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LUCIMAR RODRIGUES
Avaliao da reparao e indicadores de desnutrio de ratos submetidos fratura de
cndilo mandibular e com desnutrio protica
So Paulo2008
LUCIMAR RODRIGUES
Avaliao da reparao e indicadores de desnutrio de ratos submetidos fratura de
cndilo mandibular e com desnutrio protica
Tese de doutorado apresentada Faculdade de Odontologia da Universidade de So Paulo, para obter o ttulo de Doutor, pelo Programa de Ps-Graduao em CinciasOdontolgicas. rea de concentrao: Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Faciais
Orientador:Prof. Dr. Joo Gualberto de Cerqueira Luz
So Paulo2008
1
Catalogao-na-PublicaoServio de Documentao Odontolgica
Faculdade de Odontologia da Universidade de So Paulo
AUTORIZO A REPRODUO E DIVULGAO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRNICO, PARA FINS DE ESTU-DO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE E COMUNICADA AO AUTOR A REFERNCIA DA CITAO.
So Paulo, ____/____/____
Assinatura:E-mail:
Rodrigues, Lucimar Avaliao da reparao e indicadores de desnutrio de ratos submetidos fratura de cndilo mandibular e com desnutrio protica / Lucimar Rodrigues; orientador Joo Gualberto de Cerqueira Luz. -- So Paulo, 2008. 152 p. : fig., tab., graf., 30 cm.
Tese (Doutorado Programa de Ps-Graduao em Cincias Odontolgicas. rea de Concentrao: Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Faciais) -- Faculdade de Odon-tologia da Universidade de So Paulo.
1. Cndilo mandibular - Desnutrio Protico-enegtica - Reparao 2. Fraturas Mandibulares - Reparo sseo
CDD 617.605 BLACK D722
2
FOLHA DE APROVAO
Rodrigues L. Avaliao da reparao e indicadores de desnutrio de ratos submetidos fratura de cndilo mandibular e com desnutrio protica [Tese de Doutorado]. So Paulo: Faculdade de Odontologia da USP; 2008.
So Paulo, ____/___/____
Banca Examinadora
1) Prof(a). Dr(a)._______________________________________________________
Titulao:__________________________________________________________
Julgamento:____________________Assinatura:
2) Prof(a). Dr(a)._______________________________________________________
Titulao:__________________________________________________________
Julgamento:____________________Assinatura:
3) Prof(a). Dr(a)._______________________________________________________
Titulao:__________________________________________________________
Julgamento:____________________Assinatura:
4 ) Prof(a). Dr(a)._______________________________________________________
Titulao:__________________________________________________________
Julgamento:____________________Assinatura:
5) Prof(a). Dr(a)._______________________________________________________
Titulao:__________________________________________________________
Julgamento:____________________Assinatura:
3
Esta ousadia tem suas razes no passado,
sem as quais no teria nenhum contedo, nenhuma substncia.
Tal ousadia, portanto, no consistiu em abolir o passado, mas conferir-lhe uma nova
significao, uma nova atualidade.
To pouco ignorar o futuro, por medo s mudanas, aos riscos e ao desconhecido.
E uma escolha que no nos fecha dentro do nosso destino, pelo contrrio,
obriga-nos a tentar o impossvel para criar a felicidade em parceria com outros,
porque uma esperana no se vive sozinho.
E que a felicidade est intimamente ligada esperana. Essa maneira de vivermos
o nosso projeto existencial tem a propriedade de nos proporcionar uma qualidade
nica a cada instante vivido.
muita responsabilidade?
Sim, mas quando a esperana alimenta os dias e ilumina a paisagem, a felicidade
uma responsabilidade alegre.
Aos meus queridos pais
Aristides (em memria) e Silvina Jlia (em memria)
Vocs me alimentaram de ousadia e esperana!
DEDICATRIA
4
, , ( ), , o o (o sto)o .
o o o , o . o oo o .
o o, o . o o , , o o, o o o o , , o , o o o o, o .
o o o , o o , o o
5
A VERDADE
(i) A escolha
Fr. 2, Proclo in Tim. I,345, 18; Simplicio in Phys. 116,28 (versos 3-8)
Anda da e eu te direi (e tu trata de levares as minhas palavras contigo, depois de as
teres escutado) os nicos caminhos da investigao em que importa pensar. Um, [aquilo] que
e que [lhe] impossvel no ser, a via da Persuaso (por ser companheira da Verdade); o outro,
[aquilo] que no e que foroso se torna que no exista, esse te declaro eu que uma vereda total-
mente indiscernvel, pois no poders conhecer o que no tal no possvel nem exprimi-lo
por palavras.
PARMNIDES DE ELEIA
Fr. 1, 28-32, Simplicio de caelo 557,25 (extrados de 288)
Convm que tudo aprendas, seja o nimo inabalvel da rotunda verdade, sejam as
opinies dos mortais, em que no h verdadeira confiana. Mas mesmo assim, aprenders isto
tambm, como aquilo em que se acredita deve s-lo sem qualquer dvida, fazendo passar todas
as coisas atravs de tudo.
PARMNIDES DE ELEIA
AGRADECIMENTO ESPECIAL
6
(ii) O erro dos mortais
Fr. 6, Simplcio in Phys. 86, 27-8; 117, 4-13
Foroso que o que se pode dizer e pensar seja; pois lhe dado ser, e no ao que nada
. Isto te ordeno que ponderes, pois este o primeiro caminho de investigao, do qual eu te
afasto, logo, pois, daquele em que vagueiam os mortais que nada sabem, gente dicfala; que a
incapacidade lhes dirige no peito o pensamento errante, e so levados simultaneamente surdos e
cegos , aturdidos, em hordas sem discernimento, que julgam que ser e no ser so e no so a
mesma coisa; e que o caminho que todos eles seguem reversvel.
PARMNIDES DE ELEIA
(iii) Indcios de verdade
Fr. 8, 1-4, Simplcio in Phys. 78, 5; 145, 1
De um s caminho nos resta falar: o do que . Neste caminho h indcios em grande
nmero de que o que ingnito e imperecvel existe, por ser completo, de uma s espcie, inaba-
lvel e perfeito.
PARMNIDES DE ELEIA
7
AO PROFESSOR DR. JOO GUALBERTO DE CERQUEIRA LUZ
A escolha (a da Verdade) s foi possvel por ter sido conduzida nas veredas, por
vezes, totalmente indiscernveis.
E na busca do caminho , levou-me, assim, a uma concluso to surpreendente como
o resultado de se ter em considerao o no . E atravs de tudo, sem dvida, o que
acredito .
E neste caminho, Professor, discernir o , uma existncia num eterno presente, no
sujeito a distines temporais sejam elas de que espcie forem.
Se tudo aquilo que est ao nosso dispor para ser pensado deve existir, e tendo ns que evitar o
caminho no , a nossa nica esperana como investigadores reside em seguirmos o caminho
. E eu continuarei seguindo de acordo com sua orientao.
Obrigada.
8
As minhas queridas irms, Sonia e Rosemary,
aos queridos irmos Sineval e Itamar,
e demais familiares
que estiveram ao meu lado em todos os momentos...incondicionalmente!
Ao Dr. Mrio L.S.C de Siqueira, pela colaborao no trabalho dirio e pelo privilgio
de trabalhar ao seu lado.
Dra. Daniela B. Pacheco pela sua amizade e contribuio para a finalizao deste
trabalho.
s amigas Neuza, Angela e Jussara, meus agradecimentos pelo apoio e ajuda nas
tarefas dirias.
A Prof. Dra. Luciana Correia, grande colaboradora e amiga, que possibilitou a re-
alizao da parte laboratorial deste trabalho.
Ao Prof. Dr. Antonio Carlos de Campos, pelo incentivo e apoio constante ao meu tra-
balho.
Ao Dr. Antonio Salazar Fonseca, pela colaborao e incentivo ao meu
desenvolvimento profissional.
Ao Dr. Rogrio Bonfante Moraes pela colaborao no laboratrio experimental.
Juliana M. B. Ghirello pela realizao do projeto grfico e formatao deste trabalho
AGRADECIMENTOS
9
Ao Secretrio dison Henrique Vicente, que sempre disponvel, cuidou da burocra-
cia.
Dra. Rita Barradas Barata pela excelente recepo e auxlio no fornecimento de in-
formaes para a elaborao desta pesquisa.
Dra. Clarissa Magalhes pela disponibilidade de informaes e de material didtico
(Ncleo de Estudos e Pesquisas em Alimentao NEPA - UNICAMP).
Fundao de Amparo a Pesquisa do Estado de So Paulo FAPESP pelo auxlio
pesquisa (Processo n 2005 / 01891-0).
10
Rodrigues L. Avaliao da reparao e indicadores de desnutrio de ratos submeti-dos fratura de cndilo mandibular e com desnutrio protica [Tese de Doutorado]. So Paulo: Faculdade de Odontologia da USP; 2008.
RESUMO
Este trabalho avaliou a reparao e indicadores de desnutrio de ratos submetidos
fratura unilateral de cndilo mandibular e com desnutrio protica (8% de pro-
tena com suplemento de vitaminas e minerais). Foram utilizados 45 Rattus norvegicus
Wistar, adultos machos, distribudos em 3 grupos de 15 animais: grupo fraturado,
submetido fratura de cndilo, sem alterao de dieta (23% de protenas); grupo fra-
turado desnutrido, submetido dieta hipoprotica por 30 dias e posterior fratura con-
dilar; grupo desnutrido, com dieta hipoprotica prvia por 30 dias e mantida at o final
do experimento, sem fratura de cndilo. Foi documentada a quantidade de ingesto
de rao e gua, feita a avaliao do peso e obtido o coeficiente de eficcia alimentar
(CEA). Os animais foram sacrificados nos perodos de 24 horas e 7, 15, 30 e 90 dias
ps-operatrio. Foram realizados os seguintes testes bioqumicos do sangue: protenas
totais, albumina srica, clcio srico, fosfatase alcalina, ferro srico e creatinina srica;
e o leucograma. A seguir, foram feitas mensuraes cefalomticas por radiografias
da maxila e da mandbula. O estudo histolgico compreendeu a avaliao do local da
fratura e da articulao temporomandibular. Os valores numricos foram submetidos
a anlises estatsticas. O consumo de rao e gua foi maior no grupo fraturado des-
nutrido, na maioria dos perodos. Os valores do CEA foram baixos principalmente
nos perodos iniciais, sendo mais significativos para o grupo fraturado desnutrido.
Houve pouco ganho de peso nos perodos iniciais, exceto no grupo fraturado desnu-
trido que apresentou perdas significativas, havendo recuperao de peso nos demais
perodos, significativamente menor neste grupo. Os testes de bioqumica do sangue
11
mostraram queda, principalmente nos perodos iniciais, para os valores de protenas
totais e albumina, bem como para clcio srico em todos os perodos, significante para
o grupo fraturado desnutrido. O leucograma mostrou aumento, principalmente nos
perodos iniciais, de leuccitos, linfcitos e neutrfilos, mais significativo no grupo
fraturado desnutrido. Houve desvio da linha mdia mandibular em relao linha
mdia maxilar, significante para o grupo fraturado desnutrido, bem como assimetria
de maxila e mandbula, em especial no perodo final do experimento. A anlise his-
tolgica mostrou que a desnutrio protica levou atrofia da fibrocartilagem do cn-
dilo. A fratura sob desnutrio comprometeu a formao do calo sseo, bem como
houve anquilose fibrosa. Foi concludo que a fratura de cndilo mandibular em ratos
com desnutrio protica promoveu alteraes negativas nos valores de protenas to-
tais, albumina e clcio srico, leucocitose, bem como comprometeu a formao do calo
sseo e induziu atrofia da fibrocartilagem e anquilose fibrosa.
Palavras-Chave: Cndilo mandibular - Desnutrio Protico-enegtica - Reparao. Fraturas Mandibulares - Reparo sseo
12
Rodrigues L. Evaluation of healing and undernutrition indicatives of rats submitted to mandibular condyle fracture and with protein undernutrition [Tese de Doutorado]. So Paulo: Faculdade de Odontologia da USP; 2008.
ABSTRACT
This study evaluated the healing and undernutrition indicatives of rats submitted to
mandibular condyle fracture and with protein undernutrition (8% of protein with vi-
tamin and minerals supplement). Forty-five adult male Wistar Rattus norvegicus were
used and distributed in 3 groups of 15 animals: fracture group, submitted to condylar
fracture with no changes in diet (23% of proteins); undernutrition fracture group, sub-
mitted to hypoproteic diet by 30 days and later to condylar fracture; undernutrition
group, with previous hypoproteic diet by 30 days, kept until the end of experiment,
without condylar fracture. The amounts of feed and water intake were registered,
as well as body weight and food efficiency ratio (FER) were obtained. Animals were
sacrificed at 24 hours and 7, 15, 30 and 90 days postoperatively. The following blood
biochemical tests were made: total serum proteins, serum albumin, serum calcium,
alkaline phosphatase, serum iron, and serum creatinine; and also white blood count.
Subsequently, cephalometric mensurations by radiograms of the maxilla and mandible
were made. Histological study comprised fracture site and temporomandibular joint
evaluations. Numerical values were submitted to statistical analyses. Feed and water
intake were higher in undernutrition fracture group, in most of periods. Values of FER
were low, in special in the initial periods, being more significative to undernutrition
fracture group. There was low gain of weight in the initial periods, but undernutrition
fracture group which presented significative loss of weight, with recovering of weight
in the remaining periods, significatively lower in this group. Blood biochemical tests
showed decrease, mainly in the initial periods, of the values of total serum proteins
13
and serum albumin, as well as serum calcium in all the periods, significative to under-
nutrition fracture group. White blood count showed increase, in special in the initial
periods, of leukocytes, lymphocytes and neutrophils, more significative in undernutri-
tion fracture group. There was deviation of the median line of the mandible relative to
the median line of the maxilla, significative to undernutrition fracture group, as well
as asymmetry of the maxilla and mandible, in special in the final period of experiment.
Histological analysis showed that proteic undernutrition lead to atrophy of condylar
fibrocartilage. Fracture in undernutrition impaired callus formation, as well as there
was fibrous ankylosis. It was concluded that mandibular condyle fracture in rats with
proteic undernutrition promoted negative alterations in values of total proteins, al-
bumin and serum calcium, leukocytosis, as well as impaired callus formation, and
induced atrophy of condylar fibrocartilage and fibrous ankylosis.
Keywords: Mandibular condyle - Protein energetic undernutrition - Repair. Mandibu-lar Fractures - Bone repair
14
Figura 4.1
Figura 4.2
Figura 4.3
Figura 5.1
Figura 5.2
Figura 5.3
LISTA DE FIGURAS
Determinao do ngulo na incidncia axial do crnio. BT = bula timpni-
ca (direita e esquerda) ponto mdio; PI = ponto incisal entre os incisivos supe-
riores e PI = ponto incisal entre os incisivos inferiores ................................. 63
Mensuraes da maxila na incidncia axial do crnio. PI = ponto incisal; FI
= forame infra-orbitrio; BT = bula timpnica.............................................. 63
Mensuraes da mandbula na incidncia axial do crnio. PI = ponto in-
cisal; PA = processo angular; II = insero do incisivo............................... 64
Grupo Fraturado. A= 24 horas - Presena de exsudato serofibrinoso e fi-
brinohemorrgico no espao articular (*) (40x). B = 24 horas Detalhe do lo-
cal da fratura, exibindo cotos viveis (40x). C= 24 horas Exsudato neutrof-
lico junto cpsula articular (setas) (100x). D = 7 dias reas de hiperplasia
da membrana sinovial nos espaos articulares supra e infradiscal (40x). E=
7 dias rea de intensa neoformao ssea (*), bem como sinais de reabsor-
o junto ao coto sseo (setas) (40x)............................................................... 103
Grupo Fraturado. A = 15 dias rea de neoformao ssea a partir da corti-
cal do coto sseo (setas) (40x). B = 30 dias rea focal de cartilagem no interior
do calo sseo observada (*) (40x). C e D= 90 dias Cndilo centralizado na
fossa mandibular, com disco articular interposto. C (40x) e D (100x)........ 104
Grupo Fraturado Desnutrido. A = 24 horas. Exsudato fibrinohemor-
rgico nos espaos articulares supra e infradiscal (40x). B = 24 horas.
15
Figura 5.4
Figura 5.5
Figura 5.6
Grupo Desnutrido Processo condilar centrado na fossa mandibular, inter-
posto pelo disco articular. A cartilagem articular do cndilo apresenta cama-
das normais, bem como osso subcondral lamelar e espaos medulares. A = 24
horas (40x), B = 24 horas (100x), C = 7 dias (40x), D = 7dias (100x)............ 107
Grupo Desnutrido Cartilagem articular do cndilo recoberta pela super-
fcie articular, seguida da zona proliferativa e fibrocartilagem, osso subcon-
dral lamelar e espaos medulares. Notam-se sinais de atrofia da fibrocarti-
lagem, com menor nmero de condrcitos. A = 15 dias (40x), B = 15 dias
(100x), C = 30 dias (40x), D = 30 dias (100x), E = 90 dias (40x), F = 90 dias
(100x) .................................................................................................................. 108
Grupo Fraturado Desnutrido. A = 15 dias rea de intensa neoformao
ssea (*) associada a reas de reabsoro (40x). B = 30 dias Detalhe da rea
dos cotos notando-se tecido conjuntivo entre os mesmos (*) (40x). C = 30 dias
rea de neoformao ssea a partir da cortical do coto sseo (100x). D
= 90 dias Nota- se cndilo atrfico, com extensa rea de tecido conjuntivo
no espao articular (*) (40x). E = 90 dias Superfcie articular atrfica, com
reas de reabsoro ssea (setas) em continuidade com tecido conjuntivo
que preenche o espao articular (*) (100x).................................................... 106
Exsudato neutroflico junto cpsula e musculatura associada (100x).
C = sete dias. rea de osso neoformado a partir da cortical externa do
coto sseo (setas) (40x). D = sete dias. Detalhe de coto desvitalizado, com si-
nais de reabsoro (100x)................................................................................. 105
16
LISTA DE GRFICOS
Grfico 1 -
Grfico 5.1 -
Grfico 5.2 -
Grfico 5.3 -
Grfico 5.4 -
Grfico 5.5 -
Grfico 5.6 -
Valores da mdia do consumo de rao (em g) dos animais por grupo de
acordo com o perodo de sacrifcio................................................................ 68
Valores da mdia do consumo de gua (ml) por grupo de acordo com o
perodo experimental....................................................................................... 69
Valores da mdia do Coeficiente de Eficcia Alimentar para os grupos se-
gundo os perodos experimentais.................................................................. 71
Mdia de peso (em g) dos animais do grupo fraturado, submetidos fratura
condilar no momento da fratura e no sacrifcio, segundo os perodos experi-
mentais. ........................................................................................................................ 73
Mdia de peso (em g) dos animais do grupo fraturado desnutrido, sub-
metidos desnutrio e a fratura condilar no incio do estudo e no sacrif-
cio, segundo os perodos experimentais....................................................... 74
Mdia de peso (em g) dos animais do grupo desnutrido, submetidos desnu-
trio sem fratura condilar no incio do estudo e no sacrifcio, segundo os pero-
dos experimentais............................................................................................. 74
Mdia da taxa de ganho ou perda de peso segundo os perodos experimen-
tais...................................................................................................................... 149
17
Grfico 5.7 -
Grfico 5.8 -
Grfico 5.9 -
Grfico 5.10 -
Grfico 5.11 - Valores da mdia de ferro srico (ug/dL) dos animais por grupo em cada
x perodo experimental........................................................................................ 82
Grfico 5.12 - Valores da mdia de creatinina (mg/dL) dos animais por grupo em
cada perodo experimental.............................................................................. 83
Grfico 5.13 -
Grfico 5.14 -
Grfico 5.15 -
Mdia da contagem global de leuccitos (103/mm3) dos animais nos diferentes
grupos de acordo com os perodos experimentais....................................... 84
Valores da porcentagem individual de linfcitos, moncitos e neutrfilos
do grupo fraturado segundo os perodos experimentais............................. 85
Valores da porcentagem individual de linfcitos, moncitos e neutrfilos
do grupo fraturado desnutrido segundo os perodos experimentais........ 86
Valores da mdia de clcio srico (mg/dL) dos animais por grupo em cada
perodo experimental....................................................................................... 80
Valores da mdia de fosfatase alcalina (U/L) dos animais por grupo em
cada perodo experimental............................................................................... 81
Valores da mdia de protenas totais (g/dL) dos animais por grupo em cada
perodo experimental........................................................................................ 78
Valores da mdia de albumina (g/dL) dos animais por grupo em cada
perodo experimental....................................................................................... 79
18
Grfico 5.16 -
Grfico 5.17 -
Grfico 5.18 -
Grfico 5.19 - Valores da porcentagem individual de bastonetes, basfilos e eosinfilos
do grupo desnutrido segundo os perodos experimentais......................... 90
Valores da porcentagem individual de bastonetes, basfilos e eosinfilos do
grupo fraturado desnutrido segundo os perodos experimentais................89
Valores da porcentagem individual de linfcitos, moncitos e neutrfilos
do grupo desnutrido segundo os perodos experimentais......................... 86
Valores da porcentagem individual de bastonetes, basfilos e eosinfilos
do grupo fraturado segundo os perodos experimentais............................ 89
19
LISTA DE QUADROS
Quadro 1.
Quadro 2.
Quadro 3.
Total de semanas utilizadas como base para o clculo do consumo de
rao e do CEA.................................................................................................. 148
Valores da mdia de contagem global de leuccitos (103/mm3) por grupos e
por perodo........................................................................................................ 152
Valores da mdia (%) da contagem individual de leuccitos por grupos e
por perodo........................................................................................................ 152
20
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Composio das dietas normo e hipoprotica .............................................. 144
Tabela 2. Composio da mistura de vitaminas............................................................. 145
Tabela 3. Composio da mistura de minerais............................................................... 146
Tabela 4. Vitaminas utilizadas para a confeco da rao hipoprotica.................... 147
Tabela 5.
Tabela 5.1.
Tabela 5.2.
Tabela 5.3.
Tabela 5.4.
Valores dos testes bioqumicos efetuados para os animais do grupo controle
negativo (sem fratura e sem desnutrio) e valores de referncia de Mitruka
e Rawnsley (1977)............................................................................................ 150
Valores da mdia do consumo de rao (em g) dos animais por grupo de
acordo com o perodo de sacrifcio.................................................................. 67
Valores da mdia do consumo de gua (em ml) dos animais por grupo de
acordo com o perodo experimental............................................................... 69
Mdia ( desvio-padro) do coeficiente de eficcia alimentar para os grupo
fraturado (F) e desnutrido (D) e fraturado desnutrido (FD)....................... 71
Valores da mdia dos testes bioqumicos de sangue dos animais por grupo
em cada perodo experimental. .................................................................... 77
21
Tabela 5.5.
Tabela 5.6.
Tabela 5.7.
Mensuraes da maxila obtidas na incidncia axial do crnio, de acordo
com o perodo de sacrifcio, grupo e lado. Valores em milmetros............ 93
Mensuraes da mandbula obtidas na incidncia axial do crnio, de acordo
com o perodo de sacrifcio, grupo e lado. Valores em milmetros............ 96
Tabela 6. Dados normais de leucograma de ratos machos adultos........................... 151
Tabela 7. Valores da mdia do peso (g) dos animais nos diferentes grupos e perodos
experimentais.................................................................................................... 149
Mensuraes do ngulo A obtidas na incidncia axial do crnio, de
acordo com o grupo e perodo de sacrifcio. Valores em graus.................. 91
22
1 INTRODUO................................................................................................................. 24
2 REVISO DA LITERATURA......................................................................................... 26
2.1 Ocorrncia de fraturas de cndilo mandibular e seus efeitos...................... 26
2.2 Modelos experimentais........................................................................................ 29
2.3 Condies sistmicas aps fratura..................................................................... 38
2.4 Efeitos da desnutrio.......................................................................................... 42
2.5 Indicadores da desnutrio................................................................................. 51
3 PROPOSIO................................................................................................................... 56
4 MATERIAIS E MTODO............................................................................................... 57
4.1 Animais................................................................................................................... 57
4.2 Exames laboratoriais............................................................................................ 60
4.3 Mensuraes cefalomtricas por radiografias................................................. 62
4.4 Estudo histolgico das ATMs............................................................................ 64
4.5 Anlise estatstica................................................................................................. 65
5 RESULTADOS................................................................................................................... 67
5.1 Avaliao do consumo de rao, gua e coeficiente de eficcia alimentar..67
5.1.1 Avaliao do consumo de rao............................................................. 67
5.1.2 Avaliao do consumo de gua.............................................................. 69
5.1.3 Avaliao do Coeficiente de Eficcia Alimentar- CEA...................... 70
5.2 Avaliao do peso dos animais......................................................................... 73
5.3 Testes bioqumicos de sangue............................................................................ 75
5.4 Testes hematolgicos........................................................................................... 83
SUMRIO
23
5.4.1 Leucograma................................................................................................ 83
5.5 Mensuraes cefalomtricas por radiografias................................................. 91
5.6 Estudo histolgico das ATMs............................................................................. 98
5.6.1 Grupo fraturado....................................................................................... 98
5.6.1.1 Periodo de 24 horas.......................................................................... 98
5.6.1.2 Periodo de 7 dias............................................................................... 99
5.6.1.3 Periodo de 15 dias............................................................................. 99
5.6.1.4 Periodo de 30 dias............................................................................. 99
5.6.1.5 Periodo de 90 dias........................................................................... 100
5.6.2 Grupo Fraturado desnutrido................................................................ 100
5.6.2.1 Periodo de 24 horas........................................................................ 100
5.6.2.2 Periodo de 7 dias............................................................................. 100
5.6.2.3 Periodo de 15 dias........................................................................... 101
5.6.2.4 Periodo de 30 dias........................................................................... 101
5.6.2.5 Periodo de 90 dias........................................................................... 102
5.6.3 Grupo desnutrido................................................................................... 102
5.6.3.1 Periodo de 24 horas e 7 dias ......................................................... 102
5.6.3.2 Periodo de 15, 30 e 90 dias............................................................. 102
6 DISCUSSO.................................................................................................................... 109
7 CONCLUSO.................................................................................................................. 134
REFERNCIAS................................................................................................................... 135
ANEXOS.............................................................................................................................. 143
24
1 INTRODUO
Dentre as fraturas do complexo maxilomandibular, a fratura do cndilo man-
dibular uma das mais freqentes. Estas podem estar relacionadas a leses da articu-
lao temporomandibular (ATM) e dos msculos mastigatrios. Contudo, a grande
capacidade de reparao da ATM tem sido demonstrada em modelos experimentais
em ratos, diante de traumatismos. Essa capacidade adaptativa pode estar condicio-
nada a alteraes ambientais, principalmente dos componentes da dieta e, ao mesmo
tempo, processos patolgicos em seus tecidos podem tambm determinar alteraes
endgenas sistmicas significativas, uma vez que envolve uma das articulaes mais
requisitadas no organismo. Porm, em modelos experimentais dessa fratura em ra-
tos tem sido observada uma perda substancial de peso corpreo nos animais. Essa
perda de peso tem sido atribuda dificuldade de mastigao. A possibilidade de que
a perda de peso possa referir-se a um estado de desnutrio e que esse estado pode
interferir no processo de reparo sseo, retardando o mesmo, deve ser considerada e
pesquisada.
A desnutrio, segundo a Organizao Mundial de Sade, um quadro de
carncia protico-calrica que abrange formas graves de doenas, como o marasmo
(suprimento calrico insuficiente) e o Kwashiorkor (privao protica grave), alm de
fases e formas moderadas (WHO, 1962). Estima-se que a desnutrio acometa cerca de
metade a dois teros da populao mundial (YUNES, 1976). Tem sido descrito que para
cada uma das crianas mortas por desnutrio energtico-protica, outras seis sobre-
vivem imersas na fome e na doena (UNICEF, 1994). A desnutrio protico-calrica
acomete desde crianas provenientes de comunidades carentes, at pacientes idosos,
potencializando processos infecciosos e aumentando o nmero de bitos (CHANDRA,
1999).
A consolidao de fraturas uma resposta especializada na qual a regenerao
25
do tecido sseo devolve a integridade ao esqueleto. Embora a maioria das fraturas
consolide sem maiores dificuldades, h certas condies sob as quais a diminuio do
tempo do processo de consolidao, bem como a melhoria de sua qualidade seriam de
grande benefcio para assegurar a rpida restaurao da funo, melhoria do bem es-
tar fsico e mental dos pacientes. Alm disso, deve-se considerar o estado nutricional
como fator influente na consolidao de fraturas, pois dele depende a reparao ssea
e tecidual. A desnutrio protica, presente em nosso meio, pode interferir negativa-
mente na consolidao de fraturas (GUARNIERO et al., 1992).
Assim sendo, torna-se importante estudar-se experimentalmente o processo de
reparo, paralelamente a indicadores de desnutrio, de fratura de cndilo mandibular
em condies de desnutrio protica.
26
2.1 Ocorrncia de fraturas de cndilo mandibular e seus efeitos
Koski (1968) revendo o papel dos centros de crescimento crnio-faciais, afir-
mou que, com base em conhecimentos atuais, a maioria deles no pode ser qualificada
como tal. A princpio, tem sido descrito que a cartilagem do cndilo mandibular
responsvel pelo crescimento ntero-posterior da mandbula, constituindo um impor-
tante centro de crescimento, bem como altamente responsiva a estmulos mecnicos.
Contudo, afirmou que a cartilagem condilar no o centro de crescimento mandibu-
lar mais importante, tendo sido demonstrado em trabalhos experimentais por meio
da realizao de condilectomias. O crescimento da mandbula ocorre por aposio
periostal e endostal, bem como por reabsoro e remodelamento, sendo constitudo
por partes relativamente independentes, dependentes de diferentes fatores. Portan-
to, diante da ausncia do cndilo mandibular, apesar de ocorrerem deformaes na
mandbula, especialmente na poro posterior do ramo, a ao muscular ou outro tipo
de fora ser responsvel pela compensao do crescimento.
Larsen e Nielsen (1976) em sua casustica de fraturas mandibulares verificaram
que o sitio mais freqente foi regio do processo condilar.
Enlow et al. (1977) destacaram o papel da intercuspidao oclusal no controle da
morfognese crnio facial. Assim, quando uma trao extra-oral aplicada somente
maxila, deslocando-a no sentido posterior, um deslocamento semelhante ocorre
na mandbula. O mesmo fenmeno visto quando a fora aplicada mandbula,
sendo a maxila afastada junto, provavelmente atravs da intercuspidao. Da mesma
maneira quando o cndilo no consegue desarticular como ocorre na anquilose fibrosa,
todo o crescimento facial se torna distorcido, provavelmente pelo mesmo fenmeno.
2 REVISO DA LITERATURA
27
Lindahl (1977) relatou as caractersticas das fraturas do cndilo mandibular
por meio de sua casustica. Descreveu que ocorre angulao medial do fragmento,
havendo tendncia a cavalgamento no trao de fratura em indivduos adultos.
Proffit, Vig e Turvey (1980) relataram com base em sua experincia clnica, que
antecedentes de fratura de cndilo podem estar relacionadas em 5 a 10% dos casos de
hipodesenvolvimento mandibular e assimetrias. Isto ocorreria devido muitas vezes
ausncia de sinais imediatamente aps o trauma e por falta de diagnstico na fase de
crescimento. Afirmaram que as fraturas de cndilo devem ser mais freqentes que se
acredita.
Pinkert (1982) analisou histologicamente em cadver o comportamento do dis-
co articular em fraturas de cndilo com desvio. Verificou que o disco se desloca junto
com o cndilo mantendo-se associado a este.
Winstanley (1984) afirmou que nas fraturas de cndilo o fragmento desloca-se
no sentido medial devido movimentao do ramo ascendente.
Lindqvist et al. (1986) relataram sua casustica de fraturas de face decorrentes
de acidentes de bicicleta, onde as fraturas condilares representam 67% das fraturas
mandibulares. As fraturas unilaterais foram as mais freqentes. Afirmaram que se
as fraturas condilares geralmente resultam de trauma indireto, a queda com trauma
na regio mentoniana a causa mais provvel e que as vtimas mais freqentes so as
crianas, isto pode representar a ocorrncia potencial de distrbios de crescimento.
Amaratunga (1987) relatou sua casustica de fratura de cndilo. Verificou que
estas representaram 40,0 % das fraturas mandibulares e 71,7% ocorreram de modo
isolado. Fraturas unilaterais foram mais freqentes.
Belli et al. (1987) relataram dados de sua casustica de fraturas condilares. Estas
foram mais freqentes na faixa etria de 15 a 20 anos e a maioria ocorreu de forma
isolada e unilateral.
Cormack (1987) descreveu os eventos que se sucedem a uma fratura. Inicial-
mente ocorre sangramento, com formao de colgeno. Com a interrupo dos siste-
mas haversianos ocorre necrose junto aos cotos. A reparao se inicia pela prolifera-
28
o, a partir do peristeo, de tecido cartilaginoso e sseo junto ao trao de fratura. A
seguir, estes tecidos se fundem, unindo os fragmentos. A cartilagem substituda por
tecido sseo e o osso necrtico reabsorvido. Finalmente, o osso esponjoso perifrico
transformado em compacto.
Goss; Bosanquet (1990) relataram os aspectos da ATM aps trauma agudo, por
meio de artroscopia, em pacientes com fratura de mandbula. Verificaram uma grande
freqncia de leses, em especial hemartrose com lacerao no disco articular e das
superfcies articulares. As leses mais intensas ocorreram quando no havia fratura
de cndilo.
Ayoub e Mostafa (1992) avaliaram seis pacientes com anormalidades condi-
lares. Verificaram que a mandbula apresentava rotao posterior e comprimento
deficiente em corpo e ramo ascendente. Em relao fratura de cndilo afirmaram
que a posio condilar alterada afeta o padro de crescimento mandibular, ocor-
rendo assimetria.
Silvennoinen et al. (1992) descreveram conforme sua casustica que as fraturas
de cndilo representaram 52,4% das fraturas mandibulares. Na localizao das fra-
turas de cndilo, 71,5% foram unilaterais, e destas, 19% com deslocamento e 8% sem
deslocamento.
O sucesso no tratamento de fraturas do processo condilar depende de um
carter biolgico e capacidade adaptativa do sistema mastigatrio. Isto ir diferir em
cada paciente e alteraes sistmicas podero conduzir a um resultado desfavorvel.
Ento, prever o prognstico e realizar o tratamento adequado, resultar em benefcios
para o paciente. A fratura condilar bilateral requer adaptaes mais extensivas no
sistema mastigatrio, mas apresentam resultados mais favorveis comparado com a
fratura condilar unilateral. Aps o tratamento da fratura , adaptaes da muscula-
tura, esqueleto e dentio iro ocorrer, e podem apresentar alteraes visveis como
uma diminuio do plano mandibular. O tratamento cirrgico de fraturas de cndilo
pode favorecer o resultado funcional. Entretanto, os riscos no so s cirrgicos, mas
biolgicos, assim como o rompimento do suprimento sanguneo para o cndilo pode
29
conduzir a uma reabsoro/remodelamento (ELLIS; THROCKMORTON, 2005).
Manganello-Souza e Luz (2006) afirmaram que h uma grande freqncia de
fraturas condilares em relao s outras regies da mandbula. A forma mais comum
o deslocamento do fragmento proximal (cndilo) no sentido medial, por ao do
msculo pterigoideo lateral.
Andersson, Hallmer e Eriksson (2007) registraram todas as fraturas mandibu-
lares no perodo de 1972 a 1976 na cidade de Mlmo, Sucia. No ano de 2005 inves-
tigaram todos os pacientes tratados sem cirurgia de fratura de cndilo mandibular
unilateral sem deslocamento e com pequeno deslocamento. Neste perodo, do total de
49 casos, 23 foram avaliados seguidamente. O acompanhamento feito verificou a ocor-
rncia de sintomas como dor, cefalia, funo mastigatria e a ocorrncia de rudos ar-
ticulares. O resultado mostrou que 87% dos pacientes no apresentaram dor; 83% sem
problemas de funo mastigatria e 91% no tiveram problemas com as atividades
dirias. Apresentaram sintomas em pescoo e ombro (39%) e dor nas costas (30%).
Aps 31 anos, o tratamento no cirrgico de fraturas condilares unilateral parece ser
favorvel em relao funo, ocorrncia de dor e dificuldade nas atividades dirias.
2.2 Modelos experimentais
Das, Meyer e Sicher (1965) realizaram estudo radiogrfico da mandbula de
ratos jovens para analisar os efeitos da condilectomia bilateral. Utilizaram a incidncia
lateral das hemi-mandbulas para as mensuraes. Verificaram que houve alterao
no crescimento com aposio ssea excessiva em reas de insero muscular, especial-
mente no ngulo mandibular devido hipertrofia muscular. Consideraram um cresci-
mento adaptado da mandbula com tamanho normal mas com formas alteradas.
Gianelly e Moorrees (1965) realizaram estudo experimental para avaliar a
30
contribuio do cndilo no crescimento da mandbula em ratos jovens submetidos a
condilectomia bilateral; um grupo como controle operado e um grupo controle. Para
avaliao foi feito exame radiogrfico por meio da incidncia lateral do crnio e me-
dido o comprimento ntero-posterior da mandbula. Obtiveram como resultado uma
reduo no comprimento da mandbula no grupo condilectomizado quando compara-
do ao grupo controle, sendo que a relao oclusal entre a maxila e a mandbula no foi
alterada.
Boyne (1967) realizou experimentalmente fraturas de cndilo em macacos, por
meio de osteotomias na regio de colo. Verificou histologicamente aps perodo de
oito a 16 semanas, formao abundante de calo sseo no local da fratura. O cndilo
apresentou atividade intensa, com reas de remodelamento sseo e de proliferao de
cartilagem.
Os modelos de fraturas faciais utilizando animais, principalmente ratos, so
referncias a partir da dcada de 70. Esses trabalhos procuravam esclarecer o pro-
cesso de reparao ssea dos ossos faciais diante de vrias condies experimentais,
tais como fratura seguida de descolamento do msculo pterigoideo lateral (SPRINZ,
1970).
Gilhuus-Moe (1971) realizou experimentalmente em cobaias fratura unilateral
do cndilo com desvio. Por meio de estudo histopatolgico e auto-radiogrfico foi
observado um aumento da atividade da camada intermediria (proliferativa) do cn-
dilo em ambos os lados. Concluiu que este fenmeno deve-se intensa capacidade de
adaptao do cndilo mandibular.
Craft et al. (1974) estudaram histologicamente o processo de reparo diante de
fraturas de mandbula e de arco zigomtico experimentais em coelhos. Observaram,
que aps uma semana, havia presena de tecido osteide a partir do peristeo; em
duas semanas, tecido condride no trao de fratura e osteide na periferia; em trs
semanas, presena de calo basicamente de osso trabecular; em quatro semanas, re-
modelamento em osso cortical.
Banks e Mackenzie (1975) realizaram osteotomias subcondilianas sem desvio
31
em macacos adultos. Aps perodos de trs a 12 meses verificaram deslocamento me-
dial do cndilo. Histologicamente observaram sinais de remodelamento junto inser-
o do msculo pterigoideo lateral nos perodos iniciais. Os autores acreditam que
este msculo remodele sua insero, retornando a seu alinhamento normal.
Ahmed et al. (1978) compararam os efeitos da reduo cruenta ou incruenta
no tratamento da fratura de cndilo durante o perodo de crescimento em ces. Aps
perodos de seis a 18 meses observaram diferena significante entre os lados operado
e controle para a altura do ramo ascendente da mandbula. A anlise histolgica de
superfcie articular revelou uma progressiva diminuio da espessura da fibrocartila-
gem. Os resultados no mostraram diferena significante entre os mtodos de trata-
mento, embora as alteraes fossem maior para o grupo com reduo cruenta.
Markey, Potter e Moffett (1980) realizaram fratura de cndilo em macacos jo-
vens, com bloqueio maxilo-mandibular prolongado. Por meio de marcadores metli-
cos verificaram a ocorrncia de assimetria. Houve desvio e limitao da abertura da
boca, recuperada em alguns meses. Concluram que outros fatores que podem com-
plicar o trauma pr-existente poderiam levar a anquilose da ATM.
Shimahara, Ono e Nakano (1985) realizaram experimentalmente fratura de
cndilo unilateral sem desvio em ratos e compararam os resultados obtidos sem blo-
queio intermaxilar e com bloqueio por uma semana e cinco semanas. O grupo fra-
turado com bloqueio apresentou ganho de peso deficiente por 5 semanas. Exame his-
tolgico mostrou intensa resposta inflamatria inicial e, aps cinco semanas, o grupo
fraturado sem bloqueio apresentou reparao por proliferao cartilaginosa, porm o
grupo fraturado com bloqueio apresentou ossificao intramembranosa em uma se-
mana e na quinta semana apresentou deslocamento medial do fragmento aliado os-
sificao intramembranosa.
Granstrm e Nilsson (1987) avaliaram histologicamente o processo de reparo
da fratura de mandbula experimental em ratos. Verificaram que inicialmente a rea
da fratura foi preenchida por tecido de granulao, havendo reabsoro dos cotos
sseos; aos quatro dias havia proliferao ssea a partir do peristeo, e aos seis dias a
32
partir do osso compacto; aos oito dias foi observado tecido cartilaginoso no trao da
fratura; aos dez dias estava formado o calo sseo ao redor do trao de fratura; aos 14
dias havia trabculas sseas no trao de fratura; aos 16 dias houve reabsoro da car-
tilagem neoformada; aos 24 dias o local da fratura estava completamente preenchido
por trabculas sseas, havendo remodelamento do calo sseo.
Shimahara et al. (1987) realizaram experimentalmente em ratos fratura de
cndilo unilateral com desvio, posio mantida por osteossntese durante um ms.
Macroscopicamente havia desvio da linha mdia em parte dos animais e o cn-
dilo apresentou desvio e alterao de forma at quatro meses, tendendo a voltar
posio normal aos oito meses. Houve aumento de peso dos animais. Histologica-
mente observaram reparao por proliferao cartilaginosa e ssea aos dois meses,
havendo remodelamento na regio de colo aos oito meses.
Mabuchi (1988) avaliou os efeitos da fratura unilateral no corpo mandibular
sobre os cndilos de ratos recm-nascidos. A reparao da fratura iniciou-se pela de-
posio de tecido de granulao aos trs dias, seguida de neoformao ssea iniciada
aos nove dias e mais intensa aos 15 e 21 dias. Verificou diminuio da celularidade e da
espessura de todas as camadas que compem a fibrocartilagem articular, em ambos os
lados.
O cndilo mandibular uma articulao sinovial que constitui um dos centros
de crescimento da face. Por esse motivo, uma articulao que possui alta capacidade
de adaptao funcional, sendo um dos modelos de eleio para o estudo do crescimen-
to e do remodelamento cartilaginoso e sseo. Livne e Silbermann (1990) descrevem
que, durante o perodo neonatal, o cndilo apresenta ossificao endocondral gerando
alongamento do ramo mandibular; posteriormente h surgimento de um tecido con-
juntivo fibroso no local, medida que a cartilagem se torna hipotrfica; nessa fase,
tecido sseo compacto j visto ao redor do tecido cartilaginoso. Dois compartimentos
celulares principais so descritos para o cndilo: a zona condroprogenitora, formada
por clulas semelhantes a mesenquimais (com processos citoplasmticos alongados
e pronunciado contato clula-clula) no vistas normalmente em outras articulaes
33
sinoviais; e uma zona cartilaginosa, contendo clulas cartilaginosas em diferentes es-
tgios de maturao. Os autores concluem ser o cndilo de camundongo um excelente
modelo para se estudar o crescimento e remodelamento cartilaginoso, bem como os
efeitos do envelhecimento sobre esse tecido.
Luz et al. (1991) avaliaram histologicamente os efeitos do trauma indireto sobre
a ATM, em modelo utilizando ratos. Utilizaram ratos adultos submetidos ao trauma
indireto sobre a ATM no lado direito, sendo o lado esquerdo como controle. Verifi-
caram que apesar do trauma, os animais tiveram aumento de peso, sendo que nenhum
apresentou limitao de abertura de boca. Os dados demonstraram que o impacto
pde produzir fratura na fossa mandibular e leses na superfcie articular do cn-
dilo e no disco articular. Inicialmente houve processo inflamatrio agudo. A seguir,
observaram sinais de resposta proliferativa a partir das superfcies articulares. Aps
um ms havia sinais de remodelamento sseo no ramo mandibular e aps trs meses,
foram observadas estruturas articulares com caractersticas de normalidade e sinais de
remodelamento.
Yasuoka e Oka (1991) realizaram estudo histomorfomtrico do processo de
reparo da fratura de cndilo experimental sem desvio em ratos na fase de crescimento.
Histologicamente verificaram a formao de calo sseo, sendo a unio completa com
osso trabecular, observada aps oito semanas. A morfometria mostrou aumento signifi-
cante do volume sseo nas fases iniciais, o aumento significante das reas de osteides
e osteoblastos no incio e aumento das reas de reabsoro no final do experimento.
Concluram que o remodelamento sseo tem um papel importante na reparao das
fraturas de cndilo na fase de crescimento.
Monje et al. (1993) realizaram experimentalmente osteotomia subcondiliana em
ratos jovens e adultos. Aps perodos de 20 a 60 dias verificaram radiograficamente
deslocamento ntero-inferior do cndilo nos animais jovens, havendo leve deslocamen-
to anterior nos animais adultos. Histologicamente observaram sinais de remodelamento
articular em ambos os grupos, sendo que nos animais adultos ocorreu fibrose e reabsor-
o ssea. Nos animais controle-operados no houve alteraes histolgicas.
34
Suuronen et al. (1994) avaliaram os efeitos de osteotomia e osteossntese a para-
fuso no cndilo mandibular experimentalmente em carneiros. Verificaram radiogra-
ficamente destruio ssea, osteofitos e achatamento do cndilo. Histologicamente
observaram espessamento da cartilagem condilar, com limites imprecisos entre suas
camadas.
Yamamoto, Novelli e Luz (1997) em estudo experimental realizaram exodontia
unilateral no incisivo superior em ratos jovens e verificaram seus efeitos no crescimen-
to facial. Para avaliao cefalomtrica foram feitas incidncia axial e rostro-caudal do
crnio fixado, bem como axial e lateral das hemi-mandbulas aps disseco. As men-
suraes foram realizadas por meio de um sistema de computador, sendo na incidn-
cia axial foi traada uma linha unindo as bulas timpnicas e a linha mdia da maxila
e da mandbula, enquanto que na incidncia rostro-caudal foram utilizados pontos
como arco zigomtico e incisura antegnica. Na incidncia axial aps disseco foram
feitas mensuraes entre a bula timpnica, raiz mesial do primeiro molar, forame in-
fra-orbitrio e ponto incisal. Na incidncia lateral das hemi-mandbulas utilizaram
insero do incisivo, processo condilar, processo angular, face distal do terceiro molar
e incisura antegnica. Foi observada assimetria facial apenas na regio anterior da
maxila, com desvio para o lado operado.
Goulart et al. (1998) em um estudo experimental com ratos jovens, analisaram
os efeitos da fratura unilateral com desvio medial do arco zigomtico no perodo de
crescimento. Foram feitas incidncia axial e rostro-caudal do crnio fixado. Na in-
cidncia axial foi mensurada a profundidade da fossa infratemporal, utilizando a dis-
tncia entre a cortical medial do arco zigomtico e a cortical lateral da mandbula e a
distncia entre o plano mediano e os incisivos inferiores, utilizando perpendiculares
dos pontos mdios entre as bulas timpnicas e entre os incisivos inferiores. Na in-
cidncia rostro-caudal distncia entre o arco zigomtico mandbula foi medida
entre o ponto de maior radiopacidade do arco zigomtico e a cortical lateral do ramo
da mandbula. Observaram diferena significante para a profundidade da fossa in-
fratemporal, sendo que nas demais mensuraes no foram verificadas alteraes.
35
Teixeira et al. (1998) avaliaram o processo de reparao condilar aps fratura
unilateral seguida de desvio rotacional em ratos adultos. Os autores verificaram que,
na primeira semana aps a fratura, os animais exibiram uma certa perda de peso, a
qual foi gradativamente sendo recuperada ao longo do experimento, o qual finalizou
aos 3 meses aps a fratura. Na anlise morfolgica da ATM, os autores verificaram, em
24h aps a fratura, a presena de exsudato serofibrinoso no espao articular e inflama-
o aguda na cpsula articular e nas fibras musculares ao redor; proliferao ssea e
cartilaginosa foi vista na superfcie externa da fratura aps uma semana, bem como si-
nais de reabsoro osteoclstica ao redor da linha de fratura e osso desvitalizado nessa
regio; em duas semanas houve formao do calo sseo na linha de fratura e tecido de
granulao na superfcie articular; com um ms de experimento, os autores verificaram
osso neoformado, diminuio da cartilagem e remanescentes discretos de tecido sseo
necrtico; no espao articular foi registrada a presena de tecido conjuntivo; por fim,
aos 3 meses o processo condilar apresentou caractersticas de normalidade, com linhas
basoflicas de aposio na regio subcondilar indicativas de remodelao.
Rocha et al. (1999) em estudo experimental, realizaram fratura unilateral do
arco zigomtico em ratos jovens e verificaram os efeitos no crescimento facial. Foi feita
incidncia axial do crnio seco e lateral das hemi-mandbulas. Na incidncia axial
utilizaram pontos como a cortical lateral do crnio, cortical medial do arco zigomtico,
bula timpnica, raiz mesial do primeiro molar, forame infra-orbitrio e ponto incisal.
Na incidncia lateral das hemi-mandbulas utilizaram o processo condilar, processo
angular, face distal do terceiro molar, incisura antegnica e insero do incisivo.
Observaram diferena a menor para a altura do corpo e do ramo da mandbula, no
havendo diferena para as demais mensuraes.
Luz e Arajo (2001) em estudo experimental avaliaram fratura subcondilar
unilateral seguida de rotao em ratos jovens. Foram realizadas mensuraes cefa-
lomtricas para avaliar o ngulo de desvio da linha mdia mandibular. Verificaram
a ocorrncia de assimetria facial com desvio mandibular mais acentuado no grupo
experimental. Os autores observaram que, em uma semana aps a fratura, os animais
36
fraturados apresentaram significativa reduo de peso corpreo, o qual aumentou em
duas semanas e tornou a diminuir significativamente aps 1 ms de fratura. Ao final,
houve recuperao do peso corpreo, porm este foi menor do que o dos animais sem
fratura condilar. Os dados histolgicos mostraram inicialmente exsudao neutrof-
lica e serofibrinosa junto ao trao de fratura. Uma semana aps, reas de prolifera-
o de tecido cartilaginoso e sseo junto ao trao de fratura foram observadas. Duas
semanas aps, formao exuberante de calo sseo foi verificada. Aps um ms, o
processo condilar apresentava caractersticas de normalidade, estando centralizado na
fossa mandibular, mesmo achado observado aos trs meses. Os autores apontam que
a fratura condilar influenciou de alguma maneira na capacidade mastigatria dos ani-
mais, os quais ainda se encontravam no perodo de crescimento condilar. Os autores
concluram que a reparao condilar em ratos jovens ocorre mais rapidamente e de
forma mais eficaz do que nos ratos adultos.
Rodrigues e Luz (2001) realizaram um estudo experimental para avaliar
as conseqncias da remoo do cndilo mandibular no crescimento da maxila e
da mandbula em ratos jovens. Para avaliao das alteraes foram realizadas in-
cidncias radiogrficas axial e rostro caudal do crnio fixado, e axial e lateral das
hemimandbulas; sendo feitas mensuraes cefalomtricas para verificar o desvio
da linha mdia por meio de um ngulo formado pelo ponto mdio entre a bula
timpnica e o ponto entre os incisivos. Para avaliar as alteraes da maxila foram
feitas mensuraes entre a bula timpnica e a raz mesial do primeiro molar su-
perior e entre o forame infla-orbitrio e entre o forame e o ponto incisal. Para
avaliar as alteraes da mandbula, em referncia altura, a distncia entre a in-
cisura antegnica e a interseco da face distal do terceiro molar inferior com o ramo
da mandbula, e ao comprimento a distncia entre a insero do incisivo no osso e o
processo angular. Houve desvio significante da linha mdia mandibular no grupo
experimental, reduo da altura do ramo mandibular, bem como do seu comprimento.
Houve reduo para o comprimento da maxila.
Takatsuka et al. (2005) verificaram a influncia da idade e o grau de desloca-
37
mento da mandbula durante a reparao das fraturas condilares. Observaram nos
animais jovens que a reparao da fratura foi completa independente do grau de deslo-
camento. Nos animais adultos a reparao foi completa , porm no grupo com maior
deslocamento houve uma reduo da altura do ramo mandibular com alteraes de
fibrocartilagem. Concluram que deformaes condilares ocorrem quando o desloca-
mento dos fragmentos maior.
A cartilagem do cndilo mandibular difere-se da cartilagem primria na orga-
nizao morfolgica dos condrcitos e na resposta ao estresse biomecnico e fatores
humorais. Neste estudo foi descrito a morfogentica da protena 3 do osso (Bmp3)
em relao aos tipos I, II e X de colgeno mRNA, em condrcitos de cartilagem do
cndilo mandibular de ratos, cartilagem articular femural, cartilagem aumentada de
placa femural de crescimento e cartilagem temporal. Na remodelao ssea, Bmp3 foi
verificada em clulas ativas de osteoblastos, em peristeo ps-fratura. Bmp3 tambm
foi encontrada em camadas de peristeo de segmentos de osso prximo a local de fra-
tura durante a cicatrizao. Sugere-se ento que Bmp3 em cartilagem articular podem
ser reguladas por estimulao mecnica de estresse (ZHENG et al., 2005).
Teixeira, Teixeira e Luz (2006) realizaram um estudo experimental para
avaliar as alteraes sseas aps a fratura de cndilo no perodo de crescimento
em ratos jovens. O grupo experimental foi submetido fratura de cndilo uni-
lateral e para o grupo controle-operado somente foi realizado o acesso cirrgico.
Aps trs meses, foram sacrificados e realizaram a avaliao cefalomtrica por
meio de incidncias axial do crnio e lateral das hemimandbulas. Concluram
que a fratura experimental do cndilo mandibular durante o perodo de crescimen-
to em ratos induziu a alteraes degenerativas do cndilo, bem como assimetria da
mandbula, afetando a altura do corpo, tambm levando conseqncias para a
maxila.
Porto, Vasconcelos e Silva Junior (2008) induziram experimentalmente o
desenvolvimento de anquilose por meio da remoo do disco e leso articular na
ATM de ratos. Houve perda de peso no perodo de 7 dias, com ganho nos demais
38
perodos. Por meio de estudo histolgico verificaram que no houve formao
ssea entre o cndilo mandibular e o osso temporal, porm ocorreu desenvolvi-
mento de anquilose fibrosa na maioria dos animais.
2.3 Condies sistmicas aps fratura
Os trabalhos tm evidenciado, contudo, que, independentemente das tcnicas
cirrgicas empregadas, a perda de peso decrescente medida que ocorre consolida-
o da fratura (THALLER; REAVIE; DANILLER, 1990).
As alteraes do metabolismo orgnico, provocadas pelo traumatismo e pela
cirurgia produzem inmeros problemas relacionados com o metabolismo protico,
lipdico e de carboidratos. Freqentemente os pacientes apresentam dificuldade de
ingesto, por obstruo do tubo digestivo. Dos pacientes hospitalizados, 30 a 50%
apresentam desnutrio moderada ou grave como conseqncia, quer de sua doena
primria quer da teraputica utilizada no tratamento da doena bsica. Em muitas
circunstncias, a doena primria conduz a desnutrio que, por sua vez, induz s al-
teraes da cicatrizao, anemia, reduo da imunocompetncia, reduo da resistn-
cia infeco e, septicemia que leva piora da desnutrio, insuficincia de mltiplos
rgos e morte. Fraturas faciais, principalmente mandibulares, acarretam perda de
peso nos pacientes, decorrentes da dificuldade de mastigao, bem como desnutrio
moderada a grave em 30% dos pacientes (MACHADO, 1993).
Rodrigues, Luz e Miori (1999) coletaram os dados de hemograma (contagem de
eritrcitos, linfcitos, moncitos, neutrfilos e eosinfilos, leuccitos totais, hemoglo-
bina, volume globular, volume globular mdio) e de bioqumica do sangue (glicose,
uria, creatinina, sdio e potssio) de pacientes portadores de fraturas de face. Os au-
tores verificaram leucocitose em 50% dos pacientes, neutrofilia em 68,7% e hiperglice-
39
mia em 26,9% dos analisados.
Kaplan, Hoard e Park (2001) realizaram um estudo com 29 pacientes jovens,
sendo um grupo com fraturas mandibulares localizadas no ngulo da mandbula com
mobilizao imediata e outro com duas semanas de imobilizao com fixao interna
rgida com placas de titnio de 2mm. Todas as fraturas no envolviam alvolos, cn-
dilo, ramo e maxila. As avaliaes foram feitas aps a 6 semana, trs e seis meses veri-
ficando a presena de: dor, reparao da fratura com ou sem unio, ocluso, trismo,
estado do ferimento, infeco, higiene dental e perda de peso . No houve diferena
significante entre os grupos, apenas observaram que foi significante apenas a perda
de peso de 3,6 e 4,5 kg e trismo , de 4,2 e 4,6 cm, respectivamente.
Oliveira (2003) realizou um estudo experimental com ratos adultos (Lewis)
para avaliar a influncia do residronato sdico como adjuvante no tratamento aps
15 dias de fraturas nas tbias direitas, em animais nutridos e submetidos desnutrio
experimental. Foram analisadas a evoluo ponderal, a radiogrfica, densitomtrica
e histomorfomtrica do calo sseo e dosagens sricas do clcio, fsforo, fosfatase al-
calina, protenas totais, albumina e osteocalcina. Observou uma perda de peso nos
grupos com dieta aprotica em duas semanas, persistindo at o final do experimento
e reduo dos nveis sricos de clcio, fosfatase alcalina, protenas totais e albumina.
Concluram que o residronato exerceu influncia no processo de consolidao das fra-
turas, interferindo positivamente na densidade mineral ssea dos animais e na quali-
dade do osso neoformado.
O aumento de valores de albumina em fraturas podem ser explicado pelo pro-
cesso inflamatrio causado pela prpria fratura, que aumenta as protenas circulantes
especialmente da matriz precursora ssea e mediadores da inflamao principalmente
os precursores do colgeno (BORYS et al., 2004).
Luz e Rodrigues (2004) verificaram as variaes dos valores de hemoglobina e
de hematcrito no ps-operatrio de 1 semana, 3 semanas e 6 semanas de cirurgia
ortogntica da mandbula. Os autores detectaram reduo na taxa de hemoglobina
e hematcrito entre o pr-operatrio e o ps-operatrio de 6 semanas, havendo uma
40
lenta recuperao entre o pr e o ps-operatrio.
Dwyer et al. (2005), avaliaram 43 pacientes, com idade mdia de 28 anos, com
fraturas expostas de membros inferiores durante 40 semanas. Foram utilizados os
parmetros antropomtricos, bioqumicos e hematolgicos para analisar suas relaes
com a cicatrizao de partes moles aps trauma. Na fase inicial , verificou-se que vinte
e um pacientes estavam desnutridos. Uma dieta e a ingesto de boa alimentao re-
duziu a desnutrio, restando apenas 13 pacientes desnutridos aps 40 semanas. Entre
os parmetros aplicados para determinar o estado nutricional utilizaram exames bio-
qumicos com a determinao de valores de creatinina, albumina srica, transferrina
srica e contagem total dos linfcitos . Verificaram que a cicatrizao de tecido mole foi
em menor tempo quando o ndice de creatinina apresentava-se normal e com atraso
quando o nvel de albumina srica apresentava-se com reduo.
Kommenou et al. (2005) verificaram a correlao entre a atividade da fosfatase
alcalina, clcio e fsforo com a reparao de fraturas fechadas de ossos longos em ces.
Foi feita a determinao da atividade da fosfatase alcalina, concentrao de clcio e
fsforo. Para a diviso em grupos foi considerada a evoluo da formao do calo
sseo, sendo grupo A desenvolveram calos de tamanho mdio com reparao em 2
meses. O grupo B com hipertrofia calosa e com demora na unio ssea de 3 a 5 meses.
O grupo C, com processo lento e formao de calo sseo reduzido sem unio dos cotos
no perodo de dois meses. A fosfatase alcalina nos grupos A e B teve aumento mximo
aos 10 dias. O grupo A retornou ao normal com 60 dias e no grupo B, de 3 a 5 meses. O
grupo C no mostrou alteraes significativas. O fsforo e o clcio tiveram alteraes
proporcionalmente inversas s da fosfatase alcalina. Concluram que a determinao
em srie das atividades da fosfatase alcalina durante a reparao de fratura pode ser
auxiliar na avaliao do processo de neoformao ssea, colaborando na escolha apro-
priada da interveno clnica.
Seebeck et al. (2005) avaliaram a correlao entre parmetros serolgicos duran-
te o desenvolvimento do calo sseo em fratura da tbia de ovelhas. Houve formao
de calo sseo e todos os parmetros serolgicos mostraram amplas variaes individuais
41
no grupo fraturado e controle. O nvel da fosfatase cida foi reduzido durante a formao
do calo sseo e o nvel do pr-colgeno tipo II teve um aumento. A osteocalcina apresen-
tou decrscimo significante. Houve aumento de clcio, a fosfatase alcalina mostrou uma
reduo da fosfatase alcalina especfica ssea, bem como da fosfatase alcalina resistente.
Porm no foi significante a diferena para a serologia de fosfatase alcalina total, bem como
a proporo fosfatase alcalina especfica ssea / fosfatase alcalina total entre os grupos.
Hughes et al. (2006) realizaram um estudo experimental para verificar os efeitos
da ingesto de dieta protica e aminocidos para os msculos e na consolidao ssea
aps fratura no fmur de ratos adultos. Sendo um grupo controle e um grupo com di-
eta hipoprotica (6% protica). Aps a fratura foram subdivididos em grupos com di-
eta de 6% de protena; 15% de protena e 30% de protena associado com aminocidos.
O fmur foi avaliado com exames radiogrficos, histomorfomtrico dos calos e teste de
toro. Os msculos quadrcepes foram avaliados por massa total, contedo total de
protena. Dos resultados, o grupo com 30% de protenas aps 6 semanas apresentou
elevao de albumina, massa corprea e muscular, protena total no msculo e densi-
dade ssea quando comparados com os grupos com 6% de protenas. Na anlise do
msculo, os testes biomtricos do fmur no mostraram diferena significativa. Con-
cluram que dietas suplementares de aminocidos em animais desnutridos tiveram
efeitos anablicos na reparao ssea, massa corprea e muscular.
Miller et al. (2006) estudaram um grupo de 68 pacientes hospitalizados, com
idade mdia de 70 anos, classificados como subnutridos, com fratura de membro in-
ferior, sendo que 50% apresentavam dano cognitivo. Estes pacientes receberam dieta
energtica e protica entre 3 a 5 dias, aps 6 dias do trauma. As necessidades proti-
cas foram calculadas como sendo 1g/Kg/dia. Verificaram que os pacientes, incluindo
queles com danos cognitivos no atingiram as necessidades energtica e protica apenas
com a dieta enriquecida.
42
2.4 Efeitos da desnutrio
Segundo a Organizao Mundial de Sade (WHO, 1962) a desnutrio um
quadro de carncia protico-calrica que abrange formas graves de doenas, como o
marasmo (suprimento calrico insuficiente) e o Kwashiorkor (privao protica grave),
alm de fases e formas moderadas.
Estima-se que a desnutrio acometa cerca de metade a dois teros da popu-
lao mundial. A prevalncia de molstia infecto-contagiosa, em reas onde a fome
endmica, torna a situao ainda mais sria, uma vez que a resistncia infeco
nessas populaes bem menor. Como conseqncia , a gravidade dos processos in-
fecciosos e a mortalidade so maiores na populao desnutrida, sobretudo na criana,
que representa o grupo etrio mais vulnervel aos seus efeitos (YUNES, 1976).
Tem sido relatada a importncia da sntese de colgeno no processo de calci-
ficao. Neste estudo, Nakamoto e Miller (1979a) verificaram a sntese de colgeno,
deposio de clcio e meia-vida do clcio na mandbula e nos ossos longos de ratos
recm-nascidos com dieta hipoprotica (6%) e em grupo controle (25%). Observaram
interferncia na sntese de colgeno nos ossos longos dos animais com desnutrio
protica. Entretanto, a absoro do clcio ocorre em paralelo com a formao da ma-
triz ssea e foi equivalente nos dois grupos. A meia-vida do clcio nos ossos longos e
da mandbula nos dois grupos foi de 72 horas, apenas diferenciou-se nos ossos longos
do grupo controle, com meia-vida de 100 horas.
Nakamoto e Miller (1979b) estudaram a influncia de uma dieta hipoprotica
no desenvolvimento mandibular de ratos recm-nascidos, criando um modelo experi-
mental de desnutrio calrico-protica moderada. Os autores compararam o desen-
volvimento mandibular com o dos ossos longos (fmur e tbia) no tocante a peso e
quantidade de clcio, DNA e RNA e protenas. Verificaram que o peso das mandbulas
dos ratos desnutridos reduziu significativamente em relao ao controle, porm isso
43
no afetou, na mdia, o crescimento mandibular. Houve maior reduo de peso nos
ossos longos em comparao mandbula, o que sugere que o osso mandibular deva
ter algum mecanismo compensatrio de privao protica. As mandbulas exibiram
calcificao satisfatria em comparao aos ossos longos, assim como quantidade de
protenas muito prxima do controle. J a quantidade de DNA e RNA nas mandbulas
com privao protica excederam substancialmente a do controle.
Em outro experimento, Nakamoto, Porter e Winkler (1983) verificaram os
efeitos da desnutrio protica sobre o metabolismo de centros de crescimento em
mandbulas e ossos longos de ratos recm-nascidos com historia gestacional de desnu-
trio. Esses animais apresentaram reduo do peso mandibular e dos ossos longos
e maior quantidade de clulas e de clcio na mandbula em relao ao controle. Nos
ossos longos essas quantidades no foram alteradas, o que levou os autores a concluir
que o metabolismo sseo nos diferentes centros de crescimento submetido a estresse
nutricional apresenta comportamento distinto considerando-se a mandbula e os ossos
longos.
Alippi et al. (1984) realizaram estudo experimental em ratos para verificar os
efeitos da dieta livre de protenas no desenvolvimento esqueltico de mandbulas de
ratos. Um grupo com dieta livre de protenas e outro com 20% de casena. Medidas
lineares da mandbula foram feitas para avaliar o crescimento. Verificaram diferen-
as significantes entre as distintas medidas. Como resultado, verificaram que quando a
mandbula foi considerada como um todo, observou-se que o efeito das dietas foi diferente.
A mdia do peso mandibular e a espessura foi maior no grupo controle. Concluram
que nos ratos com dieta livre de protenas ocorreram alteraes nas propores sseas
mandibulares com deformaes sseas.
Jones, Simson e Friedman (1984) em estudo com ratos que sofreram desnu-
trio intra-uterina observaram hiperfagia e acmulo de gordura corporal no incio da
vida adulta, sugerindo que a obesidade poderia ocorrer como uma seqela de desnu-
trio energtico-protica anterior. Esta seqela ocorreria devido a uma modificao
na regulao do sistema nervoso central no sentido de facilitar prioritariamente o
44
acmulo de gordura corporal com o intuito de promover um balano energtico posi-
tivo quando a disponibilidade de alimentos aumentasse.
Miwa et al. (1989) estudando fetos de ratos submetidos restrio protica,
verificaram que as mandbulas dos animais apresentaram altas taxas de protenas e
de hexosamina em relao calvria e baixas taxas de clcio em ambos os ossos. A
mandbula apresentou menores quantidades de subunidades de proteoglicanas de
baixo peso molecular, as quais apresentavam-se dissociadas. Os autores concluram que
a degradao insuficiente de proteoglicanas parece ser o motivo da pouca mineralizao
observada nos ossos do feto.
Rodrigues e Zucas (1991) realizaram um estudo para verificar o efeito da des-
nutrio energtica e/ou protica na evoluo da formao do calo sseo em fratu-
ras do mero esquerdo de ratos Wistar, na fase de crescimento e adulta. As fontes
proticas foram protena da soja e o leite em p desnatado. A desnutrio energtica
foi conseguida pela ingesto de uma dieta equivalente a 60% do grupo ad libitum. As
observaes radiogrficas dos ossos fraturados no mostraram de maneira consistente
a influncia da desnutrio na evoluo da formao do calo sseo. Os ratos jovens
mostraram evidncias de uma regenerao ssea mais rpida e houve um retardo na
evoluo do calo sseo dos animais adultos cuja rao foi hipoprotica.
Guarniero et al. (1992) realizaram um estudo para verificar os efeitos da desnu-
trio protica na reparao de fraturas de tbia em ratos. Foi analisada a variao do
peso, a cicatrizao da fratura por radiografia do calo sseo, a avaliao macroscpica
da resistncia mecnica do calo sseo e o exame histolgico. Concluram que nos gru-
pos com dieta normal e renutridos, houve formao de calo sseo normal, com tecido
regular, e nos grupos com desnutrio protica houve formao de tecido fibroso com
menor formao de tecido sseo.
Konno et al. (1993) avaliaram o efeito da dieta aprotica ou a restrio de dieta
no sistema imunolgico de ratos em diferentes idades. Observaram nos animais com
dieta aprotica uma reduo do timo e reduo das clulas linfocitrias T. O efeito
depressivo do sistema imunolgico foi mais importante em ratos jovens que nos adul-
45
tos. Os resultados sugeriram que a funo do timo alterada diante da deficincia de
protenas, consideraram que a dieta balanceada necessria para o amadurecimento
imunolgico em estagio precoce da vida, preservao das funes imunolgicas em
idosos, e que animais com funes imunolgicas aumentadas so mais resistentes
desnutrio.
Segundo o UNICEF (1994) para cada uma das crianas mortas devido desnu-
trio energtico-protica, outras seis sobrevivem imersas na fome e na doena. Na
Amrica do Sul, um estudo da mortalidade na infncia revelou que a desnutrio ener-
gtico-protica e/ou baixo peso de nascimento estiverem presentes em 57% dos bitos
em menores de 5 anos.
O estado de desnutrio pode ser considerado primrio: quando h ingesto
inadequada de nutrientes devido falta ou relao imprpria de alimentos, se-
cundrio: decorrente da ingesto inadequada de nutrientes como seqela de doenas
que levam a problemas de ingesto, mastigao, deglutio, digesto e absoro, e ter-
ciria: resultante da administrao de solues endovenosas em ambiente hospitalar,
tendo uma caracterstica iatrognica (AUN, 1997).
Chandra (1999, 2002) considerou que a dieta e imunidade esto inter-relaciona-
das, pois deficincias nutricionais prejudicam a resposta imunolgica e resultam com
freqncia em infeces graves resultando no aumento da mortalidade, especialmente
em crianas. A desnutrio protica energtica resulta em reduo do nmero e fun-
es dos linfcitos T, clulas fagocitrias e na resposta do anticorpo imunoglobulina
A secretora. O uso de suplementos estimula a imunidade e pode resultar em reduo
de infeces, principalmente nos idosos, recm -nascidos de baixo peso e pacientes
desnutridos em hospital.
Costa et al. (2000) realizaram um estudo experimental para avaliar a eficcia
da suplementao com melao na dieta de ratos normais e depletados. Grupos com:
casena com 10,14% de protena, melao casena com 10,14% de protena e melao a
12,50% depletado controle e depletado melao sem protena. A rao e o peso foram
controlados para o clculo do coeficiente de eficcia alimentar (CEA). Para a anlise
46
bioqumica, a coleta de 2ml de sangue foi feita por puno cardaca, colocados em tu-
bos contendo anticoagulante EDTA para determinar a hemoglobina. Verificaram que
o consumo de rao pelo grupo com suplemento de melao foi maior (9%) em relao
ao grupo controle, porm no houve aumento significativo de peso, embora o CEA
tenha sido inferior neste grupo em comparao ao grupo com casena, sem depleo.
Como resultado observaram que no houve aumento significativo na concentrao
mdia de hemoglobina.
Campos (2001) realizou um estudo sobre o efeito do complexo ossena hidroxi-
apatita na consolidao das fraturas fechada do tero mdio da tbia esquerda na des-
nutrio protica em ratos. Todos os animais foram submetidos fratura Aps 4 sema-
nas foi realizado estudo radiogrfico, planimtrico, densitomtrico, controle de peso;
histolgico e histomorfomtrico e anlise bioqumica - dosagem de clcio, fsforo, fos-
fatase alcalina, protenas totais, albumina e osteocalcina. Concluiu-se que o complexo
ossena hidroxiapatita no interferiu na formao do calo sseo tanto dos nutridos
como nos desnutridos, contudo, interferiu em alguns resultados como na dosagem de
albumina e de fosfatase alcalina, na planimetria e no peso dos animais.
Day e DeHeer (2001) realizaram um estudo experimental em ratos com dieta
hipoprotica (6% de protena) e dieta convencional (20% de protena) em fratura de
fmur e aplicaram testes mecnicos de resistncia para avaliao da consolidao s-
sea. Observaram que animais com desnutrio protica produziram calos compostos
de tecido tipo fibroso, com reduo de peristeo e calos externos. Baseados nos testes
mecnicos, os calos de animais desnutridos mostraram reduo de resistncia e dureza
quando comparados com os demais grupos. Concluram que a privao de protena
tem um efeito prejudicial na consolidao de fratura. A identificao do estado de des-
nutrio protica e seu reverso podem resultar na melhora do resultado e provavel-
mente uma melhora clnica dos pacientes desnutridos.
Pallaro, Roux e Slobodianik (2001) estudaram o efeito da dieta hipoprotica
(6,5% de protena) na proliferao celular e maturao do timo em ratos jovens. Veri-
ficaram a ingesto de alimento, peso corpreo, peso do timo, nmero total de timci-
47
tos e a porcentagem de antgeno fenotpico timoctico. Os resultados indicaram que o
consumo de dieta hipoprotica causa atrofia do timo em ratos em crescimento, com
reduo significante do total de clulas linfocitrias T, concomitante com o aumento
de timcitos imaturos. Concluram que a dieta hipoprotica um fator que limita rea-
es qumicas de clulas intratmicas, provavelmente relacionadas com a necessidade
de aminocidos especficos para uma resposta imune mais favorvel.
SantAna et al. (2001) estudaram experimentalmente a presena de gordura
retroperitonial e ratos adultos desnutridos. O grupo experimental teve uma reduo
de 14,8% do peso corporal e um aumento na mdia de gordura peritonial de 8,7, com-
parando-se com o grupo controle com 7,43. Sugeriram que no grupo experimental,
apesar da reduo de peso apresentada, os mesmos de fato ganharam peso devido ao
acmulo de gordura proveniente do excesso de carboidrato presente na dieta hipo-
protica oferecida, o que provocou uma alterao da composio corporal com au-
mento da gordura em relao massa magra dos animais desnutridos.
Laing e Fraser (2002) examinaram os possveis efeitos de deficincia nutricional
nas caractersticas do transporte de protenas no plasma pela vitamina D e no metabo-
lismo (vitamina D com protena) no crescimento de ratos. A dieta deficiente em pro-
tenas e energia pode reduzir a concentrao de protena e vitamina D na circulao.
Contudo, observaram que a vitamina D e protena plasmtica podem no ser afetada
pela dieta deficiente em clcio. Nenhum dos fatores da dieta examinados teve influn-
cia. Observaram que ratos com deficincia de protenas parecem ter dificuldade em
manter adequadamente concentraes de clcio na circulao. A introduo de dieta
hiperprotica e energtica podem constituir um novo mecanismo que pode ajudar a
explicar a associao observada entre desnutrio e o desenvolvimento de doenas
metablicas sseas e a avaliao celular das alteraes da vitamina D associada pro-
tena pode ser um instrumento.
Arajo et al. (2003 a,b) utilizaram a mesma metodologia de desnutrio em ratos
adultos para verificar seus efeitos sobre o plexo mioentrico do colo descendente. Encon-
traram uma reduo de 11,84% no peso corporal dos animais submetidos dieta com teor
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protico de 8% e restrio de vitaminas do complexo B e sugerem que estas biomolculas,
em quantidade balanceada, so fundamentais para o ganho de peso, superando a importn-
cia do amido que estava presente em excesso na dieta utilizada. Sugeriram que, apesar da
diluio dos nveis proticos e vitamnicos atravs da adio de amido, as concentraes que
restaram podem ter sido suficientes para evitar manifestaes clnicas da desnutrio.
Guarniero et al. (2003) estudaram a influncia da nutrio protica na con-
solidao de fraturas de tbia esquerda em ratos. Para a avaliao dos resultados
foram utilizadas medidas clnicas, bioqumicas, radiogrficas, densitomtricas e his-
tomorfomtricas. Nos resultados verificaram uma diminuio acentuada do peso com
dieta aprotica, tambm queda nos nveis de protenas totais e albumina quando com-
parados com o grupo de dieta normal e hiperprotica. Na consolidao da fratura, no
grupo de dieta aprotica observou-se um caso de no consolidao e o restante com
consolidao intermediria. Nas mensuraes quantitativas, o calo sseo apresentou-
se com maior rea e maior resistncia em animais com dieta hiperprotica. A maior
resistncia pode ser possvel pela maior quantidade das estruturas orgnicas e no
pelo aumento da concentrao de minerais. Concluiu-se que a dieta hiperprotica
alterou a consolidao ssea produzindo um calo maior e mais resistente, mas no al-
terou a qualidade em concentrao de clcio e em porcentagem a quantidade de tecido
sseo.
Zanin (2003) avaliou o efeito da deficincia de protenas e vitaminas do com-
plexo B no plexo mioentrico do duodeno de ratos adultos. No grupo controle foi
oferecido por 120 dias sem restries rao comercial com vitaminas do complexo B e
teor protico de 22%. Ao grupo experimental foi oferecido por 120 dias dieta com teor
protico de 8% obtido com a adio de amido e sem a suplementao de vitaminas. Ao
final do experimento, os animais apresentaram perda de peso, reduo das protenas
totais e albumina. No hemograma, no houve alterao para ambos os grupos. Por
meio da tcnica da NADH-diaforese verificou-se que houve diferena no tamanho dos
neurnios, pouca evidncia dos neurnios e malhas tercirias no grupo experimental.
Tambm houve reduo no nmero e densidade dos neurnios. Porm no houve
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diferena estatisticamente significante.
Santos et al. (2004) avaliaram a concentrao de testosterona, comportamento
sexual e nvel de protena andrgeno receptora em ratos adultos machos, submetidos
dieta hipoprotica e energtica por 30 dias. Divididos em grupo controle com dieta
padro contendo 23% de protenas, grupo com restrio protica , dieta com 8% de
protena e acrscimo de vitaminas e minerais preparadas em laboratrio, e o grupo
com restrio energtica consumindo 50% da dieta padro. Como resultado verifi-
caram que o grupo experimental apresentou alterao no nvel de protena andrgeno
receptora; na concentrao de testosterona e no comportamento sexual.
O crescimento e desenvolvimento do esqueleto humano requerem um supri-
mento adequado de muitos fatores nutricionais diferentes. Deficincias clssicas nutri-
cionais so associadas com o nanismo (energia, protena e zinco), raquitismo (vitamina