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ESTUDO DO IMPACTO DA VINHAÇA NO SOLO MONITORADO POR MICRO-ORGANISMOS
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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E
TECNOLOGIA DE SÃO PAULO –
CAMPUS SÃO ROQUE
Beatriz Lourenço Manzato
Caroline Lourenço Manzato
ESTUDO DO IMPACTO DA VINHAÇA NO SOLO
MONITORADO POR MICRO-ORGANISMOS
São Roque
2014
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E
TECNOLOGIA DE SÃO PAULO –
CAMPUS SÃO ROQUE
Beatriz Lourenço Manzato
Caroline Lourenço Manzato
ESTUDO DO IMPACTO DA VINHAÇA NO SOLO
MONITORADO POR MICRO-ORGANISMOS
Trabalho de conclusão de curso apresentado como
requisito para obtenção do título de Tecnólogo em
Gestão Ambiental sob orientação do professor MSc.
André Kimura Okamoto.
São Roque
2014
FOLHA DE APROVAÇÃO
Nome: Beatriz Lourenço Manzato
Nome: Caroline Lourenço Manzato
Título: Estudo do Impacto da Vinhaça no Solo Monitorado por Micro-organismos
Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo –
Campus São Roque, para obtenção do título de Tecnólogo
em Gestão ambiental.
Aprovado em: ____/____/____
Banca Examinadora
Prof. Dr. ________________________________ Instituição: __________________
Julgamento: _____________________________ Assinatura: __________________
Prof. Dr. ________________________________ Instituição: __________________
Julgamento: _____________________________ Assinatura: __________________
Prof. Dr. ________________________________ Instituição: __________________
Julgamento: _____________________________ Assinatura: __________________
Prof. Dr. ________________________________ Instituição: __________________
Julgamento: _____________________________ Assinatura: __________________
A Deus, que sempre esteve presente em
cada etapa deste trabalho e em toda nossa
vida nos dando forças.
Aos nossos pais pela dedicação e apoio em
todos os momentos.
AGRADECIMENTOS
Agradecemos primeiramente a Deus, pois sem Ele, jamais teríamos chegado
até aqui.
Aos nossos pais que nos ajudaram em todos os momentos.
Aos nossos familiares e amigos que sempre nos apoiaram.
Ao nosso orientador André Kimura Okamoto pela paciência e atenção que
teve conosco.
A todos que colaboraram para que este trabalho pudesse ser realizado.
A todos os técnicos dos laboratórios do IFSP – São Roque.
Aos professores, que nos ajudaram nas inúmeras dúvidas que foram surgindo
ao longo do caminho.
“Na natureza nada se cria, nada se perde,
tudo se transforma”.
Antoine Lavoisier
RESUMO
Este trabalho tem por objetivo analisar os impactos causados pela vinhaça no solo, resíduo este proveniente de indústrias sucroalcooleiras, para que assim possa se obter uma ideal quantidade deste efluente a ser irrigado na cultura da cana-de-açúcar. Através de análises laboratoriais foi possível encontrar proporções que menos prejudicam a comunidade microbiológica do solo. A metodologia utilizada neste trabalho foi a partir de uma pesquisa experimental, cujo esta teve por enfoque encontrar quais os micro-organismos existentes no solo, com e sem adição de vinhaça, o que possibilitou em uma análise dos resultados encontrados, verificando assim qual a melhor quantidade deste para ser irrigado em indústrias produtoras de açúcar e álcool. Analisando os resultados encontrados, foi possível observar que os micro-organismos que menos foram afetados pela vinhaça nas diferentes proporções utilizadas, são os fungos. Vários fatores podem ter contribuído para o não crescimento das bactérias, mas para isso faz-se necessário um estudo posterior a este. Palavras-chave: Cana-de-açúcar; Efluente de indústrias sucroalcooleiras; Resíduo;
Organismos Microscópicos.
ABSTRACT
This work aims to analyze the impacts caused by vinasse in the soil, this residue from sugarcane industries, so that it can obtain an optimal amount of this effluent to be irrigated in the culture of cane sugar. By laboratory tests were found proportions that do less damage microbiological community soil. The methodology used was from an experimental research, which this approach was to find which of the micro-organisms in the soil, with and without addition of vinasse, which allowed for an analysis of the results, thereby determining how best this amount to be irrigated in industries producing sugar and alcohol. Analyzing the results, it was observed that the micro-organisms that were less affected by vinasse in different proportions used are fungi. Several factors may have contributed to the growth of bacteria not, but for this it is necessary to further study this. Keywords: Sugar cane; Effluent sugarcane industries; waste; Microscopic organisms.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1: Solos e proporções de vinhaça ........................................................................................ 20
Figura 2: Procedimento de contagem de microrganismos do solo ..................................... 22
Figura 3: Representação gráfica da escala de pH ...................................................................... 24
Figura 4: Representação da morfologia das Colônias .............................................................. 28
Figura 5: Colônias desenvolvidas no meio Martin (Fungos). ................................................. 30
Figura 6: Colônias desenvolvidas no meio de Thornton (Bactérias). ................................. 30
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 11
2 OBJETIVOS ........................................................................................................... 13
2.1 Objetivo Geral .................................................................................................... 13
2.2 Objetivos Específicos ....................................................................................... 13
3 JUSTIFICATIVA ..................................................................................................... 14
4 REFERENCIAL TEÓRICO ..................................................................................... 15
4.1 Principais Componentes Químicos da Vinhaça ............................................. 15
4.2 Características de Solos com Adição de Vinhaça .......................................... 15
4.3 Características de Solos Sem Adição de Vinhaça ......................................... 16
4.4 Impactos Positivos no Solo Provenientes da Vinhaça .................................. 17
4.5 Impactos Negativos no Solo Provenientes da Vinhaça ................................. 17
4.6 Microbiologia do Solo ....................................................................................... 18
5 METODOLOGIA .................................................................................................... 19
5.1 Materiais Utilizados ........................................................................................... 21
6 RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................................................... 23
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 31
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 32
11
1 INTRODUÇÃO
De acordo com a norma técnica P4 231 da CETESB (2006), a vinhaça é um
líquido derivado da destilação do vinho, que é resultante da fermentação do caldo da
cana-de- açúcar ou melaço. O presente trabalho tem como foco de estudo a vinhaça
proveniente da fermentação do caldo da cana-de-açúcar, derivada da produção de
etanol.
No interior do estado de São Paulo, há muitas usinas de açúcar e álcool
movimentando a economia da região.
De acordo com dados fornecidos pela Unidade Produtora (UP), localizada na
região de Bauru – SP, a cada 1 litro de etanol produzido, são gerados
aproximadamente 12 litros de vinhaça.
Segundo o Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA,
2014), até 2019, o Brasil produzirá 58,8 bilhões de litros de etanol, sendo este 50
bilhões de litros para consumo interno e os outros 8,8 bilhões de litros serão para
exportação.
Analisando as informações obtidas pelo MAPA e pela UP (Unidade
Produtora), pode-se estimar que até 2019, o Brasil produzirá 705,6 bilhões de litros
de vinhaça, correspondendo a uma área de 705,6 bilhões de metros cúbicos.
Como já visto, com a produção de etanol é gerada uma grande quantidade
deste resíduo, portanto há a necessidade de um estudo na área, devido ao impacto
negativo causado pelo descarte incorreto e até mesmo quando fertirrigado em
proporções inadequadas, afetando assim a economia do país, pois o Brasil é
referência mundial na produção de etanol, e por consequência grande gerador de
vinhaça.
De acordo com o Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA,
2014), o setor sucroalcooleiro nacional é referência para os demais países
produtores. A cana-de-açúcar é cultivada em quase todo o país, sendo 60% no
estado de São Paulo.
Segundo MAGALHÃES (2010), há muitas vantagens na aplicação da vinhaça
como fonte orgânica de adubação, como por exemplo: requerimento de baixo
investimento inicial, baixo custo de manutenção, rápida disposição para sua
12
aplicação e não envolvimento de uso de tecnologia complexa, por isso essa prática
ganhou espaço significativo.
Segundo Martins e Campos (2011):
A qualidade do solo é avaliada pelo uso de indicadores físicos, químicos e biológicos. O critério para o uso de um parâmetro como indicador do solo é a sua capacidade de interferir nos processos ecológicos, integrar as propriedades físicas, químicas e biológicas, além de ser facilmente utilizável por especialistas, técnicos e agricultores. Neste sentido, os microrganismos se enquadram nesses critérios, podendo ser utilizados como sensíveis indicadores da qualidade do solo. Os micro-organismos, juntamente com a fauna (micro, meso e macro) e as raízes das plantas, formam a fração viva da matéria orgânica do solo e podem ser utilizados como indicadores biológicos ou bio-indicadores, uma vez que estão intimamente relacionados ao funcionamento do solo, apresentando uma estreita inter-relação com os componentes físicos e químicos. (EMBRAPA, 2009)
Na literatura não se encontram proporções de vinhaça e água adequadas
para fertirrigação de solos que não causem impactos negativos no desenvolvimento
dos micro-organismos, desse modo, estudos que determinem uma proporção ideal a
fim de obter um aproveitamento consciente do resíduo são necessárias.
13
2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral
Estudar o impacto causado pela vinhaça proveniente da fermentação do caldo
da cana-de-açúcar, derivada da produção de etanol, utilizada na irrigação de solos,
por meio do monitoramento dos micro-organismos naturais do solo.
2.2 Objetivos Específicos
Identificar os microrganismos presentes no solo, para que estes indiquem os
impactos causados pela fertirrigação da vinhaça em culturas de cana-de-
açúcar.
Propor uma ideal quantidade de vinhaça a ser irrigada pelas indústrias
sucroalcooleira, para que assim se obtenha o máximo de aproveitamento
deste resíduo, sem que este cause danos no solo e afete a cultura.
Medir o pH da vinhaça e das amostras de solo, para averiguar se este exerce
influência nos micro-organismos.
14
3 JUSTIFICATIVA
Segundo MAGALHÃES (2010), a utilização de resíduos na indústria
sucroalcooleira é uma necessidade não só do ponto de vista ambiental, mas
também uma forma de evitar desperdício de um material que pode vir a gerar lucros.
Quando estudados os valores da geração de vinhaça, verifica-se que a
quantidade produzida no Brasil é alarmante, por isso há a necessidade de um estudo
que vise quantificar as proporções ideais ou mais adequadas para o reaproveitamento
deste resíduo por fertirrigação nos canaviais, tornando o processo de irrigação mais
eficaz para os produtores da cultura.
Com este trabalho, será possível auxiliar o reaproveitamento deste resíduo da
melhor maneira, para que se obtenha uma melhor produtividade sem causar danos
ambientais, além de servir como um parâmetro para os produtores de cana-de-
açúcar.
15
4 REFERENCIAL TEÓRICO
Para a realização deste estudo fez-se necessário a utilização de alguns temas
pertinentes ao mesmo.
4.1 Principais Componentes Químicos da Vinhaça
A vinhaça é caracterizada por ser um líquido de odor forte, coloração marrom-
escuro, baixo pH, alto teor de potássio e com alta demanda química de oxigênio
(DBO), ou seja, com alta carga de matéria orgânica contida no efluente, torna-se um
material altamente poluidor. (SILVA et al, 2013)
Segundo SILVA; GRIEBELER e BORGES (2006), em geral, a vinhaça
apresenta elevadas concentrações de nitrato, potássio e matéria orgânica; sendo
que suas características podem promover no solo modificações em suas
propriedades químicas, o que favorece um aumento da disponibilidade de alguns
elementos para as plantas.
Segundo FUESS (2013), a vinhaça apresenta significativo potencial
fertilizante devido à presença de concentrações apreciáveis de macro e
micronutrientes em sua composição.
4.2 Características de Solos com Adição de Vinhaça
Foram pesquisados na literatura existente, trabalhos relatando informações
sobre solos com adição de vinhaça.
De acordo com a pesquisa realizada por BIANCHI (2008), solos tratados com
vinhaça apresentaram elevação nos teores de potássio, cálcio e magnésio, na CTC
(Capacidade de Troca de Cátions), na saturação por bases e no pH.
16
Segundo o experimento realizado por BARROS, et al (2010), a adição de
vinhaça em área agrícola proporciona elevação do conteúdo de matéria orgânica,
Ca+ Mg trocáveis, CTC (Capacidade da Troca de Cátions), V(%), Soma de bases,
macro e micronutrientes, não havendo efeito sobre o pH, quando comparada com
uma área sem fertirrigação de vinhaça.
4.3 Características de Solos Sem Adição de Vinhaça
De acordo com EMBRAPA (2002), o solo é composto de partículas sólidas de
formas e dimensões distintas. O espaço poroso pode ser preenchido por água
(soluções) e ar (gases).
Segundo JACOMINE (2009), o solo é uma coleção de corpos naturais,
tridimensionais, dinâmicos, constituídos por partes sólidas, líquidas e gasosas,
composto por partículas minerais e orgânicas que ocupam a maior parte do manto
superficial de nosso planeta.
O IBGE (2007), define o solo como sendo um material mineral e ∕ou orgânico
inconsolidado na superfície da terra que serve como meio natural para o
crescimento e desenvolvimento de plantas.
Um dos solos estudados é um composto preparado que possui as
características apresentadas na Tabela 1, sendo seu peso total 25 Kg.
Tabela 1: Características do solo composto preparado
Fonte: Composição descrita de acordo com o fabricante do solo – Genesolo.
17
4.4 Impactos Positivos no Solo Provenientes da Vinhaça
Segundo BARBOSA (2012), a vinhaça favorece ao solo os nutrientes:
potássio, nitrogênio e matéria orgânica e a própria água que é adicionada para a
fertirrigação contribui para brotação da cana-de-açúcar, além de estar diretamente
relacionada com a disponibilidade de macronutrientes e grande quantidade de
matéria orgânica trazendo benefícios, dentre eles: maior retenção de água pelo solo,
aumento das atividades microbianas, melhora a agregação do solo ajudando na
prevenção contra erosões, devido à capacidade de reter água a matéria orgânica é
condutora de calor atuando no controle das temperaturas no solo durante o dia,
contribui para elevação do pH.
Segundo FUESS (2013), a aplicação da vinhaça na lavoura em doses
adequadas resulta em inúmeros benefícios para o solo, tais como o aumento da
disponibilidade de alguns nutrientes, a elevação do pH, a melhora da estrutura física,
o aumento da atividade microbiana, dentre outros fatores.
4.5 Impactos Negativos no Solo Provenientes da Vinhaça
Segundo BARBOSA (2012), se a vinhaça for utilizada em excesso prejudica a
maturação da cana-de-açúcar no sentido de concentração de açúcar além de causar
salinização do solo podendo contaminar o lençol freático.
Segundo FUESS (2013), a superdosagem de vinhaça nas lavouras tende a
comprometer a capacidade produtiva dos solos. Tais impactos negativos são
resultados das elevadas concentrações de matéria orgânica e de compostos que
conferem à vinhaça, características ácidas e corrosivas.
18
4.6 Microbiologia do Solo
De acordo com FILHO e OLIVEIRA (2007), dentre as importantes funções dos
micro-organismos no solo estão: a contribuição para formação de húmus; agregação
e estruturação do solo; fixação de nitrogênio; solubilização de nutrientes;
decomposição de matéria orgânica, sendo esta a principal, dentre outras, sendo
essenciais à produtividade do solo e à sustentabilidade dos ecossistemas.
De acordo com os autores mencionados acima, a quantificação da
comunidade microbiana e de suas atividades são importantes indicadores da
fertilidade do solo e são parâmetros básicos para estudos ecológicos, como o
monitoramento do solo, efeito de pesticidas, etc.
Para CARDOSO (2004), a biomassa microbiana do solo é o principal
componente do subsistema de compositores, regulando a ciclagem de nutrientes, o
fluxo de energia, a produtividade das plantas e dos ecossistemas.
Conforme o Instituto Agronômico de Campinas (IAC, 2007), os
microrganismos do solo ou também chamados de microbiota, são representados por
cinco grandes grupos:
Bactérias, Actinomicetos, Fungos, Algas e Protozoários.
Afirma ainda que sua diversidade e quantidade é bastante elevada. As
bactérias e fungos respondem por cerca de 90% da atividade microbiana do solo.
Dentre suas funções no solo destacam-se, a decomposição e ressíntese da
matéria orgânica, ciclagem de nutrientes, transformações bioquímicas específicas
(nitrificação, desnitrificação, oxidação e redução do enxofre), fixação biológica do
nitrogênio, ação antagônica aos patógenos, produção de substâncias promotoras ou
inibidoras de crescimento.
19
5 METODOLOGIA
A realização deste trabalho foi possível através de pesquisas em campo para
coleta de vinhaça e solo em uma Unidade Produtora (UP) de açúcar e álcool no
interior do estado de São Paulo, na região de Bauru; análises laboratoriais
realizadas nos laboratórios do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia
de São Paulo – Campus São Roque e levantamento de pesquisas da literatura
existentes na área.
O procedimento adotado como referência para esta pesquisa foi:
Primeiramente foi pesado um quilo de solo para cada recipiente utilizado para
a análise. Foram usados cinco recipientes, onde cada um possuia uma quantidade
de vinhaça. Para cada 1 kg de solo, se utilizou a proporção de água diluída em
vinhaça, totalizando 100 mL.
Proporções realizadas em cada recipiente:
1º Recipiente: 50 mL de vinhaça para 50 ml de água
2º Recipiente: 40 mL de vinhaça para 60 ml de água
3º Recipiente: 30 mL de vinhaça para 70 ml de água
4º Recipiente: 20 mL de vinhaça para 80 ml de água
5º Recipiente: 10 mL de vinhaça para 90 ml de água
A Figura 1 representa os solos que receberam as diluições de vinhaça
descritas acima.
Figura 1: Solos e proporções de vinhaça
Fonte: Arquivo Pessoal
20
Para as análises foram utilizados dois tipos de solo, um já diluído em vinhaça
coletado na UP (Unidade Produtora) e outro com fertilizante orgânico classe B
comprado que serviram de indicadores para assim se chegar a conclusões
pertinentes aos resultados encontrados.
A coleta do solo da UP (Unidade Produtora) foi realizada com o auxílio de
uma cavadeira articulada a uma profundidade de 50 cm. Já a vinhaça, a coleta foi
feita em canais onde a mesma fica armazenada na UP (Unidade Produtora). O
resíduo foi colocado em recipientes de vidro esterilizados com capacidade total para
3 litros.
O objetivo da metodologia utilizada foi determinar qual melhor proporção de
vinhaça que cause menor impacto no crescimento dos micro-organismos em
diferentes amostras de solo por meio do método Unidade Formadora de Colônia
(UFC).
A metodologia utilizada neste trabalho foi a proposta por FILHO e OLIVEIRA
(2007), para contagem de bactérias pela técnica pour plate e fungos pela técnica em
superfície, sendo estas realizadas em triplicata, como ilustra a Figura 2.
21
Figura 2: Procedimento de contagem de microrganismos do solo
Fonte: FILHO e OLIVEIRA
Foi também adotada a metodologia proposta por COSCIONE et al (2001) para
determinação do pH em Cloreto de Cálcio.
Esse procedimento visa monitorar os micro-organismos presentes no solo
através da análise do pH (Potencial de Hidrogênio), analisando o pH do solo sem e
com adição de vinhaça.
5.1 Materias Utilizados
Cabine de Fluxo Laminar Vertical
Alça de Drigalsk;
Autoclave;
Balança analítica;
22
Balança Semi-Análitica
Balão volumétrico;
Bastão de vidro;
Bécker;
Chapa aquecedora;
Erlenmeyer;
Estufa;
Pêra;
Pipeta graduada;
Pipetadores de 0 à 200 чm e 0 à 1000 чm
Pipeta de Pasteur;
Pisseta;
Placas de petri;
Proveta;
Tubos de ensaio
23
6 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Na análise para determinação do pH em Cloreto de Cálcio e da Acidez total
da vinhaça e das amostras de solo com e sem adição de vinhaça, conforme
COSCIONE et al (2001), foram encontrados os seguintes resultados:
pH da Vinhaça: 4,45
pH do solo da Unidade Produtora (UP) já adicionado vinhaça: 6,43
pH do solo sem adição de vinhaça: 7,06
pH do solo com a proporção 10:90: 7,13
pH do solo com a proporção 20:80: 7,17
pH do solo com a proporção 30:70: 6,94
pH do solo com a proporção 40:60: 7,07
pH do solo com a proporção 50:50: 7,00
De acordo com COSCIONE et al (2001), soluções onde o pH encontra-se
menor que 7,00 são consideradas ácidas e pH maior ou igual a 7,00 são básicas ou
alcalinas, conforme demonstra a Figura 3.
Figura 3: Representação gráfica da escala de pH
Fonte: COSCIONE et al (2001)
Dessa forma é possível concluir que o pH da vinhaça não interferiu no pH das
amostras de solo analisadas.
24
As Tabelas 2 e 3 mostram os resultados obtidos através da metodologia
proposta por FILHO e OLIVEIRA (2007). Os valores foram encontrados pelo cálculo
de UFC (Unidades Formadoras de Colônias), onde:
UFC = nº de Colônias x Diluição x 10
Tabela 2: Resultado das análises de fungos do solo
Fungos
Proporção Vinhaça Água
UFC* (colônias)
10 90
3.883.333
20 80
23.056.667
30 70
8.886.667
40 60
6.233.333
50 50
6.260.000
Solo sem Vinhaça
24.060.000
Solo UP (Unidade Produtora)
44.286.667
Fonte: Autoria Própria
*UFC = Unidade Formadora de Colônias
25
Tabela 3: Resultado das análises de bactérias do solo
Bactérias
Proporção Vinhaça Água
UFC* (colônias)
10 90
5.633.333
20 80
15.000.000
30 70
0
40 60
0
50 50
0
Solo sem Vinhaça
0
Solo UP (Unidade Produtora)
0
Fonte: Autoria Própria
*UFC = Unidade Formadora de Colônias
Os valores encontrados nas Tabelas 2 e 3, se deram através da média das
triplicatas das amostras, os citados como zero, foram as amostras que não
desenvolveram de 30 a 300 colônias.
Dois meios de cultura foram utilizados para a obtenção dos resultados, sendo
um específico para fungos (Meio de Martin) e outro para bactérias (Meio de
Thornton).
26
Segundo BARBOSA e TORRES (2010), o desenvolvimento microbiano está
condicionado à presença de água e nutrientes e a determinadas condições de pH,
temperatura, luminosidade e tensão de oxigênio.
De acordo com BARBOSA e TORRES (2010), o oxigênio exerce um papel
decisivo no crescimento bacteriano e para alguns tipos, o oxigênio é imprescindível.
A não obtenção de resultados de colônias de bactérias em algumas diluições,
pode ter sido pelo fato de que algumas espécies de bactérias dependem de
luminosidade e oxigênio, sendo estes determinantes para o crescimento das
mesmas, como já citado pelos autores acima. Portanto é necessário que sejam
realizados estudos mais específicos para determinação da causa do não
desenvolvimento de bactérias em algumas das diluições realizadas.
Como propõem os autores FILHO e OLIVEIRA (2007), foram desprezadas as
placas com amostras contaminadas ou com evidência de antagonismo.
Para identificação da morfologia das colônias, foi necessário a utilização da
representação gráfica, como está evidenciada na Figura 4.
27
Figura 4: Representação da morfologia das Colônias
Fonte: FILHO e OLIVEIRA (2007)
Seguindo a representação da morfologia das colônias, descrita por FILHO e
OLIVEIRA (2007), foi possível identificar que houve predominância das seguintes
características das colônias
Formas Predominantes dos Fungos:
Puntiforme
Circular
Estrelada
Fusiforme
Bordos Predominantes dos Fungos:
28
Liso
Ondulado
Lobado
Filamentoso
Elevação Predominante dos Fungos:
Ondulada
Formas Predominantes das Bactérias:
Puntiforme
Circular
Bordos Predominantes das Bactérias:
Liso
Elevação Predominante das Bactérias:
Plana
As figuras 5 e 6, mostram as colônias que se desenvolveram nas placas de
Petri contendo meios específicos para fungos (Thornton) e Bactérias (Martin).
29
Figura 5: Colônias desenvolvidas no meio Martin (Fungos).
Fonte: Autoria Própria.
Figura 6: Colônias desenvolvidas no meio de Thornton (Bactérias).
Fonte: Autoria Própria.
Os resultados encontrados, permitiram concluir que a diluição mais adequada
a ser utilizada na irrigação dos canaviais é a da fração 20:80. Pode-se chegar a esta
conclusão pelo fato de que nas amostras onde estavam essa diluição, houve
predominância do desenvolvimento de colônias de fungos e bactérias. Das diluições
realizadas, foi preciso encontrar uma que se adequasse para fungos e bactérias,
portanto chegou-se ao valor da diluição descrita 20:80.
Para que os dados fiquem mais acessíveis para a aplicação no campo, foi
necessário converter o valor da diluição, assim tem-se os valores de 80.000 L de
30
vinhaça para 320.000 L de água para 1 ha. Se a propriedade for maior que 1 ha é só
calcular pelo valor da área da mesma.
31
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A vinhaça é um resíduo que sempre esteve presente no cotidiano das
indústrias sucroalcooleiras, mas só vem sendo utilizada como insumo para a
irrigação dos canaviais a partir do surgimento das legislações ambientais que
proibiram o descarte incorreto deste efluente em corpos d´água.
A aplicação exagerada de vinhaça, pode prejudicar a qualidade do solo, tendo
perdas na produtividade e consequentemente econômicas. Mas havendo uma
quantidade ideal, esses problemas podem ser minimizados.
Pode-se notar que a quantidade de água na diluição é superior, se
comparada com a da vinhaça. Uma alternativa para que haja uma diminuição de
água é utilizar a água de reuso e a água utilizada como resfriamento das caldeiras.
Já para a questão da possível sobra da vinhaça, já existem tecnologias que
mostram que este resíduo pode ser empregado de diversas maneiras, como por
exemplo, ser transformada em um asfalto alternativo, ser utilizada na geração de
energia pelo processo de digestão anaeróbia, entre várias outras.
A transformação da vinhaça em subprodutos é um ganho econômico para as
indústrias do setor, pois transformará um problema ambiental em uma solução
economicamente viável, pela geração de produtos de valor agregado.
Este trabalho pode ser considerado como um ponta pé inicial para pesquisas
com foco nos impactos causados na prática realizada diariamente nos canaviais,
pois ainda há muito a ser descoberto.
Trabalhos posteriores a este, são essenciais para o enriquecimento do
mesmo e para que o setor sucroalcooleiro torne seus processos mais eficientes nas
questões econômicas, ambientais, sanitárias e sociais.
Pode-se notar que a quantidade de água na diluição é superior, se
comparada com a da vinhaça. Uma alternativa para que haja uma diminuição de
água é utilizar a água de reuso e a água utilizada como resfriamento das caldeiras.
32
REFERÊNCIAS
BARBOSA, Kássia de Paula. Estudo econômico e ambiental da vinhaça de Cana-de-açúcar para adubação do solo em Maurilândia, no período de 2011 a 2012. Rio Verde, GO: I Congresso de Pesquisa e Pós-Graduação do Campus Rio Verde do IFGO. 2012.
BARROS, Rubens Pessoa de. Atributos biológicos e químicos de um solo
cultivado com Cana-de-Açúcar (Saccharum officinarum L.) fertirrigado com vinhaça. São Cristóvão, SE: Universidade Federal de Sergipe, 2009.
BARROS, Rubens Pessoa de. Alterações em atributos químicos de solo cultivado com Cana-de-Açúcar e adição de Vinhaça. Goiânia, GO: Universidade Federal de Goiás - Pesquisa Agropecuária Tropical, 2010.
BIANCHI, Silmara Rossana. Avaliação química de solo tratados com vinhaça e cultivados com alfafa. São Carlos, SP: Universidade Federal de São Carlos – Centro de Ciências exatas e de tecnologia do Departamento de química do programa de pós-graduação em química, 2008.
CARDOSO, Marinice O. Métodos para Quantificação da Biomassa
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