AULA06 - Antropometria

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  • 8/14/2019 AULA06 - Antropometria

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    Antropometria

    a cincia da qual faz uso a Ergonomia, relacionada s dimenses do corpohumano e a relao que existe entre os diversos segmentos corporais. As dimensesantropomtricas esto diretamente envolvidas aos ALCANCES MOTORES de um indivduo es POSTURAS pelo mesmo adotadas.

    Quando menciona-se que a ANTROPOMETRIA estuda as dimenses do corpohumano, preciso considerar que tais dimenses so obtidas em duas situaes bastantedistintas: DIMENSES ESTTICAS e DIMENSES DINMICAS.

    Na ANTROPOMETRIA ESTTICA, so consideradas as dimenses do corpoquando o mesmo encontra-se em uma postura considerada NEUTRA, sem que uma atividade

    motora esteja sendo desenvolvida. Seria uma obteno de dados BSICOS em relao s nossasdimenses, sem grande profundidade.

    J na ANTROPOMETRIA DINMICA, so consideradas as dimenses dosdiversos segmentos corporais quando se encontram em MOVIMENTO, ou seja, so obtidasimportantes informaes relacionadas aos ngulos utilizados pelas articulaes, os alcances dossegmentos corporais e, o principal, quais as posturas NATURAIS e CONFORTVEISadotadas.

    Percebe-se, desde j, como a ANTROPOMETRIA relaciona-se com aANATOMIA e FISIOLOGIA.

    OBJETIVOS DA ANTROPOMETRIA

    Para que as dimenses dos segmentos corporais e dos ngulos entre estessegmentos so levantadas? Por que importante conhecer as diferenas dimensionais existentesentre uma populao de trabalhadores?

    Vamos responder a tais questes fazendo uso, inicialmente, de um exemplo.Vamos supor que numa linha de produo, com 100 postos de trabalho, encontramos operrios eoperrias. As bancadas de trabalho so fixas (sempre a mesma altura, sempre a mesmaprofundidade, etc.) e as cadeiras usadas so do mesmo fabricante, todas iguais.

    A populao de trabalhadores, contudo, DIFERENTE. Um homem de 25 anosde idade, 1,85 de altura e 90 quilos de peso trabalha ao lado de uma mulher com 40 anos deidade, 1,52 de altura e 54 quilos de peso. Os dois devem trabalhar sentados, alcanar os mesmosobjetos e mont-los. Depois, devem colocar o objeto j montado numa nica esteira que passaacima da bancada, numa altura padronizada em toda a linha de montagem.

    Observando-se as duas pessoas trabalhando, imediatamente so diagnosticadosvrios problemas:

    - enquanto o homem no apresenta a menor dificuldade em alcanar o fundo da bancada, onde

    se localizam algumas peas em caixas plsticas, a mulher necessita debruar o tronco frente,esticando o brao para atingir tal regio;

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    - o homem apoia facilmente os ps no piso da rea. A mulher, para conseguir tal postura, sentana ponta da cadeira, afastando a regio lombar do encosto;

    - para colocar uma pea na esteira rolante, o homem levanta levemente o antebrao e alcana aesteira. Para fazer o mesmo, a mulher tem que esticar todo o brao;

    - ao levantar da cadeira, o homem necessita de cuidados, pois pode bater a cabea numaestrutura de tubulaes e bandejas eltricas existentes na rea. Com a mulher isto no acontece;

    - o espao existente abaixo do tampo da bancada apertado para as pernas do homem, cujosjoelhos esbarram numa cantoneira. Isto no ocorre com a mulher.

    - a largura do assento da cadeira, usada pelo homem, possui dimenses adequadas. A mulher,quando sentada, sente que a borda lateral do assento pressiona a face posterior das coxas endegas, o que lhe d uma sensao de aperto;

    Obviamente os exemplos continuariam. Contudo, j esclarecem um fator

    dimensional importantssimo relacionado ao posto de trabalho: Os componentes do posto(cadeira, bancada, prateleiras, piso, teto, etc.) so FIXOS e isto traduzido por umainadequao considervel em relao s dimenses corporais dos trabalhadores, eis quevariveis.

    Portanto, podemos concluir nossa linha de raciocnio, afirmando o seguinte:

    A ANTROPOMETRIA estuda as dimenses do corpo humano e as diferenasdimensionais apresentadas por uma populao de trabalhadores, a fim de projetar POSTOS DETRABALHO que atendam s necessidades posturais de, pelo menos 90% da populaoestudada.

    Da afirmativa acima, j podemos concluir que os POSTOS, para que atendam snecessidades posturais TANTO dos HOMENS, QUANTO das MULHERES, precisam deFLEXIBILIDADE em seus componentes. Esta caracterstica que atender cada necessidadepostural do indivduo, segundo suas dimenses corporais.

    Vejamos a situao da mulher, exemplificada acima: Por que ela senta na bordado assento da cadeira? Por que o encosto da cadeira intil? Por que ela estica todo o brao ata esteira?

    Resposta: Simplesmente porque, quando a rea de produo foi projetada, no LEVOU-SE EMCONSIDERAO que a POPULAO DE TRABALHADORES apresenta DIMENSESCORPORAIS DIFERENTES, pois no existe um OPERRIO PADRO. Podemos considerar,por exemplo, que todos que trabalham na linha de montagem tm 1,75 de altura? Claro que no,e isto que verifica-se com a operria do exemplo anterior. Veja:

    - a cadeira no possui regulagens da altura de assento. Uma altura padronizada foi fixada, comose o tamanho das pernas de TODOS OS OPERRIOS fsse igual. Assim, a operria, que tempernas pequenas, se v numa situao difcil, pois a cadeira que usa foi especificada para serusada por um HOMEM de 1,75 de altura!;

    - o encosto da cadeira torna-se intil, pois a operria sente a necessidade de apoiar os ps nopiso da rea, para que tenha uma movimentao mais facilitada de seu corpo. Contudo, para

    apoiar os ps, a operria tem que posicionar a cintura plvica mais frente, AFASTANDO AREGIO LOMBAR DO ENCOSTO, que passa a NO SER USADO (perceba, o encosto ,agora, INTIL!);

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    A SITUAO CRTICA ocorre quando o segmento chega ao NGULOLIMITE e no pode continuar a dobrar-se sobre o outro. Perceba algo muito importante: possvel trabalhar com o segmento no NGULO LIMITE, mas tal situao torna o trabalhomais DIFCIL e PENOSO para o indivduo. O CORRETO trabalhar o mais prximo possveldo NGULO NEUTRO, que geralmente est ligado a NGULOS DE CONFRTO.

    A antropometria precisa conhecer tal situao, de modo a fornecer informaesao projetista de postos de trabalho. De posse de tais dados, o projetista pode evitar que asdimenses do posto obriguem ao trabalhador a dobrar as articulaes em NGULOS-LIMITE,o que gera desconfrto e muitas doenas (leses) que sero estudadas na aula 07.

    O POSTO DE TRABALHO FLEXVEL

    Se a empresa possui uma populao de trabalhadores muito diversificada, comvariaes antropomtricas acentuadas, deve fornecer aos trabalhadores a devidaFLEXIBILIDA-

    DE. Para tanto, mltiplas regulagens devem fazer parte dos acessrios do posto, como a cadeira,o apoio para os ps, o terminal de vdeo de um computador, a altura do teclado, entre outros.

    Contudo, certos equipamentos de grande porte impossibilitam a colocao deplataformas ou superfcies de trabalho com regulagens individuais, como os grandes painis decontrole. As prprias bancadas de trabalho onde correm linhas de montagem, com dezenas demetros de comprimento, tornam a produo entrecortada e dificultada, caso cada trabalhadoraltere a altura e a profundidade do tampo, conforme sua vontade.

    Entretanto, sabe-se que uma nica medida padronizada resulta na inadequaopostural de inmeros trabalhadores. O que fazer nestas situaes?

    Geralmente quando o profissional de Medicina ou Segurana do Trabalho sedefronta com tal realidade, opta por levantar a MDIA das dimenses antropomtricas dapopulao de trabalhadores, iludindo-se por um conceito muito difundido, ou seja , se adotar asmedidas da MDIA, atender a maioria dos trabalhadores, o que resulta em grave erroprojetual.

    Tal iluso justificada em funo dos projetos que, por muito tempo, vieram doexterior e foram implantados na indstria brasileira, que os comprova em PACOTESFECHADOS. L no exterior, principalmente em pases europeus de rea geogrfica limitada ePOPULAO HOMOGNEA, a MDIA ANTROPOMTRICA um hbito e corretamenteaplicada em projetos.

    Entretanto, tal realidade inaplicvel no BRASIL, pois j vimos ascaractersticas das dimenses corporais do povo brasileiro, uma verdadeira mistura de raas. Emnosso pas, para atender s necessidades dimensionais de 90% da populao de trabalhadores,devemos aplicar as medidas MNIMAS ou MXIMAS do levantamento antropomtricoefetuado na empresa. Observe este exemplo:

    Numa linha de montagem, homens e mulheres devem trabalhar em postura sentada,defronte uma bancada onde efetuam a montagem de peas. Aps um levantamentoantropomtrico, as medidas dos segmentos corporais foram organizadas numa tabela. Observa-se que para o projeto da bancada em questo mais o banco adotado, foram consideradas algumas

    medidas mnimas e outras mximas. Isto se deve ao fato de que a populao envolvida possuiindivduos com segmentos corporais grandes e os com segmentos pequenos. S que todos farouso do posto de trabalho, portanto este ltimo precisa adequar-se toda populao e no apenasa alguns usurios.

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    Como podemos observar na tabela abaixo, as medidas mnimas equivalem 5%da populao de usurios e as mximas 95%. Mas existem tabelas que tambm apresentamdados referentes media aritmtica situada entre o mnimo e o mximo. Tais dados no devemser usados no Brasil, salvo raras excees, pois que no contemplam boa parte dos usurios.

    MEDIDAS DE CRITRIO MULHERES HOMENS MEDIDAANTROPOMETRIAESTTICA (cm.) MIN. MAX. 5% 95% 5% 95% ADOTADAA. Estatura X 151,0 172,5 162,9 184,1 184,1

    B. Altura da cabea.sentado X 80,5 91,4 84,9 96,2 96,2

    C. Altura dos olhos,sentado X 68,0 78,5 73,9 84,4 68,0

    D. Altura dos om-bros X 53,8 63,1 56,1 65,5 53,8

    E. Altura do coto-velo, sentado X 19,1 27,8 19,3 28,0 28,0

    F. Largura daspernas X 11,8 17,3 11,7 15,7 17,3

    G. Altura do as-sento (popltea) X 35,1 43,4 39,9 48,0 48,0

    H. Profundidade dotrax X 23,8 35,7 23,3 31,8 35,7

    I. Comprimento doantebrao X 29,2 36,4 32,7 38,9 29,2

    J. Comprimento dobrao X 61,6 76,2 66,2 78,7 61,6

    Analisemos uma das medidas constantes na tabela, como a medida J(comprimento do brao). Adotou-se a medida mnima, para que todos os trabalhadorestivessem a profundidade do tampo da bancada adequada ao tamanho do brao, principalmentelevando-se em considerao a menor dimenso (61,6 cm.).

    J no caso da estatura (medida A), levou-se em considerao a medida mxima,ou seja, a populao masculina de maior estatura, para que ao levantar-se da cadeira, osindivduos mais altos no batessem a cabea no teto da rea.

    Como se observa, nenhuma das medidas da tabela adotou a MDIAANTROPOMTRICA. Outro exemplo agora observado:

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    Tabela de estaturas levantadas de 256 pessoas, na qual se observa que apenas 70possuem a mdia do grupo. As outras 186 esto fora da mdia (abaixo ou acima desta),constitundo maioria dentro do grupo. Considerar a mdia, portanto, um grande erro, poispoucos usurios sero atendidos pelo projeto.

    ALTURA (X) N (F)EM P (N PESSOAS)

    1,50 11,53 31,54 51,55 281,58 561,60 701,62 56

    1,64 281,65 51,68 31,70 1

    TOTAL 256

    PERGUNTAS SIMULADAS PARA A PROVA:

    a- O que estuda a ANTROPOMETRIA?

    b- Por que usar a MDIA ANTROPOMTRICA no BRASIL um erro?

    c- Quais as variveis antropomtricas que influenciam diretamente diversidade dimensional docorpo humano?

    d- Como deve ser o posto de trabalho, para que atenda ao requisito principal imposto pelaANTROPOMETRIA, considerando que o usurio o trabalhor brasileiro?

    e- O que implica a adoo de posturas nas quais observa-se o NGULO-LIMITE nas atividadesexercidas por um trabalhador, em relao sua sade ?

    GLOSSRIO

    CINESIOLOGIA: cincia que estuda o movimento. O termo deriva-se de duaspalavras gregas, kinein, mover e logos, estudar.

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    PARA SABER MAIS, LEIA:

    LIVROS: - NOVO APARELHO PARA MEDIES ANTROMTRICASAutor: Ricardo da Costa SerranoEditora: FUNDACENTRODisponvel na biblioteca da UNICEB - Campus Santa Ceclia.

    - PESQUISA ANTROPOMTRICA E BIOMECNICA DOSOPERRIOS DA INDSTRIA DE TRANSFORMAO - RIO DEJANEIRO - 2 VOLUMESEditora do INT - INSTITUTO NACIONAL DE TECNOLOGIADisponvel na biblioteca da UNICEB - Campus Santa Ceclia.

    - CINESIOLOGIA E ANATOMIA APLICADAAutor: Philip J. RaschEditora: GUANABARA / KOOGAN S.A.

    REVISTAS TCNICAS - ARTIGOS:

    Conhecer a diversidade e trabalhar com a flexibilidade:Um desafio para a ErgonomiaAutora: Leda Leal FerreiraRevista: RBSO n 71 - FUNDACENTRO

    Aplicao da Antropometria na Construo CivilAutor: Pinto, J.A.

    Revista: RBSO n 32 - FUNDACENTRO

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