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My book about art, European avant-gardes, simple and dynamic. Enjoy!

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®By Jeff William, 2011

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Cubismo

14-17 Cubismo18-21 Pablo Picasso22-27 Biografia28-29 Posicionamento Politico30-33 Obra e Períodos

Ind iceART NOUVEAU

4-10 Art Nouveau11 Influência da Art Nouveau12-13 Art Nouveau na Arquitetura

De Stijl

46-49 De Stijl

Dadaísmo

36-43 Dadaísmo

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Impressionismo

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House in Riga, Latvia.

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Estilo estético essencialmente de design e arquitetura

Também infIuenciou o mundo das artes plasticas. Era relaciona-do com o movimento arts & crafts e que teve grande destaque

durante a Belle époque, nas UIltimas décadas do século XIX e primeiras décadas do século XX.

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Art nouveau

A Arte nova (do francês Art nou-veau [aR.nu’vo]), foi um estilo estético essencialmente de design e arquitetura que também influen-ciou o mundo das artes plásticas. Era relacionado com o movimento arts & crafts e que teve grande destaque durante a Belle époque, nas últimas décadas do século XIX e primeiras décadas do século XX. Relaciona-se especialmente com a 2ª Revolução Industrial em curso na Europa com a exploração de novos materiais (como o ferro e o vidro, principais elementos dos edifícios que passaram a ser construídos se-gundo a nova estética) e os avanços tecnológicos na área gráfica, como a técnica da litografia colorida que teve grande influência nos carta-zes. Devido à forte presença do es-tilo naquele período, este também recebeu o apelido de modern style (do inglês, estilo moderno).

O nome surgiu de uma loja parisiense (capital internacional do movimento), chamada justamente Art nouveau e que vendia mobiliário seguindo o estilo.

Caracteriza-se pelas formas orgânicas, escapismo para a Natureza, valorização do trabalho artesanal, entre outros. O movimento simbolista também influenciou o art nouveau.

Recebeu nomes diversos dependendo do país em que se encontrava: Flower art na Inglaterra.

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Em Portugal, edifícios em estilo arte nova são par-ticularmente comuns em Aveiro e Caldas da Rainha.

Em Lisboa, a Casa - Museu Dr. Anastácio Gonçalves é um bom exemplo da variante portuguesa do estilo, assim como no Por-to o Café Majestic. Em Portugal foi comum, mais que a arqui-tetura, a decoração de fachadas e interiores com azulejos em estilo arte nova, como se comprova em muitos edifícios da virada dos séculos XIX e XX.

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Uma estética para o design

Ao contrário da maioria das correntes associadas ao movimento modernista, o Art Nouveau não foi dominado pela pintura. Mes-

mo os pintores mais estreitamente relacionados com o estilo, Toulouse-Lautrec, Pierre Bonnard, Gustav Klimt, criaram

cartazes e objetos de decoração memoráveis. Juntamente com o Arts and Crafts, o Art Nouveau foi um dos estilos estéticos

que prepararam o caminho do design moderno.

Art Nouveau modernizou o design editorial, a tipografia e o design de marcas comerciais; além de se destacar pelo desenvolvimento dos cartazes modernos. Art Nouveau também revolucionou o design de moda, o uso dos tecidos e o mobiliário, assim como o design de vasos e lamparinas Tiffany, artigos de vidro Lalique e estampas Liberty City.

A litografia colorida tornou-se disponível no fi-nal do século XIX, possibilitando aos designers

da época trabalhar direto na pedra, sem as restrições da impressão tipográfica,

possibilitando um desenho mais livre. e avanço tecnológico foi

responsável pelo flores-cimento e difusão.

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Poster Art Nouveau, Tiffany Co.

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Os alemães criam sua própria vertente de Art Nouveau chamada Jugendstil.

No Brasil, teve fundamental participação na divulgação e realização da art nouveau o Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo. Um dos maiores nomes desse estilo, no Brasil, é o artista Eliseu Visconti, pioneiro do design no País.

Em Portugal, edifícios em estilo arte nova são particularmente comuns em Aveiro e Caldas da Rainha. Em Lisboa, a Casa - Museu Dr. Anastácio Gonçalves é um bom exemplo da variante portu-guesa do estilo, assim como no Porto o Café Majestic. Em Portugal foi comum, mais que a arquitetura, a decoração de fachadas e interiores com azulejos em estilo arte nova, como se comprova em muitos edifícios da virada dos séculos XIX e XX.

Influência da pintura japonesa

Talvez a principal influência estética que inspirou o uso publico do espaço graficamente foi a popularidade das estampas japonesas. A pintura japonesa valorizava muito o espaço em branco do papel e a composição precisa dos elementos figurativos, além do movimento e textura gráfica da pincelada. Podemos perceber essa influência direta na composição e desenho, extremamente gráficos e econômicos, de Aubrey Beardsley, um dos pioneiros do design (e do desenho artístico) moderno.

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A influência do Art Nouveau

Embora o Art Nouveau seja uma manifestação típica do século XIX, podem-se encontrar traços desse movimento no design gráfico poste-rior do século XX.

Para demonstrar a continuidade da influência do estilo, podemos destacar:

O estilo psicodélico dos anos de 1960-70 (ver Milton Glaser). Espe-cialmente influênciados pelo Jugen-dstil.

A família tipográfica Bookman, o arredondado da Cooper Black e o redesenho de tipografias antigas e ornamentadas, possíveis por avanços tecnológicos como a fotoletra, foto-composição e a tipografia digital.

Embora, por muito tempo, designers educados à sombra do Bauhaus e do Estilo internacional tenham critica-do o Art Nouveau como uma mani-festação estética excessivamente ornamental, atualmente se valoriza muito a importância histórica do Art Nouveau, sem menosprezar a sua riqueza ornamental.

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Art Nouveau na arquitetura

O art nouveau surgiu como uma tendência arquitetônica inovadora do fim do século XIX: um estilo floreado, em que se destacam as formas orgânicas inspiradas em folhagens, flores, cisnes, labaredas e outros elementos.

Os edifícios apresentam linhas curvas, delicadas, irregulares e assimétricas. Mosaicos e mistu-ra de materiais caracterizam muitas obras arquitetônicas, como as de Antoni Gaudí, expoente do movimento na Espanha. Com cacos de vidro e ladrilhos, ele decora construções como o Parque Güell e a Casa Milá, em Bar-celona. A Catedral da Sagrada Família é outra obra sua de destaque.

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Ícone charmoso: Viaduto Santa Efigênia em São Paulo

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Casas sobre una Colina, 1909. Pablo Picasso. Inspirado en Horta de Sant Joan .

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Casas sobre una Colina, 1909. Pablo Picasso. Inspirado en Horta de Sant Joan .

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Cubismo

O Cubismo tratava as formas da natureza por meio de figuras geométricas, representando

todas as partes de um objeto no mesmo plano. A representação do mundo passava a não ter nenhum compromisso com a aparência real das coisas.

O movimento cubista evoluiu constan-temente em três fases:

Fase cezannista ou cezaniana entre 1907 e 1909 -

Fase analítica ou hermética entre 1909 a 1912 - que se caracterizava pela desestruturação da obra, pela decomposição de suas partes consti-tutivas;

Fase sintética (contendo a experi-mentação das colagens) - foi uma reação ao cubismo analítico, que tentava tornar as figuras novamente reconhecíveis, como colando peque-nos pedaços de jornal e letras.

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Historicamente o Cubismo originou-se na obra de Cézanne, pois para ele a pintura deveria tratar as formas da natureza como se fossem cones, esfe-ras e cilindros. Entretanto, os cubistas foram mais longe do que Cézanne. Passaram a representar os objetos com todas as suas partes num mes-mo plano. É como se eles estivessem abertos e apresentassem todos os seus lados no plano frontal em relação ao espectador. Na verdade, essa atitude de decompor os objetos não tinha ne-nhum compromisso de fidelidade com a aparência real das coisas.

O pintor cubista tenta representar os objetos em três dimensões, numa superfície plana, sob formas geomé-tricas, com o predomínio de linhas retas. Não representa, mas sugere a estrutura dos corpos ou objetos.

Principais característicasgeometrização das formas e volumes; renúncia à perspectiva; o claro-escuro perde sua função; representação do volume colorido sobre superfícies planas; sensação de pintura escultórica; cores austeras, do branco ao negro passando pelo cinza, por um ocre apa-gado ou um castanho suave. O cubismo se divide em duas fases:

Cubismo Analítico - (1909) caracteri-zado pela desestruturação da obra em todos os seus elementos. Decompondo a obra em partes, o artista registra todos os seus elementos em planos sucessivos e superpostos, procurando a visão total da figura, examinado-a em todos os ângulos no mesmo instan-

te, através da fragmentação dela. Essa fragmentação dos seres foi tão grande, que se tornou impossível o reconhecimento de qualquer figura nas pinturas cubistas. A cor se reduz aos tons de castanho, cinza e bege.

Cubismo Sintético - (1911) reagindo à excessiva fragmentação dos obje-tos e à destruição de sua estrutura. Basicamente, essa tendência pro-curou tornar as figuras novamente reconhecíveis. Também chamado de Colagem porque introduz letras, palavras, números, pedaços de madeira, vidro, metal e até objetos inteiros nas pinturas. Essa inovação pode ser explicada pela intenção do artistas em criar efeitos plásticos e de ultrapassar os limites das sensa-ções visuais

Cubistas e artistas com obras cubistas

Pablo Picasso Georges Braque Juan Gris Kazimir Malevich Lyonel Feininger Fernand Léger Umberto Boccioni Robert Delaunay Diego Rivera Alexandra Nechita Tarsila do Amaral Vicente do Rego Monteiro

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Pablo Picasso

Pablo Diego José Francisco de Paula Juan Nepomuceno María de los Remedios Cipriano de la Santísima Trinidad Ruiz y Picasso, ou simples-mente Pablo Picasso (Málaga, 25 de outubro de 1881 — Mougins, 8 de abril de 1973), foi um pintor, escul-tor e desenhista espanhol.

Foi reconhecidamente um dos mestres da arte do século XX. É considerado um dos artistas mais fa-mosos e versáteis de todo o mundo, tendo criado milhares de trabalhos, não somente pinturas, mas também esculturas e cerâmica, usando, en-fim, todos os tipos de materiais. Ele também é conhecido como sendo o co-fundador do Cubismo, junto com Georges Braque.

Biografia

Infância e juventude Escultura no Daley Plaza (Chicago, Estados Unidos).Nasceu em Málaga (Andaluzia) e recebeu o nome com-pleto de Pablo Diego José Francisco de Paula Juan Nepomuceno María de los Remedios Cipriano de la Santís-sima Trinidad Ruiz Picasso, filho de María Picasso y López e José Ruiz Blasco.

Em torno do seu nascimento sur-giram várias lendas, algumas das

quais Picasso se esforçou a promo-ver. Segundo uma delas, Picasso nasceu morto e a parteira dedicou a sua atenção à mãe acamada. Só o médico, Don Salvador, o salvou de uma morte por asfixia soprando-lhe fumo de um charuto na face. O fumo fez com que Picasso come-çasse a chorar. O seu nascimento no dia 25 de outubro de 1881, às onze e um quatro da noite, seria assim descrito por Picasso aos seus biógrafos, que a publicavam de boa vontade.

Roland Penrose, um dos mais conhe-cidos biógrafos de Picasso, procurou nas suas origens a razão da sua ge-nialidade e da sua abertura à arte, algo natural na compreensão de um gênio. Na geração dos seus pais são vários os vestígios. O seu pai era pintor e desenhista, de bem medío-cre talento. Don José, dedicava-se a pintar os pombos que pousavam nos plátanos da Plaza de la Merced, perto da sua casa. Ocasionalmen-te, pedia ao filho para lhe acabar os quadros. A linhagem paterna possibilitou-se estudar até ao ano de 1841. Da descendência materna pesquisada, Dona María contava entre os antepassados com dois pintores. As feições de Picasso são também semelhantes às da mãe.

Os primeiros dez anos de vida de Pablo são passados em Málaga. O salário pequeno do pai como con-servador de museu e professor de desenho na Escuela de San Telmo, a custo assegurava o sustento da família. Quando lhe ofereceram

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uma colocação com melhor remu-neração no Instituto Eusébio da Guarda no norte do país, à hesitação sobrepôs-se a necessidade, e junto com a família, don José parte para a Corunha, capital de província à beira do Oceano Atlântico.

Os desenhos de infância de Picasso representavam cenas de touradas. Sua primeira obra, preservada, era um óleo sobre madeira, pintada aos oito anos, é chamada O Toureiro. Picasso conservou esse trabalho toda a sua vida, levando-o consigo sempre que mudava de casa. Anos mais tarde pintou outro quadro semelhante, A morte da mulher destacada e fútil. Picasso está zangado e rebelde. Este quadro é claramente uma expres-são injuriosa da sua relação com a mulher.

A preocupação principal do pai com o pequeno Pablo era o seu aprovei-tamento escolar, mas nem por isso dispensou a oportunidade de fomen-tar o talento do filho. Desenhar foi desde cedo a forma mais adequada de Picasso se exprimir e, talvez por isso, secundário.Recusa claramente o ensino usual, e encarrega-se ele próprio da sua formação artística. Com treze anos, e seguindo o modelo do pai, Picasso atingira já a perícia do progenitor (que também não era de grande refinamento). Ao contrário do que apontam algumas listas, Picasso era destro, como se pode ver no célebre documentário The Mystery of Picasso.

A família transferiu-se novamente, desta vez a Barcelona, na Primavera de 1895, e a prova de admissão na escola de arte La Lonja é feita com sucesso. Os trabalhos que deveria apresentar ao fim do mês, Pablo apresentava-os ao fim de poucos dias, ao cabo que o seu trabalho se destacava, inclusive, do dos fina-listas. Com catorze anos, Picasso conseguia superar as exigências de uma conceituada academia de arte. Trabalhos académicos, que segundo o próprio, ao cabo de vários anos o assustavam. Os trabalhos que fazia colocavam-no na série de conceitu-ados pintores de Barcelona, como Santiago Rusiñol e Isidro Nonell, e o seu quadro A Primeira Comunhão é exposto na célebre exposição da época na cidade. Apesar de ter opta-do por uma temática religiosa, este não deixa de ser um acontecimento privado, do plano familiar. Apesar de realista e de satisfazer as exigências académicas, por outro lado a obra acaba por ser uma tentativa de com-bate ao convencionalismo.

Depois de uma estadia em

Málaga, em 1897 instala-

se em Madrid.

Entre Madrid e BarcelonaEm Madrid, instalado num novo atelier, inscreve-se na mais prós-pera e conceituada academia de artes espanhola, a Real Academia de Belas-Artes de São Fernando. Constantemente, visita o Museu do

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Prado, onde copiava os grandes mestres, captava-lhes o estilo e tentava imitá-lo, o que se revelou, por um lado, um avanço, pois desenvolvia capacidade efé-meras, e por outro lado, uma estagnação de um génio criativo limitado à cópia do trabalho dos históricos, cujas obras tam-bém vieram a ser alvo de uma revisitação e reinterpretação de Picasso em fases mais avança-das.

Porém, a sua estadia em Madrid é interrompida. No início de Julho daquele ano, Picasso adoece com escarlatina e a recuperação obriga-o a retornar a Barcelona, recolhendo-se logo a seguir com Manuel Pallarés, seu amigo, para a aldeia Horta de Ebro nos Pirinéus. O recolhi-mento ajudou-o a restabelecer novos e ambiciosos projetos que levou a cabo assim que regres-sou a Barcelona. Afastara-se da academia e do lar paterno, e procurava abrir-se às inovações da arte espanhola, mantendo-se em contato com os seus representantes mais célebres. O espaço de culta da vanguarda espanhola era o café Els Quatr Gats. Ali conheceu os moder-nistas e rivalizou com a arte destes, influenciada pela Arte Nova francesa e pelas vanguar-das britâncias.

Em 1900, nas instalações do mesmo estabelecimento, abre

ao público a sua primeira exposi-ção. Entretanto, o desejo de conhe-cer Paris aumentava.

Picasso em Paris

Após iniciar como estudante de arte em Madrid, Picasso fez sua primei-ra viagem a Paris (1900), a capital artística da Europa. Lá morou com Max Jacob (jornalista e poeta), que o ajudou com a língua france-sa. Max dormia de noite e Picasso durante o dia, ele costumava tra-balhar à noite. Foi um período de extrema pobreza, frio e desespero. Muitos de seus desenhos tiveram que ser utilizados como material combustível para o aquecimento do quarto.

Picasso, Halmstad.Em 1901 com Soler, um amigo, funda uma revista Arte Joven, na cidade de Madri. O primeiro número é todo ilustrado por ele. Foi a partir desta data que Picasso passa a assinar os seus trabalhos simplesmente “Picasso”, anteriormente assinava “Pablo Ruiz y Picasso”.

Na fase azul (1901 a 1905), Picas-so pintou a solidão, a morte e o abandono. Quando se apaixonou por Fernande Olivier, suas pinturas mudaram de azul para rosa, inau-gurando a fase rosa (1905-1906). Trabalhava durante a noite até o amanhecer. Em Paris, Picasso co-nheceu um selecto grupo de amigos

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célebres nos bairros de Montmar-tre e Montparnasse: André Breton, Guillaume Apollinaire e a escritora Gertrude Stein.

Na fase rosa há abundância de tons de rosa e vermelho, caracteriza-da pela presença de acrobatas, dançarinos, arlequins, artistas de circo, o mundo do circo. No verão de 1906, durante uma estada em Andorra, sua obra entrou em uma nova fase marcada pela influência das artes gregas, ibérica e africana, era o protocubismo, o antecedente do cubismo. O célebre retrato de Gertrude Stein (1905-1906) revela um tratamento do rosto em forma de máscara.

Em 1912, Picasso realizou sua primeira colagem, colou nas telas pedaços de jornais, papéis, tecidos, embalagens de cigarros.

Apaixonou-se por Olga Koklova, uma bailarina. Casaram-se em 12 de julho de 1918. Neste período o artista já se tornara conhecido e era um artista da sociedade. Quan-do Olga engravidou, criou uma série de pinturas de mães com filhos.

Entre o começo e o fim da 2ª Guer-ra Mundial (1939-1945), dedica-se também à escultura, gravação e cerâmica. Como gravador, domina as diversas técnicas: água-forte, água-tinta, ponta-seca, litogravura e gravura sobre linóleo colorido. Além disso, sua dedicação à arte es-cultórica era esporádica. Cabeça de Búfalo, Metamorfose é um grande

exemplo de seu trabalho com esse meio. É considerado um dos pioneiros em realizar esculturas a partir de junção de diferentes materiais.

Em 1943, Picasso conhece a pintora Françoise Gilot e tem dois filhos, Claude e Paloma e encontrou um pouco de paz e pintou Alegria de Viver.

Em 1968, aos 87 anos, produziu em sete meses uma série de 347 gravuras recupe-rando os temas da juventude: o circo, as touradas, o teatro, as situações eróticas. Anos mais tarde, uma operação da prósta-ta e da vesícula, além da visão deficiente, põe fim às suas actividades. Como uma honra especial a ele, no seu 90ª aniversá-rio, são comemorados com exposição na grande galeria do Museu do Louvre. Torna-se assim o primeiro artista vivo a expor os seus trabalhos no famoso museu francês. Pablo Picasso morreu a 8 de abril de 1973 em Mougins, França com 91 anos de idade.

Diz-se que levou toda a sua vida a saber pintar como uma criança.

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Biografia cronológica

1881 - 25 de Outubro. Nasce em Málaga Pablo Ruiz Picasso, filho de Maria Picasso Lopez e José Ruiz Blasco.

1881 - 21 de Novembro. É batizado na Igreja de Santiago em Málaga, pelo padre José Fernández Quintero, celebrado o casamento de seus pais.

1888 - Influenciado pelo pai, começa a desenhar e pintar.

1893/1894 - Picasso dá início a seu trabalho artístico sob a orientação do pai.

1896 - Frequenta as aulas de desenho de La Lonja; é muito elogiado nos exa-mes de admissão à escola.

1897 - Faz parte do grupo boémio de Barcelona; a primeira exposição é reali-zada em Els Quatre Gats, a sede do grupo; a primeira crítica sobre seu traba-lho é publicada em La Vanguardia. Faz amizade com Jaime Sabartés e outros jovens artistas e intelectuais, que o introduzem no universo dos movimentos de pintura modernos (Toulouse-Lautrec, Steinlen etc). Seu quadro Ciencia y Caridad (Ciência e Caridade) recebe menção honrosa em Madrid. No outono é admitido no curso de pintura da Academia Real de San Fernando em Madrid.

1898 - Deixa a academia. Seu quadro Costumbres de Aragon (Hábitos de Aragão) recebe prémios em Madrid e Málaga.

1900 - Desenhos seus foram publicados na revista Joventut, revista de Barce-lona. Vende três rascunhos a Berthe Weill.

1901 - Funda com Soler, em Madrid, a revista Arte Joven. O primeiro número é todo ilustrado por ele. Faz exposição de trabalhos em pastel no Salon Parés (Barcelona). Críticas elogiosas são publicadas em Pel y Ploma. Expõe no espaço Vollard em Paris. Crítica positiva é publicada em La Revue Blanche. Encontra Max Jacob e Gustave Coquiot. Tem início o período azul. Passa a assinar seus trabalhos simplesmente como “Picasso”; anteriormente assinava “Pablo Ruiz y Picasso”.

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1902 - Expõe 30 trabalhos no espaço de Berthe Weill em Paris. Divide um quarto com Max Jacob no Boulevard Voltaire.

1904 - Instala-se em Paris. Final do período azul.

1905 - Compram algumas das suas pinturas. Início do período rosa. Começa a fazer esculturas e gravuras. Pinta Garçon à la pipe e Auto-retrato com capa, um dos seus quadros mais famosos.

1906 - Conhece Matisse que, juntamente com os fauves, chocara o público no Salão de Outono do ano anterior. Época de transição para esculturas.

1907 - Conhece Braque e Derain. Visita a exposição de Cézanne no Salão de Outono. Começa a fase cubista com o quadro Les Demoiselles d’Avignon.

1908 - Faz as primeiras paisagens claramente cubistas. Faz a primeira exposição na Alemanha (Galeria Thannhauser, Munique).

1910 - Florescimento do cubismo. Faz retratos de Vollard, Uhde, Kahnweiler.

1911 - Primeira exposição nos Estados Unidos (Galeria Photo-Secession, Nova York). Kahnweiler publica Saint Matorel, de Max Jacob, com ilustrações de Picasso.

1912 - Faz sua primeira exposição em Londres (Galeria Stafford, Londres). Expõe em Barcelona (Galeria Dalman). Dá início às colagens.

1913 - Morte do pai de Picasso em Barcelona. Inicia o cubismo sintético.

1915 - Faz retratos com desenhos realistas de Vollard e Max Jacob.

1917 - Vai a Roma com Cocteau para criar cenografia para o balé

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Parade, dirigido pelo grupo de Diaghilev, Os Balés Russos. Mantém contacto com o mundo do teatro. Encontra Stravinsky e Olga Koklova. Visita museus e vê arte anti-ga e do período do Renascimento. em Roma, Nápoles, Pompéia, e Florença. Passa o verão em Barcelona e Madrid. 1918 - Casa-se com Olga Koklova.

1919 - Vai a Londres e faz desenhos para Le Tricorne.

1920 - Faz cenários para Pulcinella, de Stravinsky. Surgem temas clássicos em seus trabalhos.

1921 - Nascimento de Paul ( seu 1º filho ) . Faz muitos desenhos da mãe com a criança. Faz cenário para o balé Cuadro Flamenco. Faz as duas versões de Os Três Músicos e Três Mulheres na Primavera, trabalho usando diversos estilos.

1925 - Participa da primeira exposição dos surrealistas na Galeria Pierre em Paris. Além dos trabalhos clássicos, produz suas primeiras obras que apresentam uma violência contida.

1928 - Faz uma série de pequenas pinturas com cores vivas, com formas audacio-samente simplificadas.1930 - Adquire o Castelo de Boisgeloup, e nele monta seu estúdio de esculturas.

1931 - São publicados Le Chef-D’oeuvre Inconnu de Balzac (Vollard) e as Méta-morphoses de Ovídio (Skira), ambos ilustrados com gravuras de Picasso.

1932 - Exposições retrospectivas em Paris (Galeria Georges Petit) e em Zurique (Kunsthaus). Um novo modelo, Marie-Thérèse Walter, começa a aparecer nas pintu-ras de Picasso.

1934 - Volta a pintar touradas.

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1935 - Separação definitiva de Olga Koklova. Nascimento de Maia, filha de Marie-Thérèse Walter e do pintor.

1936 - Início da Guerra Civil Espanhola. Faz exposição itinerante pela Espanha. É nomeado director do Museu do Prado.

1937 - Edita gravura Sueño y Mentira de Franco (Sonho e Mentira de Franco) com texto satírico de sua própria autoria. Depois do ataque aéreo em Guernica ( em 28 de abril ) pinta o mural para o Pavilhão da República Espanhola.

1939 - Grande exposição retrospectiva é feita em Nova York (Museum of Modern Art). Morre a mãe de Picasso em Barcelona. Depois do início da Segunda Guerra Mundial, volta a Paris.

1941 - Escreve uma peça surrealista Desejo Pego pela Cauda. Começa a série Mu-lher na Poltrona.

1941 - Pinta o famoso quadro Dora Maar au chat.

1942 - Publicação de ilustrações com gravuras em água-tinta para o livro Histoire Naturelle de Buffon. 1945 - Exposição em Londres (Victoria and Albert Museum). Volta a fazer litografias.

1946 - Dá início à série de pinturas que têm por tema a alegria de viver.

1947 - Nascimento do filho Claude. Faz litografias e começa a fazer cerâmica na fábrica Madoura.

1948 - Exposição de cerâmicas na Masion de la Pensée Française (Paris).

1949 - Nasce sua filha Paloma. Expõe trabalhos iniciados a partir do início da guerra na Maison de la Pensée Française. A Pomba de Picasso é usada em cartaz do Congres-so pela Paz de Paris e se torna símbolo universal.

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1951 - Expõe esculturas na Maison de la Pensée Française. Faz exposição retrospectiva em Tóquio. Pinta Massacre na Coréia.

1952 - Pinta Guerra e Paz em Vallauris.

1953 - Exposições retrospectivas em Lyon, Roma, Milão, São Paulo. Separa-se de Françoise Gilot.

1954 - Pinta a série Sylvette. Inicia uma série de estudos com base em As Mu-lheres de Argel, de Delacroix.

1955 - Morte de Olga Koklova, sua ex-mulher. Expõe no Musée des Arts Déco-ratifs e na Bibliotèque Nationale em Paris e na Alemanha.

1956 - Faz série de cenas de interiores de estúdios.

1957 - Exposição retrospectiva em Nova York. Faz série de estudos baseado em As Meninas, de Velázquez.

1958 - Pinta o mural do prédio da Unesco em Paris. Adquire o castelo de Vau-venargues, perto de Aix.

1959 - Expõe linóleos.

1961 - Faz estudos sobre Déjeuner sur l’herbe, de Manet. Casa-se com Jacque-line Roque.

1962 - Série sobre o tema “Rapto das Sabinas”. Recebe o Prêmio Lênin da Paz.

1963 - Série sobre o tema “O Pintor e seu Modelo”.

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1964 - Série sobre o tema “O Pintor e seu Cavalete”.

1965 - Publicação de Sable Mouvant, de Pierre Reverdy com água-tintas de Picasso.

1966 - Seus 85 anos são comemorados com três exposições simultâneas em Paris.

1967 - São feitas exposições comemorativas em Londres e nos Estados Unidos. Ele volta a temas mitológicos.

1968 - A série integra 347 gravuras, a maioria com temas eróticos. Depois da morte de seu secretário e confidente Jaime Sabartés, ele doa sua série sobre As Meninas ao museu Picasso, de Barcelona.

1969 - Pinta 140 telas que são expostas no ano seguinte no Palais des Popes em Avignon.

1970 - Doa 2.000 telas a óleo e desenhos ao Museu Picasso de Barcelona.

1971 - Seus 90 anos são comemorados com exposição na Grande Galeria do Museu do Louvre. Torna-se o primeiro artista a receber esta honraria. 1972 - Trabalha quase que somente com preto e branco em seus desenhos e gravuras.

1973 - Morre em 8 de Abril em sua vila em Mougins, França. A sua primeira expo-sição póstuma (em maio) incluiu trabalhos feitos entre 1970 e 1972 e realizou-se no Palácio dos Papas, em Avinhão.

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Posicionamento político

Apesar de expressar publicamente sua sim-patia com relação às ideias anarquistas e comunistas e, por outro lado, através da arte expressar sua raiva diante das ações de Fran-co e dos Fascistas, Picasso se recusou a pegar em armas na Primeira Guerra Mundial, na Guerra Civil Espanhola e na Segunda Guerra Mundial.

Ao chegar em Paris em 5 de Maio de 1901 Picasso morou na casa de Pierre Manach um anarquista espanhol e negociador de artes do qual era amigo. Por este motivo desde aquela época, Picasso seria investigado pela polí-cia francesa. Em algumas ocasiões o jovem Picasso teria até mesmo se auto-denominado anarquista, fato este que levantou ainda mais suspeitas das forças de ordem contra ele.

No entanto, durante a Guerra Civil Espa-nhola, Picasso que continuava vivendo na França mesmo tomando partido pelo lado dos Republicanos, teria se recusado a retornar a seu país de origem. O serviço militar para os espanhóis no estrangeiro era opcional e envolveria um retorno voluntário ao país para alistamento a um dos dois lados. Muitas especulações são feitas a respeito de sua re-cusa de tomar lugar na guerra. Na opinião de alguns de seus contemporâneos esta decisão foi tomada baseada nos ideais de pacifismo de Picasso; no entanto, para outros (incluin-do aqui Braque) essa neutralidade aparente tinha mais a ver com covardia do que com

princípios.

Ele também permaneceu à parte do movimento de independência da Catalunha durante sua ju-ventude, apesar de ter expresso seu apoio geral e ter sido amigável com os ativistas da independên-cia. A esta época filiou-se ao Partido Comunista.

Durante a Segunda Guerra Mundial, Picasso per-maneceu em Paris quando os alemães ocuparam a cidade. Os Nazistas odiavam seu estilo de pin-tura, portanto ele não pôde mostrar seu traba-lho durante aquela época. Em seu estúdio, ele continuou a pintar durante todo o tempo. Embora os alemães tivessem proibido a fundição do bron-ze, Picasso continuou a trabalhar mesmo assim, usando bronze contrabandeado pela resistência francesa.

No ano de 1947, ao fim da Segunda Guerra, Picasso conheceu Miguel García Vivancos, um anarquista veterano da Guerra Civil Espanhola e da Segunda Guerra Mundial e pintor até então desconhecido. Impressionado com Vivancos, Picas-so o acolheu em sua casa, se interessando por sua pintura e sua história. Posteriormente e, em parte pela influência de Picasso, Vivancos se tornaria um grande pintor espanhol.

Assinatura de Picasso.Ainda na década de 1940 Pi-casso voltou a se filiar ao Partido Comunista fran-cês, e até mesmo participou de uma conferência de paz na Polônia. Mas quando o Partido começou a criticá-lo por causa de um retrato considerado insuficientemente realista de Stálin, o interesse de Picasso pelo Comunismo esfriou, embora tenha permanecido como membro do Partido até sua morte.

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princípios.

Ele também permaneceu à parte do movimento de independência da Catalunha durante sua ju-ventude, apesar de ter expresso seu apoio geral e ter sido amigável com os ativistas da independên-cia. A esta época filiou-se ao Partido Comunista.

Durante a Segunda Guerra Mundial, Picasso per-maneceu em Paris quando os alemães ocuparam a cidade. Os Nazistas odiavam seu estilo de pin-tura, portanto ele não pôde mostrar seu traba-lho durante aquela época. Em seu estúdio, ele continuou a pintar durante todo o tempo. Embora os alemães tivessem proibido a fundição do bron-ze, Picasso continuou a trabalhar mesmo assim, usando bronze contrabandeado pela resistência francesa.

No ano de 1947, ao fim da Segunda Guerra, Picasso conheceu Miguel García Vivancos, um anarquista veterano da Guerra Civil Espanhola e da Segunda Guerra Mundial e pintor até então desconhecido. Impressionado com Vivancos, Picas-so o acolheu em sua casa, se interessando por sua pintura e sua história. Posteriormente e, em parte pela influência de Picasso, Vivancos se tornaria um grande pintor espanhol.

Assinatura de Picasso.Ainda na década de 1940 Pi-casso voltou a se filiar ao Partido Comunista fran-cês, e até mesmo participou de uma conferência de paz na Polônia. Mas quando o Partido começou a criticá-lo por causa de um retrato considerado insuficientemente realista de Stálin, o interesse de Picasso pelo Comunismo esfriou, embora tenha permanecido como membro do Partido até sua morte.

Guernica

Uma das obras mais conhecidas de Picas-so é o mural Guerni-ca, em exposição no Museu Nacional Cen-tro de Arte Rainha Sofia, em Madrid. Retrata, da maneira muito peculiar do artista, a cidade basca de Guernica, após bombardeio pelos aviões da Luftwaffe de Adolf Hitler. Esta grande tela encorpora para muitos a desumani-dade, brutalidade e desesperança da guerra.

Durante a Segunda Guerra Mundial, Picasso continuou vivendo em Paris durante a ocupação alemã. Tendo fama de simpatizante co-munista, era alvo de controles frequen-tes pelos alemães. Durante uma revista do seu apartamento parisiense, um ofi-cial nazista obser-vou uma fotografia do mural Guernica na parede e, apon-

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Obra e períodos

Período Rosa

O Período Rosa (1905–1907) é carac-terizado por um estilo mais alegre com as cores rosa e laranja, e nova-mente com muitos arlequins. Muitas das pinturas são influenciadas por Fernande Olivier, sua modelo e seu amor na época.

Período Africano

O Período Africano de Picasso (1907–1909) começou com duas figuras inspiradas na África em seu quadro Les Demoiselles d’Avignon. Ideias deste período levaram ao posterior Cubismo.

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Cubismo analítico É um estilo de pintura (1909–1912) que Picasso desenvolveu com Braque usando cores marrons monocromáticas. Eles pe-garam objetos e os analisaram em suas formas. A pinturas de Picasso e Braque eram muito semelhantes nesse período.

Cubismo sintético É um desenvolvimento posterior (1912–1919) do Cubismo no qual fragmentos de papel (papel de parede ou jornais) eram colados em composições, marca-do o primeiro uso da colagem nas artes plásticas.

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Classicismo e surrealismo

No período seguinte ao caos da pri-meira guerra mundial Picasso produ-ziu obras em um estilo neoclássico. Este “retorno à ordem” é evidente no trabalho de vários artistas europeus na década de 20, incluindo Derain, Giorgio de Chirico, e os artistas do New Objec-tivity Movement. As pinturas e textos de Picasso deste período frequente-mente citam o trabalho de Ingres.

Durante os anos 30, o minotauro substi-tuiu o arlequim como motivação que ele usou em seu trabalho. Seu uso do minotauro veio parcialmente de seu contato com os surrealistas, que nor-malmente o usavam como símbolo, e aparece em Guernica de Picasso.

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Possivelmente o trabalho mais importante de Picasso é sua visão do bombardeamento alemão em Guernica, Espanha — Guernica. Esta pintura representa para muitos a brutalidade e desesperança da guerra. Guernica estava em exposição no museu de arte moderna de Nova York por vários anos. Em 1981 Guernica voltou para a Espanha e foi exibida no Casón del Buen Retiro. Em 1992 a pintura ficou em exposição no museu de Reina Sofia em Madri quando ele abriu.

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Da

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o ilógico e o absurdo

Oposição a qualquer tipo de equilíbrio, combinação de pessimismo irônico e ingenuidade radical - ceticismo absoluto e improvisação.

Entretanto, apesar da aparente falta de sentido, o movimento protestava contra a loucura da guerra. Assim, sua principal estratégia era mesmo denunciar e escandalizar.

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tando para a imagem, pergun-tou: Foi você quem fez isso? Não, vocês o fizeram.

Dadaísmo

O movimento Dadá (Dada) ou Dadaísmo foi uma vanguarda moderna iniciada em Zurique, em 1916, no chamado Cabaret Voltaire, por um grupo de escritores e artistas plásticos, dois deles desertores do serviço militar alemão e que era liderado por Tristan Tzara, Hugo Ball e Hans Arp.

Embora a palavra dada em francês signifique cavalo de brinquedo, sua utilização marca o non-sense ou falta de sentido que pode ter a linguagem (como na língua de um bebê). Para reforçar esta ideia foi criado o mito de que o nome foi escolhido aleatoriamente, abrindo-se uma página de um dicionário e inserindo-se um estilete sobre ela. Isso foi feito para simbolizar o caráter anti-racional do movimento, claramente contrário à Primeira Guerra Mundial. Em poucos anos, o movimento alcançou, além de Zurique, as cidades de Barcelona, Berlim, Colônia, Hanôver, Nova York e Paris.

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Principais características

O movimento não envolveu uma estética específica, mas talvez as formas principais da expressão dadá tenham sido o poema aleatório e o ready made. Sua tendência extravagan-te e baseada no acaso serviu de base para o surgimento de inúme-ros outros movimentos artísticos do século XX, entre eles o Surrealis-mo, a Arte Conceitual, a Pop Art e o Expressio-nismo Abstrato.

Sua proposta é que a arte

ficasse solta das amar-ras racionalistas e fosse apenas o resul-tado do automatismo psíquico, selecio-nando e combinando elementos por acaso. Sendo a negação total da cultura, o Dadaís-mo defende o absur-do, a incoerência, a desordem, o caos. Politicamente , firma-se como um protesto contra uma civilização que não conseguiria evitar a guerra.

Ready-Made signifi-ca confeccionado, pronto. Expressão criada em 1913 pelo artista francês Marcel Duchamp para desig-nar qualquer objeto manufaturado de con-sumo popular, tratado como objeto de arte por opção do artista.

O fim do Dada como atividade de grupo ocorreu por volta de 1921.

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Principais características

O movimento não envolveu uma estética específica, mas talvez as formas principais da expressão dadá tenham sido o poema aleatório e o ready made. Sua tendência extravagan-te e baseada no acaso serviu de base para o surgimento de inúme-ros outros movimentos artísticos do século XX, entre eles o Surrealis-mo, a Arte Conceitual, a Pop Art e o Expressio-nismo Abstrato.

Sua proposta é que a arte

ficasse solta das amar-ras racionalistas e fosse apenas o resul-tado do automatismo psíquico, selecio-nando e combinando elementos por acaso. Sendo a negação total da cultura, o Dadaís-mo defende o absur-do, a incoerência, a desordem, o caos. Politicamente , firma-se como um protesto contra uma civilização que não conseguiria evitar a guerra.

Ready-Made signifi-ca confeccionado, pronto. Expressão criada em 1913 pelo artista francês Marcel Duchamp para desig-nar qualquer objeto manufaturado de con-sumo popular, tratado como objeto de arte por opção do artista.

O fim do Dada como atividade de grupo ocorreu por volta de 1921.

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Modelo Dadaista

“Eu redijo um manifesto e não quero nada, eu digo portanto certas coisas e sou por princípios contra

manifestos .Eu redijo este manifesto para mostrar que é possível fazer as ações opostas simultaneamente, numa única fresca respiração; sou contra a ação pela contínua contradição, pela afirmação também, eu não sou nem para nem contra e não explico por que odeio o bom-senso.” Tristan Tzara

Como você pode notar pelo trecho acima, o impacto causado pelo Dadaísmo justifica-se plenamente pela atmosfera de confusão e desafio à lógica por ele desencadeado. Tzara opta por expressar de modo inconfundível suas opiniões acerca da arte oficial, e também das próprias vanguardas(“sou por princípio contra o manifestos, como sou também contra princí-pios”). Dada vem para abolir de vez a lógica, a organização, a postura racional, trazendo para arte um caráter de espontaneísmo e gratuida-de total. A falta de sentido, aliás presente no nome escolhido para a vanguarda. Segundo o próprio Tzara:

“Dada não significa nada: Sabe-se pelos jor-nais que os negros Krou denominam a cauda da vaca santa: Dada. Um cavalo de madeira, a ama-de-leite, dupla afirmação em russo e em romeno: Dada. Sábios jornalistas viram nela uma arte para os bebês, outros jesus chaman-do criancinhas do dia, o retorno a primitivismo seco e barulhento, barulhento e monótono. Não se constrói a sensibilidade sobre uma

palavra; toda a construção conver-ge para a perfeição que aborrece, a idéia estagnante de um pântano dourado, relativo ao produto huma-no.Tristan Tzara

O principal problema de todas as manifestações artísticas estava, se-gundo os dadaístas, em almejar algo que era impossível: explicar o ser humano. Na esteira de todas as ou-tras afirmações retumbantes, Tzara decreta: “A obra de arte não deve ser a beleza em si mesma, porque a beleza está morta”.

No seu esforço para expressar a ne-gação de todos os valores estéticos e artísticos correntes, os dadaístas usaram, com freqüência, métodos deliberadamente incompreensí-veis. Nas pinturas e esculturas, por exemplo, tinham por hábito apro-veitar pedaços de materiais encon-trados pelas ruas ou objetos que haviam sido jogados fora.

Foi na literatura, porém que a ilogicidade e o espontaneísmo alcançaram sua expressão máxima. No último manifesto que divulgou, Tzara disse que o grande segredo da poesia é que “o pensamento se faz na boca”. Como uma afirmação desse tipo é evidentemente incom-preensível, ele procurou orientar melhor os seus seguidores dando uma receita para dadaismo:

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palavra; toda a construção conver-ge para a perfeição que aborrece, a idéia estagnante de um pântano dourado, relativo ao produto huma-no.Tristan Tzara

O principal problema de todas as manifestações artísticas estava, se-gundo os dadaístas, em almejar algo que era impossível: explicar o ser humano. Na esteira de todas as ou-tras afirmações retumbantes, Tzara decreta: “A obra de arte não deve ser a beleza em si mesma, porque a beleza está morta”.

No seu esforço para expressar a ne-gação de todos os valores estéticos e artísticos correntes, os dadaístas usaram, com freqüência, métodos deliberadamente incompreensí-veis. Nas pinturas e esculturas, por exemplo, tinham por hábito apro-veitar pedaços de materiais encon-trados pelas ruas ou objetos que haviam sido jogados fora.

Foi na literatura, porém que a ilogicidade e o espontaneísmo alcançaram sua expressão máxima. No último manifesto que divulgou, Tzara disse que o grande segredo da poesia é que “o pensamento se faz na boca”. Como uma afirmação desse tipo é evidentemente incom-preensível, ele procurou orientar melhor os seus seguidores dando uma receita para dadaismo:

“Pegue um jornal.

Pegue a tesoura.

Escolha no jornal um artigo do tamanho que você deseja dar a seu poema.

Recorte o artigo.

Recorte em seguida com atenção algumas palavras que formam esse artigo e meta-as num saco.

Agite suavemente.

Tire em seguida cada pedaço um após o outro.

Copie conscienciosamente na ordem em que elas são tiradas do saco.

O poema se parecerá com você.

E ei-lo um escritor infinitamente original e de uma sensibilidade graciosa, ainda que incompreendido. ”

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Embora muitas das propostas dadaístas pareçam infantis aos

nossos olhos modernos, precisamos levar em consideração o momento em que surgiram. Não é difícil aceitar que, para uma Europa caótica e em guerra, insistir na falta de lógica e na gratuidade dos acontecimentos deixa de ser um absurdo e passa a funcionar como um interessante espelho crítico de uma realidade incômoda.

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Representantes do início do movimento :

André Breton Philippe Soupault Tristan Tzara Marcel Duchamp Hans Arp Julius Evola Francis Picabia Max Ernst Man Ray Kurt Schwitters Raoul Hausmann Guillaume Apollinaire Hugo Ball Theo van Doesburg Johannes Baader Arthur Cravan Jean Crotti George Grosz Emmy Hennings Richard Huelsenbeck Marcel Janco Clement Pansaers Hans Richter Sophie Täuber Beatrice Wood Hannah Hoch

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De Stijl

A revista “De Stijl” foi uma publicação iniciada em 1917 por

Theo van Doesburg e alguns colegas que viriam a compor o movimento artístico conhecido por Neoplasticismo, movimento estético que teve profunda influência sobre o design e artes plásticas.

Devido à influência dos textos da revista, que muitas vezes assumiam um aspecto de manifesto, o próprio movimento neoplástico (e mais tarde, o Elementarismo) é confundido com o nome da revista. Também costuma-se chamar o seu grupo criador pelo título da publicação.

Entre seus colaboradores estavam, além de Doesburg, o pintor Piet Mon-drian, o designer de produto Gerrit Rietvield, entre outros.

Um dos mais idealistas movimentos artísticos do século XX, o Stijl (ou Neoplasticismo, nome dado por Piet Mondrian à sua filosofia artística) foi um dos grandes marcos da arte moderna, o “mais puro dos movimentos abstratos”. O movimento, de

A rrancando a pintura do campo da representação e

abraçando o abstracionismo total, objetivando a síntese das formas de arte, o Stijl caracterizou-se pelo fervor quase religioso de seus partidários, que acreditavam existir leis que regem a expressão artística e que viam em sua arte um modelo para relações harmoniosas julgadas possíveis para indivíduos e sociedade.

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A rrancando a pintura do campo da representação e

abraçando o abstracionismo total, objetivando a síntese das formas de arte, o Stijl caracterizou-se pelo fervor quase religioso de seus partidários, que acreditavam existir leis que regem a expressão artística e que viam em sua arte um modelo para relações harmoniosas julgadas possíveis para indivíduos e sociedade.

De Stijl (“O estilo”, em neerlandês) começou oficialmente nos Países Baixos em 1917, quan-do Mondrian, Van Doesburg e o arquiteto Bart van der Leck lançaram a revista que deu nome ao movimento. Tendo Van Doesburg como editor, a revista, de tiragens pequenas mas importantes, foi o eixo de coesão dos artistas, apresentando idéias e teorias sobre a nova concepção artística apresentada.

O auge do movimento foi entre 1921 e 1925, quando Theo Van Doesburg, propagandista brilhante com devoção ardente ao movimento, convidou artistas de toda parte para participar do Stijl, e, paralelamente, fez diversas confe-rências pela Europa para divulgar sua “cruza-da”. Suas palestras e performances serviram para intensificar a tendência idealista entre os mestres da famosa escola alemã de desenho industrial, a Bauhaus, onde Van Doesburg che-gou a lecionar, internacionalizando, de fato, o movimento.

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No campo da pintura, Mondrian permanece na panteão dos grandes pintores do século XX, influenciando múltiplas gerações e correntes abstratas contem-porâneas. Ao romper com a arte figurativa e renegá-la, promo-vendo o salto subseqüente de uma concepção estética cujas origens podem ser traçadas na pintura cubista, o holandês amplifi-cou a vitalidade da pintura abstrata e ajudou-a a ser vista com seriedade e admiração. Como afirma H.B Chipp, “suas idéias profun-das e sua presença quase santa tiveram grande influência no crescimento de outros movimentos abstratos”.

Suas composições únicas, imediata-mente reconhecí-veis, entraram, em certa medida, no imaginário popular e foram apropria-das pela indús-tria cultural (um fenômeno interes-sante é a profusão de livros, não necessariamente relacionados à arte, cujas capas imitam as famosas composições de Mondrian). Dessa forma, com tal apelo visual extremamente

Após sua saída do Stijl, Mon-drian participou (e influen-ciou) o grupo francês Abs-tract-Création, fundado em Paris, 1931, por Naum Gabo (1890-1977) e Antoine Pevsner (1884-1962). Nos anos sub-seqüentes, Mondrian mudou--se para Nova Iorque, onde influenciou muitos artistas americanos e, sob a influência do jazz, pintou quadros famo-sos como Broadway Boogie--Woogie.

Em 1928, a revista “De Stijl” finalmente parou de circular, após alguns anos de publica-ção intermitente, fazendo com que muitos estudiosos apontassem-no como o ano final do Neoplasticismo. Todavia, devido à militân-cia persistente de Theo Van Doesburg, alguns especialistas afirmam que a dissolução só ocorreu em 1931, ano da mor-te do pintor.

Conseqüências e influência do StijlAo injetar sólido embasa-mento teórico em suas obras – pinturas, construções, esculturas, entre outros – os Neoplasticistas radicalizaram e renovaram a arte moderna. Os ecos do modo neoplástico de encarar a arte são sentidos até os dias de hoje em inúme-ras áreas.

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peculiar, podemos compreender porque Piet Mondrian tornou-se um ícone muito maior do que seus companheiros no Stijl – ícone esse tão grande e impactante que superou até mesmo a fama do próprio movimento.

Na arquitetura e desenho indus-trial, a influência do Stijl talvez tenha ido mais longe ainda. Com

o intercâmbio entre o movimento e a Bauhaus, o ideal neoplástico tornou-se imensamente popular, com produção e consumo em escala industrial de infindáveis

peças diretamente inspiradas pelas propostas do grupo holandês, que adquiriram um caráter ‘moderno’, voltado para o futuro. Até hoje, obras como a Poltrona de Rietveld são imediatamente associadas a uma atitude voltada para o futuro, sendo comum ver até mesmo em filmes de ficção científica cenários recheados de elementos neoplás-ticos como forma de realçar o aspecto ‘futurista’ do ambiente.

O legado do Stijl se faz presente até em áreas insuspeitas e improváveis como a música pop – em 2000, o duo ame-ricano de blues-rock White Stripes lançou um álbum denomina-do De Stijl, cuja capa é composta por uma foto dos integrantes em um ambiente di-retamente inspirado pelo movimento ho-landês – blocos lisos vermelhos e brancos e hastes pretas.

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“Entre nanquins e gauches, xilogravuras, litos e pincela-das fortes, fui imediatamente

arrebatado para dentro das angústias e incertezas que aquelas imagens passavam, e assim pude instantanea-mente compreender, intuitivamente, o significado de que só é possível ser verdadeiro dando um passo à frente, mesmo que a direção seja desconhe-cida.”

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Marina Cram.1967. Nanquim e guache papel

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Expressionismo

O expressionismo foi um movimento cultural de vanguarda surgido na

Alemanha nos primórdios do século XX, que estavam mais interessados na interiorização da criação artística do que em sua exteriorização, projetando na obra de arte uma reflexão individual e subjetiva. Ou seja, a obra de arte é reflexo direto do mundo interior do artista expressionista.

O expressionismo plasmou-se num grande nú-mero de campos: artes plásticas, literatura, música, cinema, teatro, dança, fotografia, etc. A sua primeira manifestação foi no terre-no da pintura, ao mesmo tempo que o fauvis-mo francês, fato que tornaria ambos movi-mentos artísticos nos primeiros expoentes das chamadas “vanguardas históricas”. Mais que um estilo com características próprias comuns foi um movimento heterogêneo, uma atitude e uma forma de entender a arte que aglutinou diversos artistas de tendências va-riadas e diferente formação e nível intelectu-al. Surgido como reação ao impressionismo, frente ao naturalismo e o caráter positivista deste movimento de finais do século XIX os expressionistas defendiam uma arte mais pessoal e intuitiva, onde predominasse a visão interior do artista a “expressão”frente à plasmação da realidade “impressão”

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O expressionismo acostuma ser entendido como a deformação da realidade para ex-pressar mais subjetivamente a natureza e o ser humano, dando primazia à expressão dos sentimentos mais que à descrição objetiva da realidade. Entendido desta forma, o expres-sionismo é extrapolável a qualquer época e espaço geográfico. Assim, com frequência qualificou-se de expressionista a obra de diversos autores como Matthias Grünewald, Pieter Brueghel, o Velho, El Greco ou Fran-cisco de Goya. Alguns historiadores, para o distinguir, escrevem “expressionismo” –em minúsculas como termo genérico e “Expres-sionismo” em maiúsculas para o movimento alemão.

“ O Expressionismo distingue-se do Realismo por não estar interessado na idealização da realidade, mas em sua apreensão pelo sujeito. Guarda, porém, com o movimento realista, semelhanças, como uma certa visão anti-Romantismo do mundo.”

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O expressionismo não foi um movi-mento homogêneo, mas de uma gran-de diversidade estilística: houve um expressionismo modernista (Munch), fauvista (Rouault), cubista e futuris-ta (Die Brücke), surrealista (Klee), abstrato (Kandinsky), etc. Embora o seu maior centro de difusão fosse na Alemanha, também foi percebido em outros artistas europeus (Modigliani, Chagall, Soutine, Permeke) e ame-ricanos (Orozco, Rivera, Siqueiros, Portinari). Na Alemanha organizou-se nomeadamente em torno de dois gru-pos: Die Brücke (fundado em 1905), e Der Blaue Reiter (fundado em 1911), embora houvesse artistas não adscritos a nenhum grupo. Depois da Primeira Guerra Mundial apareceu a chamada Nova Objetividade que, se bem que surgiu como recusa do indi-vidualismo expressionista defenden-do um caráter mais social da arte, a sua distorção formal e o seu colorido intenso tornam-nos herdeiros diretos da primeira geração expressionista.

Em uma acepção mais ampla, a palavra “expressionismo” se refere a qualquer manifestação subjetiva e psicológica da criação humana.

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Definição

A transição do século XIX ao XX comportou numerosos câmbios políticos, sociais e culturais.

Por um lado, o auge político e econômico da burguesia, que viveu nas últimas décadas do século XIX (a Belle Époque) um momento de grande esplendor, refletido no modernismo, movimento artístico posto ao serviço do luxo e da ostentação despregados pela nova classe dirigente. Contudo, os processos revolucionários acontecidos desde a Revolução Francesa (o último, em 1871, aquando a fracassada Comuna de Paris) e o temor a que se repetissem levaram as classes políticas a fazer uma série de concessões, como as reformas laborais, os seguros sociais e o ensinamento básico obrigatório. Assim, a descida do analfabetismo comportou um aumento dos mídia e uma maior difusão dos fenômenos culturais, que adquiriram maior alcance e maior rapidez de difusão, surgindo a “cultura de massas”.

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Por outro lado, os avanços téc-nicos, no terreno da arte especial-mente a aparição da fotografia e o cinema, levaram o artista a expor a função do seu trabalho, que já não consis-tia em imitar a realidade, pois as novas técnicas tornavam-no mais objetivamente, fácil e reproduzí-vel. Igualmente, as novas teorias científicas leva-ram os artistas a questionar a objetividade do mundo que percebemos: a teoria da relativi-dade de Einstein, a psicanálise de Freud e a sub-jetividade do tempo de Bergson provocaram que o artista se afastas-se cada vez mais da realidade. Assim, a procura de novas lingua-gens artísticas e novas formas de expressão com-portou a aparição dos movimentos de vanguarda,

que implicaram uma nova relação do artista com o espectador: os artistas vanguardis-tas visavam integrar a arte com a vida, com a sociedade, fazer da sua obra uma expressão do inconsciente cole-tivo da sociedade que representava. À vez, a interação com o espectador provoca que este se envolva na percep-ção e compreensão da obra, bem como na sua difusão e mercantilização, fator que levará a um maior auge das galerias de arte e dos museus.

O expressionis-mo faz parte das chamadas “vanguar-das históricas”, ou seja, as acontecidas desde os primórdios do século XX, no ambiente prévio à Primeira Guerra Mundial, até o final da Segunda Guerra Mundial (1945). Esta denominação inclui, além disso, o fauvismo, o cubis-mo, o futurismo,

o construtivismo, o neoplasticismo, o dadaísmo, o surrealismo, etc. A vanguarda é intimamente ligada ao conceito de mo-dernidade, carac-terizado pelo fim do determinismo e da supremacia da religião, substituí-dos pela razão e a ciência, o objeti-vismo e o individu-alismo, a confiança na tecnologia e o progresso, nas próprias capacida-des do ser humano. Assim, os artistas visam pôr-se à frente do progresso social, expressar mediante a sua obra a evolução do ser humano con-temporâneo.

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o construtivismo, o neoplasticismo, o dadaísmo, o surrealismo, etc. A vanguarda é intimamente ligada ao conceito de mo-dernidade, carac-terizado pelo fim do determinismo e da supremacia da religião, substituí-dos pela razão e a ciência, o objeti-vismo e o individu-alismo, a confiança na tecnologia e o progresso, nas próprias capacida-des do ser humano. Assim, os artistas visam pôr-se à frente do progresso social, expressar mediante a sua obra a evolução do ser humano con-temporâneo.

O Nascimento de Vênus, 1482, Sandro Botticelli

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O termo “expressio-nismo” foi utilizado pela primeira vez pelo pintor francês Julien-Auguste Her-vé, que usou a palavra

“expressionisme” para de-signar uma série de quadros apresentados no Salão dos Independentes de Paris em 1901, em contraste com o impressionismo. O termo alemão “expressionismus” foi adaptado diretamente do francês –pois a expressão em alemão é ausdruck–, sendo empregada pela primeira vez no catálogo da XXII Exposição da Secessão de Berlim em 1911, que in-cluía tanto obras de artistas alemães quanto de france-ses. Na literatura foi apli-cado pela primeira vez em 1911 pelo crítico Kurt Hiller. Posteriormente, o termo “expressionismo” foi difun-dido pelo escritor Herwarth Walden, editor da revista Der Sturm (A tormenta), que se tornou no principal centro difusor do expressio-nismo alemão. Walden apli-cou inicialmente o termo a todas as vanguardas surgi-das entre 1910 e 1920. Por outro lado, a aplicação do termo expressionismo ligado exclusivamente à arte ale-mã da vanguarda foi ideia de Paul Fechter no seu livro Der Expressionismus (1914),

que seguindo as teorias de Worringer relacionou as no-vas manifestações artísticas como uma expressão da alma coletiva alemã.

O expressionismo surgiu como reação ao impres-sionismo: bem como os impressionistas plasmavam na tela uma “impressão” do mundo circundante, um simples reflexo dos sen-tidos, os expressionistas visavam a refletir o seu mundo interior, uma “ex-pressão” dos seus próprios sentimentos. Assim, os expressionistas emprega-ram a linha e a cor tempe-ramental e emotivamente, com forte conteúdo simbó-lico. Esta reação frente ao impressionismo implicou uma forte ruptura com a arte elaborada pela gera-ção precedente, tornando o expressionismo num sinônimo da arte moderna durante os primeiros anos do século XX. O expressio-nismo implicou um novo conceito da arte, entendida como uma forma de captar a existência, de transluzir em imagens o substrato que subjace sob a reali-dade aparente, de refletir o imutável e eterno do ser humano e a natureza. Assim, o expressionismo foi

o ponto de partida de um processo de transmutação da realidade que cristalizou no expressionismo abstrato e o informalismo. Os expres-sionistas utilizavam a arte como uma forma de refletir os seus sentimentos, o seu estado anímico, propenso pelo general à melancolia, à evocação, a um decadentis-mo de corte neorromântico. Assim, a arte era uma ex-periência catárquica, onde se purificavam os desafogos espirituais, a angústia vital do artista.

Na gênese do expressionis-mo, um fator fundamental foi a recusa do positivismo, do progresso cientificista, da crença nas possibilidades ilimitadas do ser humano baseadas na ciência e a técnica. Por outro lado, começou um novo clima de pessimismo, de cepticismo, de descontente, de críti-ca, de perda de valores. Vislumbrava-se uma crise no desenvolvimento huma-no, que efetivamente foi confirmada com o estouro da Primeira Guerra Mundial. Também cabe destacar-se na Alemanha a recusa do regime imperialista de Gui-lherme II por parte de uma minoria intelectual, afogada pelo militarismo pangerma-

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o ponto de partida de um processo de transmutação da realidade que cristalizou no expressionismo abstrato e o informalismo. Os expres-sionistas utilizavam a arte como uma forma de refletir os seus sentimentos, o seu estado anímico, propenso pelo general à melancolia, à evocação, a um decadentis-mo de corte neorromântico. Assim, a arte era uma ex-periência catárquica, onde se purificavam os desafogos espirituais, a angústia vital do artista.

Na gênese do expressionis-mo, um fator fundamental foi a recusa do positivismo, do progresso cientificista, da crença nas possibilidades ilimitadas do ser humano baseadas na ciência e a técnica. Por outro lado, começou um novo clima de pessimismo, de cepticismo, de descontente, de críti-ca, de perda de valores. Vislumbrava-se uma crise no desenvolvimento huma-no, que efetivamente foi confirmada com o estouro da Primeira Guerra Mundial. Também cabe destacar-se na Alemanha a recusa do regime imperialista de Gui-lherme II por parte de uma minoria intelectual, afogada pelo militarismo pangerma-

nista do cáiser. Estes fatores propiciaram um caldo de cul-tura no que o expressionismo se foi gestando progressiva-mente, com umas primeiras manifestações no terreno da literatura: Frank Wedekind denunciou nas suas obras a moral burguesa, frente à qual opunha a liberdade pas-sional dos instintos; Georg Trakl evadiu-se da realidade refugiando-se num mundo espiritual criado pelo artista; Heinrich Mann foi quem mais diretamente denunciou a sociedade guilhermina.

A aparição do expressionismo num país como a Alemanha não foi um fato aleatório, mas é explicado pelo profun-do estudo da arte durante o século XIX pelos filósofos, artistas e teóricos alemães, do romantismo e as múltiplas contribuições para o campo da estética de personagens como Wagner e Nietzsche, para a estética cultural e para a obra de autores como Konrad Fiedler (“Para julgar obras de arte visual”, 1876), Theodor Lipps (“Estética”, 1903-1906) e Wilhelm Wor-ringer

(“Abstração e empatia”, 1908). Esta corrente teórica deixou uma profunda marca nos artistas alemães de finais

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do século XIX e princípios do XX, centrada sobretudo na necessidade de se expressar do artista (a “innerer Drang” ou necessidade interior, prin-cípio que assumiu posterior-mente Kandinsky), bem como a constatação de uma ruptu-ra entre o artista e o mundo exterior, o ambiente que o envolve, fato que o torna num ser introvertido e alie-nado da sociedade. Também influiu a mudança acontecida no ambiente cultural da épo-ca, que se afastou do gosto clássico greco-romano para admirar a arte popular, primi-tiva e exótica –sobretudo da África, Oceania e Extremo Oriente–, bem como a arte medieval e a obra de artistas como Grünewald, Brueghel e El Greco.

Na Alemanha, o expressio-nismo foi mais um conceito teórico, uma proposta ideo-lógica, do que um programa artístico coletivo, se bem que se aprecia um selo estilístico comum a todos os seus mem-bros. Frente ao academicis-mo imperante nos centros artísticos oficiais, os expres-sionistas agruparam-se em torno de diversos centros de difusão da nova arte, espe-cialmente em cidades como Berlim, Colônia, Munique,

Hannover e Dresde. Assim mesmo, o seu trabalho difusor através de publica-ções, galerias e exposições ajudaram a estender o novo estilo por toda Ale-manha e, mais tarde, toda Europa. Foi um movimento heterogêneo que, à parte da diversidade das suas manifestações, realizadas em diversas linguagens e meios artísticos, apresen-tou numerosas diferenças e até mesmo contradições no seu seio, com grande divergência estilística e temática entre os diver-sos grupos que surgiram ao longo do tempo, e até mesmo entre os próprios artistas que os integra-vam. Até mesmo os limites cronológicos e geográficos desta corrente são im-precisos: se bem que a primeira geração expres-sionista (Die Brücke, Der Blaue Reiter) foi a mais emblemática, a Nova Ob-jetividade e a exportação do movimento a outros países implicou a sua continuidade no tempo ao menos até a Segunda Guerra Mundial; geogra-ficamente, se bem que o centro neurálgico deste estilo se situou na Alema-nha, pronto se estendeu por outros países europeus e inclusive do continente americano.

Depois da Primeira Guerra Mundial o expressionismo passou na Alemanha da pintura ao cinema e ao teatro, que utilizavam o estilo expressionis-ta nos seus decorados, mas de jeito puramente estético, desprovido do seu significado original, da subje-tividade e do pungimento próprios dos pintores expressionistas, que se tornaram paradoxalmente em artistas malditos. Com o advento do nazismo, o expressionismo foi con-siderado como “arte degenerada” (Entartete Kunst), relacionando-o com o comunismo e tachando-o de imoral e subversivo, ao tempo que consideraram que a sua fealdade e inferioridade artística eram um signo da decadência da arte moder-na (o decadentismo, pela sua vez, fora um movimento artístico que teve certo desenvolvimento). Em 1937 uma exposição foi organizada no Hofgarten de Munique com o título precisamente de Arte dege-nerada, visando injuriá-lo e mostrar ao público a baixa qualidade da arte produzida na República de Weimar. Para tal fim foram confiscadas umas 16.500 obras de diversos museus, não apenas de artistas alemães, mas de estrangeiros como Gauguin, Van Gogh, Munch, Matisse, Picasso, Bra-que, Chagall, etc. A maioria dessas obras foram vendidas posteriormen-te a galeristas e marchantes, sobre-tudo num grande leilão celebrado em Lucerna em 1939, embora umas 5.000 dessas obras foram diretamen-te destruídas em março de 1939, supondo um notável prejuízo para a arte alemã.

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Depois da Primeira Guerra Mundial o expressionismo passou na Alemanha da pintura ao cinema e ao teatro, que utilizavam o estilo expressionis-ta nos seus decorados, mas de jeito puramente estético, desprovido do seu significado original, da subje-tividade e do pungimento próprios dos pintores expressionistas, que se tornaram paradoxalmente em artistas malditos. Com o advento do nazismo, o expressionismo foi con-siderado como “arte degenerada” (Entartete Kunst), relacionando-o com o comunismo e tachando-o de imoral e subversivo, ao tempo que consideraram que a sua fealdade e inferioridade artística eram um signo da decadência da arte moder-na (o decadentismo, pela sua vez, fora um movimento artístico que teve certo desenvolvimento). Em 1937 uma exposição foi organizada no Hofgarten de Munique com o título precisamente de Arte dege-nerada, visando injuriá-lo e mostrar ao público a baixa qualidade da arte produzida na República de Weimar. Para tal fim foram confiscadas umas 16.500 obras de diversos museus, não apenas de artistas alemães, mas de estrangeiros como Gauguin, Van Gogh, Munch, Matisse, Picasso, Bra-que, Chagall, etc. A maioria dessas obras foram vendidas posteriormen-te a galeristas e marchantes, sobre-tudo num grande leilão celebrado em Lucerna em 1939, embora umas 5.000 dessas obras foram diretamen-te destruídas em março de 1939, supondo um notável prejuízo para a arte alemã.

George Grosz Título: “Metrópole”

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Após a Segunda Guerra Mundial o ex-pressionismo desapareceu como estilo, se bem que exercesse uma poderosa influência em muitas correntes artísticas da segunda metade de século, como o expressionismo abstrato norte-americano (Jackson Pollock, Mark Rothko, Willem de Kooning), o informa-lismo (Jean Fautrier, Jean Dubuffet), o grupo CoBrA (Karel Appel, Asger Jorn, Corneille, Pierre Alechinsky) e o neoexpressionismo alemão –diretamente herdeiro dos artistas de Die Brücke e Der Blaue Reiter, o qual é patente no seu nome–, e artistas individuais como Francis Bacon, Antonio Saura, Bernard Buffet, Nicolas de Staël, Horst Antes, etc.

Origens e influências

Embora por expressionismo fosse conhecido nomeadamente o movimento artístico desenvolvido na Alemanha em princípios do século XX, muitos historiadores e críticos da arte também empregam este termo mais genericamente para descrever o estilo de grande variedade de artistas ao longo de toda a História. Entendida como a deformação da realidade para buscar uma expressão mais emocional e subjetiva da natureza e do ser humano, o expressionismo é pois extrapolável a qualquer época e espaço geográfico. Assim, com frequência qualificou-se de expressionista a obra de diversos autores como Hieronymus Bosch, Matthias Grünewald, Quentin Matsys, Pieter Brueghel, o Velho, El Greco, Francisco de Goya, Honoré Daumier, etc.

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As raízes do expressionismo encontram--se em estilos como o simbolismo e o pós--impressionismo, bem como nos Nabis e em artistas como Paul Cézanne, Paul Gauguin e Vincent Van Gogh. Assim mesmo, têm pon-tos de contato com o neoimpressionismo e o fauvismo pela sua experimentação com a cor. Os expressionistas receberam numero-sas influências: em primeiro lugar a da arte medieval, especialmente a gótica alemã. De signo religioso e caráter transcendente, a arte medieval punha ênfase na expressão, não nas formas: as figuras tinham pouca cor-poreidade, perdendo interesse pela realida-de, as proporções, a perspectiva. Por outro lado, acentuava a expressão, sobretudo na olhada: as personagens eram simbolizas mais que representadas. Assim, os expressionistas inspiraram-se nos principais artistas do gótico alemão, desenvolvido através de duas escolas fundamentais: o estilo internacional (finais do século XIV-primeira metade do XV), repre-sentado por Conrad Soest e Stefan Lochner; e o estilo flamengo (segunda metade do século XV), desenvolvido por Konrad Witz, Martin Schongauer e Hans Holbein, o Velho. Também se inspiraram na escultura gótica alemã, que salientou pela sua grande expressividade, com nomes como Veit Stoss e Tilman Rie-menschneider. Outro ponto de referência foi Matthias Grünewald, pintor tardo-medieval que, embora conhecesse as inovações do Renascimento, seguiu numa linha pessoal, caracterizada pela intensidade emocional, uma expressiva distorção formal e um inten-so colorido incandescente, como na sua obra mestra, o Retábulo de Isenheim.

Outro dos referentes da arte expressionis-ta foi a arte primitiva, especialmente a da África e Oceania, difundida desde finais do século XIX pelos museus etnográficos. As vanguardas artísticas encontraram na arte

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primitiva uma maior liberdade de expressão, originalidade, novas formas e materiais, uma nova concepção do volume e da cor, bem como uma maior transcendência do objeto, pois nestas culturas não eram simples obras de arte, mas tinham uma finalidade religiosa, mágica, totêmica, votiva, suntuária, etc. São objetos que expressam uma comunicação di-reta com a natureza e com as forças espiritu-ais, com cultos e rituais, sem nenhum de tipo de mediação ou interpretação.

Mas a maior inspiração veio do pós-impressionismo, especialmente da obra de três artistas: Paul Cézanne, que começou um processo de desfragmentação da realidade em formas geométricas que terminou no cubismo, reduzindo as formas a cilindros, cones e esferas, e dissolvendo o volume a partir dos pontos mais essenciais da composição. Colocava a cor por camadas, imbricando umas cores com outras, sem necessidade de linhas, trabalhando com manchas. Não utilizava a perspectiva, mas a superposição de tons cálidos e frios davam sensação de profundeza. Em segundo lugar Paul Gauguin, que contribuiu uma nova concepção entre o plano pictórico e a profundeza do quadro, através de cores planas e arbitrárias, que têm um valor simbólico e decorativo, com cenas de difícil classificação, situadas entre a realidade e um mundo onírico e mágico. A sua estadia em Tahiti provocou que a sua obra derivasse em um certo primitivismo, com influência da arte da Oceania, refletindo o mundo interior do artista em vez de imitar a realidade. Finalmente, Vincent Van Gogh elaborava a sua obra segundo critérios de exaltação anímica, caracterizando-se pela falta de perspectiva, a instabilidade dos objetos e cores, roçando a arbitrariedade, sem imitar a realidade, mas provêm do interior do artista. Devido à sua frágil saúde mental, as suas obras são reflexo do seu estado de ânimo, depressivo e torturado, refletindo-se em obras de pinceladas sinuosas e cores violentas.

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Cabe sublinhar a influência de dois artistas que os ex-pressionistas consideraram como precedentes imediatos: o norueguês Edvard Munch, influenciado nos seus come-ços pelo impressionismo e o simbolismo, pronto deri-vou para um estilo pessoal que seria fiel reflexo do seu interior obsessivo e tortura-do, com cenas de ambiente opressivo e enigmático –cen-tradas no sexo, a doença e a morte–, caracterizadas pela sinuosidade da composição e um colorido forte e arbitrá-rio. As imagens angustiosas e desesperadas de Munch –como em O Grito (1893), paradigma da solidão e da incomunica-ção– foram um dos principais pontos de arranque do expres-sionismo. Igual de influente foi a obra do belga James Ensor, que recolheu a grande tradição artística do seu país –em especial Brueghel–, com preferência por temas popu-lares, traduzindo-o em cenas enigmáticas e irreverentes, de caráter absurdo e burlesco, com um senso do humor ácido e corrosivo, centrado em figu-ras de vagabundos, borrachos, esqueletos, máscaras e cenas de carnaval. Assim, “A en-trada de Cristo em Bruxelas” (1888) representa a Paixão de Jesus no meio de um desfile de carnaval, obra que causou um grande escândalo no seu momento.

As caveiras de Paul Cézanne

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Arquitetura

A arquitetura expressionista desenvolveu-se nomeadamente na Ale-manha, Países Baixos, Áustria, Checos-lováquia e Dinamarca. Caracterizou-se pelo uso de novos materiais, suscitado ocasionalmente pelo uso de formas biomórficas ou pela ampliação de pos-sibilidades oferecida pela fabricação massiva de materiais de construção como o tijolo, o aço ou o vidro. Muitos arquitetos expressionistas combate-ram na Primeira Guerra Mundial, e a sua experiência, combinada com os câmbios políticos e sociais produto da Revolução alemã de 1918, terminaram em perspectivas utópicas e um progra-ma socialista romântico. A arquitetura expressionista recebeu a influência do modernismo, sobretudo da obra de arquitetos como Henry van de Velde, Joseph Maria Olbrich e Antoni Gaudí. De caráter fortemente experimental e utópico, as realizações dos expres-sionistas destacam-se pela sua monu-mentalidade, o emprego do tijolo e da composição subjetiva, que outorga às suas obras certo ar de excentricidade.

Um contribuinte teórico à arquitetura expressionista foi o ensaio Arquitetura de cristal (1914) de Paul Scheerbart, onde ataca o funcionalismo pela sua falta de artisticidade e defende a subs-tituição do tijolo pelo cristal. Assim, por exemplo, o Pavilhão de Cristal da Exposição de Colônia de 1914, de Bruno Taut, autor que também plasmou o seu ideário por escrito (Arquitetura alpi-na, 1919). A arquitetura expressionista

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desenvolveu-se em diversos grupos, como a Deutscher Werkbund, Arbeitsrat für Kunst, Der Ring e Neus Bauen, vinculado este último à Nova Objetividade; também cabe destacar--se a Escola de Amsterdam. Os principais arquitetos expressionistas foram: Bruno Taut, Walter Gropius, Erich Mendelsohn, Hans Po-elzig, Hermann Finsterlim, Fritz Höger, Hans Scharoun e Rudolf Steiner.

Erich Mendelsohn .Berliner-Tageblatt, Berlim, Alemanha. 1921

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Deutscher Werkbund

A Deutscher Werkbund (Fe-deração alemã do trabalho) foi o primeiro movimento arquitetônico relaciona-do ao expressionismo na Alemanha. Fundada em Munique a 9 de outubro de 1907 por Hermann Muthe-sius, Friedrich Naumann e Karl Schmidt, incorporou posteriormente figuras como Walter Gropius, Bruno Taut, Hans Poelzig, Peter Behrens, Theodor Fischer, Josef Hoffmann, Wilhelm Kreis, Adelbert Niemeyer e Richard Riemerschmidt. Herdeira do Jugendstil e da Sezession vienesa, e inspi-rada no movimento Arts & Crafts, o seu objetivo era a integração de arquitetura, indústria e artesanato atra-vés do trabalho profissio-nal, a educação e a publici-dade, bem como introduzir o desenho arquitetônico na modernidade e conferir-lhe um caráter industrial. As principais características do movimento foram o uso de novos materiais como o vidro e o aço, a importân-cia do desenho industrial e o funcionalismo decorativo.

A Deutscher Werkbund organizou diversas confe-rências publicadas poste-riormente em forma de anuários, como A arte na indústria e no comércio (1913) e O transporte (1914). Assim mesmo, em 1914 celebraram uma exposição em Colônia que obteve um grande sucesso e difusão internacional, destacando-se o pavilhão de vidro e aço desenhado por Bruno Taut. O sucesso da exposição provocou um grande auge do movi-mento, que passou de ter 491 membros em 1908 a 3000 em 1929.Durante a Primeira Guerra Mundial esteve prestes a desapare-cer, mas ressurgiu em 1919 após uma convenção em Stuttgart, onde Hans Po-elzig foi eleito presidente –substituído em 1921 por Riemerschmidt–. Durante esses anos decorreram várias controvérsias sobre se devia primar o desenho industrial ou o artístico, produzindo-se diversas dissensões no grupo.

Nos anos 1920 o movimento derivou do expressionismo e do artesanato ao funcio-nalismo e à indústria, incorporando novos membros como Ludwig Mies van der Rohe. Uma nova revista foi editada, Die Form (1922-1934), que difundiu as novas ideias do grupo, centradas no aspecto social da ar-quitetura e no desenvolvimento urbanístico. Em 1927 celebraram uma nova exposição em Stuttgart, construindo uma grande colônia de moradias, a Weissenhofsiedlung, com dese-nho de Mies van der Rohe e edifícios construí-dos por Gropius, Behrens, Poelzig, Taut, etc., junto a arquitetos de fora da Alemanha como Jacobus Johannes Pieter Oude, Le Corbusier e Victor Bourgeois. Esta amostra foi um dos pontos de partida do novo estilo arquite-tônico que começava a surgir, conhecido como estilo internacional ou racionalismo. A Deutscher Werkbund dissolveu-se em 1934 devido nomeadamente à crise econômica e ao nazismo. O seu espírito influiu enorme-mente na Bauhaus, e inspirou a fundação de organismos parecidos em outros países, como Suíça, Áustria, Suécia e Grã-Bretanha.

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Nos anos 1920 o movimento derivou do expressionismo e do artesanato ao funcio-nalismo e à indústria, incorporando novos membros como Ludwig Mies van der Rohe. Uma nova revista foi editada, Die Form (1922-1934), que difundiu as novas ideias do grupo, centradas no aspecto social da ar-quitetura e no desenvolvimento urbanístico. Em 1927 celebraram uma nova exposição em Stuttgart, construindo uma grande colônia de moradias, a Weissenhofsiedlung, com dese-nho de Mies van der Rohe e edifícios construí-dos por Gropius, Behrens, Poelzig, Taut, etc., junto a arquitetos de fora da Alemanha como Jacobus Johannes Pieter Oude, Le Corbusier e Victor Bourgeois. Esta amostra foi um dos pontos de partida do novo estilo arquite-tônico que começava a surgir, conhecido como estilo internacional ou racionalismo. A Deutscher Werkbund dissolveu-se em 1934 devido nomeadamente à crise econômica e ao nazismo. O seu espírito influiu enorme-mente na Bauhaus, e inspirou a fundação de organismos parecidos em outros países, como Suíça, Áustria, Suécia e Grã-Bretanha.

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Escola de Amsterdam

Paralelamente à Deutscher Werkbund alemã, entre 1915 e 1930 uma notável escola ar-quitetônica de caráter expressionista de-senvolveu-se em Amsterdam (Países Baixos). Influenciados pelo modernismo (nomeada-mente Henry van de Velde e Antoni Gaudi) e por Hendrik Petrus Berlage, inspiraram-se nas formas naturais, com edifícios de desenho imaginativo onde predomina o uso do tijolo e do concreto. Os seus principais membros foram Michel de Klerk, Piet Kramer e Johan van der Mey, que trabalharam conjuntamen-te múltiplas vezes, contribuindo em grande maneira ao desenvolvimento urbanístico de Amsterdam, com um estilo orgânico inspi-rado na arquitetura tradicional holandesa, destacando-se as superfícies onduladas. As suas principais obras foram o Scheepvaarthuis (Van der Mei , 1911-1916) e o Eigen Haard Estate (De Klerk, 1913-1920).

Arbeitsrat für Kunst

O Arbeitsrat für Kunst (Conselho de traba-lhadores da arte) foi fundado em 1918 em Berlim pelo arquiteto Bruno Taut e o crítico Adolf Behne. Surgido após o fim da Primeira Guerra Mundial, o seu objetivo era a cria-ção de um grupo de artistas que pudesse influir no novo governo alemão, com vistas à regeneração da arquitetura nacional, com um claro componente utópico. As suas obras

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Escola de Amsterdam

Paralelamente à Deutscher Werkbund alemã, entre 1915 e 1930 uma notável escola ar-quitetônica de caráter expressionista de-senvolveu-se em Amsterdam (Países Baixos). Influenciados pelo modernismo (nomeada-mente Henry van de Velde e Antoni Gaudi) e por Hendrik Petrus Berlage, inspiraram-se nas formas naturais, com edifícios de desenho imaginativo onde predomina o uso do tijolo e do concreto. Os seus principais membros foram Michel de Klerk, Piet Kramer e Johan van der Mey, que trabalharam conjuntamen-te múltiplas vezes, contribuindo em grande maneira ao desenvolvimento urbanístico de Amsterdam, com um estilo orgânico inspi-rado na arquitetura tradicional holandesa, destacando-se as superfícies onduladas. As suas principais obras foram o Scheepvaarthuis (Van der Mei , 1911-1916) e o Eigen Haard Estate (De Klerk, 1913-1920).

Arbeitsrat für Kunst

O Arbeitsrat für Kunst (Conselho de traba-lhadores da arte) foi fundado em 1918 em Berlim pelo arquiteto Bruno Taut e o crítico Adolf Behne. Surgido após o fim da Primeira Guerra Mundial, o seu objetivo era a cria-ção de um grupo de artistas que pudesse influir no novo governo alemão, com vistas à regeneração da arquitetura nacional, com um claro componente utópico. As suas obras

destacam-se pelo uso do vidro e do aço, bem como pelas formas imaginativas e carregadas de um intenso misticismo. De seguida cap-taram membros provenientes da Deutscher Werkbund, como Walter Gropius, Erich Men-delsohn, Otto Bartning e Ludwig Hilbersei-mer, e contaram com a colaboração de outros artistas, como os pintores Lyonel Feininger, Erich Heckel, Karl Schmidt-Rottluff, Emil Nolde e Max Pechstein, e os escultores Georg Kolbe, Rudolf Belling e Gerhard Marcks. Esta variedade é explicada porque as aspirações do grupo eram mais políticas que artísticas, visando a influir nas decisões do novo gover-no em torno à arte e à arquitetura. Contudo, após os acontecimentos de janeiro de 1919 relacionados à Liga Espartaquista, o grupo re-nunciou aos seus fins políticos, dedicando-se a organizar exposições. Taut demitiu como presidente, sendo substituído por Gropius, embora finalmente se dissolvessem a 30 de maio de 1921.

Der Ring

O grupo Der Ring (O círculo) foi fundado em Berlim em 1923 por Bruno Taut, Ludwig Mies van der Rohe, Peter Behrens, Erich Mendel-sohn, Otto Bartning, Hugo Häring e vários arquitetos mais, aos que se acrescentaram Walter Gropius, Ludwig Hilberseimer, Hans Scharoun, Ernst May, Hans e Wassili Luckhar-dt, Adolf Meyer, Martin Wagner, etc. O seu objetivo era, assim como nos movimentos precedentes, renovar a arquitetura da sua época, pondo especial ênfase nos aspectos sociais e urbanísticos, bem como no estudo de novos materiais e técnicas de constru-ção. Entre 1926 e 1930 desenvolveram um notável trabalho de construção de moradias

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sociais em Berlim, com casas que se desta-cam pelo aproveitamento da luz natural e a sua situação em zonas verdes, destacando-se a Hufeisensiedlung (Colônia da Ferradura, 1925-1930), de Taut e Wagner. Der Ring desa-pareceu em 1933 após o advento do nazismo.

Neues Bauen

Neues Bauen (Novo edifício) foi o nome que se deu em arquitetura à Nova Objetividade, reação directa aos excessos estilísticos da arquitetura expressionista e o câmbio no estado de ânimo nacional, no que predo-minava o componente social sobre o indi-vidual. Arquitetos como Bruno Taut, Erich Mendelsohn e Hans Poelzig voltaram-se para o enfoque simples, funcional e prático da Nova Objetividade. A Neues Bauen floreceu no breve período entre a adoção do plano Dawes e o auge do nazismo, abrangendo ex-posições públicas como o Weissenhof Estate, o amplo planejamento urbano e projetos de promoções públicas de Taut e Ernst May, e os influentes experimentos da Bauhaus.

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Pintura

A pintura desenvolveu-se nomeadamente em torno de dois grupos artísticos: Die Brücke, fundado em Dresde em 1905, e Der Blaue Reiter, fundado em Munique em 1911. No pós-guerra, o movimento Nova Objetividade surgiu como contrapeso ao individualismo expressionista defendendo uma atitude mais comprometida socialmente, embora técnica e formalmente fosse um movimento herdei-ro do expressionismo. Os elementos mais característicos das obras de arte expressio-nistas são a cor, o dinamismo e o sentimento. O fundamental para os pintores de princípios de século não era refletir o mundo de ma-neira realista e fiel –justo ao contrário dos impressionistas– mas, sobretudo, expressar o seu mundo interior. O objetivo primordial dos expressionistas era transmitir as suas emo-ções e sentimentos mais profundos.

Na Alemanha, o primeiro expressionismo foi herdeiro do idealismo pós-romântico de Arnold Böcklin e Hans von Marées, incidin-do nomeadamente no significado da obra, e dando maior relevância o desenha frente à pincelada, bem como à composição e à estrutura do quadro. Assim mesmo, foi pri-mordial a influência de artistas estrangeiros como Munch, Gauguin, Cézanne e Van Gogh, plasmada em diversas exposições organizadas em Berlim (1903), Munique (1904) e Dresde (1905).

O expressionismo destacou-se pela gran-de quantidade de agrupamentos artísticos que surgiram no seu seio, bem como pelas múltiplas exposições celebradas em todo o

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território alemão entre 1910 e 1920: em 1911 a Nova Secessão foi fundada em Berlim, cisão da Secessão berlinesa fundada em 1898 e que presidia Max Liebermann. O seu primei-ro presidente foi Max Pechstein, e incluía a Emil Nolde e Christian Rohlfs. Mais tarde, em 1913, surgiu a Livre Secessão, movimento efêmero que foi eclipsado pelo Herbstsalon (salão de Outono) de 1913, promovido por Herwarth Walden, onde junto aos principais expressionistas alemães expuseram diversos artistas cubistas e futuristas, destacando-se Chagall, Léger, Delaunai, Mondrian, Archi-penko, Hans Arp, Max Ernst, etc. Contudo, em que pese à sua qualidade artística, a exposição foi um insucesso econômico, pelo qual a iniciativa não foi repetida.

O expressionismo teve uma notável presença, além de em Berlim, Munique e Dresde, na região da Renânia, donde procediam Macke, Campendonk e Morgner, bem como outros ar-tistas como Heinrich Nauen, Franz Henseler, Paul Adolf Seehaus, etc. Em 1902, o filán-tropo Karl Ernst Osthaus criou o Folkwang (Sala do povo) de Hagen, com o objetivo de promover a arte moderna, adquirindo numerosas obras de artistas expressionistas bem como de Gauguin, Van Gogh, Cézanne, Matisse, Munch, etc. Assim mesmo, em Düs-seldorf um grupo de novos artistas fundaram a Sonderbund Westdeutscher Kunstfreunde und Künstler (Liga especial de afeicionados à arte e artistas da Alemanha ocidental), que celebrou diversas exposições de 1909 a 1911, mudando-se em 1912 para Colônia, onde, a pesar do sucesso desta última exposição, a liga foi dissolvida.

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Nova Objetividade

O grupo Neu Sachlichkeit (Nova Objetividade) surgiu após a Primeira Guerra Mundial como um movimento de reação frente ao expres-sionismo, retornando à figuração realista e à plasmação objetiva da

realidade circundante, com uma marcada componente social e reivindicativa. Desenvolvido entre 1918 e 1933, desapareceu com o advento do nazismo. O ambiente de pessimismo que trouxe o pós-guerra propiciou o abandono por parte de alguns artistas do expressionismo mais espiritual e subjetivo, de procura de novas linguagens artísticas, por uma arte mais comprometida, mais realista e objeti- va, dura, direta, útil para o desenvolvi- mento da sociedade, uma arte revo- lucionária na sua temática, se bem que não na forma. Os artistas separa- ram-se da abstração, refletindo sobre a arte figurativa e recusando toda atividade que não atendesse aos pro- blemas da diligente realidade do pós- -guerra.

Frente à intros- peção psicológica do expressionismo, o individualismo de Die Brücke ou o espiritualismo de Der Blaue Reiter, a Nova Objetividade propôs o retorno ao realismo e à plas-mação objetiva do mundo circundante, com uma temática mais social e com-prometida politi- camente. Contudo, não renunciaram aos sucessos técnicos e estéticos da arte de vanguarda, como o colorido fauvista e expressionista, a “visão simultânea” futurista ou a aplicação da fotomontagem à pintura e à gravura do verismo. A recuperação da figuração foi uma consequência comum no espaço no final da guerra: para além da Nova Objetividade, surgiu na França o purismo e na Itália a pintura metafísica, precursora do surrealismo. Mas na Nova Objetividade este realismo é mais comprometido que em outros países, com obras de denúncia social que visam desmascarar a sociedade burguesa do seu tempo, denunciar o estamen-to político e militar que os levou ao desastre da guerra. A “Nova Objetividade” surgiu coma recusa do Novembergruppe, cuja falta de compromisso social rejeitavam. Assim, em 1921, um grupo de artistas dadaís-tas –entre os quais se encontravam George Grosz, Otto Dix, Rudolf Schlichter, Hanna Höch, etc.– apresentaram-se como “Oposição ao Grupo de Novembro”, redigindo uma Carta aberta a este. O termo “Nova Objetividade” foi ideado pelo crítico.

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Impressionismo foi um movimento artístico que surgiu na pintura européia do século XIX. O nome do movimento é derivado da obra Impressão, nascer do sol (1872), de Claude Monet.

Os autores impressionistas não mais se preo-cupavam com os preceitos do Realismo ou da academia. A busca pelos elementos funda-mentais de cada arte levou os pintores im-pressionistas a pesquisar a produção pictórica não mais interessados em temáticas nobres ou no retrato fiel da realidade, mas em ver o quadro como obra em si mesma. A luz e o movimento utilizando pinceladas soltas tornam-se o principal elemento da pintura, sendo que geralmente as telas eram pintadas ao ar livre para que o pintor pudesse captu-rar melhor as variações de cores da natureza.

A emergente arte visual do impressionismo foi logo seguida por movimentos análogos em outros meios quais ficaram conhecidos como, música impressionista e literatura impressio-nista.

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Características

Orientações Gerais que caracterizam a pintura impressionista:

A pintura deve mostrar as tonalidades que os objetos adquirem ao refletir a luz do sol num determinado momento, pois as cores da natureza mudam constantemente, dependendo da incidência da luz do sol.

É também com isto uma pintura instantânea(captar o momento), recorrendo, inclusivamente à fotografia.

As figuras não devem ter contornos nítidos pois o desenho deixa de ser o principal meio estrutural do quadro passando a ser a mancha/cor. As sombras devem ser luminosas e coloridas, tal como é a impressão visual que nos causam. O preto jamais é usado em uma obra impressionista plena.

Os contrastes de luz e sombra devem ser obtidos de acordo com a lei das cores complementares. Assim um amarelo próximo a um violeta produz um efeito mais real do que um claro-escuro muito utilizado pelos academicistas no passado. Essa orientação viria dar mais tarde origem ao pontilhismo

As cores e tonalidades não devem ser obtidas pela mistura das tintas na paleta do pintor. Pelo contrário,devem ser puras e dissociadas no quadro em pequenas pinceladas. É o observador que, ao admirar a pintura, combina as várias cores, obtendo o resultado final. A mistura deixa, portanto, de ser técnica para se tornar óptica. Preferência pelos pintores em representar uma natureza morta do que um objeto

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“Entre os principais expoentes do Impressionismo estão Claude Monet, Edouard

Manet, Edgar Degas e Auguste Renoir. Poderemos dizer ainda que Claude Monet

foi um dos maiores artistas da pintura impressionista da época.”

Orientações Gerais que caracterizam o impressionista:

 Rompe completamente com o passado.

 Inicia pesquisas sobre a óptica / efeitos (ilusões) ópticas.

Â É contra a cultura tradicional.

 Pertence a um grupo individualizado.

 Falam de arte, sociedade, etc: não concordam com as mesmas coisas porém discordam do mesmo.

 Vão pintar para o exterior, algo bastante mais fácil com a evolução da indústria, nomeadamente, telas com mais formatos, tubos com as tintas, entre outras coisas.

 Grande influência da fotografia no impressionismo e vice-versa.

 No impressionismo, a pintura destacada foi responsável pelo movimento das formas nas artes plásticas com Luz Solar desenvolvido entre 1860 a 1980 na França.

 Relação do impressionismo com o uso da óptica

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Os efeitos ópticos descobertos pela pesquisa fotográfica, sobre a compo-sição de cores e a formação de imagens na retina do observador, influencia-ram profundamente as técnicas de pintura dos impressionistas.

Eles não mais misturavam as tintas na tela, a fim de obter diferentes co-res, mas utilisavam pinceladas de cores puras que colocadas uma ao lado da outra, são misturadas pelos olhos do observador, durante o processo de formação da imagem.

Origens

Édouard Manet não se considerava um impressionista, mas foi em torno dele que se reuniram grande parte dos artistas que viriam a ser chamados de Impressionistas. O Impressionismo possui a característica de quebrar os laços com o passado e diversas obras de Manet são inspiradas na tradição. Suas obras no entanto serviram de inspiração para os novos pintores.

O termo impressionismo surgiu devido a um dos primeiros qua-dros de Claude Monet (1840-1926) Impressão - Nascer do Sol, por causa de uma crítica feita ao quadro pelo pintor e escritor Louis Leroy “Impressão, Nascer do Sol -eu bem o sabia! Pensava eu, se estou impressionado é porque lá há uma impressão. E que liberdade, que suavidade de pincel! Um papel de parede é mais elaborado que esta cena marinha”. A expressão foi usada originalmente de forma pejorativa, mas Monet e seus colegas adotaram o título, sabendo da revolução que estavam inician-do.

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Impressionismo no Brasil

 No início do século XX, Eliseu Visconti foi sem dúvida o artista que melhor representou os postulados impressionistas no Brasil. Sobre o impressionismo de Visconti, diz Flávio de Aquino: “Visconti é, para nós, o precursor da arte dos nossos dias, o nosso mais legítimo representante de uma das mais importantes etapas da pintura contemporânea: o impressionismo. Trouxe-o da França ainda quente das discussões, vivo; transformou-o, ante o motivo brasileiro, perante a cor e a atmosfera luminosa do nosso País”.

Pincipais pintores impressionistas brasileiros: Eliseu Visconti, Almeida Junior, Timótheo da Costa, Henrique Cavaleiro e Vicente do Rego Monteiro.

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Música e literatura

 Música impressionista é o nome dado ao movimento da música clássica européia que surgiu no fim do Século XIX e continuou até o meio do Século XX. Originando-se na França, música impressionista é caracterizada por sugestão e atmosfera, e abstem os excessos emocionais da Era Romântica. Compositores impressionistas preferiam composições com formas mais curtas, tais como o nocturne, arabesque, e o prelúdio; além disto, freqüentemente exploravam escalas, como a escala hexafônica.

 A influência de impressionismo visual na sua contraparte musical é bem discutida. Claude Debussy e Maurice Ravel são considerados, em geral, os maiores compositores impressionistas. Mas, Debussy não concordou com o termo, chamando-o de invenção dos críticos.[1] Entre outros músicos impressionistas fora da França incluem-se obras de Ralph Vaughan Williams e Ottorino Respighi.

O termo Impressionismo também é usado para descrever obras de literatura, entre quais bastam acrescentar poucos detalhes para estabelecer as impressões sensoriais de um incidente ou cena. Literatura impres-sionista é bem relacionada a simbolismo, entre os seus melhores exemplares podemos encontrar: Baudelaire, Mallarmé, Rimbaud e Verlaine.

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O Surrealismo foi um movimento artístico e literário surgido primeiramente em Paris dos anos 20, inserido no contexto das vanguardas que viriam a definir o modernismo, reunindo artistas anteriormente ligados ao Dadaísmo e posteriormente expandido para outros países. Fortemente influenciado pelas teorias psicanalíticas de Sigmund Freud (1856-1939), o surrealismo enfatiza o papel do inconsciente na atividade criativa. Seus representantes mais conhecidos são Max Ernst, René Magritte e Salvador Dalí no campo das artes plásticas, André Breton na literatura e Luis Buñuel no cinema.

Visão geral

As características deste estilo: uma combinação do representativo, do abstrato, e do psicológico. Segundo os surrealistas, a arte deve se li-bertar das exigências da lógica e da razão e ir além da consciência coti-diana, expressando o inconsciente e os sonhos. O principal teórico e líder do movimento é o poeta, escritor e crítico francês André Breton (1896-1966), que em 1924 publica o primeiro Manifesto Sur-realista. No manifesto e nos textos escritos posteriores, os surrealistas rejeitam a chamada ditadura da razão e os valores burgueses como

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pátria, família, religião, trabalho e honra. Humor, sonho e a contra lógica são recursos a serem utilizados para libertar o homem da existência utilitária. Segundo a nova ordem, as idéias de bom gosto e decoro devem ser subvertidas. Neste sentido, o Surrealismo aproximava-se daquelas que eram chamadas de vanguardas positivas, como o neoplas-ticismo e a Bauhaus, chegando inclusive a dialogar com o movimento comunista. No en-tanto, pela sua proposta estética, está mais próximo das vanguardas negativas, como o supracitado dadá, de onde surgiu parcial-mente. Uma das principais idéias trabalhadas pelos surrealistas é a da escrita automática, segundo a qual o impulso criativo artístico se dá através do fluxo de consciência despeja-do sobre a obra. Ainda segundo esta idéia, a arte não é produto de gênios, mas de cida-dãos comuns.

Trajetória

A palavra surrealismo havia sido criada em 1917 pelo poeta Guillaume Apollinaire (1886-1918), ligado ao Cubismo, para identificar expressões artísticas que se esboçavam e é adotada pelos surrealistas por refletir a ideia de algo além do realismo. Em 1929, os sur-realistas publicam um segundo manifesto e editam a revista A Revolução Socialista. Entre os artistas ligados ao grupo em épocas varia-das estão os seguintes escritores franceses ,o dramaturgo Antonin Artaud (1896-1948), Paul Éluard (1895-1952), Louis Aragon (1897-1982), Jacques Prévert (1900-1977) e Benja-min Péret (1899-1959,) que viveu no Brasil. Entre os escultores encontram-se os italianos Alberto Giacometti (1901-1960), o pintor italiano Vito Campanella (1932), assim como os pintores espanhóis Salvador Dali (1904-

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1989), Juan Miró (1893-1983) e Pablo Picasso, o pintor belga René Magritte (1898-1967), o pintor alemão Max Ernst (1891-1976) e o cineasta espanhol Luis Buñuel (1900-1983). Nos anos 30, o movimento internacionaliza--se e influencia muitas outras tendências, conquistando adeptos em países da Europa e nas Américas, tendo Breton assinado um ma-nifesto com Leon Trotski na tentativa de criar um movimento internacional que lutava pela total liberdade na arte - FIARI: o Manifesto por uma Arte Revolucionária Independente. No Brasil, o surrealismo é uma das muitas influências captadas pelo modernismo.

Surrealismo na Arte

O Surrealismo destacou-se nas artes, principalmente por quadros, esculturas ou produções literárias que procuravam expressar o inconsciente dos artistas, tentando driblar as amarras do pensamento racional. Entre seus métodos de composição estão a escrita automática.

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Curiosidades

Como muitos dos primeiros participantes do Surrealismo foram originados do movimento Dadaísmo, uma separação enfática entre Surrealismo e Dadaísmo na teoria e prática pode ser difícil de ser estabelecida, apesar das declarações de Andre Breton no assunto não deixar dúvidas sobre sua própria claridade sobre as suas diferenças. No círculo acadêmico, esta linha imaginária é diferente entre diferentes historiadores. As raízes do Surrealismo nas artes visuais emprestam características do Dadaísmo e do Cubismo, assim como da abstração de Wassily Kandinsky e do Expressionismo, assim também como do Pós-Impressionismo.

Anos 30

Dalí e Magritte criaram as mais reconhecidas obras pictórias do movimento. Dalí entrou para o grupo em 1929, e participou do rápido estabelecimento do estilo visual entre 1930 e 1935. Surrealismo como movimento visual tinha encontrado um método: expor a verdade psicológica ao despir objetos ordinários de sua significância normal, a fim de criar uma imagem que ia além da organização formal ordinária. Em 1932 vários pintores Surrealistas produziram obras que foram marcos da evolução da estética do movimento: La Voix des Airs de Magritte é um exemplo deste processo, onde são vistas 3 grandes esferas representando sinos pendurados sobre uma paisagem. Outra paisagem Surrealista deste mesmo ano é Palais Promontoire de Tanguy, com suas formas líquidas. Formas como estas se tornaram a marca registrada de Dali, particularmente com sua obra A Persistência da Memória, onde relógios de bolso derretem como se fossem líquidos.

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A Segunda Guerra Mundial

A Segunda Guerra provou ser disruptiva para o Surrealis-mo. Os artistas continuaram com suas obras, incluindo Magritte. Muitos membros do movimento continua-ram a se corresponder e se encontrar. Em 1960, Magritte, Duchamp, Ernst e Man Ray encontraram-se em Paris. Apesar de Dali não se relacionar mais com Breton, ele não abandonou seus motivos dos anos 30, incluindo referências a sua obra Persistência do Tem-po em uma obra posterior. O trabalho de Magritte se tornou mais realista na sua representação de objetos reais, enquanto mantinha o elemento de justaposição, como em sua obra Valores Pessoais (1951) e Império da Luz (1954). Magritte conti-nuou a produzir obras que entraram para o vocabulá-rio artístico, como Castelo nos Pireneus, que faz uma referência a Voix de 1931, na sua suspensão sobre a paisagem. Algumas perso-nalidades do movimento Surrealista foram expulsas e vários destes artistas, como Roberto Mattam continua-ram próximo ao Surrealismo como ele mesmo se definiu.

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Bibliografia

Portais:

BBC Brasil - www.bbc.co.uk/portuguese/Wikipedia - pt.wikipedia.orgHistória da Arte - www.historiadaarte.com.br/Museus Mundiais - www.museus.art.br/

Special Thanks: Senac São Paulo Marcos Serafim De Andrade

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