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Comportamentos de Risco Entre Jovens
Equipe LENAD:
Ronaldo Laranjeira
Clarice Sandi Madruga
Ilana Pinsky
Sandro Mitsuhiro
www.inpad.org.br/lenad
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1. Por que esse estudo é relevante?
Esse estudo procura investigar o engajamento de adolescentes e jovens adultos em comportamentos
de risco, tais como o uso de psicotrópicos, serem sujeitos ou objetos de violência urbana, a falta de
cuidado nas relações sexuais, além de problemas com saúde física e mental. Tais comportamentos
muitas vezes são interligados e sinérgicos, e podem ter um impacto irreversível na formação da
personalidade e no desenvolvimento geral do indivíduo. O Brasil é um país jovem, com 20% da sua
população com idade entre 15 e 24 anos. O conhecimento aprofundado do perfil da população nesta
faixa etária e o dimensionamento do seu envolvimento em comportamentos de risco pode promover
abordagens mais específicas de intervenção e tratamento.
2. Sobre o LENAD (dados metodológicos gerais sobre a amostra como um todo)
O Segundo Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (LENAD) foi realizado pelo INPAD (Instituto
Nacional de Políticas Públicas do Álcool e Outras Drogas) da UNIFESP (Universidade Federal de São
Paulo); financiado pelo CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e pela
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e executado pela Ipsos Public
Affairs. Entrevistas em domicílio foram realizadas em 149 municípios de todo o território nacional,
com 4607 indivíduos de 14 anos de idade ou mais. A escolha dos entrevistados, bem como de sua
residência, setor e município foi aleatória (amostragem probabilística), o que garante que essa
amostra de indivíduos seja representativa de toda a população brasileira.
FIGURA 1: Distribuição do número de entrevistados (n=4607) pelo II LENAD
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Os entrevistados responderam sigilosamente a um questionário padronizado com mais de 800
perguntas que avaliaram o padrão de uso de álcool, tabaco e drogas ilícitas, bem como uma série de
fatores de risco para o uso de substâncias e comportamentos de risco, como violência urbana, saúde
física e psicológica, e comportamento sexual.
Para a atual análise, focamos na população de adolescentes e de jovens adultos com idade entre 14 e
25 anos do II LENAD, analisando os resultados de em um total de 1742 entrevistados. Com a
preocupação de obter dados que representassem nacionalmente a população de maior risco (14 a 17
anos), o processo de amostragem incluiu uma over-‐sample desta população.
DESENHO AMOSTRAL
FIGURA 2: Desenho amostral do estudo de comportamentos de risco entre jovens -‐ II LENAD
3. Perfil Sócio-‐demográfico
A maioria dos adolescentes com até 16 anos está na escola e o analfabetismo nessa faixa etária é
quase inexistente. Aproximadamente, um quarto dos jovens com até 18 anos já trabalha, entretanto,
18% dos jovens estudados não trabalham nem estudam (28% das mulheres). Quase 20% desta
população inativa recebe auxílio financeiro do governo, na sua maioria (85%) advinda do programa
bolsa família.
Trabalho
GRÁFICOS 1 e 2 :Prevalência de jovens (14 a 25 anos) que trabalham
www.inpad.org.br/lenad
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4. O Beber
O início do consumo do álcool na população jovem foi pouco abaixo dos 15 anos (ou seja, 3 anos
antes da idade permitida por lei para o consumo). Não há diferença entre os sexos nesse início do
consumo. Praticamente metade dos jovens consomem álcool, e esta taxa é de 26% entre os menores
de idade. Dos adolescentes e jovens que relataram beber, grande parte deles relata fazer uso nocivo
do álcool (em forma de binge -‐ consumo de 4 doses de álcool ou mais para mulheres ou 5 doses ou
mais para homens em um espaço curto de tempo), destes, mais de um terço (36%) bebe desta forma
semanalmente.
Consumo de Álcool – Beber em Binge entre Jovens
GRÁFICO 3: Prevalência do consumo de álcool do tipo binge (4/5 doses em 2hs) entre jovens bebedores
Dirigir alcoolizado é um dos comportamentos de risco mais perigosos e frequentes associados ao
consumo de álcool. Embora a lei tenha sido endurecida nos últimos anos, e nossos próprios dados
tenham mostrado uma diminuição neste comportamento1 como consequência dessas mudanças, a
frequência do beber e dirigir no Brasil ainda é bastante alta entre os jovens. Observou-‐se que quase
um terço (30%) dos rapazes que dirige declarou já ter dirigido alcoolizado pelo menos uma vez no
último ano. A prática parece ocorrer muito menos frequentemente entre as mulheres jovens (4%).
No entanto, quase um quarto das meninas já foi passageira de veículo em que o motorista estava
alcoolizado – ou seja, expuseram-‐se ao risco de forma também bastante importante.
1 http://inpad.org.br/lenad/alcool/resultados-‐preliminares/
www.inpad.org.br/lenad
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Beber e Dirigir entre Jovens
GRÁFICO 4: Prevalência de dirigir alcoolizado e de ser passageiro em veículo com motorista alcoolizado e gênero entre jovens (14 a 25 anos)
5. O Fumar
Os jovens relataram iniciar o consumo de tabaco aproximadamente na mesma idade em que
começaram a beber – por volta dos 15 anos. Por conta das várias políticas públicas na área, o
consumo de cigarro se reduz ano a ano nas últimas décadas. Todavia, ainda é preocupante que cerca
de 5% dos meninos menores de 18 anos e quase 18% dos homens jovens com idade entre 18 e 25
anos ainda fume.
Tabagismo entre Jovens
GRÁFICO 5: Prevalência do consumo de tabaco e gênero nas faixas etárias de 14 a 25 anos
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6. Uso de Drogas Ilícitas
A maconha é, de longe, a droga ilícita mais frequentemente utilizada no Brasil, com quase 5% da
população jovem tendo usado esta substância no último ano (em 2011, ano anterior à realização da
pesquisa). Este consumo é bem mais comum entre o sexo masculino, com 8.3% dos rapazes tendo
referido o seu uso, comparado a 1.4% entre as meninas. Comparado a outros países o consumo de
maconha no Brasil ainda é relativamente baixo.
Consumo de Maconha entre Jovens
GRÁFICO 6: Prevalência de consumo de maconha no último ano (2011) entre jovens (14 a 25 anos)
De acordo com nossos resultados já divulgados e publicados recentemente2, o Brasil está entre os
países com o maior consumo de cocaína no mundo, com 2.2% da população geral tendo usado
cocaína aspirada no último ano. Este consumo na faixa etária mais jovem é ainda maior, atingindo
4.8% de usuários do sexo masculino. Destaca-‐se o fato de que entre mulheres jovens, o consumo de
cocaína é mais comum que o de maconha, um fenômeno raramente observado em outros países.
2 Abdalla, R. R., Madruga, C. S., Ribeiro, M., Pinsky, I., Caetano, R., & Laranjeira, R. (2014). Prevalence of Cocaine Use in Brazil: Data from the II Brazilian National Alcohol and Drugs Survey (BNADS). Addictive Behaviors, 39, 297–301.
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Consumo de Cocaína entre Jovens
GRÁFICO 7: Prevalência de consumo de cocaína aspirada no último ano (2011) entre jovens (14 a 25 anos)
Além da maconha e da cocaína, o consumo de solventes inalantes, produtos geralmente de fácil
acesso como cola de sapateiro, cheirinho de loló, benzina, acetona, lança-‐perfume, aerossóis, etc,
não é raro entre os jovens brasileiros. Salienta-‐se o consumo de estimulantes (anfetaminas como o
speed, boleta, etc) em 1.7% desta população. Cabe salientar que ambas as substâncias (solventes e
estimulantes do tipo da anfetamina) estão entre as drogas que causam mais danos neurológicos em
um indivíduo ainda em desenvolvimento, como é o caso do jovem com idade até 25 anos.
Consumo de Outros Psicotrópicos entre Jovens
GRÁFICO 8: Prevalência de consumo na vida e no último ano de diferentes psicotrópicos
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7. Violência Urbana
A violência é um dos maiores problemas sociais enfrentados no Brasil atualmente, em especial a
violência urbana. Como medida de violência urbana o LENAD avaliou o envolvimento em brigas com
agressão física3 e assaltos. Constatou-‐se que 6% desta população de adolescentes e jovens já se
envolveu em brigas, sendo mais comum entre homens (7.6%), e uma prevalência similar já sofreu
pelo menos um assalto no último ano (2011). Análises de associação mostram que o uso de
substâncias ilícitas e o beber abusivo estão altamente associados com o envolvimento com violência
urbana, e esta associação independe de fatores sócio-‐demográficos como gênero, educação, renda e
estado civil, por exemplo.
Violência Urbana GRÁFICO 9: Prevalência de assaltos e envolvimento em brigas com agressão física entre jovens (14 a 25 anos) no último ano Estratégias individuais para prevenir a violência urbana são comumente utilizadas. Tendo em vista
este comportamento reativo de proteção, o LENAD também avaliou a frequência em que os jovens
evitavam lugares por questões de segurança. Tendo em vista que quase 6% da população jovem já foi
vítima de assalto pelo menos uma vez no último ano, é surpreendente que a grande maioria (83.6%)
tenha relatado que nunca evita lugares por esta razão, não havendo diferenças entre gênero neste
quesito.
3 Definido como uma briga na rua que levou o agressor ou outro envolvido a precisar de atenção médica.
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8. Comportamento Sexual de Risco
Questões de maturidade neurológica explicam a dificuldade no controle de impulsos e na tomada de
decisões ponderadas na adolescência. Apesar do aumento do acesso a informações e a estratégias
anticoncepcionais, ainda há um número importante de comportamentos de risco ligados à
sexualidade nessa faixa etária. Os jovens declaram um índice importante de sexo desprotegido,
particularmente as moças. Quase um terço dos rapazes e 38% das moças declararam não utilizar
camisinha quase nunca/nunca em suas relações sexuais.
Comportamento Sexual de Risco: Sexo Desprotegido
GRÁFICO 10: Prevalência da prática de sexo sem uso de proteção entre jovens (14 a 25 anos)
A gravidez na adolescência e o aborto são sérias questões sociais e de saúde pública que requerem
imediata atenção no Brasil. Quase um terço das jovens (32%) com idade entre 14 e 25 anos já
engravidaram ao menos uma vez, 16.5% entre menores de 20 anos. O índice de aborto (provocado
ou natural) nessa faixa etária é de 12.4%, ou seja, mais de uma em 10 meninas entre 14 e 20 anos já
interromperam uma gravidez.
Interrupção de Gravidez
GRÁFICO 11 e 12: Prevalências de mulheres jovens que tiveram a gravidez interrompida entre 14 a 20 anos e entre 20 e 25 anos
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9. Saúde Física
Associa-‐se a juventude com uma época com baixas taxas de problemas físicos. Essa é uma época, no
entanto, em que os pilares para a saúde futura vão sendo erguidos. Nosso levantamento encontrou
que cerca de 1 em cada 3 moças se considera acima do peso, uma percentagem mais expressiva do
que entre os rapazes. Embora as mulheres declarem ter uma dieta mais saudável que os homens
(apenas 15% delas versus um quarto deles não consumiam vegetais), os índices de ausência de
atividade física, que já não são altas entre eles, eram quase inexistentes entre elas. Apenas 14% das
moças declarou realizar atividades físicas mais intensas (como esportes competitivos, correr e/ou
frequentar academia).
Atividades Físicas entre Jovens
GRÁFICO 13: Prevalência de jovens (de 14 a 25 anos) que praticam atividades físicas
Dieta entre Jovens
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GRÁFICOS 14 e 15: Prevalência de jovens que se consideram acima do peso e prevalência de tipo de dieta
10. Saúde Mental
A OMS prevê que até o ano de 2020 a depressão unipolar passe a ser a segunda maior causa de
incapacidade e perda de qualidade de vida na população mundial. O LENAD avaliou sintomas
depressivos que indicam a existência deste transtorno através de uma escala epidemiológica validada
no país (CES-‐D). Estimamos que 21.2% da população de jovens possui indicadores de depressão. Esse
índice é maior entre as mulheres jovens (28,3%) do que entre os homens. Deve-‐se considerar, no
entanto, que esta diferença entre os gêneros é largamente debatida pois sabe-‐se que mulheres são
mais propensas a relatar seus sintomas e procurar ajuda.
Sintomas Depressivos entre Jovens
GRÁFICO 16: Prevalência de jovens (14 a 25 anos) que possuem indicadores para depressão
O suicídio é reconhecidamente um problema de saúde pública mundial -‐ a adolescência e juventude
são períodos vulneráveis para sua ocorrência. Na população de adolescentes e jovens adultos, pouco
menos de 1 em cada 10 adolescentes e jovens já pensaram, em algum momento, em tirar a própria
vida – índice que foi semelhante entre os jovens dos dois sexos; 5% dos jovens declararam já terem
feito alguma tentativa de suicídio ao longo da vida.
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Comportamento Suicida entre Jovens
GRÁFICO 17: Prevalência de pensamento e tentativa de suicídio entre jovens (14 a 25 anos)