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OTEC - ANALISE Os pcn´s trouxeram uma contribuição inestimável no que diz respeito a didática de ensino se considerarmos que trouxe uma contribuição de ruptura com o sistema mais tradicional, ou uma nova visão à base de uma pedagogia interacionista que vai de encontro com as metodologias meramente prescritivas e autocorretivas dos livros didáticos, professores e sistemas públicos de ensino tradicionais. Como bem disse Paulo Freire “Ensinar não é transferir conhecimento (abordagem meramente tradicional), mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção (Pedagogia da Autonomia). Essa nova visão de ensino propõe uma reorientação ou mudança de foco em relação ao uso da língua. Nesse contexto, retira-se o foco das técnicas de produção centradas em sentenças isoladas do texto que colocam o aluno como sujeito passivo que não tem voz, para participar ou refletir sobre as atividades propostas. A mudança de objeto de ensino, agora, é colocada no texto que tem como objetivo chegar aos usos sociais da língua por meio dos gêneros textuais. Essa revolução também implica numa mudança de comportamento do professor quanto à escolha das metodologias de ensino, dos conteúdos do livro didático e de um novo olhar sobre o seu alunado. Os Parâmetros Curriculares Nacionais são um referencial de qualidade conquistado e afirmado através de políticas públicas e discussões pedagógicas ao longo do tempo. Seu principal marco legal é, a lei de Diretrizes e bases da educação 9394 de 1996 que a instituiu. Assim, os PCN´s são um padrão norteador da elaboração de projetos

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OTEC - ANALISE

Os pcn´s trouxeram uma contribuição inestimável no que diz respeito a didática de ensino se considerarmos que trouxe uma contribuição de ruptura com o sistema mais tradicional, ou uma nova visão à base de uma pedagogia interacionista que vai de encontro com as metodologias meramente prescritivas e autocorretivas dos livros didáticos, professores e sistemas públicos de ensino tradicionais.

Como bem disse Paulo Freire “Ensinar não é transferir conhecimento (abordagem meramente tradicional), mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção (Pedagogia da Autonomia).

Essa nova visão de ensino propõe uma reorientação ou mudança de foco em relação ao uso da língua.

Nesse contexto, retira-se o foco das técnicas de produção centradas em sentenças isoladas do texto que

colocam o aluno como sujeito passivo que não tem voz, para participar ou refletir sobre as atividades

propostas.

A mudança de objeto de ensino, agora, é colocada no texto que tem como objetivo chegar aos usos

sociais da língua por meio dos gêneros textuais. Essa revolução também implica numa mudança de

comportamento do professor quanto à escolha das metodologias de ensino, dos conteúdos do livro didático e

de um novo olhar sobre o seu alunado.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais são um referencial de qualidade conquistado e afirmado

através de políticas públicas e discussões pedagógicas ao longo do tempo. Seu principal marco legal é, a lei

de Diretrizes e bases da educação 9394 de 1996 que a instituiu. Assim, os PCN´s são um padrão norteador

da elaboração de projetos educacionais, do planejamento das aulas e mesmo da análise do material didático,

nosso objeto de estudo.

Entre os requisitos a considerar estão à compreensão da adolescência no seu processo de mudança

que envolve as transformações corporais, afetivo-emocionais, cognitivas e socioculturais do sujeito, o

desenvolvimento da competência lingüística do falante, sua percepção sobre os usos da audição, da

pragmática e da escrita. Sobre o papel do professor enquanto mediador nesse processo, o Parâmetro alerta

para a elaboração de currículos descontextualizados e padronizados pelo livro didático que nem sempre

corresponde a realidade do aluno.Ao organizar o ensino, é fundamental que o professor tenha instrumentos para descrever a competência discursiva de seus alunos, no que diz respeito à escuta, leitura e produção de textos, de tal forma que não

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planeje o trabalho em função de um aluno ideal para o ciclo, muitas vezes padronizado pelos manuais didáticos [grifo nosso], sob pena de ensinar o que os alunos já sabem ou apresentar situações muito aquém de suas possibilidades e, dessa forma, não contribuir para o avanço necessário (PCN 1998).

Com uma visão interacionista que supera as metodologias mais tradicionais de ensino, os Parâmetros

apresentam como objetivo desenvolver o domínio da expressão oral e da escrita em situações do convívio

social do aluno, operando sobre as dimensões pragmáticas, semânticas e gramaticais. Os papéis dos gêneros

textuais assumem um lugar importante como produções tipificadas em diversas situações formais e

informais e devem por isso ser selecionados segundo um domínio de efetiva participação social, já que são

ilimitados (Continuum tipológico, língua oral e língua escrita). Dentre os gêneros mais indicados no

currículo, em função de sua circulação social estão os gêneros literários, de imprensa, publicitário, de

divulgação cientifica e os mais presentes no mundo escolar.

Nessa perspectiva o livro didático analisado atende, de modo geral, aos currículos na utilização de

diversos gêneros escolares e compartilhados pelos alunos no cotidiano, dentre eles podemos citar o cartum,

poemas, propaganda, crônicas, artigos de opinião dentre outros. A partir destes gêneros partem as propostas

de reflexão da oralidade, escrita e outros recursos de linguagem empregados em tais construções. Nas

produções de texto o livro aborda, por exemplo, tarefas como a construção de um texto teatral escrito

situando nessa construção as noções de personagem, tempo, espaço, tipos de discurso (direto ou indireto). O

estimulo a percepção crítica dos alunos também é incentivada com relação à intencionalidade dos discursos

presentes em cada gênero, conforme o anexo abaixo retirado de um exercício do capitulo 2:

O exercício proposto acima permite ao aluno refletir sobre a crítica que vem acompanhada pelo tom

de humor presente no cartum, requerendo do aluno um posicionamento nas esferas ambiental, econômica,

social ou mesmo discursivo. A mesma metodologia é empregada para a construção escrita de outros gêneros

como as crônicas e contos. Além desses recursos vários outros exemplos abrem a unidade de cada livro

utilizando a linguagem verbal e a não-verbal, estabelecendo espaço para o uso de inferências na tomada de

conclusões acerca do texto. O anexo abaixo do capitulo 1 exemplifica esse uso com a “Poesia Polar” e uma

imagem à esquerda de um urso polar, natural do polo norte, mas representado em uma cena de deserto.

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Outro exemplo citado, que ilustra o uso pragmático da língua para abordar o uso da referencialidade

do sujeito na sintaxe através de um uso real da língua pode ser encontrado na página 41:

Na terceira questão o autor pede:

Pelo contexto da linguagem não-verbal o aluno pode ser levado a inferir sobre a interpretação de que

a) Talvez o pai estivesse ordenando a elas que brincassem do lado de fora da casa. b) A expressão do pai

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demonstra insatisfação causado pelo fato da bagunça das crianças dentro de casa e pelo fato de estar

chovendo.

Analisando o livro didático de Língua Portuguesa, tendo como referencial os critérios mencionados e

adotados pelos PCN´s, notamos que os assuntos de produção textual, oralidade e semântica são apresentados

ao aluno porem de forma parcial, ou seja, o conteúdo é abordado de forma supérflua em que os exercícios

são apresentados para resolução a partir de um conteúdo muito vago. Apesar de o exercício conter esse

objetivo implícito de construção dos conceitos, contudo requer a mediação direta do professor para sua

compreensão. Em suma, falta ao texto uma introdução teórica mais consistente dos conceitos que irão ser

aplicados nos exercícios.

Concluímos que os resultados obtidos da análise do livro didático, apesar das lacunas,são

proveitosos, no que diz respeito à aprendizagem sob uma perspectiva diferente que vai além das

metodologias prescritivas normativas. Essa nova proposta parte de uma produção textual a partir dos

gêneros textuais, oferecendo melhores suportes aos alunos no que diz respeito à leitura, escrita e oralidade,

sendo o professor um mediador na construção de sentidos.

Nesse processo de produção de conceitos, o livro didático cumpriu seu papel interacionista ao

convidar e abrir espaço para que o a aluno se sinta importante e motivado na construção do conhecimento,

possibilitando-o a adquirir competências sociais e comunicativas diversas no âmbito das variedades

linguísticas e gramaticais.