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Coerência e coesão

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Coerência e coesão - Aula 04

Coerência e Coesão

Olá, discente! Vamos continuar nosso estudo sobre a prática da comunicação escri-ta. Você já entendeu que a leitura é fundamental para ter ideias. Quanto mais você lê, maior é a quantidade e a qualidade das informações que poderá utilizar para produzir seus textos. É nesse momento que surgem as ideias e você as expressa em frases. Mas frases soltas ainda não formam um bom texto. É necessário uni-las para que tenham um sentido lógico. Essa união é feita pela Coesão e o seu resul-Coesão e o seu resul- e o seu resul-tado é a Coerência.

1. Coerência

Sempre que você escreve um texto tem em mente uma intenção, seja divertir, infor-mar, explicar, ordenar, convencer. A partir dessa intenção, seu texto é criado com uma determinada função, lembra? Você não cria uma frase apenas posicionando uma palavra após a outra, mas sim criando uma sequência lógica do que quer ex-pressar. Assim também é o texto. Ele não é feito apenas de frases colocadas uma após a outra. É necessário organizar as frases de forma que seja compreendida a informação. Quando você faz isso, cria um texto com coerência.

Segundo Medeiros:

A coerência acontece quando não há contradição na sequência das frases que você coloca no texto. Cada segmento do texto é continuado pelo segmento seguinte. Eles complementam seus sentidos para que exista lógica nas informações. Observe a frase abaixo:

Você percebeu o que diz a frase acima? Leia novamente. Percebeu que não existe lógica na frase? Se ele não estudou, o que se espera é que ele seja reprovado. A utilização da conjunção “mas” passa a ideia de que a reprovação não é esperada. O que não é verdade! A frase está sem coerência.

REVEJA!

Estudamos as fun-ções da linguagem na Aula 1. É uma boa hora para revisá-las!

(...) um texto não é um amontoado de palavras, mas uma rede de palavras que se encadeiam semanticamente e contribuem para transmitir uma ideia. Esse encadeamento é proporcionado pela coesão, ou seja, uma forma de recuperar informações já apresentadas para que o texto possa progredir.

MEDEIROS, João Bosco. Português Instrumental. São Paulo: Atlas, 2007. Pag. 337.

Ele não estudou muito, mas foi reprovado.

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Coerência e coesão - Aula 04

Medeiros também nos diz que:

Vamos voltar à frase que você leu há pouco:

A conjunção em destaque não faz a conexão entre as duas ideias expostas: (1) Ele não estudou muito; (2) Ele foi reprovado. Isso ocorre porque a conjunção “mas” ex-pressa ideia de adversidade, oposição. As duas ideias expostas não são opostas: a (2) é consequência da (1). Nós não poderíamos utilizar a conjunção “mas”.

Para corrigir essa incoerência, é necessário alterar a conjunção. Veja as possibilida-des:

Os exemplos acima mostram como a escolha das palavras modifica o sentido e tor-na o texto com lógica, ou seja, com coerência. Essa escolha, essa organização das palavras e frases é feita por elementos de Coesão.

Nos textos acadêmicos e profissionais, a coerência é característica fundamental para a compreensão do sentido e para a valorização da informação pelo receptor. Mas a incoerência já foi utilizada em textos com função poética, para criar um novo signi-ficado para a desordem em que as palavras são escritas. Veja este texto de autor anônimo.

O ajuntamento de partes desconexas prejudica a legibilidade de um texto. O leitor sente-se perdido no emaranhado de pormenores, sem saber o que o autor deseja alcançar. Daí a necessidade de domínio das conjunções e de todos os conectivos que servem para a transição de ideias. Veja-se que coerência e coesão andam próximas uma da outra.

MEDEIROS, João Bosco. Português Instrumental. São Paulo: Atlas, 2007. Pag. 342.

Ele não estudou muito, mas foi reprovado.

Ele não estudou muito e foi reprovado.

Ele não estudou muito, por isso foi reprovado.

Subi a porta e fechei a escada.Tirei minhas orações e recitei meus sapatos.Desliguei a cama e deitei-me na luz.

Tudo porqueEle me deu um beijo de boa noite...

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Coerência e coesão - Aula 04

A expressividade do texto está exatamente pela aparente falta de coerência na pri-meira parte do poema, na primeira estrofe. Toda a confusão de ações e palavras ocorreu por causa de um beijo. Mas não se esqueça de que esse recurso é aceito em um texto com função poética, e não em textos acadêmicos, técnicos e redações profissionais.

2. Coesão

E a Coesão? O que podemos dizer sobre ela? Você sabe o que é coesão? O que é um texto coeso?

O iDicionário Aulete define a Coesão desta forma:

Leia com atenção as definições 3 e 4. Vamos começar pela última definição, a número 4. Ling. Essa definição diz respeito à utilização da coesão para os es-tudantes da língua, como você! O dicionário define a coesão com palavras como “conexão”, “ligam”. É a “cola” das nossas ideias quando as organizamos no texto. É a Coesão que possibilita o aspecto “lógico de um discurso”. E como chamamos esse aspecto lógico? Isso mesmo! Coerência!

Existem dois tipos principais de coesão: a referencial e a sequencial. Vejamos cada uma delas.

Figura 1 - http://aulete.uol.com.br/coesao

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2.1 Coesão referencial

Utilizamos elementos que se referem a algo que já foi citado no texto (anáfora) ou que ainda será citado (catáfora). A coesão referencial pode ser realizada por três mecanismos diferentes: Substituição, Reiteração ou Elipse.

A. Substituição - O termo utilizado antes é substituído por pronome, nu-meral ou advérbio.

PRONOME:

Antônio viajou cedo. Ele precisava chegar logo em São Paulo.

NUMERAL:

Antônio e José já saíram. Os dois foram para o aeroporto.

ADVÉRBIO:

Levem casacos para São Paulo porque lá estava fazendo frio.

B. Reiteração - O termo utilizado antes é repetido ou retomado por palavra ou expressão de sentido semelhante.

Leia o que diz a professora Irandé Antunes sobre a reiteração:

É por isso que a escrita de um texto se dá sempre pela escrita e reescrita. O texto não é sempre desenvolvido para frente; ele é construído num zigue-zague, num vai e volta de ideias interdependentes, para que o leitor entenda que estão todas rela-cionadas ao tema do texto.

A reiteração é a relação pela qual os elementos do texto vão de algum modo sendo retomados, criando-se um movimento constante de volta aos segmentos prévios – o que assegura ao texto a necessária continuidade de seu percurso –, como se um fio perpas-sasse do início ao fim.

ANTUNES, Irandé. Lutar com Palavras: Coesão e Coerência. São Paulo: Parábola Editorial, 2005. Pág. 52.

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Coerência e coesão - Aula 04

REPETIÇÃO:

Ele ficou no meio do caminho. Só saiu do meio do caminho porque o expulsa-ram.

Você precisa ter bastante atenção ao utilizar a repetição. Repetir demais uma mes-ma estrutura gramatical certamente empobrecerá seu texto: o leitor achará que você deve ter um vocabulário reduzido ou não sabe o suficiente do assunto para escrever um texto rico. A repetição é um excelente recurso para reforçar a ideia, insistindo na mesma ideia. Comentamos na aula 3 que é necessário ler e ler e ler. E por que es-crevemos assim? Para chamar bastante atenção ao fato de que é impreterível que você leia.

SINÔNIMO:

O menino não para! Esse garoto é muito agitado.

HIPERÔNIMO (palavra com sentido geral):

Zé viu uma Ferrari. Ele não sabe o valor do carro.

HIPÔNIMO (palavra com sentido específico):

O animal sujou a casa toda! Coloque esse gato para fora!

Esses dois últimos recursos, hiperônimo e hipônimo, fazem a coesão por associa-ção de sentido das palavras escolhidas para o texto. Palavras de um mesmo campo semântico (sentidos aproximados ou relacionados) criam uma coesão pelo sentido, formam o que chamamos de unidade temática.

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Leia o trecho retirado de uma matéria da revista Veja:

(Veja, 2/03/2005, em: Acervo Digital VEJA: http://veja.abril.com.br/acervodigital/home.aspx)

Percebeu como algumas palavras insistem em um mesmo tema? Células-tronco, medula, cordão umbilical, embrião, ser humano. Elas apresentam uma proximidade de sentido (ou associação semântica). O que comprova, para nós, que o texto apre-senta um tópico a ser tratado, desenvolvido e, assim, se torna possível a coesão desse trecho da matéria.

DEFINIÇÃO:

Barack Obama foi eleito nos EUA. A eleição do presidente negro é histórica.

C. Elipse - O termo não está escrito no texto, mas é facilmente identi-ficado.

Ex.: O apartamento de Antônio é espaçoso. Já o meu é bem apertado. (= o meu apartamento)

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2.2 Coesão sequencial

Neste tipo de coesão são utilizados elementos que unem as ideias e fazem a pro-gressão textual. As conjunções são as mais comuns de serem utilizadas, porque apresentam uma grande variedade de sentidos, que podem unir frases e parágrafos. Analise estas orações:

A ausência de uma conjunção entre as orações possibilita mais de uma interpreta-ção. Observe:

Sentido 1:

Com a utilização da conjunção “porque”, o sentido do texto é que o motivo da cha-teação de João foi o fato de não ir ao trabalho.

Sentido 2:

Se utilizarmos a conjunção “por isso” o sentido é outro! Agora, a chateação de João teve como consequência a sua não ida ao trabalho.

Os sentidos são quase opostos! E apenas utilizamos conjunções diferentes. Por isso, é importante que você estude e procure utilizar as mais variadas conjunções.

O entendimento dessa famosa dupla, coesão e coerência, possibilita ao redator acer-tar na sua produção textual, conseguindo seus objetivos. Para aprofundar seus estu-dos, você deve assistir aos vídeos e ler os textos disponíveis nas Sugestões de links.

Não se esqueça de revisar suas aulas anteriores. Elas podem ajudar você a entender melhor esses assuntos e a realizar a atividade da aula.

Na aula seguinte, estudaremos as principais características que um texto profissional deve ter. Você não pode deixar seu chefe encontrar erros nas suas comunicações!

Até o próximo encontro!

João ficou chateado. Não foi trabalhar hoje.

João ficou chateado, porque não foi trabalhar hoje.

João ficou chateado, por isso não foi trabalhar hoje.