Arsenio Final

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Introduo

Arsnio (do latim arsenium), um elemento qumico de smbolo As com nmero atmico 33 (33 prtons e 33 eltrons) e com massa atmica 75 u. um semimetal (metalide) encontrado no grupo 15 (VA) da Classificao Peridica dos Elementos. Como conservante da madeira numa frmula de arseniato de cobre e crmio, o uso que representa, segundo algumas estimativas, cerca de 70% do seu consumo mundial. Foi descoberto em 1250 por Alberto MagnoEste conhecido desde tempos remotos assim como alguns de seus compostos, especialmente os sulfetos. Dioscrides e Plnio conheciam suas propriedades; Celso Aureliano, Galeno e Isidoro Largus sabiam de seus efeitos irritantes, txicos, corrosivos e sua ao parasiticida, e observaram suas virtudes contra a tosse, afeces da voz e dispneia. Os mdicos rabes usaram tambm compostos de arsnio em inalao, plulas e pores, e tambm em aplicaes externas. Durante a Idade Mdia os compostos arsenicais caram no esquecimento sendo relegados aos curandeiros que os prescreviam contra algumas enfermidades. Roger Bacon e Alberto Magno se detiveram no seu estudo. O primeiro que o estudou em detalhes foi George Brandt em 1633, e Johann Schroeder o obteve em 1649 pela ao do carvo sobre o cido arsnico. A Jns Jacob Berzelius se devem as primeiras investigaes acerca da composio dos compostos de arsnio. A partir do sculo XVIII os compostos arsenicais conseguiram um posto de primeira ordem na teraputica at serem substitudos pelas sulfamidas e os antibiticos.

o 20. elemento em abundncia da crosta terrestre e encontrado na forma nativa, principalmente sob forma de sulfeto em uma grande variedade de minerais que contm ouro, cobre, chumbo, ferro ( arsenopirita ou mispickel ), nquel, cobalto e outros metais. Na fuso de minerais de ouro, cobre, chumbo e cobalto se obtm trixido de arsnio ( As2O3 ) que se volatiliza no processo e arrastado pelos gases da chamin, podendo conter mais de 30% do xido. Os gases da chamin so refinados posteriormente misturando-os a uma pequena quantidade de galena ou pirita para evitar a formao de arsenitos, e pela queima se obtm trixido de arsnio com 90 a 95% de pureza., por sublimao sucessiva pode-se obter com uma pureza de 99%. Reduzido-se o xido com carbono obtm-se o metalide (semi-metal arsnio), entretanto a maioria do arsnio comercializado como xido. Praticamente a totalidade da produo mundial de arsnio metlico chinesa, que tambm o maior produtor mundial de trixido de arsnio. Segundo dados do servio de prospeces geolgicas estado-unidenses ( U.S. Geological Survey ) as minas de cobre e chumbo contm aproximadamente 11 milhes de toneladas de arsnio, especialmente no Peru e Filipinas. O metalide tambm encontrado associado com depsitos de cobre-ouro no Chile e de ouro no Canad e diversos outros pases. As mineraes de ouro em rocha arsenopirita so a principal fonte de arsnio no mundo. Existem centenas de milhares de pequenas minas de ouro desativadas no mundo e centenas de grandes minas de ouro em operao. Dos 16 tipos de depsitos de ouro geralmente reconhecidos, apenas 6 no tm associao com arsnio. Em Bangladesh, por exemplo, a contaminao de gua por arsnio tem ameaados a sade pblica de milhes de pessoas. Inmeros casos de leses na pele j foram diagnosticados, enquanto casos de cncer e alguns outros tipos de cncer ainda esto sendo investigados e correlacionados com o alto teor de arsnio nas guas da regio. Assim de grande importncia o desenvolvimentos dos mtodos analticos eficientes, apropriados para anlises de rotina de adequados para monitorao do elemento em regies com provveis contaminaes pelo mesmo.

No Brasil, as fontes naturais de contaminao por As, identificadas at o momento, esto relacionadas s rochas que hospedam depsitos aurferos sulfetados, como as da regio do Quadriltero Ferrfero (MG), as da Fazenda Brasileiro (Teofolndia BA), as da Minas III (Crixs, GO) e as do Vale do Ribeira (SP). As fontes antropognicas j identificadas no Brasil so pontuais e esto relacionadas com atividades de minerao e refino de minrio de alguns dos depsitos aurferos acima mencionados. S o Quadriltero Ferrfero respondeu pela produo de 1.300 t de Au nos ltimos trs sculos e, considerando a razo As/Au nos minrios, estima-se que pelo menos 390.000 t de As e dever liberar mais de 1 milho de toneladas de arsnio para o ambiente em mais 30 anos de explorao a partir de 2009.Onde uma pesquisa realizada pelo engenheiro gelogo Ricardo Perobelli Borba revelou sinais de contaminao por arsnio no solo e na gua utilizada por moradores do Quadriltero Ferrfero, que abrange as cidades de Ouro Preto, Santa Brbara, Nova Lima e outras cidades histricas, em Minas Gerais. O arsnio est entre os metais mais nocivos sade humana, como o mercrio, o chumbo e o cdmio. Em concentraes elevadas (acima de 10 microgramas por litro de gua potvel, segundo a Organizao Mundial de Sade), pode provocar vrios tipos de cnceres, como o de pele, pncreas e pulmo, alm de abalos ao sistema nervoso, malformao neurolgica e abortos.

No caso do Quadriltero Ferrfero, porm, a contaminao, segundo o estudo, estaria relacionada intensa minerao de ouro, explorada nos ltimos 300 anos. "A regio j apresenta naturalmente uma alta concentrao de arsnio, mas a minerao secular contribuiu para que a situao de contaminao ambiental ficasse hoje muito grave", diz o professor Bernardino Ribeiro de Figueiredo, que orientou a tese de doutorado do pesquisador, intitulada "Arsnio em ambiente superficial: processos geoqumicos naturais e antropognicos em uma rea de minerao aurfera", defendida no Instituto de Geocincias da Unicamp.

A principal contaminao por arsnio no meio ambiente especialmente em sistema aquticos, tem vrias fontes, as quais podem ser de origem natural e antropognica. As fontes naturais de contaminao por arsnio abrangem minerais e rochas que contem As e os solos e sedimentos formados a partir dessas rochas, assim como os fenmenos geotermias e vulcnicos. As fontes antropognicas incluem atividades relacionadas preservao de madeira, utilizao do elemento na agricultura (geralmente em pesticidas), aos rejeitos provenientes da minerao, das atividades de refino dos metais no ferrosos e da queima de carvo, rico em As.

Regulamentao pela ANVISA

regulamentado pela ANVISA o valor mnimo 10 ug L-1. de As em guas potveis.Propriedades:

O arsnio apresenta-se em vrios estados alotrpicos, originados por diferentes configuraes cristalinas.

Apresenta-se em trs estados alotrpicos: cinza ou metlico, amarelo e negro.

O arsnio cinza metlico (forma ) a forma mais estvel nas condies normais e tem estrutura rombodrica; um bom condutor de calor, porm um pssimo condutor eltrico.

O arsnio amarelo (forma ) obtido quando o vapor de arsnio esfriado rapidamente. extremamente voltil e mais reativo que o arsnio metlico e apresenta fosforescncia temperatura ambiente. Tambm se denomina arsnio amarelo o mineral trissulfeto de arsnio.

Uma terceira forma alotrpica, o arsnio negro (forma ), de estrutura hexagonal , tem propriedades intermedirias entre as formas alotrpicas descritas, e se obtm da decomposio trmica da arsina ou resfriamento lento do vapor de arsnio. Todas as formas alotrpicas, exceto a cinza, no apresentam brilho metlico e apresentam uma condutibilidade eltrica muito baixa, comportando-se como metal ou no-metal em funo, basicamente, do seu estado de agregao.

Reage violentamente com o cloro e se combina, quando aquecido, com a maioria dos metais para formar o arsenieto correspondente; reage, tambm, com o enxofre. No reage com o cido clordrico em ausncia de oxignio, porm reage com o cido ntrico aquecido, estando concentrado ou diludo, e com outros oxidantes como o perxido de hidrognio, o cido perclrico e outros. insolvel em gua, porm muitos de seus compostos so solveis. um elemento qumico essencial para a vida, ainda que tanto o arsnio como seus compostos sejam extremamente venenosos.

Em sua forma mais estvel, o arsnio aproxima-se quimicamente do fsforo. Em contato o ar seco e na temperatura ordinria, no se altera; ao ar mido, oxida-se; queima a 180 C, com chama azulada, produzindo xido arsenioso (As2O3); atacado pelos cidos oxidantes; ataca os sistemas catalticos slidos, envenenando-os; seus compostos so txicos, especialmente os solveis e os volteis. Os principais sintomas de envenenamento por arsnio so nusea, vmito, diarria, dores musculares, pulso fraco e como.

Aplicaes:

No comrcio, o mais importante derivado do arsnio o xido arsenioso (As2O3), conhecido como arsnio branco, muito empregado na fabricao de inseticidas e produtos destinados exterminao de ervas daninhas e ratos. Na indstria, o arsnio tambm usado como clarificador do vidro, como mordente na impresso dos tecidos de algodo do verde-de-scheele e do verde-de-schweinfurth, pitos vivos mas txicos. O arseniato cido de potssio, obtido por aquecimento de uma mistura de anidrido arsenioso com nitrato de potssio, usado na conservao de peles. O realgar empregado na pintura de quadros e na obteno de fogos brancos. O amarelo-real das tintas a leo o trissulfleto de arsnio.Na indstria qumica empregado como agente descolorante e espessante na produo de vidros e na purificao eletroltica do ZincoAtualmente, os compostos inorgnicos no podem ser utilizados na agricultura, porem alguns compostos orgnicos tais como o cido cacodlico, o metilarsenato dissdio e o metilarsenato ainda so usados como pesticidas. No ramo da agricultura, o arsnio tambm tem aplicao como preservativo de madeira, para aumentar a sua resistncia ao apodrecimento.

empregado na indstria eletrnica para produo de diodos e compostos semicondutores.. Na medicina usados em algumas formulaes de uso mdico e veterinrio e composto de As, como o clorodietitilarsnio e a Lewisita (Cl-CH=CH-AsCl), que j foram utilizados como armas qumicas no passado.Estatstica

As duas principais fontes naturais de arsnio so a volatilizao que libera, aproximadamente, 26.000 toneladas de arsnio por ano e a atividade vulcnica, que libera para atmosfera em torno de 17.000 toneladas de Ar por ano. O elemento encontrado em centenas de minerais, dos quais 60% so arsenatos, 20% so arsenosulfetos com metais com Fe, Pb, Cu, Ag e Tl e o restante se compe de arsenitos, xidos, arsenetos e arsnio elementar. O mineral mais comum o arsenopirita (FeAsS). A crosta terrestre, rochas e sedimentos possuem nveis diferenciados de arsnio em sua composio, porm a maior parte do arsnio est associado em pirita. A produo mundial de As estimada da ordem de 0,75 a 1,0 x 10 toneladas por ano, sendo utilizado em diversos setores. Os processos de refinos de rocha, incluindo a fuso de cobre e chumbo so as maiores fontes de liberao de arsnio . Arsnio elementar usado na produo de vidro e como aditivo na fabricao de ligas no ferrosas. O gs arsina (AsH3), espcie de maior toxicidade entre todas, usado na indstria de microeletrnicos e semicondutores.ToxicologiaA toxicidade do elemento depende muito de sua forma qumica e do seu estado de oxidao. Mas rapidamente convertido a produtos txicos pelo organismo humano. A maior parte dos compostos contendo arsnio, seja eles orgnicos ou inorgnicos, penta ou trivalentes (As3 )O arsnio absorvido pelo organismo humano principalmente por inalao e ingesto. Os compostos orgnicos de arsnio so menos txicos que os inorgnicos. O arsnio inorgnico trivalente (As3+), interage fortemente com grupos sulfidrilas de molculas orgnicas e provavelmente da hemoglobina. Bem absorvidos aps ingesto ou inalao. Dose letal entre 1 a 3 mg/Kg. Dose nica potencialmente txica entre 5 a 50 mg de arsnico.Diversas enzimas so afetadas com isso, ocasionando danos em vrios sistemas celulares. Basta uma dose de 140 miligramas de arsnio inorgnico trivalente para causar a morte de um ser humano adulto por dano respirao celular, em poucas horas ou dias. O arsnio pode induzir a produo de metalotionena, uma protena que se liga a esse metal e tambm ao cdmio, mercrio e a muitos metais essenciais. Supem-se que esse um dos mecanismos de adaptao que leva a uma relativa tolerncia toxicidade do arsnio em organismos multicelulares. A tolerncia dita relativa porque o acmulo de arsnio no organismo causa doenas a mdio e longo prazo, principalmente em espcies caracterizadas por alta durao de vida e alto ndice de encefalizao, como a espcie humana. Os alimentos mais contaminados por arsnio orgnico so peixes e crustceos, apresentando-o geralmente na forma de arsenobetana. A fonte principal de poluio ambiental por arsnio inorgnico a minerao de ouro em rocha arsenopiritaEfeitos agudo e crnicoAs formas inorgnicas do arsnio, como o trixido de arsnio, so venenos clssicos para plantas, animais e para o ser humano. Em dose alta, arsnio mata imediatamente como um agente neurotxico; em doses baixas por longos perodos, mata como um agente cancergeno.Um grama de arsnio inorgnico no tem cheiro nem gosto e pode matar rapidamente at 10 pessoas. Aps um perodo de adaptao, alguns seres humanos adultos saudveis podem tolerar at 0,5 g de arsnio/dia, por algum tempo. Entretanto, a adaptao e a tolerncia no so completas nem duradouras. Elas so funes da constituio gentica, do estado fisiolgico e do estado nutricional, envolvendo fatores ambientais como, por exemplo, a disponibilidade de selnio em quantidade adequada no ambiente e na dieta.A intoxicao crnica por ingesto de sais inorgnicos de arsnio deve sempre ser considerada grave a priori, com grande risco de morte, mesmo quando os sinais e sintomas ainda so leves. Ela deve ser tratada agressivamente desde o incio, com reposio generosa de volume e uso de drogas vasoativas. A lavagem gstrica, com sonda calibrosa e grandes volumes de soro fisiolgico, est indicada nesses casos. O carvo ativado contra-indicado quando h suspeitas de corroso da mucosa do trato gastrintestinal, ou se o paciente apresenta sangramento digestivo. O contedo da lavagem gstrica pode ser utilizado para dosagem de arsnio e confirmao diagnstica. O incio precoce da teraputica quelante fator determinante na sobrevivncia desses pacientes, pois as medidas de controle do choque, da insuficincia renal aguda e das arritmias, podem ter seus efeitos comprometidos. O envenenamento crnico por arsnio causa numerosos problemas de sade no corpo humano. Os sintomas mais comuns do envenenamento por arsnio so leses de pele visveis, do tipo hiper-pigmentao (melanose ou escurecimento), hiperceratose das palmas das mos e solas dos ps (ceratose: pele rugosa, engrossada, endurecida e com protuberncias), problemas respiratrios, problemas nos olhos, doena cardiovascular, como hipertenso e doena do p preto, diabetes, neuropatia perifrica e efeitos reprodutivos adversos que incluem aborto espontneo, nascimento de prematuros e morte neonatal. Medidas de QI verbal e a memria de longo prazo tambm podem ser afetadas, e o arsnio pode suprimir a regulao hormonal e a transcrio gnica mediada por hormnio.

Figura . Grfico ilustrativo do modelo de acmulo de arsnio em uma populao cronicamente exposta a doses crescentes do metalide txico. As curvas A-D correspondem s curvas tericas de acmulo aps exposio crnica s seguintes doses crescentes de arsnio (em microgramas/dia): A, 12 ug/dia; B, 15 ug/dia; C, 20 ug/dia; D, 38 ug/dia. Observe o padro exponencial de acmulo, i.e., pequenos acrscimos na dose diria causam grandes aumentos na concentrao corporal de arsnio, e conseqentemente o deslocamento da curva de acmulo para cima. As curvas B-D no se verificariam na realidade de uma populao cronicamente exposta, porque a maioria dos pacientes morreria quando o acmulo de arsnio alcanasse a dose letal.Para um homem de 70 kg, a dose letal seria alcanada a partir da curva A (exposio crnica a 12 ug/dia, resultando em uma concentrao de arsnio de at 1 mg/kg de peso corporal), dependendo da capacidade de tolerncia individual ao arsnio. Alm da dose diria, a capacidade de tolerncia individual e a mortalidade decorrentes da exposio crnica ao arsnio so determinantes do tipo de curva de acumulao verificado na realidade. Os dados usados para construir este modelo foram obtidos da literatura citada ao final deste artigo.

Os efeitos mais fatais so gangrena, insuficincia renal e insuficincia heptica e cncer de rgos internos, particularmente cncer de bexiga e de pulmo. Como o arsnio interfere com o metabolismo de energia do corpo, os pacientes arsenicosos invariavelmente sofrem de fraqueza generalizadaA ingesto aguda de arsnio inorgnico pode levar a quadros de clicas, nuseas e diarria crnica, tambm inespecficos, que devem ser diferenciados de outras possveis etiologias. Fraqueza, emagrecimento por perda de apetite e anemia, quadros de neuropatia perifrica de predomnio sensitivo e sintomas de encefalopatia crnica podem ocorrer em trabalhadores expostos. Tambm aparecem sinais de hepatotoxicidade e alteraes dermatolgicas, como hiperqueratose palmar e plantar e leses hipercrmicas, que,Esses associados histria de exposio crnica, devem levar dosagem de arsnio na urina para confirmar o diagnstico. cimbras nos msculos da panturrilha; calor e irritao na garganta e estmago, um odor de alho no hlito e na respirao, ou um gosto metlico na boca; vmitos, aumento da freqncia das evacuaes, com fezes muito soltas; efeitos neurolgicos, incluindo irritabilidade, inquietao, dores de cabea crnicas, apatia, fraqueza, tontura, delrio, sonolncia, convulses ou coma.

Casos de tentativa de homicdio por contaminao de alimentos com sais de arsnio (o trixido de arsnio branco, inodoro e no tem gosto) podem fazer derivar o diagnstico pela presena de sinais e sintomas inespecficos sem histria conhecida, ambiental ou ocupacional, de exposio crnica ao arsnioOs efeitos mais srios do arsnio, como cncer e diabetes, requerem exposies longas e contnuas, talvez de 20 anos ou mais, para se manifestar.

Sinais de exposio de longo prazo ao arsnio incluem: (1) desenvolvimento de marcas brancas nas unhas; (2) escurecimento da pele, leses de pele, rash cutneo (manchas salientes na pele) e o aparecimento de pequenas feridas nas palmas, solas e dorso, e de manchas .

Figura 5 No arsenicismo, as unhas do paciente podem apresentar estrias transversais esbranquiadas, sugerindo sofrimento da matriz da unha pela presena do arsnio (tais estrias podem ocorrer tambm na intoxicao por tlio e por mercrio).Como no caso da radiao, todos ns somos expostos a baixos nveis de arsnio (especialmente arsnio inorgnico) porque nveis muito baixos deste elemento esto sempre presentes no solo, gua, alimentos e ar. Uma pessoa ingere em mdia cerca de 8 microgramas (8 milsimos de um grama) na comida, diariamente.

Absoro, metabolismo, eliminao e acumulaoAs vias oral e respiratria respondem por 90% da absoro de arsnio. A absoro pela pele tambm pode ocorrer. As taxas de absoro variam de 25-40% para o trato respiratrio a 80% para o trato digestivo. Essas taxas podem sofrer variaes sob influncia de fatores como a idade do indivduo e a composio mineral dos alimentos e da atmosfera.

Uma vez absorvido, o arsnio distribui-se rapidamente por todos os tecidos do corpo onde pode ser metabolizado em graus variveis, e eliminado principalmente pelos rins. Estabelecido provisoriamente como tolervel uma quantidade mxima absorvida de arsnio inorgnico de 0,002 mg/kg de peso corporal/dia. Entretanto, como o arsnio uma substncia cancergena, no se pode falar em dose segura de exposio ao arsnio.

Mesmo expostas a doses consideradas tolerveis, durante longos perodos, pessoas saudveis e especialmente pessoas com funo renal comprometida ou idosos (que geralmente manifestam algum grau de comprometimento da funo renal) acumulam arsnio em quantidades txicas.

O processo de eliminao apresenta um gradiente de concentrao, que pode ser representado por uma funo exponencial simples:

Ct = C0 * e(-bt)

Ct a concentrao num rgo ou no corpo no tempo t; C0 a concentrao num rgo ou corpo no tempo 0; b a constante de eliminao especfica do elemento e t o tempo. O tempo decorrido at que a concentrao de um elemento absorvido seja reduzida metade chamado de meia-vida do elemento. Meia-vida curta significa rpida eliminao do elemento; meia vida longa significa lenta eliminao.

Se as quantidades absorvidas em um determinado perodo forem pequenas e os intervalos entre exposies consecutivas forem longos em relao meia-vida do elemento, ento o elemento no se acumular no rgo ou no corpo. Se, ao contrrio, a dose administrada ou absorvida for alta e o intervalo entre as exposies for curto, ou se a meia-vida do elemento for longa, ento o elemento acumular no organismo.

O acmulo de arsnio acontece mesmo em pessoas saudveis, em decorrncia de exposies crnicas a doses consideradas baixas, normais ou tolerveis, sem que as pessoas apresentem sinais clnicos de intoxicao, e pode ser agravado por diversas condies fisiolgicas, patolgicas e ambientais.

Na literatura cientfica encontram-se valores de meia-vida do arsnio que variam de 2-30 horas

.A taxa de eliminao do arsnio influencia a sua meia-vida. Diversas condies fisiolgicas, patolgicas e ambientais, isoladamente ou em conjunto, podem aumentar a meia-vida de eliminao do arsnio, por exemplo: a idade e a constituio gentica, a insuficincia cardaca, a insuficincia renal e a insuficincia heptica, e a formao de compostos de arsnio e chumbo.

Cada rgo tem um valor diferente de saturao, que se reflete em padres variveis de acmulo. As maiores concentraes do elemento podem ser encontradas nos ossos, pulmo e pele.

Estudos cientficos realizados em humanos e animais comprovam que o arsnio se acumula no organismo com o passar do tempo (Figura 4). Quanto maior a durao e a intensidade da exposio ao arsnio, maiores sero os efeitos danosos sade humana a longo prazo, como cncer, doenas cardiovasculares e diabetes.

Figura 4. Grfico do acmulo de arsnio no corpo humano durante a vida. Esse grfico foi elaborado a partir das concentraes mdias obtidas por Raie (1996) em material de autpsia de pacientes de Glasgow sem sinal clnico de arsenicose, que morreram por causas externas, como acidentes. Observe que mesmo nessas condies de acumulao sub-clnica, a quantidade acumulada encontra-se acima do valor provisoriamente considerado tolervel pela WHO (i.e. = 0,002 mg/kg). O aspecto do grfico compatvel com o modelo experimental animal de Marafante e colaboradores (1982).

Precauo:Segundo a Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria (ANVISA), metodologias analticas para determinao dos parmetros qumicos devem atender s especificaes das normas nacionais que disciplinam a matria, da edio mais recentes da publicao Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater, de autoria das instituies American Public Health Association (APHA), a espectrometria da absoro atmica com gerao de hidretos (HG AAS) recomendada para determinao de As a qual se mostrando eficiente para quantificao desde elemento em guas, embora requeira procedimentos relativamente laboriosos

A tcnica de fluorescncia de raios X por energia dispersiva (EDXRF), embora no atinja limites de deteco comparveis ao alcanados pelas tcnicas de espectrometria de absoro atmica, possuem grandes vantagens como o baixo custo de anlise, geralmente requer baixo, consumo re reagentes e vidraria, gera pouco ou nenhum resduo, o que tambm torna ideal para se trabalhar em anlises de rotina. Alm disso, tambm pode ser considerada adequada para determinao de arsnio em amostras contaminadas, uma vez que essas amostras trazem o analito em concentraes geralmente acima permitida pela ANVISA, que atualmente fixa com o valor mnimo 10 ug L. de As em guas potveis. Nesse caso a tcnica de EDXRF pode ser explorada para essa finalidade, mostrando-se como mais uma alternativa para quantificao de elementos em amostras lquidas. Assim, no presente trabalho, foi desenvolvido um mtodo utilizando a tcnica em questo, para determinao de As em guas, aps simples secagem da amostra sobre uma membrana apropriada.

O mtodo foi aplicado para anlise de amostras de guas provenientes da regio do Quadriltero Ferrfero MG,A avaliao da qualidade da gua fundamental para estabelecer as suas possveis utilizaes. Para tal foi efectuada a validao do mtodo de quantificao de arsnio atravs do estudo de diversos parmetros de avaliao directa e indirecta. A poluio das guas com arsnio um problema ambiental escala global, devido no s a emisses naturais como antropognicas, o que tem obrigado a polticas ambientais restritivas de modo a reduzir os nveis de arsnio em guas. A adsoro em carvo activado constitui uma das vias mais comuns para a remoo de arsnio das guas. No entanto, devido ao elevado preo de mercado do carvo activado, o desenvolvimento e a utilizao de novos materiais de baixo custo pode ser uma alternativa econmica e eficiente.TratamentoNo existe tratamento eficiente para a intoxicao crnica por arsnio. A nica alternativa eficiente a inativao da fonte poluidora da gua, alimentos e atmosfera.

Concluses:1. Altas concentraes de arsnio livre no ambiente so claramente decorrentes de atividades humanas, como a minerao.

2. O arsnio absorvido principalmente por via oral (gua, alimentos, objetos contaminados) e respiratria (poeira, gases).

3. Arsnio veneno tanto em doses altas quanto em doses baixas. Em doses altas, a morte imediata; em doses baixas o arsnio causa cncer e outras doenas ao longo prazo. Como o arsnio uma substncia cancergena, no existe dose segura para exposio ao arsnio.

4. Mesmo em doses consideradas tolerveis e durante exposio crnica ao arsnio na gua, alimentos e atmosfera, o arsnio se acumula no organismo humano saudvel, causando ou agravando efeitos danosos sade.

5. Mesmo quando as populaes expostas cronicamente ao arsnio no apresentam nenhum sinal clnico de intoxicao, ainda assim elas esto sujeitas ao risco de desenvolver cncer relacionado ao arsnio. Por isso, elas necessitam de acompanhamento prolongado.

6. No existe tratamento eficiente para a intoxicao crnica por arsnio. As nicas alternativas eficientes so a inativao das fontes poluidoras da gua, alimentos e atmosfera, ou a preveno da ativao de novas fontes poluidoras.

Referncias:

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Raie, RM. 1996. Regional variation in As, Cu, HG, and Se and interaction between them. Ecotoxicology and Environmental Safety 35:248-252.

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