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PRÉ-VEST. APOSTILA DE HISTÓRIA PROF. FABIANO DE JESUS I FIM DO IMPÉRIO ROMANO A desagregação do Império Nos séculos I e II, o Império Romano passou por uma época de estabilidade e atingiu sua extensão máxima. A partir do século III, no entanto, uma crise interna e constantes pressões exercidas por povos vindos de fora desorganizaram o império e contribuíram para sua desagregação. A crise interna está relacionada ao fim das guerras de conquistas, fato que provocou a diminuição da entrada de prisioneiros de guerra, e consequentemente do número de escravos, principalmente na Península Itálica, área que mais dependia desse tipo de mão de obra. Alem da falta de mão de obra, as grandes propriedades escravistas da Itália passaram a enfrentar a concorrência econômica das províncias romanas, que vinham aumentando sua produção e seu comércio, com resultado do período de paz no império (Pax Romana). Ao mesmo tempo, os povos germânicos (conjunto de povos que habitavam o norte do Império Romano), chamados pelos romanos de “bárbaros”, passaram a pressionar de várias formas as fronteiras do império, que reagiu contratando soldados. Para cobrir os gastos com a defesa, o governo imperial aumentou os impostos e emitiu moedas, provocando uma alta de preços que prejudicou ricos e obres. Com isso, boa parte da população deixou as cidades para viver no campo. Os ricos foram ara suas propriedades rurais e os pobres que saiam das cidades empregavam-se para trabalhar para eles como colonos. O clono era um trabalhador que cultivava um pedaço de terra do proprietário e entregava para ele uma parte da colheita como pagamento pelo uso da terra e proteção. Essa relação dá-se o nome de colonato. Tentativas de solucionar a crise

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IFIM DO IMPÉRIO ROMANO

A desagregação do ImpérioNos séculos I e II, o Império Romano passou por uma época de estabilidade e

atingiu sua extensão máxima. A partir do século III, no entanto, uma crise interna e constantes pressões exercidas por povos vindos de fora desorganizaram o império e contribuíram para sua desagregação.

A crise interna está relacionada ao fim das guerras de conquistas, fato que provocou a diminuição da entrada de prisioneiros de guerra, e consequentemente do número de escravos, principalmente na Península Itálica, área que mais dependia desse tipo de mão de obra. Alem da falta de mão de obra, as grandes propriedades escravistas da Itália passaram a enfrentar a concorrência econômica das províncias romanas, que vinham aumentando sua produção e seu comércio, com resultado do período de paz no império (Pax Romana).

Ao mesmo tempo, os povos germânicos (conjunto de povos que habitavam o norte do Império Romano), chamados pelos romanos de “bárbaros”, passaram a pressionar de várias formas as fronteiras do império, que reagiu contratando soldados. Para cobrir os gastos com a defesa, o governo imperial aumentou os impostos e emitiu moedas, provocando uma alta de preços que prejudicou ricos e obres. Com isso, boa parte da população deixou as cidades para viver no campo. Os ricos foram ara suas propriedades rurais e os pobres que saiam das cidades empregavam-se para trabalhar para eles como colonos. O clono era um trabalhador que cultivava um pedaço de terra do proprietário e entregava para ele uma parte da colheita como pagamento pelo uso da terra e proteção. Essa relação dá-se o nome de colonato.

Tentativas de solucionar a criseA crise econômica teve reflexos políticos. O império passou a ser governado por

generais do exército que tomavam o poder à força com o apoio de suas tropas. Alguns imperadores tentaram contornar a crise e acabar com a anarquia militar.

O imperador Diocleciano, por exemplo, criou a tetrarquia, governo de quatro imperadores, cada um responsável por uma região do império. Essa reforma surtiu efeito, mas, com a renúncia de Diocleciano, voltaram a ocorrer disputas armadas pelo cargo de imperador.

O imperador Constantino, por sua vez, preocupou-se com a questão da segurança e, por isso, em 330, mudou a capital do império para Constantinopla, cidade construída durante seu governo. Outra tentativa de melhorar e facilitar a administração foi feita pelo imperador Teodósio. Em 395, ele dividiu o território romano em duas partes: o Império Romano do Ocidente, com capital em Roma, e Império Romano do Oriente, com a capital em Constantinopla. Essa divisão trouxe alguma melhora na administração, mas o império já não suportava a pressão exercida pelos bárbaros no Ocidente.

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Povos invasores no Império RomanoDurante os séculos I, II e III, romanos e germânicos mantiveram contatos

freqüentes e, quase sempre pacíficos. Os germanos foram entrando no império como soldados, lavradores, comerciantes etc. A partir do século IV, a violência passou a ser a relação predominante. Germânicos passaram a atacar o Império Romano para se apropriar de suas terras e tesouros (dinheiro, metais etc). Mudanças climáticas em suas terras e a pressão invasora de outros povos, em particular os hunos (povo vindo da Ásia), provocou a entrada de diversas tribos nas fronteiras do império.

Em 410, os germanos saquearam Roma e partiram levando inúmeras riquezas como: ouro, prata, pedras preciosas, tecidos, escravos etc. Várias cidades do império sofreram ataques, fazendo com que suas populações fossem em grandes levas para as regiões rurais em busca de terras para plantar para sua subsistência e proteção. Os bárbaros iam dominando varias regiões e as tirando do controle do governo imperial. O império se esfacelava em reinos fundados elos diversos povos que o invadiam. Em 476, Roma sofreu um ataque que destituiu o governo central do império. O Império do Ocidente chegara ao seu fim.

O Império OrientalMas no Oriente, o Império sediado em Constantinopla resistiu por mais de mil

anos. Nós o conhecemos como Império Bizantino. O Império Bizantino recebeu este nome dos historiadores porque sua capital, Constantinopla, era uma antiga colônia grega chamada Bizâncio. Constantinopla tinha uma posição geográfica privilegiada: ficava na entrada do Mar Negro, entre a Europa e a Ásia, passagem obrigatória de importantes rotas comerciais que ligavam o Oriente e o Ocidente.

A fama de Constantinopla devia-se principalmente pelo seu intenso comércio. A cidade era ponto de encontro de pessoas e mercadorias de várias partes do mundo: da China vinha a seda, da Índia e Ceilão, as famosas especiarias (cravo, pimenta, e outros produtos). Esses produtos e outros, como joias e imagens religiosas fabricadas elos bizantinos eram exportados para o Ocidente com grande lucro.

O Império Bizantino se perpetuou da época antiga à medieval, mantendo contatos com o Ocidente feudal, e tendo certa importância política e ainda maior econômica. Mas esse império sofreu crises semelhantes ao Ocidental: problemas econômicos, dificuldades políticas (agravadas pelas religiosas) e invasões. A partir do século XI, o Império Bizantino declinou sob o peso dos enormes gastos militares para defender suas fronteiras, ameaçadas por diferentes povos. Depois de sucessivos ataques, em 1453 os turcos otomanos conquistaram Constantinopla com balas de canhão. Acabava o período de existência do Império Bizantino.

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IIFORMAÇÃO DA EUROPA FEUDAL

Um dos efeitos da crise do Império Romano, iniciada no século III, foi o esvaziamento das cidades e a migração para o campo. Isso pode ser explicado pelos seguintes motivos:

- A maioria dos habitantes das cidades estavam desempregados e sem poder pagar aluguéis e comprar comida, até porque os preços estavam altos;

- Povos germânicos atacaram e saquearam diversas cidades, matando muitos de seus habitantes ou disseminando doenças.

Assim, o medo tomou conta das pessoas, e milhares delas fugiram para o campo em busca de subsistência, empregos e segurança. Ocorreu um processo de ruralização no Ocidente europeu, ou seja, o centro da vida social, política e econômica deixou de ser a cidade e passou a ser o campo.

No campo, porém, as maiores e melhores terras estavam nas mãos de grandes proprietários; e os que ali chegaram, passaram a ter que trabalhar para eles como colonos, ou seja, cultivar um lote de terra do proprietário e, como pagamento, pelo uso do lote e da proteção desse proprietário, entregar parte da colheita.

Os germânicosOs germânicos davam grande importância à guerra e, sendo assim, valorizavam

a coragem no campo de batalha, a morte em combate e a fidelidade entre os guerreiros. Jovens guerreiros formavam um bando comandado por um chefe ao qual prestavam juramento de fidelidade. Essa associação de guerreiros era chamada de comitatus. Com o aumento das guerras contra os romanos, os chefes destes bandos foram ganhando riqueza e fama, alguns já eram reis e muitos outros alcançaram este status.

Os germânicos não tinham leis escritas. Suas leis, como quase toda sua cultura, eram transmitidas oralmente. O direito germânico era, portanto, consuetudinário, ou seja, baseado nos costumes. Cada comunidade tinha leis e costumes próprios.

Entre os germânicos, se alguém fosse acusado de um crime podia provar sua inocência num duelo de espadas; e se vencesse, era considerado inocente, pois a vitória era um sinal de que os deuses estavam com ele.

No fim do século V, os germânicos conquistaram Roma, aniquilando o poder central. Nas terras conquistadas aos romanos, os germânicos fundaram vários reinos independentes, dentre os quais podemos destacar: reino dos anglo-saxões, reino dos visigodos, reino dos suevos, reino dos vândalos, reino dos ostrogodos e reino dos francos.

Os francosOs francos atravessaram o rio Reno em direção oeste e estabeleceram-se na

província romana da Gália (região das atuais Bélgica, França e parte da Alemanha) interessados pelas riquezas da região. Na Gália, os francos viviam divididos em vários

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grupos, cada qual com seu chefe. Um desses chefes, chamado Clóvis, impôs sua autoridade aos demais por meio das armas e se tornou rei, da dinastia merovíngia, assim chamada em homenagem a seu avô, Meroveu.

No poder, Clóvis começou a expandir seu reino sobre terras de romanos e outros povos germânicos, como os visigodos. Ao vencê-los Clóvis dominou toda a Gália. Em 496, Clóvis converteu-se ao catolicismo romano e, com o apoio da Igreja, continuou sua expansão.

Os sucessores de Clóvis ocuparam-se de muitas festas e torneios, relaxando com o governo e a política, que ficou a cargo de um alto funcionário conhecido como prefeito ou mordomo de palácio. O filho de um desses funcionários, Pepino, o breve, depôs o último rei merovíngio, se fez aclamar rei e instaurou uma nova dinastia: a carolíngia. O papa reconheceu o novo rei e, em troca, o pediu que o defendesse dos lombardos (outros povos germânicos), que haviam se estabelecido na Itália central e ameaçava assaltar Roma, sede do papado. Pepino, invadiu a Itália e derrotou os lombardos e doou para a Igreja Católica parte das terras. Dessa doação originou-se o “patrimônio de São Pedro”.

O Império CarolíngioCarlos Magno foi o sucessor de Pepino, seu pai. Ele deu continuidade à aliança

com a Igreja e à política guerreira dos francos. Os exércitos de Carlos duplicaram as terras dos francos, formando um imenso império que abrangia as terras das atuais França, Alemanha, Bélgica, Holanda, Suíça, Áustria, Hungria, Eslováquia, República Tcheca, partes da Itália e Espanha.

Na noite de natal do ano 800, Carlos Magno foi coroado imperador do Ocidente pelo papa. Para administrar seu império, Carlos Magno o dividiu em províncias e entregou sua administração a funcionários que tinham cargos de condes, marqueses e duques. Esses funcionários, e outros, faziam cumprir no território as decisões do rei, bem como cobravam impostos e multas.

Carlos Magno deu importância às artes, ao conhecimento e à educação. Reuniu em sua corte diversos sábios da Europa, fundou escolas nos conventos, igrejas e palácios. Facilitou a atuação dos monges copistas, que reproduziam textos gregos e romanos, permitindo que grandes obras da antiguidade fossem salvas e chegassem até os dias de hoje. Todo esse movimento cultural ficou conhecido como o renascimento carolíngio.

Com a morte de Carlos Magno, em 814, o império começou a enfraquecer. Seu filho Luís, o piedosos (por sua religiosidade), teve dificuldades para impor sua autoridade.

Com a morte de Luís, seus filhos disputaram o trono pelas armas, numa guerra que durou três anos. A guerra culminou com o Tratado de Verdun (843), acordo que dividia o império em três partes: Carlos, o calvo ficava com a parte ocidental; Luís, o germânico, com a parte oriental; Lotário, com a parte central, que se estendia do Mar do Norte ate o centro da atual Itália.

Depois da divisão do Império Carolíngio, ocorreu o enfraquecimento do poder central. Aproveitando-se disso, os nobres (condes, marqueses, duques) foram tornando seus cargos vitalícios e aumentando seu poder local. Além disso, povos vindos de diferentes lugares (árabes do sul, vikings do norte e húngaros do leste) atacaram a Europa; para defender seus territórios os reis pediram ajuda aos

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nobres, que com isso se fortaleceram ainda mais. Consolidou-se assim na Europa o feudalismo.

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IIIFEUDALISMO NA IDADE MÉDIA

Para compreender melhor a Idade Média ou o período medieval, vamos nos localizar: início mais ou menos no século V, com as invasões “bárbaras” e a queda do Império Romano do Ocidente; e término em 1453, com a invasão e tomada de Constantinopla pelos turcos otomanos e a consequente queda do Império Romano do Oriente (Império Bizantino).

Para facilitar o estudo, o período é dividido em: Alta Idade Média (séculos V a IX) e Baixa Idade Média (séculos X a XV).

O feudalismoFeudal e feudalismo são termos modernos, criados depois do declínio desta

sociedade. A palavra feudo tem sua raiz no latim feudum: posse, propriedade ou domínio e, ao que parece, foi usada pela primeira vez no século XVI. Já a palavra feudalismo só viria a ser usada no século XIX. Há muitas controvérsias entre os historiadores ao definir o sistema feudal, pois cada um centraliza suas concepções de acordo com sua visão sobre a história. Mas de um modo geral, o feudalismo é considerado um modo de produção econômico e um sistema social que predominou por boa parte da Idade Média na Europa.

O feudalismo formou-se por meio de um longo processo que combinou elementos de origem romana, como o colonato, com outros de origem germânica, como o comitatus. O colonato obrigava os camponeses a dar parte do que produziam ao proprietário das terras em que trabalhavam. Já o comitatus era uma associação de guerreiros unidos pela fidelidade a um chefe capaz de conquistar e distribuir bens.

Podemos definir algumas características do feudalismo:- Descentralização política: em geral, o rei era uma figura decorativa, simbólica,

pois quem efetivamente mandava nos feudos (territórios) eram os senhores feudais (diversos tipos de nobres, inclusive reis). Isso não quer dizer que todos os reis ingleses e franceses do período, por exemplo, fossem figurativos. Henrique II da Inglaterra e Felipe, o belo, da França, foram monarcas poderosos.

- Economia agrária: as relações sociais de produção se desenvolveram em torno da terra, porque repousavam sobre uma economia predominantemente agrícola.

- Visão religiosa: a mentalidade do homem medieval era marcada por grande sentimento religioso. Deus era a medida de todas as coisas. Por isso podemos afirmar que durante a Idade Média predominou o Teocentrismo, ou seja, Deus como centro de tudo.

- Regime de servidão: os camponeses, em sua maioria eram servos, que estavam proibidos de abandonar os feudos; onde usavam a terra e pagavam taxas aos senhores feudais.

- Ruralização da sociedade: as cidades estavam despovoadas e a vida rural era predominante.

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- Supremacia de uma ordem de guerreiros especializados: a partir do século X, ou um pouco mais tarde, os cavaleiros obtiveram hegemonia militar e, portanto, social.

- Vínculos pessoais: o servo estava sujeito ao senhor feudal, que, por sua vez seria vassalo de um ou mais outros senhores feudais superiores a ele, ou seria suserano de um ou mais senhores feudais inferiores a ele.

Sociedade feudal

Na sociedade feudal, a posição social de uma pessoa dependia de seu nascimento. Assim, o filho legítimo de nobres era nobre por toda sua vida; e o filho de camponeses, mesmo trabalhando duro, não conseguia alterar sua posição social. No auge do feudalismo europeu, a divisão social era idealizada numa divisão em três grupos: nobreza, clero e camponeses.

A nobreza compunha-se de reis, duques, marqueses, condes, viscondes, barões e cavaleiros nobres. Sua principal atividade era a guerra. A nobreza se valia do monopólio das armas para impor seu domínio. Os nobres ofereciam proteção e exigiam serem sustentados e alimentados pelos não nobres desarmados. Consideravam o trabalho mecânico ou braçal uma atividade indigna. As principais ocupações da nobreza eram os conflitos armados, as caçadas e os torneios, por meio do qual esperavam obter ganhos ou prestígio. Nos torneios e conflitos, o vencedor ficava com as coisas (armas, cavalos, objetos pessoais etc) do vencido e, se conseguisse fazê-lo prisioneiro, exigia um resgate para libertá-lo.

O clero era formado pelo papa, cardeais, bispos, abades, monges, padres e todos que tivessem cargos na Igreja. A maioria desses religiosos tinha origem nobre e possuía feudos, muitos deles enormes. Cerca de um terço das terras da Europa Ocidental pertencia à Igreja, num temo em que a terra era a medida de riqueza. A Igreja Católica era a instituição mais rica e importante da sociedade feudal.

Os não nobres estavam genericamente no grupo dos camponeses. Eles eram em sua maioria servos da gleba (terra). O servo era assim chamado por se encontrar preso à

Nobreza

Clero

Servos – camponeses e vilõesBurgueses

Os que guerreavam

Os que oravamOs que trabalhavam

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terra, isto e, sem liberdade ara deixar o feudo em que vivia e trabalhava. Mas os servos não eram como os escravos. O servo não podia ser vendido, trocado ou punido de qualquer forma, como se fazia com os escravos. Além disso, o servo possuía bens pessoais (com exceção da terra) como animais, habitação, roupas e algumas poucas ferramentas de trabalho. Além dos servos, haviam camponeses livres, que não estavam presos à terra e, que podiam escolher onde trabalhar. Camponeses livres costumavam ser chamados de vilões (por viverem em vilas), e podiam tanto trabalhar no campo quanto nas cidades, nas mais diversas atividades. Camponeses trabalhavam muito, por muitas horas, do amanhecer ao anoitecer, e eram muito explorados. Consequentemente, a massa camponesa vivia na mais completa pobreza ou miséria, pois a maior parte da riqueza que produziam acabava nas mãos de seus senhores leigos ou religiosos.

O feudoNa Idade Média, a terra era a fonte de poder e riqueza. O feudo era a base desta

sociedade, o núcleo de organização da sociedade feudal. A propriedade ou não do feudo determinava o papel do indivíduo dentro desta sociedade. O feudo mais comum era uma porção de terra, porém existiam outros tipos, como o pagamento de uma quantia em dinheiro ou a exploração de uma ponte. Tomemos, portanto, feudo como porções de terras, porque este tipo era o dominante. Esse feudo compreendia três partes: o domínio ou reserva senhorial, as terras arrendadas e as terras comuns.

O domínio, reserva ou manso senhorial englobava as melhores terras do feudo. Correspondia à parte do senhorio não explorada diretamente pelo senhor (este não fazia este tipo de trabalho, pois sua função era guerrear). Era onde estava construído o castelo, a residência do senhor feudal.

As terras arrendadas ou manso servil, eram cultivadas pelos camponeses, de onde tiravam sua subsistência e de sua família, e parte da produção que era entregue ao seu senhor feudal.

As terras comuns, ou comunais, eram formadas por pastagens, florestas e bosques. Seu uso era coletivo. Nelas, os camponeses buscavam mel, frutas e lenha, e os senhores as usavam como local de caça.

A distribuição de terras (feudos) era feita através do chamado contrato de enfeudação, onde um rei ou um nobre poderoso e dono de muitas propriedades distribuía terras a nobres subordinados que tirariam delas proveito. Em troca, os nobres subordinados (vassalos) disponibilizariam ao rei ou ao nobre superior (suserano) o serviço militar de suas tropas e, às vezes, pagaria algumas taxas ou impostos. As terras ficariam com aqueles que as receberam por toda vida, a não ser que fossem por motivos de conflito ou insubordinação, retiradas pelo suserano. Elas passavam de pai para filho como herança, mas se caso o vassalo não tivesse filhos, esta voltava para o suserano. O feudo conseguido por enfeudação não podia ser dividido entre herdeiros; só o filho mais velho o recebia como herança.

Relações entre suseranos e vassalos

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A enfeudação consistia na homenagem e na investidura: a primeira era a cerimônia em que o vassalo (aquele que recebe) prestava juramento de fidelidade e obediência ao suserano (aquele que concede); a segunda consistia na entrega, ao vassalo, de um galho de árvore , uma lança ou outro objeto que simbolizava o feudo.

As relações entre o suserano e o vassalo envolviam compromissos mútuos:Eram obrigações do suserano:- Assegurar a proteção militar aos vassalos;- Prestar assistência judiciária.Eram obrigações do vassalo:- Prestar serviço militar;- Pagar taxas;- Comparecer ao tribunal do senhor.

Os impostos medievaisOs senhores feudais cobravam impostos aos seus servos e aos seus vassalos,

vejamos alguns:- Corveia: trabalho gratuito nas terras do senhor; além de cuidar das plantações

do senhor, o servo devia construir ou consertar caminhos, reparar pontes, cortar e carregar madeira etc;

- Capitação: imposto pessoal que era cobrado a cada indivíduo que vivia no feudo;

- Talha: entrega de parte da produção ao senhor;- Banalidades: taxa por utilizar as “ferramentas” do senhor, como moinhos,

arados, lagares e outros equipamentos do feudo.- Dízimo: 10% de tudo para a Igreja.

O feudalismo variou no tempo e no espaçoO feudalismo não existiu em toda a Europa e nem se restringiu apenas à ela.

Também não foi igual em todos os lugares onde existiu. Na verdade, quando falamos em feudalismo, estamos nos referindo a um modelo criado pelos historiadores para facilitar nossa compreensão a respeito da sociedade medieval.

O modelo de feudalismo que estudamos existiu no norte da França e partes da Alemanha. Na Península Ibérica, na Inglaterra e na Itália o sistema feudal teve características próprias.

O feudalismo durou muito mais temo em algumas regiões do que em outras. Em algumas partes da Alemanha, ele resistiu por mais tempo que em outras áreas da Europa Ocidental.

Crise da Idade Média (Ascensão da burguesia) Na época medieval a Europa estava fragmentada politicamente, não havia centralização política, não havia estado soberano.

No auge da crise medieval houve fome, guerras e pestes. Os anos de maior fome foram: 1315 até 1317/1346/1376/1438.Havia falta de terra fértil, o que acarretou êxodo rural, e a falta de abastecimento de alimentos.Doenças como a Peste Negra ou Peste Bubônica dizimou quase toda a população da Europa Ocidental. Além da fome e das doenças, a nobreza guerreava entre si por terras, fazendo com que a guerra matasse

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muitos. Talvez a maior guerra do período medieval tenha sido a Guerra dos Cem Anos, entre França e Inglaterra (1337-1453).

A crise medieval se iniciou no século XIII e se estendeu mais ou menos até o século XV.

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IVABSOLUTISMO

A aliança entre o rei, a burguesia e parte da nobreza:Os Estados nacionais surgiram do fortalecimento da autoridade do rei, apoiado

pela burguesia e parte da nobreza. Os burgueses apoiaram politicamente e materialmente os monarcas porque estavam interessados em ampliar suas atividades comerciais. Para isso eles precisavam eliminar as barreiras impostas pelos senhores feudais para poder comerciar no interior dos feudos. Uma parcela da nobreza apoiou o fortalecimento dos reis porque tinha empobrecido com a crise econômica que atingiu a Europa nos séculos XIV e XV e passou a depender dos favores dos reis.

Contrários à centralização do poder real estavam principalmente a Igreja Católica e a maior parte dos senhores feudais. O alto clero receava que os reis muito poderosos se tornariam politicamente mais fortes que o papa. Uma monarquia centralizada também representava uma ameaça ao poder econômico e político da Igreja em cada região.

O domínio absoluto dos reis:No início da Idade Moderna, os reis trataram de consolidar seu poder e criar

mecanismos que possibilitassem exercê-lo sobre vastas regiões. Para isso, criaram impostos e moedas de circulação nacional e constituíram uma burocracia de funcionários administrativos encarregados de fazer valer as decisões do soberano em todo o reino. Além disso, os reis formaram exércitos permanentes e profissionais, subordinados à autoridade da Coroa.

O crescente fortalecimento do poder dos reis atingiu seu ponto culminante no século XVII. O absolutismo significou a grande concentração de poder político nas mãos dos reis, numa época em que as atividades comerciais se expandiam e a burguesia acumulava riqueza. Um fator que também contribuiu para fortalecer os reis foi a Reforma Protestante. A divisão do cristianismo enfraqueceu a autoridade do papa, que deixou de ser aceito como uma autoridade universal. Nos países católicos , a Igreja colocou-se ao lado ou sob a autoridade dos reis.

Teóricos do absolutismo:O absolutismo tinha de ser justificado pela razão e pela fé para que as pessoas o

considerassem legítimo. Principalmente a burguesia, à medida que enriquecia, ambicionava liberdade para realizar seus negócios sem o controle do Estado. Era necessário , então, uma teoria que justificasse o poder absoluto dos reis sobre os reinos. A base teórica de apoio ao absolutismo monárquico foi desenvolvida por importantes escritores, entre eles Thomas Hobbes e Jacques Bossuet.

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- Thomas Hobbes (1588-1679): filósofo inglês, defendia a ideia de que a natureza humana era, desde sempre, má e egoísta. “O homem é o lobo do homem”, dizia ele. Só um Estado forte seria capaz de limitar a liberdade individual, impedindo “a guerra de todos contra todos”, como afirmou em sua principal obra, o Leviatã. Em resumo, o indivíduo deveria dar plenos poderes ao Estado, renunciando à sua liberdade, a fim de proteger à sua própria vida.

- Jacques Bossuet (1627-1704): bispo e teólogo francês, foi um dos mais importantes intelectuais da corte do rei Luís XIV, o mais absolutista dos reis da França. Em seu livro Política tirada da Sagrada Escritura , desenvolveu a doutrina do direito divino dos reis, segundo a qual o poder dos reis expressava a vontade de Deus. Sendo o poder monárquico sagrado, qualquer rebelião contra ele era pecado e crime. Para Bossuet, a autoridade do rei era de origem divina, e portanto , incontestável e ilimitada.

É possível perceber uma diferença no pensamento dos dois teóricos. Enquanto Hobbes defendia o absolutismo com base na razão humana, no argumento de que era necessário garantir a segurança dos indivíduos, o bispo Bossuet fundamentava sua defesa na religião, na fé.

Apesar do absolutismo ter sido uma forma de governo específica da Europa da Idade Moderna, o apóstolo Paulo, do século I, e Agostinho de Hipona, do século III, defenderam a existência de governos fortes. E mesmo na Idade Contemporânea, muitos governos, sejam monarquias, sejam repúblicas, constitucionais e democráticas ou ditatoriais, frequentemente usam estes mesmos argumentos, a necessidade da ordem estabelecida pelo bem da sociedade e para a segurança dos indivíduos unida muitas vezes à argumentos ou símbolos que evocam à religião.

A aliança entre os reis e a burguesia:A burguesia, grupo social até então marginalizado na sociedade medieval,

associou-se aos reis, que eram também senhores feudais. Nessa aliança, caberia ao rei acabar com as constantes guerras, reduzir o número de moedas em circulação, diminuir os impostos cobrados pelos senhores feudais e incentivar o comércio; e à burguesia caberia fortalecer a autoridade do rei, sustentar a economia do reino e financiar os exércitos e guerras reais. Com esta aliança o rei pôde se tornar o mais poderoso entre os nobres e anexar diversos feudos numa vasta extensão territorial sob sua autoridade, o reino.

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VIDADE MODERNA

Na Idade Média, a terra é que era a fonte de riqueza e poder, mas depois da ascensão da burguesia isso mudou. O ouro e os metais preciosos, materiais usados na fabricação das moedas, passaram a ser a fonte de riqueza e poder político e econômico.

Marcos da modernidade:- Político: formação do estado moderno nacional soberano;- Econômico: Mercantilismo e comércio;- Social: ascendência da burguesia;- Cultural: Renascimento;- Religioso: Reforma Protestante.

Características do estado moderno:- Idioma oficial, geralmente comum;- Fronteiras territoriais definidas;- Soberania governamental nacional;- Exército permanente;- Moeda única nacional.

Os primeiros estados modernos nacionais da Europa:- Portugal: mais ou menos pelo século XII unificou-se sob a dinastia (família

real que dominava e governava o país) de Borgonha com o rei D. Henrique. Pelo século XIV consolidou-se a unificação com a revolução de Avis que levou ao poder a dinastia do mesmo nome, com o rei D. João. Portugal foi o primeiro estado nacional soberano da Europa Ocidental.

- Espanha: Pelo século XIV começou a unificação do país com o casamento de Isabel de Castela, a católica, com Fernão de Aragão. A unificação total se deu com a expulsão dos mouros (árabes e bérberes muçulmanos) do sul do país (Reino de Granada).

- França: Pelo século XIII, a unificação iniciou sob a égide da dinastia dos Capetos. A consolidação se deu com Luís XIII e Luís XIV.

- Inglaterra: Pelo século XV, o país unificou-se sob a dinastia Tudor. Nesse país os reis, apesar de alguns momentos de governo absolutista, tiveram sob pressão de outros nobres que dividir desde cedo o poder com o Parlamento.

O início do estado moderno:

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Entre os séculos XII e XV, começou uma crise no sistema feudal que oprimia ao extremo e explorava os não-nobres. A nobreza tinha o seu poder baseado na terra que era cultivada por servos, que estavam presos a necessidade de subsistência sob a proteção do senhor feudal. A crise se tornou grave com as constantes guerras, épocas de fome e pestes.

Nessa época, a cultura era muito influenciada pela fé, e a ideologia humana estava voltada para Deus e a Igreja.

A economia medieval era baseada na terra. Existiam muitos padrões monetários que dificultavam muito o comércio, principalmente o local.

Politicamente não havia estado soberano, mas sim aglomerações de feudos.Com a ascensão da burguesia (ricos comerciantes, banqueiros, cambistas, donos

de manufaturas etc), grupo social até então marginalizado, houve mudanças na mentalidade administrativa, social e econômica. Os burgueses se uniram aos reis, fazendo com estes uma aliança: o comércio sustentaria o reino, e o rei protegeria e incentivaria o mesmo.

Com a centralização do poder nas mãos dos reis, criou-se a monarquia nacional absolutista, e instituiu-se uma soberania nacional. Este foi o início da Idade Moderna.

O homem começou a olhar mais para si mesmo, buscando na Idade Antiga, principalmente nos modelos gregos e romanos, inspiração para alcançar seus novos objetivos. A sociedade começava a deixar o teocentrismo e a tornar-se antropocêntrica.

Formaram-se países como Portugal, Espanha e Inglaterra, que se destacaram no comércio marítimo. A França tornou-se um marco do absolutismo monárquico, com os governos de Luís XIII e Luís XIV.

Esse era o segredo da formação do estado moderno: a soberania unida a um território definido, com idioma oficial, moeda nacional, exército permanente, tudo sob o governo de um rei poderoso.

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VIMERCANTILISMO

Definição: política econômica empreendida pelo Estado nacional, visando o acúmulo de metais preciosos. Esta política se realizava principalmente através de práticas mercantis.

Princípios:- Metalismo: acúmulo de metais preciosos.- Balança comercial favorável: vender mais e comprar menos, para manter forte

o tesouro nacional. Procurava-se evitar a saída de metais preciosos do país, e incentivar a sua entrada.

- Protecionismo: criação de leis de incentivo à indústria e às manufaturas, e taxas para produtos importados.

- Intervencionismo estatal: o Estado intervinha e controlava a economia do país.- Manutenção de colônias.

Períodos do Mercantilismo:- Século XVI: política metalista;- Primeira metade do século XVII: preocupação com o comércio externo;- Segunda metade do século XVII: política protecionista e tentativa de pôr a

balança comercial favorável.- Século XVIII: Pacto colonial. A colônia era obrigada a comprar produtos

manufaturados da metrópole, que detinha o monopólio. Exemplificando: no caso do Brasil, colônia de Portugal, havia na colônia uma classe senhorial dona de escravos, elite agrária, que vendia matéria-prima para a metrópole, onde estavam o rei e uma burguesia manufatureira, que vendia para a colônia produtos manufaturados. Uma outra elite muito poderosa nesse comércio, e que estava presente tanto na colônia quanto na metrópole, eram os traficantes de escravos que forneciam esta mão-de-obra para a colônia.

Tipos de colônias:- Colônia de exploração: colônia na qual a metrópole retirava as matérias-primas

e implantava o Pacto Colonial. Neste tipo de colônia a mão-de-obra era escrava e a agricultura era do tipo monocultura extensiva visando a exportação;

- Colônia de povoamento: território onde os colonos visavam formar famílias e fixar-se definitivamente. Neste tipo de colônia havia policultura de subsistência e mão-de-obra livre assalariada.

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VIIA EXPANSÃO MARITIMO-COMERCIAL EUROPEIA

Causas:- Busca de um novo caminho para o Oriente, de onde provinham as especiarias

(cravo, canela, noz-moscada, gengibre e produtos de luxo como marfim, porcelana, ceda etc).

- A necessidade de novos mercados. A Europa precisava ampliar-se comercialmente.

- Falta de metais preciosos na Europa.- Formação dos Estados Nacionais Soberanos, com a aliança entre os reis e a

burguesia.- Propagação da fé cristã, principalmente sua corrente católica apostólica

romana, aos gentios (pessoas não cristãs) das terras onde se expandia a colonização. Este foi o principal motivo ideológico.

As Navegações Portuguesas:As mais importantes causas das navegações lusitanas foram:- A centralização administrativa de Portugal com a Revolução de Avis, que no

século XIV, colocou no poder a dinastia (família real) de mesmo nome.- País sem guerras.- Formação precoce da monarquia nacional;- Fracasso da economia lusitana;- Nascimento de uma burguesia em ascensão;- Alto preço das especiarias;- Tomada da cidade de Ceuta (Marrocos) em 1415;- Progresso técnico na construção de navios e equipamentos náuticos.

Antecedentes:Portugal – pioneiro na expansão marítima comercial.

Marcos das Expedições Lusas:- Conquista da cidade de Ceuta (Marrocos) em 1415.- Criação de um centro avançado de navegação pelo infante D. Henrique.

Durante anos este centro de navegação, que ficava no palácio real de Sagres, foi denominado pela historiografia lusitana de “Escola de Sagres”. No entanto, alguns historiadores acreditam que tal “escola”, como instituição, nunca existiu, sendo esta uma criação da historiografia lusitana para exaltar as navegações portuguesas.

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Objetivos da expansão:- Encontrar as Índias para comerciar;- Contornar a África através da navegação por cabotagem, também chamado de

périplo africano. Contornar a África era necessário pois o mar Mediterrâneo estava dominado por árabes e italianos;

- Incentivar a busca de outras rotas.

Comércio entre a África e Portugal:Portugal comprava produtos na Holanda e os vendia na África, onde compravam

produtos africanos e escravos.

As navegações portuguesas:

Bartolomeu Dias – atravessou o Cabo das Tormentas em 1488.Vasco da Gama – chegou às Índias em 1498.Pedro Álvares de Gouveia (mais tarde recebeu o sobrenome do pai, ficando

Pedro Álvares Cabral) – objetivava chegar às Índias, e montar um posto comercial monopolizado por Portugal (feitoria). Em 1500, Cabral tomou posse do Brasil.

As Navegações Espanholas:Os principais incentivadores das navegações espanholas foram os reis Fernão de

Aragão e Isabel de Castela (a católica). A serviço destes reis, destacou-se a figura do navegador Cristóvão Colombo, que descobriu a América em 1492.

A Bula Intercoetera (1493):Após a descoberta de Colombo, em 1492, firmou-se entre a Espanha e Portugal,

a divisão de suas terras. Portugal, descontente, lançou a ideia de uma melhor divisão em 1494 com o Tratado de Tordesilhas.

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VIIIO HUMANISMO OU RENASCIMENTO

Obs.: O termo “humanismo” é usado de uma forma mais ampla, global. Já o termo “renascimento” se restringe a um caráter mais específico e regional.

Definição: O humanismo ou renascimento deve ser entendido como um movimento intelectual de valorização da antiguidade clássica (as culturas da Grécia e Roma antigas). Representando a glorificação do homem, tornado como centro de todas as indagações e preocupações.

O humanismo trouxe à sociedade europeia uma ideologia antropocêntrica, típica do período grego e romano, em oposição à ideologia teocêntrica, típica do período medieval. Antropocentrismo significa “o homem no centro”, e teocentrismo significa “Deus no centro”; no centro de todas as coisas, no centro das indagações e prioridades da sociedade. O antropocentrismo resgatou o ideal grego que afirmava: “O homem é a medida de todas as coisas”.

Mercadores e banqueiros queriam contestar os valores medievais que não eram seus. Tinham interesse em financiar artistas que divulgassem os novos valores humanistas. O financiamento de artistas, pintores, escultores, escritores e pesquisadores por parte dos burgueses e dos reis, chamou-se mecenato. Os mecenas, ou seja, os promotores e financiadores de artistas, faziam isso visando também à autopromoção. Tudo isso criou condições para o surgimento e divulgação dos valores humanistas.

Renascimento literárioPrincipais autores e obras:- Dante Aligheri, da região da Itália, escreveu “A Divina Comédia”.- Nicolau Maquiavel, da região da Itália, escreveu “O Príncipe”.- Luís de Camões, de Portugal, escreveu “Os Lusíadas”.- William Shaskespeare, da Inglaterra, escreveu “Romeu e Julieta” e “Otelo”.

Renascimento Artístico- Leonardo Da Vinci, pintou o famoso quadro “A Monalisa”. E além de pintor,

também foi desenhista artístico e técnico, engenheiro, pesquisador e inventor de máquinas como os protótipos da bicicleta e do helicóptero.

- Miguel Ângelo, ou Michelangelo, pintou a famosa Capela Sistina.

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Renascimento Científico- Nicolau Copérnico, formulou a Teoria Heliocêntrica.- Giordano Bruno, formulou a teoria do Universo Infinito.- Galileu Galilei, confirmou a teoria de Copérnico.

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IXA REFORMA PROTESTANTE

Durante a ocupação romana na Palestina, surgiu um homem que pregava a revelação de Deus. Esse homem afirmava ser o filho do Deus único dos judeus. Seu nome era Jesus. Aos 30 anos ele começou sua pregação e conseguiu fazer diversos seguidores. Dentre esses seguidores destacaram-se aqueles que Jesus chamou de discípulos e que ele deu a missão de continuar a pregar suas doutrinas.

Os sacerdotes hebreus consideraram Jesus um herege, pois não concordavam com suas afirmações de ser o filho de Deus. Na Israel sob domínio romano, as correntes do judaísmo brigavam por deter o monopólio da religião e ter algum controle sobre o povo e adquirir prestígio junto aos invasores romanos. Os sacerdotes judeus, insatisfeitos com as ações de Jesus e suas idéias, o prenderam e o acusaram de corromper a ordem pública, além de falsamente o acusarem de negar-se a pagar impostos a Roma. Jesus foi entregue ao poder romano, representado por Pôncio Pilatos, este o condenou à crucificação por temer uma possível revolta na cidade de Jerusalém, que estava repleta de peregrinos para a festa da Páscoa. Após a morte de Jesus, seus apóstolos foram aos poucos rumando para terras distantes em busca de converter adeptos ao cristianismo. Os convertidos formavam comunidades e assembléias de culto que se chamavam Igrejas. Um dos apóstolos que mais se destacou foi Paulo. Paulo era um judeu que chegou a perseguir cristãos. Porém converteu-se ao cristianismo e fez viagens a diversas cidades gregas pregando o evangélio. Chegou até Roma, junto com Pedro, outro importante apóstolo. Com a chegada do cristianismo a Roma, ele logo se difundiu entre a população. No início porém houve perseguições, como a decretada pelo imperador Nero.

As perseguições foram freqüentes até 313, quando o imperador Constantino decretou o Edito de Milão, dando liberdade de culto aos cristãos. Em 391, o imperador Teodósio, fez do cristianismo a religião oficial do Império Romano.

Como religião oficial, o poder da Igreja como instituição fortaleceu. Mesmo com a desagregação do poder político no Império Romano do Ocidente, a Igreja permaneceu organizada. Sua organização interna se consolidou e tornou-se complexa, com a criação de uma hierarquia de sacerdotes como párocos, monges, bispos, arcebispos e por fim o papa.

Desde o início do Cristianismo este enfrentou diversas vezes na história, o surgimento de ideias conflitantes aos seus fundamentos. Ao longo da sua história, a religião cristã sofreu influências pagãs e culturais greco-romanas, que moldaram seus dogmas, sua liturgia e a administração da Igreja como instituição. Desde o início também surgiram, em um momento ou outro, diversas heresias (ideias contrárias ou diferentes dos dogmas firmados e aceitos como regras religiosas).

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Ainda no período do Império Romano, a igreja já havia se dividido em duas instituições: a Igreja Católica Apostólica Romana, sediada em Roma; e a Igreja Ortodoxa, que dominava o Leste Europeu, o Oriente-Próximo e o Egito.

Durante o período medieval, a Igreja Católica lutou ferozmente para impor a autoridade do papa (bispo de Roma que assumiu a chefia da Igreja como instituição), acabar com os resquícios de paganismo na Europa Ocidental (mesmo que para isso, muitas vezes, tivesse que assimilar e misturar rituais, costumes e tradições pagãs ao cristianismo) e tentar em vão reunificar nominalmente toda a cristandade.

Devido às imposições da Igreja e às influências recebidas, muitos grupos surgiram com contestações a alguns dogmas e costumes. As vezes a Igreja reprimia e perseguia tais grupos como heréticos, outras vezes os assimilava.

No fim da Idade Média, grupos fora e dentro da Igreja começaram a pedir algumas reformas. Alguns indivíduos de dentro da própria igreja, impulsionados inclusive pelo humanismo, contestaram fortemente alguns dogmas, costumes e a autoridade papal. A intenção inicial dos reformadores não era dividir a Igreja, mas reformá-la para restituir sua condição aos moldes do cristianismo inicial.

No processo da Reforma, muitos seguidores da Igreja, tinham também outros motivos para “abraçar” as novas ideias, além ou aquém dos motivos espirituais: reis queriam se ver livres da autoridade do papa que muitas vezes se envolvia na política de seus países; e burgueses queriam livrar-se de uma liderança religiosa que via com maus olhos seus projetos de lucro e prosperidade financeira.

Os Pecados da Igreja:A Igreja pregava salvação através de esmolas e doações. Também vendia

indulgências (perdão de pecados), cargos eclesiásticos , imagens de santos e “relíquias milagrosas”.

LuteroMartinho Lutero, monge agostiniano, protestou contra a venda de indulgências e

fez uma reação de 95 teses combatendo os erros da Igreja. Seus ensinamentos propagaram-se principalmente na Alemanha, sua terra natal. Para Lutero o homem só podia ser salvo mediante à fé em Jesus.

CalvinoJoão Calvino, francês, dinamizou o movimento reformista, ampliando a doutrina

luterana, afirmando que o homem seria salvo pela suprema vontade de Deus que predestinava à salvação aqueles que Ele bem entendesse. Outra característica das ideias de Calvino era o fato deste ver com bons olhos o lucro e a prosperidade econômica, tidos como “sinais” das bênçãos divinas e consequentemente da predestinação ao céu (Essa ideia deu origem à Teologia da Prosperidade). Por essas ideias, Calvino tornou-se o reformador da burguesia. Obs.: Nomes dos calvinistas: - Presbiterianos na Escócia, - Igreja Reformada na Holanda, - Puritanos na Inglaterra.

A Reforma Anglicana

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Em 1534, o rei da Inglaterra, Henrique VIII, através do Ato de Supremacia separou-se da Igreja Católica. O problema entre o rei e a Igreja iniciou-se com o pedido de divórcio por parte deste ao papa. Com a recusa do pontífice, o rei decidiu assumir a chefia da Igreja na Inglaterra e cortar os laços com Roma.

A Contrarreforma ou “Reforma” CatólicaDevido ao movimento reformista protestante a Igreja Católica tomou atitudes em

resposta às contestações e a perda de parte de seu “rebanho”. Entre 1545 e 1563 ocorreu o Concílio de Trento, que discutiu sobre o

movimento reformista e suas consequências, e o que a Igreja deveria fazer em relação a isso. A Igreja decidiu reafirmar seus dogmas e refutar as contestações dos reformadores.Além disso, ficou oficializada a criação do Tribunal do Santo Ofício (a Inquisição), além da criação de várias ordens religiosas, entre as quais a mais destacada da época foi a Cia de Jesus ( Jesuítas) em 1534 por Ignácio de Loyola.

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XIPeríodo pré-colonial da América Portuguesa (1500-1530)

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Razões do abandono da terra: próspero comércio com as Índias. Neste período não houve povoamento nem colonização da Terra Brazilis. Mas

houve extração do pau-brasil. Fernão de Noronha, também conhecido como Fernando de Noronha ou Fernão de Loronha, comprou o monopólio de extração de pau-brasil.

Uma colonização começou a ensaiar-se a partir da extração de pau-brasil, como um monopólio real que garantia lucros à Coroa.

Utilizava-se o escambo, que é a troca de mercadorias, com os índios. Estes recebiam bugigangas dos portugueses, e em troca faziam para estes a extração do pau-brasil. Tal troca era considerada justa, pois ambas as partes ficavam satisfeitas.

Começou haver invasões estrangeiras ao longo do litoral. Os franceses foram os que mais frequentemente passaram pelas costas brasileiras. Então, os portugueses enviaram expedições para defender o litoral. Tais expedições foram chamadas de “Guarda-costas”. Tal defesa não surtiu muito efeito.

Então, o rei fez a tentativa de estabelecer a defesa da colônia e um comércio lucrativo através das Capitanias Hereditárias. Das quinze capitanias, apenas duas prosperaram, devido aos investimentos estrangeiros: São Vicente e Pernambuco. As capitanias eram divididas em sesmarias, que eram lotes de terra doados, através de carta-real, a proprietários em troca de um pagamento que era revertido em impostos ao rei.

XIOs Governos-Gerais da América Portuguesa

A função do Governo-Geral era centralizar o poder político e cobrar impostos atrasados.

Tomé de Souza foi o primeiro Governador-Geral (1549-1553). Ele trouxe o gado e fundou engenhos.

O segundo Governador-Geral foi Duarte da Costa (1553-1558). Durante seu governo houve a invasão francesa no Rio de Janeiro. Os franceses pretendiam fundar a França Antártica.

O terceiro Governador-Geral, Mem de Sá, expulsou os franceses do Rio (1558-1578) com a ajuda do chefe indígena Ararigbóia e seu sobrinho Estácio de Sá.

O Governador-Geral cuidava da centralização administrativa. Abaixo dele estavam: o Ouvidor-mor, que cuidava da justiça; o Provedor-mor, que cuidava das finanças; e o Capitão-mor, que cuidava da defesa.

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A sede do Governo-Geral era na Bahia, em Salvador. Havia os poderes locais, que governavam em nome do Governo Geral: as Câmaras municipais. Os líderes das Câmaras eram chamados de “homens bons”.

O Pacto Colonial (séc. XVI)O Pacto Colonial representa as ligações comerciais entre a metrópole e a

colônia, onde a primeira fixava os valores desta transação, e a segunda servia apenas como complementação da economia da primeira.

XIICiclo da cana-de-açúcar

- Produção açucareira: lucro rápido de um produto conhecido no mercado europeu;

- Investimento holandês em troca de exclusividade no refino, transporte e comércio na Europa;

- Latifúndio e mão-de-obra barata;- Produção para exportação.

Sociedade açucareira: - Senhor de engenho, homens livres pobres e escravos.Os homens livres pobres eram mascates, mercadores, professores dos filhos dos

senhores de engenho, ou homens que plantavam nas terras do senhor produtos de subsistência.

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O açúcar e o alargamento das fronteiras: A obtenção de terras para o plantio da cana, levou aos agricultores a irem para o interior do país. O gado no engenho era usado como força motriz que movia as “máquinas” do engenho.

XIIIPresença estrangeira no Brasil

Franceses (1555-1567) – Rio de Janeiro – França Antártica.Entre 1612 e 1615, os franceses, fixados no Maranhão, tentaram bloquear

a passagem dos navios espanhóis vindos do Caribe, lotados de metais preciosos. Portugal os expulsou com a ajuda da Espanha.

Holandeses – invadiram o nordeste, onde havia o cultivo da cana.

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XIVUnião Ibérica (1580-1640) – Portugal e Espanha

Principal consequência disso para o Brasil: A Holanda, inimiga da Espanha, não pode mais participar da empresa açucareira. Os holandeses perderam com a União Ibérica, o direito de comercializar o açúcar brasileiro. Por causa disso, eles invadiram o nordeste brasileiro. Há destaque na história para o governo de Maurício de Nassau em Pernambuco. Em 1657, os holandeses foram expulsos do nordeste pelos ibéricos, com a ajuda da Inglaterra.

Consequências da saída dos holandeses:- Produção de açúcar nas Antilhas pela Holanda, fazendo concorrência

com o produto brasileiro. Os preços caíram no mercado europeu, o que gerou

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decadência na economia portuguesa, pois o único produto feito para exportação era o açúcar.

XVA expansão territorial da América Portuguesa (séc. XVI-XVIII)Do Amazonas ao Rio da Prata formaram-se núcleos de povoamentos da

colônia portuguesa desrespeitando o Tratado de Tordesilhas. Foram chamadas de oficiais, as conquistas territoriais que tinham caráter militar (defesa de fronteiras) ou religioso (missões); e extraoficiais, as ocupações feitas por canavieiros e bandeirantes.

Os canavieiros ajudaram a empurrar a fronteira para o interior com a necessária busca de terras para o cultivo e para o gado.

Os bandeirantes proviam da capitania de São Vicente. Adentravam no interior fazendo a preagem de índios (que eram vendidos aos senhores de engenhos). Após a descoberta do ouro no interior, as bandeiras passaram a se dedicar à mineração (séc. XVIII).

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A descoberta de ouro desencadeou uma corrida às regiões onde o ouro havia sido encontrado. Vieram tantos exploradores, tanto de regiões da colônia, quanto da metrópole.

Os bandeirantes se revoltaram contra os portugueses, que eram chamados por aqueles de emboabas. A tensão entre bandeirantes e emboabas desencadeou a Guerra dos Emboabas.

Havia também o sertanismo de contrato, em que os bandeirantes ofereciam-se para qualquer atividade no interior da colônia.

XVIO ciclo do ouro (séc. XVIII)

Situação da metrópole no século XVIII:- Crise econômica motivada pela decadência do comércio de especiarias

e açúcar;- Tratados comerciais desfavoráveis com a Inglaterra;- Tratado de Methuen: Portugal vendia vinhos à Inglaterra em troca de

industrializados. Isso fazia a balança comercial de Portugal se tornar desfavorável.

A descoberta do ouro no Brasil:- Guerra dos emboabas: revelou a disputa entre colonos e portugueses

pelas minas de ouro.

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- Cidades surgiram devido aos locais de mineração estarem em lugares desertos, longe das moradias habituais. Houve ressurgimento de mercados e pensões em volta das áreas de mineração.

- Surgimento do mercado consumidor interno. No sul do Brasil, por exemplo, havia a criação de gado para a venda de charque para as áreas mineradoras. Os bandeirantes vetados para a mineração, se tornaram comerciantes destes produtos.

Métodos de exploração:1) faiscação ou garimpagem: método mais simples, com mão-de-obra

livre e poucos recursos. O minerador trabalhava só ou com a família.2) lavras: processo mais sofisticado. Grandes áreas mineradoras, onde se

usava mão-de-obra escrava e muitos recursos.

Administração da produção: A metrópole concedia terras a pessoas para explorar o ouro, e estas

pessoas pagavam 20% (o quinto) em impostos. Isso era para evitar o contrabando.

Havia os superintendentes, que notificavam a Coroa o descobrimento das minas e registravam documentos de cessão de lotes da área de garimpagem. Abaixo dos superintendentes, havia os guardas-mores que faziam a divisão física da área de garimpo.

Os impostos cobrados eram:- Quinto: 20% do ouro;- Capitação: imposto cobrado por número de escravos na mina.Houve aumento do contrabando, então Portugal criou no Brasil as Casas

de Fundição. Tais casas fundiam o ouro em barras com o selo real, tornando-o legal. A cobrança do quinto, que então havia aumentado para 25%, era feito nestas casas.

O ouro explorado era de aluvião (de leito de rios), e por isso escasseou rapidamente. Houve queda na arrecadação do imposto do quinto, e Portugal taxou que deveria recolher 1,5 tonelada de ouro por ano. Tal recolhimento também caiu, e isso deu origem à derrama, que era a cobrança do ouro excedente dos mineradores.

Mudanças na colônia devido ao ciclo do ouro:-Aumento da população, devido à chegada de muitas pessoas de Portugal

por causa da “corrida do ouro”;- Surgimento do mercado interno;- Mudança do eixo econômico, que saiu do nordeste (área da cana) para o

sudeste (área do ouro);- Aumento do número de escravos no Brasil;- Aumento no número de alforrias;- Comércio externo reativado pela mineração;- Mudanças na sociedade.

O fim do ciclo do ouro:

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Esgotaram-se os aluviões, e o ouro das minas não podia ser explorado por falta de técnicas.

Revoltas de escravos:Houve resistência dos escravos desde o início da escravidão. Mas

somente a partir da época do ouro é que se registraram suas revoltas. O trabalho na mineração era rígido e desumano, e isso gerava um descontentamento dos escravos. Havia escravos que roubavam o ouro na garimpagem para comprar sua liberdade.

XVIIRenascimento agrícola na América Portuguesa(séc. XVIII)

- Gerado pelo fim do ciclo do ouro;- O algodão foi produzido para o mercado externo, bem como o açúcar e

o tabaco;- O que motivou fortemente o renascimento agrícola foi a Revolução

Industrial que provocou a demanda de matéria-prima para diversas indústrias como a têxtil, por exemplo;

- Acabou a prática da monocultura e incentivou-se a diversificação dos produtos;

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- Início das revoltas de independência, com as divergências entre colonos e metrópole.

XVIIICrise no Antigo Regime

- A Revolução Industrial quebrou a noção que o comércio era a única atividade lucrativa possível;

- A independência dos EUA revelou a fragilidade da colonização e deu exemplo para outras colônias;

- A Revolução Francesa fechou a Idade Moderna e a preponderância do absolutismo e do mercantilismo, ao mesmo tempo que inaugurou o sistema capitalista e a política de base burguesa.

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A crise do Antigo Regime na metrópole portuguesa:- Reformas pombalinas: tentativa do governo português de acabar com a

crise econômica. O marquês de Pombal, secretário de Estado, iniciou uma série de reformas com esse intuito.

- As reformas pombalinas mais importantes foram:* Fazer de Portugal um país independente economicamente, negando-se

a pagar as dívidas com a Inglaterra e bloquear os tratados com a mesma;* Explorar ao máximo as colônias ultramarinas; principalmente o Brasil,

com o aumento do quinto, a criação da derrama, a expulsão dos jesuítas ( que eram contrários aos objetivos do rei).

A crise do Antigo Regime e suas consequências no Brasil:O contexto na colônia era de fim do ciclo do ouro e início do

renascimento agrícola. A principal conseqüência da crise do Antigo Regime no Brasil foi a eclosão das primeiras revoltas visando a emancipação da colônia.

As revoltas ocorridas na América Portuguesa (Brasil) no século XVII e inícios do XVIII foram chamadas pelos historiadores de “nativistas”. Esse nome se devia ao fato de que alguns colonos queriam reformas que dessem vantagens aos interesses daqueles que estavam no Brasil. Essas revoltas nativistas não tinham, no entanto, caráter emancipacionista.

Suas causas foram geralmente “pessoais”, ou seja, grupos de elite colonial requeriam mudanças que os beneficiassem.

As principais revoltas nativistas foram:

- Revolta de Beckman ( 1684): ocorrida no Maranhão. Liderados elos irmãos Manoel e Tomás Beckman, fazendeiros se rebelaram contra a má administração da Companhia de Comércio do Maranhão e contra a proibição da escravização indígena. Foram derrotados, mas a Companhia acabou encerrando suas atividades. Manoel foi morto; Tomás desterrado.

- Guerra dos Mascates ( 1709-11): Ocorrida em Pernambuco. Revolta dos ruralistas de Olinda contra a emancipação de Recife decretada pelos comerciantes portugueses que vinham da Metrópole (os mascates). Os reinóis detinham o poder econômico, mas não o político, pois Recife era parte de Olinda. A separação provocou a reação olindense. A Coroa interviu e Recife manteve sua autonomia.

- Revolta de Vila Rica (1720): Ocorrida em Minas Gerais. Também conhecida como Revolta de Felipe dos Santos. Foi uma reação da população contra às Casas de Fundição e às taxas excessivas cobradas nelas. O movimento foi derrotado, e Felipe dos Santos, um dos líderes, enforcado e esquartejado.

- Guerra dos Emboabas (1708-09): Conflito entre bandeirantes, descobridores das jazidas de ouro, e garimpeiros que vieram da Metrópole e de outras partes da colônia – os emboabas – também interessados em explorar as

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novas riquezas. Os bandeirantes foram derrotados. No fim do conflito, a Coroa criou as capitanias de São Paulo e Minas Gerais (ou das Minas do Ouro).

- Aclamação de Amador Bueno (1641): Ocorrida em São Paulo. Com a notícia da restauração da monarquia portuguesa, após o fim da União Ibérica, alguns paulistas resolveram desligar-se de Portugal e proclamaram o fazendeiro Amador Bueno como rei de São Paulo. Porém, Amador não aceitou e o movimento se desfez.

No final do século XVIII, surgiram revoltas que foram chamadas de inconfidências. Essas tinham caráter emancipacionista, e eram geralmente apoiadas por uma elite que desejava separar-se de Portugal.

A Inconfidência (ou Conjuração) Mineira eclodiu em 1789.Suas causas: descontentamento da elite mineradora com a taxação da

derrama pelo marquês de Pombal; e com o Alvará de 1785 (que proibia a instalação de manufaturas no Brasil) pela rainha Maria I, a louca.

As origens das bases da Inconfidência Mineira estão na Revolução Francesa e na Independência dos EUA.

A rebelião não chegou a acontecer de fato, pois os revoltosos foram traídos, e a partir daí, tomados como alvo da investigação do governo metropolitano, chamados de Altos da Devassa. De todos os conjurados apenas Joaquim José da Silva Xavier (Tiradentes), foi condenado a forca e ao esquartejamento de seu cadáver.

Outra Inconfidência foi a Baiana, ocorrida em 1798. Sua principal influência foi a fase jacobina (quando o povo pegou em armas) da Revolução Francesa. Caracterizou-se pela presença do povo na luta. Eles pediam a libertação dos escravos, entre outras menores requisições. A luta iniciou com a organização de sociedades secretas, seguida da distribuição de panfletos para a população com ideias emancipacionistas. A repressão atingiu mais a pessoas do povo.

O projeto político das inconfidências:a) Inconfidência Mineira: Governo emancipado de base iluminista. Não

pretendia acabar com a escravidão. Foi o primeiro movimento contra o Pacto Colonial.

b) Inconfidência Baiana: República, igualdade jurídica, liberdade de comércio, trabalho livre e fim da escravidão, além da participação popular na política.

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XIXA INDEPENDÊNCIA DAS TREZE COLÔNIAS INGLESAS DA

AMÉRICA DO NORTEFundação das 13 colônias:A Inglaterra povoou a costa leste da América do Norte, território que foi

abandonado pela Espanha. Os povoadores ingleses eram em sua maioria

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refugiados puritanos que encontraram na América a segurança para exercer sua religião.

- Diferenças na colonização:* Colônias de povoamento do Centro e do Norte: possuíam um clima

idêntico ao inglês, a agricultura era do tipo de subsistência e de policultura, a mão-de-obra era livre, havia bom desenvolvimento de áreas urbanas, livre comércio (não sujeito ao Pacto Colonial), e uma sociedade sem extremos socioeconômicos.

* Colônias de exploração do Sul: caracterizavam-se pela “Plantation” (terras de monoculturas), economia de exportação, latifúndio, mão-de-obra escrava africana, clima subtropical, dependência econômica à metrópole (Pacto Colonial) e sociedade com extremos socioeconômicos.

- Governos das colônias:Os representantes das colônias governavam assessorados por uma

Assembleia eleita pelos colonos.

- Relação entre as colônias e a metrópole: Autonomia administrativa. Porém a partir da Revolução Industrial, a

metrópole reinicia a tentativa de controlar todas as colônias.

- Outras causas da independência: 1) Guerra dos Sete Anos (1756-63):* Conflito entre Inglaterra e França travado no Continente Americano e

na Europa.* Houve participação forte dos colonos.* Vitória inglesa com grande perda econômica.

2) Leis Intoleráveis:* Aumento de impostos.* A difusão de ideias iluministas eram contrárias aos impostos decretados

por lei real: Lei do Selo, Lei do Chá, Lei do Açúcar etc).* Reação colonial em 1774 com o primeiro Congresso Continental da

Filadélfia.

3) Guerra da Independência:* Após a aprovação da Declaração de Independência em 4 de julho de

1776, iniciaram as lutas dos colonos pela independência.

- A Guerra de Independência dos EUA (1776-83):França e Espanha ajudaram os colonos a lutarem contra a Inglaterra. As

lutas duraram cerca de sete anos. Os colonos americanos foram liderados por George Washington. Diversos estrangeiros participaram da guerra, principalmente na Batalha de Saratoga, onde iniciou a participação francesa; e a Batalha de Yorktown, com forte participação espanhola. No fim da guerra, houve vitória dos americanos, e em 1783 a Inglaterra reconheceu a independência americana.

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A Formação dos EUADuas facções fizeram propostas sobre a formação política dos EUA. A

facção liderada por Thomas Jefferson, que se intitulava republicanos, e pregava menos poder central e mais poder aos estados federados; e a facção liderada por George Washington, que pregava um forte poder central.

A Constituição americana foi promulgada em 1787 e trouxe a fusão das ideias das duas facções. Formou-se uma República Federativa Presidencialista com divisão de poderes em três. George Washington foi o primeiro presidente eleito em 1789.

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XXA REVOLUÇÃO FRANCESA

Antecedentes:- Crise econômica: a França mantinha-se com características feudais e

disputava mercados com a Inglaterra (nação produtora de manufaturados).

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- Crise social: lutas entre os Estados (ordens sociais).

A sociedade francesa do século XVIII era formada por grupos sociais denominados ordens ou Estados. Acima de todos estava o rei absoluto; abaixo do rei estava o 1° Estado ou ordem do clero; abaixo estava o 2° Estado ou ordem da nobreza; e abaixo de todos estava o 3° Estado ou a ordem formada pelos não-nobres e não-clérigos, ou seja, o povo formado por burgueses, camponeses (servos e vilões) e trabalhadores.

O rei, o 1° e o 2° Estados estavam isentos de pagar impostos e tinham diversos privilégios, muitos deles ainda feudais. O peso dos impostos recaía sobre o 3° Estado formado pelas massas trabalhadoras, que sustentavam todo o aparato estatal, o rei, a nobreza e o clero. Dentro do 3° Estado crescia em número a burguesia, que tinha valores fortemente influenciados pelo Iluminismo que pregava contra o Absolutismo.

Obs.: A Revolução Francesa foi a prática dos ideais iluministas.

Os camponeses representavam a maioria da população francesa e estavam presos ao regime de servidão. Esse regime impedia o desenvolvimento da burguesia pois frequentemente não produzia excedentes nem matéria-prima para manufaturas. No plano político, havia outro entrave para a burguesia, pois o Estado era controlado pela nobreza, e esta não se interessava pelas atividades comerciais.

Características Gerais:No governo de Luís XIV (1643-1715) a crise econômica já era notada.

No governo de Luís XVI (1774) procurou-se amenizar a crise com a nomeação de Turgot (fisiocrata) que tentou aplicar impostos ao 1° e 2° Estados, não conseguindo demitiu-se em 1776. Necker substituiu Turgot, e tentou trazer a público as dívidas do governo com o 1° e 2° Estados.

Em 1786 firmou-se um tratado de comércio com a Inglaterra. Pelo tratado a Inglaterra venderia manufaturados à França em troca de produtos agrícolas. Isso enfraqueceu ainda mais a economia francesa, que foi agravada ainda mais por crises naturais como períodos de muita chuva alternados por épocas de secas.

A Convocação dos Estados Gerais:Luís XVI convocou esta Assembleia depois de um século após a última

convocação. A Assembleia dos Estados Gerais só funcionava em épocas de crise extrema. Ela funcionava da seguinte forma:

Cada Estado tinha direito a um voto. Desde o início os representantes do 3° Estado já sabiam que iriam perder. Esses representantes reivindicaram então o voto por cabeça e um número igual aos dos representantes dos 1° e 2° Estados juntos. Para mostrar sua força, o 3° Estado desencadeou levantes populares pelas ruas de Paris.

A Assembleia Nacional (1789-1791) – 1ª Fase da Revolução:

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Após a convocação dos Estados Gerais (5/5/1789) e a saída dos representantes do 3° Estado da sala de reuniões, eles declararam-se em Assembleia Nacional.

Deu-se início então à 1ª jornada revolucionária, quando a população iniciou levantes em Paris, destruindo a prisão chamada Bastilha em 14/7/1789, começando efetivamente assim a revolução.

Em agosto, a revolução chegou ao interior da França, estabelecendo o período chamado de “grande medo”, quando a nobreza tinha medo do povo, pois este estava saqueando castelos e matando senhores. A Assembleia Nacional voltou a reunir-se e decidiu pelo fim dos privilégios do 1° e 2° Estados. No dia 26/8 foi feita a Declaração Universal dos Direitos do Homem e do cidadão.

A Monarquia Constitucional (1791-1792) – 2ª Fase da Revolução:Em setembro de 1791, Luís XVI assina a Constituição francesa com

grande influência burguesa. Inicia-se a luta do 3° Estado para alçar o poder na França.

As facções da Assembleia Montanha: “Feuillants” ( burguesia financeira), Girondinos (burguesia comercial e industrial) e Jacobinos ( pequenos burgueses das ruas).

Os nobres que haviam fugido na época do grande medo, tramaram com coligações estrangeiras invadir a França e acabar com a Revolução , trazendo de volta o Absolutismo. As coligações estrangeiras temiam que as ideias contra-absolutistas chegassem aos seus países. Uma das primeiras coligações foi formada pela Prússia e pala Áustria.

A Convenção (1792-1795) – 3ª Fase da Revolução:Mais uma convocação da Assembleia Constitucional (convocação para a

Convenção) que destituiu o rei (pois este havia tentado fugir para países vizinhos) e proclamou a República. O rei foi morto, e após sua morte, os países vizinhos da França (Áustria, Prússia, Holanda, Espanha e Inglaterra) uniram-se mais uma vez para invadi-la.

Aproveitando-se da fraqueza do governo girondino (no poder desde a morte do rei), os jacobinos tomaram o poder na França em 12 de julho de 1793. Foram os jacobinos que instalaram o período de terror (grande número de execuções de nobres na guilhotina).

O poder governamental foi dado ao Comitê de Salvação Pública, liderado por Robespierre, que aboliu a escravidão nas colônias francesas, decretou o fim dos privilégios e instituiu um novo calendário. As tropas da Convenção venceram as tropas coligadas, mas nas investidas internas, perderam para a burguesia.

O Diretório – 4ª Fase da Revolução:O Golpe do Termidor (mês do calor)

A burguesia tomou o poder dos jacobinos e matou seus líderes populares. Mesmo assim ainda sofria ameaças internas e externas. Para solucionar esta

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crise, surgiu um general vencedor dos exércitos franceses. Seu nome era Napoleão Bonaparte.

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XXIO IMPÉRIO NAPOLEÔNICO (1799-1815)

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Inaugurado com o Golpe do 18 de Brumário, o período de governo de Napoleão revelou-se a consolidação da Revolução Francesa. Este período dividiu-se em:

1) Consulado:Período em que a França foi dirigida por três cônsules, dos quais

Napoleão tornou-se o principal. Neste período foi elaborada uma Constituição que dava amplos poderes a Napoleão. Com estes poderes conseguiu-se deter a ameaça externa e pacificou-se a França. Em 1804 foi elaborado o Código Civil Napoleônico, que consolidou as transformações da Revolução Burguesa. Ainda neste ano Napoleão tornou-se imperador dos franceses, com o título de Napoleão I, amplamente apoiado pelo povo.

2) Império:Neste período Napoleão trouxe grandes vitórias para a França, levando os

exércitos e os ideais revolucionários a países absolutistas. Sua maior adversária era a Inglaterra liberal. Tanto que tentou invadir o território inglês, mas não teve forças contra a mais poderosa marinha europeia da época. Tentou então isolar a Inglaterra comercialmente do resto da Europa (Bloqueio Continental).

Obs.: O interesse de Napoleão em levar tropas para outros países era influenciar e denominar economicamente tais países, e não anexar seu território à França num só governo.

Obs.: A Inglaterra recebia matéria-prima dos outros países para suas manufaturas, e vendia produtos manufaturados para eles. Alguns países aderiram o bloqueio por necessitar fazer comércio com a França, e outros não aderiram a ele por necessitarem comerciar com a Inglaterra.

A incapacidade francesa de substituir comercialmente a Inglaterra, levou aos países europeus a romperem o Bloqueio. Por isso, tropas francesas invadiram esses países. A família real portuguesa, para escapar de ser “sequestrada” palas tropas francesas, refugiou-se na América Portuguesa (Brasil). Na Rússia, as tropas francesas foram “massacradas” pelo rigoroso inverno e pela técnica da “terra arrasada” (a população de Moscou fugiu para o campo levando todo o estoque de mantimentos e incendiou completamente a cidade. O fracasso russo levou a França à várias derrotas para a sexta Coligação (Prússia, Rússia, Áustria e Inglaterra). A derradeira batalha foi em Waterloo na Bélgica. Derrotado, Napoleão foi exilado em Elba e restaurou-se a Monarquia Bourbon na França com Luís XVIII.

3) O Governo de 100 Dias:Isolado em Elba, Napoleão e mil soldados assistiram a derrubada dos

ideais conquistados na Revolução Francesa, com o chamado “Terror Branco”. Depois de escapar de Elba, Napoleão consegue conquistar o governo por 100 dias, e logo é derrotado por forças estrangeiras, e aprisionado definitivamente na Ilha de Santa Helena, onde morre.

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XXIIO CONGRESSO DE VIENA E A SANTA ALIANÇA

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1) Congresso de Viena (1814-1815):Objetivos:a) Reação aristocrático-conservadora, para conter a difusão dos ideais

liberais da Revolução francesa na Europa.b) Repressão aos movimentos liberais nacionalistas. Após a derrota de

Napoleão, era preciso conter a ameaça liberal nos países invadidos pelos franceses

c) Controle do Comitê dos Quatro: Grã-Bretanha (Lord Castlereagh), Áustria (Metternich), Prússia (Hardenberg), Rússia (Czar Alexan- dre I). A França também participou com a representação de Talleyrand, mas as pricipais decisões estavam com os quatros primeiros.

2) Decisões diplomáticas do Congresso de Viena:a) Política de restauração do absolutismo na Europa.b) Princípio de legitimidade: retorno das antigas dinastias.c) Equilíbrio europeu: estabelecimento das fronteiras ao seu estado

anterior ao da Revolução Francesa. E manter inalterada a velha ordem europeia e o equilíbrio entre as potências.

3)Santa Aliança:Foi um pacto militar intervencionista, criado pelo Congresso de Viena.

As tropas da Santa Aliança (Forças Armadas dos países membros) interviriam onde ocorressem movimentos liberais nacionalistas. No início, ela contava apenas com os quatro países iniciais (1815). Em 1818, a França adere, e mais tarde entram Portugal e Espanha. A Grã-Bretanha encerra sua participação quando aventa-se a intervenção nos movimentos de independências das colônias.

4) O declínio da Santa Aliança:a) Saída da Inglaterra.b) Doutrina “Monroe”(os EUA considerariam um ato de guerra, a

intervenção europeia no Continente Americano.c) Revolução Liberal na França em 1830, onde o povo francês rebela-se

contra o governo absolutista. As tropas da Santa Aliança não conseguem deter a revolta e em 1848, acaba de vez a monarquia na França.

5) O fim da Santa Aliança:Devido a política não intervencionista da Grã-Bretanha, a independência

das colônias americanas e a vitória das revoluções liberais na Europa, a Santa Aliança se desfaz. Mas ainda permanece uma bipolaridade: Bloco dos Liberais (Grã-Bretanha, França e Bélgica) e Bloco dos Conservadores (Áustria, Prússia e Rússia).

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XXIIIVinda da Família Real Portuguesa ao Brasil

Antecedentes:O plano de transferência da família real para o Brasil, refúgio seguro para

a soberania portuguesa quando a resistência militar a um invasor fosse inútil na Metrópole, fora já por duas vezes sugerido em tempos mais recuados: ante ao avanço do Duque de Alba, a ideia já havia surgido por parte do Prior do Crato, que aconselhara a busca de um reduto além-atlântico na conjuntura aberta pela restauração da independência em 1640; também quando a França abandonou Portugal no Congresso de Muster (1648), o padre Antônio Vieira apontou ideia semelhante a D. João IV associando-a à Fundação do Quinto Império; mais tarde, sem a ameaça militar, o diplomata D. Luís da Cunha defendeu a ideia de se transferir para o Brasil a sede da monarquia portuguesa.

A ideia da transferência teve início de concretização quando a Espanha invadiu Portugal nos tempos do Marquês de Pombal, chegando este a mandar aprontar uma esquadra que transportaria o rei D. José I e sua corte.

No novo contexto internacional criado pelo Império de Napoleão, a ideia da retirada para o Brasil veio de novo a tona, sendo defendida pelo Marquês de Alorna em 30 de maio de 1801, e por D. Rodrigo de Souza Coutinho em 16 de agosto de 1803. A ideia da transferência, que surgiu sobretudo em contextos de ameaça eminente à soberania portuguesa, como um meio de reforço da segurança, foi também apresentada como uma via necessária para redefinir as forças do “equilíbrio europeu”.

Em 1807 a Espanha já estava de relações cortadas com Portugal e aliada à França, daí a invasão terrestre, onde a Inglaterra de nada valeu a Portugal. Enquanto o Corpo de Observação da Gironda penetrava em Portugal, o trabalho de Fontainebleu seguia com o plano de dividir Portugal em principados. O plano de Napoleão era destronar D. João e aprisionar sua família, forçar uma abdicação e por um Bonaparte no trono. Se isso ocorresse, a Inglaterra possivelmente se apoderaria das colônias lusitanas, sobretudo o Brasil.

Em 12 de agosto, os representantes da França e da Espanha entregaram ao príncipe D. João os “pedidos” de Napoleão: Portugal teria que se juntar à França no Bloqueio Econômico à Inglaterra, fechar seus portos à navegação britânica, declarar guerra aos ingleses e sequestrar seus bens e prender os residentes em Portugal. D. João foi intimado à responder até 1° de setembro.

No Conselho de Estado em Portugal, reunido em 18 de agosto, sem se conhecer a manobra de Napoleão, venceu a posição do ministro Antonio de Araújo Azevedo: Portugal uniria-se à causa do Bloqueio Continental e fecharia seus portos à Inglaterra. A única objeção aos “pedidos” de Napoleão era a de se não aceitar o sequestro dos bens de ingleses residentes em Portugal. O ministro Araújo mandou escrever as cartas e expediu-as. Essa era a posição de Lisboa, deixando vencida uma minoria liderada por D. Rodrigo Coutinho, que defendia a guerra contra os franceses e espanhóis, e a retirada estratégica da família real para o Brasil.

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Nessas alturas o Conselho já estava dividido em duas facções: o “partido francês”, liderado por Antonio de Araújo, que defendia a aceitação das condições francesas e afirmava que fazia isso buscando neutralidade; e o “partido inglês”, liderado por Coutinho que preconizava a continuação dos pactos internacionais com o Reino Unido e a necessidade de encarar com firmeza a ideia da guerra.

Em 30 de agosto, seguem-se as reuniões do Conselho, e vinga a ideia de mandar para a América apenas o príncipe herdeiro Pedro, juntamente com suas irmãs. D. Rodrigo continuava a defender que Portugal deveria primeiro entrar na guerra contra as forças franco-espanholas, e no caso de dificuldades militares, a família real toda seria enviada à América Portuguesa. Chegou-se a dar os preparativos de quatro navios para a saída de Pedro e as infantas. O resto da armada deveria ficar para dar defesa ao porto de Lisboa. Nessas flutuações seguiu-se a movimentação do general Lames, embaixador da França em Lisboa, que frutificou na queda de D. Rodrigo de Souza Coutinho. Vencia o “partido francês”, com Antonio de Araújo substituindo os ministros demitidos, e a política da neutralidade favorável à França napoleônica.

Em meados de outubro, as reuniões do Conselho de Estado fizeram-se sem a presença de D. Rodrigo de Souza Coutinho. Antes de receber qualquer resposta, Napoleão dera a ordem da invasão de Portugal por terra. Um exército de mais ou menos 30 mil soldados marchou através da Espanha sob o comando do general Junot, sem denotar a certeza de que se dirigiam para Portugal. Napoleão inclusive mostrou-se cauteloso, mudando as cláusulas de seu acordo com os portugueses, desistindo do confisco dos bens dos britânicos residentes em Portugal. Manoel Godoy, ministro espanhol, afirmou que se a Espanha tivesse a intenção de tomar Portugal, já o teria feito em 1801. Nessas alturas, o rei da Inglaterra já exortava a transferência da corte lusa para o Brasil e oferecia para isso sua esquadra.

Em fins de outubro, o Conselho de Estado realizou novas reuniões, e surgiram defesas à saída de toda a família real para o Brasil. No dia 22 foi publicado o edital que divulgava o decreto do príncipe mandando fechar todos os portos lusos. A decisão de transferir a corte ficara resolvida numa convenção secreta subscrita em Londres, e ratificada em Lisboa em 8 de novembro. Pela mesma altura chegava em Lisboa a notícia da prisão na Espanha do príncipe das Astúrias (herdeiro do trono espanhol), e de que as tropas franco-espanholas estavam a dirigir-se para a fronteira portuguesa.

Confirmavam-se os propósitos de Napoleão em relação a Portugal, fundamentavam-se as advertências do rei da Inglaterra e as do “partido inglês” no Conselho de Estado. Não havia outra alternativa, a não ser a transferência de toda a família real para o Brasil.

Nas últimas decisões tomadas pelo príncipe regente parecia haver a intenção de equilibrar as forças das potências em conflito. O “partido francês” viu satisfeitos os “pedidos” de Napoleão com o fechamento dos portos aos navios de guerra e mercantes ingleses e a ordem de expulsão dos ingleses residentes em Portugal; enquanto o “partido inglês” obteve a continuação dos preparativos da esquadra para a saída do príncipe Pedro.

O ministro Antonio de Araújo chegou a desviar para as costas portuguesas os poucos efetivos militares de Portugal para impedir um possível

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desembarque britânico. Esse foi o último esforço do “partido francês” para favorecer a entrada das tropas de Junot.

Em 23 de novembro D. João recebeu a notícia da invasão do território luso por tropas franco-espanholas. Convocou imediatamente o Conselho de Estado, que decidiu o embarque imediato da família real e da corte, servindo-se da esquadra que esperava o príncipe Pedro. Nos três dias seguintes ainda se aprontavam outros navios que viriam a transportar para o Brasil cerca de 15 mil pessoas.

No dia 26 foi nomeada a Junta Governativa do Reino que ficaria encarregada do governo de Portugal.

Junot, no seu diário, manuscrito da Biblioteca da Ajuda, revelou o quanto os franceses receavam aquele embarque. Ao ser informado de que o mesmo já estava em execução, e não podendo “voar sobre o Riba-Tejo até Lisboa com suas tropas”, mandou um emissário até Lisboa para atrasar o embarque ou impedi-lo. O emissário não pôde ver nem o príncipe nem o Sr. Araújo, “este apenas lhe disse que estava tudo perdido”, escreveu depois Junot à Bonaparte.

Ao evitar-se que a família real portuguesa fosse aprisionada em Lisboa pelas tropas francesas, inviabilizou-se o projeto de Napoleão para a Península Ibérica, que consistia em estabelecer nela mandatários de sua família, como ainda se tentou na Espanha com a deposição de Fernando VII e Carlos IV, e a entronização de José Bonaparte. A revelação da correspondência secreta entre Napoleão e Junot, bem como textos de tratados secretos não deixam margem para qualquer dúvida a este respeito.

O “partido francês” em Portugal, não se dando por vencido, começou imediatamente a difundir a ideia de que a retirada estratégica da corte para o Brasil não teria sido mais do que uma “mera fuga”, que deixava Portugal “sem rei e sem lei”. Logo enviou-se uma delegação ao encontro de Junot para que Napoleão lhes desse uma Constituição e um rei.

Desde a Revolução Francesa (1789), a Europa vivia em convulsão permanente. Depois de uma fase em que a guilhotina funcionou “a todo vapor”, Napoleão Bonaparte, apoiado pelo exército e pela burguesia, tornou-se imperador dos franceses.

A burguesia francesa ambicionava os mercados na Europa e em outras partes do mundo, porém encontrava sérias oposições a essa aspiração. De um lado estavam as monarquias absolutistas – Prússia, Áustria e Rússia -, temerosas com a ideia da Revolução Francesa; e do outro, a industrializada Inglaterra, à qual a concorrência dos franceses era desagradável. Essas monarquias e a Inglaterra se uniram contra Napoleão, daí as sucessivas guerras.

Na Europa Continental, Napoleão obtinha vitórias retumbantes. Já o mesmo não ocorria nos mares, espaço onde a Inglaterra reinava.

Visando asfixiar economicamente a arqui-inimiga, Napoleão decretou o Bloqueio Continental. De acordo com esse decreto, nenhum país europeu poderia ter relações comerciais com a Inglaterra. Os que desobedecessem esse bloqueio seriam punidos.

Nessa época, Portugal estava sob o governo do príncipe regente D. João. A rainha D. Maria, sua mãe estava impossibilitada de governar, pois sofria de problemas mentais desde a morte de um de seus filhos. No entanto, Portugal

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vivia um intenso período de dependência econômica em relação à Inglaterra, uma vez que a maioria de seu comércio fora centralizado nas relações com aquele país (portanto furando o Bloqueio e contrariando o governo de Napoleão).

Napoleão assinou, em Fontainebleau (27 de outubro de 1807), um tratado secreto com a Espanha, estipulando a divisão de Portugal entre os dois países.

Como para a Inglaterra não era interessante que a esquadra portuguesa caísse nas mãos de Napoleão, apoiou a transferência da sede do governo luso para o Brasil.

A família real portuguesa embarcou rumo ao Brasil, pouco tempo antes da chegada das tropas francesas comandadas pelo general Andoche Junot.

É preciso ressaltar que o Brasil ocupava, no início do século XIX, uma posição relevante entre os domínios portugueses, tanto que já fora defendida a ideia da transferência do trono para a América.

A historiografia tradicional procura mostrar que o embarque da família real para o Brasil foi tragicômico:

“Cerca de quinze mil pessoas procuravam alojamento na esquadra (...). A heterogênea multidão de trânsfugas (militar que em tempo de guerra passa para o campo do inimigo; desertor.), se assim podemos chamar esses exilados, precipitara-se sobre as embarcações, transportando para elas tudo o que pudessem salvar. Barcos houve que levaram a bordo, com os porões abarrotados, três vezes o número de pessoas permitido numa navegação normal. Seguiram assim, ao relento, nos tombadilhos, de mistura com as mercadorias derramadas, milhares de expatriados que suportaram as chuvas, as tempestades e as altas temperaturas das zonas equatoriais e tropicais até a Baía da Guanabara. Os valores materiais, tanto públicos como particulares, que a esquadra arrecadou ‘sem despacho nem revista’, foram avaliados em mais de oitenta milhões de cruzados. A bordo, a confusão era indescritível; ninguém encontrava o que era seu; a poucos dias de viagem, faltava a água e os mantimentos estavam corruptos. Isso era sentido mesmo no navio-almirante, onde foi preciso cortar os lençóis para fazer camisas para D. João (...).

NORTON, Luís.A Corte de Portugal no Brasil.São Paulo:Nacional,1979. p.14.

Atualmente, pesquisadores têm procurado salientar que a viagem foi bem planejada, que não há provas do caos apontado no texto que você leu sobre o tema e que D. João agiu corretamente, pois conseguiu preservar o trono, diferentemente do rei Fernando VII da Espanha, que foi deposto por Napoleão. Como se percebe, a História está sempre em construção.

Chegada da família real ao Brasil:Como que pagando os “favores ingleses”, a 28 de janeiro de 1808, ainda

na Bahia, D. João decreta a abertura dos portos às nações amigas, pondo fim ao monopólio comercial português no Brasil. Se essa medida favorecia a classe dominante luso-brasileira, os maiores beneficiados eram, sem dúvidas os ingleses, que passaram a despejar todos os seus produtos encalhados nos portos do Brasil.

Segundo John Mawe, em sua obra Viagem Pelo Interior do Brasil, “o mercado ficou inteiramente abarrotado, tão grande e inesperado foi o fluxo de

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manufaturas inglesas no Rio, logo em seguida à chegada do príncipe regente. A baía estava coalhada de navios e, em breve, a alfândega transbordou com o volume de mercadorias. Montes de ferragens e de pregos, peixe salgado, montanhas de queijos, chapéus, caixas de vidro, cerâmica, cordoalha, cerveja engarrafada e em barris, tintas, gomas, resinas, alcatrão etc. achavam-se expostos, não somente ao sol e a chuva, mas a depredação geral. Espartilhos, caixões mortuários, selas e mesmo patins para gelo abarrotavam o mercado”.

Para fechar o ciclo da dominação inglesa sobre a economia brasileira, em 1810, Portugal e Inglaterra assinaram os Tratados de Aliança e Amizade e de Comércio e Navegação.

Esses tratados, entre outras coisas, estabeleciam que:- Os dois reinos seriam fiéis aliados nos planos político e militar;- A Inglaterra renovaria seus direitos sobre a Ilha da Madeira;- Os ingleses que viviam no Brasil teriam ampla liberdade religiosa;- A Inglaterra teria direito de cortar madeira e de construir navios, bem

como manter uma esquadra de guerra no litoral do Brasil;- Os ingleses pagariam tarifas alfandegárias preferenciais.As mercadorias

inglesas ao entrarem no Brasil, pagariam 15% sobre o valor do produto, as portuguesas 16%, e as demais nações 24%. Por causa deste tratado, o Brasil se transformou numa colônia inglesa em termos econômicos. A Inglaterra passou a distribuir na Europa os produtos tropicais.

Cedendo às pressões inglesas, a Coroa portuguesa comprometia-se a extinguir gradativamente o trabalho escravo. Importa salientar que os britânicos não faziam isso por razões humanitárias. Desejavam sim a abolição, pois com isso aumentaria o número de assalariados, e assim o número de consumidores de seus produtos no Brasil.

Com a vinda da família real, a estrutura administrativa do Brasil foi reformulada. Passaram a funcionar aqui órgãos que anteriormente só existiam na Metrópole: Junta do Comércio, da Agricultura, da Fábrica e da Navegação do Brasil, Real Fábrica de Pólvora, Escola Anatômica, Cirúrgica e Médica, por exemplo.

Essa nova estrutura administrativa foi importante para o país quando o Brasil se tornou independente em 1822.

D. João criou a Imprensa Régia, que começou a publicar os atos oficiais, o jornal A Gazeta do Rio de Janeiro e também livros. A Academia Real Militar, a Biblioteca Pública, o Banco do Brasil, e o Jardim Botânico foram ainda criações suas de destaque.

Do ponto de vista econômico e social, a chegada da família real não alterou a estrutura agrária, exportadora e escravista da sociedade brasileira. Houve, porém, algumas inovações: desenvolvimento da cultura do café, do chá, da cana caiana, da noz-moscada, e a doação de sesmarias a estrangeiros suíços e chineses.

Foi no apoio à manufatura têxtil que o governo de D. João mais se destacou, pois revogou o alvará proibitivo de D. Maria I (1785), que proibia manufaturas no Brasil. Apesar disso, o desenvolvimento foi pequeno em função da pobreza do mercado interno e da concorrência estrangeira.

Em termos culturais, houve certo desenvolvimento pelo menos para as elites. Destacou-se a Missão Francesa, com os nomes como o do arquiteto Grandjean de Montgny, do escultor Taunay e do pintor Debret.

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No terreno administrativo, o Brasil foi elevado à categoria de Reino Unido. Em 1818, D. João foi aclamado como rei no Rio de Janeiro com o título de D. João VI.

De capital do Vice-Reino do Brasil à sede do Império Lusitano. Com a chegada da família real e sua corte, o Rio de Janeiro precisava adequar a realidade da colônia aos moldes europeus. Como descreveu o viajante inglês John Luccock: a cidade era “a mais suja associação humana vivendo sob a curva dos céus.” À imitação de Lisboa, as vias cariocas eram repletas de lama, esgoto e toda a sorte de imundices. Igrejas e conventos eram os edifícios mais notáveis e, fora algumas touradas no Campo de Santana não havia muitas diversões como nas cidades da Europa. Os jardins do Passeio Público, construído entre 1779 e 1783, foram durante anos o principal atrativo da cidade.

D. João vitalizou esse cenário, fundando teatros, organizando concertos musicais, adicionando novas datas de festas, e criando o Jardim Botânico. Para criar uma imagem do Império, ele trouxe a Missão Artística, que produziu imagens que hoje são a memória histórica daqueles tempos, e substituiu a arquitetura barroca pela neo-clássica criando ares de corte europeia. 54 quadros chegaram com os artistas franceses, eles se tornaram o embrião, junto com uma coleção de D. João, de outra grande instituição cultural da cidade: o Museu Nacional de Belas Artes.

O conhecimento europeu aportou no país em forma de livros, gravuras, estampas, mapas, moedas e medalhas. O acervo da Real Biblioteca, com cerca de 60 mil volumes, foi transferido para o Rio de Janeiro logo após a chegada da família real, em 1810. O conjunto, primeiramente instalado nas cercanias do Paço Real, na Ordem Terceira do Carmo, deu origem à Biblioteca Nacional, sediada num edifício construído nas reformas urbanas do início do século XX, é apontada hoje pela Unesco como a oitava maior biblioteca do mundo.

O Rio na época de D. João: vida cotidiana Com a chegada da família real, o Rio passou por um processo de reorganização e crescimento. A necessidade de mão-de-obra aumentou o tráfico de escravos. Para a surpresa dos estrangeiros, a população africana superava em número a população de origem europeia. Pelo censo de 1821, a população do Rio era de 86.323 habitantes, sendo estimados em 45.947 livres e 40.376 escravos. O que predominava nesta sociedade era a exclusão, pois os escravos estavam impossibilitados de serem livres e partilhar dos bens materiais e culturais disponíveis. A beleza natural da cidade à primeira vista encantava os que chegavam. Porém, após o desembarque, os visitantes se deparavam com ruas estreitas, casebres malconstruídos, lixo por todos os lados e um insuportável mau cheiro. Dentro desse quadro era natural que doenças terríveis matassem muitos. Pelas ruas, circulavam, além dos escravos, mendigos, vadios, prostitutas, ladrões e trabalhadores diversos. Com o aumento da população, vários bairros foram estruturados, como o Catete, o de Botafogo e o de São Cristóvão. Por mais pobre que um branco fosse, tudo ele fazia para adquirir um escravo doméstico. O desprezo pelo trabalho impressionava os estrangeiros que visitavam o Brasil. Quanto à vida domestica das brasileiras, a rotina reclusa, os casamentos precoces e os sucessivos partos surpreenderam os estrangeiros. Jean

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Baptiste Debret teve uma impressão negativa sobre a educação das jovens brasileiras: “Desde a chegada da Corte ao Brasil, tudo se preparava, mas nada de positivo em prol de uma educação das jovens brasileiras. Esta, em 1815, se restringia, como antigamente, a recitar preces de cor e a calcular de memória sem saber escrever nem fazer operações. Somente o trabalho de agulha ocupava seus lazeres, pois os demais cuidados relativos ao lar eram entregues sempre às escravas...” E como as mulheres podiam sair pouco de 49nd, a igreja era o local ideal para a troca de olhares e bilhetes: “A igreja é o teatro habitual de todas as aventuras amorosas na fase inicial, a mais ardente , de sua eclosão... A religião encobre tudo. O mínimo sinal basta para ser compreendido e, enquanto se faz devotamente o sinal da cruz, pronuncia-se no tom da mais fervorosa prece a declaração de amor...” (SEIDLER, Carl. Dez Anos no Brasil.São Paulo/Brasília: Martins/INL, 1976.

Tropa de Elite da Corte A Intendência de Polícia e a Guarda Real foram criadas com a chegada de D. João. As ações repressoras tão típicas do comportamento policial dos dias de hoje tiveram suas raízes nos modos e ações das instituições daquela época. Um dos mais famosos agentes da Guarda Real foi o Major Miguel Nunes Vidigal, muito conhecido pelas práticas truculentas. Mas seus métodos agradavam o poder e a Igreja. Tanto que recebeu de presente dos beneditinos, em 1820, um terreno aos pés do Morro Dois Irmãos. Por ironia do destino, a área seria transformada a partir dos meados do século XX na atual Favela do Vidigal. Os oficiais e praças da Guarda Real provinham dos regimentos de infantaria e cavalaria da Corte. A instituição possuía, portanto, desde o início, características e ideologias fortemente militares, como apontam pesquisadores. A Guarda Real deu origem à Polícia Militar de hoje, enquanto que a Intendência Geral de Polícia, criada em 1808, está nas raízes da atual Polícia Civil.

Alguns Personagens

Napoleão – grande estrategista autointitulado Imperador dos Franceses, Napoleão Bonaparte (1769-1821), conquistou com seus exércitos grande parte da Europa, forçando a realeza portuguesa a deixar Portugal e vir para o Brasil. General Junot – Um dos generais do exército napoleônico, Andoche Junot (1771-1813) foi embaixador em Lisboa em 1805. Abandonou Portugal para acompanhar Napoleão nos combates na Alemanha. Foi o responsável pela invasão francesa a Portugal em 1807. Lord Strangford – (1780-1855) Diplomata enviado pela Grã-Bretanha a Portugal na era napoleônica para negociar com D. João o apoio da Inglaterra ao reino contra as tropas de Napoleão. Ele acompanhou a família real ao Brasil. D. Maria I – Sucedeu o pai, D. José, no trono português. Foi a primeira rainha portuguesa a exercer o poder. D. Maria I (1734-1816) governou com mão-de-ferro, retrocedendo reformas iluministas empreendidas por Pombal. Enlouqueceu devido a perda de um filho, sendo por isso substituída por D. João. D. João – (1767-1826) Segundo filho de D. Maria I e D. Pedro III.

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Assumiu a regência em 1792, no lugar do irmão D. José, que morreu em 1788 de varíola. Foi ele quem decidiu trazer a corte para o Brasil. Carlota Joaquina – (1775-1830) Casada aos dez anos com D. João, era primogênita do rei da Espanha Carlos IV. Conspirou contra o marido em diversas ocasiões, em Portugal e no Brasil. Teve nove filhos. Pedro I – (1798-1834) Filho de D. João e Carlota. Veio para o Brasil com a família aos nove anos de idade. Após o retorno forçado do pai a Portugal, proclamou a independência em 1822 aos 24 anos. Conde dos Arcos – (1771-1828) Administrador colonial do Brasil, D. Marcos Noronha de Brito, era o vice-rei do Brasil quando D. João chegou. Organizou a recepção da corte no Rio de Janeiro, onde cedeu seu palácio para a morada da família real. Jean Baptist Debret – (1768-1848) Antigo bonapartista, foi integrante da Missão Artística Francesa que veio ao Brasil em 1816. Um dos fundadores da futura Academia de Belas Artes. Desenhou a bandeira do Brasil Imperial, base da atual.

Nova Visão Sobre a Cidade da Época da Chegada de D. João No dia 7 de março de 1808, a família real portuguesa chegou ao Rio. Sem um grande palácio para os receber, os casarões foram adaptados às necessidades dos integrantes da Corte. Esse episódio foi responsável pela transformação do Rio de Janeiro. Mas até que ponto a cidade estava preparada para se tornar a corte do Império Luso? Essa é uma discussão que vem colocando o assunto novamente na mesa de debates historiográficos. O senso comum afirma que a região era atrasada e despreparada para receber o príncipe regente. Entretanto, o historiador e arquiteto Lineu Cavalcanti, professor da UFF, discorda: “O Rio de Janeiro era a segunda cidade mais rica de todo o Império, atrás apenas de Lisboa.” A ideia contraria o que se aprende nos livros de história. Uma das principais referências historiográficas sobre aquele período é o livro “O Rio de Janeiro Imperial”, do arquiteto e historiador Adolfo Morales Rios Filho, falecido em setembro de 1973. Seu livro, lançado em 1946, só ganhou uma segunda edição em 2000. De acordo com seus relatos, o Rio não passava de um local de costumes arcaicos e sem qualquer vida cultural. “A cidade tinha uma elite tão culta quanto em Lisboa”, afirma Cavalcanti. Os ricos se divertiam nos dois teatros que lá existiam. “Aqui se tocava a maior parte das obras executadas em Portugal. D. João ficou encantado ao assistir as composições do padre José Maurício (o mais renomado compositor e pianista brasileiro de sua época).” Segundo Morales a maioria dos funcionários da Coroa era formada por portugueses que só tinham recebido o cargo de confiança por serem importantes também em Portugal. “Eles chegavam aqui e queriam viver com requinte. Seus filhos iam estudar em Coimbra e também voltavam exigentes”. As casas dos muito ricos eram grandes, mas sem muito luxo. “Antes de a família real chegar, era proibido por lei exibir riquezas. As casas precisavam respeitar as regras arquitetônicas”, afirma o pesquisador. “É por isso que as igrejas cariocas são tão ricas. Como essa elite não podia ornamentar a casa, mostrava que tinha dinheiro investindo nos templos.”

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Despejo: Outra polêmica é quanto ao número de pessoas que se espremeu nos navios que deixaram Lisboa em direção ao Brasil. O número nunca foi dado como exato, mas as especulações são de que D. João trouxe com ele entre 11 mil e 15 mil pessoas. Quando essa multidão chegou, o príncipe regente teria expulsado outra multidão de suas casas para dar lugar aos novos moradores. Essas pessoas não tiveram trabalho para conseguir moradias. Com a chegada da Corte, os proprietários simplesmente aumentaram o valor dos aluguéis, para que os antigos inquilinos deixassem suas antigas moradias. O valor da locação no Rio explodiu. “No centro urbano carioca, havia 8,5 mil construções, que pertenciam a 2,5 mil proprietários, desse número 195 acumulavam 23% dos imóveis”, contabiliza Cavalcanti. “Era uma honra para eles hospedar aquelas pessoas”. Para o historiador não há dúvidas de que a vida no Rio de Janeiro mudou muito com a chegada da família real portuguesa, mas afirmar que antes disso a cidade era pobre e sem cultura seria exagero. “Em um ano, a população da cidade aumentou em 20 mil pessoas” diz o historiador Adilson José Gonçalves, do Centro de Estudos da América Latina. Para Cavalcanti, essas pessoas não teriam vindo junto com o rei, mas ao longo dos meses que se seguiram.

XXIVO Brasil do período joanino (1808-1822)

Antecedentes:A vinda da Corte Portuguesa para o Brasil.Devido ao fato do governo português não aderir ao Bloqueio Continental

instituído por Napoleão contra a Inglaterra, Portugal foi invadido por tropas napoleônicas. Isso fez com que D. João VI decidisse transferir sua corte e a capital do Império Luso para a América Portuguesa, seguindo uma ideia que já

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havia sido defendida em governos anteriores por alguns, dentre eles o ministro D. Rodrigo de Souza Coutinho.

Portugal, dependente economicamente da Inglaterra, não pôde negar-lhe concessões comerciais em troca de proteção militar. Assim, grande parte do lucro colonial passava para a Inglaterra, que utilizou esse capital no início de sua Revolução Industrial.

Quando em 1808, a Corte Portuguesa chegou ao Brasil escoltada por navios ingleses, o governo português retribuiu com várias vantagens comerciais para os ingleses, gerando o início da dominação econômica britânica no Brasil.

Assim existe uma relação entre a emancipação política do Brasil e a crescente dominação inglesa, lançando uma dependência com base na pura exploração econômica.

Com a crise do Antigo Regime, a ascensão do Iluminismo, a Revolução Industrial e a Revolução Francesa, houve um desequilíbrio na Metrópole Lusitana. O governo de D. João VI é um período de transição de colônia para Império. Ocorre com o período joanino a ruptura dos laços coloniais ao nível econômico e político-administrativo (com a elevação da colônia ao status de Reino Unido com Portugal e Algarves), preparando-se assim a independência.

Medidas Destinadas a Sobrevivência da Corte no Brasil e o Favorecimento da Penetração Inglesa

- Fim do Pacto Colonial, com a abertura dos portos às “nações amigas” (Inglaterra).

- Permissão para o estabelecimento de manufaturas no Brasil.- Elevação do Brasil à Reino em 1815, o que fez com que a antiga

colônia se tornasse sede da Metrópole, com a instalação de administração e justiça real, centralizou-se o poder, e preparou a antiga colônia para a sua emancipação. Parece contraditório, mas as medidas que D. João tomou para facilitar sua vida no Brasil, acabaram privilegiando a emancipação da ex-colônia.

O Estado Português no Brasil- Uniu política e territorialmente o Brasil.- Desagradou aos senhores de engenho privilegiando burgueses e nobres

lusitanos.- Organizou e estabeleceu o estamento (classe nobre e burguesia lusa) da

burocracia aos moldes do reino como fonte do poder político português no Brasil.

Cultura do Reino Unido- Artes: missão francesa (artistas franceses que incrementaram as artes no

Brasil).- Imprensa: criação de jornais sob a proteção estatal, exceto o Correio

Braziliense.

Política Externa do Período Joanino- Objetivo: eliminar concorrência estrangeira.

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- Guerra de Caiena (Guiana Francesa): Portugal com a ajuda inglesa tomou esse território para evitar uma possível invasão ou influencia francesa napoleônica no Brasil (1809). Em 1815 por pressões do Congresso de Viena, a região volta a pertencer à França.

- Guerra da Cisplatina (Uruguai) em 1816.

Revoltas Contra o Governo Português

Revolta de 1817 (Pernambuco):- Situação da província: crise econômica gerada por privilégios

concedidos aos comerciantes portugueses, desagradando aos grandes proprietários.

- Tensões sociais: senhores de engenhos e homens livres não proprietários opuseram-se aos comerciantes portugueses.

- Dominação inglesa: presença de comerciantes ingleses na província, como em toda a colônia.

- Ideologia liberal predominava na província.- O movimento revolucionário foi liderado pela elite, que chegou a

formar um governo separado e autônomo.

Revolução Liberal do Porto (1820)Razões da Revolução:- Presença inglesa em Portugal.- Prejuízos na relação com a ex-colônia.- Passos para a Revolução: forças liberais reunidas em sociedades

secretas planejam a tomada do poder em Portugal. Em 24 de agosto de 1820, as forças liberais tomam a cidade do Porto, e mais tarde Lisboa. No Brasil as repercussões aparecem e causam preocupação ao rei, que decide enviar uma representação luso-brasileira para as Cortes, que reunidas planejavam fazer uma nova Constituição Portuguesa. A presença do rei passou a ser exigida em Portugal pelas Cortes, que já haviam preparado a Constituição.

A Interiorização da MetrópoleA transferência da Corte para o Rio de Janeiro teve um significado

importante para as relações entre Portugal e Brasil e para as elites brasileiras. O eixo econômico, até então centrado em Portugal, transferiu-se para a América Portuguesa, processo denominado interiorização da Metrópole.

O Centro-Sul tornou-se a principal área econômica do Brasil, e os poderosos desta região queriam impor-se diante das demais elites regionais. Porém, os interesses das diferentes províncias eram diversos. As elites do Nordeste, por exemplo, tinham divergências com as elites agrárias de São Paulo e Rio de Janeiro.

O período que se seguiu foi marcado por intensas disputas e conflitos entre os grupos regionais na tentativa de implantar um poder político que zelasse pelos seus interesses e favorecesse seus negócios.

A Separação Definitiva do Brasil e Portugal

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Causas: Projeto recolonizador das Cortes. Esse intento português gerou consequências no Brasil, e dentre a primeira delas foi a organização de tendências políticas.

Grupos políticos:- Português (comerciantes em sua maioria): comerciantes portugueses

contrários a abertura econômica joanina (fim do Pacto Colonial) e militares portugueses que desejavam a recolonização.

- Brasileiro (senhores de engenho): desejavam a manutenção das conquistas econômicas e administrativas, mas não desejavam a separação.

- Radical (autônomos): população urbana, liberais ou autônomos, também alguma parcela da aristrocracia rural (principalmente a nordestina). Desejavam a independencia.

Com a saída de D. João VI, o príncipe Pedro, tornou-se regente do Brasil, e as tendências políticas disputavam influências sobre ele. Mas a única tendência mais próxima de seu objetivo político era o grupo brasileiro.

“O Fico” (9/1/1822)A volta de Pedro para Portugal era essencial para a recolonização. Então,

era necessário fazê-lo ficar no Brasil. O grupo brasileiro exerceu especial influência sobre o regente, convencendo-o de ficar. Marcando seu compromisso com este grupo, Pedro concedeu uma pasta ministerial a José Bonifácio, que pertencia a este grupo.

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PRÉ-VESTIBULAR APOSTILA DE HISTÓRIAPROF. FABIANO DE JESUS

XXVO BRASIL IMPERIAL NO PRIMEIRO REINADO(1822-1831)

A Constituinte (junho de 1822)Foi um projeto radical apoiado pelo regente, sem a participação popular.

Essa Constituinte representou o início da emancipação política do Brasil em relação a Portugal.

As Cortes de Portugal pressionaram Pedro a retornar imediatamente, sob pena de perder o trono de Portugal. Mas Pedro decidiu tomar a frente da realização da separação em 7 de setembro de 1822.

O Rompimento Político Entre Portugal e BrasilDois grupos políticos trouxeram propostas de governo para o novo

Estado que surgia:- Grupo Brasileiro: propunha para o Brasil uma monarquia sem reformas

sociais (não haveria mudanças radicais na área econômica, principalmente com relação a mão-de-obra escrava).

- Grupo Radical: propunha uma República com representação social.

A proposta do Grupo Brasileiro prevaleceu, e Pedro foi coroado como D. Pedro I, Imperador do Brasil. Ele foi no momento crucial de oposição destes grupos, um instrumento nas mãos da elite colonial de senhores de engenhos. E apesar dele almejar o absolutismo, e a aristocracia rural, o liberalismo, estavam unidos para não deixar o Brasil nas mãos dos populares. A independência foi política, manteve-se a estrutura social e econômica da colônia, com a dominação britânica, além do afastamento das massas das decisões políticas.

Obs.: A aristocracia rural era de origem do Centro-Sul (SP, RJ e MG principalmente), que viviam de práticas mercantis.

Ao se confirmar a independência no Brasil, as lutas iniciaram. Forças lusitanas empreenderam lutas para não se sujeitarem ao governo independente. Para debelar tais revoltas, o governo brasileiro contou com a ajuda de britânicos e franceses, além de forças dos governos independentes da América.

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D. Pedro I conseguiu o trono brasileiro com o apoio da aristocracia rural (Grupo Brasileiro). Os desejos desta não chegaram ao ponto de mudar a estrutura socioeconômica do Brasil.

Guerras da Independência:No território brasileiro surgiram várias contestações com a

independência. Comerciantes portugueses da Bahia e do Pará, resistiram fortemente à independência, tentando inclusive separar-se do Império do Brasil.

A Constituição da Mandioca (1823)Liberais do Grupo Brasileiro formularam um anteprojeto da Constituição

que tinha tendências iluministas. Suas principais características eram: -Xenofobismo: impedimento dos não brasileiros natos de participarem da

política;- Antiabsolutismo: limitação dos poderes do monarca;- Eleição censitária: mecanismo que daria à aristocracia rural participação

exclusiva na política nacional, pois a renda mínima para participar das eleições era medida pela quantidade de plantações de mandioca que a pessoa possuía.

Em novembro de 1823, D. Pedro I não aceita a proposta constitucional do Grupo Brasileiro, dissolve a Constituinte e redige outra Constituição com o apoio do Conselho de Estado. A Constituição aprovada em 1824 tinha as seguintes características:

- Retirava-se do anteprojeto tudo o que desagradava ao imperador;- Poder Moderador (que demonstrava a tendência absolutista de D. Pedro

I;- Eleição por renda em dinheiro.

Reações Contra D. Pedro ICausas:- União de D. Pedro I com o Grupo Português;- Fechamento da Constituinte de 1823;- Imposição da Constituição de 1824;

Revoltas se concentraram principalmente no nordeste, onde os fazendeiros lutaram por autonomia e bateram-se contra o “absolutismo” de D. Pedro I. A Confederação do Equador, que reuniu as províncias de Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba, tentaram separar-se do Império.

Principais Dificuldades do Primeiro Reinado- Externas: reconhecimento da independência. Os EUA foi o primeiro

país a reconhecê-la, mas como nação agroexportadora, o Brasil não iria sobreviver sem o comércio com a Europa. A Inglaterra surgiu então como uma espécie de árbitro do reconhecimento na Europa.O Brasil é finalmente liberado por Portugal pelo pagamento de 2 milhões de libras emprestadas pela Inglaterra.

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- Internas: crise econômica gerada pela falta de um produto que garantisse alto lucro no mercado externo. O açúcar enfrentava concorrência das Antilhas Holandesas, além do açúcar de beterraba europeu. O tabaco não rendia tanto, pois era usado principalmente na compra de escravos africanos. O algodão e o arroz sofreram forte concorrência norte-americana. O couro perdia para o da pecuária platina. A crise gerou baixa nas arrecadações e o Estado teve de recorrer a empréstimos. Isso foi agravado pela falência do Banco do Brasil e pelos gastos com a Guerra da Cisplatina (1825-28), que diminuíram o prestígio do imperador e trouxeram prejuízos desnecessários às elites brasileiras.

A Abdicação de D. Pedro IToda a situação do governo imperial do Primeiro Reinado levava ao

descontentamento. As oposições se uniram em um bloco de esquerda. O Grupo Português, apoiado pelo imperador organizou um movimento absolutista chamado Colunas do Trono, enfrentando a oposição dos grupos Radical e Brasileiro.

A abdicação foi em 7 de abril de 1831, apesar da tentativa do imperador em conquistar a oposição. Ele deixou o Brasil destituído do título de imperador, deixando como herdeiro do trono seu filho de 5 anos Pedro de Alcântara, aos cuidados do tutor José Bonifácio.

XXVIO BRASIL IMPERIAL NO PERÍODO DAS REGÊNCIAS (1831-1840)

Impedido de governar por sua idade, Pedro de Alcântara só obteve o poder em 1840 aos 14 anos. No período em que ele não pôde assumir, o país foi governado por regentes, seguindo artigos da Constituição de 1824.

Os grupos políticos assumem novas posturas e novos nomes:- O Grupo Português se transformou no Partido Ultrarrevolucionário,

Restaurador ou Caramuru; que desejava a volta de D. Pedro I.

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- O Grupo Brasileiro se transformou no Partido dos Moderados ou Chimangos (Centralistas).

- O Grupo Radical se transformou no Partido Exaltado ou Farroupilha, ou Jurujubas (Pirações populares).

As regências dividiram-se em Trinas ( Provisória e Permanente) e Não (Feijó e Araújo Lima).

- Regência Trina Provisória (Abril a julho de 1831)- Regência Trina Permanente ( 1831 a 1835)

* Reformulação da Constituição de 1824: Ato Adicional de 1834 que criava a Regência Não e dava alguma autonomia às Províncias.

* Criação da Guarda Nacional em 1831.* Código de Processo Criminal (1832).

- Regência Não de Feijó (1835-1837): Em 1837, a renúncia de Feijó foi favorecida pela perda de apoio de seu partido (Moderado), pela oposição do Partido Restaurador, e pelas rebeliões que surgiram neste período.

- Regência Não de Araújo Lima (1837-1840): Nesse período os partidos novamente mudaram. O Partido Moderado (Chimangos) dividiu-se em dois grupos: Um foi formar o Partido Liberal e outro o Partido Conservador. O Partido Exaltado (Farroupilhas) debandou-se para o Partido Conservador, seguidos pelos do Partido Restaurador (Caramurus).

As regências terminaram com o Golpe da Maioridade. Pedro de Alcântara recebeu o título de Pedro II, Imperador do Brasil. No Segundo Reinado o imperador dividiu seus poderes (ao menos nominalmente e aparentemente) com um Parlamento, ora dominado pelo Partido Liberal, ora pelo Conservador (partidos estes que não tinham uma base ideológica muito distinta).

As Rebeliões RegenciaisRazões:Disputas pelo poder no Brasil independente: aristocracia rural nordestina

versus a do centro-sul. Além de lutas desencadeadas por homens livres não-proprietários.

- Cabanagem (1835-1840): Foi a primeira rebelião que ocorreu no Pará, onde havia uma grande concentração de estrangeiros. A aristocracia saiu ao perceber a força dos cabanos. Essa província agitava-se em oposições ao governo desde a independência. Em janeiro de 1835 a rebelião que se iniciara a 2 anos explodiu com a tomada do poder pelos cabanos. Esta foi a primeira insurreição popular que passou de simples agitação para tomada efetiva do poder.

- Farroupilha (1835-1845): Ocorrida no Rio Grande (atuais estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina). Suas causas estão na concorrência estrangeira no mercado de charque. A produção brasileira utilizava mão-de-obra escrava, mas tinha um produto final caro em relação ao produto pratino. O próprio

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mercado nacional preferia o charque pratino que saía mais barato. Os gaúchos (produtores brasileiros) cobraram do governo medidas que protegessem seu produto. Não conseguindo o que pediam, rebelaram-se contra o Império, fundando Repúblicas Federalistas e separando-se do resto do Brasil. A rebelião foi contida pelas técnicas do futuro Duque de Caxias, e não efetivamente pelas armas.

- Sabinada (1837-1838): Ocorreu na Bahia. Foi liderada pelo médico Francisco Sabino. Tinha tendência de autonomia provincial e de isolamento das classes populares. Logo foi abafada pelo governo imperial.

- Balaiada (1838-1841): Ocorreu no Maranhão. Teve liderança popular. Como na Cabanagem, a aristocracia que apoiou inicialmente a rebelião, retirou-se. Os rebeldes populares, fragilizados e sem apoio, não resistiram às forças do Império contra sua tendência separatista.

XXVIIO BRASIL IMPERIAL NO SEGUNDO REINADO (1840-1889)

Consolidação:- Golpe da Maioridade: solução para a instabilidade política.- Fim das rebeliões (1845), mas a insatisfação da aristocracia nordestina continua.- Influências políticas: Conservadores e Liberais.

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O primeiro ministério formado após o início do reinado de Pedro II foi o do Partido Liberal que durou apenas 1 ano (1840-1841), devido às “eleições do cacete”, que teve vitória do partido liberal. Mas essa vitória foi fraudulenta, pois os votos eram abertos e as pessoas que votavam eram intimidadas pelos liberais. Com esta vitória, os liberais destituíram todos os conservadores de seus cargos públicos para reprimir a oposição.

Os conservadores reagiram, e o imperador D. Pedro II anulou as eleições, destituiu o ministério liberal, e convocou um conservador.

Na sua essência, esses partidos eram iguais, nos quais os políticos eram aristocratas rurais, escravistas e donos de grandes propriedades. Uma frase demonstra isso: “... não há nada mais conservador que um liberal no poder, e não há nada mais liberal que um conservador no poder.” A única diferença era que os liberais tinham ideias mais inovadoras no tocante a algumas reformas que entenderíamos hoje como “democráticas”.

Sofrendo pressões da Inglaterra para acabar com a escravidão, D. Pedro II destituiu o ministério conservador (1844) e convocou um ministério liberal. Esse ministério, no entanto, não foi favorável ao fim da escravidão, pois todos eram fazendeiros.

Em 1848 foi instituído o Parlamentarismo, que é chamado pela historiografia de “Parlamentarismo às avessas”. Havia então um Conselho de Ministros, que em tese deveriam limitar o poder do imperador. A adoção desse Parlamentarismo tinha a intenção de diminuir os conflitos gerados pelas disputas políticas entre liberais e conservadores. O regime, no entanto, foi adaptado aos interesses das elites nacionais. O imperador nomeava o primeiro-ministro que formava o próprio Conselho. Depois convocavam-se eleições, que eram geralmente fraudulentas, para garantir a vitória dos candidatos do primeiro-ministro. Caso o Legislativo entrasse em conflito com o gabinete, o imperador poderia dissolver a Câmara e convocar novas eleições. Do mesmo modo, através do Poder Moderador, o imperador também podia derrubar o Executivo quando quisesse.

Obs.: Era chamado “às avessas” porque na Inglaterra, o executivo é subordinado ao legislativo. Já no Brasil Imperial, o legislativo estava subordinado ao executivo.

Obs.: DIFERENÇA ENTRE MONARQUIA, PRESIDENCIALISMO E PARLAMENTARISMO

A principal diferença é sobre quem manda e como é o equilíbrio de poderes. No presidencialismo, há três poderes principais: o Executivo, do presidente, o Legislativo, do Congresso Nacional, e o Judiciário, do Supremo Tribunal Federal. Todos têm o mesmo peso. O presidente da República (o sistema presidencialista só é compatível com a forma republicana de governo), eleito pelo povo, fica no governo por tempo determinado. Ele é o chefe de Estado, simbolizando ou representando a nação, e de governo, administrando e governando o país. É o presidente que indica os ministros do Supremo Tribunal Federal e pode vetar as decisões do Congresso Nacional. O Supremo Tribunal Federal julga a aplicação das leis e tem poder de suspender a execução delas. O Congresso Nacional, através de votações, aprova os projetos de lei (que originam as leis) e o orçamento (que determina os gastos do governo), além de aprovar os ministros escolhidos pelo presidente.

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No parlamentarismo, as decisões do Parlamento estão acima de todas as outras. Nesse sistema o chefe de Estado, que pode ser um rei ou um presidente dependendo da forma de governo, representa o país, mas não governa. Quem governa é o primeiro-ministro, que tem um mandato indeterminado, que pode durar dias ou anos. Ele é indicado pelo chefe de Estado e aprovado pelo Parlamento ou eleito diretamente pelo Parlamento. O Parlamento é formado por políticos eleitos pelo povo, e representa o maior dos três poderes. Pode derrubar o primeiro-ministro que governa o país. Na monarquia sem parlamentarismo, o rei centraliza o poder. Se for parlamentarista ou constitucional, o poder da Coroa é limitado pelo Parlamento ou pela Constituição. O monarca tem um cargo vitalício. Após a morte do monarca ou a sua renúncia, ele é substituído por alguém da sua família.

Em 1853 houve o Ministério da Conciliação, criado por um 1º ministro liberal, que uniu liberais e conservadores. A função desse ministério era manter o poder nas mãos da aristocracia.

Em Pernambuco houve a Revolução Praieira, que foi uma reação à consolidação monárquica e à aristocracia rural. Essa reação ocorreu entre 1848 e 1849, e foi a última revolta contra o governo imperial. Os chamados, praieiros (pois a sede de seu jornal ficava na rua da Praia) pertenciam ao Partido Liberal, e atacaram as cidades de Olinda e Recife devido à recussa em aceitar o pernambucano Antônio da Gama ao cargo de senador por parte do Partido Conservador. A Praieira foi derrotada pelas forças imperiais. Ela marcou o fim das revoltas, e o Império ficaria em paz até a chegada da República.

Economia do Segundo ReinadoA economia do Brasil na época do Segundo Reinado era da mesma forma

que no período colonial: um país agroexportador. Entretanto, a economia estava em crise desde a regência, devido a inexistência de um produto de exportação de grande expressão comercial.

Em 1850, o café, trazido da Arábia, foi introduzido no Brasil como grande lavoura do século XIX. O início da cultura se deu no Rio de Janeiro e depois no oeste paulista.

Transformação com a chegada do café

- Surgimento do trabalho assalariado do imigrante;- Estabilidade econômica;- Implantação do mercado interno;- Formação de uma nova aristocracia;- Possibilitou a criação de algumas indústrias (1850 surto industrial do Império).

Em 1850 foi feita a Lei Eusébio de Queirós, que extinguia o tráfico de escravos sob pressão da lei inglesa Bill Aberdeen que deu direito aos ingleses de abordar e aprisionar navios negreiros. Essa lei fez com que o número de escravos aptos para o trabalho caísse. Isso levou a imigração de trabalhadores rurais europeus, que vinham para o Brasil trabalhar em regimes de parceria, que devido às dívidas, os quase levou a semiescravidão. Então, foi instituído o trabalho assalariado.

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O Barão de Mauá foi o pioneiro da industrialização. A Inglaterra porém, vendo o Brasil como um possível rival no processo de industrialização, pressionou o imperador a desestimular a indústria. O imperador elaborou uma lei contrária a Tarifa Alves Branco (que incentivou a industrialização proporcionando o protecionismo alfandegário, aumentando as taxas alfandegárias). A Tarifa Silva Ferraz desestimulou a industrialização quando baixou os impostos dos produtos importados.

Obs.: A economia do Império se fortificou com o café. Esse produto chegou primeiro no Rio de Janeiro, no Vale do Paraíba, com produção escravista. Depois foi levado para o oeste paulista, com mão-de-obra livre (colonos europeus). Estas regiões produziram juntas por um certo tempo. Depois São Paulo ultrapassou a produção fluminense e a eliminou. Isto também mostrou que o trabalho escravo rendia menos que o livre, fortalecendo a ideologia abolicionista.

Política Externa do Segundo Reinado

- Questão Christie (1863-1865):Em 1861, um navio inglês naufragou na costa do Rio Grande do Sul e

sua carga desapareceu. William Christie, embaixador inglês no Brasil, exigiu do governo o pagamento de uma indenização. No ano seguinte, três oficiais da Marinha Inglesa foram presos na cidade do Rio de Janeiro por se embebedarem e provocarem tumulto nas ruas. Logo que foram identificados, foram liberados. Porém, o embaixador Christie, considerando que a Marinha Inglesa tinha sido ofendida, exigiu que os policiais que haviam prendido os oficiais britânicos fossem punidos.

Como a exigência não foi atendida, Christie mandou um almirante inglês bloquear o Porto do Rio de Janeiro e aprisionar navios mercantes brasileiros. A população carioca reagiu atacando estabelecimentos comerciais ingleses. Esses acontecimentos geraram um impasse diplomático entre Brasil e Inglaterra. Christie propôs que a questão fosse resolvida por arbitragem internacional. O árbitro foi o rei Leopoldo da Bélgica que deu ganho de causa ao Brasil e determinou que o governo inglês fizesse oficialmente um pedido de desculpas ao Brasil frente a toda comunidade internacional. Como o governo inglês negou-se a cumprir o determinado, entre 1863 e 1865, o Brasil cortou as relações com a Inglaterra, reatando-as depois que o pedido de desculpas foi feito.

- Questão Platina ou Guerras Platinas:*Guerra contra Oribe e Rosas:

Após tornar-se independente do Brasil em 1828, o Uruguai se viu marcado por disputas políticas entre o Partido Blanco e o Partido Colorado. O primeiro representava os interesses de fazendeiros de gado ligados à Argentina. O segundo representava os interesses de comerciantes de Montevidéu apoiados pelo governo brasileiro. Em 1850, o blanco Manuel Oribe assumiu o governo

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uruguaio, e com o apoio do ditador argentino Manuel Rosas, decretou um bloqueio ao Porto de Montevidéu. A atitude provocou reação do governo do Brasil, que há tempos queria intervir no Uruguai devido aos constantes roubos de gado promovidos por uruguaios apoiados pelos blancos no Rio Grande do Sul. Aliado do general argentino Justo José de Urquiza, que era rebelde ao governo de Rosas, o Brasil conseguiu derrubar Oribe. Após a vitória, o exército aliado invadiu a Argentina e derrotou Rosas, tendo Urquiza assumido o governo argentino em 1852.

*Guerra contra Aguirre: A intervenção brasileira e a derrota de Oribe, não cessaram os conflitos entre blancos e colorados no Uruguai. Em 1864, subiu ao poder o Blanco Anastácio Aguirre e as invasões às fronteiras do Brasil voltaram a ocorrer. O governo imperial deu um ultmato: Aguirre deveria pagar uma indenização ao Brasil. O líder uruguaio não aceitou a exigência e cortou relações com o Brasil, buscando apoio do governo paraguaio do ditador Solano López. O Brasil enviou tropas e invadiu o Uruguai, com a ajuda de Venâncio Flores (líder colorado) derrubou Aguirre.

- Guerra do Paraguai (1864-1870): O Paraguai ficou independente da Espanha em 1811. O país, diferente dos outros da América do Sul, não tinha laços econômicos com as grandes potências. Adotou um modelo econômico diferente, sem depender do capital externo, o governo paraguaio iniciou o desenvolvimento econômico do país. Havia significativa distribuição de terras e renda, serviços públicos e combate ao analfabetismo. O sucesso econômico paraguaio incomodou a Inglaterra, e os latifundiários dos países vizinhos como o Brasil. Além disso, paraguaios, argentinos e brasileiros tinham objetivos expansionistas conflitantes. Outro incômodo ao Brasil e à Argentina era o apoio paraguaio ao governo uruguaio de Aguirre.

O estopim da Guerra do Paraguai foi o ataque brasileiro ao governo de Aguirre. Ainda em 1864, Solano López declarou guerra ao Brasil, e invadiu áreas do Mato Grosso. Solano López também tinha pretensões de expandir o território paraguaio até a foz do Rio da Prata. Em 1865, Brasil, Argentina e Uruguai uniram-se num bloco militar chamado Tríplice Aliança, que tinha apoio inglês, e desencadearam um forte contra-ataque ao Paraguai. O território paraguaio foi invadido pelas tropas da Tríplice Aliança. Assunção caiu em 1869. Mas o confronto durou até 1870, com a busca por Solano López até sua morte. O Paraguai teve sua economia destruída, dois terços da população foi dizimada - com uma queda de 70% na população masculina -, além de ter perdido partes de seu território. A Guerra do Paraguai tem duas interpretações principais com relação às causas do conflito: uma é política, e dá mais importância aos desejos expansionistas de Solano López, afirmando que a guerra começou devido à invasão do território brasileiro; outra é mais econômica, e dá mais importância aos interesses ingleses na América Latina, afirmando que a guerra foi fomentada

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pela Inglaterra para destruir a economia paraguaia que tornava o país um perigoso exemplo para as outras nações sul-americanas. Ambas as interpretações se complementam para explicar e interpretar os acontecimentos históricos.

A Guerra do Paraguai desencadeou consequências no Brasil: os militares brasileiros foram rejeitados e pouco valorizados, ocorreu crise econômica devido aos altos empréstimos feitos com a Inglaterra para sustentar a guerra, além disso soldados brasileiros tiveram contato com ideias republicanas no campo de batalhas. A guerra ajudou no declínio do Segundo Reinado e da monarquia.

Declínio do Império (1870-1889)- Abolição da escravatura: processo iniciado em 1850, com a Lei Eusébio

de Queirós, que aboliu o tráfico internacional de escravos.- Os barões do café e os senhores de engenho, que até então apoiavam o

imperador; com a abolição, retiraram esse apoio.

A produção cafeeira necessitava de grande mão-de-obra, e no sudeste já faltavam escravos. Optou-se então pela mão-de-obra de colonos europeus (italianos e alemães principalmente, que passavam por dificuldades de empregos nos seus países de origem, devido às guerras de unificação e o processo de industrialização).

O movimento abolicionista foi apoiado por fazendeiros paulistas (cafeicultores que usavam desde o início de sua produção o trabalho livre), pelas massas urbanas, pelos que queriam a industrialização (para que os escravos libertos se tornassem consumidores), e pelos imigrantes europeus (que apoiavam a abolição para que as antigas fazendas escravistas abrissem vagas para o trabalho livre).

Duas outras leis abolicionistas importantes foram: a Lei do Ventre Livre ou Visconde de Rio Branco (1871), e a Lei dos Sexagenários ou Saraiva Cotegipe (1885); até se chegar a abolição ampla e definitiva com a Lei Áurea, assinada pela princesa regente Isabel (1888).

O Isolamento da Monarquia- A partir de 1870, com o fim da Guerra do Paraguai.- Movimento Republicano (abolicionista e federalista) versus Monarquia

(centralista e tida como escravista / apoiada ainda pelos senhores de engenho do nordeste, pela nobreza, por alguns senhores cafeicultores do Rio de Janeiro e por grande parte das massas populares).

- Questão Religiosa: padres brasileiros queriam o fim do padroado.- Questão Militar: militares queriam sua maior valorização por parte do

governo e sua maior participação na política.

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PRÉ-VEST APOSTILA DE HISTÓRIAPROF. FABIANO DE JESUS

XXVIIIREVOLUÇÕES INGLESAS (século XVII)

A formação do absolutismo inglês:Na Inglaterra, durante o século XIII, os nobres obrigaram o rei a

assinar um documento chamado Carta Magna, que limitava o poder da Coroa.

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No mesmo século, instituiu-se o Parlamento (ou Grande Conselho), formado por membros do Clero, da nobreza e da burguesia, que se tornou um limitador do poder do rei.

O fortalecimento do poder monárquico só ocorreu após a Guerra das Duas Rosas (1455-1485), um intenso conflito entre famílias nobres rivais pela posse da Coroa. A guerra devastou o reino, enfraqueceu a nobreza e despertou nos habitantes o anseio por um governo forte, que acabasse com as agitações e a insegurança. Quando o combate terminou, subiu ao trono Henrique VII, fundador da Dinastia Tudor e do absolutismo inglês.

A era da dinastia Tudor:A dinastia Tudor durou mais de cem anos: iniciou-se no final do

século XV e terminou no início do século XVII. Além de Henrique VII, governaram Henrique VIII e Elizabeth I. Nesse período houve grande desenvolvimento econômico. Mesmo com o Parlamento atuante, os reis desta dinastia conseguiram impor suas decisões a todas as camadas sociais e grupos religiosos. Com eles, a autoridade da Coroa ganhou força, e a Inglaterra tornou-se uma potência comercial e marítima.

Um dos principais acontecimentos do governo de Henrique VIII, foi o rompimento com a Igreja Católica, motivado por interesses políticos e econômicos. Em 1533, contra a vontade do papa, o rei anulou seu casamento com a primeira esposa, Catarina de Aragão. O rei queria um herdeiro para o trono, e Catarina só tivera filhas. O papa recusou-se a aceitar o divórcio, também por motivos políticos, pois Catarina era tia de Carlos V, o rei da Espanha católica. Henrique VIII, então, rompeu com a Igreja Católica Romana e fez o Parlamento votar o Ato de Supremacia, que o proclamava chefe supremo da Igreja inglesa, conhecida como Igreja Anglicana. Os bens da Igreja Católica na Inglaterra foram confiscados pela Coroa e vendidos a nobres e burgueses ingleses.

Depois disso, Henrique VIII casou-se mais cinco vezes. Com a terceira esposa, Jane Seymour, conseguiu o filho que tanto desejava, Eduardo VI, mas este faleceu aos 15 anos. Antes, com Ana Bolena, a segunda esposa, tivera uma filha, Elizabeth I, que assumiria o trono da Inglaterra em 1558.

O governo de Elizabeth I:Com Elizabeth I, o absolutismo inglês chegou ao auge. Seguindo

os passos do pai, ela fez tudo para fortalecer a autoridade real. Controlou a disputa política e religiosa entre católicos e protestantes, estabeleceu boas relações com o Parlamento e conseguiu fazer da Igreja Anglicana uma Igreja nacional, que reforçou a unidade do país.

Elizabeth I procurou desenvolver o comércio e a indústria naval. Ao enfrentar e derrotar a invencível armada espanhola, em 1588, a soberana preparou a Inglaterra para se tornar a maior potência marítima do mundo.

A expansão marítima inglesa favoreceu a grande burguesia, que acumulou fortunas com a exploração comercial e a pirataria. Os grandes burgueses também foram beneficiados pela concessão de monopólios, que lhes dava o direito exclusivo de fabricar ou comercializar determinados produtos.

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A morte de Elizabeth I encerrou a dinastia Tudor. Sem herdeiros diretos, o trono foi assumido por seu primo, membro da família Stuart.

Os cercamentos:No século XVI, houve um grande crescimento das manufaturas de

lã na Inglaterra. Para a produção lanífera continuar a crescer, era preciso expandir as áreas destinadas à criação de ovelhas, que forneciam a matéria-prima para fazer os tecidos. Iniciou-se então um processo conhecido como cercamentos. As propriedades eram cercadas, produtores de lã tomavam as terras dos camponeses e substituíam as atividades agrícolas por criação de ovelhas.

No início, os cercamentos ocorreram por iniciativa particular. A partir do século XVIII, o Estado acelerou este processo, fixando leis de cercamentos.

A prosperidade da era Tudor:Os reis da dinastia Tudor conseguiram governar de forma

absoluta graças à prosperidade econômica da Inglaterra. A criação de carneiros visando a produção de lã, o desenvolvimento das manufaturas, a política mercantilista e a pirataria realizada sobre os navios estrangeiros produziram uma rica burguesia. Esta, apoiava a monarquia, que em troca a beneficiava com a concessão de monopólios comerciais geradores de altos lucros.

Por outro lado, também foi importante a habilidade com que os reis Tudor trataram o Parlamento. A monarquia inglesa não só deixou de ser alvo de ataques como também recebeu relativo apoio do Parlamento. O governo de Elizabeth I, por exemplo, ficou conhecido como “absolutismo disfarçado”.

Os conflitos da era Stuart:Em geral, os novos burgueses eram seguidores do calvinismo

(puritanos e presbiterianos) e não tinham os benefícios dos monopólios reais concedidos aos anglicanos. Descontentes com os privilégios dados às companhias de comércio protegidas pela Coroa, os novos burgueses passaram a defender um governo menos autoritário e que interviesse menos na economia.

Os primeiros conflitos surgiram com o rei Jaime I, da dinastia Stuart. Um desses conflitos foi chamado de Conspiração da Pólvora, de 1605. Planejado por um grupo de católicos também descontentes com a distribuição de monopólios e privilégios, o movimento tinha como objetivo matar o rei pela explosão de barris de pólvora escondidos embaixo do prédio do Parlamento. A conspiração foi descoberta e todos os envolvidos mortos.

O novo soberano tentou estabelecer na Inglaterra a teoria francesa do direito divino dos monarcas, colocando-se como um representante de Deus. Numa sessão do parlamento, declarou que “os reis são com justiça chamados deuses, pois exercem uma espécie de direito divino na Terra”.

Ao mesmo tempo, em razão dos cercamentos, havia uma enorme camada de ex-camponeses sem trabalho e faminta, que perambulava pelas estradas e cidades promovendo agitações e revoltas.

A Revolução Puritana:O autoritarismo de Carlos I, sucessor de Jaime I, agravou os

conflitos do governo com o Parlamento. Restabeleceu a cobrança de impostos navais

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sobre as cidades costeiras e impôs aos presbiterianos escoceses as regras da Igreja Anglicana.

Em 1642, Carlos I mandou invadir o Parlamento e provocou uma guerra civil na Inglaterra. Do lado do rei estava a maioria dos nobres, os católicos e os anglicanos. Ao lado do Parlamento estavam os pequenos proprietários de terras, mercadores e donos de manufaturas, a maior parte dos presbiterianos. Sete anos após o começo do conflito, o exército do parlamento, comandado pelo puritano Oliver Cromwell, prendeu, julgou e executou o rei Carlos I (1649).

A vitória de Cromwell inaugurou a República Puritana. Ele eliminou as taxações excessivas, abafou revoltas internas e aprovou em 1651, os Atos de Navegação, determinando que mercadorias negociadas com a Inglaterra só poderiam ser transportados por navios ingleses ou dos países produtores. Cromwell começou seu governo respeitando o Parlamento, mas logo tornou-se um ditador e despertou críticas até entre seus apoiadores puritanos. Após sua morte, em 1658, o caminho foi aberto para a restauração monárquica.

A Revolução Gloriosa:Em 1660, com Carlos II, a dinastia Stuart voltou ao poder.

Simpático à Igreja de Roma, o rei acabou com as leis que restringiam a atuação dos católicos.

Jaime II, seu irmão e sucessor, queria restaurar o poder do catolicismo na Inglaterra. As reações dos anglicanos e puritanos foram intensas. Em 1688, o Parlamento, apoiado pelos comerciantes, financistas e proprietários rurais, depôs Jaime II e colocou no trono seu genro Guilherme de Orange, um holandês protestante. Este episódio ficou conhecido como a Revolução Gloriosa.

A monarquia passou a respeitar a Magna Carta e a Declaração de Direitos de 1689, e o governo, de fato, começou a ser exercido pelo Parlamento, numa conciliação entre nobreza e burguesia. Medidas administrativas posteriores favoreceram o desenvolvimento capitalista do país: o estímulo ao livre comércio, a modernização dos portos e a construção de estradas e navios. Com a Revolução Gloriosa a burguesia assumiu o poder na Inglaterra.

Obs.: DIFERENÇA ENTRE MONARQUIA, PRESIDENCIALISMO E PARLAMENTARISMO A principal diferença é sobre quem manda e como é o equilíbrio de poderes. No presidencialismo, há três poderes principais: o Executivo, do presidente, o Legislativo, do Congresso Nacional, e o Judiciário, do Supremo Tribunal Federal. Todos têm o mesmo peso. O presidente da República (o sistema presidencialista só é compatível com a forma republicana de governo), eleito pelo povo, fica no governo por tempo determinado. Ele é o chefe de Estado, simbolizando ou representando a nação, e de governo, administrando e governando o país. É o presidente que indica os ministros do Supremo Tribunal Federal e pode vetar as decisões do Congresso Nacional. O Supremo Tribunal Federal julga a aplicação das leis e tem poder de suspender a execução delas. O Congresso Nacional, através de votações, aprova os projetos de lei (que originam as leis) e o orçamento (que determina os gastos do governo), além de aprovar os ministros escolhidos pelo presidente. No parlamentarismo, as decisões do Parlamento estão acima de todas as outras.

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Nesse sistema o chefe de Estado, que pode ser um rei ou um presidente dependendo da forma de governo, representa o país, mas não governa. Quem governa é o primeiro-ministro, que tem um mandato indeterminado, que pode durar dias ou anos. Ele é indicado pelo chefe de Estado e aprovado pelo Parlamento ou eleito diretamente pelo Parlamento. O Parlamento é formado por políticos eleitos pelo povo, e representa o maior dos três poderes. Pode derrubar o primeiro-ministro que governa o país. Na monarquia sem parlamentarismo, o rei centraliza o poder. Se for parlamentarista ou constitucional, o poder da Coroa é limitado pelo Parlamento ou pela Constituição. O monarca tem um cargo vitalício. Após a morte do monarca ou a sua renúncia, ele é substituído por alguém da sua família.

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XXIXA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

Antes de século XVI: artesanato (forma mais simples de produção, onde o artesão fazia tudo e assim dominava todo o processo e meios de produção).

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Nos séculos XVI e XVII: deu-se o desenvolvimento das manufaturas, que se caracterizavam pelo grande número de trabalhadores reunidos num determinado local e pela inicial especialização do trabalho (cada trabalhador fazia um trabalho específico), há a divisão do trabalho, que porém, ainda é bastante manual. A partir do século XVIII: ocorre a maquinofatura, ou seja, o uso crescente de máquinas na produção, trazendo a mecanização em substituição às ferramentas mais simples e ao próprio trabalho dos homens. Esta é a forma mais complexa da industrialização.

O pioneirismo inglês Os fatores que levaram a Inglaterra a ser a primeira nação a industrializar-se em grande escala foram: - Grande acúmulo de capitais resultante do comércio. O Estado inglês raramente gastava seu capital com ostentações como o caso de Portugal e Espanha. - A existência de uma grande liberdade econômica para a burguesia, principalmente após 1688 (época da Revolução Gloriosa). - A existência de um vasto império colonial fornecedor de matéria-prima e consumidor de produtos manufaturados. - Existência de uma poderosa marinha mercante e de guerra. - O clima favorável à industria de tecidos e a existência de grandes reservas de carvão mineral usado como combustível. A Revolução Industrial é dividida em três fases:- Primeira Revolução Industrial:A 1ª Revolução Industrial: atingiu principalmente Inglaterra e França no século XVIII, entre 1760 e 1860, e usou em larga escala o carvão e o ferro. É quando surgem as primeiras indústrias, a princípio em sua maioria têxteis. A invenção das máquinas de tecer automáticas permitiu uma transformação radical no processo de produção. As máquinas tornaram-se mais importantes que a mão-de-obra. A burguesia passou a adquirir cada vez mais máquinas eficientes para aumentar a produção e aniquilar pela concorrência a produção doméstica. Nas fábricas desse período ocorria rapidamente a divisão do trabalho. - Segunda Revolução Industrial: Atingiu a Alemanha, Itália, Rússia e EUA. Iniciou a partir de 1870, marcada pelo uso de novas fontes de energia – eletricidade e petróleo -, pela substituição do ferro pelo aço, e pela criação da linha de montagem do americano Henry Ford. O método da produção em série ficou conhecido como fordismo.Outra característica desse período foi a internacionalização das indústrias, que buscaram generalizar a divisão do trabalho como forma de gerar mais lucros. Surgiram os trustes (fusão de empresas do mesmo ramo para monopolizar a produção, o preço e o mercado), as holdings (grandes conglomerados) e os cartéis (acordos para eliminar a concorrência). Nos Trustes ocorre a associação de várias empresas em uma única, que passa a dominar todas as fases da produção, desde a obtenção de matéria-prima até a comercialização do produto. Nos cartéis há a formação de um grupo de empresas independentes que, para evitar os desgastes da concorrência, dividem o mercado entre si; e cada uma delas atua em uma determinada área geográfica. As holdings são empresas nascidas da associação de diversas empresas e que possui o controle de suas

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associadas. A prática do financiamento para a criação de novas empresas, fez com que o capitalismo industrial fosse aos poucos sendo substituído pelo capitalismo financeiro, onde os bancos passaram a ter mais importância na economia que as indústrias.Começava nesta época a crescente demanda por matéria-prima e mais consumidores, pois os mercados internos nacionais se esgotaram. A solução foi buscar novos locais para novos investimentos e implantação de filiais. Surgiu então a política econômica imperialista. Basicamente, imperialismo é a dominação política e/ou econômica, direta ou indireta, de uma nação mais rica e poderosa sobre outra mais pobre e fraca.O Imperialismo foi forte no século XIX, onde a Inglaterra principalmente teve grande poder político, econômico e bélico; ao lado de outros países europeus. Essas nações monopolizaram o comércio mundial, e a disputa entre elas por mercados consumidores foi uma das causas da eclosão da Primeira Grande Guerra. - Terceira Revolução Industrial:Ocorreu a partir de 1950, marcada pelo surgimento das multinacionais, pela crescente informatização da produção, pela substituição da mão-de-obra humana por máquinas, pela eliminação de postos de trabalho, extinção de algumas profissões e criação de outras.Houve o surgimento dos tecnopólos ligados às grandes indústrias e que utilizam e criam novas tecnologias através de pesquisas.No Japão surgiu o Toyotismo – em oposição ao fordismo -, método de produção de pequenas séries de uma variedade maior de produtos.

Resultados da Revolução Industrial - Incentivo aos negócios burgueses. - Fim das obrigações feudais. - Grande oferta de mão-de-obra barata na Inglaterra: camponeses que não tinham perspectiva de vida após terem deixado o campo e terem ido para as cidades. Mulheres e crianças trabalhavam por baixíssimos salários e condições sub-humanas. Tais pessoas trabalhavam em indústrias ou minas de carvão. - Surgimento da burguesia industrial e do proletariado. - Aumento da produção. - Passagem da sociedade rural para a urbana industrial. - Mecanização da indústria e da agricultura. - Desenvolvimento do sistema fabril. - Desenvolvimento dos transportes e das comunicações. - Expansão do capitalismo. - Capitalismo monopolista substituiu o capitalismo de livre concorrência e originou o imperialismo.

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PROF. FABIANO DE JESUS

XXXAS LUTAS OPERÁRIAS E OS SINDICATOS

A organização da classe operária:No início do século XVIII, os tecelões ingleses organizaram as

primeiras associações trabalhistas. Os antigos artesãos, convertidos em trabalhadores assalariados das manufaturas, fundaram pequenos clubes, com a intenção de obterem melhores salários. No entanto, só com a grande industria fabril surgiram associações fortes e organizadas, que passaram a ser uma ameaça aos capitalistas.

Destruindo as máquinas:A vida dos operários nos primórdios da industrialização era

extremamente dura. Eles trabalhavam de 14 a 16 horas por dia, em pé, parando apenas para um rápido almoço. Não havia férias, descanso semanal remunerado ou qualquer outro direito trabalhista.

A mecanização do trabalho causava a dispensa de muitos trabalhadores. Os operários reagiram destruindo as máquinas, vistas por eles como as responsáveis pelo desemprego e pela miséria. O principal movimento de destruição de máquinas ficou conhecido como ludismo (termo derivado de Ludd, sobrenome do operário que teria liderado o movimento. Até hoje não se confirmou a existência de Ned Ludd, mas a historiografia manteve assim o nome do movimento), e atingiu várias regiões da Inglaterra, inclusive o campo, aonde a mecanização também havia chegado.

O movimento foi violentamente oprimido pelas autoridades, que chegavam a aplicar pena de morte aos envolvidos.

A formação dos sindicatos e dos movimentos grevistas:A associação de trabalhadores remonta às corporações de ofícios

da Idade Média, quando mestres de uma atividade profissional se reuniam para proteger a produção da concorrência de outras cidades. Com as transformações operadas pela revolução industrial, os operários também passaram a se reunir em associações chamadas trade unions , ou sindicatos, como passaram a ser conhecidas.

Com o advento da Revolução Industrial, os mestres artesãos e os profissionais das antigas oficinas foram incorporados aos trabalhos nas industrias. Como em geral a oferta de trabalhadores era maior do que a de empregos, os proprietários podiam controlar livremente os salários dos

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operários. Diante desta realidade criada pela industria, o objetivo central da trade union era organizar lutas operárias por melhores condições de trabalho e maiores salários.

A difícil luta pela liberdade sindical:As associações trabalhistas inglesas foram proibidas nos anos de

1799 e 1800. Os sindicatos tornaram-se ilegais, e seu funcionamento foi considerado crime. Muitos continuaram a existir na clandestinidade ou com outros nomes, como o de associação mútua. Diversos operários foram presos.

Apenas em 1824, o funcionamento dos sindicatos deixou de ser ilegal e, em 1871, essas associações foram efetivamente legalizadas. Esse processo fortaleceu o movimento operário inglês e abriu brechas para a conquista de novos direitos sociais. A luta dos operários ingleses inspiraria mais tarde o movimento operário de outros países.

O movimento cartista:O cartismo foi o primeiro movimento da classe operária inglesa a

reivindicar direitos políticos e a adquirir caráter nacional. O movimento nasceu em Londres, em 1837, quando uma associação de trabalhadores enviou ao Parlamento, um documento, a Carta do Povo, em que requeriam, entre outras coisas voto secreto, sufrágio universal masculino e parlamentos renovados anualmente.

A petição foi levada para assembleias de trabalhadores em todo o país e recebeu mais de um milhão de assinaturas. A recusa do Parlamento em aprovar a carta desencadeou uma onda de greves, manifestações e prisões. O mais grave incidente ocorreu quando uma coluna de mineiros entrou em confronto com soldados, resultando em 10 mortos e dezenas de feridos.

Por volta de 1840, o movimento cartista apresentou uma segunda petição, bem mais radical que a primeira. Além das reivindicações iniciais, exigia aumento de salário para os operários e diminuição da jornada de trabalho. A nova petição recebeu cerca de 3,3 milhões de assinaturas, mais da metade da população masculina inglesa na época.

Aos poucos, as lutas operárias surtiram efeito. As leis trabalhistas do século XIX e início do século XX melhoraram as condições de trabalho nas fábricas e minas inglesas, além de fortalecer as lutas dos trabalhadores de outros países.

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XXXIILUMINISMO

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O Iluminismo influenciou o Despotismo Esclarecido, a independência dos EUA e sua Constituição, e a Revolução Francesa.

“A natureza governada pela razão.”Muitos pensadores que viveram nos séculos XVII e XVIII acreditavam que a razão

poderia iluminar o mundo e a humanidade. Iluminar, neste caso, tem o sentido de explicar, de fazer compreender, abrir a mente à novas idéias. Esses pensadores foram chamados de iluministas, e o movimento que eles criaram recebeu o nome de Iluminismo ou Filosofia das Luzes.

Para compreender melhor o Iluminismo, convém lembrar que muitos dos pensadores que participaram deste movimento viviam sob o regime político denominado Antigo Regime: monarquias absolutistas, em que o rei, a nobreza e o clero acumulavam poder e privilégios, e as pessoas não podiam dizer livremente o que pensavam. Os iluministas opunham-se a essa situação. Eram contrários ao autoritarismo dos reis, aos privilégios da nobreza e do clero, à intolerância religiosa e à falta de liberdade de expressão.

A razão era, para os iluministas, o valor supremo. Só por meio da razão, isto é, do ato de pensar, que os homens poderiam alcançar o esclarecimento, a solução para os seus problemas e de toda sociedade, a melhor forma de governar e de viver.

Para os iluministas, a maioria das pessoas, as massas, viviam mergulhados na ignorância, na superstição e no fanatismo religioso. Só com a razão, essas coisas poderiam ser combatidas, e só assim haveria liberdade e melhorias nas sociedades e nos países.

Um traço marcante dos iluministas era o otimismo. Eles acreditavam que, ao espalhar-se entre os homens, a razão conduziria ao progresso. Com o passar do tempo, a ignorância, fruto da irracionalidade desapareceria, e assim, surgiria uma humanidade esclarecida. Era essa crença no progresso constante da humanidade que os fazia otimistas. O triunfo da humanidade para eles era uma certeza.

Os iluministas aplicavam-se no campo das ciências e encantavam-se com as descobertas científicas. Para os iluministas o acesso ao conhecimento conduzia inevitavelmente ao progresso e à felicidade. Um dos mais importantes iluministas no campo da ciência foi Antoine Laurent Lavoisier (1743-1794). Graças a suas descobertas, a química transformou-se numa ciência moderna.

Um sinal de progresso da humanidade seria o desaparecimento das fronteiras políticas e culturais, e o surgimento de uma única cultura, partilhada por todos os homens. Para os pensadores iluministas, as criações nacionais, ou seja, tudo aquilo que era típico de determinado povo ou cultura, constituíam restos de um tempo de atraso e escuridão.

Da noção iluminista de progresso deriva a idéia de civilização que tais pensadores possuíam. Civilização, para eles, era o que os europeus criaram. Os outros povos deveriam evoluir de seus estágios primitivos e atrasados em que se encontravam para o da civilização (entendida como europeia). Assim, africanos, asiáticos e povos pré-colombianos da América, eram vistos na Europa do século XVIII como povos “atrasados e primitivos”, mas que poderiam alcançar a civilização entrando em contato com os europeus. Isso disseminaria o progresso, que para os iluministas era linear e ilimitado.

Parte dos iluministas era materialista, mas a maioria acreditava em Deus e o considerava a “Razão Suprema”, ou o “Relojoeiro do Universo”, aquele que criou o universo e o pôs para funcionar. Desde então, o mundo passou a ser visto como a engrenagem de um relógio em bom estado: de modo preciso e regido por leis naturais. Conhecer essas leis era sinal de progresso. Quanto à vida social, os iluministas consideravam que era o homem o

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responsável pelos males, como a desigualdade, as guerras, a criminalidade etc, e era, também o homem, por suas ações, iluminadas pela razão, iria pôr fim a essas tragédias.

Conceitos- Movimento cultural. O ápice do movimento foi na França do

século XVIII (berço do Iluminismo).- Foi um período de prodigioso desenvolvimento científico e

cultural.- Século das Luzes ou Ilustração.

Características- Crítica às doutrinas do Antigo Regime: Absolutismo e

Mercantilismo.- Recusa às “Trevas” da Igreja Católica: os iluministas criticavam

a Igreja, mas muitos deles acreditavam em Deus. Com relação à crença ou não em Deus, havia basicamente três grupos:

*Os teístas, que criam na existência de um Deus criador que poderia ter contato com a humanidade através de revelações interpretadas pela religião;

*Os deístas, que criam na existência de um Deus criador, mas criam também que esse Deus não intervinha no universo criado ( pois este já seria dotado pelo criador da capacidade de funcionar sozinho como uma máquina autônoma ), nem mantinha contato com o homem nem por revelações, nem por religiões;

*Os ateístas, que negavam totalmente a existência de Deus e de qualquer realidade que não fosse a material.

- Rápido crescimento das descobertas possibilitava um futuro “mais evoluído ou superior”.

- Transformação na economia e na política (liberalismo), na sociedade (dominância da burguesia) e na cultura.

Origens: Séculos XV, XVI e XVII; onde seus acontecimentos geraram no século XVIII o movimento iluminista.

Influências: Revoluções científicas, principalmente de Descartes e Newton.

Ideias gerais:- Razão para se chegar ao conhecimento e à sabedoria.- O universo é uma máquina governada por leis físicas, que podem ser

determinadas e estudadas.

Difusão das Ideias IluministasA Enciclopédia pretendia reunir todos os conhecimentos científicos e

filosóficos do Iluminismo e da humanidade. Os organizadores da Enciclopédia foram o filósofo Denis Diderot (1713-1784) e o matemático Jean D’Alembert (1717-1776). Eles coordenaram a edição da obra e convidaram artistas, filósofos, cientistas, médicos, teólogos e artesãos, que forneceram informações ou

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escreveram verbetes. A obra Enciclopédia foi publicada em 1751 na França. Era composta de 35 volumes e 2885 ilustrações, que levou 21 anos para ser editada. Mesmo numa época em que o número de leitores era proporcionalmente menor que o de hoje, a Enciclopédia foi um sucesso de vendas. Por fazer sérias críticas aos reis absolutistas e à Igreja, a obra chegou a ser proibida e retirada de circulação pelo governo francês.

Diversos filósofos divulgavam as ideias iluministas. Muitos deles dedicavam-se à ciência, filosofia, literatura e outras áreas do conhecimento. Alguns dos mais conhecidos foram Locke, Voltaire, Montesquieu e Rousseau.

- John Locke (1632-1704): As idéias de John Locke ajudaram a derrubar o Absolutismo na Inglaterra. Locke pregava que todos os homens ao nascer, tinham direitos naturais: direito à vida, à liberdade e à propriedade. Os governos deveriam garantir estes direitos. Se determinado governo não respeitasse a vida, a liberdade e a propriedade, o povo teria o direito de se revoltar contra ele. As pessoas poderiam contestar um governo injusto e não eram obrigadas a aceitar suas decisões.

Os direitos individuais deveriam ser respeitados e protegidos pelos governos. Por essas ideias, Locke é considerado um dos pais do liberalismo na política.

- Voltaire (1694-1778): O francês François-Marie Arouet, que se autodenominava Voltaire, ficou conhecido por dirigir duras críticas aos reis absolutistas e aos privilégios do clero e da nobreza. Refugiou-se por um tempo na Inglaterra, onde teve contato com as ideias de Locke.

Voltaire escreve Cartas Inglesas, obra na qual elogia a liberdade de pensamento e de religião e a obediência do rei inglês às leis do país. Com isso, Voltaire criticava o Absolutismo do rei da França.

Foi inspirador do Despotismo Esclarecido; lutou pelas liberdades individuais:”posso não concordar com uma só palavra que disseres, mas me baterei a vida toda pelo direito que tens de dizê-las.”

Era contra à monarquia absoluta e à Igreja, mas favorável ao regime monárquico com tendências burguesas. Desprezava as camadas pobres.

- Montesquieu (1689-1775): Foi um jurista francês chamado Charles-Louis de Secondat, Barão de Montesquieu, não se contentou apenas em apontar problemas da sociedade em que viveu, apresentava também algumas soluções. Escreveu “O Espírito das Leis”, onde afirmava que “qualquer pessoa que tenha o poder tenderá a abusar dele”. Desenvolveu a teoria da separação dos poderes, a fim de se conseguir um equilíbrio no governo, pois um poder limitaria o outro. Montesquieu afirmava que o governo assim dividido só funcionaria bem se os três poderes fossem autônomos, isto é, se um não se intrometesse na área de atuação do outro. Defendia os interesses da burguesia e desprezava o povo.

Obs.: Democracia e liberalismo não são sinônimos neste momento do Iluminismo.

- Jean Jacques Rousseau (1712-1778): Muitas ideias do suíço Jean Rousseau continuam atuais.

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Escreveu “Da Origem da Desigualdade Entre os Homens” e “O Contrato Social”. No Contrato Social , defendeu a ideia de que o povo é soberano e que deve prevalecer sempre a vontade da maioria. Para esse pensador, se o governo escolhido pelo povo não o estiver representando, o povo não só pode, como deve, substituí-lo.

As ideias de Rousseau influenciaram movimentos revolucionários dentro e fora da França. Os revolucionários franceses de 1789 resumiram o pensamento social de Rousseau em três palavras: liberdade, igualdade e fraternidade.

Iluminista atípico, pois não seguia o exemplo dos outros, pois legislava a favor do povo. Não valorizava o uso da razão. Era um iluminista apenas por defender sua própria razão e se antepor às “trevas medievais”. Apoiava a República (RES PUBLICA, ou “coisa do povo”), pois cria que a fonte do poder emanava do povo. Defendia uma divisão igualitária da terra para os homens. Em “O Contrato Social” advogava que a sociedade e o Estado nascem pelo convênio entre as pessoas. O poder é o próprio povo.

Rousseau acreditava que “o homem nasce bom; é a sociedade que o corrompe”. Por isso, para Rousseau, as crianças deveriam viver durante o maior tempo possível em estado “natural” de inocência.

As ideias dos iluministas franceses e ingleses espalharam-se por cidades de países distantes. A propagação se deu de diversas formas, entre elas, as mais usadas estavam os panfletos, livros e jornais clandestinos. Eram escritos por pessoas que queriam ganhar dinheiro simplificando e resumindo as ideias dos grandes pensadores. Muitos autores desses materiais de divulgação eram bons oradores e expunham suas ideias em praças públicas, cafés e bares. O público frequentador desses lugares tinha diversas origens sociais, com grande número de trabalhadores pobres e excluídos.

O Iluminismo na economiaUma das críticas que os reis absolutistas faziam aos reis absolutistas estava

relacionada à política econômica mercantilista adotada por eles. Para se opor aos mercantilismo, os iluministas desenvolveram o que posteriormente se chamou liberalismo econômico.

- Fisiocratas:Os primeiros a criticar as práticas mercantilistas foram os fisiocratas franceses.

Fisiocracia é uma palavra de origem grega e quer dizer “governo da natureza”. O criador da fisiocracia, François Quesnay (1694-1774), afirmava que a economia era regida por leis, e que a mais importante delas era a lei da oferta e da procura. Quando a oferta é maior que a procura, o preço tende a baixar, quando ocorre o oposto, tende a subir.

Características: - A natureza é a principal produtora de riquezas. A única fonte de riquezas é a

terra, e por isso a agricultura era a mais importante das atividades econômicas.- O comércio é uma atividade estéril, que não gera riqueza diretamente.- Condenavam a intervenção do Estado na economia, já que criam que esta

funcionava sozinha por “leis naturais”. “Laissez faire, laissez passer” (“Deixe fazer, deixe passar”) era o lema dos fisiocratas. O Estado só poderia incentivar o progresso.

- Foram eles que iniciaram a economia liberal.

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- Liberais: Adam Smith ( 1723-1790 ) foi o “pai” do liberalismo econômico.

Criticava o monopólio comercial e o sistema colonial, pois só os mercadores lucravam com o Pacto Colonial. Afirmou que a verdadeira riqueza da sociedade era o trabalho. Divergia dos fisiocratas em um ponto: para ele a fonte de riqueza era o trabalho, não a terra. Mas, como os fisiocratas, condenava o Pacto Colonial. Afirmava que se houvesse livre-comércio entre as nações, todas sairiam lucrando, pois cada uma se dedicaria àquilo que conseguisse produzir melhor. As nações com perfil mais agrícola, se dedicariam à agricultura, e as mais industrializadas se especializariam na indústria.

Essa idéia foi muito bem recebida pela burguesia inglesa, pois esse país estava se industrializando rapidamente e desejava ampliar o mercado para seus produtos. Por defender a livre concorrência entre as nações, indivíduos e empresas, Smith ficou conhecido como o pai do liberalismo.

O Despotismo EsclarecidoAlguns reis absolutistas europeus usavam as ideias iluministas para

diminuir as críticas de seus governos e aumentar seu prestígio, poder e fama. Por incorporar algumas dessas ideias, foram chamados de déspotas (senhores absolutos, tiranos, ditadores) “esclarecidos”. O despotismo também foi uma tentativa de modernização de alguns países europeus mais arcaicos, como Áustria, Rússia, Prússia e Portugal, que ainda mantinham sua política absolutista.

Características destes países:- Economia agrária.- Pequeno desenvolvimento comercial.- Baixo índice de urbanização.- Contradição: implantação de uma ideia burguesa pela monarquia.

Principais déspotas:- Frederico II da Prússia: aboliu as torturas dos presos em seu país,

fundou muitas escolas de ensino fundamental e incentivou a produção de obras científicas, filosóficas e literárias, além de dirigir a reforma de Berlim, capital da Prússia.

- José II da Áustria.

- Catarina II da Rússia: mandou construir escolas, hospitais, reformou São Petersburgo e combateu a corrupção dos funcionários civis e religiosos.

- Marquês de Pombal, ministro de D. José de Portugal: modernizou o exército, incentivou o comércio e as manufaturas portuguesas, lutou contra a dominação econômica inglesa sobre Portugal, fez de tudo para tirar o ensino das mãos dos religiosos, expulsando os jesuítas de Portugal e suas colônias (o que significou, no entanto, um retrocesso no ensino do Brasil).

- Aranda, ministro da Espanha.

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XXXIIMOVIMENTOS LIBERAIS

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O liberalismo foi um movimento contrário ao Absolutismo e ao Mercantilismo. Lutava contra os monopólios e a favor do livre-comércio e da abertura política com maior representação.

A Revolução Francesa durou 26 anos (1789-1815) e divulgou o liberalismo pelo mundo através de Napoleão e suas ideias de domínio francês.

A partir de 1815, com o fim do Império Napoleônico, o Congresso de Viena tentou impor novamente o Absolutismo, e povos de várias nações se tornaram descontentes com isso por já terem assimilado as ideias liberais. Isso fez surgir os movimentos liberais do século XIX.

A herança nacionalista:Napoleão deixou outra herança. Ao ocupar grande parte da Europa, ele

estimulou o sentimento nacionalista dos povos conquistados que lutaram contra o invasor francês em nome da pátria. Esse sentimento transformou-se em vários movimentos de união nacional em busca da independência. As lutas pela liberdade fizeram do século XIX o mais revolucionário que a Europa jamais vivera.

As ondas revolucionárias de 1820 e 1830:A derrota de Napoleão em 1815 não significou o desaparecimento dos

ideais da Revolução Francesa. As reformas napoleônicas que sinalizavam uma sociedade um pouco mais justa ainda estavam vivas na lembrança popular e influenciaram diversos movimentos sociais, como as ondas revolucionárias do século XIX.

A primeira onda liberal ocorreu na década de 1820 e atingiu principalmente regiões onde a industrialização ainda não havia deslanchado, como, por exemplo, Espanha, Nápoles e Grécia. O último movimento que obteve sucesso foi o grego, que começou em 1821 e terminou com a libertação do domínio turco, em 1829. A insurreição na Espanha, mesmo derrotada, mostrou um aspecto interessante: foi influenciada pelas lutas de libertação de suas colônias americanas.

A onda revolucionária de 1830 foi maior e mais importante que a anterior. Começou pela França, seguindo depois para a Bélgica, Polônia, Itália, Alemanha, Suíça e Inglaterra. Nem sempre as insurreições saíram vitoriosas, mas algumas mudanças liberalizantes ocorreram nesses países. A Bélgica se tornou independente da dominação holandesa; na Inglaterra, as agitações políticas produziram reformas eleitorais que ampliaram o número de eleitores.

Em várias partes da Europa Ocidental, a aristocracia parecia perder definitivamente o controle político, substituída por uma burguesia rica, composta de banqueiros e industriais. As insurreições de 1830 apresentaram ainda outra novidade. Em países mais industrializados, como França e Inglaterra, um outro ator social entrou em cena: o operariado, organizado em sindicatos e em associações autônomas.

As revoluções de 1848:O ano de 1848 foi o de maior intensidade revolucionária em todo o

século XIX. Os movimentos liberais da burguesia se misturavam com as

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reivindicações dos trabalhadores, os movimentos nacionalistas e a crise econômica.

Em países industrializados, o sentimento nacionalista substituía velhas formas de identificação local. No mundo da industria, os trabalhadores muitas vezes tinham de se deslocar de uma parte à outra do país e, dessa forma, perdiam seus vínculos mais fortes com a região de origem. Era o início da migração que marcaria o final do século XIX.

A onda revolucionária de 1848 também foi impulsionada pela terrível crise econômica que atingiu toda a Europa entre 1846 e 1850, originada nas péssimas colheitas agrícolas e que se propagou pelas cidades. O custo de vida se elevou, industrias metalúrgicas dispensaram os operários e fecharam as portas, empresas ferroviárias suspenderam a construção de muitas obras.

As dificuldades econômicas, somadas aos ideais liberais e nacionalistas, criaram as condições favoráveis à explosão revolucionária.

Uma mistura explosiva:Assim como na década anterior, a onda revolucionária de 1848 começou

na França. Em Paris, os franceses proclamaram a Segunda República, pondo novamente fim à monarquia. Em regiões que futuramente formariam a Itália e a Alemanha, as rebeliões, apesar de derrotadas, conseguiram implantar algumas repúblicas. O esforço nacionalista nessas regiões se caracterizava pela tentativa de reunir as unidades políticas dispersas (monarquias ou repúblicas) e formar um estado nacional único.

Nessa época, o Império Austríaco também foi fortemente atingido por agitações liberais e, como resultado, aboliu o trabalho servil no campo. Os nacionalistas húngaros reagiram ao domínio estrangeiro, e a Hungria conseguiu sua independência. Começou uma reforma agrária, após a extinção da servidão, que foi violentamente reprimida depois de um ano.

A combinação das ideias liberais com o nacionalismo e as questões sociais significou uma grande inovação nas lutas do período, mas também trouxe um saldo violento: a reação contrarrevolucionária, que tentava impedir que mudanças profundas acontecessem na maioria dos países europeus.

- 1830 na França: fim da restauração monárquica com Luís Felipe de Orleans (o “rei burguês”). Primavera dos Povos (repercuções liberais por toda a Europa).

- 1848 na França: Repressão do governo de Luís Felipe, rebelião popular e ascensão de Luís Napoleão.

- 1852 na França: Império de Napoleão III (Luís Napoleão).- Comuna de Paris: luta entre o proletário e tropas do governo de Luís

Napoleão nas ruas de Paris por cerca de um mês. Vitoriosos os trabalhadores tomaram o poder em Paris, isolando-a. Deu-se então um governo socialista até a abdicação de Luís Napoleão.

A Comuna de Paris Entre março e maio de 1871, a cidade de Paris viveu a experiência da comuna. Mais do que qualquer movimento social no século XIX, a comuna permitiu a aplicação de algumas ideias socialistas e anarquistas. Cercada por tropas prussianas desde setembro de 1870, após a derrota

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na guerra franco-prussiana, Paris se fechou e se dispôs a resistir. Mas a situação na cidade se tornou extremamente difícil: falta de comida, doenças e revoltas populares. Em março de 1871, a população da cidade, insatisfeita com a ação violenta do governo contra as revoltas populares, tomou as ruas, levantou barricadas contra as tropas oficiais e forçou os governantes a fugir. Dias depois começava a comuna. Durante dois meses a cidade foi governada por grupos de revolucionários. Todas as decisões eram tomadas pela população, em reuniões regulares. O governo da comuna apresentou propostas revolucionárias de estabelecer o ensino gratuito, obrigatório e laico e de formar associações de produtores para dirigir a economia. A ideia da igualdade entre homens e mulheres, pela primeira vez foi colocada em ação. Em 27 de maio de 1871, uma traição acabou com a comuna. Uma das portas da cidade foi aberta e por ela entraram tropas prussianas, que liquidaram a resistência dos parisienses. Depois da comuna, uma reforma urbana destruiu os bairros parisienses onde foram levantadas as barricadas. A curta experiência da comuna foi incorporada na memória coletiva dos trabalhadores como modelo de governo popular e serviu para perpetuar o medo da revolução entre os proprietários franceses.

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XXXIIIO LIBERALISMO

Algumas características: - Propriedade privada.

- Individualismo comercial e político.- Participação do povo na política.

Aplicações do liberalismo:- Na Inglaterra: Revolução Gloriosa e Revolução Industrial.- Na França e resto da Europa: Revolução Francesa e movimentos

liberais europeus do século XIX.

Liberalismo econômico: Para se opor ao mercantilismo, os iluministas desenvolveram o que

posteriormente se chamou liberalismo econômico.

- Fisiocratas:Os primeiros a criticar as práticas mercantilistas foram os fisiocratas franceses.

Fisiocracia é uma palavra de origem grega e quer dizer “governo da natureza”. O criador da fisiocracia, François Quesnay (1694-1774), afirmava que a economia era regida por leis, e que a mais importante delas era a lei da oferta e da procura. Quando a oferta é maior que a procura, o preço tende a baixar, quando ocorre o oposto, tende a subir.

Características: - A natureza é a principal produtora de riquezas. A única fonte de riquezas é a

terra, e por isso a agricultura era a mais importante das atividades econômicas.- O comércio é uma atividade estéril, que não gera riqueza diretamente.- Condenavam a intervenção do Estado na economia, já que criam que esta

funcionava sozinha por “leis naturais”. “Laissez faire, laissez passer” (“Deixe fazer, deixe passar”) era o lema dos fisiocratas. O Estado só poderia incentivar o progresso.

- Foram eles que iniciaram a economia liberal.

- Liberais: Adam Smith ( 1723-1790 ) foi o “pai” do liberalismo econômico.

Criticava o monopólio comercial e o sistema colonial, pois só os mercadores lucravam com o Pacto Colonial. Afirmou que a verdadeira riqueza da sociedade era o trabalho. Divergia dos fisiocratas em um ponto: para ele a fonte de riqueza era o trabalho, não a terra. Mas, como os fisiocratas, condenava o Pacto Colonial. Afirmava que se houvesse livre-comércio entre as nações, todas sairiam lucrando, pois cada uma se dedicaria àquilo que conseguisse produzir melhor. As nações com perfil mais agrícola, se dedicariam à agricultura, e as mais industrializadas se especializariam na indústria.

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Essa idéia foi muito bem recebida pela burguesia inglesa, pois esse país estava se industrializando rapidamente e desejava ampliar o mercado para seus produtos. Por defender a livre concorrência entre as nações, indivíduos e empresas, Smith ficou conhecido como o pai do liberalismo.

- Mauthus: afirmou que a contensão da natalidade poderia parar as crises econômicas.

- David Ricardo: idealizou o salário mínimo.

Das ideias liberais surgiu a prática capitalista. O capitalismo é o sistema econômico e social caracterizado pela propriedade privada dos meios de produção, pelo trabalho assalariado, pela acumulação de capital e pelo foco primordial no lucro. Algumas dessas características já eram visíveis no fim da Idade Média e na Idade moderna em práticas comerciais e no mercantilismo, por isso fala-se num capitalismo comercial ou que o mercantilismo é uma fase inicial do capitalismo. Mas, só depois da Revolução Industrial é que ocorre a substituição do comércio pela produção como fonte principal de lucro, marcando o surgimento do capitalismo de fato.

Após o século XVIII iniciou e desenvolveu-se de forma crescente e ininterrupta o processo de produção em massa, o acúmulo de capital e a cultura de consumo. A força capitalista se impôs. Surgiram as teorias liberais. Em meados do século XX, ocorreriam outras transformações que gerariam o neoliberalismo e a globalização.

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XXXIVO SOCIALISMO

Os primeiros socialistas:

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Provavelmente a palavra socialismo foi usada pela primeira vez na Inglaterra, em 1827, em um artigo de jornal que defendia a ideia de que os trabalhadores só obteriam seus benefícios com a radicalização das conquistas democráticas.

Ainda não havia uma teoria socialista; apenas uma disposição política de alargar os limites da democracia burguesa. Vários pensadores e políticos apresentaram propostas de uma ampla reformulação para superar os problemas sociais.

* Saint-Simon (1760-1825) era francês de origem nobre. Foi um liberal avançado e não propriamente um socialista. Percebeu uma divisão na sociedade burguesa: de um lado os “ociosos”, de outro os “produtores”. Saint-Simon identificava assim, o cenário de um conflito social. Ele defendia a livre empresa e o lucro dos industriais e propunha que o governo fosse composto de trabalhadores e capitalistas. Assim, toda a sociedade poderia ser beneficiada pela ação do Estado e haveria maior prosperidade social.

* Charles Fourier (1772-1837), também francês, era filho de comerciantes. Propôs a criação dos falanstérios, ou seja, comunidades financiadas com dinheiro publico ou privado e autossuficientes, em que cada um receberia conforme sua capacidade de trabalho e as pessoas viveriam de forma cooperativa. Fourier via o socialismo como uma fase final da historia humana, quando os problemas sociais estariam superados.

* Robert Owen (1771-1858) era inglês e empresário. Desejava mudar a sociedade por meio da criação de cooperativas de produtores e consumidores e pela educação de todo o povo. Owen melhorou as condições de trabalho e de salubridade em sua própria fábrica, diminuiu a jornada de trabalho, prestou assistência aos trabalhadores e às crianças e criou cooperativas de consumo para os operários.

Socialismo e utopia:Os primeiros socialistas foram muito criticados, pois suas propostas eram

de difícil realização ou só poderiam ser colocadas em prática em condições muito especiais. Para Friedrich Engels (1820-1895), pensador alemão do século XIX, a transformaçao social proposta por Simon, Fourier e Owen era uma verdadeira utopia, porque só seria alcançada por uma obra voluntária, feita pelas elites, que teriam de concordar em perder boa parte de suas propriedades, privilégios e fortunas, em troca do bem-estar comum. E, segundo Engels, isso nunca ocorreria; por isso, ele classificou os primeiros pensadores socialistas de utópicos.

No entanto, várias ideias dos socialistas utópicos foram aproveitadas pelos futuros pensadores socialistas, como Karl Marx (1818-1883) e o próprio Engels, para elaborar outras propostas de transformação social. O diagnostico crítico que os primeiros socialistas fizeram da sociedade e os limites da democracia burguesa foram muito importantes para construir um conjunto de teorias sociais.

O marxismo:O marxismo foi a mais importante e difundida das teorias socialistas tato

por sua consistência teórica quanto por suas repercussões práticas. Deve seu nome a Karl Marx, que contou com a colaboração intelectual e ajuda material de Friedrich Engels.

Diante das teorias socialistas anteriores, Marx e Engels criaram um sistema que eles chamaram de “científico”, por considerá-lo fundamentado em uma análise racional da realidade e capaz de alcançar a solução para os problemas sociais. A

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ideia de socialismo “científico” se opõem ao caráter “utópico” que ambos criticavam nas teorias de seus predecessores.

Para Marx, toda a análise da sociedade deveria partir de sua base material, dos elementos econômicos que a sustentavam. Ele buscava identificar, em cada período histórico, quem produzia, como produzia e quem se beneficiava dos rendimentos da produção.

A partir desta análise, a teoria marxista afirmava existir uma permanente luta de classes na sociedade. Para Marx, essa luta move a história, fazendo-a avançar. Em meados do século XIX, a luta de classes se manifestava no conflito entre a burguesia e o proletariado. Segundo Marx, o conflito seria resolvido com a vitória do proletariado, ao conquistar o Estado por meio de uma revolução. Uma vez vitorioso, o proletário destruiria o capitalismo e, após uma fase de ditadura de classe, estabeleceria o comunismo.

O anarquismo:Além dos socialistas utópicos e dos marxistas, outra proposta de

mudança social surgiu no século XIX: o anarquismo. As ideias anarquistas privilegiavam a liberdade e a justiça e partiam do princípio de que o homem tinha, por natureza, as condições necessárias para viver bem socialmente. O anarquismo teve como um dos seus principais teóricos o russo Mikhail Bakunin (1814-1876). O anarquismo e o socialismo tinham vários pontos em comum. Tanto um quanto o outro eram contrários ao capitalismo, à existência da luta de classes e à concentração do capital nas mãos de poucos. Nesse sentido, ambos defendiam uma sociedade igualitária. Mas os anarquistas discordavam dos socialistas m um ponto: enquanto os socialistas desejavam o controle do Estado ela classe operária, os anarquistas defendiam a imediata destruição do Estado, pois eram, por principio, contrários a qualquer tipo de governo. A palavra anarquia vem do grego anarchia e significa ausência de poder.

Os pensadores anarquistas recusavam qualquer forma de organização estatal que fosse imposta às pessoas. Segundo as várias correntes do anarquismo, o Estado, o governo, as religiões e as autoridades eram a origem de todos os males, porque exer-ciam controle sobre os indivíduos e os impediam de ser livres.

A alternativa ao Estado é substituí-lo por outras formas de associação, autô-nomas e de caráter comunitário, capazes de gerir a si mesmas.

Recapitulando:- Socialismo utópico: pretendia acabar com a diferença social através da

ajuda dos empresários. Um dos seus representantes foi Robert Owen.- Socialismo científico: Marx e Engels.- Socialismo histórico: tem como características:* Determinação histórico-econômica.* Luta de classes.* Exploração da mais-valia.* Proletário como agente de transformação.* Socialismo (entendido como uma adaptação, um caminho para se

chegar ao comunismo) e comunismo (consumação de uma sociedade sem lutas de classes).

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XXXVMOVIMENTOS NACIONALISTAS (séc. XIX)1) Unificação italiana:

Desde o Congresso de Viena (1815), a Itália estava dividida em: Reino Lombado-Vêneto, Reino das Duas Sicílias, Estados Papais, Piemonte-Sardenha, Toscana, Parma e Módena.

Os principais idealizadores da unificação italiana foram o Conde de Cavour e Giuseppe Garibaldi.

Etapas da unificação:1ª (1848): movimentos frustrados, mas com a unificação de dois

territórios. Esse movimento de unificação foi destruído pela Áustria.2ª (1870): movimentos vitoriosos. A Áustria, principal opositora, foi

derrotada pelos unificadores.

2) Unificação alemã:O território alemão estava dividido numa Confederação de 38

Principados Germânicos. Sua principal união era o “Zollverein”, um conjunto de despositivos econômicos que favoreciam o comércio entre os Principados.

Os principais participantes desta unificação foram a Prússia (a favor da unificação) e a Áustria (contrária). A Prússia ficou responsável pela defesa da Confederação com Bismark (foi ele que preparou a unificação alemã contra a Áustria.

3) Consequências das unificações alemã e italiana:- Itália ficou um país atrasado.- Alemanha: 2ª Revolução Industrial.- Vários alemães e italianos migraram para a América em busca de trabalho. No Brasil entraram no século XIX cerca de 1,5 milhão de italianos e mais de 200 mil alemães.

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XXXVIOS EUA NO SÉCULO XIX

A conquista do OesteDepois de vencerem a guerra pela independência contra a

Inglaterra, os estadunidenses elegeram George Washington como seu primeiro presidente (1789-1797). O presidente Washington empenhou-se em apoiar a agricultura e a indústria, abaladas pelos longos anos de guerras, e incentivou também a conquista do Oeste, ou seja a expansão territorial para além dos Montes Apalaches.

A marcha para o Oeste foi motivada pela crença no destino manifesto, pela busca de terras férteis e pelo crescimento da população norte-americana. Entre 1820 e 1930, cerca de 62 milhões de europeus deixaram seus países de origem; desses, cerca de 42 milhões foram para os EUA.

Destino manifesto Ideia segundo a qual os colonos norte-americanos haviam sido escolhidos por Deus para expandir-se pelas terras do continente americano, levando consigo a civilização.

Americanos natos e imigrantes iniciaram a marcha para o Oeste (do litoral para o interior dos EUA) em pequenos navios pelos rios Mississipi e Missouri, ou por terra em caravanas de carroças.

O grande incentivo à marcha para o Oeste se deu com a Lei de Terras (Homestead Act), de 1862, pela qual o governo cedia, por apenas dez dólares, um lote de terra no Oeste a quem desejasse e se dispusesse a cultivá-lo. Para muitos essa lei significou uma reforma agrária, pois ampliou o número de pequenos e médios proprietários fazendo aumentar a oferta de alimentos a preços baixos e incentivando, assim, o desenvolvimento econômico e social do país. Mas, para os povos ameríndios da América do Norte, a Lei de Terras foi um desastre, pois eles viram suas terras, nas quais viviam há séculos, serem vendidas e invadidas.

Acordos, guerra e ouroAlém das terras tomadas dos índios, a expansão territorial

estadunidense se fez pela compra de terras, por acordos diplomáticos e pela guerra contra o México.

Os EUA compraram a Lousiana por 5 milhões de dólares, em 1803; a Flórida por 15 milhões, em 1819; e o Alasca, por 7,2 milhões em 1867. Por acordo diplomático, conseguiram o Oregon, na costa do

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Pacífico. Usando a guerra, tomaram mais da metade do território do México em 1848. Assim, os EUA ganharam acesso ao Pacífico.

Por volta de 1850, descobriu-se ouro na Califórnia e teve início uma “corrida do ouro” que acelerou ainda mais a marcha para o Oeste. A corrida do ouro e as necessidades criadas pela rápida industrialização do Leste estimularam a construção de ferrovias ligando o Leste ao Oeste. Com as ferrovias, agilizou-se o transporte de matérias-primas e alimentos, como milho e trigo, e os viajantes passaram a ir para o Oeste de trem. Lá chegando, dedicavam-se à agricultura ou iam morar nos povoados que iam surgindo.

Índios: para o governo, não eram cidadãosNos EUA do século XIX, um imigrante europeu naturalizado era,

por ser branco, considerado cidadão norte-americano; um Cheyene ou um Sioux, cujos antepassados já viviam naquelas terras há séculos, era visto como um estorvo. Os soldados do exército promoviam verdadeiros genocídios indígenas. As empresas de construção de estradas de ferro pagavam atiradores para matarem bisões, alegando que “atrapalhavam o caminho”, e a matança de bisões, principal fonte de alimento de vários povos indígenas, espalhava fome entre eles. O governo dos EUA desrespeitava os tratados de paz que ele próprio celebrava com os indígenas.

Os povos indígenas, por sua vez, resistiram a invasão de suas terras das mais variadas formas e só foram vencidos depois de décadas de lutas.

Com a conquista do Oeste, muitos ameríndios desapareceram. Outros foram expulsos de suas terras e obrigados a viver em reservas de solo pobre e clima gelado. Hoje , a comunidade indígena é minoria nos EUA, vivendo em reservas ou nas cidades, onde muitas vezes é marginalizada.

A Guerra Civil Norte-Americana (1861-1865)Enquanto a marcha para o Oeste seguia seu curso, as diferenças

entre o Centro-Norte e o Sul tornavam-se visíveis. No Centro-Norte predominava o trabalho livre e a pequena propriedade; as indústrias prosperavam e vendiam boa parte de sua produção para o mercado interno. Já no Sul predominavam o trabalho escravo e a grande propriedade escravista (plantation). Fazendas de anil, fumo e algodão vendiam seus produtos para o mercado externo.

- Estados do Norte: liberais, de economia industrial e mão-de-obra livre.- Estados do Sul: conservadores, de economia agrária e exportadora, e

mão-de-obra escrava.

Essas diferenças colaboravam para que os fazendeiros do Sul e os industriais do Centro-Norte tivessem interesses conflitantes. Os sulistas defendiam a escravidão e o livre-comércio, a fim de continuar exportando gêneros agrícolas (algodão, anil, fumo etc) e importando

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roupas, ferramentas e outros produtos manufaturados. Já a maioria dos industriais do Centro-Norte defendia o fim da escravidão e o aumento dos impostos sobre os artigos importados, a fim de garantir a venda de seus produtos no mercado interno.

Na política, o predomínio cabia aos sulistas, que controlavam o governo dos EUA há décadas. Em 1860, a situação inverteu com a eleição do nortista Abraham Lincoln para presidente.

Lincoln era um abolicionista moderado, defensor da indústria e da unidade norte-americana. Uma das frases mais célebres de Lincoln é: “Chegou o tempo em que percebi que a escravidão devia morrer para que a nação pudesse viver”.

Descontentes com o resultado das eleições, sete estados do Sul separaram-se da União e formaram um país à parte: os Estados Confederados da América. Tal secessão (separação) foi recusada pelo Norte, dando início a uma guerra entre as duas partes: a Guerra de Secessão ou Guerra Civil Norte-Americana (1861-1865).

Observe as diferenças entre as duas partes:

GUERRA CIVIL NORTE-AMERICANACENTRO-NORTE SUL

POPULAÇÃO +- 20 MILHÕES +- 10 MILHÕES(3,5 MILHÕES DE

ESCRAVOS)PODER ECONÔMICO-

MILITARPARQUE INDUSTRIAL

SÓLIDO E ARMAMENTO PESADO, MUNIÇÕES E ROUPAS

POUCAS INDÚSTRIAS DE ARMAS

NÚMERO DE MORTOS 250 MIL 360 MIL

No começo da guerra, os sulistas obtiveram importantes vitórias, mas no decorrer do conflito os nortistas impuseram sua superação numérica, econômica e militar.

Com a guerra, muitos escravizados sulistas fugiram para o Norte, o que deu um novo impulso à campanha abolicionista. Essa campanha e a necessidade de soldados para as frentes de batalhas estimularam o presidente Abraham Lincoln a libertar os escravos dos estados do sul em 1863. Livres, milhares de afro-americanos engajaram-se no Exército do Norte para lutar na guerra. A convicção de que lutavam por uma América livre e unida, e a entrada dos afro-americanos, ajudou os nortistas a vencer a guerra. Os Estados do Sul pediram ajuda à Inglaterra, mas as forças do Norte não deixaram que as tropas inglesas entrassem em seu território. Os Estados do Norte conseguiram tomar o território do Sul e venceram a guerra. Em meados de 1865, o Sul reconhecia sua derrota.

Profundos ressentimentos, no entanto, continuaram opondo sulistas e nortistas. Ainda em 1895, Abraham Lincoln, reeleito presidente foi assassinado num teatro por um fanático sulista favorável à escravidão. Ao mesmo tempo, a descriminação contra negros explodia com toda força. Membros da elite do Sul, inconformados com a possibilidade de

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ascensão social dos negros, fundaram associações racistas, como a violenta Ku Klux Klan, conhecida por perseguir, intimidar e assassinar negros.

Os membros da Ku Klux Klan cometeram vários tipos de crimes, tais como incendiar casas de famílias negras, linchar pessoas inocentes por causa de sua cor, colocar obstáculos sociais e políticos na vida dos negros, retirar oportunidades de empregos para os negros etc. Eles eram conhecidos por fazer rituais onde queimavam cruzes e passeatas. No fim da década de 40 do século XX, a Ku Klux Klan estava no seu auge.

Consequências da Guerra de Secessão- Implantou-se em todo o território estadunidense a economia liberal.- Abolição da escravidão em 1863.- Fundação da KKK (Ku Klux Klan), movimento racista americano,

também em 1863.

Cidadania X racismoApós o fim da guerra civil, a campanha abolicionista se

intensificou e, em 6 de dezembro de 1865, a Constituição recebeu sua 13ª emenda, que abolia a escravidão nos EUA. Três anos depois, recebeu a 14ª, que declarava cidadãos norte-americanos todas as pessoas nascidas nos EUA ou naturalizadas. Portanto, constitucionalmente, os afro-americanos eram cidadãos. No entanto, as leis se mostravam insuficientes para transformar homens livres em cidadãos. A elite branca, sobretudo a do Sul, procurava impedir o direito dos negros à cidadania. Para os membros dessa elite, liberdade era uma coisa, cidadania, outra.

Assim, após a abolição, o racismo contra os negros continuou sendo praticado nos EUA impunemente: negros e brancos não podiam estudar nas mesmas escolas, nem usar os mesmos banheiros públicos, nem ser atendidos nos mesmos hospitais etc. Essa situação perdurou até o início dos anos 1960 quando houve forte pressão dos movimentos negros em prol dos direitos civis.

Prosperidade e intervencionismoApós a guerra civil, o governo americano empenhou-se na

reconstrução do país, atraindo capitais europeus, protegendo a indústria nacional e estimulando a entrada de milhões de imigrantes europeus para que houvesse mão de obra farta e barata para as fábricas. A existência de recursos naturais, como o ferro, chumbo e petróleo; de terras férteis e de ferrovias transcontinentais também colaborou para que se iniciasse nos EUA um período de grande prosperidade material.

No fim do século XIX, os EUA haviam se tornado uma das maiores potências industriais do mundo, com uma rica burguesia industrial e uma classe operária organizada. Sua economia caracterizava-se pela grande concentração de capital nas mãos de um pequeno grupo de magnatas, donos de verdadeiros impérios econômicos. Valendo-se disso,

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eles impunham preços de compra e venda, controlavam as matérias-primas e o transporte e ditavam as regras do comércio dos produtos.

Política Externa- Implantação da Doutrina Monroe: “A América para os americanos”. Os

EUA não queriam que os europeus interferissem em assuntos do Continente Americano.

- A partir de mais ou menos 1875, os EUA começa a comerciar com a América Latina, comprando desta matéria-prima.

- “Big Stick”: política mais acirrada, onde se proclamava que os EUA poderia até usar força militar contra as nações europeias que se atrevessem a intervir no Continente Americano, e contra qualquer nação que se opusesse à sua influência sobre todo o continente.

- Destino Manifesto (EUA se proclamando como “guardião da América”).

PRÉ-VESTIBULAR APOSTILA DE HISTÓRIAPROF. FABIANO DE JESUS

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XXXVIIIMPERIALISMO

Imperialismo: dominação política e/ou econômica, direta ou indireta, de uma nação mais rica e poderosa sobre outra mais pobre e fraca. Nessa relação, a nação imperialista procura sempre tirar vantagens políticas e econômicas sobre a nação dominada. A nação dominada acaba sendo fortemente influenciada pela dominadora, e frequentemente assume posições e influências ideológicas e culturais da nação dominadora.

FatoresAparecimento do capital monopolista na 2ª Revolução Industrial (fins do

século XIX, na Alemanha, Rússia, Itália e EUA). Isso gerou concorrência aos produtos ingleses, e a formação de monopólios e protecionismos.

A concorrência interna em países industrializados gerou os trustes, cartéis e holdings, que eram formados por grandes conglomerados que tinham grande poder financeiro, e por isso mesmo conseguiam vencer os seus concorrentes. Para vencer a concorrência, os grandes capitalistas faziam guerras de preços: mantinham seus preços bem baixos por um certo tempo, até que seus concorrentes não agüentassem e falissem ou vendessem a empresa por um valor baixo. Assim, aos poucos, as empresas mais fortes foram “engolindo” as mais fracas e, com isso, formaram-se empresas gigantes ou associações de empresas: os trustes, cartéis e holdings.

Os trustes são associações de várias empresas numa única, que passa a dominar todas as fases da produção, desde a obtenção de matéria-prima até a comercialização do produto.

Os cartéis são conjuntos de empresas independentes que, para evitar os desgastes da concorrência, dividem o mercado entre si. Cada uma delas atua em determinada área geográfica.

As holdings são empresas nascidas da associação de diversas empresas e que possui o controle de suas associadas.

Frequentemente, as empresas pediam empréstimos aos bancos ou se associavam a eles a fim de aumentar seus negócios ou suportar a concorrência. Outras vezes, os bancos e as indústrias se uniam formando uma só empresa. Com isso, os bancos foram ganhando cada vez mais importância.

A alta tecnologia das indústrias e os investimentos fizeram com que surgisse uma superprodução nacional. As indústrias foram forçadas a levar sua produção para o exterior. As potências capitalistas estavam praticamente “fechados” para qualquer compra, e a solução foi o neocolonialismo. No século XIX, países como os EUA, a Grã-Bretanha e o Japão, entraram na disputa por colônias ou áreas de influências na Ásia, África, América Latina e Oceania.

Os principais fatores do imperialismo praticado no século XIX pelas grandes potências foram:

- A busca por mercados produtores de matérias-primas (carvão, ferro e cobre) e consumidores de manufaturados;

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- A descobertas que as terras africanas eram ricas em ouro e diamantes;- O apoio dado pelos governos das grandes potências à conquista de

terras e povos em outros continentes e depois usavam essas ações imperialistas para se autopromover e despertar uma espécie de “orgulho nacional” entre os cidadãos do país.

- Justificativa imperialista baseada num conjunto de ideias racistas desenvolvidas na Europa no século XIX. Uma delas era que a “raça branca” era superior às outras biologicamente; outra era que somente a “raça branca” tinha capacidade de criar uma civilização. Com base nessas ideias, os europeus diziam ter uma missão civilizadora para com os povos “primitivos” da África e da Ásia; era seu dever, portanto, levar até esses povos a civilização, vista pelos europeus como progresso tecnológico e econômico somado aos “bons costumes” europeus.

NeocolonialismoAs áreas de influência do capital industrial foram os países atrasados,

especialmente os dos continentes africano e asiático, que compravam produtos industrializados e vendiam matéria-prima.O capital industrial foi garantido com a compra dos produtos “metropolitanos”. A Inglaterra foi pioneira no neocolonialismo.

As justificativas foram: o apoio cultural, religioso, econômico, a promoção da paz (ajuda armada para crises internas) etc.

As consequências que surgiram foram: os países explorados e os exploradores, as disputas por territórios de influência que levaram à 1ª Grande Guerra, a África e a Ásia foram divididas em áreas de influência e de dominação econômica das empresas europeias e de seus governos, e das “metrópoles” saíam capitais e população pobre para as “colônias”.

O imperialismo europeuA África foi o principal foco do imperialismo, pois a maioria dos seus

governos não estavam constituídos como nos países europeus. O forte imperialismo europeu na África começou oficialmente a partir de 1870, com a chegada maciça de europeus e da Conferência de Berlim.

A dominação europeia na África desencadeou conflitos:- Guerra dos Bôeres: entre Inglaterra e Holanda pela disputa pela África

do Sul.- Disputas pelo Canal de Suez (Egito) devido a sua posição estratégica e

ao lucro obtido com cobranças pela travessia: entre Inglaterra e França.

Na Ásia, o principal foco das nações europeias era a área onde havia o Império Turco-Otomano, localizado na área do Mediterrâneo Oriental (essa área foi fortemente disputada entre França e Inglaterra).

Na Ásia Central, a Inglaterra dominou a região onde hoje é a Índia e o Paquistão. Um dos principais conflitos ocorridos devido a essa dominação foi a Guerra dos Cipaios.

Na China, a chamada Guerra do Ópio levou a Inglaterra a dominar parte do território chinês. Revoltas internas fizeram a Inglaterra permanecer no país para garantir a paz.

A Rússia dominou partes da Manchúria (China), onde empreendeu a construção de ferrovias.

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O Japão, por sua vez, só fez uma abertura ao capital externo, no período da dinastia Meiji, com o príncipe Mutsuhito.

Na América Latina, a entrada de capitais estrangeiros foi impulsionada e intermediada pelas elites que fizeram as independências. A dominação mais forte foi a do capital e empresas britânicas. Até 1870, a Inglaterra teve quase plena dominação com suas multinacionais e empréstimos.

O Imperialismo Norte-AmericanoExpressado principalmente pela Doutrina Monroe, pelo “Big Stick” e

pelo Destino Manifesto. Essa dominação se deu principalmente sobre a América Latina a partir de 1875, quando se verificou afastamento da Inglaterra.

Enriquecidos, os EUA passaram a praticar o imperialismo na América Latina e nas Filipinas, intervindo nessas áreas a fim de obter lucros e vantagens. O imperialismo norte-americano na América Latina baseava-se na Doutrina Monroe, cujo lema é: “a América para os americanos”, que na verdade poderia ser entendido por: “ a América para os estadunidenses”. Os governantes dos EUA viam os habitantes da América Latina como povos atrasados e justificavam suas constantes intervenções na região dizendo que estavam levando a democracia e a civilização a estes povos.

Em 1898, os EUA anexaram as ilhas do Havaí; em seguida, ajudaram Cuba a vencer a guerra de independência contra a Espanha, aumentando, com isso, sua influência sobre a ilha. No fim desta guerra, os EUA obtiveram as Filipinas, que assim como Cuba, pertenciam à Espanha. No governo do presidente Theodore Roosevelt (1901-1909), o imperialismo norte-americano se intensificou. Roosevelt criou uma política de relação com a América Latina conhecida como Big Stick (“Grande Porrete”). Essa política, segundo Roosevelt, consistia em “conversar com os latino-americanos, suavemente, mas com um porrete nas mãos”, ou seja, usar a intimidação e a força, se necessário, para dominá-los e fazer prevalecer os interesses dos EUA. Entre 1890 e 1930 os marines (fuzileiros navais pertencentes às tropas de elite da Marinha Americana) fizeram diversas intervenções nas ilhas do Caribe (como Cuba e República Dominicana); na América Central (como Nicarágua e Panamá) e nas Filipinas (Ásia).

No Panamá, a política do Big Stick foi aplicada na época em que esta região pertencia à Colômbia. Com a ajuda estadunidense, os habitantes da, então província, do Panamá, conseguiram a independência em relação à Colômbia, e em 1903, fundaram um novo país, a República do Panamá. Em troca da ajuda militar, os panamenhos cederam aos EUA o controle da área de seu país onde estava sendo construído um canal que ligava o Atlântico ao Pacífico. Em 1904, os norte-americanos assumiram a construção do canal e terminaram sua construção em 10 anos. O canal do Panamá possui 82 Km de extensão e corta o Panamá, ligando os oceanos Atlântico e Pacífico. Esse canal facilitou o transportes de mercadorias entre as duas costas, já que, até então, ele era feito por navios que tinham de contornar a América do Sul, e fortaleceu o poder norte-americano sobre a região. O canal foi administrado pelos EUA desde 1914, data de sua conclusão, até 1999, quando passou ao controle da República do Panamá; nesse longo período, propiciou enormes lucros aos EUA.

Paralelamente à política do Big Stick, o governo dos EUA adotou também a chamada “diplomacia do dólar”, que consistia em comprar favores dos políticos latino-americanos, a fim de obter facilidades e vantagens econômicas na América Latina.

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PRÉ-VEST APOSTILA DE HISTÓRIAPROF. FABIANO DE JESUS

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XXXVIIIESCRAVIDÃO AFRICANA

Breve história da ÁfricaDurante as grandes navegações os europeus estreitaram o contato com o mundo

africano. Esse continente já era conhecido, mas após a tomada de Ceuta (norte da África) pelos portugueses em 1415, as explorações e os contatos se intensificaram.

Após o contorno da África em 1434, o comércio de ouro e depois de escravos tomou grande impulso. O comercio de escravos para as colônias, principalmente portuguesas, intensificou-se no século XVI com a colonização do Brasil. Na época anterior à chegada dos europeus, o continente africano não era dividido em Estados nacionais, como hoje, mas sim em etnias que se organizavam em impérios, reinos ou grupos organizados de acordo com seus padrões culturais, sociais e econômicos.

A história da África a partir do século XVI se entrelaçava com a do Brasil.Mas, quem são os africanos que chegaram ao Brasil como escravos? Qual sua

origem? Quais são suas histórias? Esses antepassados legaram uma grande herança cultural e étnica ao Brasil e, no entanto, pouco sabemos sobre a África, um continente onde havia impérios e reinos muito antes da chegada dos europeus.

Há muito a se conhecer sobre estes diferentes povos que formavam a “África negra” e que durante a colonização portuguesa vieram para o Brasil.

A África Antiga:Nos estudos de história, encontramos a menção de pelo menos “duas Áfricas”: a

saarina, ou norte da África, onde se localiza o Egito; e a sub-saarina, ao sul do deserto do Saara. O conhecimento sobre a história antiga da África é pouco devido à escassez de fontes escritas. A maioria das tradições africanas foram passadas de geração à geração por histórias orais. Fósseis e objetos antigos também são preciosas fontes para reconstruir a história africana.

Acredita-se que os primeiros humanos apareceram na África a pelo menos 4 milhões de anos. Entre 3000 a . C. e 1000 a . C. já havia agricultura e criação de animais no Egito. Na África sub-saarina porém, até os primeiros séculos da Era Cristã, prevaleceram sociedades atreladas à caça e a coleta de alimentos. Quando os homens desta região começaram a se tornar sedentários, começaram a construir casas, praticar a agricultura e criar animais. A população cresceu, e eles começaram a comercializar com outros povos sub-saarinos e com os povos saarinos. Para isso atravessavam o deserto do Saara; este comércio foi chamado na história, de comércio transaariano. Grandes caravanas de comerciantes percorriam grande parte do continente. Muitos morriam de doenças desconhecidas transmitidas por insetos, como a mosca tse-tsé. Por causa destas doenças que dizimavam populações, é que não houve muito desenvolvimento das populações do sul do continente africano.

Por ser um grande continente, a África possui muitas religiões. Nos locais próximos à Ásia e a Europa, houve uma forte influência e entrada do judaísmo, do cristianismo e do islamismo. Alguns reinos africanos até adotaram algumas destas religiões como oficiais. No norte africano, houve dominação do Império Islâmico a partir do século VIII, fazendo prevalecer nesta região o islamismo. Na África

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Meridional e Ocidental, prevaleceram religiões totenistas e animistas, que são crenças que atribuem caráter sagrado às forças e elementos da natureza.

O Império Kush (Núbia) existiu entre 1700 a . C. e 300 d. C., na região ao sul do Egito. Por um período foi colonizado e dominado pelos egípcios, que influenciaram muito em sua cultura. Neste império, os reis também eram sepultados em pirâmides. A economia deste império baseava-se no comércio transaarino. Acredita-se que a partir do século IV caíram no domínio do Império Axum. O Império Axum localizava-se na região onde hoje é a Eritréia e o norte da Etiópia. Foi formado por habitantes que vieram da Arábia. Sua economia baseava-se no comércio transaarino, principalmente com os romanos. A riqueza do comércio trouxe poder e prosperidade, e permitiu uma expansão. No início eles eram politeístas, mas depois o cristianismo tornou-se religião oficial. Em 476, o Império começou a empobrecer e se enfraqueceu. Outro importante reino africano foi Gana, que existiu entre 300 e 1300. Também desenvolveu-se através do comércio trasaarino, que lhe trouxe riquezas, propiciando que seus reis vivessem em luxuosos palácios decorados de ouro. O clima árido não permitia haver uma agricultura significativa. Em 1300, esse reino foi incorporado ao Império de Mali.

Os reinos e impérios da África:A história dos povos que viviam na África ocidental e centro-ocidental, que vai

desde o Senegal até a Angola, região que teve o contato inicial com os europeus, mostra que ali, em meio a natureza hostil, habitavam diferentes povos com características culturais próprias e distintas.

Gana foi possivelmente o primeiro grande império da África ocidental. Surgiu no século VIII e se destacou por cerca de 500 anos. Nesse poderoso reino aconteciam negócios entre os comerciantes que traziam ouro do sul e os comerciantes das caravanas que iam para os portos do norte da África. Mas só o comércio não explica o desenvolvimento deste reino; é preciso destacar a agricultura, a pecuária e o artesanato que geraram a acumulação de um saldo da produção.

Os séculos IX e X viram o apogeu de Gana, mas a partir do século XI lutas internas provocaram grandes perturbações que culminaram na sua desintegração.

No século XIII, o reino de Gana acabou absorvido pelo império de Mali, que desenvolveu uma notável civilização com cidades organizadas e várias formas de comércio, um islã tolerante e um modelo político descentralizado, porém bastante eficiente.

Depois de 1350, o império dos Songais, em via de expansão, começou a se apoderar do território de Mali e criou uma próspera capital em Gana. Esse poderoso estado se manteve como o mais forte do Sudão ocidental até cerca de 1591, quando foi invadido por exércitos vindos do Marrocos.

Os reinos e Cidades-Estados sudaneses foram visitados , desde tempos mais remotos, por exoploradoeres e comerciantes árabes, que gradativasmente converteram seus habitantes ao islamismo. As civilizações da cultura sudanesa transformaram-se assim num misto de elementos africanos e islâmicos.

Na Etiópia consolidou-se um reino cristão que, apesar dos percalços, enfrentou árabes e turcos com relativo sucesso. No século XIX, o imperador etíope Menelik II derrotou os italianos, impedindo que o país fosse invadido.

Quanto ao reino do Benin, algumas informações datadas dos séculos XV e XVI dão conta de sua grandiosidade.. No século XVI a cidade de Benin impressionou os

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visitantes europeus pelo seu rigor urbanístico, profusão de artes, luxo e multiplicidade de ritos praticados.

A cidade tinha ruas retas, casas confortáveis e limpas, com árvores e jardins, e uma corte que era na verdade uma “cidade dentro da cidade”. O rei (chamado de Obá) possuía uma legião de funcionários hierarquizados e um sortido harém.

Outro reino importante foi o do Congo, localizado mais ao sul. Ele teve bastante influência sobre os povos da região e possui muitos relatos deixados por europeus que ali moravam. Dentre os relatos, alguns são de reis locais que, após o contato com os portugueses aprenderam a escrita e nos legaram relatos em português. Esses textos são a base para a reconstrução da história dessa importante sociedade africana.

Quando os lusos entraram em contato com o reino do Congo, este era um estado bem organizado. Aliando-se aos portugueses, o rei do Congo, que tomou o nome de Afonso, converteu-se ao cristianismo, sendo batizado e vestido como um nobre português. O monarca esteve em Lisboa a convite do rei D. João II e mais tarde esteve no Vaticano, onde fez um discurso em latim diante do papa Leão X.

No reino do Congo a sucessão não era hereditária. Havia um Conselho Eleitoral, o que acabava por gerar disputas e até guerras civis. Uma grande praça era a Corte de Justiça, onde o rei julgava sentado em um trono de marfim. Havia na capital do reino um bosque de árvores consideradas sagradas que não podiam ser derrubadas.

Quando o rei do Congo, Álvaro II (1574-1614), se opôs ao tráfico de escravos, perdeu o apoio dos portugueses, que saquearam o reino.

Entre os séculos XI e XIV desenvolveu-se o Grande Zimbábue. No século XV, o Zimbábue tinha grande importância comercial, pois a maior parte do ouro e do marfim vendido pelos árabes passava pela cidade. No entanto, seu declínio acabou sendo rápido, e hoje existe apenas ruínas dele.

Cada sociedade que se desenvolveu na África possuía formas diferentes de se adequar a cada região e tirar da natureza os meios de sua sobrevivência. Entre os grupos havia formas de trocas de produtos que não eram acessíveis aos outros. Esse intercâmbio existiu em várias sociedades africanas.

Outra prática existente entre as diversas comunidades era a de casamentos que uniam grupos diferentes e estabeleciam novas relações.

Existiam também formas de comércio que mantinham o contato frequente entre os grupos, o que resultava não só em trocas de mercadorias, mas influenciava padrões de comportamento e mentalidades. Um dos exemplos dessa influência é a dos mercadores muçulmanos que acabavam por difundir sua religião pelos lugares onde passavam.

O comércio entre as comunidades africanas ocorria, geralmente, através do que hoje chamaríamos de atravessadores: pessoas que compram um produto de um local e vende em outro. A ideia de um comércio constante por terra (a pé ou por montarias) ou por rotas fluviais demonstra que as sociedades africanas não eram isoladas umas das outras.

A escravidão:A escravidão existe quando uma pessoa se torna propriedade de outra. Com isso,

o escravizado perde o direito a sua própria vida e sua liberdade de ir e vir. A pessoa escravizada pode ser comparada a um produto, a um bem, a uma mercadoria que seu dono pode dispor da maneira que quiser. Nessa relação, o escravizado pode ser vendido, doado, alugado, maltratado, usado sexualmente, ou até morto sem que haja pela lei a

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responsabilização criminal sobre o senhor que matou seu escravo. É essencialmente uma relação de servidão relativa à propriedade.

Desde os tempos mais remotos têm-se dados de homens que escravizaram outros homens pressupondo uma relação de inferioridade. Historicamente existiu escravização por guerras (prisioneiros), por dívidas, por sobrevivência (falta de recursos para viver), por crimes ou transgressões, enfim, por diversos motivos.

A escravidão já existia nas sociedades africanas. Nas sociedades organizadas em tormno de chefes de linhagens, em aldeias ou federações de aldeias, podiam viver estrangeiros, capturados em guerras ou trocvados por produtos como sal e cobre, que eram subordinados a um senhor e podiam ser chamados de escravos. Eles podiam ser castigados ou vendidos e tinham de obedecer ao senhor em tudo. Dava-se preferência às mulheres, pois elas cultivavam a terra, preparavam alimentos e tinham filhos de seus senhores. Os filhos das escravas com seus senhores ou homens livres não eram considerados, via de regra,escravos. Mas não tinham os mesmos direitos que os filhos de mulheres livres, trazendo a marca social da escravidão, mas a cada geração esta iria diminuindo até desaparecer.

Nos reinos que reuniam várias aldeias e federações de aldeias e nos quais o rei vivia numa capital, cercado por sua corte, de suas mulheres e de seus soldados, era maior e mais frequente a presença de escravos. As guerras de expansão ou para sufocar rebeliões eram a principal maneira de adquiri-los, mas estes podiam ainda ser comprados ou condenados a pagar com a perda da liberdade o desrespeito às regras locais. As mulheres, além dos trabalhos rurais e domésticos, também eram recrutadas para aumentar o harém do rei; os homens além de trabalhar no campo, engrossavam os exércitos e faziam parte das caravanas como carregadores e remadores.

Não era raro o senhor libertar seus escravos, principalmente se estes lhe prestassem um bom serviço.

Havia assim, uma hierarquia dentro da condição de escravo, que ia desde o mais despresado, como aquele que fazia os serviços desagradáveis e estenuantes, como trabalhar no campo ou carregar cargas, até o que ocupava postos de responsabilidade e era admirado por seus talentos. O que fazia deste ultimo um escravo, apesar de seu prestígio, era o fato de, por ser estrangeiro, não ter laços de parentesco ou solidariedade na soiciedade em que vivia, na qual só era reconhecido como membro na qualidade de subordinado a um senhor.

A escravidão estava mais presente nas capitais dos reinos, nas Cidades-Estado e nos grandes centros de comercio onde havia maior circulação de riquezas, maiores possibilidades de acumulação de bens e diferenças mais marcantes entre os grupos sociais. Além dos escravos serem integrados nessas sociedades, também eram uma mercadoria importante nas rotas do Saara. Parte dos cativos, obtidos geralmente por meio de guerras ou ataques a aldeias desprotegidas, era negociada com os comerciantes que os levavam para o norte da África. Os que não ficavam trabalhando ali podiam ser mandados para o outro lado do Mediterrâneo, mas iam principalmente para a Península Arábica, sendo preferidas as mulheres. Escravas belas e jovens podiam alcançar preços elevadíssimos, pagos pelos que desejavam tê-las entre suas esposas e podiam arcar com o preço.

Além de serem comerciados entre as sociedades africanas não islamizadas e nas rotas do Saara (esta islamizada), os escravos estavam entre as mercadorias exportadas para a Península Arábica pelos portos da costa oriental, pelos quais podiam ser levados

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para a Pérsia e Índia, junto com mercadorias de luxo, como marfim, ouro, peles e essências naturais.

A partir do século XV acelerou-se o tráfico de escravos que, até então, era controlado pelos árabes. A entrada de europeus no negócio, deveu-se, principalmente, à necessidade de mão-de-obra para o processo de colonização da América. Durante os quatrocentos anos que o comercio de escravos durou, milhões de africanos foram arrancados de suas terras e trazidos para várias regiões do Continente Americano.

Assim, quando os primeiros europeus chegaram à costa atlântica africana, e entre outras coisas se interessaram por escravos, abriu-se mais uma frente do comércio de gente, mas este já era velho conhecido dos muitos povos africanos.

Os europeus e o “comércio de gente”:O comercio de escravos feito pelos europeus teve início no período das grandes

navegações marítimas do século XV. A expansão marítima levou-os a terras distantes e à busca de novas mercadorias para o comércio. Inicia-se o comércio de pessoas entre a África e a Europa, vindo depois o tráfico escravo para a América.

Desde as primeiras décadas do século XV, com a conquista de Ceuta em 1415, Portugal se estabeleceu no norte da África. Não havia até esse momento, qualquer interesse em expansão territorial ou comercial sobre a então chamada Nigrícia, já conhecida pelos europeus pelos escritos dos antigos gregos e romanos. Os escravos e outros produtos como sal, marfim, pimenta e outros, trazidos dessas longínquas terras chegavam ao Mediterrâneo através das caravanas dos mercadores do Saara que atravessaram o deserto até as margens do rio Níger. Foi com a iniciativa do infante D. Henrique que os portugueses começaram a exercitar seus conhecimentos de navegação e a desbravar novos mundos, a começar pela África. Sua preocupação era descobrir novas terras, converter os mouros e gentios e abrir novas áreas de comércio.

Em 1442, chegaram a Portugal 10 escravos, os primeiros trazidos da costa africana, vindos da chamada “terra dos negros”, ou Guiné. Por vários anos, a empresa africana viveu do comércio desses escravos levados regularmente para Portugal. Era o início de um comércio que perduraria por quatro séculos. Em meados dos anos de 1450, as expedições ultrapassaram a embocadura do rio Gâmbia, chegando à terra dos mandingas. Nestes tempos, o tráfico enviava a Portugal uma média anual de 800 escravos. Em 1460, com a morte de D. Henrique, as explorações foram interrompidas.

Em 1469, a Coroa retomou o projeto de exploração e conquista, e em 1470 uma expedição negociou ouro de aluvião na altura da atual República de Gana, dando ao lugar o nome de Costa da Mina. A mesma expedição atravessou pela primeira vez a linha do equador e, em 1472, chegou às ilhas de São Tomé e Príncipe. Junto ao pequeno povoado que se constituiu na Costa da Mina teve início em 1482 a construção de uma fortaleza que ficou conhecida como Castelo da Mina. O Castelo, solidamente construído em pedra e cal, foi o maior estabelecimento comercial e militar português na costa africana. Foi aí que se concentrou ao longo dos séculos XV e XVI toda a atividade comercial lusitana desta costa, incluindo o comércio de ouro, escravos e outras mercadorias. Já nestes anos, teve inicio à conquista de terras mais ao sul, onde os lusos entraram em contato com o reino do Congo (1480) que também passou a fornecer-lhes cativos. Entre os anos de 1450 e 1500, aproximadamente 150 mil escravos foram comercializados pelos portugueses através do Atlântico.

O pioneirismo português se deve principalmente à busca de ouro e de um caminho para as Índias em busca de tecidos e de especiarias, mercadorias de lucrativo

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comercio na Europa. Além disso, em suas explorações os portugueses espalhavam o cristianismo. Tudo isso fez com que os portugueses fossem os primeiros a contatar os povos da África ocidental e central.

Inicialmente os contatos foram bastante amistosos, mas nem sempre foi assim. Quando percebiam o perigo representado, os povos africanos reagiam travando batalhas com os exploradores e comerciantes.

Os portugueses fundaram colônias em Cabo Verde e São Tomé, iniciando a plantação de cana-de-açúcar, como faziam nas ilhas da Madeira e dos Açores. Esse modelo econômico foi mais tarde implantado no Brasil e outros territórios colonizados por eles. Em Cabo Verde a plantação não deu certo devido ao tipo de solo, mas em São Tomé houve boa adaptação.

Não foram só os portugueses que buscaram explorar ou se estabelecer em território africano. Ingleses, franceses e holandeses também entraram nessa corrida colonial e exploratória.

Desde ao primeiros contatos, os portugueses visualizaram uma forma extremamente lucrativa de comércio: o comércio de gente.

Com as possessões coloniais da América no século XVI, esse comércio se acentuou e gerou um sistema de tráfico internacional de escravos. A eficácia e abrangência do tráfico não seria alcançada se não houvesse cumplicidade das sociedades africanas. Vale repetir: foi graças à existência da escravidão na África atlântica pré-colonial que os navios negreiros puderam ser rapidamente abastecidos. Os europeus não inventaram a instituição, mas sim destinaram para outro fim (o comercial), cujas dimensões eram até então inéditas.

O tráfico e a história da África:O intenso comércio de escravizados feito pelas companhias de comércio

europeias, provocou transformações significativas nas sociedades africanas. Aconteceram batalhas entre europeus e africanos, entre europeus de diferentes estados na disputa pelos territórios coloniais; e entre grupos africanos acentuando suas rivalidades ou provocando as que não existiam. Cresceu neste período, o ataque, invasão de aldeias e o rapto em busca de prisioneiros para vender aos comerciantes.

O tráfico também aumentava o fracionamento político da África tanto através da criação de colônias europeias quanto pelo acirramento das rivalidades entre as sociedades africanas organizadas.

Durante cerca de 400 anos o comércio escravocrata movimentou a economia de algumas potências europeias. O Brasil faz parte desta história.

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XXXIXOS IMIGRANTES NO BRASIL

Imigrantes para o cultivo dos cafezais:Reagindo aos efeitos da extinção do tráfico negreiro, os cafeicultores

recorreram ao tráfico interprovincial e desenvolveram uma política de atração de imigrantes europeus para suas lavouras. Porém, o trabalho destes últimos só ganhou peso na última década de 1880, quando os cafeicultores já não conseguiam segurar os escravos nas fazendas, devido à força da campanha abolicionista.

O sonho de construir a América:Na segunda metade do século XIX, países como Portugal e Espanha

passaram por graves dificuldades econômicas. Nas áreas rurais italianas e alemãs, o desenvolvimento do capitalismo, as secas e as guerras de unificação expulsaram os camponeses de suas terras. Uma das saídas colocadas pelas autoridades para essa população pobre era vir para a América.

O sonho de conseguir um bom emprego, de cultivar o próprio pedaço de terra e de assegurar aos filhos um futuro promissor foram os principais motivos que trouxeram cerca de 4 milhões de imigrantes para o Brasil. Entre 1850 e 1920, a imigração foi essencialmente de origem europeia; entre 1920 e 1935, os de origem asiática predominaram.

As primeiras experiências:A vinda de imigrantes para o Brasil, trazidos pelo governo, começou com

D. João VI, que promoveu a instalação de suíços e alemães no Rio de Janeiro e no Espírito Santo. No sul do Brasil, mais tarde, também se formaram núcleos de povoamento em áreas cedidas pelo governo, muitas vezes em terras indígenas. O objetivo era construir pequenas propriedades familiares que garantissem a ocupação efetiva do território.

O incentivo à colonização estrangeira refletia a visão de alguns setores das elites brasileiras, influenciada por teorias racistas que eram divulgadas na Europa. De acordo com essa visão, os “brancos” eram superiores e, por isso, a civilização europeia atingira um grande progresso. Consequentemente, com a vinda de imigrantes europeus para o Brasil, haveria um “branqueamento” do país, que consequentemente iria com isso se desenvolver.

Em geral, as primeiras tentativas de colonização fracassaram: as terras cedidas aos colonos eram pobres e distantes dos mercados consumidores. Com exceção de alguns núcleos de colonização no sul do Brasil, a maior parte das terras foram abandonadas pelos colonos.

As colônias de parceria:Em São Paulo, o pioneiro na experiência com o trabalho imigrante foi o

senador Vergueiro, um rico fazendeiro de café do oeste paulista. Em 1846, cerca de 364 famílias suíças e alemãs foram levadas para trabalhar nas lavouras de café da fazenda Ibicaba, na cidade de Limeira, de propriedade do senador. Ele

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chegou a constituir uma empresa, a Vergueiro e Cia., que fornecia colonos imigrantes para as fazendas da região.

Os imigrantes eram contratados pelo sistema de parceria. Tinham a viagem paga pelo fazendeiro, que também assumia as despesas de manutenção da família até a primeira colheita do café. Cada família ficava responsável por determinados pés de café. Após a venda do café, o colono entregava ao proprietário metade da produção de seus pés de café mais 6% de juros sobre as dívidas contraídas desde a viagem.

O sistema de parcerias não tardou a encontrar problemas. Os colonos tinham uma lista de reclamações: os fazendeiros reservavam para si as melhores terras, que eram cultivadas por escravos. Os imigrantes ficavam com os cafeeiros mais improdutivos. Além disso, estavam sempre endividados, pois eram obrigados a comprar mantimentos no armazém da fazenda, onde eram mais caros. Os proprietários, por sua vez, acusavam os colonos de serem indolentes e de abandonarem os cafezais.

Descontentes, os colonos chegaram a promover revoltas em algumas fazendas. Na Europa, as notícias de maus-tratos sofridos pelos colonos levaram ao governo alemão a proibir a vinda de imigrantes para o Brasil.

A imigração subvencionada:Na década de 1870, a falta de mão-de-obra voltou a incomodar. A

aprovação da Lei do Ventre Livre, em 1871, que libertava os filhos de escravos nascidos no Brasil a partir desta data, e o fortalecimento do movimento abolicionista indicavam que a escravidão estava com os dias contados.

A solução foi retomar ao programa de imigração, destinado principalmente à Província de São Paulo, onde a economia cafeeira era a que mais crescia. Com o novo programa, os trabalhadores imigrantes recebiam salários e podiam cultivar alimentos nas próprias fazendas onde trabalhavam.

O governo, por sua vez, ficava encarregado de divulgar a imigração nos países da Europa e de pagar o transporte do imigrante e de sua família ao Brasil. O programa ficou conhecido como imigração subvencionada e perdurou até o período republicano com algumas mudanças.

A nova política imigratória inaugurou o período mais ativo da imigração europeia para o Brasil. A imigração não parou de crescer e atingiu em 1888, quando a escravidão foi abolida, a soma de 133 mil pessoas.

Os colonos no sul do Brasil:Embora a maior parte dos imigrantes se destinassem às lavouras paulistas

de café, muitos se dirigiram às cidades em crescimento e às áreas pouco povoadas.

No sul do Brasil, a fixação dos imigrantes ocorreu por meio da formação de núcleos coloniais em torno da pequena propriedade. Esses núcleos eram formados em terras devolutas (vagas) ou em áreas do governo ou de particulatres compradas especialmente para este fim.

Em Santa Catarina, os açorianos foram forte presença na formação de Florianópolis, a futura capital, seguidos pelos russos, ucranianos e poloneses. Alemães e italianos predominaram em Joinville, Blumenau, Chapecó, Itajaí e outros núcleos catarinenses.

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No Rio Grande do Sul, os açorianos inauguraram os primeiros núcleos urbanos próximos ao litoral e nas planícies de fácil acesso. Depois, grupos de origem alemã e austríaca ocuparam os vales dos rios e as regiões serranas gaúchas, também ocupadas pelos italianos. Hoje, ali se encontram as cidades de Caxias do Sul, Bento Gonçalves, Farroupilha e Garibaldi.

No Paraná, russos, poloneses, ucranianos, holandeses, alemães e italianos não estabeleceram limites definidos e homogêneos entre seus núcleos coloniais. Apesar de tentar preservar sua identidade cultural, os diversos grupos mantinham entre si vínculos constantes.

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XLINDEPENDÊNCIA DA AMÉRICA ESPANHOLA

As colônias da Espanha no Continente Americano viviam da mineração (implantada desde o início da colonização) e de uma economia agroexportadora com “plantation” e pecuária.

Sua sociedade era formada por:- Chapetones: espanhóis nascidos na Metrópole e que habitavam nas

colônias . Eram funcionários do governo espanhol na colônia e que possuíam o poder político.

- Criollos: descendentes de espanhóis nascidos nas colônias, possuíam o poder monetário e econômico, mas não tinham cargos políticos.

- Índios (nativos) e escravos africanos (ambos formavam a força de mão-de –obra).

A Espanha possuía uma imensa área colonial na América. Tal colônia era difícil de ser governada devido a sua extensão territorial. Para facilitar a administração, a Coroa de Espanha dividiu sua região colonial em vice-reinos e capitanias gerais, que eram governadas por chapetones chamados vice-reis.

Os criollos passaram a se interessar pela independência das colônias, pois assim, sem o domínio metropolitano, eles poderiam alcançar o poder político. Entre 1817 e 1824, foi o período de emancipação das colônias espanholas americanas. Elas contaram com o apoio da Inglaterra.

A crise do sistema colonialPara os reis absolutistas europeus, a função da colônia era enriquecer a

metrópole. Por isso, durante a colonização da América, os reis de Portugal e Espanha adotaram várias medidas mercantilistas. A principal delas era o monopólio: as colônias só podiam comerciar com a metrópole. Além disso, era o governo da metrópole que criava as leis e impostos para as colônias e nomeava os funcionários coloniais.

No século XVIII, com o crescimento das colônias e o enriquecimento das elites coloniais, esse sistema de dominação – hoje chamado de antigo sistema colonial – começou a ser criticado. Ele já não atendia aos interesses dos colonos, que desejavam comerciar livremente com vários países.

Além disso, a Revolução Industrial, as lutas pela independência na América do Norte e o Iluminismo também contribuíram para a crise do sistema colonial. Os industriais ingleses queriam aumentar a venda de seus produtos comerciando livremente com os países da América. Esse é o motivo por que a Inglaterra apoiou os movimentos de independência dos países americanos. Também as lutas de independência dos EUA serviram de modelo a ser seguido, e a propagação dos ideais iluministas serviram de incentivo às colônias americanas buscarem suas independências.

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A submissão dos povos americanosNa América espanhola, a partir do século XVIII, começaram surgir

movimentos contrários à exploração colonial. Os nativos americanos começaram a reagir principalmente contra às drásticas mudanças que a conquista e a colonização espanhola trouxeram: tributos, trabalhos forçados, destruição das comunidades em que viviam. Lutavam pelo fim da exploração e pela possibilidade de organizar sua vida conforme seus antepassados faziam.

A revolta de Túpac AmaruEntre os movimentos destacou-se a revolta de descendentes incas no

vice-reino do Peru, em 1780-81, liderada por Túpac Amaru II. Os indígenas e mestiços do Peru queriam o fim do trabalho forçado (mita e encomienda), dos impostos abusivos e da discriminação que sofriam por parte dos brancos. Em fins do século XVIII, o mestiço José Gabriel Condorcanqui liderou uma revolta contra essa situação. Descendente de uma antiga família inca, José Gabriel ficou conhecido como Túpac Amaru, nome do último imperador inca. Foi um movimento popular que teve a participação de mais de 50 mil pessoas, entre indígenas, mestiços e uns poucos criollos. O movimento se estendeu por várias regiões do Vice-Reino do Peru. Os rebeldes tiveram algumas vitórias significativas. O movimento foi reprimido e seu líder morto e esquartejado na cidade de Cuzco. Apesar da derrota, a rebelião é considerada como precursora dos movimentos de independência no Peru.

A organização política e econômica nas colônias hispano-americanasOs domínios espanhóis na América encontravam-se divididos em quatro

vice-reinados e quatro capitanias gerais:- Vice-Reinado da Nova Espanha (atual México e parte do território do

atual EUA);- Vice-Reinado de Nova Granada (atuais Equador, Colômbia e Panamá);- Vice-Reinado do Peru (atuais Peru, parte da Bolívia e o Acre

brasileiro);- Vice-Reinado do Rio da Prata (atuais Argentina, Paraguai, Uruguai e

parte da Bolívia.- Capitania Geral de Cuba (atuais Cuba, República Dominicana, Porto

Rico e ilhas adjacentes);- Capitania Geral do Chile (atual Chile e parte argentina da Terra do

Fogo e Ilhas Falklands);- Capitania Geral da Venezuela (atual Venezuela);- Capitania Geral da Guatemala (atual Guatemala).

Obs.: A divisão do Império Espanhol na América variou de tempos em tempos, alguns territórios que foram Capitanias Gerais, foram também parte de Vice-Reinados; outras regiões não estavam bem limitadas e por isso, há divergências entre historiadores quanto a divisão, e assim cada um apresenta uma divisão segundo sua interpretação.

A base da economia das colônias era a mineração, além da agricultura e pecuária em expansão (principalmente depois do esgotamento das minas).

Por volta de 1800, o crescimento econômico nas colônias era evidente. A maior parte da população colonial, entretanto, pouco usufruía desse desenvolvimento. Uma elite formada por espanhóis, os chapetones, e seus

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descendentes, os criollos, controlava o restante da população, em sua maioria mestiça, índia e escrava de origem africana.

A revolução chega à AméricaOs acontecimentos na Europa napoleônica mudaram os rumos do

Continente Americano. Na Espanha, ocupada por Napoleão, em 1808 um movimento popular organizou juntas de governo, com o objetivo de coordenar uma resistência ao invasor e exercer o poder na ausência do rei. As juntas de governo das colônias passaram a se autogovernar e realizaram o antigo sonho dos criollos de comerciar livremente com outros países.

Essa forma de organização se estendeu às colônias americanas. Com o tempo, as juntas de governo na América passaram a centralizar o descontentamento contra o governo metropolitano e seu domínio colonial.

Também na Europa, avançavam as ideias contrárias ao domínio colonial. Napoleão difundia as ideias liberais da Revolução Francesa, que eram contra aos privilégios comerciais das Metrópoles.

Ingleses também incentivaram ideais de liberdade política e fim do pacto colonial nas antigas colônias ibero-americanas, para que assim, as antigas colônias pudessem comprar produtos manufaturados da Inglaterra.

As lutas de independência na América mantiveram sempre esse duplo vínculo: de um lado, a influência teórica francesa do liberalismo e do iluminismo; de outro, a pressão dos interesses ingleses.

As guerras pela independênciaEntre 1810 e 1815, as Capitanias da Venezuela e do Chile e os Vice-

Reinos do Rio da Prata e da Nova Espanha foram marcados por várias revoltas e tentativas de independências.

Lideradas pelos criollos, as lutas resultaram do conflito entre as juntas de governo e a Coroa espanhola. O movimento tinha um caráter urbano e não possuía um exército organizado, já que grande parte das tropas era fiel à metrópole. Além disso, cada um dos setores sociais envolvidos interpretava a liberdade de maneira diferente.

Para criollos e chapetones, a independência representava duas coisas: liberdade política e fim do pacto colonial. Conquistando essa autonomia, as elites americanas poderiam escolher seus parceiros comerciais e atuar de maneira independente no mercado internacional. Para os indígenas e escravos africanos, e boa parte dos mestiços, liberdade não significava a independência em relação à metrópole, mas o fim dos tributos, da escravidão, e a promessa de melhores condições de trabalho e vida.

San Martín e Simón Bolívar, líderes da independênciaEm julho de 1816, as Províncias Unidas do Rio da Prata (atual

Argentina) declararam formalmente sua independência. Mas grande parte das áreas meridional e centro-ocidental da América do Sul, como Chile e Peru, encontrava-se sob o domínio espanhol, representando uma ameaça ao jovem país da bacia do Rio da Prata.

Nesse contexto, San Martín , governador da província de Mendoza, na atual Argentina, uniu-se às forças rebeldes que combatiam o governo espanhol

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no Chile. Após duas vitórias contra os espanhóis, tornou-se a região independente. Seguiu então para o Peru, onde novamente derrotou os espanhóis. Em 1821 entrava em Lima para declarar a independência.

Na região setentrional da América do Sul, a guerra pela independência era comandada pelo venezuelano Simón Bolívar. Seu objetivo era formar, após a independência, uma grande nação, a Grã-Colômbia, integrada por Venezuela, Colômbia e Equador. Em 1819, após combater os espanhóis, Bolívar proclamou na região a independência da Grã-Colômbia. Três anos depois, um de seus generais, Antônio de Sucre, libertou o Alto Peru. Nascia ali, a Bolívia.

Uma América unida?As lutas pela independência dividiram a América hispânica. O projeto de

unidade proposto por Simón Bolívar, lembrado até hoje, foi bastante combatido em sua época e não se realizou. Segundo muitos de seus contemporâneos, o principal interesse de Bolívar era submeter a Grã-Colômbia ao seu comando e ao domínio de Caracas.

Além disso, a intensa disputa interna que as guerras de independência provocaram inviabilizou a unidade. Regiões passaram a lutar umas contra as outras, e líderes locais tentavam ampliar seu domínio ou impedir o surgimento de governos fortes.

O próprio Bolívar, no fim da vida, chegou a escrever, em cartas, que lamentava a fragmentação política da América hispânica e que tinha pouca esperança de que algum dia a unidade ocorresse. Bolívar demonstrava não compreender como povos de língua, costumes e religião comuns não podiam formar um único Estado.

A independência do MéxicoO México foi o cenário do movimento mais popular e radical da luta

contra o domínio colonial na América, marcado por insurreições camponesas indígenas e mestiças. A revolta contra o domínio colonial na região do atual México começou em 1810. Liderados pelo padre Miguel de Hidalgo, indígenas, mestiços e trabalhadores pobres insurgiram-se sob o lema “Independência e Liberdade”.

Esse movimento tinha fortes preocupações sociais. À medida que a revolta avançava, os rebeldes tomavam as propriedades, ameaçando os privilégios dos chapetones e criollos. O medo de uma revolta social levou às elites a se unirem em torno da Coroa espanhola. Após intensa repressão, o padre Hidalgo foi capturado e fuzilado.

A repressão, porém, não impediu que novas lutas surgissem. Um ano depois, no sul da região mexicana, surgiu um movimento similar, liderado pelo sacerdote José Maria de Moleros. A revolta foi reprimida e Moleros morto, em 1815.

No pouco tempo em que lideraram as revoltas, Hidalgo e Moleros combinavam a busca pela independência com a tentativa de atenuar os desníveis sociais existentes na América. Hidalgo desejava abolir a escravidão e suprimir a cobrança de impostos aos indígenas. Moleros tinha como objetivo garantir que as comunidades indígenas recebessem pelas terras que arrendavam e que as dívidas dos mestiços com os europeus fossem abolidas.

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Entretanto, a liberdade estava nas mãos dos criollos. No início dos anos 1820, as lutas pela independência na região tomaram um novo rumo. Espanhóis e criollos temiam os levantes populares e a europeias e perda do poder. Por isso, no ano seguinte, as elites se anteciparam e declararam a independência do México, sob a liderança de Augustín de Itúrbide. Itúrbide proclamou-se imperador e governou até 1823, quando foi deposto, e o país tornou-se uma república.

À semelhança do que aconteceu no resto da América hispânica, a independência do México tornou-se um movimento controlado pelos criollos e perdeu o caráter popular que teve no início. Os movimentos de conquista da liberdade das colônias passaram a ser conduzidos de forma que atendessem às elites dominantes. O principal deles era preservar as divisões sociais e manter as elites no poder.

A independência da América CentralEm 1821, as colônias espanholas da América Central foram anexadas por

Itúrbide ao então, Império do México. Dois anos depois, influenciados pelos movimentos de independência que se propagavam pela América, as colônias centro-americanas romperam com o governo mexicano e formaram as Províncias Unidas da América Central (atuais Guatemala, Honduras, El Salvador, Nicarágua e Costa Rica).

As lutas na região foram poucas. Os grandes proprietários de terras temiam uma revolta popular dos índios e escravos africanos. Por isso, retardaram ao máximo o confronto com a Espanha e limitaram-se a aproveitar o movimento geral de independências na América para se separarem da metrópole.

Como em várias outras regiões da América, a união não durou muito. Em 1838, as Províncias Unidas fragmentaram-se em diversos países.

O fim do Império Espanhol na AméricaNo final do século XIX, Porto Rico e Cuba eram os últimos domínios

espanhóis na América.A primeira guerra de independência em Cuba iniciou-se em 1868, durou

dez anos, mas não teve sucesso. A luta ganhou novo fôlego no fim do século XIX, sob a liderança de José Martí.

Martí, que morreu em 1895, logo no início da segunda guerra de independência, era líder dos chamados autonomistas, corrente que defendia a plena liberdade e autonomia de Cuba após a independência. Havia também, os anexionistas, que pretendiam que Cuba se separasse da Espanha e se unisse aos EUA, país com que mantinha fortes vínculos comerciais.

Quando a luta pela independência estava perto da vitória, os EUA entraram no conflito e declararam guerra aos espanhóis. A Espanha, vencida pelos norte-americanos, aceitou a independência de Cuba em 1898 e cedeu Porto Rico aos EUA, além de outras áreas do Oceano Pacífico, como as Filipinas.

Os norte-americanos mantiveram a ocupação militar em Cuba até 1902, quando o Senado americano aprovou uma emenda constitucional, que dava ao país o direito de intervir em Cuba sempre que os interesses dos EUA estivessem

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em perigo. A vontade dos anexionistas de associar Cuba aos EUA prevaleceu, embora a independência cubana tenha ocorrido oficialmente. Terminaram assim, séculos de colonização espanhola, para iniciar outra época de dominação, a exercida pelos EUA.

A vitória dos escravos no HaitiNa Ilha de São Domingos, na região do Caribe, ou Antilhas, os escravos

africanos se rebelaram em 1791 contra o domínio colonial francês, liderados por Toussaint-Loverture, que recebeu o apoio do governo jacobino da França.

Com a subida de Napoleão ao poder, Toussaint-Lovertoure foi detido e levado à uma prisão na França, onde morreu. Mesmo assim, as lutas continuaram, comandadas por Jean Dessalines, outro líder popular. Usando o lema “Liberdade ou morte”, o exército de Dessalines venceu os franceses e proclamou em 1° de janeiro de 1804 a independência. São Domingos adotou o nome de Haiti (nome indígena que significa Terra Montanhosa), sendo o segundo país do continente americano a se tornar independente. Nações europeias só reconheceram a independência do Haiti vinte anos depois. A revolta de escravos provocou o fim da escravidão no Haiti e espalhou entre as elites do continente o pavor de uma revolta semelhante em seus territórios.

Consequências da Independência da América Espanhola- Pan-americanismo: união dos países americanos independentes

(proposta de Simón Bolívar).- Fragmentação dos territórios hispânicos em vários países devido

principalmente às suas independências terem sido em épocas diferentes, e por ter sido feita por elites de criollos latifundiários que tinham pretensões mais locais. Eles passaram a se chamar caudilhos, chefes locais que ficavam no poder e se revezavam de tempos em tempos (isso se denominou caudilhismo).

- Os países novos passaram a sofrer influência da Inglaterra e dos EUA. A Inglaterra apoiou e ajudou nas independências das antigas colônias pois desejava ampliar seu comércio com esses países, comprando matérias-primas e vendendo produtos industrializados. Os EUA apoiou o processo de independência latino-americana pois desejavam estender sua influência política e econômica sobre toda a América (prova disso é a doutrina Monroe, lançada pelo presidente James Monroe, em 1823).

PRÉ-VEST. APOSTILA DE HISTÓRIA PROF. FABIANO DE JESUS

XLI

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BRASIL DA PRIMEIRA REPÚBLICA (1889-1930)

Militares e oligarquias no poderA Primeira República divide-se em dois períodos: A República da Espada

(1889-1894) e a República Oligárquica (1894-1930). O período inicial da República foi dominado politicamente pelos militares, que

deram o golpe que derrubou a Monarquia. O período inicial foi conturbado, e a consolidação do regime era a principal preocupação dos líderes governamentais.

Em 1891, elaborou-se a primeira Constituição republicana do Brasil, nela se assegurou: a forma republicana, o sistema presidencialista representativo, o federalismo, e três poderes: o executivo, o legislativo e o judiciário.

O país vivia uma acentuada crise econômica, a época do encilhamento.O primeiro presidente eleito pela Assembleia que fez a Constituinte foi o

marechal Deodoro da Fonseca. Ele enfrentou oposição da oligarquia cafeicultora que queria colocar a República a serviço de seus interesses.

A deposição de Deodoro e a subida ao poder de Floriano Peixoto deram aos cafeicultores a garantia de que haviam vencido a batalha pelo poder político. As vitórias de Floriano sobre os opositores do regime, consolidaram a República no Brasil.

Durante o período imperial, o governo central impunha seu poder às províncias, nomeando quem iria governá-las. Com o estabelecimento da República a situação mudou. As famílias mais poderosas de cada estado, as oligarquias estaduais, assaram a ter enorme poder político.

Entre 1894 e 1830, as oligarquias detiveram a hegemonia sobre o poder político no Brasil. Até 1919, se consolidaram e depois começaram a decair.

A dominação oligárquica fundamentava-se em 3 elementos: o coronelismo, a política dos governadores e a política do café-com-leite.

O coronelismoA Constituição republicana de 1891 aboliu o voto censitário (voto baseado na

renda), e ampliou o número de eleitores. Isso significou uma ameaça aos interesses políticos das famílias poderosas de cada estado. Para se conservar no poder, as oligarquias passaram a forçar os eleitores a votar nos candidatos por elas indicados. Como esses políticos geralmente eram grandes fazendeiros e coronéis da Guarda Nacional, passaram a ser conhecidos como “coronéis”.

O coronel conseguia o voto do eleitor de duas formas: a) por violência: caso o eleitor não votasse no candidato indicado, poderia perder

o emprego, ser surrado, ter a família ameaçada ou ser até morto.b) pela troca de favores: o coronel oferecia aos seus clientes ou dependentes

“favores”, como alimentos, remédios, segurança, vagas em hospitais ou escolas, dinheiro emprestado ou dado, emprego etc.

Quando apesar de tudo isso, o candidato das oligarquias perdia as eleições, recorria-se às fraudes eleitorais: falsificação dos resultados, roubo ou adulteração de urnas, inclusão de votos “fantasmas” etc.

Os coronéis mais poderosos de cada região faziam alianças entre si e elegiam o presidente de estado (cargo equivalente ao atual governador do estado). Este, por sua vez, retribuía o “favor” enviando verbas para as cidades controladas pelos coronéis que o “elegeram”. Todas estas ações e a política de compromisso entre os chefes locais e os governadores estaduais são conhecidas como coronelismo.

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A política dos governadoresO coronelismo também interferia no âmbito federal, pois, com o apoio dos

coronéis, os presidentes dos estados ajudavam a eleger deputados e senadores favoráveis ao presidente da Republica. O presidente retribuía ao “favor” oferecendo verbas, empregos e apoio político aos presidentes de estados. O compromisso estabelecido entre essas partes é conhecido como política dos governadores.

A política do café com leiteSão Paulo (produtor de café) e Minas Gerais (produtor de leite) eram os estados

mais ricos e populosos no Brasil da República Velha. A oligarquia paulista estava reunida no Partido Republicano Paulista (PRP), e a mineira, no Partido Republicano Mineiro (PRM). Cientes disso, esses dois partidos se aliaram para fazer prevalecer seus interesses. Por diversas vezes o PRP e o PRM escolheram um único candidato à eleição para presidente: ora o candidato era indicado por São Paulo e apoiado por Minas, ora se dava o contrário. Por isso, a maioria dos presidentes da República Velha representou os interesses das oligarquias paulista e mineira. Essa alternância entre São Paulo e Minas Gerais na presidência da República é chamada de política do café com leite.

Alguns governantes da República Oligárquica (1894-1930)- Governo de Prudente de Morais (1894-): O primeiro presidente civil da República foi o paulista Prudente de Morais. Durante seu governo houve uma política de pacificação, resolvendo questões diplomáticas e derrotando o movimento de Canudos na Bahia. Presidente paulista que favoreceu a oligarquia cafeicultora de seu estado natal.- Governo de Campos Salles (1898-1902): Apoiou extremamente as oligarquias

e inaugurou a “política do café-com-leite”, dando apoio às oligarquias de Minas e São Paulo. Atrelada à “política do café-com-leite” havia a “política dos governadores”:onde os governadores apoiavam as oligarquias “café-com-leite” fazendo “vista-grossa” nas fraudes eleitorais em troca de apoio político e econômico (verbas) do futuro governo federal. Campos Salles deu início a uma política de saneamento financeiro da economia que causou recessão, provocando descontentamento da população.

- Governo Rodrigues Alves (1902-1906): Rodrigues Alves enfrentou crises de super produção que atingiram a economia cafeeira. O governo em apoio aos cafeicultores, implantou a política de valorização do café, garantindo os lucros dos fazendeiros, mas prejudicando a população. Promoveu ainda o saneamento e remodelação da cidade do Rio de janeiro, auxiliado pelo médico Osvaldo Cruz. No plano externo, com a ajuda do barão do Rio Branco, anexou-se o território do Acre, antes pertencente à Bolívia.

Foi o período do Convênio de Taubaté, que trouxe apoio total aos cafeicultores, e o início de uma forte valorização do café. O governo se comprometeu a comprar o excedente da produção para que o preço não caísse. Mas mesmo assim houve uma crise de superprodução do produto.

Neste período houve a Revolta da Vacina (1904). Devido a uma campanha de vacinação contra a varíola promovida pelo governo (a primeira do Brasil), a população da cidade do Rio de Janeiro (local onde a doença se

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proliferou) se rebelou. A não aceitação à vacinação transformou-se numa guerra armada.

- Governo Afonso Pena (1906-1909): continuação da política de valorização do café.

- Governo Nilo Peçanha (1909-1910): Nesse período ocorreu a Revolta da Chibata (1910), quando marinheiros

reivindicavam o fim dos castigos corporais impostos a eles nos navios da Marinha. O principal castigo eram as chibatadas (daí o nome da revolta). Houve um verdadeiro motim da Armada na Baía da Guanabara. Canhões dispararam e ficaram apontados para a cidade. O líder mais famoso desta rebelião foi João Cândido, apelidado de “o almirante negro”.

Nesse governo também foi criado a política de proteção ao índio presidida pelo Marechal Rondon. Foram também criados os Ministérios da Agricultura, Indústria e Comércio.

- Governo Hermes da Fonseca (1910-1914): Foi a exceção militar num governo oligárquico.

- Governo Venceslau Brás (1914-1918)- Governo Delfim Moreira (1918- 1919)- Governo Epitácio Pessoa ( 1919-1922)

- Governo Arthur Bernardes (1922-1926):Nesse período ocorreu a Coluna Prestes, movimento que começou no Rio

Grande do Sul com Luís Carlos Prestes, e estendeu-se pelo interior do Brasil. A Coluna era contrária aos governos oligárquicos. Sofreu dura perseguição por parte do governo e desfez-se na Bolívia, local onde alguns de seus integrantes se exilaram.

- Governo Washington Luís (1926-1930):Nesse período ocorreu a cisão das oligarquias, pois Washington Luís

indicou um outro paulista para a presidência, dividindo com isso as oligarquias “café-com-leite”.

Os mineiros se unem com Rio Grande do Sul e Paraíba em oposição à São Paulo.

Dá-se a Crise de 29.A oposição monta um partido (Aliança Liberal) e lança um candidato à

presidência: Getúlio Vargas. Mas o candidato do presidente vence devido ao “voto de cabresto”. Isso desencadeia um movimento armado de oposição em 1930 (que a historiografia chamou de Revolução de 1930), que retira Washington Luís do poder e coloca Getúlio Vargas.

Economia ainda cafeeiraNa República Velha, o café continuou liderando as exportações

brasileiras. Com forte exportação para os EUA e a Europa, os cafeicultores brasileiros

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continuavam a investir mais e mais em suas plantações. Assim, em pouco tempo ocorreu uma super-produção, sacas e mais sacas de café se estocaram nos armazéns e o preço do produto despencou. De 1893 a 1899, em apenas seis anos o preço do café no exterior caiu cerca de três vezes.

O Convênio de TaubatéPreocupados com a queda de seus lucros, os cafeicultores pediram ajuda

ao governo. Os governadores dos estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro (os três maiores produtores) responderam ao pedido assinando um acordo chamado Convênio de Taubaté, onde os governos destes estados se comprometiam a comprar as sacas de café excedentes por meio de empréstimos internacionais.

A compra do café excedente regulava a oferta e valorizava os preços no exterior. Isso atendia aos interesses dos cafeicultores, mas transferia os prejuízos para o governo, que os cobria com dinheiro dos impostos pagos pelos contribuintes. Assim o café continuou sendo o principal produto da economia brasileira. Mesmo assim, alguns cafeicultores diversificaram seus negócios investindo em outras coisas e outros produtos como a borracha e o cacau.

A borracha amazônica e o cacau baianoNa segunda metade do século XIX começava a surgir na Europa as

indústrias de carros, bicicletas e pneus. A borracha, importante matéria-prima destas indústrias, passou a ser cobiçada no mercado internacional. A Amazônia, habitat da seringueira, ganhou importância.

No Brasil, a economia gomífera ganhou força entre 1898 e 1910, quando a borracha correspondeu a 25,7% das exportações, atrás apenas do café. A borracha enriqueceu as elites do Pará e do Amazonas, além dos empresários europeus e americanos, que obtinham a borracha a preços relativamente baixos e vendiam aqui produtos industrializados.

Inúmeros nordestinos migraram para a Amazônia fugindo da seca e buscando emprego como seringueiros. Eles trabalhavam muito, viviam em cabanas rústicas a beira dos rios e ganhavam muito pouco. Seus empregadores, os seringalistas se enriqueciam explorando seu trabalho.

O ciclo da borracha amazônica durou pouco. Ingleses e holandeses levaram mudas de seringueiras para suas colônias na Ásia e desbancaram a produção brasileira.

Durante o ciclo da borracha, o cacau plantado na Bahia tornou-se um importante produto nacional, usado principalmente na fabricação de chocolate. Vários coronéis baianos fizeram fortuna e se mantiveram no poder devido aos lucros com o cacau.

Indústria na República VelhaDurante a República Velha esboçou-se um crescimento de indústrias no

Brasil. Em 1889, o país possuía cerca de 636 indústrias, e cerca de 54 mil operários. Mas, entre 1907 e 1920, o números de empresas cresceu cerca de quatro vezes e número de operários quase dobrou. Muito desse investimento veio de capitais nacionais, acumulados com a venda do café.

A região sudeste assumiu a liderança no processo de industrialização. São Paulo era então o estado mais industrializado. As maiores fábricas paulistas foram

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montadas por cafeicultores e imigrantes. Os principais ramos industriais da época eram, em importância, o têxtil, o de alimentação e o de vestuário.

Os norte-americanos também instalaram fábricas no Brasil, principalmente após a 1ª Guerra, quando a influência americana se fez sentir mais forte. Os investidores estrangeiros se atraíam pelo Brasil devido à mão-de-obra barata, a ausência de leis trabalhistas e a existência de um mercado em expansão.

A industrialização foi acompanhada pelo processo de urbanização e aumento populacional urbano. São Paulo cresceu muito devido ao afluxo de grande quantidade de imigrantes de outras regiões do Brasil e do exterior. Entre 1890 e 1930 cerca de 3,2 milhões de estrangeiros vieram ao Brasil em busca de emprego. São Paulo recebeu cerca de 57,7% deste contingente pois oferecia atrativos como pagamento de passagens, alojamento e oportunidades de empregos.

Movimentos de resistência à República Oligárquica

Guerra de CanudosEm 1870, um líder religioso chamado Antônio Vicente Mendes Marciel,

chamado o Conselheiro começou a fazer pregações religiosas pelo sertão nordestino e promovendo mutirões para ajudar pequenos agricultores, reformar igrejas e erguer muros em cemitérios. Logo ele começou a ser seguido por inúmeros sertanejos.

Em 1893, Conselheiro e seus seguidores estabeleceram-se no sertão baiano, às margens do rio Vaza-Barris, nas terras de uma antiga fazenda chamada Canudos. Ali construíram um povoado, inicialmente chamado Belo Monte e depois Canudos.

O crescimento do povoado incomodou as elites da região, que ficaram temerosas que outros camponeses e sem terras se juntassem ao Conselheiro. Começou a ser alardeado que o arraial de Canudos era um reduto de monarquistas e religiosos fanáticos e perigosos.

Devido a algumas rusgas entre os habitantes de Canudos e comerciantes de uma cidade próxima, as tropas do governo da Bahia foram acionadas num conflito inicial com os habitantes de Canudos, que eram muitos, tinham armas e mantinham uma comunidade fora do controle do governo republicano e das oligarquias. Como houve reação às troas estaduais e suspeitava-se que fossem simpatizantes da monarquia, o governo federal enviou tropas para destruir o arraial.

Os sertanejos de Canudos derrotaram as três primeiras expedições do governo por meio de táticas de emboscadas. O governo republicano decidiu destruir completamente Canudos. Em outubro de 1897, um exército de cerca de 7 mil soldados destruiu Canudos e massacrou a população.

Guerra do ContestadoEntre Santa Catarina e Paraná, em uma área contestada (disputada) por estes dois

estados, ocorreu um movimento de sertanejos pobres e religiosos. Nessa região havia uma forte tensão social, pois fazendeiros expandiam suas

propriedades tomando terras indígenas e de posseiros à força. A tensão aumentou mais quando o governo brasileiro contratou a empresa americana Brazil Railway Company, para construir o trecho da Estrada de Ferro São Paulo-Rio Grande do Sul. Como parte do pagamento, foi cedido à empresa 15 Km de cada lado da ferrovia. Em 1911, essa empresa criou uma outra, a Lumber, que se comprometeu a colonizar a região com famílias vindas da Europa. Mas o interesse da Lumber não estava na colonização do

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lugar, e sim, na exploração da madeira da rica floresta nativa da região. Assim, os dirigentes da Lumber pagaram capangas para expulsar os sertanejos daquela área.

Sem terras, os sertanejos do Contestado passaram a seguir o monge José Maria, e, com ele, ergueram povoados na área de Santa Catarina pretendida pelo Paraná. Os fazendeiros e a imprensa do Paraná passaram a divulgar que os sertanejos do Contestado eram monarquistas fanáticos inimigos da República. Para combatê-los, o governo do Paraná enviou forças militares ao Contestado. Durante o conflito, o monge José Maria morreu. Inconformados, os sertanejos começaram a propagar que José Maria retornaria à Terra para implantar a “lei da coroa do céu”. O movimento cresceu, assim como o número de seus povoados, chamados de “vilas santas”.

Durante um dos confrontos com as forças militares locais, os sertanejos incendiaram a sede da empresa americana que os havia expulsado de suas terras. Diante disso, o governo do presidente Hermes da Fonseca lançou contra os sertanejos do Contestado cerca de 6 mil soldados, armados de canhões e metralhadoras, e apoiados por aviões. Em nome da República e do progresso, as “vilas santas” foram arrasadas, e os camponeses chacinados. Com o fim do Contestado, em 1916, os governos do Paraná e Santa Catarina chegaram a um acordo quanto aos limites de suas fronteiras.

Posseiro: Pequeno proprietário que ocupou uma terra inexplorada e a cultivou durante anos, obtendo o direito de posse sobre ela.

O cangaçoO contexto de opressão e abandono que favoreceu o surgimento de líderes

religiosos, como Antônio Conselheiro e o monge José Maria, também facilitou o aparecimento do cangaço, forma peculiar de banditismo que se desenvolveu no interior do Nordeste, principalmente nas áreas de caatinga do chamado Polígono das Secas.

Desde o século XVIII, bandos armados a serviço dos grandes fazendeiros adentravam o sertão para tomar terras dos índios e instalar fazendas de gado. Esses bandos serviam a quem lhes pagava, por isso, se diz que praticavam o cangaço dependente.

Entre 1900 e 1940, surgiram no sertão nordestino bandos de cangaceiros que viviam de assaltos e em luta constante com as autoridades policiais. Tais bandos agiam por conta própria; por isso se diz que praticavam o cangaço independente. Os membros desses bandos são chamados de cangaceiros, e eram homens violentos muitas vezes movidos pela vingança pessoal e pela fama alcançada por suas façanhas. Os mais famosos cangaceiros foram Antônio Silvino, Virgulino Ferreira da Silva (Lampião/ 1900-1938) e Corisco.

Lampião e seu bando cobravam dos fazendeiros e comerciantes uma espécie de “imposto” e prestavam “serviços” de vinganças. Eles espancavam, torturavam, saqueavam e degolavam tanto pobres quanto ricos. Em 1938, delatado por um comerciante, Lampião e parte de seu bando foram mortos e decapitados. Dois anos depois, Corisco, que sucedera Lampião na chefia do bando, também foi morto, fato que determinou o fim do cangaço.

Revolta da Vacina (1904)Nas cidades do Brasil da época da República Velha, as camadas populares

resistiam ao autoritarismo e ao descaso das autoridades. Em 1902, o presidente

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Rodrigues Alves confiou a Pereira Passos, prefeito da cidade do Rio de Janeiro, seu plano de modelar e higienizar a cidade. O prefeito começou pela construção da Avenida Central (atual Rio Branco) e, para isso, autorizou a demolição de vários casarões coloniais e casebres do centro da cidade, habitados pela população mais pobre. Aos gritos de “bota abaixo!”, os funcionários da prefeitura derrubaram quarteirões inteiros. Em nome da “civilização”, do progresso e da ordem, as autoridades cariocas demoliram cerca de seiscentas habitações coletivas e setecentas casas, privando de teto pelo menos cerca de catorze mil pessoas.

Expulsos da região central, os antigos moradores do centro foram viver nas periferias da cidade ou subiram os morros, onde construíram barracos. Logo essas povoações nos morros cresceram bastante. No início do século XX, havia um famoso morro chamado Morro da Favela, que era um dos mais povoados. Seu nome se generalizou, e todo morro habitado de forma irregular e com pouca ou sem nenhuma estrutura urbana e de saneamento passou a ser chamado de favela. Os moradores das favelas originais viviam sem privacidade, sem conforto, sem água corrente, sem assistência do Estado etc. Boa parte deles era afrodescendente.

Ao mesmo tempo que ocorria a reforma urbana, o médico sanitarista dr. Oswaldo Cruz foi indicado pelo governo para combater a febre amarela, a varíola e a peste bubônica, doenças que vinham matando milhares de pessoas na cidade do Rio.

Em 1904, um projeto de lei que defendia a obrigatoriedade da vacina contra a varíola dividiu e agitou a sociedade carioca. Aqueles que eram a favor da obrigatoriedade da vacina argumentavam que a varíola matava milhares todos os anos no Rio; e que a vacinação obrigatória havia sido um sucesso na Europa. Aqueles que eram contra a obrigatoriedade da vacina afirmavam que cada pessoa deveria ter o direito de escolher se queria ou não ser vacinada; e que os soros e funcionários da Saúde não eram confiáveis; e ainda que se usaria força policial para vacinar as pessoas.

Convencido pelo dr. Oswaldo Cruz, o Congresso aprovou, em 1904, a Lei da Vacina Obrigatória, que autorizava os funcionários da Saúde a vacinar contra varíola todos os brasileiros com mais de seis meses de idade. Os desobedientes eram punidos com multas e demissões.

A obrigatoriedade da vacina, as demolições no centro da cidade e o custo de vida elevado levaram a uma explosão popular, em 1904, conhecida como Revolta da Vacina.

Em novembro de 1904, ocorreram intensos conflitos de rua. Armados de paus, pedras, pedaços de ferro, facas etc, os populares enfrentaram a polícia em vários pontos do Rio. Bondes foram incendiados, trilhos arrancados, lojas foram depredadas e o Palácio do Catete, sede do governo, foi cercado para protestar contra a obrigatoriedade da vacinação e a violência com que ela era feita. O governo reagiu, ordenando que navios de guerra bombardeassem os bairros situados na orla litorânea, e ao mesmo tempo, suspendeu a obrigatoriedade da vacinação contra a varíola. A revolta foi desarticulada e seus líderes lançados aos porões de um navio e enviados para o Acre, região incorporada ao Brasil em 1903.

Revolta da Chibata (1910)Em 1910, os navios da Marinha do Brasil estavam entre os mais modernos da

época, mas o Código Disciplinar da Marinha era o mesmo dos tempos da escravidão: faltas leves eram punidas com prisão na solitária por três dias; faltas leves repetidas, com prisão de seis dias; faltas graves, com dezenas de chibatadas.

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Em novembro de 1910, um dia após a posse do presidente Hermes da Fonseca, o marinheiro Marcelino Rodrigues Menezes recebeu mais de 100 chibatadas no interior de um navio, aos olhos de toda a tripulação. Apesar de ter desmaiado durante o castigo, continuou a ser chicoteado. Era o que faltava para a explosão da revolta. Com manobras rápidas, os marinheiros dominaram os oficiais e assumiram o comando dos principais navios de guerra ancorados no Rio de Janeiro. Entre os líderes, estava João Cândido, apelidado por um dos jornalistas que cobriam o acontecimento, de “almirante negro”. Apontando canhões para a cidade, os marinheiros exigiam o fim do castigo da chibata, o aumento dos soldos e a anistia.

Entre os marinheiros havia um grande número de afrodescendentes; por isso, alguns historiadores afirmam que a existência da chibata no Código Disciplinar da Marinha era uma manifestação de preconceito racial. Os oficiais da Marinha pertenciam em sua maior parte, a famílias brancas e ricas, que haviam há pouco tempo tido a seus serviços negros ou mestiços, na condição de escravo ou liberto.

Sem forças para enfrentar a rebelião, o governo concordou em proibir os castigos corporais e anistiar os rebeldes. Os marinheiros cumpriram sua parte no acordo e entregaram os navios. O governo, porém, quebrou o acordo e partiu para a vingança: baixou um decreto que permitia expulsar da Marinha os elementos “indesejáveis” e mandou prender os líderes. Dezesseis deles morreram no presídio da Ilha das Cobras e nove foram fuzilados na viagem que conduzia à Amazônia dezenas de marinheiros condenados aos trabalhos forçados nos seringais da região. João Cândido, considerado como um dos maiores líderes da revolta, foi internado como louco, depois solto e expulso da Marinha sem patente nem aposentadoria. Para sobreviver, Cândido vendeu peixes que ele mesmo pescava numa praia do Rio. João Cândido morreu em 1969. Graças à sua luta e a de seus companheiros, aboliram-se os castigos corporais na Marinha.

O movimento operárioNo início do século XX, o ambiente das fábricas era insalubre, mal-iluminado e

sem ventilação; os operários trabalhavam de 14 a 16 horas diárias recebendo salários que não acompanhavam o aumento do custo de vida; não tinham direito a férias, nem aposentadoria. Em 1920, na cidade de São Paulo, pouco mais da metade dos operários eram estrangeiros, enquanto no Rio eram cerca de 35%. Destes estrangeiros, a maior parte era formada por italianos, portugueses e espanhóis. Apesar das frequentes rivalidades entre brasileiros e estrangeiros, a República Velha assistiu à formação de um movimento operário combativo e atuante.

As doutrinas de maior penetração no movimento operário eram o socialismo e o anarquismo. Os socialistas fundaram partidos políticos, como o Partido Operário, criado no Rio de Janeiro em 1890. Lutavam por reformas, como a jornada de trabalho de 8 horas, e desejavam conquistá-las por meio de via democrática. Já o anarquismo era predominante me São Paulo. Contrários à existência do Estado, os anarquistas se negavam a participar das eleições; defendiam a conquista do poder pelos operários por meio da greve geral revolucionária.

Em 1906, os operários realizaram no Rio de Janeiro, o Primeiro Congresso Operário Brasileiro, reunindo trabalhadores de várias partes do Brasil. Esse Congresso decidiu que o dia 1° de maio de 1907 marcaria o início de uma grande campanha pela jornada de 8 horas de trabalho.

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Os operários fizeram várias greves naquele ano, a maioria em São Paulo. O governo, representado pelo político Afonso Pena, reagiu, reprimindo e prendendo trabalhadores. Só duas categorias conseguiram a jornada de 8 horas: gráficos e pedreiros. Em 1907, como resposta ao movimento grevista, o governo aprovou a Lei Adolfo Gordo, que permitia expulsar do Brasil os imigrantes que participassem de greves. Apesar das repressões, as lutas operárias continuaram.

Em 1917, os operários de São Paulo realizaram a maior greve da República Velha. O movimento de paralisação começou em algumas fábricas dos bairros da Mooca e Ipiranga (bairros da capital paulista) e logo se espalhou por outras regiões. Em uma das manifestações, a polícia abriu fogo sobre trabalhadores. O operário anarquista Francisco Martinez morreu, e seu enterro foi o estopim para uma greve geral de trabalhadores em São Paulo. Os grevistas exigiam:

- Jornada de oito horas e aumento salarial;- Abolição do trabalho noturno para mulheres e menores de 18 anos;- Pagamento pontual;- Diminuição dos aluguéis e congelamento dos preços de alimentos.Este movimento grevista se estendeu para os estados do Rio de Janeiro, Paraíba,

Minas Gerais e Rio Grande do Sul.Em São Paulo, patrões concordaram com um aumento salarial de 20%,

prometeram não dispensar os grevistas, respeitar o direito de reunião, liberar grevistas presos e tentar, em conjunto com o governo, melhorar as condições de vida dos trabalhadores. Terminada a greve, os empresários passaram a perseguir e a demitir os principais líderes.

As lutas do operariado continuaram, e, em 1922, houve a fundação do PCB (Partido Comunista do Brasil).Os comunistas tinham uma organização centralizada e nacional, que defendia um governo do proletariado e a coletivização de terras e fábricas.

Poucos meses após sua fundação, o PCB foi colocado na ilegalidade pelo governo de Epitácio Pessoa (1919-1922). Continuou atuando de forma clandestina nos sindicatos e imprensa operária.

Para as autoridades da República Velha, o movimento operário era “caso de polícia”, e deveria ser fortemente reprimido. No entanto, o presidente Arthur Bernardes (1922-1926), usou outra estratégia para enfraquecer o movimento operário: em 1925, transformou o 1° de maio em feriado. Pretendia-se que os trabalhadores deixassem de ver e usar essa data como dia de resistência e a transformassem em dia de folga.

PRÉ-VEST. APOSTILA DE HISTÓRIA PROF. FABIANO DE JESUS

XLII

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BRASIL: REVOLUÇÃO DE 1930Tenentismo e a Revolução de 1930

Os movimentos tenentistas iniciaram desde os anos 20, no início do século XX, com diversos levantes militares liderados por jovens oficiais, principalmente tenentes e capitães. Eles eram contra a ordem política oligárquica, defendiam que o exército é que deveria dirigir o país, para regenerá-lo e moralizar a política. Eles defendiam o voto secreto, o fim das fraudes eleitorais e outras reformas políticas e sociais. Seus levantes minaram a ordem oligárquica, atraindo para si a simpatia de outros grupos opositores ao governo. Os principais levantes tenentistas foram a Revolta do Forte de Copacabana, a Revolta Tenentista de 1924 e a Coluna Prestes. Todos esses movimentos foram duramente reprimidos pelo governo.

Em 1929 ocorreu a quebra da Bolsa de Nova Iorque, gerando uma forte crise internacional. Isso trouxe sérias dificuldades à economia brasileira. Aumentaram também os descontentamentos na população e nos opositores ao governo oligárquico. Em 1930, o descontentamento chegou ao máximo. Diversos setores sociais, indignados com os resultados das eleições para a sucessão de Washington Luís, revoltaram-se partindo do Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Paraíba, e deram o golpe final na política oligárquica. O candidato eleito, Júlio Prestes não tomou posse. Formou-se então um governo provisório sob a liderança de Getúlio Vargas.

A Revolta do Forte de Copacabana: o Primeiro 5 de julhoO estopim da primeira revolta tenentista foi a publicação na imprensa de cartas

falsas que ofendiam os militares, principalmente o marechal Hermes da Fonseca. O presidente da República, Epitácio Pessoa, considerou que o culpado pelas cartas era o próprio Hermes da Fonseca e mandou prendê-lo por agitação. Por isso, em 5 de julho de 1922, tenentes do Forte de Copacabana pegaram em armas contra o governo para “salvar a honra do Exército” e moralizar o país. O governo reagiu e obrigou os revoltosos renderem-se. Porém, dezessete militares e um civil não se entregaram e saíram pela Avenida Atlântica (Rio) dispostos a tudo. Só dois escaparam com vida: Eduardo Gomes e Siqueira Campos.

O Segundo 5 de julhoNo governo de Arthur Bernardes, em 1924, explodiu em São Paulo outro levante

tenentista, o Segundo 5 de julho. Esse, ao contrário do primeiro, tinha objetivos bem definidos. Os tenentes exigiam:

- Moralização da República por meio do voto secreto;- Real autonomia dos três poderes;- Obrigatoriedade do ensino profissional e primário;- Respeito às leis e à justiça.Comandados pelo general Isidoro Dias Lopes e pelo major Miguel Costa,

rebeldes tentaram em vão conquistar a cidade de São Paulo.Reprimidos por tropas governistas, mil rebeldes formaram a coluna paulista e

deixaram São Paulo em direção a Foz do Iguaçu, no Paraná. Mas, outras revoltas tenentistas explodiam em Mato Grosso, Sergipe, Amazonas, Pará e Rio Grande do Sul.

Depois de vários confrontos com as forças governistas, os rebeldes gaúchos, comandados pelo capitão Luís Carlos Prestes, também formaram uma coluna e marcharam até Foz do Iguaçu a fim de unir-se aos paulistas. Da junção da coluna paulista e da gaúcha nasceu a Coluna Prestes.

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A Coluna PrestesCom cerca de 1800 membros, a Coluna Prestes saiu pelo interior do Brasil

buscando o apoio do povo para sua luta contra o governo. Nos locais onde eram bem recebidos, os rebeldes queimavam os registros de cobrança de impostos dizendo que, assim, livravam o povo dos abusos do governo. Movimentando-se com rapidez, conseguindo munição e armamento do próprio inimigo e evitando as grandes cidades, a Coluna Prestes percorreu 25 mil quilômetros através de doze estados brasileiros. No início de 1927, 600 homens que ainda integravam a coluna decidiram retirar-se para a Bolívia.

As eleições e a Revolução de 1930Em 1930, de acordo com a política do café com leite, era a vez de Minas Gerais

escolher o presidente. Mas o presidente Washington Luís, que tinha sido indicado por São Paulo, decidiu indicar outro paulista para sucedê-lo, Júlio Prestes.

Os políticos de Minas Gerais reagiram, conseguindo aliados no Rio Grande do Sul e na Paraíba, formando a Aliança Liberal. Para disputar as eleições de 1930, a Aliança Liberal lançou o gaúcho Getúlio Vargas para presidente ao lado do paraibano João Pessoa para vice.

Durante a campanha presidencial, Vargas defendeu o voto secreto, o incentivo à indústria nacional e a aprovação das leis trabalhistas, ganhando assim, popularidade. Apesar disso, graças às eleições fraudulentas criadas pelas oligarquias, a vitória nas eleições de 1930 coube ao paulista Júlio Prestes.

Inconformada com a derrota nas urnas, a oposição conspirou contra o governo. E um fato acelerou os acontecimentos: João Pessoa foi assassinado por um rival político da Paraíba. Explorando o fato politicamente, em 3 de outubro de 1930, Vargas e seus companheiros partiram do Rio grande do Sul em direção ao Rio de Janeiro dispostos a derrubar o governo. Mas, antes que chegassem à capital, uma junta militar tomou o poder e, depois, o entregou a Vargas.

PRÉ-VEST. APOSTILA DE HISTÓRIA PROF. FABIANO DE JESUS

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XLIIIO BRASIL DA ERA VARGAS

A Era Vargas, iniciada com a revolução de 30, que retirou a oligarquia do poder, divide-se em 3 períodos: o governo provisório (1930-34), o governo constitucional (1934-37) e o Estado Novo (1937-45).

O governo provisório (30-34)Durante o governo provisório o presidente Vargas iniciou o processo de

centralização do poder, extinguindo os órgãos legislativos em todos os níveis (federal, estadual e municipal), nomeando interventores estaduais e suspendendo os direitos constitucionais.

A oposição às reformas centralizadoras de Vargas manifestaram-se de forma violenta em São Paulo, que em 1932, encabeçou um movimento armado – a Revolução Constitucionalista – exigindo a realização de eleições para uma Assembleia Constituinte. Apesar de o movimento ter sido derrotado, o presidente convocou eleições para a Constituinte que , em 1934, apresentou a Nova Carta.

As principais mudanças introduzidas pela Constituição de 1934 foram:- Voto secreto para dificultar a corrupção eleitoral;- Voto feminino;- Justiça eleitoral para zelar pelas eleições;- Ensino primário gratuito e de freqüência obrigatória;- Nacionalização progressiva das minas, jazidas e quedas-d’água;- Direitos trabalhistas reconhecidos, como a jornada de 8 horas, descanso

semanal remunerado, indenização por dispensa sem justa causa, proteção ao trabalho do menor e da mulher, férias anuais remuneradas, estabilidade às gestantes e outros.

O governo Constitucional (34-37)Em 34, Getúlio venceu as eleições indiretas, ou seja, foi votado pelos

representantes do povo no Congresso Nacional (Senado + Câmara dos Deputados).Durante o governo constitucional, o debate político girava em torno de

duas propostas principais: a fascista, defendida pela Ação Integralista Brasileira, e a Democrática, apresentada pela Aliança Nacional libertadora, que contava com adeptos de reformas radicais da sociedade brasileira.

A Ação Integralista Brasileira, liderada pelo escritor Plínio Salgado, seguiam os princípios do fascismo de Benito Mussolini, e defendia:

- Um governo autoritário dirigido por um chefe e um partido único;- Predomínio dos interesses da nação sobre os interesses do indivíduo;- Censura aos meios de comunicação.Assim como os fascistas, os integralistas faziam uso da violência contra

adversários políticos, especialmente os comunistas.Apelando para um nacionalismo exagerado e adotando o lema “Deus, pátria e

família”, a AIB conseguiu apoio das camadas médias, do Alto Clero, do empresariado e das Forças Armadas. A AIB chegou a possuir mais de 100 mil filiados e mais de mil núcleos espalhados pelo país. A saudação integralista era a palavra indígena Anauê,

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gritada com o braço direito erguido, imitando a saudação nazista. A letra do alfabeto grego sigma (), colocada no braço esquerdo, era símbolo dos membros da AIB, chamados de “camisas-verdes”.

Os aliancistas, era a oposição ao integralismo. Fundaram seu partido em 1935, a ANL (Aliança Nacional Libertadora), frente popular liderada por Luís Carlos Prestes. Os pontos principais da ANL eram:

- Não pagamento da dívida externa brasileira;- Nacionalização das empresas estrangeiras;- Reforma agrária;- Formação de um governo popular.Vargas porém mantinha uma prática de centralização do poder e, após a tentativa

frustrada de golpe por parte da oposição – a Intentona Comunista - , suspendeu novamente as liberdades constitucionais, estabelecendo um regime ditatorial em 1937.

A Intentona ComunistaOs comunistas tentam tirar Vargas do poder. Em consequência disso, ele

empreende uma perseguição aos comunistas. Em 5 de julho de 1935, o líder comunista Luís Carlos Prestes lançou um manifesto que impunha a derrubada do governo Vargas e a formação de um governo popular revolucionário. O governo Vargas reagiu ao manifesto fechando a ANL e seus núcleos pelo país.

Diante disso, sem esperar as ordens de Prestes, um grupo de sargentos, cabos e soldados comunistas de Natal, Rio Grande do Norte, deu início à Revolta Vermelha ou Intentona Comunista. Seguiram-se levantes no Recife e no Rio de Janeiro. Com rapidez, o governo Vargas sufocou os levantes e passou a prender e torturar os simpatizantes da ANL, comunistas ou não. As cadeias das principais cidades brasileiras encheram-se de presos políticos.

As eleições para presidente estavam marcadas para início de 38. Vargas não estava disposto a deixar o poder. Assim, anunciou pelo rádio que havia descoberto um plano comunista, o Plano Cohen, segundo o qual, eles pretendiam um golpe político através de um movimento de greves, incêndios em igrejas e o assassinato do presidente para tomarem o poder.

O Plano Cohen, era na verdade, falso, forjado pelo próprio governo Vargas. Mas ele serviu de pretexto para que em 10 de novembro de 1937, Vargas implantasse uma ditadura, o Estado Novo.

O Estado Novo (37-45)Nesse mesmo ano, impôs uma nova Constituição, inspirada no modelo

fascista, que garantia amplos poderes ao presidente. Nela ficava determinada a extinção do Legislativo e a subordinação do Judiciário ao Executivo. Vargas temendo perder o poder dissolveu o Congresso, impôs uma nova Constituição e implantou um governo ditatorial que durou até 45. O Congresso foi fechado, e

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Vargas governou por decretos-leis (leis impostas), as eleições foram suspensas, as greves proibidas, e os sindicatos foram controlados pelo governo.

Nesse período Vargas trabalhou pelo fortalecimento econômico do país. Fez estatizações como da Vale do Rio Doce e criou a CSN (Companhia Siderúrgica Nacional ).

Empreendeu também neste período o Estado de Sítio.Criou uma Legislação Trabalhista que garantia direitos aos trabalhadores,

conseguindo assim amplo prestígio diante da população. Mas também agradou empresários. Essas ações marcaram seu governo fortemente e seu nome ficou na história como “o pai dos pobres” e “mãe dos ricos”.

Visando um controle maior sobre o aparelho de Estado, Vargas criou o Departamento Administrativo do Serviço Público e o Departamento de Imprensa e Propaganda, que além de controlar os meios de comunicação, divulgava uma imagem positiva do governo e do presidente.As polícias estaduais tiveram suas prerrogativas ampliadas, e para contar com o apoio da classe trabalhadora Vargas lhes concedeu direitos trabalhistas, apesar de manter a atividade sindical sobre o controle do governo federal.

O Estado Novo implantou no Brasil o intervencionismo estatal, sobre a economia, ao mesmo tempo que oferecia incentivos na área rural, favorecia o desenvolvimento industrial e criava infraestrutura para o mesmo.

A entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial contra os países do Eixo deu margem ao crescimento da oposição à Vargas. Assim a luta pela democratização ganhou fôlego. O governo foi obrigado a conceder anistia aos presos políticos e aos exilados, além de convocar eleições gerais, que foram vencidas pelo candidato oficial, aquele apoiado pelo governo: o general Eurico Gaspar Dutra. Vargas saiu do governo devido a perda do apoio da burguesia.

Economia da Era Vargas: Indústria e agriculturaNa Era Vargas, a indústria assumiu uma posição de liderança que antes cabia à

agricultura. Isso se deveu, por um lado, à Grande Depressão e à Segunda Grande Guerra, pois com seus parceiros comerciais em crise ou em guerra, o Brasil foi forçado à produzir o que antes importava. Por outro lado, essa arrancada industrial brasileira deveu-se a uma série de medidas tomadas pelo governo Vargas, tais como: empréstimos à indústria, diminuição dos impostos sobre bens e equipamentos industriais, abolição dos impostos interestaduais e fixação do salário mínimo em 1940 (medida que amenizava o conflito entre empresários e trabalhadores.

O governo Vargas também criou:- O Conselho Nacional do Petróleo (1938);- A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), em 41, iniciando a construção da

Usina Siderúrgica de Volta Redonda no Rio de Janeiro;- Companhia Vale do Rio Doce (atual Vale), em 42, em Minas Gerais,

encarregada da exploração de minério de ferro, matéria-prima para a indústria siderúrgica;

- Companhia Hidrelétrica do São Francisco, em 45.

O governo saiu também em defesa da agricultura. Para defender o preço do café, mandou queimar ou lançar ao mar 30 milhões de sacas, entre 31 e 39, e criou um imposto por pé de café, a fim de inibir novos plantios. Regulando a oferta e protegendo

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os preços do café, o governo garantia recursos para a importação de máquinas e equipamentos. Além disso, favoreceu a policultura, incentivando a promoção de algodão, açúcar, borracha, cacau, e criou o Instituto do açúcar e do Álcool e o Instituto do Cacau na Bahia.

O populismoDurante o governo de Vargas, ele praticou o populismo, ou seja, buscou

estabelecer uma relação direta e emocional com os trabalhadores. Em 1943, as leis trabalhistas conquistadas pelos operários após as décadas de lutas foram reunidas na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e apresentadas como uma “doação” aos trabalhadores. Assim, para exaltar sua própria figura, Vargas apresentava como uma doação o que era uma conquista.

O populismo de Vargas foi construído também com discursos comoventes, que chegavam aos trabalhadores pelo rádio e por meio de grandes “encontros” do presidente com os “trabalhadores do Brasil”, em datas especiais, como o 1° de maio (Dia do Trabalhador).

PopulismoPolítica em que se estabelece uma relação direta e emocional entre um líder e a massa desorganizada e carente, que vê no líder e no Estado um meio rápido de ver atendidas as suas necessidades.

O fim do Estado Novo e o “Queremismo”No Brasil, muitos se aproveitaram do momento de luta contra o nazifascismo

para combater a “ditadura interna” de Vargas. Em outubro de 43, políticos de Minas lançaram o Manifesto dos Mineiros, exigindo a democratização do país. Nesse ano também, estudantes da UNE fizeram passeatas contra o governo.

Percebendo forte oposição, Vargas decidiu liderar a democratização. Em 45 anistiou os condenados políticos, liberou as atividades partidárias e marcou eleições para dezembro. Ao mesmo tempo que apoiava a candidatura de Eurico Gaspar Dutra, Vargas, também incentivava o “queremismo”, movimento popular que, com o lema “queremos Getúlio” apoiava sua permanência no poder.

Assustados com a popularidade do ditador, oposições militares forçaram Vargas renunciar em 29 de outubro de 1945. Terminava o Estado Novo.

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PRÉ-VEST. APOSTILA DE HISTÓRIA PROF. FABIANO DE JESUS

XLIVO BRASIL DA ERA DO POPULISMO (1946-1964)

O fim da Segunda Guerra Mundial marcou o início do período denominado Guerra Fria, no qual dois blocos antagônicos – o capitalista, liderado pelos EUA; e o socialista, liderado pela URSS – disputaram a hegemonia mundial. Nesse momento, o Brasil, em função de sua dependência econômica aos EUA, alinhou-se ao bloco capitalista.

As eleições de 1945Com a deposição de Vargas, em 1945, foram marcadas eleições para o cargo de

presidente da República. Naquele ano, haveria voto direto e secreto, além do voto feminino.

Disputaram as eleições de 45, os seguintes partidos, criados na época:

BRASIL: PARTIDOS POLÍTICOS DE 1945SIGLAS NOMES PERFIL

UDN União Democrática Nacional

Partido antigetulista, contrário à intervenção do Estado na economia, e favorável à abertura ao capital estrangeiro.

PSD Partido Social Democrático Partido getulista, ligado às oligarquias agrárias e aos interventores nomeados por Vargas.

PTB Partido Trabalhista Brasileiro

Partido getulista, ligado ao Ministério do Trabalho e aos sindicatos dos trabalhadores.

Durante o processo de redemocratização, o Partido Comunista do Brasil reorganizou-se e também lançou um candidato às eleições presidenciais. Mas o vencedor foi o general Eurico Gaspar Dutra, candidato da coligação PSD+PTB. Outro vencedor foi Vargas, que apoiou o presidente eleito e elegeu-se senador pelos estados de São Paulo e Rio Grande do Sul.

A Constituição de 1946

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O período do Estado Novo terminou com a promulgação da Carta Constitucional de 1946, que restaurava a democracia no Brasil.

Essa Constituição:- Definia o Brasil como República Federativa Presidencialista;- Garantia ampla liberdade de pensamento, expressão e associação;- Concedia grande autonomia a cada um dos três poderes;- Permitia o direito de voto a todos os brasileiros maiores de 18 anos, de ambos

os sexos, mas mantinha a restrição aos analfabetos (metade da população);- Garantia aos trabalhadores o direito de greve, mas proibia as greves em

“atividades essenciais” (na prática, porém, quase todas as greves eram proibidas).

Governo Dutra (1946-51)Deu-se nesse período grande incentivo aos transportes.Início da Guerra Fria. No governo de Dutra o Brasil se alinhou com os

EUA e rompeu relações com a URSS.No plano econômico, o presidente Gaspar Dutra abandonou a política

nacionalista do governo Vargas, e adotou uma política econômica liberalizante. Dutra facilitou a livre importação de mercadorias. O país passou a importar grandes quantidades de bens de consumo, como cigarros, chicletes, perfumes, carros, geladeiras, televisores etc. Nessa época houve o nascimento da tevê brasileira, e um desenvolvimento maior do rádio. Com isso, em um ano e meio esgotou quase todas as reservas que tinha acumulado durante a Segunda Guerra Mundial. Posteriormente, Dutra restabeleceu o controle sobre as importações; dificultando a entrada de bens de consumo e incentivando a compra de bens de produção, como máquinas e equipamentos, necessários à indústria nacional. Nessa época houve aumento do preço do café no exterior, e a economia voltou a crescer.

Eleições de 1950No ano em que a televisão fez sua estreia no Brasil, ocorreu uma nova

corrida eleitoral para presidente. Comícios voltaram a lotar praças. Defendendo o nacionalismo, a industrialização e ampliação das leis trabalhistas, Vargas venceu.

Governo Vargas (1951-54)Quando Vargas assumiu o poder, havia duas tendências políticas quanto

às ações econômicas que o governo deveria empreender. De um lado, os nacionalistas; de outro, os liberais, chamados pejorativamente de “entreguistas”.Observe na tabela a seguir as principais características desses grupos:

NACIONALISTAS LIBERAIS (ENTREGUISTAS)LÍDER: GETULIO VARGAS LÍDER: CARLOS LACERDA

O Estado deveria intervir na economia, investindo em áreas estratégicas, como petróleo, siderurgia, transportes e comunicações.

A economia deveria caminhar sem interferência do Estado. O desenvolvimento deveria apoiar-se na empresa privada.

A entrada de capital estrangeiro deveria ser limitada e controlada.

O capital estrangeiro era condição ara o progresso do Brasil.

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O governo deveria manter uma posição de distanciamento ou oposição aos EUA.

O governo deveria aliar-se aos EUA de forma incondicional.

Os debates entre essas duas correntes chegou ao ápice com relação à questão do petróleo. Nacionalistas, liderados por Vargas, defendiam que a exploração e refino deveriam ser feitos pela indústria brasileira. Já os liberais, encabeçados pela UDN, eram favoráveis a que fossem feitos por empresas estrangeiras que já atuavam no Brasil, como Esso, Texaco, Shell etc. Na defesa de sua posição, os nacionalistas lançaram uma campanha nacional com o slogan “O petróleo é nosso!”. A vitória nessa disputa coube aos nacionalistas.

O governo Vargas deu forte empenho às nacionalizações e estatizações de empresas, o que desagradou os EUA. Durante este período é que começa o chamado nacional desenvolvimentismo, com um forte incentivo às indústrias. Nesse governo foi criado o BNDE (Banco Nacional de Desenvolvimento) e a Petrobrás, visando garantir o desenvolvimento industrial do Brasil.

O populismo de VargasDesde sua campanha eleitoral, Vargas esforçou-se para apagar a imagem

de ditador e reforçar a de “amigo dos trabalhadores”. Uma vez na presidência, praticou amplamente o populismo, estabelecendo uma relação direta e emocional com os trabalhadores. Fazia-se imensa propaganda do governo através de imagens, versos, músicas, com o forte uso do rádio e da televisão, que apresentavam Vargas como “amigo dos trabalhadores”, aquele com quem eles podiam contar.

Apesar disso, havia insatisfação no meio dos trabalhadores, devido aos salários não acompanharem a alta inflação. Em 53, explodiram greves por aumento salarial em todo o país.

Vargas nomeou João Goulart (Jango) para o Ministério do Trabalho. Na negociação com os grevistas, Jango prometeu dobrar o valor do salário mínimo. Isso irritou a UDN e seus aliados militares. Pressionado por eles, Vargas demitiu Jango, mas autorizou o aumento salarial em 1° de maio de 1954. Carlos Lacerda, jornalista inimigo político de Vargas, iniciou uma campanha difamatória contra o presidente.

A queda de VargasMilitares anticomunistas e políticos da UDN preparavam um golpe

contra Vargas quando Lacerda foi vítima de um atentado à bala. Lacerda escapou com vida, mas Rubens Vaz, major da Aeronáutica que o acompanhava no momento do atentado foi morto. As investigações sobre o assassinato apontavam como mandante Gregório Fortunato, chefe da guarda pessoal de Vargas.

Jornais de oposição afirmavam que havia um “mar de lama” no palácio presidencial. Lacerda pressionava s generais para derrubarem Vargas. Em 22 de agosto, oficiais da aeronáutica lançaram um manifesto exigindo a renúncia de Vargas. No dia seguinte, generais do Exército fizeram a mesma exigência. Sob forte pressão, Vargas cometeu suicídio.

No ano seguinte houve eleições, nas quais venceu Juscelino Kubitschek, conhecido como JK, pelo PDS. A UDN não se conformou com a derrota nas eleições, e Carlos Lacerda, seu líder, passou a dizer que os eleitos eram apoiados

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por comunistas e que era necessário um golpe ara impedir a posse de JK. Mas não houve golpe, pois o general Henrique Teixeira Lott colocou seus soldados nas ruas e obrigou os golpistas a fugirem. Com isso, JK assumiu a presidência.

Governo JK ( 1956-61 )JK prometeu que faria o Brasil progredir 50 anos em 5. A política de

desenvolvimento empreendida em seu governo é chamada de desenvolvimentismo.

Durante seu governo construiu-se a nova capital Brasília (marca principal de seu governo), além de ter havido grande estímulo à industria, graças a investimentos estrangeiros e a entrada de multinacionais no país. A situação econômica, porém, era difícil.

Juscelino foi eleito diretamente pelo povo e abriu o país ao capital estrangeiro em busca de um fortalecimento econômico e um avanço na industrialização. No governo JK foi implantado o chamado Plano de Metas, que também tinha como motor a industrialização. O Plano de Metas previa investimentos públicos em cinco grandes áreas: energia, transporte, indústria, alimentação e educação. Seria a continuação da industrialização iniciada por Vargas. Mas havia mudanças em comparação com o governo Vargas, não no sentido político, mas no econômico. No governo Vargas ocorreu a implantação de indústrias de base, antes disso havia indústrias de bens não duráveis. As fábricas do período JK eram de bens duráveis: eletrodomésticos, automóveis, bens de consumo populares etc. Além disso, no governo Vargas limitou-se a entrada de capital estrangeiro; já no governo JK, procurou-se atrair capitais estrangeiros. Montou-se durante o governo JK uma estrutura produtiva mantida pelo capital transnacional.

O governo investiu milhões na indústria de base (que fabrica matérias-primas e produtos para outras indústrias como aço, máquinas, motores, energia etc). Foram construídas siderúrgicas, como a Usiminas; hidrelétricas, como as Três Marias e Furnas; portos e quilômetros de estradas.

O governo ofereceu facilidades e incentivos ara atrair multinacionais de bens de consumo, como a Willys Overland, Ford, Volkswagen, GM, etc. A indústria automobilística foi um sucesso nessa época. Mas isso fez governo deixar de lado os transportes coletivos. As ferrovias foram praticamente abandonadas, e o transporte passou a depender cada vez mais das rodovias, do petróleo e seus derivados.

O Plano de Metas foi bem sucedido e muitas de suas metas foram alcançadas. A economia cresceu. A industrialização gerada no governo JK criou um clima de otimismo e gerou muitos empregos, mas não beneficiou todas as regiões do país. As indústrias instalaram-se quase todas no Centro-Sul, o que aumentou ainda mais as diferenças socioeconômicas entre as regiões. A conseqüência disso foi uma forte migração, principalmente de nordestinos, para cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte em busca de empregos.

JK governou com o apoio do Congresso e respeitou a liberdade de imprensa, mantendo assim, a estabilidade política. Nos anos JK combinou-se estabilidade política com crescimento industrial, mas também houve inflação alta e aumento de desigualdades sociais e regionais.

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Jânio Quadros (1961)Jânio Quadros foi um típico líder populista. Para ganhar votos, prometeu

“varrer a corrupção” do governo. Para reforçar a imagem de político honesto, usava uma vassoura como símbolo de sua campanha, associado ao jingle da campanha que tinha os versinhos: “ varre, varre vassourinha / varre, varre a bandalheira...”

Jânio Quadros assumiu a presidência da República em 1960, junto com João Goulart, seu vice. Na época, havia uma grande crise econômica, com alta inflação e uma forte dívida externa. O governo empreendeu a retirada do capital estrangeiro do Brasil e afastamento dos EUA com o intuito de diminuir a dependência econômica. Intencionou até unir-se à economia argentina para fazer frente à americana. Iniciou-se conversações para reatar as relações diplomáticas com a URSS e a China. Quadros também colocou-se contra a invasão de Cuba pelos EUA.

Problemas financeiros herdados do governo anterior, aliados a uma tentativa de estabelecer a autonomia do país na política externa, desencadeou oposição ao governo. Lideres militares e líderes da UDN ficaram contra o presidente. A gota d’água foi quando, o então, ministro de Cuba, Che Guevara visitou o Brasil e foi condecorado por Jânio Quadros. Carlos Lacerda, líder da UDN, passou a acusar Jânio de ser aliado dos comunistas. Sob essas acusações o presidente renunciou depois de 7 meses de governo.

Seu vice João Goulart estava na China, e até que ele retornasse assumiu a presidência, o presidente da Câmara dos Deputados Ranieri Mazzilli. Líderes da UDN e setores das forças armadas relutaram em permitir que João Goulart assumisse a presidência. Ele só assumiu o poder depois de instituído um Ato Adicional que estabelecia o Parlamentarismo no Brasil.

Governo João Goulart (1961-64)Forças anticomunistas impediram a posse desse presidente, que só

conseguiu assumir a presidência após a implantação do Parlamentarismo (1961).Em 63 o presidente convocou um plebiscito para a população decidir

sobre o sistema de governo. Ocorre então o retorno do presidencialismo. O governo de Jango foi conturbado. Uma parte dos empresários

desconfiava dele e diminuiu seus investimentos na produção, ocasionando desemprego. Obras públicas obrigavam o governo a emitir dinheiro. Isso elevou a inflação e diminuiu o poder de compra dos salários, gerando tensão entre empregados e patrões.

Na tentativa de se aproximar das camadas populares e setores das camadas médias, Jango deu início à reformas de base (agrária, administrativa, bancária, tributária, eleitoral e educacional).

Posições se radicalizaram: movimentos sociais exigiam as reformas de base prometidas. E a oposição, formada por grandes empresários, o alto clero católico, oficiais das Forças Armadas e organizações que representavam empresários brasileiros e americanos; acusava o presidente de ter perdido a autoridade e ser cúmplice do comunismo internacional.

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Num clima de grande tensão e sem apoio do Congresso Nacional, o presidente optou por se aproximar mais ainda de movimentos sociais. Em 13 de março, no Rio de Janeiro, liderou um gigantesco comício pelas reformas de base. Nesse comício, o presidente assinou dois decretos de grande impacto popular: um deles, nacionalizava todas as refinarias de petróleo particulares; o outro, desapropriava – para fins de reforma agrária – as terras com mais de cem hectares situadas numa faixa de dez quilômetros às margens das rodovias e ferrovias federais.

A resposta desse ato veio em seis dias. Autoridades civis e religiosas promoveram no centro da capital paulista uma gigantesca passeata contra as reformas de Jango: a Marcha da Família com Deus pela Liberdade.

Os anticomunistas ficam alarmados imaginando que o presidente pretende instalar um governo comunista. Nesse momento os militares começam a se armar para tomar o poder.

Em 31 de março de 1964, as topas do general Olímpio Mourão Filho, vindas de Minas Gerais, marcharam em direção ao Rio de Janeiro para depor Jango. Logo receberam apoio do II Exército (São Paulo) e dos governadores Magalhães Pinto (Minas Gerais), Ademar de Barros (São Paulo) e Carlos Lacerda (Guanabara). João Goulart não resistiu, retirando-se do país e deixando vago seu cargo. Os militares assumiram o poder com o apoio dos latifundiários e americanos, afirmando que salvavam o país do comunismo.

Obs.: DIFERENÇA ENTRE PRESIDENCIALISMO E PARLAMENTARISMO A principal diferença é sobre quem manda e como é o equilíbrio de poderes. No presidencialismo, há três poderes principais: o Executivo, do presidente, o Legislativo, do Congresso Nacional, e o Judiciário, do Supremo Tribunal Federal. Todos têm o mesmo peso. O presidente da República (o sistema presidencialista só é compatível com a forma republicana de governo), eleito pelo povo, fica no governo por tempo determinado. Ele é o chefe de Estado, simbolizando ou representando a nação, e de governo, administrando e governando o país. É o presidente que indica os ministros do Supremo Tribunal Federal e pode vetar as decisões do Congresso Nacional. O Supremo Tribunal Federal julga a aplicação das leis e tem poder de suspender a execução delas. O Congresso Nacional, através de votações, aprova os projetos de lei (que originam as leis) e o orçamento (que determina os gastos do governo), além de aprovar os ministros escolhidos pelo presidente. No parlamentarismo, as decisões do Parlamento estão acima de todas as outras. Nesse sistema o chefe de Estado, que pode ser um rei ou um presidente dependendo da forma de governo, representa o país, mas não governa. Quem governa é o primeiro-ministro, que tem um mandato indeterminado, que pode durar dias ou anos. Ele é indicado pelo chefe de Estado e aprovado pelo Parlamento ou eleito diretamente pelo Parlamento. O Parlamento é formado por políticos eleitos pelo povo, e representa o maior dos três poderes. Pode derrubar o primeiro-ministro que governa o país.

Obs.: Costuma ser considerado populismo, os governos que dão a impressão de

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privilegiar o povo, e empreender ações de cunho nacionalista.

Obs.: A ameaça comunista era presente em toda a América Latina pelos anos 60 e 70. Os EUA enviou agentes da CIA para treinar e orientar os militares das Repúblicas latino-americanas contra a possível ascensão do comunismo no continente. O governo americano apoiou as ditaduras latino-americanas nessa época para evitar a ameaça comunista.

Obs.: O CV (Comando Vermelho) surgiu no período da ditadura militar como um movimento de guerrilha urbana. Foi idealizado por presos políticos que pretendiam usar o dinheiro do tráfico de drogas para comprar armas para lutar contra o governo. Algo semelhante ocorreu na Colômbia dando origem às FARC.

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XLVBRASIL NO PERÍODO DA DITADURA MILITAR (1964-1985)

O golpe de 1964 instaurou o período ditatorial militar que durou até 1985.Esse regime caracterizou-se pelo centralismo e autoritarismo, pela arbitrariedade e pela violência repressiva.

O regime estruturou-se entre 64 e 68, bloqueando as participações políticas da maioria da população. Entre 68 e 74, o regime chegou ao máximo de fechamento político. No fim deste período, por problemas socioeconômicos, começou a abertura política.

Os problemas econômicos herdados de governos anteriores avolumaram-se neste período. Excetuando-se a fase do chamado “milagre econômico”, a economia brasileira passou por difíceis momentos, devido ao crescimento da dívida externa com seus elevados custos e a dependência de investimentos estrangeiros.

Os primeiros presidentes militares, Castelo Branco (1964-67) e Costa e Silva (1967-69), estruturaram o regime, patrocinando o fechamento político. Durante o governo do general Médici, apesar do desenvolvimento econômico, a ditadura fortaleceu-se. A partir daí a crise econômica pôs em cheque o governo militar, e o general Ernesto Geisel deu início ao processo de abertura política. Esse processo foi concluído no governo do general João Batista Figueiredo (1979-85). O fim da ditadura ocorreu com a posse do presidente José Sarney.

- Governo Castelo Branco (64-66):Foi o primeiro presidente deste período. Em seu governo foi implantado

o AI-1 (Ato Institucional n° 1) que elegeu Castelo Branco entre os militares.O AI-2 trouxe a extinção dos partidos políticos e a legalização de apenas

dois: ARENA (da situação, com pleno apoio dos militares) e MDB (Movimento Democrático Brasileiro, em tímida oposição ao governo).

- Governo Costa e Silva :Foi a época de mais opressão, com a chamada “linha dura”

institucionalizada. Nesse momento os movimentos de oposição se armaram.Em 1967 implanta-se uma nova Constituição, e em 68 cria-se o AI-5.

- Governo Médici (69-74):Movimentos MR-8 e Val-Palmares que formaram guerrilhas contra o

governo. Isso gerou por parte do governo uma reação de forte repressão.

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Em 73 dá-se o “milagre econômico” que permite a população exercer um grande consumo. Em 74 porém a inflação ressurge com toda força.

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XLVIO BRASIL DA NOVA REPÚBLICA (DESDE 1985)

O governo de José Sarney foi marcado pela consolidação democrática do país e pelo descontrole da inflação. De um lado o fracassado choque econômico do Plano Cruzado, do outro a promulgação de uma nova Constituição em 1988, assegurando conquistas democráticas. Em 1989, foi escolhido pelo voto direto o novo presidente, Fernando Collor de Mello, que tentou um novo plano econômico para derrubar a inflação, o Plano Collor, fracassando e perdendo prestígio. O final de seu governo caracterizou-se por escândalos políticoadministrativos, produzindo uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), a mobilização popular e o afastamento do presidente do governo. Assumiu Itamar Franco, que enfrentou diversas mudanças no quadro ministerial, evidenciando dificuldades para enfrentar os graves problemas sociais e financeiros.

O Governo Itamar porém, fez algo que deu certo no controle da inflação. Seu ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, criou um plano econômico chamado Plano Real, que foi introduzido em etapas. Em 1° de julho de 1994, adotou-se uma nova moeda, o real, que substituiu o cruzeiro real. O Plano Real fez a inflação cair a quase zero, e os salários deixaram de perder valor. Com a estabilidade econômica, grande parte da população pôde ter um poder de compra maior. Em 1994, Fernando Henrique, candidatou-se às eleições presidenciais. Ele venceu, assumindo o governo em 1995.

O Governo FHC, caracterizou-se por reformas e privatizações de muitas empresas estatais. Esse processo chama-se privatização. Entretanto o gasto do governo foi maior que a arrecadação, principalmente no pagamento de aposentadorias e benefícios do INSS. Em 1997, o Congresso aprovou a reeleição para presidente da República. Em 1998, FHC concorreu as eleições e venceu o candidato do PT, seu maior rival político, Luís Inácio Lula da Silva. O principal objetivo do 2° Governo FHC, era manter a inflação baixa e o real estável. Para isso estimulou-se a entrada de dólares no país. Era necessário esse dinheiro nos cofres do governo para manter a moeda com valor. A partir de 2001, houve duas crises, uma política e outra no setor energético. Políticos ligados ao governo estavam envolvidos em escândalos. A crise energética foi devido ao baixo nível de reservatórios das usinas hidroelétricas, que causaram dificuldades de fornecimento de energia nas regiões Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste do país. Indústria e comércio foram obrigados a reduzir as horas de atividades, também a população precisou economizar energia. Mesmo assim houve apagões, que eram a suspensão temporária do fornecimento de energia para uma grande região. A partir de 2002 houve estagnação econômica, ou seja, não havia perdas significativas, mas também a economia e a renda per capita não cresciam.

Em outubro de 2002, foram realizadas eleições para presidente, os principais candidatos eram José Serra, do governo; e Luís Inácio Lula da Silva, da oposição. Lula venceu, sendo o primeiro operário a chegar a presidência da República.

Lula assumiu o governo em 1° de janeiro de 2003.

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XLVIIPRIMEIRA GUERRA MUNDIAL (1914-1918)

Antes da GuerraA Belle Époque:As elites europeias começaram o século XX num estado de euforia. Com

o imperialismo, as nações capitalistas estabeleceram um domínio colonial sobre a África e a Ásia, onde investiram os capitais excedentes da Europa e obtiveram mercadores consumidores de artigos industrializados e fornecedores de matérias-primas e fontes de energia. A exploração colonial possibilitou um grande acúmulo de capitais por parte das potências europeias.

O poderio econômico europeu contribuiu para o progresso científico e tecnológico. A concentração de capitais, aliada ao conhecimento proveniente da ciência, dava condições de investir na criação e no desenvolvimento de novos produtos, muitos dos quais incrementaram a própria indústria, o que fortalecia a crença na capacidade humana de fazer progredir a sociedade.

Vivia-se na ilusão da Belle Époque (1871-1914), período caracterizado pelo otimismo e pela certeza da estabilidade e da paz duradouras.

As vanguardas da arte:A Belle Époque foi marcada por profundas transformações culturais que

influenciaram o modo de pensar e viver das pessoas. Inovações tecnológicas, como o avião, o rádio, e o cinema, modificaram a percepção da realidade.

A cidade de Paris, na França, com seus cafés-concertos, balés, óperas, livrarias e teatros, era o centro cultural da época. Dela irradiava um conjunto de tendências inovadoras nas artes, as chamadas vanguardas. Com esse nome, nascido no meio militar (do francês avant-garde : o que vem na frente), as vanguardas pretendiam antecipar a arte do futuro, lutar por transformações e promover atitudes que rompiam com as tradições do passado.

Os principais vanguardistas e suas manifestações artísticas foram:- Na pintura: Vicent Van Gogh, Claude Monet, Pablo Picasso e outros.- Na música: Claude Debussy, Arnold Schoenberg e outros.- Na arquitetura: Frank Wright.Outras manifestações artísticas também contribuíram para mudar o modo

como o mundo era visto e sentido. O balé russo de Sergei Diaghilev conquistou a Europa. Em Nova Orleans, o jazz se tornava popular.

Fatores que desencadearam a Primeira Guerra Mundial:A competição entre as nações em busca de mercados e capitais foi um

dos fatores responsáveis pelo fim da paz e da estabilidade da Belle Époque. Entre os fatores da guerra, destacam-se os conflitos imperialistas, a política de alianças e a corrida armamentista.

- Conflitos imperialistas: A Grã-Bretanha foi perdendo a supremacia econômica mundial para o rápido crescimento industrial da Alemanha, o que originou uma intensa rivalidade anglo-germânica. A França nutria um

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sentimento de revanche por ter perdido as ricas regiões da Alsácia e da Lorena para a Alemanha, na Guerra Franco-prussiana, de 1870. As disputas entre estes três países por colônias na África também geraram fortes tensões.

- Política de alianças: Por meio de acordos econômicos, políticos e militares, dois blocos opostos foram criados: o grupo dos Impérios Centrais, formada por Alemanha, Áustria-Hungria e Itália; e a Tríplice Entente, ou simplesmente Entente, que reunia Rússia, França e Grã-Bretanha. Esse sistema de blocos tornou-se uma “bomba-relógio” quando as tensões entre os países ficaram incontornáveis.

- Corrida armamentista: Os anos anteriores à eclosão da guerra, em 1914, receberam o nome de Paz Armada, porque a indústria bélica na Europa aumentou consideravelmente os seus recursos, produzindo novas tecnologias para a guerra. Além disso, quase todas as nações europeias adotaram o serviço militar obrigatório, incentivando assim o sentimento nacionalista e militarista.

A Primeira Guerra foi um conflito imperialista, marcando uma época em que a política e a economia se fundiram num só movimento. O traço mais importante da guerra foi a sua universalidade, pois ela envolveu países de todos os continentes, que se enfrentaram por objetivos também globais.

Outra característica desta guerra foi o seu alto poder de destruição, resultado das novas armas, como por exemplo, o avião, o submarino e o canhão de longo alcance. Com esses inventos, a guerra não matava apenas os soldados, mas também a população civil, vítima dos bombardeios aéreos. Milhares de civis morreram também de fome, porque uma das táticas usadas pelo inimigo era bloquear os suprimentos que garantiam a sobrevivência da população.

1914, início da Grande Guerra na Europa. Os ânimos já estavam bem exaltados entre os países que brigavam por novas fronteiras e pelas colônias da África. O assassinato do arquiduque Ferdinando, herdeiro do Império Austro-húngaro, quando visitava Sarajevo, a capital da Bósnia-Herzegóvina, na época província da Sérvia, só precipitou os acontecimentos.

O governo da Áustria-Hungria, que andava preocupado com o aumento do nacionalismo nos Bálcãs, declarou guerra à Sérvia e recebeu apoio da Alemanha. Temendo o domínio austríaco na região, a Rússia ficou ao lado dos sérvios. França e Grã-Bretanha entraram no conflito depois da invasão da Bélgica pelos alemães. De um lado formou-se o bloco dos Impérios Centrais, que reunia a Áustria-Hungria e a Alemanha. Do outro, a Tríplice Entente, com Sérvia, Rússia, França, Bélgica e Grã-Bretanha.

No decorrer do tempo, várias nações se alinharam à Entente e aos Impérios Centrais. De 1915 a 1916, a guerra desenrolou-se nas trincheiras, com grande número de mortos em ambas as partes. Em 1917, ataques de submarinos alemães a navios mercantes norte-americanos e interesses de banqueiros que haviam feito empréstimos à França e à Inglaterra levaram os EUA a entrar no conflito. Em outubro deste mesmo ano, a Rússia abandonou os aliados por causa da Revolução Socialista.

Com o apoio decisivo dos EUA, a Entente foi derrotando o inimigo em todas as frentes. Depois de atacar Paris e ser rechaçado, o exército alemão reconheceu a derrota. Uma greve em Berlim e um atentado contra o imperador Guilherme II levaram à sua abdicação e a consequente instauração da República

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na Alemanha. No dia 11 de novembro de 1918, o país assinava o armistício, em que aceitava todas as condições que lhe foram impostas.

O Tratado de Versalhes:Uma figura importante nas negociações de paz foi o presidente

americano, Woodrow Wilson, cuja proposta de 14 pontos foi a responsável pela rendição alemã. Os cinco primeiros pontos falavam de diplomacia aberta (sem acordos secretos), liberdade dos mares, redução das barreiras alfandegárias, desarmamento e preservação dos interesses dos países colonizados. Os remanejamentos territoriais eram abordados do sexto ao 13° pontos. Por fim, o 14° ponto falava da criação de um Liga das Nações, que teria o objetivo de construir a paz e manter a nova ordem mundial em funcionamento.

A proposta de Wilson, porém, foi mutilada quando a conferência de paz realizada a partir de 12 de janeiro de 1919, no Palácio de Versalhes, em Paris. Dela participaram 25 nações aliadas, quatro domínios britânicos e os EUA. Era a “paz dos vencedores”, já que nenhum dos derrotados teve participação na mesa de negociações. Apesar de vários países estarem representados, a palavra final coube aos “três grandes”: França, Inglaterra e EUA.

Com 200 páginas e 440 artigos, o Tratado de Versalhes foi terrível com os derrotados, principalmente com a Alemanha, que perdeu um sétimo de seu território e um décimo de sua população. O país teve de devolver à França a região da Alsácia-Lorena, e a Bélgica anexou os cantões de Eupen e Malmedy. A Polônia ganhou parte da Prússia Oriental, da Prússia Ocidental e da Silésia Oriental. Já a Tchecoslováquia levou uma parte da Silésia Superior. Um plebiscito realizado em Schleswing repartiu a região, ficando o norte com a Dinamarca e o sul com a Alemanha.

Fora isso, os Alemães tiveram de abrir mão de todas as suas colônias e ficaram proibidos de se unir em um só país com a Áustria. A Alemanha também seria desmilitarizada: o exército não poderia ter mais do que 100 mil homens e não existiria mais Marinha de Guerra e Força Aérea. O Estado-Maior seria abolido. Não haveria Escola de Guerra. A frota, que terminou a guerra intacta, deveria ser entregue aos aliados, mas foi afundada pelas tripulações antes de de que a ordem pudesse ser cumprida.

O golpe de misericórdia veio no artigo 231 do tratado que previa a culpa da guerra, e no artigo 232, que previa as indenizações. O total de pagamentos chegava a 132 bilhões de marcos-ouro, moedas que poderiam ser trocadas por ouro, e incluía o pagamento de pensões para aposentados, mutilados, viúvas e órfãos dos aliados. Deveriam receber reparações a França, a Inglaterra, a Itália e a Bélgica.

Com os outros derrotados foram assinados acordos suplementares ao do Tratado de Versalhes. A Áustria teve de aceitar a independência da Hungria, Polônia, do Reino dos Sérvios e Croatas e Iugoslavos (futura Iugoslávia), além de ceder as regiões de Trieste, sul do Tirol, Tretino e a Península da Ístria para a Itália. Bulgária e Hungria perderam partes de seu território para a Romênia, Iugoslávia e Grécia. A Turquia, que a princípio perdeu a Armênia, a Síria, a Mesopotâmia e a Palestina e parte da Grécia, assinou um novo tratado com os aliados, em 1923, em que reconquistou a Armênia e a parte anexada pelos gregos.

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A Liga das Nações:Obrigado a aceitar as exigências territoriais dos aliados que resultaram

nas novas fronteiras da Europa, o presidente Woodrow Wilson conseguiu pelo menos implantar o ponto mais importante de sua proposta, a Liga das Nações. Era o que ele denominava de nova diplomacia, capaz de manter a paz no novo mundo que se desenhava após o fim da 1ª Guerra Mundial. A Liga foi criada em abril de 1919, mas os EUA ficaram de fora, porque o Senado norte-americano se negou a ratificar o Tratado de Versalhes.

Com sede em Genebra, na Suíça, o órgão era formado por uma secretaria permanente, uma assembleia geral e um conselho executivo. Uma vez por ano, os países membros se reuniam na assembleia geral, com direito a um voto por nação. O principal órgão era o conselho, composto por membros permanentes (Grã-Bretanha, França, Itália, Japão, e mais tarde, Alemanha e URSS) e não permanentes, estes escolhidos pela assembleia geral.

Sem forças armadas próprias, a Liga só contava com sansões econômicas e militares para impor sua vontade. Ela foi bem-sucedida ao arbitrar disputas nos Bálcãs e na América Latina, proteger refugiados, supervisionar os mandatos coloniais e administrar territórios livres da Europa, como a cidade de Dantzig (Polônia). Por outro lado, não conseguiu impedir a invasão japonesa à Manchúria, em 1931, a agressão italiana à Etiópia, em 1935, nem o ataque russo à Finlândia, em 1939. Muito menos o início da 2ª Guerra Mundial. Em abril de 1946, o órgão foi substituído pela ONU (Organização das Nações Unidas).

O Mundo Após a GuerraAlém das terríveis perdas humanas e dos danos ambientais, a guerra

causou mudanças em todo o mundo:- De credores, os países europeus passaram a devedores, principalmente

dos EUA, que se tornou assim a principal potência mundial, tomando o lugar da Inglaterra;

- Na Rússia, a tomada do poder pelos bolcheviques tornou-se uma referência para o movimento operário e socialista mundial. Tanto que na década de 20, partidos comunistas surgiram em vários países, como o Brasil;

- Uma verdadeira onda de greves operárias varreu a Europa em virtude do descontentamento social. O recrutamento de homens para os combates permitiu também uma participação maior das mulheres no mercado de trabalho;

- Formaram-se governos autoritários na Europa, fortemente militarizados e caracterizados por extremo nacionalismo;

- Com o fim do Império Alemão, do Austro-Húngaro e do Turco-Otomano, surgiram novos países na Europa: Áustria, Hungria, Tchecoslováquia, e Iugoslávia. Com o fim do Império Russo, formaram-se além da URSS, Finlândia, Estônia, Lituânia e Polônia.

PRÉ-VESTIBULAR APOSTILA DE HISTÓRIA

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PROF. FABIANO DE JESUS

XLVIIIA REVOLUÇÃO RUSSA

A Rússia dos Czares e suas reformasDesde o século XVI até a Revolução de 1917, a Rússia foi uma

monarquia absolutista. O rei, chamado de Czar ou Tzar, tinha em suas mãos todos os poderes e o apoio da Igreja Ortodoxa Russa e dos nobres que eram proprietários de terras.

A partir da metade do século XIX, o czar Alexandre II deu inicio a um programa de reformas, procurando transformar a Rússia em uma nação moderna e industrial. Por exemplo, devido aos investimentos no exército e às pretensões expansionistas russas, os servos foram elevados à categoria de cidadãos.

Apesar do fim da servidão, os camponeses receberam apenas uma pequena parcela de terras. A reação imediata dos servos emancipados foi a realização de revoltas em todo o país, as quais foram rapidamente reprimidas pelo czar.

No inicio do século XX, os camponeses da Rússia tinham de conviver com pequenos lotes de terra, técnicas agrícolas arcaicas, baixíssimos rendimentos, doenças, fome e analfabetismo. Alem dos pequenos e médios proprietários, havia uma massa de camponeses sem terras, que trabalhavam nas grandes propriedades da nobreza e da Igreja Ortodoxa Russa.

Um país de contrastesSimultaneamente a Rússia viveu um acelerado processo de

industrialização e desenvolvimento urbano, com investimentos estrangeiros e fundação de bancos, construção de estradas de ferro e desenvolvimento da extração de carvão mineral e petróleo, e produção de aço.

Porem, cerca de 80% da população vivia no campo, em condições miseráveis. No inicio do século XX, a Rússia era um país de contrastes, onde o que havia de mais moderno em termos industriais convivia com uma sociedade predominantemente agrária, que mantinha características que lembravam o feudalismo.

O proletariado industrialNo inicio do século XX, as cidades de São Petersburgo e Moscou eram

as mais industrializadas da Rússia. A mão-de-obra para as fabricas era recrutada nas cidades. Entretanto, algumas cidades eram ilhas no interior de zonas rurais. Nessas cidades se misturavam as antigas relações de trabalho com praticas capitalistas de produção.

Nas fábricas, os operários eram submetidos a longas jornadas de trabalho diárias, baixos salários e riscos de acidentes. A extrema exploração do proletariado industrial provocou greves, ampliou a atuação dos sindicatos e facilitou as influências das ideias socialistas de Karl Marx e Friedrich Engels.

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As ideias socialistas e anarquistasO socialismo científico é uma doutrina formulada por dois pensadores

alemães, Karl Marx (1818-1883) e Friedrich Engels (1820-1895), em meio às lutas do operariado europeu por melhores condições de vida. As ideias fundamentais do socialismo científico estão contidas no Manifesto Comunista, obra de Marx e Engels publicada na Europa em 1848. Nesse livro eles afirmam que o motor da história é a luta de classes e que, no caso da sociedade industrial capitalista, o confronto se dava entre a burguesia e o proletariado (trabalhadores assalariados do campo e da cidade).

Marx e Engels acreditavam que o proletariado faria a revolução, derrubaria a burguesia do poder e assumiria o controle do Estado; a seguir, os bens individuais como terras, fábricas e maquinas, seriam estatizados, isto é, passariam ao controle do Estado. Acreditavam também que, depois de certo tempo, com o fim da propriedade privada e da desigualdade social, não haveria mais luta de classe. Os trabalhadores não precisariam ter o controle do Estado, e o socialismo seria substituído por uma sociedade mais igualitária. Por meio do lema “trabalhadores de todo o mundo uni-vos”, Marx e Engels incentivaram os operários do mundo inteiro a se organizarem em partidos e sindicatos para lutar elo fim do capitalismo e pela construção do socialismo.

Já o anarquismo teve como um dos seus principais teóricos o russo Mikhail Bakunin (1814-1876). O anarquismo e o socialismo tinham vários pontos em comum. Tanto um quanto o outro eram contrários ao capitalismo, à existência da luta de classes e à concentração do capital nas mãos de poucos. Nesse sentido, ambos defendiam uma sociedade igualitária. Mas os anarquistas discordavam dos socialistas m um ponto: enquanto os socialistas desejavam o controle do Estado ela classe operária, os anarquistas defendiam a imediata destruição do Estado, pois eram, por principio, contrários a qualquer tipo de governo. A palavra anarquia vem do grego anarchia e significa ausência de poder.

O Domingo Sangrento e a revolução de 1905A política expansionista do czar Nicolau II, neto de Alexandre II, levou a

Rússia, em 1904, à guerra contra o Japão pelo controle da Manchúria, no nordeste da China. Com a derrota do exército russo, as tensões sociais aumentaram. Num domingo de janeiro de 1905, operários em greve e suas famílias dirigiram-se ao palácio do czar, em São Petersburgo, com um abaixo-assinado reivindicando o direito de greve, melhores condições de vida e a convocação de uma Assembleia Constituinte. A manifestação foi fortemente reprimida pela guarda imperial, resultando na morte de centenas de manifestantes. Esse dia ficou conhecido como Domingo Sangrento, considerado um ensaio geral para a revolução de 1917.

O acontecimento gerou uma onda de protestos e greves por toda a Rússia. A principal reação à repressão de 1905 foi a formação de sovietes, conselhos de representantes eleitos pelos operários, camponeses e soldados.

A Rússia na Primeira Guerra Mundial

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O objetivo principal do czar ao lançar a Rússia na Primeira Guerra mundial era dominar o acesso do Mar Negro ao Mediterrâneo e afastar a influência do Império Austro-Húngaro da Península Balcânica. No entanto, a Rússia estava despreparada para enfrentar o exercito alemão: muitos dos soldados russos eram camponeses recrutados às pressas, as armas eram ultrapassadas e insuficientes, e a produção industrial e o sistema de transportes não davam conta das necessidades colocadas pela guerra.

Para a Rússia, a guerra trouxe consequências sérias: crescimento das rebeliões populares e das greves operarias, inflação desenfreada, redução da produção agrícola, fome e revoltas dos militares nas frentes de batalha.

Bolcheviques e mencheviques na Rússia pré-revolucionáriaA oposição ao regime czarista durante o século XIX, tinha forte tradição

rural. Os primeiros grupos políticos, com destaque para os socialistas revolucionários, acreditavam que apenas os camponeses, com o apoio de outros setores sociais, poderiam derrubar o regime. Contudo, influenciado por correntes políticas europeias, o movimento socialista russo voltou sua atenção ao proletariado. O resultado foi a criação, em 1898, do partido Operário Social-Democrata Russo.

Entretanto, a crise social e política da Rússia no inicio do século XX levou ao partido a se dividir em dois grupos: os bolcheviques (maioria), liderados por Vladimir Lênin e inspirados nas ideias de Marx e Engels, que acreditavam na aliança entre os camponeses e o proletariado para derrubar o czarismo e implantar o socialismo; e os mencheviques (minoria) que buscavam uma passagem gradual para o socialismo por meio de uma aliança dos operários e camponeses com a burguesia. Os mencheviques eram liderados por Plekhanov e Martov.

O rompimento definitivo entre os dois grupos se deu em 1912. Os bolcheviques formaram um novo partido e passaram a defender abertamente as ideias de Marx e Engels e a queda do czarismo, além de denunciar , após 1914, a participação russa na primeira guerra mundial. A luta incessante dos bolcheviques contra o regime imperial levou muitos de seus líderes para a prisão ou para o exílio em países europeus.

BOLCHEVIQUE MENCHEVIQUELÍDER PRINCIPAL LÊNIN MARTOVOBJETIVO CONQUISTAR O PODER POR MEIO

DA REVOLUÇÃO SOCIALISTA.CONSEGUIR O PODER ALIANDO-SE COM A BURGUESIA E OBTENDO A MAIORIA DOS VOTOS NO PARLAMENTO (DUMA).

ESTRATÉGIA CONFIAR A LUTA REVOLUCIONÁRIA A UM PARTIDO DISCILINADO QUE UNISSE SOLDADOS, OERARIOS E CAMPONESES.

PROMOVER UMA REVOLUÇÃO BURGUESA CONTRA O CZARISMO

E, DEPOIS, CHEGAR AO SOCIALISMO ELA VIA ELEITORAL.

A revolução de fevereiro

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No mês de fevereiro de 1917, rebeliões populares, greves gerais, revoltas armadas de soldados contra seus comandantes, uma grave crise de abastecimento e a atuação dos sovietes no campo e nas cidades criaram uma situação revolucionaria na Rússia.

A grande liderança que surgiu nesse processo foi o soviete da cidade de Petrogrado, controlado pelos mencheviques e socialistas revolucionários, reformistas que tinham muita influência no meio camponês. Nessa época, a maior parte da liderança bolchevique estava presa ou exilada.

O soviete de Petrogrado pressionou a Duma (Parlamento Russo) para nomear um novo governo. Formou-se assim um governo de coalizão , que aglutinava mencheviques e vários partidos reunidos em torno de um programa liberal. Diante dos acontecimentos, o czar foi obrigado a renunciar.

A monarquia czarista foi substituída por uma república liberal, dirigida pelo menchevique Kerensky, que proclamou as liberdades fundamentais e anistiou os presos políticos. Durante o governo provisório, a crise econômica foi se agravando com o fechamento de indústrias e o aumento generalizado dos preços.

A insistência em manter a Rússia na Primeira Guerra gerou violenta posição liderada pelo partido bolchevique. Soldados e camponeses reivindicavam paz, terra e pão. A crise social e política anunciava a eclosão de um novo processo revolucionário.

A revolução de outubroAo regressar de seu exílio na Suíça, Lênin se tornou o líder dos

bolcheviques. O programa bolchevique priorizava a distribuição de terras aos camponeses, a direção das fabricas pelos comitês operários, a autonomia para as nacionalidades oprimidas pelo Império Russo, a saída imediata da Rússia da guerra e a entrega do poder aos sovietes.

Em outubro de 1917 (novembro no Calendário Ocidental), os bolcheviques tomaram o Palácio de Inverno, depuseram o governo de Kerensky e convocaram o 2° Congresso dos Sovietes. Os sovietes, sob a liderança de Lênin e Trotsky, assumiram o poder. O Partido Bolchevique foi transformado em Partido Comunista e importantes medidas revolucionarias foram decretadas:

- A Rússia retirou-se da Primeira Guerra ainda em 1917;- Assinou-se o tratado de Brest-Litovsky com a Alemanha, pelo qual a

Rússia perdia a Polônia, Bessarábia e territórios bálticos (Letônia, Estônia, Lituânia e Finlândia);

- Estradas de ferro e bancos foram nacionalizados, terras foram divididas e dadas aos camponeses, a produção industrial passou a ser controlada pelos operários. Os bolcheviques também declararam o direito de autodeterminação das nacionalidades que formavam o antigo Império Russo. As medidas revolucionarias do novo governo feriram os interesses da burguesia e das grandes empresas estrangeiras que atuavam no país.

- Foi criado o Exército Vermelho, comandado por Leon Trotsky e encarregado de combater os inimigos da revolução (oficiais czaristas, aristocratas, burgueses, apoiados por forças francesas, norte-americanas, japonesas e inglesas), que formaram o Exercito Branco.

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Entretanto as dificuldades geradas pela guerra contra os adversários da revolução e os rumos tomados pelo Partido Bolchevique, entre outros fatores, em pouco tempo conduziram a Rússia para o totalitarismo.

A guerra civil e o comunismo de guerraEm 1918 começou uma guerra civil contra a Revolução Bolchevique. Do

lado contrarrevolucionário estava o Exército Branco, representante da burguesia, da aristocracia e dos mencheviques, apoiado por países estrangeiros, principalmente EUA, Grã-Bretanha, França e Japão. Também os anarquistas lutavam contra os bolcheviques e defendiam mais liberdades e o fim da centralização política do novo regime. Do lado oposto, estava o Exército Vermelho, dos bolcheviques, comandado por Trotsky.

Em agosto de 1918, a situação dos bolcheviques era desesperadora. De um lado, as forças estrangeiras atacavam a Rússia em todas as frentes; de outro, os camponeses médios e ricos, descontentes com o novo regime , se recusavam a abastecer as cidades. A fome rondava o país.

Diante da guerra civil e das dificuldades que ela gerava, Lênin estabeleceu o comunismo de guerra. O programam definiu o confisco de colheitas no campo para abastecer os soldados e as cidades; a suspensão da liberdade de imprensa, de greve e de associação; os partidos mencheviques e socialista revolucionário foram proibidos; o czar e sua família, que estavam presos foram executados, mediante a justificativa de que a família real poderia fortalecer a luta contrarrevolucionária.

A guerra terminou em 1921 com a vitória do Exército Vermelho e a sobrevivência do Estado socialista. A Rússia Soviética, porém, estava arruinada. Os canais de abastecimento das cidades e do campo haviam desaparecido, as minas estavam abandonadas, e os transportes desmantelados.

A produção industrial , em 1921, representava 13% do alcançado em 1913. A colheita de cereais, que tinha sido de 96 milhões de toneladas em 1913, caiu para 35 milhões em 1921. As cidades se esvaziaram. Petrogrado perdeu 57,5% de sua população; Moscou, 44,5%.

A Nova Política Econômica (NEP)Para recuperar a economia russa, o 10° Congresso do Partido Comunista

da Rússia aprovou em 1921, a Nova Política Econômica. As medidas fundamentais da NEP foram a formação de cooperativas nacionais, a autorização para pequenas e médias empresas privadas funcionarem e a permissão para os camponeses venderem o excedente de seus produtos no mercado livre interno. As grandes indústrias, o sistema financeiro, os transportes e as comunicações continuaram controlados pelo Estado. Permitiu que os capitais estrangeiros entrassem no país sob forma de empréstimos e investimentos.

O objetivo não era restaurar o capitalismo, mas tomar providências urgentes para que se evitasse a total falência da economia russa e salvassem o regime recém-estabelecido.

O modelo da NEP foi a pausa necessária para o posterior desenvolvimento do socialismo. Partiu-se do pressuposto de que era necessário estimular uma produção excedente no campo para abastecer as cidades e possibilitar o crescimento industrial.

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A ditadura de StalinEm 1922 foi criada a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas

(URSS), integrando as regiões que constituíam o Império Czarista.Com a morte de Lênin, em 1924, iniciou-se uma disputa política entre

Stalin e Totsky, os dois principais dirigentes do Partido Comunista. Totsky destacou-se como comandante do Exército Vermelho. Depois da

vitoria na guerra contra os russos brancos, passou a ser visto como símbolo da resistência russa e o provável sucessor de Lênin. Segundo Totsky, a única forma de impedir que as potências capitalistas destruíssem a URSS seria estender a revolução socialista a outros países, ou seja, internacionalizar a revolução. O ideal totskista era de uma revolução permanente. Já Stalin pensava de outra forma. Seu lema era: “O socialismo em um único país”, ou seja, ele julgava que , primeiro, era necessário consolidar o socialismo na URSS, para depois ajudar a fazer revoluções em outros países. Por meio de manobras políticas, Stalin expulsou Totsky do Partido em 1927; pouco deois o expulsou do país. Depois mandou matar Totsky, que estava exilado no México. Stalin venceu e governou a URSS, como ditador, até sua morte, em 1953.

O regime ditatorial de Stalin ficou conhecido como stalinismo, e teve as seguintes características:

- As liberdades individuais foram suprimidas, e os adversários do regime, até líderes da revolução e parentes de Stalin, acabaram presos ou assassinados.

- O sistema de partido único não permitia qualquer tipo de oposição. Uma simples suspeita era suficiente para que o “oposicionista”, verdadeiro ou não, fosse enviado para campos de concentração (Gulags) na Sibéria.

- As diversas populações não russas tiveram suas nacionalidades oprimidas. A língua russa e as regras ditadas pelo governo soviético foram impostas.

- Houve uma forte burocratização do Estado: uma camada de funcionários do governo stalinista, que gozava de privilégios, acabou formando uma poderosa elite política.

- Instituiu-se a censura à imprensa e ao pensamento. Milhares de artistas, escritores, intelectuais e cientistas foram perseguidos, presos ou mortos.

- Aconteceram inúmeros julgamentos forjados onde os adversários do regime eram obrigados a confessar sob tortura, e depois eram condenados à morte. Mesmo alguns comunistas foram mortos dessa forma.

O isolamento da URSS obrigou o governo a financiar o desenvolvimento do país. O Estado promoveu o desenvolvimento da indústria de base, investiu na educação e na qualificação da mão-de-obra, além de ter formado cooperativas agrícolas, os kolkhozes e os sovkhozes , para ampliar a produção no campo.

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XLIXA Crise na Europa e a Ascensão dos EUA

O fim da Primeira Guerra deixou um saldo pesado para toda a Europa. O mundo nunca vira conflito tão sangrento: mais de 8 milhões de soldados e 6,5 milhões de civis morreram em seus quatro anos de duração. Os países gastaram muito (estima-se que o custo total tenha sido de 375 bilhões de dólares), o que comprometeu muito sua reconstrução no pós-guerra. A Grã-Bretanha, por exemplo, perdeu 6% de sua população masculina e 32% de sua riqueza nacional.

A indústria inglesa sofria com a concorrência externa e com a retração do comércio na Europa. O desemprego atingia cerca de 1 milhão de pessoas e as greves se sucediam. A crise fez com que o Partido Trabalhista assumisse pela primeira vez o governo, em 1924, substituindo o Partido Liberal. Os dois partidos se alternaram no poder até a crise de 29, que teve início em Nova York e atingiu o mundo todo. As exportações britânicas caíram e o desemprego triplicou. A situação econômica só melhorou em 32, quando os países da Comunidade Britânica e a Inglaterra se reuniram na Conferencia de Ontawa (Canadá) para adotar medidas protecionistas.

Na França, a situação não era melhor. Supondo que os alemães respeitariam o Tratado de Versalhes e pagariam as indenizações de guerra, o governo financiou a reconstrução nas regiões devastadas por meio da emissão de apólices. No entanto, essa ação, somada ao custo de guerra, fez o déficit no orçamento saltar de 32 bilhões de francos em 1914 para 294 bilhões de francos em 1921. Com uma política de combate à inflação, aliada ao aumento de impostos e corte de despesas, o governo conseguiu contornar a crise.

Em 1936, um frustrado golpe fascista levou a formação de uma frente popular, composta de partidos de esquerda, que ganhou as eleições, levando ao poder o ministro socialista Leon Blum. O governo de Blum promoveu reformas favoráveis aos trabalhadores, o que deixou empresários insatisfeitos. A produção industrial francesa caiu a níveis anteriores ao da crise de 29, e Blum deixou o governo.

Enquanto isso, do outro lado do Atlântico, os EUA desfrutavam de uma situação privilegiada de ter sido o maior financiador dos aliados na Europa. De devedores, passaram a credores, emprestando cerca de 10 bilhões de dólares às nações do continente europeu envolvidas no conflito. A indústria, principalmente a bélica, desenvolveu-se, e o país ganhou novos mercados na

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América Latina e na Ásia. Em 1918, os EUA possuíam metade de todo o ouro do mundo.

Mas também havia problemas. Os empresários reclamavam dos impostos sobre a indústria de guerra e as classes baixa e média se queixavam do alto custo de vida. Em novembro de 1918, os republicanos conseguiram a maioria no Congresso e começaram a se opor ao governo do democrata Woodrow Wilson. A recuperação da indústria europeia no pós-guerra e a diminuição dos empréstimos dos EUA para o Velho Mundo causaram a retração das exportações entre 1920 e 21, o que provocou a paralisação da indústria.

Os republicanos, então, elegeram em 1920 o presidente Warren Harding, que tomou medidas pró-empresariado. Houve restrição à entrada de mão-de-obra europeia, as greves foram contidas e os sindicatos de patrões passaram a se opor aos de trabalhadores, inclusive com o uso da força. De 23 a 29, com uma sucessão de presidentes republicanos, o país prosperou como nunca e sua economia cresceu 64%.

A venda a crédito fez com que milhões de pessoas pudessem comprar uma casa ou um carro. O patrimônio das empresas se valorizou graças à especulação na Bolsa de Valores. A indústria do entretenimento se desenvolveu rapidamente. Tudo isso deu origem ao American Way of Life , considerado um exemplo da moderna Civilização Ocidental. O excesso de produção, porém, iria desembocar numa crise de proporções gigantescas que acabaria com o American Dream.

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LA República de Weimar e a ascensão de Hitler

Ao fim da guerra, a sorte da Alemanha estava selada. O Tratado de Versalhes responsabilizava o país pelo conflito, impondo-lhe uma série de condições, como se desmilitarizar e pagar indenizações às nações atacadas. A abdicação do imperador Guilherme II, em 1918, e a instituição da República de Weimar contribuíram ainda mais para o clima de instabilidade política. Conservadores e monarquistas não aceitavam a legitimidade do governo, enquanto socialistas e comunistas questionavam sua autoridade. Além disso, uma crise social acendia focos revolucionários em várias cidades.

Para tentar controlar a situação, o presidente social-democrata Friedrich Ebert reprimiu as tentativas de impor o socialismo a força, e importantes líderes esquerdistas, como Karl Liebknecht e Rosa Luxemburgo, foram mortos. Em janeiro de 1919 foram realizadas eleições no Parlamento, vencidas pela coalizão republicana. Neste mesmo ano foi votada a Constituição de Weimar, que estabelecia um Parlamento (Reichtag), e um presidente eleito a cada sete anos que poderia governar por decretos em situações de emergências. Também trazia direitos e deveres aos cidadãos e políticas públicas para setores como trabalho e educação.

Isso porém, não trouxe paz às facções políticas. Forças de direita se uniram às de esquerda em oposição à República. Dificuldades econômicas, acentuadas pelo pagamento das dívidas de guerra, atingiram o máximo em 1923, quando a inflação explodiu e o marco sofreu grande desvalorização diante do dólar. Quando o país começou a dar calote nos países aliados, franceses e belgas ocuparam a região do rio Ruhr.

Aproveitando a turbulência, um austríaco chamado Adolf Hitler e um punhado de colegas do ainda incipiente Partido Nacional Socialista tentaram dar um golpe de Estado. Mas, sem apoio popular, a manobra fracassou e Hitler e seus companheiros terminaram presos.

Graças aos EUA, que propuseram um plano para reduzir as reparações de guerra e conceder um mega empréstimo ao país, a Alemanha voltou a conhecer a prosperidade.

De 1924 a 1929, a produção industrial retomou aos níveis do período pré-guerra, e o país passou a exportar e a importar produtos. As grandes empresas cresceram, e havia forte presensa estatal na economia. O bom momento econômico impulsionou a cultura, notadamente as artes plásticas, a literatura e o

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cinema. Com a morte de Erbet, o marechal Paul Von Hindenburg assumiu a presidência, em 1925, e nomeou Gustav Stresemann primeiro-ministro.

A política de Stresemann, nacionalista contrário a extremismos, fez om que a Alemanha voltasse ao cenário internacional, ao assinar o Tratado de Locarno, em 1925. Firmado com a Grã-Bretanha, França, Itália e Bélgica, esse tratado estabeleceu que os signatários respeitassem as fronteiras, não se aliariam sem consultar os demais países e resolveriam suas diferenças em conferências internacionais. No ano seguinte, o país era admitido na Liga das Nações,

Durante esse breve período de estabilidade, os nacionais-socialistas (ou nazistas, devido a sigla do partido, NAZI) perderam força, da mesma forma que os comunistas. A crise de 1929, porém, mergulhou a Alemanha em um novo caos, preparando terreno para a ascensão de Hitler.

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LIO Crash da Bolsa de Nova York

A Primeira Guerra Mundial havia entronizado os EUA como o país mais rico e poderoso. Ao fim do conflito, o país começou a emprestar dinheiro para ajudar na reconstrução da Europa. Sua produção industrial andava a todo vapor, tanto para abastecer o mercado interno como para atender as exportações. A euforia dominou a nação. Com a recuperação da Europa, no entanto, a situação começou a mudar, e as exportações diminuíram, criando um excedente que os EUA não conseguiram absorver.

Naquele momento, a solução seria diminuir a produção, o que provocaria uma crise econômica e social. O governo liberal do presidente Herbert Hoover não cogitava intervir na economia, e os empresários nunca aceitariam tal medida. Numa tentativa de resolver o impasse, uma parte dos capitais excedentes foi emprestada a países pobres para que pudessem comprar produtos dos EUA. O resto foi transformado em crédito para estimular o mercado interno. A produção agrícola que não foi vendida acabou estocada. Como as despesas de armazenagem eram altas, muitos agricultores tiveram de hipotecar suas propriedades.

Em meados de 1929, os empresários que investiram na Europa, principalmente na Alemanha, pisaram no freio por causa da instabilidade que rondava o Velho Continente. A consequência foi a diminuição das exportações, agravada pela recuperação da Inglaterra e da França no cenário mundial. Internamente, os altos estoques de grãos derrubaram seus preços no mercado, fazendo com que os agricultores falissem. O excesso de produção na indústria levou à demissão de trabalhadores, que , sem poder de compra, não fizeram a economia girar.

A crise atingiu a Bolsa de Valores de Nova York, que negociava as ações das maiores empresas dos EUA. Como a maioria delas estava em dificuldades, o preço das ações caiu muito. Preocupados, os acionistas resolveram vender os seus papéis. Mas havia muito mais vendedores que compradores, o que fez o valor das ações baixar mais ainda. A fim de evitar o colapso total, um grupo de bancos comprou um grande numero de ações, lançando bastante dinheiro na Bolsa. Até aí, tudo bem. Quando quiseram vender, no inicio de 1930, as ações já

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não valiam nada. As empresas e os bancos estavam falidos, assim como os agricultores, que perderam suas terras, o que paralisou o cultivo. O desemprego se espalhou como um rastilho de pólvora pelo país. O mundo todo se abalou com essa crise.

Os efeitos mundiais da crise:A quebra dos mercados de ações em 29 trouxe a ruína de milhares de

investidores e o fechamento de inúmeras empresas. A crise se prolongou por vários anos.

Muitas economias nacionais, ao final da década de 20, estavam articuladas umas às outras. O capitalismo industrial e a divisão internacional do trabalho haviam estabelecidso vínculos profiundos e relações de interdependências entre elas, especialmente na Europa e na América.

Devido a essa interdependência , os efeitos da crise não se limitaram aos EUA. Eles se estenderam pela maior parte do mundo durante a década de 30, atingindo até o Brasil. Apenas alguns paises economicamente isolados como o Nepal, Butão, entre outros, não foram atingidos.

A URSS, onde se emprementava o modelo socialista de economia planificada, havia sido isolada pelos paises capitalistas após a guerra civil para que seu socialismo não fosse exportado. Naquela ocasião , o isolamento se tornou , ironicamente , bom para os socialistas, pois não foram afetados pela crise.

O New Deal:Em 1933 o democrata Franklin Roosevelt assumiu a presidência dos

EUA, eleito com a promessa de recuperar a economia. O novo presidente adotou um ambicioso plano de combate à crise, que ficou conhecido como New Deal (Novo Acordo).

A base do programa era o abandono do liberalismo e a adoção de uma política de intervenção direta do governo na condução da economia, para combater a especulação e os efeitos desastrosos do mercado livre.

As principais linhas de atuação do New Deal foram:- Agricultura: adotaram-se medidas para aumentar os rendimentos dos

agricultores, fixando limites à produção, recuperando os preços e fornecendo incentivos às exportações.

- Indústria: para ajudar na recuperação das empresas foi criado um programa de auxílio à indústria: concessão de financiamentos a juros baixos, compra de ações ou nacionalização de empresas em dificuldades ou em processo de falência.

- Emprego: a jornada de trabalho semanal foi reduzida; fixou-se um salário mínimo e realizou-se um programa de construção de obras públicas, como estradas, pontes, usinas hidrelétricas, escolas, parques e hospitais, criando novos postos de trabalho.

O New Deal provocou a queda no desemprego, aliviando a situação de milhões de famílias. A recuperação da economia foi financiada com o dinheiro publico, obtido com o aumento de impostos. A taxação dos cidadãos mais ricos foi o mecanismo escolhido pelo governo para garantir a distribuição de renda e financiar a recuperação econômica do país.

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Em geral, as medidas do presidente Roosevelt foram bem recebidas pelos americanos, que o reelegeu nas eleições de 1936,1940 e 1944. No segundo e terceiro mandato as medidas intervencionistas se aprofundaram, centralizadas na recuperação econômica. A política de bem-estar social também teve grandes avanços, com a aprovação do direito de greve, da liberdade sindical e de uma legislação de seguridade social, que instituía pensões para os idosos e auxilio aos necessitados.

O democrata Franklin Roosevelt permaneceu quinze anos na presidência dos EUA, o mais longo governo da historia do país. Roosevelt se destacou por comandar a participação dos EUA na 2ª Guerra e por promover com o restante dos países do Continente Americano a chamada “política da boa vizinhança”, com o intuito de garantir a influência estadunidense.

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LIIA EXPLOSÃO DO NAZISMO

Com a retirada dos empresários americanos, a inflação voltou a fustigar a Alemanha, o que agravou a situação econômica. O desemprego aumentou, passando de 1,3 milhão em 1929 para 3 milhões no ano seguinte. A moeda se desvalorizou de tal forma que bilhões de marcos mal davam para comprar um pedaço de pão. A miséria crescente fez diminuir a confiança na República, o que abriu espaço para nazistas e comunistas.

Com a morte do primeiro-ministro Gustav Stresemann, foi nomeado para seu lugar Heirich Brüning, que convocou eleições em setembro de 1930. Os nazistas elegeram 107 deputados para o Parlamento, e os comunistas 77. Brüning foi substituído por Von Papen em 1932, o que prolongou por mais alguns meses a Republica de Weimar. Mas, com Hindenburg cansado e doente, a historia iria mudar a favor dos nazistas. Adolf Hitler foi nomeado chanceler em janeiro de 1933. O cenário era pior.

Os bancos estavam quebrados, 6 milhões estavam desempregados e o país estava um completo caos. Era o momento de manipular as massas em favor dos nazistas. Hitler havia prometido trabalho para todos, terra para os camponeses e o fim da crise social. Também falava em descumprir o Tratado de Versalhes, e de anticomunismo e antissemitismo. Por outro lado, contava com o apoio financeiro dos industriais e da classe média, que temiam os esquerdistas comunistas.

A morte de Hindenburg, em 34, levou Hitler, já com plenos poderes delegados pelo Parlamento, a tornar-se também presidente. Começava a ditadura nazista. Comunistas e judeus passaram a ser perseguidos e presos, os direitos constitucionais foram suspensos e os partidos políticos, dissolvidos. Às temidas AS, brigadas paramilitares nazistas, juntou-se a SS, polícia executiva, que ao lado da Gestapo (Polícia política), era responsável pela repressão sistemática aos opositores do regime.

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A “conversão” do povo alemão foi feita com base na propaganda. Hitler era o “chefe” (führer), que iria conduzir a “raça ariana” em sua conquista do mundo. As mulheres deveriam gerar “filhos puros” para garantir o futuro da nação, enquanto o dever dos jovens era manter a “pureza racial” e cuidar do corpo, principalmente através da prática esportiva. A cultura também foi colocada a serviço do Terceiro Heich, o que provocou o êxodo de escritores, cineastas e artistas diversos que não concordavam com os nazistas.

Ao mesmo tempo em que abandonou a Liga das Nações e autorizou o serviço militar, Hitler foi recuperando a economia alemã. Tanto os grandes empresários como os trabalhadores estavam submetidos ao controle estatal. Os sindicatos foram abolidos e as greves, proibidas. Programas econômicos e obras públicas em larga escala foram adotados para diminuir o desemprego. Em 36, o número de desocupados caiu para menos de um milhão. Aos poucos, os judeus foram sendo excluídos da vida econômica, tendo seus bens confiscados a partir de 1938.

Terminada a fase de ajustes internos, Hitler passou a sonhar alto. Sob o pretexto de reunir no mesmo território os alemães que viviam fora do país, iniciou a expansão de suas fronteiras, mutiladas pelo Tratado de Versalhes. A região do Sarre foi integrada à nação, em 1935. Um ano depois, as tropas alemãs invadiram a Renânia, zona desmilitarizada desde 1919, na fronteira com a França e a Bélgica. Um acordo com a Grã-Bretanha, em 35, permitiu ao país o rearmamento naval, limitado a 35% da força britânica. O mundo ainda não tinha certeza, mas a Alemanha de Hitler se preparava para a guerra.

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LIIIOs Regimes Autoritários Tomam Conta da Europa

Entre a revolução e o nazifascismo:A crise de 29 ajudou a produzir uma grande divisão política na Europa. O

liberalismo parecia não ter resposta para a crise. Alguns começavam a apoiar a revolução socialista e condenavam o capitalismo como responsável pela crise. Outros, principalmente a classe média e a burguesia, preocupados com a iminência de uma revolução, apoiavam propostas autoritárias, com o objetivo de defender o nacionalismo e o capitalismo contra a ameaça comunista.

Crise econômica, polarização política, ressentimento com o desfecho da guerra, esse era o quadro da Europa no inicio dos anos 1930. Entre a revolução, o liberalismo e as propostas autoritárias ou totalitárias, em muitos países venceu a última opção.

Características dos regimes totalitários:O autoritarismo e o totalitarismo são regimes de governo que se

caracterizam pelo abuso da autoridade no exercício do poder.Os dois conceitos porem, não são sinônimos. O totalitarismo é um regime

extremo, em que a vontade do grupo governante se confunde com a vontade do Estado. A intervenção do Estado na vida das pessoas é a máxima possível. As relações sociais são reguladas, o cotidiano é rigidamente policiado (Estado Policial). A propaganda ideológica do regime é intensa, a imprensa, a cultura e o sistema educacional são diariamente controlados e vigiados. O uso da força é outra forte característica deste regime, e os que não concordam com o regime, tem uma posição política diferente ou não pertencem ao grupo social ou étnico dominante é visto como criminoso e inimigo do Estado, sendo assim, perseguido, preso ou morto.

Houve muitas experiências autoritárias na história. O totalitarismo, porem, costuma ser associado apenas àquelas que, no século XX, promoveram

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grandes perseguições aos seus opositores e causaram milhões de mortes: o fascismo, na Itália; o nazismo, na Alemanha; e o Stalinismo, na URSS.

Portugal, Espanha, Polônia, Áustria, Hungria, entre outros paises, também tiveram experiências autoritárias, que não se enquadram, porém no totalitarismo.

O termo fascismo também é usado, genericamente, para designar tanto a ditadura fascista na Itália, como a nazista na Alemanha. Assim o nazismo também pode ser chamado de fascismo.

A Itália às vésperas do fascismo:A economia italiana teve um enorme impulso durante a Primeira Guerra.

Estimulada pela indústria de armamentos, a produção de aço e ferro, por exemplo, elevou-se de 200 mil toneladas por ano para um milhão de toneladas entre 1915 e 1917.

Após a guerra, a inflação contribuiu para eliminar um grande número de pequenas e médias empresas, e criar um aumento no desemprego. A sociedade italiana enfrentava também o drama das perdas humanas na guerra: cerca de 600 mil mortos e 500 mil mutilados. Alem disso, os italianos se sentiam traídos pelos aliados por não terem recebidos os territórios prometidos em troca do apoio da Itália aos países da Entente.

Os fascistas marcham sobre Roma:A crise do pós-guerra e o fortalecimento das organizações operárias

representavam uma ameaça à monarquia italiana. O avanço das propostas socialistas e a crise social, abriram espaço para a fundação dos fascio di combattimento , grupos paramilitares liderados por Benito Mussolini.

Em 1922, Mussolini e seu grupo atacavam violentamente as organizações operárias e socialistas. Os fascistas contavam com o apoio financeiro dos principais latifundiários, comerciantes, banqueiros, e industriais italianos, que aderiram ao fascismo para impedir o avanço da Revolução Socialista.

Em outubro de 1922, os fascistas promoveram a marcha sobre Ro,ma. Nela exigiram a entrega do poder para Mussolini. O rei, pressionado, convocou o líder fascista a formar um novo governo. A partir daí Mussolini passou a ser chamado o Duce, que significa Chefe ou Condutor.

Depois disso , a Itália entrou numa fase de recuperação. O investimento do Estado na infraestrutura urbana e na construção de obras publicas foi a estratégia dos fascistas para combater o desemprego. A situação dos trabalhadores, contudo, não melhorou muito.

Exercendo uma brutal repressão contra os opositores do regime, a ditadura fascista italiana, sob o comando do Duce, manteve-se durante os anos de 1930 e só foi derrubada do poder no final da Segunda Guerra.

A Dolorosa Experiência do Nazismo na AlemanhaO Partido Nazista:A doutrina nazista pregava a superioridade da “raça ariana”, destinada a

impor seu domínio sobre toda a Europa, e talvez sobre o mundo. Para os nazistas, a tarefa de expandir a supremacia ariana exigia a destruição dos inimigos da Alemanha: as potências estrangeiras que impuseram o Tratado de

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Versalhes, e os judeus, acusados de explorar economicamente e conspirar contra o povo alemão. Pregava-se que os judeus eram uma “raça” que “maculava” o povo alemão em termos raciais, e que eles pretendiam dominar o mundo. Os nazistas consideravam os judeus, assim como ciganos, poloneses e russos como “raças” inferiores, que deveriam ser dominadas, esterelizadas e extintas. Muitos alemães contrários ao regime também foram perseguidos, presos e mortos, bem como pessoas doentes, deficientes físicos e mentais, homossexuais etc.

A ideologia nazista articulou-se politicamente em torno do Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães (NAZI), fundado em 1919. Os nazistas procuravam explorar o sentimento nacionalista do povo alemão, abalado com os resultados da Primeira Guerra. Além disso , a estrutura do partido, fortemente militarizada, simbolizava a ideia da ordem num país que estava desorganizado politicamente , socialmente e economicamente.

Em meio à crise, o partido nazista ganhou apoio, por pregar o nacionalismo, a rejeição ao Tratado de Versalhes e a unidade nacional. As AS (Tropas de Assalto), ligadas ao Partido Nazista, atacavam associações comunistas e socialistas.

Para ampliar o apoio popular, os nazistas apresentaram propostas que beneficiariam os trabalhadores urbanos e rurais:

- Reforma agrária , nacionalização dos trustes e participação dos trabalhadores nos lucros das empresas;

- Anulação de dívidas de agricultores, preços melhores para as colheitas, salários dignos para os operários e incentivos ao comércio.

Explorando o nacionalismo alemão, os nazistas responsabilizaram os judeus, os comunistas e o governo republicano e liberal de Weimar pela situação de crise no país.

O putsch de Munique e o Mein Kampf:Em novembro de 1923, na cidade de Munique, um grupo nazista,

liderados por Adolf Hitler, tentou um golpe de Estado (Putsch) . O golpe foi reprimido e os rebeldes presos. Na prisão, Hitler escreveu um livro chamado Mein Kempf (Minha Luta), que se tornou a “Bíblia” dos nazistas. Nesse livro, Hitler expunha todas as suas ideias nazistas e racistas, alem da doutrina do “espaço vital”, ou seja , a expansão territorial da Alemanha e a necessidade de se criar um Estado totalitário para realizar as mudanças de que a Alemanha necessitava para ser uma grande potência. Veja alguns pontos defendidos pela cartilha nazista:

- O marxismo judaico deve ser combatido, pois prega a força das massas, anulando o papel do indivíduo e das nacionalidades;

- O regime da democracia parlamentar é incapaz de atender às necessidades gerais porque o povo não está preparado para escolher seus representantes;

- A educação, o teatro, o cinema, e a literatura devem ter como tarefa fortalecer a saúde física e intelectual do povo alemão, conservando a pureza da “raça”.

A obra Mein Kampf pode ser sintetizada como um manifesto de Hitler em defesa da batalha racial, cultural e política dos “arianos” contra os

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marxistas, os judeus, os liberais, as “raças” consideradas inferiores e os opositores ao regime.

Os nazistas tomam o poder:A partir dos anos 1930, o apoio dos grandes industriais e do exército foi

decisivo. Além disso, a popularidade do nazismo era cada vez maior. Em 1932 o Partido Nazista venceu as eleições para o Parlamento (Reichstag). Em 1933, Hitler assumia a chefia do governo. Menos de um mês depois , os nazistas incendiaram o prédio do Parlamento e responsabilizaram os comunistas. Isso serviu de pretexto para reprimir com violência os grupos de esquerda, fechar os outros partidos políticos e instaurar a ditadura.

A expansão alemã: Ao mesmo tempo que reprimia os opositores, o regime nazista

implementava políticas para estender sua popularidade. A mais importante delas foi por em prática o expansionismo que se baseava no pan-germanismo e no espaço vital:

- Pan-germanismo: segundo essa tese, o Estado Alemão deveria reunir todos os alemães que viviam em outros países em uma mesma nação e, em seguida, estender seus domínios sobre outros territórios a fim de assegurar sua permanência como potência mundial.

- O espaço vital: era o princípio de que os “povos inferiores” deveriam ser dominados e parte de sua população eliminada, garantindo-se assim territórios onde a “superior raça alemã” pudesse se multiplicar e viver adequadamente.

A guerra civil espanhola:A possibilidade da Alemanha exercer influência política e militar fora

das fronteiras alemãs se tornou concreta com a Guerra Civil Espanhola (1936-1939), travada entre os seguidores do general Franco (que tinha ideias autoritárias) e os republicanos.

Em abril de 1937, a força aérea alemã (Luftwaffe) , com o objetivo de testar sua eficiência bélica, deu apoio ao general Franco, bombardeando o vilarejo basco de Guernica.

O general Franco venceu a guerra e instituiu uma ditadura que durou cerca de quarenta anos.

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LIVSEGUNDA GUERRA MUNDIAL

Antecedentes:A Alemanha de Hitler:Com a vitória do nazismo na Alemanha, Hitler rompeu com o Tratado de

Versalhes: reaparelhou o exército, ampliou o efetivo militar de 100 mil para mais de 3 milhões de homens e fomentou a indústria bélica. Em 1939, às vésperas da guerra, a Alemanha contava com aviões de guerra, caças, submarinos e bombardeios de ultima geração, comandados por oficiais disciplinados e bem treinados.

As ambições do Japão e da Itália:O Japão e a Itália integravam o bloco de países vencedores da 1ª Guerra.

A Itália saiu da guerra com ganhos territoriais nos Alpes e no Mar Adriático. Mas isso representava muito pouco para as ambições do governo fascista, que pregava a construção de uma Grande Itália. Mussolini implantou um plano de modernização do país, centrado no desenvolvimento da indústria, dos transportes e da produção militar. O objetivo era preparar a Itália para a conquista de novos territórios, a começar pela África.

O Japão saiu da guerra como maior potência do Extremo Oriente, dominando todo o comércio da região e fazendo da China uma área de livre exploração econômica. No entanto, a expansão japonesa esbarrava na escassez de recursos naturais, como petróleo, ferro , carvão, o que obrigava o pais a depender das exportações estrangeiras. A anexação de territórios vizinhos parecia ser a solução para a economia japonesa.

O expansionismo na década de 30:

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O primeiro passo da expansão territorial dada pelo Japão, foi invadir a Manchúria em 1931. No ano seguinte ocupou a China ao norte da Grande Muralha. Em 1935, Hitler rompeu com os acordos de paz assinados no fim da Primeira Guerra e retirou a Alemanha da Liga das Nações. Três anos depois ocupou a Áustria. Mussolini, por sua vez , ocupou a Etiópia, na África.

O acordo de Munique:Enquanto as expansões ocorriam, França e Inglaterra mantinham – se

neutras. Isso devia-se em parte às lembranças da Primeira Guerra. Franceses e ingleses queriam manter a paz. Alem disso, França e Inglaterra não tinham poder militar e recursos financeiros para vencer a Alemanha.

O próximo passo do governo nazista foi invadir a tchecoslováquia, para anexar a região dos Sudetos, onde viviam muitos alemães. Isso fez com que os governos da Alemanha , Itália, França e Inglaterra assinassem um acordo na Conferencia de Munique em 1938. Esse acordo declarava: Cerca de 20% do território tcheco, uma área rica em minérios, passaria para os alemães; a Eslováquia seria separada das regiões tchecas e passada para a influência alemã. Um ano depois do acordo Hitler anexou completamente o território tcheco.

O acordo de Munique foi uma vitória para Hitler. Enquanto ingleses e franceses acreditavam que a guerra tinha sido evitada.

A eclosão da 2ª GuerraA invasão da Polônia:Preocupados com o avanço de Hitler, França e Inglaterra assinaram um

acordo com a Polônia que garantia apoio no caso de uma invasão alemã. Enquanto isso, Hitler assinava com Stalin o Pacto Nazi-Soviético de Não Agressão, em 1939. Esse pacto previa a divisão da Polônia entre os países.

Confiante de que franceses e ingleses ficariam neutros, e tranquilizado pelo acordo com a URSS, Hitler invadiu a Polônia em 1° de setembro de 1939. Dois dias depois a Inglaterra e a França declararam guerra à Alemanha. Começava a Segunda Guerra Mundial.

Nos primeiros meses não houve um confronto real entre a Alemanha e seus adversários, salvo uns poucos combates navais. Quase toda a Polônia foi anexada pela Alemanha, e sua outra parte, a leste, foi ocupada pela URSS. Em um ano cerca de 4 mil poloneses foram levados à Alemanha para trabalhar em regime de semiescravidão. O território polonês foi usado por Hitler para aplicar com mais força a ideia da “solução final” contra os judeus, ou seja, seu extermínio. Lá os nazistas construíram campos de concentração, onde prisioneiros judeus, poloneses, ciganos, comunistas, homossexuais, presos das mais diversas origens, opositores do regime, pessoas consideradas fisicamente “inferiores” como deficientes físicos e mentais, eram forçados à trabalhar ou eram exterminados. Havia campos só para trabalho, campos para extermínio e campos conjugados (para as duas funções). O campo que ficou mais conhecido foi o de Auschwitz, construído depois de 1940, onde morreram cerca de 2 milhões de judeus que viviam na Polônia ou que tinham sido trazidos de outros países onde os nazistas dominavam.

A conquista da Europa:

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Os combates entre os aliados e as forças do Eixo começaram de fato em 1940, quando os alemães partiram para a invasão dos países nórdicos. Em maio desse ano, os nazistas conseguiram invadir e dominar a Dinamarca e a Noruega.

Enquanto se davam as lutas na Noruega, Hitler conseguiu invadir a Holanda e a Bélgica, objetivando invadir a França e criar uma base ofensiva contra a Inglaterra. Em julho Hitler invadiu a França, e a bandeira da suástica tremulava sobre a Torre Eiffel.

Hitler assinou um acordo com os franceses, que dividiu o país em dois: no norte, região mais industrializada, instaurou-se o domínio alemão; no sul instaurou-se um governo francês na cidade de Vichy. Na região francesa, assumiu o governo o general Henry Pétain, que implantou um regime bastante alinhado com as ideias nazistas, inclusive perseguindo os inimigos do Führer ( significa líder, com o qual Hitler se intitulava ) e adotou a política antissemita.

Em Londres, no exílio, o general francês Charles de Gaulle assumiu a chefia da resistência francesa.

Em 1940 os nazistas ocuparam junto com a Itália, o norte da África. Depois invadiram a Romênia e a Bulgária. Em 41 ocuparam a Grécia e a Iugoslávia.

Em meados de 41, Hitler dirigiu-se para a URSS. O governo soviético mantinha a neutralidade. Confiante no acordo de não agressão, Stalin acreditava que a URSS estava imune, apesar do alerta dos espiões soviéticos. Em 22 de julho de 1941, o exército alemão cruzou as fronteiras soviéticas, e Stalin surpreendeu-se.

A invasão da URSS ficou conhecida como Operação Barbarossa, e objetivava derrotar o comunismo e controlar os recursos do país, em particular o petróleo e as indústrias. Os alemães avançaram bem até setembro, mas no final de 41 as coisas ficaram complicadas. Às portas de Moscou, os alemães sofreram sua primeira grande derrota contra o Exercito Vermelho, e tiveram que recuar.

Os EUA entram na guerra:No Pacifico, o Japão estava em guerra com a China desde 1937. Em

junho de 41, os japoneses ocuparam o sul da Indochina, causando reação dos EUA, que tinham interesses econômicos e estratégicos na região.Os EUA tentaram resolver o impasse pela diplomacia. Em dezembro, o governo japonês, no entanto, disposto a retiram a influência americana da Ásia, tomou a decisão de atacar a base americana de Pearl Harbor, no Havaí. No dia seguinte ao ataque, o Congresso Americano votou a declaração de guerra contra o Japão. Em seguida , Alemanha e Itália, aliadas do Japão, declararam guerra aos EUA.

A entrada dos EUA na guerra levou muitos outros países a entrarem nela, como o Brasil e o México, aliados militares dos americanos, fortalecendo assim, o bloco dos aliados. Assim o conflito tomou proporções mundiais.

Os aliados tomam a ofensiva:O primeiro passo na ofensiva aliada foi na Ásia, na batalha de Midway,

em julho de 42. Japoneses atacaram a base americana de Midway, mas o ataque fracassou e o Japão perdeu cerca de 4 mil homens, 332 avioes e seus melhores pilotos.

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Na Europa do leste, depois da derrota em Moscou, os nazistas se voltaram para Stalingrado, importante centro industrial, e Leningrado, berço do bolchevismo. Mas depois de violentos combates a vitória foi soviética.

No Pacifico, a partir de 43, os estadounidenses retomaram aos poucos os territórios ocupados pelos japoneses. Ilhas Marshall, Marianas, Carolinas, Guam, Filipinas, uma a uma, as ilhas do Pacifico foram retomadas pela marinha e aviação norte-americanas.

A última fase da guerra:Depois das derrotas alemãs de Stalingrado e Kursk, os soviéticos

iniciaram um avanço em direção a Berlim, capital do Reich, retomando no caminho os territórios ocupados pelos nazistas no Leste Europeu.

No oeste, a ofensiva das tropas aliadas se iniciou com a expulsão dos alemães e italianos do norte da África. Essa vitória facilitou a invasão da Itália e a derrubada de Mussolini do poder.

Em 6 de junho de 1944 (o Dia D), cerca de 100 mil soldados, com o apoio de 6 mil navios e 5 mil aviões, desembarcaram na costa da Normandia, abrindo uma nova frente de guerra no oeste.

Os nazistas estavam cercados. Alem de enfrentar a resistência nos paises ocupados, lutavam nas duas frentes: do leste vinham os soviéticos; do oeste as tropas aliadas.

O fim do Reich:Aos poucos, os aliados libertaram os paises ocupados. Em abril de 1945,

os soviéticos entraram em Berlim. Os chefes alemães refugiaram-se em abrigos subterrâneos, enquanto inutilmente, soldados nazistas lutavam para defender a capital alemã. No fim de abril, Hitler e sua companheira Eva Braum cometeram suicídio, exemplo seguido por vários lideres nazistas. Em 2 de maio os soviéticos tomaram Berlim. Cinco dias depois a Alemanha se rendia.

No Pacifico, a guerra continuou. A resistência japonesa e a intensão de exibir o poderio militar dos EUA levaram ao governo americano a tomar uma terrível decisão. No dia 6 de agosto de 1945, uma bomba atômica foi lançada sobre a cidade japonesa de Hiroshima. No dia 9, outra bomba foi jogada em Nagasaki. Depois disso, o governo japonês se rendeu. Terminava a Segunda Guerra Mundial.

O mundo depois da guerra:Ao término da guerra, a Europa estava em ruínas. Cidades como

Stalingrado e Kiev, na URSS, Berlim, na Alemanha, e Varsóvia, na Polônia, foram destruídas pelos bombardeiros. Cerca de 40 milhões de pessoas morreram na guerra, a metade na URSS. Pontes, estradas, escolas, hospitais, toda a infraestrutura de cidades foi destruída, monumentos históricos, como o Mosteiro de Monte Cassino, na Itália, foram destruídos.

A força militar demonstrada pela URSS favoreceu, no pós-guerra, a expansão de sua influência e a do socialismo no leste da Europa. Por outro lado, os EUA consolidaram a sua liderança no bloco capitalista e assumiram a reconstrução da Europa Ocidental, ampliando sua influência na região.

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Sobre os escombros da velha Europa, nasceu um mundo dividido: de um lado, os paises socialistas (o chamado Segundo Mundo), influenciados pela URSS; de outro os países do Bloco Capitalista, divididos em desenvolvidos (o chamado Primeiro Mundo) e subdesenvolvidos (o chamado Terceiro Mundo), influenciados pelos EUA.

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LVA ERA DA GUERRA FRIA

Após o término da Segunda Guerra, os EUA e a URSS romperam a antiga aliança. O rompimento teve o aspecto ideológico como causa principal, pois ambas as potências tinham uma visão completamente distinta das coisas. Enquanto os norte-americanos defendiam o sistema capitalista, os soviéticos procuravam “exportar” o socialismo, conforme o modelo concebido em Moscou.

O ano de 1947 marcou a ruptura definitiva dos antigos aliados. O governo norte-americano suspendeu a desmobilização militar e iniciou uma grande corrida armamentista. Em março, o presidente americano Harry Truman se comprometeu diante do Congresso a conter o avanço do socialismo. Nesse mesmo ano, o secretario de Estado norte-americano fez um discurso na Universidade de Harvard, onde falou das disposição dos EUA em ajudar na reconstrução da Europa (Plano Marshall).

A consequência lógica da contensão do socialismo foi o lançamento da Doutrina Truman, o primeiro pilar da Guerra Fria. Anunciada em março de 1947, nela o presidente dos EUA garantia que as forças militares estariam sempre prontas a intervir em escala mundial desde que fosse preciso defender um país aliado da agressão externa da URSS ou da subversão interna insuflada pelo movimento comunista internacional a serviço dos soviéticos. Na pratica, os EUA se tornaram dali para frente a policia do mundo, realizando intervenções em escala planetária na defesa de sua estratégia.

A Guerra Fria:Por meio do Plano Mashall (do secretario de Estado George Marshall), os

norte-americanos fizeram enormes investimentos em diversas nações europeias, objetivando impedir que a crise social e econômica facilitasse a ascensão dos comunistas ao poder, particularmente nos paises onde os “vermelhos” eram fortes, como por exemplo, na Itália e na França.

Em 1949, foi criada a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), aliança militar liderada pelos EUA e que congregava diversos países europeus. Com o objetivo de frear o avanço comunista, os americanos formaram outras alianças militares com a Austrália e a Nova Zelândia (Anzus) e a Organização do Tratado da Ásia do Sudeste (Otase).

Já os soviéticos, à medida que iam expulsando os nazistas da Europa Oriental, com ou sem apoio popular, procuraram impor governos comunistas ou com a supremacia dos comunistas na Bulgária, Hungria, Polônia, Tchecoslováquia, Romênia, e na parte oriental da Alemanha. A expressão “cortina de ferro”, para designar os países da órbita de influência soviética , foi cunhada por Winston Churchill.

Para responder às alianças militares organizadas pelos EUA, os soviéticos organizaram o Pacto de Varsóvia. No plano econômico, criaram o

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COMECON (sigla em inglês de Council for Mutual Economic Assistence, ou Conselho para Assistência Econômica Mútua), cujo objetivo era buscar a integração econômica e financeira entre os países socialistas.

O ano de 1949 foi repleto de transformações significativas. A Alemanha foi dividida: a Republica Democrática Alemã (parte oriental), comunista, aliada da URSS; e a Republica Federal da Alemanha, capitalista , aliada dos EUA. Nesse mesmo ano, depois de uma longa guerra civil na China, os comunistas, liderados por Mao Tse-tung, conquistaram o poder. Chiang Kai-shek, líder dos nacionalistas, fugiu para Formosa (Taiwan), onde, com o apoio norte-americano, fundou a China Nacionalista. A China Comunista, pelo menos, até 1960, permaneceu aliada dos soviéticos.

A corrida armamentista ganhava uma nova dimensão. Ainda em 1949, graças às pesquisas e à espionagem, os soviéticos explodiram sua primeira bomba atômica. Em 1952, os norte-americanos fizeram um teste bem sucedido com a bomba de hidrogênio. Os soviéticos construíram sua Bomba H no ano seguinte.

A expansão comunista e, sobretudo, o fato de os soviéticos terem chegado à produção de uma bomba atômica deixaram amplos setores da sociedade americana atônitos. Nesse contexto, o senador Joseph McCarty iniciou uma campanha anticomunista histérica e primária.

No inicio da década de 1950, durante o chamado macartismo, uma verdadeira “caça às bruxas” foi desencadeada, não poupando nem as celebridades; carreiras políticas foram destruídas, pessoas foram difamadas, a censura foi aplaudida. O celebre físico Robert Oppenheimer, contrário ao desenvolvimento da Bomba H, foi caluniado, e o ator e diretor de cinema Charles Chaplin, por suas posições esquerdistas, teve de deixar os EUA. Nas universidades, muitos professores foram demitidos. Quando estava no auge da fama , McCarty não vacilou em atacar o general George Marshall, considerado “esquerdista”. Essa fase de histeria coletiva durou pouco. Em 1957, McCarty morreu no mais completo esquecimento.

A corrida armamentista prosseguiu, tendo então, seus reflexos na corrida espacial. Quem começou a explorar a tecnologia de foguetes foram os alemães, que produziram as temíveis bombas V2. Mas com o fim da guerra e com a derrota dos nazistas, muitos cientistas alemães foram trabalhar nos EUA e na URSS. É importante destacar que a corrida espacial (capitulo importante da Guerra Fria) influenciou a corrida armamentista, e foi, por ela também influenciada.

Em 4 de outubro de 1957, os soviéticos colocaram o primeiro satélite artificial no espaço: o Sputnik I. No ano seguinte, os norte-americanos responderam lançando o Explorer I. A corrida armamentista e espacial tomou grandes proporções no cenário internacional. Os soviéticos colocaram os primeiros seres vivos no espaço: a cadela Laika e o cosmonauta Yuri Gagárin . Já os norte-americanos lançaram no espaço o primeiro satélite de comunicação.

No dia 20 de julho de 1969, os astronautas da Apolo XI pousaram na Lua. A corrida espacial prosseguiu com progressos significativos dos dois lados.

Com a morte de Stálin, em 1953, seu sucessor, Nikita Krushev, procurou amenizar os confrontos com os EUA, desenvolvendo a chamada coexistência

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pacífica. Apesar disso, os soviéticos e norte-americanos continuaram usando terceiros, lutando pela hegemonia nas diversas regiões do mundo.

A Revolução Cubana que evoluiu para um caráter socialista, devido à intransigência dos EUA, foi um novo palco de discórdias. Como veremos adiante, o caso dos mísseis soviéticos em Cuba quase levou o mundo a uma guerra nuclear.

A Guerra do Vietnã, a invasão soviética à Tchecoslováquia, os golpes militares na América Latina, a corrida armamentista, a espionagem e a contraespionagem tinham como pano de fundo, é claro, a Guerra Fria .

Os anos de 1970, Brejnev (pela URSS) e Nixon (pelos EUA) procuravam levar as duas superpotências para um clima de redução da corrida armamentista.

A ascensão de Mikhail Gorbatchev ao poder provocou grandes alterações na URSS: a Perestroika (reestruturação econômica) e a Glasnost (abertura, transparência). Gorbatchev procurou por fim à Guerra Fria, obtendo alguns êxitos na sua política externa.

O desmembramento da URSS enterrou definitivamente a Guerra Fria.A Guerra Fria atingiu o Brasil. Logo após a Segunda Guerra, o governo

brasileiro se atrelou à política externa norte-americana. O Partido Comunista foi fechado, e os eleitos por essa sigla foram cassados. Na década de 1960, o fantasma do comunismo foi usado contra o governo reformista de João Goulart, que acabou sendo derrubado pelos militares, com o apoio dos norte-americanos.

Os EUA:Ao termino da Segunda Guerra, a única nação que saiu do conflito

fortalecida econômica e militarmente foram os EUA.A outrora poderosa Inglaterra via seu império colonial se diluir. A

França, ocupada durante a guerra, lutava por uma recuperação. A Alemanha, o Japão e a Itália estavam arrasados. A URSS tivera baixas humanas e materiais terríveis. Já os povos africanos e asiáticos se agitavam em aspirações nacionalistas.

O endurecimento, a ousadia e o expansionismo soviético incomodaram o presidente Truman. O comunismo chinês e a bomba atômica soviética fizeram com que o presidente norte-americano jogasse duro na Coreia.

A Guerra da Coreia (1950-1953) No começo do século XX, a Coreia passou para o domínio do Japão, continuando assim até o fim da Segunda Guerra, quando foi libertada pelos aliados. Livres do domínio japonês, os coreanos acabaram divididos por causa da Guerra Fria: Coreia do Norte, comunista, aliada da URSS, e Coreia do Sul, capitalista, aliada dos EUA. Em 1950, a Coreia do Norte invadiu a Coreia do Sul, e o presidente dos EUA, Truman, obteve do Conselho de Segurança da ONU, autorização para intervir no país asiático. O chefe da operação era o general americano Douglas MacArthur. Com a entrada dos EUA na guerra, as coisas mudaram. Seul foi reconquistada, os comunistas começaram a retroceder, e Pyongyang, capital da Coreia do Norte, foi ocupada. A derrota iminente dos comunistas levou a China a entrar na guerra a favor dos norte-coreanos. A participação da China trouxe um equilíbrio entre as forças em conflito.

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A guerra só terminou em 1953, sem um vencedor, pois a península coreana continuou dividida. Depois da guerra, a Coreia do Sul teve um grande crescimento econômico, tornando-se um dos “tigres asiáticos”, enquanto a Coréia do Norte permaneceu isolada. Na década de 1990, mesmo com o colapso da URSS, o regime norte- coreano continuou duro e fechado.

Além da prosperidade econômica , o governo Truman teve sucesso na ocupação e recuperação do Japão. O general Douglas MacArthur, com a ajuda do imperador Hiroíto, obteve um elevado grau de cooperação dos japoneses. O outrora inimigo tornou-se um importante aliado, tendo adotado um regime democrático e se afastado de princípios militaristas.

Nas eleições de 1952, o republicano Dwight David Eisennhower (heroi de guerra), conhecido como Ike, era o favorito, o que se confirmou no pleito eleitoral. Eisenhower teve como seu secretario de Estado John Foster Dulles, de espírito belicista, que via a rivalidade entre EUA e URSS como um conflito entre o bem e o mal. O pior da gestão Eisenhower, que foi eleito em 1956, foi o macartismo.

O governo de Eisenhower , através da CIA (Central Intelligence Agency), ajudou os militares da Guatemala a derrubarem o presidente Jacob Arbenz, que se opunha aos interesses da United Fruit Company, uma empresa norte-americana. A CIA também ajudou a derrubar o governo nacionalista iraniano liderado pelo primeiro ministro Mohammed Mossadegh. Abertamente , os norte-americanos apoiavam ditaduras sangrentas e corruptas na Republica Dominicana, em Cuba, Nicarágua, Portugal e Espanha.

Contrariando a opinião de John Foster Dulles, Eisenhower se encontrou com Krushev em Genebra , em 1955 para articular a Coexistência Pacífica.

Ao final de seu mandato, Eisenhower não conseguiu evitar que a URSS se tornasse uma potência militar. Na Europa, os franceses se converteram em críticos ferrenhos da OTAN. Já na América Latina, o apoio a regimes tirânicos solapava o prestigio dos EUA como “defensor do mundo livre”.

A década de 60 começou em meio a um otimismo exagerado. Com pequena margem de votos, o democrata católico John Fitzgerald Kennedy, venceu o vice de Einsenhower, Richard Nixon, tornando-se presidente da Republica. Muito popular, Kennedy herdou diversos problemas: o crescente envolvimento dos EUA na Guerra do Vietnã; a taxa de desemprego de 6%; o déficit na balança comercial e o agravamento da questão racial.

Na década de 1950, existiam nos estados do sul escolas só para “negros” e escolas só para “brancos”. Era a grande farsa dos “separados , mas iguais”, pois as escolas para “negros” eram bem inferiores. Em defesa dos afro-descendentes, levantou-se o jovem pastor Martin Luther King Jr., que pregava a desobediência civil não violenta.

Kennedy nomeou como procurador-geral Robert F. Kennedy, seu irmão, que atacou com vigor o problema dos direitos eleitorais dos negros no sul.

Mesmo com a pregação pacifista de Martin Luther King, em 1963, a resistência negra aumentou em Birmingham, Alabama. Foram usados cães policiais contra manifestantes , e quatro moças morreram vitimas de um atentado a bomba dentro de uma igreja. No sul, aumentaram os atos de violência dos racistas contra a população negra e suas propriedades.

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Em agosto de 1963, uma marcha pacifica liderada por Luther King reuniu mais de 4 milhões de pessoas em Washington, sensibilizando a nação. Paulatinamente, a igualdade civil foi obtida.

Apesar da igualdade civil, a desigualdade econômica e o preconceito sustentavam o ódio e os ressentimentos. Malcolm X, que se convertera ao islamismo, pregava um combate sem tréguas e com todos os meios ao racismo, bem como ao imperialismo. Foi assassinado em 1965. O mesmo fim teve Luther King em 1968.

Na política externa, Kennedy apoiou os elementos anti-castristas (contrários a Fidel Castro) que desembarcaram em Cuba para tentar derrubar Fidel, mas a operação fracassou.

Em 1962, após ter descoberto que os soviéticos estavam construindo, em Cuba, plataformas para o lançamento de mísseis nucleares, Kennedy agiu com firmeza, colocando o mundo à beira de uma guerra nuclear. Os soviéticos, felizmente, voltaram atrás e desistiram de construir as bases de mísseis.

No dia 22 de novembro de 1963, em Dallas, Kennedy foi assassinado. Na versão oficial – que nem todos concordam – o assassino foi um esquerdista desequilibrado chamado Lee Osvald Harvey, que também foi morto diante das câmeras de televisão quando era conduzido para prestar depoimento.

Com a morte de Kennedy assumiu o vice-presidente Lyndon Johnson, que reduziu impostos, gerando um progresso econômico recorde, conseguiu aprovar um projeto de lei que aplicava proteção aos “negros” e reduzir drasticamente o desemprego. Em 1964, Johnson venceu a eleição presidencial como o “candidato da paz”. Mas o candidato que pregava a paz apoiou militares na América Latina e ajudou a sustentar regimes opressivos, e envolveu diretamente o seu país na Guerra do Vietnã.

A Guerra do Vietnã (1959-1975) Colônia da França, o Vietnã conquistou a independência. Porém, apesar de independente, era um país dividido: o Vietnã do Norte aderiu ao comunismo, e o Vietnã do Sul ao capitalismo. Temendo a expansão do comunismo, os EUA passaram a apoiar o governo do Vietnã do Sul. Devido ao crescimento da guerrilha comunista (os vietcongues), os norte-americanos enviaram tropas para o Vietnã em 1965. O presidente Lyndon Johnson acreditava que seria uma vitória fácil, mas a realidade mostrou-se diferente. Apoiados pela população e pelo Vietnã do Norte, os guerrilheiros vietcongues infernizavam o dia-a-dia dos soldados americanos. Armadilhas criativas, ataques suicidas e ações bem ordenadas faziam com que as baixas americanas aumentassem. Com isso, a opinião publica norte-americana começou a exigir a saída dos EUA da guerra. Os lideres do Vietnã do Norte , Ho Chi Minh e Nguyên Giap, passaram a contar com a simpatia internacional. Afinal, era Davi lutando contra o gigante Golias. No governo do presidente Richard Nixon, os EUA iniciaram a fase de desengajamento. Depois de marchas e contra-marchas, o governo norte-americano, pressionado pala opinião publica e pelos fracassos na guerra , assinou um cessar-fogo em janeiro de 1973, retirando então, grande parte de suas tropas. Sem a ajuda americana, o governo do Vietnã do Sul tinha os seus dias contados. Em 1975, depois de uma decisiva vitória de Xuan Loc, os norte-vietnamitas ocuparam Saigon, que passou a se chamar cidade Ho Chi Minh, em

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homenagem ao líder comunista falecido em 1969. Em julho de 76, o país foi reunificado sob o nome de Republica Popular do Vietnã.

Em 1968, verificou-se o forte recrudescimento dos protestos pacifistas, mediante gigantescas manifestações de massas na ruas das grandes cidades norte-americanas. Em escala mundial, notadamente na Europa Ocidental, milhões de pessoas saíram às ruas exigindo que as tropas americanas deixassem o Vietnã. Nesse clima, Johnson não concorreu a mais um mandato nas eleições de 1968. O vitoriosos foi o republicano Nixon, beneficiado com o assassinato de Robert Kennedy, único democrata que efetivamente venceria.

Apesar de ter realizado intervenções militares no Laos e no Camboja, Nixon retirou as tropas norte-americanas do Vietnã. Visitou Beijin, aproximando-se da China. Quanto à América Latina, apoiou a ditaduras ali existentes. Envolvido no escândalo Watergate (espionagem na sede do governo opositor, o Partido Democrata), Nixon, que havia sido reeleito em 1972, renunciou em 1974.

A URSS:A URSS estava economicamente arrasada ao final da Segunda Guerra Mundial.

A recuperação foi difícil, e o povo pagou um alto custo. Até 1953, o país foi governado com mãos de ferro por Stálin. Apesar dos problemas, os progressos científicos e o poderio militar aumentaram consideravelmente.

Para os críticos, a URSS tinha uma economia emperrada, pouco competitiva e totalmente obsoleta, falta de liberdade, campos de concentração ( os Gulags), violações dos direitos humanos, imperialismo acentuado (imposição do modelo soviético aos países da Europa Oriental), burocracia ineficaz, mas com muitos privilégios, e um serviço secreto (KGB) controlando o cotidiano dos cidadãos.

A ascensão de Nikita Kruschev marcou um novo direcionamento na política externa e interna da URSS.

No 20° Congresso do Partido Comunista da URSS (PCUS), Kruschev apresentou um relatório no qual revelou, com provas, os erros políticos e técnicos cometidos por Stálin. Denunciou ainda que Stálin incentivava o “culto da personalidade”. Com essas denuncias Kruschev aumentou suas popularidade e passou a dirigir a URSS com um novo estilo.

Em outubro de 1956, em Budapeste (Hungria), os operários e estudantes protestaram contra o governo. Elementos contrários ao regime aproveitaram a situação para mudar a trajetória do socialismo húngaro. A intervenção militar, liderada pelos soviéticos, foi eficaz, e a insurreição húngara foi esmagada num banho de sangue.

No inicio da década de 1960 havia um grande otimismo na URSS: as conquistas espaciais, os avanços tecnológicos, as melhorias sociais, um clima de maior liberdade e o sonho de ultrapassar em todos os sentidos as grandes nações capitalistas. Uma visão mais acurada, porem, observa uma sufocante burocracia; estatísticas forjadas; carência de bens de consumo; e uma economia que diminuía o ritmo de crescimento.

No plano externo, as contestações dos países satélites aumentaram.Na Alemanha Oriental, em 1953, uma revolta operária foi sufocada. Em 1956

houve repressão na Polônia . Em 1961, foi construído o Muro de Berlim para impedir que pessoas fossem para a Alemanha Ocidental.

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As divisões do mundo socialista se acentuaram no inicio da década de 1960. A China, por razoes políticas, ideologicas e de fronteiras afastou-se da URSS. Na Albânia, Enver Hoxha, um estalinista , repudiou o chamado “revisionismo” soviético, alegando que o PCUS se afastara dos princípios marxistas-leninistas. Nessa época, a Albânia se aproximou da China. A Romênia, sob a liderança de Nicolau Ceaucescu, a partir de 1965, adotou uma política que perdurou até a queda deste governante, em 1989.

Em 1964, o fracasso da política agrícola foi o motivo alegado para que Kruschev fosse aposentado. Paulatinamente, Leonid Brejnev emergiu como a principal liderança. A Era Brejnev (1964-1982) foi marcada pela estagnação, pela burocratização, por desenfreada corrupção e pela repressão, como foi o caso da intervenção na Tchecoslováquia.

Em 1968, seguindo o exemplo da Romênia, o Partido Comunista da Tchecoslováquia, em seu programa de ação, afirmava estar politicamente ligado à URSS, mas socialmente marcado pelo exemplo iugoslavo e economicamente aberto ao Ocidente.

Apesar de pressionado pela URSS e pelos demais países do Pacto de Varsóvia, Alexander Dubcek anunciou que manteria as novas diretrizes propostas. Teve apoio do líder iugoslavo Tito, que foi recebido calorosamente em Praga. O governo da Tchecoslováquia adotou uma posição critica em relação a Moscou.

Na noite de 20 para 21 de agosto de 1968, as tropas do Pacto de Varsóvia invadiram a Tchecoslováquia. Apesar disso, Dubcek ainda permaneceu no poder. Admitiu a presença de tropas soviéticas no país, mas continuava a dotando a mesma linha política que levara à ruptura com Moscou e à consequênte invasão.

Em abril de 1969, a censura foi rigidamente colocada em todos os meios de comunicação, os reformistas presos e detidos, e a policia soviética assumiu o controle da situação.

A Europa Ocidental:Após a Segunda Guerra, a Europa sofreu um processo de grande decadência. As

destruições provocadas pela guerra, a descolonização da África e da Ásia fizeram com que os antigos impérios colonialistas se esfacelassem.

Nesse período, a maioria dos países europeus gravitava em torno dos EUA, pois temia uma invasão soviética ou mesmo uma subversão interna.

No terreno político, logo após a guerra, as esquerdas participaram de vários gabinetes (França, Bélgica e Itália).

Com a Guerra Fria, os comunistas foram afastados destes governos. A direita ganhou um novo alento. Apesar disso, os social-democratas conseguiram obter êxitos eleitorais em alguns países.

Em 1968, uma onda de agitação revolucionaria varreu grande parte da Europa. Estudantes e intelectuais, imbuídos de princípios marxistas e anarquistas, pretendiam remodelar a sociedade. Na França, as contestações foram violentas, desgastando o governo de Charles de Gaulle, que renunciou no ano seguinte e foi substituído por Georges Pompidou.

O Japão:Vencido na Segunda Guerra, o Japão tirou lições da derrota. Adotou-se no país

uma Constituição parecida com as democracias ocidentais.Diversos fatores explicam o crescimento japonês:

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- Substancial ajuda norte-americana, pois ocupava posição geográfica estratégica para os interesses dos EUA;

- Existência de mão-de-obra barata;- Cultura que valoriza o trabalho;- Abertura do mercado norte-americano aos produtos japoneses;- Importação maciça de tecnologia, em grande parte oriunda dos EUA;- Não-participação na corrida armamentista;- Construção de uma poderosa frota mercante.

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PRÉ-VESTIBULAR APOSTILA DE HISTÓRIAPROF. FABIANO DE JESUS

LVIA DESCOLONIZAÇÃO

Conceito de Três Mundos:O francês Alfred Sauvy foi quem usou pela primeira vez , em 1952, a expressão

“Terceiro Mundo”. Sauvy fazia uma comparação entre os membros do Terceiro Estado, no período que antecede à Revolução Francesa, desprovidos social e politicamente, em relaçao aos países que na década de 1950 estavam marginalizados dentro do sistema político internacional.

Foi Mao Tsé-Tung que formulou a chamada “Teoria dos Três Mundos”. Segundo ele, o Primeiro Mundo seria formado pelas grandes superpotências URSS e EUA; o Segundo Mundo seria formado pelos demais países industrializados; e o Terceiro Mundo seria formado pelos demais países. A versão que se popularizou, porém, foi outra: o Primeiro Mundo seria formado pelos países capitalistas ricos ou desenvolvidos, o Segundo Mundo seria formado pelos países socialistas, e o Terceiro Mundo pelos países capitalistas pobres ou subdesenvolvidos. Alguns autores incluíam no Terceiro Mundo até os países socialistas pobres ou pouco industrializados.

O conceito de Terceiro Mundo passou a ser largamente usado para designar os países que se encontravam na periferia da comunidade internacional. Esses países tinham em comum o fato de terem sido colônias de potencias estrangeiras, de terem sofrido no passado uma violenta exploração econômica, dominação cultural, instabilidade política, e baixos níveis sociais, decorrentes da impossibilidade de os governantes decidirem de acordo com os interesses do povo, pois estavam ligados aos organismos financeiros internacionais como o FMI, por exemplo, e às grandes potências transnacionais.

Com o fim da Guerra Fria, a divisão em “três mundos” não tem mais sentido, porém o conceito ainda é usado no estudo desse período histórico.

A descolonização:Após 1945, iniciou-se o movimento de descolonização. Os mapas políticos da

África e da Ásia sofreram grandes mudanças, com novas nações entrando em cena. Apesar da independência política, as ex-colônias continuaram dependendo economicamente do antigo colonizador ou de outras potencias como os EUA ou a URSS.

O enfraquecimento das potencias europeias era flagrante no final da Segunda Guerra, o que animou os grupos nacionalistas a se insurgirem contra as suas metrópoles. Com a Guerra Fria , aqueles grupos procuraram – e na maioria das vezes obtiveram – apoio político, econômico e armamentista das superpotências que ambicionavam expandir suas áreas de influência.

A Índia:

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Os ingleses ocuparam a Índia desde o século XVIII. Essa dominação foi entremeada por revoltas, tendo a Guerra dos Sipaios (1857) sido a mais grave. A dominação inglesa tornou-se dia-a-dia mais opressiva, ocasionando um clima de insatisfação e revolta.

Dentro desse contexto, devemos destacar a figura de Mahatma Gandhi, o qual adotou uma estratégia inusitada para resistir à opressão inglesa: a desobediência civil, ou seja, o não pagamento de impostos, o boicote a tudo o que era inglês e a não colaboração. Gandhi tornou-se o pregador da não-violência, num cenário efervescente, onde a opressão inglesa caracterizou-se sobretudo pela violência. Em 1947, a luta contra o jugo inglês ganhou enorme amplitude em numerosos principados. A autoridade inglesa não conseguiu dominar a situação.

Diante disso, o governo trabalhista inglês resolveu conceder a independência à Índia. Em 15 de agosto de 1947, a Índia tornava-se independente. Devido a uma série de desentendimentos de caráter político e religioso, a Índia desmembrou-se em vários Estados: Índia, Paquistão, e Ceilão. Essa divisão provocou uma sangrenta guerra civil de natureza étnica e religiosa.

Muçulmanos que viviam na Índia se deslocaram para os territórios que formaram o Paquistão, e os hindus para o território da Índia. Eclodiu então, uma guerra civil com massacres recíprocos. As tensões fronteiriças entre os dois países, hoje potencias nucleares, permanecem na região da Caxemira, que, apesar de fazer parte da Índia, tem uma população majoritariamente mulçumana. A parte oriental do Paquistão, com o apoio da Índia, tornou-se independente, vindo a formar a República de Bangladesh.

Nesse clima, Gandhi, que graças a uma greve de fome conseguira por fim à guerra civil, foi assassinado por um fanático hindu, contrário à política pacifista.

Após a morte de Ganhi, o governo da Índia seguiu à política do não alinhamento, ou seja, não se subordinou nem à Moscou, nem à Washington.

O Sudeste Asiático:A Indonésia, colônia holandesa, foi o primeiro país do Sudeste Asiático a se

tornar independente. Em 17 de agosto de 1975, após a vitória sobre os japoneses, foi proclamada a independência, sendo o líder nacionalista Sukarno, eleito presidente da Republica. A Holanda não se conformou e resolveu restabelecer a antiga ordem, mas acabou sendo derrotada.

As Filipinas e a Malásia também tornaram-se independentes.No Vietnã, os colonialistas franceses enfrentaram as tropas de Vietminh (frente

patriótica que lutava pela independência do país).Graças ao líder comunista Ho Chi Minh e do comandante Vô Nguyên Giap, os

franceses sofreram derrotas humilhantes, que culminaram com a celebre Batalha de Dien Bien Phu (1954). Pela Conferência de Genebra, houve a divisão do Vietnã: do Norte (comunista) e do Sul (capitalista). Mais tarde a guerra voltaria a assolar a região.

O Mundo Árabe:Em 1936, a Inglaterra concedeu independência ao Egito; em 1939, renunciou ao

mandato sobre o Iraque. O Sudão, entretanto, tornou-se independente somente em 1956. A França suspendeu seu mandato sobre o Líbano e a Síria em 1945. A Líbia conquistou sua independência em 1951, Marrocos e Tunísia em 1956.

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A Argélia, rica colônia francesa da África do Norte, foi palco de uma violenta guerra, em que os patriotas argelinos lutaram contra o colonizador francês.

Os franceses oprimiram violentamente os argelinos, que, pelas guerrilhas e pelo terrorismo da Frente de Libertação Nacional, mantinham acesa a chama da independência.

Finalmente em 1962, em Évian, franceses e argelinos chegaram a um acordo. No referendo de 1 de julho de 1962, o povo optou pela independência. A Argélia, depois de uma árdua luta deixou um saldo de 250 mil mortos, tornou-se uma nação soberana. Ahmed Bem Bella tornou-se presidente da Republica, e a jovem nação adotou o regime socialista.

A África:Na África, a luta contra o domínio colonial passou a existir de forma mais

objetiva na década de 1950. Os ingleses procuraram levar avante a descolonização pela via pacifica: Gana

(1957), Nigéria (1960), Quênia (1963). Em síntese, entre 1961 e 66, toda a África Oriental Inglesa estava emancipada. Já os franceses, depois do fracasso na Argélia , procuraram desenvolver a mesma política inglesa em relação à descolonização.

No Congo belga, devido as rivalidades tribais e às riquezas minerais de Catanga, as lutas foram violentas.

Na Rodésia e na África do Sul, a minoria “branca” resolveu proclamar a independência por conta própria.

Finalmente, nas colônias portuguesas, a independência só veio após a queda do salazarismo em Portugal pela Revolução dos Cravos em 1974.

Em Angola, depois de uma violenta guerra civil, o MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola), marxista, sob a liderança de Agostinho Neto, tomou o poder.

Moçambique, com Samora Machel; Guiné-Bissau, com Amílcar Cabral; e as Ilhas de Cabo Verde, São Tomé e Príncipe também adotaram a via socialista ao se tornarem independentes.

Infelizmente a descolonização ainda não possibilitou a resolução dos problemas básicos das populações empobrecidas dos países recém-independentes.

A dominação imperialista abriu enormes feridas, as quais necessitam de muito tempo para cicatrizar. A dependência econômica ainda é muito grande, o analfabetismo, a falta de tecnologia e o endividamento externo fecham o círculo vicioso do subdesenvolvimento.

Após a independência política, os jovens Estados africanos têm enfrentado crises econômicas, sociais e políticas graves.

Diversos países foram sacudidos por guerras civis. Como exemplos, podemos citar: Angola, Moçambique, Etiópia, Burundi, Sudão, Serra Leoa, Ruanda, Somália etc.

Mas, quais as razões das guerras civis africanas?Eis algumas delas:- A partilha da África efetuada pelos europeus não levou em consideração os

povos africanos. Por isso, nações rivais foram colocadas em um mesmo território. Para dominar com mais facilidade, as potências europeias incentivaram as rivalidades entre os povos africanos;

- O tribalismo é muito forte no continente africano. Caso da Nigéria, por exemplo. Em Ruanda os belgas criaram artificialmente o divisionismo entre Tutsis e Hutus que ainda causam lutas entre os grupos;

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- A Guerra Fria fez com que os EUA e a URSS fornecessem armas a grupos rivais. Em Angola, por exemplo, a URSS apoiava o MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola), enquanto os americanos forneciam armas à UNITA (União Nacional Para a Independência Total de Angola).

África do Sul: independência e apartheid:Em 1948, o Partido Nacionalista, representantes dos descendentes dos antigos

colonos holandeses, chegou ao poder por meio de eleições, rompendo definitivamente com a Grã-Bretanha.

Após a independência, os governantes sul-africanos procuraram organizar jurídica e institucionalmente um Estado racista, o apartheid.

O Congresso Nacional Africano, liderado por Nelson Mandela, tornou-se o principal grupo de contestação do regime. Com a prisão de Mandela em 1962, Oliver Tambo assumiu a chefia do movimento, e em meio a uma situação adversa, a luta continuou.

Em 1976, os marginalizados do sistema se rebelaram nos subúrbios de Johanesburgo. A repressão foi violenta.

Em 1984, a concessão do Prêmio Nobel da Paz ao bispo da Igreja Anglicana, Desmond Tutu, chamou a atenção da opinião publica mundial em relação ao apartheid. Apesar dos protestos internacionais, o poeta Benjamin Moloise, acusado de subversão, foi executado.

Depois de ter ficado preso durante 27 anos, o líder do Congresso Nacional Africano, Nelson Mandela, foi libertado. Eleito presidente da África do Sul, aboliu definitivamente o sistema de apartheid. Mandela conseguiu aquilo que parecia impossível: manter a paz e a democracia na África do Sul.

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PRÉ-VESTIBULAR APOSTILA DE HISTÓRIAPROF. FABIANO DE JESUS

LVIICONFLITOS NO ORIENTE MÉDIO

A partilha da Palestina:O povo judeu, depois de sucessivas revoltas, foi expulso da Palestina pelos seus

dominadores romanos. A segunda diáspora (dispersão de judeus) ocorreu no reinado do imperador romano Adriano, em 132 d. C.

Apesar das diásporas ocorridas na antiguidade, a nação judaica não desapareceu. Disseminados pela Europa e por outros continentes, os judeus conseguiram tornar-se grandes financistas, graças a atividades mercantis e bancárias.

Os judeus não aceitam Jesus como o Messias, e por isso, foram segregados e perseguidos, numa Europa fundamentalmente cristã. Nos momentos de crise, eram os “bodes expiatórios”, vítimas de massacres hediondos, como os da Alemanha nazista.

No fim do século XIX, o escritor Theodor Herzt escreveu o livro Estado Judeu, em que esboçou os alicerces do sionismo (movimento nacionalista que lutou pela criação de um Estado judeu na Palestina – Sion é uma das colinas de Jerusalém). Em 1897, crescia a Organização Sionista Mundial, cujo objetivo era lutar pela criação de um Estado para o povo judeu.

Durante séculos, a Palestina esteve sob domínio turco. Com a derrota do Império Otomano na Primeira Guerra Mundial, a região ficou sob o domínio inglês. Em 1917, o chanceler inglês Lorde Balfour publicou uma declaração prometendo criar um lar nacional para os judeus. Com isso, o afluxo de judeus para a região aumentou, criando tensões com a população árabe. As atrocidades cometidas contra os judeus na Segunda Guerra Mundial criaram um clima favorável para a criação de um Estado judeu. As duas superpotências (EUA e URSS) concordaram com a criação de dois Estados na Palestina: um judeu e outro árabe.

Em 14 de maio de 1948, um dia antes de terminar o mandato inglês sobre a Palestina, foi criado o Estado de Israel. Chaim Weizmann assumiu a presidência, e David Bem-Gurion, a chefia do Conselho de Ministros.

Os países árabes não aceitaram a partilha da Palestina proposta pela ONU. Entre maio de 1948 e janeiro de 49, Israel lutou contra o Egito, Iraque, Jordânia, Líbano e Síria (que formavam a Liga Árabe) e venceu, conquistando a Galiléia e o Deserto de Negev. Jerusalém foi dividida entre Jordânia (setor oriental) e Israel. O Estado palestino acabou não sendo criado, pois o território foi ocupado pelos israelenses.

O governo de Nasser no Egito:Em julho de 1952, um grupo de oficiais egípcios, liderados por Gamal Abdel

Nasser, derrubou o corrupto regime do rei Faruk. Com plenos poderes, Nasser aproximou-se da URSS, realizou uma reforma agrária, fez grandes obras publicas,

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nacionalizou o Canal de Suez (copropriedade de uma empresa franco-inglesa) e fechou o porto de Elat, no Golfo de Ácaba, ferindo os interesses israelenses.

As guerras:Em 1956, ocorreu a Guerra de Suez.Com o apoio da França e da Inglaterra, Israel atacou o Egito. Em três dias o

Exército egípcio foi liquidado. A ameaça soviética de internacionalização do conflito contribuiu decisivamente para o fim das hostilidades.

Em 1967, ocorreu a Guerra dos Seis Dias. Nasser armava a Al-Fatah, agrupamento militar da OLP (Organização para a Libertação da Palestina) que fustigava Israel com ataques terroristas. Em maio de 1967, cedendo às pressões de Nasser, a ONU retirou as forças de paz da região. Ao mesmo tempo, a concentração de tropas egípcias, sírias, jordanianas e libanesas deu a Israel o motivo que necessitava para expandir ainda mais.

No dia 5 de junho de 1967, pela manhã, aviões de combate israelenses dirigiram-se para o oeste, sobre o Mediterrâneo, dando inicio à guerra. Por terra, forças blindadas de Israel, comandadas por Moshé Dayan, derrotaram facilmente as forças inimigas. Em seis dias, a guerra estava vencida, Israel ocupou cerca de 70 mil Km2 de território (Península do Sinai, Faixa de Gaza, Cisjordânia, Jerusalém Oriental e Golan).

Os árabes ficaram bastante enfraquecidos com a derrota da Guerra dos Seis Dias. Em 1970, morreu Nasser, sendo substituído pelo vice-presidente, Anwar al Sadat. Em 1972, Sadat rompeu com os soviéticos e começou a deixar de lado o nacionalismo e o pan-arabismo. No dia 6 de outubro de 1973, quando os judeus comemoravam o Yom Kippur (Dia do Perdão), a coligação formada por Síria e Egito atacou Israel. Os Sírios ocuparam Golan. A contraofensiva israelense foi arrasadora. Os sírios foram obrigados a recuar, e os egípcios foram cercados no deserto. A intervenção de Richard Nixon (EUA) e de Leonid Brejnev (URSS) impediu que os israelenses massacrassem os egípcios. Em termos territoriais, a situação ficou inalterada. Os países árabes produtores de petróleo passaram a usar o precioso “ouro negro” como arma em sua luta contra Israel.

Após a Guerra do Yom Kippur, o Egito aproximou-se dos EUA. Em 1977, com o beneplácito do presidente Jimmy Carter, Menahem Begin e Sadat concluíram os acordos de Camp David, por meio dos quais, Israel devolvia o Sinai ao Egito. Os palestinos, sírios e jordanianos acusaram o Egito de trair a causa árabe. Em 1981, Sadat foi assassinado por um grupo de fundamentalistas islâmicos.

Em 1982, alegando que os palestinos atacavam Israel através do sul do Líbano, forças israelenses invadiram o Líbano.

O Líbano vivia , desde 1975, uma guerra civil envolvendo grupos diversos: falangistas “cristãos”, xiitas, sunitas, drusos etc. Aproveitando-se da situação, a Síria invadiu o vale do Bekaa. Em meio ao caos falangistas “cristãos” massacraram civis palestinos nos campos de refugiados de Sabra e Chatila. O exército israelense nada fez para impedir a carnificina. O comando palestino teve de deixar o Líbano, instalando-se na Tunísia.

A Questão Palestina:Com a criação do Estado de Israel, quase 1 milhão de palestinos (árabes em sua

maioria) foram expulsos de suas casas. Os que ficaram se tornaram cidadãos de segunda categoria.

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Em 1959, foi fundado o Movimento de Libertação Palestina, conhecido como Al-Fatah, sob a liderança de Yasser Arafat. Os membros do Al-Fatah defendiam a luta armada e o uso do terrorismo para expulsar Israel dos territórios ocupados. Em 1964, os diversos grupos de resistência palestina criaram a OLP (Organização para a Libertação da Palestina), que desde 1969 foi presidida por Arafat (falecido em 2004).

Em 1982 tropas israelenses invadiram o sul do Líbano, com o objetivo de estabelecer uma zona de segurança, protegendo o Estado israelense das investidas de guerrilheiros palestinos.

Em 87 ocorreram revoltas populares palestinas nos territórios ocupados, elas ficaram conhecidas como intifadas.

Em 1993, nos EUA, com o apoio de Bill Clinton, o primeiro ministro israelense Ytzhak Rabin e o líder da OLP, Arafat, firmaram um histórico acordo de paz, lançando as bases para a criação do futuro Estado palestino. Em 95 Rabin foi assassinado por um judeu ortodoxo contrário ao acordo de paz.

Em 1996 Shimon Peres, do Partido Trabalhista, foi derrotado nas eleições pelo conservador Benjamin Netanyahu, que entravou o processo de paz.

Em 1999, as eleições parlamentares deram a vitória ao Partido Trabalhista, cujo líder, Ehud Barak, assumiu o cargo de primeiro-ministro.

Em 2000 Barak reativou o processo de paz; aproximou-se da Síria, devolveu territórios dos palestinos e retirou tropas israelenses do sul do Líbano.

Em 2002, o primeiro-ministro Ariel Sharon, do Partido Likud, adotou uma política belicista, agravando a situação. Em 2004 deterioraram-se as relações entre israelenses e palestinos, tornando o processo de paz cada vez mais distante. Nesse mesmo ano morreu Yasser Arafat.

Em 2006, por problemas de saúde, Ariel Sharon deixou de ser primeiro-ministro de Israel. Neste mesmo ano , Israel atacou o sul do Líbano para quebrar o poder de fogo do Hezbollah (movimento radical libanês que emergiu nos anos 1980 e cuja ação se baseia na doutrina do Aiatolá Khomeini, visando destruir a influência ocidental no mundo islâmico. Entre suas ações destacam-se atentados à bomba, raptos, desvios e sequestros de aviões. Os seus componentes são xiitas do sul do Líbano apoiados pelo Irã e pela Síria).

Entre os palestinos, a vitória eleitoral foi do grupo Hamas (organização mulçumana radical surgida em 1987), que passou a controlar o Parlamento da Autoridade Nacional Palestina, cujo presidente, Mahmoud Abbas do grupo rival Fatah, defende um diálogo com Israel.

Em 2007, ocorreram vários enfrentamentos entre grupos ligados ao Hamas e milicianos do Fatah. A retomada de paz com Israel ainda é bastante tímida.

Na perspectiva judaica, o antissemitismo tem sido bastante constante e violento, portanto para escaparem das perseguições, construíram um Estado próprio. Acreditam ainda que os judeus foram expulsos das terras que, segundo os seus textos religiosos, sempre lhes pertenceram.

Na perspectiva palestina, os judeus são invasores que tomaram suas terras e fizeram que grande parte da população se refugiasse em nações vizinhas, e os que ficaram foram humilhados, tratados como cidadãos de segunda classe.

Irã, Iraque e a Guerra do Golfo: Um dos acontecimentos mais polêmicos da história contemporânea foi a queda

do xá Reza Pahlevi e a ascensão do aiatolá Ruhollah Khomeini. A Revolução Islâmica

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constitui, de forma clara, o repúdio à ocidentalização do Irã e a política autoritária de Reza Pahlevi. O mais interessante dessa revolta foi a determinação com que o povo se lançou à luta, derrotando o poderoso e moderno exército do xá. Segundo os analistas, essa revolução foi consequência da combinação de três fatores:

- Os partidos de esquerda, que contribuíram com a sua experiência de organização sob duras condições de repressão;

- A participação ativa dos líderes religiosos, que consideravam a ocidentalização do Irã uma afronta aos preceitos do Alcorão;

- O apoio da classe média mercantil, prejudicada pelas multinacionais.Ao tomar o poder, Khomeini procurou exportar a Revolução Islâmica para

outros países da região, notadamente para o Iraque. Segundo os iraquianos, o Irã infiltrou agentes no Iraque para derrubar o regime de Saddam Hussein; além disso, desencadeou uma intensa campanha de propaganda contra o governo iraquiano e violou diversas vezes os espaços terrestre, marítimo e aéreo deste país. Diante dessas “provocações”, o Iraque atacou o Irã, dando inicio à guerra, uma vez que pretendia ter a soberania sobre o canal de Chat al-Arab; o Irã , porém, rechaçou estas pretensões. Durante oito anos, os dois países travaram uma guerra sangrenta e arrasadora, sem que houvesse um vencedor. Com o termino deste conflito, Saddam Hussein passou a enfrentar dificuldades e resolveu agir.

Em 1990, o Iraque invadiu o Kuwait. Ao ocupar a região, Saddam esperava controlar, aproximadamente 20% das reservas mundiais de petróleo. Os grandes compradores, como a Europa e os EUA, ficaram preocupados com a possibilidade de o Iraque aumentar os preços do produto. Por esta razão, no ano seguinte, a ONU foi mobilizada a atacar o Iraque. Em 17 de janeiro de 1991, as forças aliadas iniciaram a Operação Tempestade no Deserto. Em menos de um mês, os iraquianos estavam derrotados.

Mesmo vencido, Saddam continuou no poder, reprimindo violentamente a oposição interna. Somente em 2003 os norte-americanos e seus aliados após uma nova investida contra o Iraque, puseram fim ao regime de Saddam Hussein.

As vitórias fáceis dos EUA no Iraque e no Afeganistão escondiam graves consequências. O Iraque mergulhou em uma guerra civil entre xiitas, sunitas, curdos e militantes da Al-Qaeda (organização criada por Osama Bin Laden). Mesmo com eleições e a formação de um governo de maioria xiita, atentados ocorriam quase diariamente. Segundo relatórios da ONU do início de 2007, mais de 30 mil pessoas haviam morrido. As baixas norte-americanas abalaram o prestígio do presidente americano George W. Bush, que mentira para justificar o ataque ao Iraque, afirmando que o regime de Saddam Hussein possuía armas de destruição em massa.

Nos EUA, os democratas recuperaram o controle do Congresso prometendo uma saída para o grande atoleiro em que a grande potência havia se metido.

Em 2006, depois de passar por um processo, Saddam Hussein e seus antigos colaboradores foram enforcados. No Afeganistão, a resistência do Taleban é uma realidade cotidiana, e o país está longe de ter sido pacificado.

Fundamentalismo islâmico: Movimento religioso ortodoxo que busca no Islã orientações para a vida prática

e as atividades políticas. Em geral são anti-imperialistas e antiocidentais. Com a tomada do poder por Khomeini no Irã, os fundamentalistas ganharam força. Atualmente são

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fortes no Sudão, no Egito, na Argélia e sobretudo no Oriente Médio. No sul do Líbano, o Hezbollah (Partido de Deus) é bastante atuante. Entre os palestinos, o grupo Hamas se opõe , por meio do terrorismo, ao processo de paz entre palestinos e israelenses.

No Afeganistão, após a expulsão dos soviéticos, o país mergulhou numa guerra civil. Em 1995, os talibans (estudantes de teologia) tomaram o poder. Procuraram impor a sharia (conjunto de leis islâmicas) literalmente.

Após os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001, nos EUA, o Afeganistão foi atacado, e o regime taliban, derrubado. Mesmo assim, grupos continuam ativos em vários países.

Bin LadenOsama Bin Laden, um saudita milionário, foi treinado pela CIA (Serviço Secreto dos EUA) para combater os soviéticos. Mais tarde, no entanto, tornou-se o inimigo número um dos EUA, sendo considerado um dos principais dirigentes do atentado às Torres Gêmeas do World Trade Center em Nova Iorque, em 11 de setembro de 2001.

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LVIIIREVOLUÇÃO CHINESA

No começo de 1912, a China tornou-se uma Republica. A frente do movimento revolucionário estava o Partido Nacionalista (Kuomintang), fundado pelo médico Sun Yat-Sen.

A luta contra a burguesia ligada ao capital estrangeiro, os governantes militares das províncias (os senhores da guerra), a invasão japonesa durante a Primeira Guerra e a dominação estrangeira mergulharam a China num período de anarquia.

A morte de Sun Yat-Sem permitiu que Chiang Kai-Shek expurgasse a ala esquerda do Kuomintang e vencesse os comunistas, que , no inicio do ano, haviam conseguido vitórias expressivas. Derrotados, os comunistas, iriam demorar um certo tempo para se recuperar.

Em 1937, os japoneses invadiram amplamente o território chinês. Nacionalistas e comunistas fizeram uma trégua para combater os invasores.

Na luta contra o invasor japonês, os comunistas adotaram táticas de guerrilha. Os exércitos que comandavam eram disciplinados e eficientes. Formaram também as “milícias do povo”, que chegaram a quase dois milhões de combatentes. Conseguiram amplo apoio do povo, principalmente de camponeses e estudantes.

Com a expulsão dos japoneses, reacendeu-se a guerra civil. Com amplo apoio popular, os comunistas entraram em Pequim em 1949, onde fundaram, com o apoio da URSS, a Republica Popular da China. Chiang Kai-Shek fugiu para Formosa, onde com o apoio dos EUA, fundou a China Nacionalista (Taiwan).

No poder os comunistas realizaram reforma agrária, reprimiram os adeptos do antigo regime, estabilizaram a economia e invadiram o Tibet, incorporando-o à China.

O grande salto para frente (1958), que objetivara aumentar extraordinariamente a produção, acabou fracassando.

Em 1960, a China rompeu com a URSS por vários motivos, dentre os quais:- Os soviéticos não quiseram passar tecnologia nuclear para ao chineses;- Havia litígios fronteiriços;- Mao acreditava que a linha chinesa para o socialismo era mais adequada aos

países do terceiro mundo que a via soviética.Apoiado na juventude, Mao deu inicio em 1966 à chamada Grande Revolução

Cultural Proletária. Seu objetivo era tomar o controle do PC chinês.A revolução cultural visava mexer com todas as estruturas, destruindo o que

restava das relações capitalistas e buscando a construção de uma sociedade comunista.Durante esse período ocorreu uma acirrada luta entre a linha burguesa – que não

desejava o fim de certas relações capitalistas e adiava novas transformações sociais – e a linha proletária – que caminhava a passos largos em direção ao comunismo.

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Na ânsia de destruir os últimos vestígios do capitalismo, os guardas vermelhos, supremos guardiões da Revolução Cultural, cometeram muitos abusos: hostilizaram igrejas, queimaram obras literárias, destruíram e proibiram a execução de certos discos, enfim , atacaram todas as manifestações da chamada cultura burguesa.

A partir de 1969, Mao e o Comitê Central procuraram arrefecer os ânimos dos mais radicais. Seguiu-se uma luta entre os ultraesquerdistas e os moderados. Em 1973, os moderados já controlavam os cargos mais importantes.

A morte de Mao Tse-Tung, em 1976, pareceu não provocar nenhuma mudança na linha da direção do Partido Comunista Chinês. Depois de uma acirrada luta pelo poder, Deng Xiaoping tornou-se o homem forte do regime. Deng fez algumas reformas, dentre elas, uma abertura ao Ocidente, o restabelecimento de certas praticas capitalistas e uma política interna mais liberal.

A repressão aos protestos de estudantes em 1989, na Praça da Paz Celestial, pôs fim à abertura política. A abertura econômica continuou, e a China obteve altos índices de crescimento em sua economia.

Deng Xiaoping morreu em 1997.Atualmente a China enfrenta problemas como ataques terroristas de uma minoria

mulçumana no país, corrupção e desníveis sociais, apesar do forte crescimento da economia já globalizada.

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LIXREVOLUÇÃO CUBANA

Cuba foi um dos últimos países da América hispânica a obter sua independência, a qual só se concretizou em 1898. Os EUA, que desejavam estender sua influência na região, deram todo apoio aos cubanos, contribuindo para a vitória contra os espanhóis.

Após a independência política, a dominação norte-americana era marcante; inclusive a Constituição cubana, num de seus apêndices, estabelecia “o principio de que o governo dos EUA podia intervir nos assuntos internos do país” (Emenda Platt). Diante disso, a maioria dos presidentes cubanos não passava de fantoches a serviço dos norte-americanos.

Em 1933, o coronel Fulgêncio Batista Zaldivar deu um golpe de Estado, e passou a ser o homem forte do país. Em 52, ao perceber que seria derrotado nas eleições, deu um novo golpe e tornou-se ditador.

Fidel Alejandro Castro Ruiz, filho de um abastado fazendeiro, formou-se em Direito pela Universidade de Havana. Era candidato à deputado pelo Partido do Povo Cubano ou da Ortodoxia, quando Fulgêncio Batista deu o golpe. A partir de então, passou à oposição clandestina.

Em 1953, Fidel iniciou uma longa luta de guerrilheiro, ao tentar tomar o quartel de Moncada e a fortaleza de Bayamo, junto com cerca de 126 companheiros, na maioria jovens universitários. Devido a uma série de desencontros e à superioridade bélica dos adversários, os rebeldes foram derrotados. Muitos morreram em combate; outros após terem sido torturados. Alguns foram presos e condenados a 12 ou 15 anos de prisão; porém, diante da violenta pressão popular Fulgêncio Batista anistiou-os em 1955.

Diante da impossibilidade de atuar politicamente em seu país, Fidel foi para o México , onde iniciou um exaustivo trabalho para organizar a invasão de Cuba e a consequente derrubada do regime ditatorial de Batista.

No México, Fidel conheceu o médico argentino Ernesto Guevara de la Serna, popularmente conhecido como Che.

O plano de invasão recebeu o nome de Movimento de 26 de julho, em homenagem ao ataque ao Quartel de Moncada (26/07/1953).

A força guerrilheira foi treinada pelo coronel Alberto Bayo, o que lutou ao lado dos republicanos na Guerra Civil Espanhola. A bordo de um velho iate, o Granma (hoje nome do jornal oficial do governo cubano), os rebeldes partiram de Tuxpán, no México, em 24 de novembro de 1956. Eram 82 guerrilheiros sob o comando de Fidel Castro. A viagem foi cheia de dificuldades.

Assim que desembarcaram em terra firme, os rebeldes foram atacados pela força aérea. Escondendo-se sob as árvores, no meio dos charcos, os guerrilheiros se dispersaram. Dos 82 sobraram apenas 22, que se instalaram nas montanhas e florestas de Sierra Maestra.

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Em Sierra Maestra, nasceu o Exército Rebelde de Guerrilheiros, que obteve a adesão dos guajiros (camponeses sem terra que levavam uma vida miserável).

O número de militantes do movimento aumentou tanto no campo quanto nas cidades. Os guerrilheiros em ações espetaculares, fizeram com que o exercito de Fulgêncio Batista sofresse derrotas vergonhosas. No inicio de 1958, a Rádio Rebelde foi ao ar, podendo Fidel, com sua inflamada oratória , atingir o povo cubano.

No meado de 1958, as colunas guerrilheiras passaram à ofensiva. Nessa fase destacaram-se os guerrilheiros, dentre eles Che Guevara. Em dezembro de 58, o ditador Batista fugiu para a República Dominicana. Em janeiro de 59, os rebeldes controlavam todo o país, e no dia 5 daquele mês Fidel entrou em Havana. Fidel tornou-se chefe do exercito e primeiro-ministro.

Empresas nacionais e estrangeiras, indústrias de grande porte, foram encampadas pelo governo. No campo se realizou reforma agrária.

Em termos de repressão, o governo promoveu o chamado paredón, que foi um grande número de fuzilamentos após julgamentos sumários, contribuindo para afastar inimigos internos e consolidar a revolução. Essa repressão fez com que alguns simpatizantes do movimento se afastasse dele.

As relações com os EUA tornaram-se tensas; o presidente Eisenhower cortou a quota de importação de açúcar. Fidel reagiu nacionalizando as companhias açucareiras, telefônica e de eletricidade, juntamente com bancos norte-americanos. Diante disso os EUA decretaram um bloqueio econômico contra Cuba.

Em 1961, os contrarrevolucionários cubanos que estavam refugiados nos EUA, tentaram uma revanche. Segundo o jornal The New York Times, “os invasores foram treinados, equipados e financiados pelos EUA, supervisionados diretamente pela CIA.” Os contrarrevolucionários desembarcaram na Baía dos Porcos, porém a invasão foi um fracasso total. Em torno de 80 invasores morreram, 1179 foram presos, um barco foi afundado e cinco aviões derrubados.

Em abril de 61, Fidel decretava que Cuba a partir de então, seria um Estado Socialista, adotando o marxismo-leninismo e se aproximando da URSS.

Em outubro de 1962, diante da descoberta de que mísseis soviéticos estavam sendo instalados em Cuba, os EUA bloquearam a ilha e se prepararam para uma invasão. Para evitar um conflito de consequências mais graves, a URSS retirou os mísseis e o bloqueio foi cancelado.

Em virtude do estrangulamento econômico e diplomático imposto pelos EUA e seus aliados, o governo cubano teve que se voltar para a URSS e a Europa Oriental.

O governo comunista erradicou o analfabetismo e melhorou o nível de vida de grande parte da população.

Em meados da década de 80, Cuba era uma “ilha proibida”. Com a redemocratização da maioria dos países da América Latina, a maioria dos paises reatou relações diplomáticas com o regime de Fidel Castro, mas o impasse com os norte-americanos continuou.

Com o fim da URSS e a derrocada do chamado “socialismo real”, acreditava-se que o regime cubano iria sucumbir. Mas ele sobreviveu.

As análises sobre Cuba até a década de 80 foram marcadas por um viés ideológico. Atualmente, as considerações são menos engajadas e mais criticas. Houve progressos nas áreas sociais como saúde e educação. Por outro lado , erros e excessos podem ser listados em bom numero, como a repressão. O boicote econômico norte-americano revelou-se ineficaz, pois uniu a população cubana em defesa do regime. A

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história ensina que há permanências e mudanças, e que ao longo desta houve várias formas de organização social. Cuba mudará? Talvez. Em 2008 Fidel deixou o governo, assumido por Raúl Castro. Cuba ainda se mantém comunista.

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LXFINAIS DO SÉCULO XX – UMA ERA DE INCERTEZAS

É difícil enumerar os choques que afetaram a economia mundial desde 1973. Matérias-primas e energéticas, moedas, bolsas, finanças públicas, ramos industriais, investimentos, poupanças e consumo, todos sofreram perturbações importantes e repetidas. O panorama geográfico não é de modo nenhum mais ameno: os países do Leste estão em falência, o continente americano carrega o fardo de suas dívidas, a China não consegue conciliar as imperativas contraditórias de crescimento e da estabilidade financeira. A África acumula o máximo de fracassos e a Europa Ocidental (única zona próspera além do Japão) tem grandes dificuldades em definir uma identidade comum.

Em 1973, a Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), dominada pelos árabes, os quais, estavam ressentidos com o apoio do Ocidente a Israel, embarga o envio de petróleo a diversos países. Os preços do precioso líquido disparam, atingindo drasticamente os países importadores dessa fonte de energia. Em diversos países ocorreu a queda do Produto Interno Bruto. Na América Latina, especialmente no Brasil, acelerou-se o processo de endividamento externo, bem como aumentou o desemprego e a inflação.

Os EUA:Com a renúncia de Nixon em 1974, devido ao escândalo Watergate, assumiu

Gerald Ford, que fez um governo fraco e apagado. Sua pressa em perdoar Nixon gerou grande desconfiança, tanto que nas eleições de 1976, o vitorioso foi James Earl Carter Jr., mais conhecido como Jimmy Carter.

Carter foi um presidente bem-intencionado, contudo, o contexto histórico era difícil. A recessão provocou um grande aumento de desemprego. A inflação aumentava sem parar. A crise econômica aliada ao fracasso da política externa (queda do xá Reza Pahlevi no Irã, de Somoza na Nicarágua, e invasão soviética no Afeganistão) fizeram com que Carter perdesse a reeleição presidencial de 1980.

O vitorioso foi Ronald Reagan, ex-ator de Hollywood, por duas vezes governador da Califórnia, defensor de valores tradicionais e conservadores da sociedade americana.

Com Reagan houve fortes tensões da Guerra Fria. Ele chamava a URSS de “Império do Mal”. Houve aceleração da corrida armamentista, a invasão de Granada (ilha caribenha invadida por esquerdistas), e o apoio a revolucionários que combatiam o governo sandinista (aliado de Cuba) na Nicarágua.

No plano econômico, Reagan ergueu a bandeira da direita anti-new deal. Em outras palavras, levou a frente com toda força a doutrina laissez-faire (não interferência do Estado nas atividades econômicas dos cidadãos), propiciando o triunfo do neoliberalismo.

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A política econômica neoliberal, defendida por vários economistas, além dos EUA de Ronald Reagan, também foi implantada no Reino Unido da primeira-ministra Margareth Tatcher.

Eis algumas características da política econômica neoliberal:- Pressão pela abertura de mercados, propiciando dessa forma a circulação

global de mercadorias e serviços;- Redução ou extinção das taxas alfandegárias, defesa do livre comércio;- Liberdade para a circulação de capitais;- Incentivo às privatizações;- Livre concorrência;- Redução do intervencionismo estatal na economia.O discurso é este, porém, na prática os países ricos gastam bilhões de dólares

subsidiando seus agricultores. Muitas vezes, elevam taxas alfandegárias para beneficiarem suas indústrias.

De uma forma geral, Reagan foi bem sucedido, pois reelegeu-se em 1984 e conseguiu fazer de seu vice-presidente George Bush, seu sucessor.

George Bush (1988-1992) obteve enormes êxitos na política externa (fim da Guerra Fria e vitória na Guerra do Golfo), porém a crise econômica e a falta de carisma o levaram à derrota nas eleições de 1992.

No inicio dos anos 90, o presidente eleito, William Jefferson Clinton, inaugurou uma nova fase, pondo fim aos 12 anos de domínio republicano na Casa Branca. O novo governo estimulou as exportações americanas, incentivou a queda da inflação, reduziu a taxa de desemprego e intensificou a participação dos EUA na política econômica neoliberal, obtendo êxitos na aprovação do Nafta e do Acordo Geral das Tarifas e Comércio.

No final de seu segundo mandato, o presidente Bill Clinton deixou a economia norte-americana equilibrada, a taxa de desemprego como a menor dos últimos trinta anos e a política externa sem sofrer nenhuma contestação. Potência militar e econômica: eis a posição privilegiada da nação mais rica do mundo.

Clinton não conseguiu eleger seu sucessor. Nas eleições do ano de 2000, o vitorioso foi George W. Bush, do Partido Republicano. Venceu de maneira controversa, inclusive sob a acusação de fraude. Porém, os atentados de 11 de setembro de 2001 deram-lhe força política pois provocaram uma onda nacionalista. Sua “cruzada” contra o terrorismo o levou a invadir o Afeganistão e o Iraque. Seu governo caracteriza-se pelo conservadorismo e problemas na economia. Mesmo com várias questões polêmicas envolvendo seu governo, George Walker Bush reelegeu-se em 2004.

O fim da URSS:Com a morte de Brejnev, em 1982, Yuri Andropov chegou ao poder, mas logo

faleceu. O mesmo ocorreu com seu sucessor Konstantin Tchernenko. E em 1985, ocorreu a ascensão de Mikhail Gorbatchev. A abertura econômica (perestroika) e a transparência de atitudes (glasnost) foram as normas que regeram o governo de Gorbatchev. Muitos analisaram essas medidas como a derrota do socialismo, mas foram um passo decisivo para o fim da Guerra Fria e o início do processo democrático tanto na URSS quanto nos países pertencentes à “Cortina de Ferro”. Apesar do sucesso externo, a economia foi de mal a pior. Nas Repúblicas Bálticas (Letônia , Estônia e Lituânia), aumentaram os movimentos separatistas. Gorbatchev perdia o apoio popular.

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As reformas econômicas de Gorbatchev fracassaram. A situação piorou ainda mais. Ao que parece, os reformadores desejavam ter as vantagens do capitalismo sem perder o socialismo.

Em março de 1991, um plebiscito confirmou, com 76% de votos, o desejo de que fosse mantida a união do país, na forma de uma federação renovada de Repúblicas soberanas, com direitos iguais. Em agosto de 1991, os burocratas deram um golpe contra Gorbatchev. O golpe fracassou.

A KGB (polícia secreta) foi dissolvida. O Partido Comunista foi colocado na ilegalidade.

O frustrado golpe de agosto abriu portas ao movimento de independência das repúblicas que compunham a URSS. Gorbatchev, cada vez mais ofuscado por Boris Ieltsin, tentava um tratado da união.

Sem o conhecimento de Gorbatchev, os presidentes da Rússia, Ucrânia e Bielo-Rússia (Belarus), reunidos na cidade de Brest, criaram a Comunidade dos Estados Independentes (CEI). Era o fim da URSS. No dia de natal de 1991, Gorbatchev renunciou. A ex-URSS mergulhou no caos. A Rússia, a mais importantes das repúblicas, continuou sendo governada por Boris Ieltsin (1991-1999).

A ilusão durou pouco, pois o “choque capitalista” provocou desemprego, miséria, criminalidade e uma elevada corrupção.

Ao fechar o Parlamento usando a força dos canhões e ao afundar a Rússia na inglória Guerra da Chechênia, o presidente Ieltsin mostrou quais estratégias políticas aplicaria ao seu governo.

Em meio à corrupção e com o apoio da mídia, das potências capitalistas, dos novos-ricos e de pessoas bem intencionadas que temiam a volta do socialismo, o cambaleante Ieltsin reelegeu-se presidente da então República da Federação Russa. Doente e sem apoio popular, ele não terminou o mandato, renunciando no último dia de 1999. Antes, porém, preparou um sucessor: Vladimir Putin. Jovem, com fama de durão (fez carreira na KGB), Putin usou o conflito na Chechênia para se promover. Deu certo, pois, no inicio do ano 2000, foi eleito presidente, ainda no primeiro turno. Na falta de outra opção, pois a maioria não queria nem a volta do socialismo nem reformas liberalizantes como as do inicio dos anos 90, Putin reelegeu-se em 2004. A Chechênia ainda não foi totalmente pacificada, pois os terroristas continuam atuantes, perpetrando diversos atentados.

Apesar do crescimento econômico, a velha Rússia assiste a queda do nível de vida da maioria da população, ao aumento da criminalidade e a presença de vasta corrupção.

O Leste Europeu:Na Polônia, a transição foi pacífica. Em 1990, Lech Walesa foi eleito presidente

da República.A crise econômica e social e o despreparo de Walesa fizeram com que os ex-

comunistas ganhassem as eleições parlamentares de 1993.Em 1995, mesmo com o apoio da conservadora Igreja Católica, dos novos-ricos

e do Ocidente, Walesa foi derrotado pelo esquerdista Aleksander Kwasniewski.Na Hungria, em fevereiro de 1989, foi abolido o sistema de partido único. As

reformas econômicas foram aceleradas.Na Bulgária criaram-se o pluripartidarismo e a economia de mercado.

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Na Romênia, a Revolução de 1989 executou o ditador Nicolau Ceaucescu e dissolveu a Securitate (polícia secreta).

Na Albânia, o regime stalinista de Ramiz Alia não resistiu, e nas eleições de 1992, a oposição venceu.

Os países do Leste Europeu pouco a pouco estão entrando para a UE (União Europeia), porém, a distância econômica e social entre eles e seus novos aliados é enorme.

A Iugoslávia:Durante a Segunda Guerra Mundial, a Iugoslávia foi invadida pelos alemães,

italianos, búlgaros e húngaros. Josip Broz Tito foi o grande líder da resistência.Ao fim da guerra a monarquia foi abolida. Tito transformou a Iugoslávia, após

vencer as eleições, numa República Socialista.Formada por seis repúblicas autônomas , com direitos iguais, e duas regiões

(pertencentes à Sérvia), com autonomia relativa, a Federação Iugoslava abrigava um autêntico mosaico de nacionalidades, línguas, culturas e religiões.

Tito conseguiu controlar os diversos grupos étnicos e religiosos. Adotou um socialismo mais flexível; deu certa liberdade; propiciou um certo desenvolvimento econômico e soube tirar proveito das rivalidades entre EUA e URSS.

Tito morreu em 1980. A economia , depois de um período de crescimento, entrou em crise. Desemprego, inflação e endividamento externo passaram a fazer parte do dia-a-dia do povo iugoslavo.

Em 25 de junho de 1991, os Parlamentos da Eslovênia e Croácia declararam unilateralmente a independência. Estourou a guerra civil , com atrocidades terríveis de todos os lados.

A antiga Iugoslávia hoje congrega os seguintes países: a Nova Iugoslávia (atual Sérvia e Montenegro, Kosovo e Vojvodina), Croácia, Eslovênia, Bósnia-Herzegóvina e Macedônia.

A queda do líder sérvio Slobodan Milosevic, após os bombardeios da OTAN, possibilitou a democratização da Sérvia. Em 2006 um plebiscito aprovou a independência de Montenegro. A questão de Kosovo ainda continua sem solução.

O fim do século XX:As últimas décadas do século XX foram marcadas por crises e incertezas.

Cresceu as diferenças entre países ricos e pobres, as formas tradicionais de solucionar os conflitos políticos dão sinais de desgaste, o liberalismo econômico é contestado, a democracia representativa adotada de forma entusiástica logo após a queda do comunismo provoca desencantos. Na periferia do capitalismo não são mais as teorias socialistas que seduzem a juventude, mas o fundamentalismo religioso regado a um nacionalismo anacrônico.

Na era da informática, o desemprego estrutural é uma ameaça visível, o trafico de armas, de drogas , de órgãos humanos e de escravas sexuais convive com o avanço na medicina, na agricultura e nos níveis de escolaridade. São tempos difíceis, mas ricos em experiências, informações e o desejo de mudar.

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PRÉ-VESTIBULAR APOSTILA DE HISTÓRIAPROF. FABIANO DE JESUS

LXIA NOVA ORDEM MUNDIAL DA GLOBALIZAÇÃO

Obs.: Globalizadas são as empresas e alguns aspectos da cultura, mas não toda a cultura.

Os anos que fecharam o milênio foram vividos em meio a um turbilhão de transformações que ainda estão em movimento. Um dos seus traços mais importantes e marcantes foi a aceleração do processo de globalização.

As origens destas transformações estão nos anos de 1960 e 70, em que já se formava uma sociedade fortemente tecnológica, urbanizada e de consumo, com distintos agentes e movimentos sociais. Na segunda metade dos anos 70, a isso juntou-se a crise econômica mundial e o consequente enfraquecimento do Estado. As formas de superação da crise e a cristalização das mudanças sociais gerais no decorrer dos anos 80 abriram caminho para a construção dessa nova sociedade.

A era da globalizaçãoEntendido como o estabelecimento de relações econômicas, políticas e culturais

em escala planetária, o processo de globalização se iniciou no século XVI com as grandes navegações europeias. Esse processo colocou todo o planeta em relativo contato. Outro grande passo foi dado no século XIX com a Revolução Industrial e o Imperialismo. No final do século XX outra etapa desse processo ocorreu: a aceleração do fluxo global de produção, mercadorias e capitais. Isso gerou o que definimos globalização. Esse novo quadro produziu uma mudança profunda no contexto econômico mundial, que se tornou interdependente, passando a funcionar como uma imensa rede planetária.

Economia em redeEntre os anos 70 e 80 houve liberalização dos controles cambiais para que se

gerassem novos fluxos de capitais à procura de melhores oportunidades no mercado internacional. Multinacionais fortaleceram suas políticas de reverter seus capitais e implantar parques produtivos em outros países, em busca de mão-de-obra barata e outros benefícios. Isso foi facilitado pelas novas tecnologias de comunicações e transportes, pois possibilitava a transferência de dinheiro, além da rápida transferência e comercialização de mercadorias para qualquer parte do mundo.

As empresas procuravam negociar diretamente com os governos dos países interessados em seus investimentos, impondo suas necessidades e condições para a instalação de suas indústrias. As empresas exigiam a liberalização dos mercados locais para que seu comércio fosse sem restrições. Muitas empresas para poder operar dentro desta nova lógica, se reuniram em grandes conglomerados.

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Para o pleno funcionamento desta rede econômica internacional, era necessário garantir o crescimento da produção e atender aos fluxos constantes de mercadorias a nível mundial. Foram determinantes as transformações tecnológicas como: novas fontes de energia (solar, eólica, nuclear etc), novas técnicas de fabricação de produtos e transportes, produtos sintéticos, microeletrônica e informática, automação e robótica.

Todo esse processo trouxe crescimento econômico, que elevou a produção mundial de maneira geral.

Novas tecnologias e cultura globalAs transformações tecnológicas não só possibilitaram crescimento econômico,

mas também promoveram transformações sociais e culturais em direção à implantação da imensa rede global.

O desenvolvimento dos chips, microchips e microprocessadores desencadearam novas mudanças na década de 80, principalmente na informática com a criação das redes de computadores, o desenvolvimento dos PCs e da linguagem interativa baseada em ícones, além de programas que simplificaram e ampliaram o uso dos computadores. Houve então uma rápida importância comercial deste setor, o que promoveu também o rápido crescimento das empresas de informática, como a IBM e a Microsoft. Surgiram os modems, as comunidades interligadas que promoviam e facilitavam as trocas de informações e a criação de comunidades virtuais ligadas em rede de computadores. A tecnologia do PC, modem e linha telefônica logo conseguiu permissão de funcionamento nos EUA e se popularizou primeiro neste país, para depois se difundir no resto do mundo. Esse sistema foi denominado Internet.

Na década de 90 os aparelhos e redes passaram a permitir transmissão de imagens e sons para uso comercial, surgindo então a rede mundial WWW, que interliga várias redes mundiais e inúmeras sub-redes. No fim do milênio surgiu a multimídia, um sistema de comunicação eletrônica. Inicialmente usada apenas para entretenimento, logo se difundiu para o uso de empresas e bancos para transações comerciais e financeiras.

O desenvolvimento de outras tecnologias como: fibra ótica, laser, CDs, telefones celulares, novas tecnologias de transmissão via-satélite etc, permitiram a criação e desenvolvimento de uma grande rede planetária de comunicação com um fluxo constante de informações. Essa rede promoveu contato cultural global e democratizou uma quantidade imensa de informações, gerando também um possível processo de homogeneização cultural.

Crises do final do século XXO crescimento econômico da década de 90 não impediu o desenvolvimento de

crises na economia mundial. Em um sistema globalizado e interligado, uma simples desestabilização regional pode tomar dimensões mais amplas, atingindo inúmeros países. O capital financeiro atual não cria vínculos com o país em que está investindo, e ao menor sinal de instabilidade, se retira rapidamente, gerando evasão de divisas e crise, cujos desdobramentos podem ser: retraimento dos investimentos, falência de empresas, desvalorização monetária, desemprego etc.

A primeira crise com estas características ocorreu no México em 1994, e foi chamada Efeito Tequila. Seus efeitos, no entanto, limitaram-se à América Latina. Em 97 ocorreu a grande crise nos Tigres Asiáticos e no Japão, que gerou profundas repercussões internacionais, atingindo a Bolsa de Nova Iorque e a economia de diversos

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países. Em 98 surgiu um colapso na economia russa que atingiram de novo o mercado mundial.

Crises regionais, desde então, passaram a chamar a atenção da comunidade econômica mundial, pois seus desdobramentos se tornaram globais. Como forma de evitar a frequência delas, os países mais ricos, por meio do FMI, procuram agora antecipá-las ou circunscrevê-las como fenômeno local. Alguns setores começaram a pensar também em criar instituições internacionais para controlar melhor os capitais. Essas crises internacionais e as conseqüentes políticas internacionais passaram a desacelerar a economia.

Impactos socioambientaisA Era da Globalização desencadeou um processo inigualável de concentração de

riquezas: os países capitalistas mais ricos acumularam boa parte da riqueza mundial em prejuízo dos menos desenvolvidos. Esse processo acentuou a distância econômica entre países ricos e pobres. Na década de 90 as disparidades de desenvolvimento entre continentes, países e regiões agravaram-se. Os movimentos migratórios de países pobres para os ricos dão a dimensão dessas disparidades.

Essa lógica de concentração também se reproduz internamente nos países, onde regiões, setores e classes mais ricas acumulam a maior parte das riquezas em detrimento de regiões, setores e classes médias e pobres, provocando uma radicalização socioeconômica.

As transformações estruturais do mundo do trabalho industrial tradicional e a expansão do setor de serviços resultaram no crescimento generalizado do desemprego. Mesmo as economias mais ricas não conseguiram repor os empregos perdidos e começaram a defender a flexibilização dos contratos de trabalho, a diminuição da carga horária de trabalho etc. O desmonte previdenciário do Estado agravou a exclusão social, pois as políticas de proteção social tornaram-se mais limitadas, deixando o cidadão mais desprotegido. Isso gerou aumento da desigualdade social e da pobreza, dos desempregados, dos sem teto, sem terras, imigrantes ilegais, mendigos etc, mesmo nas sociedades consideradas mais ricas.

A aceleração do modus vivendi urbano e industrial, e o emprego de novas tecnologias provocou um impacto brutal no meio ambiente. Tragédias ecológicas se multiplicaram pelo planeta depois das décadas de 50 e 60. Esses acontecimentos despertaram a preocupação com o meio ambiente e geraram inúmeros movimentos como ONGs, encontros promovidos pela ONU, a assinatura de protocolos e convenções internacionais (como o Tratado de Kyoto), discussões sobre desenvolvimento sustentável etc.

Dos últimos anos do século XX para cá, expandiu-se e consolidou-se o modo de vida fundado no consumo das massas. Criticada desde a década de 60, a sociedade de consumo foi potencializada pelo crescimento da produção, pelo fim das barreiras comerciais, e pelos meios de comunicação, informação e difusão, que permitiram que as mercadorias invadissem o cotidiano das pessoas apresentando novidades de maneira permanente e rápida.

Crise do EstadoA formação de um mercado e de uma cultura, ou pelo menos uma base cultural,

internacional, fez com que o Estado Moderno perdesse importância política e econômica. O enfraquecimento do Estado começou na segunda metade da década de 70,

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com a crise econômica mundial e com o insucesso de alguns governos reguladores social-democratas da Europa. Nesse contexto, surgiram ideias que questionavam as limitações impostas à economia por parte do Estado e defendiam maior autonomia para o setor econômico privado. Esse conjunto de ideias inspiravam-se no liberalismo clássico, e foram por isso chamadas de neoliberalismo. Elas defendiam a necessidade de abertura econômica por meio da liberalização financeira e comercial, a eliminação das barreiras comerciais os investimentos estrangeiros, assim como o enxugamento do Estado nas políticas sociais e previdenciárias, políticas baseadas em privatizações e desregulamentações financeiras.

Nos anos 80 essas formulações chegaram ao poder por meio dos governos de Ronald Reagan (EUA) e Margareth Thatcher (RU), que defendiam um Estado mínimo e que realizaram um verdadeiro desmonte do Estado previdenciário. Rapidamente essas políticas tornaram-se hegemônicas. Um desdobramento desta política na América Latina foi o estabelecimento do Consenso de Washington que defendia o ajuste econômico dos países em desenvolvimento com essas diretrizes.

Retorno do nacionalismoApesar da tendência irrefreável à globalização, da eliminação das fronteiras

econômicas nacionais e da consequente crise do Estado, contraditoriamente, a partir do final do século XX, houve um reaparecimento de lutas e ideias nacionalistas de diversas características, o que fez surgiu antigas questões ou gerou novas demandas nacionais.

O fim da URSS e da Iugoslávia desencadeou o surgimento de vários países novos na Europa e Ásia Central. Na Índia, os conflitos têm configurações semelhantes, misturando disputas de fronteiras, confrontos étnicos, religiosos e culturais. No Oriente Médio, as tendências nacionalistas cada vez mais se fortalecem e se misturam com a religião. Na Europa Ocidental, fortes sentimentos nacionalistas estão vivos e ganhando repercussão eleitoral.

Nova ordem mundialNo fim do século XX desapareceu a ordem política e internacional criada após a

Segunda Guerra Mundial, que foi marcada pela bipolaridade da Guerra Fria. Encerrou-se um influente modelo de organização social e caíram por terra referências teóricas e de ação que deram sentido a centenas de movimentos sociais e políticos.

O cenário da bipolarização cedeu lugar a uma ordem internacional que aponta para diversas direções, desde o desenvolvimento do nacionalismo ao fundamentalismo político e religioso. Também movimentos ambientalistas, em defesa dos direitos humanos, várias ONGs cresceram e alcançaram destaque internacional.

O desenvolvimento do capitalismo no final do século XX fez emergir novos polos de poder político e econômico, como o Japão, a China e a Rússia, assim como blocos e acordos econômicos regionais.

Em oposição a esse mundo multipolarizado, situa-se a postura unilateral e hegemônica dos EUA, revelada nas diversas intervenções efetuadas nas regiões de tensão regional (principalmente no Oriente Médio), e no menosprezo do governo estadunidense dispensou às decisões de organismos internacionais, como por exemplo, o Protocolo de Kyoto).

O terrorismo internacional mostrou sua capacidade de ação e organização desde o final dos anos 90 tornando-se um dos problemas centrais na ordem internacional. Ao lado do terrorismo, há também o narcotráfico internacional e o crime organizado. Todos

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eles se aproveitam da globalização para empreender suas ações criminosas. A globalização também facilitou o contrabando de armas, a lavagem de dinheiro, as transferências de dinheiro para paraísos fiscais, as ligações entre grupos mafiosos de países diversos, os movimentos de guerrilhas etc. Algumas guerrilhas de esquerda, sem ter como conseguir financiamento agora que não há mais bipolarização, relacionam-se com o tráfico de armas e drogas ou outros grupos do crime organizado direta ou indiretamente.

A nova ordem internacional ainda passa por transformações que dependem das mudanças ocorridas na sociedade globalizada, essa ordem ainda não possui uma identidade clara.