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Atividades econômicas de subsistência e mineração auxiliam o povoamento do interior Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de: Reconhecer outras atividades econômicas da colônia portuguesa, além das voltadas para a exportação. Identificar as regiões do interior do Brasil ocupadas durante a colonização, bem como as atividades econômicas realizadas nestas localidades. Reconhecer a contribuição da economia mineira para a ocupação da terra e a produção de riqueza no interior da colônia. 2 objetivos AULA Meta da aula Descrever a ocupação do interior do Brasil, dos séculos XVI a XVIII, mostrando que houve transformações na economia colonial que não se identificam apenas com a empresa colonial agrícola. 1 2 3 Aula2.indd 29 1/12/2006, 2:04:16 PM

Aula 02 - FEB

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Livro Formação Economica Brasileira - Cap. 2

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Atividades econômicas de subsistência e mineração

auxiliam o povoamento do interior

Esperamos que, ao fi nal desta aula, você seja capaz de:

Reconhecer outras atividades econômicas da colônia portuguesa, além das voltadas para a exportação.

Identifi car as regiões do interior do Brasil ocupadas durante a colonização, bem como as atividades econômicas realizadas nestas localidades.

Reconhecer a contribuição da economia mineira para a ocupação da terra e a produção de riqueza no interior da colônia.

2objetivos

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Meta da aula

Descrever a ocupação do interior do Brasil, dos séculos XVI a XVIII, mostrando que houve transformações na

economia colonial que não se identifi cam apenas com a empresa colonial agrícola.

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Formação Econômica do Brasil | Atividades econômicas de subsistência e mineração auxiliam o povoamento do interior

INTRODUÇÃO Você vai aprofundar ainda mais seu conhecimento sobre a dinâmica da

economia colonial brasileira, com ênfase em aspectos diferentes dos que já

vimos na Aula 1. Se, na aula passada, o objetivo foi apresentar o sentido da

colonização para a coroa portuguesa, situando-a no contexto da expansão

mercantil proporcionada pelas grandes navegações, nesta segunda aula, você

verá que, a partir do século XVII, o interior da colônia foi ocupado pelos colonos

que não exploraram a monocultura para exportação, mas atividades destinadas

à própria subsistência ou ao mercado interno.

Sugerimos, para complemento de sua leitura, a introdução do trabalho A Lei de

Terras de 1850, de Carlos Ignacio Pinto, estudante de História da Universidade

de São Paulo (USP), no site http://www.klepsidra.net/klepsidra5/lei1850.html.

Carlos Ignacio faz um histórico da ocupação portuguesa no Brasil, dos séculos XVI

a XVIII. Vale a pena dar uma olhada, para relembrar o conteúdo da Aula 1.

A Lei de Terras de 1850

Carlos Ignacio Pinto [email protected] Segundo Ano – História/USP

lei1850.doc - 60KB

Todas as terras produtivas estão

tomadas em um país que é quase

deserto

(Relatório de Gonçalves Chaves do ano de 1822)

Introdução

O primeiro critério de distribuição do solo da colônia portuguesa na

América foi o regime de concessão de sesmarias. Este ordenamento

jurídico do território foi, antes de mais nada, uma transposição da

norma reguladora do processo de distribuição de terras em Portugal

para os solos coloniais. Sob este ponto, é preciso ressaltar que o

interesse primordial do processo de colonização portuguesa estava

aliado à extensiva exploração do território, com o intuito de campear

recursos minerais, principalmente o ouro. Em um primeiro momento,

esse propósito da coroa foi completamente frustrado, pois durante todo

o século XVI não houve a ocorrência de descoberta de metais preciosos

nos solos coloniais americanos de possessão portuguesa.

Desde o princípio, a empresa colonial percebeu que a colônia poderia

produzir outros tipos de riquezas que não a exploração mineral. Data

do ano de 1557 a instalação do primeiro engenho de produção de

açúcar no Brasil; os portugueses, que dominavam plenamente a técnica

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de plantio da cana e fabrico do açúcar, devido às suas possessões nas

ilhas do Atlântico, introduziram e incentivaram a produção da cana, que

possuía grande valor comercial.

Na colônia portuguesa, os séculos XVI e XVII marcaram o que a

professora Vera Lúcia Amaral Ferlini denomina de “a civilização do

açúcar”, uma economia baseada plenamente no cultivo da cana-de-

açúcar e no trabalho artesanal de produção do próprio açúcar por

meio dos engenhos. Nesse período, o incentivo agrícola foi dado à

produção em larga escala para abastecer o mercado europeu. Não havia

o interesse de construir na colônia uma produção agrícola de pequeno

porte e caráter diversifi cado, pois o elemento norteador das políticas

européias era o mercado europeu. Assim, a colonização do século XVI

foi fi el ao seu sentido original de “colonização de caráter absolutamente

mercantilista”, sem incentivo à pequena propriedade.

A partir do século XVIII, ocorre uma mudança nessa política econômica,

com um enorme crescimento da colônia: junto a um grande ciclo

migratório, verificou-se uma ampliação da economia devido,

principalmente, à descoberta das Minas Gerais. O ciclo do ouro foi

capaz de dinamizar novos setores da economia, como o de produção

de alimentos e do tráfi co interno de mão-de-obra. A reivindicação pela

terra tornou-se mais difusa, e a política de doação por meio de sesmarias

fazia-se insufi ciente às novas necessidades sociais. A confusa situação

de ocupação de território ditada pela debilidade da Lei de Sesmarias

aumentou ainda mais no fi nal do século XVIII, quando ocorreu a

decadência da mineração e houve o que alguns autores denominaram

como um renascimento da atividade agrícola.

Nesse contexto, vamos incluir também a mineração, importante para a ocupação

do interior do país, além de ter sido uma atividade de grande relevância para

gerar excedentes – apropriados por Portugal.

Segundo Roberto Simonsen (apud SILVA, 1990), os instrumentos econômicos

que serviram como base para a expansão para o interior foram a busca por

metais preciosos e especiarias, a caça aos indígenas – para suprir a falta de

mão-de-obra africana – e a criação de gado.

Nesta aula, analisaremos como cada uma dessas estratégias contribuiu para o

povoamento do interior da colônia.

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Formação Econômica do Brasil | Atividades econômicas de subsistência e mineração auxiliam o povoamento do interior

BANDEIRAS

Constituíam uma espécie de expedição armada que desbravava os sertões a fi m de escravizar indígenas ou descobrir ouro, o que intensifi cou a ocupação do interior do continente sul-americano. O principal ponto de partida dessas expedições era a Capitania de São Vicente (atual estado de São Paulo), ponto da costa mais avançado na direção do interior. Pelos rios, principalmente os da bacia do Tietê, as bandeiras chegaram aos atuais estados de Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul e às regiões onde se localizavam as aldeias jesuíticas. As primeiras bandeiras foram comandadas por Diogo Quadros e Manuel Preto, em 1606, e Belchior Dias Carneiro, em 1607. Compostas por integrantes das mais diversas etnias – portugueses, índios, caboclos e mamelucos – e, às vezes, formadas por milhares de homens, duravam de meses a anos, pois os bandeirantes fi xavam acampamentos temporários para explorar uma região, verifi cando a existência de ouro, prata ou pedras preciosas, ou para preparar o ataque às tribos indígenas.

BUSCA POR METAIS PRECIOSOS E APRESAMENTO DE ÍNDIOS: OS BANDEIRANTES AMPLIARAM OS DOMÍNIOS PORTUGUESES NA AMÉRICA

Antes de falarmos de expansão territorial, vale a pena retomar

alguns tópicos vistos na Aula 1. Um deles é o Tratado de Tordesilhas

que, em 1494, determinou que o recém-descoberto continente

americano fosse dividido entre Portugal e Espanha. Segundo Dias

(1990, p. 25),

Conforme a cláusula fundamental do diploma (o Tratado de

Tordesilhas), as duas monarquias estabeleciam uma linha de

demarcação – o meridiano traçado a 370 léguas a oeste das

ilhas de Cabo Verde – dividindo o Mar Oceano (o Oceano

Atlântico) em duas zonas de infl uência: as ilhas e terras fi rmes

já descobertas ou que viessem a descobrir-se no hemisfério

oriental pertenceriam a Portugal; as do hemisfério ocidental

caberiam à Espanha.

Essa raia de demarcação corta o litoral brasileiro através do

meridiano que passa por Belém, ao norte, e Laguna, ao sul,

dando a Portugal o domínio de quase todo o Atlântico Sul e a

parte de terra fi rme que fi ca a leste dessa linha – o Brasil – cuja

existência genialmente se suspeitava.

Esses limites, entretanto, não foram

respeitados. Em primeiro lugar, porque

as potências européias excluídas daquela

divisão nunca deixaram de lutar pela

conquista de territórios, como comprova a

invasão francesa ao Rio de Janeiro, repelida

pelos portugueses comandados por Estácio de

Sá, ainda no século XVI. No século seguinte,

franceses, ingleses e holandeses conseguiram se

estabelecer ao norte da América do Sul, onde

fundaram a Guiana Francesa, a Guiana (ex-

Guiana Inglesa) e o Suriname (antiga Guiana

Holandesa).

Em segundo lugar, as fronteiras entre a América portuguesa e a

espanhola foram modifi cadas devido ao movimento de BANDEIRAS.

BANDEIRAS

Constituíam uma espécie de expedição armada que desbravava os sertões a fi m de escravizar indígenas ou descobrir ouro, o que intensifi cou a ocupação do interior do continente sul-americano. O principal ponto de partida dessas expedições era a Capitania de São Vicente (atual estado de São Paulo), ponto da costa mais avançado na direção do interior. Pelos rios, principalmente os da bacia do Tietê, as bandeiras chegaram aos atuais estados de Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul e às regiões onde se localizavam as aldeias jesuíticas. As primeiras bandeiras foram comandadas por Diogo Quadros e Manuel Preto, em 1606, e Belchior Dias Carneiro, em 1607. Compostas por integrantes das mais diversas etnias – portugueses, índios, caboclos e mamelucos – e, às vezes, formadas por milhares de homens, duravam de meses a anos, pois os bandeirantes fi xavam acampamentos temporários para explorar uma região, verifi cando a existência de ouro, prata ou pedras preciosas, ou para preparar o ataque às tribos indígenas.

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Para o apresamento de

índios, os alvos principais dos bandeirantes foram os aldeamentos

jesuíticos. Estima-se que 300 mil índios foram escravizados entre

1614 e 1639. !!Você se lembra da minissérie A muralha, veiculada pela Rede Globo em 2000? Era justamente sobre o período da história econômica brasileira que você está estudando nesta aula. A minissérie teve como base o livro homônimo de Dinah Silveira de Queiroz. Ambos valem a pena ser vistos. Lembre-se, ler o romance ou ver o fi lme pode ser uma excelente maneira de estudar. Que tal aproveitar para aprender e se divertir ao mesmo tempo?

Recuperando as origens do bandeirantismo

Em sua opinião, por que os paulistas decidiram homenagear os bandeirantes construindo esse monumento? Qual a importância do movimento das bandeiras para o Brasil? Que características do bandeirantismo estão representadas no monumento? _____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Resposta ComentadaAntiga Capitania de São Vicente, São Paulo não teve, nos primeiros tempos da

colonização, a importância que tem na economia brasileira atual. No entanto,

por sua localização mais próxima ao sertão, de lá partiram os bandeirantes,

como você já viu. Você já se deu conta de como esse movimento foi importante

para o que nós conhecemos hoje como Brasil? Entre as conseqüências mais

relevantes do bandeirantismo, está a expansão da fronteira da América

portuguesa em direção à América espanhola, rompendo o acordo assinado

em Tordesilhas em 1494.

Atividade 1

Figura 2.1: Localizado no Parque do Ibi-rapuera, em São Paulo, o Monumento aos Bandeirantes, de Victor Brecheret, começou a ser construído em 1936. Nele, estão rep-resentados índios, negros, portugueses e mamelucos que parecem ir em direção ao Pico do Jaraguá, um dos pontos de partida do movimento de bandeiras. A estrutura, toda em granito, tem 43m de comprimento por 8m de largura e 5m de altura. Jorge Nassyrios Anhembi_COMTUR

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Formação Econômica do Brasil | Atividades econômicas de subsistência e mineração auxiliam o povoamento do interior

O deslocamento da fronteira entre as Américas portuguesa e

espanhola acentuou-se entre 1580 e 1640, durante a União Ibérica,

quando Portugal foi anexado à Espanha, como você viu na aula passada.

Durante esse período, o movimento das bandeiras tomou grande impulso,

dadas as difi culdades de obtenção de mão-de-obra africana: no início do

século XVII, a Holanda investiu no comércio de escravos, desorganizando

o tráfi co português.

OCUPAÇÃO DO SUDESTE

Na região Sudeste, as condições de produção da cana-de-

açúcar não eram favoráveis. O solo era menos fértil, o que diminuía a

produtividade em relação ao açúcar nordestino, e os custos de transporte,

mais elevados, por causa da maior distância até os mercados europeus

(lembra-se das correntes marítimas favoráveis que você viu na Aula 1?).

Os colonos logo perceberam, todavia, que a existência de índios em

grande número poderia dar origem a outra atividade econômica: a

escravização do trabalhador indígena. Os jesuítas também se fi xaram no

interior, porém estavam mais interessados em catequizar os índios. Você

vai ter mais informações sobre os jesuítas ainda nesta aula, aguarde!

A OCUPAÇÃO DO VALE AMAZÔNICO

Durante a União Ibérica, era grande a preocupação dos espanhóis

com a incursão holandesa pela região amazônica. Eles temiam que os

holandeses pudessem ocupar o vale amazônico navegando pelo rio

Amazonas, o que poderia colocar em risco as minas de prata do Peru,

então colônia espanhola, pelo Tratado de Tordesilhas. O grande número

de rios e afl uentes era outro facilitador das incursões pela região.

Além de terem encontrado metais preciosos, os bandeirantes conquistaram

mais territórios para o país, como a atual Região Centro-Oeste.

Em termos populacionais, é bem interessante observar, no monumento,

portugueses, índios e mestiços (mamelucos e caboclos). O interesse por metais

preciosos unia esses grupos populacionais tão distintos e os levava em direção

ao interior do país.

Se você estiver em São Paulo ou for visitar a cidade, vá ao Parque do Ibirapuera

e veja o monumento aos bandeirantes. Sem dúvida, você vai perceber outros

signifi cados nele.

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Além de espanhóis, holandeses e ingleses conseguiram se

estabelecer no norte do continente, a partir de 1596. Naquela região,

desenvolveu-se o comércio com a produção extraída da fl oresta – como

as madeiras e o o urucum utilizado para tingir tecidos – e o pescado.

Portugal também passou a sofrer tentativas de invasão dos

tradicionais inimigos do império espanhol. Os portugueses conseguiram

expulsar franceses, ingleses e holandeses das margens do rio Amazonas

e fundaram, com objetivos de defesa, a cidade portuária de Belém, em

1616, a partir da construção do forte do Presépio, atualmente forte do

Castelo. Localizado na confl uência do rio Guamá com a baía de Guarajá,

o forte estava situado em local estratégico, difi cultando a entrada dos

invasores. O “fechamento” dessa porta de entrada da região conseguiu

mantê-la protegida.

Figura 2.2: Construído pelos portugueses no século XVII para defender a região de invasões estrangeiras, o forte do Presépio foi um dos primeiros edifícios de Belém (PA). A fortifi cação, atualmente chamada forte do Castelo, foi tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 1962 e é um dos pontos turísticos da cidade.

Segundo Prado Jr. (1970), outra fonte de infi ltração no vale do

Amazonas foram “as ordens religiosas, em particular jesuítas e carmelitas.

(...) Os padres realizaram uma grande tarefa no vale amazônico. A eles cabe

a iniciativa do desbravamento de todo esse território imenso, semeando suas

missões num raio de milhares de quilômetros. Estas missões (...) constituem

importantes empresas comerciais. Reunidos os índios em aldeias (...), eram

eles submetidos a um regime disciplinado e rigoroso de trabalho e de vida

em geral” (apud MENDONÇA; PIRES, 2002, p. 69-71).

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Formação Econômica do Brasil | Atividades econômicas de subsistência e mineração auxiliam o povoamento do interior

MARQUÊS DE POMBAL (1699-1782)

Célebre primeiro-ministro do rei português D. José I, Sebastião José de Carvalho e Melo, o marquês de Pombal, foi o mais notável estadista de seu tempo. Planejou e executou as obras de reconstrução de Lisboa, após o terremoto que destruiu a cidade em 1755. Após esse evento, consolidou seu poder de governante absoluto em detrimento da nobreza e do clero. Um exemplo claro desse poder foi a submissão da até então poderosa Ordem dos Jesuítas ao estado português. Pombal fez importantes reformas no estado, com destaque para o grande impulso concedido à instrução popular com a reforma do ensino, instituída por lei em 1722.

Desfeita a União Ibérica, em 1640, Portugal tentou fazer de Belém

do Pará a base para a reconstituição do comércio de especiarias, perdido

pelos portugueses na Ásia (com a tomada de Constantinopla, lembra-se

do que você viu na Aula 1?). Mais tarde, durante o governo do MARQUÊS

DE POMBAL (meados do século XVIII), foi constituída uma companhia de

navegação para explorar as riquezas da região amazônica. O extrativismo

seria, assim, estimulado, e contribuiu fortemente para o avanço das

fronteiras coloniais brasileiras. As especiarias – cravo, canela, castanha

e salsaparrilha – assim como o cacau, a madeira e a pesca sustentaram

uma exploração econômica que tinha como base o trabalho indígena.

SUL: AS MISSÕES JESUÍTICAS

Os jesuítas desempenharam um papel fundamental na ocupação

de outras partes do território, além da Amazônia. Um exemplo foi o

que aconteceu no sul do país, com a chegada dos jesuítas portugueses,

particularmente na área de fronteira entre Brasil, Argentina e Paraguai.

Em regiões de difícil acesso, mas com forte presença indígena, eles

estabeleceram as missões jesuíticas, visando à catequese de guaranis e

demais tribos indígenas.

As missões jesuíticas eram núcleos de povoação indígena que

visavam a defender os índios do aprisionamento pelos colonizadores

brancos. Tratava-se de emprendimentos comerciais, porém seus métodos

de cooptação não se baseavam na escravização do nativo, como faziam

os colonizadores, e sim na catequese. Sua presença era maior em regiões

de menor interesse dos colonos, o que, entretanto, não signifi cou a

inexistência de confl itos entre religiosos e colonos, resultando na expulsão

dos jesuítas pela Coroa portuguesa em 1759, durante o governo do

Marquês de Pombal.

MARQUÊS DE POMBAL (1699-1782)

Célebre primeiro-ministro do rei português D. José I, Sebastião José de Carvalho e Melo, o marquês de Pombal, foi o mais notável estadista de seu tempo. Planejou e executou as obras de reconstrução de Lisboa, após o terremoto que destruiu a cidade em 1755. Após esse evento, consolidou seu poder de governante absoluto em detrimento da nobreza e do clero. Um exemplo claro desse poder foi a submissão da até então poderosa Ordem dos Jesuítas ao estado português. Pombal fez importantes reformas no estado, com destaque para o grande impulso concedido à instrução popular com a reforma do ensino, instituída por lei em 1722.

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A missão, fi lme estrelado por Robert de Niro e Jeremy Irons, mostra o contraste entre os interesses de missionários jesuítas e dos colonos na ocupação do interior do continente sul-americano. De Niro representa o papel de um aprisionador de índios, pago pelos espanhóis, e Jeremy Irons interpreta um padre responsável pela missão jesuíta local. Liam Neeson é outro integrante do elenco. Dirigido por Rolland Toffé, o fi lme é de 1986.Anote a fi cha técnica, procure o fi lme em alguma locadora perto de você e divirta-se!Filme: A missão (The Mission)Inglaterra, 1986Direção: Rolland JofféRoteiro: Robert BoltDuração: 125 min.Disponível em vídeo e DVDQuer saber mais sobre os jesuítas e a ocupação do sul do Brasil? Dê uma olhada em http://www.riogrande.com.br/historia/couro/couro1.htm e em http://www.riogrande.com.br/historia/missoes.htm

TabelaJesuítas:

instrumentos de ocupação e empreendimentos comerciais

Diferentemente dos holandeses e ingleses, os portugueses justificavam a colonização não somente

como instrumento de expansão comercial, mas também de disseminação da fé cristã. Esse foi o propósito que moveu a

Companhia de Jesus, ordem religiosa responsável pela implantação de missões na colônia.

Os primeiros jesuítas chegaram ao Brasil em 1549. Ao longo do tempo, a ordem foi responsável por missões no interior, catequizando indígenas, e pela criação de colégios, entre outras realizações. Em meados do século XVIII, o sucesso da empresa comercial organizada pelos jesuítas feriu interesses de colonos espanhóis e portugueses em uma região situada na fronteira entre Brasil e Paraguai. Interessados

em apropriarem-se daquele empreendimento, os colonos de ambos os países conseguiram o apoio não só dos governos

espanhol e português, mas também da Igreja Católica, chamada para arbitrar a disputa, o que resultou na

decisão do governo português de expulsar os jesuítas da colônia em 1759.

??A missão, fi lme estrelado por Robert de Niro e Jeremy Irons, mostra o contraste entre os interesses de missionários jesuítas e dos colonos na ocupação do interior do continente sul-americano. De Niro representa o papel de um aprisionador de índios, pago pelos espanhóis, e Jeremy Irons interpreta um padre responsável pela missão jesuíta local. Liam Neeson é outro integrante do elenco. Dirigido por Rolland Toffé, o fi lme é de 1986.Anote a fi cha técnica, procure o fi lme em alguma locadora perto de você e divirta-se!Filme: A missão (The Mission)Inglaterra, 1986Direção: Rolland JofféRoteiro: Robert BoltDuração: 125 min.Disponível em vídeo e DVDQuer saber mais sobre os jesuítas e a ocupação do sul do Brasil? Dê uma olhada em http://www.riogrande.com.br/historia/couro/couro1.htm e em http://www.riogrande.com.br/historia/missoes.htm

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Formação Econômica do Brasil | Atividades econômicas de subsistência e mineração auxiliam o povoamento do interior

A RETAGUARDA DA EXPANSÃO AGRÍCOLA: O GRANDE SERTÃO DA PECUÁRIA

Segundo o historiador Teixeira da Silva (1990, p. 58),

Os principais pontos de irradiação para o interior foram: de São

Vicente em direção aos campos de Curitiba; da Bahia, já desde

os tempos de Tomé de Souza, penetrando os currais no Piauí,

Maranhão, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará, corrigindo os

traços iniciais da ocupação portuguesa, por demais ligada ao litoral;

outros grupos se embrenharam pelos sertões do São Francisco até

atingir os Rios Tocantins e Araguaia; de Pernambuco, partiu-se para

a ocupação do agreste e sertão, até o Piauí.

Como você já viu, a ocupação do Nordeste, Sudeste e Centro-

Oeste ocorreu a partir do século XVII. O gado foi o instrumento principal

desta ocupação, principalmente por atender às necessidades das fazendas

produtoras de monocultura visando ao mercado externo. Inicialmente, era

utilizado somente como força motriz dos engenhos, instrumento de tração de

carretas que transportavam lenha e açúcar nas fazendas de cana-de-açúcar.

No âmbito do consumo interno, a carne era destinada à alimentação, e o

couro, à fabricação de selas, casacos, calçados, correias e cantis.

A partir do início do século XVII, a criação de gado torna-se

mais independente, ocupa terras cada vez mais para o interior, pois o

desenvolvimento dos rebanhos requeria grandes extensões de terras para as

pastagens. Tratava-se, assim, de uma atividade que respondia aos estímulos

de outra atividade mais dinâmica, principalmente da economia canavieira e

da mineira. Por ser uma atividade móvel pela própria natureza, a pecuária

contribuiu decisivamente para a ocupação do território.

Como na economia canavieira, a pecuária também era explorada de

forma extensiva, baseada na ocupação do território. Mas, diferentemente

da primeira, a maioria da mão-de-obra na pecuária era constituída por

trabalhadores livres que, sem acesso às terras mais férteis do litoral,

buscavam o trabalho como vaqueiros ou condutores de rebanho.

Entretanto, a expansão da cana-de-açúcar gerou confl itos entre

criadores de gado e proprietários de engenho na disputa de terras. De

acordo com Mendonça e Pires (2002):

isto se deve ao fato de que a plantação de cana era feita de

maneira extensiva, ou seja, não havia qualquer preocupação com

a preservação do solo, uma vez que o imenso território da colônia

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permitia que as culturas fossem transferidas de local. O confl ito

acabou por empurrar a criação de gado cada vez mais para o

interior do Nordeste, e as fazendas fi xaram-se na zona semi-árida

e no sertão, impróprios para o cultivo (p. 99).

O confl ito entre criadores de gado e proprietários de engenho

cresceu quando surgiu a economia mineira, aumentando a demanda por

couro e animais para corte e tração e, portanto, intensifi cando a disputa

por terras. Com o aumento da procura, os preços dessas mercadorias logo

subiram, provocando protesto dos senhores de engenho do Nordeste.

Modos de produção na colôniaCompare os tipos de atividades econômicas realizadas no Brasil do século XVII, considerando o tamanho do terreno (latifúndio ou minifúndio), a mão-de-obra (escrava ou livre) e o destino da produção (mercado interno ou externo). _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

RespostaNa produção canavieira, voltada para o mercado externo, o sentido da atividade

econômica era produzir lucros mercantis, o que envolvia a necessidade de rebaixar

o máximo possível o custo de produção, daí a opção pelo trabalho escravo. Na

pecuária, voltada para o mercado interno, ao contrário, o sentido da atividade

era mais complementar ou alternativa à agroexportação, sendo muitas vezes

uma atividade de subsistência, em que não se justifi cava o “investimento” em

manutenção de escravos.

Atividade 21

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Formação Econômica do Brasil | Atividades econômicas de subsistência e mineração auxiliam o povoamento do interior

O QUE MUDOU COM A MINERAÇÃO?

Entre meados do século XVII e início do século XVIII, a economia

colonial enfrentou uma longa crise, da qual somente iria sair com a

descoberta de ouro no interior da colônia, onde hoje se localiza o Estado

de Minas Gerais.

A crise da economia açucareira, a partir de meados do século

XVII, levou os colonos portugueses a intensifi car a busca por metais

preciosos. As bandeiras que exploravam o sertão brasileiro fi nalmente

encontraram ouro e pedras preciosas nos atuais Estados de Minas Gerais,

Bahia, Goiás e Mato Grosso, no fi nal daquele século.

Com a descoberta de ouro, iniciou-se um novo ciclo na economia

colonial, intensifi cando as relações entre metrópole e colônia. A mineração

do ouro tornou-se o centro das atenções de Portugal, de onde partiram

fl uxos emigratórios importantes para a colônia. As demais atividades

econômicas entraram em declínio, ocorrendo o empobrecimento e o

despovoamento das regiões onde se localizavam.

A produção aurífera cresceu rapidamente, alimentando a

expectativa de grande durabilidade de suas reservas. Tais expectativas,

entretanto, não se concretizaram. O ouro era prospectado em rio, não era

ouro de mina, havendo sempre a possibilidade de se encontrarem novas

reservas, sem que fosse possível prever seu volume. Após atingir o auge da

produção na década de 1750, houve um rápido declínio, comprometendo

as possibilidades de desenvolvimento da economia colonial.

Furtado (1971) afi rma que a economia mineira permitiu que o

TRATADO DE METHUEN, entre Inglaterra e Portugal, pudesse ser cumprido,

já que proporcionou os recursos necessários a Portugal para enfrentar o

comércio defi citário com a Inglaterra, país que se valeu de condições especiais

no comércio com os portugueses. Aquele acordo signifi cou para Portugal a

renúncia a todo desenvolvimento manufatureiro e implicou a transferência,

para a Inglaterra, do impulso econômico gerado pela economia mineira

do Brasil. Mas, graças a ele, Portugal conseguiu apoio militar e político da

Inglaterra para manter o que restava do seu império colonial, em particular

a sua posição como metrópole da colônia brasileira.

Muitas cidades surgiram devido ao dinamismo econômico da

mineração, como Vila Rica (atual Ouro Preto) e Diamantina, a primeira

considerada patrimônio da humanidade pela Organização das Nações

Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), responsável pela

MARQUÊS DE POMBAL (1699-1782)

Célebre primeiro-ministro do rei português D. José I, Sebastião José de Carvalho e Melo, o marquês de Pombal, foi o mais notável estadista de seu tempo. Planejou e executou as obras de reconstrução de Lisboa, após o terremoto que destruiu a cidade em 1755. Após esse evento, consolidou seu poder de governante absoluto em detrimento da nobreza e do clero. Um exemplo claro desse poder foi a submissão da até então poderosa Ordem dos Jesuítas ao estado português. Pombal fez importantes reformas no estado, com destaque para o grande impulso concedido à instrução popular com a reforma do ensino, instituída por lei em 1722.

TRATADO DE METHUEN

Acordo comercial assinado entre Portugal e Inglaterra em 1703 e revogado em 1842. Articulado pelo diplomata inglês John Methuen, estabelecia que Portugal passava a importar “para sempre” os produtos têxteis ingleses, com taxas privilegiadas, enquanto a Inglaterra se comprometia a importar vinhos portugueses taxando-os apenas em dois terços dos tributos de importação pagos pelos vinhos franceses. Além da ampliação descontrolada da cultura de vinhos em Portugal em detrimento dos demais cultivos, o Tratado de Methuen provocou a ruína da incipiente indústria têxtil daquele país, que passou a não ter condições de concorrer com a produção inglesa. Ao mesmo tempo, acentuou-se um vultoso desequilíbrio na balança comercial portuguesa, compensado pelo ouro proveniente do Brasil (Minas Gerais) que, transferido para a Inglaterra, contribuiria para formar os meios de fi nanciamento da revolução industrial(SANDRONI, Paulo – Novíssimo Dicionário de Economia).

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defesa do patrimônio histórico e cultural. Essas cidades fazem parte hoje

das chamadas cidades históricas, destino de grandes fl uxos de visitação

turística, e ícone do Estado de Minas Gerais.

500 anos de ocupação do Brasil

Observe o quadro a seguir. Ele contém informações do mais recente censo demográfi co, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografi a e Estatística (IBGE) em 2000:

Em sua opinião, por que as regiões Norte e Centro-Oeste são as menos povoadas, apesar de constituírem quase 65% do território brasileiro? Você identifi ca alguma razão histórica para este fato? Qual a diferença entre estas regiões e o Estado de Minas Gerais, também localizado no interior?

Atividade 3

População total – 2000 Território (%)

Brasil 169.799.170 – 100% 8,5 milhões km2 – 100%

Norte 7,6% 45,3

Nordeste 28,1% 18,3

Centro-Oeste 6,9% 18,9

Sudeste 42,6% 10,9

Sul 14,8% 6,8

Fonte: IBGE. Censos Demográfi cos (2000)

Distribuição da população segundo regiões e grau de urbanização

2 3

Figura 2.3: Na Casa dos Contos, em Ouro

Preto, funcionou, entre outras instituições,

a Casa da Moeda. O casarão, residência de

um rico coletor de impostos, foi também

casa de fundição e prisão de inconfi dentes,

como Cláudio Manoel da Costa.

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Formação Econômica do Brasil | Atividades econômicas de subsistência e mineração auxiliam o povoamento do interior

A economia mineira estava situada longe da costa, no interior do

país, em regiões de difícil acesso. A necessidade da metrópole de controlar

a produção e a exportação do metal levou à mudança da capital colonial,

deslocando-se de Salvador para o Rio de Janeiro, cidade mais próxima da

região mineira. A mineração foi, portanto, responsável pelo deslocamento

do centro econômico colonial do Nordeste para o Centro-Sul.

A circulação da renda na economia mineira diferia em muito

daquela observada na economia açucareira, estudada na Aula 1.

A economia mineira estimulou o surgimento de cidades para o

abastecimento da população do interior, desenvolvendo melhores

condições para as atividades comerciais internas. Isso trouxe uma

mudança da organização social – até então baseada na vida rural –, que

passou a ter caráter urbano.

A economia mineira foi responsável também pela articulação de

distintas regiões econômicas, em função da necessidade de abastecimento

de sua população com animais e alimentos. Atraiu fornecedores do sertão

nordestino e do sul do país, viabilizando a expansão de atividades até então

exploradas de modo pouco efi ciente. Pela primeira vez, o país começava a

ser percebido como uma nação, uma entidade com unidade política, fato

de grande relevância para a emancipação política da colônia.

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Resposta ComentadaDistantes do litoral, as duas regiões, historicamente, tiveram um acesso difícil. Em

uma época em que o transporte interno era baseado no uso da tração animal, foi

difícil povoar essas regiões, especialmente porque era a atividade agroexportadora

que dava o sentido da colonização e esta, como se sabe, localizava-se na costa.

No caso amazônico, outro fator importante foi a construção de fortifi cações como

o forte do Presépio para proteger a região de invasões estrangeiras, como você já

viu nesta aula. No caso específi co de Minas Gerais, apesar de situada no interior,

a região foi ocupada depois da descoberta de ouro, em 1680.

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Quer saber mais sobre a mineração no Brasil? Visite o site: http://paginas.terra.com.br/educacao/br_recursosminerais/1494_1803.html

A riqueza do ouro suscitou o crescente controle sobre a exportação

do metal, mas coincidiu com o declínio da mineração. Após atingir o

auge na década de 1750, houve um rápido declínio na produção do

ouro, comprometendo as possibilidades de desenvolvimento da economia

colonial. Tal declínio não foi percebido, já que o ouro brasileiro era de

aluvião e não de mina, o que difi cultava a estimativa de suas reservas.

Você vai conhecer as medidas econômicas tomadas por Portugal para

tentar sanar este problema na próxima aula.

Se você quiser mais informações sobre esse tema, pode consultar

sites como www.pesquisaescolar.com.br. Outra fonte importante é o

Dicionário do Brasil Colonial, organizado pelo historiador Ronaldo

Vainfas.

Quer saber mais sobre a mineração no Brasil? Visite o site: http://paginas.terra.com.br/educacao/br_recursosminerais/1494_1803.html

Segundo Teixeira da Silva (1990), o impacto da mineração sobre

o conjunto da economia colonial teve muitas conseqüências. Entre elas,

destacam-se o aumento da faixa de ocupação do território brasileiro,

a integração das “ilhas” de povoamento no Nordeste e no Sudeste.

A mudança nas bases políticas e administrativas da colônia, em que

o Rio de Janeiro, capital colonial depois de 1763, ganhou destaque,

incentivando a vida urbana.

CONCLUSÃO

As atividades pecuárias e mineiras, assim como as missões

dos jesuítas, levaram à ocupação do interior do País, povoando-o e

promovendo uma dinâmica social, política e econômica que não se

esgotava com o fi m de um ciclo expansivo. Esse povoamento teve por

protagonistas os trabalhadores livres, não-identifi cados com grandes

proprietários de terras nem com escravos, os dois principais agentes da

empresa colonial agrícola.

Essa ocupação dos “sertões” é muito valorizada na cultura

paulista, pela importância dos bandeirantes paulistas, os principais

agentes dessa ocupação entre os séculos XVI e XVIII.

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Formação Econômica do Brasil | Atividades econômicas de subsistência e mineração auxiliam o povoamento do interior

Observe estes mapas. No primeiro, você pode ver as atividades econômicas realizadas no

Brasil durante a primeira fase da colonização. Veja, agora, o segundo mapa, referente

ao século XVIII. Que diferenças você pode notar entre eles, e a que você as atribui?

Lembre-se de considerar o tamanho do território brasileiro, a quantidade e o tipo de

atividades econômicas, bem como o local onde ocorrem. Registre a sua resposta e, se

puder, compare com as de seus colegas.

Atividade Final

Mais recentemente, os “currais” de gado também vêm sendo mais

valorizados culturalmente, a exemplo do livro de Raquel de Queiroz,

Memorial de Maria Moura, transformado em minissérie pela TV Globo

em 1994.

Se você quiser ter mais informações sobre a economia colonial

agrícola brasileira, pode buscá-las em sites, entre os quais sugerimos o

do Centro de Pesquisas e Documentação da Fundação Getúlio Vargas

CPDOC/FGV: http://www.cpdoc.fgv.br/comum/htm/index.htm.

BRASIL

MER

IDIA

NO

DE

TOR

DES

ILH

AS

•São Paulo

Cananéia

Natal

São Cristóvão

Pau-brasil

Pecuária

Cana-de-açúcar

Entradas

OCE

AN

O A

TLÂNTICO

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Resposta ComentadaComo bom observador que é, você deve ter notado, logo de início, que o território brasileiro

cresceu, indo além do Tratado de Tordesilhas. Por que isso aconteceu? Lembra-se dos

bandeirantes e dos jesuítas? A participação deles foi fundamental para o aumento de

população no interior e para a expansão das fronteiras do país (bandeiras e missões

jesuíticas, respectivamente). Veja como aumentou o número de cidades!

As atividades econômicas se diversificaram. Diminuiu a extração de pau-brasil, cresceu a

cultura de cana-de-açúcar. A pecuária expandiu-se em direção ao interior, principalmente

no Nordeste, devido aos engenhos. Outra diferença importante é o surgimento da

mineração. Você vai ver como o descobrimento de ouro no Brasil afetou até a vida

política do país. Mas isto é uma outra história... Não perca a Aula 3.

Cana-de-açúcar

Pecuária

Mineração

OCE

AN

O A

TLÂNTICO

Drogas do Sertão

ÓbidosSantarém

Borba

Barcelos

Vila Bela

Cáceres

CuiabáVila BoaVila Boa

Ribeirão Ribeirão do Carmodo Carmo

Vila RicaVila Rica S. J.Del ReiS. J.Del Rei

DiamantinaDiamantina Porto SeguroPorto Seguro

SabaráSabaráVitóriaVitória

Rio de JaneiroRio de JaneiroSantos

Curitiba

Laguna

SorocabaSorocabaSão PauloSão Paulo

SalvadorSalvador

RecifeRecifeOlindaOlindaJoão PessoaJoão Pessoa

NatalNatal

FortalezaFortalezaSão LuísSão LuísBelémBelém

MacapáMacapá

MER

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NO

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TOR

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Formação Econômica do Brasil | Atividades econômicas de subsistência e mineração auxiliam o povoamento do interior

INFORMAÇÕES SOBRE A PRÓXIMA AULA

Na próxima aula, você irá completar o estudo sobre o Brasil colônia,

analisando a crise da economia colonial e identifi cando as causas da

sua insustentabilidade diante das mudanças na dinâmica do capitalismo

mundial.

A economia colonial não se resume aos ciclos de monocultura para

exportação. A ocupação do interior da colônia foi resultado da pecuária

extensiva, do aprisionamento do índio, da implantação das missões

jesuíticas, e da atividade mineradora.

A articulação espacial dessas atividades gerou alterações signifi cativas na

organização social e política do Brasil, favorecendo sua independência de

Portugal.

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