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O café e o crescimento da indústria durante a Primeira República (1889-1930) Belo Horizonte, 30/mar/2010 - A Agricultura de Exportação

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O café e o crescimento da indústria durante a Primeira República (1889-1930)

Belo Horizonte, 30/mar/2010

- A Agricultura de Exportação

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Introdução

• Economia brasileira na Primeira República (1889-1930)

“República do café-com-leite”: predomínio político de São Paulo e Minas Gerais.

Economia agroexportadora: papel central do café na economia brasileira.

Existência de outras atividades exportadoras: borracha, açúcar, algodão, cacau, fumo, erva-mate, couros e pele.

Produtos agrícolas para o mercado interno.

Desdobramentos da expansão cafeeira: crescimento urbano, inversão na indústria e diversificação agrícola.

Questão: essa leitura traz alguma influência da interpretação histórica de que o excedente agrícola possibilitou a diversificação do trabalho, ou seja, o rural propiciou urbano?

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Marcos Políticos

• Proclamação da República 15 de novembro de 1889.

Interesses das regiões em expansão: possibilidade de instituir um regime federativo com maior autonomia política e administrativa em oposição ao regime centralizado do Império.

Interesses ligados à classe média urbana: transformações institucionais jurídicas e políticas; revolução anti-escravista e antimonárquica; possibilidade de representação política.

Divergência entre militares e o Império; revolução comanda por Marechal Deodoro da Fonseca.

• Constituição de 1891

Estrutura liberal e federalista

Autonomia administrativa dos Estados: força militar, tributação de exportações, contratação de empréstimo do exterior, constituição própria.

União manteve a exclusividade: emissão de moeda, guarda nacional, tributação de importados.

Voto direto e universal para maiores de 21 anos.

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Marcos políticos

• Conflitos políticos Período militar, Deodoro da Fonseca (1889-1991), Floriano Peixoto

(1891-1894) : tentativa de revisão da Constituição e fortalecimento do Poder Central.

Hegemonia paulista, Prudente de Moraes (1894-1898), Campos Sales (1898-1902), Rodrigues Alves (1902-1906).

Campos Sales, “política dos governadores” (pacto oligárquico): prestígio aos grupos locais mais fortes, governo central sustentaria os grupos dominantes nos Estados, enquanto estes, em troca, apoiariam o presidente da República.

Política de defesa do café desagradava oligarquias de Estados não produtores

Minas Gerais e Rio Grande do Sul lançam Marechal Hermes da Fonseca (1910-1914)

Pacto São Paulo-Minas, alternância de poder.

Mobilização urbana e militar contra o poder oligárquico, “tenentismo”.

Washington Luís (1926-1930), quebra do pacto; aliança entre Minas, Rio Grande do Sul e Paraíba, Revolução de 1930.

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A agricultura de exportação

• A produção de café

Desde de 1820, a café aparece entre os principais produtos de exportação do Brasil.

Por volta de 1900, o café representa 65% das exportações do país.

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A agricultura de exportação

Produção inicia-se nos arredores da cidade do Rio de Janeiro.

Plantação segue caráter itinerante, sempre em busca de novos solos em substituição aqueles desgastados por décadas de uso.

Rumo das plantações segue pelo Vale do Paraíba do Sul, primeiro na antiga Província Fluminense, depois São Paulo. Então avança pelo Planalto Paulista em direção à Campinas e Ribeirão Preto.

Produção fluminense e paulista se inverte: em 1884 produção fluminense é de 70% enquanto paulista de 30% do total brasileiro; em 1900, produção fluminense é de 40% e paulista de 60%.

Declínio de produtividade do Vale do Paraíba (fluminense e paulista) coincide com a Abolição do Escravismo; produção do planalto paulista é alimentada por imigração européia.

Economia cafeeira paulista, subvencionada pelo Governo, promove estímulo a imigração e o investimento em ferrovias para a expansão da produção.

Entre 1891-1900, 65% da imigração dirige-se para São Paulo.

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A agricultura de exportação

Período Brasil São Paulo Part. (%)

1884/1887 36.470 13.256 36,31888/1890 101.351 52.594 51,91891/1900 112.932 73.334 64,91901/1920 73.455 42.857 58,3

Tabela: Brasil e São Paulo: Média Anual de Imigrantes, 1884-1920

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A agricultura de exportação

Elevação do preço do café, entre 1885-1890, preço externo = 137%, preço interno = 49%.

A partir de 1890, preços começam a declinar no mercado externo, no entanto a desvalorização cambial permite sua apreciação em moeda local; entre 1890-1894 preço interno = 190%.

• Vulnerabilidade da economia agroexportadora

Alto peso do setor externo na economia.

Pauta de exportação base estreita, poucos produtos primários.

A exportação é variável quase que exclusiva na determinação da renda nacional e de seu dinamismo.

Exportações, dependência de variáveis fora de controle das autoridades nacionais: demanda externa, oferta de países concorrentes, comercialização internacionalizada.

C. Tavares: “Modelo de desenvolvimento voltado para fora”.

Importações base para suprir consumo interno.

Grande diferença entre base produtiva e de consumo.

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A agricultura de exportação

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A agricultura de exportação

• Deterioração dos termos de troca

Termos de troca: relação entre os preços das exportações e das importações de uma economia.

Segundo alguns autores, existe a tendência dos preços dos produtos agrícolas caírem frente as manufaturas, existe assim uma tendência de deterioração dos termos de trocas.

Se realmente houver tal tendência haverá uma perspectiva de crescimento relativamente inferior das economias agroexportadoras frente às outras.

• Crise da cafeicultura (1898)

Estímulo a produção, superprodução.

Queda dos preços no mercado externo

Pres. Campos Sales, alyeração da política monetária e cambial: incapacidade de cumprir compromissos da dívida, funding loan (renegociação da dívida externa, novo empréstimo), valorização cambial.

Redução do preço interno dos produtos exportados.

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A agricultura de exportação

AnoTaxa de câmbio

Preço externo

Preço ixterno

1889 27,4 100 1001890 22,6 113 1201891 14,9 90 1711892 12,0 87 2011893 11,6 103 2761894 10,1 92 2901895 9,9 91 2621896 9,1 69 2521897 7,7 47 1801898 7,2 41 1631899 7,4 42 1561900 9,5 46 171

Tabela: Taxa de câmbio, preços externo e interno, Brasil (1889-1900)

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A agricultura de exportação

• Convênio de Taubaté (1906) Compra do excedente da safra de café pelo Governo.

Obtenção de empréstimo para compra do excedente.

Cobrança de imposto sobre exportação para arcar com os serviços da dívida.

Proibição de novas plantações

Evitar a valorização da moeda: Caixa de Conversão, emissão de moeda lastreada em divisas.

• Inconsistência de longo prazo Estímulo a produção

Tendência a superprodução: terras e mão-de-obra abundante.

Política de proibição de novas plantações de difícil implementação.

Entre 1900-1929, produção saltou de 13,8 milhões de sacas para 29,2 milhões.

Proibição não podia se estender a outros países produtores.

Política de defesa do café resistiu até 1929: retração da demanda pelo produto e dos mercados financeiros.

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Diversificação da produção

• Teoria da base exportadora

Base exportadora: atividade dinâmica voltada para o mercado externo que propicia renda local e o fomento de outras atividades.

Atividades de apoio a produção

Atividades de bens de consumo

Atividades geradas podem se tornar eficientes e passar a compor a base exportadora

• Diversificação de atividade da economia cafeeira

Comercial e financeira

Ferrovias: centros administrativos e oficinas

Serviços urbanos: iluminação, transporte, telefonia.

W. Cano (1977): “complexo cafeeiro”.

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Diversificação da produção

• Forte impacto na capital paulista Mais distante do centro de produção, Campinas, e com menor acessoo

a mercados do que Santos.

São Paulo, sede da Província, clima mais ameno indicado por sanitaristas em um período de constantes endemias tropicais.

Fazendeiros vieram residir na capital.

Adensamento econômico, centralização dos negócios.

• Substituição do trabalho escravo pelo assalariado C. Furtado (1959): ressalta o imigrante enquanto ‘consumidor’, núcleo

do mercado interno.

Questão: já não havia um mercado interno, trabalhos urbanos da capital e de outros núcleos no Brasil?

S. Silva (1976): destaca a oferta de mão-de-obra para indústria nascente.

Questão: além da leitura enquanto oferta de trabalho e demanda por bens, qual o impacto econômico de uma cultural importada, comprometida com o trabalho e acumulação de capital?

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Imigração

• Alteração nos fluxos migratórios no séc. XX Redução da imigração subvencionada e aumento da imigração

espontânea que, com freqüência, busca os centros urbanos.

Redução da parcela de imigrantes italianos e crescimento da imigração portuguesa, espanhola e japonesa.

Aumento das imigrações internas, que ultrapassam a imigração externa já a partir da década de 30.

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Produção primária - outros

• Produtos primários Surto da borracha na Floresta Amazônica, 1898-1910

Açúcar, tradicional produto da pauta de exportação brasileira, passa a ser direcionado ao mercado interno.

Rio Grande do Sul, pecuária e derivados sólida articulação com o mercado interno.