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MANUEL ANTONIO GORDÓN NÚÑEZ AVALIAÇÃO CLÍNICA DA SAÚDE BUCAL DE CRIANÇAS COM NEOPLASIAS MALIGNAS ATENDIDAS NO HOSPITAL INFANTIL VARELA SANTIAGO EM NATAL - RN Natal / RN 2001

AVALIAÇÃO CLÍNICA DA SAÚDE BUCAL DE CRIANÇAS COM ... · universidade federal do rio grande do norte centro de ciÊncias da saÚde departamento de odontologia programa de pÓs-graduaÇÃo

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MANUEL ANTONIO GORDÓN NÚÑEZ

AVALIAÇÃO CLÍNICA DA SAÚDE BUCAL DE CRIANÇAS

COM NEOPLASIAS MALIGNAS ATENDIDAS NO HOSPITAL

INFANTIL VARELA SANTIAGO EM NATAL - RN

Natal / RN 2001

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PATOLOGIA ORAL

PROGRAMA DE ESTUDANTE CONVÊNIO – PG/CAPES

REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL – REPÚBLICA DO PANAMÁ

AVALIAÇÃO CLÍNICA DA SAÚDE BUCAL DE CRIANÇAS

COM NEOPLASIAS MALIGNAS ATENDIDAS NO HOSPITAL

INFANTIL VARELA SANTIAGO EM NATAL - RN

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Patologia Oral da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte, como parte dos

requisitos para a obtenção do grau de Mestre em

Patologia Oral

Orientador: Prof. Dr. Leão Pereira Pinto

Natal / RN 2001

Catalogação da publicação.UFRN / Biblioteca Central Zila Mamede.

Divisão de Serviços Técnicos

Gordón Núñez, Manuel Antonio Avaliação clínica da saúde bucal de crianças com neoplasias malignas atendidas no Hospital Infantil Varela Santiago em Natal - RN / Manuel Antonio Gordón Núñez.__Natal (RN), 2001. 142 p. : il.

Orientador: Leão Pereira Pinto

Dissertação (Mestrado) – Universidade

Federal do Rio Grande do Norte. Centro de

Ciências da Saúde. Programa de Pós-

Graduação em Patologia Oral.

“A partir do momento em que o homem se deixa levar pela Fé e a Esperança, existe nele algo que não morrerá: tudo o feito com amor, desde os pequenos atos até o sacrifício da sua vida”.

DEDICATÓRIA

In memória:

Pelo amor, a confiança e compreensão que sempre me

ofereceram em vida e pelo amor e proteção, que qual Anjos da

Guarda, continuam a me oferecer a cada dia, dedico mais uma

vitória da minha vida ao meu pai Fernando Antonio Gordón

Torres e a meu avô Enrique Núñez Jaramillo.

No final desta jornada vejo meu pai, o quanto estavas certo

quando frente aos desafios da nossa vida costumavas dizer: “Faça

a sua parte, pois o resto Deus proverá”.

AGRADECIMENTOS

Deus:

Há momentos em que as palavras não são suficientes para te

dizer o que sinto.... Agradeço-te por tudo o que tens feito, por tudo o

que fazes, por tudo o que farás... Por permitir-me andar cada passo

desta árdua caminhada com Coragem e Fé. Por ser a “Luz” que

ilumina cada passo da minha vida.

Aos meus pais Fernando Antonio Gordón Torres e

Gardenia Núñez Garcia, que como instrumentos de Deus, me

deram a vida e desde então, com muita coragem e amor lutaram

dia após dia por fazer de mim um homem de bem. Pelos inúmeros

sacrifícios e privações que fizeram para que eu alcançasse meus

objetivos, apesar de nossa condição desfavorável, economicamente

falando, porém riquíssima em valores e sentimentos. Por tudo o

que para mim representam, lhes agradeço e lhes amo como a

maior dádiva de Deus na minha vida.

Aos meus irmãos Fernando Enrique, Julio César, Jorge

Alberto e Gloria Gardenia pelas tantas coisas a que tiveram que

renunciar para dar-me a oportunidade de seguir em frente. Pelo

amor e a união fraternal que caracteriza a nossa existência lhes

agradeço e amo como o maior presente que nossos pais tem me

dado.

Aos meus avos Enrique Núñez Jaramillo, Maria

Dominga García de Núñez, Marcelino Gordón e Rosalia

Torres de Gordón que como verdadeiros valuartes de amor,

honestidade e perseverança, têm servido como vivo exemplo na

minha vida.

Aos meus sobrinhos Adonis, Donaldo, Astrid, Oscar,

Kimberly, Maria Fernanda, Fernando Antonio e Fernando

Enrique, que apesar da tenra idade e sem precisar de palavras,

têm me mostrado com ações a importância do amor.

Aos meus tios, primos e amigos, meus fiéis torcedores, muito

obrigado.

A Rosário Dantas, mulher em todo o sentido da palavra.

Agradeço-lhe por ter me recebido de braços abertos mostrando--

me a generosidade potiguar. Com o seu exemplo de luta e

esperança me mostrou, principalmente nos momentos difíceis, que

todo sacrifício é valido quando temos como meta a realização

pessoal e profissional. Saiba que lhe admiro e respeito de coração e

me sinto orgulhoso de poder chamá-la “minha Mãe Brasileira.”

Ao Prof. Dr. Leão Pereira Pinto, meu orientador,

agradeço por tudo o que fez em prol da minha formação

profissional. Com o seu exemplo de luta profissional, aprendí que

valem a pena os sonhos, por mais difíceis que seja realizá-los, para

no final colher o que baseado neles, na vida concretamente

plantamos.

À Profa. Dra. Lélia Batista de Sousa, Coordenadora do

Programa de Pós Graduação em Patologia Oral da UFRN, pela

confiança em mim depositada e por mostrar-me através das suas

ações que para conseguir a realização profissional é preciso

disciplina, amor pelo que se faz e vontade de crescer. Minha

profunda admiração e agradecimento.

À Profa. Dra. Roseana de Almeida Freitas, exemplo de

equilíbrio profissional e humano. Por mostrar- me com suas ações,

que para ser bom não só é importante o conhecimento acadêmico,

mas também é preciso saber escutar para ser escutado e falar

sempre analisando e respeitando as opiniões dos outros.

Ao Prof. Dr. Antônio de Lisboa Lopes Costa, pelos

conhecimentos oferecidos e pela paixão que imprime na sua tarefa

de educador, defendendo suas idéias de forma férrea e o mais

importante, pelo jeito simples e agradável com que supera as

barreiras da relação professor- aluno, fazendo dessa convivência

uma verdadeira amizade. Muito obrigado “Costinha”.

À Profa. Dra. Hébel Cavalcanti Galvão pelo aporte dado a

minha formação acadêmica e por reforçar em mim com suas ações

o conceito de que a educação e o respeito são a base de toda e

qualquer relação humana.

À Profa. Dra. Cláudia Roberta Leite de Figueiredo, que

com o seu jeito simples de ser e exuberante inteligência me mostrou

que o importante não é o que somos e sim a bagagem intelectual e

ética que levamos no interior.

À Profa. Dra. Lélia Maria Guedes Queiroz, pelos

conhecimentos oferecidos, pela compreensão e atenção gentilmente

dispensada.

À Profa. Dra. Patrícia Teixeira Oliveira, por ter trilhado

junto a mim boa parte do caminho da minha formação

profissional, pela compreensão e a incondicional disposição de me

dar apoio sempre que foi preciso. Muito do que consegui como

pesquisador foi graças a você e lhe agradeço de coração.

Aos professores Ana Miryam Medeiros Costa e Sérgio

Adriane Bezerra de Moura o meu muito obrigado pelos

conhecimentos e pela amizade.

“Os amigos verdadeiros junto à família são o alicerce de todo

e qualquer empreendimento que fazemos em nossas vidas”. É muito

bom saber que eu tive e tenho a fortuna de contar com pessoas

maravilhosas como:

Ketsia Bezerra Medeiros (“Ketsinha”) com o seu jeito

meigo, sincero e simples de ser reforçou em mim o conceito de que

para saber conviver em harmonia com os nossos semelhantes é

preciso respeitar as diferenças. Sou muito grato pela tua amizade.

Márcia Cristina da Costa Miguel (“Marcinha”) mulher

forte e batalhadora, sumamente inteligente e sobre tudo amiga

solidária. Agradeço pela tua amizade e espero que seja eterna.

Gustavo Pina Godoy (“Gustavito”) uma pessoa que

reflete plenamente ser o fruto de uma família solidamente

fundamentada em Deus. Essa característica confere a este que me

orgulho chamar de amigo, as particularidades de uma pessoa

disponível em toda situação, sempre prestes a melhorar o astral

dos que lhe rodeamos com suas “chibateadas” de alegria. Muito

obrigado meu Deus por poder contar com a sua amizade e através

dele compartilhar com as maravilhosas pessoas que constituem sua

família.

Márcio Campos Oliveira (“O garoto”, “Marcinho”)

apesar de termos temperamentos completamente opostos, é uma

das pessoas com as quais mais me identifiquei desde o início da

nossa árdua caminhada. A sua franqueza, a disposição e a

facilidade de dizer as coisas certas quando precisei escutar uma voz

de apóio serviram para aprender superar as nossas diferenças e

aprender a respeitá-lo. Agradeço a Deus por poder chamá-lo de

amigo e por poder contar através dele com o carinho da sua bela

família.

Rivadávio Fernándes de Amorim (“Riva”) um amigo

incondicional, sempre disposto a fazer o possível para servir aos

que têm a alegria de compartilhar sua amizade. Na convivência

com este singular amigo reforcei a minha concepção de que para

ser bom no que fazemos é necessário sempre fazer o maior esforço

possível, imprimindo nisso muita criatividade e responsabilidade.

Obrigado meu amigo.

Sormani Bento Queiroz (“Sormo”) antes de conhecê-lo

pessoalmente tive as melhores referencias da sua pessoa através de

um amigo que temos em comum e com a convivência constatei

como essas referências eram certeiras pois este além de ser um

excelente cirurgião é uma grande pessoa, “tá ligado”.

Aos amigos Leda Maria, Demetrio Ho e família por

acreditar em mim e apostar no meu futuro profissional, muito

obrigado pela força.

Ao amigo e irmão Márvin Edgar Ríos, sua esposa Cira e

os meus sobrinhos Márvin Edgar Jr e Eloísa, pelo carinho, a

compreensão e o apoio desinteressado que sempre me brindaram.

Ao Dr. Raúl de los Ríos, Decano da Faculdade de

Odontologia da Universidade Nacional de Panamá por depositar

sua confiança em mim recomendando- me ante o colegiado do

curso que hoje concluo, o meu muito obrigado.

Emanuel Sávio Sousa, faltam palavras para descrever

esta pessoa singular, um homem eticamente correto, super

responsável e solidário. Um pai no mais amplo sentido da palavra,

um filho e irmão que qualquer família se orgulha de ter e um amigo

que eu tive a honra de conhecer. Sou privilegiado por lhe conhecer e

lhe agradeço de coração pela compreensão e o apoio incondicional.

Que Deus lhe abençoe sempre.

Aos amigos João Luis de Miranda, Ruthinéia Diógenes

Alves, Patrícia Meira Bento, Maria da Conceição

Andrade, Maria do Socorro Aragão, Gleicy Fátima

Medeiros Sousa e Ricardo Albuquerque, que com sua

compreensão, amizade e companheirismo, contribuíram para

tornar mais leve esta árdua caminhada.

Às doutoras Maria Zélia Fernandes, Edlene M. R.

Nascimento e Tamae Ukei, que com muito amor e dedicação

enfrentam a difícil tarefa de lutar por oferecer às crianças sob os

seus cuidados, uma esperança de vida. Meu eterno agradecimento

pelo apoio.

A Luterina de Oliveira Cavalcanti, Francinete de

Medeiros, Odilene Maria de Oliveira, Maria Margarete da

Silva e Edinlava Miranda, funcionárias do HIVS, pelo carinho e

disposição constante de servir, lhes agradeço de coração.

Aos Professores Drs. Kênio da Costa Lima e Ângelo G.

Roncalli pelo apoio desinteressado que me brindaram na análise

estatística deste trabalho, o meu muito obrigado.

A Maria das Graças, Idelzuíte, Canindé e Hevio,

funcionário do Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral,

muito obrigado.

Ao colega, amigo e irmão Manoel Quaresma Filho

(Camarão), assim como à sua família, lhes agradeço pelo carinho

e amizade, saibam que no meu coração sempre existirá um lugar

muito especial reservado para guardar as maravilhosas

lembranças dos tempos passados e do futuro eterno que com

certeza, como irmãos, mesmo que distantes fisicamente

continuaremos a compartilhar.

Aos amigos e panitas, Néstor Alberto Sánchez e Yara,

pela constante disposição de brindar-me carinho, apoio e amizade,

lhes agradeço de todo coração.

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de

Nível Superior (CAPES) pela ajuda financeira prestada, sem a

qual seria impossível realizar este trabalho.

A todos os que de uma forma ou outra com carinho, apoio e

compreensão, me mostraram, o quão Grande é o coração do

brasileiro.

Agradecimento especial:

“Os olhos são o espelho da alma, a partir do momento em que

deixamos refletir através deles o nosso desejo de servir ao próximo,

podemos ter certeza de estar agindo como verdadeiros

instrumentos de Deus”.

(Manuel Antonio Gordón Núñez)

A vocês pacientes pais e responsáveis, que gentilmente

contribuíram com a realização deste estudo lhes agradeço de tudo

coração pela disposição constante de cooperação e espero ter

contribuído e continuar contribuindo para oferecer a vocês uma

melhor qualidade de vida.

RESUMO

RESUMO

O câncer na infância caracteriza-se pela predominância de neoplasias dos

sistemas hematológico e linfático, tumores do sistema nervoso central e vários tipos de

sarcomas. Particularidades da própria doença, assim como os efeitos colaterais dos

agentes antineoplásicos podem alterar radicalmente o meio ambiente bucal e predispor à

ocorrência de complicações estomatológicas. Este estudo avaliou clinicamente a saúde

bucal de 40 crianças em tratamento para diferentes neoplasias malignas na faixa etária

de 0 a 15 anos (Grupo I) e 38 crianças saudáveis na mesma faixa etária (Grupo II). Os

resultados mostraram que os pacientes do Grupo I apresentaram ISG e experiência de

carie menores que os do Grupo II, enquanto que, o IPV foi levemente maior nos

pacientes do Grupo I, porém não foi observada diferença estatisticamente significativa

no valor destas variáveis entre os grupos avaliados. No Grupo I, 16 pacientes

desenvolveram em conjunto 61 casos de complicações estomatológicas, com

predominância da mucosite, seguida do sangramento oral espontâneo, candidíase e

xerostomia, as quais foram mais comuns nos pacientes em tratamento para neoplasias

sistêmicas. Concluímos que pacientes sob tratamento antineoplásico, apresentando

higiene oral deficiente, têm uma maior risco de desenvolver complicações orais.

SUMÁRIO

SUMÁRIO

PáginaResumo

Lista de quadros, tabelas e figuras

Lista de siglas e abreviaturas

1. Introdução ....................................................................................................... 31

2. Revisão de literatura ....................................................................................... 34

2.1. Neoplasias malignas na infância ............................................................. 35 2.2. Terapia antineoplásica ............................................................................ 44 2.2.1. Quimioterapia ................................................................................ 44 2.2.2. Radioterapia ................................................................................... 47

2.3. Complicações orais em pacientes com neoplasias malignas ................ 48

2.3.1. Xerostomia ...................................................................................... 50 2.3.2. Mucosite oral .................................................................................. 51 2.3.3. Sangramento oral ........................................................................... 59 2.3.4. Infecções .......................................................................................... 61 a. Infecções bacterianas ................................................................. 63 b. Infecções fúngicas ...................................................................... 66 c. Infecções virais ........................................................................... 69 2.3.5. Cárie ................................................................................................ 72

3. Proposição ....................................................................................................... 76

4. Metodologia ..................................................................................................... 78

4.1. Caracterização do estudo ........................................................................ 79 4.1.1. População ........................................................................................ 79 4.1.2. Amostra .......................................................................................... 79

4.2. Coleta de dados ........................................................................................ 80 4.2.1. Exame clínico ................................................................................. 80

4.3. Análise estatística ..................................................................................... 83

4.4. Aspectos éticos ..........................................................................................

83

5. Resultados ........................................................................................................ 84

6. Discussão .......................................................................................................... 99

7. Conclusões .......................................................................................................

115

8. Summary ......................................................................................................... 117

9. Referências bibliográficas .............................................................................. 119

10. Anexos ............................................................................................................ 131

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

BGN: Bacilos Gram negativos

6-MP: 6-mercaptopurina

ACT-D: Actinomicina-D

ADR: Adrablastina

ARA-C: Citocina arabinose

BLEO: Bleomicina

ceo-d: Índice de dentes decíduos cariados (c), extraídos (e) e obturados (o)

CMV: Citomegalovirus

COHI: Centro de Oncologia e hematologia Infantil

CP: Ciclofosfamida

CPO-D: Índice de dentes permanentes cariados (C), perdidos (P) e obturados (O)

DDP: Cisplatina

DEXA: Dexametazona

DH: Doença de Hodgkin

DITC: Decarbazina

DNA: Ácido Desoxiribonucléico

DNR: Daunorrubicina

DOXO: Doxorrubucina

EGF: Fator de Crescimento Epidérmico

FAB: French American British Cooperative Leukemia Group

GM-CSF: Fator Estimulante de Colônias de Granulócitos e Macrófagos

HHV: Vírus Herpes Humano

HIVS: Hospital Infantil Varela Santiago

HSV: Vírus do Herpes Simples

HSV-1: Vírus Herpes Simples-1

HSV-2: Vírus Herpes Simples-2

IFO: Ifosfamida

IL-1: Interleucina-1

INCA: Instituto Nacional do Câncer

IPV: Índice de placa visível

ISG: Índice de sangramento gengival

L-ASP: L-asparragianse

LLA: Leucemia linfoblástica aguda

LLC: Leucemia linfocítica crônica

LMC: Leucemia mieloblástica crônica

LNH: Linfomas não Hodgkin

MTX: Metotrexato

NIH: Instituto Nacional da Saúde (E. U. A.)

P: Prednisona

PNET: Tumor neuroectodémico da infância

RMS: Rabdomissarcomas

RNA: Ácido Ribonucléico

TG: Tioguanina

TGF- 3: Fator Transformante de Crescimento- 3

TNF- : Fator de Necrose Tumoral-

VCR: Vincristina

VLB: Vinblastina

VM-26: Tenoposide

VP-16: Etoposide

VZV: Vírus da Varicela Zoster

LISTA DE QUADROS, TABELAS E FIGURAS

LISTA DE QUADROS TABELAS E FIGURAS

Página

Quadro nº 01. Distribuição dos pacientes do Grupo I de acordo ao gênero, idade e tipo de

neoplasia maligna. Natal / RN - 2001

87

Quadro nº 02. Distribuição dos episódios de sangramento oral espontâneo nos pacientes do

Grupo I. Natal / RN - 2001

93

Quadro nº 03. Distribuição dos episódios de candidíase nos pacientes do Grupo I. Natal /

RN - 2001

94

Quadro nº 04. Distribuição de “outros achados” nos pacientes do Grupo I. Natal / RN - 2001 95

Tabela nº 01. Distribuição da amostra de acordo com o gênero e faixa etária. Natal / RN -

2001

85

Tabela nº 02. Média da freqüência de escovação, IPV, ISG e CPO da amostra avaliada.

Natal / RN - 2001

90

Tabela nº 03. Freqüência dos pacientes com mucosite no Grupo I. Natal / RN – 2001 91

Tabela nº 04. Freqüência dos pacientes com sangramento oral espontâneo no Grupo I. Natal

/ RN - 2001

93

Tabela nº 05. Freqüência dos pacientes com candidíase no Grupo I. Natal / RN – 2001 94

Figura nº 01. Paciente com LMA apresentando mucosite em lábio superior. Aspecto inicial da lesão caracterizado por eritema e edema

97

Figura nº 02. Paciente com LMA apresentando lesão de mucosite no lábio superior, caracterizada pela presença de ulceração. (Mesmo paciente da Fig 1)

97

Figura nº 03. Paciente com LLA apresentando lesões de mucosite em lábio superior, caracterizadas pela presença de ulceração

97

Figura nº 04. Paciente com LLA apresentando mucosite em lábio inferior, caracterizadas por eritema e ulceração

97

Figura nº 05. Paciente com LMA apresentando mucosite em mucosa jugal (E), caracterizada por eritema e ulceração

98

Figura nº 06. Paciente com LMA apresentando petéquia em mucosa do lábio inferior 98

Figura nº 07. Paciente com LLA apresentando queilite angular, candidíase pseudomembranosa em palato e lesão edematosa em ponta da língua

98

Figura A. Distribuição de acordo com o gênero dos pacientes com neoplasias malignas (Grupo I) . Natal / RN - 2001

86

Figura B. Distribuição de acordo com a faixa etária dos pacientes com neoplasias malignas (Grupo I) . Natal / RN - 2001

86

Figura C. Distribuição dos pacientes de acordo com o tipo de neoplasia maligna. Natal / RN - 2001

87

Figura D. Distribuição dos pacientes com neoplasias malignas com complicações orais. Natal / RN – 2001

90

Figura E. Distribuição dos episódios de mucosite de acordo com o tipo de quimioterápico nos pacientes do Grupo I. Natal / RN - 2001

92

INTRODUÇÃO

11..IINNTTRROODDUUÇÇÃÃOO

As neoplasias malignas constituem a terceira causa de morte em seres humanos

em todo o mundo, estando os pacientes pediátricos incluídos nestas estatísticas. Vários

fatores são indicados como responsáveis pelo incremento na incidência de neoplasias,

entre os quais menciona-se a industrialização, uso crônico do álcool e do fumo, assim

como o aumento da expectativa de vida (INCA, 2001 a).

Uma particularidade das neoplasias na infância e na adolescência é a de que

geralmente as doenças são de natureza embrionária, afetando com maior freqüência as

células que possuem acentuada atividade proliferativa. Tal como acontece com as

leucemias, na população pediátrica observa-se, também, uma considerável ocorrência de

tumores linfáticos, tumores do sistema nervoso, tumor de Wilms e sarcomas (INCA,

2001 a; McKENNA, 2000).

O próprio curso patológico destas neoplasias pode gerar além das

particularidades da doença, manifestações em diferentes partes do organismo, sendo a

cavidade oral um dos locais que, freqüentemente, pode sofrer o desenvolvimento de

tais manifestações (McGAW, BELCH, 1985; WILLIAMS, LEE, 1991).

A terapia antineoplásica instituída em cada caso é apontada em diversos

trabalhos científicos como causa de muitas complicações estomatológicas em pacientes

com doenças oncológicas, seja pelo efeito tóxico dos agentes quimioterápicos sobre as

células neoplásicas e normais ou pela ação deletéria das radiações ionizantes sobre tais

células ( ALPASLAN et al.; 1999; CHIN, 1998).

As lesões orais que ocorrem em pacientes pediátricos com doenças oncológicas

têm um amplo espectro, podendo ir desde mucosite, ulcerações, infecções oportunistas,

xerostomia, doença periodontal, até às alterações no desenvolvimento dos dentes e

maxilares (ALPASLAN et al., 1999).

Estas alterações podem contribuir para o agravamento do quadro patológico,

provocando dor e desconforto, levando a dificuldades de nutrição e subseqüente

depleção da resposta imunológica, que já se encontra comprometida, aumentando

significativamente o grau de morbidade e mortalidade dos pacientes (CHILDERS et al.,

1993; MÜELLER et al., 1995).

O objetivo do tratamento antineoplásico é combater a doença sistemicamente,

no entanto, a condição de saúde oral, na maioria das vezes, é descuidada, o que torna a

cavidade oral uma fonte de infecções, que podem colocar em risco a vida dos pacientes

(MARQUES, WALKER, 1991).

Atualmente sabe-se que, com a adoção de medidas preventivas adequadas pode-

se prevenir e/ou reduzir o risco de complicações orais, melhorando significativamente, a

qualidade de vida dos pacientes (EPSTEIN, SCHUBERT, 1999).

O objetivo deste trabalho é realizar uma avaliação clinica das condições de saúde

oral de pacientes com neoplasias malignas atendidos no Centro de Oncologia e

Hematologia Infantil (COHI) do Hospital Infantil Varela Santiago, Natal – RN, visando

observar a ocorrência de complicações orais, bem como sugerir a elaboração de um

protocolo de promoção da saúde oral neste centro, com vistas a minimizar o sofrimento

destes pacientes.

REVISÃO DA LITERATURA

22.. RREEVVIISSÃÃOO DDAA LLIITTEERRAATTUURRAA

2.1. Neoplasias malignas na infância

A incidência das neoplasias malignas tem aumentado significativamente na

população mundial, sendo considerada a terceira causa de morte. Os casos que

acometem a infância, correspondem a uma grande proporção destas estatísticas

(CANCER NET, 2001; INCA, 2001a).

O câncer infantil geralmente corresponde a doenças predominantemente

embrionárias, caracterizadas por distúrbios na proliferação celular, atingindo com maior

freqüência as células do sistema hematopoiético (INCA, 2001a).

Segundo Curtis (1971); GROSFELD (1999) as leucemias constituem a maioria

dos cânceres em crianças, porém também observa-se nestas uma grande freqüência de

neoplasias do sistema nervoso central, linfomas, neuroblastoma, tumor de Wilms,

osteossarcoma e outros tumores sólidos (INCA, 2001a).

As leucemias são neoplasias malignas muito comuns na infância e resultam da

proliferação de células hematopoiéticas anormais, com diferenciação, regulação e

mecanismos de apoptose alterados, promovendo uma falha na medula óssea e

depressão da quantidade de células sangüíneas normais, deixando o paciente susceptível

a infecções e hemorragias (RIBAS, COSTA, 1995; McKENNA, 2000).

De acordo com Williams, Lee (1991); O’Sullivan, Bailey, Hart (1993) as

leucemias são doenças de etiologia desconhecida, porém existem certos fatores

associados à sua origem, entre os quais citam-se infecções virais, substâncias químicas

radiações, ionizantes e eletromagnéticas, além de defeitos citogenéticos, os quais

podem inativar genes supressores e ativar oncogenes, levando, por conseguinte, à

proliferação de células sangüíneas anormais.

Segundo Williams, Lee (1991) o diagnóstico das leucemias é feito pelo exame

de amostras sangüíneas e pela biópsia da medula óssea sendo classificadas de acordo

com a morfologia celular, maturidade das células malignas e pelo período de

aparecimento dos sintomas. Neste sentido, de acordo com o tipo da célula de origem, as

leucemias podem ser classificadas em linfoblásticas e mieloblásticas, enquanto que, de

acordo com o comportamento clínico dividem-se em agudas e crônicas

(NEVILLE et al., 1995; COTTRAN, KUMAR, COLLINS, 2000).

A leucemia mieloblástica aguda (LMA) ou não-linfocítica, consiste na

proliferação de células mielóides imaturas, provocando a falha na medula óssea e

citopenia (McKENNA, 2000).

De acordo com a classificação do French American British Cooperative

Leukemia Group (FAB), levando-se em consideração aspectos citomorfológicos as

LMA podem ser subdivididas em:

(1) LMA minimamente diferenciada (M0), que corresponde de 2-3% dos casos.

(2) LMA sem diferenciação (M1), que representa aproximadamente 20 % dos

casos.

(3) LMA com maturação (M2), correspondendo de 30-40 % das LMA.

(4) Leucemia promielocítica aguda (M3), que corresponde de 5 –10 % dos

casos, ocorrendo com maior freqüência em pacientes com idade média de

35-40 anos.

(5) Leucemia mieloblástica aguda (M4), que corresponde de 15-20 % das

LMA.

(6) Leucemia monocítica aguda (M5), representando 10% dos casos e acomete

com maior freqüência pacientes acima de 40 anos, nos quais geralmente

provoca organomegalia, linfadenopatia, hipertrofia gengival e infiltração da

pele.

(7) Eritroleucemia aguda, representando 5% dos casos e ocorrem em pacientes

com idade avançada.

(8) Leucemia megacariocítica aguda (M7), que é o tipo menos freqüente,

representando 1% das LMA (McKENNA, 2000; COTTRAN, KUMAR,

COLLINS, 2000).

Os autores antes referenciados mencionam ainda que

as LMA ocorrem com maior freqüência em adultos,

representando apenas 15 a 20 % das leucemias na infância,

onde geralmente 60 % dos casos podem sobreviver

quando diagnosticadas e tratadas em tempo adequado.

Clinicamente os sinais e sintomas mais freqüentes são

febre, fadiga, palidez, sangramento, hipertrofia gengival,

petéquias e infecções.

Segundo McKenna (2000) durante o tratamento da

LMA deve-se procurar manter a contagem de plaquetas no

mínimo em torno dos 10.000 ou 20.000 cel/ml com o

objetivo de diminuir o risco de sangramentos espontâneos.

Isto geralmente é realizado mediante a transfusão de

plaquetas.

A leucemia linfoblástica aguda (LLA) caracteriza-se pela proliferação de clones

anormais de células linfóides, as quais podem exibir características de linfócitos B ou T

(McKENNA, 2000).

Segundo Meadows, Belasco, Sinniah (1995) a LLA subdivide-se de acordo com

critérios morfológicos dos blastos leucêmicos em L1, L2 e L3. O subtipo L1 é

constituído de células pequenas, com núcleo e cromatina regular, nucléolos pouco

proeminentes e citoplasma escasso. Este subtipo ocorre com maior freqüência em

crianças. O L2 apresenta células grandes, de núcleo irregular com cromatina

condensada, nucléolos proeminentes e citoplasma moderadamente abundante. Já no

subtipo L3 as células são grandes de núcleo irregular com cromatina homogênea,

nucléolos proeminentes, citoplasma moderadamente abundante, intensamente basofílico

e vacúolos proeminentes. Os pacientes que apresentam este subtipo geralmente tem um

prognóstico mais reservado.

Adicionalmente, os autores antes referidos mencionam que os pacientes com

LLA podem apresentar sinais e sintomas tais como febre, fadiga, palidez, citopenia,

manchas hemorrágicas periféricas, sangramentos, dores ósseas, adenomegalias,

hepatoesplenomegalia, além de uma alta incidência de doenças do sistema nervoso

central.

A leucemia linfocítica crônica (LLC) corresponde ao

tipo mais comum das leucemias, representando, em sua

grande maioria, uma doença de adultos, caracterizada pelo

lento acúmulo de clones de linfócitos B ou em alguns

poucos casos, pela rápida e agressiva proliferação de

clones de linfócitos T. Sua etiologia é desconhecida,

porém, uma anomalia no cromossomo 12 foi identificada

nas células leucêmicas. Pacientes acometidos por esta

doença geralmente apresentam diminuição sérica de

imunoglobulinas e comprometimento de linfonodos,

fígado, baço, anemia e/ou trombocitopenia (McKENNA,

2000; COTTRAN, KUMAR, COLLINS, 2000).

A leucemia mieloblástica crônica (LMC) é uma

desordem clonal, que resulta em uma hiperplasia mielóide

da medula, observando-se nessa entidade a presença de

células mielóides em todas as fases de diferenciação no

sangue periférico, as quais exibem translocação entre os

braços longos dos cromossomos 22 e 9 (cromossomo

Philadelphia). Ocorre predominantemente em adultos,

sendo que pode apresentar-se em qualquer idade

(McKENNA, 2000; COTTRAN, KUMAR , COLLINS, 2000).

Segundo Altman (1995) esta neoplasia representa mais de

5 % das leucemias na infância, sendo mais de 80 % dos

casos diagnosticados depois dos 4 anos de idade e 60 %

após os 6 anos de idade.

Os pacientes com LMC geralmente apresentam

fadiga, anorexia, perda de peso e esplenomegalia,

desenvolvendo a doença, geralmente, um curso indolente

durante 3 a 5 anos, seguido de um período de acelerada

crise blástica semelhante à leucemia aguda. O tratamento

durante a fase de pré-blastos é paliativo sendo utilizada a

hidroxiuréia ou bisulfan para controlar a granulocitose;

podendo-se conseguir 50 a 70 % de cura com o uso de

bisulfan e ciclofosfamida, ou ciclofosfamida associada à

radioterapia de corpo inteiro seguida de transplante

alogênico de medula óssea. O Interferon tem produzido

remissão citogenética e atualmente constitui a primeira

linha terapêutica para LMC (ALTMAN, 1997; McKENNA,

2000).

De acordo com Orbak, Orbak (1997) é relatado que as leucemias são

caracterizadas por uma alta incidência de complicações orais na época do diagnóstico e

durante o tratamento, podendo essas complicações ser divididas em 3 grupos: as lesões

primárias ou seja aquelas decorrentes da infiltração das células leucêmicas nas

estruturas orais como a gengiva e os ossos; as lesões secundárias, as quais resultam do

caráter mielossupressivo da doença, incluindo neste grupo a anemia que leva à palidez

da mucosa oral, a tendência a sangramento e a susceptibilidade a infecções. As lesões

terciárias seriam as induzidas pela terapia antineoplásica.

Os linfomas constituem um grupo de doenças que

afetam o sistema linfóide. São classificados em Doença de

Hodgkin (DH) e linfomas não Hodgkin (LNH) (ORBAK,

ORBAK, 1997). Juntos representam aproximadamente 10 %

das neoplasias malignas da infância em países

desenvolvidos, correspondendo ao terceiro grupo de

neoplasias pediátricas mais freqüentes depois das

leucemias e tumores cerebrais (SHAD, MAGRATH, 1997).

A doença de Hodgkin (DH) é um distúrbio

linfoproliferativo maligno de natureza desconhecida,

podendo surgir em um linfonodo ou em cadeia de

linfonodos, propagando-se para os linfonodos vizinhos,

com ocorrência muito rara na cavidade oral. Sua origem é

desconhecida, sendo relatada uma provável associação

com o Vírus Epstein Barr (NEVILLE, et al. 1995).

Segundo Pötter (1999) a incidência da DH na

população pediátrica encontra-se em torno de 14 casos por

cada 100.000 crianças maiores de 15 anos de idade, sendo

raramente detectada em crianças menores de 5 anos e

apresentando uma leve predileção pelo gênero masculino.

De acordo com Hudson, Donaldson (1997), a célula de

Reed-Sternberg (R-S), cuja origem acredita-se ser a partir

de linfócitos T ou B ativados ou de alguma forma de célula

apresentadora de antígenos, é considerada como o

representante celular maligno da doença de Hodgkin.

Os autores anteriormente referidos ainda mencionam

que, levando em consideração os aspectos

histopatológicos, a DH é dividida em quatro subtipos: (1)

DH com predominância linfocítica, que apresenta-se como

sendo o tipo mais raro (10 a 15 % dos casos); (2) DH

com esclerose nodular que corresponde à forma mais

comum (40 % dos casos em adultos jovens e 70 % dos

casos em adolescentes); (3) A DH de celularidade mista,

que representa a segunda forma mais comum (30 % dos

casos em geral) e a mais freqüente em crianças até 10

anos de idade. (4) A DH com depleção linfocítica, que

constitui a forma mais rara e agressiva.

Apesar da DH ser uma neoplasia maligna, avanços

satisfatórios tem sido alcançados no seu tratamento com a

utilização dos regimes quimioterápicos MOPP

(mecloretamina, vincristina, procarbazina e prednisolona) e

ABVD (doxorrubicina, bleomicina, vinblastina e

decarbazina) associados à radioterapia localizada. Essa

forma de tratamento além de ter melhorado a sobrevida

dos pacientes, pode reduzir a ocorrência de efeitos

colaterais (JÜRGENS,1997; PÖTTER, 1999; BRICE, 2000).

Os linfomas não Hodgkin da infância e da

adolescência representam um grupo heterogêneo de

doenças que refletem estágios de maturação das linhagens

de células linfóides B e T (INCA, 2001 a).

A incidência de linfomas em crianças é muito menor

que nos adultos e geralmente ocorrem, com maior

freqüência, no gênero feminino, numa proporção de 2:1 ou

3:1. Em relação aos aspectos histológicos os linfomas da

infância apresentam uma variedade menor que nos adultos

e freqüentemente correspondem a doenças difusas ou

extra nodais (SHAD, MAGRATH, 1997).

Segundo Finlay, Bunin, Sinniah (1995) os linfomas

difusos podem ser divididos em linfoblásticos e não

linfoblásticos. Os linfomas linfoblásticos representam 30

% dos casos e são constituídos principalmente por

linfócitos T, enquanto que os linfomas não linfoblásticos

representam 70 % dos casos e se dividem por sua vez nos

tipos não clivados (Burkitt e não-Burkitt) e os de grandes

células.

O linfoma de Burkitt é um subtipo de LNH de

pequenas células B não clivadas, cuja denominação deriva

do nome do pesquisador Denis Burkitt, o qual foi o

primeiro a descrever a doença. São conhecidas duas

variedades desta enfermidade, a endêmica, muito comum

na África Equatorial e a forma esporádica ou americana.

Sua etiologia ainda não está esclarecida, porém tem sido

associada ao EBV e, ultimamente, à imunossupressão

promovida pela infecção do HIV (NEVILLE et al. 1995;

SHAPIRA, PEYLAN-RAMU, 1998).

Em relação às características clínicas e

epidemiológicas, geralmente o tipo africano acomete

crianças na idade média de 6,09 anos, enquanto que a

forma americana ocorre freqüentemente numa faixa etária

maior em torno dos 19,2 anos. Ambas formas acometem

freqüentemente o gênero masculino (SHAPIRA, PEYLAN-

RAMU, 1998). Na forma africana a região de cabeça e

pescoço é a mais acometida pela lesão, comprometendo

preferencialmente os segmentos posteriores dos ossos

gnáticos, principalmente na maxila. A forma americana

ocorre com maior freqüência no abdome, porém em alguns

casos a região de cabeça e pescoço pode ser afetada

(NEVILLE et al., 1995).

Clinicamente as lesões dos maxilares produzem em

geral, tumefação facial, proptose e mobilidade dentária. Ao

exame radiográfico pode-se observar áreas

radiotransparentes de destruição óssea com margens mal

definidas. O envolvimento abdominal pode comprometer o

intestino provocando dor abdominal, febre, perda de peso

e vômito (FINLAY, BUNIN, SINNIAH, 1995).

O neuroblastoma é um tumor neuroblástico, com

origem nas células da crista neural da medula adrenal e

gânglios simpáticos, representando um dos tumores

extracranianos sólidos mais comuns na infância.

Constituem aproximadamente 8 a 10 % dos cânceres da

infância, sendo mais de 90 % dos casos detectados em

crianças entre os 5 e 10 anos de idade. Sua etiologia é

desconhecida, porém sugere-se que possa estar associada

com fatores ambientais como a exposição pré-natal a

hidantoína, ao fenobarbital ou ao álcool. Sugere-se ainda

que a patogênese desta doença esteja relacionada a uma

regulação aberrante da diferenciação celular (SINNIAH,

EVANS, 1995; JÜRGENS, 1997; CASTLEBERRY, 1997).

De acordo com Sinniah, Evans (1995) as crianças com

neuroblastoma podem apresentar uma variedade de sinais

e sintomas, os quais dependem do comportamento clínico

e da localização do tumor. Algumas crianças podem

apresentar-se aparentemente sadias e assintomáticas,

exibindo, no entanto, uma massa para-espinal,

intratorácica ou retroperitoneal que em sua grande maioria

é descoberta acidentalmente. Outras crianças podem

apresentar palidez, ansiedade, febre, edema por equimose

periorbitária, nódulos na calota craniana e dor óssea,

tendo geralmente, nestes casos, um prognóstico

reservado. Segundo Grosfeld (2000) ocasionalmente o

neuroblastoma pode comportar-se de forma bizarra e

seguir um dos seguintes cursos clínicos: regressão

espontânea, diferenciação para ganglioneuroma benigno

ou seguir um curso progressivo maligno.

Segundo Berthold et al. (1985); Castlebery (1997)

dependendo do estadiamento da doença e da idade do

paciente as modalidades de tratamento geralmente

empregadas para os neuroblastomas são a cirurgia,

quimioterapia e/ou radioterapia.

O tumor de Wilms, também conhecido como

embrioma renal ou nefroblastoma é a neoplasia maligna

renal mais comum da infância. Sua incidência é de

aproximadamente 8 casos por cada milhão de crianças

menores de 15 anos de idade, sendo a maioria detectada

entre as idades de 1 a 4 anos (D`ANGIO, 1995; GREEN,

1997; GROSFELD, 1999).

A etiologia desta neoplasia é desconhecida, porém,

um cariótipo anormal caracterizado por uma deleção no

braço curto do cromossomo 11 tem sido associada com a

sua ocorrência (D`ANGIO, 1995). De acordo com Cottran,

Kumar, Collins (2000) pacientes com síndrome de WAGR,

síndrome de Denys-Drash ou síndrome de Beckwith-

Wiedemann apresentam um alto risco de desenvolver

tumor de Wilms.

Segundo D’Angio (1995); Grosfeld (1999) é relatado

que o tumor de Wilms geralmente ocorre como uma massa

arredondada no flanco abdominal, podendo estar

associada a hematúria, dor, hipertensão, febre, perda de

peso e policitemia. Histologicamente esta neoplasia exibe

uma combinação de três tipos celulares, quais sejam:

blastemicos, estromais e epiteliais. Segundo Jürgens

(1997) dependendo da histologia e do estadiamento

tumoral na época do diagnóstico, o tratamento pode ser

cirúrgico, quimioterápico e/ou radioterápico.

Os rabdomiossarcomas (RMS) são os sarcomas de

partes moles mais comuns na infância e na adolescência

representando cerca de 5 % de todas as neoplasias

malignas nesta população. Originam-se a partir de células

mesenquimais imaturas da linhagem do músculo

esquelético, podendo surgir em tecidos nos quais o

músculo estriado não é normalmente encontrado (WOMER,

SINNIAH, 1995; WEXLER, HELMAN, 1997).

A etiologia dos RMS é desconhecida, porém certos

fatores têm sido associados ao seu desenvolvimento, entre

eles a ocorrência de síndromes familiares como a

neurofibromatose, a síndrome Li-Fraumeni e a de

Beckwith-Wiedemann. O uso materno de maconha e

cocaína, a exposição a radiações e a história materna de

natimortos também têm sido associados à ocorrência

desta neoplasia (WEXLER, HELMAN, 1997; GROSFELD,

1999).

Os RMS podem surgir em qualquer parte do corpo,

porém ocorrem com maior freqüência nas extremidades e

no tronco, seguida da cabeça, pescoço, trato

genitourinário, períneo, ducto biliar e pulmões

(GROSFELD, 1999; COTTRAN, KUMAR, COLLINS, 2000).

Segundo Grosfeld (1999) as lesões da órbita, as

paratesticulares, nasofaríngeas superficiais, vulvares, do

retroperitônio, ducto biliar, períneo, lesões de cabeça e

pescoço e do pulmão geralmente apresentam um

prognóstico pobre.

Wexler, Helman (1997) relataram que

aproximadamente um terço dos casos de RMS são

diagnosticados em crianças menores de 6 anos de idade,

com um pequeno pico de incidência na primeira metade da

adolescência e uma leve predileção pelo gênero feminino.

Estes autores mencionaram ainda que os tumores em

cabeça e pescoço são mais comuns em crianças menores

de 8 anos de idade e, se surgem na órbita, geralmente são

da variante embrionária, enquanto que os tumores das

extremidades ocorrem mais em adolescentes e,

geralmente, são do subtipo alveolar.

O tratamento destas neoplasias varia de acordo com

a localização do tumor primário. Sempre que possível, o

tumor deve ser excisado completamente com margens de

segurança, no entanto, a remoção de muitas lesões pode

levar a perda de funções e deformações severas, sendo

recomendado nestes casos uma biópsia incisional seguida

de quimioterapia e/ou radioterapia (GROSFELD, 1999).

2.2. Terapia antineoplásica

De acordo com a natureza e o curso clínico das neoplasias, existem diversos

protocolos de tratamento, podendo ser cirúrgico, quimioterápico, radioterápico ou

terapia associada, os quais objetivam eliminar as células neoplásicas ou minimizar a sua

proliferação. Os agentes quimioterápicos e radioterápicos são os que geram maior

interesse odontológico, devido à sua capacidade de induzir complicações

estomatológicas (SONIS, SONIS, 1979).

A terapia utilizada no tratamento do câncer não atua seletivamente sobre as

células neoplásicas, exercendo seus efeitos deletérios também sobre as células normais,

principalmente nas populações que exibem uma acentuada atividade proliferativa,

tornando-se, portanto, agentes potencialmente indutores de alterações nos tecidos orais

(CAIELLI, MARTHA, DIB, 1995; ALPASLAN et al., 1999).

2.2.1. Quimioterapia

A quimioterapia consiste na utilização de drogas contra agentes biológicos,

sendo denominada quimioterapia antineoplásica ou antiblástica quando é aplicada ao

tratamento do câncer (INCA, 2001 b).

Segundo Calabresi, Parks (1987) a quimioterapia fundamenta-se na atuação de

drogas sobre o material genético celular, alterando os processos enzimáticos

responsáveis pelas funções replicativas celulares e, conseqüentemente, destruindo-as.

De acordo com estes autores, para entender o mecanismo de ação dos quimioterápicos é

essencial compreender a cinética do ciclo celular, uma vez que existem drogas que

exercem seus efeitos apenas em fases específicas deste ciclo.

O ciclo celular é o evento por meio do qual as células teciduais garantem sua

proliferação, sendo constituído das seguintes fases: Fase G1, ou pré-síntese, a qual é

considerada a fase de controle do ciclo celular, caracterizada pelo reinício da síntese de

ácidos nucléicos e proteínas; fase S, ou de síntese do DNA, onde ocorre a duplicação do

DNA seguindo um padrão semiconservativo; fase G2, ou pós-síntese, na qual são

reparados os danos que possam ter ocorrido no DNA durante as fases anteriores e,

finalmente, a fase M ou de mitose, onde ocorre a divisão celular dando origem a duas

células geneticamente idênticas à célula original. As células formadas nesta fase podem

passar por todas as etapas do ciclo, ou abandoná-lo, tornando-se células de baixo grau

metabólico, podendo posteriormente entrar no ciclo quando estimuladas

(RABENHORST, BURINI, SCAMITT, 1994; SILVA, DEFFUNE, MACHADO,

1996).

Segundo Ostchega (1980), dependendo das etapas do ciclo celular em que

atuam, as drogas antineoplásicas podem ser classificadas em quimioterápicos ciclo-

dependentes e ciclo-independentes. Os ciclo-dependentes como a ciclofosfamida, atuam

apenas nas células que se encontram ciclando, já as drogas ciclo-independentes exercem

seus efeitos independentemente das fases do ciclo replicativo, como é o caso das

mostardas nitrogenadas. Existem ainda drogas fase-específicas que atuam em

determinadas fases do ciclo celular, como o metotrexato (MTX) que atua na fase S e a

vincristina que atua na fase M.

Por outro lado, segundo Close, D`Angio (1995) considerando-se o mecanismo

de ação as drogas antineoplásicas de uso pediátrico podem ser classificadas em quatro

classes: (1) agentes alquilantes, os quais afetam a síntese de DNA mediante a adição de

grupos alquilantes (cisplatina); (2) Antimetabólicos, que interferem com a síntese de

DNA ou outras moléculas precursoras (ex. metotrexato); (3) Alcalóides, que bloqueiam

a atividade mitótica (vincristina e vinblastina); (4) Antibióticos e antraciclinas, que se

inserem entre o par da base do DNA bloqueando a síntese de DNA e RNA como a

actinomicina.

Dependendo da quantidade de drogas utilizadas, a quimioterapia pode ser

classificada em dois tipos: monoquimioterapia ou poliquimioterapia, sendo esta última a

mais efetiva, pois atinge as células em diferentes fases do ciclo replicativo Levando em

consideração a finalidade da quimioterapia, esta pode ter caráter curativo, adjuvante,

neoadjuvante e paliativa (INCA, 2001 b).

Segundo Azevedo et al. (1993) entre as drogas mais utilizadas no tratamento de

neoplasias destaca-se a dexametasona (decadron) a qual inibe a proliferação do tecido

linfóide e pode causar efeitos colaterais tais como elevação da hemoglobina, aumento

do número de neutrófilos, linfocitopenia, aumento do número de plaquetas e retenção de

sódio e potássio, entre outros. A vincristina (oncovin) que por sua vez, promove

bloqueio mitótico no ciclo celular, no estágio de metáfase, podendo provocar alopecia,

depressão medular, parestesia, dor mandibular e nevralgia.

Os autores acima referidos mencionam ainda que o metotrexato (MTX) é uma

das drogas mais tóxicas utilizadas no tratamento de neoplasias malignas. Este interfere

no processo de biossíntese celular mediante a inibição enzimática do ácido fólico. Seus

efeitos colaterais podem ser anorexia, náusea, vômitos, dor e ulcerações orais ou em

todo o trato digestivo. A arabinosil citocina (aracytin ou ARA-C) que promove o

bloqueio da síntese de DNA, pode provocar diminuição plaquetária, leucopenia,

vômitos e ulcerações em mucosas. O 5- fluorouracil (5-FU) interfere com a síntese e a

função do RNA, bloqueando assim o metabolismo do DNA. Seus efeitos tóxicos são

náuseas, vômitos, diarréia, alopecia, pigmentação da pele e mucosite.

Segundo Driezen et al. (1986); Childers et al. (1993) os tecidos orais, cuja

população celular exibe um acentuado padrão de renovação, freqüentemente sofrem os

efeitos tóxicos diretos e indiretos dos quimioterápicos, ocorrendo assim o aparecimento

de complicações como mucosite, ulcerações, infecções e hemorragias.

Segundo Ribas, Costa (1995) as complicações estomatológicas em pacientes

com leucemia aumentam de freqüência e severidade ao ser instituída a quimioterapia,

devido a mielossupressão e imunossupressão induzida pelas drogas. Rocke et al. (1993)

mencionam que a quimioterapia prejudica direta ou indiretamente a replicação das

células basais do epitélio oral, alterando o processo de renovação que este experimenta a

cada nove ou dezesseis dias.

Alguns agentes quimioterápicos têm sido associados com uma maior capacidade

de induzir complicações orais, entre os quais estão a ciclofosfamida, mostardas

nitrogenadas, o metotrexato, 5-fluorouracil, vincristina, doxorrubicina, etoposide e a

bleomicina (DRIEZEN et al., 1986).

De acordo com Sonis, Sonis (1979) nos pacientes jovens em tratamento

quimioterápico para leucemia a freqüência de complicações estomatológicas é três

vezes maior do que nos adultos. Por outro lado é relatado que os efeitos orais da

quimioterapia em crianças, principalmente a mucosite, geralmente tendem a ser

temporários, desaparecendo logo depois concluído o tratamento (CHIN 1998).

2.2.2. Radioterapia

A radioterapia consiste na aplicação de radiações ionizantes com a finalidade de

exterminar as células neoplásicas e reduzir ou promover o desaparecimento da

neoplasia. Sua ação fundamenta-se na morte celular mitótica e intermitótica, ou seja na

rápida quebra das moléculas dos componentes citoplasmáticos e na lenta e progressiva

quebra do material genético celular. Pode ser classificada de acordo com a finalidade

em curativa, a qual objetiva destruir as células neoplásicas; remissiva, aquela aplicada

com a finalidade de reduzir parte da neoplasia, sendo geralmente complementar do

tratamento quimioterápico ou cirúrgico (CAIELLI, MARTHA, DIB, 1995).

Geralmente as lesões radio-induzidas em boca representam o resultado do efeito

direto da radiação sobre as estruturas orais e para-orais, promovendo alterações na

vascularização, nas glândulas salivares, músculos, dentes e ossos. Nestes últimos as

alterações ocorrem devido à injúria aos osteócitos, osteoblastos e osteoclastos, além da

hipóxia decorrente do comprometimento da vascularização, podendo levar a

osteorradionecrose (CANCER NET, 2001).

As alterações sobre as estruturas orais e para-orais se manifestam em

complicações tais como: xerostomia, mucosite, alterações do paladar, trismo, alterações

periodontais, cárie e osteorradionecrose. A radioterapia quando aplicada durante a

infância ou adolescência pode induzir alterações no crescimento ósseo e no

desenvolvimento dentário, sendo que o aparecimento e a severidade das complicações,

dependem da dosagem de radiação, tempo de tratamento, extensão da área irradiada

e/ou do uso concomitante de quimioterapia. Geralmente essas alterações tendem a ser

de caráter permanente e anatomicamente “sítio específica”, ou seja se restringem à área

irradiada (CAIELLI, MARTHA, DIB, 1995; CANCER NET, 2001).

2.3. Complicações orais em pacientes com neoplasias

malignas

Pacientes com neoplasias malignas podem apresentar complicações orais como

produto do próprio curso clínico da doença ou como efeitos colaterais do tratamento

antineoplásico (McGAW, BELCH, 1985; WILLIAMS, LEE, 1991).

A alta capacidade dos agentes terapêuticos antineoplásicos em causar

complicações orais, baseia-se no fato destes não atuarem de maneira seletiva sobre as

células neoplásicas, exercendo também seus efeitos deletérios sobre as células normais,

principalmente sobre as de alto padrão replicativo (WAHLIN, 1991; DAHLOF et al.,

1994).

As complicações estomatológicas constituem uma importante causa de

morbidade nas crianças com neoplasias malignas, podendo interferir nos protocolos de

tratamento, deteriorar sua qualidade de vida e inclusive, colocá-las em risco de vida

(NIH, 1989; CHILDERS et al., 1993). Tais complicações podem ser agudas, ou seja

aquelas que se desenvolvem durante a terapia e exibem um caráter severo, ou crônicas,

que se desenvolvem meses ou anos depois de aplicada a terapia antineoplásica

(PETERSON, D`AMBROSIO, 1992; CARL, 1995).

Uma complexa interação de fatores contribui para a instalação e progressão das

complicações estomatológicas nos pacientes com neoplasias malignas, entre os quais se

incluem os efeitos tóxicos diretos e indiretos da terapia antineoplásica, o alto padrão de

renovação celular da mucosa oral, a diversa e complexa microbiota oral, o

comprometimento do sistema imunológico e o trauma local (SCHUBERT et al., 1992;

PETERSON, D`AMBROSIO, 1992). Evidentemente, as doenças orais pré-existentes

não relacionadas com a terapia antineoplásica, aumentam o risco e a severidade de

complicações na boca dos pacientes em tratamento (NIH, 1989).

Sonis, Kunz (1988) avaliaram a ocorrência de complicações orais em 495

pacientes entre as idades de 01 a 61 anos ou mais acometidos de diversos tipos de

neoplasias malignas. Estes pesquisadores observaram que 52 pacientes desenvolveram

em conjunto 106 complicações orais, sendo as mais freqüentes mucosite/ulceração (30

casos), infecções fúngicas, virais e bacterianas (29 casos) e sangramento oral (17 casos),

ocorrendo em média duas complicações por paciente. Ao relacionarem a ocorrência de

complicações orais com o tipo de neoplasia, foi observado que 26 (28,6 %) de 91

pacientes com leucemias agudas desenvolveram tais complicações, enquanto que apenas

2 de 79 pacientes com câncer de pulmão tiveram alterações orais. Por outro lado, os

autores também observaram uma maior freqüência de complicações orais em pacientes

jovens, já que 29,4 % dos pacientes menores de 20 anos desenvolveram complicações

orais, enquanto que apenas 6,6 % dos pacientes maiores de 60 anos as apresentaram.

Para Childers et al. (1993); Epstein, Schubert (1999) as complicações orais mais

freqüentemente associadas ao tratamento do câncer são a mucosite, ulcerações,

infecções, disfunções glandulares, alteração do paladar e dor, podendo estas levar a

complicações secundárias como a disgeusia e desnutrição.

2.3.1. Xerostomia

A xerostomia é definida como a secura da boca,

produzida pela secreção insuficiente de saliva, sendo

considerada uma das alterações mais freqüentes nos

pacientes sob terapia antineoplásica, principalmente

naqueles submetidos à radioterapia por câncer nas regiões

de cabeça e pescoço ou outros tipos de câncer (NIH, 1989;

CHIN, 1998).

De acordo com Caielli, Martha, Dib, (1995) é relatado

que as radiações ionizantes podem induzir danos

irreversíveis aos tecidos das glândulas salivares, levando

ao comprometimento da produção de saliva devido à

fibrose, degeneração gordurosa, degeneração acinar e

necrose das células glandulares. Tais danos podem

promover alterações qualitativas e quantitativas no fluxo

salivar, estando a severidade destas alterações

dependente da dosagem de radiação, do tempo de

tratamento e da extensão da região irradiada.

É mencionado que clinicamente a xerostomia pode

ser evidenciada com duas ou três doses de 200 a 225 cGy,

ocorrendo geralmente ao final da segunda semana após o

início do tratamento. Além da diminuição do fluxo salivar,

ocorrem alterações qualitativas tais como, aumento da

viscosidade salivar e alterações tanto do pH quanto dos

níveis de imunoglobulinas e eletrólitos (RITCHIE et al.,

1985; CAIELLI, MARTHA, DIB, 1995).

Segundo Garg, Malo (1997) a severidade da

xerostomia pode variar de uma mucosa com aspecto

relativamente normal com uma leve queixa pelo paciente

de sensação de secura e queimação até condições nas

quais pode ocorrer ausência total do fluxo salivar e severa

sensação de queimação na mucosa oral.

Secundário à redução do fluxo salivar, ocorrem outras

alterações na cavidade oral, entre elas, aumento da

proliferação bacteriana, principalmente de microrganismos

potencialmente cariogênicos e fungos. Além disso, o

paciente pode apresentar dificuldade de mastigar e digerir

os alimentos, comprometendo sua nutrição e podendo

inclusive gerar problemas de fonação (NEVILLE et al.,

1998; SYMONDS, 1998).

Segundo Meran, Reeve (1998) a hipogeusia ou

redução do paladar é uma complicação que pode ser

relatada na segunda semana logo depois de iniciada a

radioterapia. Sua severidade e duração vão depender da

dosagem de radiação atingindo áreas de receptores

gustativos e geralmente compromete todo o espectro de

sabores (doce, salgado, amargo e ácido). Os autores

mencionam ainda que dosagens de 240 cGy a 400 cGy

podem induzir esta complicação e que, quando excedem

os 600 cGy, a perda do paladar pode tornar-se permanente,

muito embora, alguns pacientes possam recuperar

parcialmente as sensações gustativas por volta dos 20 a 60

dias depois de concluída a radioterapia ou recuperá-las

totalmente 2 a 4 meses após a conclusão do tratamento.

Diversas medidas podem ser adotadas para o

tratamento da xerostomia, iniciando pela orientação dos

cuidados higiênicos do paciente, utilização de substitutos

salivares, estimulação do fluxo salivar e uso de sialogogos

como a pilocarpina (NIH, 1989; PETERSON, D`AMBROSIO,

1992; NEVILLE et al., 1995; CAIELLI, MARTHA, DIB, 1995).

2.3.2. Mucosite oral

A mucosite oral é definida como uma inflamação da mucosa, caracterizada pela

presença de eritema e/ou ulceração (EPSTEIN et al., 2000). Esta é considerada a

complicação oral mais freqüente nos pacientes sob quimioterapia e/ou radioterapia

(CHILDERS et al.,1993; SCULLY, EPSTEIN, 1996; PLEVOVÁ, 1999).

Segundo Millns, Martín, Williams (1999) muitas drogas antineoplásicas causam

ulceração e destruição dos tecidos intra-orais, que por sua vez somado à alta

proliferação celular e/ou a presença de trauma local, contribuem para tornar a boca um

alvo da ação tóxica dos quimioterápicos, manifestando-se como mucosite. Os efeitos

diretos ou indiretos do tratamento antineoplásico sobre as células basais do epitélio oral

prejudicam sua replicação, tornando a mucosa atrófica, fácil de ser danificada e de

difícil reparo (SONIS, 1998; PETERSON, 1999; SONIS et al., 2000).

Os quimioterápicos que geralmente exercem efeitos deletérios sobre a mucosa

orofaríngea, levando à ocorrência de mucosite, são o metrotexato, 5-fluorouracil,

interferon, bleomicina, doxorrubicina, cisplatina, vinblastina, vincristina e os taxanos.

Por exemplo menciona-se que, aproximadamente 80 % dos pacientes recebendo

5-fluorouracil podem desenvolver mucosite oral, sendo de caráter severo em mais de

26 % dos casos e que a ulceração do trato orofaríngeo leva a disfagia, a qual geralmente

é muito severa por volta dos 10 dias de iniciada a terapia com esta droga (SYMONDS,

1998).

Segundo Fonseca (1998) é mencionado que o primeiro sinal de

desenvolvimento da mucosite oral é a sensação de queimação relatada pelo paciente e

que, 2 a 7 dias após essa queixa inicial, ocorreriam as fases subseqüentes desta

complicação oral. Nos estágios iniciais da mucosite a mucosa apresenta-se pálida.

Segundo Symonds (1998), esse aspecto pálido da mucosa pode ser devido ao fato de

que no início da terapia antineoplásica um número considerável de células da camada

basal do epitélio não estão ainda em divisão, podendo ocorrer diminuição da atividade

mitótica, levando à retenção das células superficiais do epitélio e, conseqüentemente,

maior grau de ceratinização destas.

Em conseqüência desse aspecto inicial pode ocorrer eritema intenso, o qual

geralmente é seguido pela formação de edema e de uma pseudomembrana

esbranquiçada. Finalmente o quadro pode tornar-se mais severo, progredindo para

formação de úlcera (NEVILLE et al., 1995; SCULLY, EPSTEIN, 1996; SYMONDS,

1998). Os sítios mais acometidos pela mucosite droga-induzida são a mucosa jugal,

palato mole e assoalho bucal, enquanto que, nos pacientes sob radioterapia, as lesões

mais severas ocorrem na área que foi diretamente irradiada (PETERSON, 1999).

Ao longo dos anos, a mucosite tem sido considerada como um processo que

afeta o epitélio devido à ação deletéria, não seletiva, dos agentes antineoplásicos sobre

as células basais. Essa concepção sugere que a exposição a estes agentes resulta em

dano à proliferação celular e inibição da replicação resultando em atrofia e,

subseqüentemente, formação de úlceras. As observações clínicas, no entanto, sugerem

que esse mecanismo é mais complexo. Tem sido sugerido que a radiação pode iniciar a

cascata de citocinas pró-inflamatórias tais como a interleucina-1 (IL-1 ) e o fator de

necrose tumoral (TNF- ), as quais atuariam como indutoras de danos teciduais

(SONIS et al., 2000).

Segundo Peterson (1999), além da ação direta dos agentes antineoplásicos sobre

as células da mucosa oral, outros fatores tais como a desregulação do sistema

imunológico, o papel da microbiota colonizadora e os mecanismos de reparo das lesões

estão sendo estudados, para tentar entender melhor o processo de desenvolvimento da

mucosite. Neste sentido, segundo o autor, existem evidências de que alterações

induzidas pela quimioterapia em determinadas citocinas como a Interleucina 1 (IL-1) e

o Fator de Necrose Tumoral (TNF- ) no epitélio, podem acelerar a progressão das

lesões uma vez que atuariam causando dano tecidual localizado, aumento da

vascularização sub-epitelial e subseqüente aumento da distribuição do quimioterápico

pela mucosa. O autor menciona ainda que o Fator Transformante de Crescimento 3

(TGF- 3), pode exercer um efeito protetor contra as injúrias à mucosa, inibindo a

proliferação celular durante a fase G1 do ciclo celular, através da inibição do complexo

proteína quinase cdk2/ciclina D.

Segundo Sonis (1998), a mucosite é um processo fisiologicamente complexo que

se desenvolveria em 4 fases interdependentes quais sejam em conseqüência de uma

série de ações mediadas por citocinas, pelos efeitos diretos dos agentes antineoplásicos

no epitélio, a microbiota oral e o status da medula óssea do paciente.

De acordo com a hipótese do autor anteriormente referenciado, logo depois de

aplicada a radioterapia e/ou quimioterapia ocorreria a fase 1 ou inflamatória / vascular

que se caracteriza pela liberação de citocinas tais como o TNF- , IL-1 e por vezes IL-6

nos tecidos conjuntivo e epitelial, as quais provocariam os danos teciduais iniciais do

desenvolvimento da mucosite. A IL-1 causa um aumento da vascularização e,

conseqüentemente, um aumento na concentração das drogas citotóxicas na mucosa.

Nesta fase também ocorre um aumento da celularidade na submucosa. A fase 2 ou

epitelial, ocorre por volta dos 4 a 5 dias após o início da terapia, nela tanto a radiação

como os quimioterápicos, principalmente as drogas que afetam as células na fase S do

ciclo proliferativo, tais como o metotrexato (MTX), 5-fluorouracil (5-FU) e arabinosil

citocina (ARA-C), alteram o processo de divisão das células basais, prejudicando a

renovação epitelial e, conseqüentemente, levando a atrofia e ulceração, as quais podem

ser agravadas pela presença de trauma e por uma maior produção local de citocinas.

A fase 3 ou ulcerativa / bacteriana é, segundo o autor supracitado, a mais

complexa e sintomática, ocorre por volta da primeira semana em que é administrada a

droga e quando o paciente apresenta evidente neutropenia, podendo ocorrer erosões, as

quais geralmente apresentam-se recobertas por uma pseudomembrana fibrinosa. Nesta

fase podem, também, ocorrer infecções secundárias das lesões por uma microbiota

mista, entre elas as bactérias Gram negativas, as quais, por intermédio de suas

endotoxinas, estimulam uma maior liberação de citocinas pelas células mononucleares

no tecido conjuntivo. Isto, somado à produção de óxido nítrico, podem tornar o quadro

de mucosite mais severo. Finalmente, ocorre a fase 4 ou de reparo, que consiste na

renovação da proliferação e diferenciação celular, regularização da contagem das

células brancas do sangue periférico e restabelecimento da microbiota oral normal.

Para Epstein, Schubert (1999) a mucosite além de ser uma das complicações

mais freqüentes em pacientes com transplante de medula óssea e em tratamento de

câncer hematológico, é considerada a causa mais freqüente de dor oral nesses pacientes.

Além de causar dor, a qual pode atingir níveis significativos, compromete a nutrição e a

qualidade de vida (PETERSON, 1999; SONIS et al., 2000), promovendo infecções e,

por vezes, levando a modificação ou interrupção dos protocolos de tratamento

antineoplásico (MÜELLER et al., 1995).

Geralmente o aparecimento de mucosite droga-induzida ocorre em torno do 5º a

10º dia após iniciada a terapia e tende a exibir um caráter autolimitante, desaparecendo

dentro de duas a três semanas depois de concluído o tratamento (WOO et al., 1993;

GARG, MALO, 1997). A severidade da mucosite droga-induzida depende de fatores do

paciente e do tratamento. Os fatores relacionados ao paciente incluem a idade, o tipo de

neoplasia e o status de saúde oral. Assim sendo é relatado que pacientes com leucemias

desenvolvem mucosite com maior freqüência do que aqueles com tumores sólidos, o

que pode estar associado a particularidades da doença e a imuno e mielossupressão

induzidas pelas drogas. Por outro lado menciona-se que pacientes pediátricos são mais

susceptíveis a desenvolver mucosite que os adultos, provavelmente devido a um maior

índice de proliferação celular nas crianças (SYMONDS, 1998).

A mucosite radio-induzida tende a ocorrer na terceira semana de iniciada a

terapia, geralmente durando 6 a 8 semanas, podendo a sobreposição de trauma e/ou

infecção agravar o quadro, prejudicando o reparo tecidual (SYMONDS, 1998). Neste

sentido é mencionado que quando as bordas laterais da língua exibem mucosite,

geralmente as lesões demoram em reparar devido à sobreposição do trauma da

mastigação e fricção contra os dentes (FONSECA, 1998). Segundo Parulekar

et al. (1998) a severidade da mucosite radio-induzida depende de vários fatores entre

eles a dose de radiação, o fracionamento desta, o volume tecidual irradiado e o tipo de

radiação.

Geralmente dosagens de radiação em torno dos 2000 Gy administrados em doses

diárias de 200 cGy podem causar mucosite, uma vez que as células da mucosa oral

exibem baixa resistência à radiação ionizante. Com as doses subseqüentes, os efeitos

cumulativos da radiação tornam o quadro mais grave (RITCHIE et al., 1985; SONIS,

1991; SONIS, 1992). Isto pode prejudicar o plano de tratamento, limitando a dosagem

de radioterapia e comprometer a higiene oral do paciente e conseqüentemente, observa-

se um aumento exagerado da microbiota oral. Isto, somado a xerostomia e disfagia que

geralmente ocorrem durante a radioterapia, tornam gravíssimo o quadro de mucosite,

dando lugar a ulcerações severas e predisposição para infecções (CAIELLI, MARTHA,

DIB, 1995).

Driezen et al. (1986) realizaram um estudo quantitativo das complicações mais

freqüentes em 1500 pacientes entre as idades de 17 a 82 anos, sob tratamento para

diferentes tipos de leucemias. Os autores observaram que 704 pacientes (46,9 %)

desenvolveram complicações orais, e destes, 244 (16,3 %) exibiram mucosite

comprometendo os lábios, língua, gengiva, palato e mucosa jugal. O primeiro sinal de

desenvolvimento de mucosite relatado pelos pacientes foi a sensação de queimação na

mucosa e 2 ou 7 dias depois dessa queixa, surgiram erosões e ulcerações dolorosas que

persistiam por algumas semanas após a terapia. As drogas que tiveram maior associação

com o desenvolvimento de mucosite foram o metotrexato (57 casos), acridinil anisidina

(55 casos) e doxorrubicina (46 casos). Baseados nestas observações, os autores sugerem

que a mucosite oral é uma complicação “paciente específica”, já que uma minoria dos

pacientes que receberam drogas estomatotóxicas desenvolveu mucosite severa,

enquanto que a maioria não mostrou sinais perceptíveis desta complicação.

Estudos pregressos relataram a ocorrência de mucosite em associação com

estados de neutropenia. Nesse sentido, McCarthy et al. (1998) realizaram um estudo

retrospectivo em 63 pacientes com câncer do trato digestivo e que receberam

5-fluorouracil (5-FU) como parte do tratamento. Os autores observaram que 46 % dos

pacientes exibiram episódios de mucosite comprometendo várias regiões da boca. Ao

relacionar a presença de mucosite com a contagem de neutrófilos, estes observaram que

existia uma associação estatisticamente significativa entre esta complicação oral e

estados de neutropenia menores ou iguais a 4.000 céls/mm3. Segundo os referidos

autores estes resultados podiam refletir um dano da resposta inflamatória induzida pelos

efeitos da 5-FU na mucosa oral e concluíram sugerindo que baixas contagens de

neutrófilos podem ser consideradas como fator preditivo do risco de desenvolver

mucosite nos pacientes em terapia antineoplásica.

A mucosite oral causa desconforto e pode interferir nos protocolos de tratamento

antineoplásico (PLEVOVÁ, 1999). Portanto é importante estabelecer medidas

direcionadas à prevenção e/ou redução da incidência dessa complicação. Assim sendo,

todo paciente que for submetido a tratamento antineoplásico deve ser objeto de uma

criteriosa avaliação odontológica, procurando identificar e eliminar lesões pré-existentes

e possíveis fatores de risco para o desenvolvimento de alterações estomatológicas

durante o tratamento. Uma das primeiras medidas adotadas, deve ser informar e

incentivar o paciente, os pais e/ou responsáveis sobre a importância de manter um

adequado padrão de higiene oral, antes, durante e após a terapia (GREENBERG et al.,

1982; SONIS, KUNZ, 1988; NIH, 1989; SYMONDS, 1998; PARULEKAR et al.,

1998).

Alguns pacientes com mucosite oral se recusam a utilizar a escova dentária

convencional, sendo, em última instância, sugerido o uso de esponjas ou escovas de

espuma, devendo-se, no entanto, salientar a pobre capacidade de limpeza destas. Por

outro lado, alguns pacientes, principalmente as crianças, reclamam do uso de cremes

dentais alegando alteração da sensação gustativa. Nestes casos recomenda-se a

diminuição ou eliminação do creme dental, partindo do fato de que o importante é a

ação mecânica da escovação. Sempre que possível devem ser recomendados cremes

dentais fluoretados pouco abrasivos, devido ao alto risco de caries observado nestes

pacientes (FONSECA, 1998).

Segundo Sepet et al. (1998) é de extrema importância reforçar as medidas de

higiene oral nos pacientes sob tratamento antineoplásico, destacando-se que mesmo

com a presença de complicações esta seja executada freqüentemente e com extremo

cuidado, já que o simples fato de evitar o acúmulo de placa é uma medida que auxilia na

prevenção da ocorrência de complicações.

Embora não tenha sido comprovada sua efetividade em estudos controlados

cientificamente, outra medida muito empregada em protocolos de tratamento

odontológico para pacientes com neoplasias que desenvolvem complicações orais, é o

uso de enxaguatórios com solução salina ou bicarbonato de sódio, no intuito de manter a

mucosa oral limpa e úmida (EPSTEIN, SCHUBERT, 1999).

Segundo Plevová (1999) sabendo-se que a mucosite nos pacientes sob intensa

terapia antineoplásica, pode ser o resultado de infecção secundária de áreas danificadas

da mucosa oral, o uso da clorexidina, um potente agente antimicrobiano e anti-séptico,

tem mostrado eficácia no controle da mucosite oral.

McGaw, Belch (1985) avaliaram a eficácia de enxaguatórios de clorexidina a

0,1 %, como medida profilática para prevenir ou reduzir a freqüência de complicações

orais durante a quimioterapia com citocina-arabinose, adriamicina e ansacrina em 16

pacientes com LMA. Os pacientes foram divididos em 2 grupos de 8 cada, sendo que o

grupo de estudo realizou bochechos de clorexidina e o grupo controle realizou

bochechos com uma solução placebo. Nas duas primeiras semanas depois de iniciada a

terapia foi observada uma incidência levemente maior de mucosite nos pacientes do

grupo controle, porém essa diferença não foi estatisticamente significativa. Por volta da

3ª a 4ª semana, a freqüência de mucosite foi significativamente maior no grupo controle.

Quatro pacientes desse grupo desenvolveram mucosite caracterizada por eritema severo,

úlceras, dor severa e dificuldade de alimentar-se, enquanto que apenas 2 pacientes do

grupo de estudo apresentaram tal grau de mucosite. Segundo os autores, os resultados

mostraram que a clorexidina pode diminuir a severidade e a duração dos episódios de

mucosite, reduzindo conseqüentemente o risco de outras complicações nos pacientes

sob terapia antineoplásica.

Costa (1998) avaliou clinica e citologicamente a mucosa oral de 14 crianças com

LLA entre as idades de 02 a 10 anos submetidas a quimioterapia. Estas foram divididas

em dois grupos de 7 pacientes cada, sendo que um dos grupos fez uso de bochechos de

clorexidina a 0,12 %. Nos resultados observou-se que uma criança do grupo de estudo e

5 do grupo controle apresentaram mucosite, caracterizada pela ocorrência inicial de

eritema seguido de edema e formação de úlcera. As lesões se desenvolveram em um

período de 2 a 4 dias após a administração do MTX e localizaram-se geralmente na

mucosa labial e jugal. Na avaliação citológica não foram observadas modificações na

relação núcleo-citoplasma, bem como no contorno da membrana nuclear e do

citoplasma. Baseada nos resultados a autora sugeriu que bochechos de clorexidina a

0,12 % podem evitar o desenvolvimento ou minimizar a severidade da mucosite oral.

Segundo Wahlin (1989) a clorexidina deve ser utilizada com cautela,

principalmente em crianças, em virtude da sua capacidade de induzir manchas na língua

e nos dentes, alterar a sensação gustativa e promover inflamação temporária da glândula

parótida. Devido ao seu alto conteúdo alcoólico, a clorexidina pode queimar os tecidos

orais, aumentar a secura destes e prejudicar o reparo da mucosa danificada. De acordo

com estes pesquisadores, para evitar os inconvenientes do uso desta solução em

crianças, recomenda-se diluí-la em água para neutralizar um pouco o seu sabor

desagradável e, desta forma, poder contar com a colaboração do paciente.

Symonds (1998) mencionou que alguns estudos têm revelado que o fator

estimulador de colônia de granulócitos (G-CSF) e o fator estimulador de colônia de

granulócitos e macrófagos (GM-CSF), duas citocinas que promovem a proliferação e

diferenciação de precursores de neutrófilos e monócitos / macrófagos, além de aumentar

as funções efetoras de neutrófilos maduros, podem estimular a proliferação celular nas

membranas mucosas da orofaringe, reduzindo, assim, a ocorrência e/ou severidade da

mucosite oral.

Bez et al. (1999) realizaram estudo para avaliar a eficácia de enxaguatórios de

fator estimulador de colônias de granulócitos e macrófagos (GM-CSF) no tratamento da

mucosite oral, em 39 pacientes entre as idades de 17 e 61 anos, os quais receberam

quimioterapia e radioterapia para neoplasias hematológicas e tinham desenvolvido

mucosite oral severa, caracterizada pela presença de lesão recoberta por uma

pseudomembrana ou pela presença de ulceração. O grupo de estudo foi constituído por

10 pacientes que realizaram enxaguatórios 3 vezes ao dia com GM-CSF, enquanto que,

o grupo controle foi formado por 29 pacientes. Estes pesquisadores observaram que a

duração dos episódios de mucosite severa, foi menor no grupo de estudo, ocorrendo, em

média em um período de 7 a 23 dias, enquanto que, no grupo controle, a duração desses

episódios foi de 5 a 42 dias. Baseados nesses resultados, os autores sugerem que

enxaguatórios de GM-CSF podem ser eficazes no controle da mucosite oral em

pacientes sob terapia antineoplásica.

2.3.3. Sangramento oral

As leucemias, linfomas e/ou estados de imunossupressão, assim como o uso de

certas drogas, pode causar trombocitopenia severa, a qual geralmente predispõe a

sangramentos orais. Além disso, os pacientes imunossuprimidos podem sofrer

coagulação intravascular disseminada, condição que também coloca o paciente sob risco

de sofrer sangramentos na mucosa oral (NIH, 1989; FONSECA, 1998; CANCER NET,

2001).

Segundo Fonseca (1998) é relatado que pacientes em tratamento antineoplásico,

com contagem plaquetária em torno de 50.000 céls/mm3 exibem um moderado risco de

sangramento sendo que a presença de alterações na coagulação e na qualidade das

plaquetas, associadas com doenças de base ou droga-induzidas, podem causar

sangramentos prolongados, mesmo que a contagem plaquetária não esteja muito baixa.

Hou, Huang, Tsai (1997) realizaram estudo retrospectivo para avaliar a

freqüência de complicações orais em 230 pacientes com leucemias, levando em

consideração vários fatores, entre eles, os resultados de exames laboratoriais. Os autores

consideraram contagens plaquetárias entre 25.000 cels/mm3 e 60.000 cels/mm3, como

fator de alto risco para a ocorrência de sangramentos orais espontâneos. Do total de

pacientes avaliados, 83 apresentaram sangramento gengival e destes, 66 casos

mostraram contagem plaquetária menor de 60.000 cels/mm3. Baseados nesses

resultados, os autores sugeriram que o sangramento gengival pode ser considerado

como o primeiro sinal de trombocitopenia significativa em pacientes com leucemia.

De acordo com Driezen et al. (1986), o sangramento oral em pacientes com

leucemia, exibindo mielossupressão droga-induzida, geralmente ocorre em torno de 10 a

14 dias após de iniciada a quimioterapia, sendo que, na maioria dos casos, o

sangramento pode decorrer da associação da trombocitopenia severa, trauma local e/ou

defeitos da coagulação sangüínea. Estes autores, analisando as complicações orais mais

freqüentes num grupo de 1.500 pacientes com leucemia sob quimioterapia, observaram

204 casos de sangramentos orais, 76 dos quais ocorreram isoladamente, 43 em

associação com infecções, 32 decorrentes de mucosite e 53 casos relacionados à

ocorrência simultânea de mucosite e infecção. Por outro lado, 91 desses casos foram

atribuídos à trombocitopenia, 10 à coagulação intravascular disseminada, 2 à

hipofibrinogemia e 1 à deficiência de vitamina K.

Relata-se que sangramento gengival espontâneo pode ser observado nos

pacientes que além de exibir baixa contagem plaquetária, apresentam adicionalmente

doença periodontal, aumentando assim o risco de desenvolver esta complicação

(ORBAK, ORBAK, 1997). Além disso, menciona-se o trauma local e até o próprio ato

da higiene oral como possíveis estimuladores de sangramento oral, o qual pode-se

manifestar sob a forma de petéquias nos lábios, palato mole e assoalho bucal, chegando

mesmo a promover sangramentos gengivais persistentes (McKENNA, 2000; CANCER

NET, 2001).

Várias medidas podem ser adotadas para a prevenção e tratamento do

sangramento oral. Primeiramente deve-se orientar o paciente sobre adequados

procedimentos de higiene e remover qualquer fator irritante local que possa agredir os

tecidos. Agentes hemostáticos tópicos podem ser efetivos no controle local do

sangramento, porém muitas vezes esta complicação requer tratamento sistêmico com a

realização de transfusões de plaquetas (PETERSON, D`AMBROSIO, 1992; CANCER

NET, 2001).

2.3.4. Infecções

Em condições normais a colonização microbiana da cavidade oral é regulada

pela atividade competitiva interbacteriana, pelo suprimento de nutrientes e por fatores

físico-químicos do meio bucal como o pH e a temperatura. Os componentes do sistema

imunológico, contidos na saliva e no fluido gengival (fatores humorais, neutrófilos

polimorfonucleares), também exercem um papel primordial na manutenção do

equilíbrio intra-oral (SIXOU, MEDEIROS-BATISTA, BONAURE-MALLET, 1996).

A boca é o habitat de uma microbiota anfibionte diversa que inclui mais de 500

espécies identificadas, sendo muitas destas potencialmente patogênicas. Normalmente

essa microbiota é representada por microorganismos inofensivos que podem causar

especialmente infecções dentárias de baixo grau, porém nos pacientes

imunocomprometidos, tanto a microbiota anfibionte como a oportunista pode

tornar-se patogenicamente perigosa e causar infecções severas, inclusive, atingindo a

corrente circulatória causar infecções generalizadas (MEURMAN et al. 1997). Nestes

pacientes o alto risco de desenvolver infecções diversas é associado, principalmente, à

neutropenia decorrente do próprio curso da doença ou como efeito colateral dos agentes

terapêuticos (SIXOU, MEDEIROS-BATISTA, BONAURE-MALLET, 1996;

MODEER, WONDIMU, 2000).

Uma complexa interação de fatores contribui na etiologia de infecções, entre os

quais menciona-se doenças orais pré-existentes, perda da integridade da mucosa oral, o

comprometimento do sistema imunológico, xerostomia e a proliferação da microbiota

anfibionte oral e/ou oportunista. Estes fatores são capazes de causar infecções graves

que, além de comprometer a qualidade de vida e interferir com os protocolos de

tratamento antineoplásico, podem representar risco à vida dos pacientes (MARQUES,

WALKER, 1991; CHILDERS et al., 1993).

Segundo Wright et al., (1985); Fonseca (1998) a incidência e severidade das

infecções em pacientes sob tratamento antineoplásico, são inversamente proporcionais à

contagem de neutrófilos no sangue circulante, devido ao comprometimento da defesa

celular. Neste sentido Driezen et al. (1986) mencionaram que no paciente sob

quimioterapia, por volta do quinto dia da medicação, geralmente ocorre o

desenvolvimento de um período caracterizado por granulocitopenia e linfocitopenia,

durante o qual aumenta a susceptibilidade a infecções bacterianas, fúngicas e virais.

Em 1983 Driezen et al. realizaram um estudo com 1.000 pacientes com diversos

tipos de neoplasias malignas, observando uma freqüência de infecções orais de

aproximadamente 9,7 %, sendo a maioria dos casos causados por um único tipo de

microorganismo. Na análise microbiológica os autores detectaram que 68,9 % dos casos

de infecções orais foram causados por fungos, principalmente pela C. albicans, assim

como H. capsulatum e Criptococcus neoformans. As bactérias Gram negativas como P.

aeruginosa, Klebsiela pneuminiae, Proteus mirabilis, Haemophilus influenzae foram os

agentes etiológicos responsáveis por 10,7 % dos casos, enquanto que, o vírus do herpes

simples e bactérias Gram negativas como os S. aureus, S epidermidis, Streptococcus

pyogenes, foram responsáveis por 10,7 % e 9,7 % dos casos respectivamente.

Posteriormente Driezen et al. (1986) analisaram 1.500 pacientes com leucemias

mediante a coleta de material das lesões orais com suspeita de infecções, que ocorreram

durante o período de hospitalização. Nos resultados da cultura microbiológica os autores

detectaram que 513 pacientes (34,2 %) desenvolveram infecções orais, sendo que 424

casos (2,7 %) tiveram um único tipo de microorganismo como agente etiológico,

enquanto que, 89 (17, 3 %) casos, apresentaram infecções de etiologia polimicrobiana.

Neste estudo aproximadamente 20 % dos casos de infecções fúngicas foram causados

pela C. albicans, seguida do Aspergillus, Rhizopus e Histoplasma. Em relação às

infecções virais, 132 (8,8 %) casos foram atribuídos ao vírus do herpes simples. Já as

bactérias Gram negativas das espécies Pseudomonas, Klebsiela, Escherichia,

Enterobacter, Serratia e Proteus responderam por 122 (8,1 %) casos. Os Staphilococcus

e Streptococcus foram detectados em 4% dos casos.

a. Infecções bacterianas

As infecções bacterianas orais nos pacientes com neoplasias, podem ser

causadas pela microbiota anfibionte oral e/ou pela adquirida do meio hospitalar

(PETERSON, D`AMBROSIO, 1992).

Segundo Millns, Martín, Williams (1999) os processos inflamatórios promovem

a perda da camada de fibronectina celular na orofaringe, favorecendo a aderência dos

bacilos Gram negativos (BGN) aeróbios nessa região. Estes bacilos exercem seus

efeitos através da liberação de endotoxinas no meio bucal e/ou na circulação sanguínea,

causando neste último caso, alterações hematológicas, imunológicas e no sistema

endócrino.

Segundo Peterson, D`Ambrosio (1992) os microorganismos geralmente

associados com infecções graves em pacientes com neoplasias malignas são

Pseudomonas aeruginosa, Staphilococcus epidermidis e Escherichia coli. Na cavidade

oral, estes podem causar infecções localizadas, tais como pericoronarites, sialoadenities

de glândulas maiores, abscessos periodontais e outras infecções mucosas ou dentárias

cujas complicações podem levar a septicemia (NIH, 1989).

Segundo Symonds (1998) é relatado que a radioterapia pode promover a

proliferação bacteriana por duas vias. A primeira seria causando dano e/ou morte das

células com alto índice proliferativo na orofaringe, levando à formação de úlceras que

serviriam como locais de colonização bacteriana. A segunda forma seria pelo

comprometimento do fluxo salivar e conseqüente perda das funções físicas, químicas e

imunológicas exercidas pela saliva, permitindo, assim, o desequilíbrio da microbiota

bacteriana oral.

Lesões de mucosite ulcerativa podem constituir sítios favoráveis para a

colonização e proliferação de bactérias, uma vez que estas podem aproveitar a solução

de continuidade da mucosa como porta de entrada para atingir outros locais dos tecidos

orais e/ou do organismo (CHIN, 1998).

Reuscher et al. (1998) avaliaram a relação entre a ocorrência de mucosite e o

desenvolvimento de infecções sistêmicas com Streptococci viridans -hemolíticos, em

24 pacientes entre as idades de 20 a 59 anos, com diagnósticos de linfomas não

Hodgkin, leucemias e mieloma múltiplo tratados com transplante de medula óssea. Os

45 pacientes do grupo controle tinham os mesmos tipos de neoplasias, porém negativos

para a bacteremia com S viridans -hemolíticos. Nos resultados os autores observaram

que a freqüência da mucosite ulcerativa foi maior no grupo de estudo, já que 15 (62%)

destes desenvolveram tal complicação oral, enquanto que, 16 pacientes do grupo

controle (36 %), apresentaram mucosite ulcerativa. Os autores concluem que a mucosite

pode ser considerada um fator de risco importante nas infecções sistêmicas por

Streptococci viridans -hemolítico, em pacientes imunocomprometidos.

Greenberg et al. (1982) realizaram um estudo para avaliar o papel da cavidade

oral como fonte de septicemia em 33 pacientes com leucemia não linfocítica aguda.

Observaram que 12 pacientes desenvolveram episódios de septicemia. Na análise

microbiológica, 7 destes pacientes tiveram os agentes etiológicos isolados de infecção

clínica oral ou doença periodontal, sendo os microorganismos a Kliebsiella pneumonia

(3 casos), K. cloacae (1 caso), K. oxytoca (1 caso), Enterobacter aerogenes (1 caso) e

Staphylococcus epidermidis (1 caso). Segundo os autores estes resultados sugerem que a

boca pode desempenhar papel importante na ocorrência de septicemia em pacientes com

LLA.

Marques, Walker (1991) relataram um caso de uma criança com leucemia

monocítica aguda, exibindo rápido e acentuado crescimento da área submandibular

direita, com origem a partir de um processo infeccioso desenvolvido com a entrada de

microorganismos na região mencionada, através de um espaço produzido pela

reabsorção radicular de um molar decíduo.

Cheatham, Henry (1994) relataram o caso de uma menina de 11 anos com LLA,

a qual depois de 11 dias da terapia de indução apresentou uma lesão ulcerativa

semelhante a mucosite droga-induzida localizada na gengiva inserida do dente 21, a

qual foi tratada com clorexidina a 0,12 % sem sucesso. Pensando na possibilidade ser

uma infecção por Candida foi instituído então o tratamento antifúngico a base de

fluconazol sem resultado positivo. Cultura de material colhido da lesão detectou

predominância de Pseudomona aeruginosa, sendo então instituído tratamento com

cefatazidina. Mesmo com todas as medidas de tratamento instituídas a lesão tornou-se

mais grave, sendo então descoberta pelos autores uma história de trauma com fratura e

exposição pulpar do dente 22 que ocorrera 3 anos antes de iniciado o tratamento

antineoplásico e que foi inadequadamente tratada. Baseados nesses dados os autores

diagnosticaram o caso como periodontite apical crônica supurativa associada a

tratamento endodôntico incorreto, que devido ao estado de imunossupressão evoluiu

para uma lesão com destruição óssea, resultando na remoção cirúrgica do dente

envolvido. Segundo os autores este caso chama a atenção para a importância de

submeter a uma criteriosa avaliação odontológica qualquer paciente antes do início da

terapia antineoplásica.

Segundo Greenberg et al.(1982) todo paciente submetido a tratamento

antineoplásico, deve ser objeto de uma exaustiva avaliação odontológica, antes, durante

e depois da terapia, procurando identificar e eliminar qualquer alteração na mucosa ou

nos tecidos dentários. Durante o tratamento antineoplásico, as complicações orais

devem ser prevenidas e/ou tratadas, principalmente as infecções. Medidas preventivas

tais como o uso tópico de gluconato de clorexidina a 0,12%, a remoção de placa e

cálculo dentário e a intensificação de cuidados higiênicos orais devem ser incentivadas

(CANCER NET, 2001).

b. Infecções fúngicas

Em pacientes com neoplasias malignas, diversos fatores contribuem para a

instalação de processos infecciosos de natureza fúngica, entre eles a mielossupressão, o

comprometimento do fluxo salivar e as injúrias à mucosa, entre outros.

Segundo Salisbury et al. (1997) é conhecido o papel dos neutrófilos na defesa

contra fungos, porém nos pacientes com leucemia, a medula óssea produz neutrófilos

anormais e a quimioterapia de indução-remissão pode causar mielossupressão e

neutropenia profunda, as quais podem colocar o paciente em risco de adquirir infecções

fúngicas oportunistas, como a candidíase. Segundo Barrett (1987) mais de 50% das

infecções orais em pacientes com leucemia se caracterizam como candidíase.

A candidíase é uma doença oportunista causada pela proliferação de espécies de

Candida, principalmente a C. albicans (RICHARDSON, WARNOCK, 1997). Segundo

mccullough, Ross, Reade (1996) acredita-se que a C. albicans seja a espécie mais

patogênica no ser humano, formando parte da microbiota anfibióntica oral. Segundo

Neville et al. (1995) aproximadamente 30 a 50 % dos indivíduos em geral são

portadores de Candida sem evidência clínica de infecção.

De acordo com Bunetel, Bonnaure-Mallet (1996), a patogênese da candidíase

pode ser o resultado da resposta primária a várias alterações no microambiente oral, tais

como modificações na microbiota, promovidas pela quimioterapia ou pela

imunossupressão. Os autores sugerem também que alterações epiteliais favorecem a

aderência da C. albicans, sua subseqüente proliferação e interação com outras bactérias

do meio oral. De acordo com Thurmond et al. (1991); Salisbury et al. (1997) o uso

profilático de antibióticos é apontado como outro fator importante na modificação da

microbiota oral, favorecendo a colonização e proliferação da Candida.

A candidíase apresenta diferentes formas clínicas: a pseudomembranosa,

caracterizada pela formação de placa esbranquiçada que ao ser removida deixa uma

superfície eritematosa; a forma crônica hiperplásica, que exibe o aspecto de placa

esbranquiçada não destacável à raspagem; a candidíase eritematosa, caracterizada pela

presença de eritema local ou difuso e, finalmente, a queilite angular, constituída por

lesões eritematosas e/ou ulceradas nas comissuras labiais. As formas

pseudomembranosa e a eritematosa são as de maior ocorrência em crianças. As

localizações mais freqüentes desta infecção fúngica na boca são os lábios, a mucosa

jugal, língua, palato mole e orofaringe (NIH, 1989; PETERSON, D’AMBROSIO, 1992;

FLAITS, BAKER, 2000).

As lesões de candidíase geralmente são assintomáticas, porém alguns pacientes

podem relatar sensação de queimação, dor moderada ou até mesmo severa quando

existe a presença de ulcerações (PETERSON, D’AMBROSIO, 1992; NEVILLE et al.,

1995). Esta infecção fúngica pode ainda causar halitose e alterações do paladar

(FLAITS, BAKER, 2000).

Epstein et al. (1996) realizaram um estudo para avaliar o risco de infecções

fúngicas sistêmicas e as conseqüências da infecção generalizada por Candida, em 63

pacientes com transplante de medula óssea e/ou em quimioterapia. Os pacientes foram

divididos em dois grupos, 44 constituíram o grupo de estudo que fez uso profilático de

fluconazol e 19 o grupo controle. Nos resultados foi observado que 2 pacientes do

grupo de estudo e 1 do grupo controle desenvolveram infecção generalizada por

Candida, sendo a boca apontada como a fonte desta infecção. Ao avaliar a relação

entre o uso de antifúngico, a colonização por Candida e a presença de mucosite, os

autores constataram que dos 63 pacientes, 39 (62 %) desenvolveram mucosite, sendo de

caráter ulcerativo em 16 casos (26 %), incluindo os 3 pacientes que desenvolveram

candidíase sistêmica.

Em pacientes neutropênicos a candidíase oral pode causar infecção sistêmica,

utilizando como porta de entrada as lesões ulcerativas da mucosa ou através do

comprometimento do trato gastrointestinal (NIH, 1989). Muitos casos de óbito em

pacientes com câncer, resultam da septicemia fúngica, sendo 60% dos casos associados

a infecções pré-existentes (GREENBERG et al., 1982). Segundo O’Sullivan, Bailey,

Hart (1993) em crianças com leucemia a candidíase oral é menos prevalente, porém,

quando esta ocorre, o desenvolvimento de infecção sistêmica é mais freqüente.

Segundo Childers et al. (1993) a detecção precoce de Candida ssp. proliferando

de forma anormal pode ser considerada como um indicador do status imunológico e da

susceptibilidade do paciente para o desenvolvimento de candidíase oral, fato que

justifica a adoção de medidas preventivas contra a instalação e evolução desta doença.

A candidíase oral pode ser tratada topicamente com nistatina ou clotrimazol,

tendo a nistatina possivelmente uma maior efetividade nos pacientes que apresentam

xerostomia induzida pelo tratamento antineoplásico (PETERSON, D`AMBROSIO,

1992; FONSECA, 1998). Além do uso de antifúngicos locais, a candidíase pode ser

tratada com medicamentos sistêmicos tais como o cetoconazol, miconazol, fluconazol e

nistatina, reservando o uso de anfotericina B para os casos que requerem tratamento

agressivo por infecções severas (FONSECA, 1998).

É referido que nos pacientes com xerostomia severa por radioterapia, as lesões

crônicas de candidíase, geralmente requerem tratamento mais prolongado, já que a

função protetora exercida pela saliva está comprometida sendo, por vezes,

recomendadas baixas doses intravenosas de anfotericina B, nos casos refratários ao uso

de nistatina ou cetoconazol (NIH,1989).

Depois da candidíase a infecção fúngica mais freqüente em pacientes com

câncer é a causada pelo Aspergilus ssp. Segundo Driezen et al. (1985) este fungo é um

microorganismo oportunista potencialmente patogênico, principalmente em tecidos

lesionados. Estes autores relataram o caso de um paciente com leucemia mielóide

aguda, que apresentou aspergilose invasiva nos pulmões e nos processos alveolares da

região de molares e pré-molares, durante a quimioterapia, sugerindo que o

acometimento do processo alveolar foi devido a uma grave periodontite marginal.

c. Infecções virais

De acordo com Peterson, D’Ambrosio (1992); Orbak, Orbak (1997) as infecções

virais em pacientes imunossuprimidos por quimioterapia ou com transplante de medula

óssea são predominantemente causadas pelo Vírus do Herpes Simples (HSV), porém o

Citomegalovirus (CMV) e o Vírus da Varicela Zoster (VZV), podem também infectar

estes pacientes. Estes autores ainda mencionam que as infecções virais além de causar

desconforto, interferem com as funções orais e, em casos graves, podem levar a óbito os

pacientes com baixa resistência imunológica.

Entre as infecções virais, a causada pelo HSV é a mais freqüentemente

observada nos pacientes com neoplasias malignas e imunocomprometidos (NIH, 1989;

CHIN, 1998; FONSECA, 1998). O HSV é um vírus de DNA da família do Herpes

Vírus Humano (HHV) que pode apresentar-se de dois tipos: HVS-1 e HVS-2, sendo que

o HVS-1 encontra-se comumente na cavidade oral e dissemina-se pela saliva, enquanto

que o HVS-2 é comum nos órgãos genitais, transmitindo-se pelo contato sexual

(NEVILLE et al., 1995).

De acordo com Neville et al. (1995) o primeiro contato do indivíduo com o HSV

caracteriza-se como uma infecção primária na qual o vírus geralmente fica latente nos

gânglios sensitivos, sem causar manifestações. Segundo estes autores, sugere-se que

aproximadamente 30 a 100% da população, em geral, tem experimentado um primeiro

contato com o HSV. Isto pode ser evidenciado mediante a realização de provas

sorológicas para detectar a presença de anticorpos contra o vírus.

Por outro lado, a infecção secundária ou comumente chamada de recorrente,

caracteriza-se pela reativação do HSV e, geralmente, é responsável por manifestações

clinicamente significativas. Esta infecção recorrente pode ser desencadeada por fatores

tais como a exposição ao sol, injúrias físicas, doenças sistêmicas, estresse emocional e

alterações hormonais (FLAITZ, BAKER, 2000). Nos pacientes com câncer, a reativação

da infecção latente do HSV, na maioria das ocasiões ocorre durante os períodos de

imunossupressão e de intensa quimioterapia, podendo causar infecção oral severa e,

ocasionalmente, infecção generalizada (NIH, 1989; GREENBERG et al., 1987).

Nos tecidos orais, geralmente, a manifestação inicial da infecção recorrente é a

sensação de queimação nos lábios, seguida da formação de vesículas que, ao

romperem-se deixam úlceras, freqüentemente dolorosas e de longa duração. Podem

também ocorrer lesões extra-orais nas comissuras labiais e vermelhão dos lábios.

(PETERSON, D`AMBROSIO, 1992; CHIN, 1998).

Muitas lesões por infecção herpética recorrente, podem ser confundidas com

lesões droga-induzidas, infecções fúngicas ou bacterianas (BARRETT, 1988;

GREENBERG et al., 1987). As lesões orais associadas ao HSV, em pacientes

imunocomprometidos, podem ocorrer concomitantemente com mucosite ulcerativa

droga-induzida, gerando confusão no diagnóstico (CANCER NET, 2001). Neste sentido

é mencionado que, quando além das ulcerações orais verifica-se envolvimento dos

tecidos periorais e nasais, é quase seguro tratar-se de uma infecção recorrente associada

ao HSV. Para confirmar o diagnóstico, deve-se realizar cultura de material colhido das

lesões, citologia esfoliativa ou detecção do antígeno viral no soro (NIH, 1989;

FONSECA, 1998; CANCER NET, 2001).

Barrett (1988) relatou três casos de infecção pelo HSV em pacientes com

leucemia crônica e imunossuprimidos, nos quais observaram variações no aspecto

clínico das lesões, gerando confusão com outras entidades. O comportamento clínico

observado nesses casos, não foi o agudo típico, relativamente agressivo e autolimitante

da estomatite herpética primária mas, sim um comportamento clínico indolor. Os

autores sugeriram que este comportamento poderia estar associado a resquícios da

função imunológica nesses pacientes.

Relata-se que ulcerações associadas ao HSV, em pacientes

imunocomprometidos, são mais dolorosas, severas e duradouras do que a mucosite

ulcerativa não associada à infecção viral. Estas ulcerações podem atuar como porta de

entrada para bactérias, fungos e outros vírus capazes de causar infecção sistêmica (NIH;

1989).

Greenberg et al. (1987) realizaram um estudo para observar a freqüência de

lesões por HSV em pacientes com leucemia, comparando-as com a freqüência de outras

lesões nestes pacientes. De um total de 30 pacientes avaliados, 19 casos exibiram

mucosite, sendo 13 destes associados com HSV. Segundo os autores a mucosite

associada ao HSV é mais comum do que aquela decorrente dos efeitos diretos da

quimioterapia, da neutropenia ou de infecção bacteriana.

Barrett (1987) relataram que existem algumas diferenças entre as lesões

associadas a HSV em pacientes com leucemia e não leucêmicos. Geralmente nos

pacientes não leucêmicos, as lesões são múltiplas, ocorrendo principalmente nas regiões

ceratinizadas, como pequenas vesículas de 1 a 2 mm, desaparecendo em sua grande

maioria, de forma espontânea após um período de duas semanas. Por outro lado, nos

pacientes com leucemia, as lesões aparecem como úlceras persistentes, mesmo que a

contagem de células brancas esteja normal ou depois de iniciado o tratamento com

aciclovir.

Geralmente recomenda-se que ao suspeitar de infecção pelo HSV, a terapia

profilática com aciclovir deve ser iniciada para evitar desconforto do paciente e

diminuir o risco de infecção grave (CHIN, 1998). Porém de acordo com Fonseca (1998)

é relatado que o uso profilático desta droga pode gerar resistência do vírus.

O VZV geralmente causa infecções com manifestações cutâneas, porém tem

sido relatado que, nos pacientes imunocomprometidos, essas manifestações podem

mostrar-se mais severas, acometendo também a cavidade oral, persistindo durante várias

semanas após de concluída a quimioterapia (CANCER NET, 2001).

Segundo Neville et al. (1995) lesões orais associadas ao VZV são freqüentes e,

às vezes, podem preceder as lesões cutâneas. Iniciam como vesículas branco-opacas

que, ao romper-se deixam úlceras medindo de 1 a 3 mm, em sua maioria

assintomáticas. Os autores mencionaram que pacientes imunocomprometidos, com

lesões orais associadas à infecção pelo VZV, podem sofrer sobreposição de infecção

secundária por bactérias, fungos e outros vírus.

Outra infecção viral que pode ser observada nos pacientes com neoplasias e em

tratamento antineoplásico, é a associada ao Citomegalovirus (CMV) que é um herpes

vírus. As lesões causadas por esta infecção não são patognomônicas, apresentando-se às

vezes como ulcerações de bordas irregulares. Esta infecção pode ser tratada com

ganciclovir, porém, casos de resistência a esta droga têm sido relatados, sendo neles

recomendada a prescrição de foscarnet (NEVILLE et al., 1995).

2.3.5. Cárie

Segundo Figueiredo, Falster (1997) a cárie é definida como uma doença de

natureza infecto-contagiosa de origem multifatorial, resultando na perda de estruturas

mineralizadas do elemento dentário.

Os pacientes com neoplasias e sob radioterapia e/ou quimioterapia, apresentam

um alto risco de desenvolver lesões de cárie dentária devido a múltiplos fatores como a

diminuição do fluxo salivar e conseqüente prejuízo da ação física, química e

imunológica (lubrificação, autolimpeza, remineralização, ação antibacteriana e

capacidade tampão), exercidas por este fluido oral. O aumento na colonização e

proliferação de microorganismos cariogênicos também contribui com a instalação e

progressão do processo carioso (CAIELLI, MARTHA, DIB, 1995).

As alterações da estrutura dentária em pacientes sob tratamento antineoplásico

decorrem geralmente do comprometimento do fluxo salivar, principalmente quando é

utilizada radioterapia. As radiações podem também atuar diretamente sobre os dentes

promovendo alterações na sua estrutura, tais como desnaturação e alterações nos cristais

do esmalte, na dentina e cemento, tornando os dentes mais susceptíveis à cárie

(CAIELLI, MARTHA, DIB, 1995; SILVERMAN, 1999).

Segundo Figueiredo, Falster (1997) existe uma microbiota específica

relacionada com a etiologia da cárie, constituída de microrganismos anaeróbios Gram

positivos, cujo principal representante é o Streptococcus mutans. Além dos S. mutans,

os Lactobacillus spp. podem ser importantes na progressão da lesão de cárie, uma vez

que contribuem para uma rápida queda no pH da placa bacteriana, favorecendo o

processo de desmineralização dos dentes.

Sepet et al. (1998) avaliaram a saúde oral de 41 crianças com idades variando

dos 4 aos 16 anos e em fase de manutenção do tratamento para LLA e em um grupo

controle de 20 crianças sadias. Nos resultados observaram que as crianças com LLA

apresentaram um deficiente padrão de higiene oral. Segundo os autores não foi

observada diferença estatisticamente significativa na experiência de cárie entre os

grupos avaliados. A freqüência de atenção odontológica foi semelhante em ambos

grupos, sendo que 10 pacientes do grupo de estudo e 7 do grupo controle visitaram o

dentista a cada 6 meses ou a cada ano, enquanto que, 31 pacientes do grupo de estudo e

13 do grupo controle visitaram o dentista em um menor intervalo de tempo. Os autores

observaram também que a freqüência de escovação em 9 pacientes do grupo estudo e 5

do grupo controle foi de pelo menos uma vez ao dia e concluíram ressaltando a

importância de manter cuidados com a higiene oral como medida de prevenir a

ocorrência de complicações em pacientes sob tratamento antineoplásico.

Duggal et al. (1997) avaliaram a saúde dentária de 46 crianças com neoplasias

malignas e de um grupo controle com 46 crianças sadias, observando que não houve

diferença estatisticamente significativa nos índices CPO-D/CPO-S entre os grupos

avaliados, no entanto, o grupo de estudo apresentou maior número de dentes cariados do

que o grupo controle. Os autores observaram ainda que o grupo de estudo apresentou

uma prevalência significativamente maior de gengivite do que os pacientes do grupo

controle.

Dens et al. (1996) investigaram a capacidade tampão da saliva e as contagens

microbiológicas em 52 crianças entre 2 e 7 anos de idade, em remisão após o período de

1 a 10 anos de quimioterapia para LLA, linfoma não Hodgkin, tumor de Wilms,

rabdomiosarcoma e outros tipos de neoplasias da infância, no intuito de caracterizar os

possíveis fatores de risco para o desenvolvimento de cárie. Foram avaliadas no grupo

controle 60 crianças saudáveis na mesma faixa etária. Os resultados demonstraram, em

ambos grupos, uma relação significativa entre a experiência de cárie e a contagem de

Streptococcus mutans e Lactobacillus spp. Segundo os autores, embora muitos fatores

possam influenciar a instalação e a progressão da cárie, os achados deste estudo

refletiram que os microorganismos podem apresentar um papel relevante no processo

cariogênico.

Ainda os autores antes referenciados observaram que, não houve relação entre

pH salivar e o índice de placa em ambos grupos, apenas o grupo de estudo mostrou uma

associação significativa entre o índice de placa e a contagem de S. mutans. Neste

estudo também foi avaliado um subgrupo de crianças diagnosticadas com câncer, num

período máximo de 2 anos até o início do estudo, com o objetivo de pesquisar os efeitos

citotóxicos das drogas num curto período, logo depois de concluída a quimioterapia. Foi

observado que não existiu diferença significativa entre a contagem de S. mutans,

Lactobacilos e a capacidade tampão salivar entre os grupos. Baseados nestes resultados,

os autores concluíram que se os fatores avaliados sofreram alguma alteração durante a

quimioterapia, estes voltaram aos parâmetros de normalidade após o período de 2 anos.

Os pacientes submetidos à radioterapia são susceptíveis a desenvolver um tipo

particular de cárie denominado cárie de radiação, a qual é de progressão aguda e afeta

principalmente áreas de superfície lisa das regiões cervicais e pontas de cúspides

dentárias (CAIELLI, MARTHA, DIB, 1995).

Pajari, Yliniemi, Möttönem (2001) realizaram um estudo em 18 crianças com

leucemia e 18 com tumores sólidos, para avaliar se fatores tais como o tipo de

neoplasia, idade, sexo e infecções afetam o fluxo salivar e a freqüência de

desenvolvimento de cárie. Foi observado que as crianças com lesões ativas de cárie no

início da avaliação exibiram quantidades significativamente maiores de Lactobacillus

spp. e Cândida spp. que os pacientes com dentição sadia . Numa segunda avaliação

realizada 3 anos após a inicial, estes autores observaram que as crianças com dentição

sadia permaneceram com igual estado de saúde oral, enquanto que, nos outros

pacientes, as condições de saúde oral se mostraram precárias. Segundo os autores, estes

resultados chamam a atenção para a importância de procurar manter uma adequada

higiene oral e de acompanhamento odontológico nas crianças com neoplasias malignas

antes, durante e depois da terapia antineoplásica.

Segundo Silverman (1999) é relatado que para prevenir e/ou minimizar o risco

da cárie em pacientes sob tratamento antineoplásico diversas medidas podem ser

adotadas, entre elas: orientação ao paciente sobre a importância de uma adequada e

constante higiene oral; cuidar da xerostomia com meios recomendados para esta

complicação, realizar aplicações tópicas de flúor em forma de gel ou enxaguatórios;

uso de agentes remineralizadores como o fosfato de cálcio; evitar, ao máximo, a

ingestão de alimentos e bebidas açucaradas; realizar cultura microbiológica para

estabelecer o risco de cárie, de acordo com o tipo de bactéria e seu padrão de

colonização; utilização de enxaguatórios de clorexidina e restauração imediata das

lesões de cárie existentes.

PROPOSIÇÃO

33.. PPRROOPPOOSSIIÇÇÃÃOO

Levando em consideração as alterações orais que os pacientes pediátricos acometidos de neoplasias malignas podem desenvolver em conseqüência do próprio quadro patológico ou como efeito do tratamento antineoplásico instituído, este estudo se propôs avaliar clinicamente as condições de saúde oral das crianças atendidas no Centro de Oncologia e Hematologia Infantil (COHI) do Hospital Infantil Varela Santiago, Natal-RN, no período de maio a outubro de 2001, objetivando observar as ocorrências de alterações nas estruturas orais e para-orais destes pacientes e sugerir a elaboração de um protocolo de promoção da saúde oral com a finalidade de evitar ou minimizar o atual quadro clínico.

METODOLOGIA

44.. MMEETTOODDOOLLOOGGIIAA

4.1. CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO:

Este estudo de caráter descritivo visou avaliar as condições de saúde oral de

crianças com neoplasias malignas e crianças saudáveis, mediante acurado exame clínico

dos componentes estruturais da cavidade oral.

4.1.1. POPULAÇÃO:

A população objeto deste estudo, esteve representada por crianças com

neoplasias malignas e sem neoplasias malignas, formando dois grupos a saber:

Grupo I – Crianças com neoplasias malignas atendidas no COHI do Hospital

Infantil Varela Santiago, em Natal/RN, no período de maio a outubro de 2001.

Grupo II – Crianças sem neoplasias malignas (saudáveis), alunos regularmente

matriculados no Centro Municipal de Atenção Integral à Criança e ao Adolescente

(CAIC) “Prof. Otto de Britto Guerra” da Cidade Satélite em Natal/RN, examinadas no

período correspondente ao mês de outubro de 2001.

4.1.2. AMOSTRA:

A amostra deste estudo foi constituída de 78 crianças sendo que, deste total, 40 são portadoras de neoplasias malignas e, 38, saudáveis, assim distribuídas nos grupos:

Grupo I – Crianças atendidas no HIVS, com história de neoplasia maligna.

Grupo II – Crianças saudáveis, regularmente matriculadas no CAIC “Prof. Otto de Brito Guerra”.

As crianças do Grupo I estão na faixa etária de 0 a 15 anos, sendo que 18 foram do gênero feminino e, 22, do gênero masculino.

As crianças do Grupo II estão na faixa etária de 0 a 15 anos, sendo que 16 foram do gênero feminino e, 22 do masculino.

4.2. COLETA DE DADOS:

4.2.1. EXAME CLÍNICO:

De cada paciente do “Grupo I” foram obtidos, através dos prontuários, os dados

referentes a sua entrada no hospital, tipo de neoplasia, protocolo de tratamento,

resultados do quadro plaquetário e, pela evidência do exame clínico, as alterações

evidenciadas nas estruturas da cavidade oral.

Todos os pacientes foram submetidos a exame clínico, constituído de anamnese

com a ajuda dos pais ou responsáveis, seguido do exame físico intra e extra-oral. Os

dados coletados foram registrados na ficha clínica específica, conforme anexos 3 e 4.

No Grupo I, o exame foi realizado em ambiente do Hospital Infantil Varela

Santiago, sob iluminação artificial com o auxilio de espelho clínico, sonda periodontal e

espátula de madeira, levando em consideração estritas medidas de biossegurança. No

Grupo II, as crianças foram examinadas nas condições usuais para o atendimento

clínico, em consultório odontológico do CAIC já referenciado.

AVALIAÇÃO DA MUCOSA ORAL:

A mucosa oral foi avaliada clinicamente mediante a inspeção visual e palpação

digital obedecendo a seguinte seqüência: vermelhão e mucosa de lábios superior e

inferior, mucosa jugal, assoalho bucal, língua, gengivas, palato duro, palato mole e

orofaringe. Nestas estruturas foi pesquisada a presença de lesões brancas, vermelhas,

ulcerações e outras mudanças de cor da mucosa.

Durante o exame físico intra-oral, foram pesquisadas também a presença de

lesões clinicamente compatíveis com candidíase, gengivoestomatite herpética e outras

lesões que, por ventura, os pacientes apresentaram à época. Os achados foram

devidamente registrados na ficha clínica. No Grupo I esta avaliação foi realizada no

início do estudo e toda vez que os pacientes assistiam às sessões de quimioterapia no

COHI ou durante o período em que permaneciam internados, até o final da pesquisa.

Parâmetros clínicos utilizados no diagnostico:

O diagnóstico de palidez da mucosa foi dado mediante a comparação da área de

mucosa examinada com os padrões de normalidade descritos por TOMMASI

(1989).

O diagnostico de candidíase foi dado pelo aspecto clínico das lesões (EC-

CLEARINGHOUSE, 1993) e pela resposta ao tratamento com nistatina.

O diagnóstico de xerostomia foi estabelecido subjetivamente pelo aspecto de secura

da mucosa oral.

O diagnóstico de sangramento oral espontâneo foi estabelecido pela presença de

hemorragia gengival não provocada.

O diagnóstico de mucosite foi estabelecido mediante a observação de eritema e/ou

ulceração em qualquer região da mucosa oral (EPSTEIN et al., 2000).

As alterações do padrão de normalidade da cavidade oral observadas e não

classificadas nos diagnósticos anteriores, foram registradas na ficha clínica como

achados adicionais.

AVALIAÇÃO PERIODONTAL

Os tecidos periodontais foram avaliados clinicamente com o auxilio de espelho

clinico e sonda periodontal, levando em consideração o aspecto clínico da gengiva e a

presença de sangramento, de acordo com os critérios do Índice de Sangramento

Gengival (ISG) preconizado por Ainamo e Bag. De acordo com este índice, uma sonda

periodontal foi passada levemente ao longo da gengiva marginal vestibular e lingual

(unidades gengivais) e se ocorria sangramento dentro dos seguintes 10 a 15 segundos,

era atribuído um escore positivo à área de gengiva marginal avaliada

(0 = sem sangramento, 1 = com sangramento). Os valores das unidades gengivais

positivas foram somados e o valor dividido pelo número total de unidades gengivais

avaliadas, este resultado foi multiplicado por 100, para expressar o ISG do paciente em

porcentagem (LANG, 1998).

Foi realizada uma avaliação clínica das condições de saúde bucal de cada

paciente, complementando os dados do ISG com dados obtidos mediante a aplicação do

Índice de Placa Visível (IPV). Esta análise se baseou no fato de que o ISG representa a

presença de biofilme envelhecido com conseqüente comprometimento gengival,

enquanto que o IPV, refere-se à presença de biofilme jovem que não foi capaz de

desenvolver inflamação gengival até o momento do exame. Estes índices serviram como

indicadores da higiene oral dos pacientes e foram classificados em “baixo” e “alto”,

como relatado por Maltz, Carvalho (1997).

O Índice de Placa Visível constitui um variante do Índice de Placa de Silness

Löe e nos permitiu uma fácil verificação da capacidade de controle do biofilme oral

pelo paciente, já que através dele se considera a presença ou não de biofilme sobre os

dentes. Segundo os critérios do IPV às superfícies dentárias que apresentaram placa

visível lhes foi atribuído um escore positivo (0 = sem placa, 1 = com placa). Os valores

positivos foram somados e o resultado dividido pelo número de superfícies avaliadas,

sendo finalmente o resultado multiplicado por 100 para expressar o IPV do paciente em

porcentagem (OPPERMANN, ROSING, 1997).

AVALIAÇÃO DENTÁRIA

Os dentes foram avaliados clinicamente com o auxilio de espelho clínico, sendo

estabelecido o diagnóstico de cárie nos casos em que se observou a presença de

cavidade em qualquer uma das faces do dente. O número de dentes cariados, perdidos /

extraídos e obturados foi somado para obter o índice de CPO-d / coe-d de cada paciente.

AVALIAÇÃO EXTRA-ORAL

Durante o exame físico extra-oral foi pesquisada a presença de assimetria facial,

aumento de volume, alterações de cor da pele da região de cabeça e pescoço,

terminando esta avaliação com a palpação dos linfonodos regionais.

4.3. ANÁLISE ESTATÍSTICA

A informação coletada foi submetida ao tratamento estatístico com o teste exato

de FISHER para estabelecer a significância entre as variáveis categóricas quando

existiram valores menores que 5 na distribuição dos dados e com o teste “t” de student

para avaliar a ocorrência ou não de significância estatística entre as variáveis

quantitativas e que tiveram distribuição normal dos dados. Nos casos em que se buscou

relação entre variáveis categóricas, utilizou-se a medida do Odds ratio como parâmetro.

4.4. ASPECTOS ÉTICOS

Este trabalho encontra-se devidamente aprovado pelo

Comitê de Ética na Pesquisa da Universidade Federal do

Rio Grande do Norte e do Hospital infantil Varela Santiago

– Natal/RN, conforme documento comprobatório (anexo 1).

Conforme se constata no anexo 2, os pais ou

responsáveis pelos pacientes foram devidamente

informados sobre o caráter e objetivos da pesquisa e

expressaram a sua concordância, através do

preenchimento e assinatura do termo de consentimento,

autorizando a inclusão da criança no estudo.

RESULTADOS

55.. RREESSUULLTTAADDOOSS

Os dados referentes à distribuição da amostra avaliada neste estudo de acordo

com o gênero e faixa etária estão registrados na tabela nº 01. No total, foram avaliados

78 pacientes, dos quais, 34 foram do gênero feminino (43,6 %) e 44 do gênero

masculino (56,4 %) na seguinte distribuição: 4 pacientes foram do gênero feminino

(11,8 %) e 9 do masculino (20,5 %) na faixa etária de 1 a 30 meses; 10 pacientes do

gênero feminino (29,4 %) e 13 do masculino na faixa etária dos 31 a 60 meses; na faixa

etária dos 61 meses a 90 meses foram avaliados 8 pacientes do gênero feminino

(23,5 %) e 4 do gênero masculino (9,1 %); 6 pacientes do gênero feminino (17,6 %) e 8

do masculino (18,2 %) estavam na faixa etária dos 91 a 120 meses; 4 pacientes do

gênero feminino (11,8 %) e 2 do masculino (4,5 %) estavam na faixa etária dos 121 aos

150 meses, na faixa etária dos 151 a 180 meses avaliamos 2 pacientes do gênero

feminino (5,9 %) e 8 do gênero masculino (18,2 %).

Tabela nº 01 Distribuição da amostra de acordo com o gênero e faixa etária. Natal / RN

– 2001

GÊNERO TOTALFaixa etária

(meses)F (n) F (%) M (n) M (%) n %

1 a 30 4 30,8 9 69,2 13 16,731 a 60 10 43,5 13 56,5 23 29,561 a 90 8 66,7 4 33,3 12 15,4

91 a 120 6 42,9 8 57,1 14 17,9121 a 150 4 66,7 2 33,3 6 7,7151 a 180 2 20,0 8 80,0 10 12,8TOTAL 34 43,6 44 56,4 78 100

Fonte: Centro de Oncologia e Hematologia Infantil do HIVS. Nata / RN – 2001.

O quadro nº 01 mostra a distribuição dos pacientes do Grupo I em relação ao

tipo de neoplasia, gênero e faixa etária. Foram avaliadas 40 crianças com neoplasias

malignas, com idades variando dos 2 meses ao 15 anos, das quais, 18 foram do gênero

feminino (45 %) e 22 do masculino (55 %) (Figura A). A distribuição dos pacientes

deste grupo de acordo com a faixa etária, foi de oito pacientes entre 0 a 2 anos (20 %),

12 pacientes na faixa etária de 3 a 5 anos (29 %), 7 pacientes na faixa etária entre 6 e 8

anos (18 %), 6 pacientes na faixa etária de 9 a 11 anos (15 %) e 7 pacientes entre os 12 a

15 anos (18 %) (Figura B).

Figura A.

Distribuição de acordo com o gênero dos pacientes comneoplasias malignas (Grupo 1). Natal / RN-2001

18(45 %)

22(55 %)

0

5

10

15

20

25

Feminino Masculino

Fonte: Centro de Oncologia e Hematologia Infantil do HIVS. Natal / RN – 2001.

Figura B.

Distribuição de acordo com a faixa etária dos pacientes com neoplasias malignas (Grupo 1). Natal / RN - 2001

15% (6)

18% (7)29% (12)

20% (8)18% (7)0 - 2 anos

3 - 5 anos

6 - 8 anos

9 - 11 anos

12 - 15 anos

Fonte: Centro de Oncologia e Hematologia Infantil do HIVS. Natal / RN – 2001.

O diagnóstico de neoplasias malignas sistêmicas foi

observado em 25 crianças (62,5 %) com a seguinte

distribuição: LLA foi diagnosticada em 13 crianças (52 %),

das quais, 6 foram do gênero feminino e 7 do masculino,

com idades variando dos 2 meses aos 14 anos com média

de 5,9 anos. O diagnóstico de LMA foi observado em 8

crianças (32 %), destas, 5 foram do gênero feminino e 3

do masculino, cujas idades variaram dos 8 meses aos 13

anos, com média de 7,2 anos. A doença de Hodgkin foi o

diagnóstico observado em duas crianças sendo uma do

gênero masculino e a outra do feminino (8 %) com

idades de 10 e 12 anos respectivamente. Uma menina de 4

anos teve diagnostico de linfoma de Burkitt (4 %) e 1

menino de 6 anos de idade teve diagnóstico de linfoma não

Hodgkin linfoblástico de células B (4 %) (Quadro nº 01)

(Figura C).

Quadro nº 01.

Distribuição dos pacientes do Grupo I de acordo com o gênero,

idade e tipo de neoplasia. Natal / RN-2001

Neoplasias sistêmicas Neoplasia n % Gênero Faixa etária Idade média

LLA 13 52,0 6 F - 7 M 2 meses – 14 anos 5,9 anos LMA 8 32,0 5 F - 3 M 8 meses – 13 anos 7,2 anos D. de Hodgkin 2 8,0 1 F - 1 M 10 anos – 12 anos 11 anos L. Burkitt 1 4,0 F 4 anos 4 anos LNH – cel. B 1 4,0 M 6 anos 6 anos

Tumores sólidos Neoplasia n % Gênero Faixa etária Idade média

Neuroblastoma 5 33,3 1 F – 4 M 6 meses – 5 anos 3,3 anos T. Wilms 4 26,7 3 F – 1 M 1 ano – 15 anos 5,7 anos Glioblastoma M. 2 13,3 2 M 8 anos – 13 anos 10,5 anos Rabdomiossarcoma 1 6,7 F 4 anos 4 anos Leiomiossarcoma 1 6,7 M 6 anos 6 anos Fibrossarcoma 1 6,7 M 8 anos 8 anos PNET 1 6,7 M 13 anos 13 anos

Fonte: Centro de Oncologia e Hematologia Infantil do HIVS. Natal / RN – 2001.

Figura C.

Distribuição dos pacientes do Grupo I de acordo o tipo deneoplasia maligna. Natal / RN-2001

13%

3% 3% 5% 19%

10%

5% 10%

32%

LLA

LMA

D. Hodgkin

L.Burkitt

LNH

Nueoblastoma

T. Wilms

Glioblastoma

outros

Fonte: Centro de Oncologia e Hematologia Infantil do HIVS. Natal / RN – 2001.

Diagnósticos de tumores sólidos foram observados

em 15 crianças (37,5 %) com a seguinte distribuição:

Neuroblastoma em 5 crianças (33,3 %), das quais, uma foi

do gênero feminino e 4 do masculino com idades variando

de 6 meses a 5 anos e média de 3,3 anos; o tumor de Wilms

foi observado em 4 crianças (26,7 %), destas, 3 foram do

gênero feminino e 1 do gênero masculino com idades

variando de 1 ano a 15 anos e média de idade de 5,7 anos.

Já o Glioblastoma multiforme representou o diagnóstico em

2 crianças do gênero masculino com as idades de 8 e 13

anos (13,3 %). O Rabdomiossarcoma foi diagnosticado em

uma menina de 4 anos (6,7 %). Os diagnósticos de

Leiomiossarcoma, Fibrossarcoma e PNET foram

observados em crianças do gênero masculino com as

idades de 6, 8 e 13 anos respectivamente, representando

cada um destes casos 6,7 % dos pacientes com tumores

sólidos (Quadro nº 01) e (Figura C).

O Grupo II foi constituído de 38 crianças saudáveis com

idades variando dos 6 meses aos 15 anos, sendo 16 do

gênero feminino (42,1 %) e 22 do gênero masculino (57,9 %).

A freqüência de escovação em ambos grupos variou

de 1 a 3 vezes ao dia, com média de 2 vezes ao dia. O

índice de placa visível (IPV) foi obtido em 38 pacientes do

Grupo I, no entanto, os pacientes nº 16 e 19 não foram

avaliados em relação a este índice por não apresentarem

dentes erupcionados na época do exame. O valor deste

índice variou de 0 % para o menor a 100 % para o maior,

com média de 29,6 % (Tabela nº 02). Foram considerados

com baixo IPV 19 pacientes (50 %) e 19 pacientes com alto

índice (50,0 %). Nos 38 pacientes do Grupo II um paciente

com 6 meses de idade não foi avaliado com o IPV devido a

ausência de dentes na época do exame. O valor do IPV nos

37 pacientes avaliados variou de 0 % para o menor a 100

% para o maior, com média de 28,3 % (Tabela nº 02).

Destes pacientes, 19 tiveram IPV considerado baixo (51,3

%) e 18 alto (48,6 %). Na análise estatística com o teste “t”

de student não foi observada diferença significativa no IPV

entre os grupos avaliados (p = 0.814328).

O índice de sangramento gengival (ISG) foi obtido em

36 pacientes do Grupo I, ressaltando-se que os outros 4

pacientes não foram avaliados com este índice por não

possuírem dentes na época do exame ou por não terem

permitido realizar a sondagem.

O valor do ISG neste grupo de pacientes variou de 0 %

para o menor a 12,5 % para o maior, com média de 1,4 %

(Tabela nº 02). O ISG foi considerado baixo em 28

pacientes (77,7 %) e alto em 8 pacientes (22,2 %).

No Grupo II o ISG foi obtido em 37 pacientes, uma vez

que, um paciente com 6 meses de idade não foi avaliado

com este índice pela ausência de dentes na época do

exame. O valor do ISG neste grupo variou de 0 % para o

menor a 18,1 % para o maior, com média de 2,7 % (Tabela

nº 02). Este índice foi considerado baixo em 26 pacientes

(70,3 %) e alto em 11 pacientes (29,7 %). Mediante a

aplicação do teste “t” de student não foi observada

diferença estatisticamente significativa no ISG entre os

Grupos I e II (p = 0.183138).

O índice CPO foi obtido em 39 pacientes do Grupo I.

O valor deste índice variou de 0 para o menor a 10 para o

maior, com média de 2,1 (Tabela nº 02). O número de

dentes cariados por paciente variou de 0 a 7, com média de

1,6. Já o número de dentes perdidos por paciente foi de 0

a 6, com média de 0,3 enquanto que o número de dentes

obturados variou de 0 a 4, com média de 0,2.

No Grupo II o índice CPO foi obtido em 37 pacientes.

O valor deste índice variou de 0 para o menor a 14 para o

maior, com média de 4,5 (Tabela nº 02). O número de

dentes cariados nestes pacientes variou de 0 a 12, com

média de 3,3. O número de dentes perdidos por paciente

variou de 0 a 6, com média de 0,7. O número de dentes

obturados por paciente variou de 0 a 2, com média de 0,3.

Na análise estatística com o teste “t” de student foi

observada diferença estatisticamente significativa no CPO

dos grupos avaliados (p = 0.008445).

Tabela nº 02 Média da freqüência de escovação, IPV, ISG e CPO da

amostra . Natal / RN – 2001

GRUPO ESCOVAÇÃO IPV ISG CPO

Grupo I 2,0 29,6 1,4 2,1

Grupo II 2,0 28,3 2,7 4,5

Fonte: Centro de Oncologia e Hematologia Infantil do HIVS. Natal / RN – 2001.

No grupo I, 16 pacientes (40 %) desenvolveram em

conjunto 61 episódios de complicações estomatológicas,

as quais incluíram a candidíase, sangramento oral

espontâneo, xerostomia e mucosite, representando a

mucosite a mais freqüente (Figura D). No total, 40

episódios (65,6 %) desta complicação ocorreram

distribuídos em 16 pacientes (40 %) com idades variando

dos 2 meses aos 14 anos e média de 8,0 anos, destes, 10

foram do gênero feminino e 6 do masculino.

Figura D.

Distribuição dos pacientes com neoplasias malignas com complicações orais. Natal / RN –

2001

36%

12%14%5%

33%

mucosite Sangramento gengival Xerostomia outros achados

Fonte: Centro de Oncologia e Hematologia Infantil do HIVS. Natal / RN – 2001.

No Grupo I, lesões clinicamente diagnosticadas como

mucosite oral ocorreram em 13 pacientes com neoplasias

sistêmicas (52,0 %) (Tabela nº 03), destes, 6 tiveram LLA

(46,2 %), 6 LMA (46,2 %) e 1 doença de Hodgkin (7,7 %).

Apenas 3 pacientes com tumores sólidos (20 %)

desenvolveram esta complicação oral, dos quais, 2 tiveram

diagnostico de neuroblastoma (66,7 %) e 1 com

fibrossarcoma (33,3 %) (Tabela nº 03).

Tabela nº 03.

Freqüência dos pacientes com mucosite no Grupo I.

Natal / RN -2001

MUCOSITEAusente Presente TOTAL

NEOPLASIAS n % n % n %Neoplasias sistêmicas 12 48,0 13 52,0 25 62,5Tumores sólidos 12 80,0 3 20,0 15 37,5TOTAL 24 60,0 16 40,0 40 100

Fonte: Centro de Oncologia e Hematologia Infantil do HIVS. Natal / RN – 2001.

Na análise estatística com o teste exato de Fisher não

foi observada diferença estatisticamente significativa na

ocorrência dos episódios de mucosite entre os pacientes

com neoplasias sistêmicas e aqueles com tumores sólidos

(p = 0.1694074). Foi verificado que os pacientes com

neoplasias sistêmicas apresentaram um risco 0,75 vezes

maior de desenvolver mucosite que os pacientes com

tumores sólidos (Odds ratio = 0.38).

Levando em consideração o aspecto da mucosite,

episódios caracterizados pela presença de eritema

ocorreram em 13 pacientes, sendo os locais mais

acometidos em ordem decrescente a mucosa jugal, lábios,

gengiva inserida, toda a mucosa oral e palato duro (Figura

nº 01). Episódios de mucosite caracterizados pela

presença de ulceração ocorreram em 7 pacientes

acometendo, principalmente, os lábios, língua, assoalho

bucal, mucosa jugal e gengiva inserida. Alguns pacientes

alternaram episódios caracterizados por eritema e

episódios com ulceração (Figuras nº 02, 03, 04, 05).

Os episódios de mucosite ocorreram geralmente de 5

a 8 dias após de administrada a quimioterapia, iniciando

como lesões de aspecto eritematoso, às vezes seguido da

formação de edema e ulceração. As drogas mais

associadas com a ocorrência desta complicação foram o

ARA-C em 25 episódios, MTX em 13 episódios, VCR em 19

episódios, CP em 10 episódios, 6-MP em 9 episódios, VP-

16 em 5 episódios, DNR em 4 episódios, ADR, IFO e DDP

em 2 episódios cada uma e BLEO, VLB, VM-26, DEXA, L-

ASP em 1 episódio de mucosite cada (Figura E).

Figura E.

Distribuição dos episódios de mucosite de acordo com o tipo de quimioterápico nos pacientes do Grupo I. Natal / RN – 2001

28%1%2%5%

22%15%

11%

10%

6%

ARA-C VCRMTX CP6-MP VP-16DNR ADR, IFO, DDPBLEO, VLB, VM-26, DEXA, L-ASP

Fonte: Centro de Oncologia e Hematologia Infantil do HIVS. Natal / RN – 2001.

Relacionando a ocorrência dos episódios de mucosite

com a idade dos pacientes foi constatado que, um

paciente de 14 anos desenvolveu 1 episódio, uma paciente

com 13 anos desenvolveu 5 episódios; dois pacientes com

12 anos desenvolveram 1 episódio cada, um paciente com

11 anos desenvolveu 8 episódios, duas pacientes com 10

anos apresentaram 4 e 3 episódios respectivamente, um

paciente de 9 anos desenvolveu 4 episódios, dois

pacientes com 8 anos apresentaram dois episódios cada,

um paciente com 7 anos teve 4 episódios, dois pacientes

com 4 anos tiveram 1 episódio cada, um paciente de 3

anos teve 1 episódio; um paciente de 2 anos apresentou 1

episódio e um paciente de 2 meses de idade apresentou 2

episódios.

A freqüência dos pacientes com sangramento oral

espontâneo encontra-se representada na Tabela nº 04. No

total, 10 episódios desta complicação oral ocorreram

distribuídos em 6 pacientes, dos quais, 5 foram do gênero

feminino e 1 do masculino, com idades variando de 2 a 11

anos, média de 8,1 anos. Todos os pacientes que

apresentaram sangramento oral espontâneo estavam em

tratamento para neoplasias sistêmicas, sendo 2 com LLA e

4 com LMA (Quadro nº 02).

Tabela nº 04.

Freqüência dos pacientes com sangramento oral espontâneo no Grupo I. Natal / RN -

2001

SANGRAMENTO ORAL ESPONTÂNEO

Ausente Presente TOTALNEOPLASIAS n % n % n %Neoplasias sistêmicas 19 76,0 6 24,0 25 62,5Tumores sólidos 15 100 0 0 15 37,5TOTAL 34 85,0 6 15,0 40 100

Fonte: Centro de Oncologia e Hematologia Infantil do HIVS. Natal / RN – 2001.

Quadro nº 02.

Distribuição dos episódios de sangramento oral espontâneo

nos pacientes do Grupo I. Natal / RN - 2001

NºIdade

Gênero Neoplasia LocalizaçãoContagem

plaquetária

2 10 a F LLA Gengiva de dentes 52, 51, 61, 62 473.000 cel/mm3

2 10 a F LLA Gengiva de dentes 12 e 13 23.000 cel/mm3

4 02 a M LMA Gengiva de dentes 53, 54 e 55 28.000 cel/mm3

17 10 a F LMA Gengiva de dentes 64, 65, 26 26.000 cel/mm3

18 09 a F LMA Gengiva de dentes 36 e 37 46.000 cel/mm3

18 09 a F LMA Gengiva de dentes 35 e 36 83.000 cel/mm3

22 07 a F LMA Gengiva de dentes 74 e 75 25.000 cel/mm3

22 07 a F LMA Palato duro e gengiva inserida de molares superiores esquerdos

40.000 cel/mm3

22 07 a F LMA Gengiva de dentes 64 e 65 32.000 cel/mm3

23 11 a F LLA Gengiva da região anterior da mandíbula 99.000 cel/mm3

Fonte: Centro de Oncologia e Hematologia Infantil do HIVS. Natal / RN - 2001.

Dos 10 episódios de sangramento oral espontâneo

observados, 9 ocorreram na gengiva e 1 no palato duro,

sendo esse episódio associado à presença de mucosite

ulcerativa. Considerando os valores da contagem

plaquetária observamos que, 7 dos 10 episódios de

sangramento oral espontâneo ocorreram em associação a

contagens plaquetárias menores que 60.000 cel/mm3; 2

episódios ocorreram associados a contagens plaquetárias

menores que 100.000 cel/mm3 e 1 episódio ocorreu com

contagem plaquetária de 473.000 cel/mm3.

Estatisticamente, foi observado que os pacientes com

neoplasias sistêmicas tiveram um risco 0,84 vezes maior

de apresentar sangramento oral espontâneo que aqueles

com tumores sólidos.

A tabela nº 05 e o quadro nº 03 mostram a freqüência

e distribuição dos episódios de candidíase observados nos

pacientes do Grupo I. No total ocorreram 9 lesões

clinicamente diagnosticadas como candidíase distribuídas

em 5 pacientes, todos do gênero feminino e com idades

variando dos 2 meses a 12 anos, com média de 7,8 anos.

Tabela nº 05.

Freqüência dos pacientes com candidíase no Grupo I. Natal / RN - 2001

CANDIDÍASEAusente Presente TOTAL

NEOPLASIAS n % n % n %Neoplasias sistêmicas 20 80,0 5 20,0 25 62,5Tumores sólidos 15 100 0 0 15 37,5

TOTAL 35 87,5 5 12,5 40 100

Fonte: Centro de Oncologia e Hematologia Infantil do HIVS. Natal / RN –2001.

Quadro nº 03.

Distribuição dos episódios de candidíase nos pacientes do Grupo I. Natal / RN -2001

Fonte: Centro de Oncologia e Hematologia Infantil do HIVS. Natal / RN – 2001.

Nºdade

Gênero

Neoplasi

a

Tipo e localização dos episódios de candidíase

18 09 a F LMA Pseudomembranosa – região vestibular da gengiva inserida inferior.

19 02 m F LLA Pseudomembranosa – assoalho e mucosa jugal19 02 m F LLA Queilite angular 22 07 a F LMA Pseudomembranosa – dorso da língua22 07 a F LMA Pseudomembranosa – mucosa jugal22 07 a F LMA Queilite angular 22 07 a F LMA Queilite angular 23 11 a F LLA Pseudomembranosa – mucosa jugal direita31 12 a F D. H Pseudomembranosa – mucosa jugal direita

Todos os pacientes que apresentaram candidíase

estavam em tratamento para neoplasias sistêmicas, dos

quais, 2 tiveram LLA, 2 LMA e 1 doença de Hodgkin. Dos 9

episódios de candidíase observados, 6 corresponderam ao

tipo pseudomembranoso, ocorrendo com maior freqüência

na mucosa jugal, seguida da língua, assoalho bucal e

gengiva inserida (Figura nº 05). Os outros 3 episódios de

candidíase observados corresponderam a queilite angular

(Figura nº 07).

A condição de secura da boca, clinicamente

diagnosticada como um quadro de xerostomia, foi

observada em uma menina de 12 anos com doença de

Hodgkin e em um menino de 8 anos com fibrossarcoma.

Outros achados

O quadro nº 04 mostra as lesões que foram

observadas nos pacientes do Grupo I e não foram

classificadas nos diagnósticos antes mencionados. Entre

as principais, correram 5 casos de gengivite, 4 casos de

úlcera traumática, 2 casos de abscessos periapicais, 2

casos de pericoronarite, 2 casos de petéquias (Figura nº

06) e 1 caso de aumento gengival.

Quadro nº 04 Distribuição das lesões registradas como outros achados

nos pacientes do Grupo I. Natal / RN -2001

Nº Idade Gênero Neoplasia Achados 2 10 a F LLA Gengivites, pericoronarite 5 03 a M Neuroblastoma Gengivites9 12 a M LLA Aumento gengival, lesões de “murcicatum labiuorum” 12 05 a M LLA Úlcera traumática em mucosa jugal esquerda 17 10 a F LMA Gengivites18 09 a F LMA Palidez da mucosa 22 07 a F LMA Abscesso periapical 23 11 a F LLA Gengivites, pericoronarite 24 13 a M LMA Gengivite, petéquia 25 04 a F LLA Úlcera traumática em língua 30 02 a M LLA Úlcera traumática em lábio inferior, abscessos

periapicais em dentes 51 e 61 31 12 a F D. H. Lingual pilosa, palidez da mucosa 33 07 a F LMA Ulcera traumática, petéquia 40 14 a M LLA Aumento gengival em região de dente l6 e 46;

aumento de volume em palato duro.

Fonte: Centro de Oncologia e Hematologia Infantil do HIVS. Natal / RN – 2001.

No Grupo II, 1 paciente do gênero masculino com 1

ano de idade apresentou lesões clinicamente

diagnosticadas como queilite angular, um outro paciente

do gênero masculino de 2 anos de idade apresentou lesões

em dorso da língua diagnosticada clinicamente como

eritema migratório benigno.

Figura nº 01. Paciente com LMA apresentando mucosite em lábio superior. Aspecto inicial da lesão caracterizado por eritema e edema

Figura nº 02. Paciente com LMA apresentando lesão de mucosite no lábio superior, caracterizada pela presença de ulceração. (Mesmo paciente da Fig 1)

Figura nº 03. Paciente com LLA apresentando lesões de mucosite em lábio superior, caracterizadas pela presença de ulceração

Figura nº 04. Paciente com LLA apresentando mucosite em lábio inferior, caracterizadas por eritema e ulceração

Figura nº 05. Paciente com LMA apresentando mucosite em mucosa jugal (E), caracterizada por eritema e ulceração

Figura nº 06. Paciente com LMA apresentando petéquia em mucosa do lábio inferior

Figura nº 07. Paciente com LLA apresentando queilite angular, candidíase pseudomembranosa em palato e lesão edematosa em ponta da língua

DISCUSSÃO

6. DISCUSSÃO

As neoplasias malignas constituem a segunda causa de morte em crianças

maiores de 1 ano, perdendo lugar apenas para as mortes por acidentes (JÜRGENS,

1997). Os cânceres na infância e na adolescência geralmente caracterizam-se por serem

doenças de natureza embrionária comprometendo, principalmente, as populações

celulares com alto índice proliferativo (INCA, 2001 a). Assim sendo, a maioria dos

casos tem origem mesodérmica ou mesenquimal e cerca da metade destas afetam o

sistema hematopoético, recebendo, nestes casos, a denominação de neoplasias

sistêmicas. Os outros tipos de neoplasias constituem os chamados tumores sólidos

(JÜRGENS, 1997).

Os resultados deste estudo corroboram a informação acima mencionada, uma

vez que, dos 40 pacientes do Grupo I, 25 (62,5 %) tinham diagnóstico de neoplasias

sistêmicas e 15 (37,5 %) de tumores sólidos. Sonis, Kunz (1988) também obtiveram

resultados semelhantes ao avaliarem 495 pacientes com diversos tipos de neoplasias

malignas, observando uma predominância das neoplasias sistêmicas (257 casos).

Este estudo está de acordo com os resultados da literatura, já que, dos 40 casos

de neoplasias malignas avaliados, 21 (52,5 %) corresponderam a leucemias agudas,

sendo 13 LLA (32,5 %) e 8 LMA (20 %). Semelhantemente aos resultados de Hou,

Hung, Tsai (1997), os quais avaliando 230 casos de leucemias, observaram que 63,7 %

eram LLA, diagnosticados em crianças menores de 10 anos de idade. Nesta pesquisa

detectou-se que, dos 13 casos de LLA, 10 (79,9 %) ocorreram em crianças com 10 anos

ou menos. No estudo de Sonis, Kunz (1988) esta relação também foi constatada, pois de

495 pacientes com neoplasias malignas, 91 casos corresponderam a leucemias agudas

Autores como Curtis (1971); Ribas, Costa (1995); Grosfeld (1999) relataram que

as leucemias constituem o tipo mais comum de neoplasias malignas da infância.

Destacam-se entre elas as leucemias agudas, principalmente, a leucemia linfoblástica

aguda (LLA), a qual freqüentemente é diagnosticada em crianças menores de 10 anos

(HOU, HUANG, TSAI, 1997).

Neste estudo verificou-se que dos 15 pacientes com tumores sólidos, 5

crianças tiveram diagnóstico de neuroblastoma (33,3 %), 5 com tumor de Wilms

(26,7 %) e 40 % dos outros casos corresponderam a sarcomas de tecidos moles. Estes

resultados estão de acordo com a literatura, Grosfeld (1999) relatou que o

neuroblastoma é apontado como o tumor sólido mais comum da infância, seguido do

tumor de Wilms e dos sarcomas de tecidos moles.

Os pacientes com neoplasias malignas têm um alto risco de desenvolver

complicações estomatológicas, associadas principalmente, à mielossupressão decorrente

do próprio curso clínico de doença ou como efeito colateral da terapia antineoplásica.

As condições de saúde oral do paciente constituem um fator importante na ocorrência

dessas complicações (McGAW, BELCH, 1985; WILLIAM, LEE, 1991; FONSECA,

1998).

Sepet et al. (1998) compararam a saúde oral de 41 crianças com LLA e 20

crianças saudáveis, observando que, embora a freqüência de visitas ao dentista e os

cuidados de escovação fossem semelhantes em ambos grupos, o padrão de higiene oral

era deficiente nos pacientes com LLA. Os resultados desta pesquisa não mostraram

diferença estatisticamente significativa na freqüência de escovação entre os grupos

avaliados pois, em ambos grupos, tal freqüência variou de 1 a 3 vezes por dia, com

média de 2 escovações diárias por paciente. Neste estudo, além da freqüência de

escovação, utilizamos os índices de placa visível (IPV) e de sangramento gengival

(ISG) para avaliar a saúde oral dos pacientes, já que, segundo Maltz, Carvalho (1997),

estes índices constituem bons indicadores das condições de higiene oral, uma vez que o

sangramento gengival é sinal clínico de inflamação e esta, conseqüentemente, é o

produto do acúmulo de placa.

Neste estudo não foi realizada avaliação da microbiota oral, muito embora seja

conhecido o papel da placa dentária na colonização e proliferação de bactérias

cariogênicas. Baseados nas observações realizadas, somos da opinião que, se contagens

bacterianas tivessem sido obtidas nos pacientes avaliados, a relação entre placa,

microbiota cariogênica e cárie, poderia ser predominante no grupo I, devido às

alterações que ocorrem no microambiente oral desses pacientes, pela confluência de

uma complexa interação de fatores. Dens et al. (1996) avaliaram o risco de cárie em 52

crianças após o tratamento de diversos tipos de neoplasias malignas e um grupo controle

de 52 crianças saudáveis, observando uma relação significativa entre a prevalência de

cárie, o índice de placa e a contagem de S. mutans e Lactobacillus nos pacientes

doentes.

Em relação ao ISG, foi observado que os seus valores no Grupo I variaram de

0 % para o menor até 12,5 % para o maior, com média de 1,4 %. Embora não tenha sido

observada diferença estatisticamente significativa nos IPV e ISG entre os grupos I e II,

foi verificado que, os pacientes do Grupo II apresentaram um ISG maior e

conseqüentemente, uma condição de saúde oral levemente mais pobre que os pacientes

do Grupo I.

Acreditamos que o anteriormente referido, talvez tenha relação com o fato de

que, desde alguns anos atrás, vem-se incentivando no COHI do HIVS, com trabalhos

realizados por pesquisadores como Costa (1998), a importância de uma higiene e saúde

oral adequada na manutenção de condições razoavelmente aceitáveis de saúde geral das

crianças tratadas neste centro. Além disso, outro fator que pode ter influenciado nessa

diferença, é o fato que o Grupo II que constituiu parte da nossa amostra, embora tendo a

infra-estrutura física necessária para a realização de tratamento odontológico, pela

existência de um consultório na própria escola, pareciam ter menos conhecimento sobre

cuidados higiênicos orais e menor acesso à atenção odontológica, pela presença

inconstante de um profissional da odontologia naquele centro, o que é agravado pela

dificuldade de aquisição do material odontológico pelos funcionários e pais dos alunos,

uma vez que a secretaria de saúde não repassa verbas para tais necessidades.

Associando os valores dos IPV e ISG que foram considerados baixos nos grupos

avaliados, inferimos que 60 % dos pacientes, em geral, apresentaram um grau leve de

inflamação gengival decorrente do acúmulo de placa, podendo ser consideradas as

condições de saúde oral destes, levemente desfavoráveis na época em que foi realizada a

avaliação. Por outro lado, associando os valores do IPV e ISG que foram considerados

altos, pode-se inferir que, 40% da amostra avaliada apresentou moderado ou alto grau

de inflamação gengival decorrente do acúmulo de placa, refletindo isto, uma pobre

condição de saúde oral nestes pacientes na época da avaliação. Contudo, como

mencionamos anteriormente, se for levado em consideração o estado

imunocomprometido dos pacientes do Grupo I, logicamente, as conseqüências de uma

precária saúde oral, representa maior risco para o desenvolvimento de complicações

orais e, conseqüentemente, de comprometimento do status geral do paciente.

Duggal et al. (1997) comparando a saúde oral de 46 pacientes com câncer e 46

controles saudáveis, não observaram diferença estatisticamente significativa nos índices

de CPO-d /CPO-S de ambos grupos, no entanto, o grupo de estudo apresentou maior

número de superfícies dentárias cariadas e uma prevalência significativamente maior de

gengivite. Os autores sugeriram que esses resultados poderiam guardar relação com o

fato de que, geralmente, os pacientes sob terapia antineoplásica visitam o dentista com

pouca freqüência, ou que, por outro lado, muitos dentistas se recusam a prestar

atendimento odontológico a pacientes imunossuprimidos, por falta de conhecimento das

implicações médicas da condição do paciente no tratamento odontológico.

Baseados nas observações realizadas neste estudo, concordamos com o sugerido

por Duggal et al. (1997), pois constatou-se que, no Grupo I, 23 pacientes não tinham

história de visita ao dentista e apenas 9 pacientes tinham procurado atenção

odontológica pelo menos uma vez na vida. Observou-se também que, a maioria dos pais

ou responsáveis pelas crianças referiam não procurar atendimento odontológico para

seus filhos devido ao medo do risco de ocorrer alguma complicação do estado geral da

criança em decorrência dessa atenção. Além disso, verificou-se que, no grupo I, 18

pacientes tinham experiência de cárie, sendo orientados os pais para procurarem

tratamento odontológico, porém até o final do nosso estudo, apenas 5 pacientes

procuraram e receberam este tratamento, ressaltando que muitos pais referiram a

dificuldade de encontrar vagas nos centros públicos de atenção odontológica.

Diferentemente dos resultados de Duggal et al. (1997), neste estudo observou-se

que, a média do índice de CPO-d foi de 0,6 para o Grupo I e de 2 para o Grupo II,

enquanto que a média do ceo-d foi de 1,6 para o Grupo I e de 2,4 para o Grupo II. Não

houve diferença estatisticamente significativa nos índices CPO-d / ceo-d entre os

grupos avaliados. Os pacientes do grupo II apresentaram maior número de dentes

cariados que os do Grupo I.

O fato de que os pacientes do Grupo I tenham apresentado uma menor

experiência de cárie, nos leva a acreditar que também esteja relacionado com as causas

já discutidas em relação aos índices de placa e sangramento gengival. Isto, além de ser

um fator favorável para a saúde geral desses pacientes, justifica a necessidade da

existência no HIVS de um consultório odontológico pois se, com apenas medidas

preventivas, grande parte dos pacientes do Grupo I (45 %) estavam livres de cárie, essa

porcentagem poderia ser menor, caso fosse possível realizar tratamentos odontológicos

curativos num ambiente do próprio hospital.

Como mencionado anteriormente, muitas neoplasias malignas têm a

particularidade de promover o desenvolvimento de complicações estomatológicas

relacionadas principalmente, com a mielossupressão induzida pelo comprometimento

do sistema hematopoético (WILLIAM, LEE, 1991; FONSECA, 1998). Porém é

relatado que além das particularidades da doença, outros fatores contribuem com a

ocorrência dessas complicações em pacientes com câncer, sendo citados os efeitos

citotóxicos diretos e indiretos dos agentes terapêuticos, o alto índice proliferativo das

células da mucosa oral, o desequilíbrio da microbiota oral, a inadequada higiene oral e a

presença de trauma local (PETERSON, D’AMBROSIO, 1994; SCHUBERT et al.,

1992).

De acordo com Sonis, Kunz (1988), a idade dos pacientes na época do

diagnóstico e tratamento das neoplasias malignas também pode influenciar na

ocorrência de complicações estomatológicas. Muitos estudos têm comparado a presença

dessas complicações em doentes de diferentes faixas etárias, sendo observada uma

prevalência nos pacientes mais jovens. Segundo estes autores isto pode guardar relação

com o fato de que, comumente, a atividade replicativa celular no epitélio da mucosa

oral dos pacientes mais jovens é maior, sendo portanto, essas células mais susceptíveis

aos efeitos deletérios dos agentes antineoplásicos. Não constituiu objetivo deste estudo

realizar uma avaliação dessa natureza, porém acreditamos que os dados aqui registrados

podem servir como base para posteriores estudos comparativos da ocorrência das

complicações orais em crianças e em adultos com neoplasias malignas.

As manifestações orais podem constituir o primeiro sinal de desenvolvimento de

neoplasias malignas, principalmente das leucemias (ORBAK, ORBAK, 1997; HOU,

HUANG, TSAI, 1997). Neste estudo constatou-se que 2 pacientes (nº 17 e 40)

apresentaram lesões orais, as quais, junto a outros sinais e sintomas, constituíram o

primeiro indicativo que ajudou a levantar a suspeita nos pais de que alguma coisa

estranha poderia estar acontecendo com seus filhos, procurando imediatamente atenção

médica, ocasião em que foram estabelecidos os diagnósticos de LMA e LLA

respectivamente.

A paciente com LMA, segundo relato da mãe, apresentou uma lesão com

aumento de volume na borda direita da língua, além de palidez cutânea. Na época em

essa paciente foi avaliada, a lesão já se apresentava ulcerada e causando muito

desconforto durante a alimentação. O Paciente com LLA apresentou aumento de

volume dos tecidos gengivais nas regiões dos dentes molares inferiores direitos e do

dentes molares superiores do mesmo lado, os quais, segundo relatos da mãe tinham

aparecido repentinamente e sem causa aparente, pois não foi relatada história de trauma

nas regiões afetadas.

Os resultados mostraram que dos 40 pacientes do Grupo I, 16 (40 %)

desenvolveram em conjunto 61 episódios de complicações estomatológicas que

incluíram a mucosite, sangramento oral espontâneo, candidíase e xerostomia. Destes

pacientes, 12 tiveram diagnóstico de neoplasias hematológicas (6 LLA e 6 LMA),

apresentando, em conjunto, 47 dos episódios de complicações constatados (87,03 %).

Segundo Sonis, Kunz (1988) os pacientes acometidos de neoplasias hematológicas

apresentam maior risco de desenvolver complicações orais. Os autores antes

referenciados obtiveram resultados semelhantes aos desta pesquisa ao avaliarem 495

pacientes com diferentes tipos de neoplasias, dos quais, 52, desenvolveram, em

conjunto, 106 complicações orais, ressaltando-se que 18 % dos pacientes com

neoplasias hematológicas desenvolveram 88 % de todas as complicações observadas.

O tratamento antineoplásico, principalmente a radioterapia, tem a capacidade de

induzir danos às estruturas glandulares salivares, comprometendo as suas funções e

conseqüentemente promovendo alterações quantitativas e qualitativas no fluxo salivar

(RITCHIE et al., 1985; CAIELLI, MARTHA, DIB, 1995; CHIN, 1998).

De acordo com Chin (1998), Symonds (1998) é comum nos pacientes

submetidos a terapia antineoplásica a secura da mucosa oral decorrente do

comprometimento do fluxo salivar, condição esta conhecida como xerostomia. Segundo

Garg, Malo (1997), esta condição pode variar de uma leve diminuição da produção de

saliva, até a ausência total deste fluido.

Neste estudo a ocorrência de xerostomia foi mínima, apenas 2 pacientes (5 %)

do Grupo I, acometidos por fibrossarcoma e doença de Hodgkin, apresentaram 1

episódio cada, de mucosa oral seca, os quais relataram ainda desconforto durante a

alimentação. Desses pacientes, apenas aquela com D.H tinha história de tratamento com

radioterapia antes do início deste estudo. No Grupo I, 4 pacientes, além da

quimioterapia, realizaram radioterapia no período de coleta dos dados, porém não foram

observadas alterações no fluxo salivar destes pacientes. Talvez isto esteja relacionado

com a dosagem de radiação que os mesmos receberam (1800 cGy) já que, segundo

Ritchie et al. (1995); Caielli, Martha, Dib (1995), as dosagens mínimas de radiação

capazes de induzir xerostomia giram em torno dos 2000 a 2250 cGy. Outro fato que

vale a pena mencionar é o de que, geralmente, a xerostomia ocorre alguns dias ou até

meses depois de concluído o tratamento, porém, neste estudo, tal tratamento foi

realizado nos pacientes antes referidos, praticamente no final do período desta avaliação

e, provavelmente os efeitos da radiação em boca, ainda não tinham se manifestado.

A mucosite oral, condição inflamatória caracterizada pela presença de eritema

e/ou ulceração do epitélio de revestimento oral, é considerada a complicação mais

freqüente em pacientes com neoplasias malignas, quer estejam sob radioterapia ou

quimioterapia (CHILDERS et al., 1993; SCULLY, EPSTEIN, 1996; PLEVOVÁ, 1999;

EPSTEIN et al. 2000).

Analisando os achados desta avaliação, observou-se que a mucosite foi a

complicação oral mais freqüente nos pacientes do Grupo I, uma vez que 16 destes

(40 %) desenvolveram, em conjunto, 40 episódios desta complicação, representando

com isto 66 % de todas as complicações estomatológicas observadas. Driezen et al.

(1986) obtiveram resultados semelhantes ao avaliarem quantitativamente as

complicações orais ocorridas em 1500 indivíduos com neoplasias malignas, observando

que deste total, 704 pacientes (46,9 %) desenvolveram complicações, destacando-se que

244 (16,3 %) apresentaram mucosite como complicação oral mais freqüente.

Levando em consideração o aspecto clínico da mucosite, observou-se que 13

pacientes apresentaram episódios caracterizados pela presença de eritema enquanto que

8 pacientes exibiram mucosite caracterizada pela presença de eritema e ulceração. Tal

como relatado por Neville et al. (1995); Scully, Epstein (1996); Symonds (1998),

observou-se que geralmente as lesões de mucosite, caracterizadas pela presença de

ulceração, iniciaram como áreas eritematosas, as quais evoluíram para a formação de

edema e ulceração. Concordamos com a literatura no tocante ao fato de que a mucosite

oral tende a ocorrer, com maior freqüência em áreas não ceratinizadas da mucosa oral

(DRIEZEN et al. 1986). A maioria dos episódios desta complicação foi observada na

mucosa jugal, lábios e assoalho bucal, porém também ocorreu em regiões ceratinizadas

como a gengiva inserida, língua e palato duro.

Em relação ao período de desenvolvimento e duração da mucosite, os resultados

deste estudo estão de acordo com os de Woo et al. (1993); Garg, Malo (1997), pois

observou-se que, geralmente, os episódios ocorreram depois de 5 a 8 dias de iniciada a

quimioterapia, persistindo o quadro inflamatório durante 10 a 12 dias.

Segundo relatos de Sonis, Sonis (1979); Alpaslan et al. (1999) certas drogas

usadas no tratamento de neoplasias malignas, além de atuarem sobre as células

neoplásicas, exercem seus efeitos deletérios diretos ou indiretos sobre as células

normais, principalmente, naquelas com alto índice proliferativo, como as do epitélio da

mucosa oral. De acordo com Symonds (1998), entre as drogas com maior poder de

induzir mucosite oral encontram-se o metotrexato, 5-fluorouracil, interferon,

bleomicina, doxorrubicina, cisplatina, vinblastina e vincristina. Neste estudo constatou-

se que a maioria dos episódios de mucosite oral ocorreu depois de administradas essas

drogas.

É evidente que os efeitos dos agentes antineoplásicos, quer sejam drogas ou

radiações, constituem o principal fator no desenvolvimento de mucosite, porém é bem

conhecido que, particularidades do paciente, tais como o tipo de neoplasia, idade e o

status de saúde oral, entre outros fatores, confluem predispondo o paciente à ocorrência

de complicações estomatológicas (SONIS, KUNZ, 1988). Baseados nos resultados deste

estudo, concordamos plenamente com essa informação, pois ao relacionar a ocorrência

de mucosite com as condições de saúde oral observou-se que, 9 (56,3 %) dos 16

pacientes que apresentaram esta complicação eram, precisamente, aqueles que tiveram

os maiores índices de placa, de sangramento oral e maior número de dentes cariados.

Sem dúvida alguma, os resultados deste estudo mostraram que a mucosite

constitui a maior causa de desconforto em pacientes imunocomprometidos. Constatou-

se que, durante o período em que ocorria a mucosite, alguns pacientes se queixavam de

desconforto, recusando alimentar-se e até evitavam realizar a higiene oral movidos pelo

medo de promover uma ação traumática secundária que agrava-se o quadro clínico.

Contudo, concordamos com Sepet et al. (1998) ao relatarem que, mesmo com o risco de

trauma secundário, não se deve suspender a escovação pois, do contrário, os efeitos do

acúmulo de placa, somado às alterações no meio ambiente oral induzidas pela própria

doença e pelos agentes antineoplásicos, contribuem para agravar o quadro inflamatório.

Durante o período em que os pacientes do Grupo I foram avaliados, sempre foi

incentivada a escovação cuidadosamente. Acreditamos que isto tenha sido de grande

valia na prevenção ou redução das complicações orais. Um fato que fala a favor da

importância da higiene oral na prevenção e redução da severidade de complicações

orais, é que muitos pacientes que fizeram uso das mesmas drogas que aqueles que

desenvolveram mucosite, porém que mantiveram uma boa higiene oral, não foram

acometidos por esta complicação.

Neste estudo não foi avaliada a ocorrência de mucosite utilizando sistema de

gradação de severidade da condição inflamatória, devido a maioria destes serem

baseados em observações clínicas visuais e sensações relatadas pelo paciente. Como

vários pacientes eram muito pequenos e não tinham a capacidade de relatar claramente

o que sentiam, optou-se apenas pelo registro da ocorrência mediante o exame clínico.

Vale a pena mencionar que, na maioria dos pacientes que desenvolveram mucosite, o

quadro clínico de inflamação não foi severo e muitas das lesões que se apresentaram

como áreas eritematosas, não evoluíram para a formação de edema e ulceração.

Acreditamos que isto, além do mencionado anteriormente, possa estar relacionado com

o uso dos bochechos de clorexidina a 0,12 % que é utilizada rotineiramente nos

pacientes atendidos no COHI do HIVS.

Não constituiu objetivo deste estudo avaliar a eficácia da clorexidina na

prevenção e redução da severidade da mucosite e outras complicações estomatológicas,

porém, estudos como os realizados por McGaw, Belch (1985); Costa (1998) mostraram

resultados satisfatórios com o uso dessa solução. Portanto recomendamos que seu uso

seja contemplado nos protocolos de saúde oral destinados a pacientes imunologicamente

comprometidos.

Não podemos afirmar que o fato antes relatado, tenha sido o único responsável

pela prevenção da mucosite já que, como mencionamos anteriormente, muitos fatores

contribuem para a ocorrência das complicações estomatológicas. Acreditamos que

estudos posteriores possam pesquisar o motivo de alguns pacientes com o mesmo tipo

de neoplasia e sob o mesmo esquema quimioterápico não desenvolverem complicações

orais e outros não.

Neste estudo observou-se que no Grupo I, 6 pacientes (15 %) apresentaram em

conjunto, 10 episódios de sangramento oral espontâneo, representando estes episódios

16,4 % de todas as complicações detectadas neste grupo. Os episódios desta

complicação prevaleceram em pacientes do gênero feminino com 5 casos (83,3 %),

enquanto que apenas 1 paciente (16,7 %) do gênero masculino apresentou sangramento

oral.

Levando-se em consideração o tipo de neoplasia, observou-se que 100 % dos

pacientes que apresentaram sangramento oral estavam em tratamento para neoplasias

sistêmicas, sendo eles 4 pacientes (66,7 %) com LMA e 2 pacientes com LLA

(33,3 %). Estes resultados coincidem com os relatos da literatura haja vista que o

sangramento oral espontâneo geralmente ocorre em pacientes com neoplasias

sistêmicas, principalmente naqueles com leucemias (DRIEZEN et al., 1986; NIH, 1989;

FONSECA, 1998; CANCER NET, 2001). Segundo Fonseca (1998), a ocorrência desta

complicação oral, comumente, é causada por estados de trombocitopenia induzidos pelo

próprio curso clínico da doença ou pelos efeitos colaterais dos agentes antineoplásicos.

Hou, Huang, Tsai (1997) obtiveram resultados semelhantes aos deste estudo ao

avaliarem as ocorrências de complicações orais em 230 pacientes com leucemias. Estes

autores detectaram que 83 pacientes (36,1 %) apresentaram sangramento gengival, com

maior prevalência nos pacientes com leucemias agudas, principalmente, nos acometidos

de LMA com 51 casos, seguidos de 26 pacientes com LLA, 1 com LLC e 1 com LMC.

Nesta pesquisa foi detectado que 90 % dos episódios de sangramento oral

coincidiram com os períodos em que os pacientes apresentaram contagens plaquetárias

menores que 100.000 cel/mm3. A ocorrência de 7 episódios (77,8 %) esteve associada a

contagens plaquetárias entre os 23.000 cel/mm3 e 46.000 cel/mm3 , em 2 episódios

(22,2 %) desta complicação as contagens plaquetárias estiveram entre 50.000 cel/mm3 e

100.000 cel/mm3, enquanto que, apenas 1 paciente (10 %) mostrou sangramento com

contagens plaquetárias de 473.000 cel/mm3. Estes resultados também concordam com

os achados de Hou, Huang, Tsai (1997), os quais consideraram contagens plaquetárias

entre 25.000 cel/mm3 e 60.000 cel/mm3 como fator de alto risco para a ocorrência de

sangramento oral, observando que, dos 83 casos de sangramento oral detectados, 66

ocorreram em associação a contagens plaquetárias menores que 60.000 cel/mm3 .

Fonseca (1998) relatou que os pacientes sob tratamento antineoplásico, com

contagens plaquetárias em torno de 50.000 cel/mm3 ou menores, apresentam um

moderado risco de sofrerem sangramento oral. Neste estudo, mesmo que a maioria dos

episódios de sangramento oral tenha coincidido com as contagens plaquetárias

consideradas de risco para a ocorrência desta complicação, nos limitamos a sugerir que

provavelmente esta tenha sido a causa para tal evento. Como relatado por Fonseca

(1998), outros fatores, além da trombocitopenia, podem promover a ocorrência de

sangramento oral, entre eles, alterações qualitativas das plaquetas ou da coagulação.

Resta saber quais foram as causas que levaram à ocorrência de sangramento oral na

paciente que apresentou contagens plaquetárias normais já que a possibilidade de

trauma ou inflamação gengival foram descartadas com o exame clínico e a anamnese. É

possível que algum outro fator antes mencionado possa estar relacionado com este fato.

Concordamos com Hou, Huang, Tsai (1997) quando relataram que, quando observada a

ocorrência de sangramento oral sem causa aparente em pacientes imunocomprometidos,

devem ser tomadas as medidas pertinentes imediatamente, pois isto pode representar um

sinal clínico de um estado de trombocitopenia severo.

O sangramento gengival constituiu o principal tipo desta complicação, com 9

casos (90 %) e apenas 1 caso (10 %) foi associado à presença de mucosite ulcerativa na

região de palato duro. Este último caso corrobora o relato existente na literatura que as

lesões de mucosite podem constituir locais propícios para a ocorrência de sangramento

oral. Driezen et al. (1986) avaliando 1500 pacientes com leucemia, registraram 204

casos com sangramento oral dos quais 76 ocorreram isoladamente, 43 associados a

infecções, 32 a mucosite e 53 à ocorrência seqüencial de mucosite e infecção, porém 91

casos foram associados a coagulação intravascular disseminada, 2 a hipofibrinogemia e

1 à deficiência de vitamina K.

Acreditamos importante considerar como possível causa dos casos de

sangramento oral observados nesta pesquisa o fato de que 5 dos pacientes (90 %) com

tal complicação, coincidentemente formaram parte daqueles que exibiram maiores IPV

e ISG, apresentando, portanto, condições de saúde oral deficiente. É sabido que o

acúmulo de placa promove inflamação gengival e isto contribui para aumentar o risco

de complicações orais em pacientes sob tratamento antineoplásico.

A boca, pelas suas particularidades anatômicas, constitui um ambiente favorável

para a colonização e proliferação de microrganismos, os quais, em condições normais,

mantêm-se em equilíbrio devido à atividade competitiva por nutrientes e pela ação de

fatores físico-químicos próprios do meio bucal (SIXOU, MEDEIROS-BATISTA,

BONAURE-MALLET, 1996). Nos pacientes com neoplasias malignas, esse equilíbrio

ecológico microbiano, geralmente, é quebrado pelo comprometimento do sistema

imunológico do paciente em decorrência do curso patogênico da doença, agravando-se a

situação com a ação dos agentes antineoplásicos.

Com o sistema de defesa imunológico do hospedeiro comprometido, a

microbiota, que uma vez permanecia em perfeito comensalismo, prolifera

desordenadamente, ocorrendo também a entrada de uma microbiota oportunista, capaz

de promover infecções cuja severidade vai depender, além do status imunológico do

paciente, de fatores como as condições de higiene oral deste e a presença de outras

complicações, como a xerostomia e a mucosite (MARQUES, WALKER 1991,

CHILDERS et al., 1993). Barrett (1987) mencionou que aproximadamente 50 % das

infecções orais em pacientes com leucemias, por exemplo, correspondem a candidíase.

Durante o período desta avaliação clínica, observou-se a ocorrência de 9 lesões

diagnosticadas como candidíase (15 %), distribuídas em 5 pacientes do grupo I

(12,5 %), todos do gênero feminino, com idade média de 7,8 anos. O tipo

pseudomembranoso de candidíase foi o que predominou, representando 6 casos (66,7

%), acometendo principalmente a mucosa jugal, seguida da língua, assoalho bucal e

gengiva inserida. Os outros 3 casos (33,3 %) corresponderam a queilite angular.

Os resultados desta pesquisa refletem aspectos já abordados na literatura, como

o que a candidíase pseudomembranosa representa o tipo mais freqüente desta infecção

fúngica, principalmente em crianças, ocorrendo predominantemente na mucosa jugal,

língua, assoalho bucal e lábios (NIH, 1989; FLAITS, BAKER, 2000).

Embora as lesões de candidíase, geralmente, sejam assintomáticas, cuidados

imediatos devem ser providenciados para o tratamento desta infecção, com o intuito de

evitar maiores complicações como infecções generalizadas que coloquem em risco a

vida dos pacientes.

Epsteim et al. (1996), avaliando o risco e as conseqüências de infecções

generalizadas por Candida em 63 pacientes com transplante de medula óssea e/ou em

quimioterapia, dos quais 44 fizeram uso de fluconazol, observaram que 2 pacientes do

grupo que usou o antifúngico e 1 do grupo controle desenvolveram infecção

generalizada por Candida com origem oral, sugerindo que provavelmente o fungo

tivesse ganhado a via sistêmica através de lesões de mucosite ulcerativa apresentadas

pelos pacientes.

Neste estudo, apenas uma paciente desenvolveu candidíase pseudomembranosa

na mucosa jugal concomitantemente com a ocorrência de mucosite caracterizada por

eritema e ulceração na língua. Além disto, essa paciente apresentou na mesma época,

intensa quantidade de placa e inflamação gengival. Este caso reflete a importância de

manter uma adequada higiene oral nos pacientes em tratamento antineoplásico, como

medida preventiva para a ocorrência de complicações estomatológicas, pois acreditamos

que, as condições precárias de higiene oral da paciente exerceram um papel importante

na ocorrência da candidíase e das outras complicações que esta paciente apresentou

quase que simultaneamente.

Concordamos com Childres et al. (1993) quando menciona que a presença de

candidíase pode representar um sinal do grau de comprometimento do sistema

imunológico do paciente, sendo necessário atuar rapidamente com o tratamento

antifúngico. Neste estudo, observou-se que nenhum dos casos de candidíase foi grave,

porém, sua ocorrência coincidiu com períodos em que os pacientes apresentavam

comprometimento da defesa imunológica. Em todas as ocasiões recomendou-se o uso

tópico de nistatina, sendo observada regressão da infecção em poucos dias de utilização

deste medicamento.

No grupo I, observou-se que 14 pacientes (37,5 %) apresentaram em conjunto 22

alterações orais classificadas como “outros achados”, predominando entre elas 5 casos

de gengivite (25 %) e 4 casos de úlcera traumática (20 %).

Um fato que chama a atenção é a predominância dos casos de gengivite e a

ocorrência de 2 casos de abscessos periapicais. Estas lesões, pelo cunho infeccioso

devem ser evitadas em pacientes com condição imunológica comprometida, devido ao

risco que representam, por caracterizarem focos de infecção com possibilidade de

envolvimento sistêmico. As 2 crianças que tiveram abscessos periapicais já

apresentavam as lesões antes do início desta avaliação, persistindo o quadro infeccioso

com períodos de cronificação e agudização, sem que pudessem, na realidade receber

tratamento odontológico, por causa do risco de complicações como sangramento e

infecções, devido aos constantes episódios de mielossupressão que essas crianças

apresentaram.

Os dados deste estudo mostraram que, embora os pacientes do Grupo II tivessem

uma condição de saúde oral mais pobre, com toda certeza, as conseqüências de uma

precária higiene oral representaram maior risco para os pacientes do Grupo I devido ao

seu estado de imunossupressão. Acreditamos que durante o período em que se realizou

esta avaliação, conseguimos resultados satisfatórios em relação aos esclarecimentos dos

pacientes, dos seus pais ou responsáveis, tendo em vista a importância de manter boas

condições de saúde oral e evitar o risco de complicações que possam comprometer

ainda mais a saúde geral desses pacientes. Constatou-se que os paciente que ao início do

estudo apresentavam altos índices de placa, posteriormente, mostraram maior

preocupação em realizar a escovação constantemente, melhorando, com isto, a sua

condição de saúde oral e reduzindo o risco de complicações. Acreditamos que o fato

antes mencionado pode ser sustentado em razão de que muitos pacientes, embora

acometidos pelas mesmas neoplasias e recebendo semelhante tratamento antineoplásico,

não desenvolveram complicações orais.

Utilizando como base os resultados deste estudo, trabalhos posteriores poderiam

ser delineados com o intuito de pesquisar com maior aprofundamento o mecanismo das

complicações estomatológicas nesses pacientes, realizando avaliação não só da

microbiota oral mas, também da dinâmica patogênica dessas complicações.

Acreditamos que o objetivo da nossa pesquisa foi plenamente atingido e

esperamos muito brevemente poder contribuir com a melhora da qualidade de vida dos

pacientes tratados no COHI do HIVS, mediante a concretização de um protocolo de

saúde oral.

CONCLUSÕES

7. CONCLUSÕES

Baseados nos resultados obtidos neste estudo

concluímos que:

1. Pacientes com neoplasias malignas tem um alto risco

de desenvolver complicações orais, sendo esse risco

maior, quando instituído o tratamento antineoplásico.

2. Pacientes com neoplasias sistêmicas desenvolvem

complicações estomatológicas com maior freqüência

do que aqueles com tumores sólidos.

3. A mucosite constitui a complicação estomatológica

mais freqüente nos pacientes em tratamento para

neoplasias malignas.

4. A higiene oral deficiente atua como fator

predisponente para o desenvolvimento de

complicações estomatológicas em pacientes

imunocomprometidos.

5. A ocorrência de lesões orais pode ser favorecida pela

interação dos fatores oncogênicos, terapêuticos e de

deficiente higiene oral.

SUMMARY

8. SUMMARY

CLINICAL ASSESSMENT OF ORAL HEALTH OF

CHILDREN WITH MALIGNANT NEOPLASM ATTENDED

AT THE VARELA SANTIAGO CHILDREN HOSPITAL FROM

NATAL – RN

The childhood cancer is characterized by a predominance of hematogenic and lymphatic

system neoplasm, although a frequency of the central nervous system tumors and

sarcomas are widely common. Particularities of many childhood cancers and the

adverses effect of the antineoplastic agents can change radically the oral environment

and predisposes to the risk of oral complications. This study assessment clinically the

oral health of 40 children on treatment for different types of malignant neoplasm with

age range of 0 to 15 years old (Group I) and compared to 38 normal children in the

same age range (Group II). The results shown that patients of Group I had a gingival

bleeding index (GBI) and caries experience minor than patients of Group II, the visivel

plaque index (VPI) was lightly higher in patients of Group I. There was not difference

statistically significant in the variables. Sixteen patients of Group I developed together

61 oral complications with predominance of mucositis, followed by spontaneous oral

bleeding, candidiasis and xerostomy, that complication were most commons in patients

with systemic neoplasm. Its was concluded that patients submitted to antineoplastic

therapy with poor oral health had a higher risk to develop oral complications.

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ANEXOS

ANEXO 1

ANEXO 2

Termo de Consentimento Informado

Avaliação Clínica da Saúde Bucal

de Crianças com Neoplasias Malignas Atendidas

no Hospital Infantil Varela Santiago .

As crianças acometidas de doenças oncológicas

podem apresentar complicações em diversas regiões do

organismo, entre essas regiões, a boca pode exibir lesões

que decorrem do próprio curso da doença ou do efeito

colateral da terapia antineoplásica instituída.

Estas alterações tornaram-se foco de interesse de

muitos pesquisadores devido à dor o ao desconforto local

que provocam no paciente, dificultando a alimentação,

além de agravar o estado geral de saúde em decorrência

da infecção secundária destas lesões.

Este estudo tem o objetivo de avaliar clinicamente as

condições de saúde oral das crianças com neoplasias

malignas e em tratamento no Centro de Oncologia e

Hematologia Infantil (COHI) do Hospital Infantil Varela

Santiago em Natal-RN, procurando verificar a freqüência de

complicações orais e desta forma contribuir para melhorar

o estado de saúde geral dessa população.

Durante a pesquisa cada paciente será submetido a

uma avaliação clínica que incluirá um exame físico intra-

oral e extra-oral, pesquisando a presença de lesões na

mucosa oral, alterações nas estruturas dentárias e

palpação dos linfonodos regionais.

A metodologia que será empregada nesta pesquisa

não causará nenhum desconforto ou dano aos pacientes,

pois não serão realizados procedimentos invasivos

(biópsias), nem se colocará em risco o estado geral dos

mesmos.

Esta pesquisa não representará investimento

financeiro para os pais ou responsáveis dos pacientes,

pois a mesma será financiada com recursos da instituição.

Garantimos que toda a informação proporcionada e

coletada de cada paciente será de caráter confidencial,

utilizando-se apenas para os fins da pesquisa, sempre

guardando em reserva a identidade do paciente, de seus

pais ou responsáveis.

Em caso que os pais ou responsáveis dos pacientes

precisem de maiores informações sobre a pesquisa,

deverão solicitá-la a Manuel Antonio Gordón Núñez

(pesquisador), pessoalmente ou aos telefones 3084-5794

(residência) ou 215-4138 (faculdade) ou com os Drs. Leão

Pereira Pinto (orientador), Patrícia Teixeira de Oliveira e

Maria Zélia Fernandes (responsável pelo COHI).

Os pais ou responsáveis dos pacientes terão a

liberdade de retira-los da pesquisa em qualquer ocasião,

caso não concorde com as disposições contidas neste

documento ou por outro motivo que venha surgir.

Este documento será preenchido em duas vias sendo

uma para o pesquisador e outra para os pais ou

responsáveis pelos pacientes.

Eu..................................................... cidadão

............................................... com identidade nº

................................., na condição de

.......................................... declaro que fui informado (a) do

caráter e objetivos desta pesquisa e autorizo a inclusão de

............................................ na mesma.

..............................................................................

............................

Assinatura do pai, mãe ou responsável

Data

.............................................................................

.............................

Assinatura do pesquisador

Data

ANEXO 3

FICHA CLINICA

Data: .................... Nº de registro............................

Nome: .................................................................................. Idade:.............

Data de nascimento:........................ Sexo:............................ Raça:.................................

Naturalidade:................................... Endereço:..................................................................

Telefone:...........................................

Filiação: .................................................. ........................................................................

Responsável: ................................................. Assinatura: ................................................

Historia médica:

......................................................................................................

......................................................................................................

......................................................................................................

......................................................................................................

......................................................................................................

......................................................

Antecedentes familiares:

......................................................................................................

......................................................................................................

......................................................................................................

......................................................................................................

...........

Historia da doença atual:

......................................................................................................

......................................................................................................

......................................................................................................

......................................................................................................

......................................................................................................

......................................................................................................

.............................................................................................

Exames laboratoriais:

......................................................................................................

......................................................................................................

......................................................................................................

......................................................................................................

......................................................................................................

......................................................................................................

............................................................................................

Tratamento:

Cirúrgico...... Quimioterapia ...... Radioterapia......

Associado......

Inicio do tratamento:..................... Duração:.......................

Tipo de quimioterapico:

......................................................................................................

......................................................................................................

.......................................

Historia odontológica:

......................................................................................................

......................................................................................................

......................................................................................................

......................................................................................................

...............Freqüência de

escovação....................................................................................

...............

Exame físico intra-oral

Lábios:

Superior: Ulceração Eritema

Outras

alterações:...................................................................................

.............................

......................................................................................................

......................................................................................................

..............................................................................

Inferior: Ulceração Eritema

Outras

alterações:...................................................................................

.............................

......................................................................................................

.......................................

......................................................................................................

.......................................

Mucosa jugal:

Direita: Ulceração Eritema

Outras

alterações:...................................................................................

.............................

......................................................................................................

.......................................

......................................................................................................

.......................................

Esquerda: Ulceração Eritema

Outras

alterações:...................................................................................

.........................................

......................................................................................................

......................................................................................................

..............................................................................

Assoalho bucal.

Ulceração Eritema

Outras

alterações:...................................................................................

.............................

......................................................................................................

.......................................

......................................................................................................

.......................................

Bordo direito da língua:

Ulceração Eritema

Outras

alterações:...................................................................................

.............................

......................................................................................................

.......................................

......................................................................................................

.......................................

Bordo esquerdo da língua:

Ulceração Eritema

Outras

alterações:...................................................................................

.............................

......................................................................................................

......................................

......................................................................................................

.......................................

Dorso da língua

Ulceração Eritema

Outras

alterações:...................................................................................

.............................

......................................................................................................

.......................................

......................................................................................................

.......................................

Ventre da língua:

Ulceração Eritema

Outras

alterações:...................................................................................

.............................

......................................................................................................

.......................................

......................................................................................................

.......................................

Palato duro:

Ulceração Eritema

Outras

alterações:...................................................................................

.............................

......................................................................................................

.......................................

......................................................................................................

.......................................

Palato mole:

Ulceração Eritema

Outras

alterações:...................................................................................

.............................

......................................................................................................

.......................................

......................................................................................................

.......................................

Gengiva:

Outras

alterações:...................................................................................

.............................

......................................................................................................

......................................................................................................

..............................................................................

Orofaringe:

......................................................................................................

......................................................................................................

......................................................................................................

......................................................................................................

......................................................................................................

......................................................

Dentes:

Índice de cárie: (CPOD/ceod)

Critérios:

0 (A) = Hígido

1 (B) = Cariado

2 (C) = Restaurado

3 (D) = Extraído

4 (E) = Extração indicada

C = P = O = CPOD =

c = e = o = ceod =

Exame físico extra-oral

Assimetria

facial............................................................................................

......................

Aumento de

volume.........................................................................................

...................

Alterações de cor da

pele..............................................................................................

......

Linfonodos regionais:

......................................................................................................

......................................................................................................

......................................................................................................

......................................................................................................

......................................................................................................

......................................................................................................

.............................................................................................

Outro achados:

......................................................................................................

............

......................................................................................................

......................................................................................................

......................................................................................................

......................................................................................................

......................................................................................................

......................................................................................................

.............................................................................................

Assinatura do pesquisador:

.................................................................................................

Data : ....................

ANEXO 4

FICHA CLINICA

(Pacientes controle)

Data: ....................

Nome: .................................................................................. Idade:.............

Data de nascimento:........................ Sexo:............................ Raça:.................................

Naturalidade:................................... Endereço:..................................................................

Telefone:...........................................

Filiação: .................................................. ........................................................................

Responsável: ................................................. Assinatura: ................................................

Historia odontológica

......................................................................................................

......................................................................................................

......................................................................................................

......................................................................................................

..............

Freqüência de escovação: _______

Índice de cárie: (CPOD/ceod)

Critérios:

0 (A) = Hígido

1 (B) = Cariado

2 (C) = Restaurado

3 (D) = Extraído

4 (E) = Extração indicada

C = P = O = CPOD =

c = e = o = ceod =

Gengiva:

Outras

alterações:...................................................................................

.............................

......................................................................................................

......................................................................................................

..............................................................................

Assinatura do pesquisador: ........................................................... Data ...........................