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VOLUME 2
Coordenadores
ANDRE CALLEGARI
WILSON CHEDIEK
Fotos Artísticas
DUDU MEDEIROS
E S P E C I A L I D A D E E M F O C O
Belezado Sorriso
11 REABILITAÇÃO ESTÉTICA EFUNCIONAL DE MAXILASATRÓFICAS
Hid Miguel Junior | Karine Piñera444
05 PREPAROS DENTAIS E MOLDAGENSNA CLÍNICA RESTAURADORA ATUAL: O QUE PRECISAMOS SABER?Marcelo A. Calamita | Christian CoachmanNewton Sesma244
08 PILARES CERÂMICOS NAS REABILITAÇÕES ESTÉTICASCOM PRÓTESES SOBRE IMPLANTESDiego Klee de Vasconcellos Cláudia Ângela Maziero Volpato342
02 LENTES DE CONTATO E LAMINADOS CERÂMICOS:ABORDAGEM ULTRACONSERVADORAEM RESTAURAÇÕES CERÂMICAS Oswaldo Scopin de Andrade | Maristela Lobo058
09 A EXCELÊNCIA DO PLANEJAMENTOESTÉTICO-FUNCIONAL EM PRÓTESES SOBRE DENTES E IMPLANTESRenata Faria | Marco Antonio Bottino José Marcio B. L. do Amaral358
03 BLINDAGEM DENTAL PÓS TRATAMENTO ENDODÔNTICOCOM PINOS DE FIBRA DE VIDROErika Manuela A. Clavijo | Victor Grover R. Clavijo Guilherme Noriaki Itikawa | Caio Cezar R. Ferraz092
07 IMPORTÂNCIA DAS RESTAURAÇÕESPROVISÓRIAS SOBRE IMPLANTES PARA A OBTENÇÃO DO CORRETO PERFIL DE EMERGÊNCIA E CONTORNO CERVICALDario Adolfi | Maurício Contar Adolfi318
01 RESINA TERMICAMENTE MODIFICADA: POSSIBILIDADES E APLICAÇÕES
Henrique de Castro e Souza PiresRogério Luiz Marcondes Jhonatan Henrique Bocutti016
12 ORTODONTIA REABILITADORA
Ertty Silva | Sérgio PinhoFernanda Meloti464
06 OBTENDO ESTÉTICA COMTRABALHOS EM ZIRCÔNIA
Alfredo Mikail Melo MesquitaRodrigo O. de Assunção e Souza | Eduardo Miyashita Valéria Giannini | Alberto N. Kojima288
10 EMPREGO DE ENXERTOS GENGIVAISPARA OTIMIZAÇÃO DE ESTÉTICAEM IMPLANTODONTIADanilo Maeda Reino | Glauber Macedo RamaSérgio Luis S. de Souza | Arthur Belém Novaes JR412
04 O MÁXIMO DA TECNOLOGIA NA EVOLUÇÃO DO PROTOCOLO BRANEMARKAndre Callegari | Flávio Ferraz Guilherme Cabral | Will Rojas170
017
Capítulo
01
RESINA TERMICAMENTE MODIFICADA POSSIBILIDADES E APLICAÇÕES
HENRIQUE DE CASTRO E SOUZA PIRES ROGÉRIO LUIZ MARCONDES JHONATAN HENRIQUE BOCUTTI Ca
pítu
lo
01
Beleza do Sorriso
018
Resumo
Restaurar - o significado desta palavra nunca mudou, mas a maneira como este
ato é realizado já passou por inúmeras transformações. Na Odontologia, restau-
rar significa devolver saúde, forma e função a um elemento dental, de maneira
que não altere e/ou recupere suas características estéticas.
Desde a introdução dos princípios adesivos por Buonocore1, em 1955, a Odon-
tologia restauradora passa por uma contínua evolução. Devido a isso diversos
materiais, técnicas e pesquisas científicas foram desenvolvidas, possibilitando o
emprego de uma Odontologia mais segura, previsível e conservadora.
Com certeza, toda essa evolução não irá parar por aqui; há muito a ser desenvol-
vido, aprimorado e descoberto. Talvez um dia existam materiais ou técnicas rege-
nerativas com capacidade de reproduzir os tecidos dentais, assim seria possível
restaurar de maneira ”perfeita” o elemento dental comprometido.
Neste capítulo iremos abordar uma técnica restauradora que utiliza um
material amplamente empregado na Odontologia atual, a resina composta,
com o objetivo de cimentar restaurações cerâmicas livres de metal e con-
feccionar restaurações de preenchimento. A técnica apresentada será a da
Resina Termicamente Modificada (RTM).
019
Capítulo
01
Introdução
Buonocore, através do princípio de condicionamento dos tecidos dentais1, deu
início à caminhada adesiva. Desde então, os horizontes da Odontologia restau-
radora foram vastamente ampliados. Graças a este conceito, é possível manter
dois materiais, de natureza igual ou distinta, unidos, aderindo à superfície de
contato de cada um2.
Atualmente, existem 2 tipos de restaurações adesivas: as restaurações di-
retas e as restaurações indiretas, sendo a direta realizada com resina com-
posta, em uma única sessão. Já a técnica de restauração indireta pode ser
realizada com resina composta ou cerâmica e, necessariamente, serão ne-
cessárias 2 etapas clínicas para que a restauração seja confeccionada fora
da boca e posteriormente cimentada sobre o remanescente dental.
A seleção do material que irá unir o trabalho protético ao dente deve ser bas-
tante criteriosa, levando em consideração os seguintes aspectos: material em
que a restauração foi confecionada, capacidade de condicionamento, potencial
adesivo, espessura, assim como sua capacidade de transmissão de luz. Deve-
mos nos preocupar também com o tipo de substrato no qual a restauração será
aderida, com a capacidade do fotopolimerizador que será utilizado e, sempre
muito importante, com a experiência do operador.
Tudo isso visando ter sucesso durante a etapa mais criteriosa de uma restaura-
ção indireta, a cimentação. Se este procedimento for realizado de maneira erra-
da, toda a restauração estará comprometida e a longevidade do tratamento será
bastante duvidosa3.
Beleza do Sorriso
020
Hoje existem algumas alternativas para cimentar restaurações indiretas. Dentre
elas, os cimentos resinosos tipo flow e os cimentos auto-adesivos são os mais
utilizados. Mas não são as únicas, a resina composta micro-híbrida, utilizada
nas restaurações do dia a dia de qualquer consultório, também pode ser em-
pregada como agente cimentante. Para tanto é necessário alterar sua fluidez e
viscosidade. Este processo pode ser realizado facilmente por meio de calor. A
resina deve ser aquecida, até atingir uma temperatura entre 60 a 68 graus Cel-
sius, assim ela estará em um estado de fluidez e viscosidade que permite sua
utilização em camadas extremamente finas4-6.
Há uma procura por métodos alternativos de cimentação devido às compro-
vações científicas e clínicas de que o material resinoso, exposto ao meio bucal,
sempre estará sujeito a absorção de água, degradação superficial e ao desgaste
mecânico7-9, que são fatores que levam à formação de espaços (gaps) na inter-
face dente–restauração, micro-infiltrações e, consequentemente, à descoloração
marginal. Ou seja, problemas com a integridade do tratamento em longo prazo.
Estas situações estão diretamente relacionadas às seguintes características de
cada material resinoso: tipo e tamanho das partículas de carga, quantidade de
matriz orgânica, grau de conversão de monômeros em polímeros e grau de po-
rosidade10-14. Outros fatores determinantes para o sucesso em longo prazo das
restaurações indiretas são: adaptação marginal da peça e espessura do filme
de cimento15-18. Todos os procedimentos realizados durante a execução de uma
prótese devem ter como objetivo otimizar a adaptação da restauração o que,
consequentemente, irá proporcionar uma passividade na instalação da peça e
diminuir a espessura do cimento.
021
Capítulo
01
Por esses motivos, procuramos pelo material que possui as melhores proprieda-
des e com o potencial de aumentar a longevidade dos trabalhos protéticos.
Recentemente, diversos estudos mostraram os efeitos positivos na utilização da
RTM e como seu uso pode aumentar a longevidade das restaurações indiretas.
A resina, quando aquecida a uma temperatura de 55 a 68 graus Celsius, pode
ser utilizada em espessuras extremamente finas devido à diminuição de sua vis-
cosidade e ao aumento de fluidez4-6. Além de excitar os monômeros resinosos,
proporcionando um aumento no seu grau de conversão em polímeros, permitindo
a polimerização em maior profundidade, com menor necessidade de intensidade
de luz e com menos tempo de fotoativação4-6,19-24. Desta maneira é possível uti-
lizar a resina composta para cimentar laminados cerâmicos, coroas cerâmicas,
inlays/onlays cerâmicas, todos os tipos de restauração em resina composta e
qualquer material passível de ser aderido.
Sendo assim, a RTM tornou-se uma opção frente aos cimentos resinosos. Quando
comparamos as resina compostas com os cimentos adesivos, apesar de os dois
materiais possuírem características químicas semelhantes, observamos uma me-
lhor organização estrutural, melhores propriedades mecânicas e ópticas nas resi-
nas compostas, em razão da maior quantidade de porção inorgânica presente, com
partículas de carga presentes em maior número, sendo essas mais uniformes e re-
gulares. Isso proporciona melhores propriedades mecânicas, ainda mais quando a
resina é aquecida e sua conversão monomérica aumenta. Desta maneira, a dureza
superficial, o módulo de resistência flexural, a resistência à fratura, a resistência á
tração e a resistência ao desgaste superficial aumentam, elevando suas proprie-
dades a um nível incapaz de ser atingido por qualquer tipo de cimento resinoso20-28.
Beleza do Sorriso
022
Clinicamente, a utilização da RTM como agente cimentante apresenta uma série
de vantagens e benefícios quando comparada a outras técnicas de cimentação;
entre elas as mais relevantes são:
� Aumenta o grau de conversão monomérica.
� Aumento da dureza superficial do material cimentante.
� Redução da degradação marginal e de micro-infiltrações.
� Redução da pigmentação nas margens restauradoras.
� Capacidade de polimerizar em maiores profundidades e com menos inten-
sidade de luz.
� Redução do tempo de polimerização.
� Compatibilidade com todos os sistemas adesivos.
� Facilidade na instalação e adaptação do artefato restaurador.
� Estabilidade da peça em posição, durante seu manuseio.
� Facilidade para remover os excessos de cimento antes de polimerizar.
� Diminui os gastos com diversos tipos de cimentos resinosos.
Esta técnica possui também uma grande aplicabilidade para confecção de res-
taurações diretas e núcleos de preenchimento. Seu aumento de fluidez permite
uma adaptação excelente com o substrato e o aumento de suas propriedades
mecânicas e de polimerização permitem a confecção de uma restauração com
ótimas características e com um tempo menor de polimerização. Sua utilização
deve ser sempre incremental, com incrementos de no máximo 2 mm, evitando a
união de 2 paredes opostas e respeitando o Fator C de cada cavidade.
023
Capítulo
01
Cuidados e desvantagens
Esta técnica não pode ser utilizada para cimentação de próteses com infraes-
trutura em metal pois a RTM necessita de luz para polimerizar. É necessário
o investimento no aparelho termomodificador. A polimerização do material é
extremamente fácil de acontecer com a luz do refletor, portanto, não deve ser
usada iluminação direta sobre a área de trabalho. Sempre que uma nova técnica
é aplicada no dia a dia de qualquer ser humano é necessário passar por uma
curva de aprendizado até dominá-la.
Aplicação clínica
Para utilizar a técnica da RTM, inicialmente, é necessário selecionar uma resi-
na composta. Todas as resinas modificam seu estado com o calor, porém as
que apresentam melhores condições de trabalho são as micro-híbridas,
de preferência a Z100 (3M ESPE, EUA), a Point4 (Kerr,
EUA) e a Esthet-X (Dentsply, EUA). Para aumentar a
temperatura destes materiais, de maneira homo-
gênea, é necessário um equipamento que troque
calor com a resina e o mais utilizado atualmente
é o CalSet (AdDent, EUA) (Figura 01).
01. Aparelho termo-modificador para resina composta CalSet (AdDent, EUA).
Beleza do Sorriso
024
Para a resina ser aquecida, ela deve ser introduzida em cômpules para que
através de um aplicador, do tipo Centrix (Centrix, EUA) ou Comax (AdDent,
EUA), sua aplicação seja facilitada (Figuras 02A-E3). O aparelho termo-mo-
dificador CalSet possui três temperaturas: 37, 54 e 68 graus Celsius. A tem-
peratura de 68 graus Celsius é a mais indicada pois garante uma mudança
suficiente na viscosidade e fluidez da resina composta, proporcionando um
bom tempo de trabalho intra-oral. O tempo necessário para resina ficar ter-
mo-modificada é de 10 a 15 minutos.
O condicionamento do remanescente dental deve seguir os procedimentos
adesivos convencionais, de acordo com o sistema adesivo de preferência, as-
sim como as próteses, que devem ser condicionadas de acordo com o material
que foram confeccionadas.
A aplicação da resina pré-aquecida pode ser realizada tanto na superfície da
peça protética quanto sobre o substrato dental. A escolha depende do tipo da
restauração, do eixo de inserção e da experiência do profissional. A instalação
do artefato restaurador deve ser realizada com cuidado e com leves movimen-
tos vibratórios, até que esteja totalmente adaptada no preparo. Os excessos de
resina irão escoar pelas bordas e serão facilmente removidos com o auxílio de
um pincel ou de uma espátula. Após a remoção dos excessos presentes nas
margens da restauração, a fotopolimerização deve ser realizada por 60 a 80
segundos em cada face, de preferência com um aparelho LED.
025
Capítulo
01
02. A-E Cômpule cinza para o Sistema Centrix (Centrix, EUA) (A). A resina deve ser inserida dentro da cômpule (B,C). A cômpule deve ser fechada com o êm-bolo (D). Pistola CoMax (AdDent – EUA) utilizada para aplicar a resina termica-mente modificada (E).
A
B
C
D
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Beleza do Sorriso
026
Casos clínicos
Caso clínico I: Utilização da RTM para cimentação de laminados cerâmicos
Paciente do sexo masculino, 27 anos de idade, procurou atendimento odontológi-
co devido a um trauma sofrido no elemento 21 (Figuras 03A,B). O planejamento
foi realizar uma faceta personalizada em cerâmica feldspática.
Após o atendimento emergencial (Figuras 03C,D), foram realizadas moldagens
para o enceramento diagnóstico (Figura 03E). Com base neste enceramento, o
preparo do remanescente dental foi confeccionado (Figuras 03F,G).
03. A-G Documentação fotográfica inicial, vista do sorriso, elemento 21 fraturado (A). Documentação foto-gráfica inicial, vista inicial interna (B). Fragmento dental fraturado (C). Trata-mento emergencial, colagem do frag-mento (D). Enceramento diagnóstico (E). Preparo realizado de acordo com o enceramento diagnóstico (F,G). Mu-ralha sagital (F). Muralha palatina (G).
A
B
Beleza do Sorriso
028
Como se tratava de um dente vital e fraturado, todo o cuidado com a integri-
dade pulpar foi necessário. Para tanto, o selamento imediato da dentina foi
realizado com OptiBond FL (Kerr, EUA) (Figura 04A-F) e uma pequena proteção
A
C
E
B
D
F
029
Capítulo
01
pulpar na borda incisal foi realizada com ionômero de vidro (Maxxion R, FGM,
Brasil). O preparo foi polido e as margens em esmalte delimitadas para realizar
a moldagem (Figura 04G,H).
04. A-H Selamento Imediato da Denti-na (SID). Aplicação do ácido fosfórico sobre a dentina, por 15 segundos (A,B). Aplicação de clorexidina a 2% (FGM, Brasil) (C). Aplicação do primer, sis-tema adesivo OptiBond FL (Kerr, EUA) (D). Aplicação do adesivo do sistema utilizado (E). Fotopolimerização por 60 segundos (F). Delimitação das mar-gens, remoção do adesivo polimeriza-do sobre o esmalte (G). Polimento do preparo previamente à moldagem (H).
G
H
Beleza do Sorriso
030
A restauração cerâmica foi confeccionada com a cerâmica feldspática Crea-
tion CC (Creation Willi Geller) sobre refratário, seguindo a técnica de 2 queimas
(Figuras 05A-E)29.
Após a remoção do provisório, a peça foi provada. Neste caso, foi realizado
um teste de cor com o try-in (Vitique, DMG, EUA) (Figuras 06A-C) para, então,
realizar a cimentação.
05. A-E Confecção da restauração cerâmica, seguindo a técnica de duas queimas. Primeira queima (A). Segunda queima (B). Texturização (C). Aplicação do glaze (D). Laminado cerâmico finalizado e adaptado sobre o modelo sólido (E).
A
C
B
D
E
031
Capítulo
01
06. A-C Restauração provisória, con-feccionada com Protemp 4 (3M ESPE, EUA) (A). Remanescente após a remo-ção da restauração prévia (B). Prova da cerâmica; neste caso foi utilizado o try-in Bleach (Vitique, DMG, EUA) (C).
A
B
C
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032
Inicialmente o preparo foi limpo, em seguida os tecidos dentais condicionados
e o sistema adesivo de 3 passos OptiBondFL (Kerr, EUA) foi aplicado, mas não
polimerizado (Figuras 07A-H).
A B
C D
E
033
Capítulo
01
07. A-H Preparo para cimentação. Isolamento absoluto modificado (A). Limpeza do remanescente com ultras-som (B). Profilaxia com micro escova de Robson embebida de pedra pomes com clorexidina a 2% (C). Condiciona-mento dos tecidos dentais com ácido fosfórico a 37% (Condac 37, FGM, Brasil) (D,E). Aplicação da clorexidina a 2%(FGM, Brasil) (F). Aplicação do primer do sistema adesivo OptiBond FL (Kerr, EUA) (G). Aplicação do adesi-vo do sistema OptiBond FL (H).
F
G
H