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8/16/2019 Artigo Circo
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ESSÊNCIA DA ARQUITETURA CIRCENSE: IDENTIFICANDO OSSIGNOSMariana Ramos Luca
Universidade Estadual de Londrina
mariana_luca @hotmail.com
Palavras-chave: circo; arquitetura circense; circo contemporâneo; circo tradicional; circo romano;signos
1. INTRODUÇÃO
circo! considerado um dos espet"culos mais antigos do mundo! tem sua
origem no #mp$rio Romano! com instala%&es permanentes e 'i(adas ao solo
destinadas )s apresenta%&es de gladiadores! animais e(*ticos e corridas. +esde
ent,o! acompanhando o dinâmica da sociedade! o circo tem passado por algumas
mudan%as culturais. om o 'im do #mp$rio de $sar e incio da era medieval! artistas
populares passaram a improvisar suas apresenta%&es em pra%as p/0licas! 'eiras e
entradas de igre1as dando incio o movimento n2made circense. 3omente no s$culo
45##! na #nglaterra! 'oi que surgiu o circo moderno! tal qual conhecemos! com um
picadeiro circular e tradicionalmente conhecidos pela co0ertura de lona tensionada.
on'orme a passagem dos anos e o surgimento das escolas de arte circense! o
conte(to 'amiliar 'oi se perdendo e os circos cada ve6 mais sendo encarados como
verdadeiras empresas! que nas /ltimas d$cadas 0uscaram reinventar seus
espet"culos a'im de concorrerem com as mdias de entretenimento. 7ssim surge o
circo contemporâneo e seus grandes espet"culos! sendo que alguns de seus
maiores representantes! possuem al$m dos espet"culos itinerantes! espet"culos
'i(os! que re'letiram em suas instala%&es 'sicas! 'i(ando-as de 'orma permanente ao
solo parado(almente ao arqu$tipo do circo tradicionalmente n2made.
+esta 'orma! ca0e perguntar: qual $ a ess8ncia da arquitetura circense9
uais s,o os signoselementos que permitem a leitura o circo enquanto o01eto
arquitet2nico na contemporaneidade9 que permite reconhecer tais instala%&es
permanentes como sendo um circo9 Estaria esta ess8ncia vinculada ) rela%,o do
circo com o territ*rio9 Estaria vinculada a 'orma9 u com a organi6a%,o espacial9
om 0ase nesta re'le(,o! o presente artigo 0usca analisar comparativamente circos
de di'erentes perodos e conte(tos hist*ricos a'im de reconhecer os signos da
arquitetura circense que perduraram ao longo de suas trans'orma%&es! e se
mailto:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]
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possivelmente ocorre descaracteri6a%,o da ess8ncia arquitet2nica do circo nestes
novos tipos.
2. ESSÊNCIA E SIGNOS NA ARQUITETURA CIRCENSE
Para o reconhecimento da ess8ncia da arquitetura circense! $ indispens"vel acompreens,o e leitura de seus sm0olos! com intuito de identi'icar os signos que )comp&e. 3ignos! por sua ve6! s,o sempre compostos! por elementos resultantes deuma sensa%,o! de uma lem0ran%a e de uma rela%,o ou associa%,o esta0elecidaentre a sensa%,o e a lem0ran%a ?3 et al.! ABAC. ontudo!signos s* s,o signos se puderem ser identi'icados pela coletividade.
7nalisando a arquitetura circense! $ possvel destacar quatro elementos como
signos! s,o eles: territorialidade! 'ormaorgani6a%,o espacial e co0ertura. ?oentanto! todos eles s,o passveis de constiturem a ess8ncia da mesma9
Em 0usca de uma possvel resposta para tal questionamento! ser,oanalisados comparativamente tr8s circos de di'erentes conte(tos hist*rico e culturais! sondando a 'orma como cada um apresenta! ou n,o! os elementos acimadestacado como signo. 3,o eles: o circo romano! o arquetpico circo tradicional! eum representante do circo contemporâneo 'i(o.
omo representante deste /ltimo! ser" analisado espec'icamente o circo-teatro 'i(o recentemente construdo pela 'amosa companhia irque du 3oleil situada
em Riviera MaDa no M$(ico! o =eatro oD)
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FONTE: 7rquitectos M(B2.1 Territoriai!a!e
7o longo da hist*ria! o circo apresenta em sua rela%,o com o territ*riomomentos permaneceis e momentos itinerantes! moldando-se de 'orma
conveniente aos interesses e conte(tos hist*ricos e culturais.
s espet"culos do circo romano tiveram sua origem na religi,o! nas 'estasp/0licas que apresentavam corridas de carros e outra e(i0i%&es atl$ticas. +i6 atradi%,o que o quinto dos sete lend"rios reis de Roma! =arqHnio =asso! 'i(ou o lugaronde surgiria o primeiro circo.
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Figura 2 G #mplanta%,o =eatro oD)! em Riviera MaDaV
FONTE: Revista 3anto D 3ena
om 0ase na an"lise a cima! $ importante salientar que a itinerância est"'ortemente atri0uda aos circos ditos tradicionais! do qual se tem uma vis,o muitopastiche! isto $! a primeira imagem ) qual se tem em mente quando re'ere-se aocirco! e $ tido como 'ator de legitimidade do movimento circense! no entanto! estemesmo circo itinerante! deriva do circo romano! que por motivos polticos e religiososinerentes ) sua $poca 'i(ava-se ao solo! tal qual ocorre em circos contemporâneoscu1a necessidade de a0rigar espet"culos 'i(os ou conquistar determinado p/0lico!'e6 com que repensassem a perman8ncia em detrimento ao nomadismo. +esta
'orma! podemos concluir que a rela%,o do circo com o territ*rio n,o reside naitinerância ou perman8ncia! mas sim da 'orma com a qual se apodera dele e o valor sim0*lico que ele carrega em determinado conte(to.
2.2 For"a e orga#i$a%&o e'(a)ia
7 organi6a%,o do circo romano adequava-se ao e(erccio das 'ormassim0*licas reais e ideais cu1a sim0ologia totali6ante compunham uma esp$cie deimagem do mundo
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OEle era um dos espa%os privilegiados no qual se e'etivava arela%,o do so0erano com os seus s/ditos. 7 planta elpticaalongada do irco M"(imo! que comportava em seu centrouma s$rie e de sm0olos! dentre os quais se destacava o
o0elisco! evocava os motivos religiosos dos rituais p/0licos.
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Figura + G Planta irco Marcos >rota! como e(emplo de circo tradicional
FONTE: irco Marcos >rotaN
picadeiro iluminado $ o centro convergente desse impulso centr'ugo doolhar e da aten%,o; local em que tudo ou quase tudo! se a reali6a ou pode vir a
reali6ar-se. 7 circularidade da planta e do picadeiro permaneceu! mesmo com aado%,o de um palco! visto que tal con'igura%,o tam0$m $ perceptvel na planta do=eatro oD)
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Figura , G Planta 0ai(a =eatro oD)! irque du 3oleil
FONTE: 7rquitectos M4
circulo! tem por caracterstica reunir pessoas de 'orma equili0rada eequidistante! qualquer coisa disposta em seus e(tremos! mant$m sempre umamesma distância do ponto central. +esde seus prim*rdios o circo! partiu da 'ormacircular! da qual originou-se seu nome! do latim Circus, que quer di6er anel.
O7 roda em torno da qual pessoas se acomodam para tomar
conhecimento de alguma coisa $ a con'igura%,o mais antiga deque se tem notcia! sendo este provavelmente! o desenhoadotado pelo homem das cavernas em suas conversas ao redorda 'ogueira! 'onte central de calor e de irradia%,o de energia.
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2.* Co-ertura
?o circo romano! a co0ertura al$m de comodidade! era tida tam0$m comouma inova%,o. velum! esp$cie de toldo so0re a plat$ia
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Figura / G E(emplo de circo tradicional so0 lona
FONTE: ho1emais.com.0r T
conhecimento e t$cnica do montar e desmontar da lona e toda a estruturaque a sustentava
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?o entanto! a tenda de lona com 'un%,o de 'acilitar a instala%,o! atri0uda aotempor"rio! n,o condi6 com a condi%,o de perman8ncia dos circos 'i(os! e t,opouco a necessidade da manuten%,o do car"ter 'amiliar! 1" que tende aoempresarial! o que n,o torna a co0ertura menos sim0*lica.
omo pode ser visto no circo-teatro oD) do irque du 3oleil em RivieraMaDa! h" uma preocupa%,o est$tica e 'ormal com a co0ertura do edi'cio! pautadaem 'ormas orgânicas! como a da 'olha que cai da "rvore! remetendo ao 7rt ?oveau
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Figura 1 G =eatro oD)! irque du 3oleil
FONTE: 3ite meus roteiros de viagemBA
7 co0ertura surge no circo como uma necessidade de velar a plateia da lu6solar! ou a0rigar da chuva! e com o tempo passa a ganhar carga sim0*lica!principalmente quando se tem em mente a tenda e a lona. 5imos que mesmo
levantadas a partir de materiais e t$cnicas di'erentes! tanto no circo tradicional!como no circo-teatro oD)! a co0ertura 'a6 as ve6es de coroamento! mantendo oponto 'ocal ao centro. 7inda que sem e(u0erância! o velum romano! al$m deo'erecer prote%,o! volta-se para o centro! delimitando-o com uma esp$cie de anel!ao qual era presos os tecidos. +esta maneira! a sim0ologia da co0ertura! pareceestar muito mais ligada ) importância de demarcar o centro
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*. CONC3USÃO
7 arquitetura circense est" intimamente ligada ao conte(to ao qual est"
inserida! n,o podendo ser analisada separadamente dele. u se1a! naquelemomento era assim; ho1e! pode ser que o espa%o descrito se1a outro! uma ve6 que!no circo! nada $ permanente. 7 mo0ilidade e trans'orma%,o se estendem a todos osseus domnios
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7?+R7+E! os$ arlos dos 3antos. O teatro #o )ir)o -ra'ieiro6E'tu!o !e )a'o:)ir)o6teatro (a7i8&o Aret8u$$a. ABA. =ese de +outorado. Universidade de 3,oPaulo.
M7=3! Luana Marinho et al. Se"i9ti)a (eir)ia#a a(i)a!a eitura !are(re'e#ta%&o ar;uitet