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7/25/2019 Apresentação-TYLOR
http://slidepdf.com/reader/full/apresentacao-tylor 1/8
TYLOR, Edward Burnett. 1871. Primitive Culture. John
Murra, London !Ca"#. $ e %$&. "". 1'()* +17')(.
“Civilização ou Cultura”, ao lermos o primeiro
capítulo de Primitive Culture, de E. B. Tylor, nos
deparamos com tal correspondência. parentemente
e!uivalentes o autor dedica o seu primeiro capítulo a
e"plicar metodolo#icamente o !ue c$ama de “Ciência da
Cultura”. %e per#unto se a &ist'ria () não seria a “Ciência
da Civilização”.
*endo a cultura para Tylor, em seu “sentido
etno#r)+ico mais amplo” e eu o cito- “o todo comple"o !ue
inclui con$ecimento, crença, arte, moral, lei, costume e
!uais!uer outras capacidades e $)itos ad!uiridos por um
$omem en!uanto memro de uma sociedade”, o autor apresenta
um pro(eto analítico !ue tem como +undamento a apreensão de
princípios #erais !ue re#em o pensamento e a ação $umana.
/ uso de uma lin#ua#em an)lo#a 0 das ciências naturais
parece estrat1#ico não apenas na +ormulação de um m1todo,
mas no seu revestimento cientí+ico e na sua le#itimação.
Tendo em mente a an)lise de 2eor#e *toc3in# 4r. sore os
“evolucionistas”, dentre eles Tylor, e as disputas travadas
com e"plicaç5es !ue evocavam uma “inter+erência e"tra ou
sore- natural”, +ica mais palp)vel o a+astamento e a
crítica- do autor 0 teolo#ia. / livre6arítrio, como ação
desprovida de sentido e motivação, 1 incompatível com uma
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visão cienti+ica e cienti+icista- da ação $umana, e, por
conse#uinte, da cultura.
*endo as “leis #erais da ação $umana” um dos
princípios uscados por Tylor, 1 nos $istoriadores !ue se
dedicavam a mostrar mais do !ue meras sucess5es, mas
conexões entre eventos, !ue o autor vislumrara a
possiilidade de aceder a esses princípios. o se atentar
para cone"5es, Tylor assume uma postura metodol'#ica
interessante ao analisar a $umanidade como um todo
$omo#êneo !ue se di+ere apenas pelos est)#ios de
civilização !ue os #rupos ocupam, e não por +atores
raciais. *e o “selva#em” e o “$omem civilizado” partil$am
da mesma $umanidade, torna6se possível então recon$ecer no
primeiro elementos !ue comp5em a vida do se#undo.
Para estudar uma civilização 1 necess)rio, desse modo,
dissec)6la e classi+ic)6la, tal como nas ciências naturais.
*uas “esp1cies” compreendem desde o(etos a crenças, de
modo !ue o con(unto desses elementos na vida de um povo
constitui sua cultura. *e os #randes es+orços
classi+icat'rios das ciências naturais demandavam um estudo
de proporç5es mais alar#adas, Tylor propun$a o mesmo no
estudo da “ciência da cultura”. 8esse modo, a analo#ia com
a di+usão de +ormas de vida pelo planeta 1 adotada na +orma
de uma “di+usão da civilização”. C$e#aria o momento, nos
diz o autor !ue um estudioso da cultura necessitaria de
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con$ecer pro+undamente as +ormas mais primitivas da
civilização para compreender a sua realidade, tal como um
+isiolo#ista !ue precisa con$ecer as +ormas de vida mais
elementares para se $ailitar a entender as mais comple"as.
/ volume de dados, em sua maioria e"traída de relatos
de via(antes e mission)rios, com os !uais um estudioso como
Tylor traal$ava, e"i#ia uma cuidadosa an)lise de sua
validade. trav1s da veri+icação de traços comuns,
in+ormaç5es provenientes de +ontes díspares e sore #rupos
distantes poderiam ser utilizadas pelo pes!uisador. o
privile#iar as leis #erais Tylor oserva o peri#o de se
preterir “peculiaridades individuais” na an)lise, a+astado
atrav1s de um ol$ar tanto para indivíduos a#indo em
sociedade !uanto para o estudo dos “movimentos da vida
nacional como um todo”.
Emora não se(am “precisamente de+inidos”, os
“detal$es da Cultura” podem so+rer variaç5es tal como as
esp1cies analisadas por um i'lo#o. 8a distriuição
#eo#r)+ica de pr)ticas, rituais, mitos, arte+atos :
lar#amente documentada na pro+usão de +ontes consultadas :
at1 uma esp1cie de ar!ueolo#ia ou #enealo#ia +oucaultiana
avant la lettre da +iloso+ia meta+ísica moderna, Tylor se
prop5e a um estudo ma#istral da comple"idade dos povos
primitivos.
;
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ntes de proceder a uma leitura de sua re+le"ão sore
o “nimismo”, no Capítulo <=, 1 necess)rio evocar dois
conceitos !uase tão importantes na an)lise !uanto o de
cultura, o de sobrevivência e o de ressurgimento. > na
oservação da “insistente” presença de elementos, pr)ticas
e ideias provenientes de condiç5es culturais “in+eriores”
ou “anteriores”, e no seu reaparecimento nas sociedades
modernas ou em vias de modernização, como em uma ?ndia
#overnada pelas autoridades in#lesas espantadas pela
imolação de vi@vas-, !ue Tylor começa a estaelecer as
relaç5es e"istentes entre o sacri+ício de servos entre os
Aayan de Born1u, e o simples ato de (o#ar +lores no (azi#o
de nossos entes +alecidos. Complementares ao conceito de
conexão, a sorevivência e o ressurgimento, como veremos,
rea+irmam o car)ter de #eneralidade e o de pertencimento a
uma mesma $umanidade. Causa al#um espanto ver termos como
“psicolo#ia selva#em”, “iolo#ia selva#em” “pensadores
selva#ens” ou “metempsicose selva#em” crença na
transmi#ração da alma- se não nos atermos a uma
interessante ressalva !ue Tylor +az, no decorrer do
capítulo <=, sore a necessidade de pensar se#undo a l'#ica
dos selva#ens para mel$or compreendê6los. esta saer at1
!ue ponto a cienti+icidade imputada aos selva#ens não era
+ruto de sua pr'pria l'#ica de produção de con$ecimento.
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/ seu d1cimo primeiro capítulo se dedica a e"plorar
“universalidade da reli#ião”, atrav1s do !uestionamento se
$ouveram ou $averiam trios sem concepç5es reli#iosasD
inda !ue a $ip'tese se manten$a, não $avia no material
pes!uisado por Tylor nen$uma evidência de #rupos $umanos
!ue não tivessem religião, ainda !ue +ossem considerados
por a!ueles !ue os descreveram como tais. elatos de
via(antes e mission)rios, !ue se dedicavam a mostrar !ue os
selva#ens não possuíam, na e"pressão de . idley autor de
uma de suas +ontes-, “tradiç5es de+inidas com relação a
seres sorenaturais”. Tylor nos mostra !ue (ustamente esses
relatos +orneciam mais elementos !ue re+utavam a ideia de
“irreligião”, (ustamente por possuírem uma visão
e"tremamente estreita sore o +enFmeno, a saer, religião
para a!ueles autores, mencionados por Tylor, representava
apenas a sua pr'pria doutrinaG e para tal, o uso do
conceito de ateísmo l$es servia em, posto !ue não
acreditavam na mesma divindade.
Evitando uma #eneralização da visão reli#iosa dos
mission)rios, Tylor evoca relatos de outros mission)rios e
te'lo#os, cu(os relatos comprovam sua “compreensão dos
pensamentos dos selva#ens” in+ormando sore crenças
in+eriores. > nessa proposição, o autor encontrou elementos
!ue o permitiram traçar as cone"5es, a+inal, no diz Tylor
na p)#ina ;H7, “Ien$uma reli#ião da $umanidade se mant1m em
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total isolamento do resto”. /s contatos realizados +oram
+eitos de maneira astante duvidosa no !ue diz respeito 0
reli#ião, e o e"emplo do relato de *ir *amuel Ba3er sore a
irreli#iosidade das trios Iuer e 8in3a, astante
con$ecidas, se#undo Tylor, ilustra per+eitamente a sua
descon+iança. Para a+astar !ual!uer redução do escopo de um
estudo comparativo sore reli#i5es Tylor prop5e a adoção de
uma de+inição mínima de religião, a “crença em *eres
Espirituais”. E das “raças in+eriores” com as !uais se teve
contato, e relatos, Tylor a+irma !ue a crença em *eres
Espirituais aparece em todas elas, o !ue não e"cluía a
$ip'tese da e"istência de trios sem tal crença.
Partindo de duas condiç5es de pes!uisa principais, o
ol$ar para as doutrinas e pr)ticas como sistemas conceidos
pela razão $umana, e a atenção 0s cone"5es entre as ideias
e ritmos similares entre selva#ens e civilizados, !ue Tylor
estaelece os termos de sua pes!uisa. > so o nome de
Animismo, !ue Tylor se prop5e a analisar a +orma mais
simples de reli#ião. =nteressante notar !ue o autor +az uma
ressalva !uanto 0 associação ao Espiritualismo, !ue #an$ava
+orça no +im do <=<. / Animismo, portanto, possuiria como
do#masK a e"istência de almas !ue permanecessem ap's a
destruição dos corposG e a e"istência desde espíritos at1
divindades poderosas. Esses seres espirituais re#eriam ou
in+luenciariam o mundo material, e a ação $umana l$es
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causaria reaç5es, devido a sua interação com os $umanos.
+orma mais desenvolvida de nimismo incluiria a crença
ativa em divindades controladoras, espíritos suordinados,
almas e um estado +uturo. inda, careceria 0s reli#i5es
selva#ens, na visão de Tylor, o componente moral !ue 1 o
cerne da “reli#ião moderna”.
Para Tylor, o nimismo se centrava tam1m em duas
!uest5es de ordem iol'#ica importantes para a percepção
dos selva#ensK o !ue di+erenciaria um corpo vivo de um
mortoG e a natureza das +ormas $umanas nos son$os. 8esse
modo essas !uest5es atravessariam uma s1rie de
conceituaç5es e"ploradas por TylorK a noção de alma e
espíritoG a e"istência de um ou v)rios espíritos ou almas
em um s' corpo e se $umanos e não $umanos os e as
ari#avam-G a possiilidade das almas e espíritos saírem do
corpo $ailidade por e"celência dos ma#os e sacerdotes-G
as in@meras interpretaç5es de suas +ormas, sons e mat1rias
cu(as @ltimas se di+erenciavam entre a et1rea, considerada
rudimentar, e a imaterial, em consonMncia com a
meta+ísica-G a relação das almas e espíritos com os son$os
no !ue se re+ere 0 “teoria dos son$os na psicolo#ia
selva#em” em !ue a alma dei"a o corpo para visitar outros
corpos, !ue a receem no sono-G a evolução da interpretação
das vis5es nos son$os compreendendo6as como almas, e
“depois” como ima#ens-G a e"istência de +antasmas !ue
N
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evidencia a sorevivência-. mente $umana selva#em e
civilizada se in!uietava acerca do !ue aconteceria no
estado +uturo, e por !ue, e para acompan$ar !uem seriam
sacri+icados, imolados, ou destruídos escravos, servos,
esposas, armas, ri!uezas, alimentos, o(etos e +lores.
Todas essas !uest5es são analisadas com uma ri!ueza de
dados.
Por +im, o !ue Tylor usca mostrar em seus termos 1
!ue, ainda !ue a “disparidade” oservada entre o civilizado
e selva#em saltasse aos ol$os, o camin$o !ue li#ava o mais
elementar, simples, selva#em e in+erior ao mais avançado,
elevado e comple"o mantin$a6se aerto ao percurso, e !ue
essa prolem)tica cone"ão unia so uma, nuançada e
controversa $umanidade, #rupos $umanos distintos.
H