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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE TECNOLOGIA FACULDADE DE ENGENHARIA ELÉTRICA DISCIPLINA: INSTALAÇÕES ELÉTRICAS Prof .a : CARMINDA CÉLIA M. M. CARVALHO CAPÍTULO 1- VISÃO GERAL DO SISTEMA ELÉTRICO 1.1- INTRODUÇÃO A energia elétrica fornecida pelas concessionárias é a última etapa de um processo que se inicia com a produção de energia pelas usinas geradoras, passa pelos sistemas de transmissão e de distribuição e chega ao seu destino final: os consumidores (figura 1.1): Na etapa de geração, energia não elétrica é transformada em energia elétrica, utilizando-se, por exemplo: Fig.1.1: Esquema simplificado de um sistema elétrico 13,8 kV GERAÇÃO 138 kV; 230 kV TRANSMISSÃO DISTRIBUIÇÃO 13,8 KV

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  • UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAR INSTITUTO DE TECNOLOGIA

    FACULDADE DE ENGENHARIA ELTRICA

    DISCIPLINA: INSTALAES ELTRICAS Prof.a: CARMINDA CLIA M. M. CARVALHO

    CAPTULO 1- VISO GERAL DO SISTEMA ELTRICO

    1.1- INTRODUO

    A energia eltrica fornecida pelas concessionrias a ltima etapa de um processo que se inicia com a produo de energia pelas usinas geradoras, passa pelos sistemas de transmisso e de distribuio e chega ao seu destino final: os consumidores (figura 1.1):

    Na etapa de gerao, energia no eltrica transformada em energia eltrica, utilizando-se, por exemplo:

    Fig.1.1: Esquema simplificado de um sistema eltrico

    13,8 kV

    GERAO

    138 kV; 230 kV

    TRANSMISSO

    DISTRIBUIO 13,8 KV

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    Usinas hidroeltricas: utilizam energia potencial e de presso da gua (figura 1.2).

    Usinas termeltricas: utilizam energia trmica proveniente da queima de combustveis fsseis (carvo mineral e leo diesel), no fsseis (madeira, bagao de cana) ou outros combustveis, como o gs natural e o urnio enriquecido (usinas nucleares figura 1.3).

    O sistema de transmisso o responsvel pelo transporte da energia, em tenses elevadas (69 kV; 138 kV), desde a gerao at o sistema de distribuio. Existem consumidores, no entanto, que so alimentados a partir dessas linhas (grandes consumidores). Nesse caso, as etapas posteriores de abaixamento da tenso so efetuadas pelo prprio consumidor.

    Fig. 1.3: Usina Nuclear

    Fig. 1.2: Usina Hidreltrica

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    A rede de distribuio urbana constituda pelas linhas de distribuio primria e secundria (figura 1.4) e inicia nas subestaes abaixadoras, onde a tenso da linha de transmisso baixada para valores padronizados da rede primria (13,8 kV; 34,5 kV).

    As linhas de distribuio primrias alimentam diretamente as indstrias e os prdios de grande porte (comerciais, institucionais e residenciais), que possuem subestao abaixadora prpria. As linhas de distribuio secundrias possuem tenses mais reduzidas (127/220 V ou 220/380 V) e alimentam os pequenos consumidores residenciais e as pequenas indstrias e oficinas, entre outros.

    1.2- NVEIS DE TENSO

    Os nveis de tenso utilizados nas redes de alimentao podem ser de trs tipos:

    Extra-Baixa Tenso: so tenses de at 50V CA ou 120V CC. So instaladas em locais onde o usurio corre grande risco de sofrer choque eltrico. Exemplo: Iluminao subaqutica de piscinas.

    Baixa Tenso: so tenses de at 1000V CA ou 1500V CC. No Brasil, as redes de distribuio das concessionrias operam com as seguintes tenses em corrente alternada:

    - Para sistemas trifsicos a 3 ou 4 condutores:

    127/220V; 220/380V; 120/208V (consumidores residenciais).

    254/440V; 440V; 460V (uso industrial, oficinas ou casos particulares).

    - Em redes monofsicas a 3 condutores: 127/254V; 220/440; 120/240V; 115/230V.

    Fig. 1.4: Estrutura urbana com circuito primrio e secundrio

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    Mdia e Alta Tenso: so as tenses maiores que 1000V CA ou 1500V CC (at 69kV considerada Mdia Tenso). No Brasil, as tenses CA podem ser de 3KV; 4,16KV; 6KV; 13,8KV; 24,2KV; 34,5KV; 69KV; 138KV; 230KV e 500KV.

    Acima de 500KV deve ser realizado um estudo econmico para decidir a melhor opo entre tenso alternada e tenso contnua.

    1.3- CONCEITO DE POTNCIA ATIVA, REATIVA E APARENTE

    Potncia ativa: a potncia transformada em luz (pelas lmpadas), calor (pelos ferros eltricos, torneiras eltricas e chuveiros eltricos, por exemplo) e movimento (pelos motores eltricos). Sua unidade de medida o watt (W).

    Potncia reativa: a potncia transformada em campo magntico. Ela aparece em circuitos de corrente alternada que contm transformadores, motores e reatores de lmpadas fluorescentes, por exemplo. Sua unidade de medida o volt-ampre reativo (VAr).

    Potncia aparente: a potncia total fornecida pela concessionria aos consumidores. Constitui a soma vetorial das potncias ativa e reativa, conforme mostrado vetorialmente na figura 1.5. Sua unidade de medida o volt-ampre (VA).

    Ento: S P Q= +2 2

    Em circuitos com motores ou outros enrolamentos, a tenso se adianta em relao a corrente (figura 1.6). Ao cosseno do ngulo de defasagem entre a tenso e a corrente chama-se fator de potncia.

    Fig. 1.6: Diagramas de defasagem entre tenso e corrente em um circuito indutivo

    S Q

    P

    Fig. 1.5: Diagrama vetorial das potncias ativa, reativa e aparente

    V

    I

    Icos

    Isen

    V, I

    t

    V I

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    Da figura 1.5, tem-se: cos = PS

    Ento, as expresses gerais da potncia aparente para os circuitos monofsicos, bifsicos e trifsicos so dadas por:

    Circuitos monofsicos: S = Vfase-neutroI Circuitos bifsicos: S = 2Vfase-neutroI Circuitos trifsicos: S = 3Vfase-neutroI ou S = 3Vfase-faseI

    Observao 1: A expresso P = VI vlida somente para circuitos de corrente contnua ou para circuitos monofsicos de corrente alternada com carga resistiva. Isso acontece nos equipamentos que s possuem resistncia, como: lmpadas incandescentes, torneiras eltricas e chuveiros eltricos.

    Observao 2: 0 cos 1 ou, em termos percentuais: 0 cos 100%.

    1.4- Sistemas com Harmnicos

    A presena de harmnicos registrada atravs de deformaes presentes na tenso de alimentao do sistema ou na corrente absorvida por um equipamento de natureza no-linear. Sob condio de regime permanente, a decomposio da onda distorcida resulta em vrias ondas sobrepostas onda de freqncia nominal do sistema. A freqncia dessas ondas (denominadas de harmnicos) um mltiplo inteiro da freqncia nominal de operao da onda (freqncia fundamental). Por exemplo, se a freqncia de operao da onda fundamental for 60 Hz, o segundo harmnico encontra-se na freqncia de 120 Hz, a freqncia do terceiro harmnico ser de 180 Hz e assim por diante. Na figura 1.7 possvel identificar os componentes de 3a, 5a, 7a e 9a ordens (em percentual da corrente fundamental) da corrente absorvida por um dispositivo no-linear.

    Figura 2.1: Decomposio harmnica de uma forma de onda no-linear

    Figura 1.7: Decomposio harmnica de uma forma de onda no-linear

    0 2 4 6 8 10 12 -1

    -0.8

    -0.6

    -0.4

    -0.2

    0

    0.2

    0.4

    0.6

    0.8

    1

    ngulo, em radianos

    Ih / I1

    terceira ordem

    fundamental

    quinta ordem

    stima ordem nona ordem

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    Com isso, alguns conceitos importantes relacionados anlise do problema de harmnicos podem ser definidos:

    - Taxa de Distoro Harmnica ou THD (Total Harmonic Distortion): indica o quanto uma forma de onda se apresenta deformada em relao onda perfeitamente senoidal do valor fundamental. Pode ser calculada em relao tenso (THDv%) ou corrente (THDi%) como:

    %100V

    V%THD x

    1

    2h

    2h

    v

    =

    = %100I

    I%THD x

    1

    2h

    2h

    i

    =

    =

    onde: Vh: tenso harmnica de ordem h V1: componente fundamental da tenso Ih: componente harmnica de ordem h da corrente I1: componente fundamental da corrente

    - Fator de deslocamento: cosseno do ngulo de defasagem entre as componentes fundamentais da corrente e da tenso de entrada. calculado em funo da potncia ativa e da potncia aparente, ou seja:

    111

    111

    1

    1 cosIV

    cosIVSP

    FDx

    x ===

    onde: P1: potncia ativa consumida para h =1 S1: potncia aparente consumida para h =1 1: ngulo de fase da fundamental

    - Fator de potncia: calculado em funo da potncia ativa total e da potncia aparente total, incluindo os harmnicos, ou seja:

    IV

    dt)t(i)t(vT1

    SPFP

    x

    T

    0

    ==

    onde: V: valor eficaz da tenso v(t). I: valor eficaz da corrente i(t).

    Para tenso de alimentao puramente senoidal, o fator de potncia pode tambm ser definido de acordo com a equao a seguir:

    2i

    11

    11

    THD1FD

    cosII

    cosIVIV

    FPx

    x

    +===