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Manuel A. V. Madeira
Instituto Superior de Agronomia/Universidade de LisboaCentro de Estudos Florestais
Parceria Portuguesa para o Solo
VETAGROMORVIII Jornadas Técnicas
14 Fevereiro 2020
O QUE FAZER COM O SOLO?
SUMÁRIO
❑ Ideia geral de solo
❑ A diversidade de solos na paisagem;
❑ Cada tipo de solo inclui camadas que determinam o tipo e grau das suas
limitações;
❑ O conhecimento sobre o solo é essencial para planear o uso da terra e a
gestão do solo;
❑ As análises comuns não explicitam os tipos de solo;
❑ A amostragem inteligente;
❑ As propriedades do solo variam com a sua gestão e, por isso, devem ser
monitorizadas
O conhecimento detalhado sobre os solos é um suporte
essencial para a gestão sustentável dos agrossistemas
Materiais de construção
Infra-estruturas
Património cultural
Habitats
Sequestro de carbono
Regulação do clima
Ciclos de nutrientes
Alimentos, fibra e energia
Regularização hidrológica
Fármacos e recursos genéticos
Purificação da água e redução da contaminação
Os solos disponibilizam serviços dos ecossistemas que suportam a vida na Terra
SOLO
FUNÇÕES
O SOLO É INDISPENSÁVEL PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
CONSTITUIÇÃO: partículas de rocha, areia,
limo e argila, e matéria orgânica (retêm água e
nutrientes; filtração)
SISTEMA BIOLÓGICO: modela e estabiliza a
estrutura e poros, ciclo da água, ciclo de
nutrientes, estabiliza matéria orgânica,
transforma poluentes.....
ESTRUTURA E POROS: retenção de água;
circulação de ar e água; desenvolvimento de
raízes, habitats,...
Drenagem profunda
?
Profundidade
Rocha dura
IDEIA GERALAS FUNÇÕES ESSENCIAIS DO SOLO NOS ECOSSISTEMAS
SUPORTE DAS PLANTAS (EXPANSÃO DE RAÍZES) - RETENÇÃO/CIRCULAÇÃO DE ÁGUA – AREJAMENTO - ACUMULAÇÃO DE CARBONO (MO) - RETENÇÃO E
DISPONIBILIZAÇÃO DE NUTRIENTES - SISTEMA BIOLÓGICO (BIODIVERSIDADE)
Unidade de Terra 1
SOLO 1
O SOLO É UM COMPONENTE ESSENCIAL DA TERRA!
TERRA A
TERRA B
SOLO 1
SOLO 2
A designação SOLO abrange a DIVERSIDADE DE SOLOS na paisagem
[função do clima, rocha, relevo, organismos, tempo, ação humana]
A ideia sobre o solo depende dos utilizadores, mas não deve ser simplista!
0.20 m
A PROFUNDIDADE (OU A ESPESSURA) É UMA CARACTERÍSTICA ESSENCIAL DO SOLO
A REDUZIDA ESPESSURA DO SOLO RESTRINGE A
EXPANSÃO E A DISTRIBUIÇÃO DAS RAÍZES DAS ÁRVORES E
O USO DE RECURSOS
A ORIENTAÇÃO E A INTENSIDADE DE FRACTURAÇÃO DAS ROCHAS DETERMINA O DESEMPENHO DOS SOLOS DITOS DELGADOS….
A densidade e a direção de fracturação das rochas facilita a circulação da água e favorece a expansão do raizame e facilita as operações de preparação do terreno
SOLOS DELGADOS DESENVOLVIDOS SOBRE ARENITOS
A CAMADA COMPACTA É SUSCEPTÍVEL DE SER ROMPIDA E FRACCIONADA POR RIPAGEM
PRESENÇA DE RAÍZES EM CAMADAS PROFUNDAS
As camadas de alguns solos reduzem drasticamente a
espessura de enraizamento e o crescimento das árvores e a
sua adaptação a eventos extremos
Horizontes ou camadas do solo (greda, solão, surraipa, calo de lavoura)
que condicionam a espessura de enraizamento......
45 cm
SOLO DE ÁREA DE MONTADO CONSIDERADO “EM MAU ESTADO” (DEGRADADO)
Solo sobre arenito compacto a50 cm de profundidade
Montado degradadoSolo com reduzida drenagem edeficiente arejamento (greda a50 cm de profundidade)
SOLO DE ÁREA COM BAIXÍSSIMA PRODUTIVIDADE DE PLANTAÇÕES
FLORESTAIS
Pre
cip
itaç
ão a
nu
al (
mm
)
Ano
Ano
Pre
cip
itaç
ão a
nu
al (
mm
)
Eventos extremos nas últimas décadas
(Área de Grândola)
A intensidade do efeito dos eventos extremos
varia com as característica dos solos
A GRANDE ESPESSURA DE MATERIAIS ARENOSOS E O
ACESSO A CAMADAS PROFUNDAS CONFEREM-LHE BOAS
CONDIÇÕES DE PRODUTIVIDADE
SOLOS ARENOSOS E ARENOSOS FRANCOS COM BAIXA CAPACIDADE DE RETENÇÃO DE ÁGUA E DE NUTRIENTES REVELAM-SE FREQUENTEMENTE MUITO FAVORÁVEIS
VISÃO PARCIAL DO SOLO (0-20 cm)
SOLOS APARENTEMENTE SEMELHANTES…!
Textura: Arenoso-franco
pH (H2O): 5,2 - 5,3
Carbono (g kg-1): 13,1 - 14,2
P2O5 (mg kg-1): 7,5 - 7,9
K2O (mg kg-1): 48 - 70
Al3+ (cmolc kg-1): 0,5 - 0,8
DADOS ANALÍTICOS SEMELHANTES!
…MAS COM CAMADAS SUBSUPERFICIAIS MUITO DIFERENTES!
O solo não se restringe à camada superficial!!!
Textura:
pH (H2O):
Carbono (g kg-1):
P2O5 (mg kg-1):
K2O (mg kg-1):
Al3+ (cmolc kg-1):
Argiloso
5,6
4,5
2,7
157
8,8
Franco-arenoso
5,5
3,4
1,9
29
1,7
Argilo-arenoso
5,4
2,6
2,3
67
4,8
CONHECER O SOLO É ESSENCIAL PARA PLANEAR O USO DA TERRA
Sistema de
produção
APTIDÃO DA TERRA
Formas de RelevoGeologia SOLO Clima Risco de erosão Inundações
TexturaFertilidade
Drenagem
Arejamento
Pedregosidade
Salinidade
PLANEAMENTO
DA
EXPLORAÇÃO
AGRÍCOLA
Profundidade Regime de humidade
O USO DA TERRA E AS PRÁTICAS DE GESTÃO AFECTAM O ESTADO DO SOLO
Monitorizar a qualidade do solo!
pH Carbono orgânico
Fósforo Potássio
A VARIABILIDADE DE CARACTERÍSTICAS DO SOLO
TEOR DE CARBONO ORGÂNICO
TEXTURA E USO DO SOLO [CAMADA 0-20 cm]
Carbono Matéria Orgânica
COBERTURA do SOLO TEXTURA X 1,724 X 2,0-----------------%-------------------
SOBREIRO/PASTAGEM NATURAL Arenoso 0,92 1,59 1,84
SOBREIRO/MATO Arenoso-franco 0,51 0,88 1,02SOBREIRO/MATO Arenoso-franco 0,77 1,32 1,54
SOBREIRO/MATO Arenoso-franco 1,52 2,62 3,04
SOBREIRO/PASTAGEM MELHORADA Arenoso-franco 1,25 2,15 2,50
SOBREIRO/PINHEIRO MANSO Arenoso-franco 0,60 1,03 1,20
SOBREIRO/PINHEIRO BRAVO Franco 2,09 3,61 4,18PINHEIRO BRAVO/SOBREIRO Arenoso-franco 1,49 2,57 2,98
EUCALIPTO Arenoso-franco 1,49 2,57 2,98
Amostragem
intensiva
Análises
de solo
Características
do solo
GPR, EMI, NIRS
Carta de
indicadores
Deteção
remota
Amostragem
inteligente
Análises
de solo
Carta de
características
de solo
GPS, SIG
Áreas de
caracterização
temática e de gestão
homogéneas; riscos;
Agricultura e
silvicultura de
precisão
AMOSTRAGEM INTELIGENTE: Desenvolver o uso
das capacidades e potencialidades tecnológicas
Pm
PmgPm+Pmg
Pgn
Pv
Pv
Pg
Pv+Pv(d)
Pg+Pg(d)
Pg+Arg Pg+Arg
Pg+Pg(d)
Pmg+Pm
Pm+Pmg
AMOSTRAGEM INTELIGENTE....utilizar a cartografia disponível!”
GSA – Grau de Saturação em alumínio
AMOSTRAGEM INTELIGENTE....resultado da agregação de áreas homogéneas!”
Amostra pH Corg P2O5 K2O Ca2+ Mg2+ GSA Ca/Mg Ca/K
H2O g kg-1 ----mg kg-1---- --cmolc kg-1-- %
SMT1 5,7 13,2 42 93 0,98 0,28 15,1 3,5 4,1
SMT2 6,1 9,4 23 65 2,30 0,56 6,6 4,1 14,4
SMT3 5,7 17,8 57 155 1,41 0,48 3,4 2,9 3,9
SMT4 6,8 13,7 102 43 3,16 0,94 3,4 3,4 4,1
SMT9 5,5 13,7 88 55 2,01 0,36 23 5,6 16,8
SMT10 5,9 11,0 75 47 1,93 0,53 12,8 3,6 17,5
Média 5,9 13,1 64 77 1,97 0,53 10,7 3,7 6,6
SMT5 6,2 56,5 315 35 11,85 4,48 1,8 2,6 15,2
SMT6 6,3 10,1 10 86 4,22 2,88 3,1 1,5 23,4
SMT7 6,5 16,7 114 68 6,85 5,95 1,6 1,2 45,7
SMT8 6,1 12,6 45 64 4,22 1,90 4,9 2,2 30,1
SMT11 6,2 10,8 8 64 4,74 2,93 4,2 1,6 36,5
SMT12 6,6 21,5 13 100 5,21 3,22 2,1 1,6 23,7
Média 6,3 21,4 84 70 6,18 3,56 3,0 1,7 22,9
Politica ambiental
Diretrizes
Objetivos
Monitorizar
Medir
Auditar
Gestão de informação
Responsabilidade
Comunicação
Formação
Estudo
AGIR PLANEAR
AVALIAR REALIZAR
INFORMAÇÃO
DIRECTIVAS
SISTEMAS E
PRÁTICAS DE
GESTÃO
IMPACTES NAS
PROPRIEDADES
DO SOLO
REVISÃO DO
SISTEMA DE
GESTÃO
A gestão sustentável do solo é crucial para evitar a degradação do mesmo e assegurar a sustentabilidade de ecossistemas
A gestão sustentável do solo associa-se a um sistema de gestão de riscos: avaliação de riscos, prevenção de riscos, gestão de riscos e reabilitação
QUAIS AS CONDIÇÕES DO RECURSO SOLO?
Em que medida os sistemas de gestão afetam o recurso solo?A monitorização é um dos instrumentos de apoio à gestão sustentável do solo!
❖A monitorização do solo é indissociável das motivações e interesses dos sectoriais
❖O desenvolvimento de sistemas de monitorização do solo requer Referências
❖É imprescindível a harmonização
❖A capacitação de partes interessadas na aplicação de sistemas de monitorização visuais....
A AVALIAÇÃO DO ESTADO DOS SOLOS DEVE CONSIDERAR❖As novas tecnologias: biologia do solo, técnicas espectroscópicas
(e.g. espectroscopia de infravermelho próximo e deteção remota)
EROSÃO?
ESTRUTURA DO SOLO?
O efeito de sistemas e práticas de gestão na qualidade do solo,
deve ser avaliado a longo prazo por indicadores apropriados
(baratos, simples, rápidos e robustos), sendo imprescindível
estabelecer padrões de referência para a interpretação!
QU
AL
IDA
DE
DO
SO
LOIN
DIC
AD
OR
ES
INÍCIO
TEMPO
Crescente
Decrescente
Estável
ESQUEMA MONITORIZAÇÃO
REFERÊNCIA
OBJECTIVO
É CRUCIAL MONITORIZAR A QUALIDADE DO SOLO!
CONCLUSÕES
❖ As CARACTERÍSTICAS SOLOS SÃO MUITO VARIÁVEIS
(profundidade, textura, fertilidade, MO, drenagem,…);
❖ São ESCASSOS OS DADOS sobre os solos e insuficiente a
informação sobre os problemas mais relevantes para o uso
agrícola e florestal;
❖ É necessário ACTUALIZAR E MELHORAR A INFORMAÇÃO sobre
a distribuição e as características dos principais tipos de solo;
❖ Criar um SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE SOLOS e uma BASE DE
DADOS a diferentes escalas sobre os solos de Portugal;
❖ SERVIÇOS DE DADOS ABERTOS aos utilizadores;
❖ CAPACITAÇÃO E FORMAÇÃO de técnicos, gestores e
agricultores para avaliar as características e o estado dos solos;
❖ Sistema(s) permanente(s) de DEMONSTRAÇÃO/MONITORIZAÇÃO
SISTEMA DE MONITORIZAÇÃO DA QUALIDADE DO SOLO EM
PLANTAÇÕES FLORESTAIS (gestão sustentável do solo; certificação)
❖ Estabelecer sítios de referência representativos sob o ponto de vista
biofísico [clima, geologia, topografia,.... ]
❖ Identificar o tipo de solo e as suas principais características e limitações
❖ Avaliar as condições do solo através de indicadores (e.g. massa volúmica,
teor de C orgânico, reação, nutrientes, grupos funcionais,..) antes das
perturbações, por exemplo no final da rotação (referência, Qo)
❖ Avaliar os mesmos indicadores e com
as mesmas metodologias em
sucessivos períodos (Q1, Q2,...)
após as perturbações
❖ Avaliação in situ de perturbações
associadas à compactação e à erosão
(tipo e intensidade)
❖ Acompanhamento pelos gestores das
plantações