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Quantas vezes nas últimas duas semanas voce ouviu frases
como: "Nossa estratégia está focada na Classe C" ? Ou:
"Temos que pensar uma forma de conquistar o público da
Classe C".
É fato que estamos navegando em mares complexos, com uma
classe emergente que virou de cabeça para baixo a
numerologia do varejo brasileiro e vem afetando,
positivamente, o consumo nas mais diversas áreas da
economia nacional.
É fato também que enfrentamos tempos estranhos,
desconhecidos, temperados pelo convívio de quatro gerações
sob o mesmo teto. Mas eu não vou dedicar esse post (que é o
meu primeiro nesse Blog) a falar sobre como se comporta, ou
quem é esse público. Para dizer a verdade eu vou propor
outra coisa: Que tal entendermos bem, o que o termo "Classe
C" significa? Voce ira se surpreender.
O Critério de Classificação Econômica Brasil ou CCEB, é
construído com base na posse de itens, como: TV (desde que
em cores), Rádio (desde que sintonize as principais estações),
Banheiro (desde que tenha uma privada), Empregada
Mensalista (desde que trabalhe cinco vezes por semana na
sua casa), automóvel (desde que voce não o utilize para
trabalho) ... e por ai vai.
Eu parei para fazer o teste, e segundo o critério, eu sou classe
B1, mas se eu comprar três radinhos de pilha me torno classe
A1 e pronto, estou no topo da cadeia alimentar do consumo.
Já tentou fazer o teste? O único problema é que nenhum dos
iPod's que voce tem em casa (incluindo Iphone) passa no crivo
como Rádio. É expressamente proibido contabilizar qualquer
rádio que não consiga sintonizar as principais estações
convencionais (é serio, muito sério). Tão sério que a maioria
das empresas ainda constrói estratégias pautadas apenas
nesse critério, e discutem abertamente planos de negócio em
frases como "Mas o consumidor da Classe C compraria?".
Em um país onde 67.4% do PIB vem do setor de serviços
(sim, estou falando do Brasil), como podemos aceitar em larga
escala enxergar o mundo através de uma lente que, entre
outras coisas, utiliza como base de classificação um único
consumo de serviço: A Empregada mensalista? Não
precisamos de especialistas para percebermos que a maior
parte da renda, mesmo do consumidor emergente, está
comprometida hoje com serviços. Serviços como: Internet,
Celular, Viagens e etc. dominam a carteira desse consumidor.
Afinal, o que estamos medindo?
Precisamos de novas lentes.
Precisamos evoluir a conversa de "produtos e serviços para a
Classe C", para "produtos e serviços que ajudem a D. Eugênia
a criar melhor os seus dois netos". É disso que precisamos. A
próxima geração de estrategistas bem sucedidos entende de
pessoas, e mais do que isso, sabe se misturar a elas e, até
mesmo, envolve-las na criação de novos produtos e serviços.
A Inovação não é sobre novidade, não é sobre mais um
produto na prateleira, aliás, que mais esta lá para engraxar o
turno do gestor de produtos do que para atender a alguma
necessidade. Inovação é sobre criar impacto na vida das
pessoas, transformar para sempre a maneira dessas pessoas
viverem e trabalharem.
Inovação é valor percebido.
E é sobre esse tipo de inovação, centrada nas pessoas, que eu
pretendo escrever aqui. Espero que minhas contribuições
encontrem valor e criem impacto. É essa a idéia.
Um abraço!
Tennyson Pinheiro é diretor da live|work, consultoria global de Inovação e Design de Serviços responsável pela criação de estratégias inovadoras de serviços para marcas como Emirates,Vodafone e Itaú . É também professor de Design Thinking e Design de Serviços em cursos de pós graduação de escolas de negócios como a ESPM, Rio Branco e a FIA.