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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE CURSO DE FARMÁCIA BRUNA DOS SANTOS SILVA AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO QUÍMICA E ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DE DIFERENTES EXTRATOS E FRAÇÕES DE Rapanea ferruginea Itajaí, (SC) 2013

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

CURSO DE FARMÁCIA

BRUNA DOS SANTOS SILVA

AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO QUÍMICA E ATIVIDADE

ANTIMICROBIANA DE DIFERENTES EXTRATOS E FRAÇÕES DE

Rapanea ferruginea

Itajaí, (SC) 2013

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BRUNA DOS SANTOS SILVA

AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO QUÍMICA E ATIVIDADE

ANTIMICROBIANA DE DIFERENTES EXTRATOS E FRAÇÕES DE

Rapanea ferruginea

Monografia apresentada como requisito para obtenção do título de farmacêutico pela Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Ciências da Saúde. Orientadora: Prof.ª Dr.ª Angela Malheiros

Itajaí, (SC) Junho de 2013

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Dedico esse trabalho aos meus pais, Graça e Jorge, que estiveram ao meu lado durante mais

esse trajeto.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente à Deus, pelo fôlego de vida e por ter me dado força

nessa longa jornada, me atribuindo missões o qual sabia que seria vencedora.

Agradeço as duas pessoas mais importantes da minha vida, meus pais, que

com certeza são exemplos de perseverança e acreditaram em mim desde os

primeiros passos, me ensinando os valores da vida, contribuindo constantemente

com a minha formação.

Agradeço a minha orientadora, professora Dra. Angela Malheiros pelos

ensinamentos, elogios e correções que com certeza serão espelhados em minha

vida profissional. A nossa conexão telepática fez com que eu economizasse alguns

créditos, e idas e vindas a sua sala.

Agradeço aos professores Dra. Christiane Meyre da Silva Bittencourt e Dr.

Roberto Dalla Vecchia por terem aceito fazerem parte dessa banca, pela paciência e

também por terem sido muitas vezes os meus “Cos” durante a parte prática desse

projeto.

Agradeço aos meus mestres, por terem me transmitido seu conhecimento

com paciência e dedicação, e que com certezas são exemplos de profissionais

dedicados ao que fazem.

Agradeço ao professor Theodoro Marcel Wagner, por estar sempre disposto a

me auxiliar nas análises em CG/EM e ao Pedro do RMN. Vocês no último minuto do

segundo tempo se dispuseram a realizar as últimas análises, por isso obrigada.

Agradeço ao professor Dr. Alexandre Bella Cruz e a doutoranda Adriana

Gasparetto Soletti, por ter me auxiliado de muita boa vontade com os ensaios

bioautográficos.

Agradeço ao professor Dr. Rivaldo Niero, pelo empréstimo de última hora do

nosso caro “amigo” Silverstein.

Agradeço a professora Dra. Ruth Meri Lucinda da Silva por me ajudar com a

formatação da monografia.

Agradeço aos demais funcionários da UNIVALI que sempre estavam

dispostos à ajudar, não recusando uma mão amiga. Agradeço também ao CNPq/

PIBIC pela concessão da bolsa.

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Agradeço aos meus colegas de laboratório, que compartilharam comigo

alegrias, choros e um rádio antigo – que continua lá por sinal. Sem vocês as tardes

no laboratório não seriam tão animadas.

Agradeço aos meus colegas de turma que estavam ao meu lado durante toda

a minha vida acadêmica, pelos sorrisos, choros e aventuras como ir ao hospital de

Itapema em plena uma da amanhã. Com vocês aprendi não apenas as dificuldades

de conviver em grupo, mas que também a união faz a força.

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“A persistência é o menor caminho do êxito.” (Charles Chaplin)

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AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO QUÍMICA E ATIVIDADE

ANTIMICROBIANA DE DIFERENTES EXTRATOS E FRAÇÕES DE

Rapanea ferruginea

Bruna dos Santos SILVA Orientador: Angela Malheiros, Drª Defesa em: abril de 2013. Resumo: Nos últimos anos tem-se verificado um grande avanço científico envolvendo os estudos químicos e farmacológicos de plantas medicinais que visam obter novos compostos com propriedades terapêuticas. O gênero Rapanea, conhecido popularmente como “capororoca”, é considerada uma espécie pantropical encontrada no Sul da África e em grande parte do continente americano. Entre os compostos isolados neste gênero destacam-se os derivados de ácidos benzóicos que se destacam por sua atividade anti-inflamatória e antimicrobiana. O presente estudo teve por objetivo analisar a composição química dos extratos de raiz, cascas, folhas e frutos de Rapanea ferruginea e promover reações de esterificação e amidação no extrato dos frutos e avalia-los por ressonância magnética nuclear (RMN) e cromatografia a gás acoplada a espectrometria de massas (CG/EM), bem como estabelecer o potencial antimicrobiano do extrato amidado e esterificado e frações provenientes dos frutos e cascas através de bioautografia utilizando cepas de Staphylococcus aureus. Para aquisição dos extratos, as diferentes partes de R. ferruginea foram submetidas a maceração em etanol. Posteriormente o extrato dos frutos foi submetido a esterificação com metanol em meio ácido e amidação com dodecilamina, na tentativa de modificar os grupamentos ácidos presentes nos extratos. Posteriormente o extrato amidado foi fracionado, por cromatografia em coluna. Foram realizadas também colunas cromatográficas à partir do extrato clorofórmio das cascas com a finalidade de identificar as substâncias com potencial antimicrobiano. Nos procedimentos cromatográficos foi utilizado sílica-gel como fase estacionária e fase móvel solventes de polaridade crescente. O perfil de todos os extratos e frações foram analisados por RMN antes de serem avaliados por CG/EM. Após análise por RMN 1H pôde perceber que o extrato dos frutos é majoritariamente composto por AMA. O extrato das cascas e da raiz por ácido mirsinoico B (AMB), e o extrato das folhas não apresenta em sua composição nenhum dos ácidos mirsinoicos avaliados. Foi também possível detectar por RMN e CG/EM a esterificação e amidação dos grupamentos ácidos presentes no extrato. Posteriormente extratos e frações de interesse foram analisados por bioautografia. As cromatoplacas com as amostras foram eluídas e colocadas em placa de meio TSA, juntamente com o microorganismo. Após o crescimento bacteriano as placas foram reveladas com Cloreto de 2,3,5-trifenil tetrazólio e procedeu-se com a leitura dos resultados. Através dessa análise podê-se confirmar a atividade antimicrobiana exercida pelo ácido mirsinoico A (AMA), porém nos extratos que sofreram amidação e esterificação a atividade antimicrobiana não foi observada para os derivados obtidos. Frações provenientes do extrato das cascas apresentaram atividade antimicrobiana, dentre estas, destaca-se a fração denominada 90-102, todavia não foi possível a identificação dessa fração utilizando apenas o RMN de 1H, sendo necessário realizar uma nova análise por RMN de 13C. Esta pesquisa é de grande importância, pois fornece informações sobre a composição química dos extratos de diversas partes da R ferruginea, como para delinear a atividade antimicrobiana exercida pela planta.

Palavras-chave: Rapanea ferruginea. Atividade antimicrobiana. Ácidos mirsinóicos.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1

Fotografia da espécie R. ferruginea (a) planta inteira (b) partes

aéreas...................................................................................................

20

Figura 2

CCD referente ao RFEFR, RFEFO, RFERA, RFECA de R.

ferruginea..............................................................................................

36

Figura 3 Espectros de RMN ¹H do ácido mirsinóico B (AMB) e ácido

mirsinóico A (AMA) com o extrato de R. ferruginea dos frutos

(RFEFR) ..............................................................................................

38

Figura 4

Espectros de RMN ¹H do ácido mirsinóico B (AMB) e ácido

mirsinóico A (AMA) com o extrato de R. ferruginea da raiz (RFERA)

..............................................................................................................

39

Figura 5

Espectros de RMN ¹H do ácido mirsinóico B (AMB) e ácido

mirsinóico A (AMA) com o extrato de R. ferruginea das cascas

(RFECA) ..............................................................................................

40

Figura 6

Espectros de RMN ¹H do ácido mirsinóico B (AMB) e ácido

mirsinóico A (AMA) com o extrato de R. ferruginea das folhas

(RFEFO) ..............................................................................................

41

Figura 7 CCD da reação de esterificação dos frutos de R.

ferruginea..............................................................................................

43

Figura 8 CCDs da reação de amidação dos frutos de R.

ferruginea..............................................................................................

44

Figura 9 Reação de esterificação do ácido mirsinóico A (AMA) (a) e amidação

do ácido mirsinóico A (AMA) (b)

..............................................................................................................

44

Figura 10

Reação de esterificação (a) e amidação (b) do triglicerídeo ou ácidos

graxos dos frutos de R. ferruginea.......................................................

45

Figura 11

Espectros de RMN 1H do extrato dos frutos da R. ferruginea

amidado (RFEFR-AM) (a) e extrato dos frutos de R. ferruginea

esterificado (RFEFR-ED) (b) com o extrato dos frutos de R.

ferruginea (RFEFR) (c).........................................................................

46

Figura 12 Cromatograma de CG/EM dos frutos de R.

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ferruginea.............................................................................................. 47

Figura 13

Cromatograma de CG/EM do Glicerídeo esterificado (GLIE) obtido à

partir de R. ferruginea...........................................................................

48

Figura 14 Fluxograma simplificado dos ésteres provenientes do Glicerídeo

esterificado...........................................................................................

49

Figura 15

Cromatograma da fração 45-48 referente à coluna do extrato dos

frutos amidado......................................................................................

50

Figura 16

Espectros de massas do composto correspondente ao pico

1............................................................................................................

51

Figura 17 Espectros de massas do composto correspondente ao pico

2............................................................................................................

52

Figura 18

Espectros de massas do composto correspondente ao pico

3............................................................................................................

53

Figura 19

Sobreposição do cromatograma das frações 45-48 e 49-

52..........................................................................................................

53

Figura 20

Espectro de massas do composto correspondente ao pico 5..... 54

Figura 21

Bioautografia do extrato dos frutos de R. ferrugínea, do extrato

dos frutos esterificado e do extrato dos frutos amidado...............

55

Figura 22

Bioautografia das frações da coluna clorofórmio das cascas...... 56

Figura 23

Espectro de RMN 1H da fração 90-102........................................... 57

Figura 24 Espectro de RMN 1H da fração 4..................................................... 58

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ALA – Ácido alfa-linolênico

ALS – Esclerose Lateral Amiotrófica

AMA – Ácido Mirsinóico A

AMB – Ácido Mirsinóico B

AMC – Ácido Mirsinóico C

AME – Ácido Mirsinóico E

AMF – Ácido Mirsinóico F

ARA - Ácido Araquidônico

AcOEt – Acetato de Etila

CCD – Cromatografia em Camada Delgada

CC – Cromatografia em Coluna

CG/EM – Cromatografia a gás acoplada à espectrometria de massas

CIM – Concentração Inibitória Mínima

DA – Doença de Alzheimer

DCC – 1,3 - dicicloexilcarbodiimida

DCM – Diclorometano

DHA – Ácido docosahexaenóico

EtOH – Etanol

GLIE – Glicerídeo esterificado

Hex – Hexano

IV – Infravermelho

LA – Ácido Linoleico

MeOH – Metanol

OMS – Organização Mundial da Saúde

PD – Doença de Parkinson

Rf – Fator de Retenção

RFECA – Extrato das cascas de Rapanea ferruginea

RFEFO – Extrato das folhas de Rapanea ferruginea

RFEFR - Extrato dos frutos de Rapanea ferruginea

RFEFRA – Extrato da raiz de Rapanea ferruginea

RFEFR-AM – Extrato dos frutos de Rapanea ferrugínea amidado

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RFEFR-ED – Extrato dos frutos de Rapanea ferrugínea esterificado

RMN – Ressonância Magnética Nuclear

TMS – Tetrametilsilano

TTC – Cloreto de 2,3,5-trifenil tetrazólio

UV – Ultravioleta

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO............................................................................................... 14

2 OBJETIVOS...................................................................................................

2.1 Objetivo geral............................................................................................

2.2 Objetivos específicos...............................................................................

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16

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3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.........................................................................

3.1 Aspectos gerais sobre plantas medicinais............................................

3.2 Considerações sobre o gênero Rapanea...............................................

17

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19

3.3 Estudos realizados com a Rapanea ferruginea.....................................

3.3.1 Ácidos graxos........................................................................................

3.4 Bioautografia.............................................................................................

3.5 Técnicas de RMN e CG/EM.......................................................................

4 MATERIAL E MÉTODOS..............................................................................

4.1 Material Botânico......................................................................................

4.2 Materiais e reagentes................................................................................

4.3 Equipamentos...........................................................................................

4.4 Obtenção dos extratos.............................................................................

4.5 Reação de amidação.................................................................................

4.6 Reação de esterificação...........................................................................

4.7 Coluna do extrato dos frutos após a reação de amidação...................

4.8 Coluna I: fração 70-72 do extrato clorofórmio das cascas....................

4.9 Coluna II: fração 95-98 do extrato clorofórmio das cascas...................

4.10 Ensaio Biautográfico..............................................................................

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO.....................................................................

5.1 Extratos Etanólico.....................................................................................

5.2 Reações de amidação e esterificação ...................................................

5.3 Avaliação por cromatografia à gás acoplada a espectrometria de

massas (CG/EM)..............................................................................................

5.4 Ensaio bioautográfico..............................................................................

6 CONCLUSÃO................................................................................................

REFERENCIAS................................................................................................

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1 INTRODUÇÃO

Os produtos naturais foram os principais componentes das farmacopeias

durante muitos anos, sendo usados até fins do século XIX na forma de chás,

infusões, e outras formulações farmacêuticas, todavia ao término desse século o

isolamento de produtos naturais em forma pura foi um passo decisivo para a criação

da indústria farmacêutica (COSTA, 2009).

Grande parte dos principais produtos medicinais obtidos de plantas e

desenvolvidos industrialmente são baseados na medicina popular. Cerca de 50%

dos medicamentos em geral utilizados para terapias clínicas originam-se de

produtos naturais ou derivados. Entretanto, grande parte das plantas ainda são

pouco exploradas do ponto de vista científico, sendo que, das 250 mil e 350 mil

espécies existentes no mundo, apenas cerca de 15% têm sido estudadas

fitoquimicamente e 6% biologicamente (NEWMAN; CRAGG, 2012).

Nos últimos anos a pesquisa na área de produtos naturais tem revelado um

grande avanço científico, sendo esta uma das áreas mais tradicionais da química no

Brasil, devido a grande biodiversidade do país o que consequentemente aumenta a

possibilidade de descoberta de princípios ativos, bem como condição ambiental

favorável (BRAZ FILHO, 2010; PUPO; GALLO; VIEIRA, 2007).

Desde a década de 40, o desenvolvimento de fármacos efetivos e seguros

para combater infecções bacterianas revolucionou o tratamento médico, a

morbidade, e a mortalidade. Todavia, o uso indiscriminado de fármacos

antibacterianos cada vez mais efetivos levou ao aparecimento de organismos

resistentes a esses antimicrobianos (RANG et al., 2012). Desde a década de 1990

têm-se testemunhado o aumento no número de bactérias resistentes à fármacos,

impondo por consequência sérias restrições no tratamento de diversas infecções,

revelando a importância na investigação de novos agentes antimicrobianos com

ação contra esses micro-organismos resistentes (RANG et al., 2012).

Considerando a necessidade de se desenvolver novos fármacos para o

tratamento de diversas patologias que ainda não possuem um tratamento eficiente

ou cura, visando preferencialmente a diminuição dos efeitos colaterais indesejáveis,

surge a necessidade de maiores pesquisas na área fitoquímica (BRAZ FILHO,

2010).

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Estudos já realizados com extratos provenientes das folhas, caules, cascas e

frutos de Rapanea ferruginea demonstraram que as cascas e os frutos possuem

grande quantidade da(s) substância(s) ativa(s) frente à cepas de Staplylococcus

aureus, confirmando assim seu potencial antimicrobiano. Dentre as substâncias

ativas advindas desses extratos podê-se citar os derivados de ácidos benzoicos

conhecidos como ácidos mirsinóicos A e B (AMA e AMB), porém existem outras

substâncias que contribuem com potencial antimicrobiano apresentado, mas que

ainda não foram isoladas (KAZMIERCZAK, 2010).

Portanto, pretende-se avaliar a presença de ácidos mirsinoicos nas diferentes

partes de R. ferruginea utilizando as técnicas de ressonância magnética nuclear e

cromatografia a gás acoplada a espectrometria de massas. Realizar reações de

esterificação e amidação nos extratos para obter os derivados, fracionar diferentes

frações provenientes de coluna das cascas, bem como avaliar a atividade

antimicrobiana dos mesmos e dar continuidade a investigação fitoquímica.

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2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral

Analisar a composição química dos extratos de raiz, cascas, folhas e frutos de

Rapanea ferruginea e promover reações de esterificação e amidação no extrato dos

frutos para correlacionar com a atividade antimicrobiana através de bioautografia.

2.2 Objetivos específicos

Obter extratos etanólicos da raiz, cascas, folhas e frutos de R. ferruginea e

analisar sua composição por ressonância magnética nuclear (RMN);

Realizar reações de amidação e esterificação à partir de extratos dos frutos e

avaliar os extratos por RMN e cromatografia gasosa acoplada ao espectro de

massas(CG/EM);

Fracionar através de cromatografia em coluna frações de interesse

proveniente da coluna diclorometano das cascas e extrato amidado de R. ferruginea.

Avaliar a atividade antimicrobiana de extratos e frações de interesse através

de bioautografia utilizando cepas de Staphylococcus aureus ATCC.

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3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 Aspectos gerais sobre plantas medicinais

Ao longo dos anos, as plantas têm sido utilizadas como principais

componentes das formulações farmacêuticas para alívio ou cura de determinadas

doenças, sendo que, as mesmas constituem uma fonte imediata e viável de

medicamentos para a maioria da população mundial, principalmente nos países

subdesenvolvidos. A importância desses organismos vegetais como fontes

produtivas de substâncias com atividades biológicas, tem despertado interesses

crescentes tanto sociais quanto econômicos nas indústrias farmacêuticas que

buscam novos fármacos preferencialmente sem efeitos colaterais indesejáveis

(BRAZ FILHO, 2010; CALIXTO, 2005; COSTA, 2009).

Dentre os aspectos relativos às pesquisas nesta área vale à pena destacar a

busca de novas substâncias bioativas a partir de fontes naturais, a utilização de

produtos naturais como matéria prima para a obtenção de novos fármacos, a

importância dos estudos de correlação estrutura-atividade para otimização dos

efeitos farmacológicos e a compreensão do modo de ação de determinados

compostos (BUTLER, 2005).

O mercado mundial de medicamentos movimenta em torno de US$ 250

bilhões por ano. Para se ter uma ideia do valor dos produtos naturais, de todos os

medicamentos aprovados nos anos de 1981-2004, aproximadamente 28% eram

derivados de produtos naturais e 37% constituíam produtos biológicos e vacinas. Se

tomar como base os antitumorais, das 128 moléculas descobertas no período de

1981 a 2010, 32 eram de origem natural. Já os antibióticos tiveram um número

inferior de novas substâncias descobertas representando um total de 118, porém 67

eram provenientes de produtos naturais (CALIXTO, 2005; NEWMAN; CRAGG,

2012).

Quando se deseja isolar compostos de uma planta um dos principais

aspectos que deve ser levado em consideração são as informações da medicina

popular. Cerca de 75% dos compostos puros empregados na indústria de

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medicamentos foram isolados através de recomendações da medicina popular

(CECHINEL FILHO; YUNES, 2001).

Dentre outros aspectos que poderiam ser citados, seria a localização

geográfica do Brasil, fazendo com que este apresente condições favoráveis para o

crescimento de diversas espécies. A grande biodiversidade do país, não só

proporciona a descoberta de novos agentes terapêuticos, mas também estimula a

formação de recursos humanos de alto nível nesta área de pesquisa ainda muito

carente e imprescindível para o desenvolvimento da indústria farmacêutica nacional

(CECHINEL FILHO; YUNES, 2001)

É expressivo o número de medicamentos disponíveis na terapêutica moderna

desenvolvida a partir de plantas medicinais, como por exemplo: a atropina

(anticolinérgico), escopolamina (antiespasmódico), quinina (antimalárico), digoxina e

digitoxina (cardiotônicos), reserpina (antihipertensivo), morfina (analgésico), a

vincristina e vimblastina, (antitumorais), dentre outros (FUNARI; FERRO, 2005;

GURIB-FAKIM, 2006).

No ano de 2002 a Organização Mundial de Saúde (OMS) possuía uma lista

com aproximadamente 251 medicamentos essenciais e básicos à saúde humana,

sendo que 11% eram viabilizados a partir de espécies vegetais. Nos últimos anos,

esse quadro adquiriu um número maior de medicamentos e os medicamentos

derivados de produtos naturais mantiveram-se na lista de medicamentos básicos à

saúde (PINTO et al., 2002; NEWMAN; CRAGG, 2012).

Diversas plantas vem sendo utilizadas para fins profiláticos e curativos de

infecções, dentre elas algumas já encontram-se em fase de estudo, tais como a

Punica granatum (romã) que mostrou-se eficiente contra Staphylococcus aureus

resistente a meticilina, a Artemisia annua inibindo o crescimento da bactéria Gram

positiva Enterococcus hirae, bem como de fungos. Também o óleo essencial de S.

cuminii apresentou excelente atividade, enquanto do S. travancoricum apresentou

atividade intermediária. Outros óleos que se mostraram eficazes do ponto de vista

microbiológico foram os óleos essenciais de Mentha suaveolens Ehrh., Mentha

piperita L. e Mentha arvensis L. sobre bactérias Gram positivas e negativas, tais

como Staphyloccus aureus e Escherichia coli sensíveis e resistentes à ação de

antibióticos (MICHELIN et al., 2005).

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3.2 Considerações sobre o gênero Rapanea

A família Myrsinaceae apresenta cerca de 40 gêneros e aproximadamente

1400 espécies, entre os quais encontra-se a Rapanea. Há ainda muita divergência

quanto ao nome a ser utilizado para o principal gênero Myrsinaceae no Brasil

(Myrsine ou Rapanea), sendo aqui no Brasil mais utilizado a nomenclatura Rapanea.

As outras nomenclaturas para tal espécie são Myrsine floculosa, Myrsine coriaceae

e Gaballeria ferruginea (MANGURO et al., 2003; PINHEIRO; CARMO, 1993).

O gênero Rapanea é conhecido popularmente como canela, capororoca,

capororocão, capororoca-verdadeira, copororoquinha, capororocaçu, capororoca-

vermelha, capororoca-mirin, canela-azeitona, azeitona-do-mato e pororoca. A

espécie em estudo, a R. ferruginea, é conhecida como canela-azeitona, capororoca,

azeitona-do-mato, camará e capororocaçu (LORENZI, 1992; MONTOVANI et al.,

2009; PINHEIRO; CARMO, 1993).

A R. ferruginea é considerada uma espécie pantropical, sendo encontrada no

sul da África, na Bolívia, México, Argentina, Paraguai, e Uruguai e no Brasil, na

Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa

Catarina e Rio Grande do Sul (CARVALHO, 1994; JOLY, 1975).

São árvores de 15 a 20 m de altura de aproximadamente 50 cm de diâmetro,

possuem copa ovalada densa, tronco cilíndrico revestido por casca espessa e folhas

simples concentradas nas pontas dos ramos, brilhantes e nervadas na parte ventral

(CARVALHO, 1994; JOLY, 1975; MONTOVANI et al., 2009). Na figura 1 está

apresentado uma fotografia da espécie em estudo, e outra destacando os frutos.

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Figura 1 – Fotografia da espécie R. ferruginea a) planta inteira, b) Partes aéreas destacando os frutos.

(a) (b)

Espécies pertencentes ao gênero Rapanea são bastante utilizados pela

medicina popular no tratamento de algumas patologias, entre os quais, processos

inflamatórios e dolorosos, tais como as afecções das vias urinárias e do fígado,

coceiras, erupções, urticárias, eczemas, reumatismo (LORENZI, 1992). Além do uso

medicinal, a espécie também é utilizada para outros fins, como a utilização do tronco

como lenha, na fabricação de carvão, caibros e esteios. Ainda com relação a essa

espécie, os frutos são avidamente consumidos por diversas espécies de pássaros,

fazendo com que esses animais disseminem as sementes em áreas mais afastadas,

o que consequentemente a torne uma planta útil no reflorestamento de áreas

degradadas de preservação permanente (PINHEIRO; CARMO, 1993).

3.3 Estudos realizados com a Rapanea ferruginea

Quimicamente o gênero Rapanea é caracterizado pela presença de um grupo

de ácidos terpeno-p-hidroxibenzóicos e um número de triterpenóides baseados nos

esqueletos oleanano, ursano, damarano e cicloartano (MANGURO et al., 2003;

SOUZA, 2005; GAZONI, 2009)

Os ácidos benzóicos prenilados, denominados ácidos mirsinóicos são a

principal classe de metabólitos secundários isolados no gênero Rapanea, tendo

como exemplos o ácido mirsinoico A (1), ácido mirsinoico B (2) e ácido mirsinoico C

(3). Devido suas características estruturais, estas são moléculas atrativas do ponto

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de vista químico-farmacológico, sejam como substâncias ativas ou capazes de

serem modificadas. Estudos realizados por Baccarin (2011) demonstrou que o

HPLC-PDA é uma técnica simples, rápida e seletiva para isolamento e quantificação

de AMB à partir de extratos de R. ferruginea, sendo este o composto majoritário

presente nas cascas dos caules (BACCARIN et. al., 2011).

Em estudos prévios, esses compostos demonstraram atividade anti-

inflamatória, antinociceptiva e antiperalgésica (BACCARIN et al., 2011; BLUNT;

CHEN; WIEMER, 1998; ANTONIALLI et. al., 2012)

(1) (2)

(3)

Estudos foram desenvolvidos com extrato da casca da Rapanea ferruginea e

o ácido mirsinóico B (AMB) em vários modelos de dor. Foi detectado atividade

antinociceptiva na dor neuropática causada pela constrição parcial do nervo ciático

em camundongos, e na dor neuropática diabética para o extrato. O AMB também foi

efetivo com relação a essa atividade, interagindo com os sistemas adrenérgico,

colinérgico, oxidonitrérgica e parcialmente com o sistema serotoninérgico (HESS,

2006; HESS et al., 2010; PEREIRA et al., 2004). Também foi constatado que o AMB

além de interagir com as vias serotonérgica, GABAérgica, oxidonitrérgica,

colinérgica, interage também com a via dos glicocorticóides endógenos exercendo

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uma ação antihipernociceptiva marcante quando administrada oralmente nos

modelos de dor inflamatória induzida pela carragenina (ANTONIALLI et al., 2012).

O extrato bruto da R. ferruginea e o AMB também foram avaliados quanto ao

potencial anti-hiperglicemiante em animais diabéticos induzidos com aloxano, onde

foi observado diminuição da glicose plasmática de jejum (GALVAN, 2007; MATTOS,

2006; MONTEIRO, 2009)

Um estudo detalhado sobre a planta e seus princípios ativos foi desenvolvido

identificando a presença do AMB nas folhas e caules da R. ferruginea, do AMA nos

frutos da mesma, e outros compostos que apresentaram excelentes resultados na

inibição da enzima acetilcolinesterase (AChE), (COSTA, 2011; FILLIPIN, 2010;

GAZONI, 2009).

A atividade citotóxica dos extratos brutos das cascas, folhas e frutos da

Rapanea ferrugínea, bem como dos ácidos mirsinóicos A, B e C foram avaliadas

Tomio (2011), onde demonstraram citotoxicidade significativa frente à linhagens

celulares não tumorais L929 e tumorais HELA, B16F10, K562 e NALM-6 (TOMIO,

2011).

Sabe-se ainda que os ácidos mirsinóicos A e B são ativos para as bactérias

Gram-positivas, assim como frações constituídas por outros compostos apresentam

atividade significativa frente à esses microrganismos, entretanto até o momento não

foi possível o isolamento destes (KAZMIERCZAK, 2010).

Ainda estudos desenvolvidos na linha de pesquisa de compostos com

atividade antitumoral, mostrou que o ácido mirsinoico A e seus análogos foram

eficazes inibidores do fator de crescimento tumoral Heparin-Binding Epidermal

Growth Factor (HB-EGF), sendo este um fator expresso nos mais diversos tipos de

câncer, tais como o ovariano, gástrico, pancreático, renal, pulmonar, de próstata, de

mama e ainda o melanoma e o glioblastoma (LEE; MANDINOVA, 2011; MIZUSHINA

et al., 2005).

Outras linhas de pesquisas utilizando ácidos mirsinoicos têm sido foco de

pesquisas mais recentes, tais como a utilização de ácidos mirsinoicos A, B, C, E (4)

e F (5) como inibidores da enzima metionase presente em bactérias contaminantes

de água e alimentos e em que grande parte são a causa de doenças periodentárias,

sugerindo assim a utilização desses compostos na formulação de produtos

dentários, como por exemplo em enxaguatórios bucais (ITO et al., 2012).

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Ainda há relatos de isolamento de outros ácidos benzoicos prenilados em

menor quantidade, tais como o ácido mirsinoico E (4) e ácido mirsinoico F (5) os

quais apresentam as mesmas atividades do AMA, AMB e AMC já relatadas por

diversos autores, bem como demonstrou ser eficiente na inibição de DNA

polimerase (DONG et al., 1999; HIROTA et al., 2012; MIZUSHINA et al., 2000).

(4) (5)

No gênero Rapanea outra classe de metabólitos secundários encontrados são

as benzoquinonas. Destas podem ser citadas como principais as benzoquinonas

melanfolona (6), a mirsinona (7), bem como a mirsinaquinona (8) isoladas à partir

dos frutos da espécie R. melanopholoes. Essas três substâncias apresentaram

atividade antialimentação em ensaios com insetos Schistocerca gregaria, inibindo

também o crescimento de larvas do mosquito Aedes aegypti (MIDIWO et al., 1995).

(6)

(7) (8)

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Pode-se citar também a presença de triterpenos no gênero Rapanea, entre os

quais encontra-se o isolamento da saponina triterpenoídica chamada

sakarasosaponina, com atividade molucicida e antifúngica (OHTANI et al., 1993) e

os terpenóides 24(E)-3-oxo-dammara-20,24-dien-26-al (9) e 24(E)-3-hidroxicicloart-

24-en-26-al (10) (JANUÁRIO et al., 1992). Já na espécie R. laetevirens, foram

encontrados alquil resorcinóis com substituintes monoenóicos C11, C13 e C15 e

ácidos graxos não usuais (MADRIGAL et al., 1977).

(9) (10)

Outros compostos isolados das espécies Myrsine africana e Rapanea

melanophelos, apresentavam atividade anti-helmíntica. Bem como da espécie

Rapanea umbellata foram isolados glicosídeos cianogênicos (FRANCISCO;

PINOTT, 2000; GITHIORI et al., 2003).

3.3.1 Ácidos graxos

Sabe-se que os componentes lipídicos, principalmente os ácidos graxos

linoleico (LA) (11) e alfa-linolênico (ALA) (12) desempenham importantes funções

durante os processos metabólicos, nas membranas das células, na transferência de

oxigênio atmosférico para o plasma sanguíneo, na síntese de hemoglobina, na

divisão celular, regulação de diversos processos metabólicos, de transporte e

excreção, sendo assim denominados de ácidos graxos essenciais, por não serem

sintetizados pelo organismo (MARTIN et al.,2006; TINOCO et al., 2007).

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(11)

(12)

O LA e o ALA desenvolvem ainda importante função na produção de ácidos

graxos da família n-6 e n-3 no organismo pelas enzimas alongase e dessaturase, ou

ainda estes últimos podem ser obtidos através da dieta. O ácido linoleico pode ser

encontrado também em organismos vegetais (MARTIN et al.,2006).

O ácido araquidônico (ARA) e docosahexaenóico (DHA) são formados na

maioria dos tecidos do organismo, todavia antes do nascimento estes ácidos são

transmitidos ao feto através da placenta e está proporcionalmente relacionado à

dieta rica em ácidos graxos da mãe, principalmente os ácidos linoleico e linolênico

(precursores do ARA e DHA). A carência desses ácidos graxos no organismo

humano pode conduzir a alterações no crescimento, na pele, imunológicas,

neurológicas e sérios transtornos comportamentais (TINOCO et al., 2007).

Doenças neurodegenerativas, tais como a Doença de Alzheimer (DA),

Parkinson (PD) e Esclerose Lateral Amiotrófica (ALS) são caracterizadas pela perda

de células neuronais específicas e a presença de agregados proteicos. Até o

presente momento não se sabe ao certo os mecanismos que induzem a formação

dessa agregação, porém alguns estudos sugerem o envolvimento de fatores, tais

como o estresse oxidativo e também de lipídeos e seus produtos de oxidação nesse

processo (MIYAMOTO et al., 2011).

Estudos que verificaram a diminuição desse ácido graxo em áreas específicas

do cérebro, como o hipocampo, mantendo-se inalterado nas regiões do cortéx e

tálamo (MIYAMOTO et al., 2011).

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Diversos estudos com ácidos graxos poli-insaturados tem sido realizados nos

últimos anos. Destes, pode-se citar alguns estudos que relacionaram o aumento do

DHA no organismo à melhora de aprendizado e cognição em modelos animais com

Doença de Alzheimer. Todavia muitos estudos epidemiológicos evidenciaram uma

relação inversa entra a ingestão de ômega-3 e incidência de DA, considerando que

os estudos clínicos encontraram pouco ou nenhum efeito pronunciado no estágio

inicial da doença, indicando que a ingestão de DHA seria mais eficaz na prevenção

do que para o tratamento da doença (MIYAMOTO et al., 2011; COSTA, 2011).

Em nota, os trabalhos envolvendo ácidos graxos tais como, o DHA em

diversas doenças, principalmente as neurodegenerativas, mostra que os mesmos

podem desempenhar funções benéficas no organismo, sendo de grande importância

a investigação de novas fontes desses ácidos, tais como a Rapanea ferruginea,

acrescentando a literatura subsídios importantes sobre o tratamento dessas

patologias (COSTA, 2011).

3.4 Bioautografia

Ao longo dos anos, a bioautografia se tornou a técnica mais utilizada para

detecção da atividade antibacteriana, antifúngica, antitumoral e antiprotozoária de

substâncias com atividade biológica (CHOMA et al., 2010).

Basicamente o objetivo da técnica é avaliar qualitativamente a resposta

inibitória do crescimento de micro-organismos frente a substâncias, sendo

considerada uma metodologia prática, rápida, barata, fácil de reproduzir e que não

requere equipamentos sofisticados para tal O resultado dessa metodologia pode ser

influenciado pela técnica de bioautografia escolhida, o micro-organismo escolhido

para ser utilizado no teste, e ainda pela taxa de solubilidade de cada amostra a ser

analisada (CHOMA et al., 2010; SMÂNIA JR. et al., 2007).

Diversos tipos de cromatografia podem ser utilizados na realização dessa

metodologia, tais como, a cromatografia em camada delgada (CCD), umas das mais

utilizadas, e ainda cromatografia em camada delgada de alta performance,

cromatografia em camada delgada sobre alta pressão e eletrocromatografia planar

(CHOMA et al., 2010).

A primeira etapa consiste em testar a susceptibilidade de substâncias puras

que sejam preferencialmente polares, após essa etapa pode ser realizada a

metodologia de disco para detectar quantitativamente substâncias com potencial

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atividade inibitória do crescimento de micro-organismos, através da medida do alo

de inibição que se forma ao redor do disco caso o composto testado possua efeito

antimicrobiano, gerando um valor denominado de concentração inibitória mínima

(CIM) (CHOMA et al., 2010; SMÂNIA JR. et al., 2007).

Há ainda outra metodologia similar a técnica de disco que poderia ser

utilizada, denominada de E-test, em que ao invés de se utilizar discos se utiliza fitas

no qual a mesma trás diversas concentrações e dependendo do tamanho do alo de

inibição formado será determinada a CIM, sendo esta também considerada uma

metodologia quantitativa (CHOMA et al., 2010).

3.5 Técnicas de RMN e CG/EM

A espectrometria de ressonância magnética nuclear (RMN) é uma forma de

espectroscopia de absorção semelhante a espectroscopia de infravermelho (IV) e à

de ultravioleta (UV), ocorrendo uma interação da radiação eletromagnética com a

matéria (SILVA, 2005; SILVERSTEIN et al., 2010).

A absorção da radiação eletromagnética em um espectro de RMN ocorre em

função de determinados núcleos da molécula a ser analisada. Sendo, de forma

abreviada, o RMN considerado um registro gráfico das frequências de picos de

absorção contra suas intensidades (SILVERSTEIN et al., 2010).

Existem basicamente dois tipos de interações da radiação eletromagnética

com a amostra, uma denominada de interações magnéticas que envolvem o

acoplamento magnético nuclear e outro seria as interações de natureza elétrica que

envolve acoplamentos com o momento de quadrupolo elétrico do núcleo. Sendo

algumas das interações magnéticas mais importantes os acoplamentos dipolo-dipolo

homo e hetero nucleares, os acoplamentos dipolar e escalar entre o spin nuclear e

eletrônico, e a interação entre o spin nuclear e os elétrons de condução (SILVA,

2005).

Ainda é possível controlar a radiação eletromagnética (faixa de

radiofreqüência ou RF) e descrever a interação desta radiação com os spins

nucleares do sistema. Isto contribui em grande parte para o desenvolvimento do

grande número de técnicas utilizadas em RMN (SILVA, 2005).

Dentre as vantagens da utilização do RMN na identificação de substâncias

encontra-se a facilidade no preparo da amostra, é uma técnica bastante utilizada em

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análises de amostras complexas tais como extratos, bem como representa ser uma

análise rápida, reproduzível e estável (QIN et. al., 2012).

Entretanto sabe-se que a espectroscopia de RMN muitas vezes não é

suficiente para a elucidação de uma substância, fazendo-se necessário o uso de

outras técnicas de identificação, tais como a cromatografia gasosa acoplada ao

massa (CG/EM). O acoplamento de um cromatógrafo gasoso com o espectrômetro

de massas é bastante utilizado, em que há uma combinação da alta seletividade e

eficiência de separação da cromatografia com as vantagens da espectrometria de

massas de obtenção de informação estrutural, massa molar e aumento adicional da

seletividade (CHIARADIA et al., 2008; SILVERSTEIN et al., 2010).

O CG/EM é aplicado para análise de substâncias voláteis e termicamente

estáveis, já que este processo de separação cromatográfico é realizado sobre altas

temperaturas e na presença de gás (CHIARADIA et al., 2008).

O CG pode ser conectado através da saída da coluna capilar à fonte do EM,

uma vez que, o sistema de bombeamento do espectrômetro de massas é capaz de

captar todo o eluente da coluna. Já quando são empregadas colunas recheadas, a

pressão do eluente deve ser reduzida antes da sua entrada na fonte de íons do EM,

sendo assim deve-se utilizar um separador de jato para realizar este

interfaceamento entre os equipamentos (CHIARADIA et al., 2008).

Dentre as vantagens de se utilizar o cromatógrafo gasoso pode-se citar o

excelente poder de resolução e a alta sensibilidade, possibilitando a análise de

várias substâncias presentes em uma amostra inclusive em baixas concentrações,

cerca de 10-12g do composto mL-1 de solução dependendo do tipo de detector

empregado. Esta análise é constituída por fase móvel e estacionária assim como

outras técnicas espectroscópicas, bem como o equipamento possui uma coluna (que

será selecionada de acordo com o tipo de amostra a ser analisado) e detectores,

estes últimos responsáveis por transformarem as variações na composição do gás

de arraste em sinais elétricos (PERES, 2002).

Quanto a espectrometria de massas, esta é bastante utilizada como uma

técnica complementar de identificação. Possui como princípio da metodologia a

ionização do composto em análise, fazendo com que os íons sejam separados na

base da razão massa/carga e o número de íons que correspondem a cada unidade

de massa/carga é registrado na forma de um cromatograma, sendo realizado por fim

uma busca computadorizada para comparação do cromatograma da amostra com

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uma biblioteca de espectros de massas, o que facilita na identificação de

substâncias. Entretanto a utilização apenas dessa técnica muitas vezes não é o

suficiente como técnica de identificação (SILVERSTEIN et al., 2010; FERARY et. al.,

1995).

Sendo assim, a combinação desses dois equipamentos representam técnicas

bastante eficazes na elucidação de substâncias.

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4 MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 Material Botânico

As cascas, folhas, frutos e raízes da Rapanea ferruginea foram coletadas em

Blumenau-SC, na Rua Belo Horizonte, em Abril de 2010. A autenticidade botânica

foi verificada através da comparação entre a exsicata da planta coletada com o

exemplar autêntico depositado no Herbário Barbosa Rodrigues – Itajaí, sobre o

número de exsicata HBR52715.

4.2 Materiais e Reagentes

O perfil cromatográfico por CCD dos extratos e compostos puros obtidos, foi

realizado com placas de sílica gel 60 GF 254, de 20µm de espessura preparados

sobre folhas de alumínio da Merck. Utilizou-se diversos sistemas de eluentes,

dependendo da polaridade das amostras. O revelador químico específico

empregado na CCD inclui o anisaldeído sulfúrico, para identificação de terpenos e

esteroides.

Para preparo da coluna cromatográfica foi utilizada uma fase estacionária

sílica 60 (Merck) de granulometria 70-230 mesh. O diâmetro e altura das colunas

foram escolhidos de acordo com a quantidade do material a ser cromatografado. A

eluição foi realizada com solventes orgânicos de polaridade crescente. Os solventes

utilizados foram hexano (Hex), acetato de etila (AcOEt), álcool etílico (EtOH),

metanol (MeOH) e água. As frações coletadas foram reunidas conforme as

semelhanças de fator de retenção (Rf) identificadas na CCD.

Para análise de RMN ¹H e RMN ¹³C foi utilizado como solventes para

solubilizar as amostras clorofórmio e acetona deuterada, proveniente da Cambridge

Isotope Laboratories Inc.

Além dos reagentes citados acima, foram utilizados acetona, clorofórmio e

diclorometano (DCM), na eluição das CCD.

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4.3 Equipamentos

Para caracterizar os compostos presentes nos extratos, foram utilizados

dados espectroscópicos usuais como Ressonância Magnética Nuclear de hidrogênio

(RMN-1H) e cromatografia a gás acoplada à espectrometria de massas (CG/EM).

Os espectros de Ressonância Magnética Nuclear de 1H foram realizados em

espectrômetro BRUKER AC-300F 300 MHz e BRUKER Avance DPX300 300 MHz.

Para obtenção dos cromatogramas de cromatografia gasosa acoplada à

espectrometria de massas foi utilizado o equipamento modelo GCMSQP2010S. As

colunas utilizadas possuíam 30 metros de comprimento e diâmetro interno de

0,25mm cada, variando apenas na espessura do filme e no tipo de coluna para cada

amostra. Em que, para análise do Glicerídeo e frações da coluna de amidação

utilizou-se uma coluna RTX1 com espessura de 0,10µm e para análise do extrato

dos frutos a coluna utilizada foi a RTX®-WAX com espessura de 0,25µm.

Para análise do Glicerídeo e extrato dos frutos por CG/EM o modo de injeção

utilizado foi split na razão 50:1, a temperatura da injeção foi de 270°C e o volume da

injeção foi de 1µL. O fluxo de gás Hélio (He) variou conforme a amostra analisada,

em que para análise do Glicerídeo o fluxo foi de 0,7mL/min e para análise do extrato

dos frutos de R. ferruginea o fluxo foi de 0,8mL/min.

Já para análise das frações provenientes da coluna do extrato dos frutos

amidado as condições foram outras. O modo de injeção utilizado foi split na razão

40:1, a temperatura da injeção foi de 300°C e o volume da injeção foi de 1 µL. O

fluxo de gás Hélio (He) foi de 0,78mL/min.

A programação do forno variou conforme o tempo de análise, em que no

início a temperatura foi de 70°C permanecendo nessa temperatura por 1min, em

seguida a velocidade para aumento de temperatura foi de 20°C/min até atingir

210°C, posteriormente foi de 8°C/min até 250°C e por último esta velocidade foi de

10°C/min até 270°C para a análise do Glicerídeo e até 260°C para o extrato dos

frutos, permanecendo então nessa temperatura durante 5 min.

Para a análise das frações, a temperatura inicial foi de 110°C permanecendo

nessa temperatura durante 1 min, em seguida a velocidade para aumento de

temperatura foi de 25ºC/min até 210°C, logo após a velocidade foi de 15°C/min até

atingir 290°C e em seguida a velocidade foi de 12°C/min até 310°C permanecendo

então nessa temperatura durante 10 min.

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4.4 Obtenção de extratos

Os frutos, cascas, raiz e folhas da R. ferruginea foram secos e moídos, e

posteriormente foi pesado aproximadamente 2g de cada parte separadamente. As

mesmas foram submetidas separadamente a um processo de extração por

maceração com etanol (EtOH) como solvente extrator durante sete dias.

Parte das cascas ainda foram submetidas a um processo de extração com

clorofórmio. Após filtração, o solvente foi removido por destilação em evaporador

rotatório sob pressão reduzida.

Os extratos foram nomeados de extrato dos frutos de R. ferruginea (RFEFR),

extrato das cascas de R. ferruginea (RFECA), extrato da raiz de R. ferruginea

(RFERA) e extrato das folhas de R. ferruginea (RFEFO).

4.5 Reação de amidação

Em um balão acoplado a um condensador de refluxo dissolveu-se 449 mg de

extrato dos frutos secos da R. ferruginea em 217 mg de dodecilamina e 30 mL de

THF, seguido de 129 mg de DCC (Dicicloexildiimida), este último foi adicionado

como catalizador da reação. A mistura foi aquecida sobre refluxo por um período de

3h e monitorada através de cromatografia em camada delgada (CCD) a cada 30

minutos, utilizando como fase móvel hexano:acetato (6:4) e como revelador químico

solução de anisaldeído sulfúrico. Após o término da reação o solvente foi evaporado

em temperatura ambiente e o produto da reação sem purificação prévia foi analisado

por bioautografia.

4.6 Reação esterificação

Em um balão acoplado a um condensador de refluxo dissolveu-se 200 mg de

extrato dos frutos secos da R. ferruginea em 40mL de metanol, seguido de

aproximadamente 8 gotas de ácido sulfúrico, sendo este o catalizador da reação. A

mistura foi aquecida sobre refluxo por um período de 150 min e monitorada por

cromatografia em camada delgada a cada 30 minutos, utilizando como revelador

químico anisaldeído sulfúrico. Após o término da reação o solvente foi evaporado em

temperatura ambiente, solubilizado em Hexano e analisado por CG/EM.

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4.7 Coluna do extrato dos frutos após a reação de amidação

Cerca de 0,73g do extrato dos frutos de R. ferruginea após a reação de

amidação foi submetido à um processo de purificação por cromatografia em coluna.

Como fase móvel foram utilizados solventes de polaridade crescente, sendo esses:

hexano, acetato de etila e álcool etílico. Foram coletadas 110 frações, e dessas,

aquelas que apresentaram semelhanças de fator de retenção (Rf) através de CCD,

foram reunidas. As frações de interesse foram submetidas a análise por RMN e

CG/EM.

4.8 Coluna I: fração 70-72 do extrato clorofórmio das cascas

À partir do extrato clorofórmio das cascas I da R. ferruginea (73g) foi realizado

uma coluna cromatográfica utilizando como fase estacionária sílica-gel e fase móvel

uma mistura de solventes de polaridade crescente. Esta coluna foi realizada pela

acadêmica do Curso de Farmacia Noliana Backes como parte de seu Trabalho de

Iniciação Científica.

Dentre as frações obtidas, a fração 70-72 proveniente desta coluna (6,006g),

foi submetida a um novo procedimento cromatográfico. Como fase estacionária

utilizou-se sílica e como fase móvel foram utilizados solventes de polaridade

crescente, sendo esses: hexano, acetato de etila e metanol. Foram coletadas 144

frações, onde dessas, aquelas que apresentaram semelhanças de Rf quando

analisadas por CCD, foram reunidas e posteriormente avaliadas por RMN.

4.9 Coluna II: fração 95-98 do extrato clorofórmio das cascas

Outra fração que demonstrou excelente perfil por CCD foi a 95-98, e à partir

desta foi realizado um procedimento cromatográfico utilizando 1,3244g de amostra.

Como fase estacionária utilizou-se sílica e como fase móvel foram utilizados

solventes de polaridade crescente, sendo esses: hexano, acetato de etila e metanol.

Foram coletadas 141 frações, onde dessas, aquelas que apresentaram

semelhanças de Rf quando analisadas por CCD, foram reunidas. As frações de

interesse foram avaliadas por RMN e posteriormente por bioautografia.

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4.10 Ensaio biautográfico

Para o direcionamento da pesquisa na localização dos componentes com

potencial antimicrobiano foi realizado o ensaio da bioautografia. Para tal foi

preparado um cromatograma com o extrato dos frutos de R. ferruginea (RFEFR), o

extrato dos frutos esterificado (RFEFR-ED) e o extrato dos frutos amidado (RFEFR-

AM) para análise da atividade frente à cepas de S. aureus e localização de

compostos com ação antimicrobiana.

O mesmo teste foi realizado com as frações de interesse provenientes da

coluna cromatográfica da fração 95-98, com o objetivo também de definir a

localização dos compostos com ação antimicrobiana nessas frações.

Durante a realização desse método foi utilizado o TSA como meio de cultura

sólido, onde primeiramente este foi fundido, inoculado com cepas de Staphylococcus

aureus ATCC e aplicado sobre a placa cromatográfica, na qual foi eluído as frações

e os extratos (bruto, amidado e esterificado). As placas foram incubadas

invertidamente por um período de 24h a uma temperatura de 37°C, onde durante a

incubação da placa, os compostos ultrapassam o meio por difusão formando zonas

de inibição do crescimento microbiano (DE SOUZA, 2003). Após foi realizada a

revelação das placas utilizando cloreto de 2,3,5-trifenil tetrazólio (TTC) como agente

revelador, podendo analisar as zonas de inibição das substâncias presentes no

extrato avaliado.

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35

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 Extratos Etanólico

Os extratos etanólicos das diferentes partes de R. ferruginea foram

obtidos por maceração. Após a evaporação do solvente foi calculado o

rendimento dos extratos conforme apresentado na Tabela 1, a fim de verificar se

estes apresentavam diferença no rendimento.

Tabela 1 – Rendimento dos extratos dos frutos, das cascas, folhas e raiz de R. ferruginea.

PARTE DA PLANTA QUANTIDADE

PESADA(g)

RENDIMENTO (g) RENDIMENTO (%)

Frutos 2,056 0,2815 13,69

Folhas 2,042 0,3320 16,26

Casca 2,014 0,3038 15,08

Raíz 2,069 0,5830 28,18

Os extratos das folhas e casca de R. ferruginea apresentaram rendimento

bastante semelhantes, com exceção dos extratos dos frutos e da raíz. Sendo que

destes, o que obteve maior rendimento foi o extrato da raiz.

As diferentes partes da planta possuem funções específicas. As folhas por

exemplo, são ricas em clorofila, que tem como função canalizar a luz do sol,

auxiliando assim no processo denominado de fotossíntese. Entretanto as plantas

produzem muito mais energia do que realmente necessitam, fazendo com que este

estoque de energia seja armazenado nas folhas, caules, raízes, frutos ou sementes

para uso posterior. As sementes e frutos ainda estocam grande parte dos nutrientes

(FERNANDO, 2012). Dentre as funções da raiz, encontra-se a fixação e a captação

de água e nutrientes sendo distribuída através do caule e ramificações por toda a

planta (HODGE et al., 2009).

Sabe-se que as membranas biológicas presentes nas plantas, são os

principais alvos da mudança de temperatura. As membranas biológicas são

compostas por lipídeos e proteínas que cercam células e organelas, essenciais no

processo de fotossíntese, respiração e transporte. Devido a esse fator, estudos têm

relacionado a presença de lipídios e ácidos graxos na planta à sensibilidade a

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36

mudanças ambientais, tais como a diminuição da temperatura está associada a um

aumento na produção de ácidos graxos poliinsaturados, principalmente o ácido β-

linolênico (ROMÁN et al., 2012).

Os diferentes extratos também foram avaliados por CCD e apresentaram

perfis cromatográficos diversificados. Na figura 2 está apresentado a CCD dos

extratos em comparação aos padrões impuros do AMA e AMB isolados previamente

(COSTA, 2011). Pode-se verificar na raiz, nos frutos e cascas a presença do

composto AMA (Rf= 0,80). Porem o triglicerídeo apresentou Rf idêntico ao do AMA o

que pode levar a resultados duvidos. Já no extrato da raiz e casca houve predomínio

do AMB (Rf= 0,49). O extrato das folhas apresentou perfil diferente os demais

extratos. Neste não ficou evidenciado os ácidos mirsinóicos.

Figura 2 – CDD referente aos extratos provenientes das diferentes partes da R. ferruginea:

extrato da raiz (RFERA) (1), extrato das folhas (RFEFO) (2), extrato dos frutos (RFEFR) (3), extrato das cascas (RFECA) (4), AMA (5), AMB (6), triglicerídeo (TGL). Fase móvel Hexano: Acetato de Etila (6:4).

1 2 3 4 5 6 7

O OH

OH

1

2

34

5

6

7

1'

2'

3'

4'

5'

6'

7'

8'

10'9'

1"

2"

3"

4"

5"

AMA

O

O OH

OH1 2

3

4

5

6

71"

2"

1'2'

3'

4'

5'

3"

5"

4"

7'6'

8'

AMB

Os extratos dos frutos folhas e caules foram avaliados por Gazoni (2009),

onde foi possível isolar dos frutos o ácido mirsinóico A. Dos caules e folhas se isolou

o ácido mirsinóico B, o esterol espinasterol, ácidos graxos e alcoóis graxos. Os

frutos também foram avaliados por Costa (2011) onde foi isolado o AMA além de

triglicerídeos e alcoóis graxos. Já das cascas foram obtidos os ácidos mirsinóicos A,

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37

B e C alem de ácidos graxos (FRONZA e GIURADELLI, 2009). Estes ácidos

mirsinoicos e o triglicerídeo são de importância, principalmente, devido aos

resultados obtidos frente a enzima acetilcolinasterase e sobre a memória de animais

normais e com DA induzida por estreptozotocina.

Quando comparados estruturalmente, tanto o AMA quanto o AMB apresentam

estruturas bem semelhantes, o qual a principal diferença se encontra no grupamento

fenol encontrado no AMA não representado no AMB. A transformação do AMA em

AMB ocorre através de uma reação de adição de água a dupla ligação adjacente ao

anel aromático.

Os extratos também foram analisados por RMN de 1H, visto que essa técnica

possibilita a análise de todos os hidrogênios presentes na amostra. Na figura 3 está

apresentado o espectro de RMN de 1H do AMB, AMA e do extrato dos frutos

(RFEFR). Foi possível verificar maior semelhança dos deslocamentos químicos do

espectro do extrato com o AMA. Pode-se confirmar tal resultado, através da seleção

de sinais exclusivos de cada composto utilizado para esta comparação. Sendo

assim, pode-se perceber um tripleto na região de 3,45 ppm referente a 4 hidrogênios

atribuídos aos metilenos H-1’ e H-1’’ que são característicos somente da molécula

de AMA. Existe sinais que são característicos para os ácidos mirsinóicos, como o

simpleto na região de 7,75 ppm referente aos hidrogênios do anel aromático

encontrados no AMA e no AMB. Os sinais referentes aos hidrogênios do glicerídeos

são encontrados na região de 0,5 a 2,5 ppm e de 3,0 a 4,5 ppm, mas como o AMA é

o majoritário estes sinais quase não são detectados

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38

Figura 3 - Espectros de RMN ¹H ácido mirsinóico B (a) e ácido mirsinóico A (b) e extrato dos frutos de R. ferruginea (RFEFR) (c).

Na figura 4 estão apresentados o espectro de RMN de 1H do extrato etanólico

da raiz e dos ácidos mirsinoicos A e B. Observa-se que o extrato é majoritariamente

composto por ácido mirsinoico B. Isto pode ser comprovado no espectro de RMN 1H

pelo tripleto em 4,74ppm referente ao hidrogênio oximetínico H-2. Outro sinal

relevante nesta análise foi na região entre 5,12 e 5,31ppm com integral para 2

hidrogênios referentes aos hidrogênios olefínicos H-2’’ e H-4’’, assim como o

multipleto em 3,29ppm atribuído aos H-3 e H-1’’. O simpleto na região de 7,75ppm

referente aos hidrogênios aromáticos também foi possível de ser visualizado. Sinais

de glicerídeos e ácidos graxos não foram detectados devido a prevalência dos

ácidos mirsinoicos.

Não há na literatura nenhum trabalho referente a composição química da raíz

da R. ferruginea, porém neste trabalho foi possível concluir que este apresenta uma

composição muito parecida com as cascas.

a)

c)

b)

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39

Figura 4 – Espectros de RMN ¹H ácido mirsinóico B (AMB) (a) e ácido mirsinóico A (AMA) (b) e o extrato da raiz de R. ferruginea (RFERA) (c).

Quando comparado ao espectro do AMA e AMB o extrato das cascas (Figura

5) apresentou similaridade ao AMB. O simpleto em 7,70 ppm corresponde aos

hidrogênios aromáticos H-2 e H-6. Além do tripleto na região de 4,80 ppm referente

a 4 hidrogênios atribuídos aos metilenos H-1’ e H-1’’, característicos da molécula do

AMB. Na figura 5 está apresentado o espectro de RMN de 1H das cascas e dos

ácidos mirsinoicos A e B.

a)

c)

b)

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40

Figura 5 – Espectros de RMN ¹H ácido mirsinóico B (AMB) e ácido mirsinóico A (AMA) com o extrato das cascas de R. ferruginea (RFECA).

O extrato etanólico das folhas (Figura 6), não apresentou sinais específicos

para determinar a proporção do AMA e AMB dentro do extrato, bem como

apresentou na região de 4,20ppm um sinal não característico de nenhum dos

compostos em análise, confirmando o resultado demonstrado por CCD, o qual esse

extrato apresentava-se ausente de ambos os ácidos mirsinoicos avaliados.

a)

c)

b)

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41

Figura 6 – Espectros de RMN ¹H ácido mirsinóico B (AMB) (a) e ácido mirsinóico A (AMA) (b) com o extrato das folhas de R. ferruginea (RFEFO) (c).

Após análise dos sinais presentes nos espectros, os dados foram transpostos

em tabelas para melhor comparação dos extratos com as substâncias. Na tabela 2

estão apresentados os valores de deslocamento dos extratos que coincidem com os

compostos isolados.

a)

c)

b)

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42

O OH

OH

1

2

34

5

6

7

1'

2'

3'

4'

5'

6'

7'

8'

10'9'

1"

2"

3"

4"

5"

O

O OH

OH1 2

3

4

5

6

71"

2"

1'2'

3'

4'

5'

3"

5"

4"

7'6'

8'

Tabela 2 - Valores de deslocamento do RMN de 1H dos extratos dos frutos (RFEFR), das cascas (RFECA), folhas (RFEFO) e raiz (RFERA) referente ao AMA e AMB.

5.2 Reações de amidação e esterificação

Sabendo que o extrato dos frutos é constituído em grande parte por

substâncias ácidas como o AMA, além de triglicerídeo e ácidos graxos de cadeia

longa (GAZONI, 2009; COSTA, 2011), foi necessário realizar uma reação de

Carbono AMB

AMA

RFEFR RFECA RFEFO RFERA

1 2 4,73;t 7,69;s 7,70;s 4,74;t 3 3,17;m 4 7,75;s 7,75;s 5 6 7,75;s 7,69;s 7,70;s 7,75;s 1’ 3,38;m 4,80;t 2’ 1,54;m 5,34;t 5,34;t 1,54;m 1,58;m 3’ 2,11;m 2,10;m 2,11;m 4’ 5,11;t;5,30 5,11;t;5,30 5’ 2,08;m 2,10;m 6’ 1,62;s 5,12;d 5,07;d 1,62;s 7’ 1,30;s 1,30;s 8’ 1,68;s 1,72;s 1,68;s 1,68;s 9’ 1,74;s 1,77;s 10’ 1,63;s 1,60;s 1’’ 3,29;m 3,40;t 3,40;t 4,80;t 3,29;m 2’’ 5,11;t,5,30 5,34;t 5,34;t 5,11;t;5,30 5,12;t;5,31 3’’ 4’’ 1,72;s 1,74;s 1,77;s 1,72;s 1,73;s 5’’ 1,74;s 1,77;s

COOH

(1) (2)

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esterificação para que o mesmo pudesse ser analisado por CG/EM. Sendo assim, o

intuito dessa reação era quebrar a cadeia lateral do triglicerídeo para que fosse

possível obter os ésteres metílicos dos ácidos graxos, bem como do AMA, já que os

compostos não podem ser avaliados em sua forma ácida.

A reação foi monitorada por CCD, conforme apresentado na figura 7, que

apresenta o monitoramento após duas horas de reação. Utilizou-se padrões de AMA

e AMB para avaliar o final da reação. Nota-se que a medida que a reação foi

ocorrendo, houve surgimento de novas manchas na placa com Rf de 0,39, 0,45,

0,63, 0,69 e 0,76 respectivamente, bem como ocorreu uma redução das manchas

relacionadas ao AMA. O AMB não foi detectado nesse extrato.

Figura 7 – CDD referente ao monitoramento da reação de esterificação dos frutos de R. ferruginea. Da esquerda para direita: Reação (1), extrato dos frutos de R. ferruginea

(RFEFR) (2), AMA (3) e AMB (4).

A reação de amidação foi realizada no intuito de obter a amida derivada do

AMA, uma vez que amidas derivadas do AMB foram obtidas por Tomio (2011) e

apresentaram valores de concentração inibitória (CI50) para células tumorais

inferiores aos observados para o AMB. Os derivados do AMB também foram

avaliados por biautografia frente a S. aureus, mas não apresentaram halos de

inibição (dados não publicados). Na figura 8 está apresentado a CCD do

monitoramento da reação. Pode-se observar que o AMA foi totalmente consumido

formando a amida de cadeia longa (12 carbonos) do AMA.

4 3 2 1

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Figura 8 – CDD referente ao monitoramento da reação de amidação dos frutos de R. ferruginea. Da esquerda para direita: extrato dos frutos de R. ferruginea

(RFEFR) (1), Reação (2), AMA (3) e AMB (4).

Na figura 9 e 10 estão apresentados esquema das reações de esterificação e

amidação em relação ao AMA e de triglicerídeo ou ácidos graxos presentes no

extrato.

Figura 9 – Reação de esterificação do ácido mirsinóico A (AMA) (a) e amidação do ácido mirsinóico A (AMA) (b).

1 2 3 4

a)

b)

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45

Figura 10 – Reação de esterificação (a) e amidação (b) do triglicerídeo ou ácidos graxos presentes no extrato dos frutos de R. ferruginea.

Assim como os extratos dos frutos, aqueles obtidos após a esterificação e

amidação também foram avaliados por RMN de 1H (figura 11). Os sinais na região

de 3,15ppm, 3,65ppm e 3,85ppm que aparecem como simpletos, referentes aos

hidrogênios de metoxilas confirmam que a esterificação ocorreu no extrato (Figura

11b), já que os mesmos não estão presentes no espectro do extrato. Os sinais na

região de 3,20 ppm e 6,55 ppm presentes no espectro do extrato amidado (figura

11a) confirmam que ocorreu a amidação.

a)

b)

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46

Figura 11 – Espectros de RMN ¹H do extrato dos frutos da R. ferruginea amidado (RFEFR-AM) (a) e extrato dos frutos de R. ferruginea esterificado (RFEFR-ED) (b) com o extrato dos frutos de R. ferruginea (RFEFR) (c).

5.3 Avaliação por cromatografia a gás acoplada a espectrometria de

massas (CG/EM)

O extrato esterificado dos frutos de R. ferruginea foi submetido a análise por

CG/EM com o objetivo de elucidar a cadeia lateral dos triglicerídeos e ou ácidos

graxos presentes no extrato. Esta análise é importante pois um estudo realizado por

Costa (2011), constatou que um triglicerídeo obtido dos frutos apresentou atividade

muito significativa na memória de animais com DA.

Na figura 12 está apresentado o cromatograma obtido do extrato dos frutos

esterificado. Os espectros de massas obtidos de cada pico foram comparados com

os espectros existentes na biblioteca de massas. A cadeia lateral dos ésteres é

constituída pelo ácido palmítico (14), ácido esteárico (15), ácido oléico (16), ácido

linoléico (11) e ácido linolênico (12).

a)

c)

b)

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47

Figura 12 – Análise obtida por cromatografia a gás do extrato dos frutos de R. ferruginea.

Na figura 13 está apresentado o cromatograma do triglicerídeo esterificado

isolado anteriormente por COSTA (2011) e que foi possível, somente agora, a sua

avaliação. Pode-se observar composição semelhante aos ésteres de ácidos graxos

obtidos da esterificação direta com o extrato, somente as proporções são diferentes,

bem como a presença do ácido palmitoléico (17) não visualizado no extrato.

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Figura 13 – Cromatograma de CG/EM do Glicerídeo esterificado (GLIE) obtido à partir de R. ferruginea.

Na tabela 3 estão apresentadas as substâncias constituintes do extrato

esterificado dos frutos de R. ferruginea (RFEFR-ED) em comparação com o

glicerídeo esterificado (GLIE) com suas respectivas proporções. Pode-se observar

semelhança entre as amostras analisadas.

Tabela 3 – Avaliação por CG/EM do Extrato esterificado dos frutos de R. ferruginea (RFEFR-ED) e do Glicerídeo esterificado (GLIE).

Na figura 14 estão representados as estruturas dos ésteres provenientes do glicerídeo após a esterificação.

GLICERÍDEO EXTRATO DOS FRUTOS

Substância Proporção

(%)

Proporção (%)

Ácido palmítico 54,37 19,06

Ácido palmitoleico 1,33 --

Ácido linoleico 32,55 42,29

Ácido oleico 8,06 32,30

Ácido esteárico -- 2,99

Ácido linolênico -- 3,35

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Figura 14 – Fluxograma simplificado dos ésteres provenientes do Glicerídeo esterificado.

Sabendo que os ácidos graxos possuem influencia diretamente proporcional à

neurodegeneração não apenas na DA, mas também em outras doenças que

envolvem o Sistema Nervoso Central (SNC), esta pesquisa serve de subsídio

complementar à estudos realizados por Costa (2011) que avaliou essa amostra não

esterificada e obteve resultados muito promissores.

Como se pretendia isolar o ácido mirsinóico A e ácidos graxos amidados, foi

realizado uma coluna cromatográfica do produto da reação. Frações de interesse

foram avaliadas por CG/EM.

Na figura 15 está apresentado o cromatograma da fração 45-48 referente à

coluna do extrato dos frutos amidado. Pode-se observar a presença de três picos

majoritários na análise, o qual cada um deles foi analisado pelo espectro de massas

e comparados com os espectros existentes na biblioteca de massas.

MetOH + H2SO4

(13)

(11)

(12)

(14)

(15) (16)

(17)

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50

Figura 15 - Cromatograma da fração 45-48 referente à coluna do extrato dos frutos amidado.

O espectro de massas do pico 1(Figura 16) ao ser comparado com a

biblioteca do massas, pode-se perceber que se trata de um dos ácidos graxos em

sua forma amidada. O pico intenso em 43 m/z pode caracterizar a presença da

cadeia lateral (C3H7) (SILVERSTEIN et. al, 2010).

Outro pico indicativo de que este espectro se trata de um dos ácidos graxos

amidado seriam os picos em 169 m/z referente à uma cadeia carbônica contendo 12

carbonos e em 212 m/z referente à cadeia carbônica contendo 12 carbonos mais a

amida. Ainda o pico em 227 m/z referente à uma cadeia carbônica contendo 16

carbonos e o pico em 240 m/z referente à uma cadeia carbônica contendo uma

amida são indicativos de que o pico 1 se trata do ácido linoleico amidado. É

importante ressaltar que a estrutura presente no espectro de massas sugerido pela

biblioteca possui apenas 79% de similaridade com a substância. A figura 16 mostra

os espectros de massa do pico 1 em comparação ao espectro encontrado na

biblioteca.

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51

Figura 16 - Espectros de massas do composto correspondente ao pico 1 onde (a) espectro do composto e (b) espectro encontrado na biblioteca.

50 100 150 200 250 300 3500.00

0.25

0.50

0.75

1.00(x10,000)

43

11457

86240212

22710071

142 186156353

296169 254 310 324

50 100 150 200 250 300 3500.00

0.25

0.50

0.75

1.00(x10,000)

227

43

57240

73

21211486184 254128 296282142 324170156 310

NH

O

No espectro de massas do pico 2 (figura 17) percebe-se que este é bem

similar a substância do pico 1, possuindo os picos iniciais referente a série homóloga

de carbonos e a amida primária proveniente da quebra da ligação da cadeia

carbônica com o carbono da amida. Em 212 m/z também foi possível verificar o pico

referente à amida com 12 carbonos.

A principal diferença seria com relação ao íon molecular o que leva a

conclusão que pode se tratar de um ácido graxo com uma cadeia carbônica mais

longa. Quando comparado a biblioteca do massas a substância sugerida, presente

no espectro de massas da biblioteca, apresentou similaridade de 84% com a

substância em análise. A figura 17 mostra os espectros de massas do pico 2 em

comparação ao espectro encontrado na biblioteca.

b)

a)

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52

Figura 17 - Espectros de massas do composto correspondente ao pico 2 onde (a) espectro do composto e (b) espectro encontrado na biblioteca.

50 100 150 200 250 300 3500.00

0.25

0.50

0.75

1.00(x10,000)

43

57 114

73

24086 212

128142

184 296

367

254156 324268 338198 310

50 100 150 200 250 300 3500.00

0.25

0.50

0.75

1.00(x10,000)

227

43

57367

24073

11486184 254128 296142 268 324156 200 310

NH

O

Por último, o pico 3 (figura 18) apresentou no espectro de massas, sinais

referentes à série homóloga de hidrocarbonetos e o pico referente à amida primária,

bem como o pico em 212 m/z referente à amida contendo 12 carbonos.

Não contendo outros picos que possam diferenciá-lo das substâncias

anteriores encontradas no cromatograma. Quando comparado com o espectro de

massas da biblioteca, a substância em análise apresentou similaridade de 85%.

Todavia através da estrutura química demonstrada sabe-se que o pico 3 não se trata

dessa substância. A figura 18 mostra os espectros de massas do pico 3 em

comparação ao espectro encontrado na biblioteca.

a)

b)

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Figura 18 - Espectros de massas do composto correspondente ao pico 3 onde (a) espectro do composto e (b) espectro encontrado na biblioteca.

50 100 150 200 250 300 3500.00

0.25

0.50

0.75

1.00(x10,000)

57

7143

18321295

109 395

155

50 100 150 200 250 300 3500.00

0.25

0.50

0.75

1.00(x10,000)

18357

43

71

95109

165

O

O

Na figura 19 está apresentado o cromatograma da fração 49-52 em

comparação a fração 45-48 referente à coluna do extrato dos frutos amidado. Pode-

se observar que além das três substâncias que já haviam sido detectadas na fração

anterior, a fração 49-52 conta com a presença de um quinto pico. A espectrometria

de massas do pico 4 foi descartada pelo fato de apresentar baixa similaridade as

substâncias presentes na biblioteca, impossibilitando a comparação. O pico 5 foi

analisado pelo espectro de massas e comparados com os espectros existentes na

biblioteca de massas.

Figura 19 - Sobreposição dos cromatogramas das frações 45-48 e 49-52 provenientes da coluna do extrato dos frutos amidado.

Através do espectro de massas do pico 5 pode-se perceber que esta

substância apresenta picos característicos de amida, tais como o pico em 212 m/z

referente a uma amida com 12 carbonos. Apesar do íon molecular representado no

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espectro não condizer à estrutura do AMA amidado, podendo este não estar

relacionada a estrutura do composto em questão, um pico importante que

caracteriza esse composto como sendo o ácido mirsinóico A amidado é pico em 325

m/z referente à quebra da cadeia de hidrocarbonetos (12C) com a estrutura do AMA

amidado. Na figura 20 está representado o espectro de massa correspondente ao

pico 5 do cromatograma.

Figura 20 - Espectro de massas do composto correspondente ao pico 5.

50 100 150 200 250 300 350 4000.0

25.0

50.0

75.0

100.0

%

212

43

30

71184

85257

114 186128 353 424240156 284 325

5.4 Ensaio Bioautográfico

O ensaio de bioautografia foi realizado para o direcionamento da pesquisa na

localização dos componentes com potencial antimicrobiano. No trabalho de Iniciação

Científica realizado pela acadêmica Katherine (2010) foi verificado halos de inibição

referentes aos ácidos mirsinóicos A e B, e para outras substâncias não identificadas

presentes nos extratos dos frutos e cascas de R. ferruginea frente à cepas de S.

aureus. No presente trabalho os extratos dos frutos esterificado e amidado foram

submetidos ao bioensaio no intuito de avaliar se a troca do grupo ácido por uma

amida influenciaria na atividade biológica. A figura 21 refere-se a este ensaio. O

extrato dos frutos apresentou o halo de inibição referente ao AMA (Rf= 0,76), já o

extrato dos frutos esterificado também apresentou um halo de inibição com o mesmo

Rf do AMA, indicando que a esterificação não foi concluída e esse composto

presente no extrato dos frutos esterificado se trata também do AMA, que confirma o

observado previamente por CCD quando a reação foi realizada. Já o extrato

amidado não apresentou nenhum halo de inibição, confirmando que a troca do

grupamento ácido por um éster ou amida interfere na atividade antimicrobiana.

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Figura 21 – Bioautografia referente ao extrato dos frutos de R.ferruginea (RFEFR) (1), do extrato dos frutos esterificado (RFEFR-ED) (2) e do extrato dos frutos amidado (RFEFR-AM) (3). Fase móvel: Hexano:Acetato de etila (6:4).

Tendo em vista que diversas frações provenientes da coluna do extrato de

diclorometano das cascas de R. ferruginea realizada pela aluna Katherine

apresentaram atividade antimicrobiana, o qual dentre estas, a fração denominada

95-98 apresentou o melhor perfil antimicrobiano (KAZMIERCZAK, 2010) e foi

submetida a um novo procedimento cromatográfico. A figura 22 refere-se ao ensaio

bioautográfico das frações provenientes da coluna da fração 95-98 do extrato

diclorometano das cascas.

1 2 3

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Figura 22 - Bioautografia referente às frações da coluna clorofórmio das cascas de R.

ferruginea. Da esquerda para direita: fração 33-39 (1), fração 40-56 (2), fração 65-72 (3), fração 90-102 (4), fração 103-117 (5), fração 131-139 (6), fração 141 (7). Fase móvel: Hexano:Acetato de etila (6:4).

A bioautografia das frações também apresentaram atividade antimicrobiana

para uma substância presente na fração 33-39 com Rf 1(spot 1), sendo necessário

fazer nova análise para confirmação deste resultado, considerando que o valor de Rf

1 não é adequado para análises por CCD, já que mais de uma substância podem

estar contidas na mesma região. Outra fração que apresentou halo de inibição frente

a cepas de S. aureus foi a fração 90-102 (spot 4). Nessa fração foram observados

dois halos de inibição com Rf= 0,04 e Rf=0,32.

Visto que as frações acima mencionadas apresentaram atividade

antimicrobiana surge a necessidade de elucidar a estrutura química desses

compostos com o objetivo de futuramente poder relacionar a estrutura com a

atividade apresentada, bem como demais substâncias purificadas presentes na

coluna.

Na análise espectroscópica por RMN 1H da fração 90-102 (figura 23), o sinal

como multipleto entre 7,5 a 8,0 ppm refere-se a hidrogênios aromáticos. Vários

sinais são encontrados entre 0,5 a 3,0 ppm indicando caráter de hidrocarboneto.

2 4 6 1 7 5 3

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Entretanto será necessário realizar uma análise de RMN de 13C para tentar

caracterizar a substância.

Figura 23 - Espectro de RMN ¹H da fração 90-102 proveniente da coluna da fração 95-98 do extrato diclorometano das cascas de R. ferruginea.

O extrato das cascas foi previamente submetido a cromatografia em coluna

na tentativa de isolar os compostos de interesse. Algumas frações somente agora

avaliadas.

A fração denominada 70-72 foi submetida a procedimentos cromatográficos

da qual a fração 4 foi submetida a RMN de 1H (figura 24). Foi observado a presença

de dois simpletos próximo a 7,6 ppm atribuídos a hidrogênios de anel aromático.

Outro sinal de destaque são os dois dupletos em aproximadamente 0,7 ppm. Esses

sinais são característicos de anel ciclopropano. Esta informação pode indicar que

esta substância seja da classe das benzoquinonas encontradas no gênero Rapanea.

Faz-se necessário a análise de RMN 13C para identificar esta substância.

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Figura 24 - Espectro de RMN ¹H da fração 4 proveniente da coluna da fração 70-72 do extrato diclorometano das cascas de R. ferruginea.

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6 CONCLUSÃO

As análises espectroscópicas por RMN 1H demonstraram que o ácido

mirsinóico A é o composto presente em maior quantidade no extrato dos frutos

(RFEFR), já o ácido mirsinóico B pode ser encontrado em maiores quantidades no

extrato da raíz (RFERA) e também está presente no extrato das cascas (RFECA), já

o extrato das folhas (RFEFO) não apresenta nenhum dos dois compostos. Esses

resultados encontrados possibilita um melhor direcionamento para realização de

pesquisas com esses dois compostos.

Através da análise bioautográfica do extrato, extrato amidado e esterificado

tem como concluir que a troca do grupamento ácido presente na estrutura do AMA

por uma amida ou éster prejudica sua atividade antimicrobiana, fazendo com que a

presença do ácido na estrutura seja essencial para a atividade.

Das frações provenientes da coluna da fração 95-98, e que foram analisadas

por bioautografia, a fração 90-102 foi a que mais apresentou atividade

antimicrobiana, não sendo possível identificá-la através de RMN de 1H até o

momento, sendo necessário realizar uma análise por espectrometria de RMN de 13C.

Quando analisado por CG/EM, o extrato dos frutos (RFEFR) apresentou

resultados promissores, constatando que o mesmo é realmente rico em diversos

ácidos graxos quando em comparação com o GLIE. Os ácidos graxos presentes no

extrato são ácido palmítico, ácido esteárico, ácido oleico, ácido linoleico e ácido

linolênico, sendo dentre estes o ácido linoleico o composto majoritário.

Ainda, através da análise por CG/EM das frações 45-48 e 49-52 referente a

coluna do extrato dos frutos amidados pode-se verificar que foi possível isolar o

ácido linoleico amidado e o AMA amidado respectivamente.

Á partir da coluna das cascas de R. ferruginea foi possível isolar um composto

pertencente da classe das benzoquinonas e outro composto que não se encontra

totalmente elucidado, sendo necessário realizar novas análises.

Os resultados do presente trabalho indicam a necessidade de continuar os

estudos fitoquímicos para que se possa esclarecer a estrutura química das

substâncias não identificadas, bem como esclarecer possíveis mecanismos

envolvidos na atividade antimicrobiana.

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