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 ARTIGO* LA GEST AL T- THÉRAPI E V A LLE OSER DÉVE LOPPER SON PARADIGME POST- MODERNE? * A GESTALT-TERAPIA TERÁ A OUSADIA DE DESENVOLVER SEU PA RADIGMA PÓS-MODERNO? DOES GESTAL T - THE RAP Y WILL BE BOLD ENOUGH TO DEVELOP ITS POST-MODERN PARADIGM?  Jean-Marie Robine **  RESUMO O que me proponho a explorar neste artigo, com este título algo misterioso, são algumas das linhas de força e paradigmas que perpassam, implícita ou explicitamente, a teoria da Gestalt- erapia, com o ob!eti"o de delinear algumas implicaç#es para sua pr$tica clínica% &credito que se pudermos compreender essas linhas de força, seremos capa'es de aplic$-las melhor e, ao mesmo tempo, compreender mais facilmente os pontos-cha"e que di"idem aqueles que  promo"em a Gestalt- erapia% (u tamb)m gostaria de ressaltar , logo de início, que não estou int eir amente sat isf eit o em apo iar -me no ter mo *p+ s-m odernismo , o qua l est$ muito carregado com uma "ariedade de conotaç#es apesar disso, por carecer de um outro melhor, eu o farei, tentando especificar seus contornos e limites% PALAVRAS-CHAVE Gestalt-e rapia p+s-modernidade campo  self  relação terap.utica%  &o ou"ir termos como *epistemologia, algumas pessoas, imediatamente, temem o  pior, - o que /erls deno minou em sua linguagem floreada * mind fucking  0 o que significa di'er *massagear a massa cin'enta ou *masturbação mental % (u espero e"itar este  problema, uma "e' que o material que quero tratar com "oc.s est$, para mim, muito carregado emocio nalmente % (s tes ques ti onamentos surgiram do me u pr +p ri o desen"ol"imento pessoal e se baseiam tanto na minha pr$tica clínica quanto na minha reflexão te+rica% (m um estudo anterior, iniciei com uma citação de /rin'horn 123456, retirada de seu trabalho sobre gestaltung 7 *8+s procuramos o significado de cada forma produ'ida no  pr+prio ato de sua formação, ou se!a, o significado da forma 9 qual eu chego ho!e, o significado das minhas conclus#es e sobretudo o dos meus questionamentos podem ser encontrados no meu pr+prio processo, na minha pr+pria caminhada e aos quais de"o referir- me sem constrangimento%  

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ARTIGO*

LA GESTALT-THRAPIE VA TLLE OSER DVELOPPER SON PARADIGME POST-MODERNE?*A GESTALT-TERAPIA TER A OUSADIA DE DESENVOLVER SEU PARADIGMA PS-MODERNO?DOES GESTALT-THERAPY WILL BE BOLD ENOUGH TO DEVELOP ITS POST-MODERN PARADIGM?

Jean-Marie Robine**RESUMOO que me proponho a explorar neste artigo, com este ttulo algo misterioso, so algumas das linhas de fora e paradigmas que perpassam, implcita ou explicitamente, a teoria da Gestalt-Terapia, com o objetivo de delinear algumas implicaes para sua prtica clnica. Acredito que se pudermos compreender essas linhas de fora, seremos capazes de aplic-las melhor e, ao mesmo tempo, compreender mais facilmente os pontos-chave que dividem aqueles que promovem a Gestalt-Terapia.Eu tambm gostaria de ressaltar, logo de incio, que no estou inteiramente satisfeito em apoiar-me no termo ps-modernismo, o qual est muito carregado com uma variedade de conotaes; apesar disso, por carecer de um outro melhor, eu o farei, tentando especificar seus contornos e limites.PALAVRAS-CHAVEGestalt-Terapia; ps-modernidade; campo;self; relao teraputica.Ao ouvir termos como epistemologia, algumas pessoas, imediatamente, temem o pior, - o que Perls denominou em sua linguagem floreada mind fucking o que significa dizer massagear a massa cinzenta ou masturbao mental. Eu espero evitar este problema, uma vez que o material que quero tratar com vocs est, para mim, muito carregado emocionalmente. Estes questionamentos surgiram do meu prprio desenvolvimento pessoal e se baseiam tanto na minha prtica clnica quanto na minha reflexo terica.Em um estudo anterior, iniciei com uma citao de Prinzhorn (1984), retirada de seu trabalho sobregestaltung: Ns procuramos o significado de cada forma produzida no prprio ato de sua formao, ou seja, o significado da forma qual eu chego hoje, o significado das minhas concluses e sobretudo o dos meus questionamentos podem ser encontrados no meu prprio processo, na minha prpria caminhada e aos quais devo referir-me sem constrangimento.A) FRAGMENTOS DE UM ITINERRIONo incio dos anos 80, aps minha formao e um tempo de prtica em Gestalt-Terapia em um primeiro momento de modo perlsiano (do perodo deEsalen) e depois modificada pela contribuio do Instituto de Gestalt-Terapia deCleveland(em particular dosPolsters) - eu tive a oportunidade de trabalhar por vrios anos com Isadore From, um membro do grupo fundador da Gestalt-Terapia. Este repensar doloroso e radical levou-me a dar as costas firmemente para certas prticas, certas noes tericas e certos preceitos ticos, em prol de outro enfoque, que eu j ento percebia como sendo mais exigente (e eu ainda estava longe de medir todas as conseqncias). Tratava-se do enfoque de Goodman e Isadore From. Alis, era difcil para mim distinguir a contribuio de From daquela de Goodman, pois ao longo de minhas duas formaes anteriores em Gestalt, nunca havia ouvido falar em nenhum dos dois.Nos meus primeiros meses de prtica tive a impresso, com ou sem razo, de haver rapidamente assimilado os modelos perlsiano e de Cleveland, a ponto de encontrar seus limites e reconhecer seus impasses. Do mesmo modo, tenho a impresso agora, depois de 15-17 anos, de ainda no ter feito otourcompleto do modelo proposto por Goodman. Agora, mantendo um pouco de distncia, diria que levei de seis a oito anos para passar da , apenas parcialmente mastigada, para a .Depois, vrios anos mais para ser capaz de desafiar alguns pontos e para ir alm do que aqueles mestres me deram e perseguir algumas trilhas que eles abriram. Ao mesmo tempo, eu estou longe de considerar que o modelo transmitido por Goodman seja perfeito! Eu quero apenas dizer que novos caminhos foram abertos e que nos cabe identific-los e explor-los.Assim, precisei de muitos anos para me desengajar de uma abordagem que considero hoje como sendo restritiva da obra de Goodman operada por Isadore From, sabendo que a minha prpria leitura representa, ela mesma, uma outra forma de restrio. A restrio que noto de ordem estrutural: a abordagem deselfque From construiu se apoiava fortemente em um dos aspectos da noo deselfde Perls e Goodmann - a saber, as estruturas parciais, as trs funes, suas perturbaes e perdas, etc. Esta , pelo menos, a minha percepo, mais dos seus ensinamentos que de sua prtica, que era mais processual. Ainda que ele tenha sempre recusado o termo processo por no consider-lo um termo fenomenolgico.De minha leitura de Goodman nasceu, ento, minha preocupao com o campo. Do campo, ao contrrio, sempre tinha ouvido falar. Esse foi sempre um conceito que flutuava atravs do discurso dos gestaltistas, sem nunca ter sido exatamente definido ou realmente ter sido levado em conta alm do nvel dosslogansou das vozes devotas.Uma vez que eu realmente comecei a refletir, trabalhar e explorar esta rea, fiquei alarmado. Uma verdadeira vertigem surgiu, ante o questionamento que me fazia e o que pressentia. A perda das certezas duramente adquiridas, ainda mais diante do fato de que nunca tinha sido fcil ser identificado com o ttulo Gestalt-Terapeuta no mundo doestablishmentda psicologia do qual eu fiz parte por um longo perodo. Pelo menos as referncias estruturais s quais eu podia me ligar naquele momento de fato me localizavam em um modo de pensar relativamente banalizado, institucionalizado e, pelo menos aparentemente, compartilhado pela imensa maioria de colegas. Eu pressentia que a referncia ao campo poderia me isolar ainda mais, me condenando a ficar sozinho para caminhar, o que me parecia, e ainda me parece, impossvel e impensvel.Em um texto de 1989, La nevrose de champ, escrito a partir de uma palestra dada em um encontro dedicado ao tema da transferncia em Gestalt-Terapia, eu disse:Uma coisa certa para mim enquanto escrevo estas linhas: eu estou com medo! Eu pressinto que minhas reflexes desordenadas dos ltimos tempos, que tm me levado a escrever, se levadas s ltimas conseqncias, podem me levar a tal ruptura epistemolgica que eu posso ficar ainda mais sozinho, permanentemente isolado daqueles que construram umstatus quoconfortvel, em uma margem do que continua a fazer parte daquilo que se l e aceita. Terei essa coragem?Uma segunda trilha pessoal, aparentemente sem correlao, mas de fato profundamente conectada ao primeiro tema, foi trazida baila pelo meu trabalho com a vergonha.Em 1991, quando eu publiquei o primeiro (e muito terico) estudo sobre a vergonha, que eu conhecesse, nada ou quase nada havia sido publicado em francs a respeito desse assunto, e no s no mbito da Gestalt-Terapia. Desde ento, muitos estudos floresceram, incluindo o mundo da Gestalt, pelo menos em lngua inglesa. Por que a vergonha? Quanto mais eu aprofundava meu trabalho com as personalidades limite ou com as personalidades que apresentavam perturbaes do narcisismo, mais a questo da vergonha se apresentava, indiretamente. Nunca, nas minhas terapias pessoais ou na minha superviso, eu havia tratado desse tema; e, claro, eu estava misturado com ele, sem sab-lo. Minha prpria vergonha, no consciente e no trabalhada, tomava a forma que uma dada coisa pode tomar quando no assumida, ou seja, eu a projetei. Eu manejava a vergonha sem me dar conta dela; eu tentava escapar dela, gerando-a em outras pessoas, o que me permitiu cuidar, ou melhor, recobrir de iluses as minhas velhas feridas narcsicas... e no se tratava de uma relevncia teraputica a toda prova nas relaes teraputicas com meus pacientes. A vergonha da qual estou falando, mais que aquela forma imediatamente sentida em certas situaes embaraosas, mais que aquela que funciona como formao reativa, refere-se a um direito existncia, ao reconhecimento que recebo ou no recebo por ser o que sou, sentir o que sinto, desejar como desejo. Assim, pude descobrir que cada vez que estou em uma situao que me faz sentir que deveria ser de algum modo diferente do que sou, estou em uma situao de vergonha. Pode-se imaginar, ento, o grau de facilidade para um terapeuta, um supervisor, um formador, colocar algum com quem ele est trabalhando em uma posio de vergonha, dando a ele a mensagem implcita de que ele deveria ser outro, diferente do que ele e, ainda mais, em vista do fato de que este cliente, aluno ou supervisionando est vindo aqui precisamente porque ele considera que ele de fato deveria ser outro diferente do que est sendo.A partir dessa preocupao e do trabalho que precisei desenvolver sobre este tema estar algum dia acabado? - ficou clara para mim a importncia da questo do suporte, do apoio, dando por certo que, como para qualquer gestaltista, os irmos inimigos suporte e frustrao faziam parte do instrumental metodolgico oferecido por Perls. Mas verdade que quando eu li ou assisti os protocolos de sesses que ele deixou para a posteridade, encontrei mais l para nutrir minha competncia em gerar frustrao do que para gerar suporte. At mesmo Laura Perls, que oferecia um contrapeso ao seu marido na aplicao desses irmos inimigos, dando suporte para o suporte, compartilhou apenas alguns pensamentos acerca desse assunto. No entanto, eu j tinha h muito tempo me dado conta de minha irritao diante da proposta de Perls de permitir, graas terapia, a transio do suporte ambiental para o auto-suporte uma proposio que eu sempre tive e ainda tenho dificuldade de no considerar como um convite ao egotismo.No obstante e trabalhar com a vergonha nos confronta diretamente com esse ponto o suporte comea com a acolhida e o reconhecimento daquilo que est presente na experincia do contato na fronteira, o que significa dizer, com aquilo que est, do modo como est e no do modo como eu gostaria que estivesse ou fosse.Tambm verdade e isso est diretamente conectado minha histria pessoal que minha relutncia anterior em me abrir para dar ou receber suporte estava relacionada a angstias de intruso, de ser a vtima ou o agente da intruso assim como ansiedades de dependncia, novamente tanto de depender dos outros ou de t-los dependentes de mim. O contexto desses medos inclui toda a mitologia da autonomia e responsabilidade desenvolvida em nosso campo das Cincias Humanas, Clnicas e Sociais, particularmente ao longo do sculo XX, como ser discutido mais adiante.Hoje, esses medos no so mais to fortes como eles podem ter sido alguns anos atrs: o contexto mudou, e, por conseguinte, eu aprendi a procurar e aceitar diversas formas de suporte. Indubitavelmente, o acidente automobilstico srio que sofri h pouco mais de um ano, que me confrontou com a probabilidade iminente de minha morte, contribuiu, tambm, para modificar meu olhar e meu contato com meu mundo de uma maneira tal, que correr esses riscos no mais experimentado por mim da mesma forma. Algumas retroflexes desapareceram ou foram se instalar em outros lugares!Estas so algumas linhas de fora fundamentais da minha evoluo pessoal e profissional dos ltimos anos. Eu me esforcei para deline-las bem aqui porque as figuras que quero desenvolver agora tm um fundo, tanto pessoal quanto terico, e tambm porque a construo terica em si no outra coisa alm de tentar construir significado para a sua experincia, e talvez a integrao dessa experincia em uma ordem maior de generalizao. Os desenvolvimentos que desejo traar com vocs aqui nascem, sobretudo, de mim mesmo e devem ser detidamente examinados nestes termos por vocs antes de fazer qualquer generalizao. Se alguma dessas coisas tiver ressonncia com a sua prpria experincia e servir para ajud-los a orden-la de modo significativo, no terei desperdiado meu tempo.B) UMA RELEITURA DO DE PERLS E GOODMAN, COM UMA DISTNCIA DE QUASE MEIO SCULOUma vez que algum obteve certa familiaridade com nossa obra inaugural, com o passar do tempo, zonas de desconforto podem comear a aparecer. Algumas contradies podem tambm aparecer, e desaparecer, para aparecer mais adiante, em particular no que se refere concepo deself. Os avanos do pensamento nas Cincias Sociais, Filosofia, Sociologia e at na Histria da Arte, na contemporaneidade, podem nos ajudar a identificar melhor aparentes contradies, para explic-las e tentar super-las. Essas possveis referncias me parecem poder ser encontradas na passagem da Modernidade para o que agora, por conveno, denominado ps-modernidade.A modernidade corresponde quela modalidade de pensamento que, desde o Iluminismo, buscou abrir novas vises do progresso cientfico e tecnolgico, assim como novas reas de conhecimento que representam uma ruptura com as tradies mais ou menos obscurantistas dos sculos passados.No nvel social, por mais que os diversos pensadores, socilogos e crticos sociais possam divergir em suas anlises, todos esto de acordo quanto a conectar a modernidade com o nascimento da primazia da noo de indivduo e de seu efeito perverso: o individualismo.De fato, a modernidade associada com o nascimento da razo e da cincia, dos direitos humanos, junto com os seus princpios de igualdade e liberdade, com a destruio do tecido social da comunidade tribal em favor do conceito de sociedade e, assim, da primazia da individualidade e o conceito de sujeito que to central para as cincias humanas contemporneas.Desse modo, a modernidade que deu luz ao Romantismo e com ele a noo de emoo como preeminente. A atitude esttica, por esse meio, substitui a atitude religiosa.Tudo est, ento, nesse ponto, no lugar certo para nutrir o interesse pelo ajustamento, pelo contato, pela criatividade, pela autonomia e pela responsabilidade, todas fortemente relacionadas definio de sujeito.Os anos 50-70 me parecem hoje representar o auge do que comumente chamado modernidade; e o livro Gestalt Terapia, publicado em 1951, contm inmeras referncias a este modo de pensamento: a idia de abordar oselfpor suas estruturas parciais, a nfase na responsabilidade, a autonomia do sujeito, as referncias psicopatologia, os suportes - ainda que crticos - nas idias Freudianas e Reichianas, uma distino por vezes confusa entre o , o ou ou , e assim por diante. Todas essas referncias modernidade foram ento ampliadas nos posteriores trabalhos de Perls, mas no nos de Goodman o que mostra claramente qual dos dois autores desenvolveu o projeto em direo s idias modernistas.Mas ao mesmo tempo, Perls e Goodman introduziram uma mudana de rumo fundamental, que os coloca no corao daquilo que mais tarde ser chamado ps-modernidade: eles deslocaram oself,o descentralizaram e o temporalizaram. Na abordagem moderna, solipsista, osiindividual era reconhecido como a nica realidade. Em contraste, Goodman, cuja influncia levou a teoria nessa direo, colocou adiante a idia de queself contato. O que chamamos deselfs existe quando e onde h contato. No mais oselfexistiria anteriormente e se revelaria, se manifestaria, se expressaria no contato, mas simcontato. Mais freqentemente, oselfgestaltista foi reduzido noo de organismo, ou um de seus equivalentes: o , o sujeito, a pessoa ... Por que no aceitvel pensar em si sem pensar primeiro na continuidade? No entanto, Goodman e Perls especificam sem ambigidade: Oself apenas um pequeno fator na interao total organismo/ambiente, mas ele tem o papel fundamental que consiste em desenvolver e criar os significados por meio dos quais somos capazes de nos desenvolver (PERLS; HEFFERLINE; GOODMAN, 1951).Goodman faz referncia a uma realidade primeira: aquilo que existe o campo. O campo ento definido como um organismo e seu ambiente e oselfindica os movimentos internos do campo, movimentos de integrao e de diferenciao, de unificao e de individuao, de ao e de transformao etc.Mas essa abertura expressa por Perls e Goodman no sempre salvaguardada nem por eles mesmos nem, como era de se esperar, por seus seguidores. Pode algum respeit-la? No estaramos ns facilmente tentados a reverter o paradigma individualista ou solipsista, que escolhemos chamar organismo, psique, pessoa, paciente ou cliente? No estamos tentados, por comodismo, a contribuir para o desenvolvimento da psicopatologia de uma dada entidade isolada, mesmo se aquela psicopatologia se abre a problemticas, tais como o ser-no-mundo? No estaremos ns tentados a fazer referncia a um tipo de psicognese mesmo quando, como mais e mais comum nos ltimos anos, essa psicognese leva em conta as primeiras relaes com o ambiente, ou relaes objetais, com o risco de reduzir o campo ambiental em geral e o Outro em particular, a uma funo instrumental e etiolgica, causa do desenvolvimento e suas perturbaes?Voltemos a um exemplo anterior: Perls, em sua ltima fase, enfatizou a noo de auto-suporte em oposio de suporte ambiental. Pode-se ver claramente aqui a oposio entreselfe ambiente, no mesmo ponto onde poderamos ter achado organismo e ambiente, em seu trabalho conjunto com Goodman. Assim, se sobrepusermos self com pessoa ou organismo, vamos promover ou encorajar o desenvolvimento de todo tipo de suporte s capacidades, recursos prprios do indivduo a partir de uma posio egotista.Se, por outro lado, consideramos oselfCOMO contato, promoveremos ou encorajaremos a descoberta do suporte no contato com o campo (lembrando que o campo inclui, ao mesmo tempo, organismo e ambiente).A concluso inevitvel que ns somos confrontados com duas psicoterapias muito diferentes. Poderemos ento chamar as duas pelo mesmo nome, ?Esses aspectos diferentes e contraditrios podem ser considerados como sintomas da oscilao modernidade/ps-modernidade caracterstica desta poca e no nos autorizam, no meu entender, a nos queixar de nossos autores. Inteiramente o contrrio, eles me parecem ter sido capazes de dar lugar no seu pensamento para um passo significativo alm do discurso predominante em seu tempo e contexto. Cabe a ns, com nossas ferramentas contemporneas de anlise, encontrar o caminho para superar certas posies pouco claras ou coerentes em seu trabalho.C) UMA PAUSA EM NOSSA LEITURA DA GESTALT-TERAPIA PARA OLHAR O QUE PROPE A PS-MODERNIDADEA Ps-modernidade, ainda que possa ser relativamente coerente nas mos de um ou outro terico, me parece estar longe de poder ser considerada hoje um movimento homogneo. Se aprofundarmos nossa reflexo, se manifestam, com facilidade, as contradies entre os diferentes domnios que se referem a este termo. A noo de ps-modernidade na msica utiliza parmetros que so muito diferentes, at mesmo contraditrios em relao queles parmetros da arquitetura, que, por sua vez, so diferentes dos das artes plsticas. Se forem includas as linhas de fora sugeridas pela Filosofia, Sociologia, Epistemologia e outras disciplinas, poderamos facilmente perder todo o referencial. Com a ps-modernidade surge, para retomar a feliz imagem de Max Weber, o desejo de re-encantamento do mundo. As formas podem algumas vezes parecer caticas, mas a prpria noo de caos, com todas as dvidas e tenses associadas a ela, uma parte integral do paradigma ps-moderno. Muitos desses domnios so objetos de um colocado como prefixo: desconstruo, decomposio, descentralizao, desregulao, dessacralizao, desinformao... A ps-modernidade assinala a perda de iluses (do progresso, da cincia, da verdade, da hegemonia e da cultura dominantes).Em Psicologia, comum referir-se ps-modernidade, ou mais precisamente a um de seus ramos, o construtivismo, junto com a Teoria Gestltica, a obra de Piaget e os trabalhos da escola de Palo Alto. Tanto na Psicologia quanto na Psicoterapia , de fato, sem dvida, sob um duplo impulso que a ps-modernidade ingressou na histria. Por um lado, o do movimento construtivista, inclusive no prprio seio do movimento analtico (bem representado, por exemplo, por S. Viderman) e de oposio entre descoberta e construo, que se aprofundou. Por outro, o do movimento dialgico iniciado por Buber e depois porLEVINS,RICOUEURe outros, nos movimentos interacionistas, intersubjetivos, conversacionais e outras variaes do primado da alteridade e da relao, e eu ousaria dizer, do campo, na definio do humano.Eu poderia evocar particularmente o impacto do pensamento construtivista como uma das correntes ativas desse tipo de ps-modernidade. Com o construtivismo, vem a constatao de que no existe outra realidade alm daquela que construmos, derrubando assim o mito da objetividade em cincia e em todas as outras abordagens, incluindo as Cincias Humanas, que flertam com o mtodo cientfico.A modernidade apia-se na premissa que poderia ser expressa no adgio: s acredito naquilo que vejo. O construtivismo poderia dizer, ento: eu s vejo aquilo em que acredito.Com o construcionismo social, uma linha de pensamento desenhada a partir do construtivismo por Berger e Luckmann (1996) e desenvolvida por Gergen (1991, 1994), a nfase ento elaborada da seguinte maneira (me interessa, sobretudo, que se renam os dois ingredientes da ps-modernidade que acabo de evocar): no h realidade alm daquela que construmosna relao.Esta hiptese tem conseqncias para o psicoterapeuta, no campo de sua relao com seus pacientes. Ns nos encontramos seriamente implicados em uma co-construo de significados baseada no que vivemos na experincia da relao, das palavras que do forma para aquela experincia, ao mesmo tempo em que a experincia as encarna.Sob a influncia de filsofos como Wittgenstein, Ricoeur, Lyotard, Gadamer (apenas para citar uns dos mais influentes), o acento aqui na linguagem. Os limites de nossa lngua demarcam os limites de nosso mundo, escreveu Wittgenstein em 1953 para dizer que os limites da estrutura de nossa fala, os termos que adotamos para ns e para os outros, nossa capacidade de nos expressar a ns mesmos em palavras, vo definir nossas possibilidades de entender e explicar e vo traar os contornos daquilo que chamamos realidade. Em outras palavras, as palavras que usamos e os dilogos que construmos para compreender nossa experincia constituem o que pode ser includo ou excludo daquela experincia.A partir da, tudo que dissermos sobre as noes de identidade eselfser afetado pela onda ps-moderna. Na concepo tradicional, romntica ou moderna, oselfremete continuidade, profundidade de si. O normal e o patolgico so mais ou menos ligados capacidade da pessoa de estar em contato com sua identidade no nvel mais profundo; e a terapia particularmente aquelas terapias ditas modernas tm a meta de capacitar o sujeito para aceder a essa condio.Na perspectiva ps-moderna, o foco na evoluo dos contextos e uma preocupao em pr em perspectiva vai substituir a fascinao com a histria pessoal, o como as mudanas podem ocorrer vai predominar sobre o porqu das significaes descobertas. Nesta perspectiva, ns somos o produto do contexto de nossas conversaes e dos significados que fazemos derivar socialmente disto. E, como nossas conversaes esto constantemente mudando, nossosselvesesto em perptuo movimento e terminam to mltiplos quanto nossas situaes.Como assinala Epstein (1995), essa mudana de vocabulrio, de uma perspectiva que descrevia um objeto chamado oself para outra que descreve oselfcomo produto de uma interao social infinita e cambiante, exige uma mudana radical da psicologia, e conseqentemente, da psicoterapia. O problema j no , efetivamente, estar ou no estar em verdadeiro contato com quem se verdadeiramente, com nossa identidade profunda, mas sim recuperar a flexibilidade em nossas fices, nossos discursos, histrias, narraes e mitos, que utilizamos cotidianamente para nos dizer, falar sobre ns mesmos.Com esta perspectiva, perdemos a segurana de ter riquezas interiores, mais ou menos exploradas ou latentes, no mais profundo de ns mesmos e, por isso, perdemos o apoio fundamental na noo de inconsciente. Perdemos as fices da identidade e, nesta lgica, a possibilidade de um conhecimento objetivo e mensurvel do outro. Perdemos a normatividade e com ela a necessidade de conhecer uma "verdade" que no apreensvel seno como fico. Perdemos a preocupao com a medida, o diagnstico e outras prticas articuladas mais ou menos diretamente com quaisquer normas. Perdemos o interesse por uma explicao histrica e descontextualizada. Na relao clnica e teraputica, perdemos a posio de poder e de domnio de quem sabe ou se supe sabedor, e por isso nossos pacientes perdem assim a vergonha de no saber, de serem manipulados pelas costas por foras escondidas ou verdades ignoradas.Cada um de ns pode decidir se estas perdas devem ser lamentadas ou celebradas!O que nos oferece, em contrapartida, a perspectiva ps-moderna?Adquirimos a convico de que qualquer teoria uma fico entre outras fices, mas que graas a ela e atravs dela que construmos o significado de nossa experincia. J que o acento est posto agora na co-construo de significados na relao, voltamos a dar uma importncia central s situaes de conversao e, por isso, relao, ao vnculo, solidariedade, comunidade, em oposio ao que oferece o paradigma individualista, em termos de autonomia e de responsabilidade pessoal. Se perdemos em independncia, ganhamos em interdependncia. Estamos centrados no como das experincias, muito mais do que em seu porque, na inveno criativa do ajustamento da soluo que vir, muito mais que na explicao causal. Aqui-e-agora e a seguir, em oposio a aqui-e-agora assim porque ontem.... A prpria terapia se converte, assim, em co-criao de um contexto e no faz mais referncia a um marco imposto. (Ademais interessante destacar do que ali onde falamos de marco, a clnica anglo-sax fala de setting, literalmente colocao, posicionamento. Aqui tambm, as palavras esto carregadas de nossas fices). Procura-se muito mais a flexibilidade doself, a maior parte das vezes abordado como processo, que a conquista de um verdadeiroself que fosse conveniente alcanar, e ento fixar. A psicoterapia se converte numa atividade que no somente linguagem, mas uma experincia nova. Tal experincia baseada em duas experincias particulares colocadas em palavras tambm distintas, onde o conflito de duas fices e de duas representaes, bem como a fuso de seus horizontes, permite a construo de novos significados. O terapeuta convidado, portanto, a, com sua presena, no se colocar s como umexpert, mas como curioso, ingnuo e tambm exposto dialogicamente subjetividade do outro.Aqui tambm cabe a cada um determinar se considera esta concepo como a possibilidade de um avano ou como uma perda.D) UMA ALTERNATIVA PARA A GESTALT-TERAPIAA partir de nosso livro fundador, Gestalt-Terapia, estamos confrontados ento com dois paradigmas que podem parecer absolutamente contraditrios: de um lado, o modelo individualista, em que oselfest proposto como fundamentalmente separado, modelo que pertence linha de pensamento do intrapsquico; por outro lado, o paradigma do campo como primeiro motor (para utilizar a expresso de Aristteles), modelo que privilegia o contato e a relao. De um lado, o modelo da agressividade oral preconizada porPerls; pelo outro, o do ajustamento criativo desenvolvido por Goodman. Por um lado, o sujeito o primeiro; pelo outro, o campo.Entre os gestaltistas, Gordon Wheeler (1996) , sem dvida, um dos que levou seu prprio pensamento mais longe neste terreno, mas vamos encontrar tambm, ainda que em termos diferentes, uma perspectiva parecida em Lee Mc Leod (1995), em escritos recentes de Gary Yontef (1993), e inclusive em Joel Latner, a partir de seu artigo, sem dvida insatisfatrio em vrios aspectos, mas que deve ser visto como o esforo de um pioneiro: Teoria do campo e teoria de sistemasNum de seus artigos recentes, Wheeler prope uma comparao esquemtica dos dois grandes paradigmas que esto no centro de nosso debate de hoje. Vejamos em primeiro lugar sua apresentao do paradigma individualista (quadro 1):QUADRO 1: A PERSPECTIVA DO PARADIGMA INDIVIDUALISTASIPr-existente relao, fundamentalmente separado, no ligado por natureza ao meio nem aos outros si.

OUTROSeparado do si: objeto da auto-energia do si, est feito para ser utilizado ou explorado, fundamentalmente competitivo com o si.

NATUREZA HUMANADescarga das pulses: processos do si isolado do campo.

RELAONo primria: secundria existncia do si: sujeito-objeto ou objeto-objeto por natureza.

POSIO DO OBSERVADORFora da pessoa ou do sistema observado, fundamentalmente separado, sem influncia mtua: modelo do especialista.

PROCESSOTomar alimento, descarregar a tenso.

DESENVOLVIMENTOO si no se desenvolve: s o mapa objetal se desenvolve.

COMUNIDADEFonte de limitaes expresso do eu.

TERAPIAServe para corrigir as deficincias ou as distores no mapa objetal; serve para promover o ajuste e o compromisso entre as pulses naturais e as restries sociais.

CONCEPO DA REALIDADEPositivista: a realidade est dada antes do si ou da percepo.

CRITRIOS DE CONHECIMENTOConfirmao cientfica ou objetiva; baseada na autoridade, nfase no verdadeiro ou falso.

NATUREZA DA AUTORIDADEHierrquica, autoritria; verdadeiro-falso; enfoque do especialista.

NATUREZA DO PODERAutoritrio e dominante, segundo os termos mesmos da naturezahumana: coero boa ou abusiva, modelo disciplinar.

CRITRIO DE SADEMximo de expresso do si compatvel com a autopreservao.

DIREO DE DESENVOLVIMENTODa dependncia infantil autonomia adulta madura.

COMPREENSO DA VERGONHAVulnerabilidade social: resulta de uma dependncia excessivados outros; forma imatura de culpabilidade.

PSICOTERAPIACentrada no processo interno; procura reforar a autonomia.

Para aprofundar a diferenciao, Gordon Wheeler pe em perspectiva os dois paradigmas, o paradigma do campo, e o paradigma individualista, atravs do seguinte quadro:PARADIGMA INDIVIDUALISTAPARADIGMADO CAMPO

SIPreexistente, separado, precede a relao.A integrao da experincia interna e externa, inclui a relao.

OUTROSeparado do eu, objeto das pulses do siFundamentalmente associado enquanto plo co-igualitrio da experincia do eu.

NATUREZA HUMANADescarga das pulses, isolada do campo.Auto-organizao significativa da experincia, a construo de significadoscomo a direo primeira.

RELAOSecundria, sujeito-objeto ou objeto-objeto.Primria, sujeito-sujeito.

FRONTEIRASepara o si do campo.Une o si ao outro, lugar do processo do si: limites fora do processo do si.

POSIO DO OBSERVADORPerspectiva objetivista, experincia vista de fora da pessoa observada.O observador busca compreender o mundo do sujeito a partir de um ponto de vista do sujeito.

PROCESSODados observveis.Dados organizados em termos de intenes e metas do sujeito: fenomenolgico.

DESENVOLVIMENTOConformidade com as normas pr-estabelecidas: o objeto se desenvolve.A elaborao da intersubjetividade no campo.

COMUNIDADEOposta ao indivduo.Contida no indivduo, como um plo da experincia do si.

TERAPIAInterveno especializada com um objetivo de correo.Apoio para a articulao do si.

VISO DA REALIDADEPositivista, Objetivista.Fenomenolgica, todos os significados da experincia organizados pelo sujeito.

CRITRIO DE CONHECIMENTO

ObjetivoDialogal

NATUREZA DA AUTORIDADEHierrquicaDialogal e mtua.

PODERCoercitivo, autoritrio.Modelo que confere poderes.

SADEMximo de autonomia.Desenvolvimento e articulao da experincia do si, compreendendo a relaosignificativa no campo.

DIREO DO DESENVOLVIMENTOIncrementar a autonomia.Incrementar a conexo significativa.

VERGONHAChave de relaes superior/inferior, fazer valer o social.ndice de acuidade no campo.

Se eu corroboro uma boa parte do que Wheeler desenvolveu, no estou de acordo num ponto: ele assimilou o paradigma do campo ao enfoque construtivista. verdade que a lgica proposta pelo construtivismo que nos permite pisar firme no terreno deste novo paradigma, com muito mais clareza do que tinham podido oferecer-nos at ento a Fenomenologia ou a Psicologia da Gestalt, os precursores. Apesar disto, a meu ver, pelo menos o construtivismo permanece encravado no paradigma individualista: sua proposta no existe outra realidade que a que cada sujeito constri segue sendo uma afirmao solipsista. a passagem ao construcionismo social que modifica este enunciado para: no existe outra realidade seno aquela que cada sujeito constri na relao, o que vai significar verdadeiramente, em minha opinio, a mudana de paradigma.Vamos, ento, tratar de abrir alguns caminhos para um desenvolvimento da teoria e da prtica da Gestalt-Terapia nesta direo.A) DA IMPORTNCIA DA CONSTRUO DA NARRATIVATodos os trabalhos que se inscrevem nesta tendncia nos convidam a interessarmos-nos pela construo da narrativa. Nos Estados Unidos, onde o impacto da ps-modernidade est muito mais marcado do que entre ns, este interesse pela narrativa j deu lugar a novas escolas de terapia como a Narrative Therapy. O prprio Erving Polster, h sete ou oito anos publicou Every persons life is worth a novel, que significa aproximadamente que cada vida merece ser (mais) que uma novela. Mas a capacidade de construir um relato com base na experincia de uma pessoa j tinha sido abordada, enquanto tal, por Goodman no livro Gestalt-Terapia: ele o evocava com o termo atitudes retricas. Ainda que s as esboasse de maneira relativamente restrita, demonstrou como estas intervm na formao da personalidade e se constroem nas relaes interpessoais, no contedo, e ademais, se isto fora pouco, no no- verbal do verbal (voz, sintaxe, maneira de se expressar etc).Mas o fato de que Goodman abra este caminho quando aborda a formao da personalidade (a funo personalidade) deve chamar nossa ateno: a personalidade no mais do que um aspecto, uma modalidade doself. Oselfno vai ser reduzido ou rebaixado ao que chamamos personalidade, e isso , a meus olhos, o que freqentemente fez Polster, infelizmente, ao longo de seus diferentes escritos. Que Winnicot, Jung ou outros nos proponham uma concepo deselfprxima ao que designamos funo-personalidade, no suscita objees por minha parte. outro referencial! Mas a riqueza (a genialidade?) de Perls e de Goodman ter-nos proposto uma construo, oself, que, quando abordado em termos de estruturas parciais, integra: a funo-isso (id), o que quer dizer que a situao dada entendida como a mobilizao da direo de um desejo e de um sentido; e a funo-eu (ego), que quer dizer a capacidade de orientar o contato com o mundo e construir ali a experincia.Ter isto presente na mente pode nos ajudar a desenvolver o trabalho da funo personalidade com base nos estudos sobre a narrao, mas no deve nos fazer tomar a parte pelo todo, confundindo o trabalho com a funo personalidade com a restaurao doself.B) REVISITAR A TEORIA DO CAMPOCom freqncia mais citada comosloganque como realidade metodolgica, a teoria do campo da Gestalt Terapia, num retorno a Lewin e aos seus princpios bsicos, permite-nos entrar com p firme na construo social da realidade preconizada pela ps-modernidade.O campo, ou espao vital, definido por Lewin como o meio psicolgico total no qual uma pessoa tem a experincia subjetiva. Desenvolve-o em cinco princpios essenciais:1 . O princpio da organizao: o comportamento deriva de uma totalidade de fatos coexistentes. O sentido de um fato isolado depende de sua posio no campo.2 . O princpio da contemporaneidade. o presente o que explica, e concretamente, no se procura nada no passado como causa ou no futuro como objetivo.3 . Princpio da singularidade. Cada situao nica, as circunstncias diferentes e as generalizaes devem, portanto, ser suspensas.4 . Princpio do processo cambiante. A experincia provisria, no permanente.5 . Princpio da pertinncia possvel. Nada do campo pode ser excludoa prioricomo no pertinente, ainda que parea tangencial.A partir destes princpios, a teoria de campo nos permite examinar ostatuse as modalidades operativas entre o todo e as partes, quer dizer, considerar como as partes afetam o todo e como o todo afeta as partes. Encontramos nesta orientao um convite para no nos encerrarmos no riscosincrticooferecido pelo paradigma hologrfico ou, para retomar uma teorizao elaborada em companhia de meu amigo Jaques Blaize, um convite para abordar a experincia como metonmia, parte que pode ser designada como o todo mas que no o todo, e a qual no se pode considerar sistematicamente como metfora, tal como os enfoques organizados sobre e para a transferncia tm tendncia a generalizar. tambm necessrio retomar muitas de nossas definies, com freqncias excessivamente implcitas, para reescrever nossos conceitos mais claramente na perspectiva do campo. Penso particularmente nas funes doself(id, eu e personalidade), muito freqentemente tratadas como estruturas intrapsquicas, em quanto ganhariam em pertinncia, em minha opinio, se as abordassem como funes do campo. O id definido como pulso, muito prximo do biolgico, ou como dado da situao. A personalidade como inscrio dos acontecimentos do campo e como mobilizao aqui e agora em funo dos parmetros da situao. O eu, que identifica e aliena, saberia faz-lo fora de contexto, fora do meio?Penso tambm nos fenmenos de fronteira como aintrojeo,retroflexo, etc. Pode-seintrojetarse no existe outro para segurar a colherzinha? Vai-se retrofletir se no h um terceiro para incitar a isso com mais ou menos complacncia? E assim por diante.Trata-se, portanto e em primeiro lugar, de pensar a psicoterapia como o acontecimento da interseo: o campo entre.C) A TEMPORALIDADEDiferentemente das formas habituais de pensamento que localizam (mesmo quemetaforicamente) apsique e empregam conceito de tpico como um cone -, o sistema terico da Gestalt-Terapia d prioridade ao processo, temporalidade e adiciona a dimenso crnica (para rearticulartoposecronos). Recordemos que a tpica refere-se a lugares. Este termo serve para designar o ponto de vista que, numa concepo metapsicolgica, aborda os processos psquicos com referncia aos lugares do aparelho psquico. Esta localizao , sem dvida, fico, e se distingue de uma abordagem topolgica que conhecimento dos lugares. Distingue-se tambm da Psicologia topolgica de Kurt Lewin, que buscava seu modelo descritivo na teoria dos campos fsicos, na fsica e na matemtica topolgica. Encontramos a mesma analogia entre tpica e topologia e entre crnica e cronologia. A cronologia trata de estabelecer a ordem e as datas dos acontecimentos da histria, enquanto a crnica , antes de mais nada, relato, real ou imaginrio, que se esfora em refletir a realidade histrica ou social, seguindo a ordem do tempo. Faz j uns quinze anos, sublinhei a importncia do "Kairs" que marca o instante preciso, delimitado e pode nos ajudar a compreender o nosso famoso aqui e agora. o articulando comChronosque se permite apreender melhor a durao do tempo e, a partir disto, o processo, as seqncias e outros ciclos.A referncia maior (maior e no exclusiva) da terapia gestltica , portanto, uma crnica mais que uma tpica. Crnica da formao das formas, crnica da experincia, crnica da organizao do sentido, crnica do campo de conscincia, crnica dos contatos, crnica da construo dos contatos em relaes e em associaes temporrias... J que oselfno pode, na experincia, ser localizado do mesmo modo: em plena ao ou em pleno contato, ele no vivido do mesmo modo em fase de integrao, de assimilao, de retirada, de repouso, de meditao ou de preparao.No vou desenvolver mais esta dimenso hoje, j tive ocasio de me estender sobre isto em minha conferncia de Boston; unicamente quero insistir na necessidade de completar a modalidade ocidental e localizadora de pensamento em termos tpicos (profundo/superficial, central, em cima, embaixo, primeiro plano/segundo plano, vida interior, etc.), com uma referncia ao tempo. Em minha opinio, s uma referncia temporalidade nos pode permitir superar o paradoxo contido nas diversas definies doselfpropostas por Perls e Goodman. O final do captulo 8 de sua obra o pede com nfase. Esta referncia temporalidade, a construir como crnica, associada ao paradigma do campo, deveria permitir-nos resistir ao canto das sereias que espreita qualquer navegante de nossa classe: o desenvolvimentismo, a biografia causal, a psicopatologia fundada nas fixaes/regresses aos estgios de desenvolvimento da libido ou da relao de objeto. Vamos reler, a respeito deste tema, as pginas to instrutivas que Lewin dedicou regresso. Se no tiramos do centro de nossas preocupaes a temporalidade como historicidade eetiologia, penso que no poderemos estar abertos para consider-la no nvel dos processos, da dinmica e dos processosinterpessoaise sociais que mantm o sofrimento e os sintomas.D) DO CONTATO RELAOTenho estado sempre em desacordo com o amlgama feito por numerosos gestaltistas entre contato e relao. O essencial do livro Gestalt-Terapia fala de contato, e no fala mais do que um pouco de relao; o contato , certamente, um componente da relao, uma parte de um todo mais complexo. As elaboraes construdas por Perls e Goodman a propsito do contato no podem ser transferidas relao, e o conjunto relao permanece, e permanecer durante muito tempo, aberto. No fim dos anos 80, arrisquei-me a tratar deste conceito de contato e defini-lo independentemente do conceito de relao. O campo da poca me dava pouco suporte e eu senti a necessidade de submeter meu estudo, com muita ansiedade, a Isadore Fromm, que tinha por costume no fazer quase nenhum comentrio de volta. Desta vez, aceitou. Falamos durante muito tempo deste artigo, o qual ele aprovou, no deixando deadvertir-me do risco que iria correr.Hoje em dia permanecem presentes em minha cabea os limites desse texto e do trabalho que fica por fazer para poder elaborar a articulao contato/relao. Entre outras, est a pergunta: O que teraputico na relao teraputica?, quem nos impede de avanar nesta linha, agora que nos recusamos a responder quela questo de forma monoltica, apelando para o manejo da transferncia? Dotar-se de algumas ferramentas para avanar em Como pensar a relao teraputica? em coerncia com a teoria doself a tarefa que me atribuo para os meses futuros, na perspectiva da Universidade de VeroInter-institutos 1998 que colocar estes temas no centro de nossa reflexo.No mbito deste tema da relao, gostaria de abrir um parntese poltico. No momento em que a comunidade se mobiliza para dar ao psicoterapeuta uma definio, um status, definir oselfcomo contato, e devido a isto enfatizar a relao intersubjetiva, abre terreno para outra definio do psicoterapeuta, dependente de outra maneira do saberpsipreconizado pela maioria da Psicologia ou da Psiquiatria. Propor oselfcomo instncia mais ou menos interna, mais ou menos superposta noo de sujeito, como o citamos mais acima no marco do paradigma individualista, leva o psicoterapeuta a desenvolver um saber objetivvel, ou pelo menos a crer em t-lo, como fazem outras psicoterapias. Sua interveno ser a de um especialista, baseado no conhecimento do objeto humano. Na perspectiva do paradigma ps-moderno, a nfase ser colocada, como disse durante toda minha apresentao, na co-construo dialogal da experincia. Isto j no supe mais o especialista, mas o psicoterapeuta constitudo como arquiteto da mudana, que est no centro do debate e, portanto, da definio, e isto nos permitir constituir a profisso de psicoterapeuta, segundo os termos da declarao de Strasburgo, sobre bases diferentes e autnomas, tendo em conta a especificidade de nossa postura e de nosso enfoque. Aqui, Lewin pode contribuir para elaborar nosso pensamento com seu conceito de pesquisa-ao: no existe objeto de estudo independente da ao que se empreende com este ltimo. Fecho este parntese.E) VIGILNCIA NECESSRIA EM RELAO QUESTO DO SENTIDORecorri bastante, durante esta exposio, ao tema do sentido. H muito tempo se consideram opostas as noes de descoberta e de construo. O tema do sentido nos leva inevitavelmente hermenutica, ou o estudo da interpretao, que tem o significado como objeto principal. O congresso europeu de Gestalt-Terapia, em 1998, teve como tema Hermenutica e Clnica. A referncia hermenutica gera em mim um mal-estar que, neste momento, ainda no est claro e que precisa ser melhor investigado. PaulRicoeur(1990) ps em evidncia como o campo hermenutico est cindido em si mesmo, explorado pelas contradies e pelas diferentes estratgias e, portanto, o recurso hermenutica pode fazer-se, certamente, segundo eixos diferentes. Mas, de novo, creio que colocar o tema do sentido no centro do problema teraputico pode ser uma sutil fragmentao do processo. Com efeito, se a hermenutica parte de uma cincia da interpretao dos textos escritos, que se amplia rapidamente em diversas direes e no vasto tema do sentido do sentido, o que fica uma conotao orientada para a interpretao dos textos escritos. Agrada-me muito a definio do humano proposta pelo filsofo belga Henri Van Lier: o animal assinalado, e a idia de ler o humano como um animal recoberto de sinais est longe de ser desinteressante. Mas o que interessa saber se a psicoterapia deve ser abordada, em primeiro lugar, como decodificao ou como construo. Creio uma questo de f - que a Gestalt-Terapia se constri mais sobre o conceito de experincia, e, baseando-nos nisto, o sentido no mais do que um dos constituintes da experincia.Seguramente, qualquer que seja o apelo, hermenutica, ps-modernidade, s teorias das relaes de objeto, referncia psicanaltica ao inconsciente, transferncia ou a outros conceitos, fenomenologia ou Psicologia da Gestalt (e poderia seguir), no podemos escapar coerncia epistemolgica, que facilmente esquecida pelos pesquisadores. No se pode passar impunemente de uma disciplina a outra, de um sistema de pensamento e de referncias a outro, sem correr o risco da cegueira que se segue fascinao.F) A EXPERINCIAA experincia vivida (do alemo,erlebnis), que designa o aspecto subjetivo de um acontecimento, tal como o sujeito o toma atualmente numa significao pessoal, individual e concreta, parece-me o nico conceito organizador da subjetividade e da diferenciao no campo.Permitam-me ler algumas linhas de Erwin Strauss, esse clebre psiquiatra de orientao fenomenolgica que, a partir do fenmeno do suspirar, publicou em 1952 uma magnfica Introduo a uma teoria da expresso:Infelizmente,a experincia imediata inefvel; no se conhece por si mesma, no porque seja inconsciente, seno porque no refletida. Como uma Bela Adormecida que deve esperar o Prncipe que romper o sortilgio, a experincia imediata deve esperar a quem esteja suficientemente dotado do poder das palavras para poder lev-la luz. Mas no momento em que isto se realiza, a experincia est ameaada por outro perigo (STRAUSS, 1952).E o autor desenvolve ento o impacto da tradio, da formao, da interpretao, dos esteretipos e dos preconceitos, no momento em que se coloca em palavras a experincia verdadeira e, portanto, da necessidade de no confundir a experincia com a conscincia que se tem dela ou com o sentido que se lhe d.Strauss (1952) continua: Experincia sinnimo de experincia-do-mundo e de experincia-de-um-mesmo-no-mundo. Est orientada em direo ao outro; mas no se tem a experincia do outro sem relao a um si-mesmo, e vice-versa. Esta relao no um composto de duas partes, Eu e o Mundo; s existe como um todo.Lewin tinha dito que os fatos humanos dependem no da presena ou ausncia de um fator ou de um verdadeiro nmero de fatores abordados isoladamente, seno da constelao (estruturas e foras) do campo especfico abordado como totalidade.Nesta dialtica do contato do campo e no campo, da expresso do campo e no campo, da palavra do campo e no campo, pela dinmica complexa das afirmaes e das incluses, das ressonncias e da empatia, eu me vejo guiado pelo campo para fazer-me definir a psicoterapia como a experincia de tornar-se aparente a partir do encontro com o outro.CONCLUSOTratei neste trabalho de citar como o pertencimento referncia modernista podia ser diferente do pertencimento referncia ps-moderna e algumas de suas conseqncias no terreno da Gestalt-Terapia. O filsofo J. F. Lyotard (1979), que foi o primeiro a escrever numerosos ensaios sobre estes temas, examinou cuidadosamente o conceito de ps-modernidade. Destaca que esta ps-modernidade implica uma referncia modernidade. Ps no significa verdadeiramente ruptura com relao ao que lhe precedia, mas ao contrrio, implica, de certo modo, uma continuidade e significa que tudo isso se encontra impregnado dentro da modernidade. Para um gestalt-terapeuta familiarizado com o conceito de ps-contato, esta idia fcil de compreender, j que o ps-contato no uma experincia independente do contato; faz parte do contato, uma modalidade concreta, uma etapa temporria da construo de uma gestalt especfica, a saber, a da desconstruo por assimilao. A ps-modernidade que citei aqui, com todas as reticncias ligadas ao termo, deve ser considerada, portanto, como prolongamento e recomposio, e no como ruptura. Esta , ademais, a direo na qual pesquisava Mc Leod (1995) no artigo j citado, ainda que eu no compartilhe todas as suas concluses.Tambm, e s vezes de maneira difusa, precisamente o que parece se produzir no livro de Perls e Goodman: trataram de combinar e de tornar dialtico em seu captulo teoria doself algumas das modalidades de teorizao que surgem da Modernidade, com outras que pertencem filosofia ps-moderna. Isto foi possvel graas a uma dialtica da temporalidade que podemos captar nesta concepo, mas para faz-lo precisamos de tempo e de muitas conversas! As poucas reflexes esboadas aqui so um convite reflexo compartilhada e no a um dogmatismo, seja qual for. No fundo, o convite da ps-modernidade sobretudo um convite ao desconstruir. O ceticismo que se liga realidade e verdade se amplia em direo ao conhecimento, ao poder, aoself, linguagem..., que no so interpelados na maioria das vezes e que servem para legitimar e perenizar nossa cultura ocidental. Os indivduos constroem suas realidades e as realidades so mantidas pela interao social que, por sua vez, confirma as crenas, que tm, alis, origem social. A ps-modernidade pode tranqilizar-nos em relao a nossa necessidade de certezas, e nos permite rebater a novidade no j conhecido. possvel sair e ir ao encontro do desconhecido? Angstia! Recordemos o ttulo do relato psiquitrico romanceado de Hannah Green, que gostava de citar Perls: Nunca te prometi um jardim de rosas.NOTA DO TRADUTOR*Este artigo foi traduzido porMnica Botelho Alvim, Doutoranda em Psicologia Clnica na UnB - Universidade de Braslia; Mestre em Psicologia Social e do Trabalho UnB. Membro da Diretoria do Instituto de Gestalt-Terapia de Braslia. Professora no Curso de Psicologia da Universidade Catlica de Braslia. E-mail:[email protected]**Diretor do "Institut Franais de Gestalt-thrapie" Co-fundador e coordenador da GTin, Gestalt-Therapy International Network.Psicoterapeuta e didata pelo "Syndicat National des Praticiens de la Psychothrapie"Membro do "Collge europen de Gestalt-thrapie et directeur des "Cahiers de Gestalt-thrapie".Ex-presidente da EAGT - European Association for Gestal-Therapy Membro do comit de redao do International Gestalt Journal.1Aqui o autor se refere ao livro Gestalt-Terapia, que, segundo ele, traria idias modernistas e ps-modernistas.REFERNCIAS BIBLIOGRFICASBERGER, Peter & LUCKMANN Thomas.La construction sociale de la ralit.2 ed. Paris: Meridiens Klinksleck, 1996.DUBET F.Sociologie de lexperience.Paris: Seuil, 1994.EPSTEIN, E. K. 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I believe that if we can better understand these lines of force, we will be able to apply them better, and at the same time more easily understand the lines of fracture which divide those who promote Gestalt-Therapy. I also want to stress at the outset that I am not entirely happy to be relying on this term post-modernism, which is far too charged with a variety of connotations; but I will make use of it all the same for want of a better one, while trying to specify what I see as the shape and limits of the concept.KEYWORDSGestalt-Therapy; post-modernism; field;self;therapeutic relationship.Recebido em: 13/06/05Aceito para publicao em: 29/06/05Endereo:[email protected];[email protected]

recuperado de 19 d3 marzo 2015 http://www.revispsi.uerj.br/v5n1/artigos/a07.htm