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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS – UEA
CURSO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS
CADERNO DE MACROECONOMIA I
AUTORES
PROF.DR. MAURO THURY DE VIEIRA SÁ E
PROF. MsC. LENICE YPIRANGA BENEVIDES DE ARAÚJO VIEI RA SÁ
2012
2
Sumário
Introdução .............................................................................................................................................. 4
Unidade 1 - Noções básicas sobre os agregados macroeconômicos ...................................................... 6
1.1 As três óticas de mensuração do PIB na economia ....................................................................... 10
1.2 Outros Agregados Macroeconômicos: PNB e RNB........................................................................ 12
1.2.1 Os conceitos de Renda Interna Bruta (RIB) e a Renda Líquida Enviada ao Exterior (RLE) ........ 12
1.2.3 Produto Líquido e Produto Bruto – existe diferença entre esses dois conceitos? ................... 13
1.2.4 A diferença entre o PIB Real e o PIB Nominal ............................................................................ 14
1.3 Os principais índices de preços ...................................................................................................... 16
Unidade 2 O mercado de bens e o modelo keynesiano simples de determinação da renda ........... 17
2.1 Contexto histórico .......................................................................................................................... 17
2.1.1 A Teoria da Demanda .................................................................................................................. 21
2.1.2 O Multiplicador ........................................................................................................................... 24
2.1.3 A Teoria da moeda e dos juros ................................................................................................... 25
2.2 Modelo de determinação da renda ou modelo keynesiano simples ........................................... 26
2.2.1 Os componentes da Demanda Agregada ................................................................................... 30
A Função Consumo: (C) ........................................................................................................................ 30
Unidade 3 Os mercados de ativos e a determinação da taxa de juros .............................................. 40
3.1 O que é a moeda?........................................................................................................................... 40
3.2 Banco Central e Política Monetária .............................................................................................. 44
Unidade 4 O Modelo IS - LM ................................................................................................................ 52
5.Assistir ao vídeo: Modelo IS-LM, com Michelle Miltons e responda: ................................................ 70
http://www.youtube.com/watch?v=i3Irs0SL56o ................................................................................. 70
a)Qual o efeito de uma política fiscal expansionista sobre a renda e a taxa de juros de equilíbrio? .. 70
b)O que é o efeito deslocamento na economia ou efeito crowding out? ............................................ 70
3
Unidade 5 A determinação da renda e do emprego em Kalecki ........................................................ 74
Referências Bibliográficas .................................................................................................................... 79
4
Introdução
A ciência econômica tem como tarefa básica esclarecer como funcionam as
economias capitalistas. Um ponto de partida conveniente para tal tarefa consiste em entender
tais economias como economias de mercado nas quais uma infinidade de agentes – empresas,
indivíduos, governo, agentes externos – tomam decisões de adquirir bens e serviços, e de
oferecer bens e serviços no mercado. Estas decisões, no entanto, são interdependentes: em
uma divisão de trabalho extremamente complexa, cada agente depende de decisões tomadas
por outros agentes.
A macroeconomia estuda o comportamento da economia como um todo, isto é, da
produção total de bens e serviços (PIB) e de seu crescimento ou não; de análises das taxas de
inflação e desemprego; de aspectos da economia internacional, tais como, a balança de
pagamentos de um país, e da taxa de câmbio; das políticas fiscal e monetária; do orçamento
do governo; taxas de juros e moeda, entre outros.
A Macroeconomia tem como objetivo principal analisar o crescimento econômico e o
pleno emprego. Melhorar a distribuição de renda da sociedade é outro objetivo
macroeconômico importante, complementando a lista dos temas necessários à melhora
efetiva do nível de vida. Preços estáveis – ou seja, baixa inflação – acrescenta-se a essa lista.
A macroeconomia busca responder questões como: por que a renda média é alta em
alguns países e baixa em outros? Por que a produção e o emprego se expandem em alguns
períodos e se contraem em outros? Por que a taxa de inflação está relacionada à quantidade
de moeda na economia?
O objetivo desse caderno é apresentar aos alunos do curso de Ciências Econômicas, os
principais fundamentos da teoria macroeconômica I. Neste sentido, este caderno de Teoria
Macroeconômica I não visa dar respostas definitivas às questões econômicas, mas suscitar o
interesse, provocar o debate e mostrar aos alunos sua aplicabilidade no mundo atual.
EMENTA : Objeto da macroeconomia. Noções básicas sobre os agregados
macroeconômicos. O mercado de bens e o modelo keynesiano simples de determinação da
renda. Os mercados de ativos e a determinação da taxa de juros. O modelo IS-LM -
5
Introdução à análise de políticas macroeconômicas: política fiscal, política monetária e
combinações de ambas. A determinação da renda e do emprego em Kalecki.
Objetivos de ensino-aprendizagem
� Desenvolver no aluno o conhecimento da Macroeconomia, iniciando o estudo
com a Contabilidade Nacional. Apresentando os principais indicadores e
agregados macroeconômicos e assinalar alguns problemas existentes quanta à
mensuração das atividades econômicas, mostrando os seguintes itens: os
conceitos de Renda, Produto e Despesa Nacional; as diversas formas de
contabilização do Produto; a identidade entre os três conceitos mencionados
acima; as diferenças entre Produto Nominal e Real; as principais relações
entre os componentes do Produto;
� Apresentar o modelo ou teoria de determinação simples (básico) keynesiano.
Descrevendo as principais variáveis econômicas deste modelo: as Propensões
Marginais a Consumir e a Poupar; a função Consumo e a função Poupança; o
Investimento e seus determinantes; o multiplicador de gastos da economia; a
teoria keynesiana básica sobre a demanda e oferta de moeda e a taxa de juros;
� Descrever o modelo IS – LM e suas implicações em termos de políticas
monetária e fiscal na atividade econômica;
� Mostrar um resumo sintético do modelo de determinação da renda de Kalecki.
Desse modo, os temas das unidades estão organizados da seguinte forma:
Na Unidade 1 apresentaremos as noções básicas sobre os agregados macroeconômicos. Na
Unidade 2 descreveremos o mercado de bens e o modelo keynesiano simples de determinação
da renda. A ênfase da unidade é mostrar a interação entra a demanda, produção e renda.
Mostraremos como a política fiscal pode afetar a renda ou produto na economia. A Unidade 3
examinará os mercados de ativos e a determinação da taxa de juros. Destaca a política monetária
e desenvolve um modelo apresentando como aquela política afeta a taxa de juros. Por
conseguinte, a Unidade 4 analisará em conjunto o mercado de bens e os mercados financeiros.
Examinará também, o que determina o produto no curto prazo. Discutiremos ainda nesta
Unidade 1
As origens da
industrialização
6
unidade, o papel das políticas monetária e fiscal. O modelo apresentado nesta unidade será o
modelo IS-LM. A última unidade, a Unidade 5 analisará a determinação da renda e do emprego
em Kalecki.
Unidade 1 - Noções básicas sobre os agregados macroeconômicos
A macroeconomia é parte da economia que estuda o comportamento das variáveis
econômicas agregadas. Os macroeconomistas costumam estudar problemas como o
crescimento econômico, a existência de recessões, a inflação, o desemprego e etc. A análise é
sempre feita para a economia como um todo, não existe preocupação com os comportamentos
individuais de cada agente.
A macroeconomia tem como ponto de partida o estudo do fluxo circular da renda, que
pode ser entendido como o processo pelo qual a riqueza de uma economia é formada,
distribuída e ampliada em determinado período de tempo. O fluxo circular pode ser entendido
a partir de uma suposição: a existência de uma economia capitalista onde só existam famílias
e empresas, ou seja, não haja governo nem comércio com outras nações.
Suponha uma economia de pessoas que consomem e produzem, sem governo e fechada
ao resto do mundo. A economia produz bens e serviços que podem ser divididos em três
categorias: 1. Bens de consumo; 2. Bens de investimento; 3. Bens intermediários.
As pessoas consomem bens e serviços. Se for consumido por um indivíduo ou por uma
família isto é um consumo privado. Se consumido coletivamente então é um consumo
público ou do governo. Bens de investimento são chamados também de bens de capital, são
duráveis e possibilitam a produção futura de bens. Estes bens são valorizados, pois eles
possibilitam uma produção maior no futuro e assim um consumo maior. Os bens e serviços
intermediários são produzidos e usados pelas empresas e negócios no período em que eles
são produzidos. Já os bens e serviços finais são bens e serviços de consumo e bens de
investimento.
As famílias demandam bens e serviços das empresas e só adquirem os mesmos no
mercado a determinado preço. Tal aquisição requer que as famílias paguem por estes bens e,
para que isso ocorra, as pessoas precisam ganhar dinheiro de alguma forma. A maioria, então,
trabalha para outras empresas (que prestam serviços ou ofertam produtos para outras
7
famílias), a fim de ganhar dinheiro e poder obter o que deseja no mercado. Portanto, é dessa
mesma forma que todos procedem, inclusive as empresas. As empresas consomem bens e
serviços intermediários com vistas à produção de seu produto final. Exemplo: uma padaria
consome forno e geladeira de uma indústria, objetivando a produção de pães, bolos e outros
produtos.
O fluxo circular resulta na circulação contínua de produtos (bens) e rendimentos
(rendas) que permitem observar o desempenho macroeconômico de uma economia sob três
óticas que culminam em três conceitos fundamentais: Produto Nacional (PN), Despesa
Nacional (DN) e Renda Nacional (RN).
Destes conceitos derivamos os principais agregados macroeconômicos na economia.
São chamados de agregados e recebem essa denominação pelo fato de não serem
simplesmente uma soma de parcelas que se expressam da mesma forma e na mesma unidade
de medida, mas sim uma soma de coisas diferentes (bens e serviços) cujo volume físico, pode
ser expresso nas mais diferentes unidades de medida. No entanto, esses bens e serviços
podem ser adicionados, agregados, quando são traduzidos numa unidade comum de medida,
ou seja, a moeda.
O fluxo circular é uma espécie de diagrama que nos permite estabelecer e explicar os
principais agregados macroeconômicos. Nele é possível examinarmos as relações de troca
entre os setores que originam o processo de produção. Ao falarmos em transações monetárias
identificamos dois fluxos principais, são eles: 1. o fluxo real que representa a circulação de
bens e serviços e fatores de produção pela economia; e 2. o fluxo monetário que será a
remuneração ou a contrapartida paga ao fluxo real.
8
FIGURA 01. O Fluxo circular de renda.
Assim como as empresas têm sistemas de contabilidade financeira, que registram suas
movimentações financeiras, os países também têm sistemas de contabilidade nacionais. Os
agregados macroeconômicos são definidos com base em um sistema contábil que trata o país
como se fosse uma empresa que produz um único produto, o produto interno bruto (PIB).
Para se medir os agregados, em primeiro lugar, é preciso definir um período de tempo para
que se possa medir o total de bens e de serviços produzidos no país. No Brasil, esse período é
estabelecido em um ano e corresponde, ao ano civil, que vai de janeiro a dezembro.
Em segundo lugar, também, torna-se necessário estabelecer uma unidade de medida
comum, uma vez que os bens e serviços têm unidades de medida diferentes: o petróleo é
medido em barris; a carne, em kilogramas; a energia elétrica, em quilowats e assim por
diante. A solução encontrada para agregar “coisas” tão distintas na economia, vale dizer, a
totalidade de bens e de serviços produzidos no país, devemos medi-los em termos
monetários, ou seja, pelo seu preço. Isto porque todos os bens e serviços podem ser expressos
em dinheiro, que equivale ao preço de mercado multiplicado pela quantidade produzida.
A Contabilidade Nacional é um sistema contábil que permite avaliação da atividade
econômica. É possível, portanto, obter-se um retrato da realidade econômica e social dos
países ou regiões, assim como, acompanhar como crescem e se desenvolvem ao longo do
tempo.
9
O Sistema de Contas Nacionais é usado pelos economistas para analisar e mensurar o
comportamento da economia em seus múltiplos aspectos. No Brasil, o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística – IBGE- é a instituição responsável por regularmente realizar
pesquisas e levantar dados relativos às geociências e estatísticas sociais, demográficas e
econômicas e elaborar o sistema de contas nacionais do país. E a partir dos dados fornecidos
pelo IBGE que economistas elaboram diagnósticos da atividade econômica e identificam os
obstáculos ao crescimento econômico no país.
Os principais agregados macroeconômicos derivados das Contas Nacionais são as
medidas de Produto, Renda e Despesa. As mudanças a curto prazo nesses indicadores
proporcionam aos tomadores de decisões (público ou privado) indicações das perspectivas da
economia para a preparação de suas estratégias e/ou planos de uma determinada empresa ou
país.
O PIB é o valor dos bens e serviços finais produzidos por fatores de produção
localizados dentro das fronteiras geográficas do país, não importando assim a propriedade
dos referidos fatores, se de residentes ou de não residentes no país. Observe, porém, que parte
desses bens – os bens intermediários – é usada na produção de outros bens. Se contarmos
todos os bens, finais e intermediários, incluiremos os intermediários duas ou mais vezes. Para
evitar essa dupla contagem no PIB, somamos os valores de todos os bens produzidos – valor
bruto da produção - excluindo depois o valor das matérias-primas e insumos intermediários,
obtendo assim o valor adicionado.
Por outro lado, se somarmos em cada unidade de produção, apenas o que foi acrescido
de novo em cada etapa produtiva também obtemos o valor adicionado.
PIB é igual à soma da produção total dos bens e serviços finais dos setores: primário
(agricultura e pecuária); secundário (indústria) e terciário (comercio, transporte,
comunicações, publicidade, educação, saúde, lazer, serviços financeiros e de seguros,
administração pública, serviços pessoais).
Uma vez estabelecido o período que servirá de base para medir a produção, bem como
a unidade de medida em que será expressa essa grandeza, resta o último problema, referente a
ótica segundo a qual será medida a produção econômica.
10
1.1 As três óticas de mensuração do PIB na economia
Exemplo 1: O cálculo do Valor do Adicionado de um país num dado período pode ser
alcançado por três óticas: do Produto, da Renda e da Despesa.
Suponha, então, que a produção de uma firma (hipotética) em 2011 tenha alcançado
500 unidades, vendidas ao preço unitário de R$2,00. As informações contábeis da firma são
apresentadas a seguir:
a) Calculando o Valor Adicionado da Firma.
- Valor da Produção (500 X R$ 2,00) R$1000,00
- Despesas Operacionais R$ 800,00
(i) Pagamento de Salários R$ 500,00
(ii) Custo de Matérias Primas R$ 300,00
- Receita Líquida de Vendas R$ 200,00
As despesas operacionais somaram R$ 800,00 como resultado da soma das despesas de
salários com os custos de matérias-primas. A receita líquida de vendas totalizou R$ 200,00,
ou seja, o valor da produção menos as despesas operacionais (R$ 1.000,00 - R$ 800,00).
Qual é a contribuição dessa empresa para o total do produto do país? Em outras
palavras, qual e o valor que a firma adiciona ao PIB? Considerando a medida do valor da
produção dessa firma e, caso sejam somados o resultados das outras que compõem o sistema
econômico no país, incorre-se em dupla contagem, pois a produção de bens que são utilizados
na produção de outros bens será contada duas ou mais vezes.
Desse modo, o custo de matérias-primas e uma produção de outras firmas e, portanto,
não deve ser contado como contribuição da firma que a transforma para o PIB.
Logo, Valor Adicionado é igual ao Valor da Produção (quantidade vezes preço) menos
Consumo de bens intermediários.
O Valor Adicionado é igual a (R$ 1000,00 – R$ 300,00) = R$ 700,00 . Por
conseguinte, a soma dos valores adicionados de todas as empresas será igual ao Produto
Interno Bruto de um país em determinado ano. Esta maneira de se calcular o produto chama-
se Ótica do Produto.
11
ÓTICA DO PRODUTO É IGUAL AO VALOR DA PRODUÇÃO MENOS
VALOR DO CONSUMO INTERMEDIÁRIO.
A outra forma de se calcular o PIB de um país denominamos de Ótica da Renda. Neste
caso, o produto se chama Renda Interna Bruta - RIB. A contabilização da riqueza de um país,
o PIB e calculado nessa ótica pela soma de todas as remunerações dos fatores que
participaram do processo produtivo. Assim, para se obter o conceito de renda de um país num
determinado período, somam-se os salários, os alugueis, os juros e os lucros, que são os
pagamentos feitos aos fatores produtivos, ao longo do ano.
ÓTICA DA RENDA – RIB É IGUAL A SOMA DAS REMUNERAÇÕE S AOS
FATORES DE PRODUÇÃO (igual à soma de Salários + Lucros + Juros + Aluguéis).
No exemplo, os fatores de produção utilizados foram: o capital e a mão-de- obra. O
somátorio de R$ 500,00 (renda do trabalho) e R$ 200,00 equivalem à receita líquida
(remuneração do capital). Logo, pela ótica da renda, o produto também e igual a R$ 700,00.
Existe ainda uma terceira de se estimar o PIB de um país chamada de Ótica da Despesa
ou Demanda. O agregado macroeconômico obtido é a Despesa Interna Bruta - DIB, pela qual
podemos saber quais os tipos de gastos que a sociedade incorre. No exemplo dado, supondo
que as famílias gastam seus salários na aquisição de bens de consumo (R$ 500,00) e o
rendimento de capital obtido seja utilizado para despesas de investimento (R$ 200,00).
Portanto, pela ótica da despesa o produto também e de R$ 700,00.
ÓTICA DA DESPESA (DISPÊNDIO OU DEMANDA) É IGUAL A S OMA DOS
GASTOS FINAIS NA ECONOMIA EM BENS E SERVIÇOS, NACIO NAIS E
IMPORTADOS.
Considerando todos os dispêndios, podemos calcular o PIB numa economia fechada
sem governo e sem relações com o exterior, pela seguinte equação:
DIB = C + I = Demanda agregada por bens e serviços;
I é igual a despesas das empresas de investimento e
C é igual a demanda das famílias de bens e serviços. Logo, PIB = RIB = DIB.
12
1.2 Outros Agregados Macroeconômicos: PNB e RNB
O Produto Nacional Bruto (PNB) é o valor dos bens e serviços finais produzidos por
fatores de produção de propriedade de agentes econômicos residentes no país, não
importando se esses fatores estão localizados dentro ou fora do país em questão. Por outro
lado, A Renda Nacional Bruta mede a remuneração gerada por fatores de produção de
propriedade de residentes.
Por exemplo, a produção da Petrobrás no exterior conta no PIB do país em que ela
opera sua produção, mas, no cômputo do PNB, é contabilizada apenas no Brasil. É uma
produção realizada no exterior por fatores de produção nacionais, brasileiros. A diferença
entre PIB e PNB é a Renda líquida enviada ao exterior. Logo, PIB menos RLE é igual ao
PNB.
1.2.1 Os conceitos de Renda Interna Bruta (RIB) e a Renda Líquida Enviada ao
Exterior (RLE)
A Renda Interna Bruta é o somatório da remuneração dos fatores de produção de
residentes e não residentes, utilizados na produção de bens ou serviços finais dentro das
fronteiras do país.
A Renda Líquida Enviada ao Exterior se refere à diferença entre os recebimentos e as
remessas de transações de fatores de produção (dividendos, juros, lucros, salários e
ordenados, etc.), isto é, a Renda Recebida do Exterior (RRE) menos a Renda Enviada ao
Exterior (REE).
Exemplo 2: Supondo que a firma do exemplo 1 seja de propriedade de brasileiros e
bolivianos e alguns dos trabalhadores sejam bolivianos.
Valor da Produção R$1.000,00
Despesas Operacionais R$ 800,00
(i) Pagamentos de Salários R$ 500,00
a brasileiros R$ 400,00
a bolivianos R$ 100,00
(ii) Custo das matérias-primas (nacional e importada)
R$ 300,00
Receita líquida de vendas R$ 200,00
13
paga a brasileiros R$ 100,00
paga a bolivianos R$ 100,00
A contribuição da firma ao PIB do país é de R$ 700,00. Entretanto, ao calcularmos o
PNB, Produto Nacional Bruto, devemos descontar (subtrair) do PIB, o pagamento efetuado a
fatores de produção não residentes (bolivianos, no exemplo). Então, descontamos R$ 100,00
que corresponde a pagamentos de salários a bolivianos e o pagamento de R$ 100,00 (receita
líquida de vendas = “lucros”) dos bolivianos. O valor do PNB encontrado será de R$ 500,00.
O PIB é igual a R$ 700,00 (setecentos reais). Logo, pela ótica do Produto:
PNB = (1 000 – 300) – 200 e pela ótica da Renda: RNB = 500 = 400 + 100.
1.2.3 Produto Líquido e Produto Bruto – existe diferença entre esses dois
conceitos?
Quando se obtém o PIB da economia, considera-se a produção de bens e serviços finais
produzidos no país durante determinado período de tempo. Porém, os bens de capital usados
atualmente no processo de produção foram produzidos em um período anterior e podem
ainda ser utilizados nos períodos posteriores. Dessa forma, apenas uma parcela desses bens e
repassada ao produto final, representada pelo desgaste do capital. Sendo assim, se medirmos
o Produto Agregado Líquido da economia num determinado período de tempo devemos levar
em conta o desgaste físico de seu estoque de capital.
A depreciação do estoque de capital constitui-se na prática um fundo de reservas das
empresas de reposição de capital devido tanto ao desgaste físico como a obsolescência das
maquinas e equipamentos.
Considerando o PIB da firma de R$ 700,00 para obtermos o Produto Líquido, devemos
subtrair desse valor a depreciação de capital de R$ 10,00.
Exemplo 3:
Valor da Produção R$1.000,00
Despesas Operacionais R$ 810,00
(i)Pagamentos de Salários R$ 500,00
a brasileiros R$ 400,00
a bolivianos R$ 100,00
(ii) Custo das matérias-primas R$ 300,00
Reservas para Depreciação R$ 10,00
14
Receita líquida de vendas R$ 190,00
Para calcular o PIL, Produto Interno Líquido, devemos subtrair do PIB a depreciação.
PIL é igual a R$ 700,00 menos R$10,0. Então, PIL = R$ 690,00.
1.2.4 A diferença entre o PIB Real e o PIB Nominal
Por que devemos fazer essa distinção entre o produto nominal e o produto real na
economia? Porque, quando se verifica um aumento no PIB entre dois anos consecutivos, esse
aumento e derivado de duas causas: ou porque a economia está produzindo uma quantidade
maior de bens e serviços; ou, os bens e serviços estão sendo vendidos a preços mais elevados.
Suponha que o PIB do país se elevou devido ao crescimento no preço dos bens e
serviços, ou seja, por causa da inflação. Logo, e necessário, então, deduzirmos a inflação
(deflacionar) do período analisado ao comparar os valores do PIB de um ano para outro. O
valor do PIB antes da dedução da inflação e chamado de PIB nominal e, depois, de PIB real.
O PIB nominal reflete variações ao longo do tempo, tanto nos preços quanto nas
quantidades de bens e serviços produzidos durante determinado período. De outro modo,
quando mensuramos o PIB real (a preços constantes) estamos acompanhando a evolução das
quantidades, considerando uma dada estrutura de preços relativos fixa numa base.
A seguir, examina-se um exemplo de uma economia hipotética que produz apenas dois
bens: arroz e feijão. São apresentados também, os valores das quantidades produzidas e dos
preços entre os anos de 2009 e 2011.
15
QUADRO 0.1 – PREÇO E QUANTIDADE DE ARROZ E FEIJÃO –2010-2011
ARROZ ARROZ FEIJÃO FEIJÃO
PREÇO QUANTIDADE PREÇO QUANTIDADE
ANO
2009 $1,00 100 $2,00 50
2010 $2,00 150 $3,00 100
2011 $3,00 200 $4,00 150
Exemplo 4: Cálculo do PIB nominal
No ano de 2011, por exemplo, o total da venda de arroz alcançou $ 600,00 reais (preço
de arroz em 2011) $ 3,00 X 200 (quantidade de arroz em 2011). O total da venda de feijão no
ano de 2011 foi de $ 600,00 (preço do feijão em 2011) $ 4,00 X 150 (quantidade do feijão).
Os valores alcançados dos PIBs nominais para os anos de 2009, 2010 e 2011 foram
respectivamente iguais a, $ 200,00, (100,00 + 100,00), $ 600,00 ($300,00 + $300) e, $
1.200,00 ($600,00 + $ 600,00).
QUADRO 02 - PIB NOMINAL 2009-2011 (a preços correntes)
ARROZ FEIJÃO PIB NOMINAL
ANO
2009 $100,00 $100,00 $200,00
2010 $300,00 $300,00 $600,00
2011 $600,00 $600,00 $1200,00
Para o calculo do PIB real, escolhe-se inicialmente um período base como referência.
16
No exemplo, o ano-base escolhido foi 2009. Calculando, temos:
Cálculo do PIB real
� _P2009 x Q2009
� _Para 2009, o arroz- $1,00 x 100 = $100,00
� _Para 2009, o feijão-$2,00 x 50 = $100,00
� _Total 2009 = $100,00 + $100,00 = $200,00
� _P2009 x Q2010
� _Para 2010, o arroz- $1,00 x 150=$150,00
� _Para 2010, o feijão $2,00 x 100= $200,00
� _Total 2010 = $350,00
� _P2009 x Q2011
� _Para 2011, o arroz $1,00 x200= $200,00
� _Para 2011, o feijão $2,00 x 150 = $300,00
� _Total 2011 = $500,00
QUADRO 0.3- PIB REAL -2009-2011 (ano-base: 2009)
ARROZ FEIJÃO PIB REAL
ANO
2009 $100,00 $100,00 $200,00
2010 $150,00 $200,00 $350,00
2011 $200,00 $300,00 $500,00
1.3 Os principais índices de preços
A inflação é obtida pela variação dos índices de preços. Estes permitem calcular a
media da variação relativa dos preços de um conjunto de bens e serviços em uma sequencia
de períodos de tempo. Logo, quanto maior for a proporção da renda gasta com um bem ou
serviço maior será seu peso no índice.
17
No Brasil ha vários índices de preços usados para calcular a inflação, como o INPC
(Índice Nacional de Preços ao Consumidor) e o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor
Ampliado), ambos calculados pelo IBGE, o IGPM (Índice Geral de Preços), calculado pela
FGV/RJ e o IPC-Fipe (Índice de Preços ao Consumidor) da Fundação Instituto de Pesquisas
Econômicas da USP.
Atividades de Aprendizagem da Unidade 1:
1. O PIB de um país, medido em preços correntes, aumentou consideravelmente nos
últimos anos. Isso é, por si só, uma coisa boa? Justifique.
2. Com relação ao ciclo da atividade econômica (ou fluxo circular da renda), assinale a
alternativa correta.
a. ( ) O processo dá origem apenas a um fluxo monetário, traduzido nas
remunerações feitas aos recursos utilizados.
b. ( ) O processo dá origem a um único fluxo econômico: o da produção (ou o
fluxo real).
c. ( ) O processo gera dois fluxos interdependentes: o da renda (relativo ao
pagamentos dos fatores empregados) e o da produção (relativo ao fornecimento
de bens e serviços às unidades familiares).
3. Explique em que consiste o problema da dupla contagem na mensuração do produto.
Como ele pode ser evitado?
Unidade 2 O mercado de bens e o modelo keynesiano simples de
determinação da renda
2.1 Contexto histórico
A crise da economia mundial detonada pela quebra da Bolsa de Nova York em 1929
trouxe em seu bojo uma depressão sem precedentes aos países envolvidos na época,
principalmente, os EUA e os países europeus. A persistência da recessão e do desemprego
nos países desenvolvidos provocou uma inquietação entre os economistas da época, que
procuravam explicações alternativas.
18
Ao escrever a Teoria Geral do Emprego do Juro e da Moeda (1936), Keynes desejava
entender a economia capitalista e corrigir suas disfunções libertando-se do antigo modo de
pensar. O autor percebe que a essência da crise presente não cabe na abordagem das
“flutuações de negócios” da teoria neoclássica, cuja explicação para as variações de curto
prazo do PIB em torno de uma situação dita normal da atividade econômica encontraria sua
solução no mecanismo de mercado através do ajuste nos preços. Keynes se propunha a
modificar princípios fortemente consolidados, introduzindo novas variáveis capazes de abalar
a estrutura preexistente, como o tempo, a incerteza e o papel decisivo moeda no
comportamento dos agentes econômicos.
Para Keynes, a ciência econômica é uma ciência social marcada pela imprevisibilidade
do comportamento humano, pelo permanente surgimento de fatos novos que exigem novas
explicações teóricas, pelos pontos de vistas ideológicos, e pela competição entre os grupos de
economistas para se tornar a única fonte de conhecimento legítimo na área.
Os economistas neoclássicos, grupo teórico dominante na época, acreditavam que se
houvesse um mercado em desequilíbrio, no caso do mercado de trabalho, no qual a oferta (de
trabalhadores) excedesse a procura por trabalhadores, o preço em tal mercado cairia causando
novamente o equilíbrio entre oferta e procura. No caso do mercado de trabalho isso
implicaria numa queda dos salários nominais. Essa queda dos salários, por sua vez,
estimularia os empresários a aumentarem a demanda por trabalhadores, e consequentemente
aumentaria a produção na economia (conforme assinalado na função de produção). A
garantia que essa produção adicional seria adquirida pelos agentes econômicos era dada pela
crença dos economistas neoclássicos descrita na famosa Lei de Say que indicava que a oferta
cria a sua própria procura. O que essa frase quer dizer é que os trabalhadores recém
empregados iriam utilizar a renda gerada na produção adicional para comprá-la.
Se eventualmente algum trabalhador preferisse poupar uma parte de sua renda,
evitando gastá-la na aquisição de bens de consumo, os economistas clássicos acreditavam que
o aumento da poupança, ou seja, o aumento da oferta de fundos de empréstimos nessa
economia causaria a queda na taxa de juros, ocasionando, então um aumento na procura por
bens de investimento que compensaria a queda na demanda por bens de consumo provocada
pelo aumento da poupança.
Em resumo, para os economistas neoclássicos, a economia de mercado era auto
regulável e tendia quase que automaticamente para o pleno emprego, isto onde todos os
19
recursos (tecnologia, terra, capital, mão-de-obra, etc) são plenamente utilizados na produção
de bens e serviços. O desemprego, se ocorresse, era transitório (e voluntário), explicável
pelas flutuações naturais do ciclo de negócios que caracteriza a economia capitalista.
A grande crise dos anos trinta do século passado mostrou que o desemprego em massa
não tinha a ver com salários, e sim com os motivos relacionados a uma menor utilização da
capacidade instalada. A causa maior da crise estaria na insuficiência da demanda efetiva, e
não do lado da oferta. Como os salários são simultaneamente custo e renda, estando tanto do
lado da oferta como da demanda, sua variação não afeta a produção e o emprego. Keynes
acredita que o resultado mais provável de sua redução será a contração ainda maior da
demanda (cap.19 da Teoria Geral do Emprego do Juro e da Moeda).
Keynes rejeita a explicação da teoria neoclássica para o desemprego involuntário e
afirma que a oferta de trabalho não depende do salário real e sim do nominal, o único que os
trabalhadores conhecem, de tal forma que variações nos preços e, consequentemente, nos
salários reais, não alteram a oferta de mão-de-obra. Acredita que os trabalhadores não
percebem com clareza o movimento dos preços, levando em conta, apenas, seu valor
nominal.
Na opinião de Keynes, os trabalhadores, iludidos quanto ao valor real dos salários,
estariam sujeitos ao que ele chama de “ilusão monetária”. Ou seja, não tinham a capacidade
de prever o poder de compra do salário ganho através do seu trabalho. Sendo assim, a curva
de oferta de trabalho tradicional, positivamente inclinada, não existe. Considera, também, que
os salários nominais são relativamente rígidos, isto é, suas variações são lentas no sistema,
devido às restrições (normas) institucionais como os acordos coletivos negociados com os
sindicatos.
Keynes propõe uma nova teoria do emprego baseada no princípio da demanda efetiva,
invertendo a causalidade entre produção e emprego como proposto pela teoria neoclássica. A
quantidade de mão-de-obra demandada intencionalmente pelas empresas depende, dado o
estado da arte em vigor, do montante de produção que elas planejam realizar para atender a
demanda por seus produtos. Frustrações de vendas levarão a ajustes na produção e, como
consequência, na demanda por trabalhadores. É através deste raciocínio que Keynes explica o
desemprego involuntário independentemente do custo do trabalho. Era assim que o autor via
os fatos.
20
Outro dogma fundamental contido na lei de Say relacionado à taxa de juros na
economia também será alvo de críticas de Keynes. A teoria neoclássica supõe que a taxa de
juros seja capaz de igualar os fluxos de poupança e investimento, de modo que a oferta e a
demanda agregadas sejam necessariamente equivalentes no pleno emprego. Keynes, por sua
vez, desvincula a determinação do custo do dinheiro, dos fluxos da poupança e investimento,
pois a poupança é o excedente de renda não gasta, que depende diretamente da própria renda,
enquanto que as decisões de investimento dependem da rentabilidade esperada do capital.
Keynes acredita que a poupança e o investimento são fluxos independentes, sendo que
o investimento não depende da poupança precedente. A causalidade ocorre ao contrário, é a
poupança que deriva da renda gerada pelo investimento. Quando a renda aumenta, a
poupança também aumenta, de modo que tende a ocorrer um excesso de poupança em
relação ao investimento realizado, o que ocasiona insuficiência de demanda e desemprego
involuntário. É o conhecido “paradoxo da poupança”.
FIGURA 02 – Nível de equilíbrio de poupança e investimento
Já a taxa de juros tem a ver com o comportamento dos mercados de moeda e de títulos.
Segundo Keynes, a preferência pela liquidez, isto é a preferência dos agentes com ativos
líquidos impede que a taxa de juros diminua o suficiente para equilibrar o mercado
financeiro, de modo que o equilíbrio macroeconômico deverá ser obtido abaixo do nível de
pleno emprego.
21
Defensor do papel regulador do Estado, Keynes rejeita explicitamente o credo liberal,
defendendo a intervenção direta sobre os fatores capazes de expandir a demanda agregada e,
indiretamente, sobre aqueles que podem melhorar o estado de confiança dos negócios. Propôs
a adoção de políticas fiscais e monetárias expansionistas, capazes de reativar a demanda e,
consequentemente, o emprego, e confrontando a teoria neoclássica, negou veementemente
que a redução nominal dos salários tivesse qualquer efeito positivo sobre o nível de emprego,
sendo que o mais provável seria justamente o contrário (Keynes,1936).
2.1.1 A Teoria da Demanda
O princípio da “demanda efetiva”, fundamental do modelo keynesiano é usado para
determinar, no curto prazo, o nível de produção e emprego que resulta da decisão de oferta
feita pelos empresários, de acordo com as expectativas de rendimentos que esperam obter.
Portanto, o emprego é uma variável dependente, sujeita às flutuações das expectativas.
Quando estas melhoram, a produção aumenta ao longo da função de oferta agregada, e com
ela o emprego, quando pioram ocorre o contrário.
Numa economia simples, sem governo e resto do mundo, que não enfrenta restrições na
oferta de fatores, o princípio da demanda efetiva estabelece que o montante dos gastos em
Consumo e Investimento, C + I, que as famílias e as empresas, respectivamente, planejam
realizar, determina a produção ou renda, Y.
Y = C + I
Os conceitos de propensão marginal a consumir, eficiência marginal do capital e
preferência pela liquidez são os elementos fundamentais e inovadores desta teoria da
demanda keynesiana. Neste modelo, a determinação da renda se apoia na teoria do consumo
e do investimento, que integram a demanda efetiva. Sua função consumo supõe a existência
de uma regra comum de comportamento, denominada de “lei psicológica fundamental”, que
rege a distribuição da renda pessoal disponível entre consumo e poupança, que por sua vez,
dá origem à teoria do multiplicador.
22
O segundo componente da demanda é o investimento, cujos determinantes dependem
da rentabilidade esperada ou “eficiência marginal do capital” e da “preferência pela liquidez”,
conceito essencial na elaboração da teoria dos juros e da moeda.
A decisão de produção depende da expectativa dos empresários em torno dos
rendimentos necessários para pagar os insumos diretos, o uso do capital, e a remuneração do
trabalho, além do lucro que deverá ser gerado, de modo que é a partir desta expectativa de
rendimentos vindos através do que se supõe vender que a oferta de bens e serviços será
efetivamente produzida. Quando as previsões se confirmam, a oferta deverá ser equivalente
ao que está sendo demandado e ocorrerá equilíbrio, porém, não necessariamente, de plena
capacidade ou pleno emprego.
O consumo das famílias, em termos reais ou unidades de salário, é uma função
crescente da renda real corrente, expressa em unidades de salário por Cw = c(Yw), tal que a
propensão marginal a consumir, 0<δC/δY<1 (variações na renda provocam mudanças no
consumo, mas inferior à unidade). Este comportamento padrão do consumidor, que Keynes
denominou de “lei psicológica fundamental”, afirma que as pessoas modificam seu consumo
de acordo com as variações na renda, porém num montante proporcionalmente menor.
Representa um dos novos fatores comportamentais introduzidos por Keynes. O que esta lei
quer dizer na verdade? Se a renda crescer em 100%, a quantidade consumida de bens e
serviços do indivíduo aumentará numa proporção menor de 100%, por exemplo, 70%.
O investimento é o montante de gastos que as empresas realizam na aquisição de capital
fixo, sendo que a decisão de investir depende do confronto entre a taxa de rendimento
esperada, ou Eficiência Marginal do Capital (EMK), e a taxa de juros, por sua vez uma
variável estritamente monetária.
Keynes define a EMK, outro fator comportamental, como sendo a taxa de desconto
capaz de igualar o valor presente da série de rendimentos que serão proporcionados pelo novo
bem de capital durante sua vida útil, isto é, seu preço de demanda, com o preço de oferta.
Dado que o preço de oferta dos bens de capital deve ser crescente, à medida que sua demanda
aumenta, conclui-se, que a curva de EMK é decrescente. Portanto, as empresas investirão até
o ponto em que a taxa de retorno da última inversão iguale a taxa de juros do mercado de
empréstimos de longo prazo.
Quando as decisões de gasto coincidem com o que foi previsto, o que significa que a
demanda efetiva do período se concretiza, tal que: Y = C + I, a economia estará em equilíbrio
23
(ponto A), cuja representação mais simples e a conhecida “cruz keynesiana”. Neste ponto, o
fluxo de poupança, como excedente de renda além do consumo, será equivalente ao montante
de recursos que os empresários utilizaram previamente para financiar o investimento.
FIGURA 03- Nível de equilíbrio do produto ou renda na economia.
Em Yo, a economia está em equilíbrio, pois Y (Oferta Agregada) = E (Demanda
Agregada) = C + I, porém abaixo do pleno emprego Y*. Acima de Yo, parte da produção não
será vendida e o acúmulo de estoques provocará um ajuste recessivo no período seguinte, até
convergir para Yo. No ponto B, haverá um excesso de oferta em relação a demanda agregada
e, consequentemente, a poupança gerada superará o investimento realizado. Este excedente
de poupança, denominado na terminologia keynesiana de “paradoxo da poupança”, que
decorre do comportamento da função consumo, cuja propensão marginal a consumir é menor
do que um, evidencia a independência entre as decisões de poupança e investimento e a
inexistência de um mecanismo de ajuste entre ambas, contrariando o que economistas
neoclássicos imaginavam.
Portanto, para que o equilíbrio macroeconômico possa ser mantido à medida que a
produção aumenta, será necessário que o gasto em investimento cresça na proporção
adequada para absorver a poupança que a nova renda gera.
Na análise keynesiana, o investimento independe da poupança, porque a rigor, a precede.
As empresas quando decidem ampliar sua capacidade, emitem títulos de dívida, que serão
adquiridos por instituições financeiras, que deste modo ampliam a liquidez do sistema. O
investimento, financiado através de expansão de crédito, deverá gerar, no período seguinte,
uma renda tal, cuja poupança seja suficiente para resgatar os empréstimos que deram origem
24
ao processo. Neste caso, obtido o equilíbrio macroeconômico, quando a poupança, a
posteriori, iguala o investimento inicial.
2.1.2 O Multiplicador
O multiplicador no modelo keynesiano explica a dinâmica do processo de expansão
cumulativa da renda, a partir do efeito sobre a mesma do gasto autônomo de investimento.
Assim, um novo investimento, independentemente de como é financiado, representa
inicialmente um acréscimo equivalente de renda, dado que a produção aumenta para
satisfazer a nova demanda. Ao mesmo tempo, os agentes receptores da nova renda ao destinar
uma parcela da mesma ao consumo, de acordo com sua propensão marginal a consumir,
PmgC, provocarão, como efeito secundário, um novo aumento da demanda e da renda e
assim sucessivamente num processo infinito e decrescente, ate atingir um novo nível de renda
mais elevado.
O resultado destes efeitos é denominado de efeito multiplicador e pode ser considerado,
apenas, um fenômeno de estática comparativa entre dois níveis de renda resultantes de dois
montantes de investimento diferentes.
Embora Keynes tenha mencionado apenas o multiplicador de investimento, qualquer
variação dos gastos autônomos que compõem a demanda agregada, produz depois de algum
tempo, uma variação correspondente e proporcionalmente maior da renda de equilíbrio.
A expressão algébrica do multiplicador, que representa o acréscimo da renda para cada
acréscimo no gasto autônomo, neste caso o investimento, e depende da propensão marginal a
consumir, que tende a ser constante para cada faixa de renda familiar.
Quanto maior a propensão a consumir maior será o multiplicador, porque mais intenso
será o efeito secundário da expansão dos gastos sobre a expansão da demanda agregada.
Impostos, importações, acréscimos na propensão a poupar e outros tipos de retenções de
renda, diminuem o valor do multiplicador porque reduzem a proporção da nova renda que é
destinada ao consumo.
No equilíbrio macroeconômico:
25
Y = C + I;
Y= Produto
C = Gastos em consumo
Co = Gastos autônomos em consumo;
c = PMgC ( Propensão marginal a consumir);
Sendo C = Co + c Y, temos que:
Y = 1/(1- c)[Co + I]
ou , Y = k (Co + I),
sendo k = 1/(1-c), o Multiplicador.
2.1.3 A Teoria da moeda e dos juros
Contrariamente aos neoclássicos, a análise keynesiana supõe a existência de uma
economia monetária, onde a moeda, além de intermediário de troca e, principalmente, um
ativo de reserva de valor, é fundamental na determinação do fluxo de produção, renda e
emprego.
Além de possibilitar as transações comerciais, a moeda é o instrumento para acumular
riqueza sob a forma de ativos monetários ou financeiros, de maior ou menor liquidez, cujo
preço e rentabilidade previstos para o futuro, terão a ver com a com sua demanda e, portanto,
com a determinação da taxa de juros.
Keynes nega a teoria neoclássica dos juros, pois considera que investimento e poupança
não são independentes, mas claramente relacionados, dado que a poupança se origina da
renda gerada pelo investimento anterior. Portanto, os fluxos de poupança e investimento não
podem ser tratados como fenômenos independentes, tal como verificado no modelo
neoclássico, porque fazem parte do mesmo processo de geração e expansão de renda, como o
prova a teoria do multiplicador.
26
Keynes desenvolve sua teoria dos juros como parte integrante do principio da demanda
efetiva, em resposta a proposta pelos neoclássicos, concebida para explicar o equilíbrio
macroeconômico. Radicalmente diferente da teoria neoclássica, a teoria keynesiana de juros
se apoia sobre dois pilares: a natureza da moeda como reserva de valor e a preferência pela
liquidez, que em conjunto explicam a demanda especulativa por moeda, conceito
revolucionário, essencial na concepção keynesiana de uma economia monetária.
A taxa de juros não é o valor que ajusta os fluxos correntes de poupança e investimento
garantindo a operacionalidade da lei de Say, nem tampouco, o prêmio pela abstinência do
consumo, mas o custo de manter liquidez. A taxa de juros na visão keynesiana é um
fenômeno estritamente monetário e é fixada de acordo com as funções de oferta e demanda
de moeda.
A demanda por moeda, segundo Keynes, tem duas motivações fundamentais, uma mais
óbvia, que objetiva a atender as transações econômicas é denominada de demanda
transacional, cujo montante depende da renda. A segunda, mais complexa, decorre do papel
da moeda como reserva de valor, tendo sua origem na atividade especulativa dos agentes que
atuam no mercado financeiro, negociando com estoques de capital e não com seus fluxos.
Keynes a denominou de demanda especulativa, porque a motivação para reter moeda ou
títulos depende da previsão que cada agente faz sobre o comportamento futuro do mercado
financeiro e sua predisposição individual para o risco. A oferta de moeda é fixada pelas
autoridades monetárias de um país.
A demanda global por moeda, Md, que inclui a demanda para transações e a demanda
para especulação, em conjunto com a oferta de moeda, Ms, fixada pela autoridade monetária,
determinam taxa de juros de curto prazo, que por sua vez, afeta as decisões sobre o
investimento que será realizado, independentemente do montante que seria necessário para
atingir o pleno emprego.
De onde se conclui que, a natureza monetária da economia e a função da moeda como
reserva de valor, associados a natural incerteza sobre o valor futuro dos diversos ativos
financeiros, impedem que a obtenção do equilíbrio de pleno emprego seja uma garantia do
funcionamento do sistema econômico, como imaginavam os economistas neoclássicos.
2.2 Modelo de determinação da renda ou modelo keynesiano simples
27
Nesse item apresentamos a chamada teoria ou modelo da determinação do equilíbrio da
renda nacional, ou modelo Keynesiano simples (básico). Antes de iniciarmos a descrever este
modelo, torna-se necessário conceituarmos alguns termos econômicos:
Y = C + S
Y = C + I
A primeira equação mostra que a renda (Y) das famílias é gasta no consumo (C) ou na
poupança (S, do inglês saving). A segunda nos diz que o produto nacional (gerado pelas
empresas) compõe-se de consumo (bens e serviços para as famílias) e investimento (bens de
capital para as próprias empresas).
Como já vimos que a Renda e o Produto são equivalentes (por isso usamos o mesmo
símbolo), podemos igualar as equações:
C + S = C + I,
de onde vem que:
S = I
Ou seja, a poupança é igual ao investimento. Esta é uma identidade contábil, que sempre
se verifica a posteriori, isto é, uma vez realizado o fluxo econômico (em geral, ele é medido
no período de um ano).
A fim de tornar o modelo mais complexo – mais próximo da realidade – inserimos agora,
o agente econômico chamado de Governo no fluxo da renda e do produto. O Governo retira
recursos das famílias e empresas através dos tributos (T) e realiza gastos (G) com esses
recursos, que aumentam a Demanda Agregada.
Mas quem é o Governo e qual é o papel dele no sistema econômico? O Governo é o
principal agente econômico neste sistema porque atua por meio de seus gastos. O Governo é
quem formula as políticas econômicas, sendo, portanto, o responsável pelo impulso ao
crescimento econômico. O Estado participa do sistema econômico através dos governos
Federal, Estadual e Municipal, desempenhando o papel de dois agentes econômicos: o de
consumidor e o de produtor.
Assim, a renda das famílias agora destina-se tanto ao consumo (C), quanto à poupança (S)
ou aos tributos (T). O produto, por sua vez, compõe-se dos bens de consumo (C), do
investimento (I) e do gasto governamental (G), ou seja:
Y = C + S + T
28
Y = C + I + G
Igualando as equações, vem:
S + T = I + G
Esta nova equação também pode ser reescrita assim:
G - T = S – I
Isto indica que o excesso de gastos do governo sobre sua arrecadação tributária (o
chamado déficit público) será financiado pela poupança líquida das famílias (do setor
privado). O termo líquido significa a parte da poupança não canalizada para os investimentos.
Até o presente momento, analisamos o comportamento das contas nacionais a partir da
ideia de uma economia “fechada”, ou seja, sem relações com o exterior. A partir de agora,
apresentaremos as relações dessa economia com o exterior, ou seja, considerando a existência
de uma economia “aberta”.
Neste sentido, surgem dois conceitos centrais, em se tratando de relações de uma
economia com o exterior: exportações e importações.
As exportações – são compras de bens e serviços nacionais realizadas por estrangeiros.
Em economia é convencionado indicar exportações pela letra X. Por outro lado, as
importações – são as compras de bens e serviços estrangeiros realizadas pelos agentes
econômicos domésticos (internos). Em economia, é convencionado indicar importações pela
letra M.
As exportações (X) correspondem à saída de bens e serviços e entrada de fluxos
monetários, enquanto as importações correspondem à entrada de bens e serviços e saída de
fluxos monetários.
Uma economia aberta é aquela que mantém laços comerciais e produtivos com o exterior,
que faz parte dos fluxos comerciais, produtivos e financeiros mundiais.
Então, chegamos aos conceitos centrais na economia, qual seja, a oferta agregada e
demanda agregada. Vejamos: A oferta agregada (OA) é o valor da produção de bens e
serviços finais colocados à disposição da sociedade em um dado período. É o agregado
macroeconômico conhecido como produto real, ou PIB. A oferta agregada varia em função
da disponibilidade de fatores de produção (terra, capital e trabalho). De outro lado, a
demanda agregada (DA) é a soma das demandas dos quatro agentes macroeconômicos:
gastos das famílias com bens de consumo (C), investimentos das empresas (I), gastos do
governo (G), exportações (X) e importações (M).
29
Para encontrar o produto (ou renda) de equilíbrio de uma economia, isto é, quanto a
economia produzirá em resposta à demanda agregada, é necessário definir as variáveis
responsáveis pela determinação do produto e da demanda agregada e estabelecer as relações
entre elas.
Nas contas nacionais, o produto interno bruto numa economia aberta, isto é, que possuam
transações com o exterior e com a presença do governo é descrito como:
Oferta Agregada = Y = PIB
Demanda Agregada =C + I + G + (X - M)
Renda Interna Bruta =RIB (soma de salários, juros, lucros e
dividendos)
As três óticas do produto implicam que:
PIB = RIB = DA =Y
Y = DA = C + I + G + ( X - M)
Segundo a teoria keynesiana, o produto de equilíbrio de uma economia é determinado
pelo nível de demanda agregada (DA) no curto prazo.
Então, a Demanda Agregada pode ser representada como:
DA = C + I + G + (X - M)
Y= C +S +T (alocação da renda)
Logo escrevendo a condição para um nível de equilíbrio da renda,
temos que:
C + S + T = Y = C + I + G
reescrevendo,
S + T = I + G
As famílias gastam uma parte da renda em bens de consumo, outra parte é destinada à
formação de poupança, uma parcela é apropriada pelo governo por meio da coleta de
impostos e, finalmente, uma fração é destinada ao exterior através da compra de produtos
importados.
30
2.2.1 Os componentes da Demanda Agregada
A Função Consumo: (C)
Em sua obra Teoria Geral do Emprego do Juro e da Moeda, Keynes definiu o
consumo como uma função linear da renda. Em outros termos, a teoria keynesiana
assume que a única variável que afeta o comportamento do consumo das famílias é a
renda. Em termos mais simples, admite-se que a as decisões de gasto das famílias em
bens de consumo (eletrodomésticos, alimentos, vestuário etc.) são dependentes apenas da
renda. Sendo assim, a função consumo pode ser escrita como:
C = Co + cY , 0 < c < 1
Essa expressão diz que o consumo (agregado) possui um termo constante e outro
variável. O termo constante, Co, é denominado consumo autônomo. O consumo é dito
autônomo porque essa é uma parcela do consumo que possui autonomia com relação à
renda, Y. Isso implica que mesmo que uma pessoa não tenha renda, ela terá que
consumir. Apenas para facilitar a intuição, assuma que Co equivale ao consumo de
“subsistência”. O Consumo Autônomo constitui-se, em última análise, numa parcela da
demanda por bens de consumo que é influência por outros fatores que não sejam a renda
corrente, tais como a taxa de juros, o nível de patrimônio das famílias, as facilidades de
crédito aos consumidores e outros fatores.
O segundo componente da função consumo, o termo cY , mostra a fração da variável
renda que é destinada ao consumo. O termo c é denominado Propensão Marginal a
Consumir, PmgC, e mostra qual o impacto de variações da renda terão sobre o consumo,
isto é:
c = ∆C/ ∆Y
31
FIGURA 04: Função consumo.
A função consumo pode ser representada graficamente como uma reta com intercepto Co
e inclinação c. O gráfico mostra que o consumo varia com a renda, mas em uma proporção
inferior a 1. Por exemplo, quando a renda aumentar em 10 unidades, o consumo certamente
crescerá, mas menos do que 10 unidades. Uma parcela dessa renda adicional será destinada à
poupança.
A Função Poupança: (S)
A poupança da sociedade é a diferença entre a renda disponível e o consumo.
S = Yd – C
onde: S = Poupança
Como C = Co + c Yd, acontece que:
S = Yd – (Co + b Yd)
S = - Co + (1 – c) Yd
Onde:
(1 – c) = Propensão Marginal a Poupar
Nesse sentido, a poupança corresponde ao complemento do consumo, ou seja, se
Y = C + S , Então, S = Y – C
Substituindo C por C0 + cY, tem-se: S = Y - C0 + cY = T - C0 - cY.
32
Colocando Y em evidência:
S = - C0 + ( 1 – c) Y, ou
S = So + sY,
0 <s< 1
Onde So = - C0 e
s = 1- c.
Observação importante. c + s = 1. Isto quer dizer que a fração da renda destinada ao
consumo somada à fração da renda destinada à poupança deve ser igual a 1 ( ou 100%).
Assim como a função consumo, a função poupança possui um termo constante e uma
variável. Ao termo constante é denominado poupança autônoma. Corresponde ao que é
poupado quando a renda é nula. Observe que o valor da poupança autônoma é exatamente
igual ao valor do consumo autônomo com o sinal trocado.
O segundo componente da função poupança, sY, também é muito semelhante ao da
função consumo. Ele mostra a parcela da variável renda que é destinada à poupança.
O termo s, conhecido como Propensão Marginal a Poupar, PmgS, e informa qual o
impacto que as variações da renda terão sobre a poupança, isto é:
s = ∆S /∆Y
Se a renda aumentar em uma unidade qual será a variação da poupança? A resposta é
dada pela propensão marginal a poupar s.
Veja o gráfico a seguir:
33
FIGURA 05: Função Poupança.
Observe que, assim como na função consumo, as variações da poupança estão
associadas às variações da renda. Porém, a relação é inferior a 1. Quando a renda
aumentar 10 unidades, a poupança aumentará menos do que 10, já que uma parte desse
aumento será destinado ao consumo.
Vale notar que, geralmente, a inclinação da função poupança é inferior à inclinação da
função consumo. Em outras palavras, geralmente a propensão marginal a poupar é
inferior à propensão marginal a consumir, uma vez que as pessoas tendem a utilizar a
maior parte da renda para adquirir bens de consumo.
A Função Investimento: (I)
No modelo keynesiano básico, o investimento é considerado um dos componentes dos
dispêndios autônomos, ou seja:
I = I o.
Assume-se que o investimento é um dos determinantes da renda e não o contrário. Na sua
obra, Keynes concebeu o investimento planejado (gastos com investimento) como a principal
variável explicativa das flutuações da renda (ou insuficiência de demanda agregada).
Mas se a renda não influencia o investimento, que variáveis o determina? No modelo
keynesiano básico, o investimento é influenciado apenas pelas expectativas das empresas. Se
34
elas acreditarem que haverá um aquecimento na economia com repercussões sobre suas
vendas, decidirão investir mais e, com isso, haverá uma elevação do produto (ou renda). Se,
por outro lado, as empresas acreditarem que as famílias reduzirão suas despesas, haverá uma
retração no ritmo do investimento e, consequentemente, do produto da economia.
Os Gastos do Governo e Impostos: (G) e (T)
Os gastos do governo também são considerados como um dos componentes dos
dispêndios autônomos. Assume-se que os gastos do governo sejam controlados pelos
formuladores de política econômica e, dessa forma, não dependem diretamente da renda. As
decisões de gastos governamentais, na verdade, constituem num dos fatores explicativos da
evolução da demanda agregada da economia. Ou seja,
G = Go.
Uma das inovações da macroeconomia keynesiana foi demonstrar que o governo poderia
amortecer as flutuações econômicas e, portanto, o nível de emprego da economia, gastando
mais nos períodos de retração de investimento por parte do setor privado.
Os impostos (tributos) também são considerados variáveis determinadas pelos
formuladores de política. No modelo keynesiano básico, a arrecadação tributária toma a
forma de uma constante T. Por enquanto, a título de simplificação, a renda não exercerá
influência sobre a arrecadação. Isto é,
T = To.
Até o momento, apenas o consumo e a poupança foram considerados como dependentes
da renda. Nesse sentido, os impostos afetarão o consumo e a poupança já que eles reduzem a
renda das famílias. Com a inclusão dos impostos no modelo há uma ligeira alteração nas
funções consumo e poupança.
Agora, o consumo (e a poupança) não depende somente da renda, mas da renda
disponível (líquida dos impostos) Yd. A preocupação, portanto, é com os recursos disponíveis
35
para despesas após o governo coletar os impostos. Nesse caso, a função consumo pode ser
descrita como:
C = C0 + cYd,
Onde Yd = ( Y – T )
Analogamente, a função poupança será modificada para:
S = So + sYd 0<s<1.
Com essas alterações, é possível determinar a renda (ou produto) de equilíbrio em
uma economia fechada. Assumindo a condição de equilíbrio entre produto e demanda
agregada, tem-se:
Y = C + I + G
Substituindo C = C0 + cYd
Y = C0 + cYd + I + G
Y = C0 + c( Y – T ) + I + G
Y = C0 + c Y – cT + I + G
Isolando Y , Y* = C0 – cT + I + G
1- c
Essa é a expressão da renda de equilíbrio de uma economia fechada. Apenas para
destacar o efeito multiplicador dos dispêndios autônomos, a expressão será reescrita como:
Y* = 1/1 –c ( C0 – cT + I + G)
Y* = C0 (1/ 1- c) + I (1/ 1- c) + G (1/ 1- c) + T ( - c/ 1- c)
36
Determinação do equilíbrio: o equilíbrio é determinado pela DA (curto prazo).
Onde: y* = renda de equilíbrio (DA=OA)
y* = renda de pleno emprego
FIGURA 06: Produto ou Renda de equilíbrio.
Vejamos a seguir como a renda ou produto de equilíbrio pode sofrer impactos positivos,
ou seja, aumentar, e impactos negativos, isto é ser reduzida a partir de modificações nos
gastos (dispêndios) autônomos: o efeito do multiplicador dos gastos autônomos.
37
FIGURA 07: Impactos do multiplicador dos dispêndios autônomos na demanda agregada.
Note que os termos, 1/1 – c e –c/1 – c, que precedem os componentes autônomos na
fórmula representam, respectivamente, o multiplicador dos dispêndios autônomos, Co , I e G
e o multiplicador dos impostos, T .
Observe que cada variação em um dos componentes dos dispêndios autônomos terá um
impacto positivo sobre a renda majorado pelo fator 1/1 − c, já que ele será necessariamente
superior a 1. Por outro lado, uma variação nos impostos terá um efeito negativo sobre a renda
majorado pelo fator, -c/ 1 – c.
Exemplo: Suponha uma economia simples que tenha as seguintes relações econômicas
comportamentais:
C = 200 +0,75Y ;
Não há impostos e que: I = 200; G = 100.
A renda de equilíbrio será determinada quando AO = DA. AO = Y e DA = C + I + G
ou seja, Ye = 200 +0,75Ye + 200 + 100 � Ye = 2.000
Se o governo resolve cobrar um imposto de 50 sobre a renda então:
C = 200 +0,75(Y-50) e Ye = 200 +0,75(Ye – 50) + 200 + 100 � Ye = 1.850
38
A introdução de impostos, pela queda da demanda agregada da economia, provoca uma
redução no nível de renda desta economia de 2.000 para 1.850.
Atividades de Aprendizagem da Unidade 2
1.) Considere o modelo keynesiano básico para uma economia fechada e sem governo.
Sabendo-se que, a partir de uma posição de equilíbrio, um aumento de 100 reais no
investimento provoca um aumento de 500 reais no PIB, julgue as assertivas;
a) A propensão média a poupar é 0,2.
b) O aumento de consumo gerado pelo aumento do investimento é de 400 reais e a
propensão média a consumir é 0,8.
c) Tendo sido o aumento do consumo de 400 reais, o multiplicador keynesiano é 5.
2) Qual das variáveis a seguir foram sugeridas por Keynes como sendo as
determinantes primárias dos gastos em investimentos no curto prazo?
a) O estado das expectativas empresariais e a taxa de desemprego;
b) O nível de renda e o salário
c) O estado das expectativas empresariais e a taxa de juros.
d) Nenhuma das anteriores.
3.) A propensão marginal a consumir é a razão entre:
a. ( ) A variação no consumo e a variação na renda disponível.
b. ( ) A variação no consumo e a renda disponível.
c. ( ) O consumo total e a variação na renda disponível.
d. ( ) O consumo total e a renda disponível total.
e. ( ) O consumo total e a renda total.
39
4.) Supondo uma economia fechada e com governo que possua os seguintes dados:
C= 10+0,8y; I=20; G = 50, pede-se determinar:
a) a renda de equilíbrio
b) o consumo e a poupança de equilíbrio
c) a variação dos gastos do governo, para elevar a renda de equilíbrio ao nível
de pleno emprego, se a renda de equilíbrio for 500.
40
Unidade 3 Os mercados de ativos e a determinação da taxa de juros
O modelo básico keynesiano de determinação da renda que analisamos até o momento
não levou em conta o papel da moeda e da taxa de juros para determinação das condições de
equilíbrio. Mostraremos a seguir como a taxa de juros desempenha um papel crucial na
determinação da demanda por bens e por ativos financeiros na economia. As taxas de juros
são determinadas no mercado financeiro, onde ocorre a transação de todos os ativos presentes
no sistema.
3.1 O que é a moeda?
A moeda de uma economia, ou o conjunto de meios de pagamento (MP)é uma instituição
que responde a uma necessidade social decorrente da divisão do trabalho. Consiste na totalidade
dos ativos possuídos pelo público que pode ser utilizada a qualquer momento para liquidação de
qualquer compromisso futuro ou à vista. Possui três funções no sistema econômico: i) função de
meio de troca; função de unidade de conta; função de reserva de valor. Podemos descrever os
meios de pagamentos como a soma de dois termos: papel moeda em poder do público, a moeda
manual, e os depósitos à vista nos bancos comerciais, a chamada moeda dos bancos ou moeda
escritural, ou seja,
MP=PMPP + DVbc
Onde: PMPP = moeda manual e os DVbc = moeda escritural. DVbc = depósitos à
vista nos bancos comerciais. Logo,
M1=MP = moeda manual + moeda escritural
Vamos conhecer e derivar mais conceitos teóricos sobre o mercado monetário na
economia. Primeiro é importante saber que o Banco Central é a autoridade monetária
executora da política monetária e cambial de um país. Segundo, há diversos conceitos de
moeda, a saber: PME - papel-moeda emitido pelo Banco Central que nada mais é do que o
total de dinheiro autorizado (produzido ou fabricado) pelas Autoridades Monetárias. Outro
41
relevante conceito é papel –moeda em circulação – PMC - meio circulante - este equivale ao
papel–moeda emitido (PME) pelo Banco Central menos a caixa do Banco Central (CBC).
Os bancos comerciais retêm parte do PMC, para fazer seu caixa. Assim, o PMC menos o
encaixe total dos bancos comerciais (Et) é igual ao PMPP (papel - moeda em poder do público).
Então:
PME menos CBC= PMC
PMC menos Et = PMPP
PME= CBC + Et + PMPP.
Os bancos comerciais são agentes especiais dentro do sistema porque seus passivos
(depósitos à vista) são reconhecidos pelo Estado como plenamente conversíveis em moeda do
estado (meio de pagamentos aceitos na liquidação de tributos). Por isso mesmo, essas
instituições recebem regulação específica do Banco Central.
Assim, os bancos comerciais são obrigados a manterem uma reserva compulsória que é
estabelecida e recolhida pelo Banco Central e que serve para mostrar a solvabilidade dos
bancos comerciais na forma de moeda do Estado. Entretanto, os próprios bancos comerciais
têm interesse em manter a estabilidade de seus balanços de forma que eles mesmos mantêm
uma reserva voluntária em seus ativos.
Dessa forma, se em um determinado dia um banco recebe mais saques do que depósitos,
o banco poderá fazer os pagamentos sem ter de recorrer ao mercado ou ao Banco Central.
Dessa forma, os encaixes ou reservas bancárias dos bancos comerciais (Et) podem ser de dois
tipos: encaixes de negócios (En) e encaixes ou reservas compulsórias (En).
Para fixar os termos:
Caixa dos bancos comerciais: é o papel-moeda (moeda corrente) que se encontra em
poder dos bancos comerciais, ou seja, é o dinheiro em espécie que se encontra nos cofres das
agências bancárias. Esses encaixes são necessários para se fazer frentes aos saques.
Reservas ou encaixes compulsórios: são os depósitos compulsórios dos bancos
comerciais na autoridade monetária. Um aumento da taxa de recolhimento compulsório
diminui a capacidade dos bancos comerciais criarem moeda escritural e, portanto, diminui a
liquidez do sistema. Uma diminuição da taxa de recolhimento compulsório aumenta a
42
capacidade dos bancos comerciais criarem moeda escritural e, portanto, aumenta a liquidez
do sistema.
Reservas ou encaixes voluntários: são os depósitos voluntários dos bancos comerciais na
autoridade monetária. Os bancos comerciais faziam esses recolhimentos junto ao Banco
Central para fazer frente uma eventual posição negativa na câmara de compensação. Os
depósitos voluntários, assim como os depósitos compulsórios não rendem juros aos bancos
comerciais. Um aumento ou diminuição dos depósitos voluntários altera a liquidez do
sistema.
As reservas são ativos que os bancos detêm para atender a demanda por encaixes de seus
clientes e aos pagamentos que seus clientes fazem por meio de cheques que são depositados
em outros bancos. As reservas consistem de notas e moedas que poder dos bancos e depósitos
junto ao Banco Central como reservas voluntarias e compulsórias.
A base monetária (B) é a soma do papel-moeda em poder do público (PMPP) com o total
de reservas bancárias (ou encaixes) dos bancos comerciais (Et). A base monetária é igual ao
total da moeda colocada em circulação pelo Banco Central. A base monetária pode ser
definida também como o total de moeda “física” injetada pelo Banco Central na economia.
Também chamada de Passivo Monetário do Banco Central ou ainda High Powered Money
(moeda de alta potência).
B= PMPP + Et = PMC
O Multiplicador Bancário ou Monetário
Qual a relação entre oferta de moeda e base monetária? O Multiplicador monetário
mostra qual será o acréscimo no volume de meios de pagamento decorrente de um
determinado acréscimo no volume de base monetária. O multiplicador, k, da base monetária,
é o coeficiente resultante da divisão dos meios de pagamento, M1, por aquela grandeza:
MP = { 1/ [ 1-d(1-e)]} B
onde:
d = DVbc/MP e a proporção dos depósitos à vista no volume
dos meios de pagamento.
e = Reserva Bancária / DVbc e a proporção dos depósitos à vista que os
bancos mantêm na forma de reservas.
43
k = M1/B.
A expansão da moeda, portanto, ocorre porque os empréstimos bancários criam novos
depósitos nos bancos, mas vai depender de três coeficientes:
(1) o percentual dos depósitos que e mantido em cash pelo público;
(2) o percentual dos depósitos que é mantido como forma de reservas voluntárias pelos
bancos;
(3) a alíquota do compulsório.
O aumento de qualquer um desses coeficientes implica na criação de menos depósitos, pois,
tanto os bancos quanto o publico estariam retendo mais moeda.
Exemplo: Mostraremos a seguir através de uma situação hipotética o conceito de
multiplicador monetário em termos práticos. Primeiro, faremos algumas suposições:
(1) A emissão primaria da moeda pelo BACEN seja $ 100.000, sendo essa quantidade de
moeda entregue ao publico;
(2) As pessoas depositarão todo o dinheiro nos bancos comerciais para movimenta-lo através
de cheques (moeda em poder do publico e nula);
(3) Os bancos precisam manter em reservas técnicas, compulsórias e voluntárias 40% dos
depósitos;
(4) Os bancos irão reter apenas o necessário para cobrir as reservas e emprestarão os recursos
remanescentes.
Afinal, quanto deve ter sido o montante de dinheiro criado pelo sistema bancário na
economia? O aumento da oferta de moeda na economia deve ser igual ao valor acrescentado
inicial dividido pelas reservas dos bancos. Logo, o aumento da Oferta Monetária =
60.000/0,40 = 150.000.
44
FIGURA 08: Exemplo de criação de moeda pelo sistema bancário.
3.2 Banco Central e Política Monetária
Todos os países dispõem de uma quantidade total de dinheiro (moeda) para gastar que influi
em sua condição econômica. As taxas de juros e a política monetária do país afetam a atividade
econômica. Os instrumentos de política monetária conhecidos são: 1. As operações de open
market: isto é, compra e venda de títulos de dívida pública; 2. As operações de redesconto: ou
seja, empréstimos de liquidez aos bancos; e 3. As exigências de depósito compulsório: arbítrio
da taxa.
1. Operações de mercado aberto (Open Market) – consiste na compra e
venda pelo BC de títulos do governo. Quando o BC compra títulos, a quantidade
de moeda em circulação aumenta na economia. Quando vende títulos, ocorre o
inverso, há uma retirada de moeda de circulação da economia.
2. Operações de redesconto – forma bastante utilizada para controlar a
oferta de moeda no sistema através da manipulação de uma taxa de juros chamada
taxa de redesconto cobrada pelo BC aos bancos que precisam de dinheiro para
cobrir seu caixa. Taxas de redesconto elevadas diminuem o crédito na economia e
reduzem a quantidade de moeda em circulação.
3. Exigências de depósito compulsório – Depósitos compulsórios são
recolhimentos que as instituições financeiras fazem ao Banco Central para cumprir
normas da política monetária. Tais recolhimentos são calculados sobre os
montantes captados pelas instituições financeiras nas suas diversas aplicações
45
(depósitos à vista, CDBs, cadernetas de poupança, letras de câmbio, etc.), de
acordo com alíquotas fixadas pelo Conselho Monetário Nacional e pelo Banco
Central. Exigências maiores reduzem a quantidade de moeda em circulação na
economia.
A instituição governamental responsável pela produção do papel-moeda é a casa da moeda e
a instituição responsável pela autorização de sua emissão é o Banco Central (BC) do país.1 Este
tem outras funções além dessa, de uma forma ou de outra relacionada ao seu papel de garantir a
estabilidade da economia do ponto de vista monetário.
São quatro as funções do BC: i) controlar a emissão de moeda, ii) ser o depositário oficial
das reservas internacionais, iii) ser o banco dos bancos e iv) ser o banqueiro do governo. Essas
funções são mecanismos que o governo dispõe para controlar a oferta de moeda na economia,
vale dizer, do que se convenciona chamar de política monetária.
Quais são os objetivos que determinam o desenho da política monetária de um país? A
resposta a essa pergunta passa pela relação entre moeda, inflação e o nível de atividade
econômica. Além do controle strictu sensu da oferta monetária, por meio do controle das
operações ativas do BC, os gestores de política monetária têm ainda a seu dispor um importante
instrumento que é a taxa de juros.
O governo pode influir diretamente na taxa de juros, porque a remuneração paga para os
agentes que carregam papéis emitidos pelo governo acaba por configurar um piso (uma
referência) para todo o espectro das taxas existentes no mercado. A taxa de juros é importante
porque influencia um dos componentes da demanda agregada, que é o nível de investimento.
Os mercados financeiros (ou mercado de ativos) são os mercados nos quais todos os ativos
disponíveis na economia são negociados, compreendendo: moeda, títulos da dívida pública,
ações, debêntures, notas promissórias, residências, estoques, etc.
1 Nas estatísticas do Banco Central do Brasil, o agregado monetário M1 serve para designar meios de pagamentos no sentido restrito, isto é, papel-moeda em poder do público e depósitos à vista. Outros ativos financeiros (ativos que possuem maior liquidez) são considerados meios de pagamentos, mas classificados de acordo com graus decrescentes de liquidez. Os outros agregados monetários são: M2 = M1 total dos depósitos à prazo mais títulos públicos; M3 = (M2 mais depósitos de poupança; e M4= M3 mais títulos privados.
46
Existe uma ampla variedade de ativos sendo negociados no mercado financeiro. Para
simplificar, é possível dividir esses ativos em duas categorias:
1. Ativos monetários: são ativos caracterizados por apresentar liquidez imediata e,
geralmente, não renderem juros. Como exemplo, temos: a Moeda corrente (dinheiro) e os
Depósitos à vista;
2. Ativos não monetários: são caracterizados por possuírem baixa liquidez e por render
juros, ou alguma forma de remuneração. São exemplos: as obrigações (títulos de dívida do
governo, de empresas, instrumentos do mercado de crédito); as ações; os seguros de vida; as
reservas em fundo de pensão, e os Ativos reais (residências, máquinas, terra, estrutura de
capital das empresas, estoques, bens de consumo duráveis).
Os agentes econômicos dividem a sua riqueza por ativos de natureza muito diversa:
terrenos, edifícios, joias, antiguidades, títulos, moeda, etc. Vamos focar a análise, por
simplicidade, numa carteira com apenas dois ativos, que os agentes econômicos detêm por
razões distintas: moeda (liquidez) e títulos (retorno). A moeda permite-lhes realizar
transações de bens e serviços, enquanto que os títulos rentabilizam as poupanças, pagando
uma determinada taxa de juro.
Cabe aqui uma enfatizar o que estamos designando por riqueza financeira, ou
simplesmente riqueza, e investimento. Riqueza consiste no valor de todos os seus ativos
financeiros menos todos os seus passivos financeiros. Riqueza é uma variável de estoque —
medida em dado instante. Já a variável Investimento é um termo que os economistas reservam
para a compra de novos bens de capital, de máquinas a fábricas e edifícios comerciais. A
compra de ações ou de outros ativos financeiros é um investimento financeiro. Outro conceito
importante ao se tratar de mercado financeiro é o conceito de liquidez, que se refere à
capacidade de um ativo ser convertido em moeda.
Liquidez é a capacidade de um ativo ser convertido em moeda.
47
A Oferta de moeda
No mercado monetário, vamos considerar que a oferta é determinada pelo Banco Central,
sendo um instrumento de política. O Banco Central (BC) emite, digamos, uma quantidade
arbitrária de papel moeda inicialmente, no começo de toda a economia.
À proporção que a produção começa e o nível de produto cresce, o BC é compelido
naturalmente a emitir percentuais de papel moeda, de forma que o mercado de bens entre em
equilíbrio com a liquidez monetária, evitando assim um processo inflacionário danoso ou
uma depressão econômica. Os Bancos Comerciais podem emitir moeda sob a forma de
depósitos, mas estão limitados pela taxa de reservas legais.
A Política monetária consiste na intervenção do Banco Central no mercado monetário-
financeiro, variando direta ou indiretamente a oferta nominal de moeda, MS. A oferta real de
moeda, isto é, a quantidade de moeda oferecida em termos de poder de compra, é igual a
MS/P.
FIGURA 09: A Oferta de moeda Ms
A Demanda Por Moeda
Porque que as pessoas demandam moeda e não ativos com taxas de retorno mais altas?
Segundo Keynes existem três motivos para se demandar moeda (ter preferência pela
liquidez):
48
Motivo Transacional: há uma necessidade de se manter moeda para pagar compromissos.
A falta de sincronismo entre pagamentos e recebimentos justifica a retenção de saldos
monetários para fins transacionais;
Motivo Precaucional: devido às incertezas quanto às datas de recebimentos e de
pagamentos (relação direta com a renda);
Motivo Especulativo: para aproveitar oportunidades de investimento (títulos, imóveis,
etc.) – Existe uma relação inversa com a taxa de juros. A moeda é um ativo que não rende
juros, mas possui valor estável. Os “títulos” pagam rendimento, mas seu valor oscila em
função de mudanças da taxa de juros. Quando os juros sobem o preço dos títulos cai. Quando
os juros estão baixos e um investidor espera (especula) que subirão logo, ele vende títulos e
demanda moeda, visando preservar o valor de seu patrimônio.
Dessa forma, a demanda real por moeda é função direta da renda e inversa da taxa de juros. A
taxa de juros pode ser vista como o custo de oportunidade de reter moeda, ou seja,
Demanda real por Moeda ⇒⇒⇒⇒ Md ou LD = k.Y - h.i
onde: k = sensibilidade da demanda monetária em relação à uma variação na renda; e, h =
sensibilidade da demanda por moeda em relação à uma variação na taxa de juros
A demanda de moeda é uma função crescente da renda, dado que um volume de
transações superior implica uma maior necessidade de moeda para as realizar. Para um
valor superior de renda, Y, a relação entre a taxa de juro e a demanda real de moeda
modifica-se, deslocando-se para a direita (a demanda real de moeda aumenta).
A demanda por moeda, LD ou preferência pela liquidez - A liquidez é a preferência da
sociedade por estocar meios de pagamento para fins diversos. As pessoas demandam
moeda por precaução, transações e especulações.
Sendo fixada pelo Banco Central, a oferta de moeda, Ms, no mercado monetário é
independente da taxa de juro (preço). A demanda de moeda, como vimos, é uma função
decrescente da taxa de juro, ou seja, do preço de mercado. Para um dado Y, a taxa de juro
de equilíbrio determina-se pela intersecção das funções oferta e demanda de moeda.
49
Figura 10: Demanda e Oferta de moeda.
A oferta de moeda, Ms, é representada pelo valor dos meios de pagamento colocados à
disposição do público por decisões unilaterais das autoridades monetárias.
Atividades de Aprendizagem da Unidade 3
1.) São medidas expansionistas de política monetária [adotadas pelo governo]:
I - venda de títulos públicos;
II - compra de títulos públicos;
III - redução do depósito compulsório;
IV - elevação do depósito compulsório;
V - redução da taxa de redesconto;
VI - elevação da taxa de redesconto.
Sabendo que a fixação do depósito compulsório é uma medida equivalente à fixação de um
encaixe mínimo, pois parte deste tem de ser compulsoriamente depositado no Banco
Central, estão corretas:
(A) I, IV e V apenas.
50
(B) I, III e VI apenas.
(C) II, IV e VI apenas.
(D) II, III e V apenas.
(E) II, III e VI apenas.
2.) O conceito de meios de pagamento (representado por M1) inclui, como agregados
monetários:
(a) papel-moeda em poder do público e depósitos à vista nos bancos comerciais.
(b) papel-moeda em poder do público e depósitos em contas de poupança.
(c) títulos públicos em poder do público e depósitos à vista nos bancos comerciais.
(d) títulos públicos em poder do público e depósitos em contas de poupança.
(e) depósitos à vista nos bancos comerciais e depósitos em contas de poupança.
3.)Leia atentamente os trechos da reportagem abaixo, de Gustavo Freire, publicada no
caderno Economia, do jornal O Estado de S. Paulo, no segundo semestre de 2004:
BC reduz compulsório e ajuda bancos
O Banco Central adotou (...) uma medida para reforçar o caixa de pequenos bancos.
(...) reduziu em R$ 300 milhões o depósito compulsório – recursos que os bancos,
obrigatoriamente, devem recolher ao BC. (...) Com a decisão (...) as instituições
financeiras terão mais recursos à disposição para usar onde acharem apropriado. (...)
O mercado financeiro interpretou a medida como (...) fruto dos temores de que (...)
instituições financeiras de pequeno porte viessem a apresentar problemas de liquidez. O
trecho acima faz referência a um instrumento de política monetária utilizado pelo Banco
Central: a fixação do depósito compulsório dos bancos comerciais
51
3.1.Com base nas ideias do texto, explique como funcionam os seguintes instrumentos
usados pelo BC para controlar a liquidez do sistema econômico.
a) Alteração da taxa de redesconto.
b) Operações de mercado aberto (compra e venda de títulos governamentais pelo Banco
Central).
4.) Recorde seus estudos sobre política monetária e macroeconomia para responder aos itens
a seguir.
a) Quais são os principais instrumentos que os bancos centrais utilizam para controlar a oferta
de moeda? Explique, de modo sumário, como cada um deles atua sobre a oferta de moeda.
b) Comente o impacto da política monetária sobre o nível de atividade da economia.
5.) Quais os três motivos da demanda por moeda, de acordo dom a teoria keynesiana?
Explique cada um.
6.)Explique a relação entre taxa de juros e demanda por moeda dentro da teoria
keynesiana de demanda por moeda.
52
Unidade 4 O Modelo IS - LM
Uma maneira de verificar os efeitos das políticas macroeconômicas sobre a demanda
agregada na economia é através do modelo chamado IS-LM. Este estuda o equilíbrio do PIB,
incorporando, além do mercado de bens e serviços, o mercado monetário, mercado este que
possui como orientação as taxas de juros aplicadas na economia Este modelo é objeto de
análise nesta unidade.
No modelo IS-LM o mercado monetário passa a desempenhar uma função no
processo de determinação da renda da economia. A modificação com relação ao modelo
básico concerne à introdução da taxa de juros na função investimento agregado (isto é,
aumentos da taxa de juros devem inibir investimentos, seja pelo aumento do custo dos
empréstimos, seja porque é relativamente mais atrativo aplicar recursos no mercado
financeiro). A determinação da renda de equilíbrio da economia passa agora a ser
determinada concomitantemente no mercado de bens e serviços e no mercado monetário.
Nesta unidade, captamos o efeito de dois fatores que afetam o investimento: o nível de
vendas (+) e a taxa de juros (-), ou seja, o nível de investimento na economia depende do
nível de vendas na economia e do comportamento da taxa de juros, segue portanto, que a
função Investimento deverá ser escrita da seguinte forma:
I = I ( Y, i).
Se levarmos em consideração a relação de investimento acima, a condição de
equilíbrio no mercado de bens, numa economia fechada será:
Y = C ( Y – T ) + I ( Y, i) + G
O modelo IS-LM, portanto, é um modelo de equilíbrio simultâneo nos mercados de bens
e monetário em uma economia fechada. O mercado de bens e serviços, correspondente ao
“lado real” da economia, é representado pela função ou curva IS, onde qual o equilíbrio entre
oferta agregada e demanda agregada ocorre a partir da igualdade entre o investimento
planejado pelas empresas e a poupança planejada pelos indivíduos, ou: S = I.
53
O lado monetário do sistema é demonstrado pela função LM que representa o equilíbrio
no mercado monetário, sendo a oferta de moeda exógena.
A curva IS representa todas as combinações de renda e taxa de juros que equilibram o
mercado de bens; isto é, que fazem com que a poupança seja igual ao investimento. Por outro
lado, a curva LM ilustra todas as combinações de renda e taxa de juros que equilibram o
mercado monetário. O equilíbrio em um dos mercados implica o equilíbrio no outro.
Em outras palavras, a mesma taxa de juros que equilibra o mercado monetário equilibrará
o mercado de bens. A partir da interação entre os mercados de bens e o monetário, torna-se
possível a determinação da renda de equilíbrio da economia (Y) a um determinado nível de
taxa de juros de equilíbrio.
A ESTRUTURA DO MODELO IS-LMRENDA
MERCADO DE BENS
DEMANDA AGREGADA/ PRODUÇÃO
MERCADO DE ATIVOS
MERCADO DE MOEDA
MERCADO AÇÕES/TÍTULOS
DEMANDA E OFERTA
DEMANDA E OFERTA
POLÍTICA MONETÁRIA
TAXA DE JUROS
POLÍTICA FISCAL
O modelo IS-LM enfatiza a interação entre os mercados de bens e os mercados de ativos. Gasto, taxas de juros, e renda são determinados
juntamente pelo equilíbrio nos mercados de bens e ativos.
Economia Monetária Economia Real
FIGURA 11: A Estrutura do Modelo IS –LM.
54
Curva IS: Investimento-Poupança
A função IS pode ser representada de duas maneiras:
Y + C + I + G , ou da seguinte forma,
S + T = I + G
A análise da curva IS será feita basicamente considerando essa representação. Assuma,
inicialmente, que não haja governo nessa economia, isto é, G = T = 0. Com isso, a curva IS
passa a ser dada por: S = I. Como a função poupança depende da renda e a função
investimento depende da taxa de juros, pode-se reescrever essa identidade como:
S(Y)= I(r)
Onde Y é a renda e r a taxa de juros real. O equilíbrio no mercado de bens também
pode ser visualizado graficamente. A função investimento pode ser representada como uma
reta negativamente inclinada no plano r x I . Então,
55
FIGURA 12: Representação gráfica das funções investimento e poupança no modelo IS-LM.
Os pontos A e B da curva IS representam combinações de taxa de juros e renda que
equilibram o mercado de bens, ou, em outros termos, que estabelecem a igualdade entre a
poupança e o investimento. Note, quando a taxa de juros é dada por r1, o investimento é I1.
Esse nível de investimento determinará um nível de renda Y1 que, por sua vez, estabelecerá
uma poupança equivalente ao investimento.
Uma elevação da taxa de juros par r2 fará o investimento diminuir, assim como o
produto (ou renda) da economia. O investimento passará para I2 e a renda para Y2. Essa nova
renda determinará uma nova poupança que será equivalente ao investimento I2. Essas
combinações entre taxa de juros e renda formarão a reta que dará origem a IS. Por isso, mais
uma vez, a IS é composta por todas as combinações de taxa de juros e renda que garantem o
equilíbrio no mercado de bens.
Construindo a Curva IS
A equação para a curva IS é:
Y = C ( Y – T ) + I ( r ) + G
56
FIGURA 12: Representação gráfica da curva IS.
Fatores que Deslocam a Curva IS
Suponha, a partir de agora, que a economia contenha o setor público, isto é:
IS: S ( Yd ) + T = I ( r ) + G
Note que a poupança é função da renda disponível, Yd = Y – T. Isso implica que mudanças
nos impostos afetarão a poupança. Essa relação ficará mais clara adiante. Com a nova
expressão para o equilíbrio do mercado de bens pode-se perceber que uma variação nos
gastos do governo e uma variação nos impostos deslocarão a curva IS.
Mudança nos Gastos do Governo
Suponha inicialmente, que a curva IS seja representada pela seguinte condição:
S ( Y – T ) + T1 = I ( r ) + G1
Um aumento nos gstos do governo provoca um efeito multiplicador positivo no sistema. Por
exemplo, uma encomenda de mesas e cadeiras escolares so setor moveleiro provoca uma
aumento de renda neste setor e nos setores que vendem matérias – primas e insumos ao setor
moveleiro.
57
Com mais renda no bolso, as pessoas consomem mais , uma vez que sua renda elevou-se
devido às compras governamentais a economia. A renda de equilíbrio deverá aumentar pelo
processo do multiplicador. Note que a curva IS se desloca para baixo e a direita,
evidenciando o aumento na renda da
economia.
FIGURA 14: representação gráfica de uma aumento dos gastos governamentais - deslacamento da IS.
Mudança nos Impostos
Uma alteração nos impostos, assim como no modelo básico, também afetará a renda
de equilíbrio da economia. Considere que o governo tenha elevado os impostos. Como você
já sabe, um aumento dos impostos reduz a renda disponível das famílias, o consumo e a renda
de equilíbrio. Com a queda da renda, a poupança também diminui.
58
FIGURA 15: representação gráfica de um aumento nos impostos - deslacamento da IS.
Para que haja equilíbrio no mercado de bens: (S + T = I + G) um aumento nos
impostos terá que ser compensado por uma redução na poupança, isto é, a condição de
equilíbrio requer que, nesse caso, ∆T = −∆S .
O Mercado Monetário e a Curva LM
A curva LM ou liquidity money mostra o equilíbrio no mercado de ativos. No caso
específico designaremos como ativos, a moeda e os títulos públicos, sendo um com alta
59
liquidez sem gerar renda e o segundo com menor liquidez com geração de renda na
perspectiva do detentor.
Sendo assim, a análise LM tem por foco a quantidade de moeda em posse dos
indivíduos e do outro lado a quantidade de títulos, já que, conforme a taxa de juros sobe,
menor é a quantidade de moeda no mercado.
Derivação da Curva LM
O equilíbrio dos mercados financeiros implica que um aumento de renda leve a um
aumento da taxa de juros. A curva LM é, portanto, positivamente inclinada.
FIGURA 16: Representação gráfica da curva LM., sendo: Ms/P = Oferta real de moeda, Y = renda, e
Md= demanda de moeda, e i = taxa de juros. Um aumento na renda de Y para Y’ provoca um deslocamento para
a direita da função demanda por moeda. Como a oferta de moeda é fixa pelas autoridades monetárias, a taxa de
juros deverá subir para novamente haver equilíbrio entre oferta e demanda de moeda no mercado monetário.
Aplicada numa relação entre a taxa de juros e a renda, portanto, a curva LM salienta
as variações de demanda por moeda em relação à alterações na taxa de juros, partindo do
pressuposto de que, se há um excesso de moeda em posse do público, é necessário um
60
aumento na taxa de juros de forma a equilibrar o mercado, já que excesso de moeda pode
provocar aceleração de inflacionária.
A curva LM é constituída pelas combinações de renda e taxa de juro para as quais o
mercado monetário está em equilíbrio, ou seja,
Demanda de moeda ( Md ) = Oferta de moeda (Ms).
Repare que esta curva/função foi determinada considerando fixa a quantidade de
moeda em circulação. Variações da oferta real de moeda, (MS/P), implicam deslocamentos da
curva LM.
Na figura abaixo é mostrado algumas situações que podem ocorrer no mercado
monetário: acima da curva LM, há excesso de oferta de moeda (pressão para descida da taxa
de juro); abaixo da curva LM, há excesso de procura de moeda (pressão para subida da taxa
de juro). O ajustamento no mercado monetário-financeiro é praticamente instantâneo.
FIGURA 17: Representação gráfica dos ajustes no mercado monetário com uma situação hipotética de excesso de oferta e/ou excesso de demanda por moeda.
Deslocamentos da curva LM
Um aumento da moeda faz com que a curva LM se desloque para baixo.
61
FIGURA 18. Representação gráfica de um deslocamento da curva LM: aumento da oferta de moeda. Y=
renda e i = taxa de juros. M’/P > M/P.
Ao longo da curva LM, a quantidade de moeda é constante, mas o produto e o volume
de transações variam. Um aumento da quantidade de moeda (M/P para M’/P) em
circulação traduz-se num deslocamento da curva LM. Para cada nível de produto, a taxa
de juro de equilíbrio do mercado monetário passa a ser menor. A curva LM desloca-se,
portanto, para baixo (para a direita).
Exemplo: Suponha as seguintes relações econômicas:
Ms = 200 (oferta de moeda)
Mt = 0,25 Y (demanda de moeda para precaução e transação)
Me = 50 - 200 i (demanda de moeda por especulação)
O equilíbrio do lado monetário da economia é dado por: Ms = Md
Sendo Md = Mt + Me 200 = 0,25 Y+ 50-200i 0,25 Y = 150 + 200i
A equação algébrica da curva LM é Y = 600+800i
62
Equilíbrio Macroeconômico
No contexto do modelo IS-LM, o equilíbrio macroeconômico consiste no equilíbrio
simultâneo do mercado de bens e serviços e do mercado monetário-financeiro. O mercado de
bens e serviços está em equilíbrio se a combinação de Y e i pertencer à curva IS. Para que
haja equilíbrio no mercado monetário-financeiro, é necessário que a combinação de Y e i
pertença à curva LM. Assim, o produto e a taxa de juro de equilíbrio do modelo IS-LM são
determinados pela intersecção das curvas IS e LM.
FIG
URA 19: Equilíbrio no modelo IS-LM.
Se a economia (produto e taxa de juro) não se encontrar intersecção entre as curvas IS
e LM, então pelo menos um mercado não está em equilíbrio.
Exemplo: O mercado (de bens e monetário) encontra-se em equilíbrio ao nível
de taxa de juros (i1) e renda Y1. Este mesmo resultado pode ser ainda
demonstrado numericamente. Senão vejamos:
C = 90 + 0,625 Y (função consumo)
I = 150 - 100 i (função demanda de investimentos)
G = 0
Ms = 180 (oferta de moeda)
63
Mt = 0,25 Y (demanda de moeda por transações e por precaução)
Me = 50 - 200 i (demanda especulativa de moeda)
a) Equilíbrio Monetário: Ms = Mt + Me
180 = 0,25 Y + 50 - 200 i 200 i = 0,25 Y - 130 (/2)
100i = 0,125Y - 65
b) Equilíbrio no mercado de bens e serviços
Y = C + I + G
Y = 90 + 0,625 Y + 150 - 100 i + 0
Y - 0,625 Y = 90 + 150 - 100i + 0 0,375 Y = 240 - 100 i
100 i = 240 – 0,375 Y
c) Resolvendo as duas equações simultaneamente:
100 i = 240 - 0,375 Y 100i= 0,125Y - 65 240 – 0,375Y = 0,125Y - 65
Y = 610
Substituindo-se a renda Y = 610 nas equações IS ou LM, teremos:
Taxa de Juros de Equilíbrio:
100 i = 0,125 Y - 65 100 i = 0,125*(610) - 65
100 i = 11,25 = i = 11,25%
Nível de Investimento de Equilíbrio:
I = 150 - 100 i
I = 150 - 100(0,1125) I = 138,75 (Com uma taxa alta de juros, não vale a pena
investir)
Nível de Consumo de Equilíbrio:
C = 90 + 0,625 Y
C = 90 + 0,625 (610) C = 471,25
Demanda de Moeda de Equilíbrio: Md = Mt + Me
64
Mt = 0,25 Y Mt = 152,50
Me = 50 - 200 i
Me = 50 - 200(0,1125) Me = 27,5
Md = 152,50 + 27,5
Md = 180
Impactos das Políticas Macroeconômicas na Atividade Econômica
A Política Monetária
A politica monetária adotada pelo Governo pode ser do tipo expansionista ou
contracionista. A decisão governamental quanto a melhor política a ser executada, dependerá
dos seus objetivos finais quanto à redução da inflação ou a elevação dos níveis de emprego
ou renda na economia.
O Governo por meio de uma política monetária expansionista, por exemplo, de
redução da alíquota do depósito compulsório dos bancos, permite que os meios de pagamento
circulem na economia em maior volume, em função disso, a atividade econômica e
estimulada por causa do aumento da demanda agregada por bens e serviços, portanto, com
reflexos positivos sobre o nível da renda e emprego no país.
Para analisar os efeitos macroeconômicos da política monetária, vamos considerar
uma alteração da oferta de moeda, MS. O Banco Central pode aumentar a quantidade de
moeda em circulação, por exemplo, recomprando títulos públicos (pagando aos agentes
econômicos em moeda). Resulta desta ação do BC, portanto, um aumento da oferta de moeda
que induzirá normalmente uma expansão do produto e uma diminuição da taxa de juro. Esta é
uma medida de política monetária expansionista. Uma diminuição da oferta de moeda
induzirá normalmente uma contração do produto e um aumento da taxa de juro. É uma
medida de política monetária restritiva.
65
Aprendemos, então que um aumento da oferta de moeda leva a que a curva LM se
desloque para baixo. Para cada nível de produto, a taxa de juro de equilíbrio do mercado
monetário passa a ser menor. A política monetária não desloca a curva IS, apenas a curva LM.
Contração monetária ou aperto monetário é uma diminuição da oferta de moeda.
Um aumento da oferta de moeda é chamado de expansão monetária.
Exemplo: As operações de Mercado Aberto (Open Market). Suponha que o BC
resolva recomprar os títulos públicos no mercado. Esta operação consiste em aumentar a
oferta de moeda na economia, resultando na diminuição das taxas de juros. Essa diminuição
estimula o aumento dos investimentos das empresas, gerando maiores gastos com a compra
de bens de capital, o que, consequentemente, promove o aumento na oferta de bens e
serviços. O aumento de bens ofertados estimula o consumo, tanto pela maior disponibilidade
de bens, como também porque, uma vez que os juros estejam menores, maior será o interesse
do poupador em gastar os seus recursos ao invés de poupar. O resultado de uma política
monetária expansionista pode ser vista a partir do gráfico abaixo.
FIGURA 20: representação gráfica de uma Política monetária expansionista.
66
Dessa forma, um aumento da oferta de moeda desloca a curva LM para baixo. Uma
expansão monetária leva a um produto maior e a uma taxa de juros menor. Um aumento
da disponibilidade de moeda estimula os investimentos e o consumo, trazendo como
resultado final o aumento da demanda agregada em um nível de taxa de juros mais baixo.
A Política fiscal
O aumento das despesas via gastos públicos (G) ou diminuição dos impostos (T) são políticas
defendidas pelos keynesianos como a melhor forma de gerar resultados positivos sobre o
aumento da renda da economia. De acordo com o modelo IS-LM, uma política fiscal
expansionista tem os efeitos de aumentar a renda e a taxa de juros, enquanto que a política
contracionista tem o objetivo de diminuir a renda e os juros. A política fiscal expansionista
desloca a curva IS para a direita, conforme o gráfico abaixo:
FIGURA 21: Representação gráfica de uma Política fiscal expansionista.
Um aumento dos gastos do governo (G) estimula a demanda agregada, aumentando
também as taxas de juros. A elevação da taxa de juros deve-se ao fato de que como o Banco
Central não alterou a oferta de moeda na economia, a demanda por moeda acaba por
aumentar as taxas de juros, uma vez que as despesas do governo aumentam as trocas entre os
67
agentes econômicos, diminuindo os saldos de aplicações financeiras. Este conceito é a
própria definição do equilíbrio do lado monetário da economia.
Contração fiscal ou consolidação fiscal é uma política fiscal que reduz o déficit
orçamentário.
Um aumento do déficit é chamado expansão fiscal.
Os impostos deslocam a curva IS, mas não a curva LM .
Um aumento de impostos desloca a curva IS para a esquerda e leva a uma diminuição
do nível de produto de equilíbrio e da taxa de juros de equilíbrio. O resultado de um aumento
nos impostos é a redução do efeito multiplicador sobre a renda da economia e o consequente
deslocamento da curva IS e queda na demanda agregada na economia.
68
FIGURA 22: Representação gráfica da política fiscal contracionista de aumento nos impostos (T para T’).
O processo ocorre da seguinte maneira: o aumento inicial dos impostos gera uma
redução da renda dos consumidores e empresas, por exemplo, em determinado setor da
economia provoca uma redução das vendas naquele setor (ex: comércio). A redução da renda
se reflete na diminuição dos trabalhadores contratados bem como na queda dos seus salários.
Em decorrência deste aumento os assalariados demandam menos bens em diversos outros
mercados, gerando por consequência um efeito multiplicador negativo derivado do aumento
inicial dos impostos na economia.
69
A interação entre as políticas Monetária e Fiscal – Modelo IS-LM
Suponha que o governo resolva expandir seus gastos para aumentar o nível de
emprego. Como resultado, verificamos que a política fiscal gerará o aumento das taxas de
juros, uma vez que a demanda por moeda aumentará. Diante deste impacto o Banco Central
pode intervir através de uma política monetária que expanda a oferta de moeda, evitando o
aumento dos juros.
O governo aumentará seus gastos (G) gerando o aumento da demanda agregada (Y).
Esta política leva ao aumento dos juros que, no entanto, será compensada pelo aumento da
oferta de moeda pelo Banco Central. Uma vez que ocorra o aumento da oferta de moeda, os
juros não sofreram pressão ascendente, de forma que o efeito do multiplicador via gastos(G)
não seja minimizado por uma queda dos investimentos.
FIGURA 23: Representação gráfica da interação entre as políticas fiscal e monetária.
Atividades de Aprendizagem da Unidade 4
1. O que significa a curva IS? Descreva-a.
2. O que significa a curva LM? Descreva-a.
70
3. Que fatores deslocam a curva IS? Explique a lógica pela qual uma mudança em cada
variável desloca a curva (para a direita ou para a esquerda).
4. Que variável(is) desloca (m) a curva LM? Explique a lógica pela qual uma mudança em
cada variável desloca a curva (para a direita ou para a esquerda).
5.Assistir ao vídeo: Modelo IS-LM, com Michelle Miltons e responda:
http://www.youtube.com/watch?v=i3Irs0SL56o
a)Qual o efeito de uma política fiscal expansionista sobre a renda e a taxa de juros de
equilíbrio?
b)O que é o efeito deslocamento na economia ou efeito crowding out?
6) Considere em um gráfico as curvas IS e LM. Ilustre graficamente e analise as seguintes situações
(no curto prazo):
a) Um aumento nos gastos públicos
b) Um aumento da oferta de moeda
c) Uma redução exógena nos investimentos
d) Uma redução da oferta de moeda
7) A demanda real de moeda é expressa por (M / P) = 0,3 Y – 40 i, onde Y representa a renda real e i
a taxa de juros. A curva IS é dada por Y = 600 – 800 i, a renda real de pleno emprego é 400, enquanto
o nível de preços se mantém igual a 1. Indique o valor da oferta de moeda necessária para o pleno
emprego.
a) 80; b) 90; c) 100 ; d) 110; e) 120
8) Considere: Md = demanda por moeda; P = nível geral de preços; Y = renda agregada; i = taxa de
juros; Considere ainda: Demanda real por moeda: Md/P = 0,3.Y – 20r; Relação IS: Y = 650 – 1000i;
Renda real de pleno emprego = 600 Considerando todas essas informações e supondo ainda que o
71
nível geral de preços seja igual a 1, pode-se afirmar que a oferta real de moeda no equilíbrio de
pleno emprego é igual a
a) 183; b) 139; c) 123; d) 97; e) 179
9)A partir dos dados abaixo, defina o equilíbrio no mercado de produto (função IS):
C = 45+0,8Yd
I = 80 – 4i
G = 55
T = 50
10)A partir dos dados abaixo, defina a função LM:
Ms = 110
Md = 0,2Y + 30 – 2i
11) Em relação ao modelo keynesiano generalizado é incorreto afirmar que:
a) A curva IS é o lugar geométrico dos pares de taxa de juros e nível de renda real que
satisfazem a condição de equilíbrio no mercado de bens e serviços
b) Existe apenas um único de par de juros e de nível de renda real que equilibra
simultaneamente o mercado de produtos e o mercado monetário
c) A curva LM é o lugar geométrico dos pares de taxas e nível de renda real que
satisfazem a condição de equilíbrio no mercado monetário
d) O equilíbrio no mercado monetário se dá quando a oferta de moeda é igual à demanda
de moeda
e) Tanto a curva IS quando a LM são decrescentes da esquerda para a direita.
72
12) Considere o modelo IS-LM para uma economia fevhada e observe o gráfico abaixo,
onde r é a taxa de juros real e y, o produto real.
A partir do gráfico, responda a alternativa correta:
13) No modelo IS-LM para uma economia fechada, o efeito de uma política fiscal
contracionista praticada pelo governo é:
a) aumento da taxa de juros e da renda real de equilíbrio.
b) aumento da taxa de câmbio e da taxa de juros.
c) diminuição da taxa de juros e da renda real de equilíbrio.
73
d) diminuição da taxa de juros e aumento da renda real de equilíbrio.
e) diminuição da renda real de equilíbrio e aumento da taxa de juros.
14) No modelo IS-LM para uma economia fechada, indique as consequências de um
aumento dos gastos públicos, coeteris paribus, sobre o deslocamento da curva IS (IS),
sobre a renda real (Y) e sobre a taxa real de juros (i).
a) IS – esquerda; Y – redução e i – elevação
b) IS – direita; Y – elevação e i – elevação
c) IS – esquerda; Y – elevação e i – redução
d) IS – direita; Y – redução e i – redução
e) IS – esquerda; Y – elevação e i – elevação
15) É correto afirmar que a demanda por moeda depende a) tanto da renda quanto da taxa nominal de juros. Assim, quanto maior a renda ou
quanto maior a taxa de juros, maior será a demanda por moeda.
b) exclusivamente da taxa de juros real. Assim, quanto maior for a taxa de inflação
esperada, maior tenderá ser a demanda por moeda.
c) exclusivamente da taxa esperada de inflação. Assim quanto maior for esta taxa, maior
será a demanda por moeda.
d) exclusivamente da renda real. Assim, quanto maior for a inflação esperada, maior
será a demanda por moeda.
e) tanto da renda quanto da taxa nominal de juros. Assim, quanto maior a renda ou
quanto menor a taxa de juros, maior será a demanda por moeda
74
16) O país Y possui um elevado déficit fiscal. Caso esse país queira reduzí-lo sem ter grande impacto no produto, a combinação de políticas adotada será:
(a) política monetária e fiscal contracionista.
(b) política monetária e fiscal expansionistas.
(c) política monetária contracionista e fiscal expansionista.
(d) política monetária expansionista e fiscal contracionista.
(e) somente uma política fiscal contracionista.
Unidade 5 A determinação da renda e do emprego em Kalecki
Mikail Kalecki foi um economista polonês que formulou diversos artigos em 1936
com o mesmo teor da Teoria Geral de Keynes e é o autor do livro Teoria da Dinâmica
Econômica (1954). Recebeu muita influência marxista e keynesiana, mas está preocupado em
entender a dinâmica econômica: desemprego, distribuição de renda, isto é, procura decifrar
como as economias capitalistas crescem? Quais as causas das oscilações cíclicas nestas
economias? Por que elas crescem de maneira cíclica?
Podemos citar como sua grande contribuição a formulação e aprofundamento do
conceito de demanda efetiva. Na sua principal obre literária que versa sobre a teoria da
dinâmica capitalista busca explicar como são determinados os componentes da renda (lucros
e salários/consumo e investimento).
Estrutura Básica do modelo Kaleckiano2
2 Esta unidade tem por base: Manual de macroeconomia: nível básico e intermediário/Luiz Martins
Lopes, Marco Antonio Sandoval de Vasconcellos (org.) – 2 ed. – São Paulo: Atlas, 2000; KALECKI, MICHAL (1980). Crescimento e Ciclo das Economias Capitalistas. ZAHAR Editores, RJ, cap. 8 e 9 (pg. 71 a 101); COLEÇÃO OS ECONOMISTAS. Abril Cultural, 1982.
75
Kalecki parte dos esquemas de reprodução de Marx para explicar os funcionamento
das economias capitalistas e divide os sistema econômico em três departamentos:1.
Departamento DI = produtor de bens de capital; Departamento DII = produtor de bens de
consumo para capitalistas; e Departamento DIII = produtor de bens de consumo para
trabalhadores.
No valor da produção de cada departamento estão considerados todos os bens
intermediários utilizados na geração do produto final de cada departamento. Considerando
incialmente uma economia fechada e sem governo, temos a seguinte relação:
Renda Bruta ( Y) = Lucros ( P) + Salário ( W).
O produto bruto decompõe-se na produção dos 3 departamentos, o produto do
departamento I corresponde ao investimento (I) da economia, a produção do departamento II
corresponde ao consumo dos capitalistas , Ck e a produção do departamento III ao consumo
dos trabalhadores, CW.
O valor da produção em cada departamento também divide-se em lucros e salários
pagos, de forma que:
I = P1 + W1
Ck = P2 + W2
CW = P3 + W3.
A soma do lucro nos três departamentos corresponde ao lucro total da economia ( P) e
a soma dos salários pagos nos três departamentos nos fornece a massa salarial da economia,
ou seja,
P = P1 + P2 + P3
W = W1 + W2 + W3
O valor da produção, ou a renda bruta da economia, pode ser obtido ou pela soma da
produção dos três departamentos ou pela soma das categorias de renda ( lucros e salários).
Logo,
Y = somatório de P + somatório de W
76
Y = I + Ck + Cw
Supondo que os trabalhadores gastam o que ganham, ou seja, que a poupança dos
trabalhadores seja zero ( Sw = 0), teremos,
W – Cw = Sw, mas, Sw =0, Logo, W= Cw.
A poupança dos capitalistas, Sk é dada pelo total do lucro, menos o consumo dos
capitalistas:
Sk = P - Ck
A Poupança total da economia ( S) é dada por : S = Sw + Sk. No entanto, a poupança
dos trabalhadores é zero, por conseguinte,
S = Sk.
Se os trabalhadores gastam todo o salário (W) com consumo (Cw), W = Cw, A renda
nacional ( Y = W + P = I + Ck + Cw) pode ser reescrita assim,
Cw + P = I + Ck + Cw e,
Cortando o Cw em ambos os lados, temos que : P = I + Ck
Subtraindo agora Ck de ambos os lados da equação P = I + Ck,
Ck – P = I + Ck – Ck
P - Ck = I , Logo chegamos finalmente à mesma ideia do modelo keynesiano de que
S = I
Uma vez realizado o investimento, a ele corresponderá uma poupança de igual valor e
é o investimento que gerará a poupança para financiá-lo.
Determinação da Renda
Já foi comentado que estamos assumindo que os trabalhadores gastam o que ganham,
ou seja, Cw = W, então, a renda gerada no Departamento III corresponde à massa salarial da
economia. Como seus gastos para gerar o produto correspondem aos salários pagos no
77
próprio departamento, segue que o excedente neste departamento, ou o lucro, corresponde ao
valor dos salários pagos nos outros dois departamentos.
P3 + W3 = W1 +W2 + W3
Os bens de consumo que sobram para os capitalistas de III (depois de descontados os
salários pagos neste setor, e os gastos com produtos do próprio setor) são vendidos aos
trabalhadores de I e II, sendo este o seu lucro. Note-se que os salários geram demanda apenas
no D III.
A geração de lucros na economia, isto é, o lucro total é a soma do lucro nos três
departamentos, P = P1 + P2 + P3. Mas, o lucro no DIII, ou seja, o lucro no departamento
produtor de bens de consumo para os trabalhadores corresponde aos salários pagos no DI e
DII. Então,
P1 + W1 = I e P2 + W2 = Ck . Daí segue que : P = I + Ck
O que sugere esta última equação é que o lucro iguala os gastos dos capitalistas tanto
em consumo quanto investimento. Kalecki formula uma frase a partir deste resultado: Os
trabalhadores gastam o que ganham e os capitalistas ganham o que gastam.
Se analisarmos a repartição da renda em cada departamento entre salários e lucros, e
considerando que a parcela do salário em cada departamento dada pelas seguintes relações:
w1 = W1/I; w2 = W2/Ck; w3 = W3/Cw.
A parcela dos lucros nos respectivos departamentos será calculada da seguinte forma:
( 1-w1); (1-w2); (1-w3). Considerando agora o lucro no DIII:
P3 = W1 + W2
P3 = w1.I + w2.Ck
(1-w3).Cw = w1.I + w2.Ck’
Chegamos à equação: Cw = w1.I + w2.Ck/ 1 – w3
Chegamos à conclusão que: o próprio consumo dos trabalhadores, ou seja, a massa
salarial, é determinado pelos gastos dos capitalistas, assim como o lucro, além dos fatores de
78
distribuição que determinam a participação de salários e lucros em cada departamento. Se Y
= I + Ck + Cw, tem-se que:
Y = I + Ck + w1.I + w2.Ck/ 1 – w3
Os fatores que afetam a distribuição da renda Y, que determinam a parcela w, só
afetam o tamanho da massa salarial, uma vez que os lucros são determinados totalmente
pelos gastos dos capitalistas. Assim, ampliações nos gastos capitalistas provocam elevações
na renda devido ao aumento dos lucros.
Conclui-se neste modelo que Consumo + investimento dos capitalistas são as
variáveis fundamentais na determinação do nível da atividade econômica (emprego), porém
se considerarmos que o consumo depende do investimento previamente realizado, a variável
fundamental passa a ser o investimento que determina o nível de renda num determinado
período, bem como suas variações no tempo.
Atividades de Aprendizagem da Unidade 5
1. Descreva em até 15 linhas o modelo de determinação da renda de Kalecki.
79
Referências Bibliográficas
BLANCHARD, O. Macroeconomia. São Paulo. Editora Campus. 1999.
COLEÇÃO OS ECONOMISTAS . Abril Cultural, 1982.
FERREIRA DA SILVA, J.C. Modelos de Análise Macroeconômica. São Paulo. Editora Campus,1999.
FROYEN, R. T. Macroeconomia. São Paulo. Editora Saraiva, 1999.
KALECKI, MICHAL (1980). Crescimento e Ciclo das Economias Capitalistas. ZAHAR Editores, RJ, cap. 8 e 9 (pg. 71 a 101)
LOPES. L. M. & VASCONCELOS, M. A. S. De. Manual de Macroeconomia. São Paulo: Editora Atlas, 1997.
MANKIW, N. G. Macroeconomia. Rio de Janeiro: Editora LTC, 1998.
SOUZA, N. J. Desenvolvimento Econômico. São Paulo: Editora Atlas,1999.
VASCONCELLOS, M. A. S e LOPES, M.L. Manual de macroeconomia: nível básico e intermediário/Luiz Martins Lopes, Marco Antonio Sandoval de Vasconcellos (org.) – 2 ed. – São Paulo: Atlas, 2000.
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Currículo da
professora-autora
Currículo dos professores-autores
Lenice Ypiranga Benevides de Araújo Vieira Sá é mestra em Desenvolvimento Agrícola
pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro com Dissertação defendida sobre: A
competitividade do complexo citrícola brasileiro. É professora assistente da Universidade
Federal do Amazonas desde julho de 1994, onde leciona atualmente as seguintes disciplinas:
Introdução à Economia: macroeconomia, teoria Macroeconômica I e Teoria Macroeconômica
II, Economia do Trabalho, além de orientação de trabalhos de conclusão de curso. Curriculo
Lattes: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=P273716.
Mauro Thury de Vieira Sá é Doutor em Ciência Econômica pela Universidade Estadual de
Campinas (2004). Atualmente é Professor Adjunto do Deptº de Economia e Análise (DEA)
da Faculdade de Estudos Sociais da Universidade Federal do Amazonas (UFAM/FES). Foi
economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI). Principais
linhas de pesquisa: Economia Industrial e Economia Internacional. Curriculo Lattes:
http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4707039J9