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ASPECTOS TCNICOS E LEGAIS PARA PRODUO DE MUDAS

Dbora Costa Bastos Patrcia Coelho de Souza Leo Paulo Moraes de Souza Ariete Duarte Folle16 Semana Internacional da Fruticultura, Floricultura e Agroindstria FRUTAL/XI AGROFLORES14 a 17 de setembro de 2009 Centro de Convenes do Cear Fortaleza Cear Brasil

Copyright FRUTAL 2009 Exemplares desta publicao podem ser solicitados : Instituto de Desenvolvimento da Fruticultura e Agroindstria Frutal Av. Baro de Studart, 2360 / salas 1304 e 1305 Dionsio Torres Fortaleza CE CEP: 60120-002 E-mail: [email protected] Site: www.frutal.org.br Tiragem: 100 exemplares EDITOR INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO DA FRUTICULTURA E AGROINDSTRIA FRUTAL DIAGRAMAO E MONTAGEM SANDRA CRISTINA LUNA LUCAS RUA JUNIOR ROCHA, 251 PARQUE MANIBURA FORTALEZA/CE FONE: (85) 3278.7052/ 8896.7497

Os contedos dos artigos cientficos publicados nestes anais so de autorizao e responsabilidade dos respectivos autores. Ficha Catalogrfica Aspectos tcnicos e legais para a produo de mudas / Ariete Duarte Folle ... [et al.]. . Fortaleza: Instituto Frutal, 2009. 151 p. 1. Muda Produo Legislao. I. Instituto Frutal. II. Ttulo.

CDD 631.532

16 Semana Internacional da Fruticultura, Floricultura e Agroindstria FRUTAL/XI AGROFLORES14 a 17 de setembro de 2009 Centro de Convenes do Cear Fortaleza Cear Brasil

APRESENTAOA cada edio do evento FRUTAL, oferecemos uma ampla programao tcnica abordando os mais recentes temas visando a atualizao, o repasse de conhecimentos tcnicos e a capacitao do pblico envolvido no evento, em especial os pequenos produtores rurais. Parte importante desta programao so os cursos tcnicos ministrados por renomados especialistas dos setores da fruticultura, floricultura e agroindstria, que atravs dos mesmos repassam conhecimentos tcnicos de forma aprofundada com foco nas principais demandas do setor rural. Esta coleo de dez apostilas contempla temas selecionados a partir das sugestes dos participantes de cursos da edio de 2008, ajustados e aprovados pelos membros das Comisses Tcnico-Cientficas de FRUTAS E AGROINDSTRIA e FLORES E PLANTAS ORNAMENTAIS. Estas comisses so formadas por representantes dos diversos rgos/Instituies Estaduais e Federais, com aes voltadas aos setores contemplados no evento. Fica aqui registrado, em nome dos realizadores da FRUTAL/XI AGROFLORES 2009, o reconhecimento e agradecimento a cada um dos membros das comisses que no mediram esforos para contribuir com a qualidade tcnica dos temas aqui abordados como tambm de toda a programao tcnica. A 16 Semana Internacional da Fruticultura, Floricultura e Agroindstria FRUTAL/XI AGROFLORES 2009 tem como tema central DESAFIOS NA EXPORTAO E OPORTUNIDADES NO MERCADO INTERNO, tema que norteou toda a programao fazendo referncia as dificuldades atuais no mercado externo conseqncia da crise mundial e as novas possibilidades do mercado brasileiro. Esta Apostila objetiva ser um instrumento de orientao durante o curso, como tambm, uma futura fonte de pesquisa do tema abordado. Orientamos os instrutores a destacarem os assuntos mais recentes relacionados com cada tema, dando uma conotao mais prtica e uma linguagem voltada para o pequeno agricultor. Desejamos que as informaes aqui contidas favoream aqueles que delas se utilizarem. O intuito estimular o progresso das tecnologias aplicadas em cada negcio rural dos que tiveram acesso ao contedo, aprimorando seus conhecimentos, beneficiando suas famlias, para melhoria da qualidade de vida dos envolvidos com as atividades rurais. Esperamos, portanto, que esta Apostila transforme-se em um instrumento de pesquisa e aperfeioamento para cada participante do curso que nos honrou com sua presena durante a FRUTAL/XI AGROFLORES 2009.

Cordialmente, Antonio Erildo Lemos Pontes Coordenador Tcnico da FRUTAL 16 Semana Internacional da Fruticultura, Floricultura e Agroindstria FRUTAL/XI AGROFLORES14 a 17 de setembro de 2009 Centro de Convenes do Cear Fortaleza Cear Brasil

COMISSO EXECUTIVAEuvaldo Bringel Olinda Presidente do INSTITUTO FRUTAL Fernando Antonio Mendes Martins Diretor Geral do INSTITUTO FRUTAL Antonio Erildo Lemos Pontes Diretor Tcnico do INSTITUTO FRUTAL Coordenador Tcnico da FRUTAL Janio Bringel Olinda Diretor Administrativo do INSTITUTO FRUTAL

COMISSO TCNICA FRUTAS E AGROINDSTRIAAlmiro Tavares de MedeirosUFC/CCA

Gerardo Newton de OliveiraINSTITUTO CENTEC SRH

Antonio Odlio Giro de AlmeidaCEASA/CE AEAC

Goretti de Ftima Ximenes Nogueira Joaquim Florncio de Sousa NunesCONAB

Antonio de Sales Arajo Antonio Teixeira Cavalcante JniorEmbrapa Agroindstria Tropical Banco do Brasil S.A. NUTEC/PROGEX

Joo Nicdio Alves NogueiraOCB/SESCOOP/CE APRECE

Artur Matos dos Santos Jnior Daniele de Oliveira Bezerra de Souza Desire Rolim BezerraINSTITUTO CENTEC EMATERCE EMATERCE

Jos do Egito Sales Andrade Jos Ismar Giro ParenteSECITECE

Jos Maria FreireChaves S.A. Minerao e Indstria

Egberto Targino Bonfim Erivan de Oliveira Marreiros Esa Matos RibeiroInstituto Agropolos do Cear FUNCEME FIEC

Jos Vandir Matias GadelhaSEBRAE/CE SDA

Jos de Sousa Paz Jorge Jos Prado Gondim de Oliveira Jos Gilber Vasconcelos LopesInstituto Agropolos do Cear FAEC;

Francisco de Assis Bezerra Leite Francisco Frrer Bezerra Francisco Marcus Lima BezerraUFC/CCA MDA

Jos Tito Carneiro SilvaADAGRI Banco do Nordeste S.A.

Jos Maria Marques de Carvalho Luis Antnio da SilvaINSTITUTO CENTEC AEAC

Francisco Nelsieudes Sombra Oliveira Francisco Vital Sousa NetoFETRAECE

Roberto Machado Pereira da Luz Walter dos Santos SobrinhoSFA/CE

Francisco Zuza de OliveiraADECE

Graa de Maria Salgado QuirogaCONAB/CE

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COMISSO TCNICA FLORES

Celiane Freire MartinsInstituto Agropolos do Cear

Jos Maria Marques de CarvalhoBanco do Nordeste S.A. SEBRAE/CE

Desire Rolim BezerraINSTITUTO CENTEC EMATERCE ADECE

Jos Vandi Matias Gadelha Kleber Vasconcelos SabinoInstituto Agropolos do Cear Rosas de Aningas

Erivan de Oliveira Marreiros Francisco Zuza de Oliveira Gerardo Newton de OliveiraINSTITUTO CENTEC

Margarida Colares Pereira Passos Mauricio de Mesquita SiqueiraBanco do Brasil S.A. ADAGRI UFC

Gilson Jos Leite Gondim FilhoCmara Setorial de Flores e Plantas Ornamentais do Estado do Cear

Neiliane Santiago Sombra Borges Roberto Jun Takane Rosiane Santos da RochaFundao Mokiti Okada SDA

Janana Rabelo MagalhesSFA/CE NUTEC/PROGEX APRECE

Joo Batista Salmito Alves de Almeida Jos do Egito Sales Andrade Jos Luiz MoscaEmbrapa Agroindstria Tropical

Silas Barros de Alencar Ticiana BatistaADECE

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SUMRIO

ASPECTOS GERAIS DA PRODUO DE MUDAS DE FRUTFERA PRINCIPAIS INFRAESTRUTURAS PARA A PRODUO DE MUDAS SEMENTEIRAS E VIVEIROS ADUBAO DE COBERTURA DAS MUDAS PRICIPAIS TCNICAS DE PRODUO DE MUDAS REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS PRODUO DE MUDAS DE GOIABA REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS PRODUO DE MUDAS DE VIDEIRA PROPAGAO PLANTAS MATRIZES SELEO DE RAMOS TRANSPORTE E ARMAZENAMENTO DO MATERIAL VEGETATIVO PROPAGAO DO PORTA-ENXERTO PROPAGAO DA CULTIVAR COPA POR ENXERTIA ENXERTIA DE MESA ENXERTIA DE CAMPO VIVEIRO PROPAGAO DA MANGUEIRA NA EMBRAPA MANDIOCA E FRUTICULTURA TROPICAL INTRODUO ESCOLHA DO PORTA-ENXERTO ESCOLHA DA COPA BENEFICIAMENTO DA SEMENTE SEMEADURA TRATOS CULTURAIS ENXERTIA MTODO DE ENXERTIA COEFICIENTES DE PRODUO PRODUO DE MUDAS DE CITROS EM CONDIES DE TELADO ESCOLHA DO PORTA-ENXERTO OBTENO DE SEMENTES PRODUO DE PORTA-ENXERTOS (CAVALINHOS) FORMAO DE MUDAS EM RECIPIENTES PLSTICOS

7 8 11 20 23 41 43 45 46 46 46 4849 50

52 54 56 59

61 61 61 61 62 62 63 63 64 65 73 73 73 74 75

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LEGISLAO DE SEMENTES DE MUDAS COMPETNCIAS DA CSM OS MARCOS LEGAIS ADEQUAO DA LEGISLAO BRASILEIRA JUSTIFICATIVA PARA A NOVA LEGISLAO HISTRICO LEI DE PROTEO DE CULTIVARES CONDIES PARA A PROTEO O NOVO ARCABOUO LEGAL UM NOVO CENRIO COMPETNCIAS PRINCIPAIS PONTOS DA LEI 10.711/03 SISTEMA NACIONAL DE SEMENTES E MUDAS DISPOSIES PRELIMINARES RENASEM REGISTRO NACIONAL DE CULTIVARES PROTEO X REGISTRO UTILIZAO PRODUO CERTIFICAO ANLISE DE SEMENTES COMRCIO INTERNO COMRCIO EXTERNO FISCALIZAO CONCEITOS SISTEMA DE PRODUO RESPONSABILIDADES NORMAS E PADRES PRINCIPAIS MUDANAS DA NOVA LEI PLANTAS FORNECEDORAS DE MATERIAL DE PROPAGAO PRODUO DE MUDAS RESPONSABILIDADE TCNICA CERTIFICAO DE MUDAS PREPARO DA MUDA ARMAZENAMENTO RESERVA DE PROPAGAO PARA USO PRPRIO CURRCULOS DOS INSTRUTORES

79 80 80 81 82 82 83 84 85 86 87 8888 89

89 90 90 91 93 98 99 100 100 103 104 106 106 107 108 114 117 124 125 128 129 130 148

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ASPECTOS GERAIS DA PRODUO DE MUDAS DE FRUTFERASDbora Costa Bastos 1 Juliana Martins Ribeiro1

A produo de mudas com padres de qualidade fisiolgica, morfolgica e fitossanitria o principal objetivo do viveirista. Para que isso ocorra, de suma importncia adotar um elevado nvel tecnolgico que inclua todas as fases de produo, desde a obteno do material propagativo at o transporte da muda at o plantio e/ou venda. A produo de mudas uma das etapas fundamentais no processo de implantao de um pomar e pode ser determinante para o sucesso da cultura a ser implantada. As tcnicas de produo devem atender s necessidades do produtor, levando-se em considerao a disponibilidade e a localizao de reas, o grau de tecnologia e os recursos financeiros disponveis. Os principais aspectos observados na produo de mudas levam em

considerao o local em que as mudas so produzidas, devendo ser uma rea com caractersticas prprias, destinada produo, ao manejo e proteo das mudas at que as mesmas estejam adequadas para ser transplantadas para o local definitivo, resistir s condies adversas e apresentar um bom desenvolvimento (Wedling et al., 2006). A muda o alicerce da fruticultura, pois dela depende o sucesso da implantao de um pomar. A utilizao de mudas de baixa qualidade, mesmo que inicialmente proporcione reduo no custo de implantao do pomar, poder trazer srios problemas futuros. Sendo assim, aconselha-se a obteno de mudas a partir de viveiristas qualificados e devidamente registrados (Finardi, 1998).

PRINCIPAIS INFRAESTRUTURAS PARA A PRODUO DE MUDASInstalaes Para a implantao das instalaes, diversos fatores devem ser levados em considerao, entre eles a mxima eficincia no uso das mesmas, economicidade para construo e facilidade no manejo para produo das mudas. O grau de sofisticao das instalaes depende da interao entre fatores como a espcie a ser propagada,

Pesquisadora da Embrapa Semi-rido, BR 428 Km 152 Caixa Postal 23, Zona Rural, CEP 56.302-970, Petrolina,PE. [email protected] [email protected] CURSOS FRUTAL Aspectos tcnicos e legais para a produo de mudas

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quantidade de mudas a serem produzidas e o poder aquisitivo do viveirista (ZuffellatoRibas e Paes; Wedling et al., 2006; Zecca, 2009). As principais instalaes para o viveiro so: 1)Escritrio: so armazenadas todas as informaes referentes produo de mudas, bem como onde so centralizadas as operaes de comercializao, contratao de mo de obra e comunicao com clientes e outros viveiristas. 2)Depsito para equipamentos e ferramentas: local de armazenamento dos implementos para preparo do solo, pulverizadores, distribuidores de fertilizantes, betoneira (para mistura de substratos), recipientes, estufa de secagem, mquinas de beneficiamento de sementes, mquinas de enxertia, cmaras frias ou geladeiras para armazenamento de sementes, etc. 3)Depsito para produtos qumicos: local de armazenamento dos fungicidas, inseticidas e herbicidas, etc. 4)Telado: estrutura, de madeira ou metal, coberta com tela de sombreamento, conhecida popularmente como sombrite. O telado til para a manuteno de plantas matrizes isentas de viroses, aclimatizao de mudas e produo de mudas que exigem sombreamento inicial. As telas podem apresentar diferentes graus de sombreamento, sendo importante considerar que, quando maior o grau de sombreamento, maior ocorrncia de estiolamento das mudas que permanecerem por longo tempo no telado e, por conseqncia, maior a facilidade das mudas morrerem quando da sua transferncia para o pomar. De maneira geral, o telado pode ter diferentes dimenses, podendo ser permanente ou temporrio, ser ou no dotado de sistema de irrigao por nebulizao, sendo o tipo de tela mais utilizado aquele que permite um sombreamento de 50% (Zecca, 2009). 5)Estufa ou casa de vegetao: estrutura parcial ou completamente fechada, com estrutura de madeira ou metal (alumnio, ao ou ferro galvanizado), coberta, em geral com plstico especial para esta finalidade. A estufa pode ainda ser coberta de vidro ou fibra de vidro, porm isto acarreta maior custo, A grande vantagem do uso de estufas em viveiros a possibilidade de controle ambiental de modo a maximizar a produo de mudas, reduzindo o tempo necessrio para a propagao e permitindo que as mudas possam ser produzidas em diferentes pocas do ano. Normalmente, as estufas possuem sistemas de nebulizao intermitente, o que mantm elevada a umidade relativa do ar, permitindo a propagao atravs de estacas com folhas (tcnica que, em certas espcies, viabiliza a propagao atravs de estaquia). A elevada umidade do ar e a elevada temperatura aumentam a velocidade de crescimento das plantas. As estufas podem ser construdas pelo prprio viveirista ou adquiridas de empresas especializadas na construo das mesmas. Alm do sistema de nebulizao, as estufas podem ser9COLEO CURSOS FRUTAL Aspectos tcnicos e legais para a produo de mudas

dotadas de sistemas automatizados para aquecimento do substrato, diminuio da temperatura, controle do fotoperodo, entre outros. Entre os problemas relacionados com o uso de estufas, podem ser citados os seguintes: aumento da dependncia da planta em relao ao homem, elevado custo de implantao, aumento da sensibilidade e ocorrncia de doenas e dificuldades na aclimatizao (Zecca, 2009). O enraizamento de estacas de muitas espcies, especialmente por meio de estacas semilenhosas e herbceas, muito difcil se no for adotado um controle ambiental, principalmente em relao a trs pontos: a) manter alta umidade relativa do ar com uma baixa demanda evaporativa, de modo que transpirao das estacas seja minimizada e haja um mnimo de perda de gua; b) manuteno de temperatura adequada para estimular o metabolismo na base das mesmas e suficientemente amena na parte area para reduzir a transpirao e c) manter a irradiao dentro de um limite suficiente para ocasionar elevada atividade fotossinttica, sem, no entanto, causar aumento excessivo de temperatura nas folhas. As estufas tm esta finalidade de controle ambiental. Quanto mais controladas as condies de propagao, maiores as chances de sucesso, especialmente naquelas espcies de difcil propagao. Um dos problemas a serem enfrentados em estufas nas condies brasileiras o aumento excessivo de temperatura, o que implica no uso de mecanismos de resfriamento do ar. Na literatura h relatos da limitao no crescimento de razes, em grande parte das espcies lenhosas, em temperaturas ao redor de 35-40C. Sendo assim, um bom sistema de resfriamento e sombreamento bem como uma boa ventilao,so aspectos fundamentais que devem ser observados no momento da implantao das instalaes. Quanto a iluminao, mesmo que a luz seja considerada favorvel atividade fotossinttica das mudas, alta luminosidade no parece ser a condio mais favorvel. Filmes de polietileno mais modernos esto disponveis no mercado com alguns aditivos, tais como acetato de vinil, alumnio e silicatos de magnsio, os quais aumentam a opacidade do plstico s ondas longas (infravermelho), favorecendo o enraizamento (Zuffellato-Ribas e Paes). 6)Estufins: pequenas estufas, com maior versatilidade, menor custo e menor tamanho. Os estufins so construdos, normalmente, em madeira e com cobertura de polietileno e podem ser utilizados tanto para a produo de mudas por sementes quanto pela estaquia. 7)Ripados: proporcionam sombreamento, podendo substituir os telados. So construes simples, relativamente durveis, baratas e fceis de construir, apresentando como inconveniente o fato de que o sombreamento no completamente uniforme (Zuffellato-Ribas e Paes; Wedling et al., 2006; Zecca, 2009).

10COLEO CURSOS FRUTAL Aspectos tcnicos e legais para a produo de mudas

SEMENTEIRAS E VIVEIROSNa propagao de frutferas, um dos principais itens a infraestrutura da rea de produo de mudas. Vrios fatores podem influenciar na escolha do tipo de infraestrutura utilizada: quantidade de mudas produzidas, oferta constante das mudas, nmero de espcies a serem propagadas, mtodo de propagao, custos das instalaes e grau de tecnificao do viveirista. O viveiro o local onde so concentradas todas as atividades de produo de mudas, pode ser temporrio ou permanente (Figura 1).

Figura 1 Viveiros de produo de mudas. Foto D.C.Bastos Tipos de viveiro Os viveiros podem ser classificados como permanentes ou temporrios, levandose em considerao a sua durabilidade, e viveiros com mudas de raiz nua ou em recipientes, considerando-se a proteo do sistema radicular das plantas. Os viveiros permanentes tm como finalidade produzir mudas durante muitos anos e, por isso, requerem planejamento mais cuidadoso, uma vez que suas instalaes so mais sofisticadas e onerosas para suportar maior perodo de produo de mudas. Geralmente, esse tipo de viveiro instalado prximo aos centros consumidores de mudas, razo pela qual possuem maiores dimenses que o viveiro temporrio. A rea do viveiro dividida em reas para benfeitorias, de produo de mudas e de crescimento ou viveiro de espera, que objetiva conduzir as mudas at atingirem tamanhos adequados para pomares (Figura 2).

11COLEO CURSOS FRUTAL Aspectos tcnicos e legais para a produo de mudas

Figura 2 Viveiro permanente. Foto: prefeitura Municipal de Juqui SP

Os viveiros temporrios destinam-se produo de mudas em determinado local durante um perodo e, cumprindo as finalidades a que se destinaram, so desativados. Esses viveiros so de instalaes simples, geralmente dentro dos pomares frutferos, visando reduo de custos de transporte das mudas e melhor adaptao das mesmas s condies climticas do local (Wedling et al., 2006) (Figura 3).

Figura 3 Viveiro temporrio. Foto: Agropecuria Kakuri PA

As mudas de razes nuas so aquelas que no possuem proteo para o sistema radicular no momento do plantio (Figura 4). A semeadura feita diretamente nos canteiros e as mudas so retiradas para o plantio, tendo-se apenas o cuidado de evitar danos s razes, insolao direta, vento, evitando-se o ressecamento das razes e a morte das mudas.

12COLEO CURSOS FRUTAL Aspectos tcnicos e legais para a produo de mudas

Figura 4 Viveiro com mudas de razes nuas. Foto: Viveiros Somacal

Escolha do local do viveiro A escolha do local importante na instalao do viveiro, porm outros fatores devem ser considerados como, por exemplo, ser um local de fcil acesso, ter gua disponvel e com qualidade, distante do local de plantio, rea livre de plantas invasoras, disponibilidade de mo de obra, rea com pouca declividade, solo com boas condies (profundos, boa capacidade de drenagem e fertilidade, e alto teor de matria orgnica) (Fachinello et al., 2005).

rea do viveiro A rea necessria para instalao de um viveiro depende do nmero e tipo de plantas a serem produzidas, do tamanho dos recipientes que sero utilizados, do percentual de germinao da semente ou de enraizamento, das perdas provenientes das selees, da repicagem (quando for o caso) etc. Num viveiro bem planejado, a rea produtiva, ou seja, a rea dos canteiros ou de recipientes dever possuir sempre em torno de 50% a 60% da rea total, sendo o espao restante destinado a caminhos, ruas, estradas, galpes, construes em geral e rea para preparo do substrato e enchimento dos recipientes (Wedling et al., 2006; Zecca, 2009).

Instalaes necessrias O tipo e tamanho da infraestrutura necessria para a instalao de um viveiro variam de acordo com o objetivo a que se destina. Algumas estruturas, como as casas de vegetao (estufa), oferecem condies climticas controladas para o crescimento13COLEO CURSOS FRUTAL Aspectos tcnicos e legais para a produo de mudas

das mudas, o que extremamente importante, principalmente para as espcies mais sensveis ao frio e ao calor. Entre as principais instalaes, pode-se citar: - casa do viveirista; - galpo semi-aberto para trabalho em dias chuvosos; - tanque ou caixa dgua para irrigao; - depsito para insumos; - almoxarifado para ferramentas e equipamentos; - local de produo (sementeiras e/ou recipientes); - casa de vegetao (Wedling et al., 2006; Zecca, 2009);

Substratos O substrato definido como meio fsico natural ou sinttico, onde se desenvolvem as razes das plantas que crescem em um recipiente, com um volume limitado (BallesterOlmos, 1992; Salvador, 2000). Para determinao do melhor substrato para cada espcie recomenda-se que sejam efetuados testes empricos. Diversos materiais tm sido recomendados como substrato para o enraizamento de estacas. Dentre os mais utilizados, destacam-se areia, vermiculita, turfa, casca de pinus, musgo turfoso, casca de arroz carbonizada, serragem de madeira, fibra ou p de coco, isolados ou em misturas com outros substratos (Rosa et al., 2001; Hartmann et al., 2002). O substrato tem o papel de sustentar a muda e fornecer condies adequadas para o desenvolvimento e funcionamento do sistema radicular, assim como os nutrientes necessrios ao desenvolvimento da planta. Este substrato deve ser isento de sementes de plantas invasoras, pragas e fungos patognicos, evitando-se assim a necessidade de sua desinfestao. Dessa forma, devido estrutura e tecnologia necessrias para a produo de um substrato de qualidade, grande parte dos viveiros comerciais adquire seus substratos de empresas especializadas. Contudo, em caso de formulao prpria, deve-se dedicar especial ateno adequada compostagem do material orgnico e desinfestao do solo, em funo da presena de patgenos e sementes de plantas invasoras (Wedling et al., 2006; Zecca, 2009). Recomenda-se que seja feita a mistura de dois ou mais materiais para a formulao do substrato, visando a uma boa aerao, drenagem e fornecimento de nutrientes de forma adequada. O tipo de material e a proporo de cada um na composio do substrato variam de acordo com a disponibilidade local, custo e tipo de muda a ser produzida. A seguir, encontram-se relacionados exemplos de formulao de

14COLEO CURSOS FRUTAL Aspectos tcnicos e legais para a produo de mudas

substratos. Porm, ressalta-se que cada formulao dever ser testada nas condies de cada local de produo e devidamente ajustada, caso haja necessidade. Recomenda-se a adio de fertilizantes no substrato para promover o suprimento dos elementos necessrios, economizando-se tempo no processo de produo das mudas. Sua formulao e dose so variveis em funo do tipo de substrato utilizado e da espcie a ser produzida; recomendada a realizao de uma anlise qumica do substrato e, caso haja necessidade de se proceder a correo da acidez do substrato (pH < 5,0) e elevar o nvel de fertilidade, pode-se consultar as tabelas de recomendao de adubao (Wedling et al., 2006; Zecca, 2009). O substrato um dos muitos fatores que condicionam o sucesso na propagao de plantas. Na opo por um determinado material como substrato, objetiva-se otimizar as condies ambientais para o desenvolvimento da planta em uma ou mais etapas da propagao. Se utilizado um material adequado e as demais condies tambm forem satisfeitas, o desenvolvimento da muda ser satisfatrio, tendo-se como resultado a obteno de uma planta com capacidade de expressar futuramente o potencial produtivo da cultivar. Por outro lado, o uso de materiais inadequados, alm da sua ineficincia nos mtodos de propagao, originar plantas com problemas de desenvolvimento e com reflexos negativos sobre a futura produo (Wedling et al., 2006; Zecca, 2009). As caractersticas que os substratos devem ter so: ser firme e denso para manter a estrutura de propagao em condies at a germinao ou enraizamento; no encolher ou expandir com a variao da umidade; apresentar boa reteno de gua; porosidade que facilita a drenagem e a aerao; livre de plantas invasoras, nematides ou outros patgenos; no apresentar excesso de salinidade e permitir a esterilizao por vapor Alm disso, deve apresentar baixa densidade e possuir composio qumica e fsica equilibrada, elevada CTC, boa capacidade de aerao e drenagem, boa coeso entre as partculas e adequada aderncia junto s razes. Geralmente os parmetros fsicos tais como a porosidade total, densidade, proporo do tamanho de partculas, espaos com ar e gua, condutividade hidrulica saturada e insaturada definem um bom substrato (Fachinello et al., 2005; Wedling et al., 2006; Zecca, 2009). O substrato mais utilizado a terra de subsolo (70%) no caso de se usar sacos plsticos, mais composto orgnico ou esterco curtido (30%). Quando se usa tubetes, os tipos de substratos mais recomendveis so: a) vermiculita (30%), terra de subsolo (10%) e matria orgnica (60%); b) terra de subsolo (40%), areia (40%) e esterco curtido (20%); c) vermiculita (40%), terra de subsolo (20%) e casca de arroz calcinado (40%). A associao de materiais, especialmente em mistura com o solo, permite melhor as condies para desenvolvimento das mudas. Assim, a grande maioria dos trabalhos com substratos na fase de desenvolvimento de mudas inclui misturas de solo(s),15COLEO CURSOS FRUTAL Aspectos tcnicos e legais para a produo de mudas

vermiculita e materiais orgnicos na etapa de desenvolvimento das mesmas. aconselhado misturar-se ao solo materiais como areia e materiais orgnicos, como forma de melhorar a textura e propiciar melhores condies para o desenvolvimento das mudas. Em misturas, o solo e a turfa participam como retentores de umidade e nutrientes, enquanto a areia, serragem ou casca de arroz, agem como condicionadores fsicos. A mistura com materiais orgnicos beneficia as condies fsicas do substrato e fornece nutrientes, favorecendo o desenvolvimento das razes e da planta como um todo (Wedling et al., 2006).

Recipientes A escolha do tipo de recipiente a ser utilizado funo do seu custo de aquisio, das vantagens na operao (durabilidade, possibilidade de reaproveitamento, rea ocupada no viveiro, facilidade de movimentao e transporte etc) e de suas caractersticas para a formao de mudas de boa qualidade. O mercado possui vrios tipos de recipientes disponveis destacando-se: canudos de bambu ou laminado de madeira, latas e copos descartveis, sacos e tubetes de plstico. Os recipientes mais comuns so os sacos plsticos e os tubetes de polipropileno. Os sacos plsticos apresentam a vantagem de dispensarem grandes

investimentos em infra-estrutura. Os tubetes, ao contrrio, requerem investimentos mais elevados, mas apresentam custo operacional muito menor, tanto na produo de mudas, quanto no transporte, proporcionando substancial reduo no custo final do produto. O tamanho do recipiente varia em funo da espcie a ser produzida, do tamanho final que a muda dever atingir e do tempo de permanncia das mesmas no viveiro.

As principais vantagens do uso de recipientes na produo de mudas so: - Quando associado ao uso de telados ou estufas, permite o cultivo sob quaisquer condies climticas, o que permite cumprir-se rigorosamente um cronograma de produo; - Reduo da utilizao de tratores e carretas na rea de viveiro; - Reduo do tempo necessrio para a produo das mudas (em mudas ctricas, no sistema de sementeira, so necessrios 18 a 24 meses para produo das mudas, enquanto que, com uso de bandejas ou tubetes, so necessrios 12 a 15 meses); - Reduo da competio entre as mudas; - Reduo da rea necessria de viveiro; - Proteo do sistema radicular contra danos mecnicos e desidratao;16COLEO CURSOS FRUTAL Aspectos tcnicos e legais para a produo de mudas

- Proteo da muda contra doenas e pragas de solo, alm de facilitar, quando necessrio, a prtica da esterilizao do substrato; - Aumento da facilidade no transporte das mudas; - Reduo do estresse no momento do transplantio (Wedling et al., 2006; Zecca, 2009).

Na produo de mudas em recipientes alguns fatores devem ser observados como: a umidade, principalmente em recipientes menores que contem menores quantidades de substrato, a adubao, pois os nutrientes presentes no substrato so poucos e a limitao ao crescimento da raiz, de modo que o recipiente no seja uma barreira para as razes, podendo prejudicar o crescimento da muda (Zecca, 2009). As principais caractersticas que o recipiente deve apresentar so: resistncia para suportar o substrato e a planta; permitir que a planta tenha um rpido desenvolvimento inicial; acondicionar o volume adequado de substrato; boa drenagem; fcil reteno da umidade; durvel; fcil manejo quando da transferncia (leveza e resistncia); baixo custo, reutilizvel ou construdo com material facilmente reciclvel (Wedling et al., 2006).

Tipos de Recipientes Vrios so os recipientes utilizados na produo de mudas. Entre estes esto: sacos plsticos, tubetes, citropotes, bandejas plsticas ou de isopor, caixas de madeira ou metal, vasos plsticos, entre outros. Os principais recipientes utilizados na propagao comercial so:

Sacos plsticos O tamanho recomendado para os sacos plsticos depende da espcie. Pode ser de 9 x 14cm ou de 8 x 15cm, com 0,07mm de espessura. Para espcies que permaneam mais tempo no viveiro podem ser utilizados sacos de at 11 x 25cm, com espessura de 0,15mm. Possuem colorao preta ou escura para impedir o desenvolvimento de algas e invasoras dentro do recipiente e proporcionar melhores condies de desenvolvimento para as razes. So perfurados na sua base para a drenagem da gua. Apresentam a vantagem da versatilidade, adaptando-se a uma grande variedade de situaes, alm de ter baixo custo, serem reutilizveis e de fcil manejo. Entretanto, se o plstico for de espessura fina, pode romper devido ao peso do substrato ou ao crescimento das razes e no permitindo que seja utilizado novamente. Alm disso, os furos devem ser prximos base da embalagem, caso contrrio no permitem um bom escoamento do excesso de17COLEO CURSOS FRUTAL Aspectos tcnicos e legais para a produo de mudas

gua, prejudicando o crescimento da muda. importante observar a qualidade do plstico, alm do nmero e posio dos furos no momento da compra (Wedling et al., 2006). Os sacos plsticos menores permitem formar canteiros com cerca de 250 sacos por m2 . Os maiores ocupam mais espao, reduzindo a ocupao para cerca de 100 saquinhos por m2 . Os canteiros podem ser instalados no cho ou suspensos a cerca de 0,80m de altura para facilitar o manuseio, por um lado e, por outro, melhorar a qualidade das mudas, pois a poda das razes feita pelo ar, quando furam as embalagens. Os sacos plsticos ainda so recipientes muito usados em funo de seu menor preo, estruturas e tecnologias no adaptadas ao uso de tubetes (Wedling et al., 2006; Zecca, 2009).

Tubetes So recipientes de formato cnico, construdos em plstico rgido e de cor escura. Internamente, apresentam estrias que impedem o enovelamento das razes. Podem acondicionar diferentes volumes de substrato. Para o uso dos tubetes, necessrio um sistema de suporte, que pode ser uma bandeja de isopor, de plstico ou metal, bem como uma bancada com fios de arame distanciados de forma a possibilitar a colocao dos tubetes (Figura 5). Dessa forma, os tubetes ficam suspensos, de forma que a sua base fique exposta ao ar, proporcionando a "poda pelo vento" das razes. Apresentam a vantagem de ser reutilizveis por muitas vezes, alm de permitir a produo de um grande nmero de mudas por unidade de rea. Pelo fato de serem unidades independentes, os tubetes permitem a seleo das mudas com a embalagem. Devido a um pequeno volume de substrato, necessitam que a muda seja retirada logo que as razes ocuparem todo o substrato (Wedling et al., 2006; Zecca, 2009). A escolha do local importante na instalao do viveiro. Outros fatores tambm devem ser considerados como: ser de fcil acesso, ter gua disponvel e com qualidade, distante do local de plantio, rea livre de plantas invasoras, disponibilidade de mo de obra, rea com pouca declividade, solo com boas condies (profundos, boa capacidade de drenagem e fertilidade, e alto teor de matria orgnica) (Fachinello et al., 2005). A associao de materiais, especialmente em mistura com o solo, permite melhor as condies para desenvolvimento das mudas. Assim, a grande maioria dos trabalhos com substratos na fase de desenvolvimento de mudas inclui misturas de solo(s), vermiculita e materiais orgnicos na etapa de desenvolvimento das mesmas. aconselhado misturar-se ao solo materiais como areia e materiais orgnicos, como forma18COLEO CURSOS FRUTAL Aspectos tcnicos e legais para a produo de mudas

de melhorar a textura e propiciar melhores condies para o desenvolvimento das mudas. Em misturas, o solo e a turfa participam como retentores de umidade e nutrientes e a areia, serragem ou casca de arroz, como condicionadores fsicos. A mistura com materiais orgnicos beneficia as condies fsicas do substrato e fornece nutrientes, favorecendo o desenvolvimento das razes e da planta como um todo (Wedling et al., 2006).

Figura 5 Tubetes na formao de porta enxertos de caramboleira. Foto D.C.Bastos

Bandejas Podem ser de plstico, normalmente apresentando um espao nico e contnuo para acondicionamento do substrato, bem como podem ser de poliestireno expandido (isopor), constitudas de um nmero varivel de clulas, nas quais feita a produo da muda. As clulas apresentam forma piramidal invertida, com capacidade de at 120 cm3 de substrato por clula. Na base, a clula apresenta um orifcio para escoamento da gua (Figura 6).

Figura 6 Plntulas de carambola em bandejas 1 semana aps a semeadura. Foto D.C.Bastos19COLEO CURSOS FRUTAL Aspectos tcnicos e legais para a produo de mudas

As bandejas so teis na primeira etapa da produo de mudas, pois acondicionam pequeno volume de substrato. Preferencialmente, as bandejas devem ficar suspensas, permitindo a "poda pelo vento". A durabilidade da bandeja est em funo do ambiente onde feita a produo de mudas e do cuidado no manuseio das mesmas. Para uma dada espcie, em sistemas tradicionais de propagao (viveiros), podem ser produzidas cerca de 25 a 30.000 mudas/hectare, enquanto com uso de bandejas, podem ser produzidas cerca de 200.000 mudas/hectare.

Citropotes Tambm conhecidos como "containers", apresentam esta denominao, por serem desenvolvidos e difundidos para a produo de mudas ctricas (Figura 7). So feitos em plstico preto rgido e acondicionam grande volume de substrato, para permitir que a muda seja mantida neste recipiente desde a repicagem da muda (produzida em tubetes ou bandejas) at a comercializao. Apresentam inmeras vantagens, dentre as quais a facilidade de manuseio da muda, a possibilidade de produo de mudas numa mesma rea durante vrios anos (desde que o substrato seja oriundo de local isento de patgenos), bem como permitindo o plantio da muda no pomar sem danos ao sistema radicular. Uma das principais limitaes ao uso do citropote o elevado custo (Wedling et al., 2006).

Figura 7 Muda de citros no citropote. Foto A.G.D. Zecca

ADUBAO DE COBERTURA DAS MUDASAdubaes de cobertura (aps a germinao das sementes ou enraizamento das estacas) quase sempre so necessrias para permitir a produo de mudas de boa qualidade em menor tempo. So realizadas quando o substrato utilizado de baixa20COLEO CURSOS FRUTAL Aspectos tcnicos e legais para a produo de mudas

fertilidade ou apresenta baixa concentrao de nitrognio (N) e potssio (K), muitas vezes omitidos na adubao do substrato por apresentarem altos ndices salinos, que podem provocar grandes perdas das mudas recm germinadas. A adubao pode ser feita via fertirrigao (gua de irrigao) ou pela aplicao individual na superfcie do substrato (Zecca, 20090. Existem diversas formulaes de adubao; a mais adequada depender da planta, da fertilidade do substrato, do manejo utilizado para a produo das mudas, da fase de produo das mudas etc. Como sugesto, pode-se utilizar 25 gramas de sulfato de amnio + 60 gramas de cloreto de potssio, diludos em 10 litros de gua, a qual dever ser ajustada em funo do sistema de manejo adotado. Essa soluo suficiente para adubar 3 m2 de canteiro (em torno de 300 mudas). Esta adubao tambm pode ser utilizada na formulao de p, ou seja, pela aplicao de 0,05 gramas por planta da mistura acima, sem a gua (Fachinello et al., 2005; Wedling et al., 2006).

Parmetros de qualidade das mudas A classificao das mudas em termos de qualidade de suma importncia devido a melhor adaptao e crescimento daquelas com maior padro de qualidade no plantio definitivo. Os principais parmetros que indicam a boa qualidade de uma muda so: - uniformidade de altura entre as mudas do lote; - dimetro do colo; - rigidez da haste principal (dimetro de colo); - aspecto visual vigoroso (sem sintomas de deficincia, tonalidade das folhas); - ausncia de estiolamento; - ausncia de pragas e doenas na folha, no caule e nas razes; - ausncia de plantas invasoras no substrato; - sistema radicular e parte area bem desenvolvida (raiz pivotante no enrolada e fixada no solo, fora do recipiente); - relao parte area/sistema radicular (Zecca, 2009; Wedling et al., 2006).

Controle Fitossanitrio interessante realizar tratamentos preventivos (qumicos ou mecnicos), como a desinfestao do substrato ou do solo do canteiro que sero utilizados no preenchimento dos recipientes, com a finalidade de evitar a ocorrncia de pragas, doenas e a competio por plantas daninhas. Dentre os mtodos qumicos, utiliza-se a aplicao de21COLEO CURSOS FRUTAL Aspectos tcnicos e legais para a produo de mudas

herbicidas, fungicidas e inseticidas e, para os mecnicos, tm-se a catao manual, o revolvimento do solo, a aplicao de gua quente, a exposio ao sol, a inundao, entre outros. Fica evidenciado a grande importncia da escolha do local adequado para a instalao do viveiro, o que evita ou diminui problemas relacionados com pragas e doenas. O correto manejo dirio do viveiro tambm de fundamental importncia na reduo da ocorrncia de problemas, devendo-se evitar excessos de irrigao, adubao e radiao direta logo aps a germinao (Fachinello et al., 2005; Wedling et al., 2006). Dentre as pragas mais comuns, encontram-se a lagarta rosca, formiga cortadeira, grilos, besouros, cochonilhas, paquinhas, pulges e formigas. Entretanto, no manejo adequado do viveiro, normalmente no se verifica muitos danos; porm, se o nvel de infestao for elevado, torna-se necessrio o controle qumico sob orientao profissional. No existe controle de carter preventivo. As doenas mais comuns de ocorrncia nos viveiros so: tombamento, podrido de razes, ferrugens e manchas foliares. Quando o nvel de danos for significativo, deve-se fazer o controle com fungicidas especficos, sempre com orientao tcnica. Tanto para as pragas como para as doenas, recomenda-se consultar um profissional capacitado, visando ao adequado controle (Wedling et al., 2006; Zecca, 2009).

Controle de Plantas Invasoras Plantas invasoras so aquelas que ocorrem em locais indesejveis ou esto fora do lugar. Dessa forma, uma planta pode ser considerada invasora dependendo do tempo e local onde ocorre. O controle pode ser manual com enxadas, mecnico utilizando-se roadeiras, grades, etc e qumico com herbicidas.

Transporte das mudas para o plantio e/ou venda No transporte, as mudas devem ser protegidas por lonas ou outro tipo de cobertura, de forma a evitar danos provocados pelo vento, chuva e pelo sol. No caso de mudas produzidas em tubetes o seu transporte para o plantio pode ser feito na forma de rocambole, onde as mudas so acondicionadas em filme plstico em pacotes de cinqenta ou mais mudas, dependendo do tamanho do tubete, com a raiz aderida ao substrato. Este processo evita o transporte do tubete para o campo, reduzindo a incidncia de patgenos na rea de produo das mudas (Wedling et al., 200; Zecca, 2009).

22COLEO CURSOS FRUTAL Aspectos tcnicos e legais para a produo de mudas

PRICIPAIS TCNICAS DE PRODUO DE MUDASA produo de mudas de frutferas pode ser feita pelos mtodos sexuado e assexuado. O primeiro refere-se produo de mudas por sementes, e o segundo, por propagao vegetativa, tais como: estaquia, enxertia, mergulhia, encostia, Mais recentemente, devido ao avano das tecnologias e equipamentos, muitas espcies so propagadas pela micropropagao, que a propagao vegetativa a partir de pequenas pores da planta (explantes), realizada em condies asspticas

(laboratrio).

Produo de mudas por sementes O principal componente no processo sexuado de produo de mudas a semente. A boa qualidade das mudas depende da aquisio de sementes de produtores idneos e credenciados junto aos rgos governamentais competentes (MAPA, Secretarias de Agricultura etc.), para se obter garantia da qualidade das sementes. Com a dificuldade de se encontrar sementes de algumas espcies no mercado, pode-se proceder a coleta dessas em plantas matrizes previamente selecionadas, observando-se certos critrios de interesse para o objetivo pretendido (crescimento, formato da copa e tronco, produo de sementes, flores e frutos etc.). A produo de mudas por sementes um mtodo simples e de menor custo quando comparado com a propagao vegetativa. Entretanto, requer alguns cuidados: - Seleo das plantas matrizes: a planta matriz da qual sero retiradas as sementes dever estar em boas condies fisiolgicas e fitossanitrias, ser vigorosa, produtiva, apresentar boa qualidade dos frutos e da semente (Zecca, 2009). - Seleo dos frutos: faz-se a seleo dos frutos maduros e sadios. - Extrao das sementes: as sementes devem ser extradas com o mximo cuidado, para no serem danificadas. Como normalmente, em fruticultura, se trabalha com frutos carnosos, podem-se adotar dois sistemas de obteno da semente; extrao da semente, seguida de lavagem em peneira, para retirada de partes aderidas, e posterior secagem ou retirada parcial da polpa e amontoa das sementes, seguida de uma leve fermentao, a qual vir a auxiliar a retirada da polpa aderida. Aps a extrao das sementes, faz-se uma seleo, visando conferir s plantas na sementeira o mximo de uniformidade. Esta seleo pode ser feita com base no tamanho ou peso, podendo-se dividir o total de sementes em lotes, que sero semeados separadamente. Embora seja recomendvel que o intervalo entre a extrao e a semeadura seja o menor possvel, em23COLEO CURSOS FRUTAL Aspectos tcnicos e legais para a produo de mudas

certas situaes pode ser necessrio o armazenamento das sementes. Para tanto, utilizam-se, normalmente, condies de baixa temperatura e baixa umidade. A viabilidade das sementes aps o armazenamento resultante das condies em que o armazenamento foi efetuado, da viabilidade inicial da semente e da taxa de deteriorao da semente durante o armazenamento, que funo do potencial gentico de armazenamento (Zuffellato-Ribas e Paes, 2005; Wedling et al., 2006; Zecca, 2009). O uso de sementes deve ser, na maioria das vezes, feito para a obteno do porta enxerto (Figura 8), visto que quando as mudas so formadas via semente ou de p franco, h uma grande variabilidade gentica das mesmas, ocasionando tambm, maior juvenilidade das plantas e maior tempo para entrar em produo.

Figura 8 Plntulas de citros em tubetes para obteno de porta enxertos. Foto A.P.Jacomino

Quebra de dormncia e testes de germinao As sementes de algumas espcies apresentam dormncia, ou seja, quando semeadas no germinam ou ento germinam irregularmente. Nestes casos, preciso quebrar a dormncia para que as sementes germinem em maior nmero e em menor tempo, garantindo uma produo de mudas uniformes e de boa qualidade (Zecca, 2009). Os mtodos mais comuns so: - Escarificao mecnica: consiste em atritar as sementes contra uma superfcie spera (lixa). indicado para sementes duras. Ex.: pessegueiro, coqueiro etc. - Embebio em gua: colocam-se as sementes em gua temperatura ambiente at que se encharquem e se tornem com volume maior, o que pode levar de 1 a 4 dias, dependendo da espcie. Ex.: goiabeira, ara etc. - Imerso em gua fervente: consiste em colocar as sementes em gua a 80oC.24COLEO CURSOS FRUTAL Aspectos tcnicos e legais para a produo de mudas

- Estratificao: consiste em dispor as sementes entre camadas de areia mida por perodos de at 6 meses. Ex.: pessegueiro. Para se ter certeza da viabilidade (poder de germinao) das sementes, pode-se realizar testes de germinao rpidos. Esses testes podem ser realizados de diversas maneiras, sendo que a mais comum a semeadura de um determinado nmero de sementes em um local prprio, a fim de se determinar o nmero de sementes viveis e, conseqentemente, seu percentual de germinao. Dependendo das condies climticas, da disponibilidade de mo de obra e da quantidade e qualidade das sementes disponveis, a produo de mudas atravs de sementes pode ser feita em canteiros para posterior repicagem, em canteiros para plantio com raiz nua e em recipientes por meio de semeadura direta (Wedling et al., 2006).

Semeadura A semeadura em canteiros para produo de mudas com raiz nua feita diretamente no solo e as mudas permanecem nos canteiros at o plantio definitivo. de fcil mecanizao, pois no so utilizados recipientes. As mudas assim produzidas podero ter custo menor, pois sero eliminadas diversas operaes que demandam mo de obra para enchimento de recipientes e dos canteiros (Zecca, 2009). Na prtica, recomenda-se que a profundidade de semeadura no ultrapasse duas vezes o dimetro da semente. Aps a semeadura, recomenda-se colocar uma cobertura morta (serragem, capim, sombrite) sobre o canteiro, o que proteger as sementes. Para o caso de sementes achatadas ou muito pequenas, recomenda-se o peneiramento de uma fina camada de terra sobre as sementes, alm da cobertura. O uso de sombrite recomendado para evitar a exposio das mudas ao excesso de insolao, chuvas fortes, ventos, pssaros (Wedling et al., 2006). A semeadura direta deve ser adotada sempre que possvel, porque oferece algumas vantagens: simplifica as operaes, evita danos raiz e traumas na repicagem, alm de apressar o processo de produo de mudas. Sua execuo mais fcil com sementes de tamanho mdio, de fcil manipulao e de porcentagem de germinao conhecida. Neste caso, o nmero de sementes empregado em geral maior, uma vez que so utilizadas mais de uma semente por recipiente, de forma a assegurar o aproveitamento de pelo menos uma planta (as outras so repicadas ou cortadas com tesoura). comum o uso de 3 a 5 sementes por recipiente (Zecca, 2009). As sementes devem ser colocadas nos recipientes e cobertas com substrato ou material inerte. O canteiro deve ser protegido com sombrite e/ou plstico at 30 dias25COLEO CURSOS FRUTAL Aspectos tcnicos e legais para a produo de mudas

aps a germinao. No caso das pioneiras, no h necessidade de cobertura com sombrite. As vantagens desse mtodo so: eliminao da necessidade da formao dos canteiros para semeadura e posterior repicagem; dispensa do sombreamento para as mudas recm repicadas; reduo do prazo para produo das mudas; formao de mudas mais vigorosas; diminuio das perdas por doenas e produo de mudas com sistema radicular de melhor qualidade (Fachinello et al., 2005; Wedling et al., 2006). To logo as plntulas tenham atingido um tamanho mnimo que suporte a repicagem, so transferidas para o viveiro, aonde iro se desenvolver at a enxertia e/ou a comercializao. No momento da repicagem, feita uma seleo das mudas. Isto favorece a uniformidade no viveiro, com reflexos positivos tanto no manejo da muda, quanto na enxertia e na comercializao. Em alguns casos, esta repicagem no realizada. Em pessegueiro, por exemplo, pode ser feita a semeadura direta no local onde posteriormente ser feita a enxertia. Em outras situaes, devido elevada sensibilidade das plantas ao estresse da repicagem, a semeadura pode ser feita no recipiente (saco plstico de dimenses grandes), com posterior enxertia estando a muda nesse recipiente (Wedling et al., 2006; Zecca, 2009). Aproximadamente de 30 a 50 dias aps a emergncia (dependendo da espcie e condies de manejo), quando as mudas atingirem em torno de 5 a 10 cm de altura, realiza-se um desbaste, mediante o arranquio ou corte, deixando-se somente uma muda por recipiente. No caso de semeadura em canteiros, um espaamento adequado entre as mudas deve ser mantido, distribuindo-as de forma uniforme pelo canteiro. A repicagem o processo de seleo e transferncia das mudas do recipiente ou sementeira para os sacos plsticos, tubetes ou canteiros. Deve ser feita preferencialmente em dias nublados ou chuvosos, evitando-se realiz-la nas horas mais quentes dos dias ensolarados, devido fragilidade das mudas a temperaturas elevadas. Previamente repicagem, deve-se tomar o cuidado de molhar bem o substrato das mudas a serem transplantadas. As mudas repicadas devem ser protegidas do excesso de insolao com sombrite 50% por, pelo menos, sete dias ou at o seu pegamento. Caso seja necessrio, a rea foliar e o sistema radicular devem ser reduzidos, considerando-se sempre as caractersticas de cada espcie (Wedling et al., 2006; Zecca, 2009).

Controle da irrigao A irrigao um dos fatores de maior importncia do viveiro. O excesso e a falta de gua podem comprometer qualquer uma das fases de formao das mudas. A irrigao em excesso pode lixiviar os nutrientes solveis (especialmente o N e K), reduzir a aerao, favorecer a ocorrncia de doenas, dificultar o desenvolvimento das razes,26COLEO CURSOS FRUTAL Aspectos tcnicos e legais para a produo de mudas

tornar as mudas suculentas e pouco resistentes seca e, finalmente, resulta no gasto desnecessrio de gua (Zecca, 2009). A escolha do equipamento adequado associa-se ao manejo do sistema como um todo, onde devem ser considerados, dentre outros fatores, o tipo de substrato e recipientes utilizados pelo produtor, a espcie escolhida para a produo de mudas, a fase em que a muda se encontra (germinao, repicagem e crescimento) a poca do ano de produo e a regio de instalao do viveiro (temperatura e regime de chuvas). Assim, em regies de calor intenso, normalmente, a exigncia das mudas por gua em qualquer fase de desenvolvimento maior do que em regies de clima mais frio. Por outro lado, alguns tipos de substratos, por terem menor capacidade de reteno de gua, exigem que seja aplicada maior quantidade de gua a cada irrigao, ou a freqncia da mesma (Wedling et al., 2006). importante ressaltar que para cada etapa de formao das mudas, e para diferentes tipos de recipientes, existem diferentes sistemas de irrigao, com bicos de diferentes vazes, presso e rea de cobrimento (Zecca, 2009). Antes de serem encaminhadas para o plantio definitivo, deve haver um processo de seleo das mudas. Os principais critrios adotados para esta seleo no viveiro ou mesmo na compra de mudas de terceiros, variam de acordo com a espcie utilizada e a finalidade a que se destina a muda. Caractersticas como um sistema radicular bem desenvolvido e agregado ao substrato, rigidez da haste, nmero de pares de folhas, aspecto nutricional (sem sintomas de deficincia) e boa sanidade (ausncia de pragas e doenas) so essenciais para todas as espcies (Wedling et al., 2006; Zecca, 2009).

Propagao vegetativa A propagao vegetativa, assexuada ou clonagem, consiste na produo de plantas idnticas as plantas matrizes de origem, a partir de partes ou rgos da planta (ramos, gemas, estacas, folhas, razes e outros). uma tcnica que permite a produo de mudas das plantas selecionadas em grande quantidade. O fator principal para a utilizao dessa tcnica que os indivduos obtidos possuem as mesmas caractersticas da planta me, ou seja, so geneticamente idnticos. Dentre os mtodos de propagao vegetativa de plantas, pode-se citar a estaquia, a enxertia, a separao por bulbos, a diviso de touceiras, rizomas e a propagao in vitro. O mtodo de propagao a ser utilizado na produo de mudas pode variar em funo de diversos fatores tais como: espcie a ser propagada, condies ambientais, poca de realizao, material disponvel, mo de obra especializada, entre outros fatores (Fachinello et al., 2005; Wedling et al., 2006; Zecca, 2009).27COLEO CURSOS FRUTAL Aspectos tcnicos e legais para a produo de mudas

Estaquia Dentre os mtodos de propagao utilizados na produo de mudas, a estaquia o que tem sido amplamente utilizado em fruticultura, porm o seu sucesso varivel, dependente de uma srie de fatores de natureza gentica ou ambiental. De acordo com Murata et al. (2002), o mtodo de estaquia apresenta vantagens como maior uniformidade das plantas no pomar, maior facilidade e formao de grande quantidade de mudas, num curto espao de tempo, com baixo custo e fcil execuo. O termo estaquia usado para designar o processo de propagao no qual ocorre induo do enraizamento adventcio em segmentos destacados da planta me, que em condies favorveis, originam uma nova planta. O termo estaca utilizado para denominar qualquer segmento de uma planta, com pelo menos uma gema vegetativa, capaz de originar uma nova planta, podendo haver estacas de ramos, razes e folhas (Fachinello et al., 2005). Segundo Pasqual et al. (2001) e Hartmann et al. (2002) a estaquia um processo de propagao altamente desejvel, notadamente pelo fato de as plantas originadas serem idnticas entre si e planta matriz (clones), alm de simples, rpido e no requerer tcnicas especiais como no caso da enxertia, em que pode haver problemas de incompatibilidade entre o porta-enxerto (cavalo) e o enxerto (cavaleiro). A estaquia preferida por possibilitar um maior rendimento no nmero de mudas obtidas e conseqentes redues dos custos. Entretanto, pode propiciar a transmisso de doenas, especialmente as virticas, permitir variaes nas caractersticas devido mutao de gemas e, principalmente, aumentar os riscos de danos nas plantas devido a problemas climticos ou fitossanitrios, j que no existe desuniformidade das plantas (Fachinello et al., 2005). O sucesso de sua utilizao varivel devido a uma srie de fatores, quer sejam de natureza gentica ou ambiental, necessitando-se de estudos mais aprofundados para cada espcie. Alguns fatores podem influenciar a propagao por estaquia, entre eles a posio da estaca no ramo, pelo grau de lignificao, quantidade de reservas e diferenciao dos tecidos, o tipo de substrato, pelas suas caractersticas qumicas e fsicas, o gentipo, as condies fisiolgicas da planta matriz e as condies ambientais, alm dos resultados poderem ser melhorados com um tratamento prvio das estacas com produtos qumicos, como os reguladores de crescimento (Hartmann et al., 2002). As estacas caulinares podem ser herbceas (Figura 9), lenhosas ou semilenhosas, o que varia em funo do local de coleta e do tipo de planta. Dentre os tipos de caule, o que possui maior capacidade de enraizamento o herbceo, e quanto mais herbcea e nova for a estaca, maior ser sua capacidade de enraizamento.28COLEO CURSOS FRUTAL Aspectos tcnicos e legais para a produo de mudas

Para realizar a estaquia, corta-se um ramo novo, de 7 a 15 cm de comprimento, retirando-se as folhas da metade inferior e cortando-se o restante das folhas pela metade. O corte da base dever ser feito em forma de bisel (cunha), para facilitar o enraizamento. Aps a preparao da estaca, promove-se a estaquia em recipiente ou sementeira em local adequado (Wedling et al., 2006).

Figura 9 Estaquia em herbcea em caramboleira. Foto D.C.Bastos

Principais fatores que influenciam o enraizamento de estacas O sucesso do processo de enraizamento est relacionado a diversos fatores externos, tais como a poca do ano em que a estaquia realizada, tipo e concentrao do regulador de crescimento, substrato utilizado, temperatura do meio, alm da temperatura e umidade do ambiente. O momento durante o dia em que as estacas so coletadas da planta matriz pode influenciar na resposta do enraizamento. Recomendam-se as primeiras horas da manh ou noite, quando a planta no se encontra com deficincia hdrica, o que diminuir a mortalidade das estacas decorrente da maior perda de gua. Deve-se observar a cultivar ou a espcie a ser propagada, o tempo de formao de razes, a necessidade de utilizao de fitorreguladores e os procedimentos desde a coleta at o momento da regenerao das razes (Ono e Rodrigues, 1996). Para as estacas de difcil enraizamento recomenda-se a nebulizao intermitente, que mantm sobre as folhas uma pelcula de gua que tende a reduzir a temperatura do ar e a taxa de transpirao, alm da manuteno das estacas em locais com luminosidade mediana em temperatura ambiente entre 15 e 25 C, geralmente ripados ou coberturas de polietileno, cmaras total ou parcialmente fechadas (Hartmann et al., 2002).

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O perodo de coleta das estacas pode ter um papel importante na capacidade de enraizamento. As estacas coletadas em um perodo de crescimento vegetativo intenso (primavera/vero) apresentam-se mais herbceas, ao contrrio, as colhidas em um perodo de repouso vegetativo ou de dormncia (inverno) apresentam-se mais lignificadas e de um modo geral tendem a enraizar menos. Por outro lado, estacas menos lignificadas (herbceas e semilenhosas) so mais propcias desidratao e morte (Hartmann et al., 2002). O perodo e posio de coleta, juvenilidade, estiolamento, presena de folhas e gemas, idade da planta matriz e fatores do ambiente como disponibilidade de gua, incidncia luminosa e substrato tambm so fatores que influenciam o enraizamento de estacas (Pasqual et al., 2001; Hartmann et al., 2002).

Aplicao de reguladores de crescimento A utilizao de reguladores de crescimento (hormnios) na induo e obteno de razes em estacas, principalmente em plantas de difcil enraizamento, um processo importante, pois age induzindo a formao de razes, o nmero e a qualidade das razes formadas, bem como a uniformidade de enraizamento. Reguladores de crescimento so compostos orgnicos que, em pequenas quantidades, promovem, inibem ou modificam qualitativamente o crescimento e desenvolvimento de plantas. Podem ser utilizados na propagao, visando possibilitar ou acelerar a formao de razes de estacas de espcies que apresentem difcil enraizamento (Pasqual et al., 2001). A aplicao exgena de reguladores de crescimento utilizada para promover maiores percentuais de enraizamento. Os reguladores do grupo das auxinas so os mais utilizados, com destaque para o cido indolbutrico (AIB). Porm, nem sempre esta tcnica proporciona resultados satisfatrios (Tofanelli et al., 2002). As auxinas foram os primeiros reguladores qumicos a terem uma aplicao agronmica bastante difundida, praticamente empregando-se s as sintticas por serem mais facilmente absorvidas e por resistirem melhor ao catabolismo auxnico, o que as torna mais potentes e de ao mais duradoura (Hinijosa, 2000; Pasqual et al., 2001). As auxinas esto envolvidas em diversas atividades fisiolgicas como o crescimento de ramos, inibio de gemas laterais, absciso de folhas e frutos, desenvolvimento dos frutos, ativao das clulas do cmbio e muitas outras. Aparentemente, as auxinas no agem de acordo com a espcie, pois h indcios que a resposta a uma auxina em uma espcie semelhante ocorrida em outras espcies, no entanto, no se tem um conhecimento completo do mecanismo de ao dessas substncias.30COLEO CURSOS FRUTAL Aspectos tcnicos e legais para a produo de mudas

Atualmente, o cido indolbutrico (AIB) e o cido naftaleno actico (ANA) so as principais auxinas utilizadas para o enraizamento de estacas caulinares e estacas micropropagadas atravs da cultura de tecidos. As auxinas so requeridas para a formao de razes adventcias em ramos, e a diviso celular inicial da raiz principal depende de nveis endgenos de auxinas ou de sua aplicao. O cido indol actico (AIA) sintetizado principalmente nas gemas apicais e nas folhas jovens. Normalmente, as auxinas se movimentam atravs da planta do pice para a base. O AIB apesar de ser considerado uma auxina sinttica, apresenta uma pequena ocorrncia natural, porm, bem menos abundante do que o AIA. O AIB quando aplicado para estimular o enraizamento pode ser parcialmente convertido para AIA ou pode modificar sinergicamente a ao do AIA ou sua sntese endgena (Hartmann et 2002). A concentrao utilizada varia de acordo com a espcie estudada, podendo ser de 20 a 10.000 mg L-1 , sendo as maiores concentraes utilizadas para estacas de difcil enraizamento. Pode ser utilizado na forma de p, de soluo diluda ou de soluo concentrada. O mtodo mais empregado, na aplicao exgena do AIB, em forma de soluo diluda, seja pela sua uniformidade de tratamento ou pelo seu baixo risco fitotxico, embora apresente a desvantagem de perder sua atividade em pouco tempo. Para o tratamento com o regulador na forma lquida, deve-se imergir cerca de 2,5 a 3 cm da base das estacas na soluo, por um tempo que varia de alguns segundos (estacas herbceas) a alguns minutos (estacas lenhosas), possibilitando a penetrao do regulador. Aps a imerso das estacas estas devem ser colocadas nos recipientes ou canteiros de enraizamento (Wedling et al., 2006). Existem no mercado reguladores de crescimento conhecidos como enraizadores prontos para o uso, em concentraes definidas, na forma de cidos ou sais em p, como: Hormex, Rootone, Hormodin, Seradix etc (Zecca, 2009). al.,

Enxertia A enxertia uma forma de propagao na qual se colocam em contato duas pores de tecido vegetal, de tal forma que se unam e se desenvolvam, dando origem a uma nova planta. obtida por meio da unio entre duas plantas (enxerto ou cavaleiro/garfo e porta enxerto ou cavalo). O enxerto sempre representado por uma parte da planta que se pretende propagar e responsvel pela formao da parte area da planta, enquanto o porta enxerto o que recebe o enxerto, sendo responsvel pelo sistema radicular, e geralmente uma planta jovem, com timo crescimento, proveniente de sementes ou de estacas, vigoroso e resistente a pragas e doenas (Hartmann et al., 2002; Fachinello et al., 2005; Wedling et al., 2006).31COLEO CURSOS FRUTAL Aspectos tcnicos e legais para a produo de mudas

A enxertia um mtodo de propagao muito utilizado em espcies frutferas. Entretanto, para que seja vivel, devem-se observar alguns fatores importantes na sua execuo como: uso de espcies da mesma famlia ou gnero para que no ocorra incompatibilidade, a poca de realizao que depende da espcie e do tipo de enxerto utilizado, promover uma unio e juno perfeita das cascas (cmbio com cmbio), tipo de enxertia (varivel em funo da planta envolvida), a experincia e cuidados do enxertador. Durante o processo de enxertia, deve-se tomar cuidado para que os enxertos no ressequem, deixando-os imersos em gua limpa ou panos midos. As operaes devem ser realizadas rapidamente, com um nico corte, evitando o acmulo de resduos na lmina. A amarrao feita ao longo de todo o comprimento de unio, certificando-se de que no haja deslocamento das partes envolvidas. Para fazer a juno do ponto de enxertia recomendvel o uso da fita de enxertia (polietileno de 1,2 cm de largura), de fcil uso e custo barato, alm de ser elstica e evitar o ressecamento da parte enxertada. Aps 20 a 40 dias da enxertia, dependendo das condies locais e da espcie, retira-se o fitilho e faz-se a poda dos ramos do porta enxerto para promover a dominncia apical no enxerto, deixando-se somente a brotao que pegou se desenvolver (Wedling et al., 2006). Os principais equipamentos utilizados no processo da enxertia so: canivete, tesoura de poda, barbante, mquina de enxertar, pedra de afiar, fitas, filme de PVC, etiquetas, produtos para desinfestao, geralmente o hipoclorito de sdio (gua sanitria a 1,5 e 2,0%). A enxertia pode ser classificada em vrios tipos, sendo que as mais utilizadas so: borbulhia, garfagem e encostia (Figura 10).

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Figura 10 Tipos de enxertia. Foto: Mattos (1976), citado por Paiva e Gomes (2001).

Borbulhia o processo que consiste na justaposio de uma nica gema sobre um porta enxerto enraizado. A poca de enxertia, para esse tipo de multiplicao, de primavera-vero, quando os vegetais se encontram em plena atividade vegetativa (Simo, 1998).33COLEO CURSOS FRUTAL Aspectos tcnicos e legais para a produo de mudas

A enxertia por borbulhia normalmente realizada a uma altura de 5 a 20 cm do nvel do solo, de acordo com a espcie, podendo ser realizada tambm em qualquer ponto da planta. Uma condio essencial para se efetuar a borbulhia que o portaenxerto esteja soltando a casca (Wedling et al., 2006). A borbulhia realizada em plantas jovens ou em ramos mais finos de plantas maiores (de 0,5 a 2,5 cm de dimetro, geralmente o dimetro de um lpis). Existem diversas tipos de enxertia por borbulhia, sendo a borbulhia em T normal e em T invertido as principais. Na borbulhia em T normal, corta-se o cavalo com o canivete, no sentido transversal e, depois, no sentido perpendicular formando um T. A gema retirada segurando-se o ramo em posio invertida. A gema fixada lateralmente ou pelo pecolo, levanta-se a casca com o dorso da lmina e introduz-se a borbulha, cortando-se o excesso e em seguida fazendo-se a amarrao de cima para baixo (Simo, 1998). Na borbulhia em T invertido procede-se de forma semelhante a anterior, diferindose, somente na forma de colocao da gema (borbulha), que invertida. Esse tipo apresenta vantagem sobre a anterior, por evitar a penetrao de gua e tambm por ser mais fcil de manejar. O T invertido usado em casos em que o porta enxerto tenha grande circulao de seiva. O amarrilho feito de baixo para cima. Este processo o preferido pela maioria dos enxertadores (Figura 11 ).

Figura 11 Enxertia tipo borbulhia em T invertido em citros. Foto A.P. Jacomino

A borbulhia em placa ou em janela feita retirando-se a borbulha do garfo mediante duas incises transversais e duas longitudinais no ramo, de modo a obter um escudo idntico parte retirada do cavalo (Simo, 1998). Em seguida a borbulha colocada no retngulo vazio e deve ficar inteiramente em contato com os tecidos do porta enxerto. A seguir o enxerto amarrado (Figuras 12 e 13 ).

34COLEO CURSOS FRUTAL Aspectos tcnicos e legais para a produo de mudas

Figura 12 Enxertia tipo borbulhia em placa em citros. Foto A.P. Jacomino

Figura 13 Enxertia tipo borbulhia em placa em caramboleira. Foto D.C.Bastos

Garfagem o processo que consiste em unir um pedao de ramo destacado (enxerto ou garfo) sobre outro vegetal (porta enxerto) de maneira que permita o seu

desenvolvimento. A garfagem difere da borbulhia por possuir mais de uma gema. A enxertia tipo garfagem feita aproximadamente a 20 cm acima do nvel do solo ou abaixo dele, na raiz, na regio do coleto. A regio do ramo podada com a tesoura a seguir alisada com o canivete. Para o sucesso da enxertia, essencial que a regio cambial do garfo seja colocada em contato ntimo com a do cavalo (Simo, 1998). A poca normal da garfagem para as plantas de folhas caducas se d no perodo de repouso vegetativo (inverno) e nas folhas persistentes, dependendo da espcie, na primavera, vero e outono.

35COLEO CURSOS FRUTAL Aspectos tcnicos e legais para a produo de mudas

Principalmente para espcies com maior dificuldade de pegamento, recomendada a colocao de um saco plstico amarrado com barbante na base do porta enxerto, o que promove melhores condies ambientais e maior proteo. Existem diversos tipos de garfagem como a de fenda cheia, fenda lateral, ingls simples e ingls complicado, sendo a garfagem de fenda cheia a mais utilizada. Esta consiste em decepar o porta-enxerto a uma altura determinada do solo (em torno de 10 a 20 cm) e, com um canivete, faz-se uma fenda de 2 a 4 cm, perpendicular ao sentido do dimetro, justapondo o enxerto (com forma de cunha) com o cavalo, de forma que haja coincidncia dos dimetros ou que pelo menos um dos lados seja coincidente. Por fim, amarra-se com fitilho (Wedling et al., 2006; Zecca, 2009). Deve-se utilizar material plstico para cobrir a muda enxertada, com a finalidade de proteo, preservando a regio da enxertia e o enxerto da dessecao (Figuras 14, 15 e 16), pela formao de uma cmara mida (Simo, 1998).

Figura 14 Enxertia de garfagem de fenda cheia em mangueira. Detalhe do uso da proteo e ambiente mido. Foto D.C. Bastos

Figura 15 Enxertia de garfagem de fenda cheia em caramboleira. Foto D.C. Bastos36COLEO CURSOS FRUTAL Aspectos tcnicos e legais para a produo de mudas

Figura 16 Muda enxertada de abacateiro no viveiro. Foto A.P. Jacomino

Encostia Tambm chamada de enxertia de aproximao (Figura 17), e consiste na unio lateral de duas plantas com sistemas radiculares independentes, de forma que o enxerto e o porta enxerto sejam mantidos por seus sistemas radiculares, at o momento em que a unio dos mesmos esteja formada. um tipo de enxertia muito simples e pouco utilizado na produo comercial de mudas de frutferas. Pode ser tipo lateral simples, em lingeta ou lateral inglesa e no topo (Fachinello et al., 2005).

Figura 17 Enxertia de encostia usando o predendor. Foto A.P.Jacomino

Mergulhia A mergulhia um processo de propagao vegetativa no qual um ramo colocado para enraizar quando ainda faz parte da planta me, sendo destacado desta somente aps o enraizamento. Por ser um processo rpido de propagao e por37COLEO CURSOS FRUTAL Aspectos tcnicos e legais para a produo de mudas

fornecer mudas com folhas, utilizado com bons resultados na produo de mudas de algumas espcies. Por apresentar baixo rendimento e necessitar de muita mo de obra, recomendado para a produo de mudas de difcil enraizamento por meio da estaquia (Simo, 1998). Os ramos utilizados na mergulhia devem ter menos de um ano e a poca indicada para a sua realizao o incio da primavera. Faz-se tores, incises e anelamento no ramo utilizado, com o intuito de facilitar o enraizamento. O ponto lesionado coberto com um substrato umedecido, que pode ser musgo, substrato orgnico ou qualquer outro formado pela mistura de materiais que proporcionem uma boa aerao, umidade e temperatura moderada, envolto por tecidos ou plsticos. recomendada a realizao da mergulhia em ramos de at um ano, no qual eliminam-se as brotaes laterais de 15-30 cm antes da gema terminal. A mergulhia deve ser feita na poca em que as plantas estejam em plena atividade de crescimento. No ponto lesionado pode-se aplicar regulador de enraizamento (AIB, na concentrao de 1.000 mg L-1). Deve-se ter o cuidado de manter a umidade do substrato que envolve o ramo. O tempo necessrio para realizar a separao da planta me do ramo que sofreu a mergulhia depende da espcie, sendo de aproximadamente dois a trs meses. A melhor forma de determinar a poca de remoo do ramo que sofreu mergulhia observar a formao de razes atravs do plstico transparente utilizado para envolver o substrato. A mergulhia area ou alporquia uma das tcnicas mais antigas de propagao vegetativa. utilizada nos casos em que o ramo, por no possuir comprimento suficiente ou por no ser flexvel, no consegue ser dirigido at o solo. Nesse caso, transporta-se o substrato at ele. O ramo que ser enraizado envolvido por uma mistura de terra, areia, matria orgnica ou, de preferncia, por esfagno. Esse substrato deve proporcionar ao ramo coberto boa aerao, umidade e temperatura moderada, esses materiais podem estar contidos em vasos, panos ou sacos plsticos. Estes ltimos mostram-se mais favorveis ao enraizamento (Simo, 1998). Geralmente a alporquia realizada em ramos de um ano, nos quais as brotaes laterais so eliminadas. Em seguida, faz-se uma inciso anelar no ramo, de modo que o fluxo de carboidratos, auxina e outras substncias de crescimento, originadas das folhas e gemas, fiquem acumuladas na regio de enraizamento e, em geral, a uma distncia aproximada de 25 cm antes da extremidade. Pode-se aplicar reguladores de crescimento no ponto lesionado, para favorecer o enraizamento (Paiva e Gomes, 2003).

38COLEO CURSOS FRUTAL Aspectos tcnicos e legais para a produo de mudas

Sobre enxertia a operao que tem por finalidade o aproveitamento de plantas j formadas, com alterao da variedade copa. Seu emprego indicado nos pomares de idade mdia e sadios. Fazendo a sobre enxertia, ganha-se tempo, pois o porta enxerto se encontra perfeitamente estabelecido, e as produes se tornam mais precoces. Para proceder sobre enxertia, poda-se a copa e deixam-se de 4 a 5 pernadas, sobre as quais se far a enxertia da variedade desejada (Simo, 1998).

Micropropagao A micropropagao ou propagao in vitro, uma das aplicaes da cultura de tecidos utilizada em larga escala. Destina-se principalmente quelas espcies que so de difcil propagao pelos mtodos convencionais, permitindo a obteno de grande nmero de plantas sadias e geneticamente uniformes em curto perodo de tempo (Wedling et al., 2006). A micropropagao pode ser definida como a propagao clonal massal de um gentipo selecionado por tcnicas de cultura in vitro. Este termo passou a ser empregado para definir os processos de propagao vegetativa na cultura de tecidos vegetais. Na micropropagao, o cultivo de plantas ou fragmentos da planta (explantes) realizado em meio de cultura e ambiente assptico, com controle total da temperatura, fotoperodo, umidade, irradincia e local apropriado conhecido como sala de crescimento (Fachinello et al., 2005). Baseia-se principalmente na totipotncia, em que qualquer parte do vegetal tem capacidade de originar uma nova planta, desde que sejam fornecidas as condies adequadas. Com base nesta teoria, pode-se dizer que qualquer espcie vegetal tem a capacidade de ser micropropagada, a partir de qualquer parte da planta (Wedling et al., 2006). As respostas das plantas s tcnicas de micropropagao so variveis em funo da espcie, da poca de coleta, tipo de explante utilizado e condies de cultivo. Portanto, cabe ao tcnico descobrir qual a poca mais adequada para a coleta dos explantes e as condies que devem ser oferecidas a estes, para que expressem seu potencial para a micropropagao. A tarefa exige experimentao intensa, at que se obtenham resultados satisfatrios. Porm, uma vez estabelecida, permite o

desenvolvimento de protocolos que tem por objetivo tornar a operao prtica e rotineira para uma dada espcie. Portanto, um protocolo nada mais do que uma seqncia de procedimentos a serem aplicados para que de uma determinada espcie obtenha um mximo aproveitamento do material vegetal disponvel (Wedling et al., 2006).39COLEO CURSOS FRUTAL Aspectos tcnicos e legais para a produo de mudas

Num sistema de micropropagao comercial, o objetivo a multiplicao o mais fiel possvel do material de origem (clonagem), para que sejam mantidas as caractersticas deste material. Comercialmente, a micropropagao utilizada em diversos pases. A maioria dos laboratrios comerciais surgiu agregado aos viveiros de empresas produtoras de mudas, com o objetivo de fornecer material propagativo livre de doenas, de acordo com as necessidades internas, ou de acelerar os mtodos convencionais de propagao vegetativa. Poucas empresas utilizam a produo de mudas in vitro para abastecer viveiros de terceiros. No Brasil, a aplicao comercial da micropropagao recente. A maioria dos trabalhos realizada por grupos em instituies pblicas de pesquisa e universidades. Entretanto, j existem empresas que atuam na rea, produzindo mudas em larga escala de abacaxizeiro, morangueiro, bananeira, amoreira, coqueiro, entre outras (Figuras 17 e 18).

Figura 18 Coqueiro ano in vitro. Foto: L.A.Gallo

Figura 19 Abacaxi in vitro. Foto: M. Carvalho40COLEO CURSOS FRUTAL Aspectos tcnicos e legais para a produo de mudas

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42COLEO CURSOS FRUTAL Aspectos tcnicos e legais para a produo de mudas

PRODUO DE MUDAS DE GOIABAA produo de mudas de goiabeira pode ser realizada atravs de mtodos sexuados (sementes) e mtodos vegetativos (enxertia e estaquia herbcea). A utilizao de sementes no processo de formao de mudas vem sido substituda pelos mtodos de propagao vegetativa, reduzindo a variabilidade das plantas e dos frutos nos pomares. As sementes so utilizadas somente para a formao dos portaenxertos, na realizao do processo de enxertia (garfagem e/ou borbulhia).

Comercialmente, a estaquia herbcea e a enxertia so os mtodos mais utilizados. A enxertia pode ser por garfagem de fenda cheia ou borbulhia. O porta-enxerto formado por sementes retiradas de frutos maduros, provenientes de plantas matrizes sadias, precoces e com boas condies fitossanitrias. As sementes devem ser retiradas, secadas sombra e tratadas com fungicidas, antes de serem semeadas. A semeadura feita em sacos plsticos contendo a mistura de terra de barranco + esterco de curral + areia (4:2:1 v/v), colocando-se de 3 a 4 sementes. Quando as mudas atingirem a altura de 8 a 10 cm, realiza-se o desbaste, deixando-se a mais vigorosa. Em regies tropicais com irrigao, a semeadura pode ser feita em qualquer perodo do ano, entretanto, nas regies mais amenas, deve-se fazer a semeadura no incio da primavera (Frupex, 1994). O porta-enxerto no momento da enxertia deve apresentar dimetro entre 10 e 12 mm. Os garfos ou borbulhas devem ter o mesmo dimetro do porta-enxerto e serem provenientes de ramos maduros (8 a 10 meses de idade). Aps a realizao da enxertia, quando a muda atingir 40 a 50 cm de altura, geralmente 18 a 26 meses desde a semeadura do porta-enxerto, esta aclimatizada e pode ser plantada em local definitivo (Gonzaga Neto et al., 1995). A estaquia um mtodo de propagao bastante utilizado em fruticultura, por manter as caractersticas genticas da planta me, gerando maior uniformidade dos pomares, alm do aumento de produtividade e qualidade dos frutos. As estacas so retiradas da extremidade de ramos novos da planta me e preparadas com 2 ns, 12 cm de comprimento e 2 pares de folhas cortadas ao meio. Na base da estaca feito um corte em bisel para aumentar a rea de enraizamento. Como as estacas so sensveis perda de gua e ao ressecamento, devem ser colocadas em cmara de nebulizao intermintente com temperatura e umidade controladas (Figuras 1, 2 e 3).

43COLEO CURSOS FRUTAL Aspectos tcnicos e legais para a produo de mudas

Figura 1 Estrutura do viveiro e os recipientes prontos para acondicionar as mudas. Foto: D.C. Bastos

Figura 2 Estacas de goiabeira no viveiro. Foto: D.C. Bastos

Figura 3 Estacas de goiabeira brotando e muda. Foto: D.C. Bastos

No h necessidade da aplicao de reguladores de crescimento nas estacas. As mesmas podem ser plantadas em bandejas, canteiros ou diretamente em sacos de44COLEO CURSOS FRUTAL Aspectos tcnicos e legais para a produo de mudas

polietileno, contendo como substrato a vermiculita ou a palha de arroz carbonizada. Aps o enraizamento, 60 a 75 dias do processo de preparo, faz-se a seleo das estacas com melhor desenvolvimento e formao de razes (Manica, 2000). As mudas devem ser transplantadas para sacos de polietileno preto com volume de 2 a 3 litros, preenchidos com terra de barranco, esterco de curral e areia (4:2:1/v/v), e mantidas em ambiente protegido com irrigao controlada (Figura 4), at atingir a altura de 40 a 50 cm, de 4 a 6 meses. Aps esse perodo so aclimatizadas gradativamente at serem plantadas no local definitivo.

Figura 4. Mudas prontas. Foto: D.C.Bastos

REFERNCIAS BIBLIOGRFICASGONZAGA NETO, L.; SOARES, J.M. A. Cultura da goiaba. Braslia, DF: Embrapa SPI/Petrolina: Embrapa CPATSA, 1995. 75p.(EMBRAPA SPI. Coleo Plantar, 27). FRUPEX. Goiaba para Exportao: Aspectos Tcnicos da Produo. Braslia, EMBRAPA, 1994. 49p. MANICA, I.; ICUMA, I.M.; JUNQUEIRA, N.T.V.; SALVADOR,J.O.;MOREIRA, A.; MALAVOLTA, E. Fruticultura Tropical : 6. Goiaba. Porto Alegre : Cinco Continentes, 2000. 374p.

45COLEO CURSOS FRUTAL Aspectos tcnicos e legais para a produo de mudas

PRODUO DE MUDAS DE VIDEIRAPatrcia Coelho de Souza Leo 2 Jos Monteiro Soares 3

1. PROPAGAOA propagao da videira pode ser realizada de forma sexuada, por meio de sementes, e assexuada, por estacas ou bacelos dos ramos da planta. A propagao sexuada empregada exclusivamente em pesquisas de melhoramento gentico, para obteno de novas cultivares, pois devido elevada segregao gentica, pode originar indivduos com caractersticas diferentes dos progenitores. A propagao assexuada, ou propagao vegetativa, reproduz fielmente as caractersticas da planta-me. Este tipo de propagao pode ser realizado por meio de clulas meristemticas ou gemas, sendo denominado de micropropagao, utilizando tcnicas de cultura de tecidos, e realizado em laboratrios especializados, ou mediante o uso de estaquia e enxertia convencionais. A estaquia e a enxertia da videira so relativamente simples e, geralmente, proporcionam excelentes resultados, sendo estes mtodos os mais usados comercialmente para a obteno de mudas de videira. Para o sucesso de um empreendimento vitivincola, ateno especial deve ser dada antes da fase de implantao do parreiral para a qualidade das mudas, o que significa, sobretudo, o controle da origem e sanidade do material vegetativo de copa e porta-enxerto utilizados para a propagao. Algumas doenas, tais como viroses e cancro bacteriano, que podem causar enormes prejuzos, so disseminadas por meio de material vegetativo infectado, sendo, portanto, de grande importncia o conhecimento do estado sanitrio das plantas matrizes ou a obteno de mudas de viveiristas idneos que possam fornecer um Certificado Fitossanitrio de Origem - CFO e garantir a qualidade das mudas.

1.1. PLANTAS MATRIZESQuando o viticultor optar pela produo de suas mudas, o primeiro passo a identificao das plantas matrizes da cultivar copa que deseja propagar, as quais devem ser comprovadamente sadias, principalmente livre de viroses e de cancro bacteriano,2 Pesquisadora D. Sc. Embrapa Semi-rido, BR 428 Km 152, Caixa Postal 23, Petrolina, PE, [email protected] 3 Pesquisador Aposentado D.Sc. Embrapa Semi-rido46COLEO CURSOS FRUTAL Aspectos tcnicos e legais para a produo de mudas

alm de apresentar caractersticas agronmicas superiores quanto a produtividade e qualidade de frutos. As plantas, tambm, devem ser avaliadas observando-se vigor, uniformidade de produtividade e qualidade de frutos ao longo de vrios ciclos consecutivos e em diferentes fases fenolgicas. Amostras de ramos e folhas das plantas pr-selecionadas devem ser submetidas a anlises especficas em laboratrios, como maneira de garantir que estejam isentas de vrus e da bactria Xanthomonas campestris pv. viticola, causadora do cancro bacteriano. Na seqncia, as plantas consideradas sadias devem ser identificadas como uma planta-matriz e, portanto, fornecedora de material vegetativo para produo de mudas. No caso de rgos de pesquisa responsveis pela criao de cultivar ou seleo de clones correspondentes a uma mesma cultivar, estes devem manter trs cepas originais para cada cultivar criada/clone selecionado/planta isenta de vrus, em uma pequena casa de vegetao (Fig. 1a). Cada cepa deve ser mantida em recipientes individualizados (Fig. 1b), cujo estado sanitrio e agronmico deve ser monitorado ao longo de cada ciclo fenolgico e ao longo do tempo, cepas estas que devem ser renovadas, sempre que se fizer necessrio. A partir de cada cepa, so obtidas mudas para composio do banco de matrizes (material gentico), banco este que deve ser constitudo por blocos individualizados por clone, com, pelo menos, dez plantas por bloco (Fig. 2a e 2b). Cada planta deste banco, tambm, tem seu estado fitossanitrio e agronmico monitorado ao longo de cada ciclo fenolgico e ao longo do tempo. Este banco, tambm, tem a finalidade de fornecer material gentico gratuito para que produtores e/ou viveiristas instalem seus campos de materiais bsicos em suas prprias reas, visando obteno de bacelos destinados produo de mudas certificadas. No caso de viveiristas, estes devem possuir, nos locais de propagao de mudas, campos de material bsico tanto de copa (Fig. 3a) quanto de porta-enxertos (Fig. 3b), provenientes de plantas--matrizes fornecidas por rgos pblicos credenciados pelo Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento. Tanto os bancos de material bsico quanto os viveiros de produo de mudas devem ser fiscalizados por tcnicos do prprio Ministrio da Agricultura e/ou de rgos estaduais competentes. Os bancos de material certificado, tambm, podem estar localizados em fazendas privadas, desde que cada planta tenha sido certificada por rgos competentes e que os bancos sejam fiscalizados, periodicamente, pelos mesmos rgos que certificaram esta Unidade de Propagao de Material Vegetativo - UPMV. No banco de material bsico, as plantas podem ser conduzidas em latada (Fig. 4a) ou em espaldeira (Fig. 4b), devendo receber todos os tratos culturais recomendados para a cultura da videira. O monitoramento pela observao visual dos sintomas de doenas, viroses ou quaisquer outros desequilbrios nutricionais ou fisiolgicos devem ser47COLEO CURSOS FRUTAL Aspectos tcnicos e legais para a produo de mudas

realizados rotineiramente. Com espaamentos adensados e com um manejo adequado, possvel retirar 500 gemas de porta-enxerto/planta/ano, o que possibilita a obteno de at 100.000 estacas com 30 a 40 cm de comprimento por hectare/ano.

Fig. 1. Cepas originrias de clones selecionados de copas e de porta-enxertos. Fotos: Jos Monteiro Soares

Fig. 2. Banco de matriz de clones selecionados de copas e de porta-enxertos. Fotos: Jos Monteiro Soares.

1.2. SELEO DE RAMOSOs ramos para obteno de estacas devem ser selecionados quando se apresentam maduros e lignificados, com dimetro entre 8 e 12 mm, evitando-se retirar as estacas de ramos sombreados e com entrens muito curtos ou demasiadamente longos, pois estas caractersticas podem indicar a existncia de problemas fitossanitrios ou nutricionais. As estacas devem ser coletadas da poro intermediria dos ramos, cortando-se segmentos com comprimento de 1,20 m, contendo 12 a 15 gemas. As48COLEO CURSOS FRUTAL Aspectos tcnicos e legais para a produo de mudas

estacas da cultivar copa devem ser coletadas por ocasio da poda de produo ou durante a fase de repouso vegetativo, procurando-se selecionar aquelas que apresentam dimetros compatveis com os dimetros das estacas de porta-enxertos. Ao chegarem ao viveiro, os ramos coletados devem ser imediatamente imersos em gua limpa at o preparo das mudas.

Fig. 3. Bancos de material bsico que devem ser