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· " ,AREA DE REFUGIO E NECESSARIA?Simone M. Mendes
[email protected]é M. WaquilPaulo A. Viana
Pesquisadores da Embrapa Milho e Sorgo
~
' rea de refúgio é necessária? Aresposta é mais do que um sim!, uma necessidade a semeadu-
ra da área de refúgio: quem plantá-Iaco-lherá os benefícios do manejo da resis-tência de insetos-praga. Quem se furtara essa prática sofrerá os prejuízos resul-tantes da quebra da resistência do milhoBt às pragas-alvo.
Mas, o que é área de refúgio? É a se-meadura de um percentual da lavoura,cultivada com milho Bt, com milho nãoBt ou "convencional", de igual porte eciclo do milho Bt. O percentual da áreada lavoura que deve ser semeado commilho não Bt varia com o tipo de even-to transgênico utilizado, por exemplo,se ele expressa uma ou mais de uma to-xina, e com a recomendação feita pe-las respectivas empresas detentoras doseventos.
Para os híbridos Bt's hoje disponí-veis no mercado brasileiro, a recomen-dação de plantio de áreas de refúgio va-ria de cinco a dez por cento do total dalavoura semeada com milho transgênico.
Manejo de resistênciade insetos
O plantio da área de refúgio faz partedas estratégias de manejo de resistênciade insetos-praga em lavouras que utili-zam a tecnologia Bt, ou seja, cultivaresresistentes às pragas.
As duas estratégias básicas para omanejo da resistência no uso do milhoBt são: expressão de alta dose da toxinaBt no híbrido transgênico e utilização daárea de refúgio. Como regido pelos prin-cípios da genética de populações, os ge-nes que não produzem vantagem adap-tativa às espécies no ambiente ocorremem baixa frequência na população.
A expansão da área cultivada com omilho Bt produz uma vantagem compa-rativa aos insetos com a característica deresistência às toxinas do Bt. Se nenhuma
~ OUTUBRO 2011 caN'l;!I'ócios
estratégia para o manejo da resistênciafor adotada, por exemplo, o uso da áreade refúgio, a seleção paulatina de tiposresistentes será fatal.
Isto acontece devido à redução dafrequência de indivíduos suscetíveis e aoaumento da frequência de insetos resis-tentes a cada geração, devido aos cru-zamentos entre os insetos resistentes.A seleção dessa nova raça pode tornara tecnologia Bt totalmente ineficiente.
Para retardar ou evitar esse efeito énecessário que se utilize uma área da la-voura do milho Bt com milho não Bt- ouseja, área de refúgio - com o objetivo deproduzir insetos suscetíveis à toxina Btpara acasalar com os eventuais indivídu-os produzidos no milho Bt, o que gera-rá indivíduos heterozigotos, suscetíveisà alta dose da toxina, reduzindo a velo-cidade de seleção de uma raça de inse-tos resistentes.
Como deve ser
A área de refúgio não deve estar amais de 800 metros de distância das plan-tas transgênicas, pois resultados recen-tes de pesquisas mostram que essa é adistância média verificada para disper-são dos adultos da lagarta-do-cartuchodo milho (LCM), Spodoptera frugiPerda,no campo.
Todas essas recomendações são nosentido de sincronizar os cruzamentosdos possíveis adultos da LCM sobrevi-ventes na área de milho Bt com os sus-cetíveis emergidos na área de refúgio. Orefúgio estruturado deve ser desenha-do de acordo com a área cultivada como milho Bt.
Para glebas com dimensões acima de800 metros, cultivadas com milho Bt, se-rão necessárias faixasde refúgio internasnas respectivas glebas, semeadas simul-
taneamente. Ainda, segundo a recomen-dação da CTNBio, na área de refúgio épermitida a utilização de outros métodosde controle, desde que não sejam utiliza-dos bioinseticidas à base de Bt.
Cuidados especiais
Mesmo no caso da praga-alvo do mi-lho Bt ser a LCM, que utiliza várias plan-tas como hospedeiros, por exemplo, osorgo, o algodão, o milheto, etc., o plan-tio da área de refúgio é essencial.
Em extensas lavouras comerciais demilho Bt, com dimensões além de 800rn, distância que a LCM migra dentro dalavoura, os insetos geralmente ficam con-finados num único hospedeiro, ou seja,são submetidos a uma monofagia funcio-nal, descartando totalmente o potencialbenefício dos hospedeiros alternativos.
Nesse caso, não existem outras plan-tas hospedeiras disponíveis aos insetosou mesmo que existam alguns desseshospedeiros nas bordas, a sincronia dociclo de desenvolvimento, que é essen-cial para garantir o acasalamento dos in-divíduos oriundos das duas diferentesáreas, fica comprometida.
Além disso, a tecnologia pode con-trolar, também, espécies-praga como alagarta-da-espiga do milho (LEM), He/i-coverpa zea, e a broca-da-cana-de-açúcar(BCA), Diatraea saccharalis, cuja gamade hospedeiros é diferente e reduzida.Portanto, a utilização da área de refúgioé essencial para garantir a manutençãoda funcionalidade e durabilidade da tec-nologia Bt.
O principal risco do não uso da áreade refúgio está na rápida seleção de bi-
ótipos ou raças das pragas-alvo resisten-tes às toxinas do Bt. Além disso, a áreade refúgio pode beneficiar a populaçãode inimigos naturais no agroecossistema,que também contribuem para o manejoda resistência, eliminando possíveis inse-tos sobreviventes no milho Bt.
Coexistência
Outra recomendação importante é oprodutor não confundir a área de refúgiocom as práticas para a coexistência exi-gida em lei. Essaexiste para preservar aliberdade de escolha de produtores vizi-nhos e dos consumidores que não quei-ram consumir transgênicos.
A norma de coexistência do milhoBt com cultivares não Bt, estabelecidano Brasil, exige para plantios comerciaisisolamentos de I00 m entre lavouras demilho Bt e não Bt, ou alternativamen-te 20 m de distância, desde que nes-sa borda sejam plantadas 10 fileiras demilho não Bt, com híbrido de igual por-te e ciclo.
Dessa forma, a área de refúgio podeser feita com o aproveitamento da áreade coexistência e é o que na prática temocorrido. O importante é que o produ-tor esteja ciente de que essasduas regrasdevem ser obedecidas e da importânciadelas, tanto para a preservação da tec-nologia Bt como para a liberdade do vi-zinho em produzir milho convencional.
Além disso, o produtor deve man-ter a prática de monitoramento constan-te nas lavouras, para adoção de medidascomplementares de controle visando oManejo Integrado, tanto das pragas-alvocomo das não alvo da tecnologia Bt. •
Estruturas da Area de Refúgio
MilhoBt 88 Milho não Bt
'- As plantas de milho não Bt da área de refúgiodevem estar no máximo a 800 m de distânciadas plantas;
· .· .'-:--800m--;
2_ Para obedecer a essa regra, o plantio pode ser
feito no perímetro da lavoura ou em faixas.dentro da área de cultivo;
· . . ,· . . .'-:--800m--; '-:--800m--;
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80081...1.
3_ Em área de pivô central. o refúgio pode ser feito
em faixas ou em parte da área.
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