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ÁREA BASAL DE ESPÉCIES NATIVAS EM UMA FLORESTA MONTANA NA SERRA DO MAR, RJ
Erika Cortines, André Luiz Pereira, Gilsonley Lopes dos Santos, Pollyanna Rodrigues de
Oliveira dos Santos, Ricardo Valcarcel Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
1. INTRODUÇÃO
A Mata Atlântica se constitui em um dos
ecossistemas mais biodiversos do planeta,
podendo abrigar 450 espécies arbóreas em um hectare de mata nos estados da Bahia e Espírito
Santo (LINO & DIAS, 2003). Seu potencial
madeireiro é elevado, mas muito menor que os
benefícios propiciados pelos seus serviços ambientais, que apesar de pouco conhecido, tem
relevância em ecossistemas mundiais com
serviços ambientais congêneres (BRUIJNZEEL, 2000; BRUIJNZEEL & HAMILTON, 2000).
Caracterizar estes ecossistemas, notadamente
nos locais onde eles apresentam expressões
funcionais máximas, potenciando suas funções como agentes que promovem a interceptação
horizontal das massas de ar úmida são um dos
primeiros passos para se alcançar o conhecimento e definir comportamento em
ambientes naturais.
O cálculo dos valores de área basal (AB) é útil para aferição de parâmetros como produção de
biomassa e densidade de espécies (CARVALHO
et al. 2005), podendo também ser utilizado para
inferir estágio sucessional (CONAMA, 1994). O objetivo deste estudo foi levantar as famílias
botânicas e espécies com maior AB de florestas
nativas em regiões de florestas de altitude em locais onde há maior circulação de massas de ar
úmidas pelos efeitos da orografia da serra do
Mar, na vertente voltada para o rio Paraíba do
Sul dentro do bioma Mata Atlântica.
2. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL
A área de estudo está localizada no município de
Nova Friburgo, RJ, no topo da serra do mar, na
bacia hidrográfica do rio Grande. A região possui grande potencial ecológico e
conservacionista e carece de estudos sobre o
desenvolvimento de espécies arbóreas nativas
para direcionamento de ações de restauração ambiental. A faixa de altitude estudada esta
entre 1050-1200 m.s.n.m. em vegetação do tipo
Floresta Ombrófila Densa Montana (VELOSO, 1991).
A precipitação anual em campo aberto é
3.000mm (SOUZA, 2009 - comunicação pessoal), dobro das médias anuais para a região.
Sob domínio florestal ela pode ser 75% superior,
pois agrega os efeitos causados pela
interceptação horizontal (BARBOZA, 2004). O
clima segundo Köppen é tropical de altitude (Cf) e subtropical (Cw).
O levantamento fitossociológico para cálculo da
área basal das espécies arbóreas foi feito em 12 linhas perpendiculares as curvas de nível,
utilizando método fitossociológico de Ponto por
Quadrante (COTTAN & CURTIS 1956), com
equidistancia de 5 metros entre pontos e 40 árvores por linha, totalizando 480 árvores
amostradas. O DAP mínimo foi ≥ 5 cm
(BROKAW & THOMPSON, 2000). Foram medidos: DAP, Altura (m), Diâmetro de Copa
(m) e distância da árvore ao ponto. As espécies
foram coletadas e herborizadas para
identificação com auxilio de literatura, consultas ao herbário (RBR) da Universidade Federal
Rural do Rio de Janeiro e ajuda de especialistas.
Para o cálculo da área basal foi utilizado a eq. (1)
ABI = (DAP)2*PI (01)
40000 Onde: ABI = Área Basal Individual (m2) DAP= Diâmetro a Altura do Peito PI= 3,14
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram encontradas 114 espécies, de 75 gêneros
e 38 famílias. As famílias mais representativas
podem ser observadas na fig.1.
Fig. 1: Famílias de maior riqueza no levantamento realizado em Nova Friburgo, RJ.
O restante das famílias apresentaram 3, 2 ou 1
espécie representadas. Apesar de Euphorbiaceae ter tido apenas 4 espécies, a família apresentou a
maior área basal total como pode se visto na
tab.1.
Tabela 1: Somatório das áreas basais de
espécies arbóreas de uma Floresta Ombrófila
Densa Montana, em Nova Friburgo- RJ.
Família ∑AB
(m2.ha
-1)
Número de
indivíduos
amostrados
∑AB
(% )
Euphorbiaceae 7,8 37 13,3
Lauraceae 7,6 52 13,0
Myrtaceae 6,8 69 11,6
Arecaceae 4,3 79 7,4
Nyctaginaceae 3,0 23 5,1
Vochysiaceae 2,0 3 3,4
Rubiaceae 1,6 32 2,7
Clethraceae 1,5 7 2,6
Outras 23,8 178 40,9
Total 58,4 480 100
Dentre estas famílias, podem se destacar as
espécies Alchornea triplinervia (Sprengel) Mueller, Nectandra grandiflora Ness., N.rigida
(Kunth.) Ness., Ocotea diospyrifolia (Meisn.)
Mez, Ocotea dispersa (Ness) Mez., O.divaricata (Ness) Mez., Ocotea indecora (Schott.) Mez.,
O.macropoda (H.B.K.), O.puberula (Rien.)
Ness., Persea pyrifolia Ness., Myrcia
formosiana, Eugenia brasiliensis Lam. E Vochysia aff. oppugnata (Vell.) Warm. Esta
última se destacou por apresentar com apenas 3
indivíduos um somatório de área basal de 2,0 m
2.ha
-1. Outra espécie que se destacou foi Vitex
montevidensis com apenas dois indivíduos e
0,41 m2.ha
-1.
O somatório das áreas basais das espécies medidas foi de 58,4 m
2.ha
-1. Este valor pode ser
considerado alto quando comparados com outros
trabalhos realizados na Mata Atlântica. O resultado mais próximo encontrado foi para
matas em estágio clímax na Ilha Grande, RJ,
com AB de 57,9 (OLIVEIRA, 2002). Na floresta ombrofila altomontana de Camanducaia, MG,
foram medidas AB de 48,12 m2.ha
-1 (FRANÇA
& STEHMANN, 2004). Também para
ambientes altomontana Carvalho et al. (2005) encontraram uma AB total de 33,27 m
2.ha
-1.
4. CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS
Os valores da área basal indicam que o
remanescente florestal encontra-se bem desenvolvido e pode ser um local importante
para avaliar os efeitos de interceptação
horizontal e uma provável zona de reforço de
umidade da bacia hidrográfica do rioParaíba do Sul.
5. BIBLIOGRAFIA
BARBOZA, R. S. Interceptação Vertical na
serra do Mar do Rio de Janeiro, Nova Friburgo-
RJ. Seropédica, Monografia (Graduação em Engenharia Florestal) UFRuralRJ. 2004. 47 p.
BROKAW, N.; THOMPSON, J. The H for
DBH. Forest Ecology and Management v.129: 89-91. 2000.
BRUIJNZEEL, L.A. 2000. Hydrology of
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CATHALAC. BRUIJNZEEL, S.;HAMILTON, L.S. 2000.
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United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization (UNESCO).
CARVALHO, D. A.; OLIVEIRA-FILHO, A. T.;
VAN DEN BERG, E. ; FONTES, M.A. L.; VILELA, E.A.; GRANATE DE SÁ, J.J.;
MARQUES,M.; CARVALHO,W.A.C.
Variações florísticas e estruturais do componente arbóreo de uma floresta ombrófila
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109. 2005. CONAMA, Resolução no 06 de 1994.
Estabelece definições e parâmetros mensuráveis
para análise de sucessão ecológica da Mata Atlântica no Rio de Janeiro.
COTTAN, G.; CURTIS, J. T. The use of
distance measures in phytosociological sampling. Ecology, New York, v. 37, n. 3, p.
451-460, 1956.
FRANÇA, G. S.; STEHMANN, J. R.
Composição florística e estrutura do componente arbóreo de uma floresta altimontana no
município de Camanducaia, Minas Gerais.
Brasil Revista Brasil. Bot., V.27, n.1, p.19-30, jan.-mar. 2004
LINO, C. F., DIAS, H. Subsídios para uma
política de gestão integrada de recursos hídricos
e florestais da Mata Atlântica. Programa Água e Florestas da Mata Atlântica, mar. 2003.
OLIVEIRA, R.R. Ação antrópica e resultantes
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(82): 33-58. 2002.
VELOSO, H.P.; RANGEL FILHO, A.L.R.; LIMA, J.C.A. Classificação da vegetação
brasileira, adaptada a um sistema universal.
1991. 123 p., il.
AGRADECIMENTOS A CAPES pela bolsa de Doutorado da primeira
autora entre 2008-2009.