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Revista sobre Biocombustíveis e energias renováveis de autoria da área de Agronegócios e Comercialização do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura - IICA.
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PÁGINA 4 E 5
A canola está se consolidando como
uma boa alternativa para o cultivo de
inverno no Sul do Brasil.
EMPRESA ARGENTINA INVESTE EM VARIEDADES DE CANOLA
PARA O BRASIL
• Novembro 2012
BIOCOMBUSTÍVEIS VOLTAM A ALIMENTAR POLÊMICAUsar alimentos para produzir combustível “verde” quando uma em cada sete pessoas no mundo passa fome já gerava certa polêmica. A controvérsia aumentou com a confirmação que esse tipo de combustível polui tanto quanto os fósseis.
PÁGINA 10 E 11
SUMÁRIO04 Empresa argentina investe em variedades de canola para o Brasil
06 PBio firma acordo sobre con-versão de resíduos da pesca em bio-diesel.
8 Brasil ajuda EUA a cumprir meta de utilização de biocom-bustíveis avançados
10 Biocombustíveis voltam a ali-mentar polêmica
12 Novozymes faz parceria com Beta Renewables para biocom-bustíveis
13 Zoneamento agrícola orienta o plantio de oleaginosas no Nordeste
14 Estudo aponta gargalos para certificação de bioquerosene no Brasil
Editor Chefe Marco Ortega - [email protected] Vice-Editor Daniel Torres - [email protected]
Assessoria de ComunicaçãoCaroline Esser - [email protected]
Diretora de Arte Caroline Esser - [email protected]
DiagramaçãoCaroline Esser - [email protected]
Carta ao Leitor
Estamos chegando no final do ano, e para antecipar as festividades quem gaha o presente é você leitor da revista Biocombustíveis em Foco.
A partir deste mês a publicação está com um novo visual, mais fácil e agradável para leitura. Além de conter um indice completo com as matérias que estarão presentes em cada edição, a revista terá no máximo vinte páginas em cada edição para facilitar a leitura.
Cada matéria está dividida em uma ou duas páginas, com várias fotos para ilustrar melhor a reportagem.
Caso deseje fazer sugestões de matérias ou temas para a próxima edição envie um e-mail para [email protected], ou curta a página do CERAGRO no Facebook
www.facebook.com/ceragro
Esperamos que você leitor, goste dessa novidade que preparamos especialmente para você.
Tenha uma boa leitura!
CAROLINE ESSER
Até há bem pouco tempo, a cultura de canola era praticamente desconhe-cida dos brasileiros. Entretanto, este cenário tem se modificado e, hoje, a canola está se consolidando como uma boa alternativa para o cultivo de
inverno no Sul do Brasil.De acordo com dados fornecidos pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), estima-se que o Brasil produzirá nesta safra 52 mil toneladas de canola. Há dois anos, a produção era de 42,2 mil toneladas.Mesmo assim, ainda há poucas cultivares de canola disponíveis no mercado nacional. Este cenário chamou a atenção da empresa argentina Al High Tech que tem mais de 20 anos de experiência em melhoramento genético de híbridos de canola com suas sementes exportadas para o Chile, o Peru, o Uruguai e a Alemanha.
EMPRESA ARGENTINA INVESTE EM VARIEDADES DE CANOLA PARA O BRASIL
Fonte: Fundação Pró-Sementes
Para esta região, faltam híbridos de ciclos mais longos, que sejam plantados logo após a colheita da soja para serem colhidos um pouco antes da semeadura do verão.”
José Luis Albero
No Brasil, as cultivares da Al High Tech estão sendo submetidas a Ensaios de Valor de Cultivo e Uso (VCU) conduzi-dos pela Fundação Pró-Sementes com o objetivo de identificar cultivares melhor adaptadas ao país. Os ensaios estão sendo realizados pela segunda safra consecutiva em municípios do Rio Grande do Sul e do Paraná. Os locais foram escolhidos por serem regiões representativas no que se refere ao cultivo de canola no país, e também por apresentarem diferen-ças climáticas e de altitude. Em 2011, foram testadas 22 cultivares das quais uma foi registrada no Ministério da Agricultura – a Alht 1000. Neste ano, o número de variedades testadas foi
de 11.Segundo a coordenadora da unidade de cultivos de inverno da Fundação Pró-Sementes e responsável pelos ensaios de VCU, Kassiana Kehl já é possível atestar que as novas varie-dades têm boas características. Os ensaios estão mostrando que as culti-vares da Al High Tech são mais produ-tivas que os materiais disponíveis hoje no mercado brasileiro”, avalia. “Já o diretor técnico da Al High Tech, José Luis Albero, informa que, como o Brasil apresenta diferenças climáticas e de solo com relação à Argentina e ao Uruguai, sua empresa vem investindo no desenvolvimento de cultivares específica para o país. O melhora-
mento genético é feito em parceria com empresas alemãs e os híbridos possuem linhagem de origem euro-peia. Albero acredita que as regiões de maior altitude, como o planalto gaúcho, sejam os locais com maior potencial produtivo para a canola no Brasil. “Para esta região, faltam híbri-dos de ciclos mais longos, que sejam plantados logo após a colheita da soja para serem colhidos um pouco antes da semeadura do verão”, afirma o executivo.As cultivares lançadas pela Al High Tech terão sementes produzidas na Argentina e a comercialização no Brasil deve começar já na próxima safra.
Pe t r o b r a s Biocombustível (PBio) e o Ministério da Pesca
e Aquicultura assinaram, nesta quinta-feira (25), um memorando de entendimentos para ampliar programas com foco na pesquisa e produção de biodiesel a partir de matéria-prima residual do pesca-do. A parceria foi firmada durante o evento de lançamento do Plano Safra da Pesca e Aquicultura que contou com a presença da presi-dente Dilma Rousseff.Para o presidente da PBio, Miguel Rossetto, a parceria tem o propósi-to de promover estudos para uti-lização desta matéria-prima na produção de biodiesel. “Vamos apoiar o desenvolvimento de uma nova alternativa de supri-mento e contribuir também para o aproveitamento de resíduos da atividade pesqueira na produção de bicombustíveis”, avalia o presi-dente.A iniciativa está alinhada ao Plano Safra que visa à expansão da ativi-dade e do comércio pesqueiro e tem como meta produzir 2 milhões de toneladas anuais de pescado
até 2014. A PBio já desenvolve iniciativas para avaliar o aproveita-mento de óleo de peixe para bio-diesel. Um exemplo é a parceria no projeto piloto Biopeixe real-izado com piscicultores da região de Jaguaribara (CE).O acordo tem como principais objetivos ampliar o aproveitamen-to e a produtividade dos recursos naturais, pesqueiros e aquícolas, aumentar a renda dos pescadores e agregar valor à sua produção, além de promover o desenvolvim-ento técnico, científico e de inova-ções tecnológicas para a atividade.
PBIO FIRMA ACORDO SOBRE CONVERSÃO DE RESÍDUOS DA PESCA EM BIODIESEL
A FONTE: ASSESSORIA PETROBRAS
etanol brasileiro é o único
capaz de ajudar os Estados
Unidos a atingirem a meta de
utilização de 1,89 bilhão de
litros de biocombustíveis avançados não-
celulosicos em 2012, conforme estabelece
a Renewable Fuel Standard (RFS2), man-
dato federal que determina volumes de
produção e utilização de biocombustíveis
no país. Durante participação na conferên-
cia F.O. LICHT´S Sugar Trade Outlook, real-
izada em Londres na quinta-feira (18-10),
a assessora sênior da presidência da União
da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA)
para Assuntos Internacionais, Géraldine
Kutas, enfatizou o comprometimento do
setor sucroenergético brasileiro em for-
necer o volume de etanol não-celulósico
definido pela lei americana.
O etanol brasileiro produzido a partir da
cana-de-açúcar é o único que atende
à exigência do RFS, pois foi designado
pela Agência de Proteção Ambiental dos
EUA (Environmental Protection Agency,
ou EPA) como um biocombustível avan-
çado, devido a sua capacidade de reduzir
emissões de gases causadores de efeito
estufa (GEEs) em pelo menos 50% em
comparação à gasolina. Durante o evento
londrino, Kutas lembrou que segundo a
avaliação da EPA, o etanol de cana emite
até 90% menos GEEs em relação ao com-
bustível fóssil, uma grande vantagem
sobre o etanol de milho produzido nos
EUA, que reduz as emissões de GEEs em
apenas 38%, o que não se enquadra nas
exigências da RFS2 para o qualificar como
biocombustivel avançado.
“Atualmente, o Brasil é o único país que
pode atender a demanda americana de
utilização de biocombustível avançado
produzido com tecnologia de primeira
geração. Além de garantir a meta de 1,89
bilhão de litros para 2012, a industria
brasileira de etanol está comprometida
em fornecer o volume de 2,84 bilhões de
litros de etanol avançado não-celulósico
previstos para 2013 pela lei americana,”
ressaltou.
Kutas, que participou da conferên-
cia através da parceria da UNICA com
a Agência Brasileira de Promoção de
Exportações e Investimentos (Apex-Brasil),
avaliou o potencial de exportação do
produto brasileiro para a União Europeia
(UE), onde também vigora um mandato
de utilização de combustíveis alternativos.
BRASIL AJUDA EUA A CUMPRIR META DE UTILIZAÇÃO DE BIOCOMBUSTÍVEIS AVANÇADOS
OFONTE: AGRONOTÍCIAS
Segundo a assessora da UNICA, embora
o Brasil esteja preparado para ajudar os
europeus a cumprirem suas metas sus-
tentáveis de desenvolvimento, que entre
vários pontos prevêem o uso de 10% de
fontes renováveis no setor de transportes
até 2020, no momento não há como pro-
jetar o volume de etanol a ser consumido
na Europa.
“A futura demanda por etanol na UE até
2020, inicialmente projetada em um
pouco mais de 14 bilhões de litros, agora
está difícil de estimar devido a algumas
propostas de emendas feitas às Diretivas
Europeias para Promoção de Energias
Renováveis (RED, em inglês) e à Qualidade
dos Combustíveis (FQD, em inglês), leg-
islações que orientam o uso de fontes
alternativas ao petróleo,” explicou Kutas.
Apresentadas em 17 de outubro pela
Comissão Europeia, as recomendações
propõem a aplicação de medidas que
limitam os efeitos das chamadas mudan-
ças indiretas do uso da terra (ILUC, em
inglês) atribuídos aos biocombustíveis. A
executiva da UNICA informa que as pro-
postas deverão ser discutidas no parla-
mento europeu e no Conselho nos próxi-
mos meses, dentro de um processo que só
deve ser concluído no segundo semestre
de 2013.
Açúcar
Além de abordar as indefinições na UE
em relação ao etanol, os participantes da
conferência organizada pela F.O. LICHT´S
na capital britânica também discutiram
os instrumentos utilizados pela Comissão
Europeia para lidar com a situação defi-
citária que o mercado de açúcar europeu
enfrenta periodicamente. Segundo Kutas,
parte do problema se deve a dificuldades
que as empresas refinadoras do produto
enfrentam para comprar açúcar de países
como o Brasil, que não são beneficia-
dos com a isenção tarifária concedida a
países menos desenvolovidos e a algu-
mas ex-colônias europeias, agrupadas em
um grupo conhecido como África-Caribe-
Pacifico (ACP, na sigla em inglês).
Em síntese, estes acordos comerciais,
somados às quotas de açúcar estabeleci-
das para cada país da UE, deveriam asse-
gurar o abastecimento do mercado inter-
Atualmente, o Brasil é o único país que pode atender a demanda americana de utiliza-ção de biocombustív-el avançado produ-zido com tecnologia de primeira geração”.
Géraldine Kutas
no europeu, especificamente o de alimentos.
Ocorre que as quantidades de açúcar prove-
nientes dos países menos desenvolvidos e
os ligados ao ACP não vêm dando conta da
demanda existente na indústria alimentícia
do continente, o que obrigou as empresas
de refino a buscarem o produto a um preço
muito elevado no mercado externo, pagan-
do uma tarifa de até € 339 por tonelada.
Usar alimentos para produzir combustível “verde” quan-
do uma em cada sete pessoas no mundo passa fome já
gerava certa polêmica. A controvérsia aumentou com a
confirmação que esse tipo de combustível polui tanto
quanto os fósseis. Um estudo suíço relança o debate.
Em julho de 2008, o jornal britânico The Guardian abriu a caixa
de Pandora ao publicar um estudo interno do Banco Mundial,
segundo o qual 75% do aumento internacional dos preços dos
alimentos durante os últimos seis anos deveu-se aos chamados
combustíveis verdes.
A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação
(FAO) reforçou o impacto desta notícia, ao confirmar que a popu-
lação mundial que
sofre de desnutrição
cresceu de forma
inusitada, passando
de 840 milhões em
2002 para 925 mil-
hões em 2008.
Por sua vez, a
Aliança Global
para Combustíveis
Renováveis (GRFA,
na sigla em inglês)
diz que, entre 2000
e 2010, a produção
mundial de biodiesel
se multiplicou por 22,
enquanto que a de etanol triplicou.
Distorção do mercado
Na Suíça, menos de 5% do consumo total de combustível é
derivado de biocombustíveis, de acordo com a Administração
Federal de Aduana.
Em setembro, o instituto de pesquisas EMPA apresentou um
balanço ecológico abrangente sobre a indústria de energia verde
confirmando que “poucos biocombustíveis são mais ecológicos
do que a gasolina”.
Rainer Zah, responsável pelo estudo, disse à swissinfo.ch que
“se os biocombustíveis forem produzidos em terras adequadas
ao cultivo, eles causarão um impacto ambiental maior do que o
gerado pelos combustíveis fósseis”.
Um sinal de alarme contra o rápido crescimento desta indústria.
Segundo a GRFA, o setor contribuiu em 374,43 bilhões de dólares
no PIB mundial em 2010 e sua participação irá aumentar para
679,75 bilhões em 2020.
Um desenvolvimento que seria impossível sem o estímulo finan-
ceiro dos governos.
“Se os biocombustíveis
competissem com os com-
bustíveis fósseis sem os subsí-
dios públicos, a interação das
forças do mercado permitiria
distribuir de forma ideal os
estoques de alimentos entre
alimentação e produção de
bioenergia”, diz à swissfinfo.ch
Ivetta Gerasimchuk, especial-
ista do Instituto Internacional
para o Desenvolvimento
Sustentável (IISD), em
Genebra.
“Mas há uma profunda dis-
torção no mercado causada
pelos incentivos fiscais e outras facilidades dos governos”, acres-
centa.
Comida barata
Peter Brabeck, presidente da Nestlé, tem sido um dos principais
críticos a condenar os biocombustíveis. Segundo ele, “os tempos
da comida barata acabaram”.
O porta-voz da gigante alimentícia suíça, Philippe Aeschlimann,
BIOCOMBUSTÍVEIS VOLTAM A ALIMENTAR POLÊMICA
UFONTE: SWISSINFO.CH
Se os biocombustíveis competissem
com os combustíveis fósseis sem os
subsídios públicos, a interação das
forças do mercado permitiria dis-
tribuir de forma ideal os estoques
de alimentos entre alimentação e
produção de bioenergia”,
Ivetta Gerasimchuck
nega que Brabeck esteja mesmo é preocupado com o aumento
do custo das matérias-primas, o que afetaria as perspectivas finan-
ceiras do grupo. “A nossa participação nesta discussão não está
relacionada com o impacto em nossos negócios, mas com as impli-
cações sociais dessas políticas”, disse à swissinfo.ch.
Segundo Aeschlimann, Nestlé pretende enfrentar o aumento dos
insumos através da redução dos custos, da inovação e, como última
opção, aumentando os preços ao consumidor.
Projeto em Serra Leoa
Entre os defensores dos biocombustíveis também se encontram
empresas suíças. Addax Bioenergy pretende inaugurar em 2013 em
Malal Mara, Serra Leoa, um complexo para a produção de etanol de
350 milhões de dólares.
A ONG suíça “Pão para o Próximo” (PPP) fez uma análise detalhada
do projeto. Segundo a organização, a empresa suíça teria desfru-
tado de numerosas isenções fiscais, o projeto teria um impacto
ambiental negativo, consumindo água de forma intensiva nos
períodos de seca, além de ter sido concebido de maneira ilícita com
as autoridades locais.
Segundo o suíço Yvan Maillard, membro da Transparência
Internacional e responsável do Programa de Financiamentos
Internacionais e Corrupção da PPP, o contrato de arrendamento da
terra onde se instalou Addax Bioenergy é por 50 anos, prorrogáveis
para 71, o que despojará várias gerações de suas terras.
“Addax nunca poderia ter feito na Suíça o que está fazendo em
Serra Leoa. Os proprietários têm muito mais segurança na Suíça.
Addax teria que assinar acordos com centenas de proprietários
individuais, ao invés de apenas três contratos de arrendamento
com as autoridades locais em Serra Leoa”, denuncia.
Nikolai Germann, diretor executivo da Addax Bioenergy, rejeita
essa visão e considera os relatórios da PPP totalmente errados.
“Estamos sendo supervisionados por consultores independentes
dos bancos de desenvolvimento que tiveram três anos para aval-
iar a sustentabilidade do projeto”.
“Podemos dizer com toda a certeza que o projeto Addax tem
melhorado a segurança alimentar por meio de seu programa de
desenvolvimento rural bem-sucedido que é a operação de gestão
privada mais importante realizada até agora em Serra Leoa”, disse
à swissinfo.ch. Ele acrescenta que a cana de açúcar não é um
alimento básico, como o trigo ou milho, por isso seu plantio não
desviará alimentos.
Segunda geração
Existe alguma alternativa para a situação?
De acordo com Rainer Zah, um primeiro passo seria promover
os biocombustíveis de segunda geração, que utilizam resíduos
de plantas e não apenas seus sucos e óleos. A desvantagem, no
entanto, é que eles ainda são muito caros e não têm sido sufici-
entemente desenvolvidos comercialmente.
No final de setembro, a União Europeia manifestou sua intenção
de limitar a produção de biocombustíveis, para a insatisfação das
empresas.
A Suíça sempre deixou claro que dá prioridade à produção de
alimentos em suas terras. No entanto, o assunto está inscrito na
agenda do G-20 e será discutido novamente em 2013.
NOVOZYMES FAZ PARCERIA COM BETA RENEWABLES PARA BIOCOMBUSTÍVEIS
FABRICANTE DINAMARQUESA PROJETA QUE EM
ATÉ CINCO ANOS A COMPANHIA CONTRATE DE
fabricante de enzimas dinamarquesa Novozymes
informou nesta segunda-feira (29/10) que consti-
tuiu uma parceria estratégica com a companhia
de tecnologia para biocombustível celulósico Beta
Renewables, na qual investirá US$ 115 milhões. Com o negócio,
a Novozymes, que produz enzimas usadas na fabricação de bio-
combustível, e a Beta Renewables pretendem oferecer soluções
de larga escala para a produção de biocombustíveis.
Conforme o acordo, a Novozymes vai assumir uma participação
acionária de 10% na Beta Renewables e as duas empresas irão
apresentar, comercializar e garantir soluções para biocombustível
celulósico em conjunto. “A Beta Renewables está construindo
instalações avançadas de biocombustível ao redor do mundo, e,
por ser o seu fornecedor preferencial de enzimas, a Novozymes
ganhará acesso a oportunidades significativas de negócio”, afir-
mou o vice-presidente executivo da empresa dinamarquesa,
Peder Holk Nielsen.
A Novozymes projeta que a Beta Renewables contratará de 15 a
25 novas instalações produtivas dentro dos próximos três a cinco
anos. O potencial de vendas da Novozymes para essas plantas
pode chegar a US$ 175 milhões.
A companhia dinamarquesa acrescentou que irá descontinuar
o seu programa de recompra de ações de 2 bilhões de coroas
dinamarquesas (US$ 346 milhões), que havia sido lançado em 20
de janeiro e estava condicionado à não realização de aquisições (1
coroa dinamarquesa = US$ 0,172965). O acordo terá um impacto
negativo sobre o fluxo de caixa da Novozymes no quarto trimestre
de 2012 da ordem de 670 milhões de coroas, segundo a empresa.
A15 A 25 NOVAS INSTALAÇÕES
FONTE: ESTADÃO CONTEÚDO
Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento
(MAPA) divulgou nessa
quinta-feira (25) o Zoneamento Agrícola
de Risco Climático para a produção de
gergelim, girassol, mamona na safra
2012/2013. Os estudos com as orientações
para plantio das culturas foram publica-
dos no Diário Oficial da União (DOU).
O objetivo do zoneamento é identificar os
municípios aptos e os períodos de plantio
com menor risco climático, levando em
consideração as características de cada
região. Os estudos ainda apresentam a
análise hídrica, tipos de solos, cultiva-
res indicadas e os municípios, em cada
Estado, mais habilitados para a o cul-
tivo. Essas identificações foram realizadas
a partir de análises técnicas feitas por
equipe do ministério.
Culturas
Com semente que contêm cerca de 50%
de óleo de qualidade, o gergelim é uma
oleaginosa utilizada tanto no segmento
agroindustrial quanto no de alimentos
in natura. O zoneamento orienta o cul-
tivo em cinco Estados nordestinos, com
destaques para os fatores climáticos tem-
peratura, chuva, luminosidade e altitude
no desenvolvimento da oleaginosa.
O zoneamento agrícola identificou sete
unidades da federação do nordeste e três
do centro-oeste como aptas ao plantio de
girassol. A espécie possui ampla capacid-
ade de adaptação a diversos ambiente. No
entanto, o estudo aponta que temperatu-
ras baixas podem aumentar o ciclo da cul-
tura, o que atrasa a floração e maturação.
Os estudos da mamona e do milheto são
voltado à produção em seis Estados nor-
destinos. A primeira cultura tem grande
tolerância à seca, o que a torna uma boa
alternativa de cultivo em diversas regiões
do país. Além disso, o óleo extraído pelas
amêndoas da mamona, com teor que
varia de 43% a 49%, tem várias aplica-
ções. O excesso de umidade é apontado
como prejudicial para a cultura.
Fonte: Assessoria de imprensa MAPA
O
ZONEAMENTO AGRÍCOLA ORIENTA O PLANTIO DE OLEAGINOSAS NO NORDESTE
CAGÊNCIA FAPESP
ESTUDO APONTA GARGALOS PARA
CERTIFICAÇÃO DE BIOQUEROSENE
NO BRASIL
ertificações técnicas para biocombustíveis que
podem ser utilizados em aviões já existem, mas,
de acordo com especialistas, ainda não há um
certificado de sustentabilidade que ateste que um
determinado combustível obtido de biomassa – e
que se revele um candidato potencial para substituir o querosene
utilizado na aviação comercial – seja produzido levando em
consideração critérios como o bom uso da terra, a conservação
da biodiversidade e o cumprimento das legislações trabalhista e
ambiental.
Isso porque, apesar de existirem biocombustíveis produzidos no
exterior a partir de diferentes biomassas – que inclusive obtiveram
certificação técnica para utilização e vêm sendo usados em voos
de demonstração e até mesmo comerciais –, nenhum deles ainda
é produzido e comercializado em grande escala – o que dispensa
por ora a necessidade de terem certificação de sustentabilidade.
De modo a se antecipar a esse estágio, um estudo realizado pelo
Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais
(Icone) comparou as principais certificações globais para bio-
combustíveis existentes atualmente com o objetivo de identificar
gargalos para sua implementação no Brasil, país referência mun-
dial em biocombustíveis e com uma série de iniciativas para a
produção de combustíveis “verdes” para aviação.
A iniciativa foi financiado pela Boeing, Embraer e Banco
Interamericano de Desenvolvimento (BID) e analisou as certi-
ficações Bonsucro, Roundtable on Sustainable Biofuels (RBS)
e International Sustainability & Carbon Certification (ISCC).
Adotadas para certificação de biocombustíveis para diferentes
aplicações, as três certificações também poderiam ser utilizadas
para certificar biocombustíveis de aviação.
“Como os biocombustíveis de aviação ainda representam um
mercado muito novo, não há uma certificação de sustentabilidade
com foco específico para eles. Mas as certificações atuais para
biocombustíveis, em geral, provavelmente também serviriam
para certificar biocombustíveis de aviação porque eles não terão
grandes diferenças na produção”, disse Paula Moura, uma das
autoras do estudo, à Agência Fapesp.
De acordo com a pesquisadora, o estudo teve como foco uma
tecnologia desenvolvida pela empresa norte-americana Amyris
para produzir bioquerosene de aviação a partir da cana-de-
açúcar – uma das diversas opções de biomassa utilizadas para
esta finalidade.
Como a tecnologia desenvolvida pela Amyris tem potencial de
desenvolvimento em escala – e para isso deverá requerer uma
certificação de sustentabilidade –, os pesquisadores fizeram
uma comparação entre os padrões adotados pelas certificações
Bonsucro, RBS e ISCC de modo a avaliar os desafios com os quais
a tecnologia deparará no futuro para adotá-las.
Uma das principais constatações do estudo feito pelo Icone é que
os padrões de sustentabilidade das três certificações são bastante
similares e se baseiam no cumprimento da legislação ambiental
vigente no país e no exterior. Entretanto, a principal diferença
entre eles está na exigência de alguns critérios adicionais, que
poderão interferir na expansão e adesão pelos produtores.
Critérios da União Europeia
Os critérios adicionais estão relacionados à “Diretiva de Energia
Renovável”, anunciada pela União Europeia em 2010, que estabel-
eceu um conjunto de regras sobre como deve ser implementada a
certificação de sustentabilidade da produção de biocombustíveis
em geral.
Algumas das exigências dos países europeus são que os biocom-
bustíveis não podem ser provenientes de áreas de floresta, pân-
tanos e áreas de reserva ambiental e que possibilitem diminuir
significativamente as emissões de gases de efeito estufa em com-
paração com os combustíveis fósseis.
Para possibilitar que os produtores brasileiros possam atender
também a essas exigências externas, o Bonsucro – única certifi-
cação para biocombustíveis derivados de cana-de-açúcar imple-
mentada no Brasil – incluiu algumas das exigências da União
Europeia.
Mas, por pressão dos produtores, a certificação optou por não
tratar ou abordar de forma genérica questões que ainda estão
sendo discutidas e para as quais ainda não
há uma metodologia bem definida para
apurar o cumprimento. Entre elas estão
a limitação de expansão da produção
em áreas de alto valor de conservação,
mudanças indiretas no uso da terra e
segurança alimentar.
Como a RBS e a ISCC já adotaram alguns
desses critérios, a Bonsucro seria mais fácil
de ser implementada no Brasil em curto
prazo, de acordo com o estudo do Icone.
“Hoje, a maior parte dos certificados pela
Bonsucro são os grandes produtores de
cana-de-açúcar, que já têm uma série de
outras certificações de gestão e quali-
dade, mas que ainda não têm 100% da
produção certificada”, disse Moura.
Entretanto, na avaliação de Moura, um dos
principais desafios para expansão dessa
certificação no país será aumentar sua
abrangência e adesão pelos pequenos e
médios produtores e terceiros fornece-
dores de cana-de-açúcar, que têm maior
dificuldade em cumprir alguns pontos da
legislação trabalhista e ambiental brasilei-
ra.
A International Air Transport Association
(Iata), entidade privada internacional de
representação do setor de aviação, indi-
cou a RSB como a certificação de sustent-
abilidade de biocombustíveis que irá ado-
tar para os biocombustíveis que poderão
ser utilizados na aviação.
A Organização Internacional de Aviação
Civil (Ical), principal órgão público da avia-
ção, ainda não definiu qual modelo de cer-
tificação de sustentabilidade de produção
de biocombustíveis para aviação deverá
reconhecer.
De acordo com Moura, independente-
mente da decisão dos órgãos internacio-
nais de aviação, isso não inviabilizará a
existência das três certificações existentes
hoje.
“Pode ser que os órgãos de aviação recon-
heçam mais de uma certificação. E a partir
do momento que reconhecerem, isso exi-
girá um esforço das certificadoras em real-
izar adaptações, que dependerão muito
mais deles do que da indústria de aviação”,
avaliou a pesquisadora.
Convênio com Boeing e Embraer
Coordenado por André Nassar, membro
da coordenação do Programa FAPESP
de Pesquisa em Bioenergia (BIOEN), os
resultados do estudo foram apresentados
em um workshop sobre sustentabilidade
que integra uma série de oito encontros
que estão sendo realizados pela FAPESP,
Boeing e Embraer, no âmbito de um acor-
do firmado em outubro de 2011 com
o objetivo de estabelecer um centro de
pesquisa e desenvolvimento de biocom-
bustíveis para aviação comercial no Brasil
envolvendo as três instituições.
Iniciada no fim de abril, a série de oito
workshops tem o objetivo de coletar
dados com pesquisadores, integrantes da
cadeia de produção de biocombustíveis,
além de representantes do setor de avia-
ção e do governo, para identificar os prin-
cipais desafios científicos, tecnológicos,
sociais e econômicos para o desenvolvi-
mento e adoção de biocombustíveis pelo
setor de aviação comercial e executiva no
Brasil.
Em seguida, Fapesp, Boeing e Embraer
realizarão um projeto de pesquisa conjun-
to sobre os temas prioritários apontados
nos workshops e lançarão uma chamada
de propostas para o estabelecimento de
um centro de pesquisa e desenvolvimento
de biocombustíveis para aviação comer-
cial.
O último workshop, em que serão apre-
sentadas as conclusões do estudo, está
previsto para ser realizado ainda este ano
na FAPESP.
O estudo Benchmark of cane-derived
renewable jet fuel against major sustain-
ability standards, de Paula Moura e outros,
pode ser acessado em clicando aqui.
www.facebook.com/ceragro
www.twitter.com/ceragro_iica
ceragr.webnode.com