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A IMPORTÃNCIA DA PRIMEIRA CONSULTA AO ODONTOPEDIATRA

Eduardo Engel

RESUMO

Este artigo tem por finalidade principal oferecer ao Odontopediatra uma contribuição para desmistificar o primeiro dia de atendimento na Clínica Odontopediátrica, sugerindo, sob o ponto de vista do autor, algumas práticas para facilitar a compreensão das necessidades da Criança e de seu responsável, e conseqüentemente, seu atendimento.

Unitermos: Odontopediatria, Primeira Consulta ao Dentista, Promoção de Saúde

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ABSTRACT

The aim of this article is to colaborate with the pediatric dentistry to demystify the first dental visit in the Pediatric Clinic suggesting, based on the author´s point of view, some practices to orientate the conduct that should be adopted to understand and to treat child needs.

Uniterms: Pediatric Dentistry, First Dental Visit, Health Promotion

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INTRODUÇÃO

A primeira visita da Criança ao Odontopediatra é de extrema importância, pois permite ao profissional abordar temas fundamentais para prevenir diversas doenças antes de seu estabelecimento, ou ainda em sua fase inicial, onde certamente o processo de intervenção será mais simples, menos invasivo e mais barato.

Bebês podem ter cáries, gengivite, e problemas de mordida!

Tudo isto pode ser prevenido e evitado. Mas como?

A educação é a base de tudo.

Educar os responsáveis, que, com o conhecimento e se possuidores da consciência de sua responsabilidade, e agindo como tal, certamente evitarão diversos problemas futuros para suas crianças, evitando ou diminuindo a incidência de doenças como a cárie, por exemplo, e prevenindo problemas dentários.

Segundo Guimarães (2003), “A maior parte dos responsáveis desconhece as causas que levam ao comprometimento dos elementos dentários de seus filhos na primeira infância, hábitos de higiene que devem ser introduzidos desde cedo, importância de o bebê receber assistência odontológica antes do primeiro ano de vida, e que o fator dieta, nesta idade, está intimamente relacionado com a cárie”.

Figueiredo et al. (1997) entendem que a prevalência de cárie está intimamente relacionada com a desinformação dos pais em relação a saúde bucal.

O resultado do levantamento epidemiológico realizado a nível nacional sobre as condições da saúde bucal da população brasileira demonstrou que aproximadamente 27 % das crianças de 18 a 36 meses apresentam, ao menos, um dente decíduo com cárie dentária, chegando a aproximadamente 60% em crianças na idade de 5 anos (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004).

Walter, Issao (1994) relacionaram a idade do bebê com a probabilidade de prevenção de cárie e observaram que, quando a intervenção preventiva era feita de 0 a 12 meses, a probabilidade da prevenção era de 96,2%; dos 24 a 36 meses, 51%, caindo para 25% quando iniciado a partir dos 48 meses.

Barroso (2001), complementa “que a maioria das mães (82%) demonstrou estarem orientadas, desde o pré-natal, com relação a saúde geral de seus filhos. O mesmo não aconteceu com relação a saúde bucal, onde somente 14% delas receberam alguma orientação durante o pré-natal para consultar o dentista”.

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A partir da compreensão das causas que provocam o encaminhamento da criança ao Odontopediatra - que originalmente deveria ser a de promoção de saúde - mas que a realidade nos mostra um cenário completamente oposto, e das razões pelas quais muitas destas crianças já chegam a esta visita com um sentimento de temor, foi desenvolvido este trabalho.

Este estudo procura, de uma forma simples, auxiliar o Odontopediatra a desmistificar as dificuldades e traumas decorrentes da primeira consulta ao dentista, ressaltando a importância de aproveitar esta primeira visita para orientar o responsável e a criança a respeito das necessidades de promoção da saúde, utilizando as técnicas disponíveis e sua capacidade de interação e entendimento do universo infantil.

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REVISÃO DA LITERATURA

A falta de orientações a respeito do momento ideal para a realização da primeira consulta odontológica, o desconhecimento das causas e cuidados relacionados a doenças bucais e prevenções a serem tomadas na gravidez e na primeira infância, a existência de mitos associados a este momento, são fatores que podem comprometer um bom atendimento odontopediátrico.

Existem duvidas a respeito do momento ideal para a realização deste primeiro atendimento odontopediátrico.

Com a preocupação de se estabelecer padrões de qualidade duradouros, o atendimento deve ser preventivo e na época adequada, na tentativa de se obter sucesso na manutenção de uma dentição saudável para a criança por toda sua vida.

E este atendimento deve se realizar quando?

Segundo Massao et al. (1996), o período de gestação é o momento em que a futura mãe se mostra mais receptiva a adquirir novos conhecimentos e mudanças comportamentais, sendo o mais adequado para introduzir os conhecimentos a respeito das atitudes a serem tomadas para a preservação da saúde bucal, sua, e de seu futuro bebê.

Este ponto de vista também é defendido por outros profissionais da saúde como Medeiros (1993), Barroso et al. (1998) e Furze, Basso (2003).

No que refere ao atendimento ao bebê, segundo a American Academy of Pediatric Dentistry (1996) e American Dental Association (2000) a primeira visita ao cirurgião-dentista deve ocorrer no período compreendido entre a erupção do primeiro dente decíduo e o primeiro ano de vida da criança.

Segundo Walter, Corrêa, (1993); Widmer, (2003), Rayner, (2003) e Poulsen, (2003), “Este comparecimento a Clínica possibilitará o trabalho conjunto dos responsáveis e do Odontopediatra na promoção de saúde e prevenção de futuros problemas dentários, além do pronto atendimento quando detectada alguma alteração”.

E as doenças bucais e seus cuidados a serem tomados, relacionados a idade?

Alguns dos principais problemas que assolam os pacientes infantis estão correlacionados diretamente com a falta de conhecimento da etiopatogenia das doenças bucais, especialmente a doença carie e da gengiva, e más oclusões, em grande parte oriundas de hábitos para funcionais.

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Segundo Ferreira, S.H. (2002), “O desenvolvimento da doença cárie na primeira infância apresenta algumas particularidades com relação a sua etiologia em função das características morfofuncionais da cavidade bucal e dos hábitos comportamentais nesta faixa etária”.

A cárie precoce em crianças jovens, não sendo identificada e tratada precocemente, pode levar à dor, dificuldade de deglutição, problemas de fonação e comprometimento psicológico em função da estética. (AYHAN, H. et al., (1996); ACS. G. et al., (1999))

E nesta visita que o Odontopediatra tem a oportunidade de agir para eliminar mitos, quebrar barreiras muitas vezes estabelecidas por problemas comportamentais, dos responsáveis e da própria Criança.

Estas barreiras, em diversas ocasiões, têm sua origem em medos e ansiedades, algumas vezes vividas, outras observadas ou relatadas por outros.

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DISCUSSÃO

Em nosso entendimento, a primeira visita da Criança ao cirurgião-dentista (e se possível, que esta primeira visita seja ao Odontopediatra, que é o cirurgião-dentista especialista em atendimento a Crianças) pode ser o divisor de águas entre o sucesso e o fracasso da manutenção da saúde bucal.

E qual a razão principal para este entendimento?

Não existe uma razão, mas sim um conjunto de razões, integradas e interdependentes, segundo o ponto de vista a ser abordado.

Pelo ponto de vista da saúde bucal, podemos enunciar algumas delas:

1. Cuidados com a prevenção básica

Estas orientações serão muito importantes, uma vez que é grande o desconhecimento, por parte dos responsáveis, das rápidas e incessantes mudanças fisiológicas e psicológicas que acontecerão ainda no primeiro ano de vida da Criança.

Seguindo as pegadas destas mudanças, é nesta fase que também se estabelecem os hábitos de higiene oral, da amamentação, da alimentação e muitas vezes de sucção de chupetas e dedo que, se em desequilíbrio, poderão acarretar as disfunções anteriormente relatadas.

Um dos aspectos importantes que pode ser objeto da abordagem diz respeito a infecção cruzada, muitas vezes introduzida pela famosa “experimentada ou soprada” prévia da comida da Criança pelo responsável - contaminando o alimento com as bactérias residentes em sua boca – para em seguida levá-la a boca da Criança.

Embalado pelas orientações sobre a infecção cruzada, desde que haja tempo e disposição – hoje cada vez mais escassos - proporcionar aos responsáveis informações complementares, e extremamente úteis, como etapas de desenvolvimento da boca e da face da Criança, épocas de erupção dos dentes e troca de dentições e sobre a influência de hábitos para funcionais, como problemas posturais, uso de chupeta e mamadeira, na arcada dentária.

Alertar para a prevenção de traumas dentários, que ocorrem em maior quantidade entre o primeiro e o segundo ano de vida e com grande incidência de quedas envolvendo a região bucal, quando a Criança começa a dar os primeiros passos, embora sem muita coordenação.

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E estes acidentes merecem cuidados, frente às variadas seqüelas que podem ocorrer tanto nos dentes decíduos como nos dentes permanentes (que já se encontram em formação).

É extremamente importante orientar os responsáveis a respeito da importância dos dentes decíduos - alguns responsáveis tendem a não valorizá-los, considerando-os “descartáveis”, - segundo a linha de pensamento de alguns responsáveis a preocupação com o dente decíduo não é grande, pois os dentes permanentes logo aparecerão....

E aí reside o ponto crucial desta orientação .

É muito importante lembrar aos responsáveis que a dentição decídua, que já se encontra presente na cavidade bucal é a única certeza, e, mesmo assim, certeza temporária !

A dentição permanente, é uma probabilidade, não uma certeza, devido a diversas possibilidades, das quais citamos apenas algumas, mais comuns, como referência:

-Agenesia de um ou mais elementos,

-Traumas,

-Doenças sistêmicas

E outras possibilidades mais, que afetem as condições de saúde comprometendo a manutenção dos dentes permanentes, enfim, uma série de eventos que possam efetivamente prejudicar o bom andamento da erupção e manutenção da dentição.

Alias, é da saúde dos dentes decíduos que dependerá, entre outras coisas:

- A boa formação dos dentes permanentes;

- A saúde geral da Criança - uma vez que eles participam dos processos da mastigação e deglutição;

- O convívio social - influenciando a fonoarticulação e participando na determinação do sorriso.

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2. Aspectos psicológicos, relacionados ao ato odontológico

Certas experiências mal sucedidas, algumas delas nem relacionadas ao próprio ato odontológico, mas sim com a área de saúde em geral, como o um ato simples de uma vacinação, acabam criando apreensões, que mal trabalhadas, acabam direta ou indiretamente refletindo na forma de pensar e ou de agir dos responsáveis ou da própria Criança, estabelecendo desta forma uma associação e um pré-condicionamento a qualquer outro processo que necessite de intervenção de um profissional de saúde.

Além disso, e como já constatado por diversos profissionais da área odontológica, atitudes irrefletidas de responsáveis, talvez até por falta das orientações a que nos referimos anteriormente, acabam comprometendo ainda mais a qualidade do atendimento e potencializando o estado de terror dos pacientes, ao se utilizarem de técnicas de “terrorismo psicológico” para obter a cooperação de seus filhos, como por exemplo, ameaçá-los de” pedir ao Dentista para aplicar-lhes uma injeção” caso não se mostrem cooperadores....

E o Odontopediatra tem como intervir para superar estas dificuldades?

Algumas vezes, se utilizando de técnicas de condicionamento de comportamento já testadas e devidamente aprovadas para esta finalidade, é possível ao Odontopediatra intervir neste aspecto, eliminando ou minimizando as dificuldades, conseguindo, dessa forma, prestar o atendimento clínico que se faça necessário.

Em outras oportunidades, quando do insucesso da intervenção do Odontopediatra, se faz necessário o encaminhamento para um profissional especializado em área comportamental.

Aliás, a Odontologia preconiza o conceito de trabalho em equipe, agindo sempre em conjunto e harmonia com as áreas das diversas especialidades, como a Medicina - trabalhando muitas vezes sob orientação ou cooperação com o Médico Pediatra -, a Psicologia, a Nutrição, a Fonoarticulação e outras especialidades cujo universo gravite ao redor da Criança.

Na Odontopediatria não vemos a Criança como uma entidade a parte ou menos ainda, apenas como uma necessidade local, uma boca a ser tratada.

Ela é avaliada e tratada sob um conjunto harmônico de ações e respeito a suas necessidades globais, de ordem pessoal e psicológica, daí a necessidade do Odontopediatra mais que entender, agir multidisciplinarmente.

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3. Aspectos de saúde sistêmica, relacionados ao ato odontológico

Anamnese (do grego aná = trazer de novo e mnesis = memória).

Segundo Aurélio Buarque de Holanda , anamnese significa:“(Medicina) - Conjunto das informações recolhidas pelo médico a respeito de um doente”;

E o significado é o mesmo, não só para o médico mas também para qualquer profissional de saúde que execute este procedimento...

A anamnese é mais do que o simples registro ou a simples coleta de informações pelo profissional de saúde.

Deveria ser a primeira e uma das mais importantes partes da avaliação clinica, pois envolve o núcleo da relação profissional de saúde-paciente, onde se apóia a parte principal do trabalho do profissional de saúde.

Além disso preserva o lado humano da medicina e orienta de forma correta o plano diagnóstico e terapêutico.

A anamnese, em síntese, é uma entrevista que tem por objetivo trazer de volta à mente todos os fatos relativos ao doente e à doença.

Seu aprendizado é lento, só conseguido após a realização de dezenas de entrevistas criticamente avaliadas.

E qual o relacionamento da anamnese com a Odontopediatria?

“Como deve ser difícil tratar de Crianças; elas não sabem dizer o que sentem!

Perguntar bem é saber muito”.

Provérbio árabe, de origem desconhecida.

Pernetta (1920) nos orienta que, “Convém não esquecer o alto e insubstituível significado psicoterapêutico da anamnese e do exame físico. O contato pessoal com o médico oferece ao enfermo e a sua família uma grande oportunidade para o alívio da tensão emocional, útil em todos os casos e não raro, tudo o que era preciso para resolver os problemas apresentados”.

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Na Odontopediatria a anamnese adquire uma faceta especial, não bastando saber o que perguntar, mas também como perguntar adequadamente, tendo em mente de que nem sempre a coleta de informações e garantida, quantitativa ou qualitativamente.

Além disso, o próprio ato do interesse pelo paciente, e não apenas pela situação em que se encontra, cria um estado emocional que tende a facilitar o relacionamento e, conseqüentemente, o ato odontológico em si.

Na medida em que o paciente, pelas suas características de idade e maturidade dificilmente interage com o Odontopediatra neste quesito, e a existência, muitas vezes, de fatores de complexidade envolvidos, como por exemplo ,o desconhecimento das informações, as vezes é um terceiro (avos, parente em geral, empregada, baba, professor, amigo ou conhecidos) - que leva a Criança a consulta e desconhece a história médica e odontológica pregressa, outras vezes a Criança é oriunda de um processo de adoção, onde nem sempre as informações estão disponíveis, esta anamnese, que como já citamos, é muito importante no processo de tratamento da Criança, pode ficar prejudicada.

A boa anamnese depende essencialmente da inteligência e cooperação da informante, mas está igualmente condicionada às qualidades do profissional de saúde.

Ai é que deve entrar o diferencial no processo: o preparo do Odontopediatra, capaz de perceber as sutilezas nas reações do informante e ou da Criança, e estender a anamnese além dos limites delineados no papel – tentar obter informações, , além das verbais, que possam agregar valor a anamnese como expressões corporais em reação a informações dadas ou solicitadas.

Além disso, a anamnese deve ser adaptada à idade da Criança.

A idade é elemento importante para:

• A natureza e a apresentação das doenças e problemas do desenvolvimento e comportamento;

• O modo como conduzir a anamnese, o exame físico e organizar o tratamento.

Durante a anamnese podemos avaliar:

• Família , com sua dinâmica de relacionamento;• Circunstâncias sociais e familiares;• Papel da família na comunidade;• Condições médicas, psicológicas e odontológicas da Criança

A forma de aproximação e abordagem da Criança também são fatores importantíssimos para conseguir sua aceitação e colaboração

. Dessa forma, antes do atendimento é recomendável::

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• Receber o responsável e Criança, chamando-os pelos seus nomes; Estabelecer contato visual com o responsável e a Criança, o que facilita a aproximação, amenizando o “peso” da consulta; Procurar o contacto direto, evitando moveis e outros objetos interpostos

• Dirigir as perguntas ao responsável e se necessário, à Criança. Ter brinquedos adequados à idade da Criança e, se acompanhada por irmão, a eles também;

• Observar como a Criança e seus irmãos brincam e se relacionam com os pais.

E quando deve ser a primeira consulta ao Odontopediatra? Como já relatado anteriormente, segundo a opinião de alguns especialistas, com a qual nos identificamos, a primeira visita deve se dar quando a mãe tem conhecimento de que esta grávida.

E este momento é extremamente propício, pois além de permitir a futura mamãe adquirir conhecimentos que serão vitais para a saúde bucal, sua e do bebê, é também neste momento que ela está extremamente sensível e interessada nos procedimentos que envolvam a evolução da gravidez, e conseqüentemente, o estado de saúde da Criança.

E a primeira consulta da Criança ao Odontopediatra deve ocorrer assim que nascer o primeiro dente decíduo, aproximadamente aos seis meses de idade. Nesse momento o dentista orientará a mãe sobre os cuidados iniciais de higiene oral,como por exemplo, maneiras de higienizar a boca do bebe, sobre o uso racional da mamadeira, da chupeta, suas implicações e cuidados, e também sobre dieta não cariogênica (que evita cáries) e uso de flúor.

Crianças devem ter seus dentes higienizados preferencialmente três vezes ao dia através de escovação e uso de fio dental, ao menos uma vez ao dia.

A escovação dos dentes e o uso do fio dental devem ser realizados pelos pais até que a Criança apresente boa habilidade manual para fazer sua higiene bucal sozinha, por volta dos 7-8 anos de idade.

Desta idade em diante os pais devem supervisionar a higiene bucal dos filhos assim como o uso do fio dental.

O creme dental utilizado na escovação deve ser o infantil com flúor para Crianças a partir dos 3 anos de idade e sem flúor para menores de 3 anos de idade.

Bebês e Crianças pequenas (até 3 anos) não devem usar pasta de dentes com flúor porque podem ingerir o creme dental, cuja concentração de flúor é alta, podendo causar mal-estar e manchar os dentes permanentes que estão por vir.

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Nessa idade, as aplicações de flúor devem ser feitas, quando necessárias, pelo dentista no consultório odontológico.

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CONCLUSÃO

A educação é fator fundamental para o sucesso ou fracasso na manutenção da qualidade da saúde bucal da criança.

A educação deve começar a partir da primeira visita da mãe ao Odontopediatra, no período de gestação, e da criança, a partir da erupção dos dentes decíduos.

Ela deve privilegiar a desmistificação de medos, ansiedades e até traumas já estabelecidos pela desinformação do papel da Odontologia, e orientações voltadas a atenção básica de promoção de saúde, evitando desta forma necessidades de procedimentos adicionais de controle de comportamento e protocolos de intervenção odontológica.

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