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luisprista
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Nas cenas VII e VIII, a atitude de Madalena contrasta com a de outras personagens, a cujos argumentos acabará por se render já na cena IX. Explica esta evolução.
Madalena, que não identificara o Romeiro com o antigo marido, ainda se procura convencer com a possibilidade de a notícia assim trazida não ser verdadeira. Ao contrário, Manuel, ciente dos factos, acolhe a mulher com frieza, o que a admira. Jorge, que já dissuadira Telmo de avançar com a estratégia combinada com o Romeiro, também chama à razão a cunhada. Manuel sintetiza (não sem ter de
se conter no desejo de dar um último abraço a Madalena): as mortalhas de religiosos são o que lhes resta. Este percurso de Madalena, da ilusão que lhe permitiam as dúvidas até à resignação, por se confrontar com a decisão já tomada pelos outros, torna-se mais dramático.
Comprova a adequação do estado de espírito de Maria através dos recursos estilísticos na fala das linhas 24-43 (pp. 215-216).
O estado de prostração e agonia de Maria é bem vincado pela abundância de exclamações, repetições, interrogações retóricas, pausas, frases suspensas, vocativos.
O público oitocentista não recebeu a peça com grande entusiasmo.
Almeida Garrett pretendia escrever uma peça de natureza clássica, mas, formalmente, trata-se de um drama romântico; o primeiro ato desenrola-se no palácio de Manuel de Sousa Coutinho e o segundo e o terceiro atos desenrolam-se no palácio de D. João de Portugal.
A duração da ação corresponde a oito dias.
O autor inspirou-se num episódio histórico nacional.
No fim do segundo ato ocorre o reconhecimento, o clímax da peça.
Há, na peça, vários presságios que o anunciam, como, por exemplo, as dúvidas de Telmo sobre a morte de D. João ou a ansiedade de D. Madalena.
A catástrofe é desencadeada pela chegada do romeiro.
O título corresponde ao nome que Manuel de Sousa toma ao entrar para o convento.
O facto de a peça ter múltiplas interpretações deve-se aos vários temas que aborda.
Madalena debate-se entre dúvidas, entrevê possibilidades de solução benigna, apela aos outros, estranha reações frias. (Nem Manuel nem Jorge a esclarecem ou ajudam muito.)
Sam vive em conflito interior, mostra-se esquivo, agride-se e agride os outros, porque pretende desabafar. (Só Grace percebe que ele tem alguma pena a remir.)
Final é trágico (quando Madalena hesita, e Telmo e João combinam estratégia salvadora, os irmãos Manuel e Jorge impedem uma solução contemporizadora).
Final só por pouco não é trágico (na cena do desespero-quase-suicídio de Sam, ação do irmão Tommy é crucial para se poder evitar desfecho mortal).
Expiação da culpa é obtida por ingresso na vida religiosa e por morte de Maria.
Expiação da culpa é obtida pelo internamento e pela confissão a Grace.
Final é relativamente fechado, embora haja pontos por esclarecer (destino de João). Abre-se para os protagonistas um novo ciclo, puramente religioso (mas essa já não é a história contada no drama — mesmo se, historicamente, quase só agora comece o escritor Frei Luís de Sousa).
Final é aberto. (Não fica claro o desfecho. Supõe-se para breve a recuperação da felicidade anterior da família?)
TPC — Lança no ficheiro respetivo as emendas que fiz ao comentário sobre canção e Frei Luís de Sousa e envia-mo. (A classificação — relativa à primeira versão, sobretudo, mas que depende da verificação da segunda — ficará junto dos textos em Gaveta de Nuvens.)
Vai já trazendo o teu exemplar de Os Maias, sem esquecer também o manual.
(Lembro a quem não chegou a entregar a gravação de apreciação crítica pedida ainda no 1.º período, nem mesmo no prazo que estabeleci já neste 2.º período, que, a manter-se, essa falta terá consequências antipáticas na classificação deste período.)