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Blogo Logo Existo
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PAULA OLIVEIRA SILVA
blogologoexisto
,BLOGO LOGO EXISTO.FINAL.29.04 09/04/29 14:32 Page 5
FICHA TÉCNICA:
TÍTULO: Blogo, logo existo
AUTORA: Paula Oliveira Silva
REVISÃO: Guilherme Pires
COMPOSIÇÃO, PAGINAÇÃO E DESIGN: Telma Leonor Ferreira
EDITORA: Media XXI - Publishing, Research and Consulting | Formalpress
COLECÇÃO: Media XXI
IMPRESSÃO: Publidisa
A expressão "Blogo, logo existo" foi utilizada por José Mário Silva como título de um artigo publicado no
DNA a 1 de Março de 2003. É reproduzida com o seu consentimento enquanto título da presente obra.
Reservados todos os direitos de autor. Esta publicação não pode ser reproduzida, nem transmitida, no
todo ou em parte, por qualquer processo electrónico, mecânico, fotocópia, gravação ou outros, sem
prévia autorização da Editora e do Autor.
Media XXI – Publishing, Research and Consulting | Formalpress
Rua Dr. Egas Moniz, n.º 11 AB, 2675-341 Odivelas | Lisboa
Telefone.: 217 573 459 | Fax: 217 576 316
Praça Marquês de Pombal, n.º 70; 4000-390 Porto
Telefone : 225 029 137
1ª edição - Maio de 2009
ISBN: 978-989-8143-19-8
Depósito Legal n.º:
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índice
agradecimentos
prefácio
aviso à leitura
introdução
I - enquadramento teórico
1. Pós-Modernidade e Sociedade em Rede
2. Globalização Cultural
II - os blogues
1. O que são?
2. A História da Blogosfera
3. Direitos de Cidadania
4. O Anonimato na Internet
III - levantamento de hipóteses
1. Os Blogues não são uma nova forma de imprensa
2. Objectivo: Encontrar um Público
3. Blogosfera, geradora de Comunidades
4. Os Blogues são uma nova dimensão da Esfera Pública
IV - metodologia
V - conclusão
bibliografia
anexos da investigação
Inquiridos
Glossário do Blogue
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13
19
23
29
29
46
53
53
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introdução
Enquanto este livro está a ser pensado, elaborado e desenvolvido, milhares de
pessoas em todo o mundo travam conhecimento com o mundo dos blogues. Mas
há também os que se ficaram pela simples experiência de ter tido, ainda que por
pouco tempo, o seu sítio no ciberespaço...3
Os blogues são páginas pessoais regularmente actualizadas através de um
software que possibilita ao internauta a publicação diária de “notícias”, escritos
criativos, fotografias, vídeos e sons, de uma forma sequencial. Ou como define o
bloguista Pacheco Pereira:4 “Um blogue é uma página pessoal na rede que se
desdobra como um pergaminho antigo, organizado de modo cronológico da
actualidade para trás.”
Acontecimentos de diversa ordem catapultaram o blogue para o estrelato. O
fenómeno da Internet, não passando despercebido a quem diariamente navega
na Rede levanta, porém, algumas perguntas. Uma delas é a que serviu de mote
para a realização da investigação que está na base deste livro.
Dadas as suas características de espaços de desabafo, diálogo, reflexão e
denúncia, os blogues permitem, de alguma forma, revitalizar o debate aberto e
generalizado entre os cidadãos, o que constitui a raiz das sociedades
democráticas?5
Em discussão estará a relação dos blogues com o espaço público, debate esse
emoldurado por um diagnóstico à análise dos conceitos “espaço público” e
“esfera pública” de Jürgen Habermas, abrindo a porta ao questionamento da
relevância dos meios de comunicação social a este nível.
Por outro lado, o enorme potencial de “influência pública” dos blogues exige uma
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3 O nome foi inventado pelo canadiano William Gibson - escritor de ficção científica - no romance
Neuromancer (1984) que se debruça sobre um território de trocas imateriais. Ciberespaço ou “a Rede” é
um novo meio de comunicação que resulta da ligação mundial dos computadores. Este dispositivo de
comunicação interactivo e de sociabilidade é, para Pierre Lévy, um dos instrumentos privilegiados da
inteligência colectiva. (2000: 30)4 In Público, 19.6.2003, p.6.5 Ver capítulo Os Blogues são uma nova dimensão da Esfera Pública
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abordagem que deve ir ao encontro dos valores de um legado conceptual cujas
raízes se encontram na Modernidade.
Os desenraizamentos geram problemas de identidades e criam uma outra
dinâmica para o “lugar”. Cada vez mais o “público” não precisa do espaço físico
para subsistir porque o lugar físico perdeu a sua condição no mundo
contemporâneo.
O que leva tantos portugueses6 a criarem blogues e quais os objectivos que
pretendem atingir com a manutenção destes? O “encantamento” por estes sites
prende-se com a possibilidade dos seus autores poderem atingir um estatuto
semelhante aos opinion makers?
Que os blogues, sob as designações de “nano-edição”, “auto-média” e “self-
-media” fazem dos seus criadores comunicadores públicos pode ser uma
hipótese. Os novos desenvolvimentos da informática tornam o uso de programas
mais amigável e isso generaliza a sua utilização, donde a multiplicação de
espaços de expressão.
Como assevera Howard Rheingold, nas sociedades actuais, a maioria dos sujeitos
comunica diariamente por e-mail e telefone mais do que os seus antepassados
fariam num mês ou num ano, e nalguns casos durante toda a vida. (1996: 210)
Assim, a possibilidade de publicar informação aliciou não apenas os que têm o
caminho livre para se fazerem ouvir nos media tradicionais mas, mais
importante, os que nunca se tinham dirigido às massas, alterando desta feita, a
relação de sentido único existente até então.
Pela transversalidade da problemática que impele para outros fenómenos tão
actuais como a globalização,7 os direitos e deveres dos cidadãos,8 os blogues são
um bom pretexto para uma reflexão mais aprofundada das sociedades pós-
-modernas em geral9 e, em particular, do panorama português.
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6 Definir o que é a blogosfera portuguesa não é tarefa fácil. O seu universo são os blogues escritos em
português? Assim sendo, há que incluir os do Brasil? Deverão ser considerados os que são escritos
noutras línguas, mas que têm Portugal como objecto dos seus escritos ou por outra, terá esse universo
apenas que ver com a nacionalidade dos servidores onde estão alojados? 7 Ver capítulo Globalização Cultural8 Ver capítulos Direitos de Cidadania e O Anonimato na Internet9 Ver capítulo Pós-Modernidade e Sociedade em Rede
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Como objectivos de trabalho procura-se ainda esclarecer que os blogues não são
comparáveis aos meios de comunicação tradicionais10, embora haja quem chame
à publicação pessoal o jornalismo do futuro…11 Os blogues são frequentemente
catalogados de “revolucionários”, adjectivo que serve para qualificar a
practicidade,12 rapidez e potencialidade ainda incalculáveis destes sites.
É também pelo prisma das sociabilidades e comunidades on-line que se investiga
este fenómeno. A questão é: os blogues configuram-se como uma ferramenta de
socialização, criando o que o sociólogo dos media Howard Rheingold denominou
de “comunidades virtuais”, ou celebram a diversidade da expressão individual e
a “tolerância aparente” que reina na Rede?13
Estando cientes que ninguém publicaria nada na Internet sem ter em vista um
público, um dos temas abordados - que corresponde também a outra inquietação
- centra-se na questão da recepção,14 enfoque central para o conhecimento das
novas formas de comunicação tecnológicas, pois não existe espaço público sem
produção, distribuição e recepção de mensagens.
Os blogues já transcenderam a função original (de simples registo de texto) não
podendo, de igual forma, ser vistos apenas como um hobby, sob pena de se
negligenciarem as potencialidades de extensão da profissão e das possibilidades
que abrem para a pesquisa e divulgação.
Numa das suas múltiplas facetas, a blogosfera15 pode ser um prolongamento da
vida profissional, levando os seus actores, jornalistas, advogados, políticos e
muitas outras classes a entrarem no mundo on-line e a trazerem consigo uma
grande riqueza de conteúdos.
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10 Enquanto os media tradicionais - ponto emissor - difundem a informação para uma multiplicidade de
pontos receptores totalmente passivos, a natureza bidireccional da Internet está estruturada numa
comunicação do tipo “muitos para muitos” e por isso não existe uma identificação prévia de quem será
o emissor ou o receptor.11 Caso de Dan Gillmor, jornalista e bloguista norte-americano que no seu livro Nós, os Media defende
que em certos temas os seus leitores sabem mais do que ele e como tal podem e devem participar no
processo de elaboração de notícias. Ver capítulo Os Blogues não são uma nova forma de Imprensa12 Interprete-se como facilidade técnica em criar e manter um blogue.13 Ver capítulo Blogosfera, Geradora de Comunidades14 Ver capítulo Objectivo: Encontrar um Público15 Termo utilizado em 1999 por Brad Graham como uma piada e recunhado em 2002 por William Quick.
Refere-se à população ou “comunidade” de bloguistas e aos seus escritos como um todo.
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Como, aliás, sustenta Pacheco Pereira: “Para além do carácter estético e literário
de muitos textos, da utilidade dos blogues para o trabalho científico, do seu
papel como ‘media’ alternativos, eles aumentam a informação, e não são uma
mera continuidade do ‘mundo exterior’, acrescentando dimensões novas.”16
Numa era em que a iniciativa humana se confunde com os instrumentos
tecnológicos,17 os blogues podem ser um bom exemplo de uma tentativa de
reabilitação desse lado em crise da comunicação.
Nota: Aconselha-se de seguida a leitura da Metodologia para uma melhor
compreensão da organização do livro.
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16 In Público, 19.6.2003, p.6.17 A expressão “aldeia global” mistura tecnologia e conteúdo. A “aldeia global” pode ser uma realidade
tecnológica mas não o é social e culturalmente. Não existe o tal “mundo único” sugerido pela enunciação.
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