9

Click here to load reader

artigo plantas medicinais2

Embed Size (px)

DESCRIPTION

plantas medicinais

Citation preview

Acta bot. bras. 18(2): 391-399. 2004Plantas medicinais e seus usos pelos sitiantes da Reserva Rio das Pedras,Mangaratiba, RJ, Brasil1Maria Franco Trindade Medeiros2,5, Viviane Stern da Fonseca3 e Regina Helena Potsch Andreata4Recebido em 12/11/2002. Aceito em 29/10/2003RESUMO (Plantas medicinais e seus usos pelos sitiantes da Reserva Rio das Pedras, Mangaratiba, RJ, Brasil). Os sitiantes que residemna Reserva Rio das Pedras, localizada no municpio de Mangaratiba, Estado do Rio de Janeiro, tm origem nos meeiros que trabalhavam nasplantaes de banana da antiga fazenda Goiabal. Atualmente, esta fazenda corresponde ao Club Mditerrane, na cota prxima ao oceanoAtlntico e Reserva Rio das Pedras, acima da Rodovia Rio/Santos (BR-101), sendo um remanescente de Floresta Ombrfila Densa noEstado. O objetivo deste estudo foi resgatar informaes sobre o uso de plantas medicinais pelos sitiantes que ainda residem nesta Reserva.Atravs de entrevistas estruturadas e semi-estruturadas aplicadas junto comunidade, pde-se fazer um levantamento das plantas presentesao redor das casas dos mesmos. Ao todo foram citadas 36 espcies medicinais, distribudas em 34 gneros e 25 famlias. Estas espcies estorelacionadas a 28 usos medicinais, organizados em sete categorias. Predominaram espcies de plantas herbceas (21 spp.) seguidas dasarbustivas (oito spp.) e arbreas (cinco spp.). Constatou-se que a folha foi a parte mais utilizada e o modo de preparo do remdio foi odecocto. Quantificou-se o nmero de citaes por informante para cada txon, possibilitando a indicao das espcies mais utilizadas narea, como a erva-de-santa-maria (Chenopodium ambrosioides L.) e a pitanga (Eugenia uniflora L.).Palavras-chave: etnobotnica, plantas medicinais, sitiantes, Reserva Rio das Pedras (RPPN)ABSTRACT (Medicinal plants and its uses by the ranchers from the Rio das Pedras Reserve, Mangaratiba, RJ, Brazil). The rancherswho live in Rio das Pedras Reserve, which lies in Mangaratiba County, State of Rio da Janeiro, came from sharecroppers who worked atthe banana plantation of the farmer Goiabal farm. Nowadays, that farm corresponds to the Mditerrane Club in the area next to theAtlantic Ocean and to Rio das Pedras Reservation, above the Rio/Santos highway (BR-101), it is a remainder of the Dense OmbrophylousForest in the State. The aim of this study was to collect information about the use of medicinal plants by the ranchers who still live inthatReservation.Asurveyoftheplants,whichcouldbefoundintheareasurroundingtheirhouses,wasdonethroughtheuseofstructured and semi-structured interviews. In all, 36 medicinal vegetal species distributed in 34 genera and in 25 families were mentioned.Those species are related to 28 medicinal uses, organized in seven categories. The herb species (21 species) prevailed, followed by shrubs(eight species) and arboreal (five species). The leaf was found to be the part of the plant most used and the mode of preparation of themedicine was the decoction. The number of citations by the informants for each taxon was quantified, making it possible to indicate theworm seed (Chenopodium ambrosioides L.) and pitanga (Eugenia uniflora L.) as the most used species in the area.Key words: ethnobotany, medicinal plants, ranchers, Rio das Pedras Reservation1Monografia de Iniciao Cientfica da primeira Autora2Museu Nacional/UFRJ, Bolsa CNPq (IC)/ CAPES ([email protected])3Instituto de Pesquisas Jardim Botnico do Rio de Janeiro4Universidade Santa rsula, ICBA, Bolsa CNPq5Autorparacorrespondncia:[email protected] Floresta Atlntica, juntamente com a FlorestaAmaznica,constituemcercade30%dosremanes-centesdeflorestastropicaisexistentessobreasuperfcieterrestre,abrigandonosomenteamaiordiversidadebiolgicadoplaneta(Mittermeieretal.1999),comotambmaltavariabilidadegenticaexpressa, por exemplo, nos componentes bioqumicosque as plantas tropicais produzem (Hamann 1991). NaFloresta Atlntica a diversidade de plantas estimadaem20.000espcies,dasquaismaisde6.000soconsideradasendmicas(Mittermeieretal.1999).Atualmente,umadasformaesflorestaismaisameaadas,umavezqueestentreas25regiesidentificadasmundialmentecomohotspot(Lima&Guedes-Bruni 1996; Begossi et al. 2000)Em virtude do impacto causado pelo turismo e peloacelerado processo de industrializao, a flora nativavem sendo dizimada, assim como a cultura popular, aeconomia e a organizao social de diversas sociedadeshumanaspeloavanodaculturamoderna(Brito&Brito 1999). Desde o incio da civilizao, o homemfaz uso das plantas, pela necessidade de sobrevivncia,Medeiros, Fonseca & Andreata: Plantas medicinais e seus usos pelos sitiantes da Reserva Rio das Pedras... 392levando-odescobertadepossveisaplicaesteraputicas de determinadas espcies (Ribeiro 1996).Oscaiaras,ospequenosprodutoresesitiantesso os principais usurios das plantas medicinais daFlorestaAtlntica.Trabalhosdesenvolvidosemcomunidades locais no Estado do Rio de Janeiro podemser assim destacados: com os caiaras (Begossi et al.1993; Guimares & Caldas 1993; Oliveira et al. 1994;Guimares1996;Fonseca1998)eemfeiraslivres(Stalcup 2000). A transmisso oral do conhecimentosobre o uso de plantas por tais sociedades humanas praticadahgeraes.Porm,oprocessodeaculturao, onde as novas geraes buscam os meiosmodernosdecomunicao,causaaperdadestatovaliosatransmissooral.Outrofatorquesesomaaestaperdaculturaladestruiodohbitatnaturalem que esto inseridas estas sociedades (Brito & Brito1999).Asplantassoaidentidadedeumconjuntodepessoas,refletemoqueso,oquepensamesuasrelaescomanaturezaqueoscerca.Estasbianatureza lhes oferece alimentao, remdios, sustentorentveledesfrutedaalma.Opresenteestudoobjetivou resgatar o uso de plantas pelos sitiantes daReservaRiodasPedras,importanteredutorepresentativodavegetaodeFlorestaAtlntica,apartirdasespciesmedicinaispresentesaoredordesuascasas.Material e mtodosreadeEstudo-AReservaRiodasPedrasestsituadanoMunicpiodeMangaratiba,nooestedoEstado do Rio de Janeiro, na vertente Atlntica da Serrado Mar, junto Baa de Sepetiba, entre as coordenadas2259 latitude S e 4405 longitude W. Consta de 1.360hectares, o equivalente a 13km2. O Km 55 da RodoviaBR-101(Rio/Santos)aviadeacessoReserva,que dista da cidade do Rio de Janeiro 110km (Fig. 1).Apresentatemperaturamdiaanualde22C,temperaturamximaabsolutade38Cemnimade12C. O maior ndice de pluviosidade ocorre entre osmesesdedezembroafevereiro.Aprincipalbaciahidrogrfica a do Rio Grande, rio encaixado em valecom declividade acentuada, superior a 37. Em relao altitude as cotas variam de 20 a 1.100m (Souza 1997).Aspectos Histricos e Sociais - Em 1831, o Tenente-CoronelLuizFernandesMonteiro,proprietriodasfazendas Batatal e Praia Grande, recebeu o ttulodeBarodoSa.OBarofaleceuem1872nafazenda Praia Grande, que depois veio a se chamarFigura 1. Mapa da Reserva Rio das Pedras, Mangaratiba, RJ. Modificado de Agrofoto Aerofotogrametria S/A (1999).Acta bot. bras. 18(2): 391-399. 2004 393Goiabal, atualmente representada pelo Hotel ClubMditerraneepelaReservaRiodasPedras(Fundao Mrio Peixoto [198- ]).O porto de Mangaratiba, no passado, era transitadopor mercadorias provenientes de diferentes localidadesdomundo;em1914porm,tornou-sedeserto,refletindo os efeitos da construo da estrada de ferroD.PedroIIePiraense,modificandooaspectoeconmico da regio (Fundao Mrio Peixoto [198-]).Segundo a historiadora Alda Marlia Cerqueira de Pinto(com.pess.2000),foijustamentepocaemqueafazendaGoiabalchegouspossesdeOtaclioCerqueira.Aproduodafazendaeravoltadaparacultivo e venda de banana. O carregamento de bananaeratransportadoparabarcoscomdestinoaoRiodeJaneiro. Quando da morte do Sr. Otaclio Cerqueira,sua viva tentou continuar a gesto dos negcios, pormgrandepartedesuaproduoeradesviadapelosmeeiros, que vendiam diretamente sua colheita. Sendoassim, a nica soluo para o pagamento das dvidas,contradaspelamanutenodafazendaenosuprimentodemercadorias,requisitadaspeloscompradores de banana do Rio de Janeiro, foi a vendadafazendaparaoClubMditerrane(ClubMed)francs,em1986,paraaconstruodoVillageRiodas Pedras, na Praia Grande. Desde ento os meeiros,queplantavambananaedavammetadedesuaproduoaodonodafazendacomoformadepagamentopelaocupaoeutilizaodesuaterra,tornaram-se sitiantes e vm sofrendo indenizao paraquedesocupemarea.Em 1992, o Club Med realizou um acordo com as14 famlias que residiam no local, para implantar umaReservaParticulardoPatrimnioNatural(RPPN),protegendo a rea contra os palmiteiros e caadores epara desenvolver o ecoturismo (Souza 1997). Algumasdessaspessoas,ento,sedirigiramaoMunicpiodeConceio de Jacare e outras ao Ranchito, bairro dacidadedeMangaratiba.AindahnovefamliasresidindonareadaReserva,emboraexistamproblemas relativos posse de terras, gerando conflitosentre os moradores da regio.Os sitiantes da Reserva concentram-se em duasreas distintas: uma, onde residem seis famlias, cujascasassoestruturalmentecompostasportijolos;e,outra representada por trs famlias, com moradias depau-a-pique.AFigura1apresentaalocalizaoaproximadadareaondeessasfamliasresidem,eesta, por ser edificada, ficou na digitalizao da figurafora dos limites da Reserva, visando a possibilidade deconstrues futuras pelo Club Med.No existe sistema de esgoto e energia eltrica,sendoacomidapreparadaemfogolenha.Osmoradores possuem apenas um rdio de pilha. A guadacachoeirachegaatascasasatravsdecanosdePVC, mas o banho continua sendo na prpria fonte. Olixo produzido por vezes incinerado perto das casas,nohavendolocalespecficoparaaprtica.Osmantimentos bsicos como verduras, sal, acar, entreoutros produtos, so adquiridos nos supermercados deMangaratiba.Aculturadebananapratarealizadapelosadultos,querecebemdeR$3,0aR$4,0porcaixa,quecompostapordoisatrscachosdebanana,edois deles trabalham na prpria Reserva, um como guiae outro como jardineiro. As crianas tm idades entrerecm-nascidos e 19 anos, e as mais velhas estudamem Mangaratiba ou em Conceio de Jacare.Esforo de campo - Os dados foram obtidos no perodode novembro/1999 a agosto/2001. Nesse perodo foramusadas tcnicas de observao participante e tcnicasdelistagemlivre(Kottak1994)ementrevistascomseis pessoas, duas do sexo masculino e quatro do sexofeminino, que tm conhecimento sobre o uso da floramedicinalrepresentadaaoredordesuascasasnaReserva.Asentrevistasforamconduzidasdeformaestruturada, com perguntas diretas e fechadas; e semi-estruturada, com perguntas abertas (Alexiades 1996)e aplicadas a cinco famlias de sitiantes, uma vez queexistem nove famlias e 23 pessoas ao todo na regio.Os informantes tinham idades que variavam entre 37e 60 anos de idade. Foram elaboradas fichas de dadospara as espcies medicinais, para o informante e parao mdico, organizadas segundo modelo proposto porRios(1996).Realizaram-sevisitasaoHospitalMunicipal Victor de Souza Breves, em Mangaratiba, afim de se obter informaes do ponto de vista do mdicolocal sobre a comunidade em estudo.Durante as entrevistas, o material botnico citadocomo medicinal pelos informantes foi coletado com oprvio consentimento dos mesmos. Atravs da tcnicadelistagemlivre,ondecadainformante,individual-mente,citouasdezespciesmaisusadasparafinsmedicinais, foi possvel apontar as espcies utilizadascom maior freqncia. Foram obtidas e registradas emfichas as informaes sobre o uso medicinal, parte daplanta usada e preparado de cada espcie empregada.Junto aos informantes utilizou-se tambm uma fichacomdadosscio-econmicosquelevamaumacaracterizao dos diferentes aspectos da comunidade.AoDiretoresAssistentesSociaisdoHospitalMedeiros, Fonseca & Andreata: Plantas medicinais e seus usos pelos sitiantes da Reserva Rio das Pedras... 394Municipal Victor de Souza Breves foram indagadas afreqncia com que os sitiantes se consultam, qual aparte do corpo mais referida, quais os remdios maisindicados e se seguem exatamente o tratamento.Identificaodasespcieseanlisedosdados-Omaterial-testemunho foi herborizado e depositado noherbriodoICBAdaUniversidadeSantarsula(RUSU),comduplicatasparaoHerbriodoDepartamento de Botnica do Museu Nacional (R).Apartirdaanlisedosdados,asplantasforamorganizadasemsetecategoriasdeusomedicinal,adaptadas de Ankli et al. (1999), sendo elas: doenasassociadasaoaparelhodigestivo(APD);doenasassociadasaoaparelhorespiratrio(APR);doenasassociadas condies dermatolgicas (CD); doenasassociadas inflamao e dor (IND); doenas associa-das ao sistema nervoso (SIN); doenas associadas aosistemasangneo(SIS);doenasassociadasaproblemas urolgicos (UR). Para cada espcie foramquantificados o nmero de citaes, o nmero total defamlias, gneros e espcies e organizados segundo aparte da planta usada, uso medicinal e preparado.Resultados e discussoOssitiantesdaReservaRiodasPedrasfazemusodegrupodiversificadodeplantas,presentesaoredor de suas casas, que se encontra distribudo em 36espcies,34gnerose25famlias(Tabela1).Asfamlias melhor representadas foram Asteraceae (seisspp.), Lamiaceae (quatro spp.), Araceae (duas spp.),Moraceae(duasspp.)eRutaceae(duasspp.).Para as 36 espcies levantadas, obteve-se o totalde 64 citaes de uso pelos sitiantes. As espcies maiscitadasforamerva-de-santa-maria(ChenopodiumambrosioidesL.)comcincocitaes,seguidadepitanga(EugeniaunifloraL.)comquatrocitaes,colnia[Alpiniazerumbet(Pers.)Burtt&Smith],capim-limo[Cymbopogoncitratus(DC.)Stapft],saio(KalanchoebrasiliensisCambess.)ebanana(Musa sapientum L.) com uma citao cada. O hbitopredominante das espcies medicinais foi o herbceo(21spp.),seguidodoarbustivo(oitospp.),arbreo(cincospp.),subarbustivo(umasp.)etrepador(uma sp.), conforme mostra a Tabela 1.Coe & Anderson (1999), em estudo etnobotnicorealizado na Nicargua, observaram que a maioria dapopulao pesquisada mantm ao redor de suas casasum jardim, onde crescem espcies alimentcias ou quesoutilizadascomfinsmedicinais,sendoomesmoprocedimento observado nos sitiantes da Reserva RiodasPedras.Estar enfermo tem um aspecto humano, orgnico,fsico, psicolgico e emocional. A partir da tcnica deobservao participante e do convvio com os sitiantespde-se detectar que o conceito de doena, para eles, qualquer fator intrnseco que impede a realizao dotrabalho.Foramrelacionadasplantaspara28usosmedicinais.Omaiornmerodeespciescitadasfoipara o tratamento da gripe (oito spp.), o que concordacomasobservaesdeAmorozo&Gely(1988)eRossato (1996), sendo a cura da bronquite o segundomaior grupo (cinco spp.), seguido do efeito calmante(quatro spp.), contra a presso alta (trs spp.), vermes(trs spp.), diarria, dor de cabea, inflamao e rins(duas spp. cada). Foi citado o uso de uma espcie nassituaesdeanemia,machucado,coceiranocorpo,frieira, furnculo, verruga, contuso, dor de dente, dorde dente nascendo, dor de estmago, lcera, hepatite,prisodeventre,tosse;referidocomocolrio,cicatrizante,paradornacolunaefgado,tambmapenas uma espcie. Relacionando os usos medicinaiscom o maior nmero de espcies citadas, foi apontadacomo a situao de enfermidade mais incidente, pelacomunidade, a gripe em crianas, e a presso alta e abronquite nos adultos.Nocasodasespciesusadaspelossitiantesnotratamentodabronquite,todastmefeitosinrgico,segundo o relato dos sitiantes, sendo somente usadasemassociaocomoutras.Asplantasmedicinaispodem ter de um a quatro diferentes usos. A espciecommaiornmerodeusosfoiCaricapapayaL.(quatrousos),seguidadeCymbopogoncitratus,KalanchoebrasiliensiseMenthavillosaHuds.(trs usos cada) (Tabela 1).Nopreparode83%(31spp.)dosremdioscaseirosutilizam-seasfolhas,emseguida8%(trsspp.) os frutos, e 3% (uma sp. cada) as razes, flores ecaule. Em relao ao preparado, a decoco (20 spp.) a forma mais difundida, bem como o xarope (oitospp.), banho e cataplasma (cinco spp. cada), seguidosdaformainnatura(quatrospp.),suco(trsspp.),bochechoeinfuso(umasp.cada).Emestudosrealizados por Coe & Anderson (1999) na Nicargua,Ribeiro (1996) e Stalcup (2000) na regio Sudeste doBrasil, observa-se tambm esta mesma incidncia nautilizao das folhas e do decocto na preparao dosmedicamentos.Cada categoria de uso medicinal abaixo indicada,adaptada de Ankli et al. (1999), bem como os dadosActa bot. bras. 18(2): 391-399. 2004 395obtidos, esto apresentados na Tabela 1.NacategoriaINDforaminseridas18espciesutilizadasparaaliviardoresemolstiasinfecciosas,como gripes (Tabela 1).Paraagripeforamindicadastrsespcies,utilizadas sob a forma de ch das folhas (decocto),como a pitanga, carqueja e laranja-da-terra. O saioeohortel-midoassociadoaohortel-grandetambm so usados no tratamento da gripe, porm,suasfolhassopreparadascomoxarope.Outroxarope usado na cura da gripe o composto por flordo mamo, folha da laranja-da-terra, assa-peixe, saioe capim-limo.Paraasdoresnocorpoemgeralfoirelatadooempregodafolhadocaf,naformadecataplasmaamarradonotornozeloparasanaradordecabea,assim como o decocto do caule da carqueja, para dordeestmago.Asfloresdamacelinha-do-campo,preparadaseminfusoeadministradasoralmenteamenizam,emcrianaspequenas,adordosdentesquando esto nascendo. A raiz do gervo usada naforma de bochecho para a dor de dente. Em casos decontuso, indica-se a erva-grossa em forma de cata-plasma,onde,asfolhassocadassoamarradascomumtecidosobreolocalcontundido.Paradoresdecoluna indica-se o banho preparado com as folhas dojaborandi.Paraacuradeinflamaointernacostuma-seingerir o decocto das folhas do algodo e do amor-do-campoeparalcera,utiliza-seodecoctodasfolhasdaespinheira-santa.Comocolrio,foireportadaaprtica de pingar nos olhos a gua do sereno que ficadepositada nas folhas da erva-de-santa-luzia, ou ento,colocar a folha da planta na gua gelada e, com algodo,lavar os olhos.Na categoria CD so includas nove espcies quetratamdeproblemascomoinflamaonactis,cicatrizao de machucados, entre outros problemasde pele (Tabela 1).As folhas da erva-de-santa-maria, assim como asdesaio,sopreparadascomocataplasmaaplicadodiretamentesobreomachucado.Domesocarpodofruto do iju feito um cataplasma que aplicado sobreo furnculo para cur-lo.Para a cicatrizao do machucado, a populaoda Reserva utiliza a seiva da banana, que obtida aosequebrarumtalodabananeira.Paraacuradafrieira, feito um decocto do pecolo do inhame, epreparadaumacompressaquedevesercolocadamornasobreamesma.Oleite(ltex)quesaidofrutodomamo,quandocolocadosobreaverrugaumasduasatrsvezesemdiasseguidos,fazcomqueestacaia.Como anti-sptico usam o banho do decocto dasfolhas da aroeira e, para a cura de inflamao sobreadermefeitoodecoctodasfolhasdoamor-do-campo que purifica a pele pelas substncias presentesnasfolhas.Acarobinhaoutraespcietambmrelacionadaatratamentosdermatolgicos,obanhocom o decocto de suas folhas diminui a coceira nocorpo.Na categoria APD constam oito espcies usadaspara cinco finalidades diferentes (Tabela 1). A cura devermes nas crianas ocorre atravs da preparao dosuco da erva-de-santa-maria ou do hortel-mido, ondeseadicionaleitesfolhastrituradas,etoma-seumcopodestepelamanh,bemcomoohortel-grandepela ingesto do decocto de suas folhas. O palmito e acarqueja, preparados na forma de decoco da folha,so administrados no caso de dor de estmago.Trs espcies so empregadas para atuarem nosmales do intestino, porm, com diferentes efeitos. Aerva-docee o gervo combatem a diarria, sendo suasfolhas preparadas e ingeridas sob a forma de decocto.A outra espcie relacionada ao intestino o mamo,que ajuda no problema de priso de ventre, atravs daingesto do fruto maduro.O pico-da-praia e o boldoso espcies utilizadascontraenfermidadesdofgado,aprimeiraatuanocombate hepatite. Pico e boldo so preparados naforma de decocto da folha e administrados oralmente.SeisespciessoincludasnacategoriaAPReestorelacionadasrouquido,tosseebronquite,doenas comuns na comunidade (Tabela 1).No tratamento da bronquite so utilizadas as folhasdaimbaba-branca,administradasnaformadedecocto,ouemassociaocomasfolhasdeassa-peixe, hortel-mido e a flor do mamo, na forma dexarope.Podeaindaserfeitoosucodesaio,quepreparado com o sumo das folhas e leite.Para o tratamento da tosse, os sitiantes cortam ofruto do limo-galegono sentido de uma cruz, colocamum dente de alho no meio e fervem em gua (decocto).Na categoria SIS, relacionada s plantas utilizadasparadiminuirapressoaltaeemcasosdeanemia,incluem-se cinco espcies: chuchu, colnia, inhame,erva-cidreiraecapim-limo,quesoconsumidosnaforma de decocto de suas folhas, e diminuem a pressoalta, uma das enfermidades comuns na regio (Tabela1). A batata (tubrculo) do inhame quando cozida usada no combate da anemia. Segundo os sitiantes, abatata s cozinha em meses de tempo frio.Medeiros, Fonseca & Andreata: Plantas medicinais e seus usos pelos sitiantes da Reserva Rio das Pedras... 396Tabela 1. Plantas medicinais usadas pelos sitiantes da Reserva Rio das Pedras, Mangaratiba, RJ, com respectivos nomes cientfico e popular; hbito - HB (A = arbreo, Ab = arbustivo, Sa= subarbustivo, H = herbceo, T = trepador); uso medicinal (p/ = para, c/ = como, * = uso em conjunto com outras plantas); parte usada - PU (C = caule, F = folha, Fl = flor, Fr = fruto,R = raiz); nmero de citaes dos informantes - CI; material testemunho depositado no herbrio - Col. = coletor (# = Maria Franco Trindade Medeiros e nmero de coleta).Classe/Famlia/TxonNome popularHBUso MedicinalPUPreparadoCICol.MONOCOTILEDNEASARACEAEColocasia esculenta (L.) SchottinhameHp/ anemia; frieiraR; Fin natura; banho2# 34Pistia stratiotes L.erva-de-santa-luziaHc/ colrioFin natura2# 38ARECACEAEEuterpe edulis Mart.palmitoAp/ dor de estmagoFdecoco1# 35COSTACEAECostus spiralis (Jacq.) Roscoe var. spiraliscana-do-brejoHp/ clculo renalFdecoco2# 18MUSACEAEMusa sapientum L.bananaHc/ cicatrizanteFin natura3# 37POACEAECymbopogon citratus (DC.) Stapftcapim-limoHc/ calmante; p/ presso alta; p/ gripe*Fdecoco; xarope3# 1ZINGIBERACEAEAlpinia zerumbet (Pers.) Burtt & SmithcolniaHc/ calmante; p/ presso altaFdecoco3# 11DICOTILEDNEASANACARDIACEAESchinus terebinthifolius RaddiaroeiraAc/ anti-spticoFbanho1# 21APIACEAEFoeniculum vulgare L.erva-doceHp/ diarriaFdecoco2# 9ASTERACEAEAchyrocline satureioides (Lam.) DC.macelinha-do-campoHp/ dor de dente nascendoFlinfuso1# 8Baccharis trimera DC.carquejaHp/ dor de estmago; gripeCdecoco2#24Bidens pilosa L.pico-da-praiaHp/ hepatiteFdecoco2# 23Elephantopus mollis Kunth.erva-grossaHp/ contusoFcataplasma1# 12Matricaria chamomilla L.camomilaHc/ calmanteFdecoco1# 40Vernonia scorpioides (Lam.) Pers.assa-peixeSap/ bronquite*; gripe*Fxarope1# 7BIGNONIACEAEJacaranda jasminoides (Thunb.) SandwithcarobinhaAp/ coceira no corpoFbanho1# 10CARICACEAECarica papaya L.mamoAp/ bronquite*; gripe*; priso de ventre;Fl;Frxarope; in natura2# 36CHENOPODIACEAEChenopodium ambrosioides L.erva-de-santa-mariaHp/ machucado; c/ vermfugoFcataplasma; suco5# 6CRASSULACEAEKalanchoe brasiliensis Cambess.saioHp/ bronquite*; gripe*; machucadoFsuco; xarope; cataplasma3# 25continuaActa bot. bras. 18(2): 391-399. 2004 397Tabela 1 (continuao)Classe/Famlia/TxonNome popularHBUso MedicinalPUPreparadoCICol.CUCURBITACEAESechium edule (Jacq.) Sw.chuchuTp/ presso altaFdecoco2# 15EUPHORBIACEAEChamaesyce prostrata (Aiton) Smallquebra-pedraHp/ clculo renalFdecoco2# 13LAMIACEAEMelissa officinalis L.erva-cidreiraHc/ calmante; p/ presso altaFdecoco1# 3Mentha piperita L.hortel-grandeHp/ gripe*; c/ vermfugoFxarope; decoco1# 5Mentha villosa Huds.hortel-midoHp/ bronquite*; gripe*; c/ vermfugoFxarope; suco2# 4Plectranthus barbatus Andr.boldoHp/ fgadoFdecoco2# 2LEGUMINOSAEDesmodium triflorum (L.) DC.amor-do-campoHp/ inflamaoFdecoco; banho2# 22MALVACEAEGossypium hirsutum L.algodoAbp/ inflamaoFdecoco1# 20MORACEAECecropia hololeuca Miq.imbaba-brancaAp/ bronquite*Fdecoco; xarope1# 26Sorocea guilleminiana Gaudich.espinheira-santaAbp/ lcera (gastrite)Fdecoco1# 28MYRTACEAEEugenia uniflora L.pitangaAbp/ gripeFdecoco4# 16PIPERACEAEPiper mollicomum Kunth.jaborandiAbp/ dor na colunaFbanho2# 39RUBIACEAECoffea arabica L.cafAbp/ dor de cabeaFcataplasma1# 27RUTACEAECitrus aurantium L.laranja-da-terraAbp/ gripe*Fxarope1# 19Citrus medica var. limonum L.limo-galegoAbp/ tosseFrdecoco1# 17SOLANACEAESolanum capsicoides Mill.ijuHp/ furnculoFrcataplasma1# 14VERBENACEAEStachytarpheta cayennensis (Rich.) VahlgervoHp/ dor de barriga; dor de denteFdecoco; bochecho1# 41Medeiros, Fonseca & Andreata: Plantas medicinais e seus usos pelos sitiantes da Reserva Rio das Pedras... 398ParaacategoriaSINforamindicadasquatroespciescomatividadenosistemanervoso,comocalmantes (Tabela 1), foram elas: erva-cidreira, capim-limo, colnia e camomila. Em todas as quatro espciesomedicamentoprovenientedasfolhas,quesopreparadas em decocto, que ento administrado porvia oral.Duas foram as espcies utilizadas para a reduodo clculo renal, includas na categoria UR, quebra-pedra e cana-do-brejo, sendo suas folhas preparadasem decocto e administradas oralmente (Tabela 1).A fim de saber mais a respeito da histria de vidadossitiantesforamconduzidasentrevistascomoDiretoreAssistentesSociaisdoHospitalMunicipalVictordeSouzaBreves,emMangaratiba,nicodaregio. O Diretor, Dr. Bruno Polito, informou sobre adificuldadeenfrentadapelosagentesdesade,umavez que a populao mostra-se resistente ao tratamentoindicadodevidoprpriaculturadaautomedicaocomum entre os brasileiros e, principalmente, pelo altocusto dos medicamentos alopticos. Por esta razo, apopulaoprefereseguirotratamentobaseadonoconhecimento da medicina tradicional, caseira. Assim,asplantascontinuamsendoindispensveissteraputicas na qualidade de matrias-primas para essacomunidade, conforme assinalado por Cunha (1989).Conclui-se, a partir do exposto, que o sistema mdicodossitiantesumprocessohistricovividopelaspessoasquealiestiveramepelasqueaindaesto,notando-se que os jovens da comunidade no sabemfazer uso do recurso vegetal medicinal disponvel, oque tambm foi observado por Ribeiro (1996) e Begossiet al. (1997).Com as informaes obtidas junto aos sitiantes daReservaRiodasPedras,comacomplementaodedados cientficos, vm sendo organizado um guia deidentificaodeplantasmedicinaisqueserencaminhadoaossitiantes,aoClubMditerrane,populaodeMangaratiba,atravsdoHospitalMunicipaldeMangaratiba,sescolasdacidade,associao de moradores e aos outros rgos municipaisde Meio Ambiente no Municpio. Esta proposta ficaclaraemAlexiades(1996)eMartin(1995),ondeoestudodevebeneficiardealgumaformaaspessoasenvolvidas, individualmente, ou em comunidade, ou osdois.Apesardeteremsidocitadasespciesjdocumentadas em outros trabalhos, como o de Amorozo&Gely(1988),realizadocomcaboclosdoBaixoAmazonas; Berg & Silva (1988) no Estado de Roraima;Rgo (1988) na Baixada Maranhense; Ming (1995) naReserva Extrativista Chico Mendes - Acre; Begossiet al. (1993; 1997; 2000) em reas de Floresta AtlnticadoEstadodeSoPauloeCosta-Neto&Oliveira(2000)noEstadodaBahia,esseestudobuscoucontribuir para o conhecimento popular regional de umacomunidadepoucoestudadadopontodevistaetnobotnico no Estado do Rio de Janeiro e do uso deespcies em reas habitadas de Floresta Atlntica.AgradecimentosOs autores agradecem a todos os sitiantes por suaprestimosacolaboraonesteestudo;aoSr.EdlioGomes da Silva, por sua cordial acolhida; CAPES eao Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientficoe Tecnolgico (CNPq), pelas bolsas concedidas.Referncias bibliogrficasAlexiades,M.N.1996.Selectedguidelinesforethnobotanical research: a field manual. The New YorkBotanical Garden Press, New York.Amorozo, M.C.M. & Gely, A. 1988. Uso de plantas medicinaispor caboclos do baixo Amazonas. Barcarena, PA, Brasil.BoletimdoMuseuParaenseEmlioGoeldi,sr.Bot.4(1): 47-131.Ankli,A.;Sticher,O.&Heinrich,M.1999.MedicalEthonobotanyoftheYucatecMaya:healersconsensusasaquantitativecriterion.EconomicBotany53(2):144-160.Begossi, A.; Leito-Filho, H.F. & Richerson, P.J. 1993. PlantusesinaBrazilianfishingcommunity(BziosIsland).Journal of Ethnobiology 13: 233-256.Begossi,A.;Figueiredo,G.M.&Leito-Filho,H.F.1997.EthnobotanyofAtlanticForestCoastalCommunities:II.DiversityofplantusesatSepetibaBay(SEBrazil).Human Ecology 25(2): 353-361.Begossi,A.;Hanazaki,N.;Tamashiro,J.Y.&Leito-Filho,H.F.2000.DiversityofplantusesintwoCaiaracommunitiesfromtheAtlanticForestcoast,Brazil.Biodiversity and Conservation 9: 597-615.Berg, M.E. van den & Silva, M.H.L. 1988. Contribuio aoconhecimentodaFloraMedicinaldeRoraima.ActaAmaznica 18(1-2): 23-35.Brito, A.R.M. & Brito, A.A.S. 1999. Medicinal plant researchinBrazil:datafromregionalandnationalmeetings.Pp. 386-401. In: M.J. Balick; E. Elisabetsky & S.A. Laird(eds.).MedicinalResourcesofthetropicalforest-biodiversityanditsimportancetohumanhealth.Columbia University Press, New York.Coe, F.G. & Anderson, G.J. 1999. Ethnobotany of the Sumu(Ulwa)ofSoutheasternNicaraguaandcomparisonswithMiskituplantlore.EconomicBotany53(4):364-394.Acta bot. bras. 18(2): 391-399. 2004 399Costa-Neto,E.M.&Oliveira,M.V.M.2000.TheuseofmedicinalplantsintheCountyofTanquinho,stateofBahia, Northeastern Brazil. Revista Brasileira de PlantasMedicinais 2(2): 1-6.Cunha,O.1989. Ementadaculturaluso-brasileira.Erca,Rio de Janeiro.Fonseca,V.S.1998.EtnobotnicadaReservaEcolgicaEstadualdeJacarepi,Saquarema,RJ:umensaio.Monografia de Bacharelado. Universidade Santa rsula,Rio de Janeiro.Fundao Mrio Peixoto [198- ]. Histrico de Mangaratiba.Mangaratiba.Guimares, E.M.M. 1996. Estudos etnobotnicos na RestingadeMaric(RJ).Pp.371.In:ResumosdoXLVIICongresso Nacional de Botnica, Nova Friburgo, RJ.Rio de Janeiro.Guimares, E.M.M. & Caldas, J.F. 1993. Aplicao da teoriadonichoecolgicoemumacomunidadehumana.Pp. 233-245.In:ResumosdoIIISimpsiodeEcossistemas da Costa Brasileira. ACIESP.Hamann,O.1991.TheJointIUCN-WWFPlantsconservationprogrammeanditsinterestinmedicinalplants. Pp. 13-22. In: O. Akerek; V. Heywood & H. Synge(eds.).TheConservationofMedicinalPlants.CambridgeUniversityPress,Cambridge.Kottak,C.P.1994.Antropologia-unaexploracindeladiversidadhumanacontemasdelaculturahispana.6a ed. Madrid, Mc Graw-Hill.Lima, M.P.M. & Guedes-Bruni, R.R. 1996. Reserva EcolgicadeMacadeCima,NovaFriburgo,RJ-Aspectosflorsticosdasespciesvasculares.v.2,JardimBotnico,RiodeJaneiro.Ming, L.C. 1995. Levantamento de Plantas Medicinais naReservaExtrativistaChicoMendes-Acre.TesedeDoutorado.UniversidadeEstadualdeSoPaulo,Botucatu.Martin, G.J. 1995. Ethnobotany. Chapman & Hall, London.Mittermeier, R.A.; Myers, N.; Gil, P.R. & Mittermeier, C.G.1999. Hotspots. Cemex S.A., Cidade do Mxico.Oliveira, R.R.; Lima, D.; Sampaio, P.D.; Silva, R.F. & Toffoli,D.D.G. 1994. Roa Caiara, um sistema primitivo auto-sustentvel. Cincia Hoje 18(104): 44-52.Rgo, T.J.A.S. 1988. Levantamento de plantas medicinaisnaBaixadaMaranhense.ActaAmaznica18(1-2):75-88.Ribeiro,L.M.P.1996.AspectosEtnobotnicosnumarearuralSoJoodaCristina,MG.DissertaodeMestrado.UniversidadeFederaldoRiodeJaneiro/MuseuNacional,RiodeJaneiro.Rios,M.1996.Fichadedatosparaplantasmedicinales.[S.l.: s.n.].Rossato, S.C. 1996. Utilizao de plantas por populaes dolitoralnortedoEstadodeSoPaulo.DissertaodeMestrado.UniversidadedeSoPaulo,SoPaulo.Souza, R. 1997. Ecoturismo em unidade de conservao:estudodecasodaReservaRiodasPedras,Mangaratiba, RiodeJaneiro. DissertaodeMestrado.UniversidadeFederalRuraldoRiodeJaneiro,RiodeJaneiro.Stalcup,M.M.2000.Plantasdeusomedicinalouritualnuma feira livre no Rio de Janeiro, Brasil. DissertaodeMestrado.UniversidadeFederaldoRiodeJaneiro/MuseuNacional,RiodeJaneiro.Verso eletrnica do artigo em www.scielo.br/abb