações
de amor, decretos de ódio, odes a Mephisto. Quase
invariavelmente, o livro era uma obra de arte que se foi
degradando proporcionalmente às suas reedições, até
chegar ao tempo em que as editoras dão a escolher:
Capa mole ou brochada? Como quem pergunta “livro-
conteúdo” ou “livro-obra”. Não obstante, e à medida
que o progresso acomete como o martelo de Thor,
com os e-books a serem lidos no iPad, irrompe também
o saudosismo, a nostalgia de manusear, com o amor,
um livro. Um acto que encerra, em si, beleza.
Atire a primeira pedra (expressão que vem,
precisamente, num dos mais antigos livros-conteúdo-
obra) quem não se recorda de quão solene era, em
criança, o acto de folhear um livro da Anita, do Petzi
ou o “Nungu e a Senhora Hipopótamo” da incontornável
ilustradora infantil Babette Cole. Pois bem: E se o livro
ilustrado, comummente associado à literatura infanto-
-juvenil, estivesse a ser injustiçado e passasse a ser, tal
como aconteceu com a banda desenhada, avidamente
consumido por graúdos com muito bom gosto e poucos
complexos? É um pouco o que aconteceu com o Planeta
Tangerina, a vanguardista editora portuguesa (mas
também um atelier especializado em comunicação para
crianças e jovens) que, no ano passado, venceu
o Prémio de Editora Revelação, na categoria Prémios
de Edição Ler/Booktailors. Arrancou em 1999, com
vontade de renovar o segmento dos livros infantis
e juvenis e acabou por agitar, da melhor forma,
o panorama editorial português. As obras são criadas
de raiz por uma equipa de criativos (os textos saem,
na sua maioria, da cabeça de de Isabel Minhós Martins)
e designers (Madalena Matoso, Bernardo Carvalho
e Yara Kono) e o resultado são objectos de puro design,
com ilustrações verdadeiramente originais, textos
exímios e materiais de topo. Cada livro da Planeta
Tangerina desperta os mais novos mas apaixona
os pais. Madalena Matoso, lisboeta da colheita de 74,
lembra-se do dia em que a ilustração entrou, como
objectivo, na sua vida: Uma exposição no Palácio Foz
que vinha de itália, com ilustradores de todo o mundo.
Antes disso, “O Leão e o Ratinho”, ilustrado por Brian
Wildsmith, os livros da Sophia de Mello Breyner ou “Puff
e os seus amigos”, faziam parte do seu imaginário.
Estudou Design de Comunicação e Design Gráfico
Editorial mas, antes de concluir a licenciatura ou
a pós-graduação, já havia publicado dois livros de
imagens. Quase todas as obras que fez pelo Planeta
Tangerina (que também é obra sua) receberam prémios
ou menções especiais. Não admira, quando tem
objectivos bem traçados naquilo que faz: “Gosto
de experimentar coisas diferentes, andar por territórios
novos, mas procuro deixar espaços em branco para
que cada pessoa os possa completar. Para além disso,
o texto e a imagem devem complementar-se para contar
uma história. Podem viver separados, mas que sejam
muito felizes juntos. E se cada livro for como um
caminho que acaba numa bifurcação (para mim e para
os leitores), a viagem não acaba.”
Bernardo Carvalho, 37 anos, também nasceu em
Lisboa, também estudou Design de Comunicação
(e Desenho na Sociedade Nacional de Belas Artes)
e também fundou o atelier e a editora Planeta
Tangerina, pela mão da qual já recebeu vários prémios
nacionais e internacionais. Pela editora Caminho,
ilustrou textos de Richard Zimler (“Dança Quando
Chegares ao Fim”). O seu estilo é inconfundível
(“As Duas Estradas” é uma obra incrível) mas isso não
admira, quando diz que se lembra perfeitamente de ter
“despertado” para a ilustração aos quatro meses
de gestação. Já nascido, foi influenciado pela BD
e, particularmente, pelo “Eternus 9”, do Vítor Mesquita
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A MANTA - UMA HISTÓRIA
AOS QUADRADINHOS (DE TECIDO)
As ilustrações são de Yara Kono, o texto de Isabel
Minhós Martins. Não é banda desenhada, mas cada
quadradinho (de tecido) conta uma história.
“TROCOSCÓPIO”, DO PLANETA TANGERINA
É o terceiro volume da Trilogia "Histórias Paralelas",
a ideia é do João, da Isabel, do Bernardo
e da Madalena e as ilustrações do Bernardo Carvalho
TINTA DA CHINA, ANTÍPODAS DO HABITUAL
Um dos muitos exemplos do já invejável portfólio
de uma ainda jovem editora. Sob a direcção
de arte de Vera Tavares, a Tinta da China marca
a diferença
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(um “must” da adolescência dos trintões de hoje). Não
crê que o Planeta Tangerina tenha criado um estilo,
apenas que “Experimenta e arrisca contar histórias
de maneira diferente.”
Yara Kono é a exótica desta história. Paulista de gema,
começou por desenhar, em tenra idade, nas paredes
da sala. Daí passou para o papel e do papel para
o computador. Surpreendentemente, a formação
em Farmácia-Bioquímica (pela Universidade Paulista —
UNESP) foi a sua primeira opção, antes de ingressar
no curso de Design e Comunicação na Escola
Panamericana de Arte, no fim do qual partiu para
o Japão, como bolseira no Centro de Design
de Yamanashi. Faz, desde 2004, parte da equipa do
Planeta Tangerina, como ilustradora e designer gráfica.
Da infância recorda (além dos sarrabiscos na parede, que
fazem mais parte da memória da mãe) uma coleção de
contos tradicionais japoneses (entre eles
o Momotaro e o Kaguyahime) que havia lá por casa
e, hoje, sorri ao observar que o albúm ilustrado vem
ganhando terreno, a crescer e a dar bons frutos
no panorama editorial, para a qual o Planeta Tangerina,
ousando, contribuiu.
OUTRA EDITORA QUE “REFRESCOU”
a aparência das montras dos livreiros portugueses (e
elevou o nível literários das obras traduzidas para a língua
portuguesa), foi a Tinta da China. Criada em 2005, conta já
com um número considerável de lançamentos,
de incontornáveis obras da literatura universal (de autores
como Voltaire, Ernesto “Che” Guevara, Washington Irving,
Rudyard Kipling, Edgar Allan Poe ou Mark Twain),
novíssimos autores portugueses (Fernanda Câncio,
Alexandra Lucas Coelho e Rui Tavares) e, claro, a colecção
Literatura de Humor, de Ricardo Araújo Pereira. Inseridos
nesta última, “Os Cadernos de Pickwick”, de Charles
Dickens, “Jacques, o Fatalista, e o seu amo”,
de Denis Diderot e “Wit, Ensaios Humorísticos”, de Robert
Benchley, contam com capas que sobressaem daquilo
que pode ser considerada a “corrente” das capas das
editoras portuguesas. E é disso que aqui se fala, de gente
que vai “contra a corrente” (alusão óbvia à desde sempre
refractária Antígona — obrigado, Sr. Luís Oliveira),
que agitam, que inovam arriscando. No caso da Tinta
da China, a Direcção de Arte, na pessoa de Vera Tavares,
assume um papel determinante. “Parte da mobília” desde
a criação da editora, passou ainda antes por uma agência
de publicidade, depois de terminado o curso de desenho
do Ar.co. e até chegar ao ponto em que a Tinta da China foi
a vencedora nas categorias de Melhor Design de Não-
Ficção (“Uma Ideia da Índia”, Alberto Morávia) e Melhor
Design de Gastronomia (“Receitas Go Natural”), dos
prémios Edição Ler/Booktailors de 2009, e conta, para
a edição de 2010, com um total de oito obras candidatas.
Agora, para algo completamente diferente. A primeira
edição de “O Novo Guia de Conversação em Portuguez
e Inglez, em Duas Partes”, foi originalmente publicado em
Paris, no ano de 1855. Bastaram 30 anos para a sua
consagração nos países de língua inglesa, data desde
a qual se tem mantido sempre em notável circulação, mas
como livro humorístico. É que os autores, José da Fonseca
e Pedro Carolino, careciam do conhecimento da língua
inglesa a um tal nível que transformaram expressões
do vocabulário português em perfeitos absurdos
gramaticais e semânticos. Ainda para mais, supostamente
auxiliados por uma introdução à fonética onde o rigor
é nulo. O sentido original chega a perder-se
irremediavelmente, mas em prol de alguns momentos
de pura boa disposição do leitor. A University of Califórnia
disponibiliza o download do texto integral no Google
Books, mas a Atlas Projectos editou uma re-impressão
verbatim e literatim, com uma encadernação exímia e que
apetece, do original. O mesmo pode ser encomendado
pelo site e o preço é de €18. Porque há coisas que todos
deveríamos ter na biblioteca. E cada vez é mais difícil
escolher entre tantas coisas que apetecem. Graças a uma
nova geração de editores que delegam, nos seus designers,
uma grande parte da responsabilidade nas criações. e
www.planetatangerina.com | www.tintadachina.pt www.atlasprojectos.net
”YARA KONO,ILUSTRADORA DOPLANETA TANGERINA,começou por rabiscar nas paredes
da casa. A diferença é que a mãe
encorajou-a, ao invés do que acontece
na maior parte das vezes. Daí passou para
o papel e do papel para o computador.
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PROJECTAR
RAW EDGES
DESIGN WITH CONSCIENCE
WHAT YOU SEE IS NOT
PETIT H
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THE COILING COLLECTION, DE YAEL MER & SHAY ALKALAY,RAW EDGES, PARA A FAT GALERIE
TEXTO M A D A L E N A G A L A M B A
FOTOS R A W E D G E S
Para a Fat Galerie, em Paris, os Raw Edges criaram uma colecção de objectos
em feltro 100% lã, cobertos de silicone. Em The Coiling Collection, uma longa banda
de feltro, plana, transforma-se em estrutura.
ENCARACOLADO
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YAEL MER E SHAY ALKALAY, dupla no design
e na vida, acabam de ver nascer o seu maior projecto.
The Coiling Collection, a série de objectos para interiores
de feltro e silicone que criaram para a Fat Galerie, em
Paris, podia até ser um bom candidato a momento auge
do ano. Mas não é o vencedor. Yael e Shay acabam de
ser pais: o primeiro filho do casal nasceu poucos dias
depois da inauguração da exposição e naturalmente
eclipsou tudo o resto.
Ainda assim, continua a não ser fácil passar ao lado
desta colecção onde as cores, os materiais e as formas se
conjugam numa combinação genética invulgar.
O processo é simples: uma longa banda de feltro
(foram precisos 326 metros de feltro para fazer os sete
protótipos que compõem a mostra) é enrolada, como
um caracol, e colocada sobre uma base de madeira
(um pedestal ou uma prancha). Depois de enrolado,
o feltro é pincelado com silicone colorido, mas apenas
de um dos lados. A fibra absorve o silicone e endurece.
Assim, obtém-se um material híbrido: com a rigidez
necessária para fixar a estrutura, e a suavidade dócil
da lã. Os designers explicam que, para chegar a este
material, se inspiraram nos materiais compostos:
por exemplo, a palha que funciona como aditivo para
endurecer e dar estrutura aos tijolos de barro (adobe).
The Coiling Collection, uma colecção de 7 objectos
autoproduzidos pelos designers em edição limitada,
é um projecto atraente e suficientemente “responsável”
(emprega um material 100% natural, a lã) para agradar
a muita gente. Representa mais um passo, seguro
e original, no caminho para transformar uma matéria
plana (uma fibra, uma folha de papel) num objecto
tridimensional, onde a matéria é a própria estrutura.
E é vibrante: nas cores e nas formas que tendem
naturalmente para o orgânico.
Desde que concluíram a sua formação no prestigiado
Royal College of Art de Londres, os designers israelitas,
vencedores do prémio Designer of the Future da design
Miami/Basel em 2009, não têm parado de surpreender
com as suas criações. Em 2007, fundaram o seu próprio
estúdio, que baptizaram de Raw Edges, e em 2008 já
tinham editado, com a Established & Sons, um dos
incontornáveis hits do ano: a estante com gavetas
Stack, uma entrada directa (para continuar com
a metáfora musical) para a colecção do MoMA
de Nova Iorque e do Design Museum de Londres.
Também em 2008, a elegante e inteligente cómoda
Pivot (editada pela Arco) venceu um Dutch Design
Award, Wallpaper Design Award e um Elle Decor
International Design Award, na categoria de melhor
peça de mobiliário do ano. Na realidade, os Raw Edges
não são apenas capazes de passar das duas às três
dimensões num abrir e fechar de olhos, usando
materiais à partida planos (o papel, os têxteis). Também
conseguem que os seus projectos mais experimentais,
destinados, em princípio, ao circuito restrito das edições
limitadas em autoprodução, dêem o salto e se adaptem
à produção industrial (como é o caso dos bancos
Tailored Stool, originalmente em papel, e editados pela
Cappellini, com o nome de Tailored Wood). Pode bem
ser este o destino de The Coiling Collection. Para já, são
sete objectos (bancos, cadeira, recipiente, mesa e tapete)
tão autênticos quanto encantadores. e
www.raw-edges.com, www.fatgalerie.com
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“THE COILINGCOLLECTION, UMA COLECÇÃO DE 7 OBJECTOS autoproduzidos em edição limitada,
é um projecto atraente e suficientemente
“responsável” (emprega um material
100% natural, a lã) para agradar
a muita gente. “
SILICONE + LÃ
Depois de enrolado, o feltro é pincelado com silicone
colorido, mas apenas de um dos lados.
A fibra absorve o silicone e endurece.
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Style: François Delclaux para M&Oxygène SAF 2009 Foto: Sylvain Thomas
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HERMÈS SUSTENTÁVELMuita inspiração, ideias a fervilhar e boas práticas, são o impulso da Petit h,
a mais recente aposta da Hermès. Quem diria que a catedral do luxo havia de dar
tamanha energia a um projecto onde o verbo maior é recriar...
ENQUANTO NA ALTA FINANÇA se jogavam todos os trunfos para a aquisição
de acções em Bolsa, com a Louis Vuitton a alcançar uma posição na Hermès, a marca
francesa que dá ao mundo o melhor do luxo em acessórios, roupas e perfumes, perpetuado
por tantas estrelas ao longo das décadas, que desde a sua criação, em 1837, nunca fechou
uma única loja, andou ocupada numa novíssima empreitada – o lançamento da sua
Petit h. Petit h, uma “sub-marca” muito especial, um conceito que nada me admira venha
a constituir um exemplo de peso na história contemporânea, no que toca à sensibilização
para a necessidade de a Humanidade evoluir em consciência ecológica, na óptica
do combate ao desperdício, na ideia central da ordem concertada pela Organização
das Nações Unidas, denominada Sustentabilidade.
Petit h, é uma colecção de objectos que a Hermès apresentou em Paris, em Novembro
de 2010, e que seguirá a outros países ao longo deste ano, com viagens já traçadas para
o Japão e os EUA. Objectos inesperados, extraordinários, diferentes, funcionais
e executados com toda a perícia das equipas de artesãos com longa experiência de trabalho
e conhecimento adquirido ao serviço da Hermès. Costureiras, ourives, artífices do couro,
do cristal e da porcelana, juntam-se agora a designers de renome e a outros artistas
admiráveis, num espaço só seu, autêntico laboratório de ideias, onde se dedicam a dar asas
à criatividade e à arte para que nasceram. Quando uns imaginam, os outros realizam.
Uns e outros, sem descurar o rigor, a exclusividade e a qualidade que a casa-mãe, com
H maiúsculo, exige.
A única diferença na Petit h, prende-se com a matéria-prima. Apenas ela poderá ditar
o produto final. E ela, é tão-só o material que resta da produção da Hermès, sejam sobras
de peles e tecidos ou objectos que, por conterem pequenas falhas ou irregularidades, estão
interditos ao circuito comercial. O grande desafio de todos os que laboram para a Petit h
é, pois, voltar a criar a partir do que existe.
CEILING PENDANT
By Adrien Rovero
TEXTO G U I A B R E U D E L I M A
FOTOS V I C E N T L E R O U X
design :: projecto
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NADA SE PERDETUDO SETRANSFORMA,mantendo os valores de sempre,
a herança de seis gerações, cujas raízes
perduram no tempo: os melhores
materiais, a íntima relação com artesãos,
a alquimia entre o espírito e a arte manual
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É dar uma nova vida a peças descartadas nas oficinas
e ateliers da marca, corroborando a maior lição
da Natureza – nada se perde, tudo se transforma –
mantendo incólumes os valores de sempre, a herança
de seis gerações de comerciantes exemplares, cujas
raízes perduram no tempo: os melhores materiais,
a íntima relação com artesãos, a maravilhosa alquimia
entre o espírito, a criatividade e a arte manual.
E ASSIM SE RECUPERA um copo de cristal
que ganhou uma bolha no pé ao ser soprado,
uma carteira irremediavelmente marcada numa queda
da mesa de trabalho do seu artesão, um retalho de pele
de crocodilo desigualmente tingido, um lenço de seda
beliscado... tudo é lançado às “feras” do Petit h, para
renascer com um novo sentido estético ou funcional,
numa segunda oportunidade de brilhar, espelhando
o talento dos criadores. Está de parabéns a directora
artística, descendente da sexta geração de Thierry
Hermès, Pascale Mussard, pela iniciativa, onde a sua
faceta “caça-talentos” se espraia em beleza, e em que,
além de peças lindíssimas, com um passado para
contar, oferece aos artistas a oportunidade de criarem
desenfreadamente e de se descobrirem, em íntimo
diálogo com aqueles que transformam ideias em arte
visível. Livres, sem amarras, como uma banda de jazz
que improvisa por paixão... Assim os quer a senhora
Mussard, reciclando peças e recriando objectos cheios
de poesia. e
FAWN
By Marjolijn Mandersloot
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design :: foco
ARTECNICA:
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FOTOS C O R T E S I A A R T E C N I C A
A editora de Los Angeles Artecnica, pratica um design com consciência, assente nos valores
da sustentabilidade e da responsabilidade social.
Apadrinhando o trabalho de autores consagrados como
o de designers anónimos, espalha o design do mundo pelo
mundo, como a mesma convicção que se investe
num projecto humanitário.
O SOL NASCE PARA TODOS
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encontro :: design
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O SOL DA CALIFÓRNIA ILUMINA com a mesma
intensidade as criações de autores consagrados do design
internacional e os projectos de artistas e artesãos anónimos,
a quem é dada uma oportunidade para brilhar. Esta
é a convicção, e a missão, dos fundadores da Artecnica,
o italiano Enrico Bressan e a iraniana Tahmineh
Javanbakht. Arquitecto e artista plástica, criaram, em 1986,
a editora de objectos de design, que começou por fazer
projectos de atelier de arquitectura e design de interiores
para clientes como Gianni Versace e Sebastian International.
O compromisso com os valores da sustentabilidade
ambiental e da produção responsável é uma constante no
caminho da Artecnica, uma postura que se reflecte na sua
máxima “A viagem do produto é tão bonita como o próprio
produto”. Na viagem, embarcam autores consagrados com
os irmãos Campana, Hella Jongerius, Heath Nash, Inga
Sempé e Tord Boontje, talentos emergentes como Rich,
Brilliant,Willing, Stephen Johnson e Paula Arntzen, e uma
míriade de artistas espalhados pelo mundo, de um grupo
de ex-marginais em Los Angeles a uma comunidade
de artesãos numa aldeia no Perú. Embora praticamente
todos os produtos do catálogo da Artecnica estejam
permeados, numa etapa ou na outra, por preocupações
de sustentabilidade, a missão da empresa cristalizou-se,
a partir de 2002, no programa Design with Conscience.
Trata-se de um projecto quase “humanitário” onde
a Artecnica trabalha directamente com comunidades
de artesãos de países em vias de desenvolvimento, para dar
corpo a objectos de design com uma forte componente
artesanal, que empregam o saber e as técnicas locais,
de acordo com princípios de sustentabilidade. Um exemplo
vivo de como o design pode ser um catalisador de mudança,
integrando a especificidade local num contexto global,
e o artesanato na indústria, para mudar o mundo.
Blue Design: “A viagem do produto é tão
bonita quanto o próprio produto”. A Artecnica
foi dos primeiros editores a assumir a
sustentabilidade como parte integrante
do ADN do design. O que vos levou a escolher
este caminho?
Tahmineh Javanbakht: Foi a evolução natural.
O trabalho do Enrico como arquitecto tinha-nos levado
a colaborar com uma organização não governamental que
ajudou a construir casas para as vítimas do furacão
na República Dominicana. Foi uma sensação extraordinária,
ao completar o projecto, e pensámos “Porque não trazer esta
boa energia para a nossa empresa de objectos para a casa?”.
O nosso projecto Design with Conscience nasceu porque
queríamos mostrar o trabalho de muitas pessoas com
talento que, de repente, se viam pouco reconhecidas num
mercado industrial global. Foi uma decisão orgânica,
simplesmente fazia sentido e foi um daqueles “momentos
Aha!”.
BD: Agora o “sustentismo” está na moda, e toda
a gente quer apanhar a onda. Mas para lá das
palavras e dos rótulos, o que é que acha que
os designer e as empresas deviam fazer para
serem realmente sustentáveis?
TJ: Penso que começam em gestos mínimos, e depois
podemos levar a ideia a um conceito tão abrangente quanto
quisermos. Pode-se começar por fazer o packaging tão
eficiente quanto possível, usando materiais não tóxicos,
amigos da terra. Podemos olhar para a pegada de carbono
e fazer embalagens o mais planas possível, ou então levar
esta preocupação para o próprio produto e usar materiais >>>
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“O PROJECTO DESIGNWITH CONSCIENCENASCEU PORQUEQUERÍAMOS MOSTRARo trabalho de muitas pessoas com talento,
que, de repente, se viam pouco
reconhecidas num mercado industrial
global. Foi um daqueles momentos ‘Aha!’”.
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design :: foco
verdes. Há tantas maneiras de fazer as coisas de outra
forma, mais inteligente do que o habitual. Por exemplo,
acabámos de lançar o projecto Homeboy Tot Bag project,
produzimos um saco de lona com caligrafias imprimidas
pelos antigos membros do gang de Los Angeles Homeboy.
Os slogans impressos foram criados pelo padre jesuíta que
fundou a organização, o Padre Greg Boyle. Homeboy
Industries (HI) é o maior programa de intervenção em gangs
dos Estados Unidos e dá uma segunda oportunidade a
ex--membros dos gangs e jovens em risco (12 mil por ano).
Actualmente, existem mais de 86 mil membros activos
de gangs em LA, a maioria estão desempregados e vivem
em condições de pobreza. Os artistas que trabalham nestes
projectos têm muitíssimo talento, mas em vez de ir para
prestigiadas escolas de arte, como eu e os meus colegas
fomos, aprenderam a desenhar nos becos da cidade,
fazendo graffiti, e nas prisões, fazendo tatuagens. Agora
estão na Homeboy a tentar começar uma nova vida e com
uma nova esperança (como disse o fundador, os problemas
deles começam na desesperança). Têm um talento
extraordinário, produzimos cinco sacos diferentes, feitos por
eles, e estamos muito contentes.
BD: Arrancaram com o programa Design with
Conscience, em 2002. Como é que começou?
TJ: Começámos com um projecto feito com a Lidewij
Edelkoort, presidente da Design Academy Eindhoven,
e a ideia era levar alguns estudantes ao Brasil para trabalhar
com artesãos locais, através da Fundação Cusenza.
Infelizmente, o projecto não funcionou porque mesmo com
óptimo design, óptimos artesãos e boas intenções as coisas
só funcionam se estiveres lá fisicamente e organizares
a parte logística. E é preciso muita paciência.
BD: Mas mesmo fora do programa DWC, há
muitos projectos da Artecnica que levam esta
marca da responsabilidade. Faz parte do brief,
quando contactam os designers?
TJ: Desde o início, o nosso brief normalmente indica que
o produto deve ir em flat pack, num material verde
e reciclado. Por exemplo, acabamos de lançar o banco
Kactus, um design do Enrico, feito de alumínio reciclado.
BD: Mais do que uma empresa que produz
objectos, a Artecnica tem uma abordagem
“curatorial” do design. Parece-me que esta
atitude faz toda a diferença. O que é que
procuram quando seleccionam os designers,
os projectos e o designer para cada projecto?
TJ: Nós fazemos a curadoria com o coração. Fazer um
produto é muito difícil. Costumava dizer aos meus alunos
do Art Center de Pasadena: se quiserem defender o vosso
portefólio e o vosso trabalho, têm de estar extremamente
envolvidos e convencidos daquilo que fazem, porque se não,
há tantos elementos envolvidos, que o projecto não vai
avançar a menos que tenha esse suporte. Trabalhamos com
designers que sempre admirámos e cujo trabalho
adoramos. Trabalhamos com designers que estão
a começar e vemos que há ali muito talento, magia, energia
e esperteza. Simplesmente bate certo.
BD: Os dois fundadores da Artecnica vêm
de Itália e do Irão. Como é que estas raízes
influenciaram a missão da Artecnica
e a maneira como vêem o design?
TJ: Levamos a nossa história, a nossa cultura e educação
para a mesa, quando nos sentamos no escritório. Juntamos
as experiências de cada um. Eu nasci no Irão, em Isfahan.
Os ornamentos, as cores e os padrões tiveram uma enorme
influência em mim. Depois, vim viver paras os Estados
Unidos, aos 16 anos, e a experiência em si teve também
uma enorme influência em mim. Tenho a certeza que tudo
isto teve um enorme impacto na minha maneira de ver
e de me relacionar com os objectos que me rodeiam. Tenho
a certeza que o mesmo se passa com o Enrico, já que ele
viveu em Itália, em Espanha e, depois, nos Estados Unidos.
BD: Como é que o design pode ser mais
humano, no futuro?
TJ: Não tenho a certeza do que quer dizer com “humano”,
mas tenho a certeza de que o design se torna muito
funcional e utilitário, mas com mais poesia. e
www.artecnicainc.com, www.mundano.pt
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encontro :: design
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encontro :: design
VER PARA CRERD
ES
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What You See is Not é o nome do novíssimo projecto de Fernando Brízio para a droog design.
Uma cómoda (ou uma gaveta suspensa) em trompe l'oeil que, no limite, depende do utilizador para existir.
TEXTO M A D A L E N A G A L A M B A
FOTOGRAFIA S T E F A N I E G R I T Z , D R O O G D E S I G N
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BUSTER KEATON E AS IGREJAS DE ROMA
inspiraram o mais recente projecto de Fernando
Brízio para a editora holandesa droog design: What
You See Is Not. “Não acredito na 'inspiração
repentina', vinda do nada,” explica o designer
português “Uma boa ideia vem de um trabalho
contínuo, da pesquisa a longo prazo e de todas
as camadas das nossas próprias referências
culturais.” Vamos então pela justaposição.
Primeira camada: Buster Keaton no filme The High
Sign, a desenhar um cabide (2D) para pendurar o seu
chapéu (3D). Segunda camada: uma viagem a Roma,
as igrejas com fantásticos trompe l'oeil, no fio
da navalha entre a bidimensionalidade
e a tridimensionalidade, onde nem tudo o que parece
é, e muitas vezes não é mesmo.
E o que é, afinal, What You See is Not? Uma cómoda,
uma gaveta suspensa, um objecto 3D, uma imagem
plana. É tudo isto e nada disto. É sobretudo
um exercício, inteligente e emocional, é mais uma
paragem na viagem de Fernando Brízio à volta
da dimensão relacional do design.
“Tenho tentado perceber e demonstrar através
de objectos do dia-a-dia, o modo como as pessoas
se relacionam emocionalmente, culturalmente
e fisicamente com eles.” explica Brízio “Às vezes
os objectos produzem uma experiência emocional,
outras vezes o enfoque está na questão
da usabilidade. Às vezes levantam questões sobre
a relação entre a cultura e a significância. Outras,
revelam gestos, mostrando de que maneira
os designers condicionam o nosso corpo, o nosso
comportamento e as nossas acções, e são, por isso,
coreógrafos da nossa vida diária.”
What You See is Not é um gaveta (de MDF)
“pendurada” numa fotografia (um autocolante
de vinil que é uma imagem de uma cómoda).
Os dois elementos estão instalados de maneira a criar
um efeito trompe l'oeil. A percepção do objecto
altera-se consoante a nossa posição no espaço.
De frente é uma cómoda com uma gaveta aberta.
De lado, a imagem deforma-se e percebemos
que o volume que víamos é afinal uma ilusão,
uma imagem plana. Que está lá, e não está.
De repente, percebemos que mais do que ver, criámos
uma imagem. Imaginámos. E perdemos a segurança
da referência arquetipal: mas afinal o que é isto?
Brízio é perito nestes jogos de ilusões (a ilusão óptica
é similar ao mecanismo usado no banco Alice)
que são tão divertidos quanto desafiadores.
Está constantemente a tirar-nos o tapete de baixo
dos pés, a desafiar a (ilusória) estabilidade da nossa
mente e da nossa percepção da realidade.
“Interessa-me este tipo de interacção que nos envolve
com a nossa visão; fazendo-nos sentir
que o que vemos e a maneira como olhamos para
as coisas revelam quem somos. Aquilo que realmente
vemos é um resultado do que somos, da maneira
como pensamos e da nossa constituição física
e mental.” e
www.droog.com
“É BOM VER AS PESSOAS SORRIREM quando olham para o meu trabalho
porque é uma reacção emocional visível.”
BRÍZIO + DROOG:
A crème de la crème do designnum projecto que semeia
a dúvida. E ainda bem.
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design :: projecto
TEXTO G U I A B R E U D E L I M A | FOTOS A G E N C E 1 4 S E P T E M B R E
Duas executantes reconhecidas criaram uma colecção de objectos para a casa,
que em Janeiro se deu à mostra no Salon Maison & Objet. Uma, faz meias de andar nas nuvens,
outra, desenha o luxo com uma perna às costas.
TUDO A MEIAS
DIZ QUE NAO FOI FÁCIL adaptar-se à matéria-prima disponÍvel.
Longos tubos de malha... mon Dieu.
Certo é que a limitação se dissipou, o enchimento brilhou e os padrões
fazem toda a diferença, de tão divertidos.
A designer Mathilde Brétillot e a marca francesa de collants e pantufas,
Collégien, conheceram-se através do programa “Tecnologia e Design”,
tutelado pela R3iLab – a rede criada pelo Ministério da Indústria francês,
ponte entre fabricantes têxteis e designers, com vista
ao desenvolvimento de projectos inovadores –, e fizeram nascer
a Linha Collégien-Brétillot, objectos para a casa. Uma esteira para todas
as eventualidades, um cesto de arrumos, balões com bancos para sentar
e outras relíquias.A alma é a cara do dono. Quem não conhece
os irresistíveis sapatos-de-andar-por-casa-(que-apetece-é-levar-
-para-a-rua), corra já a www.collegien-shop.com, e atesta num segundo
a inspiração de madame Brétillot. Encheu de espuma os seus desenhos
e vestiu-os, ou talvez os tenha calçado, de malha da melhor qualidade,
pensando no que merece uma criança e como podem e devem os adultos
tirar partido do que merece uma criança.
Peças pequenas que cabem em qualquer lugar, para relaxar, improvisar
as mais loucas brincadeiras ou cair redondo no sono, num sonho.
A enfeitar, coloridas e lúdicas, espalhadas pela casa ou arrumadinhas
no seu canto, a ideia da designer mima toda uma família numa casa
e derrama a energia primordial da parceria: conforto, muito conforto,
todo o conforto. e
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VIVER
CINECLUBE DA MAIA
SOL E PESCA
EXPOSIÇÕES
LIVROS
NOTEBOOKERIA
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Style: François Delclaux para M&Oxygène SAF 2009 Foto: Sylvain Thomas
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CINECLUBE DA MAIA
TEXTO N U N O M I G U E L D I A S | FOTOS T I A G O C A S A N O V A E I N Ê S D E C A S T R O
Alcatifa, balaústres, cadeiras de veludo vermelho e lâmpadas fluorescentes
numa velha/nova sala, onde se quer estabelecer uma cultura cinematográfica que convide a um olhar
mais crítico. Descentralizar o cinema, retirando-o das grandes superfícies, e promover um culto pela
tela que não passa pelas pipocas e os óculos 3D. Esta gente acredita. Ideólogos ou visionários?
EM NOME DE UM CINEMA
É O PURO CULTO PELO CINEMA que nem sempre cinema de culto. Mas, às vezes,
as coisas misturam-se. Inevitavelmente. Porque, agora, é preciso ser-se quase anti-social para
sonhar com uma sala onde não se oiça o mastigar de pipocas e o último sorvo no refrigerante.
Sacrificar, no seu último grito, as tecnologias, sonora e de imagem, em favor de uma expressão
cultural que resistiu sempre, na sua faceta mais poética, a todos os progressos. Os objectivos
do Cineclube da Maia remetem-nos, obrigatoriamente, para outros tempos. Ou espaços. Não
porque a natureza da iniciativa não seja, afinal, progressista. Mas porque há, no imaginário
de todo o cinéfilo, por muito contido que o seja, um pouco do profundo romantismo que está
por trás do Cinema Paraíso, de Giuseppe Tornatore. Ou, na versão portuguesa, a recordação
do Cine Girassol, em Vila Nova de Milfontes, no tempo em que exibia ao ar livre,
os espectadores em cadeiras de fórmica, o calor do Sudoeste Alentejano, as osgas passeando
na tela que era a típica parede caiada, por vezes a fachada de uma igreja, quando o projeccionista
se deslocava a praças desse Alentejo profundo para levar a magia num feixe de luz.
A tradição cinematográfica é, cada vez mais, o que era. Amar uma forma de arte e propor
a discussão que pode daí surgir, fazer de uma exibição um acontecimento, na acepção mais
emotiva do termo, é ao que se propõe o Cineclube da Maia. Criado por estudantes do ensino
superior, foi oficializado enquanto associação sem fins lucrativos, a 8 de Fevereiro de 2010.
A simples vontade de exibir cinema no centro de uma cidade periférica, numa sala que tende,
nas metrópoles, a morrer. O Cinema Venepor tem toda a beleza romântica que envolveu,
em tempos, uma ida ao cinema como acto social. A Câmara Municipal, proprietária do espaço,
acolheu a iniciativa de braços abertos e, hoje, colhe os frutos de uma sala que vai servindo,
devagar, de ponto de encontro e divulgação da vida cultural da cidade. Uma vez por mês, uma
exibição num formato “cinema+1”, isto é, o filme conciliado com uma experiência com ele
relacionada – um concerto, uma peça de teatro, uma performance – a desenrolar-se durante
a meia hora anterior à película. Projectos destes têm como falhar? Não. Pelo menos,
não é o que queremos. E não é esse, todo o poder do mundo? e
www.cineclubedamaia.org | www.facebook.com/pages/cineclube-da-maia/174443961564
O VELHO PROJECTOR...
... como veículo para obrigar a
questionar a própria sociedade,
participando num acto cultural.
design :: culto
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COMER, BEBER,
SOL E PESCANão falaremos, aqui, de arquitectura. Pelo menos, para lá do facto de ser essa que está,
afinal, por trás de um dos mais inovadores espaços de Lisboa. Porque foi, também, o ímpeto criativo
de dois arquitectos que deu num estabelecimento que, à primeira vista, seria improvável.
Meio ano depois de ter aberto as portas, é só essencial.
TEXTO E FOTOS N U N O M I G U E L D I A S
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spot :: design
DO CAIS DO SODRÉ, ESPERA-SE TUDO.
Ou quase. Ninguém estranhará ao imaginá-lo, nos
primórdios, como cenário possível para uma escala
do The Pequod, antes de Ahab prosseguir a sua
tresloucada busca pelo grande cachalote branco. Quase
ninguém estranhará que a sua má fama tenha vindo,
precisamente, desses tempos em que era o único lugar
de extravaso para mareantes (os tais que se aviam em
terra) que aportavam em Lisboa, durante grande parte
do século XX. Poucos estranharão que, ainda antes do
advento do Bairro Alto, nos anos 80, a Rua Nova
do Carvalho fosse poiso obrigatório do divertimento
nocturno da capital, com bares que, ainda hoje,
subsistem (um suspiro pelo defunto Shangri La) e até
ganharam novo fôlego com a recente imposição
de encerramento dos estabelecimentos
do Bairro Alto às 3h00, como o Jamaica (com 40 anos)
ou o Roterdão, que Ruka Rebelo e Silva (pseudónimo
de banda-desenhista do D’Artagnan do Incógnito)
revitalizou em 2010. Mas serão muitos os que estranharão
ver outra vez iluminado o letreiro “Sol e Pesca” da “loja
do Marreco”, antiquíssima casa de material para pesca
desportiva, encerrada desde 1994. Uma vez lá dentro,
continuarão a estranhar. Porque as mudanças
na decoração foram feitas, mas subsiste o mobiliário,
que continua a guardar ou a exibir anzóis, linhas,
amostras, bóias e caixas de utensílios. No tecto, há
chalavares e covos, nas paredes estão as mesmas canas,
a mesma imagem de Santo António (com o logotipo da
Bayer?!), cartazes publicitando carretos com paisagens
norte--americanas, para as quais as nossas barragens
e rios serão fraco substituto, e fotografias de clientes
exibindo, com orgulho, achigãs dentudos e carpas
portentosas. Mas há, também, um senhor armário
que guarda uma das grandes mais valias da Sol e Pesca.
As mais variadas conservas provenientes das mais
tradicionais e antigas fábricas lusas, do tempo em que um
naco de pão e uma latinha faziam o farnel do dia (bem
mais apetitoso que os mini-pratos de snack-bar de hoje,
responsáveis pelo lento assassinato da gastronomia
nacional), com embalagens e rótulos a condizer, esperam
ali pela escolha do cliente mais exigente ou consumo na
casa. É aí que entra Bárbara Carreira, que já foi proprietária
do mui assinalável “O Cometa”, em Miragaia, vista para as
praias da Invicta. Agora atarefa-se, numa correria por
gosto, proporcionando aos clientes os gostos de outros
tempos. Pica cebolinho e alho sobre alguns carapauzinhos
da Conserveira de Lisboa para que fiquem mais alimados,
dispõe batata doce cozida em volta, e serve um branco
da casta verdelho, um Campolargo da Bairrada.
Acrescenta algumas malaguetas verdes sobre sardinhas
em tomate da Minerva ou enguia com aroma de fumo
da Comur e abre uma garrafa de tinto da Quinta
da Califórnia (comprado directamente ao produtor,
em Azeitão). Sobrepõe à ventresca de atum Santa
Catarina, a conserveira de São Jorge, Açores,
o imprescindível funcho e enche uns copos de tinto
da Quinta do Perdigão, Dão 2007. Nas poucas mesas
ou ao balcão, degustam os já assíduos clientes, estes
pequenos tesouros. Ouve-se, num volume que possibilite
o ameno convívio, o “The Greatest” de Cat Power.
A ambiência que os arquitectos Henrique Vaz Pato
e Gonçalo Carvalho conseguiram aqui criar, é de uma
sofisticação ímpar, sem deixar de ser profundamente
portuguesa. Grita, até, e bem alto, por um orgulho
no que é muito nosso. Mas só o que é bom. e
Sol e Pesca, Conservas e Bebidas
Rua Nova do Carvalho, 44
Tel.: 213.467.203 | [email protected]
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livros :: media
D E S J A R D I N S D A N S L A V I L L E
M I C H E L C O R B O U
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P H I L I P J O D I D I O
Madeira, esse material que enche as casas
de alma, conforto e aromas inspiradores.
Sólida, bonita, renovável e sustentável,
é usada desde sempre na construção.
Dos mais nobres materiais à disposição,
é uma dádiva da Natureza a quem
o reconhecido autor desta obra faz questão
de prestar homenagem, numa altura em
que a arquitectura contemporânea elege
a madeira como a matéria-prima do momento.
E porque os Homens não páram de inovar,
Philip Jodidio revela-nos extraordinários
exemplos do que andam arquitectos e estúdios
de todo o mundo a talhar. Útil, surpreendente,
belo e a mostrar com quantos paus se fazem
umas quantas coisas realmente fascinantes.
São 416 páginas e um rol de projectos nos
mais variados lugares do Planeta. 30€
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B I G - B J A R K E I N G E L S G R O U P
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pelo famoso grupo dinamarquês BIG,
que junta talentosos arquitectos, designers,
construtores e pensadores da ciência
de construir.
Editado pela Taschen em versão impressa,
acaba de chegar em formato digital ao iPad,
disponível no iTunes, versão essa que inclui
25 vídeos, imagens a 360°, contando, ainda,
com três capítulos extra, sobre os projetos mais
recentes, desenvolvidos pelo BIG.
Interessante e original a escolha da banda
desenhada, para contar a história da
arquitectura contemporânea, bem ao jeito
da filosofia do grupo BIG, em que o método,
o processo, os instrumentos e os conceitos, são
constantemente questionados e redefinidos.
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Les Editions de La Martinière, na sua secção
Arte Editions, acaba de dar à estampa uma obra
de Michel Corbu, jornalista e fotógrafo bem
conhecido em França, que propõe a reflexão
sobre esses espaços públicos cada mais
importantes para os habitantes das grandes
cidades: os jardins.
O autor apresenta um inédito testemunho
de reconhecidos paisagistas, que através
de plantas de projectos e de fotografias, revelam
a sua visão do jardim dentro do espaço urbano.
Das muitas entrevistas elaboradas e da análise
dos trabalhos dos arquitectos, resulta também
um inevitável périplo pelo passado e pelo
presente, numa perspectiva evolucional.
Jardins belíssimos e famosos, imagens
encantadoras, ideias para acarinhar e, no final,
um caderno fotográfico que dá a conhecer jovens
arquitectos paisagistas através das suas criações.
Um livro de utilidade pública. 40€
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COORDENADAS SOLTASA Hermès convidou para a sua galeria La Verrière, em Bruxelas, a talentosa artista francesa
Charlotte Charbonnel, que concebeu uma instalação muito divertida. Chama-se Vibrato Con
Sordino e é uma bola de vidro com água, de onde saem dezenas de fios de cores, que preenchem
o espaço da sala de uma forma leve e musical. Os fios fazem sons e os visitantes interagem com a
peça, criando ritmos diferentes. Há mesmo quem não consiga parar!
A sempre cobiçada e imperdível Trienal de Milão apresenta a primeira grande exposição
dedicada ao design gráfico internacional. Disciplina em constante mutação, que toca em
diferentes campos, revela-se aqui num desafio à reflexão. Sob a batuta de Giorgio Camuffo,
Graphic Design Worlds impõe-se, pois, neste certame milanês.
No Design Museum Holon, em Israel, a mostra Post Fossil merece atento olhar. Mais
de 100 obras, 63 designers, israelitas e de outros países. Em cada peça, matéria-prima natural
e sustentável. Objectos que falam do porvir através de materiais, formas e rituais do passado, ou seja,
um universo Flintstone projectado no futuro. Imperdível.
Ao Palácio Quintela, a experimentadesign leva Ordem de Compra. A exposição mostra
a relação do design industrial nacional com a produção. Um olhar sobre a crescente sinergia entre
unidades e empresários fabris e o design, com repercussões positivas na economia!
A segunda edição do projecto Contentores inaugura, em parceria com a P28, o Centro Cultural
de Belém e o Museu Colecção Berardo. Desta vez, à entrada do Centro Cultural de Belém,
com o espírito inicial: dinamizar a arte pública contemporânea e revelar reconhecidos artistas,
nacionais e estrangeiros, num formato pouco convencional. Cinco exposições, vários momentos
diferentes, muitas e boas sensações verão afora. A abrir, Francisco Aires de Mateus, até 14 de Maio.
É ano de Bienal de Arte de Cerveira. É cedo, sim, mas convém programar com antecedência
essa viagem ao Minho, para lhe dedicar alguns dias e aproveitar bem outras maravilhas da região.
Para a 16ª edição o tema é Redes 2011, e parte para um diálogo com outras bienais internacionais,
numa agenda vasta e tentadora. Exposições, debates, workshops, indústrias criativas, visitas guiadas
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� ORDEM DE COMPRA,Palácio Quintela, Rua do Alecrim, 70, Lisboa, de 10 de Março a 15 de Maio, www.experimentadesign.pt
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UM
A ID
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ma Ideia da Tailândia porque o livro devorado no avião que m
e levou ao desconhecido Sião foi “Uma Ideia
da Índia” escrito por um M
oravia que visitara o Subcontinente na companhia do am
igo Pier Paolo Pasolini (olha que dois). Diz que “a Índia é algo que se sente”. D
ecidi, por isso, que a
primeira ilustração do diário de viagens deveria ser feita quando a Tailândia era apenas um
a ideia de exotismo, baseada em
imagens com
que fui, a vida toda, construindo una ideia.
É a escolhida para aqui porque também
o Sião é algo que se sente.
NOTEBOOKeria :: Nuno Miguel Dias
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