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1 ASHERAH A DEUSA PROIBIDA

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ASHERAH

A DEUSA

PROIBIDA

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O CONFLITO ENTRE EL, BAAL E YAHU

Como explicar os vestígios da idolatria oficial que era praticada pelo Antigo ISRAEL BÍBLICO? Cinco Divindades

diferentes com suas diferentes tradições amalgamadas em um único extrato, ao leitor leigo e desinformado das

pesquisas acadêmicas e arqueológicas atuais parece que Israel sempre foi monoteísta e YAHWÉH sempre foi o

Deus verdadeiro de Israel em detrimento das demais divindades, porém não é verdade e nem foi verdade no

passado remoto de Israel. Vamos analisar as tradições dessas divindades e os rastros que os próprios textos

bíblicos nos fornecem. Antes de iniciar precisamos de uma introdução como era a vida nas Cidades-Estados na

Antiga Suméria e mais tarde na região de Canaã.

Introdução:

O livro do Êxodo bíblico nos fornece um mínimo de informações sobre o IMPÉRIO EGIPICIO na época que se

situa aproximadamente no século XIII a. C. Nesse período, dominavam o Egito os Faraós do Novo Império entre

1610-1085 a.C. Trata-se de um período de grandes conquistas Egípcias que chegaram até o rio Eufrates, sendo

que CANAÃ ficou sobre o controle do EGITO por mais de quatro séculos. Entre 1304-1184 a.C. reinava a 19ª

dinastia de faraós, entre os quais temos Seti I, Ramsés II e Meneptá. Estamos assim no período onde se situa o

fundo histórico das narrativas que encontramos no livro do Êxodo.

É importante lembrar ao leitor que o Império Egípcio não surgiu do nada, antes dele houve uma civilização que foi

o berço das civilizações, a Antiga Suméria, que foi também um enorme Império deixando um legado para as

futuras civilizações e influenciando-as também diretamente em todas as áreas como, agricultura, sistema de

escrita cuneiforme que foi a mãe de todas as escritas, construções em tijolos e barro como massa, uma cidade

fortificada cercada por muros enormes, cidades estas que continham palácios reais, templos religiosos e etc.

Os povos da região de Canaã provavelmente foram os herdeiros culturais e religiosos da Antiga Suméria.

Situação do Egito na época do Êxodo

O sistema egípcio apresentava nesta época um pormenor: era controlado em ultima instancia pelo rei o Faraó.

Toda a política do rei baseava-se num precedente religioso: o Faraó era considerado filho da divindade e,

portanto, herdeiro de todo o país e outras regiões dominadas. Isso garantia, por direito divino, uma supremacia

total em termos políticos e econômicos. Dessa forma, o Faraó podia dispor a seu bel-prazer tanto da terra como

do povo, incluindo a força de trabalho e a produção. Com isso, o sistema tributário tornava-se arbitrário,

abrindo portas para o povo ser dominado e explorado. Com esse precedente político-religioso tal sistema

possibilitava ao Estado, ou seja, na pessoa de seu rei o Faraó que controlava a maquina político-administrativa

apropriar-se desmedidamente da produção, tornando os grupos produtores cada vez mais empobrecidos.

Além da exploração econômica da produção, o povo era também explorado na sua força de trabalho. Durante o

período das cheias do Nilo, quando a agricultura ficava impraticável, a mão de obra disponível era deslocada

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pelo Estado para grandes construções ou serviços públicos. Com o tempo, porém, essa requisição era feita não

só no período das cheias, mas também na época de plantio e colheita, obrigando assim o povo a várias jornadas

de trabalho forçado.

Com a aceleração das desigualdades e a piora da situação econômica, multiplica-se também o

descontentamento popular e a possibilidade de revoltas. Em vista disso, o Estado acelera a produção de uma

ideologia que justifica a aberração do sistema e mascara a exploração e opressão do povo. Sem dúvida, um dos

principais veículos da ideologia egípcia é a religião que deixa de ser expressão do povo, para se tornar

veladamente o instrumento dos interesses da classe que domina a política e a economia, ou seja, a religião foi o

meio para explorar e oprimir o povo, deixando a religião de ser uma expressão popular e sim uma arma do

Estado para atingir seus fins escusos.

Situação em Canaã na época do Êxodo

Por este tempo, Canaã fazia parte do império egípcio. O Egito se contentava em receber tributos pagos pelos

reis das Cidades-Estados fortificadas que eram pequenos ou médios reinados espalhados por todo o território e

que viviam em continuas lutas para assegurar sua própria cidade e às vezes conquistar outras. Essas lutas

favorecem a atividade de grupos insatisfeitos com o sistema principalmente os Apiru ou Habiru que,

guerreando ora a favor de um rei, ora a favor de outro, procuravam desestabilizar não só o sistema cananeu,

mas também o sistema do Egito. Tais grupos eram considerados desordeiros e subversivos. Costuma-se

identificar o termo Habiru ou Apiru com o termo Hebreu, de modo que os Hebreus seriam parte de grupos

insatisfeitos tanto com o sistema cananeu quanto o sistema egípcio.

As Cidades-Estados cananéias dependiam de uma economia eminentemente agrícola, onde os camponeses

eram explorados pela Cidade-Estado à qual pertencia aquele território. Procurando escapar da exploração,

muitos deles se refugiavam nas regiões montanhosas, onde praticavam uma agricultura de subsistência e se

dedicavam ao pastoreio, dirigindo-se muitas vezes para regiões mais longínquas. Tal descontentamento

favorecia o conflito cidade-campo. Com o afastamento dos camponeses, o centro político urbano ficava

diminuído nos tributos que enriqueciam a elite, enquanto os camponeses se sentiam mais livres.

Para manter os camponeses, a cidade procurava compensar os tributos com tropas de proteção contra

invasores, ou se unia em aliança com outra cidade para manter o controle de um território mais extenso. Por

outro lado, a exploração da cidade favorecia a diminuição da tensão entre pastores e agricultores, levando-os a

lutar contra o inimigo comum.

Entre os cananeus, O Deus supremo era EL, divindade que não exercia nenhuma ação direta sobre o mundo

porque era representado por um TOURO ou por um velhinho sentado num trono, por ser um velhinho já não

era mais atuante, EL tinha uma esposa que era ASHERAH a deusa da fertilidade, em contrapartida as divindades

mais ativas e utilizadas no dia a dia do povo eram BAAL filho de EL uma divindade masculina e ANAT esposa de

BAAL também ligada aos cultos de fertilidade da terra. Sua ação mítica era representada cutualmente com o

rito da prostituição sagrada. Embora fosse uma divindade predominantemente agrícola, BAAL era também o

protetor da cidade, e aí ficava seu Templo. Essa ambigüidade criava o seguinte panorama religioso: obedecer a

BAAL significava não só realizar os rituais previstos no culto da fertilidade, mas também ser fiel à cidade, da

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qual era o protetor. Assim para que o ciclo da natureza se realizasse favoravelmente, era necessário sustentar a

cidade, onde morava o rei que, por sua vez, era o guardião do Santuário. Também era o rei quem presidia ao

ritual da primavera, responsável pela ressurreição da natureza após o inverno. Isso lhe assegurava o direito ao

produto do campo.

O que é conhecido por período dos patriarcas chamamos aqui de “época dos “pais e mães”. É o periodo anterior

a 1250 a.C., isto é, desde os tempos de Abraão, Isaac e Jacó, bem como das grandes mães do povo, como Sara,

Rebeca, Raquel, até o tempo de Moisés. Em nossas bíblias, as histórias dos pais e das mães do povo aparecem

como uma árvore genealógica, tendo como tronco Abraão e Sara. Certamente foram fundidas em uma só

história as várias histórias de clãs migrantes, iguais ao de Abraão e Sara. São grupos independentes e

contemporâneos que se fixaram em Canaã na época da formação das tribos, quando antes viviam com

autonomia como seminômades na região. São anteriores à formação de Israel, pois ele ainda não se formara

enquanto povo, o que ocorrerá somente a partir do êxodo.

Naquela época, os reis cananeus viviam especialmente nas planícies. Estavam dependentes do Egito, que ditava

as cartas e controlava toda a região. Para pagar tributos ao faraó, os reis de Canaã oprimiam ainda mais os

camponeses que viviam em aldeias ao redor de suas cidades. Para fugir da tributação, muitos agricultores

fazem seu êxodo e vão sobreviver como pastores seminômades nas estepes, longe do fisco dos reis cananeus.

Ali, também outros grupos seminômades vivem do pastoreio de gado pequeno, vindos de regiões longínquas.

São os grupos dos patriarcas que crêem no Deus dos pais que promete terra e família.

As migrações dentro do Império

Vários fenômenos deram origem a correntes migratórias que se dirigiam para o Egito. Em primeiro lugar, as

grandes secas ou perdas de plantações, devidas a fenômenos naturais ou ataques de nômades que se

apossavam do produto do campo. Além disso, boa parte dos cereais era carregada para o Egito como

pagamento de tributo, onde era estocado, e muitas vezes, servia para atender à população em situações criticas.

Em meio à necessidade, muitos grupos de camponeses e pastores tinham que se locomover para buscar a

própria sobrevivência.

O Egito, graças à fertilidade das margens do Rio Nilo, era o principal alvo das migrações. Para aì se dirigiam

camponeses em busca de terra fértil e pastores à procura de pastagens. Havia ainda os mercenários que se

alistavam nas campanhas militares do Faraó, ou se arrolavam nas grandes construções por ele promovidas.

Muitos desses migrantes encontravam uma situação melhor e acabavam se instalando no país. O que o livro do

Êxodo chama de Hebreus são essas levas de migrantes que se estabeleceram principalmente na terra de

Gessem, no leste do delta do Nilo. Lembram da história de JOSÉ DO EGITO...?

Esse é o pano de fundo histórico da verdadeira história de Israel. Qual era a diferença de Israel para os outros

povos cananeus? E a religião? Qual eram os deuses dos hebreus ou israelitas? Eles eram monoteístas ou

politeístas? E sobre este assunto que este estudo quer tratar e tentar elucidar.

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PRATICAS RELIGIOSAS DOS SUMERIOS E DEPOIS DOS CANANEUS

OBSERVE COMO A IMAGEM ACIMA DEIXA CLARO AS INFLUÊNCIAS RELIGIOSAS SOFRIDAS PELO POVO

HEBREU OU ISRAELITA:

1. A MENORAH = ASHERAH A DEUSA DA FERTILIDADE

2. OS SERAPHINS = SERPENTES ARDENTES DO DESERTO

3. OS QUERUBINS = LEÕES ALADOS DA BABILÔNIA

1) A PRATICA DE ERIGIR UM ALTAR À DIVINDADE

Gênesis 8: 20 Noé construiu um altar para Yahwéh, tomou animais e aves de toda espécie pura e ofereceu

holocaustos sobre o altar. 21 Yahwéh aspirou o perfume, e disse consigo: «Nunca mais amaldiçoarei a terra por

causa do homem, porque os projetos do coração do homem são maus desde a sua juventude. Nunca mais destruirei

todos os seres vivos, como fiz. 22 Enquanto durar a terra, jamais faltarão semeadura e colheita, frio e calor, verão

e inverno, dia e noite».

Gênesis 12: 7 Yahwéh apareceu a Abrão e lhe disse: «Eu darei esta terra à sua descendência». Abrão construiu aí

um altar a Yahwéh, que lhe havia aparecido. 8 Daí, passou para a montanha, a oriente de Betel, e armou sua

tenda, com Betel a oeste e Hai a leste. E aí construiu um altar a Yahwéh e invocou o nome de Yahwéh.

Gênesis 28: 16 Ao despertar, Jacó disse: «De fato, Yahwéh está neste lugar e eu não sabia disso». 17 Ficou com

medo, e disse: «Este lugar é terrível. Não é nada menos que a Casa de Deus e a Porta do Céu». 18 Levantou-se de

madrugada, pegou a pedra que lhe havia servido de travesseiro, ergueu-a como estela e derramou óleo

por cima. 19 E chamou esse lugar de Betel. Mas antes a cidade se chamava Luza. 20 Jacó fez, então, este voto:

«Se Deus estiver comigo e me proteger no caminho por onde eu for, se me der pão para comer e roupas para vestir,

21 se eu voltar são e salvo para a casa do meu pai, então Yahwéh será o meu Deus. 22 E esta pedra que ergui como

estela será uma casa de Deus, e eu te darei a décima parte de tudo o que me deres».

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2) A PRATICA DE ADORAR UMA DIVINDADE EM BAIXO DE UMA ÁRVORE

Gênesis 13: 14 Yahwéh disse a Abrão, depois que Ló se separou dele: «Erga os olhos, e aí, do lugar onde você está,

olhe para o norte e para o sul, para o oriente e para o ocidente. 15 Eu darei toda a terra que você está vendo, a

você e à sua descendência, para sempre. 16 Tornarei a sua descendência como a poeira da terra: quem puder

contar os grãos de poeira da terra, poderá contar seus descendentes. 17 Levante-se, e percorra esta terra no seu

comprimento e na sua largura, pois eu a darei a você». 18 Abrão levantou a tenda e foi estabelecer-se junto ao

Carvalho de Mambré, que está em Hebron, e aí construiu um altar em honra de Yahwéh.

3) OS PATRIARCAS ABRAÃO, ISAQUE E JACÓ NÃO CONHECIAM O DEUS YAHWÉH, CONHECIAM SOMENTE O

DEUS EL

Êxodo 6: 1 Disse o Yahwéh a Moisés: Agora, verás o que hei de fazer a Faraó; pois, por mão poderosa, os

deixará ir e, por mão poderosa, os lançará fora da sua terra. 2 Falou mais Deus a Moisés e lhe disse: Eu

sou Yahwéh. 3 Apareci a Abraão, a Isaque e a Jacó como El Shadday (Deus Todo-Poderoso); mas pelo meu

nome, Yahwéh, não lhes fui conhecido.

O texto de Êxodo 6:1 diz literalmente que os israelitas não conheciam o nome Yahwéh até aquela data da

revelação dada a Moisés, porém como explicar as dezenas de vezes que o nome Yahwéh aparece no livro de

Gênesis e Êxodo antes daquela revelação?

4) O NOME YAWÉH NO LIVRO DE GENESIS:

QUANTIDADE DE VEZES QUE APARECE O NOME YAHWÉH ANTES DA REVELAÇÃO DO NOME DADO

A MOISÉS NO LIVRO DE EXODO É SIMPLESMENTE IPRESSIONANTE, COMO SERIA ISTO POSSIVEL

ABRAÃO, ISAQUE E JACÓ CONHECEREM O NOME MESMO ANTES DELE TER SIDO REVELADO? O

QUE ESTÁPOR TRÁS DESTE TREMENDO ANACRONISMO? OBSERVE A QUANTIDADE DE TEXTOS DO

LIVRO DE GENESIS ONDE APARECE O NOME YAHWÉH:

O NOME YAHWÉH APARECE NUM TOTAL DE 140 VEZES SOMENTE NO LIVRO DE GENESIS ANTES DA

REVELAÇÃO DO NOME DADO A MOISÉS NO MONTE SINAI, OU SEJA, ISTO É UM TREMENDO DE UM

ANACRONISMO.

COM TODA A CERTEZA, SE TRATA DE UM ESCRIBA TENTANDO AMALGAMAR AS TRADIÇÕES DE DEUSES

DIFERENTES, COM NOMES DIFERENTES, EM UMA SÓ TRADIÇÃO, E TAMBÉM FUNDINDO OS DEUSES E SEUS

RESPECTIVOS NOMES EM UMA ÚNICA DIVINDADE. YAHWÉH NÃO É O MESMO DEUS QUE EL, QUE POR SINAL

NÃO É O MESMO DEUS QUE A SERPENTE DE MOISÉS E ETC. SÃO DEUSES DIFERENTES DE POVOS DIFERENTES

JUNTADOS NUMA MESMA TRADIÇÃO.

5) Israel Não Aceitou A Nova Divindade Yahwéh Como Seu Deus, Antes Preferiu Continuar Adorando El O

Deus Dos Cananeus E Povos Semitas Da Região

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Êxodo 32: 1 Mas, vendo o povo que Moisés tardava em descer do monte, acercou-se de Arão e lhe disse: Levanta-te,

faze-nos deuses que vão adiante de nós; pois, quanto a este Moisés, o homem que nos tirou do Egito, não sabemos o

que lhe terá sucedido. 2 Disse-lhes Arão: Tirai as argolas de ouro das orelhas de vossas mulheres, vossos filhos e

vossas filhas e trazei-mas. 3 Então, todo o povo tirou das orelhas as argolas e as trouxe a Arão. 4 Este,

recebendo-as das suas mãos, trabalhou o ouro com buril e fez dele um bezerro fundido. Então, disseram:

São estes, ó Israel, os teus deuses, que te tiraram da terra do Egito. 5 Arão, vendo isso, edificou um altar

diante dele e, apregoando, disse: Amanhã, será festa a Yahwéh. 6 No dia seguinte, madrugaram, e ofereceram

holocaustos, e trouxeram ofertas pacíficas; e o povo assentou-se para comer e beber e levantou-se para divertir-se.

32,1-6: Pensando que Moisés tivesse desaparecido ou morrido, o povo sentiu a necessidade de um novo líder

que o conduzisse para a terra de Canaã. Ao invés de escolher um líder humano que dirigisse o projeto, o povo

pediu que Aarão desse a ele um deus visível. O bezerro de ouro é uma representação visível de El.

6) O REINO DO NORTE CHAMADO DE ISRAEL CONTINUOU A ADORAR O DEUS EL, BAAL SEU FILHO E

ASHERAH

1 Reis 12: 26 Disse Jeroboão consigo: Agora, tornará o reino para a casa de Davi. 27 Se este povo subir para fazer

sacrifícios na Casa de Yahwéh, em Jerusalém, o coração dele se tornará a seu senhor, a Roboão, rei de Judá; e me

matarão e tornarão a ele, ao rei de Judá. 28 Pelo que o rei, tendo tomado conselhos, fez dois bezerros de

ouro; e disse ao povo: Basta de subirdes a Jerusalém; vês aqui teus deuses, ó Israel, que te fizeram subir da

terra do Egito! 29 Pôs um em Betel e o outro, em Dã. 30 E isso se tornou em pecado, pois que o povo ia até Dã,

cada um para adorar o bezerro. 31 Jeroboão fez também santuários nos altos e, dentre o povo, constituiu

sacerdotes que não eram dos filhos de Levi. 32 Fez uma festa no oitavo mês, no dia décimo quinto do mês, igual à

festa que se fazia em Judá, e sacrificou no altar; semelhantemente fez em Betel e ofereceu sacrifícios aos bezerros

que fizera; também em Betel estabeleceu sacerdotes dos altos que levantara. 33 No décimo quinto dia do oitavo

mês, escolhido a seu bel-prazer, subiu ele ao altar que fizera em Betel e ordenou uma festa para os filhos de Israel;

subiu para queimar incenso.

25-33: Jeroboão procura dar nova identidade político-religiosa para as tribos do Norte. Para isso, muda o

calendário, os lugares de culto, a data das festas, e institui o sacerdócio não levítico, tudo para impedir o povo

de freqüentar Jerusalém e voltar para Roboão. Os santuários de Betel e Dã, ao Sul e ao Norte, criam a

delimitação religiosa para as tribos do Norte. Os bezerros de ouro não são deuses estrangeiros, mas

representações ou símbolos da presença e poder de El. Equivalem à arca com os querubins que estavam no

Templo de Jerusalém.

1 Reis 13:33 Depois destas coisas, Jeroboão ainda não deixou o seu mau caminho; antes, de entre o povo tornou a

constituir sacerdotes para lugares altos; a quem queria, consagrava para sacerdote dos lugares altos.

13,1-34: O texto deve ser compreendido no clima da reforma político-religiosa, que será realizada, trezentos

anos mais tarde, pelo rei Josias (cf. 2Rs 22-23 e notas). Para reunir as tribos, Josias centraliza o culto em

Jerusalém e destrói todos os outros santuários. Para tornar isso aceitável, se faz uma nova redação da história,

projetando no passado uma «profecia» que já anunciava os atos do rei (cf. 2Rs 23,15-18).

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1 Reis 15:14 os altos, porém, não foram tirados; todavia, o coração de Asa foi, todos os seus dias, totalmente De

Yahwéh.

1 Reis 22:43 (22-44) Todavia, os altos não se tiraram; neles, o povo ainda sacrificava e queimava incenso.

2 Reis 12: 1 No ano sétimo de Jeú, começou Joás a reinar e quarenta anos reinou em Jerusalém. Era o nome de sua

mãe Zíbia, de Berseba. 2 Fez Joás o que era reto perante Yahwéh, todos os dias em que o sacerdote Joiada o dirigia.

3 Tão-somente os altos não se tiraram; e o povo ainda sacrificava e queimava incenso nos altos.

2 Reis 14:1 No segundo ano de Jeoás, filho de Jeoacaz, rei de Israel, começou a reinar Amazias, filho de Joás, rei de

Judá. 2 Tinha vinte e cinco anos quando começou a reinar e vinte e nove reinou em Jerusalém. Era o nome de sua

mãe Jeoadã, de Jerusalém. 3 Fez ele o que era reto perante Yahwéh, ainda que não como Davi, seu pai; fez, porém,

segundo tudo o que fizera Joás, seu pai. 4 Tão-somente os altos não se tiraram; o povo ainda sacrificava e

queimava incenso nos altos.

2 Reis 15:4 Tão-somente os altos não se tiraram; o povo ainda sacrificava e queimava incenso nos altos.

2 Reis 15:35 Tão-somente os altos não se tiraram; o povo ainda sacrificava e queimava incenso nos altos. Ele

edificou a Porta de Cima da Casa dYahwéh.

2 Reis 16:1 No décimo sétimo ano de Peca, filho de Remalias, começou a reinar Acaz, filho de Jotão, rei de Judá. 2

Tinha Acaz vinte anos de idade quando começou a reinar e reinou dezesseis anos em Jerusalém. Não fez o que era

reto perante Yahwéh, seu Deus, como Davi, seu pai. 3 Porque andou no caminho dos reis de Israel e até queimou a

seu filho como sacrifício, segundo as abominações dos gentios, que Yahwéh lançara de diante dos filhos de Israel. 4

Também sacrificou e queimou incenso nos altos e nos outeiros, como também debaixo de toda árvore frondosa.

2 Crônicas 11: 13 Também os sacerdotes e os levitas que havia em todo o Israel recorreram a Roboão de todos os

seus limites, 14 porque os levitas deixaram os arredores das suas cidades e as suas possessões e vieram para Judá e

para Jerusalém, porque Jeroboão e seus filhos os lançaram fora, para que não ministrassem aYahwéh. 15 Jeroboão

constituiu os seus próprios sacerdotes, para os altos, para os sátiros e para os bezerros que fizera.

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YAHU / YAHUÉ - A ORIGEM DA DIVINDADE

A ORIGEM DA DIVINDADE YAHWÉH E A PEQUENA HISTÓRIA DA RELIGIÃO DE ISRAEL

De Edmilson Bento da Silva

Prefácio

O ensaio que abaixo reproduzo trata-se de uma palestra por mim proferida na Universidade Federal

Fluminense, no Centro de Estudos Interdisciplinar de Antigüidade (CEIA), às 08:00 horas do dia 26 de outubro

de 1999. Naquela época, meu intento era rebater a visão histórica evolucionista e idealista a respeito da

história da religião do antigo Israel. Por visão evolucionista os historiadores denominam a abordagem

seqüencial e linear: fetichismo? politeísmo? monoteísmo, e, por visão idealista, compreende o modo de

explicação dos eventos históricos que privilegia o papel da consciência (as "grandes idéias"), expressas nas

idéias políticas, éticas, filosóficas, científicas, etc. que mudam por si só no curso da história, sem considerar a

vida social e o contexto sócio-histórico em que tais idéias emergem. Minha surpresa foi constatar que os alunos

universitários ali presentes, ao no lugar de abrir um diálogo sobre as novas abordagens e novas fontes para a

pesquisa, se sentiram indignados com o processo de historização do fenômeno da crença.

Por incrível que pareça, os dados descritos abaixo a respeito do desenvolvimento da religião iaveística é de

conhecimento comum a teólogos (católicos e protestantes) e biblistas.

I - O nome

O nome da divindade israelita é chamada Yahwéh. A palavra "Yahweh" é o termo acadêmico e consagrado do

nome próprio em hebraico da divindade israelita YHWH, oriundo das quatro letras hebraicas: י וה -iod-he-vav) ה

he) lida de trás para frente cuja leitura é aproximadamente "ieuê" ou "iaué". O nome Jeová constitui um erro de

tradução; ocorreu devido ao tabu de não pronunciar o nome da divindade, assim, quando o sacerdote lia o texto

do Pentateuco e aparecia as quatro letras YHWH, substituía a pronúncia pela palavra Adonai (meu senhor).

Muito mais tarde, no século XVI de nossa era, os exegetas interpolaram as vogais de Adonai: a-o-ai, daí Jahovah

ou Jeovah. Apesar de popular, a notação não corresponde a fatos e sim a um acidente histórico, e deve ser

recusada.

A pronúncia primitiva e correta da divindade israelita não pode ser fixada com precisão. Mesmo a forma do

nome Yahwéh não é correta, esta forma pode ter origem na teologia do testamento sacerdotal que forçou a

aproximação de YHWH com a passagem do Êxodo III, 13-15: ehyeh ,asher ,ehyeh, ao qual é traduzido por "eu

sou aquele que sou" ou então, "eu sou aquele que é", sugerindo que o nome de YHWH provém da forma

imperfeita da raiz qal cujo verbo é hyy (haia), o verbo ser hebraico. O prefixo "Y" põe os verbos hebraicos no

futuro e anteposto à raiz "HWH" (infinitivo presente do verbo "ser"), faria o significado de YHWH em: "o ser

para todo o sempre", o ser absoluto, assim entendido, como quer a versão dos Setenta, que traduziu para o

grego: εãù åéìé ´ï ïí (ego eimi ho ôn). Todavia, o redator da passagem do Êxodo III, 13-15, movido pelo extremo

zelo do tabu da pronúncia do nome, utilizou este recurso enigmático, para criar um rodeio poético, equivalente

recusa da divindade em responder, impedindo a Moisés vir a conhecer a sua natureza. Os especialistas que

fazem derivar o nome de Yahwéh da raiz hyy não estão em acordo sobre a forma de como reconhecê-la em

Yahweh. Eles entendem que o nome de Yahwéh deve ser traduzido por "ele é" ou "ele faz ser". No entanto, é

mais fácil reconhecer em Yahweh uma outra raiz, hwh/hwy, a raiz do verbo hebraico que significa "cair",

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"abater", "descer", desapareceu quase que por completo no hebraico, mas se conservou no árabe. Julius

Wellhausen, D. H. Holzinger e H Bauer Leander defendem que o nome Yahweh deriva da raiz semítica hwh

"cair".

Os primeiros cristãos anotavam a pronúncia de YHWH nas letras gregas Iabe (iabe), Iaone (iaoune), Iaonai

(iaounai). Nos papiros míticos judeus-cristãos a forma é Iawonhe (iaôouêe). Já a transcrição grega mais

freqüente e também a mais antiga é a notação Iao (íao), que é atestada desde o Qumran.

Roland de Vaux e André Caquot tentaram reconstituir a antiga pronúncia e forma do nome de Yahwéh. Eles

acreditam que podem encontrar o antigo nome da divindade israelita nos nomes teóforos hebraicos

correspondentes a Yeho e Yahu. A forma Yeho é atestada nos nomes Yehokhakin (Joaquim), Yehoshuah (Josué

ou Jesus). A forma Yahu é encontrada nos nomes Azaryahu (Azarias), Yahuddah (Judas) e Mattitiyahu (Matias).

Também há uma forma curta Iah que aparece em outros nomes: Azaryah (Azarias), Tobiyah (Tobias) e na

expressão hallelu-yah ("deus seja louvado"). Atualmente, a partir destas formas teóforas, formou-se um

consenso em torno da palavra Yaho para designar o nome primitivo da divindade israelita, tal como querem

Roland de Vaux e André Caquot.

II - A origem do deus

Segundo Jean Leclant, egiptólogo, o nome do deus de Israel é um topônimo. Baseando-se em escavações

arqueológicas realizadas em Soleb, na margem esquerda do Nilo, foi encontrada uma inscrição na sala hipostila

do templo erguido por Amenhotep III; a inscrição contida no escudete (séc. XIV a. C.) refere-se a um povo

nômade inimigo do Egito ao leste. O trecho é o seguinte: to sho-su iahuo; "to" refere-se à designação geopolítica,

terra estrangeira; o vocábulo "sho-su" remete-se aos habitantes do deserto, aos povos nômades; e o termo

"iahuo" é identificado com o nome de alguma montanha, situada a leste do Egito e ao sul da Palestina. A

decifração da inscrição é o seguinte: "terra dos shosu de Iahuo". Ou melhor "país dos beduínos de Iahuo". Se

Leclant estiver certo, a inscrição é a mais antiga notação histórica conhecida do nome do deus de Israel fora da

Bíblia. Argumenta Jean Leclant que do nome desta montanha, os israelitas teriam tirado o nome da divindade

protetora de sua confederação. Em apoio a afirmativa de Leclant, destacamos: 1- o nome Iahuo está em acordo

com a antiga pronúncia defendida por alguns biblistas juntamente com Roland de Vaux e André Caquot (Iahuo

= Yaho); 2- o nome se aproxima muito da mais antiga transcrição grega (Iao = Yaho); e 3- a referência ao deus

de Israel na inscrição moabita, conhecida como a estela de Mesha (século IX a. C.), permite fazer a transcrição

do nome da divindade com o final em "o" (Yahu = Yaho).

Assim, Yahweh é a pronúncia transfigurada de Iaho, um deus cultuado em uma desconhecida montanha Iahuo,

em território madianita.

O deus dos israelitas é o resultado do sincretismo religioso do deus dos relâmpagos, Iahu, dos madianita e

quenitas, conhecido também pelos arameus do norte da Síria, com a divindade das terríveis tempestades do

deserto, o deus Ya'uq, temido pelos árabes, ao qual os hebreus entraram em contato nos séculos XII e XI a. C.

III - O período "pré-mosaico" (séc. XIV a. C.)

Dados da historiografia e da arqueologia não atestam o culto de Yahwéh antes do século XIII a. C. e, portanto,

antes de Yahwéh tornar-se o protetor da confederação tribal israelita, os hebreus admitiam vários sistemas

religiosos simultâneos, e nenhum deles entravam em conflito na cabeça daquele nômades.

Os hebreus pertenciam a grande etnia semítica. Os antigos semitas veneravam uma força impessoal, invisível e

intangível, expressa no princípio divino 'l, que agia na natureza mas não tinha consciência de si. Este princípio

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divino aparece em todas as civilizações semíticas posteriores como Allá dos árabes, El dos cananeus, Baal dos

fenícios, Ilu dos assírios e Bel dos caldeus.

A) O culto ao "deus dos pais". Os líderes dos acampamentos, os patriarcas, rendiam culto especial ao chamado

"deus dos pais", o antepassado mítico do clã. Cada clã possuía seu "deus dos pais", uma espécie de herói

lendário que fundou o clã e transmitiu os costumes e instituições da família. O "deus dos pais" não tinha um

local fixo de culto, residia em uma tenda especial e acompanhava as viagens do clã pelo deserto e pela estepe,

assegurando o bom relacionamento com os vizinhos e protegendo os membros do clã contra os infortúnios das

viagens. O "deus dos pais" não possuía uma representação figurativa, porque é extremamente difícil no deserto

e na estepe a confecção de imagens.

Paralelamente ao culto do "deus dos pais", os hebreus veneravam árvores, fontes de água, grutas, montes, etc.,

que se relacionavam de alguma maneira com os eventos lendários do mito do "deus dos pais" (locais por onde o

antepassado passou, etc.). Por outro lado, estes objetos da natureza também eram compreendido como

entidades sagradas, pois, eram o receptáculo de uma força invisível, similar aos gênios das tribos árabes.

B) O culto às pedras. Os hebreus dos século XIV também veneravam pedras mágicas, os terafins, relacionados

também ao culto ancestral. Apareceram após a supressão ao culto de imagens de "deusas-mães", que as

mulheres recorriam a sua proteção no momento do parto. Os terafins não eram propriamente deuses mas,

amuletos mágicos, símbolos da prosperidade. Estas pedras eram mantidas dentro das tendas.

C) O culto às forças naturais e à serpente. Era crença corrente que uma entidade furiosa habitava o deserto e os

hebreus imputavam a esta força a responsabilidade pelas tempestades de areia que derrubava as tendas e

desaparecia com as rezes, além de trazer as doenças como urticária que atacavam o gado. Para aplacar a ira

desta entidade, os hebreus recorriam ao sacrifício do cordeiro e do bode. Era um sacrifício pascal, praticado

antes do início da primavera, quando então, imolava-se um cordeiro. Um sacrifício análogo ocorria no outono,

antes da transumância para a pastagem na estepe, quando então, era solto um bode no deserto. A circuncisão,

prática encontrada entre os sacerdotes egípcios da Antigüidade e numerosas tribos árabes, era uma medida

para afastar a infertilidade que poderia abater tanto sobre a família quanto sobre o gado: para agradá-la,

recorria-se a circuncisão, a entidade fugia afugentada pelo horror ao sangue ou era aplacada com o rito. O

prepúcio era oferecido e, ocorria na ocasião da passagem do membro masculino para a vida adulta ou da

iniciação ao casamento. O culto à serpente era uma prática muito comum na Palestina; imagens de serpentes

recebiam culto especial pois, com este culto apotropeico, os hebreus julgavam afastar ou minimizar as picadas

das víboras reais, já que eram muito freqüente na Palestina.

D) Práticas mágicas. Os hebreus eram um povo rude, sem escrita e muito supersticioso. Havia numerosas

interdições religiosas de carácter alimentar, sexual e social. Vivendo em um ambiente hostil do deserto e da

estepe, em confronto com povos vizinhos e sofrendo constantes perigos de animais selvagens, os hebreus

recorriam freqüentemente às magias. Entre elas, destacam-se a crença no "mau olhado", o poder mágico da

palavra (proferido como bênção ou maldição pelo moribundo), a crença na magia da dança da chuva e da dança

da guerra, o uso mágico do vestuário, a magia da impostura da mão, o uso da necromancia, etc. Havia,

curandeiros, videntes, adivinhos.

E) Os mitos. Há forte indícios que os antigos hebreus conheciam uma pluralidade de mitos, entretanto, a grande

maioria foi combatida e propositadamente esquecida pelo clero iaveísta. Os hebreus acreditavam na existência

de gigantes, do monstro marinho Tannin e no dragão Leviatã; possuíam uma concepção que acima da abóbada

celeste era coberta por água. A presença mitológica de animais fabulosos, os serafins, criaturas sinuosas,

serafim está na raiz srph, (seraph), que significa "abrasador", uma alusão a crença em dragões.

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IV - O antigo iaveísmo (sécs. XIII e XII)

Com o assentamento na Palestina, os hebreus, agora denominados israelitas, tornaram-se agricultores e

fundaram uma confederação tribal denominada Beni-Israel, filhos de Israel. Nesta época, o contato com a

civilização cananéia provocou modificações na religiosidade israelita. O culto ao "deus dos pais" foi substituído

pelo culto à divindade cananéia El, o deus do céu, da palavra el, originou no hebreu o termo eloá, deus; a

palavra eloim é o plural intensivo de eloá, para designar a majestade divina.

A) A emergência do culto de Yahwéh. A origem de Yahwéh está ligada ao grupo que saiu do Egito em 1.200 a. C.,

conheceu a divindade madianita Yahu e fez o sincretismo com o Ya'uq dos árabes, constituindo, então, em Yaho.

Deus guerreiro, senhor do relâmpago, tal como sugere o nome original Yaho do verbo hwh/hwy primitivo, que

significa "cair", "abater", ou "descer", uma clara alusão ao relâmpago, assegurava a vitória sobre os inimigos de

Israel.

O grupo que saiu do Egito dirigiu-se ao oásis de Cades, onde ali receberam elementos que futuramente iriam se

constituir na tribo dos levitas. Esses futuros levitas cultuavam o deus-serpente Nehustan da palavra nahash, o

deus símbolo da sabedoria e da cura medicinal. Os levitas, cuja palavra árabe lawah significa "desenroscar-se",

possui uma etimologia muito parecida com Levi-athan, o dragão, adentraram ao círculo de Moisés após a saída

do Egito e identificaram em Yahwéh atributos do seu próprio deus e foram um dos principais divulgadores do

iaveísmo. Este clero trouxe para o culto israelita um nova modalidade de adivinhação: os objetos de pedra urim

e tumim (que significam respectivamente "maldito" e "inocente"). Relacionados a prática oracular, estes objetos

eram mantidos dentro de sacolas, e quando se fazia uma pergunta e se tirasse um tumim, significava um "sim",

e se tirasse um urim significava um "não".

Yahwéh era sempre evocado no contexto das batalhas com os povos vizinhos como convém a um deus

guerreiro, pois, era o protetor da confederação tribal israelita.

B) Os outros cultos. Com a adoção da agricultura, os israelitas cultuavam os diversos "baals" de cada localidade,

tidos como generosos propiciadores de abundante colheita. Era a Baal e não a Yahwéh que os agricultores

israelitas julgavam a responsabilidade da fertilidade do solo. Os "baals" eram concebidos na forma de um

tronco de árvore decepado, de uma estaca de madeira fincada no terreno ou na forma de um amontoado de

pedras.

Os terafins assumiram uma forma humana e passaram a ser amuletos de cunho pessoal, em vez de ser da

família, como era na época da pastorícia. Quando os terafins eram recobertos com algum tipo de metal

chamavam-se de éfode. O éfode, do hebraico 'pd, significa: 1o a parte do vestuário sacerdotal, a tanga de linho,

usada pelos ministros do culto, 2o o éfode do sumo-sacertode, espécie de colete preso por um cinto e

suspensório, 3o os objetos oraculares urim e tumim.

V - O Iaveísmo no Período dos Juízes (secs. XII - X a. C.)

A) Os ritos agrários. No período pré-estatal, os israelitas adotaram muitos deuses cananeus, além de El e de

Baal, as divindades cananéias adotadas possuíam um atributo específico, de acordo com a divisão do trabalho,

reflexo que se operava na complexificação da sociedade. Havia Dagon, o deus do trigo; Astarte, a deusa do

amor; Tammuz, o deus da vegetação; a deusa do Sol, Shapach, e a deusa-mãe Asherah associada ao culto de

Baal. A preocupação com a fecundidade da terra afetou profundamente o iaveísmo. Os camponeses adoravam

Yahwéh na forma de um touro em um altar cercado por uma paliçada (que mais tarde a teologia sacerdotal

transformou na narrativa do "Bezerro de Ouro"). A assembléia de anciãos recorria a Yahwéh na forma de

máscaras humanas (encontradas em Hazor) para obter oráculos sobre a estratégia de guerra. E, na liturgia, os

sacerdotes utilizavam um objeto, o éfode.

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B) Os deuses tribais. Cada tribo, além disso, possuía um patrono: o asno, o cordeiro, o bezerro. As tribos do

norte (José e Efraim) cultuavam o deus-touro, símbolo da fecundidade.

C) O deus El. A divindade cananéia El era o deus do céu, os cananeus julgavam-no o criador do mundo e da

humanidade; o seu culto foi sobrepujado pelo deus Baal, tornando, assim, um deus ocioso. Entretanto, os

israelitas associaram os atributos do deus El ao deus Yahwéh, criando agora um novo sincretismo. Acontece

que o El israelita era uma divindade da confederação tribal, era uma entidade impessoal, por exemplo, Yahwéh-

El era adorado sob a forma de vários epitetos, cada um deles evocado de acordo com um contexto específico. El

Elion, o deus altíssimo (a parte mais alta de uma porta); El Shaddai, "o todo poderoso" (na verdade, a

etimologia da palavra sugere ser o deus da estepe: shaddu, estepe), era cultuado em Manre; El Sebaot, o "deus

das hostes celestiais", evocado no contexto da batalha, era adorado em Silo; El Ro'i, o deus da visão, "o

onisciente", cultuado em Neguebe; El Olam, o deus eterno, cultuado em Berseba; El Bethel, o deus de Bethel,

cultuado nesta cidade; sem mencionar, é claro nos vários qone eretz, o possessor do solo, representado pelos

"baals", e o massebah (plural massebot), estela de pedra, na forma de um falo, símbolo das divindades

masculinas cananéias. Havia um versão feminina dessa estela: a asherah (plural asherot).

D) A representação de Yahwéh. O carácter anícola de Yahwéh não foi uma peculiaridade na História das

Religiões. Na Antigüidade houve povos que concebiam que o seu deus supremo como uma divindade cósmica,

com poderes extraordinários mas, restritos ao seu país. Estes povos concebiam o seu deus sob a forma humana

mas, admitiam que nenhum humano podia vê-los. Inclusive, entre os assírios, Assur, aparentemente não chegou

a ter representação figurativa. Além disso, as tribos árabes do norte da Síria possuíam uma concepção

metafísica de uma força invisível, o princípio 'l, que certamente contribuiu para a formação do mito de Yahwéh.

Por outro lado, os israelitas não desconheciam ídolos religiosos, como já foi mencionado. Ademais, além do

símbolo do touro, no dia a dia da vida do camponês havia o éfode, a massebah, e a arca da aliança, o símbolo da

presença do deus. Os trechos do Êxodo XX, XXIII e XXIV, 17 proíbem a representação do deus de Israel moldado

em metal, ouro ou prata, o que deixa livre o uso de outros materiais como osso, madeira e pedra, certamente

menos custosos. Era senso comum que os israelitas concebiam do seu deus nacional Yahwéh na forma humana

e pertencente ao sexo masculino; é um deus temível, exigente, vingativo e muito ciumento - constitui um reflexo

de uma sociedade altamente militarizada, machista e patriarcal -, protegia seu povo e era implacável com quem

o contestasse. Os textos do Pentateuco comentam a sua personalidade: Yahwéh descansa, arrepende-se, ira-se,

alegra-se, ouve, vê e fala aos homens.

E) O monoteísmo. Na mente da população camponesa, iletrada e restrita ao seu território, a idéia de uma

divindade humana, de carácter universal, única e sem representação figurada era deveras abstrata e difícil de

conceber. Outrossim, os israelitas aceitavam normalmente que os deuses de outros povos eram tão verdadeiro

quanto o seu, Yahwéh era o deus nacional de Israel assim como Marduc era o deus nacional da Babilônia, Assur

o deus dos assírios, Quemoch o deus dos moabitas e Milcom, a divindade protetora do povo amorita, o que

significava que o israelita comum professava uma monolatria (processo pelo qual um devoto diante de uma

multiplicidade de divindades, declara culto exclusivo a uma só, por uma espécie de bajulação excessiva e uma

relação afetiva para com o seu deus, excluindo os demais deuses mas, reconhecendo-os como reais).

VI - O iaveísmo no período da monarquia (secs. X - VII)

O iaveísmo conviveu com a religião cananéia e foi pouco a pouco absorvendo suas concepções. Tal sincretismo

continuou por muitos séculos, tal como podemos encontrar na religião dos colonos judeus, no século V a. C., em

Elefantina, Egito, que, inclusivamente, conceberam uma divindade fêmea consorte de Yahwéh: Anat Iahu.

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Yahwéh estava a frente de uma multiplicidade de divindades, era o deus supremo de Israel, o protetor da

confederação tribal, contudo, no dia a dia, os israelitas recorriam as divindades mais ligadas ao culto agrário: os

deuses tribais tinham mais substância e presença do que o deus supremo - Yahwéh era o deus nacional da

confederação tribal e não um deus de cunho pessoal. Por outro lado, devemos considerar que as concepções do

iaveísmo variavam muito de aldeia para aldeia e na prática, cada pessoa interpretava livremente os mitos e os

ritos.

A) A participação do Estado na religião. Quando a realeza unificou as tribos, deu realidade a idéia de Israel, mas

tarde formulada na mitologia do "pacto". Neste ponto, o iaveísmo foi bastante promovido pelo Estado: foi a

corte e o clero ligado ao palácio que tiveram recursos para criar a literatura religiosa e o culto elaborado. Na

ideologia de Estado, Yahwéh foi comparado à realeza: era um deus que governava Israel com sua corte celestial;

dizia-se que Yahwéh possuía servos, mensageiros, um trono e indumentária; reinava em Israel assim como os

outros deuses reinavam em outras nações.

O clero elaborou um primitivo decálogo, mais tarde atribuído a Moisés, onde podemos encontrar as antigas

concepções do iaveísmo:

1- Não curvarás a tua fronte diante de nenhum deus estrangeiro. 2- Não construirás nenhum deus de metal fundido. 3- Observarás sempre a festa dos ázimos, no mês de nisan (março/abril), para recordar a tua passagem no deserto. [O termo hebraico é pesah, em grego é dito pascha, que se tronou depois páscoa. Relacionava primitivamente à festa do início da primavera. Veja a parte III-C.] 4- Todo primogênito é meu: resgatarás com um sacrifício o primeiro parto entre a criação, grande ou pequena, o primogênito entre os filhos. [O sacrifício de crianças não era desconhecido pelo iaveísmo; sacrificava-se crianças na ocasião da erecção da pedra angular ou no término de uma construção; entretanto, considerando a alta taxa de mortalidade infantil, é possível que as crianças fossem oferecidas já mortas. Outrossim, o sacrifício a Yahwéh era as rezes] 5- Jamais comparecerás diante de mim de mãos vazias. 6- Três vezes por ano todos os teus filhos homens comparecerão perante o Senhor. [As três festas pastorais da primavera, do verão e do outono] 7- Jamais deixarás correr o sangue da minha vítima diante do pão fermentado. [Lembranças das velhas proibições rituais, ligado ao carácter sagrado do sangue e do lêvedo] 8- Não deixarás para amanhã o consumo de minha vítima pascal. [ Para que não se esgote a carga mágica que traz em si todo animal sacrificado aos poderes divinos] 9- Levarás a flor das flores das primícias do solo à casa de Yahwéh. 10- Não cozinharás o cabrito no leite da sua mãe. [Esta é uma antiga proibição tabu, encontrada, sob uma forma mágica, em uma das lâminas órficas descoberta nos túmulos da Magna Grécia, em Turi, hoje Terra Nova de Sibari, Calábria, século IV a. C.: "Cabrito cai no leite", isto é, estou para me tornar imortal]

B) Os novos mitos. Israel agora concebia a sua divindade principal com a mesma noção de deuses indo-

europeus e sumero-acadiano, isto é, como um senhor poderosíssimo acima da humanidade, ao qual o devoto

deveria submeter-se e servir; de fato, isto se explica pelo motivo de o iaveísmo está no contexto de uma

sociedade de classes, reflexo da existência de senhores poderosos reais. O clero estatal elaborou uma mitologia

para a religião, graças aos acréscimos vindo da Mesopotâmia: da Assíria, incorporaram a idéia de querube

(plural, querubim), do caribu assírio, gênios com cabeça de homem, corpo de leão ou touro, asas de águia e

patas de ouro, que vigiavam as portas de templo e palácios; da Babilônia, Yahwéh foi comparado a Marduc, o

deus que derrotava o dragão Tiamat e criava o mundo, em Israel, o monstro era o dragão marinho Leviatã.

Yahwéh estava acima do bem e do mal; a abundância, as graças, infortúnios e as pragas era devido a Yahwéh -

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os textos bíblicos mencionam que Yahwéh amaldiçoa gerações inteiras, destrói cidades, aflige a humanidade

com dilúvios, etc. Contudo, a jurisdição de Yahwéh sob o mundo não era total; era idéia corrente que após a

morte o defunto não estava mais sob a proteção do deus.

Um outro mito que foi combatido e propositadamente esquecido pelo clero iaveísta foi a lenda da primeira

mulher de Adão: Lilith, que se revoltou contra o seu marido. Esta lenda se tornou um escândalo para a

sociedade patriarcal e machista, e foi rejeitada na redação final do Gênesis.

C) Reformas religiosas. Os reis Saul, Asa, e Josafá proibiram a necromancia, a prostituição sagrada, em seguida,

combateram a erecção de estacas divinas (massebah). Saul e depois Josias passaram a perseguir e a punir os

feiticeiros com a morte (1Sm XXVIII, 3 e 9; 2Rs XXIII e XXIV).

Ocorre gradativamente o desaparecimento do ro'eh, vidente e adivinho para questões privadas, cujo Samuel foi

um dos últimos, é substituído pelo nabi (do cananeu, nabu, "aquele que foi chamado") profeta de origem

cananéia que se vestia de manto de pele preso por um cinto de couro, levava uma vida cenobítica,

perambulando em grupo pelas regiões e profetizando sob a autoridade de um chefe, chamado "o pai".

VII - O Iaveísmo no século VII

Uma nova versão do decálogo foi elaborada, que remonta ao período que vai do século VII ao século VI a. C.

Havia duas versões, a mais antiga está incluída no Deuteronômio V, 6-18, pode ser atribuída ao programa de

reforma religiosa, e a outra, a mais recente, está transcrita no Êxodo XX, 2-17, e é de carácter litúrgico-ritual,

pertence ao período de cem a duzentos anos após a tomada de Jerusalém pelos babilônios;

1- Não terás outro deus diante de Yahwéh. [Trata-se de uma afirmação de monoteísmo ritual, e não teológico; outros povos possuem deuses tão verdadeiros quanto Yahwéh, mas os israelitas não podem cultuá-los] 2- Não esculpirás nenhuma imagem e nenhuma representação de coisas que estejam no céu, sobre a terra e nas águas debaixo da terra. 3- Não pronunciarás em voz alta o nome do Senhor. [Quem possui o segredo do nome também possui o poder mágico que ele confere; é por isso que é necessários impedir que os estrangeiros possam apoderar-se do nome do deus] 4- Guardai escrupulosamente o dia de sábado. [O sábado era a festa da lua cheia dos sumérios, os babilônios tomaram dos sumérios com o nome de shabattu; abstiam de trabalhar nos dias "que traziam desgraças" (dias 7, 14, 21, e 28 dos dois meses de Elul II e Marchesvan). Os cananeus tomaram o sábado dos babilônios que, por sua vez, transmitiram aos israelitas com o nome de shabbath. Era o dia do repouso e "ação de graças" recordando os anos que os hebreus passaram como escravos no Egito, e foi mais tarde estendidos aos escravos hebreus. Sob o impulso dos profetas do século VII, teve um significado teológico: o dia de descanso de Yahwéh] 5- Honrarás teu pai e tua mãe. [Trata-se de um preceito que se seguido assegura longos anos de vida na terra] 6- Não matarás. [Em hebraico, a expressão é "não assassinar", isto é, não matar um membro do clã; outrossim, a morte do inimigo, mulheres e crianças, é admitida] 7- Não praticarás adultério. [Isto é, apenas não seduzir uma mulher casada ou apenas prometida a outro; seduzir uma mulher núbil ou escrava não é adultério, e o mesmo não se aplica às mulheres] 8- Não roubar. 9- Não levantar o falso testemunho contra o teu vizinho. 10- Não desejar a mulher do seu vizinho, nem o seu campo, a sua escrava, o seu escravo, o seu boi, o seu asno, etc. [O termo hebraico para desejar é "por os olhos em cima", é provável que se refira ao mau olhado, isto é, lançar um mau agouro sobre a propriedade alheia]

VIII - Epílogo

Com o cisma político, Yahwéh tornou-se um deus nacional de dois povos inimigos. Este foi o primeiro exemplo

histórico que permitiu a concepção de um deus de uma outra nação, e daí para o universo.

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Foram os nabim (singular: nab), profetas errantes que combateram o culto de Baal e outros deuses,

transformando a religião iaveística centrada no templo de Jerusalém, e depois, pelos sacerdotes do exílio, em

uma religião ritualista.

IX - Bibliografia

FOHRER, Georg: História da Religião de Israel, Edições Paulinas, 1982.

HUBERT, Henri et Lévy, Isidore: Manuel d’Histoire des Religions, Librairie Armand Cilin, Paris, 1904.

DONINI, Ambrogio: Breve História das Religiões, Editora Civilização Brasileira S/A, RJ, 1965.

BRANDON, S. G. F. (editor): Dictionary of Comparative Religion, The University of Manchester Press, Londres, Inglaterra, 1970.

DONNER, Herbert. História de Israel e dos Povos Vizinhos. 1a edição. Petrópolis, R. J. : Editora Vozes S. A., 1997. 535 páginas,

em dois volumes.

GARELLI, Paul et NIKIPROWETZKY, V. O Oriente Próximo Asiático (impérios mesopotâmicos e Israel), 1a edição. São Paulo, S.

P. : Editora Universidade de São Paulo, 1982. 338 páginas.

MOSCATI, Sabatino. Las Antigas Civilizaciones Semíticas. 1a edição espanhola. Barcelona, Espanha : Editiones Garriga S. A.,

1960. 318 páginas.

CARREIRA, José Nunes. Estudos de Cultura Pré-Clássica. 1a edição. Lisboa, Portugal : Editora Presença, 1985.

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Deus bíblico pode ter tido uma esposa, afirmam pesquisadores

Inscrições indicariam que Javé teria tido como companheira a deusa da fertilidade Asherah.

Tese é polêmica; outros especialistas dizem que Deus só 'absorveu' atributos da deusa.

Reinaldo José LopesDo G1, em São Paulo

Imagem de mulher grávida escavada em antigo assentamento israelita: seria uma representação da Asherah, a antiga esposa do

Deus bíblico? (Foto: Reprodução)

Será que uma deusa pagã, atacada na Bíblia como uma das maiores inimigas do culto ao

Deus verdadeiro, poderia ser, na verdade, a esposa Dele? De forma bastante simplificada,

esse é um dos principais debates que dividem os historiadores da religião do antigo Israel nos

últimos tempos. Inscrições misteriosas, pequenas estatuetas de cerâmica e o próprio texto da

Bíblia indicariam que a deusa em questão, conhecida como Asherah, não teria sido adorada

como rival de Javé, o Deus judaico-cristão, mas sim como sua companheira.

Leia mais reportagens da série "Ciência da Fé"

Isso, é claro, para um dos lados do debate. Para outros pesquisadores, os símbolos da deusa

Asherah (cujo nome às vezes é aportuguesado como "Asserá") teriam sido simplesmente

"incorporados" pelo culto de Javé, sem que a deusa fosse adorada como entidade distinta

pelos antigos israelitas. A ambigüidade é, em parte, lingüística: embora Asherah fosse o

nome de uma deusa dos cananeus (habitantes pagãos da Palestina), a palavra também é um

substantivo comum, "asherah", que designa um poste de madeira usado para cerimônias

religiosas.

"As posições estão bem marcadas: uns acreditam que se trata de um símbolo cúltico, outros

já assumem que se trata de uma deusa. No entanto, uma coisa não necessariamente exclui a

outra, porque o poste também simbolizava a deusa, de forma que uma referência a ele sugere

o culto a Asherah", diz Osvaldo Luiz Ribeiro, doutorando em teologia bíblica da Pontifícia

Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ).

Menções numerosas

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"Na Bíblia hebraica existem mais de 40 referências a Asherah e ao seu símbolo, inclusive

demonstrando a sua presença dentro do Templo de Jerusalém, o Templo de Javé", conta Ana

Luisa Alves Cordeiro, mestranda em ciências da religião na Universidade Católica de Goiás.

Nessas referências, a deusa é sempre retratada como uma influência religiosa negativa dos

povos vizinhos sobre os israelitas, competindo com o culto do verdadeiro Deus. Cordeiro

está estudando o impacto da reforma religiosa liderada por Josias, rei de Judá (o reino

israelita do sul), por volta do ano 620 a.C., na qual o símbolo da deusa teria sido arrancado

do Templo e queimado.

No entanto, o culto a Asherah parece ter sido mais importante fora de Jerusalém, nos

chamados "lugares altos", afirma a pesquisadora. Em tais locais, o poste de madeira era

substituído por árvores vivas como símbolo da deusa. "Eram santuários ao ar livre, nos topos

das montanhas. Isso evidencia uma profunda ligação com a natureza", diz Cordeiro. O culto

a Asherah seria uma forma de reverenciar a fertilidade feminina e o papel da mulher como

doadora ou mantenedora da vida. "E a árvore é o símbolo dessa abundância", avalia a

pesquisadora.

Durante muito tempo, esse tipo de culto foi considerado uma influência religiosa estrangeira

sobre o povo de Israel, conforme o que dizia a Bíblia. Mas o consenso atual é que os

israelitas não tiveram uma origem separada dos cananeus, seus vizinhos pagãos. A maior

parte dos habitantes de Judá e Israel (nome um tanto confuso do reino israelita do norte)

parecem ter sido um grupo de origem majoritariamente cananéia que foi assumindo uma

entidade cultural distinta aos poucos. E, entre os cananeus, Asherah era a esposa de El, o

soberano dos deuses -- mais ou menos como Zeus, na mitologia grega, tinha sua mulher

divina, a deusa Hera.

Evidência direta?

É aqui que a arqueologia traz dados surpreendentes sobre a questão. O sítio arqueológico

mais importante para o debate sobre Asherah talvez seja o de Kuntillet Ajrud, localizado no

Sinai egípcio, perto da fronteira com Israel. O lugar parece ter sido uma espécie de "pit stop"

de caravanas no deserto, e também ter abrigado um antigo santuário.

Inscrição em hebraico do ano 800 a.C. no alto pede benção de "Javé de Samaria e sua Asherah". Casal abaixo do texto, com

aspecto bovino, poderia retratar o deus e sua esposa, segundo alguns especialistas (Foto: Reprodução)

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Inscrições e desenhos em fragmentos de cerâmica de Kuntillet Ajrud revelam frases, datadas

em torno do ano 800 a.C., pedindo a benção de "Javé de Samaria [capital do reino israelita

do norte] e sua Asherah" e "Javé de Teiman e sua Asherah". No caso da primeira frase, há

um desenho estranhíssimo de duas figuras com corpo humano e cabeça que lembra a de

bovinos, uma delas com traços mais masculinos e outra com traços mais femininos. Será que

era assim que alguns dos antigos israelitas imaginavam Javé e sua esposa Asherah?

"Temos outros dados que indicam a associação de Javé com a figura do touro, representando

a força, o poder, principalmente no culto de Samaria", afirma Osvaldo Ribeiro, da PUC-RJ.

Outros pesquisadores, como Mark S. Smith, da Universidade de Nova York, contestam a

associação de Javé com uma consorte chamada Asherah nessas inscrições. Para eles, a

gramática do hebraico é esquisita: o termo "sua Asherah" parece se referir a um objeto, não a

uma pessoa ou a uma deusa.

"Eu acho complicado tirar uma conclusão como essa simplesmente com base no que

sabemos do hebraico bíblico, porque se trata de uma língua morta. Nunca vamos ter certeza

se realmente era impossível usar o pronome em 'sua Asherah' para se referir a uma pessoa",

diz Ribeiro. De qualquer maneira, afirma o pesquisador, há outro dado arqueológico

importante: inúmeras estatuetas de cerâmica, encontradas em todo o território israelita e com

idades que abrangem centenas de anos, que parecem indicar uma deusa da fertilidade,

com barriga de grávida e seios protuberantes. "Essas imagens continuam sendo comuns até o

século 6 a.C., quando Jerusalém é destruída e parte de seus habitantes são exilados na

Babilônia", lembra ele.

Outras estatuetas femininas feitas por antigos israelitas: os traços maternais, como seios fartos e ventres grávidos, são enfatizados

nessas imagens (Foto: Reprodução)

Pós-exílio

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Se o culto a Asherah era tão comum quando esses indícios esparsos indicam, o que teria

levado ao fim dele? A Bíblia explica o processo como uma contaminação constante da

religião de Israel pelos povos pagãos, a qual nem muitas reformas religiosas purificadoras,

como a do rei Josias, foram capazes de apagar antes do exílio na Babilônia.

Ribeiro, no entanto, diz acreditar que muitas dessas histórias de reforma foram projeções dos

sacerdotes do Templo de Jerusalém, elaboradas na época depois do exílio. "A comunidade

dos que voltam da Babilônia se organiza em torno do Templo de Jerusalém, sob a liderança

dos sacerdotes e com o apoio do Império Persa [que dominou a região depois de vencer

a Babilônia]. Então, toda ameaça a esse processo de centralização do poder sacerdotal foi

combatida, de forma que só acabou sobrando o culto a Javé. Foi um acidente histórico, num

momento crítico, que acabou se tornando a visão dominante."

Já para Ana Luisa Cordeiro, da Universidade Católica de Goiás, os eventos antigos têm

implicações para a própria visão excessivamente masculina de Deus que acabou se tornando

dominante entre judeus e cristãos. Não é que a sociedade na qual Asherah era adorada fosse

necessariamente igualitária entre homens e mulheres, pondera ela, mas pelo menos abria

espaço para enxergar o sagrado com um lado feminino.

"Reimaginar o sagrado como Deusa é reimaginar as relações de poder, não numa tentativa de

apagar a presença de Deus, mas sim de dar espaço ao feminino no sagrado, o feminino não

como um atributo do Deus masculino, mas como Deusa", avalia Cordeiro.

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Conheça a verdadeira 'cara' da Arca da Aliança, objeto mais

sagrado da Bíblia

Decoração com querubins, monstros que lembram esfinges, indica passado pagão israelita.

Abrigar Arca em tenda também liga culto a El, divindade adorada por antigos cananeus.

Reinaldo José LopesDo G1, em São Paulo

Tanto na Bíblia quanto nos filmes da série "Indiana Jones", a Arca da Aliança é o símbolo

supremo do poder do Deus de Israel, derrubando as muralhas das cidades inimigas, causando

epidemias entre povos pagãos e fulminando os mortais que ousam tocá-la (sem falar nos

nazistas que querem usar o artefato para seus fins malignos). Os historiadores e arqueólogos

modernos ainda não conseguiram determinar o paradeiro da Arca, se é que o objeto ainda

existe, mas a grande ironia é que, ao que tudo indica, o artefato incorporava características

originalmente pagãs, da época em que os israelitas não adoravam um deus único.

"A Arca parece ter tido sua origem nos amuletos protetores parecidos com caixas usados até

hoje por algumas tribos de beduínos. Colocadas em cima de camelos, essas caixas são a

vanguarda das migrações deles, da mesma maneira como se descreve a Arca liderando os

israelitas no deserto", escreve Stephen A. Geller, professor de estudos bíblicos do Seminário

Teológico Judaico de Nova York.

De fato, embora a Arca da Aliança fosse totalmente coberta de ouro, conforme diz o livro do

Êxodo, no Antigo Testamento, trata-se de um objeto cultual relativamente simples, típico de

um povo nômade. As descrições falam numa caixa de 1,25 m de comprimento por 0,75 m de

altura e largura, na qual eram encaixadas duas varas, também cobertas de ouro, usadas para

transportá-la -- tocar a Arca, ou mesmo vê-la ao ar livre, era um tabu muito sério entre os

israelitas.

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'Arquivo' e 'morada'

Ainda de acordo com o Êxodo, a Arca foi construída para cumprir dois objetivos principais.

Em primeiro lugar, no interior dela foram colocadas as duas Tábuas da Lei -- os blocos de

pedra onde o próprio Deus -- ou então Moisés; o texto bíblico é ambíguo --teria gravado os

Dez Mandamentos. (Tradições posteriores falam de outros objetos dentro da Arca, como um

vaso com o misterioso maná que alimentou os israelitas no deserto, mas tais histórias não são

mencionadas pelo Antigo Testamento.)

E a Arca também foi colocada na parte mais sagrada do Tabernáculo, espécie de templo

móvel em forma de tenda, carregado pelos israelitas durante suas andanças no deserto. Nessa

parte do Tabernáculo, o chamado Santo dos Santos, só o sumo sacerdote podia entrar, e

ainda assim uma vez por ano, no chamado Yom Kippur, ou Dia do Perdão.

A presença de Arca servia quase como o elo direto entre Deus e os israelitas, o ponto focal

onde a presença divina se fazia sentir. Ela era carregada sempre coberta, mas sua presença

animava os guerreiros de Israel durante batalhas e realizava milagres como abrir as águas do

rio Jordão para que o povo entrasse na Terra Prometida.

Querubins

O detalhe mais significativo do objeto para os estudiosos modernos, porém, talvez seja o de

dois personagens misteriosos cujas imagens encimavam a tampa da Arca. São os dois

querubins -- criaturas que, na tradição posterior, são retratados como anjos, mas que na

verdade lembram mais esfinges, com corpo de leão ou touro, asas de águia e cabeça humana,

como se pode ver na fotografia abaixo.

Monstro alado de palácio assírio do século VIII a.C.: os querubins da Arca da

Aliança provavelmente tinham uma aparência desse tipo (Foto: Reprodução)

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"São imagens muito comuns como protetores da realeza nas culturas vizinhas de Israel,

como o Egito e a Mesopotâmia", explica Haroldo Reimer, do Departamento de Filosofia e

Teologia da Universidade Católica de Goiás. "Mais tarde, quando o Templo de Salomão é

construído em Jerusalém, você tem estátuas soltas desses querubins, além dos que aparecem

na própria Arca."

Os querubins da Arca da Aliança estão voltados um de frente para o outro, com as asas

estendidas para a frente. A idéia é retratar as asas das criaturas como o trono onde Deus está

sentado, enquanto a tampa da Arca é o estrado onde a divindade apóia seus pés. Para Reimer,

a imagem dessas divindades menores sugere que, durante muito tempo, os israelitas não

foram monoteístas (adoradores de um único deus).

"Parece que a tendência ao aniconismo [ou seja, a não fazer imagens divinas] é uma coisa

que veio mais tarde, por volta dos séculos 8 a.C. ou 7 a.C.", afirma ele. "Antes disso, a

prática do politeísmo [adoração a vários deuses] no Templo de Jerusalém deve ter acontecido

normalmente."

O próprio Tabernáculo dá indicações da associação do culto israelita com deuses dos

cananeus, moradores politeístas da região que se tornaria Israel. "O principal deus cananeu,

El, era retratado como morando numa tenda, no alto de uma montanha", afirma Christine

Hayes, professora de Bíblia Hebraica da Universidade Yale (EUA). É uma imagem que

lembra um bocado Javé, o qual ordena a construção do Tabernáculo e fala com Moisés no

monte Sinai.

Paradeiro desconhecido

O paradeiro da Arca não é conhecido desde pelo menos o ano 587 a.C., quando os

babilônios, comandados pelo rei Nabucodonosor, conquistaram Jerusalém e destruíram o

Templo, em cujo Santo dos Santos o objeto era abrigado. Surgiram inúmeras lendas: o

profeta Jeremias teria escondido a Arca no Monte Nebo, na atual Jordânia; ou o objeto até

teria sido levado para a Etiópia por Menelik I, suposto filho do rei Salomão e a soberana

etíope conhecida como Rainha de Sabá.

"O que sabemos é que esse tipo de objeto, oriundo dos templos de nações conquistadas, eram

levados embora pelos conquistadores", afirma Reimer. Não dá para saber se, por exemplo, o

ouro teria sido reaproveitado pelos babilonios, enquanto a Arca em si teria sido destruída.

Reimer sugere cautela sobre o excesso de ceticismo nesse aspecto. "A arqueologia já

descobriu indícios de objetos considerados lendários antes. Eu não descartaria que uma

bela arca dourada fosse encontrada algum dia."

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ABRAÃO E O CARVALHO DE MOREH

Gênesis - 12:6

Abrão atravessou a terra até o lugar do Carvalho de Moré, em Siquém. Naquela

época os cananeus habitavam essa terra.

Gênesis - 13:18

Então Abrão mudou seu acampamento e passou a viver próximo aos carvalhos de

Moreh, em Hebrom, onde construiu um altar dedicado ao Senhor.

Gênesis - 14:13

Mas alguém que tinha escapado veio e relatou tudo a Abrão, o hebreu. Abrão vivia

próximo aos carvalhos de Moreh*, o amorreu, irmão de Escol e de Aner, aliados de

Abrão.

*Moreh era uma pessoa, possivelmente o proprietário daquelas terras onde estavam os carvalhos, ou seja,

as árvores sagradas dos cananeus, vale lembrar aqui que o culto aos postes ídolos ou a deusa ASHERAH, a

deusa da fertilidade esposa de BAAL era sempre realizado em baixo de arvores, principalmente arvores

frondosas. Coincidências?

Gênesis - 18:1

O Senhor apareceu a Abraão perto dos carvalhos de Manre, quando ele estava

sentado à entrada de sua tenda, na hora mais quente do dia.

“Assim Abrão desarmou o seu acampamento e foi morar perto das árvores sagradas de

Manre, na cidade de Hebrom. E ali Abrão construiu um altar para Yahuéh” (Gênesis 13.18)

Como teria sido isto possível? Abraão levantar um altar a Yahuéh perto das arvores

sagradas de Moreh, se ele Abraão não conhecia Deus por este nome, pois a própria

BÍLBIA diz que Deus só se manifestou por este nome a Moisés:

“Exodo 6: 2 Falou mais Deus a Moisés e disse-lhe: Eu sou Yahuéh; 3 e apareci a Abraão, a

Isaque e a Jacó como Deus Todo-poderoso; mas pelo meu nome Yahuéh não lhes fui

conhecido.”

Já vimos que Ló foi armando suas tendas aos pouquinhos, cada dia mais perto, até

chegar a Sodoma. E que Abraão adotou o costume de levantar altares a Iahweh

aonde chegava. Agora Abraão arma suas tendas, não aos pouquinhos, mas de vez,

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próximo das árvores sagradas de Manre. Provavelmente um carvalhal, onde havia o

carvalho Moré, também visto anteriormente.

Se Manre não tinha a imoralidade de Sodoma, tinha o paganismo da adoração a

árvores sagradas (ASHERAH). Abraão foi de vez para lá, não como Ló, que foi aos

pouquinhos para Sodoma. Mas há uma diferença fundamental entre os dois. Abraão

edificou ali um altar a Iahweh. Estranho a atitude de Abraão se ele era monoteísta, a

grande verdade é que estes testos deixam entrever nas entrelinhas que Abraão

possivelmente era politeísta e adorava tanto El o deus cananeu quanto sua consorte

Asherah a deusa da fertilidade representada por uma árvore, ou seja, não era

coincidência Abraão montar suas tendas debaixo dos carvalhos ou árvores sagrados

de Manre.

BAAL E ASHERÁH

Deuteronômio 16:21 Não plantarás para ti nenhuma Asheráh, plantando qualquer árvore

junto ao altar do SENHOR, teu Deus, que fizeres para ti.

Juízes 3:7 Os filhos de Israel fizeram o que era mau perante o SENHOR e se esqueceram do

SENHOR, seu Deus; e renderam culto aos baalins e ao poste-ídolo(Asheráh).

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Juízes 6:25 Naquela mesma noite, lhe disse o SENHOR: Toma um boi que pertence a teu

pai, a saber, o segundo boi de sete anos, e derriba o altar de Baal que é de teu pai, e corta o

poste-ídolo (Asheráh) que está junto ao altar. 26 Edifica ao SENHOR, teu Deus, um altar

no cimo deste baluarte, em camadas de pedra, e toma o segundo boi, e o oferecerás em

holocausto com a lenha do poste-ídolo que vieres a cortar. 28 Levantando-se, pois, de

madrugada, os homens daquela cidade, eis que estava o altar de Baal derribado, e o poste-

ídolo (Asheráh) que estava junto dele, cortado; e o referido segundo boi fora oferecido no

altar edificado. 30 Então, os homens daquela cidade disseram a Joás: Leva para fora o teu

filho, para que morra; pois derribou o altar de Baal e cortou o poste-ídolo que estava junto

dele.

1 Reis 18:19 Agora, pois, manda ajuntar a mim todo o Israel no monte Carmelo, como

também os quatrocentos e cinqüenta profetas de Baal e os quatrocentos profetas do poste-

ídolo (Asheráh) que comem da mesa de Jezabel.

2 Reis 13:6 Contudo, não se apartaram dos pecados da casa de Jeroboão, que fez pecar a

Israel, porém andaram neles; e também o poste-ídolo(Asheráh) permaneceu em Samaria.

2 Reis 17:16 Desprezaram todos os mandamentos do SENHOR, seu Deus, e fizeram para si

imagens de fundição, dois bezerros; fizeram um poste-ídolo(Asheráh), e adoraram todo o

exército do céu, e serviram a Baal.

2 Reis 21:3 Pois tornou a edificar os altos que Ezequias, seu pai, havia destruído, e

levantou altares a Baal, e fez um poste-ídolo(Asheráh) como o que fizera Acabe, rei de

Israel, e se prostrou diante de todo o exército dos céus, e o serviu.

2 Reis 21:7 Também pôs a imagem de escultura do poste-ídolo(Asheráh) que tinha feito

na casa de que o SENHOR dissera a Davi e a Salomão, seu filho: Nesta casa e em

Jerusalém, que escolhi de todas as tribos de Israel, porei o meu nome para sempre;

JEROBOÃO E O BEZERRO DE OURO ANO 931 a.C.

1 Reis 12: 26 Disse Jeroboão consigo: Agora, tornará o reino para a casa de Davi. 27 Se

este povo subir para fazer sacrifícios na Casa de Yahwéh, em Jerusalém, o coração dele se

tornará a seu senhor, a Roboão, rei de Judá; e me matarão e tornarão a ele, ao rei de Judá.

28 Pelo que o rei, tendo tomado conselhos, fez dois bezerros de ouro; e disse ao povo:

Basta de subirdes a Jerusalém; vês aqui teus deuses, ó Israel, que te fizeram subir da terra

do Egito! 29 Pôs um em Betel e o outro, em Dã. 30 E isso se tornou em pecado, pois que o

povo ia até Dã, cada um para adorar o bezerro. 31 Jeroboão fez também santuários nos

altos e, dentre o povo, constituiu sacerdotes que não eram dos filhos de Levi. 32 Fez uma

festa no oitavo mês, no dia décimo quinto do mês, igual à festa que se fazia em Judá, e

sacrificou no altar; semelhantemente fez em Betel e ofereceu sacrifícios aos bezerros que

fizera; também em Betel estabeleceu sacerdotes dos altos que levantara. 33 No décimo

quinto dia do oitavo mês, escolhido a seu bel-prazer, subiu ele ao altar que fizera em Betel e

ordenou uma festa para os filhos de Israel; subiu para queimar incenso.

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A REFORMA DO REI EZEQUIAS ANO 716 a.C.

2 Reis 18: 1 No terceiro ano de Oséias, filho de Elá, rei de Israel, começou a reinar

Ezequias, filho de Acaz, rei de Judá. 2 Tinha vinte e cinco anos de idade quando começou a

reinar e reinou vinte e nove anos em Jerusalém; sua mãe se chamava Abi e era filha de

Zacarias. 3 Fez ele o que era reto perante o SENHOR, segundo tudo o que fizera Davi, seu

pai. 4 Removeu os altos, quebrou as colunas e deitou abaixo o poste-ídolo; e fez em

pedaços a serpente de bronze que Moisés fizera, porque até àquele dia os filhos de Israel

lhe queimavam incenso e lhe chamavam Neustã. 5 Confiou no SENHOR, Deus de Israel,

de maneira que depois dele não houve seu semelhante entre todos os reis de Judá, nem entre

os que foram antes dele. 6 Porque se apegou ao SENHOR, não deixou de segui-lo e

guardou os mandamentos que o SENHOR ordenara a Moisés.

A REFORMA DO REI JOSIAS ANO 622 a. C.

2 Crônicas 34: 1 Tinha Josias oito anos de idade quando começou a reinar e reinou trinta e

um anos em Jerusalém. 2 Fez o que era reto perante o SENHOR, andou em todo o caminho

de Davi, seu pai, e não se desviou nem para a direita nem para a esquerda. 3 Porque, no

oitavo ano de seu reinado, sendo ainda moço, começou a buscar o Deus de Davi, seu pai; e,

no duodécimo ano, começou a purificar a Judá e a Jerusalém dos altos, dos postes-ídolos e

das imagens de escultura e de fundição. 4 Na presença dele, derribaram os altares dos

baalins; ele despedaçou os altares do incenso que estavam acima deles; os postes-ídolos e

as imagens de escultura e de fundição, quebrou-os, reduziu-os a pó e o aspergiu sobre as

sepulturas dos que lhes tinham sacrificado. 5 Os ossos dos sacerdotes queimou sobre os

seus altares e purificou a Judá e a Jerusalém. 6 O mesmo fez nas cidades de Manassés, de

Efraim e de Simeão, até Naftali, por todos os lados no meio das suas ruínas. 7 Tendo

derribado os altares, os postes-ídolos e as imagens de escultura, até reduzi-los a pó, e tendo

despedaçado todos os altares do incenso em toda a terra de Israel, então, voltou para

Jerusalém. 8 No décimo oitavo ano do seu reinado, havendo já purificado a terra e a casa,

enviou a Safã, filho de Azalias, a Maaséias, governador da cidade, e a Joá, filho de Joacaz,

cronista, para repararem a Casa do SENHOR, seu Deus.

Tribo de Dã

A Tribo de Dã ( "Juiz", Dan em hebraico standard, Dān em hebraico tiberiano) é uma das

Tribos de Israel que segundo a Bíblia foi fundada por Dã, filho de Jacó e de Bila, sua

concubina (Genesis 30:4).

O símbolo de Dã é uma serpente, o que a diferencia das outra tribos de Israel. Visto que este

animal é considerado um símbolo do mal na tipologia bíblica, é aparentemente estranho que

esteja como estandarte em uma tribo hebraica. Diz antigo adágio popular: A pior cunha é

aquela que sai da mesma madeira. Evidentemente a expressão "da mesma madeira" indica

uma boa madeira, utilizada para boa construção, e dela é que sai a "pior cunha".

(Génesis 49:16-17).

'Dan julgará o seu povo, como uma das tribos de Israel. Dan será serpente junto ao

caminho, uma víbora junto à vereda, que morde os calcanhares do cavalo, e faz cair o seu

cavaleiro por detrás'

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Amós 8:14 'Os que juram pela culpa de Samaria, dizendo: Vive o teu deus, ó Dan; e vive o

caminho de Berseba; esses mesmos cairão, e não se levantarão jamais'.

Juizes 18: Juizes 18: 1 Naqueles dias, não havia rei em Israel, e a tribo dos danitas buscava

para si herança em que habitar; porquanto, até àquele dia, entre as tribos de Israel, não lhe

havia caído por sorte a herança. 2 Enviaram os filhos de Dã cinco homens dentre todos os

da sua tribo, homens valentes, de Zorá e de Estaol, a espiar e explorar a terra; e lhes

disseram: Ide, explorai a terra. Chegaram à região montanhosa de Efraim, até à casa de

Mica, e ali pernoitaram. 3 Estando eles junto da casa de Mica, reconheceram a voz do

moço, do levita; chegaram-se para lá e lhe disseram: Quem te trouxe para aqui? Que fazes

aqui? E que é que tens aqui? 4 Ele respondeu: Assim e assim me fez Mica; pois me

assalariou, e eu lhe sirvo de sacerdote. 13 Dali, passaram à região montanhosa de Efraim e chegaram até à casa de Mica. 14 Os

cinco homens que foram espiar a terra de Laís disseram a seus irmãos: Sabeis vós que,

naquelas casas, há uma estola sacerdotal, e ídolos do lar, e uma imagem de escultura, e

uma de fundição? Vede, pois, o que haveis de fazer. 15 Então, foram para lá, e chegaram à

casa do moço, o levita, em casa de Mica, e o saudaram. 16 Os seiscentos homens que eram

dos filhos de Dã, armados de suas armas de guerra, ficaram à entrada da porta. 17 Porém,

subindo os cinco homens que foram espiar a terra, entraram e apanharam a imagem de

escultura, a estola sacerdotal, os ídolos do lar e a imagem de fundição, ficando o sacerdote

em pé à entrada da porta, com os seiscentos homens que estavam armados com as armas

de guerra. 18 Entrando eles, pois, na casa de Mica e tomando a imagem de escultura, a

estola sacerdotal, os ídolos do lar e a imagem de fundição, disse-lhes o sacerdote: Que

estais fazendo? 19 Eles lhe disseram: Cala-te, e põe a mão na boca, e vem conosco, e sê-

nos por pai e sacerdote. Ser-te-á melhor seres sacerdote da casa de um só homem do que

seres sacerdote de uma tribo e de uma família em Israel? 20 Então, se alegrou o coração

do sacerdote, tomou a estola sacerdotal, os ídolos do lar e a imagem de escultura e entrou

no meio do povo.

30 Os filhos de Dã levantaram para si aquela imagem de escultura; e Jônatas, filho de

Gérson, o filho de Manassés, ele e seus filhos foram sacerdotes da tribo dos danitas até ao

dia do cativeiro do povo. 31 Assim, pois, a imagem de escultura feita por Mica

estabeleceram para si todos os dias que a Casa de Deus esteve em Siló.

E os danitas da tribo de Dã não deixaram de adorar esta divindade até a época do exílio que

provavelmente se refere ao exílio promovido pela Assíria e a Salmanezer no ano de 722 a.C.

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CHAVE DE LEITURA PARA GENESIS 2:4b -3:24 - CAMADA JAVISTA - A CRIAÇÃO

1. O DESERTO ARIDO

4b quando o YAHWÉH ELOHIM os criou. 5 Não

havia ainda nenhuma planta do campo na terra,

pois ainda nenhuma erva do campo havia brotado;

porque o YAHWÉH ELOHIM não fizera chover

sobre a terra, e também não havia homem para

lavrar o solo. 6 Mas uma neblina subia da terra e

regava toda a superfície do solo.

1. O DESERTO ARIDO

Aqui o deserto árido, representa os 40 anos que

Israel teve que passar no deserto árido, antes de

entrar na terra prometida, e ali aprender a servir a

Deus e ser uma nação... O deserto tem função

didática para Israel.

2. A FORMAÇÃO DO HOMEM

7 Então, formou o YAHWÉH ELOHIM ao homem

do pó da terra e lhe soprou nas narinas o fôlego de

vida, e o homem passou a ser alma vivente.

2. A FORMAÇÃO DE ISRAL

A formação do home representa a formação da

nação de Israel, que de um clã de 70 pessoas,

passou a ser uma grande no Egito...

3. A CRIAÇÃO DO ÉDEM

8 E plantou o YAHWÉH ELOHIM um jardim no

Éden, na direção do Oriente

3. O ÉDEM REPERESENTA CANAÃ

A terra de Canaã que manava leite e mel é o paraíso

de Deus na terra, onde Deus colocou Israel.

4. DEUS COLOCA O HOMEM NO ÉDEM

e pôs nele o homem que havia formado. 9 Do solo

fez o YAHWÉH ELOHIM brotar toda sorte de

árvores agradáveis à vista e boas para alimento; e

também a árvore da vida no meio do jardim e a

árvore do conhecimento do bem e do mal. 10 E

saía um rio do Éden para regar o jardim e dali se

dividia, repartindo-se em quatro braços. 11 O

primeiro chama-se Pisom; é o que rodeia a terra de

Havilá, onde há ouro. 12 O ouro dessa terra é bom;

também se encontram lá o bdélio e a pedra de ônix.

13 O segundo rio chama-se Giom; é o que circunda

a terra de Cuxe. 14 O nome do terceiro rio é Tigre;

é o que corre pelo oriente da Assíria. E o quarto é o

Eufrates. 15 Tomou, pois, o YAHWÉH ELOHIM

ao homem e o colocou no jardim do Éden para o

cultivar e o guardar

4. DEUS COLOCA ISRAEL NA TERRA

Deus coloca Israel na terra de Canaã para tomar

conta dela e adorá-lo como único Deus.

5. DEUS DÁ UM MANDAMENTO AO

HOMEM

16 E o YAHWÉH ELOHIM lhe deu um

mandamento: De toda árvore do jardim comerás

livremente, 17 mas da árvore do conhecimento do

bem e do mal não comerás; porque, no dia em que

dela comeres, certamente morrerás.

5. DEUS DÁ A TORAH A ISRAEL

Deus dá a Torah a Israel, os cinco rolos da Lei, a

Torah representa este único mandamento que Deus

deu a Adão.

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6. A CRIAÇÃO DA MULHER

18 Disse mais o YAHWÉH ELOHIM: Não é bom

que o homem esteja só; far-lhe-ei uma auxiliadora

que lhe seja idônea. 19 Havendo, pois, o

YAHWÉH ELOHIM formado da terra todos os

animais do campo e todas as aves dos céus, trouxe-

os ao homem, para ver como este lhes chamaria; e o

nome que o homem desse a todos os seres viventes,

esse seria o nome deles. 20 Deu nome o homem a

todos os animais domésticos, às aves dos céus e a

todos os animais selváticos; para o homem, todavia,

não se achava uma auxiliadora que lhe fosse idônea.

21 Então, o YAHWÉH ELOHIM fez cair pesado

sono sobre o homem, e este adormeceu; tomou uma

das suas costelas e fechou o lugar com carne. 22 E

a costela que o YAHWÉH ELOHIM tomara ao

homem, transformou-a numa mulher e lha trouxe.

23 E disse o homem: Esta, afinal, é osso dos meus

ossos e carne da minha carne; chamar-se-á varoa,

porquanto do varão foi tomada. 24 Por isso, deixa

o homem pai e mãe e se une à sua mulher,

tornando-se os dois uma só carne. 25 Ora, um e

outro, o homem e sua mulher, estavam nus e não se

envergonhavam.

6. A PROIBIÇÃO DOS CASAMENTOS

MISTOS

Esta passagem faz alusão à proibição aos

casamentos mistos na época de Esdras e Neemias,

ou seja, assim como Adão casou com uma mulher

que, era ossos de seus ossos, carne de sua carne e

sangue de seu sangue, Israel agora não poderia

contrair casamento com os povos vizinhos que eram

idolatras, ou seja, Isael não poderia praticar os

casamentos mistos, aqui é o nascimento da religião

judaica com suas discriminações para com os povos

vizinhos.

Vemos assim, a justificativa para se contrair

casamentos entre familiares, como é o caso de

Abrão, Isaque e Jacó.

7. A SERPENTE E A ARVORE DO

CONHECIMENTO

CAPITULO 3:1 Mas a serpente, mais sagaz que

todos os animais selváticos que o YAHWÉH

ELOHIM tinha feito, disse à mulher: É assim que

Deus disse: Não comereis de toda árvore do jardim?

2 Respondeu-lhe a mulher: Do fruto das árvores do

jardim podemos comer, 3 mas do fruto da árvore

que está no meio do jardim, disse Deus: Dele não

comereis, nem tocareis nele, para que não morrais.

4 Então, a serpente disse à mulher: É certo que não

morrereis. 5 Porque Deus sabe que no dia em que

dele comerdes se vos abrirão os olhos e, como Deus,

sereis conhecedores do bem e do mal.

6 Vendo a mulher que a árvore era boa para se

comer, agradável aos olhos e árvore desejável para

dar entendimento, tomou-lhe do fruto e comeu e

deu também ao marido, e ele comeu. 7 Abriram-se,

então, os olhos de ambos; e, percebendo que

estavam nus, coseram folhas de figueira e fizeram

cintas para si. 8 Quando ouviram a voz do

7. ASHERÁH E A IDOLATRIA DE ISRAEL

Asherah é a deusa da fertilidade tanto adorada em

Canaã e também pelos israelitas, ela é representada

tanto por uma árvore sagrada, como por uma

serpente enrolada nesta árvore, sua representação

humana é uma mulher dos seios fartos, que

representa a fertilidade, a abundancia na colheita e

etc, ela era sempre adorada junto com seu consorte

Baal, o bezerro de ouro filho de El de quel ele Baal

tomou a esposa Asherah, pois o mesmo El era um

velhinho e não tinha mais virilidade, enquanto Baal

era representado também como um jovem guerreiro

viril. Assim Asherah foi esposa tanto do deus pai El

quanto de seu filho Baal. Havia uma pratica que

após adorar Baal se terminava o culto adorando

Asherah numa orgia cultual em comemoração à

fertilidade, a colheita e etc.

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YAHWÉH ELOHIM, que andava no jardim pela

viração do dia, esconderam-se da presença do

YAHWÉH ELOHIM, o homem e sua mulher, por

entre as árvores do jardim.

8. DEUS SE APRESENTA COMO JUIZ

9 E chamou o YAHWÉH ELOHIM ao homem e lhe

perguntou: Onde estás? 10 Ele respondeu: Ouvi a

tua voz no jardim, e, porque estava nu, tive medo, e

me escondi.

8. DEUS SE APRESENTA COMO JUIZ

A prova que Adão e Eva não eram inocentes foi

quando eles ouviram o voz de Deus se esconderam

com medo. Medo do que? Medo por que? Ora eles

transgrediram um único mandamento que Deus

lhes dera... Qual era este mandamento? Seria o

mandamento não comer uma simples fruta? Não!!!

O mandamento era não se prostituir adorando a

deusa Asherah que era uma representada por uma

cobra enrolada numa árvore, este foi o pecado de

Adão e Eva a idolatria. Mas Adão e Eva

representam Israel, foi Israel quem pecou e praticou

a idolatria adorando durante séculos a deusa

proibida Asherah.

9. A CAUSA DO JUIZO; A QUEBRA DO

MANDAMENTO

11 Perguntou-lhe Deus: Quem te fez saber que

estavas nu? Comeste da árvore de que te ordenei

que não comesses? 12 Então, disse o homem: A

mulher que me deste por esposa, ela me deu da

árvore, e eu comi. 13 Disse o YAHWÉH ELOHIM

à mulher: Que é isso que fizeste? Respondeu a

mulher: A serpente me enganou, e eu comi.

14 Então, o YAHWÉH ELOHIM disse à serpente:

Visto que isso fizeste, maldita és entre todos os

animais domésticos e o és entre todos os animais

selváticos; rastejarás sobre o teu ventre e comerás

pó todos os dias da tua vida. 15 Porei inimizade

entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu

descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o

calcanhar.

16 E à mulher disse: Multiplicarei sobremodo os

sofrimentos da tua gravidez; em meio de dores

darás à luz filhos; o teu desejo será para o teu

marido, e ele te governará.

17 E a Adão disse: Visto que atendeste a voz de tua

9. A CAUSA DO JUIZO; A IDOLATRIA DE

ISRAEL

Na Torah está explicito que se Israel se prostituir e

adorar outros deuses, Deus os julgaria e os

expulsaria da boa terra que Deus lhes havia dado,

ou seja, Israel deveria escolher entre a benção e a

maldição, entre a vida e a morte, o que era a benção

e a maldição ou a vida e a morte?

É simples abenção e a vida é a arvore da vida que

representa a Torah, os mandamentos de Deus que,

se forem obedecidos trazem benção, vida,

prosperidade, terra, fartura e etc.

A morte e maldição é a idolatria representada aqui

pela deusa Asherah, ou seja, a cobra enrolada na

árvore, a adoração desta deusa ou a idolatria traz a

maldição, a morte e os juízos de Deus através da

expulsão da terra...

É dito na Torah que se Israel for fiel deus lhes daria

a terra que mana leite e mel aterra de Canaã... Terra

esta que Deus lhes daria por herança.

É dito também que se Israel for infiel e adorar

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mulher e comeste da árvore que eu te ordenara não

comesses, maldita é a terra por tua causa; em

fadigas obterás dela o sustento durante os dias de

tua vida. 18 Ela produzirá também cardos e

abrolhos, e tu comerás a erva do campo. 19 No

suor do rosto comerás o teu pão, até que tornes à

terra, pois dela foste formado; porque tu és pó e ao

pó tornarás.

20 E deu o homem o nome de Eva a sua mulher, por

ser a mãe de todos os seres humanos.

21 Fez o YAHWÉH ELOHIM vestimenta de peles

para Adão e sua mulher e os vestiu.

outros deuses Israel seria expulso desta terra e

levado cativo para outra nações até os confins da

terra.

10. SENTENÇA; A EXPULSÃO DO ÉDEM

22 Então, disse o YAHWÉH ELOHIM: Eis que o

homem se tornou como um de nós, conhecedor do

bem e do mal; assim, que não estenda a mão, e tome

também da árvore da vida, e coma, e viva

eternamente. 23 O YAHWÉH ELOHIM, por isso, o

lançou fora do jardim do Éden, a fim de lavrar a

terra de que fora tomado. 24 E, expulso o homem,

colocou querubins ao oriente do jardim do Éden e o

refulgir de uma espada que se revolvia, para

guardar o caminho da árvore da vida.

10. SENTENÇA: A EXPULSÃO DA TERRA

E não teve jeito ISRAEL Foi expulso da terra, por

causa da sua idolatria e teimosia num caso de amor

muito antigo, onde adorava Asherah e seu esposo

Baal...

Israel foi levado cativo para a Assiria depois para

Babilonia...

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ASHERAH: A Deusa Proibida

Resumo: Este artigo tem por objetivo realizar uma reconstrução da imagem da Deusa Asherah no Antigo Israel,

como possibilidade de representação feminina no sagrado. Após a contextualização do processo de elaboração

do monoteísmo em Israel, voltamos a um processo anterior, o politeísmo, onde vislumbramos a presença das

Deusas e Deuses no contexto cananeu, em especial Asherah, para posteriormente identificarmos a relação

conflituosa que se estabelece entre os escritos bíblicos e Asherah.

Para a maioria das pessoas que lêem a Bíblia, a idéia de um único Deus de Israel, Yahweh, parece ser clara. No

entanto, descobertas arqueológicas das últimas décadas vem demonstrando que nem sempre foi assim. Nem

sempre Yahweh esteve solitário. Antes da ascensão do monoteísmo em Israel, o Deus Yahweh fazia parte de

um contexto politeísta onde havia um panteão de Deuses e Deusas, sendo que provavelmente foi adorado ao

lado de sua consorte, Asherah.

Reconstruir a presença da Deusa Asherah na vida de mulheres e homens no antigo Israel é um esforço de, a

partir de uma perspectiva feminista e de gênero, trazer elementos que nos ajudem numa maior aproximação do

que foram os espaços religiosos e vitais deste povo. Esta reconstrução é algo necessário, uma vez que estamos

diante de textos sagrados marcados pelo sistema patriarcal, onde há o domínio do pai e quiriarcal, onde há o

domínio do senhor (Gossmann, 1997: 371-374). Sistemas que projetaram historicamente um Deus masculino,

legitimando práticas e funções masculinas, com isso silenciando mulheres, suas representações sagradas, tudo

aquilo que pudesse lhes garantir espaço e voz. Por isso, faz-se necessário a nossa reflexão voltar a um ponto

anterior ao monoteísmo patriarcal, até religiões nas quais uma Deusa era a imagem divina dominante ou então

era emparelhada com a imagem masculina de uma forma que tornava a ambas modos equivalentes de aprender

o divino (Ruether, 1993: 46).

Carol Christ (2005: 17) ressalta que “re-imaginar o poder divino como Deusa tem importantes conseqüências

psicológicas e políticas”, como caminho de desconstrução do pensamento que naturaliza a dominação

masculina. Segundo Schroer (1995: 40), o culto à Deusa era exercido tanto por homens como por mulheres,

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mas veio sobretudo ao encontro das necessidades das mulheres, pois lhes oferecia mais espaço no âmbito

religioso.

Através de uma “hermenêutica feminista de suspeita”, método proposto por Elisabeth Schüssler Fiorenza

(1992: 89), queremos “re-imaginar” Asherah a partir de uma análise exegética crítica ao

patriarcado/quiriarcado presente nos textos bíblicos, reconstruindo a memória da Deusa a partir dos dados

arqueológicos e identificando na literatura bíblica a relação conflituosa que se estabelece com ela.

As Origens do Monoteísmo no Antigo Israel

Antes de qualquer reflexão em torno da Deusa Asherah, é necessário primeiramente fazermos uma breve

alusão sobre o que foi a constituição do monoteísmo no Antigo Israel, para então entendermos como este

monoteísmo afetou a cultura politeísta da época, mais especificamente o culto e a imagem da Deusa Asherah.

Há uma grande problemática em torno do início do monoteísmo, são vários os apontamentos e as pesquisas.

Frank Crüsemann (2001: 780) aponta a época do profeta Elias (cf. 1Rs 18,19-40) como o momento histórico em

que se começa a falar da exclusividade do Deus de Israel, principalmente no embate com o Deus Baal e no

processo de sincretismo onde Yahweh incorpora as características de Baal. Os escritos bíblicos do Primeiro

Testamento teriam em si a tendência de mostrar, do início ao fim, a realidade do monoteísmo, “a proibição de

se adorar outras divindades já é pressuposta em Gênesis e formulada claramente no Sinai (Ex 20,2)”

(Crüsemann, 2001: 781).

Haroldo Reimer (2006: 115) aponta, sobretudo o século V a.E.C como o momento histórico marcante, em que

Yahweh vai se constituindo como Deus único de Israel, desencadeando um “processo de diabolização de outras

divindades”.

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Num primeiro momento, a divindade Yahweh teria sido um elemento religioso que veio de fora do contexto

cananeu. Nesta época, possivelmente era o Deus El que ocupava a cabeça do panteão divino. Yahweh passa a

integrar o contexto israelita sem contudo negar a existência e diversidade de outras divindades.

No entanto, os conflitos religiosos começam a acontecer, sobretudo no Reino do Norte, no período que vai dos

séculos IX a VIII a.E.C, com o Deus Baal, ocorrendo a transferência dos atributos da fertilidade de Baal para

Yahweh, o que Crüsemann também aponta. Já no Reino do Sul, do final do século VIII até o final do século VII

a.E.C, a fé monoteísta javista é afirmada em um contexto nacionalista, na medida em que se pode retrojetar a

idéia de nação para aqueles tempos. A diversidade religiosa passa a ser objeto de ações perseguidoras oficiais,

buscando-se sempre a cumplicidade dos homens de Israel que devem denunciar quem se desvia do credo

oficial afirmado desde Jerusalém (Reimer, 2006: 117).

Neste sentido, a afirmação da exclusividade de Yahweh acarreta um processo de “diabolização” da própria

Deusa Asherah, onde textos bíblicos serão instrumentos de justificação deste processo monoteísta.

Frente a essa exclusividade de Yahweh, será impossível a sobrevivência de qualquer outra divindade, além de

que a ênfase em Yahweh será critério de afirmação do sacerdócio masculino perpetuando uma sociedade

patriarcal (Reimer, 2006: 117).

Neste contexto, a existência de outras divindades masculinas e femininas foi sempre uma ameaça ao

monoteísmo estabelecido, sendo que as reformas religiosas em Judá, de Josafá (870-848 a.E.C), de Ezequias

(716-687 a.E.C), de Josias (640-609 a.E.C) e as legislações do Código da Aliança (Ex 20,22-23,19) e do Código

Deuteronômico (Dt 12-26) agiram como instrumentos que visavam assegurar a fé monoteísta (Reimer, 2003:

968).

O desenvolvimento do Monoteísmo e suas fases

O pesquisador Haroldo Reimer (2003) aponta cinco fases do desenvolvimento do monoteísmo no Antigo Israel.

A primeira fase seria marcada pelo sincretismo entre El e Yahweh, no qual El é uma divindade cananéia

cujas características é criador da terra e pai dos deuses.

A segunda fase, por volta do século IX a.E.C, seria marcada pelos conflitos com o Deus Baal. Baal era

filho de El, cuja característica principal era a fertilidade.

A terceira fase estaria na ênfase da adoração exclusiva a Yahweh. O profeta Oséias, no século VIII a.E.C,

equipara a idolatria à adoração de outras divindades. Neste período acontece a reforma de Ezequias

(2Rs 18,4), que mostra a remoção dos lugares altos e a destruição da serpente de bronze, Neustã,

reforma legitimada legalmente através do Código da Aliança (Ex 20,22-23,29).

A quarta fase remete à época de dominação assíria, com a reforma de Josias (2Rs 22-23), justificada

legalmente pelo Código Deuteronômico, englobando uma série de medidas visando a exclusividade de

Yahweh e sua centralidade em Jerusalém, do templo de Jerusalém teriam sido retirados utensílios

feitos para Baal, Aserá e o Exército do céu; sacerdotes dos 'altos' foram depostos, a estaca sagrada

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(hebraico: asherah) foi destruída, cabanas onde as mulheres teciam véus para Aserá foram demolidas

etc. Também os santuários do interior foram desautorizados e desmantelados. Houve, assim,

claramente, uma concentração do culto a Yahveh em Jerusalém, com a conseqüente exigência da

adoração exclusiva dessa divindade (Reimer, 2003: 982). Cada vez mais, as reformas religiosas vêm

carregadas de intolerância religiosa proibindo qualquer tipo de imagens de divindades, mesmo que de

Yahweh. Esta fase teria repercutido imensamente no culto à Deusa Asherah, consorte de Yahweh.

A quinta fase seria marcada pelo monoteísmo absoluto e estaria relacionada com o período do exílio.

Esta realidade estaria clara em Is 45,5 “Eu sou Yahweh e fora de mim não existe outro Deus”. Gn 1 seria

a afirmação do poder criacional de Yahweh diante do domínio babilônico ancorado na fidelidade à

divindade Marduc. No entanto, o pós-exílio, época do domínio Persa e do retorno das elites sacerdotais

exiladas na Babilônia, seria o momento de maior afirmação do monoteísmo absoluto em Yahweh, bem

como, da supressão de qualquer referência a outras divindades, sobretudo femininas. Toda a literatura

bíblica produzida e finalizada neste período terá essa tendência exclusivista em Yahweh.

Enfim, o monoteísmo em Israel traz em si um longo processo de elaboração e afirmação, que se absolutiza

sobretudo em torno dos séculos VI e V a.E.C.

A presença da Deusa em Israel (Do Bronze ao Ferro)

Conforme a pesquisadora Monika Ottermann (2004), que traça o panorama da presença da Deusa em Israel, da

Idade do Bronze à Idade do Ferro, no Oriente Médio, datando a Idade do Bronze Médio (1800-1500 a.E.C), a

representação da Deusa é caracterizada como “Deusa-Nua”, destacando o triângulo púbico, emergindo também

representações em forma de ramos ou pequenas árvores estilizadas, combinação que vem a ser denominada

“Deusa-Árvore”.

Na Idade do Bronze Tardio (1550-1250/1150 a.E.C), a Deusa-Árvore apresenta duas mudanças, aparecendo em

forma de uma árvore sagrada flanqueada por cabritos ou como um triângulo púbico, que substitui a árvore.

Neste período, já se nota a tendência de substituição do corpo da Deusa pelos seus atributos, em especial a

árvore. Aparece, na passagem do BM para o BT uma mudança decisiva no campo das figuras de material mais

precioso: as Deusas Nuas foram substituídas em grande parte por deuses guerreiros como Baal e Reshef (...) o

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encontro dos sexos fica claramente relegado ao segundo plano e é substituído por representações de

legitimação, luta, dominação e lealdade político-imperial (Ottermann, 2004: 5).

A Deusa continua perdendo representatividade na religião oficial, onde divindades masculinas ganham cada

vez mais força, principalmente a partir de características dominadoras e guerreiras. Na Idade do Ferro I

(1250/1150-1000), a forma corporal da Deusa-Árvore vai desaparecendo enquanto que formas de animais que

amamentam filhotes, às vezes com a presença de uma árvore estilizada, ganham cada vez mais espaços na

glíptica, significando a prosperidade e a fertilidade. A presença da Deusa fica relegada aos espaços de

religiosidade das mulheres.

Na Idade do Ferro IIA (1000-900 a.E.C), início da formação do javismo as Deusas passam a ser simbolizadas por

seus atributos. A forma vegetal da Deusa confunde-se com seu símbolo, a árvore estilizada, sendo que muitas

vezes é substituída por ele. Entendemos essas imagens como representações da Deusa Asherah.

Na Idade do Ferro IIB (925-720/700 a.E.C), Israel e Judá apresentam diferenças no âmbito simbólico. Os

documentos epigráficos de Kuntillet Adjrud e de Khirbet el-Qom destacam um vínculo estreito entre Asherah e

Yahweh, o que acima de tudo demonstra um contexto politeísta, onde se adoravam a várias divindades

femininas e masculinas.

Na Idade do Ferro IIC (720/700-600 a.E.C), a Babilônia derruba a Assíria e passa a dominar Israel e Judá. Neste

período encontramos o símbolo tradicional da Deusa, a árvore e o ramo. Vários selos ou impressões de selos

que associam símbolos astrais com árvores estilizadas foram encontrados na Palestina e na Transjordânia, o

que reforça interpretações sobre a existência de um culto a Deusa Asherah ao lado do Deus Yahweh. É

principalmente na forma de árvore estilizada que, ao longo de séculos, Asherah esteve presente em Israel.

Mas é sobretudo na época pós-exílica que as vertentes políticas e religiosas dominantes vão excluir e proibir a

presença de uma divindade feminina dentro do javismo (Ottermann, 2005:.52).

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Evidências arqueológicas da Deusa Asherah

A Deusa Asherah representada como uma mulher em meio às serpentes

As primeiras evidências de Asherah aparecem em textos cuneiformes babilônicos (1830-1531 a.E.C) e nas

cartas de El Armana (século XIV a.E.C) (Neuenfeldt, 1999:.5).

Para o pesquisador Ruth Hestrin (1991: 52-53), informações importantes sobre Asherah vêm dos textos

ugaríticos de Ras Shamra (Costa Mediterrânea da Síria). Nestes textos, Asherah é chamada de Atirat, consorte

de El, principal Deus do panteão cananeu no II milênio a.E.C, sendo mencionada também como ‘Elat, forma

feminina de El. Nos textos ugaríticos, Asherah (ou seja, Atirat ou ‘Elat) é a mãe dos Deuses, simbolizando a

Deusa do amor, do sexo e da fertilidade.

Também foram escavados vários pingentes ugaríticos que retratam uma Deusa, provavelmente Atirat/ ‘Elat. A

figura humana estilizada nestes pingentes contém o rosto, os seios e a região púbica e uma pequena árvore

estilizada gravada acima do triângulo púbico.

Em 1934, o arqueólogo britânico James L. Starkey encontrou o jarro de Lachish, datado aproximadamente no

13º século a.E.C, provavelmente ano 1220.

O jarro é decorado e contém inscrições raras do antigo alfabeto semítico. Na decoração há o desenho de uma

árvore flanqueada por duas cabras com longos chifres para trás, que, segundo Ruth Hestrin, representa

Asherah. Uma inscrição que segue pela borda do jarro tem sido reconstruída e traduzida por Frank M. Cross,

como: “Mattan. Um oferecimento para minha senhora 'Elat”.

Não se sabe quem é Mattan, mas está claro que ele faz uma oferenda para 'Elat, que é o feminino para El, chefe

do panteão cananeu no II milênio a.E.C, equivalente ao pré-bíblico Asherah. Nota-se um dado importante, o

nome 'Elat está escrito logo acima da árvore, representação de 'Elat/ Asherah. Há uma possibilidade deste jarro

e seu conteúdo terem sido uma oferenda à Deusa (Hestrin, 1991: 54).

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No entanto, foi no templo de Arad, no Neguev, ao sul de Jerusalém, que se encontrou fortes evidências de

Asherah. No santuário interno foram encontrados dois altares diante de um par de pedras verticais,

possivelmente lugar de culto a Yahweh e Asherah. Um outro altar foi encontrado no pátio externo do templo

com tigelas dos sacerdotes e cinzas de ossos de animais queimados, no canto uma irmandade local e altares

com pedras duplas (Discovery, 1993). Segundo Elaine Neuenfeldt (1999:.6), o templo é datado

aproximadamente da época do Bronze Recente, entre o 10º e 8º séculos a.E.C., quando possivelmente a reforma

de Ezequias o extinguiu (2Rs 18).

Em Khirbet el-Qom, ao oeste de Hebron, em 1967, outro arqueólogo encontrou um túmulo judaico da segunda

metade do século VIII (Discovery, 1993), com uma inscrição na parede interior que Severino Croatto (2001:.36)

traduz como:

1. UriYahu (...) sua inscrição.

2. Abençoado seja UriYahu por YHWH

3. sua luz por Asherah, a que mantém sua mão sobre ele

4. por sua rpy, que...

Segundo Hestrin, em 1975-1976, o arqueólogo israelita Ze’ev Meshel, em Kuntillet Adjrud, 50km ao sul de

Qadesh-Barnea, na antiga estrada de Gaza a Elat, escavou uma pousada no deserto que continha várias

inscrições. Controlado por Israel, este posto estatal encontrava-se em território de Judá, funcionando

aproximadamente entre 800-775 a.E.C. No prédio principal, em sua entrada, duas jarras de armazenagem com

desenhos e inscrições foram encontradas e identificadas como pithos A e pithos B. Na inscrição do pithos A se

lê:

Diz... Diga a Jehallel... Josafa e...”:

Abençoo-vos em YHWH de Samaria e sua Asherah.

No pithos B se lê:

Diz AmarYahu: Diga ao meu Senhor: Estás bem?”.

Abençoo-te em YHWH de Teman e sua Asherah.

Ele te abençoa e te guarde e com meu senhor.

Neste pithos aparecem três figuras, duas masculinas retratos do Deus egípcio Bes e uma claramente feminina

(seios em destaque) tocando uma lira.

Ruth Hestrin (1991: 55–56), aponta ainda que em outra pintura egípcia, do túmulo do Faraó Tuthmosis III, está

retratada uma Deusa na forma humana no tronco de uma árvore, apresentando alimento para o rei através do

seio que é sustentado pelo braço, ambos saindo da árvore.

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Willian Dever (Discovery: 1993) também aponta a dama-leão como uma forte evidência de que Asherah existiu

como Deusa no início de Israel. No mundo antigo, o leão quase sempre acompanhou o Deus chefe. Em uma

estela egípcia a Deusa despida em cima de um leão é chamada de Qudshu, que para William F. Albright e Frank

Cross é o equivalente egípcio do ugarítico ‘Atirat/ ‘Elat e do bíblico Asherah. Em outra figura a árvore sagrada

que representa Asherah é colocada em cima de um leão (Hestrin, 1991: 55-57).

Em 1968, o arqueólogo americano Paul Lapp escavou um outro artefato muito famoso em Taanach, datando ao

final do 10º século a.E.C (Hestrin, 1991: 57). Num dos quartos da instalação cúltica foram encontrados prensa

de óleo, forma para fazer figuras de Asherah, sessenta pesos de tear e 140 ossos de articulações de ovelhas e

cabras (Neuenfeldt, 1999: 7).

Um quadrado oco de terracota, aberto na base, composto de quatro níveis ou róis também foi encontrado.

Conforme Ruth Hestrin (1991: 57-58), no rol inferior, uma mulher nua flanqueada por dois leões é mais uma

representação de Asherah, Deusa-mãe, o que é similar á estela egípcia com Qudshu. No segundo rol temos uma

abertura vazia no meio (provavelmente a entrada do templo) flanqueada por duas esfinges (corpo de leão, asas

de pássaros e cabeça de mulher). O terceiro rol traz uma árvore sagrada da qual saem três pares de galhos,

simbolizando a Deusa principal, Asherah, consorte de Baal e fonte da fertilidade, sendo flanqueada

possivelmente por duas leoas. No rol superior temos um touro sem chifres, com um disco de sol em cima, o que

simboliza o Deus supremo não só na Mesopotâmia e no panteão hitita, como também no panteão cananeu. O

jovem touro representa Baal, principal Deus do panteão cananeu, que no II milênio substituiu El, cabeça do

panteão.

Em 1960, a arqueóloga inglesa Kathyn Kenyon descobriu centenas de estatuetas femininas quebradas em uma

caverna perto do templo de Salomão em Jerusalém, para vários estudiosos essa descoberta sinalizou a

existência do templo, para outros determinou o fim dos cultos pagãos pelo rei Josias, o qual ordenou a

destruição de todos os vasos feitos para Baal e Asherah (Discovery, 1993).

Todas essas descobertas são fortes evidências da existência da Deusa Asherah. Parece claro que por

determinado tempo essa Deusa teve mais espaço e representatividade na vida do povo em Canaã/ Israel, até

ser taxada como a causa de todos os males que o povo estava sofrendo nas mãos de seus dominadores, em

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especial na época da dominação Babilônica, com toda experiência de destruição e exílio, Asherá, na maioria do

tempo venerada sob o corpo de uma árvore, era, inicialmente, a parceira de YHWH, mas com o crescente

desenvolvimento do javismo como religião de um deus masculino, transcendente e único, ela foi taxada como

sua maior rival e inimiga (Ottermann, 2005: 48).

A existência da Deusa Asherah remonta uma época de adoração a vários Deuses e Deusas, antes da ascensão do

Javismo, o culto da Deusa Árvore Asherah realizava-se, principalmente, em torno de uma árvore natural ou

estilizada, ou seja, de um poste sagrado que podia estar ao lado de um altar seu ou de uma outra divindade,

inclusive YHWH. Porém, seu culto foi realizado, de preferência, debaixo de uma árvore natural, nos chamados

'lugares altos', santuários ao ar vivo no topo das colinas e montanhas. Na maioria do tempo, uma imagem ou

símbolo de Asherah estava também presente dentro do próprio templo de Jerusalém (Ottermann, 2005:.49).

É fato que a nova religião, centrada em Yahweh, vai se construindo e se impondo a partir da proibição a

qualquer tipo de representação religiosa que não fosse Yahweh.

De politeísta Israel passa a se constituir monoteísta, pelo menos na religião oficial. Provavelmente, adorações a

Deuses e Deusas dentro das casas continuaram por longo tempo, como forma de resistência. A centralização no

Deus único, Yahweh, que neste processo também se apropriou das funções de Asherah, custou caro aos outros

Deuses e Deusas que compartilhavam da mesma cultura. Esta proibição atingiu a vida de homens e mulheres,

que ali encontravam uma significação religiosa.

Seria ingênuo querer defender, neste contexto, uma sociedade no antigo Israel onde havia reciprocidade entre

os sexos, pelo simples fato de existirem as Deusas. Pelo contrário, como reflete Simone de Beauvoir (2002:.91),

o culto a Deusa se dá dentro de um contexto patriarcal, onde a perda de representação da Deusa atinge

profundamente e principalmente ao universo religioso das mulheres, sendo que, o culto a Asherah vai

sobrevivendo, até ser definitivamente extinguido e proibido, dos espaços, das mentes e dos corpos, de homens

e mulheres que tinham em Asherah uma fonte de significação para a vida.

É nesse contexto patriarcal, que Yahweh se torna uma forte representação do masculino no sagrado,

justificando a dominação masculina, tanto no âmbito social, econômico, político, como religioso. A religião

oficial israelita absorve então uma identidade somente masculina, onde o feminino passa a ser relegado ao

espaço particular das mulheres.

Por isso, é extremamente importante uma memória da Deusa, em especial Asherah, consorte de Yahweh, não só

numa tentativa de reconstruir a história do antigo Israel, mas principalmente dar espaço e voz às divindades

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femininas, que são uma possibilidade de identificação sagrada das mulheres, em busca de relações mais

recíprocas e humanizadas entre os gêneros.

Deusa Asherah: Uma imagem a partir dos Escritos Bíblicos

Conforme Ruth Hestrin (1991:.50), Asherah é mencionada cerca de 40 vezes na Bíblia Hebraica, de três formas

diferentes, ora como uma imagem que representa a própria Deusa, ora como uma árvore ou como um tronco de

árvore, que a simbolizam.

Asherah, a Deusa Cananéia, na mitologia ugarítica era conhecida como “Senhora do Mar”, a esposa de El, chefe

do panteão dos Deuses. No Primeiro Testamento ela aparece muitas vezes como esposa de Baal, sendo que na

épica de Baal, Asherah cria os monstros que o devoram, se opondo à construção de um templo para Baal

(Mackenzie, 1984:.82).

O culto a Asherah foi muito popular em Israel e Judá. O rei Asa (912-871 a.E.C), que ficou no poder durante 41

anos em Judá, empreendeu uma restauração no culto a Yahweh e “chegou a retirar de sua mãe a dignidade de

Grande Dama, porque ela fizera um ídolo para Aserá; Asa quebrou o ídolo e queimou-o no vale do Cedron” (1Rs

15,13; cf. 2Cr 15,16). O ídolo remete na palavra hebraica mifleset, a algum objeto de culto, provavelmente de

madeira. É interessante perceber que o culto se dá no palácio, em ambiente oficial (Croatto, 2001: 40-41). Já na

passagem de 1Rs 16,33 “Acab erigiu também um poste sagrado...” demonstrando que Asherah também foi

adorada em Israel.

Em 2Cr 14,1-2, onde o rei Asa é lembrado como o rei que fez o que é “bom e justo aos olhos de Yahweh, seu

Deus”, exatamente porque “eliminou os altares do estrangeiro e os lugares altos, despedaçou as estelas,

destruiu as aserás...” ordenando o povo a praticar a lei e os mandamentos de Yahweh (cf. Jz 3,7).

Refletindo sobre os textos bíblicos que mencionam a Deusa Asherah teremos como pano de fundo o contexto

que Silvia Schroer tão bem elucida, os/as repatriados/as da Babilônia tinham integrado a questão da culpa de

tal maneira que consideravam sobretudo o culto às deusas como motivo da ruína de Israel. Os expoentes deste

grupo conseguiram banir de Judá quase completamente o culto às deusas dentro de um século e de apagar, o

máximo possível, as memórias dele. Não é por acaso que o culto clandestino à deusa acontece no contexto de

proibições misóginas e xenófobas de casamentos mistos. Todas as tentativas que seguem, de integrar a deusa

pelo menos na linguagem teológica, são tentativas assentadas dentro do sistema monoteísta (Schroer,

1995:.40).

A partir desta perspectiva, de demonização da Deusa ou das Deusas, tentaremos constatar, nos escritos

bíblicos, os impactos e as conseqüências que tal visão e atitude trouxe para a imagem da Deusa Asherah, que

aos poucos passa a se tornar a Deusa proibida, a causa dos males e da ruína de Israel.

A marginalização do feminino, das mulheres é um processo que também se dá e se sustenta por meio de

escritos bíblicos justificadores de uma sociedade patriarcal, atuando assim no que podemos chamar de

“desempoderamento” das mulheres a partir do sagrado, o que trouxe e traz fortes impactos nas dimensões

culturais, religiosas, sociais, econômicas e políticas.

A seguir, em dois momentos, analisaremos citações bíblicas sobre Asherah. Primeiramente as que mencionam

Asherah como Deusa, depois as que aparecem com o nome “poste sagrado”, símbolo da Deusa.

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A Deusa Asherah:

Há uma preocupação dos redatores bíblicos de excluir qualquer suspeita da Deusa Asherah ao lado de Yahweh,

como sua consorte, de tal forma que os escritos bíblicos possivelmente foram redigidos com a intenção de

apagar e demonizar a presença da Deusa.

As inúmeras citações sobre Asherah demonstram seu peso no contexto religioso, o que faz dela uma grande

ameaça ao monoteísmo javista em ascensão.

Em 1Rs 18,19, “pois bem, manda que se reúna junto de mim no monte Carmelo, todo o Israel com os

quatrocentos e cinqüenta profetas de Baal e os quatrocentos profetas de Aserá, que comem à mesa de

Jerusalém”, a referência a Asherah geralmente é considerada uma glosa. Quem incluiu esta referência tinha

claro que Asherah era uma Deusa e a coloca em paralelo com Baal (Croatto, 2001:.41).

O rei Josafá (871-848 a.E.C), filho e sucessor do rei Asa, deu continuidade à política de seu pai, “Yahweh

manteve o reino em suas mãos” (2Cr 17,5), pois “seu coração caminhou nas sendas de Yahweh e ele suprimiu

de novo em Judá os lugares altos e as aserás” (2Cr 17,6). Em outra passagem, Josafá após combater contra

Aram, apesar de ferido, volta com vida para Jerusalém sendo aclamado por Jeú, o vidente, deve-se levar auxílio

ao ímpio? Amarias aqueles que odeiam Yahweh, para assim atrair sobre ti sua cólera? Todavia, foi encontrado

em ti algo de bom, pois eliminaste da terra as aserás e aplicaste teu coração à procura de Deus (2Cr 19,3).

Ezequias (727-698 a.E.C), filho e sucessor de Acaz, é lembrado como o rei que “fez o que é agradável aos olhos

de Yahweh”. Durante o seu reinado, após a celebração da Páscoa e da festa dos Ázimos é empreendida uma

reforma do culto, terminadas todas essas festas, todo o Israel que lá se achava saiu pelas cidades de Judá

quebrando as estelas, despedaçando as aserás, demolindo os lugares altos e os altares, para eliminá-los por

completo de todo o Judá, Benjamim, Efraim e Manassés. A seguir, todos os israelitas voltaram para suas cidades,

cada um para seu patrimônio (2Cr 31,1).

Nesta época o Reino do Norte, Israel, já havia sido destruído, sendo assim, Judá, Reino do Sul, tornou-se o único

espaço onde a identidade religiosa do povo de Yahweh poderia ser mantida. Foi nesse contexto que Ezequias

promoveu uma extensa reforma religiosa e política, com intenções de reunir o povo em torno de um só Deus e

um só rei. Por isso, Ezequias é exaltado pelos redatores deuteronomistas como o rei que “fez o que agrada aos

olhos de Yahweh” (2Rs 18,3). A reforma religiosa de Ezequias era baseada nas seguintes medidas: no combate a

idolatria, na centralização do culto a Yahweh em Jerusalém e no cumprimento dos mandamentos. Tais medidas

podem ter sido fundamentadas no documento trazido do Norte (Dt 12-26), que foi adaptado à reforma em Judá.

Josias retoma 100 anos mais tarde este documento para empreender sua reforma religiosa e política (Gass,

2005: 78-83).

O rei Manassés (698-643 a.E.C), filho e sucessor de Ezequias, é lembrado pelos redatores como um rei que “fez

mal aos olhos de Yahweh”, justamente porque reconstruiu os lugares altos que seu pai havia destruído, ergueu

altares para os baais e fabricou postes sagrados, prestando-lhes culto. No entanto, foi construir altares dentro

do Templo de Yahweh (2Rs 21,7) a maior abominação para os redatores, que ao final dos escritos sobre

Manassés relatam sua conversão a Yahweh. “Sua oração e como foi ouvido, todos os seus pecados e sua

impiedade, os sítios onde havia construído os lugares altos e erguido aserás e ídolos antes de se ter humilhado,

tudo está consignado na história de Hozai” (2Cr 33,19).

O rei Josias (640-609 a.E.C) empreendeu uma reforma a partir de 622 a.E.C fazendo de Jerusalém o centro

político e religioso de seu estado, destruindo os santuários de Yahweh que havia no interior e acabando com os

cultos cananeus e assírios, que aconteciam no templo de Jerusalém e nos lugares altos. A reforma de Josias

atingiu a liberdade religiosa popular, pois ordenou a Helcias, o sumo sacerdote, aos sacerdotes que ocupavam o

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segundo lugar e aos guardas das portas que retirassem do santuário de Yahweh todos os objetos de culto que

tinham sido feitos para Baal, para Aserá e para todo o exército do céu, queimou-os fora de Jerusalém, nos

campos do Cedron e levou suas cinzas para Betel (2Rs 23,4).

Com isso, o culto exclusivo a Yahweh é reafirmado pela corte e pela classe sacerdotal de Jerusalém,

exclusividade que custou caro à religiosidade popular (Gass, 2003:.134-138).

Josias ainda “demoliu as casas dos prostitutos sagrados, que estavam no templo de Yahweh, onde as mulheres

teciam véus para Aserá” (2Rs 23,7). Aqui provavelmente se trata de vestidos feitos para a estátua de Asherah

(Croatto, 2001:.41).

As intenções daqueles que redigiram tais textos parecem claras, ou seja, querem demonstrar que o “bom e

justo” rei e povo é aquele que elimina qualquer resquício da presença de outros Deuses e Deusas em Israel, que

o rei ou povo que “faz mal aos olhos de Yahweh” seria justamente aquele que aceita a realidade politeísta.

Na citação a seguir além de derrubar, despedaçar e reduzir a pó os altares, Josias manda espalhar este pó sobre

o túmulo dos que ofereciam sacrifício a Baal e Asherah, ou seja, está explicíto que pessoas foram assassinadas.

Aqui o nome Asherah também aparece no plural, no oitavo ano de seu reinado, quando ainda não era mais que

um adolescente, começou a buscar ao Deus de Davi, seu antepassado. No décimo segundo ano de seu reinado,

começou a purificar Judá e Jerusalém dos lugares altos, das aserás, dos ídolos de madeira ou de metal fundido.

Derrubaram diante dele os altares dos baais, ele próprio demoliu os altares de incensos que estavam sobre eles,

despedaçou as aserás, os ídolos de madeira ou de metal fundido, e tendo-os reduzido a pó, espalhou o pó sobre

os túmulos dos que lhes ofereceram sacrifícios (...) Nas cidades de Manassés, de Efraim, de Simeão e também de

Neftali e nos territórios devastados que os rodeavam, ele demoliu os altares, as aserás, quebrou e pulverizou os

ídolos, derrubou os altares de incenso em toda a terra de Israel e depois voltou para Jerusalém (2Cr 34,3-4.6-7).

Em Is 27,9 a Deusa Asherah é taxada de forma explícita como o pecado de Israel, a causa de sua iniqüidade e

ruína, devendo ser banida por completo, porque, com isto, será expiada a iniqüidade de Jacó. Este será o fruto

que ele há de recolher da renúncia ao seu pecado, quando reduzir todas as pedras do altar a pedaços, como

pedras de calcário, quando as Aserás e os altares de incenso já não permanecerem de pé.

Está claro que a ascensão do culto exclusivo a Yahweh não se faz de forma tranqüila, mas de forma violenta, a

partir da intolerância religiosa, da destruição e da eliminação por completo do outro, que se torna uma ameaça.

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Asherah como objeto de Culto e adoração :

A proibição “não plantarás um poste sagrado ou qualquer árvore ao lado de um altar de Yahweh teu Deus que

hajas feito para ti, nem levantarás uma estela, porque Yahweh teu Deus a odeia” (Dt 16-21-22), conforme

Croatto (2001:.42), revela que o objeto que simboliza Asherah é feito de madeira, que está plantado, ou seja, é

um poste ou uma estaca e não uma estátua, que sua colocação “ao lado de um altar de Yahweh” transparece o

caráter cultual do símbolo e principalmente a associação da Deusa simbolizada junto com o próprio Yahweh.

Em Jz 6,25 o pai de Gedeão possuía um altar de Baal que tinha uma Asherah ao lado, “aconteceu que, naquela

mesma noite, Yahweh disse a Gedeão: Toma o touro de teu pai, o touro de sete anos, de uma segunda cria

destrói o altar de Baal que pertence a teu pai e quebra o poste sagrado que está ao lado”. Conforme Jz 6,26.28, o

'poste sagrado' é queimado. Tal atitude provocou revolta, “os habitantes da cidade disseram então a Joás: Traze

para fora o teu filho, para que morra, porquanto destruiu o altar de Baal e cortou o poste sagrado que estava ao

lado” (Jz 6,30).

Acab (874-853 a.E.C) construiu um templo de Baal para sua esposa fenícia, “erigiu também um poste sagrado e

cometeu ainda outros pecados, irritando Yahweh, Deus de Israel, mais que todos os reis de Israel que o

precederam” (1Rs 16,33).

Os redatores deuteronomistas se queixam que na época do rei Joacaz (813-797 a.E.C) o culto a Asherah esteve

presente “todavia, não se apartaram do pecado ao qual a casa de Jeroboão havia arrastado Israel; obstinaram-se

nele e até mesmo o poste sagrado permaneceu de pé em Samaria” (2Rs 13,6). A ruína da Samaria é então

explicada em 2Rs 17,16 porque “rejeitaram os mandamentos de Yahweh seu Deus, fabricaram para si estátuas

de metal fundido, os dois bezerros de ouro, fizeram um poste sagrado, adoraram todo o exército do céu e

prestaram culto a Baal”.

Manassés desfaz a reforma de seu pai Ezequias “reconstruiu os lugares altos que Ezequias, seu pai, havia

destruído, ergueu altares a Baal, fabricou um poste sagrado, como havia feito Acab, rei de Israel...” (2Rs 21,3).

Em 2Rs 23,6 o rei Josias tira Asherah de dentro do Templo de Jerusalém, transportou do Templo de Yahweh

para fora de Jerusalém, para o vale do Cedron, o poste sagrado e queimou-o no vale do Cedron, reduziu-o a

cinzas e lançou suas cinzas na vala comum.

Na citação de 2Rs 23,15b supõe-se que havia uma Asherah em Betel, muito antes de Josias, mas que este a

“queimou”, demoliu também o altar que estava em Betel, o lugar alto edificado por Jeroboão, filho de Nabat, que

havia arrastado Israel ao pecado, demoliu também esse altar e esse lugar alto, queimou o lugar alto e o reduziu

ao pó, queimou o poste sagrado.

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Conforme Croatto (2003:.43) o termo aserot (“os postes”) que designa o símbolo específico da Deusa Asherah é

encontrado em poucos lugares. No plural, aparece geralmente no masculino (aserim). Nestas citações o termo

já perdeu seu sentido original de símbolo da Deusa Asherah, num processo de “masculinização” que tenta

apagar qualquer memória da Deusa.

Estes textos bíblicos nos ajudam a perceber o profundo processo de erradicação da Deusa Asherah, apagando

qualquer resquício de sua memória, causando conseqüências drásticas à importância de Asherah na

religiosidade do povo, bem como, no antigo culto ao lado de Yahweh. Os redatores bíblicos têm uma intenção

nítida, contar a história a partir de Yahweh, único Deus, de tal forma que Asherah de consorte passe a ser sua

rival, ou seja, a elite de escritores bíblicos tinham uma idéia daquilo que Deus deveria ser, único e masculino:

Yahweh, negando assim toda a realidade politeísta em Israel.

Conclusões

Concluímos que Asherah possivelmente era uma Deusa e consorte de Yahweh no Antigo Israel e não um

simples atributo deste. Várias descobertas arqueológicas e mencionadas nesta pesquisa nos ajudam na reflexão,

destacando as de Khirbet el-Qom, em 1967 e a de Kuntillet Adjrud, em 1976, que traz a inscrição “abençoo-te

em Yahweh de Teman e sua Asherah”.

A proibição da Deusa Asherah é fruto de um dado momento histórico de elaboração e ascensão do monoteísmo

javista. A identidade judaica, após a drástica experiência do exílio babilônico e na tentativa de reorganização da

nação, passa a se constituir em torno de três pilares: um só Deus, um só Povo e uma só Lei. A centralidade em

Yahweh se torna um fator importante de credibilidade e legitimação da nova identidade nacional em formação,

resultado das reformas empreendidas por Esdras e Neemias. A idolatria se torna então a culpa da ruína de

Israel e neste contexto Yahweh é triunfante. Isso irá se refletir no conflito que os textos bíblicos demonstram

em relação a Asherah e a outros Deuses e Deusas, bem como, em relação principalmente às mulheres

estrangeiras.

Podemos claramente perceber que a elaboração e instituição do monoteísmo não se deu de forma democrática

e muito menos pacífica. A partir de um contexto politeísta, a centralidade em Yahweh é um processo violento,

de destruição da cultura religiosa do outro e da outra, de proibição do diferente, demonizando-o e tornando-o

uma ameaça. Um processo nítido de intolerância religiosa.

A supressão do culto e da imagem da Deusa Asherah traz consigo conseqüências profundas para as relações

entre os gêneros, afetando em especial aos corpos das mulheres, que tinham na Deusa uma possibilidade de

representação do feminino no sagrado. A religião judaica vai se constituindo em torno de um único Deus

masculino, legitimando historicamente uma sociedade patriarcal. Este poder divino imaginado somente como

Deus afetou as mulheres, as crianças, a natureza, pois quase sempre partiu de um pressuposto de dominação,

opressão e hierarquização das relações, tanto humanas como ecológicas.

Afirmar Asherah como Deusa é polêmico, mas necessário à religião e à pesquisa bíblica. Dar voz a uma época

em que Deuses e Deusas eram adorados, em que o próprio Yahweh foi adorado ao lado de Asherah, nos

impulsiona a re-pensar não só as relações pré-estabelecidas entre homens e mulheres, bem como, a própria

representação do sagrado estabelecida.

Re-imaginar o sagrado como Deusa é re-imaginar as relações de poder, não numa tentativa de apagar a

presença de Deus e sim de dar espaço ao feminino no sagrado, novamente o feminino não como um atributo do

Deus masculino, mas como Deusa.

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Esta talvez seja uma grande contribuição da reflexão feminista, que nos desloca e nos provoca a re-imaginar o

sagrado, como possibilidade de re-imaginar a sociedade e as estruturas cristalizadas secularmente.

A DEUSA CANANÉIA ASHERAH Conforme Rosemary Ruether (1993, p.46), informações arqueológicas demonstram que a imagem mais antiga de representação da divindade era feminina. Nas últimas décadas, arqueólogos/as vêm descobrindo fortes evidências de que o Deus israelita, Yahweh, pode ter tido uma consorte, Asherah. Para a maioria das pessoas que lêem a Bíblia, a idéia de um único Deus de Israel, Yahweh, parece ser clara. No entanto, nem sempre Yahweh esteve solitário. Antes da ascensão do monoteísmo em Israel, o Deus Yahweh fazia parte de um contexto politeísta onde havia um panteão de Deuses e Deusas, sendo que provavelmente foi adorado ao lado de, Asherah. O arqueólogo norte-americano William Dever (DISCOVERY, 1993), um dos pesquisadores mais dedicado ao tema, afirma que Asherah era venerada ao lado de Yahweh no Antigo Israel e que a idéia monoteísta transmitida pela Bíblia Hebraica não esconde isso (cf. 2Rs 23,7; 2Cr 14,2) sendo que nos mesmos escritos existem mais de quarenta referências a Asherah ou a seu símbolo. Em Khirbet el-Qom, ao oeste de Hebron, em 1967, um arqueólogo encontrou um túmulo judaico da segunda metade do século VIII (DISCOVERY, 1993) que continha uma inscrição na parede interior. O pesquisador argentino Severino Croatto (2001, p.36) traduz como:

1. Urijahu [...] sua inscrição. 2. Abençoado seja Urijahu por Javé (lyhwh);

3. sua luz por Asherah, a que mantém sua mão sobre ele; 4. por sua rpy, que...

Em 1975-1976, o arqueólogo israelita Ze’ev Meshel, em Kuntillet Adjrud, 50km ao sul de Qadesh-Barnea, na antiga estrada de Gaza a Elat, escavou uma pousada no deserto que continha várias inscrições. Controlado por Israel, este posto estatal encontrava-se em território de Judá, funcionando aproximadamente entre 800-775 a.E.C. (Antes da Era Comum). No prédio principal, em sua entrada, duas jarras de armazenagem com desenhos e inscrições foram encontradas e identificadas como pithos A e pithos B (HESTRIN, 1991, p.54).

Na inscrição do pithos A se lê: Diz... Diga a Jehallel... Josafa e...:

Abençôo-vos em YHWH de Samaria e sua Asherah

No pithos B se lê: Diz Amarjahu: Diga ao meu Senhor: Estás bem?

Abençoo-te em YHWH de Teman e sua Asherah. Ele te abençoa e te guarda e com meu senhor.

Essas descobertas são fortes evidências da reverência à Deusa Asherah. Parece claro que por determinado tempo Asherah teve mais espaço e representatividade na vida do povo em Canaã/Israel, até ser taxada como a causa de todos os males que o povo estava sofrendo nas mãos de seus dominadores, em especial na época da dominação babilônica (597-539 a.E.C.), com toda experiência de destruição e exílio (cf. Is 27,9). No entanto, a divindade Asherah tinha uma relevante presença, em especial, na vida das mulheres, como veremos mais à frente. Havia inclusive mulheres dentro do templo de Jerusalém tecendo véus para a imagem de Asherah (2Rs 23,7). Mas é importante ressaltar que o culto da Deusa Árvore Asherah realizava-se, principalmente, em torno de uma árvore natural ou estilizada, ou seja, de um poste sagrado que podia estar ao lado de um altar seu ou de uma outra divindade, inclusive YHWH.

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Porém, seu culto foi realizado, de preferência, debaixo de uma árvore natural, nos chamados “lugares altos”, santuários ao ar vivo no topo das colinas e montanhas. Na maioria do tempo, uma imagem ou símbolo de Asherah estava também presente dentro do próprio templo de Jerusalém (OTTERMANN, 2005, p.49). Asherah é mencionada na Bíblia Hebraica de três formas diferentes, ora como uma imagem que representa a própria Deusa, ora como uma árvore ou como um tronco de árvore, que a simbolizam (HESTRIN, 1991, p.50). Há uma preocupação dos redatores bíblicos de suprimir qualquer referência sobre a Deusa Asherah ao lado de Yahweh, como sua consorte, de tal forma que os escritos bíblicos são redigidos com a intenção de apagar e negativizar a presença da Deusa, bem como de outros Deuses, concorrentes do Deus nacional. Um forte exemplo é o do rei Josias (640-609 a.E.C), que empreendeu uma reforma a partir de 622 a.E.C, fazendo de Jerusalém o centro político e religioso de seu estado, destruindo os santuários de Yahweh que havia no interior de Judá e acabando com os cultos cananeus e assírios, que aconteciam no templo de Jerusalém e nos lugares altos. A reforma de Josias atingiu a liberdade religiosa popular, pois ordenou que retirassem do santuário de Yahweh todos os objetos de culto que tinham sido feitos para Baal, para Aserá e para todo o exército do céu, queimou-os fora de Jerusalém, nos campos do Cedron e levou suas cinzas para Betel (BÍBLIA DE JERUSALÉM, 2002, 2Rs 23,4). Com isso, o culto exclusivo a Yahweh é afirmado pela corte e pela classe sacerdotal de Jerusalém, exclusividade que custou caro à religiosidade popular (GASS, 2005, p.134-138). Josias ainda “demoliu as casas dos prostitutos sagrados, que estavam no templo de Yahweh, onde as mulheres teciam véus para Aserá” (BÍBLIA DE JERUSALÉM, 2002, 2Rs 23,7). Aqui provavelmente se trata de vestidos feitos para a estátua de Asherah (CROATTO, 2001, p.41). Como já refletimos, o simbólico é algo muito importante na vida de um povo. Ficam, então, questionamentos: como as pessoas, as mulheres e os homens que tinham em Asherah uma fonte de significação para sua vida sofreram este processo? Será que foi algo tranqüilo e pacífico? Infelizmente, nos textos bíblicos só, temos a história contada pela ótica da teologia oficial e vencedora, o monoteísmo hebraico.

O Templo de Salomão foi decretado como único local de veneração a Jahvé, em todo o reino de Judá, pelo rei

Josias (século VII a.C.). Depois de ter descoberto no Templo o Livro da Lei (que aparentemente desconhecia),

Josias reformou o culto a fim de evitar as calamidades previstas pela profetisa Huldah (2 Reis 22, 1-20). Em

consequência dessa descoberta do Livro da Lei, Josias mandou expulsar do Templo as Tecedeiras Sagradas,

devotadas à deusa-Mãe Asherah. A mais antiga representação da deusa Asherah, esculpida numa caixa de

marfim, foi encontrada nas escavações da antiga cidade de Ugarit (actual Ras Shamra), na Síria, e data do século

XIV ou XIII a.C. Deusa semita de grande antiguidade, o seu nome completo significa «Aquela-Que-Se-Passeia-

No-Mar». De acordo com textos escritos em caracteres cuneiformes ugaríticos, em tabuínhas de barro, o esposo

de Asherah era o deus El (deus do céu, e depois Baal, «Senhor»), e foram progenitores de 70 deuses. A deusa da

fertilidade e da regeneração Asherah é citada no Antigo Testamento bíblico (1 Reis 15, 13; 2 Crónicas 15, 16), e

tem sido equiparada à deusa-padroeira das Tecedeiras Sagradas egípcias, hebraicas, cananitas, sírias, gregas e

latinas, devotas de Neith-Asherah-Manevrah-Athena-Minerva…

IMPLICAÇÕES PARA A ATUALIDADE A memória da Deusa ainda é algo polêmico, principalmente em esferas religiosas tradicionais e hierarquicamente masculinas. Mas é algo necessário à religião. Dar voz a uma época em que Deuses e Deusas eram adorados, em que o próprio Yahweh foi adorado ao lado de Asherah, nos impulsiona a repensar não só as relações preestabelecidas entre homens e mulheres, bem como a própria representação do sagrado estabelecida. Isto não é algo fácil, visto que a representação do sagrado que a maioria das pessoas tem é algo transmitido e assimilado desde o berço e querer desconstruir esta imagem, ou assimilar a Deusa pode ser

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sofrido e lento, visto que a representação do sagrado mexe com os sentimentos mais profundos do ser humano, aquilo que dá sentido e que move a vida. Portanto, reimaginar o sagrado como Deusa é reimaginar as relações de poder, não numa tentativa de apagar a presença de Deus, mas, sim, de dar espaço ao feminino no sagrado, o feminino não como um simples atributo do Deus masculino, mas como Deusa, e isto é positivo e enriquecedor, uma vez que a Imagem da Deusa contém dentro Dela uma suposição (PADRÃO) de totalidade, de unicidade entre mente-corpo e terra, de uma maneira não dualista, cooperativa, solícita de estar no mundo (WILSHIRE, 1997, p. 117). A memória do imaginário feminino da divindade na atualidade é o reconhecimento das mulheres, como seres com poderes inatos de conhecimento, cujos corpos são testemunhos sábios, pois são “ligados aos poderes misteriosos, cíclicos e vivificantes do cosmo” (WILSHIRE, 1997, p. 118). É perceptível o destaque que Maria tem na Igreja Católica, sua influência na vida dos/as fiéis. Sua presença talvez seja o reflexo de uma necessidade humana suprimida pelo Cristianismo, o feminino no imaginário da divindade. A veneração a Maria como mãe de Deus “evoca associações com divindades femininas no contexto do século I” (REIMER, 2005, p. 95). Um exemplo é o Concílio de Éfeso, realizado em 431, cidade onde a Deusa Ártemis era cultuada e lugar onde é afirmado o dogma de Maria, Mãe de Deus. Estes elementos são significativos uma vez que o simbolismo em torno de Maria vem preencher necessidades de grupos humanos cristãos. CONSIDERAÇÕES FINAIS O poder divino imaginado somente em simbologia masculina afetou as mulheres, as crianças, a natureza, pois quase sempre partiu de um pressuposto de dominação, opressão e hierarquização das relações, tanto humanas como ecológicas. A reconstrução da presença da Deusa, sua memória, é uma possibilidade de relações mais humanizadas, de um poder partilhado entre homens e mulheres, nos diversos níveis, principalmente nos espaços religiosos oficiais, onde a estrutura de poder continua cristalizada por uma ordem masculina. A memória da Deusa é um caminho de empoderamento das mulheres pelo viés simbólico, na reconstrução de um espaço no qual os corpos, os sentimentos, as idéias e as práticas das mulheres sejam vistos positivamente e construtivamente.

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REFERÊNCIAS BIBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Paulus, 2002. CHRIST, Carol P. Re-imaginando o divino no mundo como ela que muda. Tradução de Monika Ottermann. Mandrágora. São Paulo, ano XI, n. 11, p. 16-28, 2005. CROATTO, S. J. A deusa Aserá no antigo Israel. A contribuição epigráfica da arqueologia. Revista de Interpretação Bíblica Latino-Americana, Petrópolis: Vozes, nº 38, p. 32-44, 2001. ______. As linguagens da experiência religiosa: uma introdução à fenomenologia da religião. Tradução de Carlos Maria Vasquez Gutiérrez. São Paulo: Paulinas, 2001. DISCOVERY CHANNEL. The Forbidden Goddess: Archaeology on the Learning Channel. Degravação de Ildo Bohn Gass. Documentário, 28 min. 1993. DURKHEIM, Émile. As formas elementares de vida religiosa (o sistema totêmico da Austrália). Tradução de Joaquim Pereira Neto. São Paulo: Paulinas, 1989. GASS, Ildo Bohn. Reino Dividido. 2. ed. São Leopoldo: CEBI; São Paulo: Paulus, 2005 [Coleção Uma Introdução à Bíblia]. GOSSMANN, Elisabeth. (Coord.) Dicionário de Teologia Feminista. Tradução de Carlos Almeida Pereira. Petrópolis: Vozes, 1997. HESTRIN, Ruth. Understanding Asherah, exploring semitic iconography. Biblical Archaeology Review, p. 50-58, 1991. JUNG, Carl G. (Org.) O homem e seus símbolos. 17. ed. Tradução de Maria Lúcia Pinho. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999. OTTERMANN, Monika. Vida e prazer em abundância: A Deusa Árvore. Mandrágora. São Paulo, ano XI, nº 11, p. 40-56, 2005. POLLACK, Rachel. O corpo da Deusa, no mito, na cultura e nas artes. Tradução de Magda Lopes. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 1998. REIMER, Ivoni R. Grava-me como selo sobre teu coração: teologia bíblica feminista. São Paulo: Paulinas, 2005. RUETHER, Rosemary Radford. Sexismo e religião: rumo a uma teologia feminista. Tradução de Walter Altmann e Luís M. Sander. São Leopoldo: Sinodal, 1993. WILSHIRE, Donna. Os usos do mito, da imagem e do corpo da mulher na re-imaginação do conhecimento. In: JAGGAR, Alison M; BORDO, Susan (Org.). Gênero, Corpo e Conhecimento. Tradução de Britta Lemos Freitas. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 1997, p. 101-125.

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POSTES-IDOLOS? Êxodo 34:13 Mas derribareis os seus altares, quebrareis as suas colunas e cortareis os seus postes-ídolos <0842> Deuteronômio 7:5 Porém assim lhes fareis: derribareis os seus altares, quebrareis as suas colunas, cortareis os seus postes-ídolos <0842> e queimareis as suas imagens de escultura. Deuteronômio 12:3 deitareis abaixo os seus altares, e despedaçareis as suas colunas, e os seus postes-ídolos <0842> queimareis, e despedaçareis as imagens esculpidas dos seus deuses, e apagareis o seu nome daquele lugar. 1 Reis 14:15 Também o SENHOR ferirá a Israel para que se agite como a cana se agita nas águas; arrancará a Israel desta boa terra que dera a seus pais e o espalhará para além do Eufrates, porquanto fez os seus postes-ídolos <0842>, provocando o SENHOR à ira. 1 Reis 14:23 Porque também os de Judá edificaram altos, estátuas, colunas e postes-ídolos <0842> no alto de todos os elevados outeiros e debaixo de todas as árvores verdes. 2 Reis 17:10 Levantaram para si colunas e postes-ídolos <0842>, em todos os altos outeiros e debaixo de todas as árvores frondosas. 2 Reis 23:14 Semelhantemente, fez em pedaços as colunas e cortou os postes-ídolos <0842>; e o lugar onde estavam encheu ele de ossos humanos. 2 Crônicas 14:3 Porque aboliu os altares dos deuses estranhos e o culto nos altos, quebrou as colunas e cortou os postes-ídolos <0842>. 2 Crônicas 17:6 Tornou-se-lhe ousado o coração em seguir os caminhos do SENHOR, e ainda tirou os altos e os postes-ídolos <0842> de Judá. 2 Crônicas 19:3 Boas coisas, contudo, se acharam em ti; porque tiraste os postes-ídolos <0842> da terra e dispuseste o coração para buscares a Deus. 2 Crônicas 24:18 Deixaram a Casa do SENHOR, Deus de seus pais, e serviram aos postes-ídolos <0842> e aos ídolos; e, por esta sua culpa, veio grande ira sobre Judá e Jerusalém. 2 Crônicas 31:1 Acabando tudo isto, todos os israelitas que se achavam ali saíram às cidades de Judá, quebraram as estátuas, cortaram os postes-ídolos <0842> e derribaram os altos e altares por todo o Judá e Benjamim, como também em Efraim e Manassés, até que tudo destruíram; então, tornaram todos os filhos de Israel, cada um para sua possessão, para as cidades deles. 2 Crônicas 33:3 Pois tornou a edificar os altos que Ezequias, seu pai, havia derribado, levantou altares aos baalins, e fez postes-ídolos <0842>, e se prostrou diante de todo o exército dos céus, e o serviu. 2 Crônicas 33:19 A sua oração e como Deus se tornou favorável para com ele, todo o seu pecado, a sua transgressão e os lugares onde edificou altos e colocou postes-ídolos <0842> e imagens de escultura, antes que se humilhasse, eis que tudo está na História dos Videntes. 2 Crônicas 34:3 Porque, no oitavo ano de seu reinado, sendo ainda moço, começou a buscar o Deus de Davi, seu pai; e, no duodécimo ano, começou a purificar a Judá e a Jerusalém dos altos, dos postes-ídolos <0842> e das imagens de escultura e de fundição. 2 Crônicas 34:4 Na presença dele, derribaram os altares dos baalins; ele despedaçou os altares do incenso que estavam acima deles; os postes-ídolos <0842> e as imagens de escultura e de fundição, quebrou-os, reduziu-os a pó e o aspergiu sobre as sepulturas dos que lhes tinham sacrificado. 2 Crônicas 34:7 Tendo derribado os altares, os postes-ídolos <0842> e as imagens de escultura, até reduzi-los a pó, e tendo despedaçado todos os altares do incenso em toda a terra de Israel, então, voltou para Jerusalém. Isaías 17:8 E não olhará para os altares, obra das suas mãos, nem atentará para o que fizeram seus dedos, nem para os postes-ídolos <0842>, nem para os altares do incenso. Isaías 27:9 Portanto, com isto será expiada a culpa de Jacó, e este é todo o fruto do perdão do seu pecado: quando o SENHOR fizer a todas as pedras do altar como pedras de cal feitas em pedaços, não ficarão em pé os postes-ídolos <0842> e os altares do incenso. Jeremias 17:2 Seus filhos se lembram dos seus altares e dos seus postes-ídolos <0842> junto às árvores frondosas, sobre os altos outeiros.

Miquéias 5:14 eliminarei do meio de ti os teus postes-ídolos <0842> e destruirei as tuas cidades.

0842 hrva ‘asherah ou hryva ‘asheyrah procedente de 0833; DITAT-183h; n pr f 1) uma deusa babilônica (Astarte) e cananéia (da fortuna e felicidade), a suposta esposa de Baal, representações desta deusa 2) a deusa, deusas 3) representações desta deusa 4) árvores sagradas ou postes erigidos próximos a um altar 5) Asherá =" bosque (para adoração de ídolos)" Como você deve ter observado as traduções brasileiras infelizmente querem ocultar que ASHERA ou ASHEROT no plural eram cultuadas até mesmo dentro do Templo de Salomão, e tais Bíblia traduzem ASHERAH OU ASHEROT como POSTES-IDOLOS.

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HIRAM ABIF I REIS 7: 13 Enviou o rei Salomão mensageiros que de Tiro trouxessem Hiram.14 Era este filho de uma mulher viúva, da tribo de Naftali, e fora seu pai um homem de Tiro que trabalhava em bronze; Hiram era cheio de sabedoria, e de entendimento, e de ciência para fazer toda obra de bronze. Veio ter com o rei Salomão e fez toda a sua obra. 15 Formou duas colunas de bronze; a altura de cada uma era de dezoito côvados, e um fio de doze côvados era a medida de sua circunferência. 16 Também fez dois capitéis de fundição de bronze para pôr sobre o alto das colunas; de cinco côvados era a altura de cada um deles. 17 Havia obra de rede e ornamentos torcidos em forma de cadeia, para os capitéis que estavam sobre o alto das colunas; sete para um capitel e sete para o outro. 18 Fez também romãs em duas fileiras por cima de uma das obras de rede, para cobrir o capitel no alto da coluna; o mesmo fez com o outro capitel. 19 Os capitéis que estavam no alto das colunas eram de obra de lírios, como na Sala do Trono, e de quatro côvados. 20 Perto do bojo, próximo à obra de rede, os capitéis que estavam no alto das duas colunas tinham duzentas romãs, dispostas em fileiras em redor, sobre um e outro capitel. 21 Depois, levantou as colunas no pórtico do templo; tendo levantado a coluna direita, chamou-lhe Jaquim; e, tendo levantado a coluna esquerda, chamou-lhe Boaz. 22 No alto das colunas, estava a obra de lírios. E, assim, se acabou a obra das colunas. 23 Fez também o mar de fundição, redondo, de dez côvados de uma borda até à outra borda, e de cinco de altura; e um fio de trinta côvados era a medida de sua circunferência. 24 Por baixo da sua borda em redor, havia colocíntidas, dez em cada côvado; estavam em duas fileiras, fundidas quando se fundiu o mar. 25 Assentava-se o mar sobre doze bois; três olhavam para o norte, três, para o ocidente, três, para o sul, e três, para o oriente; o mar apoiava-se sobre eles, cujas partes posteriores convergiam para dentro. 26 A grossura dele era de quatro dedos, e a sua borda, como borda de copo, como flor de lírios; comportava dois mil batos. 27 Fez também de bronze dez suportes; cada um media quatro côvados de comprimento, quatro de largura e três de altura; 28 e eram do seguinte modo: tinham painéis, que estavam entre molduras, 29 nos quais havia leões, bois e querubins; nas molduras de cima e de baixo dos leões e dos bois, havia festões pendentes.

HIRAM ABIF E O TEMPLO DE SALOMÃO Hiram abif era filho de mãe judia e pai fenício, e é creditada a ele decoração do

Templo de Salomão conforme texto acima. Essas colunas ficaram conhecidas como Jaquim ( ele sustenta) e Boaz (nele há força). Atualmente elas são consideradas fundamentais para as lojas e templos maçônicos modernos. Cópias delas são claramente vistas na Capela Rosslyn.

O que é interessante aqui é o texto original sobre essas colunas. Primeiro é usado o bronze para os capitéis, como também é usado o bronze para a Serpente de Bronze de Moisés, como indicativo do aspecto incandescente da serpente. A altura das colunas era de cinco côvados, combinando com as cinco najas vistas na índia e no topo de muitas colunas (embora a Bíblia as chame de lírios, que simbolizam o equilíbrio). Encimando os capitéis havia cadeias eram para os capitéis, o que nos aponta para a cabeça! Será que isso significa que essas cadeias eram destinadas a conduzir nossa atenção para esse importante capitel de bronze a cabeça? Tal como a cobra, na Serpente de Bronze? Em todo caso, é interessante, e provavelmente não por coincidência, que foram escolhidas sete cadeias especificas, exatamente como os braços da Arvore da Vida Sagrada da Mesopotâmia, para ser mais especifico dos Sumérios.

Há vínculos reais entre Hiram e a serpente. Por exemplo, observamos acima que ele era da tribo de Neftali. O estandarte ou bandeira da tribo de Neftali de acordo com a tradição judaica é uma serpente ou basilisco que era um Lagarto gigante ou uma serpente lendária a que os antigos atribuíam o poder de matar com o olhar. Isso pode

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ter origem egípcia, já que a tradição judaica declara que Neftali era irmão de José do Egito, que foi escolhido para representar a família junto ao faraó. II Cronicas 2: 13 Agora, pois, envio um homem sábio de grande entendimento, a saber, HirãmAbif, 14 filho de uma mulher das filhas de Dã e cujo pai foi homem de Tiro; ele sabe lavrar em ouro e em prata, em bronze e em ferro, em pedras e em madeira, em obras de púrpura, em pano azul e de linho fino e em obras de carmesim; é hábil para toda obra de entalhe e para elaborar qualquer plano que se lhe proponha, juntamente com os teus peritos e os peritos de Davi, meu senhor, teu pai.

Os versículos acima dizem que esse Hiram Abif é filho de Dan, cujo emblema era a serpente, porém dessa vez comum cavalo. É inacreditável, mas há também uma verdade oculta e um padrão repetitivo nesses versículos sobre as verdadeiras habilidades reais desse personagem literário Hiram Abif. Siga o a seqüência citada no texto:

1. ele sabe lavrar em ouro e em prata, 2. em bronze e em ferro, 3. em pedras e em madeira, 4. em obras de púrpura, 5. em pano azul e de linho fino e em obras de carmesim; 6. é hábil para toda obra de entalhe 7. e para elaborar qualquer plano que se lhe proponha,

Observe que há sete elementos equilibrados contidos na habilidade do homem que

irá construir o Templo? De fato essa é uma pista real para o Segredo do Templo de Salomão.

Segundo esse livro de II Crônicas, Hiram abif era um homem possuidor de grande

destreza e conhecimento, que sabia trabalhar em ouro, prata, bronze, pedra e madeira. Mas ele também contava com ferramentas que podiam perfurar as pedras. A pedra simboliza a sabedoria e a fundação. A ferramenta de Hiram, pois, perfurava o véu da sabedoria.

Segundo o livro dos Reis, o Templo foi construído de pedra (construído de sabedoria) antes de ser levado ao local. Era semelhante a uma construção pré-fabricada. Diz a tradição que nem martelo nem machado nem qualquer outro tipo de ferramenta foram usados na construção do Templo de Salomão. Então, como foi construído o Templo de Salomão? Isso é um paradoxo em si mesmo, que só pode ser respondido ao se revelar o verdadeiro segredo do Templo.

No livro do Êxodo é ordenado a Moisés que construa, sem usar ferramentas, um altar dedicado ao Senhor, caso contrário ele o profanaria.

Êxodo 20: 25 Se me levantares um altar de pedras, não o farás de pedras lavradas; pois, se sobre

ele manejares a tua ferramenta, profaná-lo-ás.

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Parece o mesmo simbolismo que foi utilizado na construção do Templo. De acordo com os ensinamentos rabínicos, a pré-fabricação do Templo foi executada por Shamir, um verme gigante ou uma serpente que podia cortar pedras. A propósito, verme significa serpente. Segundo Rashi um dos maiores rabinos da idade média, Shamir era uma criatura viva. Mas é pouco provável que seja no senso estrito da expressão. Mais provavelmente é a idéia da sabedoria da serpente Shamir que foi usada na construção do Templo. Esse é um conceito universal, como pode ser visto também na Índia, onde era a naja alegórica que fugia da sua terra e levava a sabedoria arquitetônica para o exterior. Os deuses arquitetos, como o egípcio Thot, estão fortemente vinculados à sabedoria da serpente, porque eles se relacionam com a construção de Templos de Sabedoria dentro de nós mesmos. Outras referencias também fazem ligação entre Shamir e a serpente, como o Testamento de Salomão, que o chama de pedra verde, assim como a Tábua de Esmeralda. De acordo com uma lenda registrada, em Shamir, o a serpente Shamir foi depositada nas mãos do príncipe do Mar, que evidentemente é o símbolo do príncipe da Sabedoria. Em resumo, o que temos, na verdade, é o Templo da Sabedoria sendo construído pela serpente. Estranhamente, o nome Hiram realmente significa cabeça elevada do povo: Hir = cabeça ou elevada, Am = povo, e se relaciona intimamente com Abraam = Ab Hir Am. É claro, essa é uma pista sutil no que diz respeito à realidade do Templo de Salomão. A cabeça elevada é certamente o único elemento que pode tornar o Templo real. Somente a cabeça que está elevada acima de todas as outras tem a sabedoria para alcançar tamanha proeza. Entretanto, temos outro significado de Hiram que nos diz mais ainda. Ahiram significa, na verdade, cobra elevada. Assim nos dois sentidos, Hiram era a cabeça ou a cobra elevada; ambos os sentidos são importantes para a descoberta do fio condutor da veneração à cobra e das crenças religiosas subjacentes. Tanto a cabeça elevada que tem uma sabedoria acima de todas as outras quanto a cobra elevada estão revelando artifícios etimológicos. Segundo David Wood, em seu livro Genesis, acreditava-se também que Hiram descendesse de Caim, passando por Tubal-Caim, que se dizia ser o único sobrevivente da raça superior depois do dilúvio. Imaginava-se que a raça seja chamada de ELOHIM (povo da cobra ardente) ou os “SERES LUMINOSOS”, também conhecidos como o povo da serpente. Essa lenda deriva de um texto conhecido com E ou ELOHIM, escrito por volta de 750 a. C., e também dá origem às histórias dos Arquitetos Dionisíacos que seriam um dos progenitores dos Franco-Maçons. Não é de se admirar que as colunas de Hiram estivessem tão intimamente relacionadas com o culto à serpente. A verdade sobre o Templo de Salomão gerou esses grupos enigmáticos; deu lugar também a maior sociedade secreta do mundo moderno. Vimos também que dentro desse Templo estava Asherah, a deusa serpente cultuada por todo o mundo antigo e conhecido da época. Vimos também que existia uma lenda sobre uma serpente mística

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que ajudou na criação desse Templo, e esse foi o grande segredo descoberto pelos Cavaleiros Templários.

A Deusa Asherah representada como mulher em meio as serpentes

Observe a figura acima que é uma estátua da representação de ASHERAH a deusa que proibida que foi banida da história de Israel, a deusa é representada por uma mulher com várias serpentes numa clara indicação que tanto A DEUSA ASHERA poderia ser representada em forma de imagem por uma mulher como por uma serpente.

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SERAPHIM Os serafins (do hebraico seraphim, singular seraph) são uma categoria de anjos da tradição judaico-cristã. Na tradição judaica, estão em um patamar intermediário da hierarquia angélica, enquanto na tradição cristã são considerados os mais elevados de todos os anjos. A única descrição dos serafins como anjos ocorre no livro de Isaías, capítulo 6: No ano em que morreu o rei Uzias, eu vi também ao Senhor assentado sobre um alto e sublime trono; e o seu séquito enchia o templo. Serafins estavam por cima dele; cada um tinha seis asas; com duas cobriam os seus rostos, e com duas cobriam os seus pés, e com duas voavam. E clamavam uns aos outros, dizendo: "Santo, Santo, Santo é Yahweh dos Exércitos!"; toda a terra está cheia da sua glória. E os umbrais das portas se moveram à voz do que clamava, e a casa se encheu de fumaça. Então disse eu: "Ai de mim! Pois estou perdido; porque sou um homem de lábios impuros, e habito no meio de um povo de impuros lábios; os meus olhos viram o Rei, Yahweh dos Exércitos". Porém um dos serafins voou para mim, trazendo na sua mão uma brasa viva, que tirara do altar com uma tenaz; e com a brasa tocou a minha boca, e disse: "Eis que isto tocou os teus lábios; e a tua iniqüidade foi tirada, e expiado o teu pecado".

Entretanto, a palavra seraphim, relacionada a saraph, "queimar", também é usada para se referir a serpentes venenosas do deserto que picavam os israelitas - provavelmente a víbora-tapete, Echis coloratus, serpente de 30 cm a 60 cm (máximo 80 cm) que vive entre as rochas do deserto e cuja picada é "ardente", não a naja do deserto, cuja picada, apesar de mais mortal, não provoca essa sensação. O exemplo mais conhecido é o do livro dos Números (capítulo 21):

Então partiram do monte Hor, pelo caminho do Mar Vermelho, a rodear a terra de Edom; porém a alma do povo angustiou-se naquele caminho. E o povo falou contra Deus e contra Moisés: Por que nos fizestes subir do Egito para que morrêssemos neste deserto? Pois aqui nem pão nem água há; e a nossa alma tem fastio deste pão tão vil. Então Yahweh mandou entre o povo serpentes ardentes [nachashim seraphim], que picaram o povo; e morreu muita gente em Israel. Por isso o povo veio a Moisés, e disse: "Havemos pecado porquanto temos falado contra Yahweh e contra ti; ora a Yahweh que tire de nós estas serpentes". Então Moisés orou pelo povo. E disse Yahweh a Moisés: "Faze-te uma serpente ardente [nachash seraph], e põe-na sobre uma haste; e será que viverá todo o que, tendo sido picado, olhar para ela". E Moisés fez uma serpente de metal, e pô-la sobre uma haste; e sucedia que, picando alguma serpente a alguém, quando esse olhava para a serpente de metal, vivia.

Bastão de Asclépio

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A figura de uma serpente sobre uma haste era associada à cura e à medicina em várias culturas da Antiguidade. Era a imagem do deus-serpente sumeriano, patrono da medicina e "senhor da boa árvore", possivelmente relacionada à Árvore da Vida do Jardim do Éden. Uma serpente em torno de um bastão também representava Asclépio, o deus grego da medicina em cujos templos eram criadas serpentes sagradas. Em tempos modernos, uma serpente em torno de uma haste ou cálice voltou a ser o símbolo da medicina e da farmacêutica. Parece lógico que os serafins tenham sido originalmente imaginados como agentes dos deuses em forma de serpente, com poderes relativos à cura de doenças. Na tradição católica, os serafins louvam continuamente a Deus, de cujo trono são os anjos mais próximos. Cantam a "música das esferas" e assim regulam o movimento dos céus. Eternamente ardendo em amor a Deus, seu brilho é insuportável até para os demais anjos. O Pseudo-Dionísio, em sua Hierarquia Celestial, fixou a natureza ígnea dos serafins na imaginação medieval. Descreve os serafins como ocupados em manter a divindade em perfeita ordem, além de cantar o Trisagion ("Santo, Santo, Santo!" ou, em hebraico, "Kadosh, Kadosh, Kadosh!"). Com base na tradição rabínica, interpretou seu nome como "aqueles que queimam ou aquecem": O nome serafim indica claramente sua revolução incessante e eterna em torno dos princípios divinos, seu calor e entusiasmo, a exuberância de sua atividade intensa, perpétua, incansável, e sua assimilação elevativa e energética dos que lhe são inferiores, acendendo-os e queimando-os com seu próprio calor, e purificando-os completamente com uma chama que tudo queima e consome; e por seu inocultável, inextinguível, invariável, brilhante e iluminante poder, disersa e destrói as sombras da escuridão. Tomás de Aquino, na Suma Teológica, oferece sua descrição da natureza dos serafins: O nome "serafim" não vem só da caridade, mas do excesso de caridade, expresso pela palavra "fogo" ou "ardor". Daqui Dionísio expõe a relação do nome "serafim" com as propriedades do fogo, contendo um excesso do calor. Ora, no fogo podemos considerar três coisas: em primeiro lugar, o movimento que é ascendente e contínuo. Isto significa que estão voltados inflexivelmente para Deus. em segundo lugar, a força ativa que é o "calor", que não é simplesmente encontrado no fogo, mas existe nele com alguma veemência, com ação mais penetrante,alcançando mesmo às menores coisas com fervor superabundante; por meio do qual se representa a ação destes anjos, exercitada poderosamente sobre os que estão sujeitos a eles, estimulando-os a um fervor semelhante e purificando-os completamente com seu calor. em terceiro lugar, consideramos no fogo a qualidade da claridade, ou brilho; o que significa que estes anjos têm em si mesmos uma luz inextinguível e iluminam perfeitamente os demais.

Segundo uma tradição cristã, o líder dos anjos caídos teria sido o mais elevado dos anjos, portanto um serafim. Tomás de Aquino, porém, argumentou que isso seria impossível, pois estes os serafins ardem em caridade, incompatível com o pecado mortal. Afirmou que o responsável pela Queda teria sido um dos querubins, pois estes são os anjos mais identificados com o conhecimento e, portanto, os mais propensos ao pecado do orgulho.

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A NACHASH Numeros 21:8 Disse <0559> (8799) o SENHOR <03068> a Moisés <04872>: Faze <06213> (8798) uma serpente ardente <08314>, põe-na <07760> (8798) sobre uma haste <05251>, e será que todo mordido <05391> (8803) que a mirar <07200> (8804) viverá <02425> (8804). 9 Fez <06213> (8799) Moisés <04872> uma serpente <05175> de bronze <05178> e a pôs <07760> (8799) sobre uma haste <05251>; sendo alguém <0376> mordido <05391> (8804) por alguma serpente <05175>, se olhava <05027> (8689) para a <05175> de bronze <05178>, sarava <02425> (8804). Observe acima no versículo 8 o nome serpente abrasadora aparece no dicionário Strong com o número 08314 e no versículo 9 aparece com o número 05175, ou seja, não são as mesmas palavras, são palavras totalmente diferentes com significados também diferentes. Vejamos o que estas palavras realmente significam: 08314 Prs saraph procedente de 08313; DITAT-2292a, 2292b; n. m. 2) serafim, serafins, seres luminosos 3) seres majestosos com 6 asas, mãos ou vozes humanas a serviço de Deus O termo Saraph nós o conhecemos como SERAFINS que são seres celestiais à serviço de Deus, que também pode ser traduzido e entendido como SERES LUMINOSOS, que iluminam aqueles que olham para ELES. É este o termo empregado no versículo 8. 05175 vxn nachash procedente de 05172; DITAT-1347a; n m 1) serpente, cobra 2) serpente 3) imagem (de serpente) 4) serpente veloz (mitológico) O termo NACHASH nos lembra as cobras ou serpentes chamadas NAJAS do oriente ou mais precisamente do Egito e India. É com este significado que o termo é usado no versículo 9. Chegamos então a que conclusão a respeito destes dois termos empregados juntos na Bíblia Hebraica? Ora só pode haver um significado que é o literal, o que as próprias palavras sozinhas querem dizer: “SERPENTES LUMINOSAS”, “SERPENTES DE FOGO”, “SERPENTES ARDENTES”. Lembram da sarça ardente de Moises? 05572 hno = c@nah 1) a sarça ardente de Moisés Observem a semelhança das palavras serpente e sarça em hebraico: hno = S@nah

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vxn = nachash Ambas as palavras com certeza devem vir da mesma raiz, pois ambas possuem duas letras em comuns, a letra Num e o Rê: xn 2 Reis 18:4 Removeu os altos, quebrou as colunas e deitou abaixo o poste-ídolo; e fez em pedaços a serpente de bronze que Moisés fizera, porque até àquele dia os filhos de Israel lhe queimavam incenso e lhe chamavam Neustã. Dicionário Strong da Biblia on line: 05180 Ntvxn N@chushtan procedente de 05178... 1) nome pelo qual a serpente de bronze feita por Moisés no deserto foi adorada na época do rei Ezequias, de Judá, antes que ele a destruísse 05172 vxn nachash uma raiz primitiva; DITAT-1348; v 1) praticar adivinhação, adivinhar, observar sinais, aprender por experiência, observar diligentemente, tomar por presságio, pratica de vidente... 2) praticar adivinhação 3) observar os sinais ou presságios (vi.den.te) 1 Que é considerado capaz de ver o mundo espiritual, o futuro ou outras coisas sobrenaturais

2 Pessoa que afirma possuir essa capacidade 3 Pessoa a quem se atribui o dom da profecia; PROFETA.

4 Pessoa intuitiva e perspicaz, que vê de forma acurada as situações 5 Pessoa dotada da capacidade de visão (em oposição a cego)

[F.: Do lat. vidente.]

05175 vxn nachash procedente de 05172... 1) serpente, cobra 2) imagem (de serpente) 3) serpente veloz (mitológico) Como já foi demonstrado neste estudo a palavra serpente em hebraico é NACHASH portanto, NACHUSHTAN procede de mesma raiz, e contêm as três letras da palavra Nachash : vxn.

Infelizmente por motivos de traduções se perde as nuances da língua hebraica com seus grupos e famílias de palavras, preste atenção no exemplo a seguir: Todas as palavras e verbos no hebraico são compostos de raízes de três letras, através destas três letras originais (consoantes), podem se compor não somente verbos, mas adjetivos, substantivos, advérbios e nomes. Se tivermos a sensibilidade de captarmos a raiz de uma palavra e seu grupo familiar, teremos grande facilidade de compor as suas derivações. Note o simples e fácil exemplo:

Homem em hebraico é Adam, terra, de onde este o homem veio é Adamah, o vermelho a cor da terra é Adom, Terra de Moabe (Terra Vermelha) é Edom... Sangue que é vermelho é Dam e etc...

De forma maravilhosa o hebraico pode nos ensinar muito sobre a relação das palavras e nos aprofundar nesta maravilha de idioma. Portanto encontramos a família da palavra

NACHASH é serpente. NACHUSHTAN o nome da serpente de Moisés. NACHASH também é usado para pratica de advinhação. SANACHA sarça ardente.

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O VIDENTE 1 Samuel 9:9 (Antigamente em Israel, indo qualquer consultar a Deus, dizia assim: Vinde, e vamos ao vidente; porque ao profeta de hoje antigamente se chamava vidente.) 1 Samuel 9:11 E, subindo eles pela subida da cidade, acharam umas moças que saíam a tirar água; e disseram-lhes: Está cá o vidente? 1 Samuel 9:18 E Saul se chegou a Samuel no meio da porta e disse: Mostra-me, peço-te, onde está aqui a casa do vidente. 1 Samuel 9:19 E Samuel respondeu a Saul e disse: Eu sou o vidente; sobe diante de mim ao alto; e comei hoje comigo; e pela manhã te despedirei e tudo quanto está no teu coração to declararei. 2 Samuel 15:27 Disse mais o rei a Zadoque, o sacerdote: Não és tu, porventura, o vidente? Torna, pois, em paz para a cidade, e convosco também vossos dois filhos, Aimaás, teu filho, e Jônatas, filho de Abiatar. 2 Samuel 24:11 Levantando-se, pois, Davi pela manhã, veio a palavra do SENHOR ao profeta Gade, vidente de Davi, dizendo: 1 Crônicas 9:22 Todos estes, escolhidos para serem porteiros dos umbrais, foram duzentos e doze; e foram estes, segundo as suas aldeias, postos em suas genealogias; e Davi e Samuel, o vidente, os constituíram no seu cargo. 1 Crônicas 21:9 Falou, pois, o SENHOR a Gade, o vidente de Davi, dizendo: 1 Crônicas 25:5 Todos estes foram filhos de Hemã, o vidente do rei nas palavras de Deus, para exaltar a corneta. Deus dera a Hemã catorze filhos e três filhas. 1 Crônicas 26:28 como também tudo quanto tinha consagrado Samuel, o vidente, e Saul, filho de Quis, e Abner, filho de Ner, e Joabe, filho de Zeruia; tudo quanto qualquer tinha consagrado estava debaixo da mão de Selomite e seus irmãos. 1 Crônicas 29:29 Os atos, pois, do rei Davi, assim os primeiros como os últimos, eis que estão escritos nas crônicas de Samuel, o vidente, e nas crônicas do profeta Natã, e nas crônicas de Gade, o vidente, 2 Crônicas 9:29 Os demais atos, pois, de Salomão, tanto os primeiros como os últimos, porventura, não estão escritos no livro da história de Natã, o profeta, e na profecia de Aías, o silonita, e nas visões de Ido, o vidente, acerca de Jeroboão, filhos de Nebate? 2 Crônicas 12:15 Os atos, pois, de Roboão, tanto os primeiros como os últimos, porventura, não estão escritos nos livros da história de Semaías, o profeta, e de Ido, o vidente, conforme a relação das genealogias? E houve guerras entre Roboão e Jeroboão em todos os seus dias. 2 Crônicas 16:7 Naquele mesmo tempo, veio Hanani, o vidente, a Asa, rei de Judá, e disse-lhe: Porque confiaste no rei da Síria e não confiaste no SENHOR, teu Deus, o exército do rei da Síria escapou das tuas mãos. 2 Crônicas 16:10 Porém Asa se indignou contra o vidente e lançou-o na casa do tronco, porque disso grandemente se alterou contra ele; também Asa, no mesmo tempo, oprimiu alguns do povo. 2 Crônicas 19:2 E Jeú, filho de Hanani, o vidente, lhe saiu ao encontro e disse ao rei Josafá: Devias tu ajudar ao ímpio e amar aqueles que ao SENHOR aborrecem? Por isso, virá sobre ti grande ira da parte do SENHOR. 2 Crônicas 29:25 E pôs os levitas na Casa do SENHOR com címbalos, com alaúdes e com harpas, conforme o mandado de Davi e de Gade, o vidente do rei, e do profeta Natã, porque este mandado veio do SENHOR, por mão de seus profetas. 2 Crônicas 29:30 Então, o rei Ezequias e os maiorais disseram aos levitas que louvassem ao SENHOR com as palavras de Davi e de Asafe, o vidente. E o louvaram com alegria, e se inclinaram, e adoraram. 2 Crônicas 35:15 E os cantores, filhos de Asafe, estavam no seu posto, segundo o mandado de Davi, e de Asafe, e de Hemã, e de Jedutum, vidente do rei, como também os porteiros, a cada porta; não necessitaram de se desviarem do seu ministério, porquanto seus irmãos, os levitas, preparavam o necessário para eles. Amós 7:12 Depois, Amazias disse a Amós: Vai-te, ó vidente, foge para a terra de Judá, e ali come o pão, e ali profetiza;