7
ARTERIOGRAFIA RETROGRA- ~ DA NO DIAGNOSTICO DE TRAUMA VASCULAR DO SEG- MENTO SUBCLA VIO-AXILAR umero a, 0 diag- 'ato como grafia no diagn6stico de BJE 0: No presente s a tec e arteriografia retr6gra. a ro superior, com ao de co via arteria braquial a contratluxo, urn exame de realizas;.aofa ido, ideal para as situa90e aumatismos vasculares. MATERIAL E TODO:No periodo de mars;o de a dezembro de 2000, dos pa tes atend no Hospital de Pronto-Socorro Municipal de Porto Alegre; fo mpanhados 33 com indica9ao clinicade realiza9ao de arteriografia. RESULTADOS: Dos pacien- tesinvestigados~ 24(72,7%) er 0 masculino e, em 57,6% dos casos aidade ~foi inferior a 30 anos. Vintee ClllCO ,8%) pacientes foram encaminbados sem ~diagn6stico previa e a causa mais freqiiente de traumatismos foi 0 assalto, em 18 , (54,5%)casos, comarmadefogo, em 14(42,4%) casos. o dado clfnicomais freqiien- , te de indica9ao do ex oi a presen9a de deficitneurologico, em 18(54,5%) dos I casos, e 0 indice-pres6rico foi menorque 1 em 26(78,8%) pacientes. As les5es mais : freqiientes foram ~obre a arteria subclavia, em 12(36,4%) casos e os tipos de les5es vasculares mais encontradas·:furam a fistula arterio- a em 8(24~2%) cas os e ..".". _ ' . .........'.-,:... ;;; .,I " .. " . ......_ .. . trombose tamMm em 8(24,2%) casos. Somente em 6(18,2%) paciei).tes houve com- ! plicaS;oes leves, como hematomas CONCLUsAo: Os indices de confiabilidade en- I . , contrados foram de 96,5% de sensibilicade, 100% de .'cidade, !OO%de valor . preditivo positivo e 80,0% de pr~ditivo ne ativo. A validade da utiliza9aoda arteri ografia, no estagio atual da ci- urgia do trauma, esta perfeita- mente demon strada em vanos trabalhos, confirmando sua necessidade principal- mente na suspeita de lesoes parciais dos vasos, sem sintomas clfnicos maiores e em regioes de diffcil acesso cirurgico. E considerada 0 padrao-ouro no diagnos- tico da lesao vascular 21,24. Este trabalhodemonstra a tecnica da ar- teriografia por via retrograda, com inje- s;ao unica de contraste, a contra-fluxo, pela arteria braquial,noscasos de trau- matismos nas regioes toracica superior e subclavio~axilar com suspeita de lesao vascular nos vasos subclavio-axilares. 0 procedimento e simples, de baixo custo, rapidoe pode ser realizado na sala de emergencia com equipamento padrao de radiologia,permitindo 0 diagnostico de uma lesaa vascular grave ate mesma em Newton Roesch Aerts Cirurgiao do ServiQo de Cirurgia Vascular da FundaQao Faculdade Federal de Ciencias Medicas de Porto Alegre e Complexo Hospita- lar Santa Casa - FFFCMPA / ISCMPA , Cirurgiao Vascular do Hospitalde Pronto-Socorro Munici- pal de Porto Alegre. Titular da SBACV; Mestre em Ci- rurgia Vascular pela FFFCMPA / ISCMPA ,Doutorando do Curso de P6s-GraduaQao em Cirurgia Vascular do Departamento de Ci- rurgia da Universidade Federal de Sao Paulo - UNIFESP /EPM. Trabalho realizado no Servigo de Cirurgia Vascular do Hospital de Pronto-Socorro Municipal de Porto Alegre e Complexo Hospitalar San- ta Casa de Porto Alegre .. Enderego Av. Ganzo, 238 90150-070 Porto Alegre RS e-mail: newaerts@via-rs.net

ARTERIOGRAFIA RETROGRA- ~DA NO DIAGNOSTICO DE …jvascbras.com.br/revistas-antigas/2001/3/04/2001_a17_n3_ok-4.pdf · satec e arteriografia retr6gra. a ro superior, com ao de co via

Embed Size (px)

Citation preview

ARTERIOGRAFIA RETROGRA-~DA NO DIAGNOSTICO DETRAUMA VASCULAR DO SEG-MENTO SUBCLA VIO-AXILAR

umeroa, 0 diag-'ato como

grafia no diagn6stico deBJE 0: No presente

s a tec e arteriografia retr6gra. a ro superior, comao de co via arteria braquial a contratluxo, urn exame de realizas;.ao faido, ideal para as situa90e aumatismos vasculares. MATERIAL E

TODO:No periodo de mars;o de a dezembro de 2000, dos pa tes atendno Hospital de Pronto-Socorro Municipal de Porto Alegre; fo mpanhados33 com indica9ao clinicade realiza9ao de arteriografia. RESULTADOS: Dos pacien-tesinvestigados~ 24(72,7%) er 0masculino e, em 57,6% dos casos aidade

~foi inferior a 30 anos. Vinte e ClllCO ,8%) pacientes foram encaminbados sem~diagn6stico previa e a causa mais freqiiente de traumatismos foi 0 assalto, em 18, (54,5%)casos, comarmadefogo, em 14(42,4%) casos. o dado clfnicomais freqiien-, te de indica9ao do ex oi a presen9a de deficitneurologico, em 18(54,5%) dosI casos, e 0 indice-pres6rico foi menor que 1 em 26(78,8%) pacientes. As les5es mais: freqiientes foram ~obre a arteria subclavia, em 12(36,4%) casos e os tipos de les5esvasculares mais encontradas·:furam a fistula arterio- a em 8(24~2%) cas os e..". ". _ ' . .........'.-,:... ;;; . ,I ".. " . ......_ ..

. trombose tamMm em 8(24,2%) casos. Somente em 6(18,2%) paciei).tes houve com-!plicaS;oes leves, como hematomas CONCLUsAo: Os indices de confiabilidade en-I ., contrados foram de 96,5% de sensibilicade, 100% de . 'cidade, !OO%de valor. preditivo positivo e 80,0% de pr~ditivo ne ativo.

Avalidade da utiliza9ao da arteriografia, no estagio atual da ci-urgia do trauma, esta perfeita-

mente demon strada em vanos trabalhos,confirmando sua necessidade principal-mente na suspeita de lesoes parciais dosvasos, sem sintomas clfnicos maiores eem regioes de diffcil acesso cirurgico. Econsiderada 0 padrao-ouro no diagnos-tico da lesao vascular 21,24.

Este trabalho demonstra a tecnica da ar-

teriografia por via retrograda, com inje-s;ao unica de contraste, a contra-fluxo,pela arteria braquial, nos casos de trau-matismos nas regioes toracica superior esubclavio~axilar com suspeita de lesaovascular nos vasos subclavio-axilares. 0procedimento e simples, de baixo custo,rapido e pode ser realizado na sala deemergencia com equipamento padrao deradiologia,permitindo 0 diagnostico deuma lesaa vascular grave ate mesma em

Newton Roesch AertsCirurgiao do ServiQo de CirurgiaVascular da FundaQao FaculdadeFederal de Ciencias Medicas dePorto Alegre e Complexo Hospita-lar Santa Casa - FFFCMPA /ISCMPA , Cirurgiao Vascular doHospital de Pronto-Socorro Munici-pal de Porto Alegre.Titular da SBACV; Mestre em Ci-rurgia Vascular pela FFFCMPA /ISCMPA ,Doutorando do Curso deP6s-GraduaQao em CirurgiaVascular do Departamento de Ci-rurgia da Universidade Federal deSao Paulo - UNIFESP / EPM.

Trabalho realizado no Servigo deCirurgia Vascular do Hospital dePronto-Socorro Municipal de PortoAlegre e Complexo Hospitalar San-ta Casa de Porto Alegre ..

EnderegoAv. Ganzo, 23890150-070 Porto Alegre RSe-mail: [email protected]

Figura 1 : Esquema demonstrando a punfiio e colocafiiodo manguito de pressiio.

hospitais de pequeno porte I.

Alguns artigos foram public ados sobrea tecnica, ainda que utilizados para situ-a~6es diferentes, como no trabalho de

Ueda e colaboradores, em 1982, que rea-lizaram a arteriografia retrograda de mem-bra superior para 0 diagnostico de doen-~as congenitas em recem-nascidos. Tal

Figura 2 : Arteriografia retr6grada demonstrando fa/so aneurisma. No deta/he, 0 resu/tadocirurgico, com fa/so aneurisma em formaq8o.

procedimento e realizado rapidamente nasala de radiologia convencional, nao ne-cessitando do ambiente da hemodinarni-ca 29.

o objetivo do presente trabalho e des-crever a tecnica da arteriografia retrogra-da e deterrninar sua acunicia como meto-do diagnostico para les6es vasculares dosegmento subchivio-axilar.

Em 1927, 0 neurocirugiao portugues EgazMoniz, utilizando a descoberta e os es-tudos de Wilhelm Kourad Roentgen so-bre radiologia, realizou a primeira arterio-grafia de carotida, transformando-se talacontecimento em outro grande marco naevolu~ao da cirurgia vascular, pois ate 0

momenta todos os pracediinentos erampraticamente as cegas, dependendo deconhecimentos de anatomia e clinica 10).

Dois anos depois, em 1929, outra cirur-giao portugues Reynaldo dos Santos,desenvolveu a tecnica da aartografiatranslombar por pun~ao direta para visu-aliza~ao dos vasos renais e dos membrasinferiores, criando inclusive agulhas es-pecificas para 0 procedimento 10.

Outra grande passo no diagnostico e tra-tamento das les6es vasculares foi obti-do em 1929, com a intradu~ao da tecnicade cateterismo vascular par pun~ao per-cutanea a distancia, primeiramente des-crita por Forssmann, ao introduzir em suapropria veia cubital urn cateter que pra-grediu ate 0 atrio direito, realizando 0 exa-me contrastado.Em 1931, novamente Moniz, utilizando atecnica de cateterismo, descreveu a vi-sualiza~ao do cora~ao direito e arteria pul-monar, utilizando a tecnica de Forssmann22

Em 1937, Castellanos e colaboradores,descrevem pela primeira vez a utiliza~aoda tecnica de arteriografia retrograda emrecem - nascidos para diagnosticar do-en~as cardiacas congenitas 22.

Figura 3 : Arteriografia retragradademonstrando f{stula arteriovenosapas trauma por arma de cafa. Nodetalhe, 0 resultado da cirurgia.

A tecnica modema dos cateterismos foidesenvolvida par Seldinger, em 1953, quepermitiu a precisa e seletiva visualizar;aode les6es vasculares, antes de aces soimpassivel por punr;ao direta 27.

Sempre auxiliada pela necessidade, comodas grandes Guerras, e pelo aumento dasdoenr;as cardiovasculares, a progressaonos metodos diagn6sticos cresceu deforma geometrica, surgindo a arteriogra-fia digital, 0 Doppler associado it ecogra-fia e a ressonancia magnetic a 4, 13,25,26 .

A popular;ao em estudo foi composta porpacientes atendidos na emergencia doHospital de Pronto-Socorro Municipal dePorto Alegre, hospital de referencia parales6es traumaticas de todo 0 estado doRio Grande do SuI e suI de Santa Catari-na, no periodo de marr;o de 1998 a maiode 2001.Foram incluidos no presente estudo pa-cientes que apresentaram traumatismospor arma de fogo, arma branca, arma decar;a, acidente automobilfstico e grandescontus6es de qualquer natureza, nas re-gi6es cervico-clavicular, hemitoracicasuperior e cintura escapular direita ouesquerda.Todos os pacientes, independente deidade ou sexo, com suspeita clinica delesao vascular nas regi6es anat6rnicas deinteresse, foram exarninados pelo autor e

selecionados para participarem do estu-do, pois apresentavam indicar;ao para arealizar;ao da arteriografia retr6grada comvistas ao estabelecimento do diagn6sti-co definitivo.A suspeita clfnica de lesao vascular dosvasos subclavio-axilares foi levantadapela presenr;a das seguintes situar;6es:1. ferimento de qualquer classificar;aosobre 0 trajeto anat6rnico dos vasos;2. ferimentos penetrantes com trajeto sus-peito, mesmo que nao estejam sobre 0

trajeto dos vasos;3. ferimentos por arma de car;a na regiao;4, ferimentos pr6ximos aos VaSOS,comdirninuir;ao ou ausencia de pulsos dis-tais, sem isquernia grave;5, ferimentos acompanhados de grandeshematomas naS regi6es descritas;6. ferimentos pr6ximos aos VaSOS,comdeficit neuro16gico; "7, ferimentos no trajeto dos vasos, comsopro ou frernito;8. ferimentos sobre a regiao anat6rnicareferida, com definir;ao do indice de pres-sao ( diferencial da pressao sist61ica nomembro superior com lesao sobre a pres-sao sist6lica do membro superior sem le-sao), menor ou igual a 1.De acordo com 0 resultado da arteriogra-fia retr6grada, os pacientes que apresen-taram lesao vascular maior, definida comofistulas arterio-venosas, falso-aneuris-mas, tromboses ou secr;6es, foram leva-dos diretamente it cirurgia, sendo defini-da como padrao-ouro para 0 estudo dasensibilidade e especificidade do exame.Aqueles pacientes que apresentaram le-s6es mfnimas, caracterizadas por des co-lamentos mfnimos de intima, ou aquelespacientes que nao apresentaram lesaovascular, foram acompanhados por eXa-mes de ecodoppler no 3°, 6° 12°e 24° mesoPara esses pacientes, 0 acompanhamen-to pelo ecodoppler foi considerado comopadrao-ouro para 0 estudo da acuraciada arteriografia retr6grada.Tecnica da arteriogratia retr6grada

A tecnica de arteriografia retr6grada uti-lizada no segmento subclavio-axilar se-gue os padr6es convencionais das arte-riografias, no que diz respeito it intensi-dade do regime radio16gico, sistema deaparelhagem de Rx convencional e mate-rial simples de punr;ao arterial. Consistena realizar;ao da punr;ao da arteria bra-quial com urn dispositivo intravascularde calibre 18, no seu terr;o medio, e inje-r;ao de 20 ml de contraste a contrafluxopor via retr6grada em direr;ao it regiaosubclavio-axilar traumatizada.Antes da injer;ao do contraste, e posici-onado no antebrar;o, distal it punr;ao, urnmanguito de pressao. Esse e inflado auma pressao superior it sist61ica do paci-ente (Fig 1 ).Essa manobra impede 0 fluxo sangiiineodistal, facilitando a injer;ao a contrafluxodo contraste e perrnitindo que esse che-gue, muitas vezes, ate a arteria mamariaintema, arteria vertebral ou mesmo aotronco braquio cefalico direito, demons-trando les6es como falso-aneurismas efistulas arteriovenosas (Figs. 2 e 3 ).Ap6s a injer;ao do contraste, 0 manguitode pressao e desinflado e 0 fluxo sangiii-neo e normalizado.

Foram estudados 33 pacientes vftimas detrauma das regi6es cervico-clavicular,hernitoracica superior ou subclavio-axi-lar, direita ou esquerda, que apresenta-ram suspeita de lesao vascular de acor-do com os criterios de inclusao descritosna metodologia.Vma vez preenchidos os criterios de in-clusao e nao estando os pacientes emrisco de vida, esses foram submetidosao exame da arteriografia retr6grada.Caracteristicas do traumaEm relar;ao it causa do trauma, observa-se na Tabela 1 que mais da metade dospacientes (54,5%) tiveram como causa daagressao 0 envolvimento em assaI to, nao

ficando evidenciado se na qualidade devitimas ou de agressores. as acidentesde trabalho e os automobilfsticos forama segunda causa mais freqliente de lesaovascular. Observa-se tambem que a armade fogo foi 0 agente mais freqlientemen-te utilizado para a agressao, em 42,5%dos casos.Indical;oes clinicas da arteriografia re-trograda.Na Tabela 2, encontram-se os resultadosdo exame clinico-vascular, permitindo acaracteriza~ao das indica~6es clfnicas,responsciveis pelas indica~6es do uso daarteriografia retr6grada.Em 57,5%dos casos, constatou-se dirni-nui~ao do pulso no membro superior dolado afetado e cinco pacientes, ausenciadesse.Em rela~ao ao indice de pressao (IP), queestabelece uma razao entre a tensao arte-rial sist6lica do membro superior acome-tido e 0 contralateral, observa-se que 26pacientes (78,8%), apresentaram urn IPmenor do que 1, significando altera~aono fluxo arterial na extrernidade lesada,com provcivellesao vascular.

TABELA 1- DISTRIBUI9AO DA POPULA-9AO EM ESTUDO SEGUNDO CARACTE-RfSTICAS DO TRAUMA, PORTO ALE-GRE, RS, 1998 - 2000VARlAVEL

CAUSA DO TRAUMA

AssaltoAcidente de trabalhoAcidente automobilisticoacidente domiciliartentativa de suicidioiatrogenia

AGENTE DO TRAUMA

anna de fogocontusaoarma de cac;aanna brancaoutros

TOTAL_~.

Caracteristica da lesao vascularAs caracteristicas da lesao vascular po-dem ser conhecidas por meio da analiseda Tabela 3. Em 28 pacientes, foi detecta-da lesao vascular, sendo que 78,8% apre-sentavam lesao vascular maior (lesao deparede) e 6,1% com lesao minima, defini-

da como pequenos descolamentos dacamada intima da arteria.Em rela~ao as arterias lesadas, em 45,4%dos pacientes 0 vasa atingido foi a arte-ria axilar, considerando seus tres segmen-tos. No entanto, isoladamente, a arteriasubclcivia foi a mais lesada. Em apenasurn paciente, 0 exame definiu que a lesaovascular acometia ramos vasculares enao arterias tronculares.De acordo com a imagem radiogrcifica doexame, os tipos mais freqlientes de le-s6es vasculares foram a fistula arterio-venosa, a trombose completa do vasa eo pseudo aneurisma (Tabela 3). Entre oscinco pacientes considerados como "semlesao vascular" pela arteriografia, doisapresentaram deslocamento do vasa porhematomas e tres nao tinham qualquerlesao da parede vascular.Complical;oes relacionadas a tecnica daarteriografia retrogradaEm rela~ao as complica~6es locais decor-rentes da realiza~ao da arteriografia re-tr6grada, evidenciou-se hematoma nolocal da pun~ao em seis casos (18,2%),sendo que nos 27 restantes, nao foi evi-denciada nenhuma complica~ao relacio-nada ao procedimento.Sensibilidade, especificidade e os valo-res preditivos positivo e negativo da ar-teriografia retrograda.Para os 26 pacientes com lesao vascularmaior, 0 padrao-ouro foi a confirma~aoda presen~a de lesao vascular no proce-dimento cirUrgico imediato.Para os pacientes com lesao arterial mini-ma (dois casos) e para os sem lesao iden-tificada na arteriografia retr6grada (cin-co casos), a cirurgia e contra-indicada.Nesses casos, estci preconizado 0 acom-panhamento clinico. Por essa razao 0

padrao-ouro utilizado para confirma~aodo diagn6stico arteriogrcifico foi 0 resul-tado do exame de ecodoppler ao longodo acompanhamento por 24 meses.Para facilitar 0 ccilculo das caracteristi-cas da arteriografia como teste diagn6s-

tico, agruparam-se os casos que apresen-taram lesao maior (26 casos) e os comlesao minima (dois casos) em uma tinicacategoria: "com lesao". Foi consideradocomo padrao-ouro, a jun~ao dos resulta-dos da cirurgia imediata e do ecodopplerseriado. Na categoria "padrao-ouro comlesao" estao tanto os resultados positi-vos da cirurgia como as do ecodoppler.Na categoria "padrao-ouro sem lesao",estao os resultados negativos dessesdois procedimentos.a Quadro 1 disponibiliza esses achados,alem de indicar a forma como foram reali-zados os ccilculos.

As caracteriticas dos ferimentos vascu-lares do segmento subclcivio-axilar saosemelhantes as que ocorrem em outrasregi6es traumatizadas. Mas, as consequ-encias advindas sao de maior gravidade.as pacientes acometidos sao em suamaioria jovens, sendo a causa mais fre-qliente 0 ferimento por arma de fogo,seguido pelos acidentes automobilfsti-cos. E possivel que isso ocorra por se-rem os jovens os que mais se exp6em assitua~6es de risco, e os ferimentos porarma de fogo apresentam alto poder depenetra~ao, bem como as acidentes au-tomobilfsticos, alto poder de destrui~ao,tomando possivel a lesao vascular emurn local tao bem protegido por estrutu-ras 6steomusculares.as pacientes arrolados nesse trabalhoeram oriundos da capital e regiao metro-politana e em 45 % dos casos chegaramsem diagn6stico previo.Em rela~ao a causa dos traumatismos,podemos observar que a maioria, 54,5%,foi provocada por assaltos e, em menorpropor~ao, por acidentes automobilfsti-cos.Esses dados sao extrema.J1ente coinci-dentes com os referidos em outros estu-dos, demonstrando 0 aumento da vio-

TABELA 2 - DISTRIBUI9AO DA POPU-LA9AO EM ESTUDO SEGUNDO CARAC-TERfSTICAS DA LESAO VASCULAR,PORTO ALEGRE, RS, 1998 - 2000

VARIAvEL

ARTERIOGRAFlA RETR6GRADAcom lesao de paredecom leslio minima de paredesem lesao de parede

LESAo VASCULARarteria subclaviaarteria axilar ter~o proximalarteria axilar ten;:o medioarteria axilar teryo distalramossem lesao

TlPO DE LESAofistula arterio-venosatrombosepseudo aneurismalesao intimadeslocamento

'Yo

26 78,82 6,15 15,~

12 36.57 21,28 24,101 3,05 15,2

24.224,221,2

6.16,13,03,09,1

lencia nos grandes centros urbanos 11, 19,

20,28

Outro aspecto importante, demonstradonesse trabalho e tambem observado naliteratura, e 0 grande numero de trauma-tismos contusos, causados especialmen-te por acidentes automobillsticos 2,8, 18 ,

A necessidade de diagnostico previonesses casos e imperiosa, pois pode al-terar completamente 0 procedimento ci-rurgico que muitas vezes deve abordarextensas areas por nao haver indicas;aoprecisa do locallesado 7,17.

o diagnostico clinico para a indicas;ao

TABELA 3 - DISTRIBUI9AO DA POPULA-9AO EM ESTUDO SEGUNDO EXAME cLf-NlCO VASCULAR, PORTO ALEGRE, RS,1998 -2000

VARIAVEL

PULSO DO MEMBROSUPERIOR

presentediminuidoausente

9 27,319 57,55 152

j:-;DlCE PRESSORICOmenor 1maior au igual a I

• TQTAt " -

26 78,87 21,2

, "~J 'll!!!,O

da arteriografia baseou-se nos dados deexame fisico. Foram considerados os "si-nais fortes" (hard signs), como sangra-mento, isquemia ou grande~ hematomas.Esses sao sinais inequivocos de lesaovascular quando entao, na vigencia de

instabilidade hemodinarnica, os pacien-tes foram operados imediatainente.Os sinais cllnicos menores, chamadossoft signs, sao caracterizados por: defi-cit neurologico distal, dirninuis;ao de pul-so, ferimentos sobre 0 trajeto vascular,presens;a de hematomas menores e a pre-sens;a de sopro ou fremito no local dotrauma 9. Estes, quando presentes, indi-caram a realizas;ao da arteriografia. Paraos casos de resultado negativo, foramacompanhados pelo exame de ecodop-pIer por urn periodo de 24 meses paraconfirmas;ao diagnostica.Como a avalias;ao quanta ao diagnosticode lesao vascular deve ser dinamica, ra-pida e sem perda de tempo, incluimos nodiagnostico dos pacientes estudados 0

indice de pressao, que soma mais aindano diagnostico positivo de lesao vascu-lar, e consequentemente na decisao danecessidade da arteriografia 12.

o indice de pressao arterial e obtido pelaaferis;ao com 0 Doppler de fluxo, da pres-sao sisto liea do membro acometido, divi-dida pela pressao sistolica do membrosao 5. A revisao da literatura demonstraque os indices encontrados menores queI 30 e, em alguns trabalhos, menores que0,9 14 sugerem alteras;ao do fluxo vascu-lar, sendo considerado urn dado a maispara a indicas;ao de arteriografia,A arteriografia retrograda do segmentosubclavio-axilar foi realizada na sala deemergencia, por puns;ao da arteria bra-quial, colocas;ao de manguito de pressaodistal a puns;ao e injes;ao a contrafluxode 20 ml contraste.Todos os pacientes que apresentaramarteriografia positiva forarn encarninha-dos diretamente ao bloco cirurgico, ondeera comprovada atraves de cirurgia apositividade do exame.Os pacientes com lesao minima ou semlesao vascular, forarn acompanhados peloecodoppler que pode apresentar especi-ficidade e sensibilidade de 95a 100% ede 96% a 99% respectivamente, para a

detecs;ao de lesao vascular 3.6, 15, 16,23 .

Houve dois pacientes que apresentaramlesao minima, com pequeno descolamen-to da camada intima arterial, os quais fo-ram acompanhados tambem pelo ecodo-ppler, durante os 24 meses, sem altera-s;ao do defeito arterial.

Os traumatismos vasculares que acome-tern os segmentos subclavio-axilares po-dem ser acompanhados de graves com-plicas;oes se 0 diagnostico nao for imedi-ato e 0 tratamento definitivo realizado acurto prazo.Odesenvolvimento de urn metodo paradetecs;ao dessa lesao vascular, que pos-sa ser realizado de maneira rapida e sim-ples em qualquer servis;o de emergencia,facilita em muito 0 trabalho dos cirurgi-oes vasculares e dos cirurgioes do trau-ma que atuarn nesses setores de emer-gencia.A padronizas;ao da arteriografia retrogra-da e sua utilizas;ao nos casos de trauma-tismos, do segmento vascular subchivio-axilar, tern sua validade pratica compro-vada nesse trabalho, confirmando umasensibilidade de 96,5% e uma especifici-dade de 100% nos casos de lesao vascu-lar.Com urn valor preditivo positivo de loo%,pode-se concluir que a arteriografia re-trograda utilizada como metodo diagnos-tico nos casos graves de traumatismosdo segmento subclavio-axilar tern urngrande poder de detectar os casos quereal mente apresentam lesao vascular,aumentando a chance do tratamento ime-diato no momenta da urgencia, evitandoas seqiielas graves decorrentes do nao-diagnostico.Constatamos que a arteriografia retrogra-da e urn metodo simples, segum e de ex-celente acuracia, sendo de grande auxi-lio especialmente nas situas;Oesonde naopodemos contar com metodos diagnos-

PADRAO-OURO

ARTERIOGRAFIA com lesao sem lesao I TOTAL

Com leslio 28 (a) (b) 0128 (a+b)

Sem leslio I (c) (d) 4 i 5 (c+d)

TOTAL 29 (a+c) (b+d) 4133 (a+b+c+d)

A sensibilidade encontrada foi de 96,5%, a especificidade de 100,0%, 0 valorpreditivo positivo foi de 100,0% e 0 valor preditivo negativo foi de 80,0%.

Sensibilidade = ala+c 28/29 = 96,5%Especificidade = d/d+b 4/4 = 100,0%Valor preditivo positivo = ala+b 28/28 = 100,0%

Valor preditivo negativo = d/d+c 4/5 = 80,0%

SUMMARY

ticos mais sofisticados como as arterio-grafias por cateterismo.Portanto, trata-se de um metodo propedeu-tico, a disposi~ao dos cirurgioes que atu-amnas emergencias, salvando a vida depacientes, ou mesmo demonstrando comcerteza a ausencia de lesao vascular com aconseqiiente libera~ao do paciente.

RElROGRADEARTERIOGRAPHY IN THE DIAGNOSIS OF VASCULAR INJURIES OF SUBCLAVIAN-AXILLARY SEG-MENT

Introduction: Vascular injuries of the sublavian-axillary segment are considered of high morbidity and mortality. The impor-tant muscular and bone structures as well as the nervous plexus in this anatomical region makes the diagnostic imperative forrapid treatment and to avoid late complications. The use of arteriography still is considered a gold standard in the diagnosticof vascular lesions. Objective: This study presents the technique of retrograde arteriography of the arm utilyzing the brachialartery as point of counter flux injection of contrast media. The exam is easy and rapid to be done, ideal for the situation invascular injuries. Material and Method: In the period of march 1998 and december of 2000, among all patients atended in theHospital de Pronto-Socorro Municipal de Porto Alegre with injuries of subclavian-axillary segment, 33 presented clinicalindications for arteriography. Resnlts: Twenty four (72,7%) ofthem were male and in 57,6% of the cases with age under 30years. In 25 cases (75,8%) the patients arrived in the hospital without previous diagnostic and the most frequent cause oftrauma was the robery, in 18(54,5%) cases, with gunshot in 14(42,4%) cases. The most frequent clinical indication for deretrograde arteriography was the neurologic deficit in 18(54,5%) patients, and adoppler arterial pressure index was less than1 in 26(78,8%) cases. The subclavian artery was the most common injuried artery, 12(36,4%) cases and the arteriovenousfistula and the trombosis the most frequent type of artery lesion, 8(24,2%) patient, each case. Only 6 patients (18,2%) hadmild complications as small haematoma. Conclusion: The confiability index founded in the study were, 96,5% of sensibility,100% of especificity, 100% ofpreditive positive and 80% of negative preditive index.

Alegre - Santa Casa de Misericordiade Porto Alegre.

1. Aerts, NR. - Estudo dos Traumatismos-Vasculares dos Trancos Supra-Aorti-cos e Segmento Subcl<ivio-Axilar: Sis-tematiza~ao do Tratamento Cinirgico.1996, 74f. Disserta~ao (Mestrado emClinica Cinirgica) Funda~ao Faculda-de Federal de Ciencias Medicas de Porto

2. Babatasi G, Massetti M, Bhoyroo S, LePage 0,Theron J, Jehan C, Khayat A. -Non-penetratingsubclavianarterytrauma:management by selective transluminallyplaced stent device. Thorne CardiovascSurg47(3):190-3,1999.

3. BynoeRP,MilesWS,BellRM, GreenwoldDR, Sessions G, Haynes JL, Rush DS -Noninvasive diagnosis of vascular trau-mabyduplexultrasonography.JVaseSurg14(3):346-521991.

4. DeBakey ME, SimeoneFA -Battleinjuriesofarteriesin World War IT:An analysisof2,471cases.AnnSurg 123:34,1946.

5. Dennis JW, Frykberg ER, Veldenz HC,Huffman S, Menawat SS- Validation ofnon operative management of occultvascular injuries and accuracy of phy-sical examination alone in penetratingextremity trauma: 5- to lO-year follow-up. J Trauma 44(2):243-52; discussion242-3,1998.

6. FryWR,DortJA,SmithRS,SayersDV,Morabito DJ - Duplex scanning repla-ces arteriography and operative explo-ration in the diagnosis of potential cer-vical vascular injury. Am J Surg168(6):693-5; discussion,695-6,1994.

7. Gaspar RM, Treiman R - The manage-ment of injuries to major veins. Am JSurg 100:171-5,1960.

8. Goldstein LJ, Watson JM - Traumaticscapulothoracic dissociation: case re-port and literature review. J Trauma48(3):533-5,2(xx).

9. Gonzalez RP, Falimirski ME - The utilityof physical examination in proximitypenetrating extremity trauma. Am Surg65(8):784-9,1999.

10. Haimovici H - Vascular Surgery, princi-ples and techniques. Blackwell Scien-ce Inc. Cambridge, MA, chap 5: 61-88,1996.

11. Hire CE, Cikrit DF, Lalkasg, SawchukAP, Dalsing Me. - Agressive manage-ment of vascular injuries of the thora-cic outlet. J Vasc Surg, 27 (5):800-4, dis-cussion, 1998.

12. Hood DB, Weaver FA, Yellin AE - Chan-ging perspectives in the diagnosis ofperipheral vascular trauma. Semin VascSurg, 11(4):255-60, 1998.

13. Hughes, c.w. -Arterial repair during theKoreanWar.AnnSurg 147:555,1958.

14. Johansen K, Lynch K, Paun M, Com-pass M. - Non-invasive vascular testsreliably exclude occult arterial traumain injuried extremities. J Trauma31(4):515-9 discussion 519-22, 1991.

15. Knudson MM, Lewis FR, Atkinson K,Neuhaus A - The role of duplex ultra-sound arterial imaging in patients withpenetrating extremity trauma. Arch Surg128(9):1033-7; discussion 1037-8, 1993.

16. Knzniec S, Kauffmanp, Molnar D,AunR, Puech-Leao P - Diagnosis of limbsand neck arterial trauma using duplexultrasonography. Cardiovasc Surg6(4):358-66,1998.

17. McKinley AG, Carrin AT, Robbs N -Management of proximal axillary andsubclavian artery injuries. Br J Surg ,87(1):78-85, 2cro.

18. MadoffDC, Brathwaite CE, ManzioneN,BilaniukJW, GironF, Char D, ChoiJ,Bilfinger TV - Coexistent rupture of theproximal right subclavian and internalmammary arteries after blunt chest trau-ma. JTraurna 48(3):521-4,2000.

19. Mattox KL, Feliciano DV, Beall AC-Five thousand seven hundred sixtycardiovascular injuries in 4459 patientsepidemiologic evolution 1958-1988.AnnSurg 209:698,1989.

20. Mattox KL, Wall MJ. -Historical review ofblunt injuries of thoracic vassels. ChestSurgOinNAm, 10(1):167-82,200).

21. MooreEE,MattoxKL,FelicianoDV -Peri-pheralvascularinjrny.In: MattoxKL- Trau-

IDa,2nd Ed. Appleton & Lenge, Connecti-cut 639-61 p., 1991.

22. Neiman HL, Weiss JP - Fundamentals ofAngiography. In: Haimovici H. et al. - Vas-cular Surgery, principles and techniques.Blackwell Science Inc., Cambridge,MA,chap5: 61-88,1996.

23. PenettaTF,HuntJP,BuechterKJ,PottmeyerA, Batti JS - Duplex ultrasonography ver-sus arteriography in the diagnosis of arteri-al injury: an experimental study. J Trauma33(4):627-35;discussion635-6,I992.

24. Pretre R Hoffmeyer P,Bednardkiewicz M,Kursteiner K, FaiduttiB -Bllilltinjury to thesubclavian or axillary artery. JAm Call Surg179(3):295-8,1994.

25. RichNM,HughesCW -Vietnam vascularregistIy: A preliminary report. Surg 65:218-229,196J

26. RichNM, BaughJH, Hughes CW - Acutearterial injuries in Vietnam: 1000 cases. JTmumal0:359,1970.

27. Seldinger SI - Catheter replacement of theneedle inpercutaneous arteriography: anewtechnique. ActaRadio139: 368-376, 1953.

28. ShinDD, Wall MJ,MattoxKL -Combinedpenetrating injury of the inominate artery,leftcommon carotid artery,trachea and eso-phagus. JTrauma, 49 (4):780-3, 2cro.

29. UedaK,SaitoA,NakamoH- Aortographyby countercurrent injection via the radialartery in infants with congenital heart dise-ase.Pediatric Surg2: 231-236, 1982.

30.Weaver FA,HoodDB, YellinAE. -Vascularinjuriesoftheextremities. In: RutherfordDB.VascularSurgery Chap. 59, 862-71, 2cro.