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Caracterização química e toxicidade da água intersticial de lagoas no Litoral Norte do Rio Grande do Sul
PROBIC-FAPERGS Paula Mulazzani Candiago¹, Elias Zientarski Michalski², Rosane Maria Lanzer³
Universidade de Caxias do Sul, Centro de Ciências Biológicas e da Saúda, Laboratório de Toxicologia e Limnologia – LTOLI
1- [email protected]; 2- [email protected]; 3- [email protected]
O sedimento possui um papel fundamental nos processosecossistêmicos das lagoas. Entretanto, a influência da atividade humana causa um aumentona variabilidade e na concentração de substâncias presentes em lagos, fazendo com que adeposição de compostos tóxicos no sedimento se intensifique (Fig.1)(SOLIMAN; NASR; OKBAH,2015).
INTRODUÇÃO
A cidade de Osório possui cordões de lagoas interligadas por canaisartificiais. Essas lagoas são locais de lazer aos moradores e visitantes. Ensaios de toxicidadeauxiliam na previsão do risco da presença de substâncias nocivas à saúde. Desta forma, avaliara qualidade do sedimento por meio de medidas químicas e bioensaios é importante naprevisão do risco que a liberação de substâncias depositadas neste compartimento podetrazer ao corpo d’água e aos seus usuários.
O objetivo do trabalho foi avaliar a toxicidade crônica da águaintersticial com o organismo-teste Caenorhabditis elegans.
O sedimento superficial da Lagoado Marcelino (receptora deesgotos), do Peixoto e daPinguela (Fig.2) foi coletado coma draga Birge-Eckman ecentrifugado a 8ºC em11.000rpm, durante 20min paraa extração da água intersticial(Fig. 3 e 4).
O ensaio de toxicidade crônica foi realizado seguindo a norma ISO/DIS 10872 (2010) (Fig.5). Atoxicidade foi avaliada pela inibição do crescimento e da reprodução do organismo em quatrodiluições. As diferenças nos endpoints em relação ao controle foram verificadas por meio doteste ANOVA (α ≤0,05) com o programa IBM Statistics SPSS 21. ;
As concentrações dos metais Alumínio, Bário, Cobalto, Cromo, Chumbo, Ferro, Manganês,Mercúrio e Zinco e de fosfato (PO4), nitrogênio nitrato (N-NO3) e nitrogênio amoniacal (N-NH4) foi avaliada.
Fig.5. Esquema do teste de toxicidade crônica com o organismo-teste Caenorhabditis elegans.
METODOLOGIA
3
2
33 4
Fig.2. Lagoas selecionadas para análise toxicológica nomunicípio de Osório, RS.Fig.3. Coleta do sedimento com a draga Birge-Eckman.Fig.4. Centrífuga utilizada para extração da águaintersticial.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
A verificação da toxicidade evidencia o risco à saúde dos usuários destes ecossistemas. Osresultados obtidos demonstram a necessidade de verificar a qualidade do sedimento, visto quea má qualidade do mesmo pode afetar a coluna d’água e grupos ecologicamente importantesque dependem da porção superficial desse ecossistema (CASTRO-CATALÀ et al, 2015).
As elevadas concentrações de metais, nutrientes e amônia na água intersticial evidenciam apotencialidade do sedimento como fonte de substâncias tóxicas para o corpo de água.
Validação do controle ≥30
neonatos
Início do Teste
6 replicatas
96 horas de incubação
Rosa de Bengala a 80ºC por 10 min
10 jovens (J1) por célula
C. elegans(adulto)
Incubação de 96 horas
Cascata de filtros para separação
dos J1
Vermes J1
Diluições de 50%, 25%, 12,5% e 6,25%
Amostra + Alimento (o,5 ml)
E.coli OP50
Medição do crescimento dos adultos e contagem
total da Prole
Fim do teste – Cálculo da taxa de inibição e avaliação estatística
+
Na água intersticial foram detectados os metais Al, Ba, Fe, Hg e Mn (Fig.9) e PO4 , N-NO3 e N-NH4 (Fig.10).
Constatou-se efeito na reprodução e nocrescimento dos organismos expostos à águaintersticial da lagoa da Pinguela e a diferençaestatística só não foi comprovada sobre areprodução na maior diluição (Fig.8).
Fig.9. Concentração dos metais Al, Ba, Fe, Mn e Hg na água intersticial das lagoas do Marcelino, do Peixoto e da Pinguela.
Fig.10. Concentração de PO4, N-NO3 e N-NH4 na água intersticial das lagoas do Marcelino, do Peixoto e da Pinguela.
A exposição à água intersticial da lagoa doMarcelino provocou efeito sobre areprodução do organismo-teste (Fig.6).
Na lagoa do Peixoto, a água intersticialinibiu a reprodução e o crescimento do C.elegans com diferença estatísticaobservada nas diluições de 12,5%, 25% e50% do crescimento (Fig.7).* **
*
* * ** * *
Fig.8. Porcentagem do crescimento e da reprodução de C.elegans em relação ao controle na Lagoa da Pinguela ediferenças estatísticas significativas, α≤0,05(*).
Fig.7. Porcentagem do crescimento e da reprodução de C.elegans em relação ao controle na Lagoa do Peixoto ediferenças estatísticas significativas, α≤0,05(*).
Fig.6. Porcentagem do crescimento e da reprodução de C.elegans em relação ao controle na Lagoa do Marcelino.
CASTRO-CATALÀ, Núriade et al. Ecotoxicity of sediments in rivers: Invertebrate community, toxicity bioassays and thetoxic unit approach as complementary assessment tools. Science Of The Total Environment. p. 297-306. 2015.ISO/DIS 10872 (2010). Water Quality – Determination of the toxic effect of sediment and soil samples on growth, fertilityand reproduction of Caenorhabditis elegans (Nematoda);SOLIMAN, Naglaa Farag; NASR, Samir Mahmoud; OKBAH, Mohamed Abdelaziz. Potential ecological risk of heavy metalsin sediments from the Mediterranean coast, Egypt. Journal Of Environmental Health Science And Engineering. p. 1-12.10 out. 2015.
Foto: Acervo Lagoas Costeiras
Fig.1. Processos de transferências do meio externo à lagoa com a água e desta com o sedimento; ilustração de Vivian Dall’Alba