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ARTETERAPIA
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Faculdade Integrao Zona Oeste FIZO
Alquimy Art
Curso de Especializao em Arteterapia
Ps-Graduao lato sensu
A ARTETERAPIA NO DESPERTAR DAS POTENCIALIDADES
CRIATIVAS DO IDOSO
Maria Abadia dos Santos Marques
Goinia - Gois
2007
MARIA ABADIA DOS SANTOS MARQUES
A ARTETERAPIA NO DESPERTAR DAS POTENCIALIDADES
CRIATIVAS DO IDOSO
Monografia apresentada FIZO - Faculdade Integrao Zona
Oeste, SP e ao Alquimy Art, SP, como parte dos requisitos para
a obteno do ttulo de Especialista em Arteterapia.
Orientadora: Prof. Dra. Ana Cludia Afonso
Valladares
Goinia - GO
2007
iii
Faculdade Integrao Zona Oeste FIZO
Alquimy Art
A ARTETERAPIA NO DESPERTAR DAS POTENCIALIDADES
CRIATIVAS DO IDOSO
Monografia apresentada pela aluna Maria Abadia dos Santos Marques ao curso de
Especializao em Arteterapia em __/__/2008 e recebendo a avaliao da Banca
Examinadora constituda pelos professores:
__________________________________________________________
Prof. Dra. Ana Cludia Afonso Valladares, Orientadora
__________________________________________________________
Prof. Dra. Cristina Dias Allessandrini, Coordenadora da Especializao
__________________________________________________________
Prof. Esp. Flora Elisa Carvalho Fussi, Convidada
iv
Aos meus colegas, grandes companheiros
desta pequena jornada, que sempre estiveram
unidos e auxiliando uns aos outros para
melhor aprendizado.
Aos meus Mestres, que deram tudo de si para
me propiciar sabedoria conhecimento pessoal
e profissional.
v
Agradecimentos
s professoras, que demonstraram dedicao
e competncia em minha orientao,
proporcionando-me um entusiasmo contnuo
para melhor aproveitamento acadmico e,
conseqentemente, melhorando meu
aperfeioamento profissional.
Aos meus amigos, familiares e aos que me
acompanharam em todos os momentos,
sempre me incentivando, em especial Flora.
vi
Quem somos ns, quem cada um de ns seno uma combinatria de experincias, de
informaes, de leituras, de imaginaes?
Cada vida uma enciclopdia, uma
biblioteca, um inventrio de objetos, uma
amostragem de estilos, onde tudo pode ser
continuamente remexido e reordenado de
todas as maneiras possveis.
Calvino, 1990
vii
RESUMO
O estudo realizado ressalta a importncia do desenvolvimento do potencial criativo na
vida, principalmente do idoso, visto que no Brasil, ele ainda muito desvalorizado, e da
observao dos efeitos da Arteterapia em um grupo de idosas em um centro Comunitrio
de Goinia Gois. As oficinas criativas ocorriam semanalmente, no perodo de uma hora e
trinta minutos, onde um grupo de idosas pode desfrutar dos materiais e das tcnicas
expressivas. Concluiu-se, dentre outros resultados, que os idosos sob pesquisa tiveram um
grande desenvolvimento pessoal, principalmente, quanto ao interelacionamento, ao se
aplicar as tcnicas de arteterapia descritas neste estudo.
Palavras-chave: Arteterapia, Idoso, Sade mental.
8
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ETC - Continuum das Terapias Expressivas
IBGE Instituto Brasileiro de Geogrfico e Estatstica
9
SUMRIO
Pgina
AGRADECIMENTOS
RESUMO
LISTA DE ABREVIATURA E SIGLAS
SUMRIO
I. INTRODUO 10
II. ARTETERAPIA, NA COMPREENSO, NO DESENVOLVIMENTO DE NOVOS PARADIGMAS 12
III. EM BUSCA DE UMA NOVA FORMA DE UM ENVELHECIMENTO SAUDVEL 21
IV. OBJETIVOS DO ESTUDO 24
V. METODOLOGIA 25
VI. ANLISE E DISCUSSO DOS RESULTADOS 28
VII. CONSIDERAES FINAIS 55
VIII. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS 56
10
I. Introduo
A Arteterapia um processo arteteraputico que resgata o potencial criativo, ao abrir
caminhos para o autoconhecimento, promovendo transformaes nas representaes
familiares, sociais e culturais, e, conseqentemente, melhorando a qualidade da vida.
Neste sentido, por meio do ateli arteteraputico e das tcnicas expressivas, o idoso
pode resgatar sua auto-estima e despertar para uma nova fase de vida, de modo a
envelhecer mais feliz.
O objetivo da pesquisa com idosos nasceu da experincia pessoal e do desejo de que
o idoso se redescubra para outras possibilidades e no entre no mundo da solido e do
isolamento.
No suficiente viver mais, o importante viver melhor, pois no interessa
humanidade acrescentar anos vida, mas principalmente, acrescentar vida aos anos. (Maia
Apud. SOUZA, 2005).
Como o envelhecimento inevitvel na vida do ser humano, faz-se necessrio
promover uma imagem positiva da velhice, a fim de que as pessoas aprendam a
envelhecer, enxergando os benefcios da tranqilidade que advir do envelhecimento.
O trabalho est organizado em quatro captulos: o captulo II aborda a Arteterapia, na
compreenso e no desenvolvimento de novos paradigmas; o captulo III demonstra uma
nova forma de busca de um envelhecimento saudvel; o captulo IV descreve os principais
objetivos do estudo; o captulo V apresenta a metodologia adotada no estudo e, por fim, o
11
captulo V demonstra o resultado do estudo realizado com os idosos, utilizando-se da
Arteterapia.
12
II. A Arteterapia, na Compreenso e no Desenvolvimento de Novos
Paradigmas
De acordo com a AATA, Apud CHIESA, 2004, a Arteterapia est embasada na
crena de que o processo criativo envolvido no fazer arte curativo. Criar arte e comunic-
la um processo que realizado junto com o Arteterapeuta, permite a qualquer pessoa uma
ampliao de sua conscincia.
assim quando o individuo toma conscincia e enfrenta suas experincias
traumticas com habilidades cognitivas fortificadas para poder desfrutar os prazeres da
vida, que se confirma artisticamente. Porm, preciso que erradiquem a viso pessimista
do envelhecimento, que com os avanos da cincia, uma alimentao balanceada e bem
estar emocional, o idoso pode desfrutar desse momento da vida de forma produtiva.
A criao um processo de construo contnuo, o qual se modifica com as
experincias, sendo fortemente influenciado pela cultura.
Para Fayga Ostrower (1989), a criatividade um potencial inerente ao homem, e a
realizao desse potencial uma de suas necessidades, sendo que essas necessidades so
internas e existenciais.
Allessandrini (1994) se refere ao elemento criador, na aprendizagem, como um agente
mobilizador da ao de transpor limites, que se encanta diante do imprevisto provocador da
ao, no sentido de se enquanto processo encoberto e consciente, de autonomia na relao
do interno com o externo. O homem vive o processo de transformao de seu potencial de
criar, fazer, ser, aprender e renovar.
13
As transformaes so mudanas na natureza ou no estado de uma substncia para
uma nova. Assim, a transformao pessoal se refere ao estado de estar consciente da
prpria conscincia, ou seja, ampliam-se a percepo para uma nova viso das experincias
vivenciadas, possibilitando mudanas de paradigmas.
A criatividade pode ser denominada como a busca e a inveno de novos caminhos e
metas, de novos estilos de trabalho, da relao de uma dinmica ativa e comunicativa de
convivncia e de prazer, e de um novo estilo de liderana e de organizao que impulsiona
a iluso coletiva para a auto-realizao. Neste sentido, libera o ser humano das opresses e
represses, das dominaes sutis e das imposies manipulativas, as quais o impedem de
ser ele mesmo autnomo e livre. uma viso de futuro idealizada para uma humanidade
mais justa. Como fuga da repetio e da mesmice, a busca e a explorao do que no
existe, a criao do que est por vir e a entrada em territrios desconhecidos. pensar com
o crebro em sua totalidade e se expressar com todo o ser. (Prado, apud, SOUZA, 2005).
A Arteterapia um processo teraputico que desperta o potencial criativo e
amplia a percepo de si, ao promover mudanas na estrutura interna do prprio indivduo
e nas relaes interpessoais.
A Arteterapia utiliza os materiais expressivos, a arte e as tcnicas para promover
transformaes e cura. Neste sentido, atua como agente facilitador e indutor do despertar
inconsciente das qualidades escondidas. No processo, materiais e tcnicas expressivas
fazem com que os contedos do inconsciente venham tona, possibilitando que esses
contedos sejam trabalhados de forma mais leve, sem obrigar ou instigar a pessoa a reagir
diante dos contedos emergidos. Porm, um trabalho criativo pode evocar sentimentos de
uma situao problema, ou seja, de um trauma ou bloqueio, e permitir que esse sentimento
ou energia seja depositado nesse trabalho, aliviando a tenso e libertando o indivduo do
14
problema, sem que este perceba qual trauma ou bloqueio est sendo trabalhado. Dessa
forma, mesmo sem ter conscincia, o individuo vai se organizando e expressando o
problema por meio da arte.
No ateli teraputico, o indivduo entra em contato com as matrias expressivas, por
meio da construo, ao realizar a comunicao do mundo interno com o externo e vice
versa. A explorao dos materiais expressivos facilita e amplia o despertar para os nveis
sensrio-motor, perceptual-afetivo e cognitivo-simblico, estando, segundo Chiesa (2004),
o criativo presente em todos os nveis. Kagin e Lusebrink (1978) denominaram este estudo
como Continuum das Terapias Expressivas (ETC), sendo composto por quatro nveis que
representam quatro modalidades de interao com os materiais, os quais, teoricamente,
refletem os diferentes modos de expresso humana.
Os nveis so como anteriormente citados: sensrio-motor, perceptual-afetivo e
cognitivo-simblico.
Segundo Lusebrink e Kagin (1978), as caractersticas, e as manifestaes do ser
humano diante da interao entre, os matrias artsticos, nos diferentes nveis do
Continuum das Terapias Expressivas,
O nvel cinestsico, est relacionado com o fazer e a explorao de determinados
materiais artsticos, os gestos e os movimentos motores; que podem manifestar no
individuo a hiperatividade, o afeto expresso como ao destrutiva; inabilidade de
estabelecer uma pausa entre o impulso e ao; dificuldade em perceber as seqncias de
suas prprias aes; persevera em aes cinticas. E pode ser vivenciado como perda de
nimo.
15
Porm no Nvel Perceptual, a nfase na forma, nos elementos formais, imagens
concretas; que podem provocar manifestao rgida na formao de imagens concretas e
nas formas de percepo; partes parecem estar isoladas umas das outras; dificuldade em
combinar detalhes com um todo; geometrizao de aspectos formais de expresso; falta de
afeto ou afeto controlado.
No Nvel Afetivo, o individuo tem a expresso dos sentimentos e Nvel Sensorial
focaliza nas sensaes internas e nas exploraes tteis; manifesta-se a ansiedade,
sensaes avassaladoras internas, sem componentes afetivos; acentuada morosidade pode
se manifestar como fascinao com um nmero crescente de detalhes das sensaes ou
percepes, ou disposies; enfatiza a cor; afeto avassalador, projeo do afeto no
ambiente, imagens afetivas pode parecer alucinaes; formas distorcidas e ou falta de
forma, cores intensas ou amarronzadas.
J no Nvel Cognitivo, est ligado as formulaes de conceitos, abstrao, auto-
instrues verbais; no entanto o individuo pode apresentar esteretipos, insistncias em
estruturas rgidas, ou imagens concretas, dificuldade em generalizar; anlise progressiva
dos detalhes; perda de significado pessoal; abstrao como forma de distanciamento
emocional.
finalmente o Simblico, intuitivo na formao de conceitos, auto-orientados e
abstrao, pensamento sinttico; h uma percepo simblica da realidade aliada a
percepo fisionmica, uma identificao com o smbolo, ou seja, um simbolismo
estereotipado e um simbolismo abstrato sem referenciais pessoais ou afetivos.
16
De acordo com Lusebrink e Kagin (1978), o nvel sensrio-motor a experincia do
contato direto com o material artstico. primordial e permite que o indivduo se distancie
de seus preconceitos, julgamentos e crticas limitantes do seu lado racionais.
O nvel perceptual-afetivo o afastar-se fisicamente do contato direto com o material
artstico.
No nvel cognitivo-simblico, as informaes so processadas por meio de metforas
e da formao de conceitos intuitivos. Esse nvel predominante no processamento de
informaes novas, e/ou de mais de um sentido, ou em situaes de excesso de
informaes. O processo de informaes tem natureza integral e diz respeito
predominantemente ao si - mesmo. Essas informaes podem se referir s emoes,
sensaes corporais, idealizaes e percepes espirituais.
O criativo o quarto nvel. Considerado como a sntese dos outros trs nveis,
responsvel pela integrao, transformao e expresso da experincia em novas formas.
um nvel presente em todo o processo, sendo o desenvolvimento da criatividade diferente
para cada pessoa.
Para Jung, (2000), condicionamento humano e o comportamento no so
constitudos somente pela sua histria individual e racial, mas, tambm, pelos seus alvos e
aspiraes. O passado, como realidade, e o futuro, como possibilidades, comandam o
comportamento presente. Parte-se do pressuposto que o ser humano nasceu com vrias
predisposies, as quais foram herdadas de seus ancestrais.
Portanto, Jung (2000), considera essas predisposies que vo interferir em suas
condutas, alm de definir o que ele tiver conscincia e atuaro em seu prprio mundo de
experincias vivenciadas.
17
Segundo Jung (2000), o individual de cada personalidade o resultado da interao
de foras externas e internas, e de qual das funes est mais desenvolvida. Dessa forma,
cada pessoa tem um tempo e uma reao diante dos acontecimentos e da vida. Ele ressalta
que a comunicao entre as pessoas sempre lhe pareceu problema da maior importncia. E
que o outro no to semelhante como se gostaria e apresentou sua contribuio a fim de
que se possa melhor orientar dentro do quadro de referncia do outro. Essas diferenas,
Jung, distinguiu, primeiramente, como extroverso e introverso. A primeira so aquelas
pessoas que partem rpidos e confiantes ao encontro do objeto e a introverso aquelas que
hesitam, recuam, como se o contato com o objeto lhe infundisse receio.
Jung (2000), concluiu que essas diferenas dependiam da funo psquica que o
indivduo usava preferencialmente para adaptar-se ao mundo exterior. E que so quatro
funes de adaptao: a sensao, que refere ao um enfoque nas experincias diretas, na
percepo de detalhes, de fatos concretos; o pensamento, relacionado com julgamentos que
esclarecem o significado do objeto; o sentimento, orientado para o aspecto emocional da
experincia, decide o valor que objeto tem para as pessoas; e a intuio, que uma forma
de processar informaes em termos de experincia formada, objetivos futuros e processos
inconscientes.
Essas funes no so obrigatoriamente desenvolvidas de modo igualitrio. Uma das
quatro funes mais desenvolvida que as outras e representa um papel predominante na
conscincia denominada de funo superior ou principal. Uma das outras funes podem
agir como auxiliar da funo superior, porm, a menos desenvolvida chamada de funo
inferior. Essa funo considerada reprimida e inconsciente, alm de se expressar por
meio de sonhos e fantasias.
18
Dentre os estudos de Jung, o sentimento se ope ao pensamento e a sensao se ope
a intuio, ou seja, a pessoa pode ser reflexivo-sensitiva, sensitivo-reflexiva, intuitivo-
sentimental e sentimental-intuitiva. Assim, formam-se os tipos psicolgicos: pensamento
extrovertido, sentimento extrovertido, sensao extrovertida, intuio extrovertida,
pensamento introvertido, sentimento introvertido e intuio introvertida.
No Pensamento Extrovertido, a funo principal esta dirigida para o exterior e tende
constantemente a estabelecer a ordem lgica e clara, entre as coisas concretas. Este tipo faz
prevalecer seus pontos de vista, os quais coordenam de maneira rgida e impessoal, mas
muitas vezes torna-se autoritrio. O ponto fraco desse tipo o sentimento, ou seja, a funo
inferior, embora capas de afeies profundas tenham grandes dificuldades em express-lo.
O Sentimento Extrovertido mantm adequada relao com os objetos exteriores, os
quais vivem nos melhores termos com o seu mundo. acolhedor, afvel e irradia calor,
alm de comunicativo que torna o indivduo deste tipo o centro de amigos numerosos. Esse
tipo surpreende quando frmula julgamentos crticos extremamente duros e frios. Se o
controle da funo superior falha surge desgaste, cansao e doena, e pensamentos
negativos emergem, por terem o pensamento como a sua funo inferior.
Sensao Extrovertida, compraz-se na apreciao sensorial das coisas. O importante
para esse tipo a descrio minuciosa e exata dos objetos. eficiente e prtica, mas como
a intuio sua funo inferior, acontece que o desdobramento de novas possibilidades no
percebido.
Quanto Intuio Extrovertida, este tipo est sempre descobrindo novas
possibilidades e o que ter melhor perspectiva para prosperar, no presente ou no futuro, ou
seja, as coisas que ainda no assumiram formas no mundo real. As situaes estveis no
19
agradam esse tipo psicolgico, dentro das quais sentira com um prisioneiro, pois a funo
principal o coloca sempre frente, e o seu ponto fraco que outros colheram os frutos que
semeou. Sendo que a funo inferior, e como tal, tende a recuar do mundo exterior a seus
problemas.
Pensamento Introvertido, ao contrrio do extrovertido que se contenta em colocar
uma ordem lgica entre as idias j existentes, se interessa pela produo de idias novas e
busca originalidade. Diante dos problemas procura situar s idias, de modo a obter uma
viso panormica da situao, considerando o que h de mais importante. Como o
sentimento sua funo inferior, este tipo diz sim ou no, ama ou odeia. Seus sentimentos
so fortes, genunos e se manifestam de modo primitivo.
Sentimento Introvertido apresenta-se calmas, retradas e silenciosas. Seus
sentimentos so finamente diferenciados, porm no expressam a sua intensidade. Quem
os v com certo distanciamento, parecem frios e indiferentes, quando na verdade ocultam
grandes sentimentos. O pensamento a sua funo inferior. Isso faz com que dentro de sua
reserva, e de seu silncio torne-o vivo por vrios fatores em curso no mundo exterior.
A Sensao Introvertida extremamente sensvel s impresses provenientes dos
objetos. Essas impresses o atingem de maneira profunda, mas no transparecem em
reaes que dem medida da repercusso que as qualidades sensoriais dos objetos
determinam. Todos os detalhes so importantes para este tipo: como se possussem uma
placa fotogrfica interna. Enquanto o tipo Sensao Extrovertido age sempre em perfeita
sintonia com a realidade dentro do aqui agora, o tipo Sensao Introvertida surpreendera
de sbito por um comportamento que corresponde intensidade das experincias internas
sugeridas pelo objeto e no pelo valor do mesmo.
20
Na Intuio Introvertida o exterior o interessa muito pouco, pois a sua funo
principal est voltada para o mundo interior. No entanto este tipo sensvel atmosfera
dos lugares e s novas possibilidades que possam surgir, sem, contudo se sentir atrado.
Assim, as mltiplas solicitaes da realidade externa, quando excessivas, chegam a ser
vivenciadas por este tipo como algo torturante, pelo fato de a funo do real ser sua funo
inferior.
Tanto os diferentes nveis do Continuum das Terapias Expressivas quanto tipologia
Junguiana valorizam a subjetividade de cada um, do-se a possibilidade de compreender
melhor o processo de individualizao, e que as funes psquicas podem ser trabalhadas e
se desenvolver.
21
III. Em Busca de Uma Nova Forma para um Envelhecimento Saudvel
Como envelhecer um fato inevitvel, faz-se necessria uma preparao para que o
envelhecimento ocorra de forma tranqila e saudvel.
Envelhecer se deparar com mudanas fsicas orgnicas, porm preciso haver
flexibilidade, poder de adaptao e uma grande disciplina, a fim de se manter energia e
fora fsica, respeitando-se os limites impostos por essas mudanas.
O homem que envelhece deveria saber que sua vida no est em ascenso nem
em expanso, mas um processo interior inexorvel produz uma contrao da
vida. Para o jovem constitui quase um pecado ou, pelo menos, um perigo ocupar-se demasiado consigo prprio, mas para o homem que envelhece dever
e uma necessidade dedicar ateno sria ao seu prprio si - mesmo. Depois de haver esbanjado luz e calor sobre o mundo, o sol recolhe os seus raios para
iluminar-se a si mesmo. (JUNG, 2000, p 349).
De acordo com Jung (2000), o prprio idoso precisa dar ateno a si mesmo, ou seja,
ter conscincia de sua atual condio, alimentando-se de forma saudvel e realizando
atividades que proporcionam prazer e alegria. Dessa forma estar dando novo significado
sua vida e estar em constante busca de seu bem estar.
Como parte do desenvolvimento humano, a velhice o resultado dinmico de um
processo global de modificaes progressivas e incessantes de uma vida. Depende tanto
das condies genticas e orgnicas, com seus aspectos herdados e constitucionais, como
das condies ambientais e culturais. (FRAIMAN, 1995).
A populao idosa definida como aquela a partir dos 60 anos de idade. No Brasil,
as estimativas para os prximos 43 anos indicam que a populao idosa com 60 anos ou
mais deve aumentar em 47 milhes de pessoas, de acordo com dados e projees do IBGE
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica.
22
Na reflexo sobre velhice, Beauveoir (1990) relata a complexidade do
envelhecimento e no o trata apenas como um fator biolgico, mas, tambm, como
psicolgico e existencial, alm do papel da sociedade em relao ao idoso.
A velhice um fenmeno biolgico, ou seja, o organismo do homem
idoso apresenta certas singularidades, alm de acarretar conseqncias
psicolgicas, na medida em que determinadas condutas so consideradas tpicas
da idade avanada. Caracteriza-se por possuir dimenso existencial, como todas as situaes humanas: modifica a relao do homem no tempo e, portanto,
seu relacionamento com o mundo e com sua prpria histria. Por outro lado, o
homem nunca vive em estado natural, isto , seu estatuto lhe imposto tanto na
velhice, como em todas as idades, pela sociedade a que pertence. A
complexidade da questo devida estreita interdependncia desses pontos de
vista. Sabe-se, hoje em dia, que considerar isoladamente os dados fisiolgicos e
os fatos psicolgicos constitui uma abstrao, pois estes so interdependentes.
O que denominado vida psquica de um indivduo s pode ser
compreendida luz de uma situao existencial. Assim, tm repercusses no
organismo e vice-versa, ou seja, o relacionamento como tempo sentido de
maneiras diferentes, conforme esteja o corpo mais ou menos alquebrado.
Finalmente, a sociedade determina o lugar e o papel do velho levando em conta
suas idiossincrasias individuais, sua importncia e sua experincia.
Reciprocamente, o indivduo condicionado pela atitude prtica e ideolgica da
sociedade o seu respeito, de modo que uma descrio analtica dos diversos
aspectos da velhice possa no ser suficiente. Cada idoso reage sobre todos os
outros e por eles afetado. O aprendizado deve decorrer do movimento
indefinido desta circularidade (BEAUVEOIR, 1990 p.156).
Como o envelhecimento inevitvel na vida do ser humano, faz-se necessrio
promover uma imagem positiva da velhice, a fim de que as pessoas Percebe-se, ento, o
quo cruel ainda o papel da sociedade na fase idosa do ser humano, em funo da
extrema valorizao do jovem. Isso faz com que o prprio idoso se desvalorize. Ao se
isolar, ele cria sua excluso, o que o impede de lutar por seus direitos e garantir que este
envelhea com dignidade e qualidade de vida.
Aprender a envelhecer, enxergando os benefcios da experincia de vida e us-las em
pro do envelhecimento.
O idoso tem o privilgio de sentir o quo vida longa e o quanto foi e importante
viver... Velho quem perdeu a jovialidade... A idade causa degenerescncia das clulas...
A velhice causa degenerescncia do esprito... Voc idoso quando indaga se vale a pena...
23
Voc velho quando, sem pensar, responde que no... Voc idoso quando sonha... Voc
velho quando apenas dorme... Voc idoso quando ainda aprende... Voc velho quando
j nem ensina... Voc idoso quando exercita... Voc velho quando apenas descansa...
Voc idoso quando ainda sente amor... Voc velho quando no sente mais do que
cimes e passividade... Para o idoso o dia de hoje o primeiro do resto de sua vida... Para
o velho todos os dias parecem o ltimo da longa jornada... Para o idoso o calendrio est
repleto de amanhs... Para o velho o calendrio s tem ontens... (Nascimento apud
SOUZA, 2005).
O objetivo da pesquisa com idosos nasceu da experincia pessoal e do desejo de que
o idoso se redescubra para outras possibilidades e no entre no mundo da solido e do
isolamento. Por meio do ateli arteteraputico e das tcnicas expressivas, o idoso pode
resgatar sua auto-estima e despertar para uma nova fase de vida, de modo a ser mais feliz.
24
IV. Objetivo
Este estudo tem como objetivo analisar os efeitos da utilizao da Arteterapia junto a
um grupo de idosas.
25
V. Metodologia
O material de anlise de dados est embasado na pesquisa construtivista e na
metodologia retrodutiva de Garcia (2002) em que so utilizados a observao participativa
e os relatrios preparados em ateli arteteraputico, realizados nas oficinas criativas com
um grupo de idosos.
O trabalho foi realizado no Centro de Comunitrio de Goinia-Gois, uma
instituio filantrpica, onde so atendidas, crianas, adolescentes adultos e a melhor
idade, ou seja, a comunidade em geral. Essa instituio oferece cursos de informtica,
bordado, pintura em tecido, ginstica, yga e aulas de reforo.
A estrutura do local onde era realizado o ateli arteteraputico contou com um
espao amplo, com mesas, cadeiras, pia e ventilador. A iluminao era de boa qualidade e
o salo bem arejado, o que propiciou um excelente ambiente para desenvolvimento dos
trabalhos.
A pesquisa foi autorizada pela Diretoria da instituio e pelos participantes, inclusive
quanto utilizao de imagens e falas durante as sesses de Arteterapia, assegurando o seu
anonimato.
Foi um grupo de quinze senhoras da melhor idade do Centro Comunitrio, com
idades entre 61 a 76 anos. Dentre as quinze, somente oito foram escolhidas para o estudo.
Os nomes utilizados so fictcios, pois os verdadeiros foram resguardados.
26
Os encontros aconteceram, semanalmente, em grupo, com durao mdia de uma hora e
trinta minutos. O grupo trabalhado estava previamente formado, pois este participa de
outras atividades na Instituio.
Prepararam-se relatrios em cada um dos encontros, na seqncia dos atendimentos e
das produes imagticas e fotografadas, e no final efetuou-se uma entrevista semi-aberta.
As tcnicas utilizadas nas sesses de Arteterapia permearam vrios ativadores
criativos, a exemplo da sensibilizao, da imaginao dirigida, do relaxamento e das
linguagens literrias, verbais, corporais, musicais, plsticas e artsticas, utilizando-a para
trabalhar a rigidez, as perdas e os bloqueios dos idosos, na medida em que esta desenvolve
o potencial criativo para proporcionar uma vida melhor na melhor idade.
Objetiva-se, tambm, avaliar o que os trabalhos realizados em ateli arteteraputico
podem despertar no idoso, desenvolvendo-se a criatividade na ao do fazer, ser e criar,
que pode manter a energia vital, ou seja, como a Arteterapia pode possibilitar ao idoso o
prazer de viver. Delinear-se- quais, dentro do redescobrir, so os aspectos importantes
para que o idoso se sinta produtivo e, principalmente, vivo.
A Arteterapia um caminho que pode conduzir o idoso ao despertar da energia do si
mesmo e da essncia da vida de forma criativa, ao potencializar a criatividade adormecida
no ser humano.
Finalmente, demonstrar-se como o ateli Arteteraputico pode ajudar o idoso, por
meio da ao do criar e da arte de redescobrir suas potencialidades, retornando, nessa
inevitvel fase da vida, alegria de viver.
27
Os encontros objetivaram a criao de vnculo entre facilitadora e grupo. Ao
trabalhar a consolidao do vnculo, conheceu-se um pouco da historia de vida de cada um
dos participantes: o despertar do criativo, o tato e a percepo do corpo, a integrao e o
criativo por meio de sensibilizao. Participou-se da integrao e confraternizao de natal
de todos os participantes, da auto-avaliao e do fechamento do ano.
No inicio do primeiro semestre de 2007, trabalhou-se com o restabelecimento do
vnculo e procurou-se aprofundar um pouco mais na histria de vida das participantes.
28
VI. ANLISE E RESULTADOS
No primeiro encontro realizado objetivou-se a apresentao das facilitadoras, a
formao do vnculo, a promoo da integrao e o despertar da imaginao e da
criatividade. Realizou-se um trabalho de sensibilizao, ou seja, de preparao para a
sesso de Arteterapia, que inclui, dentre outros procedimentos, relaxamento e imaginao
dirigida.
Aps a fase de sensibilizao a facilitadora entregou uma folha de papel e solicitou
aos participantes que a amassassem o mximo possvel. Em seguida, pediu para que
tentassem faz-la voltar sua forma original. Dessa forma, a facilitadora levou-os s
reflexes, ao comparar a folha amassada s suas vidas e aos acontecimentos que deixaram
marcas. Ressaltou-se que, mesmo amassados como a folha, no se pode mudar os
acontecimentos do passado e que, apesar de tudo todos permaneciam inteiros e tinham
grandes possibilidades de ressignificao.
Na seqncia, foi solicitado para que construssem um objeto da preferncia de cada
um, usando a tcnica da dobradura1. Cada participante realizou sua construo e, em
seguida, o primeiro contou uma pequena histria, utilizando o objeto construdo.
Seqencialmente, o prximo continuava o que o anterior havia iniciado e agregava a sua
criao do outro, dando continuidade histria.
O objetivo deste encontro foi o fortalecimento do vnculo, a fim de conhecer um
pouco mais o grupo.
1 Segundo Coutinho (2005), a dobradura uma tcnica que trabalha a coordenao motora fina, a aquisio
de controle sobre as aes e a estimulao gestual. Promove, tambm, a busca por novas formas, desenvolve
a concentrao e o raciocnio, alm do imaginrio e a histria.
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Aps a sensibilizao, comeou-se pela facilitadora com a dinmica de contar a
histria do prprio nome. Assim, cada um se apresentava e contava a histria do seu nome.
Depois, realizou-se a construo da escrita, o recorte e a colagem do mesmo, para
posteriormente trabalharem artisticamente em cima do nome, solicitando-se que cada um
usasse livremente a sua criatividade.
Neste encontro percebeu-se certa agitao e nervosismo, quando foram apresentados
os materiais que seriam utilizados, como tintas guache, fitas, lpis de cor, cola colorida e
relevo, canetinhas, papel A4, gliter, barbante, l de vrias cores, giz de cera, tesoura e
pincel. Alguns participantes reclamaram que deveriam ter aprendido a fazer isso quando
jovens, outros quando crianas, outros que agora com a idade atual no conseguiriam
utilizar esses materiais.
Explanou-se para o grupo que na Arteterapia no h certo ou errado, e que o intuito
era despertar o que h de melhor internamente, que muitas vezes fica escondido ou nunca
houve a oportunidade de experimentao e de desenvolvimento. Assim, era para se realizar
a construo sem medos e sem se preocupar com o resultado final. Caso no gostassem do
resultado, o trabalho poderia ser refeito.
Na medida em que iam se envolvendo com o trabalho, os participantes foram
relaxando e se entregando ao trabalho, o que resultou em um produto de excelente
qualidade. No fechamento eles puderam expressar o que estavam sentindo e por meio da
fala. A alegria estava estampada na face de cada integrante do grupo.
Para Valladares (2001, p.13), a colagem ou recorte ajudam na organizao de
estruturas, por meio da juno e articulao de formas prontas, diferentemente, a
organizao especial simblica, reparadora e de baixo custo.
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Na seqncia algumas das produes do grupo.
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Com o decorrer do trabalho, aumentou-se o conhecimento e a intimidade com o
grupo de idosas, aferindo-se que a maioria era viva ou divorciada. Somente uma das
participantes vivia com o marido, apresentando, porm, uma histria de vida triste e de
muito sofrimento. Entretanto, todas que ali estavam, haviam enfrentado perdas pessoais
muito significativas para elas, a exemplo de perda do marido ou dos filhos.
Trabalhou-se vrios outros encontros utilizando-se de colagem e recortes, sempre
com materiais diferentes, a exemplo de recortes de revistas, papis de vrias texturas e
cores, cordo, sementes de vrias qualidades, cola, cola relevo e tesoura.
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De acordo com Valladares & Carvalho (2006), o desenho objetiva a forma, a
preciso e o desenvolvimento da ateno, da concentrao, da coordenao viso-motora e
espacial. Tambm caracteriza o pensamento, a escrita a memria, alm de relacionar o
movimento e o reconhecimento do objeto com a funo ordenadora.
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Quando foram trabalhadas leituras de textos e reflexes sobre o mesmo, pediu-se s
participantes que desenhassem a parte que mais lhe haviam agradado. No decorrer das
primeiras sesses percebeu-se que as idosas participavam de forma intensa nas reflexes
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do texto, porm, quando eram entregues folhas em branco, as expresses do rosto se
alteravam completamente. Comeavam a reclamar que no tinham aptido para desenho e
que no conseguiriam isso era observado em todo o grupo.
Dessa forma, utilizou-se de encorajamento, ao mostrar que no importa a
construo em si, mais sim o que ela representa para o seu criador. Caso elas no
quisessem desenhar, poderiam usar o giz de cera e riscar a folha sem se preocupar com o
resultado, para depois comentar com as colegas o que significavam os riscos. Aps os
primeiros riscos foram surgindo construes lindssimas, o que causou encantamento a
todos.
No fechamento, vrias expresses surgiram, a exemplo de: jamais pensei que daria
conta, o meu ficou lindo!; fiquei muito satisfeita!; no comeo achei que o meu fosse
ficar o mais feio, mais ficou lindo!.
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No primeiro encontro, quando se ofereceu tinta, pincel e papel, registrou-se uma
total rejeio, apesar de utilizarem a tinta para pintar caixas de madeira e de papelo. No
entanto, as idosas pediram lpis de cor ou giz de cera, pois eram os materiais por elas
preferidos. Ao final do trabalho, convidou-se as idosas para se arriscarem em algumas
pinceladas, porm, apenas duas aceitaram o desafio. Nos prximos encontros, continuou-se
com a insero de outros materiais, sempre na tentativa de aguar o interesse do grupo.
A pintura lida com o sentimento, emoo e sensao, aflora a sensibilidade, invoca
o gesto e a intuio, e, ainda, objetiva a coordenao motora fina e viso-motora e a
discriminao visual (wexler apud VALLADARES, 2007, p. 36 37).
Seguem abaixo, as primeiras construes com tinta realizadas pelo grupo de idosas.
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Continuao das primeiras construes do grupo com tinta.
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Continuao das primeiras construes do grupo com tinta.
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Continuao das primeiras construes do grupo com tinta.
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Continuao das primeiras construes do grupo com tinta.
Quando iniciados os trabalhos com tinta, percebeu-se grande dificuldade em
algumas participantes, principalmente naquelas que gostavam de perfeio. Porm nessas
sesses, em que foram utilizadas a tinta, foi onde ocorreu o maior nmero de descobertas,
quando elas perceberam a sua rigidez e o quanto sofria, por desejarem as coisas da mesma
forma.
Durante as oficinas criativas, as idosas demonstravam muito receio em lidar com
alguns dos materiais expressivos. Por outro lado, outras justificavam que estariam velhas
demais para aprender. Essas reaes e atitudes diante dos materiais expressivos esto no
estudo do ETC e da tipologia junguiana, que possibilitaram uma maior compreenso por
parte do Arteterapeuta.
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No entanto, o encorajamento era suficiente: a Arteterapia no tem certo ou errado
e que elas podiam experimentar e construir os seus trabalhos sem se preocupar com os
resultados, pois estes poderiam ser reconstrudos sem quaisquer medos ou represses.
Assim aos poucos o medo foi desaparecendo, e as habilidades foram aparecendo, e a
mudanas aconteceram no s nas relaes mais tambm nas expresses corporais, aquelas
que no incio chegavam com ombros cados, cabisbaixas, triste ou at mesmo sem nimo.
Nessas, as mudanas foram evidentes. Ento no ultimo encontro efetuou-se uma pequena
entrevista com as seguintes perguntas: o que a Arteterapia para voc? O que ela
despertou? E se houve mudanas?
Segundo Gui. (65 anos): Para mim a Arteterapia uma abertura, na mente. Ouvir,
aprender eu gosto muito, muito bom na vida das pessoas uma higiene mental, na cabea.
Despertou muitas coisas boas, ajuda a entender as pessoas; o ser humano no tem limites:
ajuda na descoberta da capacidade, que a gente da conta sim.
Para J (76 anos), A Arteterapia muito valiosa na vida, e para o ser humano,
porque descobri coisas muito valiosas para melhorar a nossa prpria vida, junto com as
outras pessoas, e melhora muito a convivncia com o ser humano, saber respeitar e
compreender a cada um. A gente aprende a ver e a valorizar cada um. Eu adorei, foi
timo.
Para mim a Arteterapia muito importante, para o corao, para a alegria, eu era
muito estressada, hoje estou mais tranqila, aprendi a ouvir os outros melhor. At com meu
netinho, eu mudei muito, o tempo muito curto, em todos os sentidos: no meu lar, no
grupo de terceira idade. Estou mais calma, foi bom, muito bom. Ani, 67 anos.
Eu achei maravilhoso, uma recriao na cabea da gente. Ela desperta muita
coisa boa, alegria no corao. Tive, eu mudei muito, estou mais alegre, meu corao estou
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mais calmo e feliz, gosto de vir e fazer as coisas bonitas. Eu gostei de tudo e aprende
muito, Mad. 60 anos.
A Arteterapia distrai a mente, trabalha com a cabea, distrai. Ela despertou a
curiosidade. Vejo que eu dou conta, e que posso fazer as coisas. Ouo, bastante, eu estou
mais calma, era muito nervosa com os problemas, a gente esquece. muito bom, Li. 65
anos.
A Arteterapia tima, desperta tudo de bom, mudanas muitas, estou mais
tranqila, parece que no nem eu. Eu adoro, Ju. R.74 anos.
A Arteterapia tudo. um passa tempo, uma distrao, um descanso para a
cabea, esquece os problemas e nem v as horas passar. a coisa mais maravilhosa que
aconteceu, uma ddiva de Deus, Ag. 76 anos.
E um jeito que a gente distrai, aprende muitas coisas depois de velha, despertou a
alegria, esqueo os problemas, concentro em coisas boas. Muita coisa mudou. Fazer as
coisas, que antes eu no fazia nada, Lis. 67 anos.
Assim por meio da fala, das construes artsticas e do comportamento observado
em ateli Arteteraputico podemos comprovar as mudanas efetivas que a Arteterapia
promoveu na vida das idosas.
A reestruturao das perdas; a diminuio da ansiedade; a integrao, o amor ao
prximo, e o sentimento; a coordenao, a reestruturao, a audio, o ritmo, a percepo
do som, a descontrao e a criatividade; o encontro com as origens, e o autoconhecimento;
a percepo de si mesmo, e do outro; a auto-estima; a importao do criativo, e o
desligamento da facilitadora.
No decorrer das sesses os resultas foram gradativamente surgindo, algumas
tiveram mais dificuldade em estarem se percebendo, Gui. foi a que mais demorou em
estar se percebendo, quando ocorreu a descoberta, ela comparou e o efeito da Arteterapia
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em sua vida. eu comparo a Arteterapia a minha vida como uma estrada que estava tudo
tampado e a Arteterapia destampa, vai limpando, abrindo caminho, deixando tudo muito
claro na minha cabea Segue uma seqncia dos trabalhos que mostra o
desenvolvimento de Gui., ela tem, escolaridade ensino mdio, viva, trs filhos, quatro
netos, atualmente vive sozinha. Segue abaixo as produes de Gui.
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A pintura da casa e o abstrato, foi o primeiro contato com a tinta, nesta sesso
pretendia-se usar tinta porem todas rejeitara e pediram giz de cera. H convite das
facilitadoras apenas duas das participantes ousou a experimentar tinta.
Na sesso seguinte ao construir o borro de tinta, Gui. ficou chocada, no seguiu
as instrues, colocou a tinta no papel criando forma, e quando fez a impresso ficou
extremamente incomodada com o resultado, e descobriu que foi a nica que no se
permitiu que a gua dessa forma a tinta, no papel. Neste dia Gui. ficou inconformada, e
desse hoje a ficha caiu, gostaria muito que se pudessem repetir esse trabalho.
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Primeira construo de Gui., com tinta.
Segue abaixo, a segunda construo de Gui.
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Ela relatou que est mais aberta para ouvir os outros e percebeu o quanto sofria por
coisas sem importncia, vivia brigando com os meus netos porque a mesa de centro tinha
que permanecer em cima da linha da divisria do piso, e cobrava muito dos meus filhos,
que moram fora e queria que as pessoas fizessem as coisas da minha maneira, hoje eu sou
mais feliz, minha convivncia com meus filhos e com meus netos, melhorou muito no
cobrou mais a presena dos filhos que mora em outra cidade, sinto que ainda posso fazer
muita coisa boa.
Li. compareceu ao ateli arteteraputico estava muito triste como os filhos e
relatou que: meus filhos esto todos velhos e vive dando trabalho, que no ajuda em casa,
e no faz nada direito. Ela tem 65, separada, vive com os trs filhos e um neto,
escolaridade nenhuma.
A seqncia seguinte so os trabalhos realizados por Li. No inicio ela chegava
sempre muito tmida, e reclamava que no estava boa, tinha muita dificuldade para
escolher as cores, figura que iam trabalhar com colagem, solicitava sempre a ajuda das
facilitadoras, ou das colegas, para usar os matrias. E no final dizia o meu ficou muito
sem graa. Hoje o meu est muito papagaiado..
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Continuao das produes de Li.
Aps os trabalhos com colagem os desenhos de Li. Ampliam-se, e ela sente mais
segura na escolha das cores e ou dos materiais utilizado nas oficinas criativas. Na
seqncia as suas construes.
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Para Jung (2000) a criao imaginada, possibilita uma reorganizao criativa,
abrindo caminhos, onde a sensibilidade pode unir-se racionalidade, formando outros
caminhos possveis a vida humana. A criao com sua linguagem e o sentido de orientao
dela desprendido, possibilita o resgate do sentido de viver por meio da imagem criada.
Quando iniciou os trabalhos com tinta Li. se soltou e ficou a vontade ao fazer o
borro de tinta, fez suas escolhas sozinha estava segura e confiante.
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A primeira produo com tinta de Li.
Li. ficou encantada com o resultado de sua construo, e o efeito do seu trabalho
repercutiu em todo o grupo provocando reflexes nos participantes: eu nunca imaginei
que est baguna de tinta, com gua ficassem to lindo o meu que fiz todo certinho
ficou horrvel, s agora entendi.
Abaixo segue uma seqncia das construes de Li.; os borres de tinta e suas
impresses.
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Li. estava radiante com o efeito de seu trabalho, e contagiou todo grupo.
Continuao das produes de Li.
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Ela parecia uma outra pessoa, confiante decidida na hora de escolher as tinta, fez
tudo sem solicitar ajuda e s parou porque as folhas acabaram.
Esta figura mostra a construo de uma mandala coletiva.
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Momento de reflexes e fechamento do trabalho com o grupo.
Produo do trabalho que finalizou o estudo com o grupo de idosas.
As sesses so sempre finalizadas com um fechamento aps um momento de
reflexo, onde as participantes expressam os seus sentimentos, suas alegrias, suas dores e
suas conquistas. Assim cada uma das participantes finalizou o nosso ultimo encontro com
as seguintes palavras: vida nova, esperana e sade, gratido, amizade, alegria
amor e paz, animo, felicidade, inesquecvel, unio, maravilhoso, prazer,
lembranas, esperana de uma vida melhor.
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VII. Consideraes Finais
Por meio das oficinas criativas, a arteterapeuta trabalhou a conscientizao da
necessidade de uma velhice saudvel, a flexibilidade, a aceitao das limitaes e, dentro
de suas possibilidades, estarem sempre ativos. Enfatizou-se a ressignificao de suas
perdas, a fim de que o idoso possa de forma criativa, melhorar a sua qualidade de vida, no
intuito de se sentir valorizado e socialmente integrado.
Acredito que por meio das tipologias Junguiana, h uma compreenso melhor do
ser humano, de seus comportamentos, sentimentos, e atitude diante dos acontecimentos
vivenciados, e da importncia do elemento criativo nas oficinas, facilita ao arteterapeuta, a
aceitao, e a compreenso do outro, sem julgamentos, ou cobranas.
Outro fator que considero importante nos mtodos e tcnicas em Arteterapia o
ETC, que estudou a utilizao dos materiais expressivos e das reaes individuais diante
dos deferentes nveis.
Conclui-se que a Arteterapia tem um poder transformador e que conseguimos os
objetivos teraputicos desejados, conscientizado as idosas de suas potencialidades
criativas, promovendo, e resgatando a alegria de viver, e a descobertas de que ainda
podem ser teis produtivas.
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