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BARREIRAS FÍSICAS À ACESSIBILIDADE DE UMA BIBLIOTECA
Davi Lucena (1); Marília Cavalcanti (1); Natália Soares (1); Raíra Rolim (1); Flávia Marroquim(2)
(1) Alunos de graduação do curso de Arquitetura e Urbanismo da UFPB
(2) Arquiteta, Profª. Msc. da UFPB, e-mail: [email protected]
RESUMO
Constata-se que diversos estabelecimentos públicos de ensino em João Pessoa, capital do Estado da Paraíba, não atendem aos princípios básicos do Desenho Universal. Desta forma estes locais, onde são formados os cidadãos, deixam de oferecer plenas condições de acessibilidade e utilização. Assim, este artigo, a partir de métodos e técnicas da Avaliação Pós-Ocupação (APO), relata as barreiras físicas e urbanísticas à acessibilidade encontradas na biblioteca setorial do Centro de Ciências Exatas e da Natureza (CCEN) da Universidade Federal da Paraíba. Foram encontrados problemas tanto no entorno da edificação (estacionamento e calçadas) quanto em seu interior (corrimão, sanitários, abertura de portas, mobiliário) não garantindo um uso equitativo dos usuários. É necessário uma maior atenção dos atuais e futuros profissionais envolvidos com esse tema para que se estabeleça, como uma boa prática de projeto, a concepção de ambientes escolares acessíveis, com segurança e autonomia para todos os usuários além de dispor de mão de obra qualificada para edificá-los corretamente.
ABSTRACT
It appears that various public institutions of education in João Pessoa, capital of the state of Paraiba, do not meet the basic principles of Universal Design. On this way these places, where they are formed the citizens, are no longer offering full conditions of accessibility and use. Thus this paper, from the methods and techniques from Post-Occupancy Evaluation (POE), relates the physical barriers and urban accessibility found in the library sector of the Center of Exact Sciences and Nature (CCEN) of the Federal University of Paraiba. Problems were found both in the surroundings of the building (parking and sidewalks) and in its interior (handrail, lavatories, opening doors, furniture) not guaranteeing a fair use of the users. There is a need of greater attention from the current and future professionals involved with this issue in order to establish, as a good design practice, the design of school environments accessible, with security and autonomy for all users as well as have skilled labor to build them correctly.
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INTRODUÇÃO
Nos últimos anos, tem-se observado o aumento da importância da
acessibilidade e do Desenho Universal com o crescimento do número de
pessoas com deficiências físicas ou cognitivas, muitas ocasionadas pela idade
mais avançada, assim como pela consequente imposição de normas legais.
Cambiaghi (2007:71) afirma que o conceito de Desenho Universal vem sendo
utilizado de forma inadequada por inúmeros profissionais, “(...) simplesmente
como sinônimo de aplicação de normas técnicas para tornar projetos
acessíveis”, resultando muitas vezes em projetos pobres e com problemas de
acessibilidade. Remetendo ao direito universal de ir e vir, acessibilidade é a
capacidade do ambiente construído oferecer segurança e autonomia a
qualquer pessoa que o utilize, independentemente de suas limitações (ELALI;
ARAÚJO; PINHEIRO, 2010).
Atualmente, verifica-se que diversos estabelecimentos de ensino público da
capital paraibana, responsáveis por formar cidadãos, não atendem aos
princípios básicos do Desenho Universal na medida em que os ambientes não
promovem as plenas condições de acesso, permanência e utilização. De
acordo com Cohen e Duarte (2006), o acesso aos espaços de ensino deve ser
assegurado, tanto quanto possível, sem discriminações ou exclusões, para
todas as categorias de usuários (alunos, docentes, funcionários e visitantes),
sendo necessário considerar as características e exigências próprias dos
cidadãos com necessidades especiais.
Dentro desse contexto, este artigo tem como objetivo identificar as barreiras
físicas e urbanísticas à acessibilidade (ABNT/NBR 9050 de 2004) da Biblioteca
Setorial do Centro de Ciências Exatas e da Natureza (CCEN) da Universidade
Federal da Paraíba, que impedem ou dificultam usuários com deficiências
físicas e/ou mobilidade reduzida de se locomoverem e utilizarem o edifício com
conforto, segurança e autonomia. Foram constatados diversos problemas
relacionados à acessibilidade da biblioteca em estudo que vão desde seu
acesso (calçadas e estacionamento) até seu interior (corrimãos, sanitários,
3
abertura de portas, mobiliário, etc.), não garantindo um uso equitativo dos
usuários.
OBJETO DE ESTUDO
A biblioteca setorial em estudo foi construída para atender aos estudantes do
Centro de Ciências Exatas e da Natureza (CCEN) e demais centros da UFPB,
concentrando livros específicos da área e Trabalhos Finais de Graduação.
Seu acesso principal se dá por uma via interna à UFPB (em amarelo Fig. 1), e
muitos usuários utilizam o estacionamento do outro lado dessa via, se
deslocando a pé até o acesso principal da biblioteca (Figs. 1, 2 e 3).
Figura 1 - Biblioteca Setorial do CCEN/UFPB (em vermelho), estacionamento (em azul) e via de tráfego local. Fonte: Google Earth, adaptado pelos autores.
Figura 2 e 3 – Edifício da Biblioteca Setorial CCEN/UFPB e acesso principal.
4
O projeto, da prefeitura da UFPB, teve sua construção finalizada em 2008,
porém o funcionamento ao público apenas iniciou-se no ano de 2009. A planta,
em formato triangular, possui uma área construída de 681,80m² distribuída em
dois pavimentos que se comunicam por uma escada e uma plataforma
elevatória para pessoas com deficiência.
No primeiro pavimento localizam-se o balcão de guarda-volumes e o balcão de
empréstimos, a administração, área de acervo público, sanitários, copa,
depósito para material de limpeza, sala de restauração e sala de processo
técnico, bancada para consultas (apenas 1 computador) e alguns espaços para
estudos (mesas individuais e mesa coletiva). No segundo pavimento localiza-se
outro salão com área de acervo público juntamente com mesas coletivas de
estudos, além de sala de monografia e um pequeno auditório (Figs. 4 e 5).
Figuras 4 – Planta baixa da biblioteca - pavimento térreo. Adaptada pelos autores, 2012.
Circulação vertical
Sanitários
Área funcionários
Área pública (acervo/leitura)
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Figuras 5 – Planta baixa da biblioteca - pavimento superior. Adaptada pelos autores, 2012.
A edificação apresenta uma estrutura física em boas condições, no entanto,
ainda sofre algumas adaptações de layout para o seu funcionamento, como o
guarda-volumes e a recepção que são realizados no mesmo guichê, logo na
entrada (está sendo construído um guichê próprio para empréstimos mais à
frente). Muitas prateleiras do térreo ainda encontram-se sem acervo. A
biblioteca também disponibiliza para seus usuários internet wi-fi. Seu horário de
funcionamento é das 7:30 às 21:30h.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A metodologia para este trabalho fundamentou-se na Avaliação Pós-Ocupação
(APO), através de levantamentos físicos, visitas, observações in loco,
entrevistas, registros fotográficos e aplicação do Roteiro de Vistoria em
Acessibilidade do Ambiente Construído, adaptado e atualizado pelo CREA-RS1
em 2007.
1 Obtido em: www.crea‐rs.org.br/crea/pags/acessibilidade/roteiro_vistoria.pdf
6
A temática abordada neste artigo mostra-se bastante relevante, em virtude de
que, desde 2011 a UFPB vem recebendo em seu quadro de discentes,
pessoas com deficiência, através do sistema de cotas, onde 5% das vagas são
destinadas a essas pessoas.
ANÁLISE DOS DADOS
O roteiro de vistoria adotado neste trabalho serviu de base para identificar os
principais problemas relativos à acessibilidade da biblioteca em estudo. A partir
dos quesitos abordados, realizou-se uma visita técnica à edificação, de modo a
verificar a conformidade ou não com as normas técnicas brasileiras. Foram
avaliados 12 dos 17 itens que constam no roteiro. A seguir encontram-se os
principais problemas identificados para cada um dos itens avaliados.
CALÇADAS
Neste quesito, a edificação encontra-se com diversos problemas: a calçada
que existe não pode ser utilizada plenamente por todos os usuários,
principalmente por pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida, pois é
interrompida por um gramado e pela rampa do acesso principal à biblioteca
(Figs. 6 e 7); apenas um pequeno trecho da calçada possui a largura mínima
de 120cm recomendada pela norma (139cm), que é disputado com uma
condensadora de aparelho de condicionador de ar (os demais trechos possuem
102 ou 95cm).
Figuras 6 e 7 – Calçada que não pode ser usada pelos usuários: gramado, condensadora e rampa como obstáculos à passagem.
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As constatações em conformidade foram com relação à inclinação longitudinal
e transversal da calçada, e a altura da marquise como obstáculo aéreo, que
supera a 210cm.
COLETORES
A extensa faixa de gramado existente, após a faixa de calçada, é quem faz a
função dos coletores (grades, ralos e grelhas). Observa-se a presença da
sarjeta, próxima ao meio-fio, com acúmulo de folhas, dificultando a passagem
da água, principalmente no ponto que recebe o rebaixo da rampa de acesso à
biblioteca, devido às menores dimensões e à sua má execução (Fig. 8).
CIRCULAÇÃO INTERNA
Neste quesito, os itens que estão de acordo com a norma foram: o
revestimento do piso dos corredores e passagens é em material não
escorregadio; a largura mínima do corredor é superior a 0,90m quando a
extensão do corredor é de 4 metros; e quando a extensão do corredor é de 4
até 10 metros, a largura mínima de 1,20m é atendida (Fig. 9). Os espaços entre
as estantes possuem mais de 1,20m de largura em vários trechos, permitindo a
circulação de uma pessoa em pé e outra em uma cadeira de rodas; no entanto,
em alguns trechos, essa largura é obstruída pela presença de mobiliários como
mesas e cadeiras (Fig. 10).
Figura 8 – Problema com execução e falta de limpeza das sarjetas.
8
Figura 9 e 10 – Circulações entre as estantes de livros superiores a 1,20m de largura e mobiliários dispostos muito próximos às estantes.
PORTAS
Quanto às portas internas da biblioteca, de madeira, todas se encontram em
conformidade com a norma (vão livre mínimo de 80cm, permitindo sua
completa abertura, maçaneta do tipo alavanca e na altura recomendada). O
problema foi verificado nas duas folhas de vidro da porta do acesso principal,
que além de ser pesada devido ao seu material, não possui maçaneta do tipo
alavanca, dificultando a abertura total em apenas um único movimento.
SUPERFÍCIE PARA TRABALHO E BALCÕES
Para este quesito foram avaliadas a bancada para consultas e as mesas de
estudo disponíveis para os usuários, além dos balcões de atendimento do
guarda-volumes e da futura recepção. Verificou-se que com relação à altura da
superfície de trabalho, as mesas (individuais e coletivas) e bancada para
consultas estão em conformidade com a norma; porém, os balcões do guarda-
volumes (88cm) e da futura recepção (92cm) estão fora da altura
recomendada, entre 75 e 85cm (Figs. 11 e 12).
Nenhum balcão de atendimento apresenta profundidade livre sob as
superfícies de trabalho para permitir a aproximação frontal da cadeira de rodas
e nem apresenta uma área com altura reduzida para atender pessoas com
limitações.
1,35m
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Figuras 11 e 12 – Balcões de atendimento inadequados à acessibilidade.
As mesas de estudo individuais são bastante estreitas e suas pernas dificultam
a entrada de uma cadeira de rodas, além disso, sua profundidade livre para
aproximação frontal é menor que 50cm (Fig. 13). A bancada para consultas
possui apenas 45cm de profundidade, não permitindo a aproximação frontal de
uma cadeira de rodas (Fig. 14).
Figuras 13 e 14 – Mesas e bancada para consultas: dificuldade para entrada de uma cadeira de rodas.
PLATAFORMA ELEVATÓRIA
Na biblioteca existe uma plataforma elevatória vertical de percurso fechado,
nas dimensões 140 x 90cm, para as pessoas com deficiência ou mobilidade
reduzida acessar o pavimento superior. A porta da plataforma, de giro, não
pode ser aberta apenas pela pessoa com deficiência, que necessita da ajuda
de uma outra pessoa para utilizá-la.
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No interior da cabine não há assento escamoteável para uso de pessoa com
mobilidade reduzida, nem corrimão fixado na parede dos fundos; há marcação
em Braile próximo aos botões e não há nenhuma sinalização visual
demarcando a área para espera de embarque e limite da projeção de
embarque (Figs. 15 e 16).
BEBEDOURO
O único bebedouro existente na edificação, localizado no pavimento térreo, não
atende as exigências das normas, não possibilitando a acomodação das
pernas, nem respeitando a altura mínima admissível.
ESCADA
A escada de acesso ao primeiro pavimento apresenta as seguintes não
conformidades com a norma: largura inferior à mínima recomendada de 120cm;
a dimensão do piso (profundidade) do primeiro degrau da escada é bem
superior a 32cm (Fig. 18); a dimensão do espelho dos degraus não é constante
e alguns estão acima de 18cm (máximo recomendado); não há corrimão em
ambos os lados da escada e o revestimento do piso não é antiderrapante,
dando margem a riscos de acidentes.
RAMPAS
A única rampa existente é a do acesso principal da biblioteca, que possui
largura superior a mínima recomendada de 120cm (300cm) e inclinação dentro
Figuras 15 e 16 – Porta de entrada da plataforma elevatória e seu interior.
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da recomendada pela norma (6%). Observaram-se as seguintes não
conformidades da rampa com a norma: seu piso não é revestido com material
antiderrapante; as laterais da rampa não são protegidas por guarda-corpos ou
ressaltos no piso de no mínimo 5cm em ambos os lados em toda a
continuidade da rampa (Fig.17) e não há corrimãos e nem guarda-corpos em
ambos os lados. Também se observa a ausência de um patamar ao seu final,
para que o usuário possa abrir a porta fora da área do desnível.
REBAIXAMENTO DE CALÇADA
Também não se verificou a existência de rebaixamentos de calçada. A faixa de
pedestre elevada se encontra uns 100m após a rampa de acesso à biblioteca,
dificultando a travessia das pessoas, principalmente das que apresentam
alguma deficiência, já que o estacionamento de veículos localiza-se do outro
lado da via pública.
CORRIMÃO E GUARDA-CORPO
Quanto ao quesito corrimão e guarda-corpo, este apenas se aplicou na escada,
já que na rampa do acesso principal, não há corrimão e nem guarda-corpos em
nenhum dos lados. O material utilizado como corrimão é rígido, firmemente
fixado às paredes, e encontra-se no dimensionamento correto quanto a altura
(92cm), a seção circular entre 3 e 4,5cm e quanto ao espaço mínimo livre de
4cm entre a parede e o corrimão (Fig. 18). No entanto, observou-se que alguns
aspectos desobedecem a NBR 9050/2004 como:
corrimão em apenas um lado da escada (apesar da existência de parede
em ambos os lados);
Figuras 17 – Rampa de acesso principal em não conformidade com a norma.
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corrimão não está instalado a duas alturas (92 e 70cm do piso);
corrimãos não possuem prolongamento horizontal de no mínimo 30cm
nos dois níveis servidos pela escada;
corrimãos não possuem continuidade, sofrem interrupções nos
patamares intermediários.
Figuras 18 – Escada com corrimão em apenas um lado e largura inferior a recomendada.
SANITÁRIOS
Os sanitários estão localizados em lugar acessível e possuem cabinas
específicas para pessoas com deficiência (PCD) em dimensões superiores às
mínimas recomendadas. No entanto, essas cabinas apenas estão equipadas
por uma ducha higiênica e uma barra de apoio na lateral de 40cm de
comprimento (o mínimo deveria ser 80cm) e 2cm de seção circular
(recomenda-se seção circular com diâmetro entre 3 e 4,5cm).
Os demais problemas encontrados nas cabinas foram: a altura da bacia está
abaixo da recomendada (entre 43 e 45cm do piso); não há barra na parede do
fundo de forma a evitar que a caixa seja usada como apoio; a altura da barra
lateral está 10cm acima da recomendada de 75cm; apesar da porta da cabine
possuir 90cm de vão livre, sua abertura é para dentro (no projeto estava para
fora) e não possui barra horizontal para facilitar seu fechamento (Fig. 19).
Quanto aos lavatórios, apesar de não serem em coluna e possuir uma altura
livre de 73cm sob o lavatório, estes não estão fixados a altura entre 78 e 80cm
1,15m
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do piso (88cm), não há barras de apoio instaladas na altura dos mesmos e
suas torneiras não são adequadas para PCD (Fig. 20). Sua tubulação não está
situada a no mínimo 25cm da face externa frontal e nem possui um dispositivo
de proteção do tipo coluna suspensa ou similar.
Figuras 19 e 20 – Cabina inadequada para PCD e lavatórios sem barras de apoio.
ESTACIONAMENTO
O estacionamento destinado à biblioteca setorial é compartilhado com outras
edificações próximas. Não existe nenhuma distinção de vagas específicas para
pessoas com deficiência (PCD), e muitos veículos estacionam em locais que
não estão definidos como vagas (Fig. 21).
Fig. 21 e 22 – Estacionamento sem vaga destinada para PCD e vala na entrada do estacionamento.
A pavimentação é de asfalto, bastante deteriorado, e logo na entrada do
estacionamento há uma depressão (que funciona como vala para escoamento
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de água de chuva), deixando o percurso bastante irregular para qualquer
usuário (Fig.22). Além disso, não há uma travessia segura para pedestres para
acessar a biblioteca, que se encontra do outro lado da via pública.
SINALIZAÇÃO
A sinalização da biblioteca é um aspecto bastante precário (através de
impressões em preto e branco em folha de papel A4), pois além de não existir
uma padronização, não possui um dimensionamento e contraste de cor dos
textos e das figuras para que sejam perceptíveis por pessoas com baixa visão.
Também não se verificou a existência de pisos táteis direcionais e de alerta
(nem mesmo no projeto) em nenhum dos pavimentos da biblioteca.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Na biblioteca em estudo, foram verificados problemas de gravidades diversas
quanto à acessibilidade, desde seu exterior (estacionamento, calçadas, tipo de
revestimento do piso, rampa de acesso) até seu interior (corrimãos, sanitários,
abertura de portas, mobiliário, escada etc.), dificultando sua utilização pelos
usuários, principalmente das pessoas com alguma deficiência e/ou mobilidade
reduzida.
Dentre esses problemas identificados, percebeu-se que em alguns setores eles
poderiam ser solucionados com mais facilidade, por se tratar apenas de
alteração de layout, como na melhor definição das áreas de acervo e área
destinada à leitura (que muitas vezes ocorre nas áreas de circulação,
dificultando a passagem dos usuários) ou na substituição do bebedouro por um
acessível.
No entanto, em diversos outros aspectos, constatou-se que os problemas
estavam relacionados ou pela falta de planejamento ainda na etapa projetual,
ou simplesmente pela má execução dos detalhes construtivos do projeto,
tornando a edificação muitas vezes sem possibilidade de ser utilizado com
segurança e autonomia por pessoa com deficiência e/ou mobilidade reduzida,
como na cabina sanitária destinada à PCD e na abertura da porta de vidro do
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acesso principal (e único) à biblioteca.
Por se tratar de uma instituição de ensino superior, a falta de (ou a difícil)
acessibilidade do edifício em estudo torna-se ainda mais grave, por causar
exclusão e distanciamento daqueles que já sofrem com dificuldades de
inserção na sociedade à educação, que é base da formação de qualquer ser
humano. Além desse corpo discente, a dificuldade na utilização da biblioteca
também é constatada pelos funcionários, pois seus postos de trabalho não são
acessíveis, impossibilitando o trabalho de um funcionário com alguma
deficiência.
Dessa forma, esse trabalho pretendeu despertar uma maior atenção dos atuais
e futuros profissionais envolvidos com esse tema, para que se façam cada vez
mais cumprir o que deve ser uma prática, ao se projetar ambientes escolares
que se tornem acessíveis, com segurança e autonomia para todos os usuários.
REFERÊNCIAS
ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9050 – Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. Rio de Janeiro, 2004.
CAMBIAGHI, S. Desenho Universal: Métodos e técnicas para arquitetos e urbanistas. São Paulo: SENAC, 2007.
COHEN, R.; DUARTE, C. R. Proposta de metodologia de avaliação da acessibilidade aos espaços de ensino fundamental. In: NUTAU, 6., 2006, São Paulo. Anais... São Paulo: FUPAM, 2006.
ELALI, G. A.; ARAÚJO, R. G. de; PINHEIRO, J. Q. Acessibilidade Psicológica: Eliminar barreiras “físicas” não é suficiente. In: ALMEIDA PRADO, A. R.; LOPES, M. E.; ORNSTEIN, S. W. (orgs.). Desenho Universal: Caminhos da acessibilidade no Brasil. São Paulo: Annablume, 2010, p.117-127.
MORAES, B. R. M. et al. Roteiro de vistoria: acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. CREA-RS, 2007. Disponível em: www.crea-rs.org.br/crea/pags/acessibilidade/roteiro_vistoria.pdf