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Fundação Oswaldo Cruz Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira Rio de Janeiro Setembro de 2014 ASSOCIAÇÃO ENTRE A DISTRIBUIÇÃO DA GORDURA CORPORAL E OS FATORES DE RISCO CARDIOMETABÓLICOS EM CRIANÇAS DE SEIS A NOVE ANOS Danielle Cabrini Mattos

ASSOCIAÇÃO ENTRE A DISTRIBUIÇÃO DA GORDURA … · Aos bolsistas Eduardo Akira, Iara Reis e Letícia Biasutti, pelo envolvimento e colaboração na coleta de dados.. Às agências

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Fundação Oswaldo Cruz

Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira

Rio de Janeiro Setembro de 2014

ASSOCIAÇÃO ENTRE A DISTRIBUIÇÃO DA GORDURA CORPORAL E OS FATORES DE RISCO CARDIOMETABÓLICOS

EM CRIANÇAS DE SEIS A NOVE ANOS

Danielle Cabrini Mattos

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Fundação Oswaldo Cruz Instituto Nacional de Saúde da Mulher,

da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira

Rio de Janeiro Setembro de 2014

ASSOCIAÇÃO ENTRE A DISTRIBUIÇÃO DA GORDURA CORPORAL E OS FATORES DE RISCO CARDIOMETABÓLICOS

EM CRIANÇAS DE SEIS A NOVE ANOS

Danielle Cabrini Mattos

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III

Fundação Oswaldo Cruz

Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira

Rio de Janeiro Setembro de 2014

ASSOCIAÇÃO ENTRE A DISTRIBUIÇÃO DA GORDURA

CORPORAL E OS FATORES DE RISCO CARDIOMETABÓLICOS

EM CRIANÇAS DE SEIS A NOVE ANOS

Danielle Cabrini Mattos

Tese apresentada à Pós-graduação em Saúde da Criança e da Mulher, como parte dos requisitos para obtenção do título de Doutor em Ciências.

Orientador: Célia Regina Moutinho de Miranda Chaves.

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IV

FICHA CATALOGRÁFICA NA FONTE INSTITUTO DE COMUNICAÇÃO E INFORMAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA EM SAÚDE BIBLIOTECA DA SAÚDE DA MULHER E DA CRIANÇA

M474a Mattos, Danielle Cabrini

Associação entre a distribuição da gordura corporal e os fatores de risco

cardiometabólicos em crianças de seis a nove anos. / Danielle Cabrini Mattos. – Rio de

Janeiro, 2014.

114f.; il.

Tese (Doutorado em Ciências) – Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da

Criança e do Adolescente Fernandes Figueira, Rio de Janeiro, RJ, 2014.

Orientadora: Dra. Célia Regina Moutinho de Miranda Chaves

Bibliografia: f. 102-112.

1. Distribuição da Gordura Corporal. 2. Doenças Cardiovasculares. 3. Obesidade

Abdominal. 4. Antropometria 5. Criança. I. Título.

CDD 22.ed. 616.044

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V

"Tudo posso Naquele que me fortalece" Filipenses 4,13

"Porque és precioso a meus olhos, porque eu te aprecio e te amo" Isaías 43, 4

Dedico ao meu marido Thiago Felipe, aos meus pais Sonia e Estanislau e ao

meu irmão Taciano, as pessoas mais importantes da minha vida. Com amor

incondicional, confiança e fé, eles acompanharam a construção deste trabalho

e me ofereceram todo o apoio necessário para chegar ao fim deste ciclo. Mais

do que isso, acreditam e se orgulham das minhas escolhas profissionais, que

se traduzem em missão de vida.

“É preciso força pra sonhar e perceber que a estrada vai além do que se vê”.

Los Hermanos

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VI

Agradecimentos

A conclusão de algo tão importante como o doutorado, na vida de um

acadêmico, marca uma vitória nesta trajetória. Durante esse percurso, nos é

exigido, dentre tantas coisas, dedicação, paciência e serenidade. Mais do que

isso, também é exigido das pessoas que nos rodeiam compreensão,

sensibilidade e envolvimento. Se estou redigindo essas linhas, significa que

cheguei ao final desse ciclo e que pessoas ímpares caminharam de mãos

dadas comigo, do início ao fim. Todas elas estão guardadas em meu coração.

Ao meu marido Thiago Felipe, pelo carinho, companheirismo, apoio,

paciência, confiança, dedicação e lucidez nos momentos críticos. Pelo amor

sem medidas ou circunstâncias.

Aos meus pais, Sonia e Estanislau, pelo amor, dedicação e constante

incentivo aos estudos desde a infância, ensinando-me desde outrora que “a

educação é libertadora”.

Ao meu irmão Taciano, por sempre ser tão cuidadoso e me proporcionar

momentos de descontração em meio aos meus estudos.

À família Mattos, agora também minha família, pela confiança e

compreensão das ausências.

Aos meus amigos e familiares, que entenderam minha ausência, os

aniversários esquecidos e os encontros apressados.

À amiga Clarissa, sempre presente, pelo apoio, carinho e pronta

disponibilidade de ajuda.

Ao Felipe Pimentel pelo constante estímulo e confiança.

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VII

Ao IFF/Fiocruz, que me acolheu e contribuiu imensamente para o meu

desenvolvimento profissional e pessoal, destacando aqui os professores, os

colegas de turma, os membros da secretaria acadêmica e da biblioteca.

À professora Célia, minha querida orientadora, que com dedicação,

competência e carinho foi minha companheira ao longo dessa caminhada e

entendeu as angústias e os percalços. Admiro-a grandemente.

Aos professores Valmin e Cecília, membros da banca, pelas valiosas

contribuições.

À Carol, do Departamento de Pesquisa do IFF/Fiocruz, pela ajuda nas

análises estatísticas.

À Patrícia Casagrande, companheira no desenvolvimento do projeto.

Aos professores e amigos Elisardo Vasquez e Silvio Foletto, pelo

incentivo e confiança.

Às crianças, bem como os seus pais, pelo consentimento e participação

no estudo.

Aos professores e diretores das escolas envolvidas e à Secretaria

Municipal de Educação de Vitória-ES, pela acolhida e colaboração.

À EMESCAM e à UFES pelo apoio no período do doutorado.

Aos bolsistas Eduardo Akira, Iara Reis e Letícia Biasutti, pelo

envolvimento e colaboração na coleta de dados..

Às agências de fomento CNPq, FAPES e FACITEC, pela concessão de

bolsas de iniciação científica e pelo financiamento do projeto.

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VIII

Lista de Quadros

Quadro 1 - Prevalência de excesso de peso em crianças de diferentes regiões

do Brasil .................................................................................................... 27

Quadro 2 - Pontos de corte do Índice de Conicidade propostos para crianças de

6 a 9 anos99. .............................................................................................. 61

Quadro 3 - Valores de referência lipídica propostos para a faixa etária de 2 a 19

anos124. ..................................................................................................... 63

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IX

Lista de Tabelas

Tabela 1 - Características antropométricas, metabólicas e hemodinâmicas de

crianças de 6 a 9 anos, Vitória, ES, Brasil. ............................................... 89

Tabela 2 - Frequência e número dos componentes da SM por sexo e estado

nutricional, em crianças de 6 a 9 anos, Vitória, ES, Brasil. ....................... 90

Tabela 3 - Medidas de tendência central e de dispersão das variáveis

antropométricas de acordo com o estado nutricional em crianças de 6 a 9

anos, Vitória, ES, Brasil. ............................................................................ 90

Tabela 4 – Razão de chances, ajustadas por idade e sexo, da variável resposta

presença de uma ou mais alterações nos componentes da síndrome

metabólica em crianças de 6 a 9 anos, Vitória, ES, Brasil. ....................... 90

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X

Lista de Abreviaturas e Siglas

AACE American Association of Clinical Endocrinologists

A/G Relação albumina/globulina

AGL Ácidos graxos livres

BIA Bioimpedância elétrica

CC Circunferência da cintura

CDV/FACITEC Companhia de Desenvolvimento de Vitória

CEP/HINSG Comitê de Ética e Pesquisa do Hospital Infantil Nossa

Senhora da Glória

CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e

Tecnológico.

CSV Central Sorológica de Vitória

DAC Doença arterial coronariana

DCV Doença Cardiovascular

DEXA Dual Energy X-ray Absorptiometry

DM2 Diabetes mellitus tipo 2

FAPES Fundação de Amparo à Pesquisa do Espírito Santo

HDL-C Lipoproteína de alta densidade

IC Índice de conicidade

IDF International Diabetes Federation

IMC Índice de Massa Corporal

LPL Lipase Lipoproteica

LDL-colesterol Lipoproteína de baixa densidade

NCEP-ATP III National Cholesterol Education Program's Adult Treatment

Panel III

NHBPEP National High Blood Pressure Education Program

OMS Organização Mundial da Saúde

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XI

PA Pressão Arterial

PAS Pressão arterial sistólica

PAD Pressão arterial diastólica

PCR Proteína C-reativa

PCR-US Proteína C reativa ultra-sensível

PNAD Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios

POF Pesquisa de Orçamentos Familiares

RCE Razão cintura/estatura

RCQ Razão cintura/quadril

RDC Razão entre dobras cutâneas

SBC Sociedade Brasileira de Cardiologia

SEME/PMV Secretaria Municipal de Educação de Vitória

SM Síndrome Metabólica

TAG Triacilgliceróis

TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

UFMG Universidade Federal de Minas Gerais

UNICEF United Nations Children's Fund

VLDL Lipoproteína de muito baixa densidade

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XII

Resumo

Considerando que a faixa etária de 5 a 9 anos corresponde a 11% do total de brasileiros, e o crescente aumento da obesidade na infância, há um número expressivo de indivíduos que, no futuro, estarão propensos a desenvolver alterações cardiometabólicas e, em última análise, sobrecarregar os serviços de saúde, comprometer a força de trabalho e elevar o custo da saúde pública no país. Assim, é de interesse para a saúde pública o estabelecimento de medidas simples para identificação precoce destes indivíduos. O objetivo do estudo foi verificar a associação entre medidas de localização da gordura abdominal e os fatores de risco cardiometabólicos em crianças de 6 a 9 anos em Vitória, ES. Avaliou-se a circunferência da cintura (CC), a relação cintura estatura (RCE), o índice de conicidade (IC) e a relação dobra cutânea subescapular e tricipital (RDC). Os componentes da SM foram os propostos pela International Diabetes Federation (IDF) com pontos de corte ajustados para a idade. Aplicou-se o modelo de regressão logística multinomial. A prevalência de SM foi 2% e de excesso de peso 38,4%. A presença de pelo menos um componente da SM foi detectada em 35,8%. O IC mostrou-se um preditor independente na identificação precoce de pelo menos um componente da SM, a CC foi preditora da presença de dois ou mais componentes da SM, independente do sexo. A avaliação de medidas antropométricas da gordura abdominal na população infantil podem sugerir o risco potencial da presença de alterações cardiometabólicas isoladas e simultâneas prevenindo as doenças cardiovasculares, que são a maior causa de morte no Brasil. Palavras-chave: Antropometria; Composição Corporal; Criança; Doenças Cardiovasculares; Obesidade Abdominal; Obesidade; Síndrome X Metabólica; Sobrepeso.

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XIII

Abstract

Considering that the age group 5-9 years old corresponded to 11% of Brazilians, and the increasing childhood obesity, there are a significant number of individuals in the future are likely to develop cardiometabolic alterations and ultimately , overburden health services, compromising the workforce and raise the cost of public health in the country. Thus, it is of interest to public health establishment of simple measures for early identification of these individuals. The aim of the study was to investigate the association between abdominal fat measures and cardiometabolic risk factors in children aged 6 to 9 years in Vitoria, ES. We evaluated the waist circumference (WC), waist to height (WH), the conicity index (CI) and the relationship subscapular and triceps skinfold (RDC). Metabolic Syndrome (MS) components were the International Diabetes Federation (IDF) proposed with cut-off points adjusted for age. We used the model of multinomial logistic regression. The prevalence of MS was 2% and 38.4% overweight. The presence of at least one component of the metabolic syndrome was detected in 35.8%. The IC was found to be an independent predictor of early identification of at least one component of MS and WC was predictive of the presence of two or more components of MS, regardless of sex. The evaluation of anthropometric measures of abdominal fat in children may suggest the potential risk of the cardiometabolic alterations preventing cardiovascular diseases, which are the leading cause of death in Brazil. Palavras-chave: Anthropometry; Body Composition; Child; Carviovascular Disease; Abdominal Obesity; Metabolic Syndrome X; Overwheight.

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XIV

Sumário

Lista de Quadros ............................................................................................. VIII

Lista de Tabelas ................................................................................................ IX

Lista de Abreviaturas e Siglas ............................................................................ X

Capítulo 1 - Introdução ..................................................................................... 16

Marco Teórico ..................................................................................... 26 1.1

- O excesso de peso e a saúde da criança ................................... 26 1.1.1

- Gordura corporal e o papel metabólico do tecido adiposo ......... 29 1.1.2

- O aparecimento dos fatores de risco cardiometabólicos na 1.1.3

infância 35

– A síndrome metabólica na infância ............................................ 42 1.1.4

- Avaliação da composição corporal em crianças ......................... 48 1.1.5

- Indicadores antropométricos de adiposidade abdominal em 1.1.6

crianças ..................................................................................................... 53

Detalhamento Metodológico ................................................................ 57 1.2

- Tipo de Estudo ........................................................................... 57 1.2.1

- População e amostra .................................................................. 57 1.2.2

- Coleta de dados ......................................................................... 59 1.2.3

- Técnicas adotadas ..................................................................... 59 1.2.4

Análise estatística ......................................................................... 64 1.2.5

- Aspectos Éticos .......................................................................... 65 1.2.6

- Orçamento .................................................................................. 66 1.2.7

- Referências* ..................................................................................... 67 1.3

Capitulo 2 – Artigos .......................................................................................... 78

Artigo: Índice de conicidade e circunferência da cintura são preditores 2.1

antropométricos dos componentes da síndrome metabólica em crianças de 6

a 9 anos. ....................................................................................................... 78

Resumo: ....................................................................................... 79 2.1.1

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XV

Introdução ..................................................................................... 80 2.1.2

Casuística e Método ..................................................................... 81 2.1.3

Resultados .................................................................................... 86 2.1.4

Discussão ..................................................................................... 91 2.1.5

Conclusão ..................................................................................... 96 2.1.6

Referências .................................................................................. 98 2.1.7

Capítulo 3 – Conclusão .................................................................................. 102

Referências* ................................................................................................... 103

Anexo ............................................................................................................. 114

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Capítulo 1 - Introdução

Os fenômenos sociais, entre eles a saúde e a doença das pessoas,

resultam da interação de uma multiplicidade de fatores. Se for correta a

preocupação com os riscos de “biologizar” o social, não se pode, por outro

lado, cair em um reducionismo oposto, o de transformar qualquer problema de

saúde em uma questão de ordem social, o que acabaria levando a uma

imobilização do ponto de vista das ações de saúde. Essa questão se remete ao

papel global da epidemiologia enquanto base da saúde coletiva baseada em

evidências, destacando-se a preocupação com os determinantes sociais do

processo saúde-doença e o engajamento dos pesquisadores em trazer

respostas às necessidades da população no campo das práticas em saúde1.

A sociedade brasileira vivenciou uma peculiar e rápida transição

nutricional desde a década de 1970, quando apresentava altas taxas de

desnutrição, e passou a ser um país com quase metade da população adulta

apresentando excesso de peso, em 20082,3.

Segundo dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), 2008-

2009, o mesmo fenômeno foi observado em crianças: a redução expressiva da

desnutrição e aumento da prevalência de obesidade em crianças entre 5 a 9

anos quatro vezes maior entre os meninos (4,1% para 16,6%) e quase cinco

vezes entre as meninas (2,4% para 11,8%)2,3. A prevalência de sobrepeso,

para essa mesma faixa etária, alcançou 33,5%, sendo 34,8% nos meninos e

32% nas meninas2. Nesse cenário observa-se, ainda, a concomitância da

obesidade e da anemia ferropriva nos mesmos ambientes e grupos

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populacionais, tornando evidente a manutenção de um modelo de transição

nutricional no qual ainda perdura a sobreposição do padrão do atraso e da

modernidade2.

Esse panorama encontrado no Brasil também pode ser observado em

vários países1,2,4–6. Em função de sua magnitude e velocidade de evolução, o

excesso de peso – que compreende o sobrepeso e a obesidade – é

considerado um dos maiores problemas de saúde pública no mundo, afetando

todas as faixas etárias2,4–7.

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) destacam que, até o

final desta década, três quartos de todas as mortes serão atribuídos às

doenças e agravos não transmissíveis8. Embora nem todos os obesos na vida

adulta tenham sido obesos na infância, já está bem estabelecido que pelo

menos 60% das crianças obesas, especialmente a partir dos cinco anos de

idade, tornam-se adultos obesos5,8,9.

A epidemiologia nutricional materno-infantil faz parte da Agenda

Nacional de Prioridades de Pesquisa em Saúde do Ministério da Saúde,

contextualizada nas mudanças observadas no cenário demográfico e

epidemiológico do Brasil, dentre as quais se destacam: o acelerado processo

de urbanização, o declínio das taxas de fecundidade, natalidade e mortalidade

infantil e o aumento da expectativa de vida7,10,11. Apesar da transição

demográfica, o contingente populacional de crianças e adolescentes no país

ainda é alto, justificando esse olhar atento.

Considerando que a faixa etária de 5 a 9 anos corresponde a 11% do

total de brasileiros, segundo dados do UNICEF12, e levando em conta o

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crescente aumento da obesidade na infância, há um número expressivo de

indivíduos que, no futuro, estarão propensos a desenvolver alterações

cardiometabólicas e, em última análise, sobrecarregar os serviços de saúde,

comprometer a força de trabalho e elevar o custo da saúde pública no país.

O consensual reconhecimento de acompanhar o crescimento e o estado

nutricional no período crítico dos primeiros anos de vida faz com que crianças

menores de cinco anos sejam objeto de inúmeros estudos clínicos e

epidemiológicos, contrastando com o que ocorre na idade escolar e na

adolescência, nas quais são escassas as pesquisas que tratam da magnitude

dos distúrbios nutricionais, suas características e seus fatores associados13.

Nesse sentido, evidências epidemiológicas demonstram que a relação

entre a obesidade e o risco de doenças cardiometabólicas é percebida tanto no

início da vida quanto ao longo do crescimento e desenvolvimento 2,3,9,14.

A associação do excesso de peso com alterações cardiometabólicas

como as dislipidemias, a hipertensão, a intolerância à glicose e as doenças

cardiovasculares indica a similaridade do mecanismo desencadeador desses

agravos. Devido a isso, há grande discussão com relação ao papel da

adiposidade visceral e da resistência insulínica como desencadeadores das

doenças crônicas e da síndrome metabólica, caracterizada por um conjunto de

alterações que inclui a obesidade abdominal, a hipertrigliceridemia, a

hiperglicemia, pressão arterial elevada e baixos níveis de HDL-colesterol. Além

disso, estudos apontam a relação entre o acúmulo de tecido adiposo visceral e

processos inflamatórios crônicos de baixa intensidade15–19.

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A relação entre a adiposidade abdominal e a ocorrência de diabetes e

doenças cardiovasculares em adultos obesos está bem definida20. Estudos em

crianças e adolescentes também apontam nessa direção4,9,16,17,19,21–24. No

entanto, o conhecimento científico neste grupo populacional ainda é incipiente,

especialmente na identificação precoce dos fatores de risco isolados ou

simultâneos durante esse importante período do curso da vida, quando a

progressão da doença aterosclerótica acelera-se rapidamente4.

A associação do tecido adiposo abdominal com os fatores de risco

cardiometabólicos pode ser explicada pelo fato de que este produz citocinas

(fator de necrose tumoral-alfa, interleucina-6, adiponectina e resistina), que

atuam no endotélio vascular, no metabolismo da glicose e dos lipídios17,25–27.

Em resposta ao estímulo dessas citocinas, o fígado produz a proteína C-

reativa (PCR) e sua dosagem tem sido utilizada, desde a década de 1970, para

o diagnóstico de estados inflamatórios e, em pequenas elevações, podem

indicar o aparecimento de doenças cardiovasculares e diabetes tipo 2, quando

associado ao excesso de gordura corporal19,25,28–31.

Fatores como a desnutrição intrauterina ou nos primeiros anos de vida,

seguida de crescimento acelerado na infância, foram associadas a maiores

concentrações de PCR e a maiores níveis de pressão arterial na fase

adulta28,29. Pesquisas conduzidas no Brasil demonstraram que altos índices

de massa corporal em escolares, adolescentes e adultos32–34 e maiores

concentrações de lipídios séricos na vida adulta35 também foram associados a

fatores presentes na gestação e na infância32–34,36,37.

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Em um estudo de metanálise, Lee e colaboradores (2008) ressaltaram a

preocupação em determinar técnicas que permitam predizer o risco

cardiometabólico em indivíduos com excesso de peso, sinalizando a

importância da avaliação da adiposidade abdominal em detrimento ao uso do

IMC nesse diagnóstico38.

Sendo assim, a concentração de gordura na região abdominal,

independentemente da gordura corporal total, configura-se como um fator de

risco cardiometabólico. Neste sentido, as medidas de distribuição da gordura

corporal, principalmente a gordura localizada na região abdominal, podem ser

úteis na identificação dos indivíduos com alto risco de desenvolver doenças 39.

Na infância, contudo, ainda não se tem estabelecido qual é a melhor

medida antropométrica para a avaliação da distribuição da gordura corporal,

assim como pontos de corte internacionalmente aceitos para a classificação de

excesso de gordura abdominal, ou seja, ainda permanecem dúvidas quanto ao

estabelecimento de pontos de corte da quantidade de gordura corporal

associada a riscos de doenças. Isso se deve, em parte, à carência de dados

acurados da composição corporal em grandes estudos populacionais 40–42.

Tal aspecto é importante especialmente na definição da obesidade, uma

vez que essa condição está comumente relacionada a um excesso de gordura

corporal total e abdominal, que repercute na condição de saúde do indivíduo,

pois observa-se, desde a infância, que o aumento da gordura corporal,

especialmente o tecido adiposo visceral, associa-se com maiores

concentrações circulantes de substâncias proinflamatórias e aterogênicas

16,23,24.

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Somado a isso, dada a inconsistência atual de critérios para a

determinação da síndrome metabólica nesse grupo populacional, a

identificação de fatores de risco cardiometabólicos isolados e simultâneos na

população infantil mostra-se importante, a luz do risco potencial que eles

representam, uma vez que as doenças cardiovasculares são a maior causa de

morte no Brasil31. Estudos direcionados para esse grupo podem

contribuir,especialmente, identificando crianças com maior risco cardiovascular

e definindo os componentes e pontos de corte para a classificação da

síndrome.

A influência dessa realidade epidemiológica no curto e longo prazo para

o setor saúde e os custos para a sociedade ainda não estão bem

determinados, principalmente porque muitos aspectos da saúde infantil não

encontram paralelo na saúde do adulto. Essas mudanças na epidemiologia em

saúde da criança apontam a necessidade de novas respostas sociais e

sanitárias aos novos desafios impostos pelo atual padrão de morbimortalidade

infantil10,11,43.

Assim, embora o conhecimento atual aponte a relação entre os

determinantes e os fatores de risco e ratifique a importância da prevenção das

doenças e agravos não transmissíveis ainda na infância, ou até mesmo no

período gestacional, ainda observa-se a necessidade da condução de estudos

na população infantil brasileira que evidenciem o papel de alguns elementos

presentes na gênese e manutenção desses agravos, tais como a magnitude e

a distribuição da gordura corporal, sobretudo a adiposidade abdominal , além

da abordagem de estratégias eficazes de prevenção, ainda escassas e

desanimadoras no Brasil32,43,44.

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Especificamente, o conhecimento da associação entre a gordura

abdominal e a ocorrência de fatores de risco cardiometabólicos na infância

habilitará os diferentes atores sanitários a agir adequadamente e a estabelecer

programas de saúde com definição de prioridades à luz desse cenário, bem

como, a posteriori, possibilitará a avaliação dos resultados de medidas

preventivas adotadas.

Com base nestas considerações, o objetivo deste estudo foi avaliar a

associação entre a distribuição da gordura corporal e a ocorrência dos fatores

de risco cardiometabólicos em crianças de 6 a 9 anos no município de Vitória,

ES.

Espera-se que o desenvolvimento desta pesquisa possa contribuir para

o planejamento, a execução e a avaliação das ações de prevenção, controle e

tratamento da obesidade infantil, prevenção das doenças cardiovasculares e do

diabetes tipo 2, em âmbito local e nacional, além de auxiliar na definição de

estratégias prioritárias no campo da saúde da criança.

Neste contexto, ressalta-se a importância de se avaliar diversas medidas

de adiposidade abdominal quanto à capacidade de predizer fatores de risco

cardiometabólicos em crianças e a aplicabilidade de pontos de corte

específicos para este grupo populacional.

Tais avaliações podem levar à determinação de medida única para

predição de risco cardiometabólico na prática clínica e no rastreamento

populacional, promovendo maior acurácia e facilidade de uso e possibilitando

intervenção precoce e condução de ações preventivas, reduzindo a

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morbimortalidade e o custo socioeconômico desnecessário com o sistema de

saúde.

Optou-se pela apresentação da tese em formato de artigo e, seguindo o

Regulamento Geral do Curso de Pós-Graduação Stricto Sensu em Saúde da

Criança e da Mulher, está organizada conforme abaixo:

Capítulo 1 – Introdução

Apresenta a delimitação do tema, o objetivo do estudo e a justificativa.

1.1- Marco Teórico

O presente capítulo apresenta definições e conceitos que articulam o

papel da gordura corporal e a função metabólica do tecido adiposo no excesso

de peso, situação cada vez mais presente entre as crianças. Além disso,

aborda a relação entre o acúmulo de adiposidade central e o aparecimento dos

fatores de risco cardiometabólicos na infância, podendo caracterizar ou não a

síndrome metabólica, condição que ainda carece de consenso na população

infantil. Ressalta, ainda, a importância da avaliação de diversas medidas

antropométricas de gordura abdominal, com o propósito de predizer fatores de

risco cardiometabólicos em crianças e a aplicabilidade de pontos de corte

específicos para este grupo populacional.

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1.2- Detalhamento Metodológico

Estão descritos aqui o desenho do estudo, o cálculo e a seleção da

casuística estudada, bem como o método e as técnicas, pormenorizadas,

utilizadas na realização da pesquisa. Descreve-se, detalhadamente, os

procedimentos estatísticos adotados e as questões éticas envolvidas no

desenvolvimento do estudo.

1.3- Referências

Esta seção apresenta a listagem de todas as referências citadas no

Capítulo 1. As referências citadas no artigo seguem listadas ao final.

Capítulo 2 – Artigo

2.1- Artigo : Índice de conicidade e circunferência da cintura são preditores

antropométricos dos componentes da síndrome metabólica em crianças de 6 a

9 anos.

O objetivo deste artigo foi avaliar a capacidade preditiva dos

índices antropométricos de adiposidade abdominal na identificação precoce

dos componentes da síndrome metabólica (SM). Avaliou-se a circunferência da

cintura (CC), a relação cintura estatura (RCE), o índice de conicidade (IC) e a

relação dobra cutânea subescapular e tricipital (RDC). Os componentes da SM

foram os propostos pela International Diabetes Federation (IDF) com pontos de

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corte ajustados para a idade. Aplicou-se o modelo de regressão logística

multinomial. A prevalência de SM foi 2% e de excesso de peso 38,4%. A

presença de pelo menos um componente da SM foi detectada em 35,8%. O IC

mostrou-se um preditor independente na identificação precoce de pelo menos

um componente da SM, enquanto a CC, neste estudo, é preditora da presença

de dois ou mais componentes da SM para crianças de 6 a 9 anos,

independente do sexo.

Capítulo 3 – Conclusão

Esta seção apresenta as conclusões do trabalho, incluindo aquelas

discutidas no artigo.

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26

Marco Teórico 1.1

- O excesso de peso e a saúde da criança 1.1.1

A obesidade, o mais importante fator de risco conhecido para as

doenças cardiovasculares, é um distúrbio nutricional e metabólico, o qual pode

ser definido como um excesso de adiposidade no organismo6,45.

É uma doença de etiologia multifatorial envolvendo causas genéticas e

ambientais, onde os fatores externos socioambientais são mais relevantes no

seu aparecimento, com destaque para: a exposição prolongada à escassez de

alimentos – intra ou extrauterina, levando à desnutrição e posterior tendência à

obesidade; a transição nutricional com a troca do padrão tradicional para o

padrão contemporâneo (preferência por alimentos industrializados) e o estilo de

vida urbano, marcado pelo sedentarismo da população nas últimas

décadas.4,6,18,45,46.

O ganho ponderal acima do recomendado e o excesso de peso

correlacionam-se com os riscos de doenças cardiovasculares, pois o excesso

de tecido adiposo predispõe a essas doenças devido a anormalidades no

metabolismo lipídico e da glicose, além de alterações na pressão arterial16–18,22–

24. A obesidade, as dislipidemias, a hipertensão arterial, o hábito alimentar

inadequado e o sedentarismo são fatores de risco para as doenças

cardiovasculares,16,19,32.

Nas últimas décadas, houve a redução expressiva da desnutrição em

crianças menores de cinco anos; em contrapartida, as prevalências nacionais

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de sobrepeso e obesidade em crianças de 5 a 9 anos, juntas, somam 47,8%,

sendo 51,4% nos meninos e 43,8% nas meninas (2).

Observa-se, no Brasil, a manutenção de um modelo de transição

nutricional, onde há, por exemplo, a concomitância da obesidade e da anemia

ferropriva nos mesmos ambientes e grupos populacionais7,31.

Segundo dados epidemiológicos nacionais2, observa-se acelerado

aumento do excesso de peso em todas as faixas etárias e de renda, deixando

clara a necessidade de medidas de controle e prevenção do ganho de peso.

Estudos em diferentes regiões do país4,9,47 corroboram esse cenário na

população infantil, conforme demonstrado no Quadro 1.

Quadro 1 - Prevalência de excesso de peso em crianças de diferentes regiões do Brasil

Ano Local N Características Prevalência

2009 Ribeirão Preto 204 Escola particular e pública Idade entre 6 e 10 anos

31 e 27%

2008 Vitória 1.282 Escola particular e pública Idade entre 7 e 10 anos

23,2%

2007 Rio de Janeiro 356 Centro de Saúde (ENSP) Idade entre 5 e 10 anos

10,7%

2006 Nordeste e Sudeste 2.232 Escolas particulares e públicas Idade entre 6 e 9 anos

17,4%

2004 Brasília 452 Escola particular Idade entre 6 e 10 anos

22,1%

2003 Salvador 387 Escola particular e pública Idade entre 5 e 10 anos

30 e 8%

Este aumento expressivo da prevalência de excesso de peso na infância

é atribuído principalmente aos fatores ambientais e socioculturais, o que

envolve a condição socioeconômica, história de risco familiar, desmame

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precoce, prática de dietas com alta proporção de açúcares e gorduras e a

inatividade física4,8,23,45, tendo como consequência, a redução da expectativa

de vida do indivíduo2,5,6,9.

A obesidade na infância está diretamente relacionada à obesidade na

vida adulta. Além disso, aterosclerose e hipertensão arterial – doenças típicas

de adultos – são processos patológicos iniciados na infância e relacionados à

obesidade. Outras doenças, como as dislipidemias, diabetes do tipo 2,

problemas ortopédicos, doenças respiratórias tipo apnéia do sono, litíase biliar,

distúrbios dermatológicos e transtornos alimentares também estão associados

à obesidade.46

As doenças crônicas, muitas vezes comorbidades da obesidade, são a

maior causa de morte no Brasil. Essas doenças favorecem o aparecimento das

lesões vasculares e das placas ateroscleróticas. Múltiplos fatores de riscos

estão relacionados, mas os trabalhos conduzidos por diferentes grupos

apontam a obesidade e o consequente acúmulo de gordura abdominal como

preditores do estado inflamatório crônico de baixa intensidade, característico

dessas doenças6,14,16,17,19,48–50.

O aparecimento do excesso de peso em crianças, acompanhado do

acúmulo de gordura na região abdominal, aumenta o risco de alterações

cardiometabólicas, dada a função secretora do tecido adiposo, que produz

citocinas pró-inflamatórias e aterogênicas51.

Essa epidemia da obesidade em crianças faz emergir a necessidade de

avaliação e monitoramento da composição corporal nesse grupo, uma vez que

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essa condição incorre em risco para o aparecimento de riscos

cardiometabólicos e a manutenção do excesso de peso na vida adulta9,14,16.

- Gordura corporal e o papel metabólico do tecido adiposo 1.1.2

Dentre os diversos mecanismos responsáveis pelo equilíbrio energético,

a composição corporal exerce papel importante, por meio de sinais liberados

pelo tecido adiposo, os quais interagem com o sistema nervoso central51,52. No

entanto, ainda não está bem estabelecido se as alterações metabólicas

precedem ou são consequentes às mudanças na composição corporal dos

indivíduos52.

As proporções dos componentes corporais aliada aos fatores genéticos

parecem determinar a dinâmica com que os mecanismos neuroendócrinos

acontecem no organismo humano e, portanto, o controle do balanço

energético52.

Do ponto de vista metabólico, os triacilgliceróis (TAG) armazenados no

tecido adiposo branco constituem a maior reserva energética do organismo. Os

adipócitos representam de um a dois terços das células do tecido adiposo; as

demais células encontradas neste tecido são os fibroblastos, os pré-adipócitos,

as células mesenquimais, as células endoteliais e as células sanguíneas16.

O acúmulo de lipídios nos adipócitos depende de três vias: da captação

de ácidos graxos a partir das lipoproteínas circulantes (quilomícrons e

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lipoproteínas de muito baixa densidade – VLDL); da síntese de lipídios

(lipogênese de novo); e da mobilização de lipídios estocados (lipólise)16,53,54.

A captação dos ácidos graxos dos TAG, presentes nos quilomícrons e

nas VLDL, pelos adipócitos depende da ação da enzima lipoproteína lipase

(LPL). Essa enzima catalisa a hidrólise dos TAG presentes nos quilomícrons e

VLDL. Dessa reação, ocorre a liberação de ácidos graxos não esterificados e

2-monoacilglicerol, utilizados pelos tecidos de várias maneiras. Nos adipócitos,

os AG liberados são reesterificados e armazenados como TAG16,53.

A coordenação desses processos é realizada por hormônios. No tecido

adiposo branco, a insulina eleva a atividade e a expressão gênica da LPL,

efeito potencializado pelos glicocorticóides. Por outro lado, as catecolaminas, a

testoterona e o hormônio do crescimento diminuem a atividade dessa enzima

no tecido adiposo branco. No tecido adiposo marrom, nos músculos

esquelético e cardíaco, a noradrenalina estimula a atividade do LPL55–57

A resposta diferenciada da atividade da LPL nos vários tecidos,

dependendo da situação fisiológica e hormonal, é crítica para a manutenção da

homeostase. Em situações como a obesidade, por exemplo, verifica-se uma

desregulação no controle da atividade desta enzima no tecido adiposo branco,

o que pode contribuir para o aumento do depósito de TAG neste tecido16,56.

Outra via responsável pelo depósito de lipídios nos adipócitos é a

lipogênese de novo, que permite que o excedente de energia ingerida,

principalmente os carboidratos, seja armazenado sob a forma de TAG no

tecido adiposo branco. Quantidades significativas de ácidos graxos podem ser

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sintetizadas a partir da glicose, do piruvato, do lactato e de certos

aminoácidos53,58

O papel de hormônios como o glucagon, os hormônios tireoidianos, os

glicocorticóides e a insulina na regulação da lipogênese de novo tem sido

objeto de estudos de diversos pesquisadores. A insulina atua na regulação

estimulando a captação de glicose pelos adipócitos, a síntese e a atividade de

enzimas da via lipogênica53.

A hidrólise dos TAG armazenados nos adipócitos é catalisada pela

enzima lipase hormônio-sensível, quando há necessidade da utilização de

ácidos graxos e glicerol para a produção de energia. Essa enzima é ativada por

uma série de hormônios, mas, atualmente, a insulina e o sistema nervoso

simpático são considerados os principais reguladores de sua atividade23,53.

Observa-se que a lipólise não ocorre com a mesma intensidade nos

diferentes depósitos de gordura corporal, o que remete à proposição de que a

distribuição do tecido adiposo interfere na hidrólise dos lipídios

armazenados16,53,56.

Na obesidade abdominal, a atividade lipolítica está aumentada nas

células, produzindo maior liberação dos ácidos graxos livres (AGL) pela veia

porta e consequente elevação de AGL no fígado. Isto diminui a extração

hepática de insulina, gerando hiperinsulinemia sistêmica. Os AGL em excesso

provocam maior produção hepática de glicose, via neoglicogênese, além de

aumentar a liberação hepática de VLDL e apolipoproteína B na circulação. 57–59

Além disso, esses AGL parecem aumentar a sensibilidade vascular por

meio do estímulo alfa-adrenérgico e, em estudos experimentais, observou-se a

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inibição da produção de óxido nítrico, aumentando a vasocontrição e

diminuindo o reflexo do relaxamento vascular. 18,59,60. Outro mecanismo que

explica o aumento da pressão arterial é resultante da hiperinsulinemia, que leva

ao aumento da reabsorção de sódio e água, ativação do sistema nervoso

simpático, diminuição da atividade da enzima Na+-K+-ATPase e acúmulo do

cálcio celular e o estímulo dos fatores de crescimento. 18,60

O balanço entre as vias metabólicas no tecido adiposo mostra-se

importante para a regulação do armazenamento e liberação de energia,

conforme a disponibilidade de substratos e a necessidade do organismo. Esse

é, de fato, o seu papel essencial, todavia a descoberta da teoria lipostática por

Kennedy, em 1953, permitiu assumir a relação entre os estoques de tecido

adiposo e a produção de sinais humorais que alteram o gasto energético e a

ingestão alimentar52,58,61.

Com a identificação da leptina, em 1994, a função endócrina foi

confirmada62. Desde então, outros peptídeos que desempenham ações

hormonais, na regulação energética e na ingestão alimentar tem sido descritos,

demonstrando sua participação efetiva no controle de inúmeras funções

biológicas à obesidade e suas comorbidades 18,51,57,63.

A gordura corporal atua sobre a atividade hormonal e enzimática,

interferindo na ação da insulina, da leptina e de enzimas que participam do

controle do metabolismo energético e da ingestão alimentar52,53,64.

A fisiopatologia da obesidade envolve desequilíbrio energético entre

ingestão e gasto, envolvendo fatores neuroendócrinos, tais como as citocinas

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leptina e adiponectina, reguladoras de processos fisiológicos ligados ao

metabolismo de carboidratos e gorduras.16,23,51.

Citocinas são proteínas de baixo peso molecular com diversas funções

metabólicas e endócrinas que participam da inflamação e resposta do sistema

imune. Várias dessas citocinas são fatores de risco independentes para

doenças da artéria coronária e cerebrovascular. As principais fontes de

citocinas (adipocinas/adipocitocinas) são os tecidos adiposos subcutâneo e

visceral 18,57,58. Deste modo, a massa de tecido adiposo aumentada está

associada com alterações na produção de adipocinas, assim como

superexpressão de TNF-a, IL-6, PAI-1, e sub-expressão de adiponectina no

tecido adiposo. A condição pró-inflamatória associada com essas alterações

sugere ligação entre resistência à insulina e disfunção endotelial no estágio

inicial do processo de aterosclerose, em indivíduos obesos. 18

A secreção de leptina sofre influência do estado nutricional e da gordura

corporal, é estimulada pela ação da insulina, dos glicocorticóides, do TNF-alfa

e estrogênio16,61.

A leptina relaciona-se com a regulação do peso, sendo elevados os seus

níveis no aumento de peso. Assim, o hipotálamo recebe um sinal para a

diminuição da ingestão de alimentos e aumento do dispêndio energético. A

redução do peso, por sua vez, leva a menores níveis de leptina, estimulando o

aumento da ingestão de alimentos e a diminuição do dispêndio energético.

Indivíduos obesos apresentam níveis elevados de leptina, mas possivelmente

possuem resistência a essa substância23,53.

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A adiponectina possui propriedades anti-inflamatórias e

antiaterogênicas, pois é sensibilizadora para insulina. Seus níveis se

correlacionam negativamente com obesidade, hiperinsulinemia, resistência à

insulina, pressão arterial, níveis séricos de triglicérides e LDL-colesterol e,

positivamente, com HDL-colesterol e com a apolipoproteína A, corroborando

seu efeito antiaterogênico23,51,65. Como bem estabelecido, a lipoproteína de alta

densidade exerce efeito protetor no endotélio, devido à sua capacidade de

mediação do transporte reverso do colesterol66.

A função da adiponectina como um marcador anti-inflamatório é de inibir

a adesão de monócitos nas células endoteliais e o acúmulo de lipídios nos

macrófagos, além de estimular a produção de óxido nítrico67.

Nos primeiros anos de vida, estudos em crianças obesas mostraram

alterações nos níveis de adiponectina na ausência de alterações lipidêmicas,

indicando que, na obesidade, as alterações nas citocinas precedam as

lipídicas23,68.

Em recente estudo de metanálise, Silva e colaboradores relataram que

crianças e adolescentes obesos apresentaram concentrações significantes de

PCR mais elevada e menores de adiponectina do que os não obesos, além de

maiores valores de espessamento médio-intimal das artérias, evidenciando

relação entre obesidade e início de processo inflamatório65.

A PCR é uma proteína de fase aguda que indica inflamação sistêmica e

tem o fígado como local mais importante de sua produção, sendo sua

expressão regulada por muitas citocinas inflamatórias, principalmente pela IL-6.

Está diretamente relacionada ao processo aterogênico por induzir a disfunção

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endotelial, constituindo um importante preditor das DCV.69 Brasil et al.

estudaram crianças e adolescentes com e sem obesidade e observaram que

os níveis de PCR aumentaram à medida que o IMC se elevou. As

concentrações de PCR foram significativamente maiores nos obesos em

relação aos controles48.

Sbarbati et al. avaliaram crianças obesas pré-púberes, sem alterações

metabólicas. Os autores avaliaram o envolvimento inflamatório do tecido

adiposo em crianças e buscaram identificar o potencial inflamatório da lesão

elementar. Foi realizado um estudo do tipo caso-controle, sendo 19 crianças

obesas e 5 crianças não obesas como controle, de ambos os sexos. Por

análise ultramicroscópica verificaram que os adipócitos das crianças obesas

eram duas vezes maior que os adipócitos das não obesas. A análise indicou,

ainda, inflamação no tecido adiposo de todas as crianças obesas. Nos

controles, não foi detectada inflamação.70.

Oliveira et al. destacam que o início e o tempo de duração da obesidade,

instalada na infância, constituem fatores importantes no desenvolvimento da

aterosclerose. 60

- O aparecimento dos fatores de risco cardiometabólicos na infância 1.1.3

O interesse na avaliação dos fatores de risco para a ocorrência das

doenças crônicas presentes no início da vida foi despertado pelos achados de

Barker, que encontrou associação entre o baixo peso ao nascer e o

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aparecimento dessas doenças71. A partir de então, outros estudos conduzidos

em diferentes países corroboraram essa informação32,37,44,68.

A hipótese da origem fetal das doenças crônicas não transmissíveis

propõe que o feto é programado por fatores nutricionais que influenciam o

metabolismo e a fisiologia do indivíduo por toda a vida71. Exposições

nutricionais ocorridas nos primeiros anos de vida, também podem estar

associadas ao desenvolvimento de doenças crônicas, dentre as quais o

desmame precoce e o crescimento acelerado (catch-up)68.

A forte associação entre o excesso de peso nas primeiras décadas de

vida e a alta taxa de morbimortalidade na vida adulta por DCV é corroborada

por estudos longitudinais clássicos21,60,72,73.

Must e colaboradores, no Harvard Growth Study, acompanharam

adolescentes durante 55 anos e verificaram que 52% daqueles que

apresentaram excesso de peso na adolescência permaneceram neste estado

nutricional ao final do seguimento. O risco relativo para todas as causas de

doenças coronarianas avaliadas foi, aproximadamente, duas vezes maior nos

indivíduos com excesso de peso73.

O Bogalusa Heart Study, realizado entre os anos de 1973 e 1994 com

9.167 indivíduos de 5 a 17 anos de idade, avaliou fatores de risco para DCV

nas primeiras décadas de vida e constatou que, entre os obesos (813), 58%

tinham pelo menos um fator de risco (dislipidemia, pressão arterial elevada ou

hiperinsulinemia). A chance dos obesos de apresentarem hipercolesterolemia

foi 2,4 maior e a de hipertrigliceridemia, 7,1 maior do que dos eutróficos21.

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A obesidade foi reconhecida como fator de risco independente para

doença arterial coronariana (DAC) a partir dos dados do Framingham Heart

Study, sendo considerada o terceiro fator preditivo mais importante da DAC72.

Nos últimos anos foi-se desenvolvendo o conceito de risco

cardiometabólico em torno de um conjunto de condições que favorecem o

desenvolvimento de diabetes mellitus tipo 2 (DM2) e de DCV. 57,74,75 Estas

condições incluem fatores de risco e marcadores de risco como a hipertensão

arterial, a resistência à insulina, alterações do perfil lipídico com elevação dos

triglicerídeos e LDL-colesterol e diminuição do HDL-colesterol, a obesidade

abdominal, a inflamação sub-clínica e a presença de microalbuminúria, num

fundo de alterações da função endotelial cujo papel de causa ou efeito não está

ainda bem esclarecido. 74,76

Por outro lado, está bem estabelecido que a gordura intra-abdominal

(obesidade visceral) é preditora para o aumento do risco cardiovascular, cujo

mecanismo fisiopatológico parece hoje melhor elucidado, dada a função

endócrina e inflamatória do tecido adiposo. Há um aumento da secreção de

adipocinas pró-inflamatórias e aterogênicas, de AGL e de marcadores

inflamatórios (como a PCR) e diminuição de adiponectina circulante, que por

sua vez, parecem condicionar a dislipidemia, a resistência a insulina e a

inflamação vascular16,18,51–53,57,58,64,65

Estudos em crianças indicam que o processo da aterosclerose inicia-se

em idades precoces e relaciona-se tanto com a obesidade quanto com os

fatores de risco cardiometabólicos tais como a pressão arterial elevada, as

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dislipidemias e as alterações do metabolismo da glicose, podendo levar ao que

se convencionou chamar de síndrome metabólica. 23,24,77

Styne destaca que em 60% das crianças e adolescentes com excesso

de peso há presença de pelo menos um fator de risco cardiometabólico

(dislipidemia, hiperinsulinemia ou pressão arterial elevada) e que em 20%

deles são encontrados dois ou mais fatores de risco. 78

Em obesos, a resistência à ação da insulina no tecido e os níveis séricos

elevados de insulina em jejum são alterações frequentes. Essa capacidade

diminuída dos tecidos-alvo (músculo, tecido adiposo e fígado) de responder à

ação celular da insulina dificulta a entrada de glicose nas células, que se

acumula no sangue. A hiperglicemia desencadeia o aumento da produção

pancreática de insulina, levando à hiperinsulinemia compensatória, que

mantém as concentrações glicêmicas dentro da normalidade. Quando as

células beta do pâncreas atingem seu limite secretor máximo e entram em

falência, o paciente desenvolve DM2. Mesmo antes de o DM2 ser

diagnosticado, ocorrem lesões microvasculares e, desse modo, há

comprometimento da retina, dos rins e dos nervos. 59,60,79

O estudo de Bogalusa sugere que haja uma associação independente

entre resistência à insulina, gordura corporal e risco cardiovascular e, quando

esses fatores são combinados, o aumento no risco cardiovascular é maior do

que quando somente resistência à insulina ou gordura corpórea são avaliadas

isoladamente, ou seja, há um efeito cumulativo80.

A hiperinsulinemia é considerada um fator de risco independente para a

DCV, uma vez que assume importante papel no aparecimento de outros fatores

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de risco cardiometabólicos, como a hipertensão, as dislipidemias e a

hiperuricemia. 59,60,75 Outro estudo conduzido na população do Bogalusa Heart

Study, em crianças de 5 a 9 anos de idade, verificou que, após 8 anos de

seguimento, os casos de hipertensão foram 2,5 e os de dislipidemia 3,0 vezes

maiores em indivíduos com hiperinsulinemia persistente. 81 No Brasil, Ferreira e

colaboradores encontraram resultados semelhantes em crianças de 7 a 10

anos. 82

A resistência insulínica no tecido adiposo leva ao aumento de AGL, que

estimulam a produção hepática de LDL-colesterol, elevando as concentrações

plasmáticas de triglicérides e apolipoproteína B, além de diminuírem as

concentrações de HDL-colesterol. As partículas de LDL-colesterol produzidas

são mais densas, menores e mais ricas em apolipoproteína B, tornando-se

ainda mais suscetíveis à oxidação na parede da artéria e favorecendo a

formação da placa aterosclerótica. Além dos baixos níveis séricos de HDL-

colesterol, há alteração no tamanho dessa lipoproteína, relacionada com o

maior catabolismo devido à maior concentração de triglicérides nestas

partículas, o que diminui seu efeito cardioprotetor. 64,75

Em recente revisão sistemática, Pizzi et al. destacaram que a maior

parte dos estudos em crianças e adolescentes obesos encontrou valores

plasmáticos mais elevados de colesterol total, TAG e LDL-colesterol quando

comparados com os não obesos (p<0,05). Os níveis de HDL-colesterol,

entretanto, foram significantemente menores entre os obesos. Os autores

enfatizam, ainda, que o processo aterosclerótico é diretamente influenciado

pelo grau de obesidade e níveis de lipídios séricos de crianças e

adolescentes.77

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Além dos exames de sangue para perfil lipídico, são importantes as

dosagens dos marcadores inflamatórios, como adiponectina e PCR, pois

alguns estudos em crianças e adolescentes obesos encontraram alteração em

seus níveis séricos quando comparados ao grupo controle, indicando presença

de inflamação nesses indivíduos.67,83,84.

Está claro que múltiplos fatores de risco estão relacionados com a

ocorrência das DCV, mas os trabalhos conduzidos por diferentes grupos

apontam a obesidade e o consequente acúmulo de gordura visceral como

preditores do estado inflamatório crônico de baixa intensidade, característico

dessas doenças4,6,14,17,19,20.

Alguns estudos internacionais apresentam resultados pontuais sobre a

relação entre o excesso de peso, a gordura corporal e o estado inflamatório

sub-clínico em crianças17,18,21–24,26,27. Estrias gordurosas, precursoras das

placas ateroscleróticas, podem aparecer na camada íntima da aorta aos 3 anos

de idade e nas coronárias durante a adolescência27.

A hipertensão é um dos principais fatores para o desenvolvimento da

aterosclerose, chamada de disfunção endotelial na infância 77,83.

Estudos mostram a relação entre a obesidade e a hipertensão arterial e

existem vários mecanismos fisiopatológicos explicativos: ocorre uma disfunção

do sistema nervoso simpático com aumento da frequência cardíaca basal e

variabilidade da PA. Muitos fatores atuam em conjunto para promover

vasoconstrição e retenção de sódio. A principal hipótese sugere que a leptina,

os ácidos graxos livres e a insulina, cujas concentrações estão aumentadas na

obesidade, atuem de maneira sinérgica, estimulando a atividade simpática e a

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vasoconstrição. A resistência à insulina tem papel direto na retenção renal de

sal e aumenta a secreção de angiotensina II pelos adipócitos hipertrofiados.

Em células vasculares endoteliais, a angiotensina II inibe a geração do óxido

nítrico, contribuindo para vasoconstrição e hipertensão diastólica. No músculo

cardíaco, ela inibe a captação da glicose e leva à hipertrofia miocárdica e, nos

rins, leva à ativação do sistema renina-angiotensina-aldosterona e induz à

retenção de água, sódio e hipertensão sistólica. Paralelo a isso, alterações

vasculares estruturais, com disfunção endotelial e menor complacência

vascular, também predispõem à hipertensão arterial sistêmica 18,59,85.

Os casos de hipertensão arterial na infância são importantes preditores

da saúde cardiovascular no indivíduo adulto, já que crianças com valores

pressóricos acima do percentil 90 frequentemente tornam-se adultos

hipertensos86.

Um estudo de base populacional avaliou 1.125 crianças e adolescentes

de escolas públicas, com idade entre 7 e 14 anos de ambos os sexos, e

encontrou prevalência de excesso de peso de 12,6% e hipertensão de 4,8%,

sendo que a chance dos indivíduos com excesso de peso apresentarem

hipertensão arterial foi 3,02 maior do que os eutróficos. 87 Isso também é

observado no estudo de Ferreira e Aydos que, ao estudar 129 crianças e

adolescentes obesos com idade entre 7 e 14 anos, encontraram prevalências

de 15,8% nos meninos e 26,4% nas meninas. 88

Essa associação é também relatada em inúmeros estudos

epidemiológicos, nacionais e internacionais, tanto em adultos, quanto em

crianças e adolescentes.

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Damiani et al. chamam a atenção para o fato de que, quando estamos

diante de uma criança obesa que começa a apresentar alterações metabólicas,

há necessidade de intervenções precoces para evitar as complicações futuras,

como DM2 e DCV, que podem surgir precocemente na fase mais produtiva do

indivíduo, com repercussões no âmbito pessoal, social e econômico. 74

Segundo Paul Zimmet40, possivelmente essa geração de crianças seja a

primeira que poderá morrer antes de seus pais em função das doenças

crônicas não transmissíveis, representando um cenário de risco atual e futuro

para esses jovens, visto que a síndrome metabólica ou a presença isolada dos

seus componentes vão continuar a aumentar, a menos que medidas de

prevenção efetivas sejam realizadas89.

– A síndrome metabólica na infância 1.1.4

A síndrome metabólica foi descrita inicialmente por Reaven em 1988,

que apresentou um conceito clínico com foco na resistência à insulina,

explicando a ocorrência da intolerância à glicose, da pressão arterial elevada,

das dislipidemias e da aterosclerose em adultos79.

A partir de então, várias propostas foram publicadas para avaliar a

prevalência da síndrome em adultos, dentre as quais se destacam os critérios

estabelecidos pela OMS em 1998, pela Egir em 1999, pelo NCEP-ATP III em

2001, pela AACE em 2003, pelo NCEP/IDF em 2005 e pela SBC em 2006.

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Em 2011, Reaven90 retoma a história do conceito de síndrome

metabólica e as tentativas das organizações em estabelecer critérios

diagnósticos em adultos, além de destacar o papel etiológico da obesidade

abdominal no desenvolvimento dos outros componentes da síndrome. A

publicação também apresenta uma discussão sobre o uso do diagnóstico da

síndrome metabólica como uma forma eficaz de identificar indivíduos

aparentemente saudáveis em risco de desenvolver doença cardiovascular.

Na faixa etária pediátrica, a obesidade parece ser um determinante

importante para o aparecimento da resistência insulínica, o que torna as

crianças obesas um grupo de risco para o desenvolvimento da síndrome

metabólica23.

Outrossim, as crianças vêm se tornando cada vez mais vulneráveis ao

excesso de peso, numa versão mais jovem da epidemia global da obesidade

adulta, inclusive com a presença da aterosclerose precoce, compondo um

quadro característico da síndrome metabólica que, embora conceitualmente

bem definida em adultos, carece de um conceito global para o seu diagnóstico

em crianças, o que dificulta traçar um perfil mundial de prevalência nessa

população21.

No decorrer dos estudos sobre o assunto, alguns critérios adotados em

adultos foram adaptados a valores de referências pediátricos na tentativa de

determinar a prevalência de síndrome metabólica em crianças e

adolescentes31.

Todavia, não existe, ainda, consenso em relação aos critérios utilizados

para o diagnóstico de síndrome metabólica na infância. Entretanto, o

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aparecimento isolado ou associado de alterações clínicas e laboratoriais

implica em monitoração frequente e tratamento. Entre os componentes estão:

obesidade, glicemia elevada ou resistência insulínica, dislipidemia (aumento

dos TAG, da fração LDL ou diminuição da HDL), hipertensão arterial e aumento

da circunferência abdominal.46

Em trabalho de revisão da literatura, Ford e Li76 observaram que, em 27

publicações, foram encontradas 40 definições distintas para a síndrome

metabólica nessa faixa etária. A maioria destas definições foram adaptações da

definição de adultos desenvolvida pelo NCEP-ATP III.

Alguns autores publicaram propostas de classificação pediátrica da

síndrome metabólica, dentre eles se destacam os critérios propostos por Cook

e colaboradores em 2003, de Ferranti e cols. em 2004, Cruz e cols. em 2004,

Weiss e cols. em 2004 e Ford e cols. em 2005 40.

Em 2007, a International Diabetes Federation (IDF) publicou um

consenso para a definição da síndrome metabólica em crianças e

adolescentes, indicando critérios e pontos de corte a partir dos 10 anos de

idade. Os critérios propostos são a presença de obesidade abdominal

(determinada pela circunferência da cintura), somada a pelo menos duas das

seguintes alterações: aumento da pressão arterial, hipertrigliceridemia,

diminuição da HDL-colesterol e hiperglicemia 40.

A despeito disso, não existe consenso para a definição da síndrome

metabólica em crianças menores de 10 anos, embora já se saiba que a idade

próxima aos 6 anos é um dos períodos críticos no desenvolvimento e de maior

acúmulo de gordura corporal e que, portanto, nessa fase da vida, a obesidade

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tende a persistir na vida adulta e a contribuir significativamente para o

aumento da morbidade e da mortalidade.46

Os impactos na saúde da criança podem ser observados até mesmo em

tenra idade. Madeira e colaboradores estudaram crianças brasileiras pré-

púberes e encontraram relação entre o excesso de peso e os fatores de risco

metabólicos e níveis de adipocitocinas em indivíduos a partir dos dois anos 23.

Poucos estudos brasileiros avaliaram a presença de síndrome

metabólica na infância23,82,91–95. A maioria deles adotou como definição da

síndrome metabólica os critérios adaptados do National Cholesterol Education

Program's Adult Treatment Panel III (NCEP-ATP III), estudou indivíduos com

excesso de peso prévio e ampla faixa etária, frequentemente avaliando

crianças e adolescentes juntos, sob as mesmas condições e critérios

diagnósticos.

Os critérios do NCEP-ATP III adaptados para a faixa pediátrica

consideram a presença de pelo menos três dos seguintes itens: circunferência

da cintura aumentada, dislipidemia (hipertrigliceridemia e/ou diminuição do

HDL-colesterol), hiperglicemia e pressão arterial elevada, seguindo pontos de

corte adequados à idade.

Ferreira et al. estudaram 52 crianças obesas de 7 a 10 anos do Distrito

Federal e detectaram síndrome metabólica em 17,3% pela definição modificada

do NCEP-ATP III 82. Utilizando a mesma definição, Medeiros e colaboradores

encontraram prevalência de 59,7% quando estudaram 196 indivíduos com

excesso de peso de 2 a 18 anos (63,8% adolescentes) 91.

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No Rio de Janeiro, foram estudadas 140 crianças obesas ou com

sobrepeso, com idades entre 2 e 11 anos, pré-púberes pelos critérios de

Tanner, e encontrou-se prevalência de 16,4% de síndrome metabólica,

classificada a partir da proposta adaptada do IDF para crianças acima de 10

anos23.

Um estudo de base populacional realizado em 2014, na cidade de

Salvador, com 879 crianças e adolescentes (73,6% maiores de 10 anos),

encontrou prevalência de 6,6% de síndrome metabólica 92. Prevalência de

12,8% foi detectada em amostra randomizada de 540 indivíduos de 7 a 14

anos no Recôncavo Baiano 93. Ambos utilizaram os critérios adaptados do

NCEP-ATP III.

Também adotando a definição modificada do NCEP-ATP III, Seki et al.

estudaram 2170 crianças e adolescentes (6 a 16 anos) e encontraram

prevalência de 3,6% de síndrome metabólica no total de indivíduos analisados;

quando estratificados por estado nutricional a prevalência entre os obesos

(34,5%) foi significantemente maior do que entre sobrepeso (10,7%) e eutrofia

(0,3%) 95.

Strufaldi et al. avaliaram 205 crianças pré-púberes de 6 a 10 anos em

São Paulo e utilizaram duas definições adaptadas para a faixa pediátrica para

classificar a síndrome metabólica. Quando avaliadas pelos critérios do NCEP-

ATP III a prevalência foi de 9,3% e de 1,9% quando adotados os critérios da

OMS. Entre os obesos, as prevalências da síndrome aumentaram para 25,8%

(NCEP-ATP III) e 5,2% (OMS) 94.

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Embora seja a definição mais comumente adotada, a classificação pelos

critérios do NCEP-ATP III não considera os valores de insulina sérica,

parâmetro importante na avaliação da resistência insulínica frequentemente

associada ao desenvolvimento da síndrome metabólica 96.

A diferença observada entre as prevalências de síndrome metabólica

nos estudos supracitados parece ter relação com a faixa etária avaliada,

observando-se taxas mais elevadas conforme o aumento da idade. Isso pode

ser explicado pelas alterações hormonais presentes durante a puberdade,

tornando os adolescentes mais insulino-resistentes quando comparados às

crianças e justificando o estudo independente dessas faixas etárias91.

A falta de consenso sobre os critérios de classificação da síndrome

metabólica na população infantil dificulta o conhecimento de sua real

prevalência e a comparação entre diferentes estudos.

Golley et al. avaliaram as implicações da variação da definição de

síndrome metabólica sobre a prevalência da mesma. Em um grupo de 99

crianças pré-púberes de 6 a 9 anos com excesso de peso, aplicaram seis

definições distintas e encontraram prevalências de 0 a 60%, uma variação

importante e preocupante. Os autores concluíram que a classificação da

síndrome metabólica depende fortemente dos critérios adotados para o seu

diagnóstico, destacando que a prevalência é maior quando os valores de

insulina sérica estão entre os componentes 96.

O desenvolvimento da resistência à insulina está associado ao acúmulo

de gordura na região abdominal, tornando evidente a importância da

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distribuição da gordura corporal para o desenvolvimento da síndrome

metabólica 53,57,59.

- Avaliação da composição corporal em crianças 1.1.5

A composição corporal divide-se em cinco níveis de organização no

corpo humano: anatômico, molecular, celular, sistema de tecidos e corpo inteiro

(nível funcional)97. O modelo mais usual é o de dois compartimentos, no qual

um é a gordura corporal e o outro a massa magra (água, proteínas, ossos,

lipídios essenciais, dentre outros componentes) 54,97

Em crianças, a avaliação da composição corporal fornece informações

sobre o padrão de crescimento e desenvolvimento, além de permitir a

quantificação e mapeamento da gordura corporal98. Essas análises tornam-se

importantes na promoção da saúde infantil, uma vez que o excesso de peso

apresenta crescimento acelerado nesse grupo e caracteriza-se como fator de

risco para a obesidade adulta e como preditor de doenças

cardiovasculares9,17,19,36,48.

A idade próxima aos 6 anos é um dos períodos críticos no

desenvolvimento e de maior acúmulo de gordura corpórea. Nessa fase da vida,

a obesidade tende a persistir na vida adulta e contribui significativamente para

o aumento do morbidade e da mortalidade.46

O interesse em medir a quantidade dos diferentes componentes do

corpo humano é crescente, principalmente em função da associação da

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gordura abdominal e o aumento do risco de desenvolvimento de doenças

coronarianas, diabetes do tipo 2, ostéo-artrites e até mesmo alguns tipos de

câncer98,99. No entanto, a maior parte dos estudos de composição corporal

valida técnicas para a população adulta98.

As técnicas de análise da composição corporal são divididas em três

grupos: diretas, indiretas e duplamente indiretas. Embora o método direto seja

o mais preciso, seu uso é limitado, pois a avaliação é realizada a partir da

dissecação física ou físico-química de cadáveres.

As técnicas indiretas (pesagem hidrostática, hidrometria, plestimografia,

absorciometria radiológica de dupla energia – DEXA, tomografia

computadorizada e ressonância magnética) apresentam boa precisão, porém

são de alto custo financeiro e necessitam de sofisticados protocolos

metodológicos, inviabilizando o uso em estudos populacionais, no entanto são

amplamente utilizadas para validar as técnicas duplamente indiretas

(bioimpedância elétrica e antropometria)99,100.

Estudos mais recentes têm indicado o uso da técnica de diluição de

isótopos estáveis na avaliação da composição corporal na infância. Este

método adota o modelo de dois compartimentos e afere a água total, pois a

água é o maior componente fracionário do peso corporal e da massa magra,

exceto em casos de obesidade extrema. O isótopo mais comumente utilizado

para a ingestão da água duplamente marcada é o deutério e a técnica baseia-

se no principio de conservação de massas (ou principio da diluição).

A escolha da técnica para análise da composição corporal deve levar em

consideração o que se pretender medir, os custos, o nível de treinamento dos

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avaliadores, o tempo de execução, a receptividade da população e os

possíveis riscos à saúde98.

Além disso, o estudo da composição corpórea em crianças torna-se

mais difícil em relação aos adultos, uma vez que, nessa fase, há alterações

expressivas nas proporções e na densidade dos componentes da massa livre

de gordura, como a diminuição da água corporal total e o aumento do conteúdo

mineral ósseo. Desse modo, ao utilizar estimativas baseadas em adultos,

haverá superestimação do percentual de gordura nas crianças em função da

imaturidade química e, consequentemente, às alterações constantes da

composição corporal. 100.

A ressonância magnética e a tomografia computadorizada são técnicas

precisas que diferenciam a gordura visceral da subcutânea, entretanto não são

viáveis em investigações epidemiológicas pelo seu alto custo, dose de radiação

e inadequação de uso em crianças101. Em contrapartida, medidas

antropométricas, como por exemplo, a circunferência da cintura, apresentam as

vantagens da simplicidade de obtenção, o baixo custo e a inocuidade102.

Na saúde pública, os métodos mais frequentemente utilizados para

análise da composição corporal em crianças são baseados na antropometria

(dobras cutâneas e circunferências) e na bioimpedância elétrica (BIA), pelo fato

de serem técnicas acessíveis, de fácil manejo e oferecerem uma boa

estimativa tanto do percentual total quanto da distribuição da gordura

corpórea.100.

A BIA tem sido amplamente utilizada, sobretudo pela alta velocidade no

processamento das informações, por ser um método não invasivo, prático,

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reprodutível e relativamente barato, que estima, além dos componentes

corporais, a distribuição dos fluidos nos espaços intra e extracelulares 103.

A BIA fundamenta-se no princípio de que os tecidos corporais oferecem

diferentes oposições à passagem da corrente elétrica. Em sistemas biológicos,

a corrente elétrica é transmitida pelos íons diluídos nos fluidos corporais,

especificamente íons de sódio e potássio. Os tecidos magros são altamente

condutores de corrente elétrica devido à grande quantidade de água e

eletrólitos, ou seja, apresentam baixa resistência à passagem da corrente

elétrica. Por outro lado, a gordura, o osso e a pele constituem um meio de

baixa condutividade, apresentando, portanto, elevada resistência. 103,104.

A avaliação da composição corporal baseada em métodos

antropométricos pode ser realizada a partir de medidas de dobras cutâneas e

circunferências corporais.

A utilização das dobras cutâneas parte do pressuposto que: elas

fornecem uma boa estimativa da gordura subcutânea; a distribuição da gordura

subcutânea e da gordura corporal interna são semelhantes em todos os

indivíduos de mesma idade e sexo; e as medidas de gordura subcutânea em

vários sítios do corpo podem ser utilizadas para estimar a gordura corporal

total105.

Análises de regressão são amplamente empregadas na tentativa de

derivar equações preditivas da quantidade de gordura total a partir das

estimativas de gordura subcutânea, todavia existem dificuldades no uso dessas

suposições de derivação para estimar a composição corporal em crianças.100

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Slaughter e cols. Propuseram equações para predizer a gordura corporal

em crianças e adolescentes até 17 anos de idade, baseadas na soma da dobra

cutânea tricipital e subescapular ou tricipital e panturrilha, levando em conta o

sexo, a maturação e a etnia 105,106

Williams et al. (1992) recomendaram os pontos de corte para o

percentual de gordura corporal total de 25 e 30 para meninos e meninas,

respectivamente, com base nos dados do Bogalusa Heart Study, estimados por

dobras cutâneas, pois observaram associação com maior risco de doenças

cardiovasculares (pressão arterial aumentada, aumento do colesterol total e da

lipoproteína de baixa densidade).105,107

Para crianças e adolescentes ainda se dispõe de poucos dados sobre

indicadores antropométricos de localização de gordura. O indicador

frequentemente empregado é a circunferência da cintura (CC).108

Outros índices antropométricos como a razão cintura/estatura (RCE), o

índice de conicidade (IC) e a razão entre dobras cutâneas (RDC) também se

mostram úteis para identificar a obesidade central, de simples obtenção, de

baixo custo e inócuas. Entretanto só há evidências de que estes índices são

capazes de predizer a morbimortalidade por doença cardiovascular em adultos

e idosos.

É importante ressaltar a importância de se avaliar diversas medidas de

localização da gordura corporal quanto à capacidade de predizer fatores de

risco cardiometabólicos em crianças e a aplicabilidade de pontos de corte

específicos para este grupo populacional. Tais avaliações poderiam levar à

determinação de medida única para predição de risco cardiometabólico na

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prática clínica, promovendo maior acurácia e facilidade de uso e possibilitando

intervenção precoce e condução de ações preventivas, reduzindo a

morbimortalidade e o custo socioeconômico desnecessário com o sistema de

saúde.

- Indicadores antropométricos de adiposidade abdominal em crianças 1.1.6

A Organização Mundial de Saúde recomenda o uso da antropometria na

identificação de indivíduos e populações em risco (screening); seleção de

indivíduos para determinada intervenção; avaliação do impacto de uma

intervenção realizada; seleção de indivíduos para um tratamento de alto risco

ou para receber certos benefícios, bem como para estabelecer padrões de

normalidade. 109

A antropometria, embora de menor acurácia quando comparada a outros

métodos como a tomografia computadorizada, imagem de ressonância

magnética e radioabsorciometria de feixes duplos (DEXA), que tem sido muito

usada em crianças e adolescentes são medidas de fácil obtenção, inócuas e de

baixo custo, sendo portanto úteis na prática clínica e em estudos

epidemiológicos. Além disso, pelo alto custo e pela exposição à radiação, o

emprego destas técnicas é limitado101.

Os indicadores antropométricos de localização da gordura corporal são

usados com objetivo de identificar indivíduos em risco de morbimortalidade110.

A melhor medida de localização de gordura é aquela que estima com maior

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precisão a gordura visceral, visto que este tipo de gordura está mais fortemente

associado com os fatores de risco cardiometabólicos111.

O efeito da distribuição da gordura corporal sobre o perfil metabólico em

crianças e adolescentes obesos está mais relacionado com alterações da

síndrome metabólica do que a gordura periférica. Todavia, a maioria dos

trabalhos na população infantil não avalia diretamente a gordura visceral (intra-

abdominal), a qual tem maior relação com as alterações metabólicas.

Para diferenciar a gordura subcutânea e a gordura visceral seria

necessária a utilização de métodos mais sofisticados, como por exemplo a

ressonância magnética ou a tomografia computadorizada101. Entretanto, na

prática clínica e em estudos epidemiológicos, a utilização desses métodos é

inviável, recomendando-se então a utilização de medidas antropométricas

92,108.

Diversos indicadores antropométricos têm sido propostos como

marcadores preditivos dos distúrbios metabólicos. O índice de massa corporal

(IMC) tem sido usado largamente como um indicador de risco para doenças

cardiovasculares e diabetes. No entanto, esse indicador tem sido criticado por

não se correlacionar com a composição e a distribuição da gordura corporal.

Em adultos, indicadores de obesidade central tais como a circunferência da

cintura (CC), a razão cintura/estatura (RCE) e a razão cintura/quadril (RCQ)

apresentam-se como melhores preditores de alterações metabólicas

relacionadas ao risco cardiovascular do que o IMC.112.

Na população infantil, entretanto, ainda não se estabeleceu a melhor

medida antropométrica para a avaliação da distribuição da gordura corporal,

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assim como pontos de corte internacionalmente aceitos para a classificação de

excesso de gordura abdominal 40–42,92. O conhecimento desses pontos de corte

é útil na detecção do risco de alterações metabólicas.

Tal aspecto é importante pois observa-se, desde a infância, que o

aumento da gordura corporal, especialmente o tecido adiposo visceral, associa-

se com maiores concentrações circulantes de substâncias proinflamatórias e

aterogênicas 16,23,24.

A medida de adiposidade central mais comumente utilizada na faixa

etária pediátrica é a CC, que, segundo Taylor et al., provê uma simples e

efetiva medida de gordura tronco-abdominal, apresentando maior correlação do

que a RCQ com esse tipo de gordura em crianças e adolescentes. A correlação

estatística encontrada entre a medida de CC com a medida do tecido adiposo

intra-abdominal foi de 0,84 e de 0,93 com a medida de tecido adiposo

subcutâneo, obtidos por tomografia computadorizada113. Não há consenso,

entretanto, do ponto de corte mais adequado para definir risco

cardiometabólico nesta população 108.

Considerando que as alterações cardiometabólicas são a principal causa

de morbi-mortalidade em países desenvolvidos e em desenvolvimento, a

identificação de marcadores de risco de fácil aplicação, boa acurácia e baixo

custo mostra-se útil aos serviços de saúde e ao screening em grupos

populacionais específicos, como a população infantil, nas pesquisas

epidemiológicas.

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Nos últimos anos, novos indicadores foram propostos com a finalidade

de detectar o excesso de gordura corporal como, por exemplo, o índice de

conicidade (IC) e a relação cintura/ estatura (RCE) 99.

Proposto por Valdez, o IC representa um indicador de obesidade

abdominal, considerando-se que indivíduos com menor acúmulo de gordura na

região central teriam a forma corporal semelhante à de um cilindro, enquanto

aqueles com maior acúmulo se assemelhariam a um duplo cone, tendo uma

base em comum 114.

A RCE baseia-se no pressuposto de que para determinada estatura há

um grau aceitável de gordura armazenada na porção superior do corpo.

McCarthy et al. propuseram o ponto de corte de 0,5 para a RCE como universal

no rastreamento do risco cardiovascular, tanto para crianças e adolescentes

quanto para adultos 115.

Diante da escassez de recursos para a aquisição de métodos mais

acurados para avaliação da composição corporal pelos serviços públicos de

saúde, os indicadores antropométricos são instrumentos alternativos para

avaliação adiposidade central de forma rápida, acessível e não invasiva. Nesse

panorama, o estudo de outros indicadores antropométricos de adiposidade

central como a RCE e o IC como preditores do risco cardiometabólico na

infância mostra-se relevante.

Além disso, em relação a populações latinas ou miscigenadas, ainda

não estão disponíveis estudos epidemiológicos apontando a melhor medida

antropométrica para esse fim ou seu ponto de corte em crianças e

adolescentes 92.

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Detalhamento Metodológico 1.2

O presente estudo é parte integrante da pesquisa intitulada “Excesso de

peso, fatores de risco cardiovascular e síndrome metabólica em crianças”,

conduzido por pesquisadores em Vitória, ES, e deu sequencia à investigação

descritiva das “Alterações antropométricas e metabólicas em escolares de seis

a nove anos no município de Vitória, ES”, tema de uma dissertação de

mestrado defendida no Programa de Pós-Graduação em Saúde da Criança e

do Adolescente da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)47.

O referido trabalho estudou 620 escolares pré-púberes de ambos os

sexos, com idade entre seis e nove anos, matriculadas em 2010 e 2011 nas

Escolas Municipais de Vitória, ES, selecionadas a partir de amostragem

probabilística por conglomerados (Regiões de Saúde)47.

- Tipo de Estudo 1.2.1

Trata-se de um estudo observacional analítico transversal116.

- População e amostra 1.2.2

Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios

(PNAD) de 2008, a cidade de Vitória (Espírito Santo, Brasil) possui população

estimada de 320.156 pessoas, das quais 7,61% (24.363) encontram-se na

faixa de cinco a nove anos. No entanto, por se tratar de um estudo de base

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escolar, adotou-se como universo para o cálculo amostral as informações do

banco de dados de matrículas da Secretaria Municipal de Educação de Vitória

(SEME/PMV) do ano de 2009 (18.500). Realizou-se dimensionamento amostral

para estimativas de proporções a partir de intervalos de confiança para

populações finitas adotando erro absoluto, com grau de confiança de 95%,

estimativa de prevalência de excesso de peso na população estudada de 23%

e erro absoluto tolerado de 3%, totalizando tamanho amostral de 540 crianças.

Embora 620 indivíduos tenham sido estudados, a coleta sanguínea foi possível

em 505 crianças.

Para o recrutamento dos sujeitos, foram considerados os critérios de

territorialização adotados pelo município de Vitória, que apresenta seis regiões

de saúde. Cada região de saúde foi representada por, pelo menos, uma escola,

sorteada dentre o grupo de escolas de sua área de abrangência. Caso a região

de saúde fosse responsável por mais de dez escolas, optou-se por sortear

duas escolas, de modo a garantir a representatividade de cada região. Após o

sorteio, a pesquisadora responsável solicitou autorização ao diretor de cada

unidade escolar (APÊNDICE 1). Os critérios de seleção do estudo foram: a

criança ser matriculada na escola sorteada e possuir de seis a nove anos no

momento das avaliações, e não apresentar: edema, doenças agudas ou

crônicas, obesidade secundária, uso de estatinas e puberdade (critério de

Turner). Todas as crianças diagnosticadas com alguma alteração nutricional

foram encaminhadas para acompanhamento nos ambulatórios de nutrição e de

endocrinologia pediátrica do Hospital da Santa Casa de Misericórdia de Vitória,

ES.

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- Coleta de dados 1.2.3

A coleta de dados foi realizada pela pesquisadora no período de período

de outubro de 2010 a outubro de 2011, utilizando informações obtidas do

Formulário para Coleta de Dados (APÊNDICE 2) do projeto “Excesso de peso,

fatores de risco cardiovascular e síndrome metabólica em crianças”. Os dados

foram coletados e registrados por equipe de pesquisadores e bolsistas de

iniciação científica previamente treinados para executar as técnicas descritas.

Os dados coletados foram: sexo, data de nascimento, idade, etnia, peso,

estatura, classificação do estado nutricional avaliados pelo índice IMC/Idade,

circunferência abdominal, dobras cutâneas (triciptal e subescapular),

percentual de gordura corporal total e pressão arterial sistólica e diastólica.

Além disso, foram coletados os resultados dos exames laboratoriais na

plataforma eletrônica da Central Sorológica de Vitória (CSV): colesterol total e

frações, triacilgliceróis, glicose, insulina, PCR ultra-sensível, proteínas totais e

frações e ferritina sérica.

- Técnicas adotadas 1.2.4

Todos os procedimentos de aferição foram realizados em ambiente

escolar por avaliadores treinados, de acordo com o estabelecido pela

Organização Mundial da Saúde (OMS)109.

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Avaliação do Estado Nutricional

O peso das crianças foi aferido em balança TANITA® portátil, digital, com

capacidade de 136 kg e divisão de 100 g, e estatura das crianças foi aferida

em estadiômetro ALTURAEXATA® com extensão de 214 cm e subdivisões de

1 mm.

A partir das medidas de peso e estatura, foi calculado o Índice de Massa

Corporal (IMC) aplicando-se a fórmula Peso (kg)/Estatura (m)². O estado

nutricional das crianças foi classificado de acordo com as preconizações da

Organização Mundial da Saúde, utilizando-se o índice IMC para a idade (IMC/I)

em escore-z. Para a classificação de sobrepeso e obesidade foram adotados

os valores de escore-z superiores a +1 e +2, respectivamente117.

Índices antropométricos de adiposidade central

Os índices antropométricos avaliados como possíveis preditores dos

fatores de risco cardiometabólicos foram a circunferência da cintura (CC), a

relação cintura estatura (RCE), o índice de conicidade (IC) e a relação dobra

cutânea subescapular e triciptal (RDC).

A medida da circunferência da cintura foi aferida com fita métrica

inelástica, com extensão de 150 cm e subdivisões de 1 mm e considerada

como a menor circunferência abaixo das costelas e acima do umbigo na

expiração69. O ponto de corte adotado para a classificação foi a proposta de

Fernández e colaboradores adotada pela International Diabetes Federation

(IDF), que estabelece o percentil 90 para todas as etnias, segundo sexo e

idade40.

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A partir das medidas de circunferência da cintura e estatura em metros e

do peso em kg, foi calculado o Índice de Conicidade (IC) aplicando-se a

fórmula proposta por Valdez114: IC = Circunferência da cintura(m) / 0,109 x √

[Peso (kg)/Estatura (m)]. Não existem pontos de corte estabelecidos e

validados para a população infantil, assumiu-se os pontos de corte propostos

por Sant’Anna e colaboradores99 em estudo realizado com crianças brasileiras

segundo a faixa etária e o sexo, conforme Quadro 2.

Quadro 2 - Pontos de corte do Índice de Conicidade propostos para crianças de 6 a 9 anos99

.

Idade Índice de Conicidade (Meninas)

Índice de Conicidade (Meninos)

6 > 1,17 > 1,15 7 > 1,18 > 1,17 8 > 1,16 > 1,15 9 > 1,16 > 1,14

Foi calculada também a relação cintura/estatura (RCE) e considerado o

ponto de corte de 0,5 proposto por Garnett e colaboradores118 para avaliar o

risco cardiovascular em crianças a partir dos seis anos de idade.

Para o cálculo da RDC, as dobras cutâneas subescapular e triciptal

foram aferidas com o adipômetro Lange Skinfold Caliper®, de acordo com as

técnicas preconizadas por Heyward et al.105. O valor utilizado foi a média obtida

de duas medidas não consecutivas de cada dobra, e caso a diferença das duas

medidas fosse maior ou igual a dois mm, era realizada a terceira medida.

Adotou-se os pontos de corte propostos por Martinez: valores entre 0,76 e 0,99

indicam risco e valores iguais ou superiores a 1,0 indicam obesidade central119.

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Avaliação da composição corporal

A avaliação do percentual de gordura corporal total foi realizada em

monitor de composição corporal TANITA® portátil, digital, bipedal. Todas as

medidas foram realizadas utilizando os padrões de exame e protocolos de

posicionamento descritos no manual do aparelho. Os pontos de corte adotados

para a classificação do percentual de gordura corporal foram de 25% para os

meninos e 30% para as meninas, de acordo com a recomendação de Williams

e colaboradores107. Esse critério foi escolhido por ser considerado um preditor

de doenças cardiovasculares.

Avaliação da pressão arterial

A mensuração da pressão arterial foi realizada utilizando o aparelho de

pressão Omron 705-CP com manguito para crianças, validados conforme

protocolos internacionais adotados no Brasil pela Sociedade Brasileira de

Cardiologia120. A medida da pressão arterial foi tomada três vezes, com um

intervalo mínimo de um minuto entre as medidas, conforme as orientações da

IV Diretriz de Hipertensão Arterial. A média das medidas da pressão arterial

sistólica (PAS) e da pressão arterial diastólica (PAD) foi classificada de acordo

com a proposta do National High Blood Pressure Education Program

(NHBPEP), que recomenda o percentil 90 para detectar alterações

pressóricas121.

Exames laboratoriais

Para a avaliação laboratorial, 10 mL de sangue venoso foram coletados

assepticamente em membro superior por técnicos treinados, em ambiente

escolar, após jejum informado de 12 horas, fracionado em seus constituintes e

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acondicionado de acordo com as necessidades de cada exame e todas as

análises foram realizadas na Central Sorológica de Vitória (CSV).

O método adotado para a dosagem de glicose foi o enzimático

colorimétrico e o ponto de corte utilizado para classificar a hiperglicemia foi

igual ou superior a 100 mg/mL, de acordo com a Sociedade Brasileira de

Pediatria122.

A dosagem de insulina foi realizada por quimioluminescência e os

valores encontrados foram utilizados para o cálculo do HOMA-IR. Para o

cálculo do índice HOMA-IR, foi necessário converter para mmol/L os valores de

glicemia, obtidos em mg/dL. Para tanto, esses valores foram multiplicados por

0,0556. Pôde-se, então, calcular o HOMA-IR pela equação: Insulina de jejum x

Glicose de jejum/22,59. Para a análise do HOMA-IR, utilizou-se o ponto de

corte de 2, de acordo com o proposto por Cuartero e colaboradores123 para

crianças.

A avaliação das concentrações séricas de triglicerídios (TG), colesterol

total (CT) e HDL-colesterol (HDL-C) foi realizada pelo método enzimático

colorimétrico e os valores de LDL-colesterol (LDL-C) foram calculados a partir

da fórmula de Friedwald. Os pontos de corte adotados estão apresentados no

Quadro 3, de acordo com as recomendações da I Diretriz de Prevenção da

Aterosclerose na Infância e na Adolescência124.

Quadro 3 - Valores de referência lipídica propostos para a faixa etária de 2 a 19 anos124

.

Parâmetro Desejáveis (mg/dL) Limítrofes (mg/dL) Aumentados (mg/dL)

CT <150 150-169 ≥170 LDL-C <100 100-129 ≥130 HDL-C ≥45 - -

TG <100 100-129 ≥130

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A proteína C reativa ultra-sensível (PCR-US) foi avaliada pelo método de

quimioluminescência com limite de detecção de 0,1 mg/L, e foi considerado

risco aumentado valores superiores a 1,5 mg/L125.

As concentrações de proteínas totais, albumina e globulina, foram

analisadas pelos métodos de biureto e verde de bromocresol. A relação

albumina/globulina (A/G) será considerada indicativa de inflamação quando a

relação A/G for inferior a 129.

Foram utilizados métodos automatizados para a contagem do

hemograma. A ferritina sérica foi analisada por quimioluminescência, o valor de

referência para crianças de 6 a 9 anos adotado foi de 10 a 55 ng/mL125.

Análise estatística 1.2.5

A normalidade da distribuição das variáveis foi avaliada com o teste de

Kolmogorov-Smirnov. Para verificar a diferença entre dois grupos

independentes, aplicou-se o teste t para variáveis com distribuição normal e de

Mann-Whitney para as demais.

Calculou-se as médias e os desvios-padrão dos índices antropométricos

estratificados em três grupos (sem excesso de peso, sobrepeso e obesidade),

aplicou-se análise de variância (ANOVA one-way) e, para localizar possíveis

diferenças entre as médias dos grupos, foi utilizado o teste post-hoc de Tukey.

Para verificar a homogeneidade das variâncias foi utilizado o teste de Levene.

Para a comparação entre as prevalências de adiposidade abdominal

pelos diferentes índices, segundo estado nutricional, empregou-se o teste qui-

quadrado (χ2) de Pearson.

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Para avaliar a capacidade preditiva dos índices antropométricos em

relação à presença dos componentes da síndrome metabólica, aplicou-se o

modelo de regressão logística multinominal, utilizando o método de seleção

automático de variáveis (stepwise), precedido da análise bivariada, na qual

foram selecionadas para entrar no modelo as variáveis que apresentaram nível

de significância superior a 0,20. Foram consideradas variáveis explicativas: CC,

RCE, IC e RDC categorizadas, controladas por idade e sexo e como desfecho

a presença de um ou mais componentes da SM (PA, TG, HDL-C e glicemia). O

nível de rejeição para a hipótese de nulidade foi de 0,05 para todos os testes

aplicados. As análises dos dados foram realizadas no SPSS, versão 17.0

(SPSS, Inc., Chicago, Illinois, EUA) e na biblioteca do R (R Core Team, 2012:

http://www.R-project.org/).

- Aspectos Éticos 1.2.6

Em contato com a Secretaria Municipal de Educação (SEME) e a

Secretaria Municipal de Saúde (SEMUS), foi autorizado o desenvolvimento da

pesquisa no município de Vitória (APÊNDICE 2) e assim, o protocolo de

pesquisa completo do projeto “Excesso de peso, fatores de risco cardiovascular

e síndrome metabólica em crianças” foi apreciado e aprovado pelo Comitê de

Ética e Pesquisa do Hospital Infantil Nossa Senhora da Glória (CEP/HINSG),

protocolo: CEP/HINSG 025/2010 (ANEXO 1).

Os pais ou responsáveis e as crianças foram informados da relevância

do estudo, dos objetivos, da garantia de não maleficência, da beneficência e da

garantia de sigilo dos dados por meio de explanação da equipe nas escolas e o

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envio de material didático impresso. Após, todos os responsáveis assinaram o

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (APÊNDICE 3).

Todas as crianças diagnosticadas com alguma alteração nutricional

foram encaminhadas para acompanhamento nos ambulatórios de nutrição e de

endocrinologia pediátrica do Hospital da Santa Casa de Misericórdia de Vitória,

ES.

- Orçamento 1.2.7

O estudo “Excesso de peso, fatores de risco cardiovascular e síndrome

metabólica em crianças” foi financiado pela Companhia de Desenvolvimento de

Vitória (CDV/FACITEC), após aprovação no Edital nº 03/2009 (ANEXO 2).

Além disso, duas bolsas de iniciação científica foram concedidas pela

Fundação de Amparo à Pesquisa do Espírito Santo (FAPES) e pelo Conselho

Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

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Capitulo 2 – Artigos

Artigo: Índice de conicidade e circunferência da cintura são preditores 2.1

antropométricos dos componentes da síndrome metabólica em crianças

de 6 a 9 anos.

Autores: Danielle Cabrini-Mattos1,2,3, Célia Regina Moutinho de Miranda

Chaves3

Filiação dos autores: 1- Universidade Federal do Espírito Santo (UFES); 2-

Universidade de Brasília (UnB); 3- Instituto Fernandes Figueira/Fundação

Oswaldo Cruz (IFF/FIOCRUZ).

Financiamento: CAPES, CNPq, FAPES e FACITEC.

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Resumo: 2.1.1

Introdução: o uso de índices antropométricos de adiposidade abdominal tem se mostrado útil na identificação do risco cardiometabólico. Objetivo: avaliar a capacidade preditiva dos índices antropométricos de adiposidade abdominal na identificação precoce dos componentes da síndrome metabólica (SM) em crianças de seis a nove anos. Método: Estudo transversal em amostra probabilística de 505 crianças de ambos os sexos. Os índices antropométricos avaliados foram a circunferência da cintura (CC), a relação cintura estatura (RCE), o índice de conicidade (IC) e a relação dobra cutânea subescapular e tricipital (RDC). Os componentes da SM foram os propostos pela International Diabetes Federation (IDF) com pontos de corte ajustados para a idade. Aplicou-se o modelo de regressão logística multinomial para analisar a capacidade preditiva dos índices antropométricos em relação à presença dos componentes da SM. Resultados: A prevalência de SM foi 2% e de excesso de peso 38,4%. A presença de pelo menos um componente da SM foi detectada em 35,8%. Crianças com IC aumentado apresentaram chance 49,5% maior de desenvolver ao menos uma alteração nos componentes da SM e crianças com CC aumentada apresentaram 8,02 vezes mais chance de apresentarem duas ou mais alterações nos componentes da SM (p<0,05). Conclusão: O IC mostrou-se um preditor independente na identificação precoce de pelo menos um componente da SM, enquanto a CC, neste estudo, é preditora da presença de dois ou mais componentes da SM para crianças de 6 a 9 anos, independente do sexo. Palavras-chave: Antropometria, Composição corporal, criança, Obesidade abdominal, Síndrome X Metabólica.

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Introdução 2.1.2

Na década de 1980, a associação entre obesidade e doença arterial

coronariana, em adultos, levou a criação do termo síndrome metabólica (SM)

para definir indivíduos com mais chance de desenvolver eventos

cardiovasculares com a mesma base fisiopatológica1,2. Entretanto este conceito

apresenta controvérsias e atualmente considera-se que a presença isolada ou

qualquer associação de alterações cardiometabólicas já caracteriza a

necessidade de intervenção3.

As alterações dos componentes da SM estão mais relacionadas com o

padrão de distribuição de gordura do que o excesso de gordura corporal total.

Técnicas sofisticadas para determinar a localização da gordura apresentam

uso limitado tanto em estudos populacionais quanto na prática clínica4,5.Em

crianças não existe consenso no diagnóstico para a SM, por isso se fazem

diferentes adaptações aos critérios propostos para adultos. Em 2007, a

International Diabetes Federation (IDF)6 publicou critérios para a classificação

da SM a partir dos dez anos de idade, mas destacou a importância do

monitoramento dos fatores de risco cardiometabólicos isolados ou simultâneos

em crianças menores.

Os índices antropométricos como a circunferência da cintura (CC), a

razão cintura/estatura (RCE), o índice de conicidade (IC) e a razão entre

dobras cutâneas (RDC) são medidas úteis para identificar a obesidade central,

de simples obtenção, de baixo custo e inócuas. Entretanto só há evidências de

que estes índices são capazes de predizer a morbimortalidade por doenças

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cardiovasculares (DCV) em adultos e idosos7–9. Em crianças não está

estabelecido qual a medida mais adequada e nem os pontos de corte

indicativos de maior risco, sendo a utilização destes índices ainda um

desafio6,10,11.

Segundo dados do UNICEF12, 11% do total de indivíduos brasileiros

estão na faixa etária de 5 a 9 anos e há um número crescente de crianças

obesas. Isto sugere que, no futuro, um número expressivo de indivíduos

estarão propensos a desenvolver alterações cardiometabólicas.

O objetivo deste estudo foi avaliar a capacidade preditiva dos índices

antropométricos de adiposidade abdominal na identificação precoce dos

componentes da SM em crianças de seis a nove anos matriculadas na rede

municipal de ensino de Vitória, ES.

Casuística e Método 2.1.3

Estudo observacional analítico transversal, em amostra probabilística de

620 crianças pré-púberes (critério de Tanner) com idade entre seis e nove

anos, matriculadas na rede municipal de ensino de Vitória-ES, no período de

outubro de 2010 a outubro de 2011.

Por se tratar de um estudo de base escolar, adotou-se uma amostra por

conglomerado, contemplando todas as regiões de saúde e, portanto, toda a

área geográfica do município, a partir das informações do banco de dados de

matrículas da Secretaria Municipal de Educação de Vitória (SEME/PMV) do

ano de 2009 (18.500 crianças). Realizou-se dimensionamento amostral para

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estimativas de proporções a partir de intervalos de confiança para populações

finitas adotando erro absoluto, com grau de confiança de 95%, estimativa de

prevalência de excesso de peso na população estudada de 23% e erro

absoluto tolerado de 3%, totalizando tamanho amostral de 540 crianças.

Embora 620 indivíduos tenham sido estudados, a coleta sanguínea foi

realizada em 505 crianças, pois o restante não permitiu o procedimento.

Todas as medidas antropométricas foram realizadas em ambiente

escolar por avaliadores treinados. As crianças foram pesadas em balança

TANITA® portátil, digital, com capacidade de 136 kg e divisão de 100 g e a

estatura das crianças foi obtida em estadiômetro ALTUREXATA® com

extensão de 214 cm e subdivisões de 1 mm, seguindo os protocolos

estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS)5.

A partir das medidas de peso e estatura, foi calculado o Índice de

Massa Corporal (IMC). O estado nutricional das crianças foi classificado pelo

IMC/Idade, de acordo com as preconizações da OMS (2006 e 2007)13,14.

Para a medida da CC utilizou-se uma fita métrica inelástica, com

extensão de 150 cm e subdivisões de 1 mm, sendo considerada a menor

circunferência abaixo das costelas e acima do umbigo na expiração5. O ponto

de corte utilizado para a classificação foi a proposta de Fernández e

colaboradores adotada pela IDF, que estabelece o percentil 90 para todas as

etnias, segundo sexo e idade6.

O IC foi calculado a partir das medidas de CC e estatura em metros e do

peso em kg, aplicando-se a fórmula proposta por Valdez15: IC = Circunferência

da cintura(m) / 0,109 x √ [Peso (kg)/Estatura (m)]. Foram adotados os pontos

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de corte propostos por Sant’Anna16 e colaboradores para crianças brasileiras

de 6 a 9 anos, segundo sexo e idade.

A RCE foi calculada dividindo-se a CC em cm pela estatura em cm,

sendo utilizado o ponto de corte de 0,5 proposto por Garnett17 e colaboradores

para crianças a partir dos seis anos de idade.

Para o cálculo da RDC, as dobras cutâneas subescapular e triciptal

foram medidas com o adipômetro Lange Skinfold Caliper®, de acordo com as

técnicas preconizadas por Heyward e Stolarczyk18. O valor utilizado foi a média

obtida de duas medidas não consecutivas de cada dobra, e caso a diferença

das duas medidas fosse maior ou igual a dois mm, era realizada a terceira

medida. Adotou-se os pontos de corte propostos por Martinez: valores de RCE

entre 0,76 e 0,99 indicam risco e valores iguais ou superiores a 1,0 indicam

obesidade central19.

A mensuração da pressão arterial foi realizada utilizando o aparelho de

pressão Omron 705-CP com manguito para crianças, validados conforme

protocolos internacionais adotados no Brasil pela Sociedade Brasileira de

Cardiologia20. A medida da pressão arterial foi realizada três vezes, com um

intervalo mínimo de um minuto entre as medidas, conforme as orientações da

IV Diretriz de Hipertensão Arterial20. A média das medidas da pressão arterial

sistólica (PAS) e da pressão arterial diastólica (PAD) foi classificada de acordo

com a proposta do National High Blood Pressure Education Program

(NHBPEP)21, que recomenda o percentil 90 para detectar alterações

pressóricas.

Foram coletados assepticamente 10 mL de sangue venoso em membro

superior por técnicos treinados, em ambiente escolar, após jejum informado de

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12 horas. As amostras foram devidamente acondicionadas e transportadas

para a Central Sorológica de Vitória (CSV), onde todas as análises foram

realizadas. Foram analisados: glicemia, triglicerídeos (TG), colesterol total e

lipoproteína de alta densidade (HDL-C) pelo método enzimático colorimétrico.

O ponto de corte utilizado para classificar a hiperglicemia foi igual ou

superior a 100 mg/mL, de acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria22 e

os pontos de corte adotados para os lipídios foram os recomendados para a

faixa etária de 2 a 19 anos pela I Diretriz de Prevenção da Aterosclerose na

Infância e na Adolescência23: TG maior ou igual a 130 mg/dL e HDL-C menor

ou igual a 45 mg/dL. Esses pontos de corte foram utilizados uma vez que os

pontos de corte propostos pela IDF para o diagnóstico da SM são para

indivíduos a partir dos 10 anos.

A avaliação dos componentes da SM foi realizada de acordo com os

critérios propostos pela IDF6 para crianças e adolescentes: obesidade

abdominal (definida pela CC aumentada), somada a pelo menos duas das

seguintes alterações: aumento da pressão arterial (PA), hipertrigliceridemia,

diminuição da HDL-C e hiperglicemia.

O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa do Hospital

Infantil Nossa Senhora da Glória (CEP/HINSG), protocolo: CEP/HINSG

025/2010. Todos os responsáveis assinaram o Termo de Consentimento Livre

e Esclarecido (TCLE). Os critérios de inclusão foram: a criança estar

matriculada na escola e possuir de seis a nove anos no momento das

avaliações; e os de exclusão foram: presença de edema, doenças agudas ou

crônicas, obesidade secundária, puberdade e uso de estatinas. Todas as

crianças diagnosticadas com alguma alteração nutricional foram encaminhadas

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para acompanhamento nos ambulatórios de nutrição e de endocrinologia

pediátrica do Hospital da Santa Casa de Misericórdia de Vitória, ES.

Análise estatística

A normalidade da distribuição das variáveis foi avaliada com o teste de

Kolmogorov-Smirnov. Para verificar a diferença entre dois grupos

independentes, aplicou-se o teste t para variáveis com distribuição normal e de

Mann-Whitney para as demais.

Calculou-se as médias e os desvios-padrão dos índices antropométricos

estratificados em três grupos (sem excesso de peso, sobrepeso e obesidade),

aplicou-se análise de variância (ANOVA one-way) e, para localizar possíveis

diferenças entre as médias dos grupos, foi utilizado o teste post-hoc de Tukey.

Para verificar a homogeneidade das variâncias foi utilizado o teste de Levene.

Para a comparação entre as prevalências de adiposidade abdominal

pelos diferentes índices, segundo estado nutricional, empregou-se o teste qui-

quadrado (χ2) de Pearson.

Para avaliar a capacidade preditiva dos índices antropométricos em

relação à presença dos componentes da síndrome metabólica, aplicou-se o

modelo de regressão logística multinominal, utilizando o método de seleção

automático de variáveis (stepwise), precedido da análise bivariada, na qual

foram selecionadas para entrar no modelo as variáveis que apresentaram nível

de significância superior a 0,20. Foram consideradas variáveis explicativas:

CC, RCE, IC e RDC categorizadas, controladas por idade e sexo e como

desfecho a presença de um ou mais componentes da SM (PA, TG, HDL-C e

glicemia). O nível de rejeição para a hipótese de nulidade foi de 0,05 para

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todos os testes aplicados. As análises dos dados foram realizadas no SPSS,

versão 17.0 (SPSS, Inc., Chicago, Illinois, EUA) e na biblioteca do R (R Core

Team, 2012: http://www.R-project.org/).

Resultados 2.1.4

Foram avaliadas 505 crianças, com idade entre seis e nove anos, média

de 8,45 ± 0,94 anos, 52,5% meninas. Houve homogeneidade entre a

distribuição por sexo e idade entre as unidades escolares avaliadas.

Em relação ao estado nutricional avaliado pelo IMC/Idade, observou-se

que 38,4% apresentaram excesso de peso (13,1% sobrepeso e 25,3%

obesidade) e 2,3% foram classificados como magreza.

A adiposidade abdominal, medida pelos índices antropométricos,

evidenciou 9,6% das crianças com CC elevada, 18,2% com risco

cardiovascular pela RCE, 51,8% com IC elevado e 25,8% apresentaram risco

ou obesidade pela RDC.

Todas as crianças que apresentaram circunferência da cintura

aumentada também foram classificadas como obesas pelo índice IMC/Idade.

Dentre aquelas crianças que apresentaram RCE elevada, 68,8% eram obesas

e 9,7% com sobrepeso. Os índices aumentados de IC e RDC foram

encontrados em 51,0% e 48,5% dos indivíduos eutróficos pelo IMC/Idade,

respectivamente.

As características antropométricas, bioquímicas e hemodinâmicas da

população estudada estão descritas na Tabela 1 (medidas de tendência central

e amplitude). Observou-se que as meninas apresentaram valores maiores nos

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parâmetros de dobra cutânea triciptal e subescapular e os meninos na pressão

arterial sistólica (p<0,05).

Pelo critério da IDF6 encontrou-se uma prevalência de 2% de SM na

população estudada. No entanto, a presença de pelo menos uma alteração nos

componentes da SM foi detectada em 35,8% do total das crianças, sem

diferença entre os sexos (Tabela 2). Na estratificação por grupos, segundo

estado nutricional (sem excesso de peso, sobrepeso e obesidade), os

percentuais encontrados para a presença de uma alteração nos componentes

da SM foram semelhantes. No entanto, observa-se que a presença de duas

alterações foi maior nos obesos (13,3%), seguida pelos indivíduos com

sobrepeso (4,5%) e menor nos sem excesso de peso (1,0%). Três alterações

nos componentes da SM foram detectadas apenas no grupo dos obesos

(Tabela 2).

Do total de indivíduos com duas ou mais alterações nos componentes da

SM (n=24), 75% eram obesos (n=18). Ao calcular a frequência de cada

componente da SM, constatou-se que 2,5% das crianças estavam com

hiperglicemia, 4% com pressão arterial aumentada, 11,7% com

hipertrigliceridemia e 26,6% com HDL-C diminuído.

A Tabela 3 apresenta as medidas de tendência central e de dispersão

dos índices antropométricos, segundo estado nutricional (sem excesso de

peso, sobrepeso e obesidade). Verifica-se diferença entre os três grupos para a

CC e a RCE (p<0,05). Os valores médios aumentam entre os grupos sem

excesso de peso, com sobrepeso e com obesidade, respectivamente. O grupo

com obesidade apresentou valores mais elevados de IC e RDC quando

comparados com os outros grupos (p<0,05).

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O modelo de regressão logística multinominal aplicado assumiu como

variáveis preditoras os índices antropométricos de adiposidade abdominal e

como variável resposta a presença de uma ou mais alterações nos

componentes da SM, controlando idade e sexo.

A Tabela 4 mostra os resultados da regressão logística multinominal em

razão de chances (odds ratio – OR), com seus respectivos intervalos de

confiança (IC95%) e erros-padrão, após ajuste por idade e sexo. Observa-se

que, dentre os índices antropométricos, o IC mostrou-se significantemente

associado à presença de pelo menos uma alteração nos componentes da SM

(p<0,05). Crianças com IC aumentado apresentam chance 49,5% maior de

desenvolver ao menos uma alteração nos componentes da SM. Quando o

desfecho é a presença de duas ou mais alterações nos componentes da SM,

observa-se que a CC demonstrou forte associação; crianças com CC

aumentada possuem 8,02 vezes mais chance de apresentarem duas ou mais

alterações nos componentes da SM (p<0,001).

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Tabela 1 - Características antropométricas, metabólicas e hemodinâmicas de crianças de 6 a 9 anos, Vitória, ES, Brasil.

Variáveis Casuística Feminino Masculino

Média ± DP Med (Mín – Máx) Média ± DP Med (Mín – Máx) Média ± DP Med (Mín – Máx) p

Peso (kg) 30,04 ± 8,20 28,20 (15,80 – 86,80) 30,25 ± 8,06 28,50 (15,80 – 68,80) 29,79 ± 8,37 27,90 (17,70 – 86,80) 0,360 a

Estatura (cm) 131,27 ± 7,97 130,80 (108,50 – 160,30) 131,17 ± 8,05 131,00 (108,50 – 160,30) 131,37 ± 7,87 130,60 (114,10 – 156,30) 0,751 b

IMC (kg/m2) 17,10 ± 3,17 16,30 (11,80 – 37,09) 17,34 ± 3,20 16,64 (12,40 – 31,60) 17,01 ± 3,12 16,05 (11,80 – 37,09) 0,132

a

CC (cm) 60,80 ± 8,88 58,50 (45,50 – 106,00) 60,98 ± 9,06 59,00 (46,00 – 91,40) 60,64 ± 8,68 58,00 (45,50 – 106,00) 0,682 a

RCE 0,45 ± 0,05 0,46 (0,36 – 0,69) 0,46 ± 0,05 0,45 (0,36 – 0,65) 0,46 ± 0,05 0,45 (0,36 – 0,69) 0,958 a

IC 1,17 ± 0,06 1,16 (0,91 – 1,38) 1,17 ± 0,07 1,16 (0,91 – 1,38) 1,17 ± 0,06 1,17 (1,01 – 1,38) 0,287 a

DCT (mm)* 12,30 ± 5,61 11,00 (3,50 – 36,50) 13,47 ± 5,64 12 (4,00 – 32,00) 11,00 ± 5,30 9,50 (3,50 – 36,50) ˂0,001 a

DCSE (mm)* 8,54 ± 5,75 6,50 (3,00 – 49,50) 9,57 ± 6,60 7,00 (3,00 – 49,50) 7,38 ± 4,35 6,00 (3,00 – 29,50) ˂0,001 a

PAS (mmHg) 104,10 ± 10,97 103,30 (70,00 – 149,30) 103,10 ± 10,55 102,60 (79,00 – 134,00) 105,22 ± 11,34 104,50 (70,00 – 149,30) 0,016 b

PAD (mmHg) 63,47 ± 9,70 62,60 (41,30 – 110,70) 63,33 ± 8,96 63,00 (45,30 – 102,30) 63,63 ± 10,48 62,50 (41,30 – 110,70) 0,701 b

Glicemia (mg/dL)

85,60 ± 7,59 86,00 (60,00 – 116,00) 85,06 ± 7,48 85,50 (60,00 – 116,00) 86,21 ± 7,70 86,00 (62,00 – 109,00) 0,089 b

HDL-col (mg/dL)

54,37 ± 13,62 51,87 (24,41 – 112,28) 53,95 ± 13,93 50,46 (24,90 – 106,18) 54,85 ± 13,29 52,93 (24,41 – 112,28) 0,272 a

Triglicerídeo (mg/dL)

68,97 ± 29,62 63,00 (27,00 – 282,00) 69,24 ± 27,77 64,00 (28,00 – 184,00) 68,67 ± 31,64 62,00 (27,00 – 282,00) 0,505 a

a- Teste de Mann-Whitney b- Teste t Student * p>0,05

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Tabela 2 - Frequência e número dos componentes da SM por sexo e estado nutricional, em crianças de 6 a 9 anos, Vitória, ES, Brasil.

Componentes da Síndrome Metabólica

Ausência Presença 1 componente

2 componentes

3 componentes

Sexo Masculino 62,9%(151) 37,1% (89) 32,5%(78) 4,2%(10) 0,4%(1) Feminino 65,3%(173) 34,7% (92) 29,8%(79) 4,9%(13) 0 Total (n=505) 64,2% (324) 35,8% (181) 31,1%(157) 4,5%(23) 0,2% (1) Estado Nutricional Sem excesso de peso 67,8%(211) 32,2%(100) 31,2%(97) 1%(3) 0 Sobrepeso 66,7%(44) 33,3%(22) 28,8%(19) 4,5%(3) 0 Obesidade 53,9%(69) 46,1%(59) 32%(41) 13,3%(17) 0,8%(1)

*Qui-quadrado (p<0,05)

Tabela 3 - Medidas de tendência central e de dispersão das variáveis antropométricas de

acordo com o estado nutricional em crianças de 6 a 9 anos, Vitória, ES, Brasil.

Variáveis Sem excesso de peso Sobrepeso Obesidade p-valor n=311 n=66 n=128

Média* DP Média DP Média DP CC 57,10

a 5,61 63,18

b 6,23 69,15

c 10,90 < 0,001

RCE 0,44 a 0,04 0,47

b 0,05 0,51

c 0,06 < 0,001

IC 1,15 a 0,05 1,17

a 0,07 1,21

b 0,07 < 0,001

RDC 0,63 a 0,15 0,63

a 0,17 0,78

b 0,29 < 0,001

*Nas linhas, as médias seguidas por letras diferentes diferem estatisticamente pelo teste Tukey, no nível de 5% de significância

Tabela 4 – Razão de chances, ajustadas por idade e sexo, da variável resposta presença de

uma ou mais alterações nos componentes da síndrome metabólica em crianças de 6 a 9 anos,

Vitória, ES, Brasil.

Variável 1 alteração nos componentes da SM

2 ou mais alterações nos componentes da SM

OR (IC95%) Erro-padrão OR (IC95%) Erro-padrão

CC Normal 1,00 1,00 Aumentada 0,74 (0,35-1,55) 0,37 8,02 (2,69-23,95) 0,56** RCE Normal 1,00 1,00 Aumentada 0,98 (0,49-1,95) 0,35 1,91 (0,42-8,72) 0,77 IC Normal 1,00 1,00 Aumentada 1,49 (1,01-2,23) 0,20* 0,96 (0,32-2,85) 0,60 RDC Normal 1,00 1,00 Aumentada 0,83 (0,49-1,42) 0,27 1,12 (0,35-3,54) 0,59

Análise de regressão logística multinominal. OR = odds ratio (razão de chances); IC95% = Intervalo de

confiança 95%; * p< 0,05 **p<0,001.

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Discussão 2.1.5

No presente estudo, encontrou-se baixa prevalência de SM (2%),

utilizando os critérios de classificação propostos pela IDF6, com ajuste dos

pontos de corte para a faixa etária em questão. Recente revisão sistemática24

sobre SM em crianças e adolescentes brasileiros encontrou 7 estudos

transversais com base populacional e hospitalar ou grupos de risco, que

incluíam crianças menores de 10 anos, com uma prevalência entre 3,6% e

19%. Naqueles de base populacional a prevalência foi de 0 a 11,9%. Observa-

se, ainda, que a maioria desses estudos classificou a SM adotando a definição

do National Cholesterol Education Program's Adult Treatment Panel III (NCEP-

ATP III) adaptada para a faixa pediátrica. Apenas dois estudos adotaram os

critérios propostos pela IDF6 para classificar a SM, tal como o presente estudo,

mas foram realizados em grupos de risco (com excesso de peso – 16,5% ou

obesos – 19%).

Ford e Li25 observaram 40 definições distintas para a SM na infância em

trabalho de revisão sistemática, corroborando a falta de consenso da definição

desse conceito. A maioria destas foi adaptação da definição do NCEP-ATP III

para adultos.

Em 2007, a IDF publicou um consenso para a definição da síndrome

metabólica em crianças e adolescentes, indicando critérios e pontos de corte a

partir dos 10 anos de idade6. Desta forma, não existe uma definição para a

classificação da síndrome metabólica em crianças menores de 10 anos. Essa

heterogeneidade de definições e de pontos de corte pode explicar, ao menos

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em parte, as diferentes prevalências relatadas. Ainda assim, admite-se que

vem aumentando tanto em países desenvolvidos quanto naqueles em

desenvolvimento26.

Apesar do pequeno percentual de SM encontrado neste estudo, a

situação é preocupante, pois 35,8% das crianças apresentaram alteração em

pelo menos um componente da SM. Dada a inconsistência atual de critérios

para a determinação da SM nessa fase do curso da vida, a identificação de

alterações cardiometabólicas isoladas e simultâneas na população infantil

mostra-se importante, a luz do risco potencial que eles representam, uma vez

que as DCV são a maior causa de morte no Brasil27.

O presente estudo identificou alta prevalência de crianças com excesso

de peso (38,4%) e um percentual importante com a presença de, pelo menos,

uma alteração cardiometabólica (35,8%). O excesso de peso em crianças,

somado ao acúmulo de gordura corporal, especialmente a adiposidade central,

apresentam franco crescimento na população brasileira e os achados deste

estudo corroboram o quadro epidemiológico atual24,28.

Reaven3, que em 1988 popularizou a terminologia SM, tem refletido

recentemente sobre a aplicação desse conceito e argumenta que talvez baste

a associação de dois componentes como preditores de risco. Sendo assim,

independentemente da terminologia, os riscos cardiovasculares são bem

estabelecidos e fica cada vez mais claro que as crianças, já em tenra idade,

podem começar a desenvolver alterações cardiometabólicas preditivas de

problemas sérios futuramente. Já é descrito que estrias gordurosas,

precursoras das placas ateroscleróticas, podem aparecer na camada íntima da

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aorta aos 3 anos de idade e nas coronárias durante a adolescência29. A

relação entre o excesso de peso e os fatores de risco metabólicos e níveis de

adipocitocinas já foram observadas em crianças a partir dos dois anos29.

Pesquisas de coorte já demonstram que muitas doenças e agravos não

transmissíveis do adulto possuem origem na vida fetal ou na infância30–34.

Por isso, mais importante que o diagnóstico da SM em si, é a

investigação das alterações cardiometabólicas associadas ao excesso de peso

corporal em crianças, sobretudo à adiposidade abdominal. Estas alterações

presentes nesta faixa etária apontam a necessidade de controle dos seus

determinantes e fatores de risco, em busca da prevenção das doenças e

agravos não transmissíveis ainda na infância.

Neste estudo, chama a atenção a frequência isolada de cada

componente da SM (2,5% de hiperglicemia, 4% de pressão arterial aumentada,

11,7% de hipertrigliceridemia e 26,6% de HDL-C diminuído). Outros estudos de

base populacional em crianças brasileiras que avaliaram os componentes

isolados da SM também encontraram maiores prevalências do HDL-C reduzido

e menores de hiperglicemia e hipertensão arterial35–39.

Esta prevalência de hiperglicemia pode ser explicada devido a produção

endógena aumentada de glicose ocorrer em estágio tardio da resistência

periférica à insulina2,40,41. Como a hiperinsulinemia tem um papel importante

nas alterações do perfil lipídico e na pressão arterial, a dosagem do índice

HOMA-IR, possivelmente mostraria um percentual maior de alteração no

metabolismo de glicose nestas crianças, dados os percentuais encontrados de

hipertrigliceridemia e de pressão arterial obtidos.

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Golley et al. 26 avaliaram as implicações da variação da definição de SM

sobre a prevalência da mesma. Em um grupo de 99 crianças pré-púberes de 6

a 9 anos com excesso de peso, aplicaram seis definições distintas e

encontraram prevalências de 0 a 60%, uma variação importante e preocupante.

Os autores concluíram que a classificação da SM depende fortemente dos

critérios adotados para o seu diagnóstico, destacando que a prevalência é

maior quando os valores de insulina sérica estão entre os componentes.

A despeito da dificuldade em se comparar os estudos, merecem

destaque a maior prevalência do perfil lipídico alterado e a menor de

hiperglicemia dentre os componentes da SM, achados também presentes nos

estudos incluídos em revisão sistemática sobre o tema36 .

Neste estudo, foi observado maior número de alterações

cardiometabólicas entre as crianças obesas, que também apresentaram

maiores valores médios de todos os índices de adiposidade abdominal

analisados (CC, RCE, IC, RDC)(p<0,05).

Estudos conduzidos no Brasil apresentam maiores prevalências de SM

entre as crianças e adolescentes com excesso de peso, sinalizando que a

ocorrência da SM tem, no excesso de gordura corporal, seu mais importante

fator de risco29,42–44.

O IC mostrou-se significantemente associado à presença de pelo menos

uma alteração nos componentes da SM e a CC demonstrou forte associação

com a presença de dois ou mais componentes (p<0,05). Crianças com IC

aumentado apresentaram chance 49,5% maior de desenvolver ao menos uma

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alteração, enquanto crianças com CC aumentada possuem 8,02 vezes mais

chance de apresentarem duas ou mais alterações nos componentes da SM

(p<0,05). Isto mostra a importância do monitoramento da composição corporal

em crianças. Lee e colaboradores45 sinalizam a importância da avaliação da

adiposidade central em detrimento ao uso do IMC para predizer o risco

cardiometabólico. Uma vez que o efeito da distribuição da gordura sobre o

perfil metabólico em crianças e adolescentes obesos está mais relacionada

com componentes da SM do que a gordura corporal total42–44.

A medida de adiposidade central mais comumente utilizada na faixa

etária pediátrica é a CC, que, segundo Taylor46 et al., provê uma simples e

efetiva medida de gordura tronco-abdominal, apresentando boa correlação com

esse tipo de gordura em crianças e adolescentes. A correlação estatística

encontrada entre a medida de CC com a medida do tecido adiposo intra-

abdominal foi de 0,84 e de 0,93 com a medida de tecido adiposo subcutâneo,

obtidos por tomografia computadorizada46.

Embora os índices antropométricos sejam calculados a partir de

medidas de fácil obtenção e inócuas, ainda não está estabelecido qual a

melhor medida antropométrica para a avaliação da distribuição de gordura

corporal nem pontos de corte internacionalmente aceitos para a classificação

de excesso de gordura abdominal para esse grupo etário. É, portanto, uma

contribuição do presente estudo, a avaliação de diversos indicadores

antropométricos de adiposidade central em crianças de 6 a 9 anos e a sua

capacidade de predizer alterações cardiometabólicas na infância.

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Assume-se como limitação deste estudo o desenho transversal, que

permite apenas observar associações entre os eventos estudados, não sendo

possível demonstrar uma relação de causa e efeito. A condução de estudos

longitudinais para avaliar os indicadores antropométricos na predição de

doença cardiovascular e mortalidade se fazem necessários para elucidar

completamente as relações relatadas. Sugere-se, ainda, a validação do IC e da

CC como preditores do risco cardiometabólico nessa faixa etária a partir de

estudos de comparação com técnicas padrão-ouro de avaliação da composição

corporal em crianças.

Este estudo também fornece dados populacionais da ocorrência de

alterações cardiometabólicas isoladas e simultâneas em crianças e a possível

influência da adiposidade abdominal. Isto é, uma avaliação importante quando

se considera que nessa etapa do curso da vida a progressão da doença

aterosclerótica acelera-se rapidamente.

Conclusão 2.1.6

O IC mostrou-se um preditor independente na identificação precoce de

pelo menos um componente da SM, enquanto a CC, neste estudo, é preditora

da presença de dois ou mais componentes da SM, para crianças de 6 a 9 anos,

independente do sexo. Os indicadores antropométricos são instrumentos

alternativos para avaliação da adiposidade central, diante da escassez de

recursos para a aquisição de métodos mais acurados para avaliação da

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composição corporal pelos serviços públicos de saúde. A identificação de

alterações cardiometabólicas isoladas e simultâneas na população infantil

mostra-se importante, a luz do risco potencial que elas representam, uma vez

que as DCV são a maior causa de morte no Brasil.

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Capítulo 3 – Conclusão

O IC mostrou-se um preditor independente na identificação precoce de

pelo menos um componente da SM, enquanto a CC, neste estudo, é preditora

da presença de dois ou mais componentes da SM, para crianças de 6 a 9 anos,

independente do sexo. Os indicadores antropométricos são instrumentos

alternativos para avaliação adiposidade central, diante da escassez de

recursos para a aquisição de métodos mais acurados para avaliação da

composição corporal pelos serviços públicos de saúde. A identificação de

alterações cardiometabólicas isoladas e simultâneas na população infantil

mostra-se importante, a luz do risco potencial que eles representam, uma vez

que as DCV são a maior causa de morte no Brasil.

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Anexo

Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos

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