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BISUS BOLETIM DE INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE O Objetivo deste Boletim é promover o interesse dos alunos da PUCSP em colaborar com pesquisas sobre o tema de Inovação e Sustentabilidade como uma forma de contribuir com uma cultura de Desenvolvimento Sustentável na Universidade. BISUS 2s v1 2012 A EDUCAÇÃO FINANCEIRA E O CONSUMO CONSCIENTE Felipe Kamigauti CONSEQUÊNCIAS DA USINA BELO MONTE Vitor Canabarro Vaz ESPORTE. UM CAMINHO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SOCIEDADE Talita Fonseca Alberto FONTES ALTERNATIVAS DE ENERGIA Henrique Ambrósio Fernandez MARKETING: UM ESTUDO DA MARCA Marina Boccato Vilar O MERCADO DA LARANJA Heitor Bigulin Paulon Moreno POR TRÁS DAS GREVES Gabriel Guimarães

BISUS - PUC-SP · 2013. 3. 6. · BISUS BOLETIM DE INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE ... Abril de 2010 2 World Economic Outlook Database, Setembro de 2011. 7 educacional não inclui nos

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BISUS

BOLETIM DE INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE

O Objetivo deste Boletim é promover o interesse dos

alunos da PUCSP em colaborar com pesquisas sobre o

tema de Inovação e Sustentabilidade como uma forma de

contribuir com uma cultura de Desenvolvimento

Sustentável na Universidade.

BISUS 2s v1 2012

A EDUCAÇÃO FINANCEIRA E O CONSUMO CONSCIENTE Felipe Kamigauti CONSEQUÊNCIAS DA USINA BELO MONTE Vitor Canabarro Vaz ESPORTE. UM CAMINHO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SOCIEDADE Talita Fonseca Alberto FONTES ALTERNATIVAS DE ENERGIA Henrique Ambrósio Fernandez MARKETING: UM ESTUDO DA MARCA Marina Boccato Vilar O MERCADO DA LARANJA Heitor Bigulin Paulon Moreno POR TRÁS DAS GREVES Gabriel Guimarães

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PONTÍFICIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuariais.

A EDUCAÇÃO FINANCEIRA E O CONSUMO CONSCIENTE

Aluno: Felipe Kamigauti

Prof. Arnoldo José de Hoyos Guevara

1° Semestre 2012

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .................................................................................................... 3

CAPÍTULO I: A EDUCAÇÃO FINANCEIRA ...................................................... 4

1.1 – Educação financeira ...................................................................... 4

1.2 – A importância da educação financeira ........................................ 5

1.3 – Educação financeira atual e no Brasil ......................................... 6

CAPÍTULO II: CONSUMO CONSCIENTE ......................................................... 14

2.1 – Consumo consciente .................................................................... 15

2.2 – Como está o consumo consciente no Brasil? ............................ 22

2.3 – Qual a perspectiva do mercado em relação ao consumo

consciente? ............................................................................................. 24

CAPÍTULO III: RELAÇÃO ENTRE EDUCAÇÃO FINANCEIRA E O CONSUMO

CONSCIENTE ...................................................................................................... 25

3.1- Como a educação financeira afeta o consumo? .......................... 25

3.2 - Como se estende esta relação no Brasil? .................................... 27

CONCLUSÃO ...................................................................................................... 28

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA ...................................................................... 29

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INTRODUÇÃO

Nesta pesquisa será abordado três pontos principais, a educação financeira,

seu conceito, sua importância e sua relação em nosso país, ou seja como a

sociedade brasileira se comporta e como ela vê a educação financeira. O segundo

ponto que será abordado é o consumo consciente, o que significa consumir

conscientemente, como este conceito está em nosso país e a perspectiva do

mercado brasileiro em relação ao consumo e a responsabilidade social. O terceiro

fator que será abordado é a relação entre educação financeira e o consumo

consciente, e como se dá a relação entre estes dois conceitos no Brasil. Será

explicado como a educação financeira afeta o consumo consciente e como estes

dois fatores afetam a sociedade em geral. O fator principal da pesquisa é como a

educação financeira funciona e como ela pode ou não afetar o consumo consciente,

o número de inadimplências no Brasil continuam aumentando e não há nenhuma

medida expressiva que demonstre a preocupação do governo com a situação,

muitas vezes são instituições privadas como bancos e escolas que promovem esta

preocupação.

Capítulo 1: A EDUCAÇÃO FINANCEIRA

Neste capítulo será abordado o conceito em si de educação financeira, sua

importância dentro de nossa sociedade e como se encontra a educação financeira

atual em nosso país, como ela se desenvolve e como os órgãos do governo e as

empresas se encaixam dentro deste contexto.

Também será analisado o sistema financeiro e os órgãos externos que gerem

as finanças dos países do exterior, que são exemplos estruturais e sistemáticos que

podem ser considerados base para um melhor desenvolvimento para o nosso país.

1.1 – Educação Financeira:

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A educação financeira tem como conceito, a capacidade que uma pessoa

possuí para tomar boas decisões sobre o uso, aplicação e o gerenciamento de seu

dinheiro e suas finanças pessoais, significa que o individuo sabe como melhor usar e

usufruir de seu dinheiro, visando não somente sua situação atual, mas o futuro.

O individuo que sabe definir seus objetivos de curto, médio e longo prazo,

tanto financeiramente quanto profissionalmente com certeza conseguira tomar boas

decisões em relação ao uso de sua renda. Países desenvolvidos como Japão, Reino

Unido, Estados Unidos, entre outros já possuem amplo conhecimento da

importância e relevância da educação financeira para seu país.

A situação ganhou extrema importância com a grande aceleração nos

mercados financeiros e de mudanças sociais, econômicas e políticas dentro dos

diversos países e dentro do nosso mercado globalizado.

Podemos dizer também que o propósito da educação financeira é de auxiliar

os consumidores na gestão dos seus rendimentos, além de ajudar a tomar suas

decisões em relação a poupança e os investimentos. Consumir de forma consciente

e ajudar a evitar que se formem vítimas de fraudes e golpes financeiros.

As finanças pessoais tratam a forma como uma pessoa ou uma família

administra sua renda, seus ganhos mensais. Todos os dias devemos tomar decisões

financeiras que terão impacto na vida pessoal dos indivíduos da família em si.

O estudo das finanças pessoais envolve conceitos e técnicas fundamentais

que são aplicadas para se concretizar uma gestão eficiente da renda de uma família.

A poupança muitas vezes pode produzir uma segurança necessária para a vida dos

indivíduos, assim como os investimentos de uma pessoa podem ser mais precisos e

de maior risco, se planejados de acordo com as necessidades de curto e longo

prazo, dependendo da complexidade e do tipo de investimento. Isso resulta em

lucros e ganhos maiores para a vida financeira das pessoas.

Poupar exige o adiamento do consumo presente, o consumo exacerbado e

inconsciente, assim podemos visar o consumo de algo maior, algo mais importante

para nós no futuro. Podemos dizer que existem dois objetivos que podem motivar as

pessoas a poupar, sendo um deles a possibilidade de consumir mais em certo

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tempo e o outro os problemas e as adversidades causadas pelo envelhecimento e a

queda de produtividade para se gerar receitas suficientes para arcar com a

despesas. Quanto mais envelhecemos, menos poder de produção possuímos, o que

impossibilita gerar renda para se sustentar.

1.2 – A Importância da Educação Financeira:

Segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico

(OCDE), a educação financeira:

[...] foi sempre importante aos consumidores, para auxiliá-los a orçar e

gerir a sua renda, a poupar e investir, e a evitar que se tornem vítimas

de fraudes. No entanto, sua crescente relevância nos últimos anos vem

ocorrendo em decorrência do desenvolvimento dos mercados

financeiros, e das mudanças demográficas, econômicas e políticas

(OCDE, 2004, p.223).

O desenvolvimento e relevância desta questão vem crescendo de uma

maneira muito rápida, a globalização e a facilidade com que as informações chegam

as pessoas faz com que o mercado financeiro global fique mais complexo.

Para Savoia, Saito e Santana (2007) a educação financeira é um processo de

transmissão de conhecimento que permite criar habilidades pessoais, para que se

possa tomar decisões corretas e seguras, não comprometendo e administrando

corretamente às finanças. A inadimplência e a falência pessoal estão intimamente

ligados a administração e a tomada de decisões fundamentadas e corretas em

relação às finanças pessoais. As pessoas mais instruídas e capacitadas

financeiramente tornam-se mais atuantes e autônomas no mundo financeiro,

melhorando suas finanças pessoais.

Assim podemos dizer que se a educação como um todo já é relevante para a

sociedade, a educação financeira é um ponto importante a ser abordado, a base das

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sociedades desenvolvidas está na questão cultural de utilizar inteligentemente o

dinheiro ganho.

A educação financeira é apenas um instrumento para ser utilizado pelas pessoas

que a estudam, sua implementação junto à base curricular poderia vir a ser de

extrema importância, como uma ferramenta.

1.3 – Educação Financeira Atual e no Brasil:

O Brasil passou por mudanças trazidas pela estabilização da economia e com

a queda da inflação, isso modificou a forma como a população como um todo

consegue administrar e utilizar seus recursos financeiros adquiridos. A educação

financeira pessoal é fundamental na nossa sociedade, visto que influencia

diretamente as decisões econômicas dos indivíduos e das famílias.

Nosso país passa por um momento de ascensão, figura entre as dez maiores

economias, quando avaliadas pelo PIB nominal, ou ocupa o oitavo lugar em PPC.

(Paridade do Poder de Compra)1, se mostrando uma economia com grande

potencial de compra e crescimento.

Além disso o país será sede dos maiores eventos esportivos do mundo, a

Copa do Mundo FIFA de 2014 e os Jogos Olímpicos em 2016 no Rio de Janeiro,

todos estarão olhando para o nosso país, que irá se destacar ainda mais

economicamente e socialmente.

A educação vem se tornando cada vez mais importante para o crescimento

econômico-social de um país; as nações ricas e bem sucedidas são aquelas que

possuem estrutura e preocupação com a educação básica e superior. O notável é

que essa preocupação se estende à educação financeira, como são exemplos os

países que, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI)2, ostentam os maiores

PIB nominais: EUA, China e Japão.

O Brasil, mesmo sendo uma das maiores economias mundiais, está defasado

em relação às práticas de educação financeira desses outros países. Nosso sistema

1 Fundo Monetário Internacional, World Economic Outlook Database, Abril de 2010 2 World Economic Outlook Database, Setembro de 2011.

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educacional não inclui nos currículos básicos disciplinas ou práticas que abordem as

finanças pessoais de uma forma ampla. Tampouco, as instituições financeiras

disponibilizam materiais e ou promovem a disseminação de uma educação

financeira à população.

Possuímos apenas algumas iniciativas para a criação de um cenário que

possibilite uma maior difusão de informações financeiras para a população. A

educação financeira é um processo educacional e de responsabilidade do país, nas

escolas, do governo e de instituições privadas, envolvendo vários agentes sociais. A

Bolsa de Valores de São Paulo (BOVESPA) disponibiliza à sociedade, alguns

programas, com o Programa Educacional, que abrange conceitos sobre o tema

educação financeira através de cursos e palestras. O programa difunde informações

a respeito de hábitos de poupança, tipos de investimentos e planejamento de

finanças pessoais, além de orientar sobre a importância destes conceitos para o

desenvolvimento da economia do país.

O Banco Central do Brasil (BACEN) também desenvolveu o Programa de

Educação Financeira para orientar melhor a sociedade sobre a importância do

planejamento financeiro de diversos prazos, e também para auxiliar as pessoas a

entender melhor o funcionamento da economia como um todo, assim como de seus

agentes e instrumentos financeiros e monetários.

O Programa atua em diversos níveis para a divulgação de informações financeiras

para a sociedade, contendo programas para o ensino Fundamental e Médio,

momento importante para a formação adulta.

Além de todos os órgãos citados, o processo de educação financeira deve ser

desenvolvido pelas escolas, as empresas, o governo, as instituições financeiras e as

organizações não-governamentais, comprometidas com o desenvolvimento social

em nosso país. Alguns autores afirmam que crianças devem desenvolver os moldes

comportamentais antes e durante a escola primaria, sendo assim a educação

financeira deve ocorrer durante os primeiros estágios de desenvolvimento do

comportamento.

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A educação é a grande ferramenta para a redução de desigualdades sociais e

financeiras, isso evidencia a grande importância da educação para o crescimento

financeiro do individuo, da sociedade e mesmo do país. É fácil de se perceber que

esta relação está amplamente ligada quando se analisa as grandes nações e países

desenvolvidos, que se preocupam e se desenvolvem para o crescimento econômico

a partir da educação, não apenas a educação financeira, foi isso que possibilitou o

aumento da renda da sua população.

Em nosso país mesmo com estes incentivos e programas, são poucas as

iniciativas que abordam o tema. E no entanto, a administração das finanças

pessoais é um fator determinante para o desenvolvimento de um consumo que

possa ser julgado “correto” ou responsável. A ausência de educação financeira se

evidencia nos níveis de inadimplência3 e se reflete nas restrições ao crédito e na

elevação das taxas de juros.

Alguns setores da economia brasileira continuam dando crédito, tornando o

financiamento algo mais fácil, o que muitas vezes pode só prejudicar os indivíduos

que não estão instruídos financeiramente, fazendo com que as dividas e a

inadimplência só aumente.

As empresas do setor comercial não podem receber pagamentos atrasados

ou sem a garantia do cliente. O consumidor acumula dívidas significativas,

buscando recursos com juros, aumentando as dificuldades de quitar suas

inadimplências, assim problemas com o cheque sem fundo e com o cartão de

crédito são cada vez maiores, fazendo com que a inadimplência não bancária

também cresça. Em 2012, segundo o Serasa Experian, o crescimento da

inadimplência não bancaria foi de 27,3% 4.

3 Os dados foram retirados do site: http://www.dgabc.com.br/News/5954167/inadimplencia-preocupa-

bancos.aspx. Abril de 2012 4 Os dados foram retirados do site:

http://www.metaanalise.com.br/inteligenciademercado/index.php?option=com_content&view=article&id=6728:inadimplencia-do-consumidor-registra-a-primeira-alta-do-ano&catid=5:analise-setorial&Itemid=356. Abril de 2012

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Fluxo

Mensal

de

anotaçõ

es de

dívidas

segundo

Serasa

Experian

A

educação financeira faz parte da base cultural e econômica de diversos países

asiáticos e europeus, que já estão estruturados e adaptados para receber tal

conhecimento, diferentemente dos demais países.

A tentativa de implementação pelo governo da matéria de educação

financeira nas escolas públicas de todo o país foi uma iniciativa que não foi

concretizada, mas projetos pilotos e algumas escolas oferecem materiais para

alunos interessados no assunto. O desenvolvimento do programa de educação

financeira feito pela DSOP (Diagnosticar, Sonhar, Orçar, Poupar) Educação

Financeira, procura disseminar as diretrizes do Ministério da Educação, incluindo o

tema educação financeira no currículo das escolas públicas e privadas.

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Há uma preocupação dentro do ambiente econômico e empresarial de que

desenvolvimento financeiro das pessoas, não é apenas uma questão de finanças

pessoal, ela está relacionada diretamente às empresas que prestam serviços e

vendem produtos, o problema também está ligado à administração e às decisões

que as organizações devem tomar em relação à inadimplências e às questões

financeiras e administrativas a ela relacionadas.

Podemos perceber que as empresas também são afetadas se observarmos a

noticia5 a seguir:

“A inadimplência das empresas cresceu 8,3% em agosto, na comparação com o

mesmo mês de 2011, segundo dados divulgados pelo Indicador Serasa Experian de

Inadimplência das Empresas nesta quarta-feira (26/09).

Embora ainda em nível elevado, o percentual de crescimento registrado no último

mês é o menor na comparação anual desde fevereiro de 2011. Na mesma

comparação feita em julho, a alta havia sido de 8,5%.

Na relação mensal, a inadimplência das empresas cresceu 1,7%, ante 1,8%

registrados em julho. No acumulado do ano, houve crescimento de 14,3% ante o

mesmo período de 2011.

O índice leva em consideração as variações registradas no número de cheques sem

fundos, títulos protestados e dívidas vencidas com instituições bancárias e não

bancárias.

Na análise dos economistas da Serasa Experian, as desacelerações mensal (1,7%)

e anual (8,3%) são resultado de fatores conjunturais mais favoráveis, como a

redução dos juros e a recuperação gradual das vendas.

O valor médio dos cheques sem fundos ficou em R$ 2.237,72, e aumentou 8,4%

ante janeiro a agosto de 2011. “

5 Dados retirados de: http://www1.folha.uol.com.br/mercado/1159451-inadimplencia-das-empresas-cresce-83-

em-agosto-diz-serasa.shtml. Setembro 2012.

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Segundo os dados citados na noticia, as empresas também sofrem com as

inadimplências que aumentaram em relação as datas anteriores, isso mostra que a

educação financeira pode ser aplicada também no âmbito organizacional. Se as

empresas não possuírem noções básicas de créditos, taxas bancarias, conceitos

básicos financeiros, com certeza serão prejudicadas e o aumento da inadimplência

continuara afetando tanto as empresas quanto os consumidores.

Outros dados6 que nos chamam atenção é sobre o consumidor em relação as

compras e dividas geradas:

“Um estudo divulgado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) mostrou que

41% dos consumidores brasileiros já foram ou estão impossibilitados de fazer

compras a prazo por estarem com o nome "sujo", a maior parte deles pertencentes

às classes C e D.

Segundo o levantamento, embora o número inclua pessoas das classes A e B, o

maior percentual de representantes de situações de inadimplência está na faixa da

população com renda familiar até R$ 3.825, sendo que 13% do total atualmente têm

o nome inserido em serviços de proteção ao crédito.

"Em casos como do cartão de crédito e dos juros do cheque especial, os custos

cobrados ao final superam em muito os do principal utilizado", afirmou o economista

do SPC Brasil, Nelson Barrizzelli.

"Um conhecimento efetivo sobre esses juros evitaria que as famílias se tornassem

inadimplentes pelo uso inadvertido desses instrumentos de crédito."

De acordo com a pesquisa, quanto menor a renda, menor o interesse em obter

informações sobre o custo das taxas de juros.

Em relação ao cartão de crédito. O levantamento apontou ainda que 64% das

famílias com renda até R$ 3.825 possuem entre um e quatro cartões de crédito. No

caso das famílias com renda acima desse limite, o número é de 77%.

6 Dados retirados de: http://economia.uol.com.br/ultimas-noticias/reuters/2012/09/26/spc-diz-que-41-dos-

brasileiros-tem-ou-ja-tiveram-nome-sujo.jhtm. Setembro 2012.

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"Famílias com poder aquisitivo completamente diferentes têm praticamente o mesmo

acesso ao uso de cartões, que atualmente praticam os juros mais altos do mercado".

O Banco Central (BACEN) informou que o estoque de crédito no Brasil acelerou em

agosto, em 1,2% sobre julho, melhorando a expectativa de expansão desse

mercado para 2012. Mesmo assim, a inadimplência continuou não cedendo.”

Mais uma vez podemos perceber que a educação afeta a relação de

inadimplência das pessoas físicas e jurídicas, tanto consumidores em geral quanto

empresas são prejudicadas pela falta de conhecimento. As pessoas de classes mais

baixas não possuem o interesse ou muitas vezes não foram instruídas para pensar e

planejar antes de consumir.

Outro fator importante é a quantidade de cartões de crédito que as pessoas

possuem, as pessoas desconhecem sobre as taxas de juros e custos que os cartões

podem gerar, contando ainda com o cheque especial, a maior taxa de juros bancário

cobrada. Um conhecimento mais abrangente sobre estes conceitos poderia evitar

que as pessoas se endividassem tanto.

Outra noticia7 que chama a atenção é que o nível de inadimplência está

crescendo cada vez mais e que as instituições vem nos informando sobre o fato há

bastante tempo, mas nenhuma medida de maior efeito é tomada.

“A inadimplência do consumidor registrou a segunda alta seguida no ano e atingiu

0,97% em fevereiro na comparação com o mesmo mês do ano passado, segundo

dados do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional

de Dirigentes Lojistas (CNDL).

De acordo com a CNDL, isso indica uma persistência de endividamento mais alto

nesse início de ano, decorrente de dois movimentos distintos da economia. O

primeiro, contracionista, até meados do ano passado, combinou seguidas elevações

na taxa básica de juros (Selic) com retiradas de incentivos fiscais para o consumo. O

segundo movimento, a partir do segundo semestre de 2011, buscou reverter o

quadro de baixo crescimento decorrente da crise econômica internacional.

7 Dados retirados de: http://www.correiodoestado.com.br/noticias/inadimplencia-do-consumidor-cresce-0-97-em-

fevereiro_143404/. Fevereiro 2012

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Ainda segundo o estudo, as vendas a prazo apresentaram queda de 5,71% em

fevereiro na comparação com janeiro.

Os números de cancelamento de registros (medida que indica o nível de

recuperação de crédito no varejo) foram positivos em fevereiro e tiveram alta de

0,27%.”

A noticia8 a seguir nos mostra que se o consumidor não souber administrar

seu dinheiro corretamente e se este consumidor não obtiver conhecimento sobre

taxas de juros, com certeza se tornará inadimplente e pagará altas taxas com

cartões de crédito.

“No rastro das reduções de juros feitas pelos bancos, grandes redes de varejo, como

C&A, Casas Bahia e Renner, também estão promovendo cortes nas taxas cobradas

nos seus cartões.

Apesar disso, os juros dos cartões de loja ainda estão entre os maiores cobrados no

país, podendo passar de 200% ao ano.

Recentemente, o Bradesco anunciou um corte nos juros cobrados nos cartões de

crédito emitidos pelo banco. A redução, que passa a valer em novembro, vai

contemplar os cartões chamados de "private label", oferecidos por redes de varejo.

Mesmo após as reduções, as taxas dos cartões "private label" continuarão altas se

comparadas com as de outras linhas de crédito.

Ao ano, o crédito rotativo dos cartões Bradesco ficarão em 122,71%. No caso da

Renner, a taxa máxima será de 207,06% ao ano.

Para efeito de comparação, os bancos cobram, em média, 3,45% ao mês na linha

de empréstimo pessoal, o que equivale a 50,23% ao ano. Os dados se referem às

taxas médias coletadas pela Anefac (Associação Nacional dos Executivos de

Finanças, Administração e Contabilidade) em agosto.”

8 http://economia.uol.com.br/ultimas-noticias/redacao/2012/10/17/juros-de-cartoes-de-loja-passam-de-200-veja-

dicas-para-gastar-menos.jhtm. Outubro 2012

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Capítulo 2: O CONSUMO CONSCIENTE

Neste capitulo será abordado o que é consumo consciente, sua definição e

conceito, também será contextualizado no mercado e em nossa sociedade atual. Em

relação ao nosso país o consumo responsável também será analisado, retratando o

que realmente ocorre no Brasil, os consumidores brasileiros e como nosso

sociedade se vê diante deste assunto. Por ultimo será analisada a perspectiva do

mercado, da parte empresarial e organizacional em relação ao consumo consciente.

2.1 – Consumo Consciente:

A definição do conceito de consumo consciente é de adquirir produtos

eticamente, moralmente corretos, ou seja, a produção não deve envolver a

exploração do trabalho humano, dos animais e que não provoque danos ao meio

ambiente e a sociedade em si.

Existem algumas maneiras de que o consumo seja feito corretamente, sendo pelas

compras corretas, ou seja, consumindo e favorecendo produtos e empresas que

sejam eticamente corretos, que pratiquem a responsabilidade social, a organização

deve realizar suas negociações baseadas em princípios no bem comum, e não só

na satisfação de interesses individuais e da organização, permitindo a negociação

para o interesse próprio apenas para se mobilizar e se comprometer a algum bem

comum além deste interesse, a organização deve se responsabilizar pelos seus atos

em prol do bem estar.

Este tema está muito presente em nossas vidas atualmente e é discutido em

diversas mídias, é um assunto muito relevante para a sociedade e para as

organizações. O conceito do consumo consciente está diretamente ligado ao

conceito de responsabilidade social, as organizações devem se comprometer pelo

bem comum, a verdadeira responsabilidade social deve voltar-se para a promoção

da cidadania e do bem-estar tanto do público interno quanto externo. Pensar em

responsabilidade é pensar em ética. Ela implica compromisso com a humanidade,

respeitando os direitos humanos, justiça, dignidade; e com o planeta, comportando-

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se de forma responsável e comprometida com a sustentabilidade de toda a rede da

vida social e do meio ambiente em si.

Assim podemos observar que responsabilidade social e consumo consciente

caminham lado a lado pelo bem estar social, as organizações devem adotar este

pensamento para poderem beneficiar a humanidade. Atualmente a humanidade

presencia as consequências de anos e anos de consumo desenfreado e

irresponsável, na forma de aquecimento global, poluição de águas, extinção de

animais e outros desastres ecológicos. Agora mais do que nunca as pessoas e as

empresas começaram a se importar com o consumo consciente e com a

responsabilidade social, ocorreu uma mudança de pensamento, antigamente as

pessoas não se importavam com a origem do produto, se era utilizado mão de obra

escrava, más condições de trabalho, se a produção causava algum dano ao meio

ambiente, entre outros.

O pensamento atual da sociedade em si, faz com que as pessoas demandem

produtos e recursos extraídos de forma correta, assim faz com que as empresas

também mudem sua forma de atuação e procurem melhorar o bem comum, tanto

externamente pelo meio ambiente e pela sociedade, como internamente, lutando

pelo seu trabalhador, melhorando a qualidade do ambiente de trabalho, entre outros,

tudo isso afeta na hora do consumo consciente. Agora as empresas que possuem

programas sociais e de responsabilidade social e ambiental, ganham muito mais

respeito perante a sociedade, organizações que praticam a responsabilidade social

e promovem o consumo consciente ganham credibilidade e visibilidade por parte de

seus funcionários, do mercado consumidor e da sociedade como um todo, fazendo

com que as empresas trabalhem e se mobilizem pela causa.

Isso faz com que a sociedade se comporte e consuma de uma forma sustentável,

levando em consideração pontos como o gasto de energia dos produtos, as

embalagens, a quantidade, a necessidade, entre outros. É impossível dizer que nós

não vamos mais comprar e consumir bens e insumos, mas sim utilizar produtos com

a possibilidade de colaborar com o planeta.

Um grande exemplo de empresas que se preocupam com a sustentabilidade

e o consumo consciente é o Walmart, empresa que já foi muito criticada em

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documentários americanos, mostrando o outro lado desta grande companhia.

Atualmente como já foi citado, o consumidor demanda que a empresa se

comprometa pela causa, assim no dia 15 de outubro, dia do consumo consciente o

Walmart abordou uma reflexão sobre o impacto das atitudes de consumo no meio

ambiente.

Pela noticia9 abaixo, podemos perceber a preocupação e comprometimento

da empresa pela causa:

“A iniciativa visa reforçar projetos de sustentabilidade da empresa e incentivar os

consumidores a também colocá-los em prática. Comemorando 50 anos em 2012, o

hipermercado tem realizado diversas ações para estreitar o relacionamento com seu

público alvo.

Uma delas é o concurso cultural Atitude Consciente, que dará prêmios para as

respostas mais criativas da pergunta “Qual é a sua atitude para consumir de maneira

consciente?”.

Outras iniciativas trabalhadas pela rede são as visitas de 200 crianças às lojas do

Walmart no Morumbi (São Paulo), Hiper Bompreço de Boa Viagem (Recife) e no BIG

Sertório (Porto Alegre), onde participarão de palestras lúdicas e dinâmicas sobre

consumo.

Os hipermercados também promovem cursos de culinária nas lojas que possuem

cozinha experimental, com cardápio consciente.

Os participantes aprenderão sobre reaproveitamento de cascas e outras partes de

alimentos que geralmente são descartadas, mas que podem render pratos

nutritivos.”

Existem também os princípios10 do consumo consciente, que são diretrizes

abordando fatores que devem ser levados em conta para que o consumo ocorra

corretamente, são doze princípios explicitados:

9 Dados retirados de: http://exame.abril.com.br/marketing/noticias/walmart-reforca-acoes-de-sustentabilidade.

Outubro 2012

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1. Planeje suas compras: Não seja impulsivo nas compras. A impulsividade é

inimiga do consumo consciente. Planeje antecipadamente e, com isso, compre

menos e melhor.

2. Avalie os impactos de seu consumo: Leve em consideração o meio ambiente e a

sociedade em suas escolhas de consumo.

3. Consuma apenas o necessário: Reflita sobre suas reais necessidades e procure

viver com menos.

4. Reutilize produtos e embalagens: Não compre outra vez o que você pode

consertar, transformar e reutilizar.

5. Separe seu lixo: Recicle e contribua para a economia de recursos naturais, a

redução da degradação ambiental e a geração de empregos.

6. Use credito conscientemente: Pense bem se o que você vai comprar a crédito

não pode esperar e esteja certo de que poderá pagar as prestações.

7. Conheça e valorize as praticas de responsabilidade social das empresas: Em

suas escolhas de consumo, não olhe apenas preço e qualidade do produto.

Valorize as empresas em função de sua responsabilidade para com os

funcionários, a sociedade e o meio ambiente.

8. Não compre produtos piratas ou contrabandeados: Compre sempre do comércio

legalizado e, dessa forma, contribua para gerar empregos estáveis e para

combater o crime organizado e a violência.

9. Contribua para a melhoria de produtos e serviços: Adote uma postura ativa.

Envie às empresas sugestões e críticas construtivas sobre seus produtos e

serviços.

10 Dados retirados de: http://www.akatu.org.br/Temas/Consumo-Consciente/Posts/Conheca-os-12-principios-do-

consumo-consciente. Março 2011

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10. Divulgue o consumo consciente: Seja um militante da causa: sensibilize outros

consumidores e dissemine informações, valores e práticas do consumo

consciente. Monte grupos para mobilizar seus familiares, amigos e pessoas mais

próximas.

11. Cobre dos políticos: Exija de partidos, candidatos e governantes propostas e

ações que viabilizem e aprofundem a prática de consumo consciente.

12. Reflita sobre seus valores: Avalie constantemente os princípios que guiam suas

escolhas e seus hábitos de consumo. Planeje suas compras.

Existem também algumas dicas11 para consumir conscientemente, são questões que

parecem mínimas, mas algumas mudanças de hábitos podem dar inicio a uma vida

mais correta e equilibrada, unindo consumo e sustentabilidade:

1. Se alimente antes de ir ao supermercado: Um estudo mostra que pessoas com

fome compram mais comida. Compras desnecessárias tendem a gerar mais lixo

e desperdício. Por isso, faça um lanche ou uma refeição e não vá às compras de

barriga vazia. Bem alimentado e com a ajuda de uma lista de compras, fica

ainda mais fácil comprar somente o que for preciso, pôr em prática o consumo

consciente e evitar gastos desnecessários.

2. Evite modismos: Todos os dias recebemos centenas de informações sobre o

que vestir, comer, qual a última novidade do mercado tecnológico etc. Tudo isso

estimula o consumo, muitas vezes desnecessário. Por isso, fuja da tentação e

não compre só porque está na moda. Assim que ela passar, aquele produto

estará obsoleto e poderá, facilmente, ir para o lixo. Além de agravar os

problemas dos aterros sanitários, a produção desses objetos requer a utilização

de recursos naturais, água e energia. Seja um consumidor consciente e valorize

suas compras. Adquira apenas aquilo que tenha utilidade, qualidade e que irá te

servir por muito tempo.

11 Dados retirados de: http://360graus.terra.com.br/ecologia/default.asp?did=34213&action=news. Outubro 2012

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3. Analise bem antes de comprar: Antes de sacar o cartão de crédito, pare um

pouco e se faça algumas perguntas: do que e em quais condições esse produto

foi feito? Como ele é embalado? Eu poderei reaproveitar ou reciclar todos esses

materiais depois? E o mais importante, ele será realmente útil? Se todas as

respostas forem satisfatórias, então pode gastar seu dinheiro com tranquilidade.

Mas se alguma coisa não está muito clara para você, então é melhor esperar um

pouco e avaliar melhor se aquela compra é mesmo a melhor opção. Ao fazer

isso, você estará agindo como um consumidor consciente, que preza pela

qualidade do produto e que tenta minimizar todos os impactos que ele pode

gerar.

4. Compre serviços em vez de produtos: Quando precisar de algum equipamento,

alugue em vez de comprar. Assim você sempre terá produtos atualizados e

duráveis em vez de equipamentos que estarão obsoletos em pouco tempo. Além

disso, você estará estimulando a economia e economizando um bom dinheiro.

5. Prefira produtos de serviços de empresas sustentáveis: Na hora de escolher o

que comprar, considere as ações de sustentabilidade promovidas pelas

empresas e dê preferência àquelas que possuam políticas de responsabilidade

social, preservação ambiental ou comércio justo. Assim, você estará

incentivando que outras empresas adotem esse tipo de prática, melhorando a

vida de milhões de pessoas, ajudando a preservar a natureza e promovendo

uma economia mais justa.

6. Planeje suas compras: Antes de ir ao shopping ou ao supermercado, planeje o

que vai comprar. Isso evita o consumo desnecessário e, consequentemente, os

gastos extras, a geração de mais lixo e a produção de novos bens. O consumo

consciente evita que toda a matéria-prima e energia gastas na confecção,

transporte, armazenamento, venda e descarte de um produto sejam

desperdiçadas.

7. Não compre produtos de má qualidade: Produtos de má qualidade costumam ter

uma vida útil mais curta, tornando necessária a sua reposição em um curto

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período de tempo. Isso significa mais matéria-prima, energia e recursos naturais

gastos na fabricação, transporte, comercialização e descarte de todo esse

material. Além disso, esses produtos costumam ser mais baratos, o que pode

indicar uso de mão de obra desqualificada, mal remunerada e em péssimas

condições de trabalho. Por isso, prefira juntar um pouco mais e pagar por um

produto de qualidade e que vá durar muito tempo.

8. Prefira produtos com menos embalagens: Sempre que for comprar algo, opte

pelos produtos com menos embalagem. Uma alternativa ainda mais sustentável

é levar suas próprias vasilhas e sacolas reutilizáveis para o mercado. Assim

você evita que toneladas de plásticos, bandejas de isopor e outros materiais

sejam utilizados e descartados logo após o uso.

9. Pegue emprestado: Imagine a seguinte situação: você precisa de um

determinado material ou equipamento para uma situação específica, mas sabe

que provavelmente não irá utilizá-lo novamente depois. O que fazer? Nesses

casos, prefira pegar emprestado em vez de comprar um novo. Além de

economizar dinheiro, você evitará que esse objeto vire lixo em pouco tempo e

impedir que novos produtos sejam fabricados – o que consome água, energia e

outras matérias-primas. Por isso, antes de comprar procure saber se algum

amigo, parente ou conhecido não pode lhe emprestar o que você está

precisando.

10. Prefira lanches de casa: Lanches caseiros, como sanduíches e saladas de

frutas, são mais saudáveis, baratos e sustentáveis que lanches industrializados

comprados na rua. Por isso, antes de sair de casa, prepare um lanche e leve-o

com você para o trabalho, escola ou faculdade. Você terá a segurança de comer

algo que conhece a procedência, poderá poupar a conta com alimentação no

final do mês e ainda evita gerar mais lixo com embalagens, plásticos etc. Para

tornar seu lanche ainda mais saudável e sustentável, dê preferência a alimentos

orgânicos e produzidos localmente.

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Podemos observar que o consumo consciente não se limita apenas a

preocupação com o meio ambiente, também possui relação com a sociedade e a

luta pelo bem estar comum, empresas e pessoas devem lutar e se mobilizar por uma

causa maior, os consumidores devem estar preparados, assim como as empresas já

estão se preocupando e criando projetos de responsabilidade social.

2.2 – Como está o Consumo Consciente no Brasil:

Segundo o instituto Akatu, que realizou uma pesquisa para obter resultados

sobre a percepção dos brasileiros e de seus impactos de consumo, um terço dos

brasileiros percebem os impactos coletivos ou de longo prazo nas decisões de

consumo; 43% dos brasileiros usam seu poder de compra e de comunicação para

premiar empresas com práticas de responsabilidade social; 24% dos consumidores

conscientes utilizam o critério ambiental na escolha das empresas das quais

comprar.

Ainda em relação as pesquisas feitas pelo instituto Akatu, observamos as

diferenças entre o perfil do consumo consciente das regiões Norte e Sul do país,

respectivamente menos e mais conscientes. Enquanto a Norte apresentou o maior

percentual de consumidores iniciantes entre todas as regiões (66%), a Sul obteve o

menor índice desse segmento de consumidores (45%). Por outro lado, a região Sul

reuniu o maior percentual de consumidores engajados (39%) e conscientes (11%)

enquanto a Norte apresentou exatamente o oposto: o menor percentual de

engajados (21%).

Um aspecto curioso diz respeito ao Centro-Oeste, que apresentou o menor

percentual de consumidores conscientes (apenas 1 %), mas, ao mesmo tempo,

alcançou o segundo mais alto percentual de engajados, com 29%.

As variações dos resultados da pesquisa, segundo o Instituto Akatu, demonstram

que a região é apenas um dos fatores que influenciam o comportamento de

consumo consciente, e não o único.

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O perfil do consumidor foi classificado em quatro categorias, a de consciente,

engajado, iniciante e indiferente, e foram consideradas as seguintes definições:

Consciente é o consumidor que tem a percepção que seus atos de consumo afetam

não só a si próprio, mas também a toda coletividade e as futuras gerações. O

consumidor engajado, logo abaixo do consciente, é aquele que percebe que

consumo consciente é mais do que apenas uma maneira de economizar recursos,

mas ainda não o pratica amplamente. O iniciante é o consumidor que pratica o

consumo consciente pensando apenas em evitar desperdícios. E o indiferente é o

consumidor que, como o nome diz, é indiferente a todas as práticas de

sustentabilidade no consumo.

Nesta pesquisa realizada pelo instituto Akatu no Brasil em 2005, a maioria da

população com 54% foi classificada como iniciante, o segundo perfil que mais

apareceu foi o de engajado com 37%, os menores perfis encontrados foram o de

indiferente com 3% e o consciente de 6%.

Podemos observar que a maioria é classificada como iniciante, ou seja sabem

como funciona o consumo consciente, mas só o fazem para economizar, isso pode

ser bom e ruim, bom porque não prejudica o ambiente e a sociedade, mas ruim

porque o verdadeiro valor que deveria ser passado não é aderido.

Podemos perceber também que são poucos consumidores que são classificados

como conscientes, mas sabemos que cada vez mais o número de consumidores que

prezam e lutam pelo consumo consciente está crescendo. Outro fato que chama a

atenção é que poucas pessoas são classificadas como indiferentes, ou seja que

realmente não se importam, isso significa que são poucos os consumidores que são

totalmente indiferentes em relação ao tema. Por ultimo o fato de 37% ser

considerado como engajado, significa que esta grande parte da população brasileira

se preocupa e conhece os valores do consumo consciente, mesmo não ajudando e

praticando amplamente, esta grande parte da população pode se mobilizar ainda

mais e se tornarem consumidores conscientes por completo.

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O instituto Akatu, é uma organização não governamental sem fins lucrativos

que trabalha pela conscientização e mobilização da sociedade para o consumo

consciente. Defendem o consumo consciente como um instrumento fundamental de

transformação, já que qualquer consumidor pode contribuir para a sustentabilidade

do meio ambiente por meio do consumo de recursos naturais, produtos e serviços e

pela valorização da responsabilidade social das empresas.

A missão do instituto é de mobilizar as pessoas para o uso do poder

transformador dos seus atos de consumo consciente como instrumento de

construção da sustentabilidade da vida no planeta.

O Akatu entende consumo não apenas como um ato pontual, mas como um

processo, que começa antes da compra e termina depois do uso, envolvendo

escolhas como: Por que comprar? De quem comprar? O que comprar? Como

comprar? Como usar? Como descartar? O Akatu considera como estratégia: “educar, comunicar e mobilizar, buscando

sempre sistematizar os aprendizados derivados da ação na forma de metodologias e

de modelos que possam servir de inspiração e de referência para a sensibilização e

mobilização de pessoas e comunidades na direção do consumo consciente. Nossa

ação é voltada à conscientização, à mobilização e à mudança de comportamento

dos consumidores para a adoção de práticas mais conscientes, em direção a uma

sociedade mais sustentável.”

2.3 – Qual a Perspectiva do Mercado em Relação ao Consumo

Consciente:

O mercado assim como a população demandam cada vez mais ações de

responsabilidade social, as empresas e a sociedade se preocupam cada vez mais

com o meio ambiente e as pessoas em si. As empresas, além de ganharem mais

visibilidade, também ganham credibilidade, organizações que praticam ações sociais

e prezam o meio ambiente são mais respeitadas pela sociedade, assim o mercado e

seus funcionários também a respeitam.

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O consumo consciente faz parte da ação para proteger não apenas o

ambiente e a sociedade, se o consumidor sabe como gastar e como utilizar seu

dinheiro, com certeza não fará escolhas erradas que prejudiquem seu bem estar

financeiro, o bem estar social e ambiental, assim podemos considerar que o

consumo consciente e a educação financeira estão amplamente relacionados.

Vale a pena ressaltar o instituto Akatu e sua visão para o futuro: “Criar uma

comunidade humana em que haja um equilíbrio de valores masculinos e femininos,

que se perceba parte integrante da teia de vida no Planeta e, como tal, cuide da vida

pela vida em si e acolha a humanidade em toda a sua diversidade. Yandê é uma

palavra tupi que significa um "grande nós feminino". Acolher e cuidar são valores

femininos. É preciso que sejam apropriados pela comunidade humana mundial, no

sentido de acolher as pessoas e cuidar da natureza.”

Algumas organizações e instituições lutam para conscientizar as pessoas do

grande problema que é o consumo consciente, a sociedade como um todo deve se

mobilizar para garantir o bem estar da comunidade. O mercado em si demanda sim

ações de responsabilidade social e a conscientização sobre o consumo.

Capítulo 3: RELAÇÃO ENTRE EDUCAÇÃO FINANCEIRA E O

CONSUMO CONSCIENTE

Neste capítulo será abordado como a educação financeira pode afetar o

consumo consciente e quais as reais relações entre estes conceitos, também será

analisado como se estende esta relação no Brasil, ou seja até que ponto a educação

financeira pode afetar o consumo consciente.

3.1 – Como a educação financeira afeta o consumo:

Como foi abordado nos últimos capítulos, a educação financeira é a

capacidade e o modo com que o consumidor e o individuo utiliza e administra seus

recursos financeiros, desenvolvendo um planejamento de curto, médio e longo

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prazo, além disso a capacitação financeira significa maior autonomia e habilidade

em tomar decisões em relação ao consumo e investimento do dinheiro de cada

individuo. Lembrando que a educação financeira é um ferramenta importante para a

sociedade, dependendo da cultura, do consumo e da forma com que o dinheiro é

gerenciado e investido ocorrerá um maior desenvolvimento econômico do país em

si.

Em relação ao consumo consciente, os consumidores devem adquirir

produtos que possuam precedência e que são produzidos de maneira correta, deve

se constituir uma consciência social e ambiental antes de se consumir e comprar

produtos. As organizações e a sociedade procuram criar uma conscientização em

relação a responsabilidade social, empresas desenvolvem projetos para o bem estar

comum e ambiental, assim a sociedade e o consumidor preserva e preferencia as

organizações que lutam por uma causa maior, com seu poder de compra o

consumidor escolhe a quem beneficiar.

A educação financeira partindo do pressuposto que devemos administrar

nosso recursos de maneira consciente e autônoma, conseguindo investir, consumir

e aplicar a renda corretamente, está totalmente ligada ao consumo consciente, em

que devemos consumir e comprar corretamente também, visando o bem estar social

e ambiental. Se o consumidor for educado financeiramente, não comprará ou

investirá seu dinheiro em empresas que prejudicam o meio ambiente ou a

sociedade.

Outra questão é a inadimplência, sabemos que se o consumidor não pagar

suas dividas, os bancos ou mesmo as empresas deverão consumir esta divida e

arcar com os prejuízos, assim se o consumidor for educado corretamente, não ficará

inadimplente e assim conscientemente não prejudicará a empresa.

A relação também está ligada com os princípios do consumo consciente e no

modo de consumir corretamente, um dos princípios do consumo é planejar suas

compras, a educação financeira também aborda este fato, além de planejar e

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analisar a necessidade e procedência do produto, uma análise financeira deve ser

feita para saber se é realmente necessário consumir determinado bem.

Outro principio é o de utilizar o crédito corretamente, saber se poderá pagar e

se é necessário, e se for utilizar responsavelmente, a educação financeira preserva

o fato de que o crédito não é dinheiro para se consumir e sim para o

desenvolvimento econômico pessoal. Analisar antes de comprar e planejar as

compras são conceitos do consumo correto, algo que a educação financeira também

preserva e conceitua. A questão de poupar e investir corretamente e

conscientemente também relaciona os dois conceitos.

Assim podemos perceber que a educação financeira afeta diretamente o

consumo consciente e vice-versa. Devemos preservar o bem estar tanto social

quanto ambiental, os dois conceitos nos proporcionam bases e ferramentas para

que a sociedade atual se torne mais consciente e culturalmente adaptada a nossa

situação, em que os recursos e o insumos estão cada vez mais escassos.

3.2 – Como se estende esta relação no Brasil:

Existem diversas empresas e alguns órgãos importantes em nosso país como

o BACEN, DSOP e a BOVESPA que lutam pelo bem estar social, ambiental e pela

educação financeira. Empresas como a Natura que produz uma linha de produtos

inteiramente feita de insumos naturais e sem prejudicar o ambiente ou mesmo a

Petrobrás que pratica incentivos sociais e econômicos. Há diversas organizações

que praticam ações benéficas, mas mesmo com a grande demanda da sociedade

por atividades mais abrangentes, os órgãos governamentais não parecem estar

comprometidos e interessados como em outros países mais desenvolvidos

economicamente.

Não é apenas uma questão social ou ambiental, mas também está ligada com

o desenvolvimento econômico brasileiro, em diversos países do exterior, como

Inglaterra, Japão, Cingapura e EUA possuem uma participação mais ativa de seus

governos para introduzir a educação financeira, em alguns lugares a educação

financeira faz parte do currículo básico nas escolas, em nosso país não há números

dados expressivos sobre o consumo consciente também, segundo o instituto Akatu,

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apenas uma parte da população é engajada ou consome conscientemente, a maior

parte está caracterizada como consumidor iniciante, em que a maior preocupação é

a questão financeira e não a ambiental.

Segundo o Serasa Experian, a inadimplência dos últimos anos subiu

substancialmente, assim obrigou o governo a pressionar os bancos privados para

que as taxas de juros fossem diminuídas, o que de fato ocorreu, isso ajudou os

consumidores a diminuírem suas dividas, quitarem suas pendencias. Nos últimos

meses a inadimplência tem se estabilizado e não está mais subindo como antes,

esse fato nos mostra que há uma preocupação em relação a esta questão tão

complexa, mas nenhuma medida estrutural e de expressão em relação a educação

financeira no país ou nas bases escolares foi tomada.

CONCLUSÃO:

Podemos concluir que a educação financeira e o consumo consciente estão

ligados por meio de seus conceitos e seus principais pilares, administrar

corretamente, gerir com capacidade e autonomia e planejar antes de consumir,

investir e poupar, conceitos que estão ligados ao consumo planejado e consciente,

consumido apenas o necessário para o bem estar social, ambiental e econômico. Os

dois conceitos possuem grande influencia em nossa sociedade atual, as

organizações e as pessoas se preocupam com o rumo que o desenvolvimento do

nosso país esta tomando, tanto em relação ao ambiente quanto o desenvolvimento

financeiro e econômico de nosso país.

Os dois conceitos devem ser levados em conta para que nosso sociedade

possa se desenvolver corretamente, sem prejudicar o ambiente e preservando o

consumo com uma das bases de nossa cultura, assim o desenvolvimento

econômico e financeiro será com base na administração correta das finanças.

A sociedade mundial passa por momentos difíceis, com crises econômicas, a

crise europeia, a falta de recursos e a crescente inadimplência, o único modo de

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combatermos estas dificuldades econômicas e sociais é por meio de uma estrutura

solida, com investimentos na educação e na sociedade em si.

Como foi citado, a base das sociedades desenvolvidas está na questão

cultural de utilizar inteligentemente o dinheiro ganho, além de saber aplicar o

dinheiro a sociedade deve entender que o risco ambiental e a forma com que o

consumo é aplicado em cada nação é determinante para formar uma base e uma

estrutura financeira e econômica forte, além de formar uma sociedade mais justa, a

educação em si é a grande ferramenta para a redução de desigualdades sociais,

isso evidencia a grande importância da educação para o crescimento financeiro do

individuo, da sociedade e mesmo do país.

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1

PONTÍFICIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO

PAULO

Faculdade de Economia, Administração,

Contabilidade e Atuariais.

CONSEQUÊNCIAS DA USINA BELO MONTE

Aluno: Vitor Canabarro Vaz

Prof. Arnoldo José de Hoyos Guevara

2° Semestre 2012

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2

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ..................................................................... 3

CAPÍTULO I – A USINA BELO MONTE ............................. 3

1.1. A ESPECULAÇÃO VEM DE LONGE .................. 3

1.2. DEMORA NA OBRA ............................................ 7

1.3. A CAPACIDADE DA USINA ................................ 8

1.4. NOVO CÓDIGO FLORESTAL ............................. 9

1.5. OS RESPONSÁVEIS PELO PROJETO ............... 11

CAPÍTULO II – A OPOSIÇÃO .............................................. 13 2.1. COMUNIDADE INDIGENA .................................... 14

2.2. O IMPACTO AMBIENTAL ..................................... 15

2.3. OS ATIVISTAS ....................................................... 17

CAPÍTULO III – A DEFESA ................................................... 18

3.1. A EXPLORAÇÃO DOS RECURSOS

HIDRELÉTRICOS ................................................... 18

3.2 POR QUE ENERGIA HIDRELETRICA? ................. 19

3.3. VANTAGENS .......................................................... 22

3.3.1. DA COMUNIDADE DO RIO XINGU ............ 22

3.3.2. ECONÔMICAS ............................................. 23

CONCLUSÃO ........................................................................ 23

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................... 24

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INTRODUÇÃO

Esta pesquisa tem como objetivo demonstrar os impactos ambientais e objetivos que o

projeto da Usina Belo Monte terão no Brasil, tanto ambientalmente quanto economicamente.

O mega empreendimento que a Usina Belo Monte representa para o estado do Pará

trás adeptos e não adeptos. O caso é muito polemico, pois gera uma discussão em torno da

Fauna, flora e da população indígena que vive nos arredores.

A construção da usina seria catastrófica para a área segundo alguns especialistas,

danos que seriam irreparáveis devido ao tamanho da área alagada, por outro lado há os que

defendem a obra e os benefícios econômicos e sociais que ela traria.

Essa comoção que a Usina Belo Monte vem causando mesmo antes de iniciar seu

funcionamento causa duvidas nas pessoas, nessa era de tecnologia tudo é permitido em nome

do progresso?

Capitulo 1 – A Usina Belo Monte

1.2 - A Especulação vem de Longe

Grandes construtoras tem projetos para a Bacia do Rio Xingu a anos, essa área

começou a ser analisada nos anos 70 pela Eletronorte S.A. e grandes construtoras como

Camargo Correa, Odebredcht e Andrade Gutierrez.

Segue uma linha do tempo:

As ações foram desenvolvidas de acordo com a seguinte linha do tempo;

1975

Início dos estudos para o aproveitamento hidrelétrico da Bacia do Rio Xingu.

1980

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Conclusão dos Estudos de Inventário e início dos Estudos de Viabilidade Técnica da Usina

Hidrelétrica Kararaô (primeiro nome proposto para a usina).

1988

02/08- Portaria DNAEE nº. 43, de 2 de agosto, aprova os Estudos de Inventário do Rio Xingu.

30/08- Portaria MME nº. 1077 autoriza a Centrais Elétricas do Norte do Brasil S/A

(Eletronorte) a realizar estudos de viabilidade para o AHE Belo Monte.

1989

Conclusão dos primeiros Estudos de Viabilidade do AHE Belo Monte.

1994

Revisão dos Estudos de Viabilidade com diminuição da área inundada e não inundação das

áreas indígenas.

1998

A Eletrobrás solicita à Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) autorização para

realizar, em conjunto com a Eletronorte, novos Estudos de Viabilidade do AHE Belo Monte.

2000

Em dezembro, Eletrobrás e Eletronorte firmam acordo para conclusão conjunta dos Estudos

de Viabilidade Técnico-Econômica e Ambiental da UHE Belo Monte.

2002

Os estudos são apresentados à ANEEL, mas não são concluídos por decisão judicial.

2005

Julho- O Congresso Nacional autoriza a Eletrobrás a completar os estudos por meio do

Decreto Legislativo nº. 75/2008.

Agosto- A Eletrobrás e as construtoras Andrade Gutierrez, Camargo Correa e Norberto

Odebrecht assinam Acordo de Cooperação Técnica para a conclusão dos Estudos de

Viabilidade Técnica, Econômica e Socioambiental do AHE de Belo Monte.

2006

Janeiro- A Eletrobrás solicita ao Ibama a abertura de processo de licenciamento ambiental

prévio. Começa a ser feito o Estudo de Impacto Ambiental (EIA).

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Março- O Ibama realiza a primeira vistoria técnica na área do projeto.

2007

Agosto- O Ibama realiza vistoria técnica e reuniões públicas nos municípios de Altamira e

Vitória do Xingu para discutir o Termo de Referência para o EIA.

Dezembro- O Ibama emite o Termo de Referência para o EIA.

2008

Julho- O Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) define que o único potencial

hidrelétrico a ser explorado no Rio Xingu será o AHE Belo Monte. A ANEEL aprova a

Atualização do Inventário com apenas o AHE Belo Monte na bacia do Rio Xingu.

Novembro- O Ibama realiza nova vistoria técnica na área do projeto.

2009

Fevereiro- A Eletrobrás entrega a versão preliminar do EIA e do Rima.

Março- A Eletrobrás solicita a Licença Prévia.

Abril- O Ibama realiza nova vistoria técnica na área do projeto.

Maio- O EIA e o Rima são entregues no IBAMA.

Setembro- CNPE publica portaria que indica o projeto do AHE de Belo Monte como

prioritário para licitação e implantação.

Outubro- MME publica portaria com as diretrizes para o leilão de energia da UHE Belo

Monte.

Novembro- ANEEL coloca em audiência pública a minuta do edital de Belo Monte e MME

publica portaria com a sistemática do leilão de energia da UHE de Belo Monte.

2010

Janeiro- Portaria MME nº.14 de 6 de janeiro de 2010 que define prazo para Declarações de

Necessidade para os Leilões de Compra de Energia Elétrica Proveniente de Novos

Empreendimentos de Geração e da Usina Hidrelétrica denominada UHE Belo Monte.

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Fevereiro

1º – Ibama concede Licença Prévia da Usina Hidrelétrica de Belo Monte.

5 – Aneel aprova estudos de viabilidade da UHE Belo Monte.

12 – Portaria nº. 2 da Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Energético do MME,

que torna públicos os montantes de garantia física de Belo Monte.

Março

17 – TCU aprova previsão de custos para construção da UHE Belo Monte.

18 – Ministério de Minas e Energia publica portaria que define a data do leilão para 20 de

abril de 2010.

18 – Diretoria colegiada da ANEEL aprova o Edital do Leilão nº. 06/2009 destinado à

contratação de energia elétrica proveniente da Usina Hidrelétrica Belo Monte – UHE Belo

Monte.

Abril

20- Realizado leilão para decidir qual grupo de empresas é responsável pela construção da

usina, com a vitória do consórcio Norte Energia.

Agosto

11 - Constituição da SPE Norte Energia S.A., empresa que será responsável pelo

aproveitamento Hidrelétrico Belo Monte.

26 - Assinatura do contrato de concessão da Usina Belo Monte, que será a terceira maior

hidrelétrica do mundo.

2011

Janeiro

26 – Concedida Licença de Instalação (LI) para as instalações provisórias da UHE Belo

Monte

Junho

1º – Concedida Licença de Instalação (LI) para UHE Belo Monte

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1.3 - Demora na Obra

Segundo os especialistas responsáveis pela análise do Estudo de Impacto Ambiental

do Aproveitamento Hidrelétrico de Belo Monte, o principal motivo pelo qual o projeto, que

existe há mais de uma década, ainda não ter sido implementado é simples, ele não possui

consistência técnica e, por isso, as instituições financeiras nacionais e internacionais perderam

o interesse na barragem.

Esses problemas se evidenciaram recentemente quando foi entregue uma carta ao

presidente do BNDES aberta contendo uma extensa lista de irregularidades e problemas

econômicos, jurídicos e socioambientais de Belo Monte, assinada por 38 organizações

brasileiras e 31 internacionais, instando o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, a não

efetuar o empréstimo de R$ 22,5 bilhões anunciado.

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1.3 - A Capacidade da Usina

A Usina Hidrelétrica Belo Monte foi planejada para gerar cerca de 11 mil MW, mas

trabalhará com cerca de 40% de sua capacidade na maior parte do tempo, esse valor é inferior

a media das usinas no Brasil que é de 55%, porem nos meses de cheia a usina operará com

100% de sua capacidade.

Essa produção reduzida se da pelo fato de que a Usina quer causar o menor impacto

ambiental possível e as medidas que foram tomadas para isso são:

- a redução do reservatório e a eliminação da capacidade de regularização das vazões

afluentes à barragem de Belo Monte;

- a retirada de outros aproveitamentos na bacia que permitiriam maior regularização

das vazões a montante;

- a adoção de um hidrograma mínimo (valores mínimos de vazões ao longo do ano)

que será mantido no trecho de vazão da Volta Grande do Xingu, de forma a assegurar as

condições de pesca, navegabilidade e outros usos às comunidades indígenas.

Este é o arranjo de engenharia possível para Belo Monte gerar energia de forma

constante com baixa impacto socioambiental e com a menor área alagada possível, que é o

reservatório com 502,8 km quadrados.

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A Licença Prévia de Belo Monte foi concedida pelo Ibama em 01/02/2010, tendo

como um dos requisitos a realização de audiências públicas, com participações de cerca de

5.000 pessoas. Conforme a própria denominação, esta licença exige o cumprimento de um

conjunto de condicionantes dentro de prazos estipulados. Adicionalmente, para efeito de

obtenção da Licença de Instalação, um conjunto de planos socioambientais deve ser detalhado

e constar do Relatório do Projeto Básico Ambiental.

A conclusão do empreendimento está prevista para 10 anos, com início de operação a

partir do quinto ano do começo da obra.

O sítio Belo Monte é o principal canteiro de obras da hidrelétrica, onde vai funcionar o

coração da usina. É onde está em construção a casa de força principal do empreendimento,

onde vão funcionar 18 turbinas.

Um paredão que ficará a 100 metros do nível do mar também está sendo construído. A

partir do ponto onde estará localizado, mais 67 metros de estrutura maciça serão construídos,

o equivalente a um prédio de 22 andares. A construção terá 210 metros de largura e, quando

ficar pronta, pelo menos 22 metros de profundidade, que serão cobertos por água.

Outra obra que está em fase de construção é o canal de derivação, por onde será feito o

desvio do leito do rio Xingu e vai passar toda a água que deve gerar a energia de Belo Monte.

A obra deve demorar pelo menos cinco anos para ficar pronta.

1.4 - Novo código Florestal

O novo Código Florestal que foi tão criticados por pesquisadores, ativistas e até

mesmo parcela da população é considerado uma forma de desmatamento porem de acordo

com a lei, segue a comparação:

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1.5 - Os Responsáveis Pelo Projeto

A concessão para a construção da hidrelétrica, no município de Vitória do Xingu, foi

objeto de leilão realizado no dia 20 de abril de 2010. A outorga coube a Norte Energia S.A.

por um prazo de 35 anos.

Um empreendimento como o da UHE Belo Monte exige a realização de estudos que

atestem sua viabilidade. A Norte Energia não poupou esforços neste sentido: revisou os

estudos de Inventário Hidrelétrico do rio Xingu, promoveu o Estudo de Impacto Ambiental

(EIA/Rima), realizou estudos Antropológicos das Populações Indígenas e também a

Avaliação Ambiental Integrada (AAI).

A Norte Energia S. A., composta por empresas estatais, privadas, fundos de pensão,

fundos de investimento e consumidores, firmará contratos de comercialização de energia

elétrica no ambiente regulado, com as concessionárias de distribuição, no montante de R$ 62

bilhões, relativos ao fornecimento de 795 mil MWh.

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Para compatibilizar os interesses energéticos com a sustentabilidade ambiental, a área

alagada foi diminuída. A usina teve o reservatório reduzido em relação ao projeto inicial e a

área de alagamento diminuiu mais de 60%. Enquanto a média nacional de áreas alagadas

pelas usinas hidrelétricas é de 0,49 km2 por MW instalado, Belo Monte impactará apenas

0,04 km2 por MW instalado.

Todas as preocupações em relação ao impacto ambiental estão diretamente ligadas ao

desenvolvimento do projeto, quanto menos impacto, mais chances de sucesso na construção

da Usina que hoje já passa dos 15% de conclusão da obra.

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Capitulo 2 – A Oposição

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O projeto da Usina Hidrelétrica Belo Monte é inviável do ponto de vista técnico e

socioambiental, segundo representantes de movimentos sociais.

A representante do Movimento Xingu Vivo para Sempre, Renata Soares Pinheiro,

disse que cerca de 140 quilômetros do leito do rio vão praticamente secar com o desvio das

águas do Rio Xingu para gerar energia.

2.1 - Comunidade Indígena

Definitivamente a parcela da população que será mais afetada com a Usina são as

comunidades indígenas residentes nas áreas próximas.

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Belo Monte além de Altamira, a hidrelétrica ocupará parte da área de outros quatro

municípios: Anapu, Brasil Novo, Senador José Porfírio e Vitória do Xingu. Altamira é a mais

desenvolvida e tem a maior população dentre essas cidades, com 98 mil habitantes, segundo o

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os demais municípios têm entre 10 mil

e 20 mil habitantes

“Antes de Belo Monte, a nossa região vivia abandonada, esquecida pelo estado e pelos

políticos. Só lembraram da gente quando precisaram de energia para alimentar a indústria que

exporta os minérios da região para o exterior”, protestou Juma Xipaia, jovem índia da tribo

xipaia e presidente da Associação dos Indígenas Moradores de Altamira-PA (Aima)

Muitos consideram uma atrocidade, já que seu reservatório vai alagar uma área na

Amazônia equivalente a 1/3 da cidade de São Paulo, entre outros desequilíbrios ambientais.

Por essas, Sting e o cacique Raoni já atacavam UHE Belo Monte em 1989.

Os donos da Usina Prometem uma melhora na infra estutura das familias que serão

realocadas e grandes oportunidades socioeconomicas para a região, porem em comunidades

indigenas esses tipos de promessas não são o verdadeiro foco deles.

2.2 - O Impacto ambiental

A região pleiteada pela obra apresenta incrível biodiversidade de fauna e flora. No

caso dos animais, o estudos apontam para 174 espécies de peixes, 387 espécies de répteis, 440

espécies de aves e 259 espécies de mamíferos, algumas espécies endêmicas (aquelas que só

ocorrem na região), e outras ameaçadas de extinção. O grupo de ictiólogos do Painel dos

Especialistas tem alertado para o caráter irreversível dos impactos sobre a fauna aquática

(peixes e quelônios) no trecho de vazão reduzida (TVR) do rio Xingu, que afeta mais de 100

km de rio, demonstrando a inviabilidade do empreendimento do ponto de vista ambiental.

Segundo os pesquisadores, a bacia do Xingu apresenta significante riqueza de biodiversidade

de peixes, com cerca de quatro vezes o total de espécies encontradas em toda a Europa. Essa

biodiversidade é devida inclusive às barreiras geográficas das corredeiras e pedrais da Volta

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Grande do Xingu, no município de Altamira (PA), que isolam em duas regiões o ambiente

aquático da bacia. O sistema de eclusa poderia romper esse isolamento, causando a perda

irreversível de centenas de espécies.

Outro ponto conflituoso é que o EIA apresenta modelagens do processo de

desmatamento passado, não projetando cenários futuros, com e sem barramento, inclusive

desconsiderando os fluxos migratórios, que estão previstos nos componentes econômicos do

projeto, como sendo da ordem de cerca de cem mil pessoas, entre empregos diretos e

indiretos.

O projeto, aprovado para licitação, embora afirme que as principais obras ficarão fora

dos limites das Terras Indígenas, desconsidera e/ou subestima os reais impactos ambientais,

sociais, econômicos e culturais do empreendimento. Além disso, é esperado que a obra

intensifique o desmatamento e incite a ocupação desordenada do território, incentivada pela

chegada de migrantes em toda a bacia e que, de alguma forma, trarão impactos sobre as

populações indígenas.

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Como já exposto, o Trecho de Vazão Reduzida afetará mais de 100 km de rio e isso

acarretará em drástica redução da oferta de água. Os impactos causados na Volta Grande do

Xingu, que banha diversas comunidades ribeirinhas e duas Terras Indígenas – Juruna do

Paquiçamba e Arara da Volta Grande, ambas no Pará -, serão diretamente afetadas pela obra,

além de grupos Juruna, Arara, Xypaia, Kuruaya e Kayapó, que tradicionalmente habitam as

margens desse trecho de rio. Duas Terras Indígenas, Parakanã e Arara, não foram sequer

demarcadas pela Funai. A presença de índios isolados na região, povos ainda não contatados,

foram timidamente mencionados no parecer técnico da Funai, como um apêndice.

A noção de afetação pelas usinas hidrelétricas considera apenas áreas inundadas

como “diretamente afetadas” e, por conseguinte, passíveis de compensação. Todas as

principais obras ficarão no limite das Terras Indígenas que, embora sejam consideradas como

“indiretamente afetadas”, ficarão igualmente sujeitas aos impactos físicos, sociais e culturais

devido à proximidade do canteiro de obras, afluxo populacional, dentre outros. O EIA

desconsidera ou subestima os riscos de insegurança alimentar (escassez de pescado),

insegurança hídrica (diminuição da qualidade da água com prováveis problemas para o

deslocamento de barcos e canoas), saúde pública (aumento na incidência de diversas

epidemias, como malária, leishmaniose e outras) e a intensificação do desmatamento, com a

chegada de novos migrantes, que afetarão toda a bacia.

2.3 - Os Ativistas

Um dos argumentos que defendem bem o impedimento da Usina Belo Monte é o de

que não existe apenas Usinas Hidrelétricas como fonte de energia limpa, existem também

Energia Eólica, Energia Solar, Energia das Marés, Biogás e Biocombustíveis, que também

podem ser utilizadas causando menos impacto ambiental, resumidamente são as fontes de

energia que não são poluentes, o que devemos levar em conta nesse caso é qual seria mais

adequada em cada região, pois não se tem ventos abundantes no Brasil todo, as taxas

necessária de luz solar abundante para utilizar a energia solar e etc, isso ataca muito a maior

defesa da Usina Belo Monte de que ela seria uma ótima fonte de Energia limpa.

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Praticamente todos os grupos ativistas estão engajados nessa causa, WWF,

GREENPEACE, AVAAZ. Todos os grandes e mais influentes já atacaram e até conseguiram

impedir a construção da Usina por um período como é falado na reportagem abaixo

“O Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) determinou a suspensão imediata

das obras da usina hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, sob pena de multa diária de R$ 500

mil.

A decisão foi tomada nesta segunda-feira (13) pela 5ª Turma do tribunal como resposta a um

recurso do Ministério Público Federal (MPF).

O consórcio Norte Energia, responsável pela obra da usina de Belo Monte, informou que

ainda não foi notificado da decisão do TRF e que só vai se manifestar sobre o assunto na

Justiça.”

Trecho de uma reportagem do site G1

Capitulo 3 – A Defesa

3.1 - A exploração dos recursos Hidreletricos

O Brasil tem nos rios sua principal fonte de geração de energia elétrica. De todo o

potencial hidrelétrico brasileiro, de 250 mil MW de potência, 30% foram aproveitados. O

maior potencial disponível está na bacia do Rio Amazonas (100 mil MW), do qual 17% já

foram explorados. No entanto, explorar o potencial hidrelétrico da bacia do Amazonas

representará um grande desafio, porque metade dos aproveitamentos potenciais interfere em

unidades de conservação ou terras indígenas.

Trecho de um artigo escrito pelo presidente do Instituto Acende Brasil, Claudio J. D. Sales,

publicado em 13/11/2012 no jornal O Estado de São Paulo.

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3.2 - Por que Energia Hidrelétrica?

Os pensamentos utilizados para se utilizar justamente a energia hidreletrica ao inves

de tantos outros tipos de fontes de energia que poderiam ser usados tendo um menor impacto

no meio ambiente, menor custo, mais praticidade, ou que não afetariam a população são os

seguintes:

Energia Eólica: Não possui um potencial energético constante (não é 100% do tempo

que venta com frequência). E as chamadas “fazendas de vento” são responsáveis pelo o que é

chamado de genocídio de pássaros, um perigoso fator muitas vezes ignorado e pouco

conhecido pela população em geral.

Energia Solar: Não possui um potencial energético constante tambem (não é 100%

do tempo que capta a luz solar). Tambem é necessario uma área aberta muito grande,

geralmente são usados desertos para sua construção. No Brasil, a MPX Tauá é a primeira

Usina Solar comercial, e possui um potencial de 1MW, com planos de expansão para 5 MW,

o que é pouco para o tamanho do pais se o objetivo fosse o mesmo da Usina Belo Monte.

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Energia Maremotriz: De todas as citadas é a pior. Custo elevadíssimo, péssimo

potencial energético. Obrasil não possui o potencial para usar esse tipo de energia e o custo

necessario nao pagaria os lucros, a energia hidreletrica se mostra muito mais eficiente.

Biogás: O mais vantajoso nos tipos de energia citados. Mas ela não pode ser

comparada com o potencial energético de uma Hidrelétrica. Mas tambem seria necessario

mais investimentos para a construção de Usinas de Biogas e outros efeitos seriam

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questionados por ativistas, cientistas, politicos e comunidades tambem.

Biocombustíveis: O Brasil já possui uma enorme área plantada para fins de

Biocombustíveis. Se for necessário aumentar muito mais esse espaço para conseguir energia,

seriam levantados novos questionamentos tambem, perder mais espaço de alimentos para

cana-de-açucar é uma ideia no mínimo estranha e que tambem nao seria bem aceita pelo

mercado.

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3.3 - Vantagens

3.3.1 - a comunidade do Rio Xingu

Os principais beneficios que foram sitados tanto pelos especialistas que defendem a

construção da Usina Hidreletrica quanto dos seus construtores são os seguintes:

A definitiva incorporação da erradicação da pobreza como um elemento essencial para

se alcançar o desenvolvimento sustentável;

A plena inclusão do conceito de desenvolvimento sustentável no processo decisório

por parte dos atores nos pilares econômico, social e ambiental, a fim de superar visões

setoriais que ainda persistem vinte anos depois da definição do desenvolvimento

sustentável como uma prioridade global;

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O fortalecimento do multilateralismo, com a clara mensagem de ajuste das estruturas

das Nações Unidas e de outras instituições internacionais ao desafio do

desenvolvimento sustentável; e

O reconhecimento da reorganização internacional em andamento, com seus reflexos

sobre a governança global.

O destaque que a população teria para o mundo, gerando grandes oportunidades na

melhoria da infra-estrutura das populações

3.3.2 - Vantagens economicas

A maior vantagem é o fato de aumentarmos a capacidade de produção, fazendo mais

eletricidade. O consumo de energia sobe junto com o do PIB. Em 2010 foram 7,5% de

crescimento no Produto Interno Bruto e 7,8% no do consumo de eletricidade. Sem energia, o

país não cresce.

Energia barata - Mil chuveiros ligados por uma hora dão um megawatt-hora (MWh).

Em Belo Monte, 1 MWh custará R$ 22. Essa energia tirada de uma usina eólica custaria R$

99. De uma solar, quase R$ 200.

Conclusão

Não restam duvidas de que a Usina Belo Monte tem um grande potencial econômico e

que trará muitos benefícios para sua comunidade, porem, também não existem duvidas de que

ela terá um grande impacto ambiental no ecossistema do Rio Xingu.

A empresa responsável pela obra não mede esforços na boa divulgação e explicações

que passem para o publico a ideia de que tudo será ótimo com a belo monte, onde até mesmo

a população indígena só terá a ganhar morando próximo a Usina.

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Os ativistas atacam, afirmam que a belo monte não possui nem a documentação

necessária para já estar sendo produzida e que ela abusa do novo código florestal, que o

alagamento que ela trará para o meio ambiente vai ser irreversível, pouco mais de 500m2 e

uma grande diminuição na quantidade de água para os braços do rio.

Olhando economicamente a Belo Monte é um ótimo projeto, pois criará energia em

grandes quantidades para uma boa parcela da população utilizando uma das vantagens que o

Brasil tem, seu grande volume de rios. Porém esse tipo de fonte de energia também precisa

ser cuidado, já que a população se mantém sempre em desenvolvimento e é necessário outros

tipos de fontes de energia.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

http://www.brasil.gov.br/sobre/economia/energia/obras-e-projetos/belo-monte-1

HTTP://youtube.com/watch?v=Z0ecshTvJ9g

HTTP://i1.r7.com/data/files/2c92/94a3/2819/B44E/0128/1BF6/5EAD/0659/consrorcio-Belo-

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PONTÍFICIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuariais.

ESPORTE. UM CAMINHO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SOCIEDADE

Aluno: Talita Fonseca Alberto

Prof. Arnoldo José de Hoyos Guevara

2° Semestre 2012

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 3

CAPÍTULO I - SITUAÇÃO SOCIAL NO BRA- DROGAS E CRIMINALIDADE . 4

1.1 - CULTURA BRASILEIRA ................................................................. 4

1.2 - DIFERENÇA SOCIAL ...................................................................... 7

1.3 - CRESCENTE VIOLÊNCIA ............................................................... 10

CAPÍTULO II - ESPORTE CONSTRUINDO A CIDADANIA .............................. 14

2.1 - RELAÇÃO COM A CIDADANIA ..................................................... 15

2.2 - PARA AS CRIANÇAS ..................................................................... 17

2.3 - PARA OS IDOSOS E DEFICIENTES ............................................... 21

CAPÍTULO III - O BRASIL E O ESPORTE ......................................................... 24

3.1 - O ESPAÇO DO ESPORTE NO BRASIL .......................................... 24

3.2 - INVESTIMENTO NO ESPORTE ....................................................... 26

3.2.1 - PLANOS DE INVESTIMENTO PARA OLIMPÍADAS 2016 . 28

3.3 - PROJETOS SOCIAIS ......................................................................... 31

CONCLUSÃO ........................................................................................................ 34

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 35

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INTRODUÇÃO

O Brasil tem uma das situações sociais mais críticas de todo o mundo, tal situação está presente dês dos primórdios da configuração da sociedade brasileira, durante o Brasil colônia, agravada ainda mais pela Revolução industrial que provocou o êxodo rural e a ocupação desordenada dos centros urbanos, o que trouxe muita pobreza, miséria e violência que estão presentes até hoje com a concentração de renda e a contrastante diferença social das cidades brasileiras. A desigualdade social gera conflitos sociais, estresse e violência explícita e implícita que influencia no modo de viver de todos os brasileiros causando perda da qualidade de vida, além de custos com saúde e segurança nos centros urbanos. O esporte pode ser uma solução para a questão social, como todos sabem a atividade física é essencial para a saúde de qualquer pessoa e em qualquer faixa etária deve ser praticada de acordo com a capacidade de cada um. Mas o esporte além de contribuir para a saúde, ele também tem o poder de unir e de integrar as pessoas que se reúnem para a prática esportiva. Além disso, transmite disciplina e valores que são essenciais na formação de um cidadão, nos dias de hoje esporte também é status social e praticá-lo significa ocupar uma posição digna na sociedade. Para jovens de baixa renda o esporte é uma oportunidade de inserção social, é também um estímulo para se dedicar aos estudos e alcançar melhores resultados na escola. Para pessoas com deficiência e também para idosos, o esporte é uma conquista, é uma via para que sua autonomia e integração social sejam possíveis. O Brasil não possui um tradicional costume de investir no esporte, visto o baixo desempenho dos atletas nas olimpíadas anteriores e a falta de acesso á diversas modalidades esportivas. Mas o Brasil atualmente possui um compromisso especial com o esporte já que será o país sede de dois dos mais importantes eventos esportivos: A copa do mundo de 2014 e os jogos olímpicos de 2016. O que está gerando um vasto investimento e criação de planos para o desenvolvimento do esporte.

Capítulo 1- Situação social no Brasil- Drogas e Criminalidade.

A sociedade Brasileira é mundialmente conhecida por conviver com alto número de violência, números acima dos números da ONU. Essa violência possui explicações históricas. 1.1. Cultura Brasileira.

A cultuar Brasileira é uma mistura de vários povos e etnias que formaram o povo brasileiro. A cultura brasileira possui sua essência lusitana, já que a língua oficial do Brasil é o português e a maior parte dos brasileiros são cristãos (católicos). É essa base que faz a unidade do povo brasileiro, que mesmo com a sua grande área territorial e as diferentes heranças históricas trazidas em cada região, mantém a mesma base, a mesma língua e religião.

Embora a base da cultura seja de origem portuguesa, outras etnias influenciaram profundamente a nossa cultura, principalmente os africanos que foram trazidos pelos

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portugueses, os índios que já habitavam o Brasil antes da sua chegada e imigrantes europeus que vieram ao longo das décadas. Em cada região essa ocupação ocorreu de forma e intensidades diferentes.

Essa grande mistura gera uma ampla diversidade cultural. A diversidade cultural refere-se aos diferentes costumes de uma sociedade, entre os quais podemos citar: modo de vestir, culinária, manifestações religiosas, sotaque ou gírias, tradições, entre outros aspectos. O Brasil, por conter um extenso território, apresenta diferenças econômicas, climáticas, sociais e culturais entre as suas regiões.

Os estados do Norte têm forte influência das culturas indígenas, enquanto algumas regiões do Nordeste receberam forte influência da cultura africana, sendo que na região do sertão á uma maior mistura de portugueses e indígenas, com menor presença de africanos. No sudeste existe uma forte mistura de africanos e portugueses, com a presença também de imigrantes europeus. Principalmente no sul do país as influências de imigrantes italianos e a alemães são evidentes, não só através da contrastante fisionomia da população da região mas também através da culinária, música, etc... Outras etnias como os árabes, espanhóis, poloneses e japoneses contribuíram também para a cultura brasileira, mais em menor escala.

Esses três principais grupos de etnia; índios portugueses e africanos são os principais, pois estão presentes na cultura dês de seus primórdios, durante a colonização. Mais outras etnias são também de grande importância não só para o enriquecimento da cultura Brasileira, mas também para o desenvolvimento econômico do país.

Durante o governo de Dom João VI (1801 até 1821) surgiu a iniciativa de trazer imigrantes europeus para ocupar as áreas próximas ao Rio de Janeiro, com finalidade de constituir colônias agrícolas para fornecer alimento á população da cidade. Após a Independência (1822) a ideia de trazer imigrantes europeus foi retomada com as finalidades de: Ocupar áreas vazias, criar uma classe de pequenos proprietários rurais, contrabalançar o poder dos coronéis com a presença de colonos fiéis ao governo, estimular o plantio de novos produtos, estimular o uso da mão de obra livre e branquear a população.

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A marca da imigração no Brasil pode ser percebida especialmente na cultura e na economia das duas mais ricas regiões brasileiras: Sudeste e Sul. A criação das colônias estimulou o trabalho rural. Portanto deve-se aos imigrantes a implantação de novas e melhores técnicas agrícolas, como a rotação de culturas, assim como o hábito de consumir mais legumes e verduras. Portanto os principais disseminadores da cultura brasileira são os colonizadores europeus, a população indígena e escravos africanos. Posteriormente, os imigrantes italianos, japoneses, alemães, poloneses, árabes, entre outros, contribuíram para a pluralidade cultural do Brasil. Atualmente o brasileiro é visto internacionalmente como um povo receptivo, quente, acolhedor e amigo, a culinária brasileira também é reconhecida assim como as festas populares, principalmente o carnaval. Desta forma o Brasil encontra-se em evidencia nos dias de hoje e vem recebendo cada vez mais turistas, que se encantam com a hospitalidade brasileira. Os brasileiros gostam de interação e de fazer amizades, admiram a arte e a cultura trazidas pelos portugueses e atualmente criada por ele mesmo.

Os índios:

A cultura indígena nos permitiu criar um português mais brasileiro e com uma identidade mais forte, várias palavras no nosso vocabulário foram de herança indígena, principalmente aquelas que destinam á fauna e flora, como por exemplo: Tatu, abacaxi... Ou então nomes de avenidas e rios como Ibirapuera e Tietê. Certos hábitos também são de origem indígena, como por exemplo, um descanso na rede ou andar descalço.

Os índios nos deixou também crenças de cura derivadas da plantas, o que é muito comum em pequenas cidades o uso de ervas e chás para solucionar problemas de saúde.

A nossa culinária recebeu também forte influencia indígenae também nossa música. Folclores e lendas que conhecemos hoje como o curupira e saci-pererê foram também heranças deixadas pelos indígenas.

Grandes heranças de artesanato foram também marcadas na nossa cultura pelos indígenas. O lado da vaidade e sensualidade da mulher brasileira é originado das índias.

Os portugueses:

A mais evidente herança é a língua portuguesa e o catolicismo. As duas festas mais importantes do Brasil, o carnaval e as festas juninas, foram introduzidas pelos portugueses. O folclore brasileiro também recebeu influencia portuguesa, seres como a cuca, o bicho papão e o lobisomem, além do folclore, lendas e jogos infantis como as cantigas de roda também foram introduzidas na nossa cultura.

Muitos dos pratos brasileiros são resultados da adaptação de pratos portugueses às condições da colônia, por exemplo a feijoada brasileira a cachaça que foram criados com o objetivo de substituir o cozido portugueses e a bagaceira Portuguesa, respectivamente, e outros pratos portugueses foram introduzidos de fato na cultura dos brasileiros. Os portugueses introduziram

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muitas espécies novas de plantas na colônia, atualmente muito identificadas com o Brasil, como a jaca e a manga.

A cultura portuguesa foi responsável também pela introdução no Brasil colônia dos grandes movimentos artísticos europeus: renascimento, barroco, rococó, etc... A literatura, pintura, escultura, música, arquitetura e artes decorativas no Brasil colônia são de forte influência da arte portuguesa. Essa influência continuou após a Independência, tanto na arte popular como na arte erudita.

Os africanos:

Vale lembrar que devemos muito aos africanos no que diz respeito ao desenvolvimento do país, já que por séculos, foram deles a força de construção do país. Os africanos, também contribuíram através da música, da dança e da culinária, principalmente a baiana.

No Brasil colonial criaram o candomblé, religião afro-brasileira baseado no culto aos orixás praticada atualmente em todo o território. Durante essa mesma fase surgiu a capoeira, criada por escravos, é um estilo de arte-marcial que mistura música e é hoje uma forte expressão cultural brasileira.

Gêneros musicais africanos como o “lundu”, terminaram dando origem à ritmos como samba, bossa-nova, maxixe e outros. Há também instrumentos musicais de origem africana, como o berimbau, afoxé e o agogô. A música do Brasil se formou principalmente, a partir da fusão de elementos europeus e africanos.

Herdamos caráter emocional dos africanos como a hospitalidade e o calor humano. 1.2 Diferença social. Explicamos no Item anterior como se deu a construção da cultura Brasileira, que é muito rica em sua diversidade, arte e culinária, vimos que o povo Brasileiro é acolhedor e querido pelos estrangeiros. Mas também dês da formação dessa cultura já podemos observar um contraste social. ORIGENS

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A História da sociedade Brasileira é e sempre foi marcada por uma acentuada diferença social dês de o início de os tempos das capitanias hereditárias que concentravam a posse de terras, da escravidão que gerou uma massa de pessoas desassistidas e das monoculturas que não permitiam um maior acesso ao alimento e à riqueza gerada pela terra. Durante o Brasil colônia, esse contraste era visível entre os portugueses e os escravos, mais tarde, com a independência do Brasil, esse contraste era visível entre os senhores de escravos e escravos, com a abolição da escravatura esse contraste permanece entre os grandes latifundiários e os pequenos produtores rurais. Com a revolução industrial burgueses e operários passaram a protagonizar esse contraste. E atualmente esse contraste ainda é visível entre aqueles que detêm bens de produção e aqueles com baixo estudo que constituem a massa de produção, com a única diferença que atualmente existe uma nova classe emergente que vem se fortificando com o passar dos anos; a classe média. AGRAVANTE Durante toda a história do país sempre existiu opressores e oprimidos, o problema é que com a revolução industrial, os opressores, que nessa época era a burguesia, passaram a depender cada vez menos dos oprimidos pois a máquina passou a atuar a favor da produção, aumentando assim a miséria e piorando as condições dos oprimidos. Portanto a influência ibérica, os padrões de título de posse de latifúndios e a escravidão contribuíram intensamente para que a desigualdade brasileira permanecesse por séculos em um alto nível. Mas a desigualdade social no Brasil tem sido percebida nas últimas décadas, não somente como herança pré-moderna, mas sim como decorrência do efetivo processo de modernização que tomou o país no início do século XIX. Juntamente com o desenvolvimento econômico, cresceu também a miséria e a diferença na renda, educação, saúde, qualidade de vida etc...

A concentração de renda, o desemprego, a fome que atinge milhões de brasileiros, a

desnutrição, a mortalidade infantil, a baixa escolaridade, a violência. Essas são expressões do

grau a que chegaram as desigualdades sociais no Brasil.

A DESIGUALDADE SOCIAL

A desigualdade social e a pobreza são problemas sociais que afetam a maioria dos países na

atualidade. A pobreza existe em todos os países, pobres ou ricos, mas a desigualdade social é

um fenômeno que ocorre principalmente em países não desenvolvidos.

O conceito de desigualdade abrange as diversas formas formas: desiguandade de

oportunidades, desigualdade de resultados de escolaridade de renda de gênero. Mas a

desigualdade econômica é chamada de desigualdade social, pois há a distribuição desigual de

renda.

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Segundo Rousseau, a desigualdade tende a se acumular, ou seja, aqueles que possuem baixo

nível de escolaridade têm menos probabilidade de chegar a um status social elevado, de exercer

profissão de prestígio e ser bem remunerado. As desigualdades sociais são em grande parte

geradas pelo jogo do mercado e do capital.

O principal problema da desigualdade social é que poucos com muito e muitos com pouco, gera conflitos sociais e mal estar humano,A desigualdade social prejudica cidadãos de todas as faixas etárias, principalmente os jovens de classe de baixa renda, impossibilitados de ascender socialmente pela falta de uma educação de qualidade e oportunidades. Poucos jovens de menor renda conseguem adquirir uma melhor formação escolar e profissional, e isso propicia a ocorrência da violência urbana.

A desigualdade social também gera uma previdência enfraquecida que não consegue sustentar os aposentados dignamente.O Brasil é um dos países mais desiguais. . A desigualdade social no Brasil, apesar dos avanços da primeira década dos anos 2000, ainda é considerada uma das mais altas do mundo.

INDICADORES DA DESIGUALDADE

Segundo dados da ONU, em 2005 o Brasil era a 8º nação mais desigual do mundo. O índice Gini,

que mede a desigualdade de renda, divulgou em 2009 que a do Brasil caiu de 0,58 para 0,52

(quanto mais próximo de 1, maior a desigualdade), porém esta ainda é gritante.

Em 2005, segundo o relatório do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), o Brasil ficou em oitavo lugar na pesquisa sobre a desigualdade social, ficando na frente de nações como Guatemala, Suazilândia, República Centro-Africana, Serra Leoa, Botsuana, Lesoto e Namíbia.

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Em 2005, o relatório estudou 177 países, o Brasil obteve o oitavo pior índice. Segundo esse relatório, no Brasil, cerca de 46,9% da renda nacional estavam nas mãos de 10% mais ricos da população. Entre os 10% mais pobres, a renda era de apenas 0,7%

Em pesquisa realizada pelo IBGE nos anos de 2008 e 2009, detectou-se que a família brasileira gasta cerca de 2.626,31 reais em média por mês. As famílias da região Sudeste gastam 3.135,80 reais contra 1.700,26 das famílias do Nordeste. Essa desigualdade no gasto mensal das famílias também é percebida entre as áreas urbana e rural.

Casa típica do sertão BRA.

Na área urbana, a média de gasto é de 2.853,13 reais contra 1.397,29 nas áreas rurais. Esse relatório faz parte das primeiras divulgações da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) de 2008/09. O estudo visitou 60.000 domicílios urbanos e rurais no período de maio de 2008 a maio de 2009. O estudo considerou despesas, rendimentos, variação patrimonial, e condições de vida das famílias.

Ou, como afirma Hélio Jaguaribe em seu artigo No limiar do século 21: “Num país com 190

milhões de habitantes, um terço da população dispõe de condições de educação e vida

comparáveis às de um país europeu. Outro terço, entretanto, se situa num nível extremamente

modesto, comparável aos mais pobres padrões afro-asiáticos. O terço intermediário se

aproxima mais do inferior que do superior”.

Cerca de 30% da população adulta é analfabeta funcional. Os jovens acima dos 15 anos e com

menos de quatro anos de estudo representam 24,4% da população considerada analfabeta

funcional. E nas regiões Norte e Nordeste esses percentuais chegam á 29,1% e 37,6%,

respectivamente.

O governo vem criando planos de auxílio á famílias de baixa renda, essas ações têm sido muito

importantes e vêm ajudando muitas pessoas á melhorarem de vida e sair da miséria, mas ainda

sim não é o suficiente. A igreja Católica nos influenciou e nos deixou de herança o hábito dar

esmolas aos mais pobres, mas como muitos dizem: “O importante não é dar o peixe, mas

ensinar a pescar”

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1.3 - Violência crescente. ORIGENS E CAUSAS A Violência presente no Brasil é também uma herança histórica da sociedade brasileira. A escravidão, o coronelismo, a oligarquia e o estado autoritário, contribuiu para o aumento da violência na história brasileira. A estrutura hierárquica em que vivemos e que foi herdada da história continua alimentando a violência. Diversos fatores ajudaram a aumentar a violência como a urbanização acelerada, que trouxe um grande fluxo de pessoas para as áreas urbanas, provocando um crescimento desordenado e desorganizado das cidades. Outro fator que colaborou para o aumento da violência é o surgimento de uma sociedade voltada para o consumo, no entanto, boa parte dessa sociedade é frustrada ao encontra dificuldades de inserção no mercado de trabalho, e consequentemente, impossibilidade de adquirir determinado bem. As causas da violência estão parcialmente ligadas à problemas sociais como miséria, fome, desemprego. Mas nem todos os tipos de criminalidade derivam das condições econômicas. Um estado ineficiente contribui para aumentar a sensação de injustiça e impunidade, que agrava a questão da violência. Muitos filósofos criticam o sistema capitalista por criar “vencedores e perdedores” dentro da sociedade, provocando o conflito de classes e consequentemente a violência, mas, neste trabalho, não convém falarmos sobre as bases econômicas da sociedade. Segundo Rousseau "O homem nasce bom, a sociedade o corrompe”.

DEFINIÇÃO: A Violência é um comportamento que causa intencionalmente dano a outra pessoa ou objeto. Tal comportamento pode invadir a autonomia, integridade física ou psicológica e mesmo a vida de outro, causando intimidação moral. Em uma das suas inúmeras formas, define-se violência como “constrangimento físico ou moral exercido sobre alguém, para obrigá-lo a submeter-se à vontade de outra pessoa, coação”. Mas os especialistas afirmam que o conceito é muito mais amplo e ambíguo. É importante ressaltarmos que a violência não é só na criminalidade, mas também é toda violação física e psíquica contra a natureza de alguém, ignorando

TIPOS DE VIOLÊNCIA: A violência se manifesta de várias maneiras. Na comunidade internacional de direitos humanos, a violência é compreendida como todas as violações dos direitos: civis (vida, propriedade, liberdade de ir e vir, de consciência e de culto); políticos (direito a votar e a ser votado, ter participação política); sociais (habitação, saúde, educação, segurança); econômicos (emprego e salário) e culturais (direito de manter e manifestar sua própria cultura).

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VIOLÊNCIA URBANA

As violências tipificadas como violação da lei penal, como assassinato, seqüestros, roubos e outros tipos de crime contra a pessoa ou contra o patrimônio, formam um conjunto que se convencionou chamar de violência urbana, porque se manifesta principalmente no espaço das grandes cidades.

A violência urbana, no entanto, não compreende apenas os crimes, mas também os efeitos que provocam sobre as pessoas e as regras de convívio na cidade. A violência urbana interfere no tecido social, prejudica a qualidade das relações sociais, corrói a qualidade de vida das pessoas. Assim, os crimes estão relacionados com as contravenções e com as incivilidades.

Gangues urbanas, pichações, depredação do espaço público, o trânsito caótico, as praças malcuidadas, sujeira em período eleitoral compõem o quadro da perda da qualidade de vida. Certamente, o tráfico de drogas, a forma mais visível do crime organizado, acentua esse quadro, sobretudo nas grandes e problemáticas periferias.

Na última década, a violência tem estado presente em nosso dia-a-dia, todos conhecem alguém que sofreu algum tipo de violência. A maioria dos especialistas no assunto afirma que a violência urbana é algo evitável, desde que políticas de segurança pública e social sejam colocadas em ação. É preciso atuar de maneira eficaz tanto em suas causas primárias quanto em seus efeitos. É preciso aliar políticas sociais que reduzam a vulnerabilidade dos moradores das periferias, sobretudo dos jovens, à repressão ao crime organizado.

A violência está presente em nossa sociedade de forma explícita e implícita. Existe violência explícita quando há ruptura de normas ou moral sociais estabelecidas a esse respeito: não é um conceito absoluto, variando entre sociedades. Mas existe também o implícito que se dá de forma mais sutil, e difícil de identificar, mas igualmente impactante para o violentado. Podemos citar como exemplo de violência implícita: O bullying e o assédio moral no trabalho. Esse tipo de violência é gerado pela competitividade presente em nossa sociedade. OS CUSTOS DA VIOLÊNCIA Além de traumas e danos diretos causados às vítimas e familiares e também sobre toda sociedade, a violência atrasa o desenvolvimento de uma população. A violência causa prejuízos sociais e econômicos, além da sensação de medo e insegurança, os custos da criminalidade são enormes para o Estado. Dentre os gastos públicos e privados, podemos listar: o Gastos com segurança pública e privada. o Gastos com seguros. o Gastos com saúde e previdência social. o Aumento dos preços de produtos (que incluem gastos com segurança)

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o Gastos com manutenção do Sistema prisional e com processos. o Perda de capital humano. o Prejuízo ao turismo.

Gastos com segurança pública e privada.

A violência custa caro, tanto para o país como individualmente, porque segurança é um bem desejado por todos, mas cada vez mais escasso. Para garantir este bem, são executados todos os dias dezenas de atos de precaução e adquiridos outros tantos bens no mercado: seguros de toda espécie; cães de guarda; equipamentos eletrônicos; travas; grades e cadeados, etc... Os custos sociais com a segurança privada entre 2000 e 2005 cresceram a uma taxa anual de 3,2. É interessante ainda observar o tamanho do setor informal que representa cerca de 64% do tamanho do setor informal. Em 2004 segundo Cerqueira at.al. (2007) o custo da violência no Brasil foi de R$ 92,2 bilhões, o que representou 5,09% do PIB. Deste total, R$ 28,7 bilhões corresponderam a despesas efetuadas pelo setor público e R$ 60,3 bilhões foram associados aos custos tangíveis e intangíveis arcados pelo setor privado. É interessante observarmos a crescente alocação de recursos pelas famílias e empresas em setores improdutivos (segurança privada), e pelo próprio setor público. Gastos com seguros.

O Grupo de Estudos de Violência do IPEA, com base em informações do Ministério da Fazenda -Superintendência de Seguros Privados, constatou que entre 1995 e 2005, os gastos com seguros apresentaram um crescimento real anual na ordem de 1,39%. Gastos com saúde e previdência social.

Além dos gastos com segurança pública, a violência aumenta os gastos do Estado em saúde, o tratamento das vitimas da criminalidade custa caro para os cofres públicos. O Estado gastou cerca de 3,8 bilhões de reais para tratamento de vitimas de causas externas e quase 206 milhões, para tratamento de vitimas de agressão, isso representa um gasto de mais de 4 bilhões de reais apenas no ano de 2004. Segundo dados da UNESCO: Armas de fogo provocam um custo ao SUS de mais de 200 milhões de reais Aumento dos preços de produtos (que incluem gastos com segurança).

Em relação à oferta, o custo da proteção leva as empresas a aumentarem os preços dos seus bens e serviços, gerando uma diminuição dos negócios, Muitas vezes, chegam até a abandonar determinadas operações e mudar de região, o que impõe custos de desmobilização do capital, que consequentemente é revertido aos consumidores.

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Gastos com manutenção do Sistema prisional e com processos. Segundo o site Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em média 0,13% do PIB brasileiro no período analisado foram destinados aos gastos com a manutenção do sistema prisional. O estada também gasta uma milhões com o andamento de processos de todos os tipos, o grande volume de processos gera sobrecarga nos órgãos públicos, tornando lento o processo decisório, ou julgamento. Perda de capital humano.

Além das milhares de vidas perdidas, e da morbidade física e psicológica, que suscitam perda de produtividade, uma maior taxa de mortalidade juvenil resulta em perda do investimento do capital humano feito pelo pais. Teoria do capital humano: investe-se nas pessoas para que elas possam competir no mercado. Prejuízo ao turismo. Os mesmos autores ainda afirmam que as expectativas negativas geradas pela violência geram uma perda na acumulação de capital físico ocasionadas por mudança de hábitos que inibem o turismo interno e externo, e ainda o consumo de determinados bens e serviços.

Pesquisas de opinião pública revelam que, ao lado do desemprego, a questão da violência aparece entre as maiores inquietações da população. Os dados apresentados mostram a magnitude do problema social da violência no Brasil. Mais de 5% do PIB do país é consumido com os gastos da violência e criminalidade.

Perda de valores. Podemos observar em nossa sociedade, uma mudança de valores, podemos dizer que vivemos em uma sociedade muito competitiva e que é voltada para o consumo. A nossa sociedade, transforma diferenças em desigualdades e passa a tratar a desigualdade de forma natural, A nossa sociedade também é marcada pela discriminação. A competitividade, muitas vezes, nos impede de reconhecer e respeitar a humanidade do outro. Segundo dados do IBGE, publicados em outubro de 20012, “Gastos de famílias com educação recuam; a queda mais acentuada foi registrada nas famílias residentes das áreas urbanas, cujos gastos com educação passaram de 3,5%, em 2003, para 2,6%, em 2009, redução de 25,7%” e ainda “A participação das despesas com educação no gasto total das famílias recuou 24,2% de 2003 a 2009” a maior queda das despesas com educação foi vista nas famílias com filhos.

Capítulo 2-porte construindo a cidadania

No capítulo anterior mostramos como se deu a cultura brasileira e a diferença social presente no nosso país, mostramos os fatores que fizeram com que a nossa sociedade tornasse muito violenta e os prejuízos que isso traz a sociedade.

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Neste capítulo procuraremos mostrar como o esporte e a cultura pode ajudar para que as pessoas passem a ter uma identidade própria dentro da sociedade, e passe a se enxergar como cidadão. Esse capítulo atribuí atenção especial aos jovens, para que o esporte seja elemento de sua formação.

Uma sociedade composta por cidadãos se torna uma sociedade desenvolvida onde existe menor número de violência, menor taxa de homicídios, menor número de desemprego, maior número de pessoas na escola, pessoas interessadas e com valores. O sentimento de inclusão gera motivação para que as pessoas acendam socialmente e a oportunidade gera concretizações de sonhos e perspectiva de vida.

2.1 - Relação com a cidadania

Cidadania é a qualidade ou estado de cidadão, e cidadão é aquele que possui seus direitos civis e políticos que permitem ao indivíduo intervir na direção dos negócios públicos do Estado, participando de modo direto ou indireto na formação do governo e na sua gestão. Todos deveriam ser cidadãos, mas como sabemos no Brasil isso não acontece por muitos motivos, entre eles, pela pobreza, pelo enorme contraste social, por falta de recursos, pela falta de inclusão social, pelo preconceito...

O esporte é um dos caminhos mais curtos e palpáveis para a inclusão social, e os países mais desenvolvidos sabem disso. Entretanto, existem muitos que preferem acreditar e investir em segurança e construir penitenciárias, em vez de olhar para a vontade daqueles que preferem o esporte enquanto elemento fácil e barato para combater a criminalidade, contendo a ociosidade.

O esporte e a cultura não vão acabar com a pobreza e instantaneamente criar cidadãos, mas vão dar oportunidade para milhares de pessoas para despertar interesses, revelar dons e habilidades, para permitir que a educação seja valorizada, para permitir que valores sejam criados, para fazer que pessoas ociosas e vulneráveis á criminalidade, ou pessoas excluídas da sociedade, como o caso de muitos idosos e deficientes, estejam integradas e participem da sociedade ativamente. Essa integração entre as pessoas que ocorre através do esporte, da música, da cultura em geral é a responsável pela consolidação de cidadãos.

Devemos aprender a ser cidadãos e compreender o nosso papel na sociedade, a prática esportiva constrói conceitos de cidadania, colocando em prática regras básicas na vida e no convívio em grupo, como: dar o respeito, ser respeitado e respeitar a si mesmo.

Além da prática esportiva integrar as pessoas, o esporte revela ídolos nacionais, que emocionam e inspiram milhares de pessoas. Durante olimpíadas, campeonatos, copas do mundo, milhares de telespectadores se juntam movidos pela mesma energia para assisti-los e torcer por eles, milhares de pessoas se sentem representadas e se tornam mais patriotas

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durante a época de eventos esportivos, principalmente durante a copa do mundo. Esses ídolos revelados através do esporte são pessoas exemplares muitas vezes não só dentro de sua modalidade esportiva, mas também na maneira em que levam a sua vida pessoal, e esses são exemplos e fontes de inspiração para muitos.

Na imagem acima estão os ídolos Guga Pelé e Ayrton Senna.

Afinal, todos sabem que o Brasil simplesmente para em época de copa do mundo. São muitos os ídolos do futebol, entre eles Ronaldinho, Cafú, Taffarel e Neymar mas o principal deles é o considerado por muitos “O Rei Pelé”, de origem humilde, consegui a façanha de ganhar três das quatro copas do mundo que participou: Suécia em 58, Chile em 62 e no México em 70.

Fora dos campos, o Brasil conhece bem a história de superação de Ayrton Senna, que não era bom piloto na chuva, mas a sua garra e determinação fizeram com que se superasse tornando-se imbatível nas pistas molhadas, e conquistando muitos títulos para o Brasil. Conhecemos também a história de Guga que conquistou um honrável espaço internacionalmente dentro das quadras de tênis, e fora dela constituiu o instituto Guga Kuerten que ajuda crianças e pessoas com deficiência através da educação e do esperte, sua inspiração vem de seu irmão Guilherme Kuerten que era portador de paralisia cerebral.

Não só no futebol, no tênis e no automobilismo, mas em qualquer esporte geram-se ídolos, nas quadras de vôlei, na ginástica olímpica, no basquete, na natação, no atletismo sempre haverá aquelas pessoas em quem nos inspiramos e que servem de exemplo para milhares de crianças que estão no meio esportivo e buscam alcançar algo de importante na vida, aprendendo com o seu esforço é possível evoluir.

O artigo abaixo, retirado do site da SHVO ONG, revela a importância do esporte em um país como o Brasil onde muitos negos e pessoas de baixa renda são considerados incapazes de ascender socialmente. Esses ídolos são exemplos de superação e motivam muitas pessoas, principalmente aquelas que se identificam com ele ou com a sua história de vida, mostrando-os que eles têm sim um espaço na sociedade.

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“O que o esporte tem a ver com cidadania? Tudo. Tudo? Sim, no nosso País, tudo. É só pegar a história recente do esporte e traçar uma comparação com a do povo brasileiro. Andam juntas. Os exemplos são vários, mas vamos aos mais relevantes. No início do século XIX, quando estava começando no Brasil, o futebol era esporte nobre, praticado pela fina flor da sociedade e por ingleses e seus descendentes. Os clubes eram proibidos de inscrever gente pobre em seus elencos, principalmente negros. Para jogar, alguns jogadores esticavam o cabelo com ferro quente e passavam pó-de-arroz na pele para ficarem menos escuros. Daí os torcedores de times aristocráticos, como o Fluminense, serem chamados por esse apelido: “pó-de-arroz”. O Vasco da Gama, clube fundado por portugueses, foi proibido de jogar no campeonato carioca sob alegação de não ter estádio com capacidade suficiente, mas isso era uma desculpa para tirá-lo da competição, já que foi o primeiro time do Rio a incluir negros no seu time. Então, em grande campanha popular, os vascaínos conseguiram dinheiro suficiente para construir o mais estádio do País, São Januário, em 1927, inaugurado em dia de gala contra o poderoso Santos, que sapecou 5 a 3 nos cariocas diante do presidente da República Washington Luís. O que importa é que após esse episódio os negros garantiram gradativamente um espaço maior no nosso futebol. Hoje sua presença é marcante. A maioria dos grandes craques nacionais – Friedenreich, Leônidas, Zizinho, Pelé, Romário, Ronaldinhos, Robinho... – são negros ou de origem negra. Não fosse o futebol, e milhares – por extensão, milhões – de negros não se sentiriam cidadãos em nosso País. Junte os brancos pobres, junte também os outros esportes e verá quantos só passaram a ser considerados cidadãos pelos seus feitos nos campos, nas quadras, pistas, piscinas.”

O esporte como estando em evidência é o foco deste capítulo mas todo os ensinamentos de superação e construção de ídolos é também aplicável para a música e para a cultura. Partindo do princípio de que se realmente almejamos e temos um objetivo na vida, conseguiremos alcançá-lo se nos superarmos e nos dedicarmos a ele.

2.2. - Para as crianças

A prática de esportes para jovens e adolescentes é um direito assegurado pela Constituição, já que essa prática esportiva consegue contribuir para a formação de cidadãos conscientes. Segundo o Art. 227 da constituição Federal, é dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, ao esporte à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.

Portanto toda a criança tem direito á formação segundo a constituição. Formação significa ação de desenvolver as capacidades próprias do ser humano: inteligência, sentido social, consciência social, patriotismo, espírito crítico etc.. É com este sentido que o esporte para crianças e jovens deve ser orientado de forma a fazer convergir os objetivos das práticas esportivas com os objetivos que presidem a educação. Então, a formação esportiva dos jovens deve ser enquadrada corretamente nas finalidades e metas do sistema educativo. É na escola onde as crianças e jovens devem aprender a estudar, a ser, a descobrir e criar, fazer e agir, praticar esportes, viver em conjunto, em equipe, de forma interativa e solidária.

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Com o aparecimento da tecnologia como entretenimento, a nossa sociedade passa por uma mudança no comportamento infantil, muitas crianças estão tendo as brincadeiras ao ar livre trocadas pelos gemes virtuais, o que faz com que elas estejam sendo prematuramente vivendo uma vida adulta e solitária, o que configura no desaparecimento da infância como fase natural da vida humana. Com apoio dos próprios pais, entusiasmados com a perspectiva econômica e devido aos grandes índices de violência urbana, as crianças estão se comportando, vestindo, consumindo, falando e muitas vezes trabalhando como adultos. Até uns 15 anos atrás, a formação generalizada em nosso país era produzida ao “ar livre”, pelas brincadeiras de rua, pelos jogos e pelos espaços disponíveis, desenvolvendo as habilidades fundamentais de corrida, saltos, lançamentos, galopes, além de movimentos de chutar, rebater, rolar, agarrar, amortecer, receber, apoiar, equilibrar, balanças, girar, etc.. Atividades ao ar livre são muito importantes para que a criança conheça seu corpo e suas capacidades motoras, para que ela tenha acesso á natureza e liberdade para movimentar livremente. Quando a criança é privada dessa formação, ela terá dificuldades motoras na vida adulta consequentemente trazendo danos à saúde física e mental do individuo.

Criança subindo em árvore

Portando a vida e experiência infantil está sendo aos poucos banidas pela indústria do entretenimento. Na verdade, a formação por etapas, que se adquire na família, nos livros e nas escolas, foi substituída pelo aprendizado instantâneo e moralmente insensível da televisão. Então, genericamente falando, é possível enxergar apenas dois caminhos para as crianças de baixa renda Brasileiras: O primeiro é ficar enfurnadas dentro de casa entretidas pela televisão ou algum outro meio de entretenimento, para não se expor á más influencias e se preservar da violência, impossibilitando o desenvolvimento motor e o contato com outras crianças, levando uma vida solitária. Isso é muito ruim para o desenvolvimento da criança pois elas podem se transformar em adultos com dificuldades no relacionamento em grupo e dificuldade em realizar atividades físicas, o é prejudicial á saúde. Por um lado as crianças vão para a rua brincar e desenvolver suas habilidades motoras, mas estão vulneráveis á más influências, á criminalidade, estão expostas a drogas o que pode ser um caminho sem volta na vida de muitos.

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Devemos considerar também que muitos Jogos de computadores e videogames assim como muitos programas de televisão e filmes, não são adequados às crianças podendo influenciá-las a aderir um comportamento violento e não propício no convívio em sociedade.

Crianças jogando videogame.

Estima-se, que no Brasil, quase três milhões de crianças participam e competem regularmente em algum tipo de esporte, quantidade esta bem inferior aquela que nem sequer vai à escola e, ainda, inferior a que já está precocemente no mercado de trabalho. Muitos acreditam que o esporte não acrescenta muito na vida das crianças e enxergam que na maioria das vezes é apenas um capricho dos pais que pressionar os seus filhos e impõem suas vontades exigindo que eles sejam exemplares atletas por vaidade própria. Em alguns casos eles estão corretos, mas o esporte ainda sim é fundamental no desenvolvimento psicológico, na estimulação da como cooperação (principalmente em esportes coletivos), motivação, respeito, capacidade de lidar com o sucesso e o fracasso. É preciso então, haver um equilíbrio e um bom senso da parte dos pais para não forçar as crianças a realizar nem uma atividade contra a sua vontade, cabe a eles estimular e tentar buscar a atividade certa para o seu filho. A questão, então, não é se a crianças deve ou não participar, mas sim como essa participação pode ser realizada, tendo como referência sua saúde e o respeito pela sua individualidade biológica. Portanto a participação das crianças no Esporte não pode estar subordinada a interesses que valorizem unicamente o rendimento, pois as crianças têm o direito de participar em um nível compatível com seu desenvolvimento, participar como criança e não como adulto. Mas visto a força social dos esportes no mundo atual, a criança naturalmente irá ter interesse de participar das atividades esportivas, caso isso não aconteça e ela não se identifique com nenhuma atividade física, é importante perceber qual é a sua aptidão e investir nela, seja na arte música e etc. Dessa forma ela terá igualmente uma motivação, integração com a sociedade e um caminho a seguir na sua formação, a única desvantagem seria o não desenvolvimento do condicionamento físico e saúde, mas até a fase adulta é possível despertar esse interesse para alguma atividade física.

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Segundo o Prof. Dr. Valdir J. Barbanti da Escola de Educação Física e Esporte de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo “... se não desenvolvem pré-requisitos para o rendimento esportivo através de exercícios físicos, também não desenvolvem motivação para qualquer treinamento. Aliás, este quadro atual é preocupante do ponto de vista da Saúde Pública.” Nesse trecho, podemos imaginar uma sociedade mais saudável através da valorização da prática de atividades físicas. Além disso, Segundo um estudo holandês, crianças habituadas à prática de atividades físicas têm melhor desempenho na sala de aula. Grande parte das análises desta pesquisa foi realizada nos Estados Unidos, mas países como o Canadá e África do Sul também estão presentes no relatório. As descobertas estão na edição de janeiro da Archives of Pediatrics & Adolescent Medicine. Os estudiosos notaram que o aumento de fluxo de sangue e oxigênio para o cérebro, associados à prática de atividades físicas, podem ter um papel importante no bom desempenho em sala de aula. Eles sugerem que as atividades aumentam o nível de um hormônio responsável por diminuir o estresse e melhorar o humor. Ao mesmo tempo, permitem a criação de novas células nervosas e sinapses mais rápidas. AS CRIANÇAS E AS ESCOLAS PÚBLICAS. Nas escolas públicas, o esporte ganha um papel especial visto a falta de oportunidade que muitas crianças possuem. Se para crianças de classe média ou alta o esporte é importante para que gere integração com as demais e para que desenvolva suas capacidades motoras, para as crianças de baixa renda a prática esportiva é, além disso, a mão amiga, que o leva ao caminho da cidadania. O esporte melhora o rendimento escolar segundo estudos comprovados. E seria a solução para muitas escolas públicas que sofrem de abstenção escolar. Por sinal, sabemos a baixa qualidade do ensino público e a dificuldade que muitas escolas têm em manter os seus alunos e familiares envolvidos no ambiente escolar. O esporte poderia ser o elo entre essas três partes fundamentais para que o conhecimento seja gerado.

Educação é o mais importante na vida escolar das crianças, mas o esporte é um forte aliado da

educação, podendo ser um atrativo, um estimulo, e uma motivação na vida das crianças, os

jovens gostam de colocar seu corpo e energia em movimento, participar de competições e,

acima de tudo, tem objetivos bem definidos em sua vida, passa a ter atitude otimista,

esperançosa em relação ao futuro, aumenta sua autoconfiança e provavelmente se manterá

afastado da violência, das drogas e simultaneamente da criminalidade, se envolvido em

atividades esportivas Pode-se dizer que o esporte é a mão amiga, que levou ao caminho da

cidadania. O primeiro passo para que se respeite o outro é aprender a respeitar a si mesmo e o

esporte tem esse poder.

Esporte é, desde muito cedo, disciplina. Acordar cedo, tomar um bom café da manhã e chegar no horário na aula, dá uma boa dose de responsabilidade à criança. De maneira inconsciente ela acaba transferindo essa disciplina e responsabilidade para outras atividades de sua vida, e aqui

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entra a escola. Estudos já comprovaram a relação existente entre o esporte e o bom desempenho escolar.

É preciso ter em mente que, ao privar as crianças de seus direitos básicos de desenvolverem suas capacidades, estamos negando-lhes a cidadania. Num país em que apenas uma minoria tem acesso à prática regular do Esporte, seria altamente desejável que nossos esforços se concentrassem em oferecer essa prática a todas as crianças. 2.3 - Para os idosos e deficientes. - IDOSOS Muitos sabem que a nossa sociedade está passando por uma inversão da pirâmide etária, ou seja, as taxas de natalidade estão sendo menor do que as taxas de mortalidade, o que significa que a expectativa de vida dos Brasileiros tem aumentado com o passar dos anos no Brasil. Enquanto as famílias estão tendo cada vez menos filhos. O aumento da expectativa de vida é uma boa notícia para a sociedade, pois significa uma melhora no serviço de saúde. Mas é preciso envelhecer com saúde.

A imagem mostra a pirâmide etária Brasileira de 1970 e de 2000.

Envelhecer com saúde é muito importante, continuar ativo e integrado na sociedade é importante para o físico e para o psicológico dos idosos. Além disso, praticando exercícios os idosos terão a saúde mais estável, dependendo cada vez menos das grandes listas de

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medicamento. O que consequentemente é ótimo para a saúde pública que ficará menos sobrecarregada, evitando gastos desnecessários com remédios oferecidos gratuitamente para população ou consultas, podendo oferecer um serviço de saúde melhor e mais qualificado. Portanto o esporte previne doenças e consequentemente, diminui os gastos com a saúde.

O envelhecimento fisiológico não acompanha necessariamente a idade cronológica, pois isto varia de pessoa para pessoa, levando em conta muitos fatores, mas principalmente o estilo de vida de cada um.

Há pessoas de 60 anos com um condicionamento físico e qualidade de vida melhor do que algumas de 30 anos. O sedentarismo é sem dúvida, um poderoso inimigo para quem deseja uma vida saudável e a longevidade.

O exercício físico é, com certeza um grande aliado e pode prevenir e retardar este processo de envelhecimento. Assim, sendo, principalmente os idosos devem se manter ativos visando principalmente:

Aumento da autonomia e sensação de bem-estar Aumento da força muscular Manutenção ou melhora da flexibilidade Maior coordenação motora e equilíbrio Maior sociabilidade Controle do peso corporal Diminuição da ansiedade e depressão Maior independência pessoal Ajuda no tratamento e prevenção de doenças, entre outros. Portanto, no caso do idoso, não existe um exercício físico ideal, mas sim objetivos a serem alcançados: 1- Fortalecimento muscular: Melhora a postura, a velocidade de andar, diminui a depressão, melhora o equilíbrio, previne a osteoporose (perda de massa óssea), diminui dores nas articulações e aumenta o apetite. 2- Flexibilidade: Melhora a postura e o equilíbrio evitando as perigosas quedas, e evuta contraturas articulares, que é uma das causas de dores na terceira idade 3- Atividade cárdio respiratória (aeróbicas): Reduz em 40% riscos de ataques cardíacos, reduz níveis do colesterol e aumenta o HDL, perda do peso evitando a obesidade, aumento da absorção de Cálcio diminuindo as chances de osteoporose, controle de doenças como diabetes e hipertensão, aumento do metabolismo. Hidroginástica, aulas de dança, corridas e caminhadas, musculação, alongamentos, pilates e yoga, são alguns dos esportes mais praticados pela terceira idade. É importante destacar que a hidroginástica as três atividades anteriores (força, flexibilidade e aeróbica) e graças a água não é uma atividade com impacto.

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O esporte além de trazer melhora da saúde física, trás melhora na saúde psicológica do idoso, pois normalmente as atividades são realizadas coletivamente o que significa um excelente trabalho psicossocial, visto que o idoso tende a se isolar da sociedade e do convívio com amigos pois se sente sem utilidade e sem valor para a sociedade. Portanto, coma a realização da atividade junto com outros idosos e mediante o acompanhamento de um profissional, a atividade física para os idosos é completamente segura, não gera lesões, pelo contrário, só contribui para que o idoso tenha mais motivação, saúde, bem estar e longevidade. Mais o principal é que através da atividade física o idoso se torna mais ativo, se sentindo integrado novamente na sociedade e portanto se sintam mais cidadãos. - DEFICIENTES Conforme ressaltado inúmeras vezes nesse capítulo o esporte possui forte poder de integração, e no caso dos deficientes físicos o esporte é uma importante via para que essa integração com a sociedade aconteça. Praticar esporte é uma forma de esses indivíduos redescobrirem a vida, ampliando seus horizontes. Previne as enfermidades secundárias à deficiência e ainda promove a integração social, levando o indivíduo a descobrir que é possível, apesar das limitações físicas, ter uma vida normal e saudável. Não importa se o atleta tem como objetivo jogar profissionalmente ou de forma amadora. O importante é procurar uma modalidade esportiva que se adeque as sua condições e limites.

Assim como para os idosos e para as crianças, para os deficientes o esporte também trás benefícios físicos e psíquicos. Físicos como: Agilidade, equilíbrio, força muscular, coordenação motora, resistência física, melhora das condições organo-funcional e psíquicos como Melhora da auto-estima, aumenta a integração social, redução da agressividade, estímulo à independência e autonomia, experiência com as possibilidades, potencialidades e limitações, vivência de situações de sucesso e de frustração, motivação para atividades futuras,

Se você já assistiu a alguma paraolimpíadas, com certeza se surpreendeu com a qualidade daqueles atletas. Você viu como os corredores e os nadadores são rápidos? Como os jogadores são habilidosos? Pois é. O esporte está fazendo com que essas pessoas sejam admiradas e deixem de merecer apenas a nossa piedade e passam a adquirir a nossa admiração. Todos eles possuem uma história de superação para contar.

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Paraolimpíadas de 2012- Londres. Atletismo.

Cidadania tem a ver com respeito. Assim, quando o esporte torna pobres, pretos e portadores de deficiência física admirados, dá a eles possibilidades concretas de ascensão social, está contribuindo para a plena cidadania. Se conseguirmos inserir o esporte na vida de todas as pessoas, obviamente respeitando a sua vontade e seus limites, e encontrando a atividade esportiva ideal para cada pessoa. Estaremos deixando no mundo pessoas mais saudáveis, dispostas e de bem com a vida.

Capítulo 3- O Brasil e o esporte. No capítulo anterior, vimos que o esporte é fundamental na vida de qualquer pessoa, que o esporte além de ser saúde é também integração, vimos também que os atletas de alto nível acabam, muitas vezes, se tornando ídolos e exemplos para muitas pessoas. E vimos como tudo isso está relacionado com a cidadania.

3.1 - O espaço do esporte no Brasil. O esporte é admirado pelos brasileiros e ocupa importante parte na vida de muitos. Ele é um forte integrante da cultura Brasileira, principalmente o futebol, que como todos sabem, já faz parte da identidade dos brasileiros. Mas ainda sim, muitas modalidades esportivas são simplesmente esquecidas e acabam se tornando inacessíveis para muitas pessoas. A atenção que é dada ao futebol é importante para a modalidade e também para o Brasil que construiu nas ultimas décadas um importante espaço internacional e conquistou o reconhecimento de muitas outras federações. Mas investir apenas no futebol não é investimento suficiente para o esporte, o esporte está ligado a diversidade e destinar os recursos (que já são limitados) somente nessa via, não trará o mesmo resultado. Também por influência da mídia e pela posição do Brasil como o país que coleciona mais número de títulos em copas do mundo essa preferência acaba sendo descarada. Os salários são BEM maiores dos que o de outras modalidades, o acompanhamento da mídia é mais intenso, os patrocínios são melhores, enfim, o futebol oferece todos os recursos necessários para que um atleta de bom rendimento possa construir uma carreira no esporte e, quem sabe, futuramente, trazer muitos títulos para o nosso país e inspirar outras milhões de pessoas.

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Segundo uma reportagem da Record presente no R7 e publicada no dia 05/01/2010, muitos atletas de alto rendimento e com capacidade de conquistar títulos olímpicos, acabam abandonando o esporte por falta de apoio e de patrocínio. Muitos atletas largam a sua carreira esportiva para se tornarem personal trainers, outros muitos preferem trocar as incertezas do esporte por um diploma, muitos precisam conciliar trabalho, estudo, e os treinamentos intensos o que acaba sendo inviável e gera desestímulo para que continuem treinando. Em depoimento pra a reportagem, Natália Pulici, ex jogadora de basquete que conquistou a medalha de prata no campeonato mundial sub 21, afirma ter largado o esporte para trabalhar em um SPA como personal trainer, a ex atleta ainda conta que logo depois desta conquista ela e mais cinco atletas do seu time abandonaram o esporte, ela afirma que uma das principais causas foi a falta de investimento no basquete. Por isso são necessários projetos de formação de atletas, que irá fornecê-los todos os instrumentos necessários para a realização da sua modalidade, estrutura e patrocínios para continuar mantendo-os motivados a continuar no esporte. No Distrito Federal foi criado o projeto Centros Olímpicos- Celeiro de Atletas desenvolvido nos nove centros olímpicos do DF. Com o intuito de formar esportistas de alto rendimento, o Governo do Distrito Federal desenvolve o projeto, coordenado pela ex-jogadora de vôlei Ricarda Lima, que conquistou medalha de bronze nas olimpíadas de 2000 a jogadora diz “Eu amo o programa e ter a oportunidade de ver os alunos iniciarem um sonho”.

O projeto conta com a estrutura de nove centros olímpicos no Distrito Federal. Segundo Ricarda, cerca de 30 mil pessoas participam de atividades esportivas nas unidades, a partir de 4 anos de idade. A ex-jogadora fala ainda no programa de rádio sobre a parceria entre o GDF e o Instituto Joaquim Cruz voltada ao atletismo. Segundo Ricarda, 1,5 mil candidatos se inscreveram na peneira seletiva. Mas infelizmente, projetos como esse não costumam atingir a todos que possuem capacidade de estarem lá, por falta de recursos e vagas. Até mesmo no nível mais básico, enxergando ainda o esporte como elemento essencial da educação, muitas escolas públicas não oferecem á comunidade alguns instrumentos básicos para a prática esportiva. Se compararmos as escolas públicas brasileiras com as escolas públicas dos Estados Unidos, por exemplo, a comparação fica vergonhosa para o Brasil. Nos Estados Unidos além das crianças, na maioria dos casos, gozarem de um excelente ensino sendo compatíveis com as instituições privadas, elas desfrutam de excelentes espaços de infra-estruturar para práticas esportivas, ginásios bem equipados e campos de futebol americano com espaço para a realização de atletismo além de muitas possuírem também campo para a prática de baseball.

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Infra-estrutura disponível aos alunos de escolas públicas norte americanas. O Brasil sofre com a falta de estrutura das escolas públicas e falta de áreas de lazer disponíveis para práticas esportivas, falta de patrocínio e incentivo para os atletas de alto rendimento o que impede que o esporte seja o centro de suas vidas, gerando incertezas em relação ao futuro e fazendo com que os mesmos abandonem o esporte. Portanto apesar do esporte fazer parte dos costumes brasileiros, o Brasil não possui a tradição de investir no esporte, apenas no futebol e olhe lá, mas com os eventos esportivos que serão sediados no Brasil, esse quadro está sofrendo algumas mudanças. Recentemente, estão sendo constituídos inúmeros novos projetos de inserção esportiva gerando assim a possibilidade de milhares de pessoas terem acesso ao esporte e possibilitando-os conhecer e praticar novas modalidades esportivas que antes eram inviáveis.

3.2 - Investimentos no esporte. Como vimos anteriormente o Brasil não têm dado a atenção devida ao esporte. Até os anos 90 não existiam incentivos á prática do esporte, A partir desse século é que a importância da prática esportiva começou a receber mais atenção. O governo Federal junto com o ministério do esporte tem lançado alguns importantes projetos para incentivar o esporte. Alguns deles estão representados no slogans abaixo:

Projeto segundo tempo: tem por objetivo democratizar o acesso a prática e à cultura do Esporte de forma a promover o desenvolvimento integral de crianças, adolescentes e jovens,

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como fator de formação da cidadania e melhoria da qualidade de vida, prioritariamente em áreas de vulnerabilidade social. Pintando a Cidadania: A ação envolve pessoas em situação de risco social em fábricas de material esportivo. O programa objetiva a inclusão social de pessoas residentes em comunidades carentes e o ingresso dos mesmos no mercado de trabalho. Os rendimentos são divididos conforme a produção. O material feito nas fábricas dos dois programas (bolas, bolsas, redes, camisetas, bonés e bandeiras) é utilizado pelo Ministério do Esporte para a distribuição em núcleos dos programas Segundo Tempo e Esporte e Lazer na Cidade e em escolas e entidades sociais de todo o país e do exterior. Projeto Esporte e Lazer da cidade: O projeto possui como objetivo central a ampliação e democratização à prática e ao conhecimento do esporte recreativo e de lazer, favorecendo o desenvolvimento humano e a inclusão social. O PELC proporciona a prática de atividades físicas, culturais e de lazer á todas as faixas etárias e as pessoas portadoras de deficiência, estimulando a convivência social. São três os eixos centrais do PELC:

1. Implantação e Desenvolvimento de Núcleos de Esporte Recreativo e de Lazer, nas diversas regiões do Brasil, com o objetivo de garantir o direito ao acesso de qualidade ao lazer e ao esporte.

2. Formação Continuada: Ação educativa continuada de gestores, agentes sociais, lideranças comunitárias, pesquisadores, legisladores e demais parceiros.

3. Implantação e Modernização de Infra-Estrutura para Esporte Educacional, Recreativo e de Lazer, que prevê a construção e reforma de equipamentos, ação executada pela Secretaria Executiva do Ministério do Esporte. Pintando a Liberdade: O programa promove a ressocialização de internos do Sistema Penitenciário por meio da fabricação de materiais esportivos. Além da profissionalização, os detentos reduzem um dia da pena para cada três dias trabalhados e recebem salário de acordo com a produção. Bolsa atleta: O Bolsa Atleta foi criado em 2005 pela Secretaria de Esporte para garantir ao desportista ajuda mensal para custear os treinamentos no DF sem precisar mudar para outros estados. O programa atende atletas em 16 modalidades olímpicas: atletismo, basquete, ciclismo, ginástica olímpica, ginástica rítmica, handebol, hipismo, iatismo, judô, natação, saltos ornamentais, taekwondo, tênis de mesa, tênis de quadra, triatlo e vôlei. Atletas de alto rendimento que não possuem patrocínio e condições para se dedicarem exclusivamente ao esporte são o alvo do Programa Bolsa-Atleta. Através dele, o governo repassa uma contribuição mensal, que varia de acordo com os resultados obtidos pelo atleta.

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Em contrapartida, o beneficiado deve cumprir pré-requisitos, como estar matriculado em instituições de ensino, participar de competições, ter vínculo com entidades esportivas e comprovar participação em treinamentos. Os valores repassados são de R$ 300 para o nível estudantil, R$ 750 para o nacional, R$ 1,5 mil para o internacional e R$ 2,5 mil para categoria olímpica e Paraolímpicas O Bolsa- Atleta tornou-se o maior programa de patrocínio individual de atletas no mundo. Já beneficiou aproximadamente 14mil esportistas, com investimento que somaram R$ 224,2 milhões. Em 2011, 3.643 atletas foram contemplados, e o investimento chegou a R$ 52 milhões.

Em março de 2011, com a nova lei nº 12.395, foi adicionado a esse projeto o o Programa Bolsa-Pódio e cria a Bolsa-Técnico, que pagarão, respectivamente, até R$ 15 mil e até R$ 10 mil mensais. Os beneficiados do Pódio serão atletas de modalidades individuais que, entre outros critérios, estejam situados entre os 20 melhores do ranking mundial e com reais chances de medalhas, além de seus treinadores e equipe multidisciplinar (preparador físico, nutricionista, atleta-guia etc.).

As demais categorias do Bolsa-Atleta (Estudantil, de Base, Nacional, Internacional e Olímpica/Paralímpica) serão mantidas com os critérios atuais e dentro do orçamento regular do Ministério do Esporte.

Lei de incentivo ao esporte: Lei de incentivo ao Esporte que tornou-se um importante instrumento ao setor. Essa lei estimula pessoas e empresas a patrocinar e fazer doações para projetos esportivos e paradesportivos, em troca de incentivos fiscais. Esse projeto significou uma grande conquista para o mundo do esporte que vinha sofrendo com a falta de incentivos. Para as pessoas físicas, o desconto pode chegar a 6% no valor do Imposto de Renda. Cabe então ao contribuinte decidir se quer usá-lo em sua totalidade no incentivo ao esporte. Já para pessoa jurídica tributada com base no lucro real, multinacionais, conglomerados dos setores bancário, industrial, de transporte aéreo e empresas de telecomunicações, o desconto é de até 1% sobre o imposto devido. Os interessados em participar devem apresentar os projetos à comissão técnica do programa, composta por representantes do Ministério do Esporte e Conselho Nacional do Esporte. 3.2.1 - PLANOS DE INVESTIMENTO PARA A COPA DO MUNDO BRASIL 2014 E JOGOS

OLÍMPICOS E PARAOLÍMPICOS 2016. Nos próximos anos o Brasil irá ser país sede dos dois mais importantes eventos esportivos: A copa do mundo 2014 e a olimpíadas de 2016, essa conquista só foi alcançada graças ao crescimento econômico do nosso país e graças ao fato do país estar em evidência, o espaço que

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o futebol ocupa na cultura brasileira, foi também, um grande influente para essa posição de evidência. A escolha do Brasil como país sede desses dois eventos esportivos, trouxe grandes expectativas para os brasileiros, pois requer investimentos de infra estrutura e faz com que muito dinheiro entre no país. Aí está uma excelente oportunidade para fazer com que mais pessoas tenham acesso ao esporte, e fazer com que o esporte seja o diferencial na vida de muitas pessoas, e não podemos desperdiçá-la.

Durante as últimas olimpíadas em Londres, a presidente Dilma manifestou interesse de incentivar os esportes individuais, principalmente, a fim de aumentar a posição do Brasil no ranking de medalhas. Em entrevista á BBC Brasil a presidente afirma ''Acho que o Brasil precisa incentivar o esporte no nascedouro, nas escolas, onde estão as crianças e adolescentes.'' e ainda firmou: ''A Olimpíada e a Copa do Mundo têm um papel importante, não só do ponto de vista econômico, que a gente fala muito, mas sobretudo como forma de ampliar no Brasil a presença do esporte nas faixas de população que vão garantir a medalha do futuro.'' Em setembro de 2012- O esporte olímpico e paraolímpico brasileiro ganha uma série de medidas para o desenvolvimento de modalidades visando aos Jogos Rio 2016. O plano Brasil Medalhas 2016, lançado pela presidenta Dilma Rousseff e pelo ministro do Esporte, Aldo Rebelo, tem como objetivo colocar o Brasil entre os 10 primeiros países nos Jogos Olímpicos e entre os cinco primeiros nos Jogos Paraolímpicos do Rio de Janeiro, em 2016. O presidente da CBB, Carlos Nunes, esteve presente no evento ao lado dos jogadores da Seleção Brasileira de Basquete, Guilherme Giovannoni, Alex Garcia e Wellington dos Santos 'Nezinho'. Será aportado R$ 1 bilhão a mais de investimentos públicos federais no próximo ciclo olímpico, entre 2013 e 2016. Desse R$ 1 bilhão, dois terços virão do Orçamento Geral da União (OGU) e um terço de investimentos de empresas estatais. Esses recursos são novos, ou seja, adicionais em relação ao orçamento usual do Ministério do Esporte para o alto rendimento e a fontes de financiamento como a Lei Agnelo/Piva e a Lei de Incentivo ao Esporte. O Ministério do Esporte priorizará os investimentos nas modalidades com mais chances de obter medalhas. Foram escolhidas 21 olímpicas e 15 paralímpicas. A estratégia é obter, paralelamente, crescimento intensivo e extensivo no desempenho esportivo. Isso significa

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conquistar mais medalhas nas modalidades que já as obtiveram e chegar ao pódio nas que ainda não conseguiram. O Brasil Medalhas também contempla recursos para aquisição de equipamento esportivo (até R$ 20 mil por atleta) e apoio a treinamento e competições de atletas no Brasil e no exterior, por meio do pagamento de custos com diárias e passagens. NOVOS EMPREGOS GERADOS Além dos benefícios trazidos com os investimentos no esporte, a copa do mundo e olimpíadas oferecem uma excelentes oportunidades de trabalho. Os hotéis, restaurantes taxis, o setor do turismo, organizações de eventos terá que melhorar a estrutura e contratar mais funcionários para conseguir servir devidamente os turistas. Ou seja, toda uma estrutura gigantesca deverá ser, ou melhor, já está sendo, montada dês de já para que o país possa estar preparado para assediar um evento de tamanha magnitude. Tais eventos esportivos impactam positivamente o mercado de trabalho e oportunidades de emprego já tem surgido. Profissionais de nível técnico são cada vez mais valorizados e a mão de obra qualificada se torna requisito fundamental para uma colocação. Por conta disso, empresas em parceria com o governo, disponibilizam vagas em aproximadamente 350 cursos nas áreas: administrativa, financeira, de serviços e teleatendimento, cadastrados e validados pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), ativos em vários municípios do país. Os setores de construção civil, hotelaria, turismo, petróleo e gás também estão em alta, no entanto, o mercado exige que os profissionais estejam aptos a ingressar em uma grande empresa. O setor de serviços, segundo dados do Ministério do Trabalho, cria em média 743 novos postos de trabalho por dia. Este foi o setor que mais criou empregos com carteira assinada na Grande São Paulo, no primeiro semestre de 2011. Foram registradas 112.178 vagas neste período, 63% do total dos novos empregos na região. Por conta dos preparativos para a Copa de 2014, o mercado está aquecido e as contratações para o setor hoteleiro também crescem a cada dia. Seja com especialização nos serviços de hospedagem, como também nos de copa e cozinha. Outra área do setor de serviços que está em alta é a de conservação e limpeza, para atuar em hotéis e estádios. Bom, o que não faltam são projetos visando a melhoria e a inserção de práticas esportivas na vida dos Brasileiros, a questão é, se todos esses projetos estão sendo eficientes e atingindo um expressivo numero de pessoas. Pois afinal, sabemos que o Brasil é um pais onde muito se fala e pouco se faz. AÇÕES DE INICIATIVAS PRIVADAS BASEADAS NA LEI DE INCENTIVO AO ESPORTE Baseada na lei federal de incentivo ao esporte, a Petrobrás lançou em 2011 o programa Petrobrás esporte e cidadania cuja objetivo do projeto é selecionar projetos Esportivos Educacionais. Em dois anos foram destinados 30 milhões de reais a tais projetos, dentro do

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regulamento do programa, as ações do projeto deveria incluir o a acompanhamento do rendimento escolar dos jovens priorizando aqueles que estão em situação de risco social. Mais uma empresa que efetua importantes investimentos no esporte é a CAIXA. A instituição patrocina três confederações esportivas, atletismo, ginástica e luta, além de ser uma das únicas a apoiar o esporte paraolímpico brasileiro. Atualmente a Caixa Econômica Federal investe em quatro modalidades de esporte: o atletismo, a ginástica, a luta olímpica e o paraolimpismo. A CAIXA investe fortemente no atletismo, devido à facilidade de ser praticado e seu alto potencial como fator de inclusão social e recuperação de jovens em situação de risco. São projetos que beneficiam crianças carentes. Dentre os projetos que contam com o apoio da CAIXA, O Projeto Atletismo Londrina além de formar e manter uma equipe competitiva para participar dos principais eventos da Confederação Brasileira de Atletismo e do Comitê Olímpico Brasileiro, atende crianças carentes do município, em quatro pólos esportivos, com atividades de atletismo. São beneficiados 20 atletas profissionais e outros 350 em centros apropriados na Universidade Estadual de Londrina - UEL, com custeio, transporte gratuito, distribuição de cestas básicas e acompanhamento de professores e técnicos. Os projetos e programas de apoio à formação de atletas e treinadores foram complementados com ações direcionadas a descoberta de novos talentos, formação de um calendário esportivo consistente e apoio a ex-atletas, heróis olímpicos, que atuam em parceria com a CAIXA na disseminação do esporte. Muitas outras empresas privadas também investem no esporte graças aos incentivos do governo, entre elas a Nissan, Claro Bradesco, Embratel, sendo os patrocinadores oficiais dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016, as empresas apoiaram a candidatura do Rio para sede do evento. 3.3. - Projetos sociais existentes. Além dos dois projetos sociais mencionados anteriormente, o projeto da Petrobrás e o projeto da CAIXA que investem para que o esporte esteja presente na vida de milhares de crianças de classes desfavorecidas, oferecendo-as oportunidades para um futuro melhor. Existem outros projetos desenvolvidos por ONGs e entidades sem fins lucrativos espalhados pelo Brasil. Sabemos que nas últimas décadas o esporte recebeu muito mais atenção, aumentaram não só os incentivos do governo mais também os investimentos de projetos sociais. Escolhemos para esse trabalho duas entidades que foram criadas de acordo com a vontade de dois

importantes ídolos no esporte, são instituições filantrópicas sem nenhum fim lucrativo que

visão investir no esporte e nas crianças de baixa renda. Como exemplo dessas instituições

podemos falar do Instituto Guga Kuerten e do Instituto Ayrton Senna. -Instituto Guga Kuerten (IGK):

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Como já mencionado neste trabalho, o instituto Guga Kuerten tem realizado importantes obras sociais. O Istituto Guga Kuerten foi lançado oficialmente no dia 17 de agosto de 2000, e está crescendo aos poucos de forma planejada. O IGK é uma associação civil sem fins lucrativos, com sede na cidade de Florianópolis (SC). Seus objetivos são exclusivamente educacionais, esportivos e sociais, de caráter filantrópico. O Instituto Guga Kuerten (IGK) surgiu como uma forma de organizar e ampliar o envolvimento da família de Guga em ações sociais. Com o sucesso do tenista brasileiro e suas vitórias, a família Kuerten pôde exercitar cada vez mais sua responsabilidade social, mobilizando esforços, recursos e estabelecendo parcerias para o desenvolvimento de novas ações sociais. O IGK possui duas áreas de atuações que servem como norteador para desenvolver seus projetos: Esporte: Tendo o esporte como um de seus focos de ação, o objetivo do IGK nesta área é usar a prática esportiva como forma de desenvolvimento, educação e inclusão de crianças e adolescentes de camadas menos favorecidas à sociedade. "A questão não é a falta de potencial mas, sim, viabilizar que as pessoas tenham condições de acesso ao esporte" afirma Alice Kuerten. Através dos espaços educativos complementares à escola o IGK pretende contribuir para a formação pessoal e social de crianças e adolescentes, bem como, para o futuro do país. O IGK acredita, que para um trabalho integral com crianças e adolescentes, não podemos implementar o esporte apenas como habilidade física e recreativa, devemos acrescentar-lhe a função educacional, incluindo elementos culturais, sociais, comunitários e afetivos. Além disso, o esporte está sendo visto hoje como um processo de sucesso na busca da inclusão social, contribuindo com o desenvolvimento físico e motor, identificando responsabilidade, autoconfiança e integração no trabalho em grupo. Para o IGK, o importante é que o esporte não seja abordado somente pelo lado competitivo. "O tênis, por exemplo, ajuda a criança a desenvolver a concentração, o respeito ao colega, ao professor, a ser disciplinada, tudo isso mesmo sendo um esporte individual. O esporte tem que ser um complemento do estudo", afirma Rafael Kuerten. Pessoas com deficiência: O instituto tem como objetivo o desenvolvimento de projetos e ações para construir uma sociedade mais justa e inclusiva. Para isso são realizadas ações nas áreas de educação, saúde, assistência social, jurídica e outras atividades conforme a demanda e a realidade de cada APAE. Em Santa Catarina (estado em que estão centradas as ações do IGK, que têm como foco integrar à sociedade a pessoas com deficiência) São 184 instituições de Educação Especial, que atendem 13.850 educandos matriculados em 166 municípios. Os tipos de deficiência tratados são surdez, surdez e cegueira, baixa visão, deficiência física, mental e múltipla, atraso no desenvolvimento neuropsicomotos, distúrbio de linguagem, portadores de condutas típicas e superdotados.

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Para realização dos atendimentos e funcionamento das entidades que trabalham com Pessoas Portadoras de necessidades Especiais, atuam 405 pessoas na área administrativa, 775 no apoio, 1774 decentes (professores) e 1078 na área técnica, totalizando 4002 funcionários. O instituto frisa os dados da organização mundial de saúde, no Brasil cerca de 10% da população possuem algum tipo de deficiência, o que representam 16,5 milhões de portadores de deficiência na luta pela conquista de seus direitos e da cidadania.

-Instituto Ayrton Senna.

O Instituto Ayrton Senna é uma organização sem fins lucrativos que pesquisa e produz conhecimentos para melhorar a qualidade da educação, em larga escala.

Fundado em 1994, por desejo do tricampeão de Fórmula 1 Ayrton Senna, o Instituto trabalha para desenvolver o potencial das novas gerações, ajudando estudantes a ter sucesso na escola e a ser cidadãos capazes de responder às exigências profissionais, econômicas, culturais e políticas do século 21.

Anualmente o Instituto Ayrton Senna capacita 60 mil educadores e seus programas beneficiam diretamente cerca de 2 milhões de alunos em mais de 1.300 municípios nas diversas regiões do Brasil.

Financiado com recursos próprios, de doações e de parcerias com a iniciativa privada, o Instituto dispõe às administrações públicas, gratuitamente, serviços de gestão do processo educacional que incluem diagnóstico e planejamento, formação de gestores e educadores, desenvolvimento de soluções pedagógicas e tecnológicas inovadoras, tudo articulado de forma a promover uma educação integral para o pleno desenvolvimento de crianças e jovens em suas múltiplas competências.

Os resultados impactantes de suas tecnologias e práticas bem sucedidas fazem do Instituto uma referência para a elaboração de políticas públicas.

Pela reconhecida produção e disseminação de conhecimentos e soluções para o desenvolvimento humano, o Instituto Ayrton Senna integra, desde 2004, a rede de Cátedras

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UNESCO no mundo, e colabora diretamente para que o Brasil possa atingir as metas propostas pela ONU para prover educação básica de qualidade a todas as crianças e a todos os jovens até 2015.

CONCLUSÃO

O Brasil durante a última década demonstrou grande desenvolvimento social de acordo com os números estatísticos mostrados no capítulo 1, mas mesmo assim a diferença social e a pobreza ainda sim são muito intensas na nossa população e está muito atrás dos números dos países desenvolvidos.

Junto com essa melhora no desenvolvimento econômico, na última década, ocorreu o início do investimento e incentivo ao esporte através das medidas adotadas pelo ministério do esporte, sendo possível associar o desenvolvimento econômico com a possibilidade de criar tais projetos e á melhora na integração social brasileira.

Como vimos, o esporte é muito mais do que saúde é superação, integração, cooperação, respeito, disciplina, estímulo, oportunidades, exemplos além de representar melhora da qualidade de vida e consequentemente na longevidade. Como visto, o esporte transmite valores básicos do convívio em grupo o que está diretamente relacionado com a cidadania. Portanto ele deve estar presente não só para as crianças mas também idosos, adultos, portadores de deficiência, enfim, para todos, assim como a democracia.

É importante que não desperdicemos a oportunidade que a copa do mundo e as olimpíadas estão nos oferecendo para que investimentos sejam realizados no esporte Brasileiro. Com o investimento no esporte associado a educação estaremos dando oportunidades de ascensão social para milhares de jovens, diminuindo o número de pessoas ociosas e consequentemente diminuindo os índices de violência no Brasil. Com maior investimento no esporte estaremos além de uma geração mais saudável, uma geração com valores e com possibilidades reais de ascensão social.

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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

Sites: http://pt.wikipedia.org/wiki/Cultura_do_Brasil http://www.brasilescola.com/brasil/imigracao-no-brasil.htm http://www.alunosonline.com.br/historia-do-brasil/herancas-culturais-indigenas.html - http://www.brasilescola.com/brasil/imigracao-no-brasil.htm http://www.brasilescola.com/sociologia/classes-sociais.htm http://www.infoescola.com/sociologia/desigualdade-social/ http://pitecosdabel.blogspot.com.br/2009/08/situacao-social-no-brasil.html http://www2.forumseguranca.org.br/node/22976 http://www.gazetadopovo.com.br/ensino/conteudo.phtml?id=1297235&tit=Gastos-de-familias-com-educacao-recuam-mostra-IBGE

http://cyberdiet.terra.com.br/atividades-fisicas-para-portadores-de-deficiencia-3-1-2-524.html http://pt.shvoong.com/humanities/1669875-esporte-cidadania-brasil/ http://pt.shvoong.com/humanities/1669875-esporte-cidadania-brasil/ http://www.eeferp.usp.br/paginas/docentes/Valdir/Esporte%20como%20construcao%20da%20cidadania.pdf http://www.jornalpequeno.com.br/2007/1/3/Pagina48286.htm http://www.brasil.gov.br/sobre/esporte/programas-de-incentivo/lei-de-incentivo-ao-esporte http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2012/07/120727_dilma_medalhas_bg.shtml http://www.igk.org.br/

-Vídeo do Youtube: http://www.youtube.com/watch?v=e56gaJwr5AI&playnext=1&list=PLA2C931600A52DCCE&feature=results_main -Filme Coach Carter.

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PONTÍFICIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO

PAULO

Faculdade de Economia, Administração,

Contabilidade e Atuariais.

FONTES ALTERNATIVAS DE ENERGIA

Aluno: Henrique Ambrósio Fernandez

Prof. Arnoldo José de Hoyos Guevara

2° Semestre 2012

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 3

CAPÍTULO I – APRESENTAÇÃO GERAL ......................................................... 4

1.1 – O QUE SÃO AS FONTES ALTERNATIVAS DE ENERGIA . 4

1.1.1 – AS FONTES DE ENERGIA (RENOVÁVEI

E NÃO RENOVÁVEIS) ................................................. 5

1.2 – ENERGIA E MEIO AMBIENTE .................................................... 9

1.3 - IMPLANTAÇÃO ................................................................................ 11

CAPÍTULO II – ENERGIA NO BRASIL .............................................................. 14

2.1 – PRICIPAIS FONTES ALTERNATIVAS USADAS

NO BRASIL .................................................................................... 14

2.1.1 – USINAS HIDRELÉTRICAS DE ITAIPU .............................. 14

2.1. 2 – PARQUE EÓLICO DE OSÓRIO ....................................... 16

2.1.3 – PARQUE DE BARIGUI ..................................................... 18

CAPÍTULO III – PROJETO E CONSCIENTIZAÇÃO .......................................... 19

3.1 – RIO+20 .............................................................................................. 19

3.2 – PROJETOS INOVADORES NO MUNDO ..................................... 22

3.2.1 – ENERGIA VIRAL: ELETRICIDADE É GERADA

POR VÍRUS ........................................................................ 22

3.2.2 - TECIDO TERMOELÉTRICO TRANSFORMA CALOR

DO CORPO EM ELETRICIDADE .................................... 24

3.2.3 – NANO GERADOR GERA ELETRICIDADE A PARTIR

DA RESPIRAÇÃO ............................................................. 25

CONCLUSÃO ...................................................................................................... 26

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ....................................................................... 27

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INTRODUÇÃO

A enorme participação das fontes não renováveis na oferta mundial de energia coloca a sociedade

diante de um desafio: a busca por fontes alternativas de energia. E isso não pode demorar a ocorrer,

sob o risco de o mundo, literalmente, entrar em colapso, pelo menos se for mantido o atual modelo

de vida, em que o petróleo tem uma importância vital.

Há diversas fontes alternativas disponíveis, havendo a necessidade de um maior desenvolvimento

tecnológico para que possam ser economicamente rentáveis e, consequentemente, utilizadas em

maior escala. Entre elas, destacam-se: o sol, o álcool, o vento, o calor da terra, o carvão vegetal e o

biogás.

CAPITULO I - Apresentação Geral

1.1 O que são as fontes alternativas de energia.

O consumo crescente e o impacto ambiental e social causados pelas fontes de energia

tradicionais levam o governo e a sociedade a pensar em novas alternativas para geração de

energia elétrica.

90% da energia elétrica produzida no Brasil são geradas em grandes usinas hidrelétricas, o

que provoca grande impacto ambiental tais como o alagamento dessas áreas e a

consequente perda da biodiversidade local. Os consumos mundiais não têm parado de

aumentar devido ao desenvolvimento industrial, à expansão dos transportes e ao

crescimento demográfico, e são os recursos energéticos não renováveis e renováveis que

nos fornecem energia para tais atividades.

Diante desse cenário as fontes alternativas de energia como eólicas, solar e biomassa são

vistas com bons olhos.

Além de causarem impactos substancialmente menores ainda evitam a emissão de

toneladas de gás carbônico na atmosfera. A nação que não correr de atrás de fontes

alternativas de energia corre o risco de sofrer, em curto tempo, sérias consequências pela

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falta da mesma. Países que somente se utilizam fontes de energias não renováveis, o caso

dos combustíveis fósseis e seus derivados, estão com seus dias contados, as perspectivas de

que estes tipos de fontes de energia venham a se esgotar em curto espaço de tempo são

muito grandes, os consumos mundiais são crescentes em todas as classes sociais. Logo, cada

nação deve procurar pelo melhor método a ser aplicado, de acordo com sua posição no

planeta e seu poder econômico, o seu sistema de geração de energias alternativas. São

muitas as alternativas, mais poucas ainda têm o poder de gerar energia elétrica com

potências suficientes para abastecer grandes cidades, e gerar combustíveis para os meios de

transporte em massa, pesquisas estão avançando neste sentido. Combustíveis alternativos

como o Biodiesel e o Hidrogênio para transporte, estão em boa fase de desenvolvimento,

sendo que para obter o Hidrogênio o processo ainda esta muito caro, devido ao processo de

eletrólise. As fontes de energia limpas e renováveis estão ganhando espaço, muitas

pesquisas estão sendo feitas nesta área com o objetivo de baratear o valor do kWh. Em

destaque podemos citar a energia solar fotovoltaica que a cada dia que passa esta cada vez

mais ganhando seu espaço em países onde há uma boa incidência dos raios solares.

A energia alternativa é uma energia sustentável que deriva do meio ambiente natural.

Algumas fontes de energia são "renováveis" na medida em que são mantidas ou substituídas

pela natureza. A energia alternativa é obtida através de fontes que são essencialmente

inesgotáveis, ao contrário dos combustíveis fósseis, dos quais há uma provisão finita e que

não pode ser reposta.

1.1.1 As fontes de energia (renováveis e não renováveis)

Energia hidráulica – é a mais utilizada no Brasil em função da grande quantidade de rios em

nosso país. A água possui um potencial energético e quando represada ele aumenta. Numa

usina hidrelétrica existem turbinas que, na queda d água, fazem funcionar um gerador

elétrico, produzindo energia. Embora a implantação de uma usina provoque impactos

ambientais, na fase de construção da represa, esta é uma fonte considerada limpa.

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Energia fóssil – formada a milhões de anos a partir do acúmulo de materiais orgânicos no

subsolo. A geração de energia a partir destas fontes costuma provocar poluição, e esta,

contribui com o aumento do efeito estufa e aquecimento global. Isto ocorre principalmente

nos casos dos derivados de petróleo (diesel e gasolina) e do carvão mineral. Já no caso do

gás natural, o nível de poluentes é bem menor.·.

Energia solar – ainda pouco explorada no mundo, em função do custo elevado de

implantação, é uma fonte limpa, ou seja, não gera poluição nem impactos ambientais. A

radiação solar é captada e transformada para gerar calor ou eletricidade.

Energia de biomassa – é a energia gerada a partir da decomposição, em curto prazo, de

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materiais orgânicos (esterco, restos de alimentos, resíduos agrícolas). O gás

metano produzido é usado para gerar energia.·.

Energia eólica – gerada a partir do vento. Grandes hélices são instaladas em áreas abertas,

sendo que, os movimentos delas geram energia elétrica. È uma fonte limpa e inesgotável,

porém, ainda pouco utilizada.

Energia nuclear – o urânio é um elemento químico que possui muita energia. Quando o

núcleo é desintegrado, uma enorme quantidade de energia é liberada. As usinas

nucleares aproveitam esta energia para gerar eletricidade. Embora não produza poluentes, a

quantidade de lixo nuclear é um ponto negativo. Os acidentes em usinas nucleares, embora

raros, representam um grande perigo.

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Energia geotérmica – nas camadas profundas da crosta terrestre existe um alto nível de

calor. Em algumas regiões, a temperatura pode superar 5.000°C. As usinas podem utilizar

este calor para acionar turbinas elétricas e gerar energia. Ainda é pouco utilizada.

Energia dos oceanos – gerada a partir do movimento das águas oceânicas nas marés. Possui

um custo elevado de implantação e, por isso, é pouco utilizada. Especialistas em energia

afirmam que, no futuro, esta, será uma das principais fontes de energia do planeta.

O uso de fontes de energia não renováveis (ou mesmo renováveis) é uma decisão que

envolve riscos e benefícios. A produção do álcool por meio do cultivo da cana-de-açúcar, por

exemplo, diminuiu, por um lado, a importação de petróleo. Por outro lado, a monocultura

da cana-de-açúcar pode trazer consequências ambientais sérias, como, por exemplo, o

esgotamento do solo e a diminuição de áreas cultiváveis para outros alimentos. As grandes

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hidrelétricas, por sua vez, mesmo sendo fonte de energia renovável, exigem o alagamento

de grandes áreas e o deslocamento de pessoas ou mesmo cidades. Isso compromete o

equilíbrio ecológico de toda uma região. No mundo inteiro há um intenso debate em torno

da construção de usinas nucleares. Essas usinas, que parecem necessárias em alguns países,

para outros países são muito caras e perigosas. Enfim, a exploração de qualquer fonte de

energia implica custos financeiros,sociais e ambientais. Qualquer decisão a serem tomados

sobre energia afeta todos os cidadãos.

1.2 Energia e meio ambiente

O uso da energia é responsável pelos principais impactos ambientais da sociedade industrial.

Seus efeitos nocivos não se restringem ao nível local onde se realizam as atividades de

produção ou de consumo de energia, mas também possuem efeitos regionais e globais. Na

escala regional pode-se mencionar, por exemplo, o problema de chuvas ácidas, ou ainda o

derramamento de petróleo em oceanos, que pode atingir vastas áreas. Existem ainda

impactos globais, e os exemplos mais contundentes são as alterações climáticas devidas ao

acúmulo de gases na atmosfera (efeito estufa), e a erosão da camada de ozônio devida ao

uso de CFC (compostos com moléculas de cloro-fluor-carbono) utilizados em equipamentos

de ar condicionado e refrigeradores. Todas as etapas da indústria energética até a utilização

de combustíveis provocam algum impacto ao meio ambiente e à saúde humana. A extração

de recursos energéticos, seja petróleo, carvão, biomassa ou hidroeletricidade, tem

implicações em mudanças nos padrões de uso do solo, recursos hídricos, alteração da

cobertura vegetal e na composição atmosférica. As atividades de mineração (carvão e

petróleo) empregam cerca de 1% da mão de obra global, mas são responsáveis por cerca de

8% dos acidentes de trabalho fatais.

As atividades relacionadas com a produção e uso de energia liberam para a atmosfera, água

e solo diversas substâncias que comprometem a saúde e sobrevivência não só do homem,

mas também da fauna e flora. Alguns desses efeitos são visíveis e imediatos, outros tem a

propriedade de serem cumulativos e de permanecerem por várias décadas ocasionando

problemas.

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A seguir, apresentamos as principais consequências ambientais decorrentes da produção e

usos dos energéticos mais importantes.

Poluição atmosférica

O setor energético é responsável por 75% do dióxido de carbono lançado à atmosfera, 41%

do chumbo, 85% das emissões de enxofre e cerca de 76% dos óxidos de nitrogênio. Tanto o

enxofre como os óxidos de nitrogênio têm um papel importante na formação de ácidos na

atmosfera que, ao precipitarem na forma de chuvas, prejudicam a cobertura de solos,

vegetação, agricultura, materiais manufaturados que sofrem corrosão e até mesmo a pele

do homem. A constante deposição de compostos ácidos em rios e lagos afeta a vida aquática

e ameaça toda a cadeia alimentar de ecossistemas. Nos solos, a acidez das chuvas reduz a

presença de nutrientes. Para a saúde humana, a presença de particulados contendo enxofre

e óxidos de nitrogênio provocam ou agravam doenças respiratórias como bronquite e

enfisema, especialmente em crianças. Esse tipo de problema tem sido verificado em regiões

da China, Hong Kong e Canadá que sofrem os efeitos de termoelétricas a carvão situadas

muitas vezes em locais distantes de onde ocorrem as chuvas ácidas.

O consumo de derivados de petróleo pelo setor de transporte é o que apresenta a maior

contribuição para a degradação do meio ambiente em nível local e global. Estima-se que

50% dos hidrocarbonetos emitidos em áreas urbanas e aproximadamente 25% do total das

emissões de todo dióxido de carbono gerado no mundo, resultem das atividades

desenvolvidas com os sistemas de transporte.

Além disso, partículas em suspensão decorrentes da queima de material orgânico ou de

combustíveis constituem um problema sério em várias partes do mundo. Isso ocorre sempre

que há queimadas de florestas ou de diesel e óleo combustível nas áreas urbanas. A baixa

qualidade desses combustíveis em muitos países, aliada à precariedade de veículos, trânsito

congestionado e condições climáticas desfavoráveis em grandes cidades, contribuem para

que exista uma quase permanente concentração de finas partículas no ambiente urbano. A

saúde respiratória fica comprometida para milhões de pessoas expostas a essas partículas.

Devido ao pequeno tamanho dessas partículas, elas vão se acumulando ao longo do tempo

nos pulmões das pessoas e são especialmente problemáticas porque podem carregar ainda

compostos carcinogênicos para esses órgãos.

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O efeito estufa

Um dos mais complexos e maiores efeitos das emissões do setor energético são os

problemas globais relacionados com mudanças climáticas. O acúmulo de gases, como o

dióxido de carbono na atmosfera, acentua o [efeito estufa] natural do ecossistema terrestre

a ponto de romper os padrões de clima que condicionaram a vida humana, de animais,

peixes, agricultura, vegetação, etc. É cada vez mais evidente a constatação de crescentes

concentrações de CO2 na atmosfera e o aumento de temperaturas médias. São imprevisíveis

as implicações de mudanças climáticas para os países e suas populações. Alteração na

produtividade da agricultura pesca inundações de regiões costeiras e aumento de desastres

naturais estão entre as mudanças provocadas pelas alterações climáticas esperadas.

A seriedade desses efeitos tem sido reconhecida por diversos estudos científicos

internacionais e vários países estão procurando consenso para uma agenda mínima de

atividades para controle e mitigação de emissões, como o [Protocolo de Kyoto], discutido no

âmbito dos países signatários da Convenção Climática. Infelizmente, ainda não se tem

acordado um sistema de controle de emissões de gases estufa entre os países

industrializados, historicamente os maiores contribuintes para os altos níveis de

concentração desses gases na atmosfera.

Termoelétricas

A produção de eletricidade em termoelétricas representa em escala mundial cerca de um

terço das emissões antropogênicas de dióxido de carbono, sendo seguida pelas emissões do

setor de transporte e industrial. Os principais combustíveis utilizados em todo o mundo são

o carvão, derivados de petróleo e, crescentemente, o gás natural. Existem ainda outros tipos

de usinas termoelétricas que queimam resíduos de biomassa (lenha, bagaço) e até mesmo

lixo urbano.

Além das emissões de gases e partículas, existem outros problemas associados com

utilização de água para o processo de geração termoelétrica, pois muitas usinas usam água

para refrigeração ou para produção de vapor. Esse tem sido um dos principais obstáculos

para a implantação de termoelétricas no país, pois diversos projetos se localizam ao longo

do principal gasoduto construído, que segue exatamente as bacias hidrográficas com

problemas de abastecimento e de qualidade de água em regiões densamente povoadas.

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É importante notar também que houve bastante progresso com relação ao aumento da

eficiência de usinas termoelétricas através da introdução de tecnologias de co-geração e

turbinas a gás. As possibilidades de gaseificação de carvão, madeira e bagaço oferecem

novas oportunidades de usinas mais eficientes e com menores impactos que as

convencionais.

Hidroelétricas

Muitas vezes faz-se referência à hidroeletricidade como sendo uma fonte "limpa" e de

pouco impacto ambiental. Na verdade, embora a construção de reservatórios, grandes ou

pequenos, tenha trazidos enormes benefícios para o país, ajudando a regularizar cheia,

promover irrigação e navegabilidade de rios, elas também trazem impactos irreversíveis ao

meio ambiente. Isso é especialmente verdadeiro no caso de grandes reservatórios. Existem

problemas com mudanças na composição e propriedades químicas da água, mudanças na

temperatura, concentração de sedimentos, e outras modificações que ocasionam problemas

para a manutenção de ecossistemas à jusante dos reservatórios. Esses empreendimentos,

mesmo bem controlados, têm tido impactos na manutenção da diversidade de espécies

(fauna e flora) e afetado a densidade de populações de peixes, mudando ciclos de

reprodução.

O Brasil tem acumulado grande experiência com o resultado das várias usinas hidroelétricas

que foram construídas, sendo um dos seus maiores exemplos o caso da hidroelétrica de

Balbina, que provocou a inundação de parte da floresta nativa, ocasionando alterações na

composição e acidez da água, que depois teve impacto no próprio desempenho da usina.

Até recentemente as turbinas apresentavam problemas de corrosão e depósito de material

orgânico, devidos a alterações que ocorreram na composição da água.

Energia nuclear

A energia nuclear é talvez aquela que mais tem chamado atenção quanto aos seus impactos

ambientais e à saúde humana. São três os principais problemas ambientais dessa fonte de

energia. O primeiro é a manipulação de material radioativo no processo de produção de

combustível nuclear e nos reatores nucleares, com riscos de vazamentos e acidentes. O

segundo problema está relacionado com a possibilidade de desvios clandestinos de material

nuclear para utilização em armamentos, por exemplo, acentuando riscos de proliferação

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nuclear. Finalmente existe o grave problema de armazenamento dos rejeitos radioativos das

usinas. Já houve substancial progresso no desenvolvimento de tecnologias que diminuem

praticamente os riscos de contaminação radiativa por acidente com reatores nucleares,

aumentando consideravelmente o nível de segurança desse tipo de usina, mas ainda não se

apresentam soluções satisfatórias e aceitáveis para o problema do lixo atômico.

Fontes alternativas

As chamadas fontes alternativas como solar, eólica e biomassa, não estão totalmente isentas

de impactos ambientais, embora possam ser relativamente menores. A utilização em larga

escala de painéis fotovoltaicos ou biomassa implica em alteração no uso do solo. A

fabricação de componentes dessas tecnologias também produzem efeitos ambientais, como

é o caso da extração do silício para painéis fotovoltaicos. Muitos desses sistemas dependem

de baterias químicas para armazenagem da eletricidade, que ainda apresentam sérios

problemas de contaminação por chumbo e outros metais tóxicos para o meio ambiente.

1.3 Implantação

O PROINFA é o Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica, criado pelo

Governo Federal em 26 de abril de 2002 pela Lei 10.438, e coordenado pelo Ministério de

Minas e Energia (MME). O PROINFA tem como objetivo fomentar o desenvolvimento das

fontes alternativas de energia através da contratação de 3.300 MW provenientes de

fontes eólicas, solar, biomassa e de PCH’s (Pequenas Centrais Hidrelétricas) sendo 1.100 MW

de cada uma das fontes citadas.

O programa conta com o apoio do BNDES (Bando Nacional de Desenvolvimento Econômico e

Social) para financiar até 80% dos projetos que foram contratados pela Eletrobrás no

período de implantação. A Eletrobrás garante a contratação durante um prazo de vinte anos

onde pagará pela energia, preços acima dos praticados para energia hidrelétrica, farto este,

que tem gerado controvérsias.

Ao final do período de implantação foram contratados pela Eletrobrás: 3.299,40 MW que se

encontram a maioria, em fase de instalação ou teste. Este montante encontra-se distribuído

em 1.191,24 MW de PCH’s, 1.422,92 MW de usinas eólicas e 685,24 MW de usinas à

biomassa.

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O programa que se encontra ainda na primeira fase, para a qual estão previstas

contratações da ordem de 3.300 MW de capacidade instalada, já conta com 144 projetos

aprovados e prevê a contratação total de 12.013,12 GWh/ano, ou cerca de 3.2% do consumo

atual do país (dados de 2007).

CAPÍTULO II – ENERGIA NO BRASIL

2.1. Principais Fontes Alternativas Usadas no Brasil

2.1.1. Usina Hidrelétrica de Itaipu

Usina Hidrelétrica de Itaipu

A Usina Hidrelétrica de Itaipu é uma usina hidrelétrica binacional localizada no Rio Paraná,

na fronteira entre o Brasil e o Paraguai. Construída por ambos os países no período de 1975

a 1982, Itaipu é, hoje, a maior usina geradora de energia do mundo. O nome Itaipu foi tirado

de uma ilha que existia perto do local de construção. No idioma guarani, o termo significa

"pedra que canta".

A barragem é a maior unidade operacional hidrelétrica em termos de geração de energia

anual, gerando 91,6 TWh em 2009, enquanto a geração de energia anual da Barragem das

Três Gargantas, na China, foi de 79,4 TWh em 2009. [2] Com seu lago perfazendo uma área

de 1 350 quilômetros quadrados, indo de Foz do Iguaçu, no Brasil e Ciudad del Este, no

Paraguai, até Guaíra e Salto del Guairá, 150 quilômetros ao norte, além de suas

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vinte unidades geradoras de setecentos megawatts cada, Itaipu tem uma potência de

geração de 14 000 megawatts. É um empreendimento binacional administrada por Brasil e

Paraguai no rio Paraná na seção de fronteira entre os dois países, a 15 km ao norte da Ponte

da Amizade. A capacidade instalada de geração da usina é de 14 GW, com 20 unidades

geradoras fornecendo 700 MW cada e projeto hidráulico de 118 m. No ano de 2008, a usina

atingiu seu recorde de produção, com 94,68 bilhões de quilowatts-hora (kWh), fornecendo

90% da energia consumida pelo Paraguai e 19% da energia consumida pelo Brasil.

Em cinco de maio de 1984, entrou em operação a primeira unidade geradora de Itaipu. As 20

unidades geradoras foram sendo instaladas ao ritmo de duas a três por ano.

As duas últimas das 20 unidades de geração de energia elétrica começaram a funcionar

entre setembro de 2006 e março 2007, elevando a capacidade instalada para 14.000 MW,

concluindo a usina. Este aumento da capacidade permitiu que 18 unidades geradoras

permanecessem funcionando o tempo todo, enquanto duas permanecem em manutenção.

Devido a uma cláusula do tratado assinado entre Brasil, Paraguai e Argentina, o número

máximo de unidades geradoras autorizadas a operar simultaneamente não pode ultrapassar

18 (veja a seção de acordo para mais informações).

A potência nominal de cada unidade geradora (turbina e gerador) é de 700 MW. No entanto,

porque diferença entre o nível do reservatório e o nível do rio ao pé da barragem que ocorre

realmente é maior do que a projetada, a energia disponível for superior a 750 MW por meia

hora para cada gerador. Cada turbina gera cerca de 700 megawatts, para comparação, toda

a água das Cataratas do Iguaçu teria capacidade para alimentar somente dois geradores. A

Itaipu produz uma média de 90 milhões de megawatts-hora (Mwh) por ano. Com o aumento

da capacidade e em condições favoráveis do rio Paraná (chuvas em níveis normais em toda a

bacia) a geração poderá chegar a 100 milhões de Mwh.

Além dessa, uma lista com as nove maiores usinas hidrelétricas do Brasil:

Usina Hidrelétrica de Belo Monte - Rio Xingu, 11.233 MW - Pará.

Usina Hidrelétrica São Luiz do Tapajós - Rio Tapajós, 8.381 MW - Pará.

Usina Hidrelétrica de Tucuruvi - Rio Tocantins, 8.370 MW - Pará.

Usina Hidrelétrica de Jirau - Rio Madeira, 3.450 MW - Rondônia.

Usina Hidrelétrica de Ilha Solteira - Rio Paraná, 3.444 MW - São Paulo e Mato Grosso

do Sul.

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Usina Hidrelétrica de Xingó - Rio São Francisco, 3.162 MW - Alagoas e Sergipe.

Usina Hidrelétrica Santo Antônio - Rio Madeira, 3.150 MW - Rondônia.

Usina Hidrelétrica Paulo Afonso IV - Rio São Francisco, 2.462 MW - Bahia.

Usina Hidrelétrica Jatobá - Rio Tapajós, 2.338 MW - Pará.

2.1.2. Parque Eólico de Osório

Parque Eólico em Osório RS. Fonte: Ponche Verde.

O Parque Eólico de Osório é uma usina de produção de energia eólica na cidade de Osório,

no Rio Grande do Sul, com 75 aerogeradores de dois MW. A capacidade total instalada é,

portanto 150 MW, sendo que a produção efetiva média é aproximadamente 51 MW

(suficiente para uma cidade de 240 mil habitantes). É a maior usina eólica da América Latina,

e a segunda maior do mundo (em 2006). As torres do parque podem vistas das

autoestradas BR-290 e RS-030 e de praticamente todos os bairros da cidade.

O parque foi construído em 15 meses; as primeiras 25 torres foram inauguradas em 2006, e

o restante entrou em operação no ano seguinte. O custo da obra foi R$ 670 milhões, ou seja,

R$ 4,46 milhões por MW instalado e R$ 13,1 milhões por MW efetivo. O fator de

capacidade da usina é 34%, superior à média mundial (30%). O parque consiste de três

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terrenos próximos (Osório, Índios e Sangradouro) com área total de

13.000hectares (130 km²). Supondo que apenas 5% da área total sejam permanentemente

ocupadas pelos equipamentos e instalações de serviço, o consumo de solo é 0,043 km² por

MW instalado e 0,127 km² por MW efetivo.

A obra é um empreendimento da Ventos do Sul Energia, pertencente

à espanhola Enerfin/Enervento (Grupo Elecnor) com 90%, à alemã Wobben

Windpower (subsidiária da ENERCON GmbH) com 9% e à brasileira CIP Brasil, com 1%.

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) financiou 69% do custo.

A área dos parques era originalmente de várzea parcialmente alagada, exigindo obras

de drenagem, rebaixamento de lençol freático, terraplanagem e aterro. [1] Para reduzir o

impacto ambiental, foram preservados corredores de 1 km de largura entre as três áreas. As

torres são servidas por 24 km de estradas internas ao parque.

O parque tem 75 torres geradoras, dispostas no terreno de Osório em uma única linha reta,

e nos de Índios e Sangradouro em duas linhas paralelas, com espaçamento de 175 m entre

as torres. Cada torre tem 98 metros de altura e 810 toneladas de peso; é formada por 24

segmentos de concreto pré-moldado e um de aço, construídos em Gravataí e montados no

local. Cada torre está assentada em uma base de concreto de 430 m3 suportada por 32

estacas de 20 a 35 m de profundidade e 50 cm de diâmetro.

As hélices tem diâmetro de mais de 70 metros e atingem até 140 metros acima do solo. As

pás das hélices, de 35 metros de comprimento, foram fabricadas em Sorocaba (SP) pela

Wobben Wind Power.

Os conjuntos geradores (Wobben Wind Power modelo E-70/2000 KW) são importados. Cada

conjunto pesa 100 toneladas e produz até de 2MW de potência em corrente contínua a 400

V, que é convertida na própria torre para corrente alternada de 34,5 KV. A energia é

conduzida por cabos subterrâneos para uma subestação transformadora instalada no

parque, que eleva a tensão a 230 KV para injeção na rede regional por uma linha de 8 km.

Existem outros Parques Eólicos no Brasil, sendo o Parque eólico de Osório o maior deles.

Parques Eólicos:

Usina de Energia Eólica de Praia Formosa (Camocim)

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Parque eólico Alegria (Guamaré, RN).

Parque eólico de Rio do Fogo (Rio do Fogo, RN).

Parque eólico Eco Energy (Beberibe, CE).

Parque Eólico de Paracuru (Paracuru, CE).

2.1.3. Parque Barigui

Postes com painéis solares no parque barigui, Curitiba.

A energia solar é mais empregada no Brasil do que as pessoas costumam pensar. Segundo

dados da Aneel, a energia solar é pesquisada no país desde a década de 1960, e que em

2001 existiam cerca de 500.000 painéis solares residenciais instalados no país.

Na maior parte dos casos, ainda são exemplos isolados já que o preço dos painéis

solares ainda é relativamente alto. Essa tendência deve ser revertida nos próximos anos, já

que esta tecnologia continua evoluindo continuamente, e a demanda cada vez maior,

permite redução dos preços.

Existem vários exemplos de uso de painéis solares para aproveitamento da energia solar no

Brasil, muitos deles iniciativas do Governo para levar luz às comunidades isoladas, sem

precisar arcar com a construção de uma imensa rede elétrica que atenderia um número

muito limitado de pessoas. Exemplo disso é o projeto Ribeirinho, da Eletrobrás, que leva

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painéis solares fotovoltaicos para comunidades às margens dos rios da Amazônia para onde

simplesmente não há condições de se estender a rede elétrica.

E em março de 2011 foi inaugurada a primeira usina de Energia Solar do Brasil e da América

latina. Trata-se da usina Tauá, no Ceará, composta por 4.680 painéis solares, o suficiente

para gerar energia para 1500 famílias de baixa renda. O empreendimento foi feito pelo

empresário Eike Batista, através da EBX Engenharia. Como o Ceará situa-se sobre a linha do

Equador, o potencial para geração de energia solar é muito alto, tanto que o Estado possui

legislação própria regulamentando o tema. Espera-se que esse empreendimento estimule a

criação de mais usinas de energia solar no Brasil.

Outra iniciativa veio da prefeitura de Curitiba em 2009, ao instalar postes capazes de

iluminar através da energia de painéis solares no parque Barigui. Cada poste conta com um

painel solar capaz de gerar energia o suficiente para garantir a iluminação durante o período

da noite. Espera-se que a análise da viabilidade desse investimento indique novas

intervenções da prefeitura no futuro.

CAPÍTULO III – PROJETOS E CONSCIENTIZAÇÃO

3.1. Rio + 20

Antes da Copa do Mundo e das Olimpíadas, o Brasil será o palco da Rio+20, evento histórico

que acontece no Rio de Janeiro, entre 20 e 22 de junho próximo. O nome pelo qual está

sendo chamada a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável

(CNUDS, ou UNCSD, na sigla em inglês) faz referência aos 20 anos da Rio-92 (ou Eco-92),

conferência na qual documentos importantíssimos foram assinados (ver pág. 11) e a

expressão desenvolvimento sustentável entrou para o vocabulário mundial.

A Rio+20 será um evento de grandes dimensões, provavelmente a maior conferência já

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realizada pela ONU. Segundo os organizadores, cerca de uma centena de chefes de Estado

deverão estar presentes e são esperados 50 mil participantes apenas para os eventos

oficiais, sem contar milhares de pessoas esperadas nas atividades paralelas, como

representantes de empresas, ONGs, ativistas e celebridades.

Os temas centrais da conferência serão a economia verde no contexto da sustentabilidade e

da erradicação da pobreza e governança institucional para o desenvolvimento sustentável, e

deverão agregar questões diversas e.

Estruturais, tornando-a uma oportuna ocasião para a convergência de debates relacionados

a um modelo de desenvolvimento mundial que contemple a sustentabilidade.

Reconhecendo a importância do evento e seus possíveis impactos nas decisões do governo

brasileiro e de outros países, assim como na economia, nos negócios e no comportamento

da opinião pública, o Escritório Edgard Leite Advogados Associados idealizou o projeto Mais

Rio+20 como forma de trazer informação qualificada sobre a conferência oficial e seus

eventos paralelos para seus clientes, parceiros e colaboradores. Com enfoque centrado,

principalmente, na economia verde, o projeto inicia com este boletim introdutório, que traz

as informações básicas para entender e acompanhar o evento.

A partir do dia 11 de junho, quando negociadores começam a chegar ao Rio para a última

reunião preparatória (que acontece entre os dias 13 e 15) e tem início vários eventos

paralelos, serão publicados 16 boletins diários com informações produzidas diretamente do

palco dos acontecimentos, no Rio de Janeiro.

Um dos principais objetivos da Rio+20 será a discussão de propostas para reformar a

governança global na área de desenvolvimento sustentável. O debate sobre instrumentos de

governança deve levar a conclusões e medidas que permitam à ONU e aos países escolher

formas e instrumentos adequados para promover e acelerar a transição em direção a

sociedades sustentáveis, considerando aspectos econômicos, sociais e ambientais, além da

interação entre eles.

Os debates preparatórios sobre o tema têm ocorrido sob dois enfoques – a governança

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ambiental e a governança global do desenvolvimento sustentável.

As energias alternativas de energia vão ser abordadas muitas vezes durante a conferência, o

próprio site da mesma, publicou uma notícia, veja abaixo:

NOTÍCIA PUBLICADA NO SITE www.rio20.info

As Nações Unidas pedem por energia sustentável para todos no início do Ano Internacional

No lançamento hoje do Ano Internacional para a Energia Sustentável, os representantes das

Nações Unidas pediram aos governos, ao setor privado e à sociedade civil que ajudem a

expandir o acesso à energia, melhorar a eficiência e aumentar o uso de fontes renováveis.

Em todo o mundo, uma em cada cinco pessoas ainda não tem acesso à eletricidade moderna

e o dobro desse número – três bilhões de pessoas – depende de lenha, carvão mineral,

carvão vegetal ou dejetos animais para cozinhar e para aquecimento.

“Estamos aqui para construir um novo futuro para a energia… um futuro que tira sua força

da tecnologia e da inovação a serviços das pessoas e do planeta”, disse o Sr. Ban em seu

discurso na abertura da Cúpula Mundial de Energia do Futuro, que está sendo realizada em

Abu Dhabi, Emirados Árabes Unidos.

“A energia sustentável para todos está ao nosso alcance”, contou ele na cúpula, que

também serve como o lançamento global de 2012 como o Ano Internacional.

O Sr. Ban reiterou que a energia é central para tudo, desde abastecer economias à conquista

de objetivos anti-pobreza conhecidos como os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio

(Millennium Development Goals – MDGs), passando pelo combate à mudança climática, até

o estabelecimento de uma base da segurança global.

“Ele é o fio de ouro que liga o crescimento econômico, o aumento da igualdade social e a

preservação do meio ambiente”.

Ainda assim, lembrou ele, a pobreza energética generalizada ainda condena bilhões às

trevas, à falta de saúde, à perda de oportunidades para educação e prosperidade. “É por isso

que digo que a pobreza energética precisa acabar… Precisamos acender as luzes de todos os

lares do mundo”.

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Para isso, ele citou a necessidade de aumentar os exemplos bem-sucedidos de energia limpa

e tecnologias energeticamente eficientes; inovações que podem se espalhar pelo mundo em

desenvolvimento; parcerias com o setor privado e; liderança visionária.

O Sr. Ban reiterou que não se pode permitir que a pobreza energética possa ameaçar o

progresso na direção dos MDGs – metas com o objetivo de reduzir a pobreza global até 2015

por meio do combate à fome, à doença, ao analfabetismo, à degradação ambiental e à

discriminação contra as mulheres.

Para gerar ações para reduzir a pobreza energética, catalisar o crescimento econômico

sustentável e mitigar os riscos da mudança climática, o Secretário Geral organizou no ano

passado um grupo de alto nível.

A missão do grupo é promover sua Iniciativa de Energia Sustentável para Todos, que busca

assegurar o acesso universal a serviços energéticos modernos, dobrar a velocidade de

melhoria da eficiência energética e dobrar a participação da energia renovável na matriz

energética mundial, tudo isso até 2030.

3.2. Projetos Inovadores no mundo

3.2.1. Energia viral: Eletricidade é gerada por vírus

Não fazer mal à saúde já é uma grande coisa quando se trata de vírus. Mas um vírus

comedor de bactérias, chamado bacteriófago M13, pode virar o jogo, e se transformar em

uma nova opção no emergente campo da "colheita de energia", que busca dispositivos

capazes de gerar potências suficientes para alimentar aparelhos eletrônicosportáteis.

A técnica mais usada nesses pequenos nanogeradores de energia emprega materiais

piezoelétricos, que geram energia quando são submetidos a uma tensão mecânica - quando

são apertados ou dobrados. Seung-Wuk Lee e seus colegas do Laboratório

Nacional Lawrence Berkeley, nos Estados Unidos, queriam uma opção mais biológica e mais

"verde" do que as ligas piezo elétricas tradicionais.Eles se voltaram então para um material

biológico que possui a propriedade da piezo eletricidade: vírus geneticamente modificados.

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Vírus geradores de energia

Já existem várias pesquisas usando os vírus bacteriófagos M13, inclusive na construção de

baterias, mas ninguém até hoje havia demonstrado que eles são piezo elétricos.

Os pesquisadores demonstraram que o efeito é gerado por proteínas em formato de mola,

localizadas na capa externa do vírus. Como o efeito não era muito forte, eles usaram

engenharia genética para adicionar quatro aminoácidos com carga negativa em uma das

extremidades da proteína helicoidal.

Essas moléculas aumentam a diferença de carga entre as extremidades positiva e negativa

da proteína, aumentando a energia gerada pelo vírus. Cada vírus M13 mede 880

nanômetros, sendo recoberto com 2.700 proteínas eletricamente carregadas. As diversas

fibras, compostas por centenas de vírus, são empilhadas para aumentar a energia produzida

pelo biogerador.

As vantagens começaram na hora de fabricar o biogerador: os vírus são bem comportados e

organizam-se autonomamente, formando um filme sobre o substrato que o projetista

escolher. E, como um bom vírus, ele se multiplica rapidamente, alcançando a cifra de

milhões em algumas horas, o que significa que nunca faltará matéria-prima para os

biogeradores.

Biogerador piezo elétrico

O nano gerador foi construído sobre um material flexível, para poder ser flexionado ou

comprimido, de forma a extrair a energia dos vírus. O efeito foi aumentado usando várias

camadas do vírus. Os testes indicaram que 20 camadas produzem o efeito piezo elétrico

mais forte. O protótipo produz 400 milivolts de tensão, e fornece uma corrente de 6

nanoamperes, suficiente para alimentar um módulo LCD.

"Nós estamos trabalhando em formas de melhorar esse protótipo," disse Lee. "Como as

ferramentas da biotecnologia permitem a fabricação em larga escala de vírus geneticamente

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modificados, materiais piezelétricos baseados em vírus poderão oferecer uma rota simples

para alimentar os aparelhos microeletrônicos do futuro."

Os pesquisadores afirmam que pretendem construir uma versão do biogerador piezo

elétrico com potência suficiente para transformar um sapato em um gerador de energia.

Pelo menos dois grupos já apresentaram versões diferentes de sapatos geradores de

energia, um dos quais usando os materiais piezo elétricos inorgânicos tradicionais:

3.2.2. Tecido termoelétrico transforma calor do corpo em eletricidade

Os materiais termoelétricos e sua capacidade para gerar eletricidade a partir de um

diferencial de temperatura estão nas manchetes há algum tempo, com promessas

como geladeiras de estado sólido eresfriamento de processadores.Corey Hewitt, da

Universidade Wake Forest, nos Estados Unidos, agora deu uma "amaciada" na tecnologia

termoelétrica.

Ele criou um material termoelétrico flexível, parecido com um tecido, já batizado de "feltro

de energia" (Power Felt).

Sendo macio e flexível, Hewitt acredita poder usar seu novo material para gerar eletricidade

aproveitando o calor do corpo humano, e usar essa energia para recarregar a bateria

de celulares e tocadores de MP3.

Tecido termoelétrico

O "tecido termoelétrico" é composto por carbono incorporado em fibras de plástico flexível.

Estas fibras, por sua vez, são trançadas para formar um tecido. Como o rendimento de cada

"pano" é muito pequeno, são empilhadas diversas camadas para compor o feltro. O

pesquisador propõe usar seu feltro gerador de energia para revestir o assento ou o cano do

escapamento dos carros, para aproveitar o calor nos telhados, ou nas roupas, para que

o usuário utilize a energia gerada da forma que achar mais útil. "Nós desperdiçamos um

bocado de energia na forma de calor. Por exemplo, recapturar o calor do escapamento de

um carro pode ajudar a melhorar o consumo e alimentar o rádio, ar condicionado

ou sistema de navegação," diz Hewitt.É possível aumentar a potência colocando mais

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camadas - mas ao custo de perder a flexibilidade do "feltro" - o número de camadas está no

eixo X e a potência resultante no eixo Y.

Nano-rendimento

Muitos outros compartilham desse entusiasmo, mas o rendimento dos materiais

termoelétricos ainda é baixo - e os melhores podem custar até U$1.000 o quilograma. O

feltro de energia criado por Hewitt, por exemplo, composto por 72 camadas empilhadas,

gera 140 nano watts de eletricidade.É possível aumentar essa potência colocando mais

camadas - mas ao custo de perder a flexibilidade do "feltro".Os nanogeradores piezo

elétricos - outra tecnologia para a colheita de energia, e que também ainda tem um longo

caminho pela frente até chegar ao mercado - já operam na faixa dos microwatts, usando

apenas a respiração humana.

3.2.3. Nano gerador gera eletricidade a partir da respiração

Cientistas construíram um dispositivo capaz de converter o fluxo de ar da respiração humana

em energia elétrica. A intenção de Xudong Wang e seus colegas da Universidade

Winsconsin-Madison, nos Estados Unidos, é criar uma fonte de energia permanente para

dispositivos biomédicos.

Hoje, vários desses implantes, incluindo marca-passos e desfibriladores, usam baterias, cuja

substituição exige procedimentos cirúrgicos. A equipe do Dr. Wang trabalha na área há

bastante tempo, tendo apresentado resultados significativos, incluindo nanogeradores e

uma roupa capaz de gerar energia.

Energia eólica

A respiração parece ser uma fonte interessante para a geração contínua de energia. O

grande problema é que seu fluxo é baixo e seu ritmo flutua bastante. Até agora,

os nanogeradores capazes de transformar um fluxo de ar em eletricidade exigiam

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velocidades do vento acima dos 2 metros por segundo, que é o fluxo típico de uma

respiração humana.

O Dr. Wang resolveu o problema usando um filme piezo elétrico chamado PVDF (fluoreto de

poliviniledeno), já usado para gerar energia pela passagem de carros e promissor para

aplicação em espelhos de telescópios espaciais. Os pesquisadores descobriram que o PVDF é

eficiente sob um fluxo de ar de baixa velocidade quando ele é fabricado fino o suficiente

para entrar em uma oscilação ressonante.Enquanto a respiração humana tem uma potência

teórica de 1 W (a 2 m/s), o dispositivo tem uma saída na faixa dos microWatts, com uma

tensão de 0,5 V.

Colheita de energia

O maior avanço da pesquisa foi justamente na forma de fabricação do PVDF mais fino, uma

vez que o diâmetro necessário o tornava fraco demais - tão logo entrava em ressonância, a

fita se partia. A fita foi então fabricada por uma nova técnica de litografia que emprega um

feixe de íons para reduzir paulatinamente o diâmetro do material piezo elétrico, sem

resultar em uma perda substancial de sua resistência e flexibilidade.

Embora tenham sido usadas inicialmente em um dispositivo biomédico, as opções de uso de

dispositivos capazes de gerar energia a partir do movimento humano são bem mais amplas

sobretudo para o recarregamento de equipamentos portáteis e nas chamadas roupas. Wang

afirmou que o próximo passo do seu trabalho será construir outros protótipos para coletar

energia de outras fontes no meio ambiente.

CONCLUSÃO

A energia foi um grande passo para a evolução da espécie humana, pois com tal descoberta

o homem conseguiu nos proporcionar uma melhor qualidade de vida e um grande avanço

tecnológico que se ausentes tornariam impossível a nossa existência.

Segundo relatório da ONU, 348 exajoules de energia foram produzidos no mundo em 1994.

Os combustíveis fósseis respondem por quase 90% da energia gerada no mundo, mas a

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exploração das fontes renováveis tem crescido nos últimos anos. Além de contar com

recursos sempre disponíveis no meio ambiente, a produção de energia a partir das fontes

renováveis provoca danos ambientais bem menores.

As reservas naturais não renováveis devem durar, em média, mais 113 anos.

RERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

Livro Energias renováveis no Brasil, desafios e oportunidades. Renewable energy in Brasil,

challenges and opportunities – Emilio Lébre La Rovere, Luiz Pingueli Rosa, Ladislau Dowbor,

Ignacy Sachs, Editora Brasileira

Livro Energia e Meio Ambiente, Kleinbach, Merlin; Hinrichs, Roger A.; Reis, Lineu Belico dos,

Editora Cengage Language

http://www.inovacaotecnologica.com.br/

http://www.rio20.gov.br/

http://www.google.com.br/

http://www.google.com.br/imagens

http://www.portalsaofrancisco.com.br/

www.mundoeducacao.com.br

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PONTÍFICIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO

PAULO

Faculdade de Economia, Administração,

Contabilidade e Atuariais.

MARKETING: UM ESTUDO DA MARCA

Aluno: Marina Boccato Vilar

Prof. Arnoldo José de Hoyos Guevara

2° Semestre 2012

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO......................................................................................................... 3

CAPÍTULO I: A MARCA ......................................................................................... 4 1.0 - O QUE É MARCA.................................................................................. 4 1.1 – COMPONENTES DA MARCA.............................................................. 7

1.2 – BRANDING.......................................................................................... 10 CAPÍTULO II: EMPRESAS COM MARCAS MUITO RECONHECIDAS ......................................................................... 12

2.0 – APPLE................................................................................................. 14 2.1 – NATURA.............................................................................................. 18 2.2 – VOLKSWAGEN................................................................................... 21 CAPÍTULO III: UMA NOVA VISÃO ....................................................................... 27

3.0 – O MARKETING 3.0............................................................................... 27 3.1 – A VISÃO DO CONSUMIDOR............................................................... 30

3.2 – AS MARCAS VERDES........................................................................ 34 CONCLUSÃO........................................................................................................... 36 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................ 37

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INTRODUÇÃO

Um produto ou serviço, além de seu conceito próprio, compõe-se por uma série de características,

como qualidade, opções, estilo, marca e embalagem, que satisfaçam efetivamente os desejos e as

necessidades do consumidor. Um nome, um símbolo, um design, qualquer que seja a sua forma, a

marca contribui para o processo de decisão do consumidor, à medida que diferencia o produto em

relação à concorrência.

A importância das marcas tem sido cada vez mais referenciada, como começo do aumento da

competitividade e necessidade das organizações de mostrar diferenças e agregar valor aos produtos

e serviços, objetivando diferenciar e maximizar os resultados no mercado e seus componentes

ajudam a fixar nas mentes dos consumidores certa marca que pode ter seu diferencial.

A busca do consumidor por um produto, serviço ou uma marca específica vem do fato dele querer

se identificar, da mesma forma que ele também tenha seus anseios atendidos. Hoje o marketing vem

se mostrando cada vez mais revolucionário, surge o marketing 3.0 aquele que leva para os produtos

os valores, as visões e os conceitos da empresa. As empresas vem se renovando também muitas

vezes mudam suas estratégias de marketing, mudando um slogan, ou seu símbolo ou renovam seu

logtipo para cada vez mais chegar a atender as necessidades e levar seus valores ao seus clientes.

A importância de empresas que fazem parte do nosso dia a dia também tem a sua preocupação

com o futuro, este trabalho mostra os valores e a visão de três grandes empresas com atitudes que

mostram que o ideal hoje e com a concorrência é sua marca ligada ao crescimento equitativo e

sustentável. E é também um modelo eficaz. Crescimento e sustentabilidade não estão em conflito.

Uma marca mais sustentável é muitas vezes uma marca mais desejável.

CAPÍTULO I: A MARCA

1.0 - O que é Marca

Marca é a representação simbólica de uma entidade, qualquer que ela seja algo que

permite identificá-la de um modo imediato como, por exemplo, um sinal de presença, uma

simples pegada. Na teoria da comunicação, pode ser um signo, um símbolo ou um ícone. No

mundo onde a tecnologia aproxima cada vez mais as pessoas e diminui as barreiras

geográficas entre consumidor e empresa, os produtos e serviços se tornam cada vez mais

competitivos, tornando cada vez mais difícil conquistar e manter clientes. A marca funciona

como instrumento de vantagem competitiva para a empresa, através do marketing.

Um símbolo de presença que caracteriza uma marca, facilmente reconhecida:

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Nike

O termo é freqüentemente usado hoje em dia como referência a uma determinada empresa:

um nome, marca verbal, imagens ou conceitos que distinguem o produto, serviço ou a própria

empresa.

Uma empresa através de seu nome fantasia e da sua representação gráfica - comunica a

"promessa" de um produto, seu diferencial frente aos concorrentes que o faz especial e único.

Busca-se associar às marcas uma personalidade ou uma imagem mental. Assim, pretende

marcar a imagem na mente do consumidor, isto é, associar a imagem à qualidade do produto.

Em função disto, uma marca pode formar um importante elemento temático para a

publicidade. Possui vários níveis de significado, entre eles cultura, atributos ou benefício. É

fundamental entender que o conceito de marca é mais intangível do que tangível, pois o

consumidor de determinada classificação demográfica tem sensações, experiências e

percepções diferentes sobre a mesma marca em relação a outro consumidor classificado

demograficamente da mesma forma.

As empresas estão constantemente atentas às necessidades dos seus clientes para que seus

produtos possam corresponder aos seus anseios, agregando ao consumidor valores intangíveis

e importantes para a consolidação da marca, como confiança, segurança, qualidade, status,

dentre outros.

A marca tem valor comercial. A marca é um ativo negociável, quer pela venda da marca,

quer pelo aluguer ou licenciamento da marca. A marca forte permite preços mais altos. A

marca tem valor institucional ou “corporate”. A marca pode desenvolver um poderoso

sentimento de pertença entre os colaboradores de uma empresa. Uma marca forte tem uma

influência forte na comunicação financeira. Isso explica, entre outras coisas, que alguns

grupos mudem de nome para serem cotados na bolsa sob o nome da sua marca mais

conhecida.

Marca não é um conceito fácil de definir. A OMPI – Organização Mundial de Propriedade

Industrial – define a marca como um “sinal que serve para distinguir os produtos ou serviços

de uma empresa dos outros de outras empresas”. A definição da American Marketing

Association, em edições clássicas de marketing, acrescenta a definição jurídica: “A marca é

um nome, um termo, um sinal, ou um desenho, ou uma combinação destes elementos, com

vista a identificar os produtos e serviços de um vendedor, ou de um grupo de vendedores, e a

diferenciá-los dos concorrentes”. E uma última definição segundo Kotler, “talvez a habilidade

mais característica dos profissionais de marketing seja a capacidade de criar, manter, proteger

e melhorar uma marca. Para os profissionais de marketing, o estabelecimento de uma marca é

a arte e a essência do marketing.”

Uma marca sólida e com boa identidade com o público é capaz de manter-se estável e obter

sucesso, mesmo nos mais conturbados mercados. O segredo estaria nos aspectos sentimentais

que a empresa confere a sua marca, não a caracterizando com um produto, mas com os

benefícios que esta agrega ao bem estar ou status que o consumidor deseja alcançar.

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Com a estratégia de expansão de marca, a empresa procura estender o uso de marcas de

sucesso para lançar novos produtos ou para modificar determinadas características de produto

já existente, por meio de versões com tamanhos, modelos e sabores diferentes. A extensão de

marca é uma alternativa que se apresenta ao grande investimento, elevado risco e longo tempo

necessário para o desenvolvimento e maturação de novas marcas.

A estratégia de marcas múltiplas permite conquistar os consumidores inovadores, que são

pouco leais às marcas por gostarem de experimentar novidades. Essa estratégia também dá à

empresa a oportunidade de atender diversos segmentos de mercado, atraindo novas classes de

consumidores, mesmo que as diferenças existentes entre as marcas sejam pequenas.

A natureza de uma marca diz respeito à sua origem e ao seu uso. No que tange à origem,

existem marcas brasileiras e marcas estrangeiras. Para todos os efeitos, marca brasileira é

aquela regularmente depositada no Brasil, por pessoa domiciliada no país. Já a marca

estrangeira é aquela regularmente depositada no Brasil, por pessoa não domiciliada no país,

ou aquela que, depositada regularmente em país vinculado à acordo ou tratado do qual o

Brasil seja partícipe, ou em organização internacional da qual o país faça parte, é também

depositada no território nacional no prazo estipulado no respectivo acordo ou tratado, e cujo

depósito no País contenha reivindicação de prioridade em relação à data do primeiro pedido.

No que dizer respeito ao seu uso, as marcas podem se distinguir de acordo com o quadro

abaixo:

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- A marca é um contrato: A marca diminui o risco que o consumidor corre ao adquirir o

produto. Garante um nível de performances, independentemente da forma de distribuição.

- A marca identifica: Numa oferta com produtos muitas vezes indiferenciáveis, a marca

facilita o reconhecimento e favorece a fidelidade. Como exemplo as bebidas alcoólicas, os

televisores, os automóveis e etc.

- A marca diferencia: Ela valoriza aquele que a usa ou a consome. Ela transmite a sua

identidade as pessoas. Para as compras de status social é essencial a mais-valia trazida pela

marca.

1.1– Componentes da Marca

Uma marca pode ser composta por um só ou por vários componentes. Os elementos que

compõem a identidade visual de uma marca são:

- O logotipo / logomarca

- O símbolo

- O jingle

- A assinatura da marca

Logotipo é uma assinatura institucional, a representação gráfica da marca. Por isso ela

deverá aparecer em todas as peças gráficas feitas para a empresa. Como toda a assinatura, o

logotipo precisa seguir um padrão visual que a torna reconhecida onde quer que ela seja

estampada. Usar corretamente o logotipo é uma das ações obrigatórias para o reforço da

imagem e da personalidade da empresa. Sendo a bandeira da marca, pode evoluir para

permanecer actual, mas sem perturbar a percepção dos consumidores. O logótipo é a

particularização escrita de um nome e tem obrigatoriamente letras.

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O logotipo da Coca-Cola

O termo "logomarca", é um neologismo usado de forma empírica e genérica para designar

logotipo, símbolo ou marca, foi popularizado no Brasil sem que haja consenso nem precisão absoluta

ao que se refere, se apenas ao símbolo, ao logotipo ou ao sinal misto (combinação de ambos).

O Símbolo consiste num sinal gráfico que passa a identificar um nome, uma idéia, um

produto ou serviço, nesse sentido, significa um dos elementos de identidade visual que pode

fazer parte de uma marca. Ele pode ser abstrato ou figurativo e tem como função ajudar a

identificar uma marca, separando-a das demais, tornando-a única e distinta.

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O símbolo em identidade visual é desenhado para comportar e sintetizar um conjunto de

associações distintas. Estas associações geralmente são feitas com a ajuda da propaganda, que

através da sua ação bem sucedida, ajuda a relacionar corretamente diversos significados a um

determinado símbolo. O símbolo, no entanto, não deve depender exclusivamente do auxílio

da propaganda para criar as associações corretas. Assim, ele deve possuir características

próprias que já permitam "intuir" determinadas associações, como por exemplo; "é caro",

"moderno", etc. Simplesmente pela forma como foi desenhado e independentemente de ter ou

não propaganda associada à sua difusão.

Símbolo da Apple uma das marcas mais

valiosas do mundo.

Os jingles são músicas, com mensagens publicitárias, elaboradas com o intuito de fixar uma

marca, um nome, uma empresa ou um produto na mente do consumidor. O jingle publicitário

é criado para cativar o público. Geralmente tem letras e melodias simples para que sejam

facilmente memorizadas e inconscientemente recordadas por quem às ouve. Os jingles são

geralmente curtos, quando muito, chega a um minuto de duração. Em relação à música, é feito

com uma melodia cativante, que leva em conta o imaginário auditivo da população e o

contexto cultural da época. Sua transmissão normalmente é nos rádios e, algumas vezes, em

comerciais de televisão. Um jingle eficiente é feito para "prender" na memória das pessoas.

Por isso é tão comum que as pessoas lembre-se de jingles que não são mais transmitidos há

décadas.

O primeiro jingle foi produzido em 1926, nos EUA, o auge do jingle foi na década de 50,

nos EUA, no boom econômico. Era usado em diversos produtos, como cereais matinais,

doces, tabaco, bebidas alcoólicas, carros e produtos de higiene pessoal.

A propaganda já existia em algumas emissoras de rádio no Brasil, na forma de

merchandising, sem formato e frequência definidos. Em 1932, Ademar Casé, veiculou em seu

programa de variedades o primeiro jingle do Rádio no Brasil. Nássara, um dos redatores do

programa, compôs o primeiro jingle da história no Brasil.

Hoje em dia, com o custo crescente das licenças de músicas já existentes, diversas empresas

redescobrem o jingle feito especialmente para o produto como uma forma mais barata de

produzir seus comerciais. Exemplo: músicas para políticos, festas, datas comemorativas,

supermercados, lojas, shoppingcenters. No Brasil, existem muitos estúdios que se dedicam a

essa atividade. A construção de um jingle tem seu início na venda. Em reunião, a agência de

propaganda coleta o máximo de informações a respeito do produto e encaminha

um briefing ao responsável pela criação. Uma vez criado, o mesmo retorna ao cliente para

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julgamento e efetiva aprovação. Uma vez aprovado, dá-se início à produção com a escolha do

arranjador, cantores e instrumentistas. Atualmente, o Brasil destaca-se pela criação de jingles.

Sendo um importante fixador da marca.

A assinatura da marca mais conhecida com o termo slogan para as frases publicitárias e o

termo “assinatura” de marca para expressões que acompanham, na maioria dos casos, as

marcas institucionais e, menos, as marcas produtos. Slogans geralmente refletem o conceito

de uma marca, mas muitas vezes deixam marcas em um conceito. Os slogans cumprem

importante papel para a fixação da imagem da marca. Originariamente a palavra slogan vem

do gaélico, língua falada pelo povo celta, e significava "grito de guerra". Muitos se tornam

ícones de uma marca. Grandes slogans são feitos por grandes publicitários, mas nem sempre

para grandes marcas.

Slogans variam do escrito ao visual, do cantado ao vulgar. Quase sempre, sua natureza

simples e retórica deixa pouco espaço para detalhes, e, como tal, servem talvez mais a uma

expressão social de propósito unificado, do que uma projeção para uma pretendida

audiência. Slogans são atrativos particularmente na era atual de bombardeios informacionais

de numerosas fontes da mídia.

Alguns exemplos de assinatura da marca de grandes empresas:

- BIS – “Quem pede um pede Bis.”

- BRASTEMP – “Não é nenhuma Brastemp.”

- CASAS BAHIA – “Dedicação Total a Você.”

- MCDONALD’S – “Amo Muito Tudo Isso.” (2003)

- VOLKSWAGEN POLO – “O mundo inteiro dirige o mesmo carro.”

1.2 – Branding

Branding ou Brand management é a Gestão de Marcas. 'BRAND' é uma coleção de

imagens e idéias que representam um produtor econômico; para ser mais específico, refere

aos atributos descritivos verbais e símbolos concretos, como o nome, logo, slogan e

identidade visual que representam a essência de uma empresa, produto ou serviço. Branding

pode ser definido como o ato de administrar a imagem/marca de uma empresa.

Ele também pode ser considerado como o trabalho de construção e gerenciamento de uma

marca junto ao mercado. A construção de uma marca forte para um produto, uma linha de

produtos ou serviços é conseqüência de um relacionamento satisfatório com o mercado-alvo.

Quando esta identificação positiva se torna forte o bastante, a marca passa a valer mais do que

o próprio produto oferecido. Branding é como é chamado o conjunto de práticas e técnicas

que visam à construção e o fortalecimento de uma marca.

Objetivo do branding é entre outros aumentar o brand equity (em português: equidade de

marca ou ativo de marca) - o valor monetário da marca e assim aumentar o valor da empresa

em si.

O Branding diz sobre a arquitetura da marca, o princípio básico que as empresas devem

investir pesado em procurar no centro da organização, a sua verdadeira identidade. Mora aqui

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o ponto decisivo da prática do branding. A consciência da própria identidade deve ser clara. A

partir daí, o marketing de produtos, a comunicação interna ou externa, as estratégias

administrativas, a construção de instalações, a criação de uma web site, entre outros tudo deve

ser norteado pelas missões e valores da instituição;

- Para fazer branding, tudo o que é prometido pela empresa deve ser entregue. As promessas dizem

respeito ao posicionamento ideológico, aos valores e às crenças;

- Se a imagem que a marca está construindo não for coerente com a verdade dela, as pessoas logo

perceberão e a relação de confiança acabará. Faça o contrário, o consumidor deve confiar na marca a

cada dia que passa;

- Seja o real valor, a “Marca é aquilo que falam de você quando você não está por perto“. Os

stakeholders devem comprar a marca, de “olho fechado”.

- Fazer projeção de lucros para os cinco anos futuros e calcular de que maneira esse valor depende da

importância da marca. Gera-se o valor do ativo da marca, a partir de números públicos do mercado

financeiro;

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- Produtos que envolvem prestígio, compromisso e risco são aqueles que mais exigem tempo para

serem desenvolvidos. Avaliar o tempo. Uma marca forte precisa de 10 a 15 anos para ser construída;

O branding faz sua marca uma atuação mundial ou uma apenas local, você deve buscar a

otimização do valor dela em relação ao faturamento gerado. Não se trata apenas de criar

logotipos, desenhar embalagens e bolar estratégias que apenas a empresa compreende.

O Brand Equity é um conceito muito explorado são os valores intrínsecos às marcas, que são os

ativos geradores de percepção positiva na mente das pessoas. O brand equity é o conjunto de ativos

e passivos ligados a uma marca, seu nome e seu símbolo, que se somam ou se subtraem do valor

proporcionado por um produto ou serviço para uma empresa e/ ou para os consumidores dela.

Nesta definição, o brand equity está baseado em cinco componentes: lealdade da marca,

conhecimento do nome (marca), qualidade percebida, associação à marca em acréscimo à qualidade

percebida, outros ativos da empresa relacionados à marca, como por exemplo: patentes, marcas

registradas e canais de distribuição.

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O brand equity também é o resultado de todas as qualidades e atributos que estão relacionados a

uma marca, sendo o poder de convencimento de uma marca em relação ao seu consumidor no

momento da compra, é o que faz o consumidor escolher determinada marca dentre todas as outras

concorrentes. É tudo de tangível e intangível que a marca possui e que contribua para seu

crescimento lucrativo.

A construção do brand equity se dá pela criação de um conjunto organizado de atributos, valores,

sentimentos e percepções que estão ligados à marca, que a reveste de um sentido e valor que

ultrapassa o custo percebido dos benefícios funcionais do produto. Denota-se, portanto, que o brand

equity cria valor não só para os consumidores, mas, também, para a empresa.

Neste sentindo, aponta valores para a empresa e para os consumidores através das formas do

brand equity:

a) Valor para a empresa através do aumento da:

1 – eficiência e eficácia dos programas de marketing.

2 – lealdade da marca;

3 – preços/ margens;

4 – extensão da marca;

5 – incremento com o trade;

6 – vantagem competitiva.

b) Valores proporcionados para os consumidores através do aumento da sua:

1 – interpretação/ processamento de informação;

2 – maior confiança na decisão de compra;

3 – satisfação de uso.

As ferramentas do brand equity podem organizar: programas para atrair novos consumidores ou

reconquistar antigos; construir a qualidade percebida; as associações com o valor da marca que

afetam aspectos emocionais e a satisfação de uso que proporcionam plataforma para o crescimento

via extensões da marca; pode dar impulso ao canal de distribuição, isto porque uma marca forte terá

a vantagem de ganhar maior destaque no local de venda; e finalmente, os ativos do brand equity

facilitam uma vantagem competitiva que acaba por representar uma barreira real para os

concorrentes.

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Concluindo, o branding é uma nova atividade de caráter interdisciplinar que vem sendo adotada

pelos designers para construir e administrar a identidade da marca através de todos os pontos de

construção da imagem, desenvolvendo manifestações multisensoriais, com contribuições de outras

áreas, criando a percepção de valor em torno da marca, através dos cinco sentidos, para atingir a

plenitude da marca e a fidelidade dos clientes. As ferramentas do branding aumentam as vantagens

competitivas no mercado, beneficiando a empresa e os clientes, de maneira total e inovadora.

CAPÍTULO II: EMPRESA COM MARCAS MUITO RECONHECIDAS

2.0 – Apple

A história da Apple começa quando dois jovens os engenheiros Steve Wozniak e Steve Jobs, que

tinham sido colegas de turma no colegial, enxergaram a possibilidade de desenvolver e comercializar

computadores pessoais. Jobs com sua grande visão futurista insistia que ambos, mais Ron Wayne,

deveriam tentar vender computadores pessoais. A idéia era desenvolver um microcomputador que

pudesse ser menores e bem mais acessíveis. Essa idéia e união resultaram no nascimento da APPLE

COMPUTER COMPANY no dia 1° de abril de 1976.

A palavra Apple foi escolhida por três razões: o nome iniciava-se com “A”, portanto apareceria

listado na frente da maioria dos competidores; ninguém esperaria uma associação de sentidos de

uma maçã com computadores, sendo uma aposta no inusitado; e uma maçã está ligada a uma vida

saudável, e o pedaço mordido uma clara referência ao pecado bíblico.

Steve Jobs, não queria somente vencer a concorrência no ramo dos computadores pessoais, mas

sim, mudar uma sociedade, criar uma nova perspectiva de vida para uma nova geração que estava

por vir. Os computadores só decolaram em 1977, quando o Apple II foi apresentado em uma feira de

informática. Primeiro computador a ter o CPU feito de plástico e com designers gráficos coloridos,

era uma máquina impressionante e fez muito sucesso. No entusiasmo de dar continuidade à

revolução que iniciou, Jobs cometeu o que talvez tenha sido seu primeiro erro: mandou seus

projetistas eliminarem a ventoinha do Apple III, o que resultou na necessidade de substituir milhares

de unidades danificadas por superaquecimento.

Três anos mais tarde, seria lançada uma versão revisada do Apple III, mas a imagem da máquina já

tinha sido irremediavelmente arranhada pela falha de projeto do modelo anterior. Em 1981 as coisas

começaram a se complicar. Primeiro, o mercado ficou saturado dificultando as vendas. Depois,

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Wozniack sofreu um acidente aéreo ficando ausente da empresa e Steve Jobs assumiu o controle.

Era o início de uma grande crise, que culminaria com a saída de Steve Jobs da empresa após feroz

desentendimento com John Sculley, CEO da APPLE na época.

De uma hora para outra os computadores da APPLE perderam o brilho e traziam uma interface

desatualizada para os padrões da época, com características que desagradavam os consumidores.

Em meados da década de 90, quase a beira da falência, a APPLE começaria a protagonizar uma das

maiores reviravoltas no mundo dos negócios, justamente após a volta de Steve Jobs a empresa em

1996. Com o gênio de volta a marca da maçã iniciou uma seqüência incrível de lançamentos de

produtos e programas, dentre os quais o iMac (computador cujo gabinete é integrado ao monitor), e

mais recentemente o iPod (permitiu que as pessoas transportassem todo o seu acervo de canções no

bolso), iPhone (redefiniu a categoria de smartphones ao se mostrar fácil de usar e reunir uma série

de funcionalidades de computação e entretenimento em um só aparelho) e o iPad (que consolidou o

mercado de tablets e inaugurou a “era pós-PC”), que se tornaram estrondosos sucessos de vendas e

revolucionaram o mundo dos computadores e da comunicação, acabando com as inúmeras crises

por qual a empresa passou, transformando-a na mais inovadora, e uma das mais poderosas e

influentes, do mundo. Afinal, Jobs soube como nenhum outro, utilizar a tecnologia como um

instrumento para influenciar a cultura e satisfazer, muitos diriam até mesmo criar, desejos e

necessidades em consumidores de todo o planeta. E essas maquininhas fantásticas criadas pela

APPLE, além de contribuíram para a formação de um estilo de vida conectado, afeito à mobilidade e

no qual a informação trafega fácil e rapidamente, colocaram o mundo na ponta dos dedos de

milhões de consumidores, que transformaram uma maçã mordida em ícone de adoração, associar

uma legião de devotos, aquilo que os profissionais de marketing chamam de apóstolos da marca.

A crise vivida em boa parte dos anos 90 não impediu que APPLE fosse pioneira ao lançar produtos

revolucionários como a impressora laser PostScript; o Desktop Publishing; a Universal Serial Bus,

popularmente conhecida como entrada USB que substituiu diversas outras, se tornando um padrão

mundial, e atualmente usada em Pen Drives e MP3 Players; os primeiros laptops com mouse de série

e teclados externos (série PowerBook 100, introduzidos em 1991); o abandono do leitor de disquetes

(iMac original, introduzido em 1998); o primeiro computador disponível comercialmente a se basear

principalmente no USB para a conexão de periféricos (iMac original, introduzido em 1998); e o

primeiro laptop com monitor de tela larga.

Durante a MacWorld 2007, a APPLE anunciou a mudança do seu nome de Apple Computers Inc.

para Apple Inc. Esta mudança ocorreu principalmente pelo novo posicionamento mercadológico que

a empresa passou a adotar. Além disso, a APPLE mostra ao público tecnologias que visam a

portabilidade, como o incrível MacBook Air, o iPod nano 3G e o iPad, produtos que provam o poder

da empresa no mundo da tecnologia.

Com a morte de Steve Jobs no início do mês de outubro de 2011, homens escolhidos a dedo por ele

para seguir com o seu legado, como Tim Cook (para o cargo de CEO), Jonathan Ive (vice-presidente

de design e comandante de uma área vital para que os aparelhinhos da inovadora marca façam o

sucesso estrondoso) e Phil Schiller (vice-presidente de marketing). O desafio agora é mostrar que a

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APPLE pode manter acesa a chama da inovação, a capacidade de revolucionar o mercado e

influenciar a sociedade.

No dia 19 de maio de 2001, a APPLE inaugurava suas duas primeiras lojas de varejo, batizadas

de Apple Store, uma na cidade de McLean, estado da Virginia, e outra em Glendale na Califórnia. As

lojas tinham design moderno, limpo, espaçoso e inovador, onde os consumidores podiam saber tudo

sobre produtos revolucionários. O sucesso foi tanto que outras 25 unidades abriram pelo país.

Atualmente a rede conta com mais de 355 unidades em 12 países e, em 2010, superou os US$ 12

bilhões em faturamento.

O logotipo original da APPLE, desenhado por Ron Wayne, mostrava Isaac Newton embaixo de uma

macieira. Steve Jobs contratou Rob Janoff, em 1976, para redesenhar o logotipo. O resultado foi o

surgimento do famoso logotipo representado por uma maçã colorida com uma mordida. Em 1999, o

logotipo assumiu várias cores para acompanhar as cores do iMac. O logotipo atual adotou uma cor

cinza cromada, passando uma imagem de tecnologia e sobriedade.

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Os slogans

This changes everything. Again. (2010, iPhone 4)

From the creators of iPod. (2004, iMac)

10,000 songs in your pocket. (2004, iPod)

Rip, mix, burn. (2001, iTunes)

It’s the biggest thing to happen to Macintosh since the Macintosh. (2001, OS X)

iThink, therefore iMac. (1998)

Think different. (1997)

The power to be your best. (1988)

Changing the world — one person at a time. (1986)

The computer for the rest of us. (1984)

Byte into an Apple. (anos 70)

Segundo a consultoria britânica Interbrand, somente a marca APPLE está avaliada em US$ 33.492

bilhões, ocupando a posição de número 8 no ranking das marcas mais valiosas do mundo. A APPLE

nunca foi tão rica e poderosa.

Em relação à Sustentabilidade a Apple apresenta uma análise abrangente do ciclo de vida dos seus

produtos que mostra de onde vêm as emissões dos gases do efeito estufa. Os cálculos incluem as

emissões relacionadas à produção, transporte, utilização e reciclagem dos produtos, assim como as

emissões de suas instalações. A Apple projeta os produtos para usar o mínimo possível de material,

serem colocados em embalagens menores, não conter muitas substâncias tóxicas, economizando o

máximo possível de energia e serem os mais recicláveis possíveis.

- Reciclabilidade dos produtos:

O enfoque da Apple com relação à reciclagem começa na fase de projeto, onde criam produtos

compactos e eficientes com menos material. E entre os materiais que utilizam estão vidro sem

arsênico, alumínio de altíssima qualidade e policarbonato extremamente resistente, materiais de alto

valor para os recicladores, porque podem ser reaproveitados na fabricação de outros produtos.

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- Produtos mais duráveis:

A Apple fabrica produtos que duram. A bateria integrada do MacBook Pro é um dos exemplos. As

baterias dos outros notebooks podem ser carregadas cerca de 200 a 300 vezes, mas a bateria do

MacBook Pro pode ser carregada até mil vezes.

- Reciclagem responsável:

Todo o lixo eletrônico coletado pelos programas voluntários da Apple em todo o mundo é

processado na região onde o mesmo é coletado. Nada é enviado para outro local para reciclagem ou

descarte. Os recicladores devem obedecer todas as leis de saúde e segurança aplicáveis e a Apple

não permite o uso de trabalho encarcerado em nenhum estágio do processo de reciclagem. Também

não é permitido o descarte de lixo eletrônico nocivo em aterros de lixo sólido nem em incineradores.

Dados corporativos

● Origem: Estados Unidos

● Fundação: 1 de abril de 1976

● Fundador: Steve Jobs, Steve Wozniak e Ronald Wayne

● Sede mundial: Cupertino, Califórnia

● Proprietário da marca: Apple Inc.

● Capital aberto: Sim (1979)

● CEO: Tim Cook

● Faturamento: US$ 108.2 bilhões (2011)

● Lucro: US$ 25.92 bilhões (2011)

● Valor de mercado: US$ 337.9 bilhões (novembro/2011)

● Valor da marca: US$ 33.492 bilhões (2011)

● Lojas: 357

● Presença global: + 125 países

● Presença no Brasil: Sim

● Funcionários: 60.400

● Segmento: Eletrônicos

● Principais produtos: Computadores, notebooks, celulares, tablets e tocadores de música

● Principais concorrentes: HP, Dell, Acer, Samsung, Nokia, Motorola e Sony

● Ícones: Steve Jobs, Macintosh e a maçã

● Slogan: Think Different.

2.1 – Natura

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A marca Natura, foi fundada em 1969 por Antonio Luiz Seabra, como um laboratório e uma

pequena loja de cosméticos, situada na rua Oscar Freire, em São Paulo. Nela, Seabra e apenas sete

funcionários vendiam seus produtos e prestavam consultoria de beleza aos usuários da marca. Foi

atendendo e conversando com seus clientes que eles constataram o potencial transformador dos

cosméticos, visto que o ato de tratar da pele é a expressão de auto-estima do indivíduo. A marca foi

lançada baseada na qualidade dos seus produtos, e também na força do conceito de ajudar as

pessoas a se conhecerem melhor e a serem mais felizes. A Natura era movida pela paixão do produto

cosmético como importante veículo de autoconhecimento e percepção e seu poder de

transformação na vida das pessoas.

Nos primeiros anos, a limitação de capital e a dificuldade de reproduzir em maior escala o

atendimento personalizado, se contrapunha à experiência bem sucedida das clientes que levavam os

produtos e os conceitos da NATURA a mais e mais pessoas. Era impraticável a divulgação dos

conceitos, valores, visão de mundo e da linha de produtos que tanto entusiasmava o fundador. A

empresa estava na contramão do mercado: a cosmética terapêutica era uma ilustre desconhecida e

os princípios ativos de origem natural ainda não estavam em moda. As embalagens modestas, quase

artesanais, inviabilizavam negócios com os canais tradicionais de acesso aos consumidores.

Apesar das dificuldades, o êxito alcançado pelos produtos e tratamentos, levou a empresa a

visualizar a possibilidade de uma grande expansão dos negócios. Para isso, tinha como alternativas a

abertura de uma rede de franquia, multiplicando o exemplo bem-sucedido da primeira loja, ou a

adoção do regime de Vendas Diretas, que permitiria ampliar o atendimento personalizado oferecido

na loja, através das consultas. Entre as clientes entusiasmadas pelos resultados obtidos no uso dos

produtos, a empresa tinha um número considerável de interessadas em se tornarem consultoras,

após o treinamento necessário. Foi então, que em 1974, a Natura optou pela venda direta. Nascia

assim à consultoria Natura e a figura importante das consultoras, que hoje somam atualmente mais

de um milhão no Brasil e mais de 192 mil em mercados internacionais.

A Natura terminou os anos 70 como uma empresa viável apoiada em suas crenças e visões de

mundo que inspiravam a criação de produtos e conceitos inovadores e de padrão mundial. Seguiu-se

uma década de forte expansão e aprendizado, superando o desafio de apoiar e reforçar relações

cada vez mais distantes geograficamente, à medida que expandia atuação por todo o Brasil. No início

da década de 80 emergiu a necessidade de ampliação da oferta de produtos. Além da cosmética

terapêutica, a empresa passou a vender linhas de maquiagem e perfumaria. Além disso, em 1981, a

Natura foi à primeira empresa a criar um serviço telefônico gratuito de atendimento aos

consumidores. Em 1989, impulsionada pela fusão das quatro pequenas empresas que formavam o

sistema Natura até então, emergiu uma renovada empresa capaz de atrair e mobilizar a energia e os

corações de milhares de consultoras, consumidores e colaboradores para realizar um sonho:

contribuir para o aperfeiçoamento da sociedade e da qualidade das relações humanas.

Em 2002, ingressou com seus produtos nos Free Shops de aeroportos brasileiros e em 2005 estreou

na Europa com uma loja. Recentemente, a NATURA também deu sinais de agressividade em outras

frentes, como a anunciada aceleração dos investimentos em marketing. A empresa tradicionalmente

direcionava seus investimentos apenas para o marketing institucional. Em 2008, decidiu mudar de

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estratégia e o investimento em inovação se manteve em R$ 100 milhões e o gasto em marketing com

a marca cresceu. Essa nova estratégia surtiu resultado e a empresa atingiu faturamento e

lucratividade recorde em 2010.

A razão de ser é criar e comercializar produtos e serviços que promovam o Bem-Estar/Estar Bem.

Bem-Estar: é a relação harmoniosa, agradável, do indivíduo consigo mesmo, com seu corpo. Estar

Bem: é a relação empática, bem-sucedida, prazerosa, do indivíduo com o outro, com a natureza da

qual faz parte e com o todo.

O primeiro logotipo da marca surgiu em 1970 com uma flor como símbolo da beleza. Em 1990

ocorreu a primeira alteração: uma rosácea por seis letras “n” entrelaçadas passou a ser o logotipo da

marca. O atual logotipo da marca foi introduzido em 2000.

Segundo a consultoria Brand Finance, somente a marca Natura está avaliada em R$ 6.106

bilhões, ocupando a posição de número 5 no ranking das marcas mais valiosas do Brasil.

Poucas empresas brasileiras têm a preocupação com a sustentabilidade como a Natura teve

desde a sua criação. Uma das iniciativas recentes é a ponta-de-lança de uma mudança mais

radical que a Natura vem promovendo em sua linha de produtos. Além de abolir testes em

animais, ela está, aos poucos, mudando as fórmulas de seus cosméticos. Saem de cena os

ingredientes animais e minerais (provenientes do petróleo) e entram matérias-primas vegetais.

Os sabonetes foram a primeira linha de produtos a passar por essa mudança, em 2005, num

processo que a companhia chama de “vegetalização”. Com o mesmo cuidado com que

desenvolve fórmulas, a Natura se preocupa com as embalagens dos produtos, para que elas

reflitam a atratividade e o impacto positivo dos valores da marca, bem como a preocupação

com a responsabilidade ambiental. A empresa foi pioneira, em 1983, no uso de refis para

produtos de maior consumo. Essa medida reflete expressivamente o comprometimento da

empresa com a questão ambiental.

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A empresa onde for leva seus valores e crenças e, principalmente, evidencia a cultura e a

riqueza brasileira. Em 2006, a Natura anunciou duas medidas que reforçam a postura de

empresa responsável: uma foi a total eliminação de testes em cobaias, uma prática, que era

motivo de fortes críticas de entidades que atuam em defesa dos direitos dos animais. A outra

foi o lançamento do projeto de redução de gases que geram o efeito estufa em sua cadeia

produtiva. Ainda nesse compromisso, a Natura lançou também em 2006 um projeto para

incentivar as consultoras a recolherem as embalagens de seus clientes e encaminharem às

cooperativas de reciclagem. Assim, além de contribuir para reduzir o impacto ambiental ajuda

na geração de renda de pessoas mais carentes. Mas a ação principal para a redução do gás

carbônico que a empresa desenvolve é a venda de refis, entre outras ações internas e externas

a fábrica.

2.2 – Volkswagen

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Alguns adjetivos podem determinar a marca Volkswagen entre eles é uma marca próxima,

amigável e perfeita para a vida do consumidor. Mas acima de tudo, é uma marca onde a

confiança é o maior pilar de relacionamento com seus consumidores.

A tradução literal da Volkswagen: carro do povo. Não seria preciso mais nada para marcar a

ferro a presença da montadora alemã na história. Sua história começou como mais uma das

obsessões de Adolf Hitler, era de interesse estratégico do Reich nazista, uma tentativa de

uniformização automotora da raça ariana.

O desejo do ditador era produzir um automóvel barato e econômico, que transportasse dois

adultos e três crianças, e que qualquer pessoa pudesse comprá-lo através de um sistema de

poupança voltado para sua aquisição. O engenheiro encarregado de desenvolver o modelo foi

Ferdinand Porsche. Aproximadamente 336 mil pessoas pagaram pelo modelo, e os protótipos

do carro, já possuíam as curvas de seu formato característico e o motor refrigerado a ar, de

quatro cilindros, montado na traseira. Assim, com pesados subsídios do governo, a empresa

foi oficialmente criada no dia 28 de maio de 1937 com o nome de Gesellschaft zur

Vorbereitung des Deutschen Volkswagens GmbH (Companhia para a Preparação dos Carros

do Povo Alemão). Mais tarde, naquele mesmo ano, a empresa seria renomeada simplesmente

como Volkswagenwerk, ou “Companhia do Carro do Povo”. Originalmente operada pela

Frente Trabalhista Alemã, uma organização nazista, a Volkswagen tinha a sua sede principal

em Wolfsburg.

A nova fábrica só havia produzido algumas unidades quando a Segunda Guerra Mundial

iniciou em 1939. Como conseqüência da guerra, sua produção foi adaptada para veículos

militares. Com o fim do conflito, a retomada da produção veio de maneira vigiada, quando da

ocupação da Alemanha Ocidental pelos vitoriosos aliados em 1945.

Em1947 a empresa assinou o primeiro contrato de exportação com uma empresa da

Holanda. No ano seguinte o Beetle, como era conhecido o Fusca, representava 23% das

exportações da empresa para os países europeus. Nessa época a Volkswagen dominava o

mercado nacional (64.4%) e o europeu. Nos Estados Unidos o carro iniciou uma revolução no

segmento dos pequenos automóveis em 1949, conquistando milhões de motoristas que

queriam ter o Beetle como segundo carro, além de ser o modelo mais importado do país. A

década de 50 começou com o lançamento do VW Transporter (popularmente conhecido com

Kombi), representando um novo segmento da indústria automotiva, tendo o projeto baseado

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nos carros de transportes internos da empresa. Durante esta década, a marca lançou bases de

sua ampliação industrial. Neste período, eram instaladas as primeiras fábricas em caráter

multinacional, em países como o Canadá (1952), Brasil (1953) e Austrália (1954). Muito à

frente de seu tempo, a empresa abriu seu capital na Bolsa de Valores já em 1960.

A agressividade emergente da Volkswagen foi comprovada no ano seguinte (1961), quando

o administrador Heinrich Nordhoff incorporou as concorrentes Audi, DKW e NSU. Em 1977

o Fusca atingia a histórica marca de 21 milhões de carros vendidos desde seu lançamento.

Porém o sucesso não foi suficiente para impedir que a montadora encerrasse a produção do

modelo na Europa. A partir da década de 80 a montadora começou um enorme processo de

aquisições de outras marcas como a espanhola SEAT (1986), a Skoda (1990), a inglesa

Bentley (1998), as italianas Bugatti (1998) e Lamborghini (1998). Como parte de uma grande

reestrutura, em 1995, a montadora criou a Volkswagen Commercial Vehicles, divisão

responsável por todos os veículos comerciais da empresa alemã. Depois de aproximadamente

70 anos e mais de 21 milhões de unidades produzidas, o último fusca original saiu da linha de

produção da unidade instalada em Puebla, no México, em 30 de julho de 2003.

Em 2008, a Volkswagen comprou a montadora sueca de caminhões Scania. No mesmo ano,

a Porsche tornou-se o principal acionista da Volkswagen com 51%, ultrapassando o até então

maior acionista, o governo do estado alemão. Porém, a Porsche não resistiu aos efeitos da

crise financeira internacional iniciada no final daquele ano, que agravou os problemas

financeiros da montadora, quando seu maior mercado, os Estados Unidos, reduziram em 50%

o volume de importações dos esportivos alemães. Sem ter condições para bancar a dívida

assumida com a compra das ações, devolveu o controle majoritário para a Volkswagen e

passou a fazer parte do grupo. Com isso, VW e Porsche tiveram suas operações totalmente

consolidadas em meados de 2011.

Segundo a consultoria britânica Interbrand, somente a marca volkswagen está avaliada em

US$ 6.892 bilhões, ocupando a posição de número 53 no ranking das marcas mais valiosas do

mundo. Além disso, a Volkswagen é a 16ª maior empresa do mundo de acordo com a Fortune

500 de 2010.

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A marca no Brasil começou em 1949, quando pesquisas feitas no mercado latino-americano

indicaram o Brasil como o melhor lugar para receber a primeira fábrica da montadora fora da

Alemanha. Em 23 de março de 1953, em um pequeno armazém alugado no bairro do

Ipiranga, em São Paulo, nascia a Volkswagen do Brasil. De lá saíram os primeiros Fuscas,

com peças importadas da Alemanha e montados por apenas 12 empregados. Entre 1953 e

1957, foram montados 2.820 veículos. Os planos da empresa ganharam novo impulso quando,

em junho de 1956, o governo brasileiro criou condições para instalar no Brasil a indústria

automobilística, fixando as bases para o rápido desenvolvimento do setor. No mesmo ano, a

Volkswagen decidiu construir sua fábrica em São Bernardo do Campo (SP). Lançado em 3 de

janeiro de 1959, o Fusca rapidamente tornou-se sucesso de mercado (o Brasil produziu e

vendeu 3.3 milhões de unidades), numa época dominada pelos grandes automóveis

importados. Em julho de 1970, com os primeiros recordes de produção e vendas, a marca

chegava ao primeiro milhão de veículos. Em março de 1972, o Fusca registrava o marco

histórico de um milhão de unidades vendidas. O aprimoramento na produção de veículos

adequados às condições e exigências brasileiras levou, em junho de 1974, ao lançamento do

Passat, carro de tamanho médio. O carro foi sucesso no Brasil e no exterior. Em 1975, a filial

brasileira já era a maior fora da Alemanha, e responsabilizava-se por 62% da produção

nacional. Em 1980, com o parque automobilístico brasileiro consolidado, a Volkswagen

decidiu entrar no mercado de caminhões. Atualmente líder nesse mercado, produziu e vendeu

240.044 caminhões e ônibus nos primeiros 23 anos. Em 1993, a Volkswagen comemorava 10

milhões de veículos fabricados no país e relançava o Fusca, aproveitando vantagens fiscais

oferecidas pelo governo federal para quem produzisse um carro popular.

Em 2002, a Volkswagen entrou numa nova fase de sua produção, com a inauguração da

Fábrica Nova Anchieta, uma das mais modernas do mundo. Em março de 2003, a montadora

comemorou 50 anos de Brasil com o lançamento do Gol Total Flex, o primeiro automóvel

bicombustível do país. Ao longo de mais de 50 anos no Brasil, a Volkswagen sempre buscou

a evolução tecnológica e o aprimoramento de seus produtos. Seu Departamento de Engenharia

e Desenvolvimento do Produto reúne aproximadamente 1.500 engenheiros, designers e

especialistas capazes de projetar e produzir automóveis de aceitação mundial. A unidade

brasileira apresenta números consideráveis: faturamento superior a R$ 25 bilhões; 22 mil

funcionários; 5 fábricas; 736 concessionárias; 626.183 carros vendidos por ano (2009); 25.3%

de participação de mercado; 18 modelos diferentes disponíveis no mercado; e 123.173

unidades exportadas, embarcando seus produtos para aproximadamente 36 países da Europa,

América do Sul, América Central, América do Norte, África e Oriente Médio.

O logotipo da Volkswagen é um dos mais famosos do mundo. Como muitos outros

elementos de design corporativo, ele representa os valores da marca. É uma demonstração da

alta qualidade, solidez e expertise da marca, entre outras coisas. Desde os primeiros tempos da

empresa, o logotipo com a letras V e W juntas dentro de uma “bolacha”, foi o símbolo da

DAF (Deutsche Arbeitsfront), um tipo de sindicato da antiga fábrica Volkswagen GmbH. Até

hoje o criador deste logotipo é desconhecido. No ano de 2000 foi feita uma adaptação

tridimensional, estando alinhado com os mais altos padrões da marca, sem perder sua

familiaridade.

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Alguns dos slogans da marca:

Think Small. (1962 - VW Beetle)

Volkswagen is a Volkswagen - as it looks completely alike. (1963)

Drivers wanted. (1995)

Volkswagen there one knows, what one has. (1988)

For boys who were always men. (2000 - VW Golf GTI)

Volkswagen - The Car.

For the love of the car. (2006)

Das Auto. (2007)

Driving Ideas. (2007)

Em relação a sustentabilidade o Grupo Volkswagen está melhorando a conservação dos

recursos de produção em suas 94 fábricas em todo o mundo. O Grupo Volkswagen

estabeleceu para si mesmo a meta de tornar os processos produtivos 25% mais ecológicos até

2018, em todas as suas fábricas.

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O Grupo Volkswagen também mantém altos padrões junto a seu público interno. A alta

atratividade e a satisfação dos funcionários são elementos essenciais para a estratégia Mach

2018, meta da empresa de se tornar a líder mundial em vendas de veículos até 2018. É por

isso que o Grupo Volkswagen realiza uma pesquisa anual, padrão em todas as suas operações

no mundo, sobre a opinião de seus funcionários: 89% dos colaboradores participam da

pesquisa, que é a ferramenta fundamental para determinar sua satisfação, eliminando as

deficiências e melhorando os processos de trabalho.

Algumas das metas de sustentabilidade do Grupo Volkswagen:

* Em 2016, o Grupo Volkswagen deve investir 62,4 bilhões de euros em todo o mundo e mais

14 bilhões na China. Bem mais de dois terços desse programa de investimento serão aplicados

direta e indiretamente no desenvolvimento de veículos cada vez mais eficientes, motores e

tecnologia, assim como para a realização de uma produção mais compatível com o meio

ambiente em suas fábricas.

* Os processos produtivos do Grupo devem ser 25% mais ecológicos em 2018, em

comparação com 2010. Em termos concretos, isso significa 25% a menos de consumo de

energia e água, além de resíduos e emissões.

* Até 2020, as emissões de gases de efeito estufa devem ser reduzidas em 40%, como

resultado de inovações no fornecimento de energia para a produção no Grupo Volkswagen

* Nesse contexto, o Grupo deve investir cerca de 600 milhões de euros na expansão utilização

de recursos renováveis de energia, como solar, energia eólica e hidrelétrica.

Ações de sustentabilidade no Brasil

A Volkswagen do Brasil teve destaque na edição do relatório, que mencionou o mercado

brasileiro como um dos principais players econômicos para o Grupo Volkswagen, além de

diversas ações de sustentabilidade realizadas pela empresa no País. Um dos maiores destaques

da publicação é o projeto das Pequenas Centrais Hidrelétricas, que têm proporcionado à

Volkswagen do Brasil a geração de energia limpa e renovável. Numa iniciativa pioneira entre

as montadoras instaladas no Brasil, a Volkswagen anunciou a construção de duas pequenas

centrais hidrelétricas (PCHs), com capacidade para gerar 48,2 MW por ano e que responderão

por 40% da energia elétrica da empresa no Brasil.

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CAPÍTULO III: UMA NOVA VISÃO

3.0 – Marketing 3.0

O marketing 1.0 se iniciou com a revolução industrial, onde o objetivo era padronização e grande

escala de produção. A Era Henry Ford: o consumidor não tinha voz ativa, apenas consumia.

Os consumidores evoluíram e começaram a exigir um pouco mais, a reclamar e até mesmo terem

mais opções. O valor dos produtos são valorizados pelos clientes e a participação do consumidor é a

principal responsável pelo sucesso das empresas e produtos. Após essa era denominada 2.0, vem um

novo tempo com: a ERA 3.0, que está aí para trazer novas formas de interação. Satisfação funcional,

emocional, espiritual terão que atrair o consumidor para que a compra persista ou até mesmo para

que o produto seja experimentado.

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O advento das redes sociais e novas formas de comunicação digital colaboraram e muito para a

participação ativa dos consumidores e, hoje percebemos que as marcas são cada vez mais

comentadas nestes canais. Consumidores insatisfeitos não ficam mais em silêncio, sentem vontade

de usar outra marca e denunciar sua insatisfação.

As empresas atuais devem respeitar seus clientes, entendê-los e se preocuparem principalmente

com o que eles estão falando sobre a marca. A criatividade conta muito neste momento, mudar e

inovar é uma tarefa difícil, mas necessária.

A Apple desenvolveu ao longo de sua trajetória um DNA autêntico, esta identidade faz com que os

consumidores percebam suas atitudes, além de reconhecerem suas ações, se são falsas ou

verdadeiras.

Valores, são eles que julgam sua marca, são eles que farão sua marca crescer em abundância e

alcançarem uma posição em seu público distinto. Mais do que necessário, as empresas precisam

atender suas missões, valores e visão. Pois os consumidores estão acreditando fielmente nestas

exposições. Percebe-se que algumas empresas expõem suas opiniões sobre o cuidado com o meio

ambiente e ações de fato não estão sendo realizadas, por exemplo. Sendo a abertura para que os

consumidores critiquem. Hoje em dia podemos dizer que os consumidores são de fato os donos das

marcas, pois suas opiniões são tão valiosas, que produtos são lançados para deixarem satisfeitos.

Sendo que as práticas inovadoras estão baseadas nas necessidades e nas surpresas.

A importância também de manter os colaboradores atentos com as ações que as empresas

empregam são essenciais para um bom relacionamento entre marca e consumidor. Se os

funcionários agirem de tal forma a denegrir sua imagem, automaticamente as pessoas entenderão

que daquela forma ele age no ambiente de trabalho.

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Alguns dos principais tópicos para que a empresa se adapte ao Marketing 3.0:

- Ame seu cliente e respeite seus concorrentes, pois assim criará um ambiente confortável e sem

“guerras.”

- Inovação sempre. Não se entende inovação como algo novo, mas sim diferente e fora da zona de

conforto.

- Sua identidade bem vista no mercado é essencial. Não suje seu nome com qualquer ação

precipitada.

- Entenda que cada cliente tem sua personalidade e sua necessidade.

- Oferecer preços justos e um pacote de serviços/produtos que agregam valores para ambos tem

grande valia para o posicionamento.

- Esteja sempre disponível para seu cliente.

- Conheça seu cliente individualmente e conquiste outros através deles.

- Não importa qual é seu setor, mas sempre entenda que o seu papel é de serviços. O bom

relacionamento é o primeiro serviço a ser prestado.

- Qualidade deve sempre estar à frente do seu negócio.

- Coletar informação sobre seus clientes é de suma importância, mas tomar as decisões sempre deve

ser planejadas com cautela.

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O marketing 3.0 basicamente gira em torno de mudanças e da política do bom relacionamento.

Perceber e atender são atitudes que com certeza mudarão o rumo das empresas. Sendo o futuro do

marketing que tem muito haver com o sentimento humano, com a saúde do mundo e a união de

todos. Estamos percebendo que hoje o marketing cultural através das marcas geram mais interação

com o público, ao vestir uma camiseta da Apple, por exemplo, já conseguimos prever as expectativas

deste consumidor e sabemos onde ele estará, tanto no mundo real quanto no virtual.

Para Kotler : “A missão do marketing 3.0 nas empresas consiste em estabelecer um elo com o

cliente, promover a sustentabilidade no planeta e melhorar a vida dos pobres. Se você criar um caso

de amor com os seus clientes, eles próprios farão a sua publicidade”.

3.1 – A visão do consumidor No mercado consumidor existe uma grande variedade de produtos e serviços que são ofertados

para um número muito grande de indivíduos. Com este mercado tão grande, fica difícil conhecer os

clientes e, consequentemente, satisfazer as necessidades e os desejos dos clientes que o marketing

se propõe. Para saber como essas pessoas lidam com suas vidas de cada dia o comportamento do

consumidor aparece como uma ferramenta no marketing.

Para um entendimento do que é o comportamento do consumidor é importante definir quem é o

consumidor, este consumidor que se refere nesta pesquisa compreende ao consumidor final. O

consumidor final é identificado por: aquele cliente de bens de consumo, ou seja, que consome

produtos dos mercados de bens de consumo, no seu dia-a-dia.

O conceito de comportamento do consumidor inclui todas as atividades físicas e mentais dos

consumidores finais que resultam em ações para comprar um produto ou rejeitar um produto.

Dentro deste conceito muitas ações podem interferir no processo de compra do cliente, na decisão

de o que comprar, de como pagar, quanto comprar e como utilizar os produtos ou serviços. Estas

decisões são de fundamental importância para definir uma compra e venda satisfatória.

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Conhecer o consumidor é uma das principais tarefas do administrador de marketing para garantir o

sucesso da empresa. Pois estudar o comportame nto do consumidor proporciona aos profissionais de

marketing conhecer realmente o que os seus clientes querem e desejam. E através deste estudo do

comportamento de seus clientes, facilitar na tomada de decisão em vários momentos na empresa

como: na criação do plano de marketing da empresa, no relacionamento com o cliente, na

aproximação cada vez mais do produto ao cliente e em outros momentos mais simples que existem

no dia-a-dia de uma empresa. A empresa que conhece as características, atitudes e preferências dos

seus clientes, nos dias atuais, é uma empresa que já tem uma vantagem frente a seus concorrentes.

Kotler (2000) distingui cinco papéis que as pessoas podem desempenhar em uma decisão de

compra, que são:

- Iniciador: pessoa que sugere a idéia de comprar um produto ou serviço;

- Influenciador: pessoa cujo ponto de vista ou conselho influencia na decisão;

- Decisor: pessoa que decide sobre quaisquer componentes de uma decisão de compra (comprar, o

que comprar, como comprar e onde comprar);

- Comprador: pessoa que efetivamente realiza a compra;

- Usuário: pessoa que consome ou usa o produto ou serviço.

Os consumidores adotam comportamento de compra complexo quando estão altamente

envolvidos em uma compra e conscientes das diferenças significativas entre as marcas, sendo este o

caso dos produtos caros, cuja compra é realizada com pouca freqüência, envolve um risco e é

altamente auto-expressiva. No comportamento de compra com dissonância cognitiva reduzida o

comprador está altamente envolvido em uma compra, mas vê pouca diferença entre as marcas.

Neste caso, o comprador pesquisará o que está disponível no mercado, mas acabará comprando com

relativa rapidez, devido talvez a um bom preço ou à conveniência de compra.

No comportamento de compra habitual os produtos são comprados sob condições de baixo

envolvimento e ausência de diferenças significativas de marcas. Se os consumidores continuarem a

escolher a mesma marca, criarão um hábito, e não uma fidelidade à marca. Existem forte evidências

de que os consumidores têm pouco envolvimento com produtos de baixo custo comprados com

freqüência.

O nível de satisfação da compra realizada vai influenciar na postura que o cliente terá em relação a

determinado produto ou serviço e a determinada marca, podendo realizar futuras compras ou não, o

grau de satisfação deriva da comparação entre o real e a expectativa. O grau de satisfação pode ser:

- Satisfeito: quando o real é mais que o esperado;

- Insatisfeito: quando o real é menor que o esperado;

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- Nem satisfeito nem insatisfeito: quando o real equivale ao esperado

É importante considerar os atributos que são materializados no produto através da marca e, ainda,

as vantagens e benefícios que propiciam ao produto. O produto, ou serviço, destacado pela marca

passa a ser percebido pelo comprador, por isso é significativo que o objeto marcado conserve um

valor superior ao do produto sem marca ou concorrente. A marca não é simplesmente “um ator de

mercado”, uma missão, uma concepção daquilo que deve se tornar categoria, a partir da marca é

que se emite um ponto de vista sobre a categoria de produto.

As marcas proporcionam benefícios tanto para consumidores quanto para empresas; para dar uma

marca a um produto, é necessário ensinar aos consumidores quem é o produto, dando-lhe um nome

e utilizando outros elementos para a identificação do que o produto faz e por que os consumidores

devem se interessar por ele. Para minimizar os riscos, os consumidores compram marcas conhecidas,

especialmente àquelas com as quais já tiveram experiências anteriores favoráveis.

O consumidor como a utilidade total que o consumidor associa ao uso e consumo da

marca, incluindo associações funcionais e simbólicas. O valor da marca baseado no consumidor é

positivo, quando o consumidor está familiarizado com ela e sustenta, na memória, alguma

associação favorável e única dessa marca; a resposta favorável, por usa vez, aumenta a receita, reduz

os custos e aumenta os lucros. O valor da marca baseia-se em dois componentes: força da marca e

valorização.

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Brand equity baseado no cliente ocorre quando o consumidor tem alto grau de lembrança da

marca e de familiaridade com ela e retêm, na memória, algumas associações fortes, favoráveis e

exclusivas. Lembrança de marca consiste no desempenho do reconhecimento da marca e da

lembrança espontânea da marca, já o reconhecimento da marca é a capacidade dos consumidores

de confirmar exposição prévia à marca, quando esta é apresentada, isto é, discriminá-la

corretamente como uma marca que já viram ou ouviram sobre ela anteriormente. A importância

relativa da lembrança espontânea e do reconhecimento de marca dependerá de até que ponto os

consumidores tomam decisões relacionadas com o produto na presença da marca ou na sua

ausência. Aumentar a lembrança da marca aumenta a probabilidade de que ela venha a se tornar um

membro do grupo de consideração e lembrança na mente dos consumidores.

- Conscientização da marca é, freqüentemente, um ativo subavaliado, entretanto, a conscientização

tem demonstrado afetar percepções e até mesmo o gosto do consumidor. As pessoas gostam do que

lhe é familiar.

- Qualidade percebida é um tipo especial de associação, em parte porque influencia associações de

marca em muitos contextos e, em outra parte, porque tem sido empiricamente demonstrado que

afeta a lucratividade.

- Associações da marca podem ser aquilo que ligue o cliente à marca. Podem incluir imagens,

atributos do produto, situações de utilização, associações organizacionais, personalidade da marca e

símbolos. Grande parte da gestão de marcas envolve a determinação de associações a serem

desenvolvidas e a criação de programas que liguem as associações à marca.

- Fidelidade à marca está no cerne do valor de qualquer marca. O conceito é o de fortalecer o

tamanho e a intensidade de cada segmento de fidelidade. Uma marca com uma base de clientes

pequena, mas bastante fiel pode representar um valor considerável.

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A vantagem no conceito de valor da marca é permitir aos gerentes um melhor programa de

marketing, com enfoque nos efeitos da marca para o consumidor, entretanto a meta eventual de

qualquer programa de marketing é aumentar as vendas; primeiro, é necessário estabelecer

estruturas de conhecimento para a marca, de forma que consumidores respondam favoravelmente a

aceitabilidade de marketing para a marca, assim valor da marca baseado no cliente e está definido

como o efeito de diferencial de conhecimento da marca em resposta do consumidor para o

marketing da marca.

3.2 – As Marcas verdes

O mercado verde hoje cresce a cada dia e cada vez mais novas pesquisas comprovam esta

preferência no consumidor. Uma entrevista feita com 10 mil consumidores em 8 países (Alemanha,

Austrália, Brasil, China, Estados Unidos, França, Índia e Reino Unido) comprovou que a maioria dos

consumidores (60%) quer comprar produtos de empresas ambientalmente responsáveis e mais de

70% dos consumidores do Brasil, Inda e China pretendem gastar mais com produtos verdes nos

próximos anos.

Os Brasileiros são os que mais acreditam em propaganda de produtos verdes e 91% acham que elas

são importantes para informar o consumidor e explicar seus benefícios. Outra parte da pesquisa

mostrou quais empresas os consumidores enxergam como as mais verdes nos seus respectivos

países. No Brasil o primeiro lugar ficou para a marca Natura, sendo uma empresa com grande

preocupação e atuação sócio ambiental e comunica freqüentemente estes valores para os seus

consumidores.

De acordo com a lista das marcas verdes mais valiosas em 2012 da Interbrand, a Toyota é a

primeira marca do mundo, refletindo o esforço da indústria japonesa em conquistar o coração dos

consumidores atuais através da sustentabilidade.

A Toyota não está sozinha nessa lista, já que entre os 21 primeiros colocados do ranking de 2012,

estão incluídas outras 7 marcas de fabricantes de automóveis: Honda (3º), VW (4º), BMW (10º), Ford

(15º), Mercedes (16º), Hyundai (17º) e Nissan (21º). Ainda nas primeiras 21 posições, pode ser

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destacada a presença de empresas como Johnson & Johnson (2ª), HP (5ª), Danone (9ª), 3M (12ª) e

Apple (13ª).

Cada vez mais é preciso transcender o marketing tradicional dos 4 P´s, para se obter a diferenciação

através da sustentabilidade. A preocupação com a responsabilidade social e ambiental passa a ser

um fator de sucesso no processo decisório, quando se trata de competitividade entre determinados

produtos.

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O título de empresa verde é obtido pela junção de dois fatores críticos: percepção e desempenho.

Uma empresa que empreende um esforço significativo em relação à sustentabilidade, conseguindo

também construir uma imagem positiva, ajuda a aumentar o valor da sua marca. As marcas mais

verdes são vitais, relevantes poderosas e pioneiras. Trabalham de forma transparente em relação às

iniciativas de sustentabilidade. As marcas mais verdes são lucrativas, éticas e ecologicamente

responsáveis, pavimentando um novo caminho de estabilidade, prosperidade e confiança num futuro

melhor.

CONCLUSÃO

Esse trabalhou tentou mostrar um conceito de marca e seus componentes muito significantes no

processo da compra, mostrar atitudes que levam os consumidores a escolherem tal produto de uma

marca e de outra marca não. Os estudos feitos no Branding tem que ser os melhores, para essa

gestão da marca ser bem sucedida e aumentar cada vez mais o valor da empresa, porque a marca é

um bem intangível que se bem usada aumenta e muito o valor do ativo de uma empresa.

Outro ponto do trabalho foi mostrar as empresas presentes em diversos países e de diversos

ramos, cujo objetivo principal é desenvolver em seus produtos uma marca forte que fixe na mente

de seus consumidores os valores que a empresa leva. Hoje o pensamento das pessoas está mudando,

os consumidores estão valorizando muito marcas verdes aquelas que além de se preocuparem com

seus lucros estão se preocupando com o social, com meio ambiente, com o futuro da sociedade, são

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empresas que associam sua marca a sustentabilidade e tem uma grande vantagem a seus

concorrentes.

Uma empresa que é exemplo e tem seus valores relacionados a sustentabilidade e é nacional é a

Natura uma empresa que nasceu no Brasil hoje é uma multinacional e sempre leva em seus produtos

a sua visão sustentável. No qual se pode aumentar o valor monetário da sua empresa e ser

sustentável.

A imagem que o trabalho propôs passar que por trás de toda marca tem uma história da empresa,

o que fez a mesma para chegar a um tal logotipo o porque da escolhe do consumidor em relação a

marca, como fazer uma gestão da marca e os novos princípios do marketing.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

http://www.prppg.ufc.br/nit/index.php?option=com_content&view=article&id=109&Itemid=67

AAKER, David A. Marcas-brand equity: gerenciando o valor da marca. 2 ed. São

Paulo: Negócio, 19998

http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%ADmbolo_(identidade_visual)

http://www.google.com.br/imgres?q=s%C3%ADmbolo+marca&um=1&hl=pt-

http://www.apple.com/br/supplierresponsibility/

http://scf.natura.net/Conteudo/Default.aspx?MenuStructure=5&MenuItem=32

http://www.implantandomarketing.com/marketing-3-0-os-consumidores-sao-os-novos-donos-da-

marca/

http://exame.abril.com.br/marketing/noticias/philip-kotler-propoe-as-empresas-o-conceito-do-

marketing-3-0

http://www.interbrand.com/en/best-global-brands/Best-Global-Green-Brands/2012-

Report/BestGlobalGreenBrandsTable-2012.aspx

http://www.google.com.br/imgres?q=marcas+verdes&um=1&hl=pt-

BR&sa=N&tbo=d&biw=1277&bih=709&tbm=isch&tbnid=HSVBYGpr9x7AMM:&imgrefurl=http://ww

w.infomoney.com.br/negocios/noticia

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PONTÍFICIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuariais.

O MERCADO DA LARANJA

Aluno: Heitor Bugulin Paulon Moreno

Prof. Arnoldo José de Hoyos Guevara

2° Semestre 2012

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 3

CAPÍTULO I – O MERCADO DA LARANJA .................................................................. 5

1.1 – UM BREVE OLHAR SOBRE O MERCADO ............................................... 7

1.2 – A IMPORTÂNCIA DA LARANJA E DO AGRONEGOCIO PARA O BRASIL ........................................................................................ 7

1.3 – OS NOVOS E CONTÍNUOS DESAFIOS DO MERCADO DA

LARANJA ................................................................................................. 11

CAPÍTULO II – A SITUAÇÃO BRASILEIRA ................................................................... 14

2.1 – A COMPLEXIDADE DO AGRONEGÕCIO E SUA IMPORTÂNCIA

NO BRASIL ................................................................................................. 14

2.2 – O MONOPÓLIO DAS GRANDES CORPORAÇÕES NO SETOR

CÍTRICO BRASILEIRO ...............................................................................17

2.3 – A AMPLITUDE DAS DIFICULDADES PARA O MERCADO ..................... 21

CAPÍTULO III – AS MANEIRAS DE SAIR DA CRISE .................................................... 22

3.1 – A SUSTENTABILIDADE ................................................................. 22

3.2 – NOVOS HÁBITOS ....................................................................................... 23

3.3 – CAMPANHAS DE MARKETING E A UNIÃO DE EMPRESAS .................. 24

CONCLUSÃO .................................................................................................................. 25

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 25

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INTRODUÇÃO

A produção de laranja no Brasil, que tem no estado de São Paulo 80%

da produção nacional, gera mais de 200 mil empregos diretos e indiretos, recolhendo impostos

e movimentando estabelecimentos em mais de 3.000 municípios brasileiros em que a cultura

da laranja está presente. Já nos Estados Unidos, que é o maior mercado consumidor do

mundo, tem a segunda maior produção do mundo e a concentra principalmente no estado da

Flórida, que junto com o estado de São Paulo detêm 81% da produção mundial de suco. São

quase 165 milhões de árvores produzindo no Brasil e 60 milhões na Flórida.

Responsável por metade do suco de laranja do mundo, o Brasil traz por

meios de exportações US$ 1,5 bilhões a US$ 2,5 bilhões por ano ao país. O setor viveu seus

anos de glória principalmente entre as décadas de 1980 a 1990, mas desde 2003 se depara

com a queda ou estagnação do consumo no exterior. Sendo totalmente dependente do

mercado exterior, já que exportam 98% de toda a produção, o setor teve no marketing sua

primeira tentativa para reverter essa situação.

Nessas tentativas de revitalizar o mercado do suco de laranja o setor já

contou com o apoio de agencias como a Apex Brasil e teve ideias de realizar um projeto-

piloto na Alemanha, que é o principal mercado consumidor do suco de laranja brasileiro na

Europa. Com essa busca por uma solução para essa eminente crise no mercado os produtores

dos EUA estão gastando US$ 30 milhões por ano em propaganda do suco e ainda não

obtiveram nenhum resultado expressivo. Há também a iniciativa de buscar novos mercados

consumidores, mas trata-se de um processo de prospecção muito lento e demanda de tempo

para o consumidor adquirir o hábito de tomar suco de laranja.

Além das dificuldades que o suco de laranja sofre em relação à queda

de seu consumo, há a dificuldade em ralação ao aumento do custo operacional de produção e

a rapidez com que pragas e doenças avançam. Os custos operacionais dos pomares da

indústria, que são a maioria no Brasil, eram de R$ 4,25/caixa em 2002/2003 e subiram para

R$ 7,26/caixa (70% a mais). Entre os custos que mais aumentaram destaca-se a mão de obra,

que aumentou de R$ 0,86/caixa para R$ 1,66 e o da colheita que foi de R$ 0,84/caixa para R$

2,19/caixa. Já as pragas e doenças foram responsáveis pela erradicação de 40 milhões de

árvores nesta década. A mortalidade aumentou de 4% para 7,5% e essas doenças foram

responsáveis por quase 80 milhões de caixa por ano.

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Figura 2. Topo: Planta mostrando Greening Citrus. Esquerda: Sintoma de Greening

Citrus. Direita: Diaphorina citri.

CAPÍTULO I – O Mercado da Laranja

O mercado de laranja é muito importante para a economia brasileira, principalmente pelo fato do Brasil ser o maior produtor mundial de laranja, tornando assim uma cultura muito forte no Brasil. Logo, com essa importância as variações e crises no mercado da laranja afetam diretamente a economia brasileira, e no cenário atual a situação não é das melhores.

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As dificuldades que o produto laranja tem que enfrentar não são poucas, principalmente pelo fato de ser um produto natural que sofre influencia tanto por fatores físicos, químicos e ainda por fatores econômicos.

Figura 1. Fruto de Laranja

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1.1 - Um breve olhar sobre o mercado:

Em algum dos principais mercados consumidores do mundo o consumo

de suco concentrado de laranja diminui bruscamente, como na Europa e nos Estados Unidos,

que são os dois maiores mercados consumidores do mundo. Juntos essas duas potencias

quando deixaram de consumir 251 mil toneladas de suco concentrado, no entanto outros

mercados tiveram um consumo crescente, como a França, alguns países asiáticos e países

emergentes como Chile e Argentina. No entanto somando-se o consumo dos países asiáticos,

do Chile e da Argentina apenas se anula a queda Alemanha. O ponto que chegamos é que

novos mercados estão surgindo, mas com um consumo ainda pequeno e apenas com um

futuro muito promissor.

Por outro lado, os principais produtos que geram essa competição e essa

diminuição no consumo de suco de laranja não são sucos de outros sabores e sim outras

bebidas como isotônicos, energéticos e os multivitamínicos, que misturam diversas frutas em

um só produto. Como o suco de laranja é um produto caro e muito dos países que tem um

futuro promissor nesse mercado ainda não tem o hábito de consumir o FCOJ, que é o

principal subproduto de peso da laranja, mas sim néctares e refrescos devido aos seus menores

preços. Outro ponto que diminui a competitividade do suco brasileiro no mercado

internacional são as barreiras tarifárias. Ao contrário de seu principal concorrente, os Estados

Unidos, que tem uma tarifa fixa, o Brasil se depara com uma tarifa variável de acordo com o

preço do suco de laranja. Essa dinâmica potencializa a subida do preço de suco de laranja,

diminuindo a competividade com sucos de outras frutas.

1.2 – A importância da laranja e do agronegócio para o Brasil:

De acordo com dados apresentados pelo Prof. Dr. Marcos Fava Neves,

o Brasil tem cerca de 3.000 municípios onde a cultura da laranja está presente. O Brasil é

responsável por 50% da produção mundial de suco de laranja, exporta 98% do que produz e

consegue 85% de participação no mercado mundial. Além disso, a cadeia ainda arrecada US$

189 milhões em impostos para o estado brasileiro.

Dados mostram que a produção em 2009/2010 foi de 397 milhões de

caixas de laranja de 40,8kg. No mundo, há cada cinco copos de suco de laranja consumidos,

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três são produzidos no Brasil e o sabor laranja representa apenas 0,91% do mercado mundial

de bebidas.

O Brasil é notavelmente um país voltado para o agronegócio. O setor

representou de 1995 a 2008, entre 24,5% e 28,5% do PIB do país. É importante ressaltar a

importância do setor para a balança comercial. O valor financeiro exportado pelo agronegócio

em 2009 teve um total de US$ 65 bilhões, contra uma importação de aproximadamente US$

10 bilhões, gerando um superávit comercial de US$ 55 bilhões. Tendo isso em vista, sem o

agronegócio a balança comercial brasileira passaria de um superávit de US$ 24,6 bilhões para

um déficit de US$ 30 bilhões. E é nesse sentido que vemos que a citricultura pode se

apresentar como uma geradora de “dólar limpo”, ou seja, para a exportação da commodity

cujo maior fornecedor mundial é o Brasil é preciso importar poucos insumos, o que não

ocorre em outros diversos setores. Entre 1962 a 2009 a citricultura exportou, em valores de

2009, quase US$ 60 bilhões. Com isso podemos notar a importância do agronegócio e da

citricultura pra a economia brasileira. Para ter uma ideia da dimensão do setor cítrico do

Brasil o seu PIB foi de 6,5 bilhões (2009), sendo US$ 4,39 bilhões no mercado interno e US$

2,15 bilhões no mercado externo. Em relação a empregos diretos e indiretos a citricultura gera

cerca de 230 mil posições e uma massa salarial anual de R$ 676 milhões. Um dado que

mostra a dimensão da citricultura no Brasil é o de que as rodovias faturam em pedágios pagos

pela citricultura US$ 18,3 milhões por ano.

Com toda a dimensão da produção de suco de laranja brasileiro, o país

acaba por ter números altíssimos de exportação, tendo a Europa como o principal destino de

suas exportações, apresentando como porta de entrada os Países Baixos e a Bélgica. Na safra

de 2009/10, 71% da quantidade exportada teve como destino a Europa e se adicionarmos as

exportações para os Estados Unidos, esse dois destinos detém mais de 90% do suco de laranja

brasileiro exportado.

Logo, nota-se o quanto todo o agronegócio é importante para a

economia brasileira. Em um país que é líder na produção de laranja, cana-de-açúcar e com

grande presença na produção de soja, frutas cítricas diversas, o agronegócio se tornou algo

extremamente necessário para o país, trazendo o desenvolvimento e o a maneira de viver de

muitas famílias pelo Brasil.

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Figura 3. Esteiras de Rolagem

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Figura 4. Indústria de Suco de Laranja.

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1.3 – Os novos e contínuos desafios do mercado de laranja:

O Brasil fez do FCOJ (suco concentrado de laranja) um de seus

principais produtos de exportação, impondo ao mundo uma liderança nesse mercado.

As quedas nos últimos anos do consumo do FCOJ, principal

subproduto da laranja em termos de consumo, faz com que os grandes produtores mundiais

comecem a procurar novos mercados consumidores causando uma grande mudança no

cenário desse produto. Logo, como principal desafio estão os métodos, as diretrizes a serem

seguidas para conseguir ter sucesso na “entrada” nesses novos mercados. Um ponto

importante a ser visado é o de que esses países emergentes que são vistos com grande

potencial para a participação nesse mercado não tem, na sua maioria, o habito de consumir

suco de laranja, e na sua maioria só consomem derivados do néctar, que não assumem parte

significante na contagem final econômica. Com isso é extremamente necessário um plano de

marketing para “ganhar” esses mercados.

Outro grande desafio ligado a esse mercado está à inibição do seu

consumo devido ao aumento dos preços no mercado de varejo, causado principalmente por

quebras na produção de laranja. Mas sofre ainda devido aos problemas climáticos nas safras

de São Paulo e Flórida, principais produtores de laranja do mundo, além das doenças que

atingem os pomares.

Algo que dificulta e muito o mercado do suco de laranja são os fortes

concorrentes, que vão desde refrigerantes aos novos gaseificados com sabor de frutas, além é

claro dos sucos naturais com outros sabores. Como a notícias abaixo pode exemplificar essa

questão:

“De e olho no crescente gosto por frutas tidas como exóticas pelos

consumidores ingleses, a empresa Just Juice/Gerber acaba de lançar no mercado britânico um

suco natural sabor manga. A escolha pela fruta não é por acaso. De acordo com dados da

consultoria inglesa IRI, misturas de sucos de manga têm registrado um crescimento anual

maior do que outros sabores no Reino Unidos.

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O levantamento aponta que os sucos com o sabor manga registraram, em 2011, vendas de

US$ 86 milhões, crescimento de 19,1% em relação ao ano anterior. Em volumes, foram

consumidos 34,8 milhões de litros, crescimento de 23,1%.

O suco de manga da Just Juice será comercializado em embalagens de 1 litro.”

Com informações do portal FoodNews

“Altas temperaturas prejudicam qualidade dos frutos na Flórida, restringe oferta e sustenta preços no mercado de maçãs.

As altas temperaturas registradas durante todo o verão na Califórnia, nos Estados Unidos,

afetou a qualidade da safra de maçã deste ano. Embora a produção tenha sido semelhantes aos

anos anteriores, lotes do produto deixaram de ser entregues devido a problemas na qualidade

dos frutos. O problema de qualidade na Califórnia combinado com a baixa produção em

outras regiões produtoras em todos os EUA, além de uma demanda inicial forte, fez com que

os preços fossem bons para a cadeia da maçã.

"Eu acho que nós tivemos melhores rendimentos no ano passado porque tivemos um verão

mais leve", observou Lance Shebelut, produtor da Trinity Farms. "Neste ano tivemos o verão

mais quente de que se há registo, e que realmente teve um efeito na qualidade dos

frutos". Com incidência de queimaduras solares, as maçãs tiveram que ser eliminadas dos

embarques. Dessa forma, mesmo com bons volumes sendo produzido, o fornecimento de

frutas para os consumidores foi prejudicada. "A qualidade para o consumidor precisa ser

sempre a mesma", disse Shebelut. "Nós até colhemos mais frutos do que no ano passado, mas

como uma boa parte da produção foi afetada, principalmente por queimaduras solares,

tivemos que eliminar algumas frutas, o que reduziu os volumes."

Enquanto isso a demanda por maçãs seguiu aquecida por toda a temporada, com as frutas

precoces tendo desempenho melhor do que as mais tardias. "A demanda foi especialmente

elevada para variedades como Gala e Granny Smith", explicou o gerente geral da Crown

Jewels Produce Company, Atomic Torosian. "Outras variedades, como a Pink Lady, Braeburn

e Fiji, não tiveram o mesmo nível de demanda."

A demanda forte e a oferta reduzida refletiram no desempenho do setor. "Tivemos um bom

movimento e os preços se mantiveram em bons patamares. Podemos dizer que fomos muito

bem nessa temporada", finaliza Torosina.”

Fonte: FreshPlaza.com

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Além das dificuldades ligadas a nova concorrência e a tentativa de

entrar em novos mercados consumidores o suco de laranja têm de lidar com o fato de ser um

produto natural que pode sofrer desde seu plantio, manutenção e colheita os efeitos da

natureza que o cerca. A notícia abaixa é um exemplo disso:

“Em busca de soluções que ajudem a erradicar ou pelo menos

reduzir a infestação de greening nos pomares da Flórida, o governo dos Estados Unidos

anunciou uma bolsa de US$ 9 milhões para a Fundação de Pesquisa e Desenvolvimento de

Citrus, CRDF na sigla em inglês, uma organização apoiada pela Universidade da Flórida e

que terá como missão buscar tecnologias que ajudem a impedir que o inseto transmissor do

greening espalhe a doença.

A estimativa é de que o greening já tenha provocado um prejuízo para a economia da Flórida

de mais de US$ 3 bilhões em receitas perdidas desde 2006. A doença enfraquece e,

eventualmente mata as árvores infectadas. Por enquanto não há cura e os citricultores

recorrem a estratégias de gestão para manter os pomares produtivos.

Os subsídios de combate ao HBL fazem parte de um amplo pacote de financiamento

anunciado pelo secretário de agricultura dos EUA, Tom Vilsack e que destina US$ 101

milhões para apoiar produtores de frutas, legumes, nozes e outros alimentos.

Para o diretor de operações do CRDF, Harold Browning o financiamento representa uma

nova abordagem para a pesquisa de greening. "Isso complementa muito bem o trabalho que as

instituições estão fazendo para ajudar a resolver o problema". De acordo com o diretor, os

recursos serão focados numa linha de pesquisa que busca encontrar uma maneira de eliminar

a capacidade do psilídeo, mosquito vetor da doença, de transmitir a bactéria que causadora do

HBL.

Os pesquisadores esperam produzir, por meio de identificação de mutação natural ou de

engenharia genética, um psilídeo biologicamente incapaz de carregar ou transmitir a bactéria

do greening. O inseto poderia então ser criado em laboratório e liberados na natureza para

acasalar com felídeos selvagens, garantindo que a característica de não transmissão se

espalhe.”

Com Informações da University of Florida

“Apesar de ainda ser cedo para qualquer quantificação a respeito da

safra paulista 2013/2014 de laranja, produtores consultados pelo Centro de Estudos

Avançados em Economia Aplicada (Cepea) são quase unânimes ao estimar redução da

colheita. Em quase todas as regiões produtoras, a abertura das flores foi seguida por períodos

de sol intenso e pouca chuva, o que prejudicou o "pegamento" da florada.

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Além disso, a baixa remuneração que vem sendo observada, sobretudo na safra 2012/2013 fez

com que citricultores reduzissem os tratos culturais, sendo que alguns deixaram até mesmo de

utilizar seus sistemas de irrigação. Na maioria das regiões, a principal florada ocorreu entre o

final de julho e setembro, e o ideal, para o bom desenvolvimento dos chumbinhos, seria que

houvesse períodos de sol intercalados com chuva após o aparecimento das flores.

Porém, não choveu em muitas cidades produtoras em agosto. Nos pomares que contaram com

irrigação, os impactos foram minimizados, havendo "pegamento" de boa parte da florada,

mas, mesmo nestas propriedades, citricultores acreditam que dificilmente a produção superará

a de 2012/2013.”

Fonte: Canal Rural

CAPÍTULO II – A Situação Brasileira

A laranja sofre influencia direta da situação econômica em que o país produtor está quanto à situação que o país consumidor se encontra. Logo, torna-se muito importante a analise dos mercados consumidores pelos produtores e vice-versa, além de é claro politicas que protejam o preço e as condições dos produtos.

No Brasil isso não é diferente, o mercado é extremamente variável e sofre com as menores oscilações internacionais e nacionais. Ao mesmo tempo há o controle sobre os preços e sobre a compra pelas grandes corporações e para provar que é o Brasil, há uma falta de proteção do governo para com os pequenos e médios produtores.

2.1 – A complexidade do agronegócio e sua importância no Brasil:

Para um país como o Brasil, com sua localização geográfica e sua

extensão territorial, o agronegócio sempre foi uma realidade. O único porem era como este

seria utilizado e explorado pelo país.

Já que esse tipo de negocio está diretamente ligado à natureza tornando

assim qualquer mudança muito importante, o agronegócio ao redor do mundo sempre foi

assunto de debates intensos, seja pelo lado dos defensores da natureza seja pelo lado dos

grandes latifundiários. Mas algo que sempre ficou claro foi a importância desse setor na

economia brasileira. Pode ser notado que os pequenos produtores têm papel importantíssimo

em todos os setores do agronegócio e a maneira com que estes conseguem permanecer

produtivos e competitivos frente às grandes corporações é notável. Algo que ainda torna o

negocio mais difícil e competitivo é a abrangência dos motivos que fazem o mercado mudar,

já que o Brasil é um dos principais exportadores de produtos ligados ao agronegócio, a menor

mudança politica ou econômica em uma região ou país afeta diretamente a situação de preço,

logo, afeta diretamente a situação de todos diretamente e indiretamente ligados ao

agronegócio, desde o pequeno produtor já citado as grandes corporações.

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Como poderemos ver nas noticias abaixo, todo o mercado está ligado e

é influenciado por mudanças que ocorrem pelo mundo;

“Consecutivas quedas marcaram o agronegócio brasileiro no primeiro

semestre de 2012. Com isso, no balanço do período, o setor acumulou baixo de 1,56%. Pesou

neste resultado o desempenho do agronegócio da agricultura que, até junho, acumulou queda

de 2,57%. Já o setor pecuário, mesmo tendo registrado pequenos recuos em março e junho,

fechou o semestre com ligeira alta: taxa de +0,78%.

De forma geral, o primeiro semestre de 2012 dividiu-se em dois

grandes momentos. Nos primeiros meses, a expectativa de desaceleração da economia chinesa

e a crise na Grécia e na Espanha geraram preocupações e cautela no comportamento dos

agentes. Em maio, a recapitalização dos bancos europeus e a entrada de mais dólares na

economia norte-americana reaqueceram os ânimos no mercado de commodities.

Paralelamente, a seca nos Estados Unidos prejudicou a safra de grãos naquele país, o que

refletiu em aumento nas cotações internacionais, espalhando-se para outros mercados.

No Brasil, problemas climáticos adversos – seca no período de

desenvolvimento das culturas e excesso de chuva na época da colheita – também

prejudicaram a produção de diversas lavouras, reaquecendo a preocupação com a inflação e

com os custos da alimentação. Dentre os alimentos que mais aumentaram de preço na

comparação entre os semestres 2012/2011, estão: feijão (alta de 20,47% no semestre), arroz

(+12%), café (+7%), frango (+11%) e ovos (+10%).

Pelo front externo, destacaram-se a aceleração dos preços internacionais do farelo de soja e do

milho e também dos insumos importados (em especial, fertilizantes). O aumento na cotação

do dólar ocorrida no mesmo período acentuou o efeito dessas mudanças no mercado interno.

A agroindústria, por sua vez, seguiu pressionada pelas importações e pelos aumentos salariais,

decorrentes da aceleração dos serviços. No acumulado do semestre, o recuo no setor industrial

chegou próximo de 4% – a maior perda dentre os segmentos do agronegócio. Diante desse

cenário negativo, o governo federal anunciou uma série de medidas, visando aumentar a

competitividade do setor. Entretanto, o pacote adotado foi duramente criticado – em especial

pelo setor têxtil e de fibras naturais –, uma vez que, para os agentes ligados à indústria, tais

medidas podem até ser positivas em alguns aspectos, mas ainda não resolvem o problema

nacional, que é a falta de competitividade.” (Cepea)

“A queda de consumo de suco de laranja no mercado americano

refletiu nas cotações da bolsa de Nova York, nessa terça-feira. De acordo com o

Departamento de Citros da Flórida, as vendas de suco nos Estados Unidos caíram 4,8% em

volume e 2,1% em receita nas quatro semanas encerradas em 29 de setembro, comparando

com o mesmo período de 2011. Diante da demanda enfraquecida, ampla oferta da bebida e a

realização de lucros por parte das tradings, os futuros de suco de laranja recuaram 70 pontos,

ou 0,65%. Os contratos com vencimento em janeiro fecharam cotados a US$ 1,0745 por libra-

peso. Trata-se do menor nível em cinco meses.

Os dados de consumo referentes a outubro ainda não foram divulgados, mas a tendência é de

nova queda. De acordo com o presidente da corretora Liberty Trading Group, James Cordier,

a tempestade Sandy também deve refletir no consumo. "A tempestade deve reduzir ainda mais

a demanda por suco, uma vez que as pessoas afetadas pela tormenta tendem a destinar seus

recursos a reconstrução de bens destruídos", opinou.”

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Com informações da Dow Jones

“Pressionadas pela realização de lucros e por um ambiente de riscos, as

cotações de suco de laranja despencaram nessa segunda-feira, na bolsa de Nova York. Os

contratos com vencimento em janeiro, de maior liquidez, caíram 385 pontos, ou 3,44%, e

fecharam a 108,15 cents por libra-peso.

Para o analista da corretora RJ O'Brien Futures, Joe Nikruto, o movimento de hoje sinaliza

para uma tendência de baixa para os próximos dias. "Isso indica o rompimento de todos os

suportes, abrindo a possibilidade de os preços caírem para 100 cents por libra-peso", explica o

analista que acredita ainda que, por enquanto, não há muita sustentação no mercado.”

Com informações da Dow Jones

“Risco climático diminui e suco fecha em baixa na bolsa de NY.

Contratos caíram 85 pontos e fecharam cotados a US$ 1,2325. Com as últimas previsões

climáticas dos EUA não mencionando riscos de geadas aos pomares da Flórida e com baixo

volume de negócios, o suco de laranja fechou em baixa nessa quarta-feira na Bolsa de Nova

York. Os contratos com vencimento em janeiro recuaram 85 pontos, ou 0,68%, e encerraram

cotados a US$ 1,2325 por libra-peso.”

Segundo o analista do Citi, Sterling Smith, os pomares da Flórida podem ser ameaçados por

geadas em meados de dezembro.

Com informações da Dow Jones

“As cotações do suco de laranja voltaram a subir nesta segunda-

feira na Bolsa de Nova York. Os contratos com vencimento em janeiro subiram 80 pontos, ou

0,64%, e encerraram cotados a US$ 1,2535 por libra peso.

Os preços foram sustentados pela possibilidade de que ocorram geadas capazes de danificar

os pomares da Flórida. A agência meteorológica americana previu que as temperaturas no

principal estado produtor de citrus dos EUA devem ficar dentro da média histórica entre 17 e

23 de dezembro, mas que deve ocorrer frio mais intenso do que o normal para a região nos

próximos três meses.”

Com informações da Dow Jones

Como foi apresentado nas notícias acima, nota-se que todo o

agronegócio depende e muito da situação econômica do mundo de uma maneira geral. Logo,

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é de extremo interesse do Brasil que esse negócio seja cada fez mais bem estruturado e que

sejam criados mais órgãos que gerenciem e deem suporte para o melhor desempenho do

agronegócio brasileiro.

Com isso podemos notar qual a abrangência do agronegócio no

Brasil, suas dificuldades e sua importância para a economia brasileira. Os futuros desafios

para esse negócio estão, principalmente, em se adaptar para as mudanças que cada vez

ocorrem mais rápido e com maior impacto sobre a economia. Com um mundo completamente

globalizado o agronegócio tem que acompanhar essas mudanças e tentar estar um passo a

frente delas. Outro sério problema que ocorre no Brasil é a falta de apoio e proteção do

governo para os pequenos e médios produtores, que vem sofrendo com o monopólio feito

pelas grandes corporações. Ainda há muito a ser feito por esse negócio que é responsável por

mais de 25% do PIB nacional.

Além de todos os problemas já citados, há também a falta de

preocupação com os impactos gerados ao meio ambiente e toda a ideia de ter um negócio

sustentável. Por mais que no momento a ideia da sustentabilidade esteja em alta, há ainda uma

grande falta de fiscalização e de conscientização da importância do cuidado com o meio

ambiente, ainda mais em um segmento que depende do meio ambiente para funcionar e

produzir. A ideia de criar meios mais sustentáveis de produção, colheita e reutilização da terra

tem de ser estudada e passada cada vez mais a frente, visando a maior conscientização de

produtores, mesmo que os pequenos que na realidade são a maioria e que causam muito

impacto no meio ambiente. O agronegócio é muito importante para a manutenção da

economia brasileira, e manter esse negócio viável para o futuro é tão ou mais importante

ainda.

2.2 – O monopólio das grandes corporações no setor cítrico brasileiro:

Líder mundial na produção de suco de laranja o Brasil tem em

seus pequenos e médios produtores uma grande quantidade de produção, as estes produtores

vem encontrando grande dificuldade em lidar com o monopólio criado pelas empresas que

dominam esse mercado, e falta uma regulamentação que proteja esses produtores desse

domínio.

Nos Estados Unidos, um dos maiores produtores e o maior

consumidor de suco de laranja, há uma rigorosa fiscalização e sérias normas que protegem os

pequenos e médios produtores do monopólio de empresas nacionais e principalmente de

estrangeiras. Há uma série de regras e requisitos que as empresas estrangeiras que desejam

produzir em solo americano, plantar e industrializar, e essas normas fazem com que sempre

exista uma competição leal com os pequenos produtores. Por exemplo, se uma empresa deseja

produzir nos Estados Unidos ela terá de cumprir uma série de normas e mesmo assim

provavelmente ela não poderá plantar um pé de laranja se quer em solo norte americano, e

essa medida é tomada visando estritamente a proteção dos produtores americanos. Mas o

mesmo não se repete no Brasil, tornando desleal a concorrência entre empresas e produtores

autônomos.

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As empresas privadas brasileiras, que dominam o mercado mundial

de suco de laranja, chegaram a um nível que quase não necessitam dos produtores para

suprirem sua demanda, isto é, com a própria plantação que têm são capazes de quase suprirem

sua necessidade de suco. Com pomares gigantescos essas corporações são quem determinam

indiretamente e diretamente os preços no mercado, e com isso os pequenos e médios

produtores acabam ficando sem o que fazer. Como o governo não tem um controle concreto

sobre essa situação e apenas algumas normas que implicam na proibição do plantio de mais

plantas do que já detêm, e isso apenas para algumas empresas, esse monopólio continua

presente e as perspectivas para os médios e pequenos produtores não são boas.

Nesse ponto entramos em outro problema que o produtor brasileiro

enfrenta que é a falta de tradição de consumo do suco de laranja pela população. Como o

mercado tem uma baixa necessidade e certa rigidez quando se trata da qualidade do fruto, o

valor que estipula para a fruta acaba sendo o mesmo da indústria, que não tem um o mesmo

nível critico a respeito do aspecto da fruta, logo o produtor acaba vendendo para a indústria e

está recebe o poder de estipular e variar os preços. Como a venda de laranja in natura, o fruto

no propriamente dito, não tem grande relevância numérica sobre a produção nacional e o

brasileiro não tem o costume de comprar sucos de laranja já prontos acaba ocorrendo essa

estagnação do produto que fica no país e nota-se que a única maneira de realmente fazer

vendas de peso é exportando FCOJ.

A notícia abaixo apresenta uma das maiores indústrias de laranja do

mundo:

“O brasileiro José Luís Cutrale e sua família detêm 30% do

mercado global de suco de laranja.

Apenas em dois momentos específicos da história, no ciclo

do açúcar e no do café, o Brasil controlou amplamente o comércio global de um produto

agrícola como acontece agora com o mercado mundial de laranja. De acordo com os números

mais recentes, 70% do suco consumido no mundo é plantado ou industrializado por

brasileiros. E esse mercado notável tem um rei. É José Luís Cutrale, detentor de uma marca

fabulosa. Comandando um negócio que foi fundado por seu avô no começo do século passado

e ampliado vário vezes por seu pai, José Luís administra a Suco cítrico Cutrale, empresa

responsável pela venda de um de cada três copos de suco de laranja comercializados no

exterior. Os dados do setor ignoram o volume da fruta vendida in natura, o chamado suco

natural, inexpressivo em termos globais. Analisados os ramos de atividade com alguma

expressão na pauta de exportações nacional, em nenhum outro setor da economia se

encontram empresários brasileiros operando nesse patamar. Sua marca individual aproxima-se

da participação coletiva dos países da Opep no mercado de petróleo, que é de 40%.

Cutrale vende suco concentrado para mais de vinte países, entre

os quais os Estados Unidos, todos os da Europa e a China. Seus clientes são grandes

companhias do padrão da Parmalat, da Nestlé e da Coca-Cola, dona de uma das marcas de

suco de laranja mais populares nos Estados Unidos. O principal segredo do negócio consiste

em adquirir fruta a um preço baixo – preço de banana, brincam os fornecedores –, esmagá-la

pelo menor custo possível e vender o suco a um valor elevado. Observado por seus números,

o mercado global de laranja pode não parecer tão impressionante. Movimenta "apenas" 9

bilhões de reais por ano, contra mais de 90 bilhões de reais da soja. Acontece que o setor gera

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uma lucratividade elevada, no momento em torno de 15% do faturamento para os melhores

produtores. Para efeito de comparação, o Grupo Pão de Açúcar apresentou um lucro líquido

equivalente a 2,5% do faturamento. Em anos anteriores, a taxa de retorno da suco cítrico

Cutrale já ultrapassou a casa dos 70%. A informação foi confirmada a VEJA por três pessoas:

um ex-executivo do grupo Cutrale com acesso aos balanços e dois diretores de empresas

concorrentes que também se beneficiaram dessa boa fase. O auge da lucratividade ocorreu nos

anos 80. Naquele tempo, a Cutrale podia lucrar até 800 milhões de dólares, ou 2,4 bilhões de

reais – equivalente ao lucro do Banco Itaú no ano passado.

Cutrale recusa-se a falar sobre a lucratividade da companhia. Há

dois anos, a Receita Federal se interessou pela questão e teve dificuldade em analisar as

contas do grupo. Fiscais de Brasília e São Paulo procuraram entender como a Cutrale ganha

tanto dinheiro. Não localizaram nenhuma irregularidade. Uma autoridade da Receita relatou a

VEJA que a estratégia para elevar a lucratividade do grupo passa por contabilizar uma parte

dos resultados por intermédio de uma empresa sediada no paraíso fiscal das Ilhas Cayman.

Com isso, informa a autoridade da Receita, a Cutrale conseguiria pagar menos imposto no

Brasil. Trata-se de um mecanismo legal. Foi o que a Receita descobriu ao escarafunchar as

contas da organização da família Cutrale.

Avesso a badalações e ausente das colunas sociais, José Luís

Cutrale é um rosto pouco conhecido fora do mundo dos negócios. A fotografia exibida nesta

reportagem foi tirada numa rara aparição. Ela ocorreu no Palácio do Planalto durante reunião

do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, criado pelo presidente Lula e do qual

Cutrale faz parte. No meio empresarial, no entanto, o nome de Cutrale é muito comentado.

Primeiro pela riqueza que a família amealhou. Alguns empresários o classificam como o

homem mais rico do campo brasileiro. Ou talvez o brasileiro mais rico de todos os campos. O

banqueiro Pedro Conde, em conversas com empresários amigos, que relataram o que ouviram

a VEJA, referiu-se várias vezes a Cutrale como o homem mais rico do Brasil. Disse a um

interlocutor certa vez que sua fortuna acumulada equivalia a 5 bilhões de dólares – ou 15

bilhões de reais pelo câmbio do momento.

A credibilidade da estimativa feita por Pedro Conde advém do

fato de o banqueiro ser amigo do rei da laranja, além de ter sido dono do BCN, comprado há

alguns anos pelo Bradesco, no qual Cutrale concentrava o grosso de suas operações

financeiras. Era o maior cliente do banco. Procurado por VEJA para falar sobre suas

estimativas, Pedro Conde não deu retorno à reportagem. Outro grande empresário, dono de

uma fortuna de 3 bilhões de reais, diz o seguinte a respeito de Cutrale: "Eu sei o que é ser rico

e não me ocorre nenhum brasileiro que seja mais rico que ele". Perguntado por VEJA a

respeito de sua fortuna e apresentado ao debate que se dá em torno do tema, José Luís Cutrale

diz apenas: "Sobre esse assunto eu não falo".

Outra razão pela qual o nome de Cutrale frequenta rodinhas de

empresários é a atuação agressiva da empresa, principalmente em relação aos fornecedores.

Os plantadores de laranja no Brasil têm poucas opções para escoar a produção. Há apenas

cinco grandes compradores da fruta e Cutrale é o maior deles. Por essa razão, acabam

mantendo com o rei da laranja uma relação que mistura temor e dependência. Por um lado,

precisam que ele compre a produção. Por outro, assustam-se com alguns métodos adotados

por Cutrale para convencê-los a negociar as laranjas por um preço mais baixo. Produtores

ouvidos por VEJA afirmam que a família Cutrale costuma fazer enorme pressão para

conseguir preços melhores na fruta ou mesmo adquirir fazendas. "Empregados deles nos

visitavam e queriam que a gente vendesse nossa propriedade. Do contrário diziam que

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seríamos prejudicados na safra seguinte", afirmou um produtor que passou pela experiência

de negociar com os Cutrale. Outro fazendeiro relata história semelhante, pois também foi

procurado para vender sua fazenda de laranja. "Antes de eu ser abordado, minha fazenda foi

sobrevoada algumas vezes por um helicóptero da companhia", diz.

Outra reclamação comum feita a VEJA por produtores diz

respeito aos termos de alguns contratos de compra de laranja. Há três anos, 200 produtores

acionaram em bloco a Cutrale. Acusavam-na na Justiça de descumprir um contrato pelo qual a

empresa se comprometia a receber 5 milhões de caixas de laranjas. Segundo os produtores,

nos dias em que eles tentaram fazer a entrega, os portões estavam fechados e a laranja

começou a estragar. Os produtores quiseram ser ressarcidos pelo prejuízo, mas a Cutrale

alegava que não lhes devia nada, já que não havia recebido a fruta. Os produtores receberam

uma liminar para entregar o produto. Só depois disso a Cutrale aceitou a encomenda. "É

difícil conseguir bons preços tratando com alguém que pode dizer não até sua laranja

apodrecer", conta um produtor que por razões óbvias prefere não se identificar.

Essa linha dura já rendeu à Cutrale discussões legais por

formação de cartel. De 1994 para cá, Cutrale já foi alvo de cinco processos no Conselho

Administrativo de Defesa Econômica, o Cade, a autarquia encarregada de preservar a

concorrência. Ele não estava sozinho no caso. Foi investigado juntamente com outras grandes

indústrias do setor. Jamais sofreu uma punição. Num desses processos, duas associações de

produtores de laranja denunciaram ao Cade que Cutrale e outras indústrias estavam se

reunindo para combinar preços, o que prejudicava os plantadores. O desfecho do caso foi

amigável. As empresas assinaram um "termo de compromisso de cessação das

irregularidades" com os fazendeiros, comprometendo-se a não se reunir para organizar preços.

O Cade decidiu que as empresas de suco de laranja não poderiam se organizar dessa forma.

Em vários aspectos, a indústria de suco de laranja lembra as

empreiteiras. Além de ser um mercado concentrado nas mãos de poucos gigantes, os dois

setores mantêm uma longa história de dependência em relação ao governo. Nos anos 70,

Brasília criou uma linha de crédito especial para incentivar a exportação de produtos semi-

industrializados. A ideia era usar dinheiro público para estimular a venda de manteiga de

cacau, café solúvel e suco de laranja em vez de cacau, café e laranja, que são muito mais

baratos e dão menos lucro. Acreditava-se que o comércio exterior brasileiro poderia dar um

salto se o plano desse certo. O governo financiava a produção e as vendas para o exterior,

estabelecia cotas para os exportadores e definia os preços de exportação. A operação era

comandada pela CACEX, a carteira de comércio exterior do Banco do Brasil. O projeto

fracassou para o cacau e para o café, mas deu certo para a laranja. Um ex-diretor do Banco do

Brasil lembra que José Cutrale chegava a visitar a CACEX pelo menos uma vez por mês nos

anos 70. Um dos mais poderosos diretores da CACEX, Carlos Viacava, manteve um

relacionamento tão bom com a empresa que acabou contratado pela Cutrale como diretor

quando saiu do governo.

Um ex-diretor do Banco do Brasil conta a VEJA que José

Cutrale costumava levar a mulher, Amélia, para as reuniões de negócios em Brasília. Com

Amélia ao lado, Cutrale conversava com os diretores do banco oficial como se falasse com

gerentes de agência do interior. Choramingava tanto enquanto pedia ajuda oficial que,

frequentemente, ficava com os olhos marejados, segundo relato do ex-diretor. Os pedidos

mais comuns: uma cota maior na CACEX e um preço menor para exportar suco de laranja.

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Há ainda uma terceira razão pela qual Cutrale desperta curiosidade

no meio empresarial. Trata-se de uma certa pitada de excentricidade que a família demonstra

na vida particular. Nas outras empresas, os altos executivos moram cada qual em sua casa e se

reúnem no horário comercial. Na Cutrale é diferente. A companhia mandou construir um

condomínio fechado em forma de coração ao lado de sua sede, no interior de São Paulo. Ali

vivem alguns executivos da organização. São dez casas, no total, cercadas por um imenso

laranjal. A maior é de José Cutrale, pai de José Luís, atualmente com 77 anos. O imóvel tem

844 metros quadrados e uma piscina coberta de 250 metros quadrados. As outras nove casas

são de 500 metros quadrados cada uma. São ocupadas pelos empregados mais estimados por

José Cutrale. Quem vive no condomínio não precisa sequer atravessar o portão para ir ao

trabalho. De uns anos para cá, José Cutrale passou a morar mais tempo num apartamento na

Park Avenue, endereço chique de Nova York.

O primeiro Cutrale a negociar laranja no Brasil foi Giuseppe

Cutrale, que deixou os laranjais da família na Sicília no início do século passado para tentar a

sorte em São Paulo. Começou comprando frutas no subúrbio do Rio de Janeiro – então a mais

importante região produtora de laranja do país – e as revendia no Mercado Municipal de São

Paulo. Valendo-se de contatos que mantinha com a comunidade italiana em outros países,

passou a exportar fruta para o Canadá, a Alemanha e a Holanda. Foi a fase meramente

comercial do grupo, na qual a família alcançou um padrão de vida de classe média e comprou

uma casa num bairro operário de São Paulo. O começo da II Guerra Mundial obrigou

Giuseppe a suspender as exportações, e os Cutrale pareciam ter chegado ao fim. Em 1955, o

caçula dos onze filhos de Giuseppe, José Cutrale, recomeçou do zero o negócio do pai e

conduziu a família para o clube dos bilionários. Na década de 60, com o lucro obtido no

negócio, adquiriu laranjais e uma primeira fábrica de suco concentrado em parceria com

Pedro Conde, do BCN. Fez trinta anos atrás aquilo que os especialistas pregam nas palestras

sobre o futuro da agroindústria: agregou valor.

José Cutrale ainda tem poder para interferir nos negócios, mas as

operações do dia-a-dia estão a cargo de seu único filho, José Luís. Aos 56 anos, José Luís

Cutrale atua no ramo há 42, desde que deixou o colégio, aos 14 anos de idade. "Foi uma das

decisões mais acertadas de minha vida", diz. "Na escola, só tinha meninas de nariz

empinado", conta. Sua primeira missão empresarial foi, sob a supervisão do pai, tomar conta

do caixa da banca de laranja que a família mantinha no Mercado Municipal, em São Paulo. E

suas tarefas foram se tornando mais complexas, conforme o grupo crescia. José Luís aprendeu

inglês, francês e italiano e, buscando aprimorar-se nos contatos com a clientela, decidiu

matricular-se em cursos de oratória. Atualmente, para acompanhar os negócios de perto, ele

cumpre um périplo mensal que passa por São Paulo, Flórida, Nova York e Amsterdã.

Frequentemente, viaja para a Ásia. Para se locomover, ele usa o próprio jato, um Falcon 900,

avaliado em 100 milhões de reais. Os dois filhos, José Luís Júnior e José Henrique, já

trabalham com o pai. Nenhum deles terminou a faculdade.”

2.3 – A amplitude das dificuldades para o mercado:

Com toda certeza o mercado do suco de laranja não está

passando pelo seu melhor momento. Como já foi apresentado são várias as dificuldades que

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atrapalham o mercado nesse momento que vão desde a queda do consumo como as

dificuldades da entrada do produto em novos mercados.

Já por outro ângulo estão os problemas ligados com a situação

dos pequenos produtores, que vem tendo grandes dificuldades para lidar com o monopólio das

indústrias brasileiras de suco de laranja, que dominam o mercado mundial e que caminham

para tornar desnecessária a existência dos pequenos produtores. E como se não bastasse, ainda

há o fato de que por ser uma commodity e um produto natural tem de lidar com toda a

instabilidade do mercado financeiro e da situação econômica dos países com quem tem

relações comerciais além do impacto que fenômenos naturais, pragas e doenças podem

causar.

A partir disso notamos que as dificuldades são amplas, mas há

muita amplitude também nas possibilidades para resolver esses problemas. Desde campanhas

de marketing para a entrada em novos mercados, novas normas politicas que protejam melhor

os pequenos e médios produtores além de medidas sustentáveis que possam manter esse

negócio limpo e adequado às necessidades atuais.

CAPÍTULO III – As Maneiras de Sair da Crise

Como já foi apresentado anteriormente o mercado de laranja

passa por um momento singular na sua história. Sofrendo devido a diversos fatores, desde

novas concorrências gerando baixa no consumo e falta de incentivo e proteção por parte do

governo.

Uma série de medidas deve ser tomada para possibilitar uma

melhora nessa situação, mas vale lembrar que o mercado em questão é um que apresenta uma

enorme sensibilidade e uma instabilidade muito grande devido a sua ligação direta com a

situação econômica dos países.

3.1 – A Sustentabilidade

O campo de desenvolvimento sustentável divide-se em três

partes: ambiental, econômica e sócio-política. Como setor industrial, os exportadores de suco

de laranja não poderiam ter uma visão diferente, e compreendem que as sociedades precisam

gerenciar o capital econômico, social e natural que pode ser não renovável e cujo esgotamento

pode ser irreversível. Além desse enfoque holístico, deve ser defendida a comunicação

transparente sobre os dados importantes relacionados a indicadores de sustentabilidade.

As soluções devem visar incluir todos os stakeholders e

promover a adoção de conhecimento científico para garantir que medidas sustentáveis não

sejam utilizadas como barreiras para o comércio.

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Entre os principais avanços no setor podemos citar o uso racional

da terra e da água, a transformação de resíduos que aproveita 100% da fruta transformando os

restos, como casca, pele, bagaço e sementes em subprodutos, como essências aromatizantes e

ração animal, gerando assim descarte zero de resíduos sólidos da laranja no meio ambiente. A

utilização de fertilizantes e defensivos de baixo impacto é algo muito importante que vem

sido feito, aplicações localizadas que mantêm a eficácia e minimizam os riscos à saúde dos

trabalhadores de campo e ao meio ambiente são algumas das medidas. Outra medida

implantada é o manejo regional de doenças e pragas, sendo que pesquisas revelaram que o

manejo coordenado pode ser mais eficaz, racional e sustentável, reduzindo, por exemplo, o

número de aplicações. Além disso, há toda a questão sobre a emissão de gases do efeito

estufa, já vem sendo feita uma análise e um rastreamento da pegada de carbono da produção

de suco de laranja concentrado e não concentrado até a entrega nos terminais europeus.

Visando estar alinhada a uma economia de baixo carbono e às politicas do governo que

reafirmam este compromisso, a expectativa é de que a citricultura seja o primeiro setor da

economia brasileira a ter sua base de soluções integradas para a redução das emissões de CO2

na atmosfera. Outra iniciativa do setor tendo em vista essa redução das emissões está

relacionada à utilização de etanol na frota de veículos leves. Já em outros veículos é usada

gasolina brasileira, 25% de etanol, ou diesel nacional, que leva 5% de biodiesel, considerado

uma alternativa menos poluente ao meio ambiente.

A sustentabilidade deve agir tanto no campo físico quanto no

mental, isto é, no físico visando defender e regulamentar as ações que geram impactos diretos

e indiretos ao meio ambiente e com isso possibilitar um desenvolvimento sem consequências

para o futuro. Já no âmbito mental, visar conscientizar produtores e a população de modo

geral para que esta tenha ideia da importância do cuidado com o meio ambiente, e que cada

decisão vai gerar uma consequência. Como o conceito que foi utilizado pela Comissão

Brundtland em 1987, que formulou o que tornou a mais utilizada definição de

desenvolvimento sustentável, como “desenvolvimento que atende às necessidades presentes

sem comprometer a habilidade de gerações futuras atenderem suas necessidades”.

3.2 – Novos hábitos

Um ponto que já foi citado e que tem grande importância no futuro da

laranja para, principalmente, os pequenos e médios produtores é a conscientização da

população sobre o consumo da laranja, no caso suco de laranja. O ponto é que o consumo

deve ser inserido como um hábito na população brasileira, como é feito nos EUA, desde cedo

na escola o suco é inserido como parte da alimentação e com isso acaba virando um costume,

um hábito.

Essa é uma ideia a ser adotada não somente no Brasil, e sim em

outros países que se apresentam como mercados promissores para o consumo de suco de

laranja. Além dessa campanha de gerar esse hábito em crianças deve haver campanhas de

marketing visando atingir o publico mais velho e com outro nível crítico.

Como já foi dito, é um fato que nos Estados Unidos a maneira com

que o suco de laranja é inserido na alimentação desde a infância determina que isso acabe se

tornando um hábito. É claro que para que isso se torne um hábito em uma cultura que não tem

a cultura de tomar suco de laranja diariamente demora muito tempo até realmente funcionar.

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Essa mudança de hábitos no Brasil possibilitaria uma grande melhora na situação dos

pequenos e médios produtores principalmente, já que haveria um maior consumo de laranja in

natura e de suco de laranja, com isso o pequeno e médio produtor não dependeria tanto das

grandes indústrias.

3.3 – Campanhas de marketing e a união de empresas

Como já foi dito, as campanhas de marketing geram uma grande possibilidade de crescimento para o mercado, pois do mesmo modo que atingem mercados que não tem grande consumo de laranja, elas também atingem os mercados que já tem um bom consumo e melhoram ainda mais esse consumo. Visando isso, há uma série de programas e planos de marketing visando atingir e conquistar mercados emergentes e fazer com que estes passem a consumir cada vez mais suco de laranja. Dentro desse plano de marketing existem metas muito agressivas que almejam entrar em mercados de grande concorrência e em que o consumo de suco de laranja é muito baixo. Isso existe devido à necessidade de ampliar os horizontes do suco de laranja, que com já foi dito se encontra em um momento de queda de consumo e ou estagnação. Logo, há uma imensa necessidade de analise destes possíveis mercados consumidores, já que as variações nos costumes e na cultura é muito grande. Porem, do mesmo modo que o plano de criar o hábito de consumir suco de laranja, essa é uma ação que terá resultado em longo prazo. Por outro ângulo as maiores indústrias de suco de laranja se uniram para criar um produto para entrar com força no mercado brasileiro, visando ter resultados mais rápidos.

Como o Brasil é líder na produção e exportação de suco de laranja as indústrias brasileiras são as líderes disparadas nesse mercado. E frente a situação atual que o mercado se encontra elas resolveram se unir para criar um produto que atenda as necessidades do publico brasileiro e que tenha força para competir nesse mercado em que o suco de laranja não conta com tanta força frente a grande concorrência. Essa união mostra o quanto essa baixa no consumo significa para esse mercado, e que foi capaz de atingir até as maiores empresas no setor. Mas ao mesmo tempo mostra o quanto é interessante e importante a presença e o consumo do suco de laranja no Brasil, que sendo o líder em produção e exportação aparece bem distante quando o assunto é consumo. Em um país do tamanho do Brasil, com seu clima e a facilidade que é o acesso ao produto, o suco de laranja teria no país um grande “novo” consumidor que daria muita força para esse mercado. E o Brasil não será o único a receber esse novo produto, fonte da união de empresas brasileiras, deixando claro que apenas se uniram para produzirem esse suco. O novo produto visa entrar com força nos mercados tradicionais e emergentes, tendo uma qualidade superior a de seus concorrentes.

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Conclusão

Realmente a citricultura tem um papel muito importante na economia

brasileira. Mesmo com uma situação que não é das melhores de sua história há muitas

maneiras viáveis de melhorar, como já foi dito, desde campanhas de marketing ao incentivo

de consumo por novos mercados consumidores. Há varias alternativas que podem ampliar e

manter o mercado estável por muito tempo. O ponto é como essas alternativas serão atingidas,

e como o mercado estará no futuro. Por isso é tão importante uma analise constante desse

mercado e uma participação do governo, visando proteger e tentar ao máximo manter a

estabilidade do mercado na visão econômica, buscando não deixar com que as mudanças

politico e econômicas influenciem na situação do mercado.

Bibliografia

http://www.citrusbr.com/exportadores-citricos/empresas/empresas-244248-1.asp

http://www.citrusbr.com/download/folder_citrus.pdf

http://www.citrusbr.com.br/download/biblioteca/o_retrato_da_citricultura_brasileira_baixa.pd

f

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PONTÍFICIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO

PAULO

Faculdade de Economia, Administração,

Contabilidade e Atuariais.

POR TRÁS DAS GREVES

Aluno: Gabriel Guimarães

Prof. Arnoldo José de Hoyos Guevara

2° Semestre 2012

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................................................. 3

CAPITULO I – AS GREVES ............................................................................ 4

1.O – COMO OCORREM AS GREVES ................................................. 4

1.1 – HISTÓRICO DAS GRANDES GREVES ....................................... 5

1.2 – AS GREVES ATUAIS ................................................................... 8

CAPÍTULO II – AS GREVES COMO FORMA DE DIREITO TRABALHISTA .. 10

2.0 – DE QUE FORMA ISSO OCORRE? ............................................... 10

2.1 – ATÉ QUE PONTO ESTAS MANIFESTAÇÕES PODEM CHEGAR.. 11

2.2 – CRIAÇÃO DOS SINDICATOS ......................................................... 12

CAPÍTULO III – COMPARAÇÃO ÀS GREVES DE OUTROS PAÍSES .............. 14

3.0 – PONTOS SEMELHANTES .............................................................. 14

3.1 – TIPOS DE REIVINDICAÇÕES ......................................................... 16

3.2 – PARA O PAÍS .................................................................................. 17

CONCLUSÃO ...................................................................................................... 18

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 19

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INTRODUÇÃO

A greve é a cessação coletiva e voluntária do trabalho realizada por trabalhadores com

o propósito de obter benefícios, como aumento de salário, melhoria de condições de trabalho

ou direitos trabalhistas, ou para evitar a perda de benefícios. Por extensão, pode referir-se à

cessação coletiva e voluntária de quaisquer atividades, remuneradas ou não, para protestar

contra algo. As greves no Brasil tiveram seu início ainda no século XIX. No começo do

século XX, a Greve Geral de 1917 foi um marco importante na história do movimento

operário brasileiro. Com a industrialização promovida durante a presidência de Getúlio

Vargas aumentou o número de trabalhadores e as pressões por melhoras nas condições de

vida e trabalho. Contudo, nessa época, os assuntos eram tratados a nível dos "Chefes

Sindicalistas"(muitos desses chamados de "capachos", pois costumavam trair a causa

trabalhista, através da corrupção, muito comum no Brasil nessa época), com o crescimento do

número de sindicalistas honestos e o desaparecimento natural dos que costumavam aceitar a

corrupção[carece de fontes], e o aumento das reivindicações que se tornavam difíceis de

controlar, pelos empresários de então, foi quando por pressão popular junto ao Estado de

Direito, em que as cortes consideravam-nas legais ou ilegais com base na possibilidade

econômica do reajuste ou aumento salarial do Estado, eram e foram proibidas as

reivindicações que extrapolavam a capacidade econômica das empresas, pois feriam ao

Estado de Direito, à "máquina produtora e arrecadadora do Estado(à Nação, como um todo)",

no período militar, os chamados Anos de chumbo, nos anos de 1964.

Neste trabalho será apresentado o conceito geral de greve, como ela acontece e quais

os seus tipos. Além disso, uma comparação com os outros países e o histórico das grandes

greves ocorridas no país.

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Capítulo I: As greves

1.0 Como ocorrem as greves:

As greves são um tipo de reivindicação por parte dos funcionários de uma empresa,

que ocorre quando o ambiente não vai bem e algo não está de acordo para os

trabalhadores, seja o salário ou até um plano de carreira que não é oferecido pelas

organizações.

Um trabalhador sozinho, pode ser considerado impotente em frente ao seu empregador

, mas quando ele se junta com alguém ou um grupo para mobilizar as atividades da

empresa e possuem uma insatisfação comum, surgem os sindicatos, uma organização de

funcionários que têm poder para negociar com seus superiores. A principal arma é a

greve.

Basicamente esta paralisação acontece quando os trabalhadores de um sindicato param

de trabalhar e sem os funcionários, a empresa é obrigada a fechar ou tomar alguma

providência para não afetar suas atividades operacionais, levando assim a gastos

excessivos e perda nos lucros.

1.1 Histórico das grandes greves:

Greve geral de 1917 é o nome dado a paralisação que ficou conhecida como a

paralisação geral da indústria e do comércio brasileiro, em julho de 1917. Considerada uma

das mais longas da história do país. Neste ano, uma grande onda de greves foi iniciada em São

Paulo, em duas fábricas têxteis e obtendo adesão dos servidores públicos, rapidamente se

espalhou por toda a cidade e posteriormente quase todo país.

Liderada por ativistas e trabalhadores inspirados nos ideais anarquistas, ou seja, contra toda e

qual quer forma de governo. Dentre eles, vários imigrantes italianos e espanhóis.

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As ligas e corporações operárias em greve, junto ao comitê de defesa proletária no dia 11 de

julho e por coincidência, numeraram 11 tópicos que apresentavam suas reivindicações:

1. - Que sejam postas em liberdade todas as pessoas detidas por motivo de greve;

2. - Que seja respeitado do modo mais absoluto o direito de associação para os

trabalhadores;

3. - Que nenhum operário seja dispensado por haver participado ativa e ostensivamente

no movimento grevista;

4. - Que seja abolida de fato a exploração do trabalho de menores de 14 anos nas

fábricas, oficinas etc.;

5. - Que os trabalhadores com menos de 18 anos não sejam ocupados em trabalhos

noturnos;

6. - Que seja abolido o trabalho noturno das mulheres;

7. - Aumento de 35% nos salários inferiores a $5000 e de 25% para os mais elevados;

8. - Que o pagamento dos salários seja efetuado pontualmente, cada 15 dias, e, o mais

tardar, 5 dias após o vencimento;

9. - Que seja garantido aos operários trabalho permanente;

10. - Jornada de oito horas e semana inglesa;

11. - Aumento de 50% em todo o trabalho extraordinário.

Fica claro que as solicitações não devem ser comparadas aos dias atuais. Antigamente as

coisas eram bem mais sérias em meio à exploração do trabalho infantil e pessoas presas ao

exercer os seus direitos trabalhistas. Os patrões deram um aumento imediato de salário e

prometeram estudar as demais exigências. A grande vitória foi o reconhecimento do

movimento operário como instância legítima, obrigando os patrões a negociar com os

proletários e a considerá-los em suas decisões. Edgard Leuenroth, anarquista e um dos mais

notáveis anarquistas da época, apresentou o seguinte discurso para mostrar que essa seria uma

greve diferente das outras e jamais vista:

“…a greve geral de 1917 não pode, de maneira alguma, ser equiparada sob qualquer

aspecto que seja examinada, com outros movimentos que posteriormente se verificaram como

sendo manifestações do operariado. Isso não, absolutamente não! A greve geral de 1917 foi

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um movimento espontâneo do proletariado sem a interferência, direta ou indireta, de quem

quer que seja. Foi uma manifestação explosiva, conseqüentemente de um longo período da

vida tormentosa que então levava a classe trabalhadora. A carestia do indispensável à

subsistência do povo trabalhador tinha como aliada a insuficiência dos ganhos; a possibilidade

normal de legítimas reivindicações de indispensáveis melhorias de situação esbarrava com a

sistemática reação policial; as organizações dos trabalhadores eram constantemente assaltadas

e impedidas de funcionar; os postos policiais superlotavam-se de operários, cujas residências

eram invadidas e devassadas; qualquer tentativa de reunião de trabalhadores provocava a

intervenção brutal da Policia. A reação imperava nas mais odiosas modalidades. O ambiente

proletário era de incertezas, de sobressaltos, de angústias. A situação tornava-se

insustentável”.

E continuou, agora falando sobre os choques com a policia e o desfecho da greve:

“A situação ia se tornando cada vez mais grave com os choques entre a Policia e os

trabalhadores. O Comitê de Defesa Proletária, somente vencendo toda a sorte de dificuldades

conseguia realizar apressadas reuniões em pontos diversos da cidade, às vezes sob a

impressão constrangedora do ruído de tiroteios nas imediações. Tornava-se indispensável um

encontro dos trabalhadores, para ser tomada uma resolução decisiva. Surgiu, então, a sugestão

de um comício geral. Como e onde? E como vencer os cercos da Policia? Mas a situação, que

se desenrolava com a mesma gravidade, exigia a sua realização. O perigo a que os

trabalhadores se iriam expor estava sendo transformado em sangrenta realidade nos ataques

da Policia em todos os bairros da cidade, deles resultando também vitimas da reação,

inúmeros operários, cujo único crime era reclamarem o direito à sobrevivência. E o comício

foi realizado. O Brás, bairro onde tivera inicio o movimento foi o ponto da cidade mais

indicado, tendo como local o vasto recinto do antigo Hipódromo da Mooca. Foi indescritível

o espetáculo que então a população de São Paulo assistiu, preocupara com a gravidade da

situação. De todos os pontos da cidade, como verdadeiros caudais humanos, caminhavam as

multidões em busca do local que, durante muito tempo, havia servido de passarela para a

ostentação de dispendiosas vaidades, justamente neste recanto da cidade de céu habitualmente

toldado pela fumaça das fábricas, naquele instante, vazias dos trabalhadores que ali se

reuniam para reclamar o seu indiscutível direito a um mais alto teor de vida. Não cabe aqui a

descrição de como se desenrolou aquele comício, considerado como uma das maiores

manifestações que a história do proletariado brasileiro registra. Basta dizer que a imensa

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multidão decidiu que o movimento somente cessaria quando as suas reivindicações,

sintetizadas no memorial do Comitê de Defesa Proletária, fossem atendidas."

Fotos tiradas na delegacia por ocasião da prisão em 1917 de Edward Leuenroth

O também jornalista e operário gráfico Everaldo Dias deu sua versão de como a greve

estava evoluindo, a cidade foi realmente afetada por essa mobilização e parece que o caos

tomou conta das ruas:

“São Paulo é uma cidade morta: sua população está alarmada, os rostos denotam

apreensão e pânico, porque tudo está fechado, sem o menor movimento. Pelas ruas, afora

alguns transeuntes apressados, só circulavam veículos militares, requisitados pela Cia.

Antártica e demais indústrias, com tropas armadas de fuzis e metralhadoras. Há ordem de

atirar para quem fique parado na rua. Nos bairros fabris do Brás, Moóca, Barra Funda, Lapa,

sucederam-se tiroteios com grupos de populares; em certas ruas já começaram fazer

barricadas com pedras, madeiras velhas, carroças viradas. A polícia não se atreve a passar por

lá, porque dos telhados e cantos partem tiros certeiros. Os jornais saem cheios de notícias sem

comentários quase, mas o que se sabe é sumamente grave, prenunciando dramáticos

acontecimentos"

Outra greve que deve ser lembrada ocorreu dia 1º de abril de 1980, em que cerca de 200

mil metalúrgicos do ABC fizeram uma paralisação geral da categoria. Os militares que

governavam o Brasil responderam com a ocupação policial da Região e a proibição de

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qualquer manifestação. No dia 1º de maio, mais de 120 mil pessoas desobedeceram as ordens

e saíram às ruas. A repressão recuou. Nem todas as reivindicações foram atendidas nos 41

dias de paralisação, mas a resistência dos trabalhadores mudou a história do Brasil. Esses

operários iniciaram uma campanha salarial, disposta a prosseguir na luta iniciada em 1978

para recuperar as perdas ocorridas pela ditadura militar que ocupava o poder do país desde

1964. Em meio a uma dívida externa que custava cerca de R$ 13 bilhões ao ano, foi decidido

pelos militares que esse dinheiro viesse do bolso do trabalhador e como o reajuste salarial era

controlado pelo governo, nada pode ser feito em primeira instancia.

Os metalúrgicos podem não ter vencido a guerra, mas ajudaram a derrubar o governo

militar e mostraram que o mesmo podia ser enfrentado com a força do povo.

1.2 As greves atuais:

No primeiro semestre de 2012, 30 categorias paralisaram suas atividades e destas

apenas 17, ou seja, 250 mil servidores resolveram encerrar o movimento. As reivindicações

são semelhantes, mesmo pertencendo a diferentes departamentos, como por exemplo, reforço

de segurança, reajuste salarial e aumento do número de profissionais através da realização de

cursos especializantes. Atualmente é possível dizer que mesmo que as greves não sejam tão

grandes e representem tanta coisa do ponto de vista político e administrativo como no

passado, estão mais organizadas e os movimentos estão mais fortes.

Depois de tantos anos e acontecimentos, a greve é a única ferramenta que os

profissionais possuem para exigir seus direitos. Isso acontece porque pressiona os patrões e os

movimentos repercutem na sociedade.

Em 17 de maio de 2012, foram iniciadas diversas greves nas instituições federais de

ensino superior, considerada até então, a maior paralisação já realizada no país, apoiada pela

adesão de 95% das instituições e de dez universidades, teve como principais reivindicações: A

reestruturação do plano de carreira dos docentes e o reajuste salarial. Cerca de 100 mil

estudantes foram afetados. O governo considerou a greve precipitada mas a maioria das

universidades tiveram suas greves suspensas no mês de setembro. De forma geral, os

professores tiveram aumento salarial de 15% e algumas medidas foram tomadas quanto aos

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planos de carreira. As instituições que continuaram em greve reclamam que o governo não

atendeu de forma correta o que foi solicitado e confirmado por eles mesmos. Sendo assim,

estas passaram por uma nova reunião e um novo acordo será acertado.

A ultima grande greve depois da ocorrida nas universidades federais pelo Brasil, foi a

dos correios. Mas esse tipo de greve possui uma diferença, pois segundo a nota divulgada pela

empresa, no segundo dia de paralisação, 91% dos trabalhadores continuaram trabalhando

normalmente. No total, segundo a ECT, a empresa tem 120 mil trabalhadores em todo o país e

destes apenas 10.438 aderiram a greve. Ou seja, nem todos os funcionários da organização,

estão de acordo com a ação de greve. Para não ter os lucros diminuídos e nem perda de

mercadoria entregue, a empresa adotou uma série de medidas, como mutirões no final de

semana, realização de horas extras para os funcionários que decidiram não optar pelas

paralisações e a contratação de novos empregados temporários.

A previsão é que a greve dure pelo menos até outubro, sendo assim, o atraso nos

serviços não será totalmente garantido. Os trabalhadores reivindicam aumento de 43.7%, que

corresponderia a inflação acumulada desde 1994, em que o plano Real foi implantado. Além

do aumento de R$ 35,00 no vale-alimentação e a contratação de 30 mil funcionários.

Capítulo II: As greves como forma de direito trabalhista

2.0 – De que forma isso ocorre?

A maioria das pessoas acredita que as greves são apenas manifestações negativas que

atrasam suas vidas, mas na verdade, ela é muito mais do que isso. Além de ferramenta

fundamental dos trabalhadores para mostrar que as coisas no ambiente de trabalho não vão

bem, é também um direito de todos os servidores públicos.

A Constituição de 1988 dispõe em seu art. 9º: "É assegurado o direito de greve,

competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses

que devam por meio dele defender". É dado aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de

exercer o direito de greve. Não poderá ser decidida a greve sem que os próprios trabalhadores

e não os sindicatos, a aprovem.

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A greve é o direito fundamental do trabalhador, pode ser interpretada como um

instrumento indispensável para a manutenção social do homem, de certa forma ela é quem

garante as condições de trabalho condizentes com a dignidade humana, pois é justamente do

trabalho que o homem tira o sustento.

Para Verônica Cavalcante da Fonseca (2009), autora da dissertação de mestrado: O

direito de greve dos servidores públicos como direito humano fundamental:

A greve, além de ser um instrumento de luta de que dispõem os trabalhadores

para alcançar melhores condições de trabalho, também é um instrumento de

defesa da democracia no ambiente de trabalho, pois dá voz aos trabalhadores

para que estes possam participar mais ativamente na relação de trabalho e,

possivelmente, influir nela. No serviço público ela também pode servir como

instrumento de luta e, principalmente, para salvaguardar a participação dos

servidores na administração pública ao possibilitar que estes emitam as suas

opiniões a respeito das condições de trabalho, propiciando um ambiente mais

democrático nessa relação de trabalho com o ente público (FONSECA, 2009,

p.9).

Portanto fica claro que esse instrumento de luta e democracia não deve ser visto

apenas como algo que pode prejudicar alguma organização pública, e sim deve ser

interpretado como uma forma de aplicação de direitos que foram estipulados pela constituição

trabalhista. Por outro lado, essa lei que da o direito da greve, também têm seus limites, os

quais são apresentados no próximo capítulo.

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2.1 – Até que ponto estas manifestações podem chegar.

A mesma constituição cita “A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e

disporá sobre o atendimento de necessidades inadiáveis da comunidade”, ou seja, por lei, a

greve é sim um exercício de direito, mas que deve cumprir tal sentença. Tais serviços têm de

manter um mínimo de continuidade de funcionamento, a fim de possibilitar o atendimento das

necessidades essenciais, julgado por lei.

O § 2o do referido artigo nono declina que "Os abusos cometidos sujeitam os

responsáveis às penas da lei". Na obra clássica sobre o assunto, Josserand ensina que "o abuso

consiste... em pôr o direito a serviço de fins ilegítimos, porque inadequados à sua missão

social" e mais; "Deve ser salientado que é quase unânime nas constituições que asseguram o

direito de greve, exatamente pela preocupação com os danos que as paralisações causam

interesses comuns e a tranqüilidade pública, a restrição de que a lei ordinária estabelecerá

limites, providências, garantias e requisitos para o exercício".

Os artigos. 8º e 14 da Lei nº 7.783/89 estabelecem que a justiça do Trabalho, por iniciativa de

qualquer das partes ou do Ministério Público do Trabalho, ao julgar o dissídio coletivo,

decidirá:

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Sobre a legalidade ou ilegalidade da greve, sem prejuízo de exame do mérito das

reivindicações;

Sobre a cessação da greve, se antes não resolvida por conciliação das partes ou por

iniciativa da entidade sindical;

Declarada a ilegalidade, o Tribunal determinará o retorno ao trabalho.

A lei também não autoriza que ocorra paralisação sem a prévia tentativa de negociação. Os

funcionários não podem simplesmente dar início a uma greve sem antes tentar chegar a um

acordo com os superiores. O instrumento de greve deve ser utilizado apenas em último caso,

em que o acordo não foi aceito por ambas as partes.

Não é permitida a greve surpresa. O aviso ao empregador deve ser realizado com

antecedência mínima de 48 horas, ampliadas para 72 horas nas atividades essenciais. Nestas, é

obrigatório o anúncio da greve para conhecimento dos usuários com a mesma antecedência.

2.2 – Criação dos Sindicatos.

Os sindicatos primeiramente surgiram como uma forma de dar voz aos trabalhadores,

é uma agremiação fundada para a defesa comum dos interesses de seus aderentes. Um

trabalhador sozinho às vezes não conseguiria ter tamanho poder de voz como um grupo e é

por isso que os sindicatos foram criados. Os trabalhadores se organizam assim para de forma

organizada poder defender seus interesses em contraposição aos seus empregadores. Por

possuírem uma inferioridade econômica, somente assim os funcionários conseguem a força

necessária para reivindicar o que os deixa insatisfeitos.

O sindicalismo teve início nas corporações de ofício na Europa medieval. Durante o

século XVIII, em plena revolução industrial na Inglaterra, os trabalhadores de indústrias

têxteis, doentes e desempregados juntavam-se a essas sociedades de socorro mútuas.

Luiz Inácio Lula da Silva, o nosso ex presidente Lula, por exemplo, já filiou-se ao

Sindicato de Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema. Os sindicatos eram mal

vistos naquela época, o que fez Lula pensar bem sobre seu ingresso ao grupo. Apesar de não

ter qualquer vivência sindical, já era apontado como uma pessoa com espírito de liderança e

com carisma. Convencido a integrar a chapa, sob influência de seu irmão, José Ferreira da

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Silva - conhecido como Frei Chico, militante do Partido Comunista Brasileiro e do Sindicato

dos Metalúrgicos de São Caetano do Sul- Lula foi eleito, em 1969, para a diretoria do

sindicato dos metalúrgicos da cidade, dentre os suplentes, continuando a exercer suas

atividades de operário.

Durante o movimento grevista, a idéia de fundar um partido representante dos

trabalhadores amadureceu-se, e, em 1980, Lula se juntou a sindicalistas, intelectuais,

representantes dos movimentos sociais e católicos militantes da Teologia da Libertação para

formar o Partido dos Trabalhadores (PT), do qual foi o primeiro presidente. A foto abaixo

ilustra a greve apresentada no primeiro capítulo, que durou 41 dias e que mudaria a história do

país. A greve dos metalúrgicos do ABC.

Não é

possível

falar de

sindicatos e

não citar o

maior de

todos do

país. O

sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (APEOESP) foi fundado

no dia 13 de janeiro de 1945, em São Carlos. È uma entidade sindical composta de docentes

em educação das redes públicas do Estado de São Paulo, 184 mil associados garantindo

conquistas com mobilizações. Um dos maiores sindicatos da América Latina, tem sua rede

central na capital paulista.

No próprio site da entidade é apresentado que sua finalidade é “defender os interesses

diretos, individuais e coletivos da categoria profissional que representa, inclusive nas

instâncias judiciais e administrativas competentes; desenvolver e organizar encaminhamentos

conjuntos visando à unidade e a unificação de todas as entidades representativas dos

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trabalhadores em educação, no âmbito do Ensino Público; lutar, juntamente com outros

setores da população, pela melhoria do ensino, em particular do ensino público e gratuito, em

todos os níveis; lutar, ao lado de outros trabalhadores, por organização, manifestação e

expressão para todos os trabalhadores”.

É o sindicato que negocia com o governo, em nome dos associados, questões

profissionais, salariais e educacionais. Também mantém assistência aos seus membros,

convênios nas áreas de educação, comércio e assistência médica. A APEOESP é prova de que

é possível que os trabalhadores de qual quer que seja a organização, podem e devem unir

forças para que sua voz chegue aos superiores, tudo é claro, de maneira organizada e pacifica,

recorrendo assim se necessário, as greves.

Lutas e conquistas do sindicato:

-Aposentadoria Especial para o magistério;

-Estatuto do Magistério (1985);

- Concursos públicos;

- Realização de conferências e congressos estaduais de educação, debatendo a situação

da escola e do ensino público;

- Plano estadual de Educação, apresentado na Assembléia Legislativa do Estado de S.

Paulo, em conjunto com outras entidades da educação;

Capítulo III: Comparação às greves de outros países

3.0 – Pontos semelhantes.

As greves como já apresentado neste trabalho, estão lado a lado com o trabalhador,

dando força e voz as insatisfações que ocorrem em todo ambiente de trabalho, dia após dia.

Mas será que nos outros países, estes meios de reivindicação, seguem os mesmos motivos ou

até mesmo são os mesmos encontrados no Brasil? Ou seja, os trabalhadores estrangeiros estão

insatisfeitos pelas mesmas causas e os problemas vêm se repetindo?

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O metrô que é um dos principais alvos das greves aqui na cidade de São Paulo,

também sofre nos países lá fora com inúmeros problemas administrativos sofridos pelos seus

colaboradores. E o motivo neste caso também já vem sendo questionado ano após ano pelos

metroviários paulistas, o reajuste salarial.

Segundo reportagem do G1, “Uma nova greve exigindo aumento salarial paralisou

nesta segunda-feira (3/12) o Metrô de Buenos Aires, que transporta um milhão de passageiros

por dia, o que causou severos transtornos na capital da Argentina. A medida provocou o

colapso nos serviços de ônibus e taxis em uma cidade de quase três milhões de habitantes e

que recebe diariamente quatro milhões de trabalhadores ou estudantes por dia, segundo

números oficiais”. Os trabalhadores exigem aumento de 28% no salário.

Isso mostra que os problemas mais comuns que acabam gerando essas greves são

semelhantes sim com os do Brasil. Na Bolívia, policias também entraram em greve por causa

dos salários mal reajustados, logo é notório que o salário é um dos principais problemas que

os colaboradores reivindicam nas paralisações. O portal da UOL retratou esse acontecimento,

“Policiais bolivianos de baixa patente fazem protestos por melhorias nos salários, em La Paz,

na Bolívia. Nesta sexta-feira, várias pessoas ficaram feridas durante confronto entre grevistas

e agentes antidistúrbios. O governo da Bolívia anunciou que pretende aumentar os salários

dos policiais” e além do aumento de salário, os policiais pedem aposentadoria integral e a

anulação de uma lei que os proíbe de dar opiniões públicas. O líder do sindicato, Edgar

Ramos, recusou a proposta, apesar de ter dito que pretende consultar as guarnições rebeldes

para tomar uma decisão oficial.

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Portanto não só no Brasil, mas em países próximos, os problemas geralmente são os

mesmos, independente do setor que é contestado. Seja na policia do país ou no meio de

transporte, toda a população é direta ou indiretamente afetada, pois essas greves estão ligadas

aos orgãos públicos e é isso que as pessoas necessitam no dia a dia mas nem sempre recebem

em troca dos impostos pagos. É trabalho do governo evitar esses problemas para que este

mínimo conflito acabe gerando uma reação em cadeia, paralisando demais setores e assim

3.1 – Tipos de reivindicações.

As greves podem ser de diversos tipos, a depender de fatores como tática, propósito ou

alcance do movimento. Por esta razão, não é incomum associar aos movimentos grevistas

termos que o qualifiquem. Dentre os tipos mais difundidos, encontram-se:

Greve branca: Mera paralisação de atividades, desacompanhada de represálias;

Greve de braços cruzados: Paralisação de atividades, com o grevista presente no lugar

de trabalho, postado em frente à sua máquina, ou atividade profissional, sem efetivamente

trabalhar;

Greve de fome: O grevista recusa-se a alimentar-se para chamar a atenção das

autoridades, ou da sociedade civil, para suas reivindicações;

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Greve geral: Paralisação de uma ou mais classes de trabalhadores, de âmbito nacional.

Geralmente é convocado um dia em especial de manifestação, procurando chamar atenção

pela grande paralisação conjunta.

Greve selvagem: Iniciada e/ou levada adiante espontaneamente pelos trabalhadores, sem

a participação ou à revelia do sindicato que representa a classe;

Operação-padrão (ou greve de zelo em Portugal): Consiste em seguir rigorosamente todas

as normas da atividade, o que acaba por retardar, diminuir ou restringir o seu andamento.

É uma forma de protesto que não pode ser contestada judicialmente, sendo muito utilizada

por categorias sujeitas a leis que restringem o direito de greve, como as prestadoras de

serviços considerados essenciais à sociedade, por exemplo. É muito utilizada por

ferroviários, metroviários, controladores de vôo e policiais de alfândega, entre outros.

Não há só a greve dos trabalhadores, mas também há a greve dos estudantes, para chamar a

atenção do ministério da educação

Estado de greve: Alerta para uma possível paralisação.

As greves que mais acontecem no Brasil e que podem se assemelhar a de outros países

são: A greve branca em que ocorre apenas a paralisação das atividades e tudo relacionado ao

trabalho através de meios pacíficos e a greve geral que é caracterizada pelo movimento de

uma ou mais classe de trabalhadores e que tem como objetivo chamar atenção de todos pela

paralisação conjunta.

3.2 – Para o país.

A greve é sim um direito constitucional, mais do que isso, um direito da liberdade de luta e

questionamento pela garantia de melhores condições de trabalho, social e vida. Mas para o

Brasil, ela de fato, mais atrapalha e atrasa o país do que ajuda e resolve algo. A população

sofre as consequências finais e para muitos investidores internacionais, principalmente

empresas não instalam suas fábricas aqui por diversos motivos e um deles é a questão

trabalhista e também a curva que continua crescendo de greves nos serviços públicos que

tanto afetam o país e “burocratizam” o mesmo.

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As greves acontecem na maioria das vezes com cunho político e utópico, sem visão real de

desenvolvimento ou possível melhoria. Muitas vezes pessoas sem capacidade intelectual, que

não percebem que estão sendo manipuladas, são usadas como forma de interesse dos

movimentadores de massas. Se a entrega do atendimento e serviços do funcionalismo público

fosse eficiente, as greves hoje seriam mais do que justificadas, mas a falta de

comprometimento com o bem comum, a falta de cordialidade, a falta de compromisso com a

legislação, e principalmente a falta de senso no desenvolvimento do Brasil, nos levam a crer

que as greves não têm fundamentos, e são uma afronta ao crescimento deste país.

O cidadão deve defender a greve de professores, para que os mesmos tenham melhores

salários, deve defender a cobrança de entrega de serviços com qualidade dos funcionários

públicos, deve cobrar do Fisco uma inteligência fiscal nas grandes fraudes empresariais e

contrabandos internacionais que tanto inundam este país devem cobrar dos mesmos

funcionários públicos que fazem greve uma qualidade e eficiência de trabalho contínua, e não

somente abaixar a cabeça e aceitar passivamente uma nova greve no próximo ano.

Por fim, será que quando o cidadão escolhe se candidatar ao funcionalismo público, o

mesmo não tem ciência dos salários e deveres? Será que o mesmo pensa no quanto ele pode

contribuir para melhorar o país? Será que ele compara o quanto ele dará de resultado no

serviço público versus a competência efetiva no serviço privado? Isso é de se pensar e cobrar.

Conclusão:

Concluindo o trabalho, é possível dizer que a greve é boa e ruim para todos. Ela pode e

deve ser utilizada como forma de direito e é fundamental para preservar o ambiente de

trabalho em harmonia. No Brasil esse tipo de movimento é muito comum e já faz parte de

nossa história, e deve continuar, pois muita coisa está errada e deve sim ser reportado pelos

trabalhadores que buscam o bem comum de todos. A população não deve ignorar a greve,

achando que ela só traz o caos para as cidades e nada de bom pode ser extraído delas e sim

pensar nos benefícios que a melhoria destes órgãos públicos podem trazer para o

funcionamento e conforto do dia a dia. Muita coisa ainda está errada e é a partir destes

movimentos que a população e os trabalhadores em geral devem se unir para ter uma voz

mais significativa no âmbito nacional, procurando melhorias e resolvendo insatisfações em

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um país marcado por má distribuição de renda e desigualdade social, onde muitos têm pouco

e poucos têm muito.

Por outro lado também foi mostrado o que essas inúmeras greves causam para o país,

olhando lá de fora. Podem ser instauradas apenas por interesses de manipuladores de massas e

podem também trazer apenas coisas ruins para a população. Mas que isso não deve deixar a

população com medo de expor seus pensamentos para que assim seja encontrado justiça e

bem comum no trabalho.

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