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1 MEDIDAS ELÉTRICAS Aula 03 – Teoria dos Erros Prof. David Nascimento Coelho [email protected] Escola Técnica Aberta do Brasil - ETEC Instituto Federal do Ceará - IFCE Fortaleza - CE 2015

Aula 03 - Medidas Eletricas

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medidas em eletrica

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    MEDIDAS ELTRICAS

    Aula 03 Teoria dos Erros

    Prof. David Nascimento Coelho [email protected]

    Escola Tcnica Aberta do Brasil - ETEC Instituto Federal do Cear - IFCE

    Fortaleza - CE 2015

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    Sumrio

    Apresentao ........................................................................ 03

    Tpico 1 Para comeo de conversa ...................................04

    Tpico 2 Classificao dos erros de medio.................... 08

    Tpico 3 Exemplo de erros de medio ............................ 15

    Concluso ............................................................................. 18

    Referncias .......................................................................... 19

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    Apresentao

    Caro (a) aluno (a),

    Aps entendermos diversos conceitos inicias sobre

    instrumentao e medies, vamos comear a lidar com um

    elemento sempre presente em medidas eltricas: o erro de

    medio.

    Assim, nesta aula, vamos aprender alguns conceitos que esto

    relacionados a esses erros, entender os meios para mensur-los

    e, por fim, aprenderemos a reduzir, se possvel, e a lidar com

    estes.

    Objetivos q Conhecer conceitos relacionados aos erros de

    medio.

    q Aprender a classificao dos erros de medio.

    q Entender como ocorrem os erros de medio.

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    Tpico 1 Para comeo de conversa

    Como vimos desde a primeira aula, a metrologia extremamente

    importante para o homem em diversas reas, tais como comrcio,

    sade, segurana, inovao e transferncia de tecnologia.

    Porm, mesmo com todos os avanos tecnolgicos, os erros

    sempre esto presentes em todas as formas de medio. Para se

    ter uma ideia, "Aproximadamente 10% do PIB de pases em desenvolvimento so gastos em retrabalho e desperdcio devido inexistncia de controle metrolgico adequado. No caso do Brasil, em 2012, estes gastos seriam da ordem de R$ 440 bilhes" [1].

    Assim, para qualquer processo de medio, muito importante

    que exista uma confiabilidade metrolgica. Porm, para se chegar a esta confiabilidade, diversos procedimentos, rotinas e

    mtodos apropriados, semelhantes aos usados em controle da

    qualidade, todos derivados de aplicaes de tcnicas estatsticas

    e anlise de erros so requeridos.

    Desse modo, deve-se tentar reduzir ao mximo os erros para que

    elevados nveis de confiabilidade sejam alcanados. Em outras

    palavras, devem-se reduzir as incertezas de medio.

    Objetivo q Conhecer conceitos relacionados aos erros de medio.

    Erro de medio a diferena entre o valor medido (resultado da medio) e um valor de referncia.

    Confiabilidade metrolgica indica uma confiana ou uma certeza nos resultados de testes, anlises e medies.

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    Inicialmente, ao se medir, deve-se levar em conta a participao

    de trs elementos fundamentais (que podem ser fontes geradoras

    de erros): o mtodo, o instrumento e o operador.

    Como estudamos na aula 01, existem dois mtodos de medio principais: a medio direta, e a medio indireta. A aplicao de

    um mtodo no confivel pode gerar erros.

    Por outro lado, a exatido relativa das medidas depende

    evidentemente, da qualidade dos instrumentos de medio empregados. Portanto, para a tomada de uma medida,

    indispensvel que o instrumento esteja calibrado e que a sua

    aproximao permita avaliar a grandeza em causa, com a

    preciso exigida [4].

    Por fim, o operador , talvez, dos trs, o elemento mais importante. dele a parte inteligente na apreciao das medidas.

    De sua habilidade depende, em grande parte, a preciso

    conseguida. Um bom operador, servindo-se de instrumentos

    relativamente dbeis, consegue melhores resultados do que um

    operador inbil com excelentes instrumentos. Assim, o operador

    deve conhecer perfeitamente os instrumentos que utiliza; ter

    iniciativa para adaptar o mtodo mais aconselhvel s

    circunstncias e possuir conhecimentos suficientes para

    interpretar os resultados encontrados [4].

    Essas e outras fontes de erros esto resumidas na figura 3.1

  • 6

    Figura 3.1 Fontes de Erros.

    Fonte: http://www.portalaction.com.br/analise-dos-sistemas-de-medicao/11-

    sistema-de-medicao (adaptado)

    Por todos estes fatores, no possvel chegar a uma

    confiabilidade metrolgica de 100%, mas existem meios de

    reduzir as fontes de erros de forma a aumentar esta

    confiabilidade.

    Antes de estudarmos os tipos de erros de medio, vamos

    aprender alguns conceitos relacionados aos valores de uma

    grandeza.

    1.1. Valores de Grandezas

    I) Valor Verdadeiro: valor de uma grandeza compatvel com a definio da grandeza (INMETRO 2009). Na

    abordagem de erro para descrever as medies, o valor

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    verdadeiro considerado nico e, na prtica, impossvel

    de ser conhecido.

    II) Valor convencional: valor atribudo a uma grandeza por

    um acordo, para um dado propsito. Este , algumas

    vezes, uma estimativa de um valor verdadeiro.

    Geralmente, considera-se que um valor convencional

    est associado a uma incerteza de medio

    convenientemente baixa, que pode ser nula (INMETRO,

    2009).

    III) Valor Medido: valor de uma grandeza que representa um resultado de medio. (INMETRO 2009). Para uma

    medio envolvendo indicaes repetidas, cada

    indicao pode ser utilizada para fornecer um valor

    medido correspondente. Esse conjunto de valores

    medidos individuais pode ser utilizado para calcular um

    valor medido resultante, como uma mdia ou uma

    mediana, geralmente com uma menor incerteza de

    medio associada.

    IV) Veracidade: grau de concordncia entre a mdia de um nmero infinito de valores medidos repetidos e um valor

    de referncia. A veracidade no uma grandeza e,

    portanto, no pode ser expressa numericamente.

    Os tipos de erros, e os modos de quantificar estes e as suas

    incertezas relacionadas, sero vistos no tpico a seguir.

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    Tpico 2 Classificao dos Erros de Medio

    A teoria dos erros est relacionada com os tipos de erros

    existentes no momento de realizar uma medio e tambm

    relaciona algumas caractersticas da medio.

    Inicialmente, para compreender essa teoria, necessrio saber

    diferenciar erro e incerteza, pois estes apresentam conceitos diferentes: incerteza de medio caracteriza a disperso dos valores que podem ser fundamentalmente atribudos ao

    mensurando, j o erro de medio est relacionado com a diferena entre o valor lido e o valor verdadeiro.

    Sabendo-se disso, vamos estudar os tipos de erros, o modo de

    mensur-los, e os conceitos relacionados a estes.

    2.1. Tipos de erros

    No geral, os erros podem ser classificados em trs tipos: erro

    sistemtico, erro aleatrio e erro grosseiro. Assim, o erro total de

    uma medio representado por:

    Objetivo q Aprender a classificao dos erros de medio

    Em = Erro de medio Es = Erro Sistemtico Ea = Erro Aleatrio Eg = Erro Grosseiro

    Exatido de medio: uma medio dita mais exata quando caracterizada por um erro de medio menor.

    Em = Es + Ea + Eg

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    O erro grosseiro , geralmente, decorrente do mau uso ou mau funcionamento do sistema de medio, por isso, este no

    considerado no nosso estudo.

    J o erro aleatrio o componente do erro de medio que, em medies repetidas, varia de maneira imprevisvel. O valor de

    referncia para um erro aleatrio a mdia que resultaria de um

    nmero infinito de medies repetidas do mesmo mensurando

    (INMETRO, 2009).

    Quando uma medio repetida diversas vezes, nas mesmas

    condies, podem observar-se variaes nos valores obtidos. Em

    relao ao valor mdio, nota-se que estas variaes ocorrem de

    forma imprevisvel, tanto para valores acima do valor mdio,

    quanto para abaixo. Esses efeitos so provocados pelo erro

    aleatrio (Ea) [6].

    Diversos fatores contribuem para o surgimento do erro aleatrio.

    A existncia de folgas, atrito, vibraes, flutuaes de tenso

    eltrica, instabilidades internas, condies ambientais ou outras

    grandezas de influncia, so fatores que podem contribuir para o

    aparecimento deste tipo de erro [6].

    Ao erro aleatrio, podemos associar o conceito de preciso de medio, que o grau de concordncia entre indicaes ou valores medidos, obtidos por medies repetidas, no mesmo

    objeto ou em objetos similares, sob condies especificadas.

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    Por fim, o erro sistemtico o componente do erro de medio que, em medies repetidas, permanece constante ou varia de

    maneira previsvel (INMETRO, 2009).

    Um valor de referncia para um erro sistemtico um valor

    verdadeiro, ou um valor medido de um padro com incerteza de

    medio desprezvel, ou um valor convencional.

    Ao erro sistemtico, podemos relacionar o conceito de tendncia, que uma estimativa deste erro. Formalmente, tendncia a

    diferena entre a mdia das medidas de uma grandeza e o valor

    de referncia para a grandeza medida, realizadas por um

    avaliador com o mesmo equipamento e mtodo.

    Na figura a seguir, podem-se observar todos os conceitos vistos

    anteriormente, no qual o crculo cinza representa um valor de

    referncia conhecido, e os demais representam medies deste

    valor com um determinado instrumento.

  • 11

    Figura 3.2 Tipos de Erros

    Fonte: http://www.portalaction.com.br/analise-dos-sistemas-de-medicao/22-

    tendencia

    De outro modo, podemos explicar estes conceitos atravs do

    exemplo de atiradores:

    Figura 3.3 Exemplo de Atiradores

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    "A pontaria de quatro atiradores de guerra est sendo colocada

    prova. O objetivo acertar os projteis no centro do alvo colocado

    a uma mesma distncia. Cada atirador tem direito a 15 tiros.

    Os resultados da prova de tiro dos atiradores A, B, C, e D esto

    mostrados nesta mesma figura. As marcas dos tiros do atirador 'A'

    se espalharam por uma rea relativamente grande em torno do

    centro do alvo. Estas marcas podem ser inscritas dentro do

    crculo tracejado desenhado na figura. Embora este crculo

    apresente um raio relativamente grande, seu centro coincide

    aproximadamente com o centro do alvo. O raio do crculo

    tracejado est associado ao espalhamento dos tiros que decorre

    diretamente do erro aleatrio. A posio mdia das marcas dos

    tiros, que coincide aproximadamente com a posio do centro do

    crculo tracejado, reflete a influncia do erro sistemtico.

    Pode-se, ento, afirmar que o atirador 'A' apresenta elevado nvel

    de erros aleatrios enquanto o erro sistemtico baixo. No caso

    do atirador "B", alm do raio do crculo tracejado ser grande, seu

    centro est distante do centro do alvo. Neste caso, tanto os erros

    aleatrios quanto sistemticos so grandes. Na condio do

    atirador 'C', a disperso muito menor, mas a posio do centro

    do crculo tracejado est ainda distante do centro do alvo, o que

    indica reduzidos erros aleatrios e grande erro sistemtico. J a

    situao do atirador 'D' reflete reduzidos nveis de erros aleatrios

    e tambm do erro sistemtico.

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    Obviamente que, do ponto de vista de balstica, o melhor dos

    guerreiros o atirador 'D', por acertar quase sempre muito

    prximo do centro do alvo com boa repetitividade. Ao se comparar

    os resultados do atirador 'C' com o 'A', pode-se afirmar que o

    atirador 'C' melhor. Embora nenhum dos tiros disparados pelo

    atirador 'C' tenha se aproximado suficientemente do centro do

    alvo, o seu espalhamento muito menor. Um pequeno ajuste na

    mira do atirador 'C' o trar para uma condio de operao muito

    prxima do atirador 'D', o que jamais pode ser obtido com o

    atirador 'A'" [7].

    O mesmo ocorre com um instrumento de medio: pois muito

    mais fcil corrigir um erro sistemtico (ajustando esse

    instrumento) do que corrigir um erro aleatrio.

    2.2 Estimando tendncia e incerteza de uma medida

    Para se determinar tanto a tendncia como a incerteza de uma

    medida, seriam necessrias infinitas medies com o mesmo

    instrumento e com o mesmo mensurando (de valor conhecido).

    Como no h tempo para isto, estes valores podem ser estimados

    pela mdia aritmtica e pelo desvio padro.

    Por isso, a soluo para evitar medies infinitas com um

    instrumento medir vrias vezes o mesmo mensurando e calcular

    a mdia e o desvio padro destas medies.

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    A mdia aritmtica considerada uma medida de tendncia central e muito utilizada no cotidiano. Surge do resultado da

    diviso do somatrio dos nmeros dados pela quantidade de

    nmeros somados.

    J o desvio padro uma medida relacionada ao erro aleatrio e incerteza. Este mede a variabilidade dos valores volta da mdia.

    O valor mnimo do desvio padro zero (0) indicando que no h

    variabilidade, ou seja, que todos os valores so iguais mdia.

    O clculo destas duas medidas est representado nas equaes

    a seguir:

    O clculo do erro sistemtico est exemplificado na figura a

    seguir:

  • 15

    Figura 3.4 Clculo de Tendncia

    Tpico 3 Exemplos de erros de medio

    Um dos pontos que podem ser observados na figura 3.1, que

    pode gerar erros, a calibrao de um instrumento.

    Para que um instrumento de medio proporcione uma medida

    confivel e precisa, necessrio que seja feita sua calibrao,

    que um procedimento no qual o valor lido comparado com um

    Objetivo q Entender como ocorrem os erros de medio

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    padro e, caso haja discrepncia nessa comparao, pode ser

    feito um ajuste no instrumento.

    Aplicando este conceito, juntamente com a teoria vista at aqui,

    vamos verificar um erro muito comum em medidas eltricas.

    Este erro ocorre ao se medir o valor RMS de uma onda, quando

    esta no senoidal. Para entender este fenmeno, veremos

    como calculado o valor RMS de um sinal eltrico.

    3.1 Valor RMS

    O termo RMS vem do ingls root-mean square (raiz mdia

    quadrtica). Em medies eltricas de tenso ou corrente, o valor

    RMS definido como o valor que produz a mesma quantidade de energia trmica num resistor, quando comparado a uma fonte de

    energia CC [5]. Este valor resulta de uma operao matemtica que calcula o valor "efetivo" de uma grandeza eltrica.

    Quando o sinal perfeitamente senoidal, este valor resume-se a

    0,707 do valor de pico, ou seja: 0,707 x Vp como mostrado na figura 3.5.

    Sinal uma grandeza que contenha informao e que varie com o tempo. Fonte: http://www.peb.ufrj.br/cursos/COB781/Ref-02.pdf

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    Figura 3.5 Valor rms e valor mdio de uma onda senoidal

    Fonte: http://www.paulobrites.com.br/watts-rms-um-erro-

    conceitual/

    3.2 Medio de um valor RMS

    Em muitos instrumentos mais simples de medio, as escalas de

    correntes e tenses alternadas so calibradas de forma a dar uma

    indicao de valor RMS quando se trata de um sinal senoidal.

    Porm, quando um sinal eltrico no senoidal (como a tenso

    eltrica de sada de um no-break ou de um inversor de tenso),

    ou quando a medio feita em um circuito que tenha elementos

    capacitivos, indutivos ou dispositivos de comutao, o resultado

    da medio atravs destes instrumentos no corresponder valor

    RMS real (ou True RMS).

    Para saber mais sobre medies de valores RMS, acesse: http://newtoncbraga.com.br/index.php/instrumentacao/108-artigos-diversos/4230-ins202

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    Assim, para medies nas condies anteriormente citadas, a no

    utilizao de um instrumento de medio que seja True RMS ir gerar erros.

    Na prxima aula, ao estudarmos o galvanmetro, veremos com

    mais detalhes a medio deste e de outros valores.

    Concluso

    Nessa aula verificamos que os erros de medies esto presentes

    em qualquer atividade. Entendemos tambm, alguns conceitos e

    modos de lidar com estes.

    Para consolidar o aprendizado, pesquise em outras fontes,

    resolva os exerccios e faa as atividades propostas para esta

    aula.

    Bons estudos!

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    Referncias

    [1] Programa RH-Metrologia. Documento Bsico. Rio de Janeiro: Stamppa, 1999. 90 p Atualizado PIB 2012 IBGE maro de 2013.

    [2] Medio de Grandezas Eltricas. Disponvel em: http://www.eletrica.ufpr.br/thelma/Capitulo4.pdf. Acessado em

    03/05/2015.

    [3] ISO GUM (2008). Avaliao de dados de Medio - Guia para a expresso de incerteza de medio. 1 edio brasileira.

    [4] SENAI. Mecnica Metrologia. Apostila do Programa de Certificao de Pessoal de Manuteno. SENAI - ES, 1996.

    [5] OLIVEIRA, R. da S. Instrumentao e Medidas Eltricas. Apostila. 2012.

    [6] CTGS. UNEd. Curso Tcnico em Tecnologias Finais do Gs Natural: Metrologia. Natal: CTGS, 2002, p. 23.

    [7] GONALVES JR. A. A. Metrologia - Parte 1 - Apostila. Santa Catarina: UFSC, 2004.