Bartholomew

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  • 8/19/2019 Bartholomew

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    Seus passos estavam mais rápidos e frmes do que o de costume todos osservos do castelo haviam percebido a rágil paciência de seu mestre, e nem mesmoousavam olha-lo, por temerem serem mal interpretados. Ao parar diante das imensasportas da sala do trono as olhou com cuidado, sem perceber o medo sorrateiro queescapava por seu olhar.

    As grandes portas eram adornadas em ouro puro e ormavam imagens deserpentes saindo do solo e alcançando o reino dos deuses, os devorando e jogandopara a terra de onde vieram. or!m, o ouro n"o emitia nenhum brilho, graças asmanchas de sangue dos traidores, que se mantinham em vermelho vivo graças aomisterioso poder da criatura que sentava-se no trono daquele castelo, dei#ando umamensagem clara para qualquer um que arriscasse uma traiç"o.

    - $sso ! loucura. % &urmurou para si mesmo, no mesmo instante que as portasse abriram, revelando um sal"o quadrado cujas paredes emitiam uma lu' branca que

    se assemelhava a divindade. or!m, ao contrário de encher a alma de quem a olhava,a lu' passava a sensaç"o de devorar qualquer coisa que tocasse.

    Ao fnal estava a rainha sentada em seu trono e aos seus lados direito eesquerdo, de p!, as duas mulheres que eram chamadas de (Sem-)ace* cuja identidadeningu!m conhecia e muito menos as suas unç+es, ou se a'iam realmente algumacoisa, pois sempre estavam ali independente de a rainha estar presente ou n"o. Aimagem das três sendo quase completamente engolida pela lu' do sal"o dei#andotransparecer apenas um borr"o que se assemelhava a silhueta de três pessoas.

    - que ! loucura, meu flho % A rainha perguntou com uma vo' macia eamável, o que e' o jovem sentir um arrepio subir-lhe pelas costas e ser devorado pela

    lu' antes de chegar a nuca.

    - ssa coisa na entrada. Seria t"o mais lindo dei#ar o ouro brilhar, mas mant!messe sangue viscoso. /enhum de seu flhos lhe trairia. % )alou o mais ine#pressivo queconseguia. 0oda e qualquer energia, sensaç"o ou emoç"o era devorada pela lu', eregistrada pela rainha e suas duas servas misteriosas.

    - 0u gostas muito de coisas lindas n"o !, criança % erguntou com um tomdivertido, era t"o aud1vel quanto o alar ao p! do ouvido.

    &ais uma ve' ele sentiu o arrepio subir pelas costas e ser devorada. A mulherno trono dei#a um riso lhe escapar.

    - stá t"o instável hoje, meu pr1ncipe. % 2ontinuou com o mesmo tom divertido.

    - r1ncipe hoje, mas amanh" eu continuarei a ser % erguntou com uma breveirritaç"o que logo oi levada para a sensaç"o de va'io.

    - $sso depende apenas de você. &as acredito que você, meu amado, n"o irá se juntar aqueles 3 porta. % )alou impass1vel e com hostilidade.

    4essa ve' n"o sentiu-se ameaçado. or mais estranho que pudesse parecer,essas investidas hostis e bruscas o conortavam, passavam a sensaç"o dereconhecimento a criatura sentada em sua rente. ois como poderia a rainha dos

    dem5nios ser t"o amável ou meigo ra antinatural, e seu corpo reagia a isso.

  • 8/19/2019 Bartholomew

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    - /"o oi por isso que vim aqui. % 4esviou de assunto ao se ajoelhar pondo asduas m"os ao ch"o.

    - 4eve ser mesmo importante. )ale logo /igard. % 4isse meigamente, masapressada.

    /igard espreme os olhos e cont!m o arrepio que se seguiria.

    - 0emos not1cias de um outro 6er7i. % )alou abrindo seus olhos na direç"o darainha, a lu' n"o machucava sua vista, por contrário, mantinha uma atraç"o hipn7ticaque o a'ia esquecer de piscar. /em mesmo sua pupila serpentina e amarela dilatava.

    - utro anjo dos c!us... $dai que esse tem de novo % erguntou impaciente ebatucando os dedos sobre a madeira negra do trono.

    - /"o ! o que ele tem de novo...

    - nt"o por que veio at! mim % interrompeu. % /"o deveria ir atrás de um doscondes ou ent"o de um &argoon

    - u achei que seria de seu e#tremo interesse....

    - por que seria, /ig...

    - 8A906:&;. % /igard gritou impaciente, dei#ando a vo' ecoar pelo sal"o, odei#ando silencioso por n"o mais que < segundos.

    A rainha m"e levantou-se do trono e o encarou uriosa, a lu' branca do sal"ocomeça a tomar tons cada ve' mais vermelhos.

    - 9egistramos a mesma assinatura de 8artholome= nessa manh".

    Aparentemente ele desceu em algum lugar no Sul 6umano. % 4eteve-se por ummomento enquanto se levantava e tentava captar algum detalhe das mulheres, masera in>til, a lu' ainda as ocultava. % &andei uma tropa para checar a situaç"o, masn"o reportaram nada at! o momento.

    ?m silencio pesado se seguiu enquanto o vermelho ia fcando cada ve' maisescuro e incomodo. 4essa ve', a lu' n"o mais absorvia nada, por contrário começavaa emanar sentimentos conusos que /igard n"o conseguia distinguir. Seria raiva 4or&as tinha algo bom ali... Alegria /"o, n"o era alegria.

    - nem v"o reportar. % A rainha disse por fm, quebrando o silencio. % Se ormesmo 8artholome=, ele n"o os dei#ará reportar nada, morrer"o antes de contar at!

    dois. % 4isse atordoada e com as m"os na cabeça, enquanto começava a andar de umlado para o outro.

    /igard n"o conseguiu esconder sua surpresa, o simples pronunciar de um nomea dei#ou em silencio, e o avistamentos de uma mera assinatura de portal a haviadei#ado aturdida. le dá um leve riso de incredulidade. Sua m"e, a m"e dos dem5niosestava andando de um lado para o outro na rente do trono, e a lu' do sal"o, pelaprimeira ve' em d!cadas havia mudado de cor, e essa era a primeira ve' nos @Banos de sua vida que tinha visto um tom t"o escuro na sala do trono. 2ertamenteestava e#perimentando uma s!rie intensa de novos eventos nos >ltimos anos. lesente o olhar da mulher a esquerda do trono, mas n"o consegue segurar seu sorriso

    enigmático, que poderia signifcar qualquer coisa, at! mesmo a lembrança de que

  • 8/19/2019 Bartholomew

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    comeria p"o com manteiga depois de uma semana de viagem at! o castelo de suam"e.

    - stá bem. SaiaC % rdenou a rainha com vo' distante apontando para as portasque já estava começando a se echar.

    /igard sai de lado e por pouco sua m"o esquerda n"o ! esmagada.

    Seu sorriso enigmático continuou por mais alguns passos at! se contorcer empreocupaç"o. lhou para os lados, ningu!m. 2ontinuou por mais alguns passosenquanto tirava uma moeda do bolso.

    - Due tudo dê certo. % ediu enquanto olhava para a moeda prateada em suam"o. 4epois a arremessou para cima observando seu giro rápido e reparando naimagem do rosto de um lobo que se ormava ao giro da moeda.