APOSTILA DROGAS RESUMIDA.doc

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I CURSO DE CAPACITAO PARA EDUCADORES DA REDE PBLICA

PROJETO ESCOLA PREVENO AO USO INDEVIDO DE DROGAS

(Material de apoio didtico extrado das apostilas do I Curso de preveno ao uso indevido de drogas Sec de Estado da Educao - SP e no curso Preveno ao uso indevido de drogas Diga sim a vida- UNB/SENAD).

CONCEITOS E DEFINIES

DROGA: De acordo com alguns autores: Frmaco toda a substncia qumica que possui efeito biolgico e Droga o produto, a matria-prima de origem natural (vegetal, animal ou mineral) que contm um ou mais frmacos.

EXEMPLOS

FRMACO (S)DROGA (S)

cafenaCaf (planta ou bebida)

Benzeno, tolueno e xilenoCola de sapateiro

clrofrmio ou terLol

Cloreto de etilaLana-perfume

THC (Tetrahidrocanabinol)Maconha (a planta ou cigarros)

cocanaP de cocana ou pedras de crack

Contudo, os seguintes conceitos so mais comumente encontrados:

Drogas: de acordo com a Organizao Mundial da Sade (OMS, 1981): "qualquer entidade qumica ou mistura de entidades (exceto quelas necessrias para a manuteno, da sade como por exemplo gua e oxignio ) que alteram a funo biolgica e possivelmente a sua estrutura". Uma outra definio encontrada em muitos livros : "qualquer substncia capaz de modificar a funo de organismos vivos, resultando em mudanas fisiolgicas ou de comportamento".

Drogas Psicoativas: segundo a OMS (1981): "so aquelas que alteram comportamento, humor e cognio". Isso significa, portanto, que essas drogas agem preferencialmente nos neurnios, afetando o sistema nervoso central.

Drogas Psicotrpicas: pela OMS (1981), so aquelas que: "agem no sistema nervoso central produzindo alteraes de comportamento, humor e cognao, possuindo grande propriedade reforadora sendo, portanto, passveis de auto-administrao" (uso no sancionado pela medicina). Em outras palavras, essas drogas levam dependncia.

Drogas de Abuso: "qualquer substncia (tomada atravs de qualquer forma de administrao) que altera o humor, o nvel de percepo ou o funcionamento do sistema nervoso central (desde medicamentos at lcool e solventes)". Alguns outros autores restringem este termo a substncias ou produtos cujo uso proibido por lei.

TOLERNCIA: No Sistema Nervoso Central (SNC) ocorre, quando o crebro, de alguma forma, adapta-se droga que est sendo administrada e como conseqncia os efeitos produzidos por essa droga diminuem de intensidade. Diante desse fenmeno, o usurio tem que aumentar a dose da droga para alcanar os efeitos iniciais.

A tolerncia nem sempre ocorre para todos os efeitos produzidos pela droga. Por exemplo, para cocana ocorre a tolerncia aos efeitos relacionados ao prazer. Para obt-los h a necessidade de aumento da dose. Essa condio de aumento da dose perigosa j que o usurio poder aumentar indefinidamente a dose chegando a uma overdose.

H uma falsa idia de que a droga no faz mais nada ao usurio. Chega-se a comentar que o usurio com tolerncia resistente droga. um erro essa suposio, pois ele pode estar resistente psiquicamente porm, todos os outros efeitos danosos ao corpo dessa pessoa esto ocorrendo, por exemplo, com a cocana o efeito danoso que ela provoca no corao pode se acentuar com o aumento da dose.

Tolerncia cruzada: ocorre quando o crebro do usurio, uma vez ter tornado tolerante presena de uma droga, evoca o mesmo mecanismo adaptativo quando exposto a outras drogas as quais produzem efeitos psicoativos similares. Ex: lcool e anestsico.

Um usurio de lcool j tolerante a este, quando necessitar uma cirurgia sofrer uma administrao muito maior de anestsico que outra pessoa no usuria. Este usurio j est tolerante ao efeito depressor do lcool e portanto necessitar uma dose maior de anestsico para que esse efeito surja.

Morfina e herona, so duas drogas pertencentes classe dos Opiceos. Uma vez desenvolvido tolerncia a uma delas automaticamente desenvolve-se tolerncia outra.

Portanto, no certo supor que uma vez desenvolvido tolerncia ao crack (cocana fumada), por exemplo, este usurio poder passar a cheirar cocana com doses bem pequenas de p, livrando-se dessa forma da tolerncia ao crack. Ele ter que cheirar quantidades muito grandes de cocana em p, muitas vezes tornando-se invivel, no s pelo custo como tambm a possibilidade de danificar o septo nasal.

SENSIBILIZAO: A sensibilizao ocorre no sistema nervoso central quando o crebro desenvolve uma maior sensibilidade a determinados efeitos da droga que est sendo administrada. Dessa forma, com uma pequena dose da droga esses efeitos j aparecem. Ex: Usurio de cocana, a mdio prazo, desenvolve os efeitos indesejados, como a parania (usurio sente-se perseguido, ouve vozes, tem medo, etc)

No deixa de ser paradoxal a utilizao de cocana: com o passar do tempo o usurio desenvolve tolerncia necessitando aumentar a dose para sentir os mesmos efeitos prazerosos iniciais, porm nesse mesmo tempo desenvolve a sensibilizao aos efeitos indesejados, ou seja, com pouca quantidade j desenvolve esses efeitos.

SNDROME DE ABSTINNCIA: De acordo com a Organizao Mundial da Sade sndrome de abstinncia definida como: Um conjunto de sintomas, de grupamento e gravidade variveis, ocorrendo em abstinncia absoluta ou relativa de uma substncia, aps uso repetido e usualmente prolongado de altas doses daquela substncia. O incio e curso do estado de abstinncia so limitados no tempo e relacionados ao tipo de substncia e dose que vinha sendo utilizada imediatamente antes da abstinncia. O estado de abstinncia pode ser complicado por convulses.

Nem sempre fcil identificar uma sndrome de abstinncia fazendo com que algumas vezes alguns sintomas so chamados de sndrome de abstinncia quando na verdade no so. Como claro na definio, a sndrome de abstinncia ocorre imediatamente aps abstinncia, portanto errado atribuir sndrome de abstinncia, sintomas que ocorrem dias depois de cessada a droga.

Em geral as drogas depressoras apresentam sndrome de abstinncia. Ex. barbitricos, lcool, opiceos, etc.

DEPENDNCIA: Vrios termos foram abandonados pela confuso que traziam, dessa forma no so mais utilizados: vcio, adio, hbito, dependncia fsica e dependncia psicolgica ou psquica. Estes dois ltimos termos ainda muito usados, porm induzem a uma interpretao equivocada a respeito da gravidade de problemas que a droga pode originar.

Drogas que podiam induzir dependncia fsica sempre foram consideradas drogas mais graves, recebendo o nome de drogas pesadas (hard drugs). Ex.: morfina, herona, lcool. Diferentemente, drogas que produzem apenas dependncia psicolgica, so consideradas drogas leves, sugerindo drogas menos perigosas.

Cocana no induz dependncia fsica e tambm no provoca sndrome de abstinncia, mas nem por isso ela pode ser considerada uma droga leve ou no perigosa, considerando-se todo o problema social causado pelo uso de crack.

Baseado nisso, hoje em dia a dependncia s chamada de dependncia no mais existindo adjetivos acoplado a esse nome.

Foram definidos (pela OMS) nove critrios que podem identificar uma dependncia. Sendo assim, caso o usurio se encaixe em pelo menos trs desses critrios ele poder ser diagnosticado como um dependente.

Forte desejo ou compulso de consumir drogas;

Conscincia subjetiva de dificuldades na capacidade de controlar a ingesto de drogas, em termos de incio, trmino ou nvel de consumo.

Uso de substncias psicoativas para atenuar sintomas de abstinncia, com plena conscincia da efetividade de tal estratgia;

Estado fisiolgico de abstinncia; evidncia de tolerncia, necessitando doses crescentes da substncia requerida para alcanar os efeitos originalmente produzidos.

Estreitamento do repertrio pessoal de consumo, quando o indivduo passa, por exemplo, a consumir drogas em locais no propcios, a qualquer hora, sem nenhum motivo especial, etc.:

Negligncia progressiva de prazeres e interesses outros em funo do uso de drogas.;

Persistncia no uso de drogas, a despeito do mesmo apresentar clara evidncia de manifestaes danosas

Evidncia de que o retorno ao uso da droga, aps um perodo de abstinncia, leva a uma reinstalao rpida do quadro anterior.

A OMS define dependncia da seguinte forma: Um conjunto de fenmenos fisiolgicos, comportamentais e cognitivos, no qual o uso de uma substncia ou de uma classe de substncias alcana uma prioridade muito maior para um determinado indivduo que outros comportamentos que antes tinham maior valor. Uma caracterstica da sndrome de dependncia o desejo (freqentemente forte, s vezes irresistvel) de consumir drogas psicoativas (as quais podem ou no terem sido medicamente prescritas). Pode haver evidncia que o retorno ao uso da substncia aps um perodo de abstinncia leva a um aparecimento mais rpido de outros aspectos da sndrome do que ocorre com indivduos no dependentes.

O CID-10 (Manual de Classificao de Transtornos Mentais e de Comportamento) define dependncia como "um conjunto de fenmenos fisiolgicos, comportamentais e cognitivos no qual o uso de uma substncia ... alcana uma prioridade muito maior para um determinado indivduo que outros comportamentos que antes tinham maior valor." Marcelli & Braconnier definem dependncia, baseados no fenmeno da escalada (necessidade de drogas mais potentes para obteno do efeito desejado) e dizem que "toxicmano aquele que, a partir de um produto de base, faz a escalada rumo a outro produto ou produtos e/ou utiliza cotidianamente ou quase cotidianamente."

Segundo Osrio, "o padro drogaditivo marcado por uma significativa tendncia regressiva, isto , face emergncia de situaes de angstia ou depresso, h uma busca de alvio ou proteo recorrendo a modelos primitivos de sustentao psquica, como os vigentes no perodo ps-natal ou mesmo fetal." Bergeret vai mais adiante quando diz "que existem comportamentos de dependncia extremamente semelhantes s toxicomanias" do ponto de vista do padro de funcionamento do indivduo, "ainda que estes comportamentos no faam entrar em jogo qualquer produto qumico" (jogo compulsivo e sexo compulsivo). Olievenstein amplia mais, dizendo que o fenmeno da toxicomania resultado da conjuno da presena da droga, com a dinmica do indivduo e do momento histrico-cultural em que se d este encontro.

Dependncia cruzada: Considera-se aqui o mesmo princpio da tolerncia cruzada, ou seja, ser dependente de uma droga significa dizer que caso o usurio ser dependente de qualquer outra droga pertencente ao mesmo grupo, por exemplo: dependentes de Diazepam, ao fazerem uso de outra substncia do mesmo grupo como Lorazepam, comportam-se em relao a essa ltima droga como dependentes, ainda que nunca tivessem feito um uso anterior da mesma.

Esse fenmeno muito utilizado em termos para tratar sndrome de abstinncia, por exemplo: o usurio que entra em abstinncia pela falta de Herona, pode ter os sintomas dessa abstinncia aplacados, utilizando a Metadona. A Metadona uma droga pertencente ao mesmo grupo da Herona (opiceos), porm com efeitos colaterais mais brandos que esta ltima. Utiliza-se essa possibilidade de troca de drogas por uma menos danosa como medida de reduo de danos.

Potencial de induo de dependncia: A tendncia de uma droga em induzir dependncia depender de:

natureza farmacolgica da droga, ou seja, que possua propriedades reforadoras devido aos efeitos agradveis que produz, ex: cocana e herona, benzodiazepnicos (diazepam).

via de administrao (vias mais rpidas) quantidade de droga utilizada ( prazer aumenta com a freqncia de administrao da droga) suscetibilidade do usurioPotencial de Abuso: Est ligado a trs variveis:

potencial da droga em induzir dependncia (aumenta o potencial de abuso quanto maior for o potencial de dependncia)

disponibilidade da droga na sociedade (disponibilidade grande aumenta o potencial de abuso) toxicidade da droga (efeitos nocivos grave e/ou letais podem deter o uso da droga, mesmo se sua disponibilidade for grande).A Herona tem um grande potencial de induzir dependncia, porm, no Brasil tem pouco potencial de abuso dado que tem uma baixa disponibilidade no comrcio de drogas (pelo menos por enquanto).

DELRIO: Juzo falso da realidade. Ex. ouve uma sirene (ela real) porm, interpreta como sendo a polcia que vem prend-lo.

ILUSO: Estmulo percebido de maneira perturbada, isto , interpreta de forma totalmente irreal. Ex. ouve uma sirene (ela real) e interpreta como sendo som das trombetas de anjos.

ALUCINAO: ouve uma sirene (ela no existe) de um carro de polcia.

CLASSIFICAO DE DROGAS:Quanto origem:

Naturais: so drogas que so somente encontradas em certas plantas ou mesmo tecidos de animais: ex. Cocana contida nas folhas de Erythroxylum coca. pio e seu principal alcalide Morfina, contido na papoula (Papaver somniferum).

Semi-sintticas: atravs de uma substncia obtida de uma fonte natural sintetiza-se outra, ou seja, elabora-se atravs de procedimentos qumicos uma outra substncia. Ex: Herona que sintetizada a partir da morfina. LSD (dietilamida do cido lisrgico), sintetizado a partir de alcalides do Ergot.

Sintticas: so drogas inteiramente sintetizadas em laboratrio, como o caso do Ecstasy e Anfetaminas (Ice).

Em geral as drogas sintetizadas em laboratrio so as mais fceis de encontrar j que no necessitam, por exemplo, de serem extradas de plantaes. Dependendo da sntese, s vezes podendo ser feita de forma caseira a partir de substncias qumicas disponveis no mercado, a droga passa a ter uma grande oferta.

Quanto aos efeitos no organismo:

Das vrias classificaes existentes, desenvolvidas por vrios autores, ser adotada, no presente texto, a do pesquisador francs Chaloult, por ser simples e prtica. Chaloult dividiu o que ele denominou de Drogas Toxicomangenas (indutoras de Toxicomanias) em trs grandes grupos: o das depressoras, das estimulantes e o das perturbadoras da atividade do Sistema Nervoso Central (SNC).

Drogas Depressoras: como o prprio nome indica, diminuem a atividade do SNC, ou seja, esse sistema passa a funcionar mais lentamente. Como conseqncia, aparecem os sintomas e os sinais dessa diminuio: sonolncia, lentificao psicomotora etc. Algumas dessas substncias so teis como medicamentos em casos nos quais o SNC da pessoa est funcionando "muito acima do normal", como por exemplo, em epilepsias, insnias, excesso de ansiedade etc. Entre os meninos em situao de rua, as drogas depressoras mais consumidas so: lcool, inalantes e benzodiazepnicos (CARLINI, 1994).

Drogas Estimulantes: so aquelas que estimulam atividade do SNC, fazendo com que o estado de viglia fique aumentado (portanto, diminui o sono), haja "nervosismo", aumento da atividade motora etc. Em doses mais elevadas chegam a produzir sintomas perturbadores do SNC, tais como delrios e alucinaes. A droga estimulante mais usada por meninos em situao de rua a cocana e seus derivados, como cloridrato, crack, merla, pasta etc. (CARLINI, 1994).

Drogas Perturbadoras: nesse grande grupo temos as drogas que produzem uma mudana qualitativa no funcionamento do SNC. Assim, alteraes mentais que no fazem parte da normalidade como, por exemplo, delrios, iluses e alucinaes so produzidas por essas drogas. Por essa razo, so chamadas de psicoticomimticas, ou seja, drogas que mimetizam psicoses. Entre meninos em situao de rua, as drogas perturbadoras mais usadas so: maconha e alguns medicamentos anticolinrgicos, dentre os quais o triexifenidil (Artane) o mais consumido (CARLINI,1994).

VIAS DE ADMINISTRAO

A taxa de absoro de uma droga depende da via de administrao que ela introduzida no corpo e a escolha dessa via depender de certos parmetros como:

propriedades da droga, isto , ela lipossolvel (dissolve-se na gordura), e hidrossolvel, s dissolve-se em gua etc.

rapidez desejada para alcanar os efeitos: sabe-se que um usurio de droga busca exatamente essa rapidez, isto , ele quer usar a droga e imediatamente sentir os efeitos buscados.

estado da droga: se a mesma encontra-se no estado de p, lquido, gases etc. Esse estado muitas vezes j determina a via de administrao, por exemplo, se a droga estiver na forma de gases ela no poder ser utilizada por forma oral ou endovenosa (na veia).

concentrao da droga: dependendo da concentrao, poder existir uma limitao de via. Por exemplo se a concentrao for pequena, no h como utiliz-la por via oral, os efeitos seriam muito poucos, ao passo que utiliz-la por via endovenosa esses efeitos poderiam ser grandemente aumentados.

Via Oral: a rota mais comum, porm a via mais lenta devido ao trajeto percorrido pela droga antes de alcanar a corrente sangnea e aps o crebro.

A droga primeiramente absorvida no intestino delgado. Porm, essa absoro pode ser retardada pela presena de alimento, o qual tambm pode diluir a concentrao da droga e ainda a droga pode passar direto para as fezes sem alcanar a corrente sangunea. Devido a esses inconvenientes, o efeito imediato e intenso no alcanado por essa via. Alm disso ela menos efetiva para algumas drogas como por exemplo, a herona, que no estmago transformada em morfina e atravessa o fgado. Nessa passagem muito da morfina metabolizada e apenas uma pequena parte alcana o crebro.

Fungar: tambm chamada de cheirar (sniffing) no deve ser confundida com inalar. Quando a droga cheirada ela absorvida atravs da membrana nasal. Ex: cocana em p.

um modo efetivo de alcanar a corrente sangunea, porm nem todas as drogas podem ser fungadas ou cheiradas pois podem causar irritaes srias mucosa nasal. A cocana por exemplo, apesar de ser utilizada por essa via, aps um tempo mais longo de uso pode perfurar totalmente o septo nasal.

Ateno: vapores de cola e solventes tecnicamente so inalados e no cheirados como costumamos dizer.

Parenteral: atravs dessa via a droga injetada diretamente no corpo com ajuda de uma seringa e agulha. Essa injeo poder ser subcutnea, muscular ou endovenosa (ou intravenosa).

Pela via endovenosa faz-se uma injeo direta da droga na veia, portanto uma via rpida para alcanar a corrente sangnea, porm pode causar danos aos vasos. A droga pode formar grumos que podem bloquear os vasos sangneos. Esses grumos podem alcanar a corrente sangnea e localizar-se em orgos vitais e causar a morte. Alm disso atravs dessa via, devido falta de cuidados com seringa e agulha e o compartilhamento das mesmas, que vrias doenas podem ser transmitidas, dentre elas o vrus HIV que causa a AIDS.

Outro fator limitante dessa via, a necessidade, de quem a utiliza, de ter a habilidade de injetar, ou seja, saber utilizar o garrote, achar a veia, introduzir a agulha etc. Boa parte dos usurios no tem essa habilidade, soma-se a isso o fato de que depois de algumas sesses da droga, o usurio perde muito da sua capacidade e bom senso, provocando muitos danos ao prprio corpo.

Inalao : nesse caso a droga absorvida pela corrente sangnea atravs dos pulmes (membrana alveolar). Para a droga ser inalada ela dever estar na forma de vapores ou gases, ou ainda, em finas partculas de material suspenso em gs (fumaa de cigarro, de crack, etc).

a via mais rpida para alcanar o crebro, a absoro pelo pulmo grande, j que o mesmo tem uma grande rea de superfcie e grandes quantidades da droga rapidamente chegam ao crebro.

A cocana quando injetada por via endovenosa, leva cerca de 5 minutos para surgir o efeito, quando fumada, ou seja, inalada atravs dos pulmes, em 10 segundos o efeito surge.

CARACTERIZAO DO USO

A OMS caracteriza o uso de drogas de acordo com o que segue:

uso na vida: quando a pessoa fez uso de droga pelo menos uma vez na vida.

Esse conceito deve ser analisado com muito critrio. Por exemplo: Dizer que 20 milhes de pessoas no Brasil, j fizeram uso de lcool pelo menos uma vez na vida no se trata de um dado alarmante. O lcool legal e dessa forma um grande nmero de pessoas consomem-no, no significando necessariamente que quem o faz tenha problemas com lcool. Diferentemente dizer que 20 milhes de pessoas j utilizaram cocana pelo menos uma vez na vida, trata-se de um dado preocupante. A cocana uma droga ilegal sendo que para consegu-la h a necessidade da transgresso, ou seja, compr-la clandestinamente de um traficante.

uso no ano: quando a pessoa usou droga pelo menos uma vez nos doze meses que antecederam a consulta.uso no ms ou recente: quando a pessoa usou droga pelo menos uma vez nos 30 dias que antecederam a consulta.

Ainda percebe-se, de acordo com a OMS, outros tipos de usurios de drogas:

uso freqente: quando a pessoa usou droga(s) 6 ou mais vezes nos ltimos 30 dias que antecederam consulta.

uso de risco: padro de uso repetido ou persistente, que implica em alto risco de dano sade fsica ou mental do usurio, mas que ainda no resultou em significantes efeitos mrbidos orgnicos ou psicolgicos.

uso prejudicial: padro de uso que j causa dano sade, fsico /ou mental.

no usurio: nunca utilizou drogasusurio leve: utilizou droga, mas no ltimo ms o consumo no foi dirio ou semanal.

usurio moderado: utilizou drogas semanalmente, mas no diariamente no ltimo ms.

usurio pesado: utilizou drogas diariamente no ltimo ms.

COMO AGEM AS DROGAS PSICOTRPICAS Para podermos compreender como as drogas psicotrpicas interferem nas funes do Sistema Nervoso Central (SNC), importante termos noes do funcionamento desse sistema.

Quando um indivduo recebe um estmulo, atravs de seus rgos do sentido, a "mensagem" enviada ao SNC, onde ocorre o processamento da informao interpretao, elaborao, memorizao, associaes, entre outros. Esses processamentos ocorrem em milsimos de segundos e se repetem milhares de vezes ao longo de um nico dia. vejamos isso atravs de alguns exemplos. Uma pessoa aproxima-se de uma vitrine e v exposto um bolo de chocolate; ela louca por esse tipo de bolo. Assim, viso desse prato, a pessoa fica com gua na boca e sente uma pontada no estmago. O que aconteceu? Tudo comeou pela viso: a imagem do bolo atinge a retina do olho e de l parte um impulso nervoso ("impulso eltrico") que caminha at a parte posterior do crebro, atingindo o crtex visual. Uma vez identificada a imagem, o impulso nervoso caminha at outra regio do crebro, que decodifica aquela como uma "coisa gostosa, j experimentada muitas vezes antes". Agora, dessa regio, o impulso nervoso vai para duas outras, uma que manda um impulso para as glndulas salivares secretarem a saliva ("gua na boca") e outra que envia uma "ordem" (impulso nervoso) para o estmago se contrair ("a pontada").

Outro exemplo: um indivduo, ao atravessar a rua, percebe um carro vindo em sua direo. Essa imagem enviada ao SNC, onde ocorre o reconhecimento da situao de perigo e, imediatamente, emitida unta resposta de fuga. Alm disso, esse episdio fica gravado na memria.

O SNC formado por bilhes de clulas interligadas, formando tinia complexa rede de comunicao. Essas clulas, responsveis pelo processamento das informaes, so denominadas "neurnios". Como pode ser observado na Figura 2, os "neurnios" no esto continuamente ligados, existindo um espao (fenda sinptica) que os separa. nessa fenda que ocorre a "neurotransmisso" (troca de informaes entre os neurnios).

Figura 2 - Esquema de uma sinapse

Para transmitir a informao, o neurnio (pr-sinptico) libera substncias qumicas denominadas "neurotransmissores" que agem como verdadeiros mensageiros, transmitindo a mensagem para o neurnio subseqente (ps-sinptico), o qual recebe a informao atravs de stios especficos denominados "receptores".

Uma vez liberado o neurotransmissor na fenda sinptica ele age em locais especficos do neurnio vizinho transmitindo dessa forma o estmulo. Uma vez cessado esse estmulo o neurotransmissor recaptado pelo neurnio e novamente armazenado esperando que novo estmulo ocorra.

Alguns dos neurotransmissores mais conhecidos so: acetilcolina, dopamina, noradrenalina, serotonina, GABA e glutamato. Cada uma dessas substncias responsvel por funes especficas, e elas esto distribudas de forma heterognea no SNC, em sistemas que recebem o nome do neurotransmissor envolvido (sistemas colinrgico, dopaminrgico e assim por diante).

As drogas psicotrpicas agem nesse mecanismo. Algumas drogas estimulantes por exemplo impedem que o neurotransmissor seja recaptado produzindo dessa forma um estmulo constante.

As drogas psicotrpicas podem produzir diversos efeitos de acordo com o tipo de neurotransmissor envolvido e a forma como a droga atua. Por exemplo, uma droga do tipo benzodiazepnico (calmante) atua facilitando "comunicao" do GABA, neurotransmissor responsvel pelo controle da ansiedade, produzindo diminuio da ansiedade. Dessa forma, de acordo com o tipo de ao, as drogas podem provocar euforia, ansiedade, sonolncia, alucinaes, delrios etc.BREVES INFORMAES SOBRE AS PRINCIPAIS DROGAS

LCOOL (BEBIDAS ALCOLICAS)

Apesar do desconhecimento por parte da maioria das pessoas, o lcool tambm considerado uma droga psicotrpica, pois ele atua no sistema nervoso central, provocando uma mudana no comportamento de quem o consome, alm de ter potencial para desenvolver dependncia. O lcool uma das poucas drogas psicotrpicas que tem seu consumo admitido e at incentivado pela sociedade. Esse um dos motivos pelo qual encarado de forma diferenciada, quando comparado com as demais drogas.

Apesar de sua ampla aceitao social, o consumo de bebidas alcolicas, quando excessivo, passa a ser um problema. Alm dos inmeros acidentes de trnsito e da violncia associada a episdios de embriaguez, o consumo de lcool a longo prazo, dependendo da dose, da freqncia e das circunstncias, pode provocar um quadro de dependncia conhecido como alcoolismo.

Efeitos agudos

A ingesto de lcool provoca diversos efeitos, que aparecem em duas fases distintas: uma estimulante e outra depressora.

Nos primeiros momentos aps a ingesto de lcool, podem aparecer os efeitos estimulantes como euforia, desinibio e loquacidade (maior facilidade para falar). Com o passar do tempo, comeam a aparecer os efeitos depressores como falta de coordenao motora, descontrole e sono. Quando o consumo muito exagerado, o efeito depressor fica exacerbado, podendo at mesmo provocar o estado de coma.

Os efeitos do lcool variam de intensidade de acordo com as caractersticas pessoais. Por exemplo, uma pessoa acostumada a consumir bebidas alcolicas sentir os efeitos do lcool com menor intensidade, quando comparada com uma outra pessoa que no est acostumada a beber. Um outro exemplo est relacionado a estrutura fsica; uma pessoa com uma estrutura fsica de grande porte ter uma maior resistncia aos efeitos do lcool.

O consumo de bebidas alcolicas tambm pode desencadear alguns efeitos desagradveis, como enrubecimento da face, dor de cabea e mal-estar geral. Esses efeitos so mais intensos para algumas pessoas cujo organismo tem dificuldade de metabolizar o lcool. Os orientais, em geral, tm uma maior probabilidade de sentir esses efeitos.

Alcoolismo

Conforme j citado neste texto, a pessoa que consome bebidas alcolicas de forma excessiva, ao longo do tempo, pode desenvolver dependncia do lcool, condio esta conhecida como "alcoolismo". Os fatores que podem levar ao alcoolismo so variados, podendo ser de origem biolgica, psicolgica, scio-cultural ou ainda ter a contribuio resultante de todos esses fatores. A dependncia do lcool uma condio freqente, atingindo cerca de 5 a 10% da populao adulta brasileira.

A transio do beber moderado ao beber problemtico ocorre de forma lenta, tendo uma interface que, em geral, leva vrios anos. Alguns dos sinais do beber problemtico so: desenvolvimento da tolerncia, ou seja, a necessidade de beber cada vez maiores quantidades de lcool para obter os mesmos efeitos; o aumento da importncia do lcool na vida da pessoa; a percepo do "grande desejo" de beber e da falta de controle em relao a quando parar; sndrome de abstinncia (aparecimento de sintomas desagradveis aps ter ficado algumas horas sem beber) e o aumento da ingesto de lcool para aliviar a sndrome de abstinncia.

A sndrome de abstinncia do lcool um quadro que aparece pela reduo ou parada brusca da ingesto de bebidas alcolicas aps um perodo de consumo crnico. A sndrome tem incio 6-8 horas aps a parada da ingesto de lcool, sendo caracterizada pelo tremor das mos, acompanhado de distrbios gastrointestinais, distrbios de sono e um estado de inquietao geral (abstinncia leve). Cerca de 5% dos que entram em abstinncia leve evoluem para a sndrome de abstinncia severa ou delirium tremens que, alm da acentuao dos sinais e dos sintomas acima referidos, caracteriza-se por tremores generalizados, agitao intensa e desorientao no tempo e no espao.

Efeitos no resto do corpo

Os indivduos dependentes do lcool podem desenvolver vrias doenas. As mais freqentes so as doenas do fgado (esteatose heptica, hepatite alcolica e cirrose). Tambm so freqentes problemas no aparelho digestivo (gastrite, sndrome de m absoro e pancreatite) e no sistema cardiovascular (hipertenso e problemas no corao). Tambm so freqentes os casos de polineurite alcolica, caracterizada por dor, fomigamento e cimbras nos membros inferiores.

Durante a gravidez

O consumo de bebidas alcolicas durante a gestao pode trazer conseqncias para o recm-nascido, sendo que, quanto maior o consumo, maior a chance de prejudicar o feto. Dessa forma, recomendvel que toda gestante evite o consumo de bebidas alcolicas, no s ao longo da gestao como tambm durante todo o perodo de amamentao, pois o lcool pode passar para o beb atravs do leite materno.

Cerca de um tero dos bebs de mes dependentes do lcool, que fizeram uso excessivo durante a gravidez, so afetados pela "Sndrome Fetal pelo lcool". Os recm-nascidos apresentam sinais de irritao, mamam e dormem pouco, alm de apresentarem tremores (sintomas que lembram a sndrome de abstinncia). As crianas severamente afetadas e que conseguem sobreviver aos primeiros momentos de vida podem apresentar problemas fsicos e mentais que variam de intensidade de acordo com a gravidade do caso.

ANTICOLINRGICOS

O principal anticolinrgico utilizado pelos meninos em situao de rua, especialmente no nordeste brasileiro, o triexifenidil, um medicamento comercializado com o nome Artane (usado para o mal de Parkinson). Porm, tambm existem plantas como o lrio (trombeteira, zabumba, saia-branca), que eram muito usadas na dcada de 80, na forma de ch (NOTO et al., 1997).

Efeitos no SNC

Essas substncias bloqueiam os efeitos da acetilcolina, um neurotransmissor que atua no sistema colinrgico e, por esse motivo, so denominadas anticolnrgicas. Os anticolinrgicos, tanto de origem vegetal como os sintetizados no laboratrio, quando em doses elevadas, atuam principalmente produzindo delrios e alucinaes. So comuns as descries pelas pessoas intoxicadas de se sentirem perseguidas, de verem pessoas e bichos etc. Esses delrios e alucinaes dependem bastante da personalidade da pessoa e de sua condio. Assim, os usurios dessas drogas descrevem vises de santos, animais, estrelas, fantasma, entre outras imagens. Os efeitos so bastante intensos, podendo demorar at 2-3 dias. Apesar disso, o uso de medicamentos anticolinrgicos (com controle mdico) muito til no tratamento de algumas doenas como, por exemplo, a do mal de Parkinson.

Efeitos no resto do corpo

As drogas anticolinrgicas so capazes de produzir muitos efeitos perifricos. Assim, as pupilas ficam muito dilatadas, a boca seca e o corao pode disparar. Os intestinos ficam paralisados - tanto que elas so usadas medicamente como antidiarricos - e a bexiga fica "preguiosa" ou seja h reteno de urina.

Efeitos txicos

Os anticolinrgicos podem produzir em doses elevadas grande elevao da temperatura, que chega s vezes at 40-41C. Nesses casos, felizmente no muito comuns, a pessoa apresenta-se com a pele muito seca e quente, com vermelhido, principalmente, no rosto e pescoo. A temperatura elevada pode provocar convulses ("ataques") e essas substncias so, por isso, bastante perigosas. Existem pessoas tambm que descrevem ter "engolido a lngua" e quase se sufocarem por causa disso. Ainda, em casos de dosagens elevadas, o nmero de batimentos do corao sobe exageradamente, podendo chegar at acima de 150 batimentos por minuto.

Aspectos gerais

Essas drogas no desenvolvem tolerncia no organismo, e no h descrio de sndrome de abstinncia aps a parada de uso contnuo.

BENZODIAZEPNICOS

So medicamentos que tm a propriedade de atuar quase que exclusivamente sobre a ansiedade e tenso, sendo, por esse motivo, denominados ansiolticos.

Os benzodiazepnicos esto entre os medicamentos mais utilizados no mundo todo, inclusive no Brasil. Para se ter idia, atualmente h mais de 100 remdios no nosso Pas base desses benzodiazepnicos. Estes tm nomes qumicos que terminam geralmente pelo sufixo pam (diazepam, flunitrazepam, lorazepam etc.). Por outro lado, essas substncias so comercializadas pelos laboratrios farmacuticos com diferentes nomes de "fantasia", existindo assim dezenas de remdios com nomes diferentes: Valium, Dienpax, Lorax, Somalium etc. O benzodiazepnico mais usado pelos meninos em situao de rua, especialmente do Nordeste, o flunitrazepam (Rohypnol) (NAPPO & CARLINI, 1993; NOTO et al., 1997).

Efeitos no SNC

Os benzodiazepnicos atuam no sistema de neurotransmisso gabargico, facilitando a ao do GABA. Como esse neurotransmissor inibitrio, essas drogas acentuam os processos inibitrios do SNC, provocando um efeito depressor. Dessa forma, a pessoa fica mais tranqila, sonolenta e relaxada.

Os ansiolticos produzem uma depresso da atividade do nosso SNC que se caracteriza por: 1. diminuio de ansiedade; 2. induo de sono; 3. relaxamento muscular; 4. reduo do estado de alerta.

importante notar que esses efeitos dos ansiolticos benzodiazepnicos so grandemente aumentados pelo lcool, e a mistura de lcool com essas drogas pode levar uma pessoa ao estado de coma. Alm desses efeitos principais, os ansiolticos dificultam os processos de aprendizagem e memria, o que , evidentemente, bastante prejudicial para as pessoas que habitualmente utilizam-se dessas drogas.

Efeitos txicos

Dificilmente uma pessoa chega a entrar em coma e a morrer pelo uso de um benzodiazepnico. Entretanto, a situao muda muito de figura se a pessoa tambm ingeriu bebida alcolica. Nesses casos, a intoxicao torna-se sria, pois h grande diminuio da atividade do SNC, podendo levar ao estado de coma.

Outro aspecto importante quanto aos efeitos txicos refere-se ao uso por mulheres grvidas. Suspeita-se que essas drogas tenham um poder teratognico razovel, isto , podem produzir leses ou defeitos fsicos na criana por nascer.

Aspectos gerais

Os benzodiazepnicos, quando usados por alguns meses seguidos, podem levar as pessoas a um estado de dependncia. Como conseqncia, sem a droga, o dependente passa a sentir muita irritabilidade, insnia excessiva, sudorao, dor pelo corpo todo, podendo, nos casos extremos, apresentar convulses. Se a dose tomada j grande desde o incio, a dependncia ocorre mais rapidamente ainda. H tambm desenvolvimento de tolerncia, embora esta no seja muito acentuada, isto , a pessoa acostumada droga no precisa aumentar a dose para obter o efeito inicial.

Os benzodiazepnicos so controlados pelo Ministrio da Sade, isto , a farmcia s pode vend-los mediante receita especial do mdico, que fica relida para posterior controle, o que nem sempre acontece.

COCANA, CRACK E MERLA

A cocana uma substncia natural, extrada das folhas de uma planta que ocorre exclusivamente na Amrica do Sul: a Erythroxylon coca, conhecida como coca ou epad, este ltimo nome dado pelos ndios brasileiros. A cocana pode chegar at o consumidor sob a forma de um sal, o do cloridrato de cocana, "p", "farinha", "neve" ou "branquinha" que solvel em gua e, portanto, serve para ser aspirado ("cafungado") ou dissolvido em gua para uso endovenoso ("pelos canos"); ou sob a forma de uma base, o crack, que pouco solvel em gua mas que se volatiliza quando aquecida e, portanto, fumada em "cachimbos".

Ainda sob a forma base, a merla ("mela", "mel" ou "melado"), preparada de forma diferente do crack, tambm fumada. Enquanto o crack ganhou popularidade em So Paulo, Braslia foi a cidade vtima da merla.

Por apresentar um aspecto de "pedra" no caso do crack e de "pasta" no caso da merla, no podendo ser transformado num p fino, tanto o crack como a merla no podem ser aspirados como o caso da cocana p ("farinha") e, por no serem solveis em gua, tambm no podem ser injetados. Por outro lado, para passar do estado slido ao de vapor quando aquecido, o crack necessita de uma temperatura relativamente baixa (95C), o mesmo ocorrendo com a merla, ao passo que o "p" necessita de 195C, por esse motivo que o crack e a merla podem ser fumados e o " p" no.

H ainda a pasta de coca, que um produto grosseiro, obtido das primeiras fases de separao da cocana das folhas da planta quando estas so tratadas com lcali, solvente orgnico como querosene ou gasolina e cido sulfrico. Essa pasta contm muitas impurezas txicas e fumada em cigarros chamados "basukos" (NAPPO, 1996).

Efeitos no SNC

A cocana acentua a ao principalmente da dopamina e da noradrenalina. Como esses neurotransmissores so excitatrios, o resultado da ao da cocana a estimulao do SNC, produzindo euforia, ansiedade, estado de alerta etc.

Tanto o crack como a merla tambm so cocana, portanto, todos os efeitos provocados pela cocana tambm ocorrem com o crack e a merla. Porm, a via de uso dessas duas formas (via pulmonar, j que ambas so fumadas) faz toda a diferena do crack e da merla com o "p".

Assim que o crack e a merla so fumados, alcanam o pulmo, que um rgo intensivamente vascularizado e com grande superfcie, levando a uma absoro instantnea. Atravs do pulmo, cai quase imediatamente na circulao cerebral, chegando rapidamente ao SNC. Com isso, pela via pulmonar, o crack e a merla "encurtam" o caminho para chegar no SNC, aparecendo os efeitos da cocana muito mais rpido do que por outras vias. Em 10 a 15 segundos, os primeiros efeitos j ocorrem, enquanto os efeitos aps cheirar o "p" acontecem aps 10 a 15 minutos e, aps a injeo, em 3 a 5 minutos. Essa caracterstica faz do crack uma droga "poderosa" do ponto de vista do usurio, j que o prazer acontece quase que instantaneamente aps uma "pipada".

Porm a durao dos efeitos do crack muito rpida. Em mdia dura em torno de 5 minutos, enquanto aps injetar ou cheirar, em torno de 20 e 45 minutos respectivamente. Essa pouca durao dos efeitos faz com que o usurio volte a utilizar a droga com mais freqncia que as outras vias (praticamente de 5 em 5 minutos), levando-o dependncia muito mais rapidamente que os usurios da cocana por outras vias (nasal, endovenosa).

Logo aps a "pipada", o usurio sente uma sensao de grande prazer, intensa euforia e poder. to agradvel que, logo aps o desaparecimento desse efeito (e isso ocorre muito rapidamente, em 5 minutos), ele volta a usar a droga, fazendo isso inmeras vezes at acabar todo o estoque que possui ou o dinheiro para consegui-lo. A essa compulso para utilizar a droga repetidamente d-se o nome popular de "fissura" que uma vontade incontrolvel de sentir os efeitos de "prazer" que a droga provoca. A "fissura" no caso do crack e da merla avassaladora, j que os efeitos da droga so muito rpidos e intensos.

Alm desse "prazer" indescritvel, que muitos comparam a um orgasmo, o crack e a merla tambm provocam um estado de excitao, hiperatividade, insnia, perda de sensao do cansao, falta de apetite. Este ltimo efeito muito caracterstico do usurio de crack e merla. Em menos de ms, ele perde muito peso (8 a 10kg) e, num tempo um pouco maior de uso, ele perde todas as noes bsicas de higiene. Alm disso, o craquero e o usurio de merla perdem de forma muito marcante o interesse sexual. Aps ao uso intenso e repetitivo, o usurio experimenta sensaes muito desagradveis como cansao e intensa depresso (NAPPO, 1996; NAPPO et al., 1996).

Efeitos txicos

A tendncia do usurio aumentar a dose de uso na tentativa de sentir efeitos mais intensos. Porm, essas quantidades maiores acabam por levar o usurio a comportamento violento, irritabilidade, tremores e atitudes bizarras devido ao aparecimento de parania (chamada entre eles de "nia"). Esse efeito provoca um grande medo nos craqueros, que passam a vigiar o local onde esto usando a droga e passam a ter uma grande desconfiana uns dos outros, o que acaba levando-os a situaes extremas de agressividade. Eventualmente podem ter alucinaes e delrios. A esse conjunto de sintomas d-se o nome de "psicose cocana".

Efeitos sobre outras partes do corpo

Os efeitos so os mesmos provocados pela cocana utilizada por outras vias. Assim, o crack e a merla podem produzir um aumento das pupilas (midrase), afetando a viso que fica prejudicada, a chamada "viso borrada". Ainda pode provocar dor no peito, contraes musculares, convulses e at coma. Mas sobre o sistema cardiovascular que os efeitos so mais intensos. A presso arterial pode elevar-se, e o corao pode bater muito mais rapidamente (taquicardia). Em casos extremos chega a produzir uma parada do corao por fibrilao ventricular. A morte tambm pode ocorrer devido diminuio da atividade de centros cerebrais que controlam a respirao.

O uso crnico da cocana pode levar uma degenerao irreversvel dos msculos esquelticos, chamada rabdomilise.

Aspectos gerais

As pessoas que abusam da cocana relatam a necessidade de aumentar a dose para sentir os mesmos efeitos, ou seja, a cocana induz a tolerncia, sendo que ela pode ser observada em todas as vias de administrao.

Por outro lado, no h descrio convincente de uma sndrome de abstinncia quando a pessoa para de tomar cocana abruptamente: ela no sente dores pelo corpo, clicas, nuseas etc. O que s vezes ocorre que essa pessoa fica tomada de grande "fissura", deseja tomar de novo para sentir os efeitos agradveis e no para diminuir ou abolir o sofrimento que ocorreria se realmente houvesse uma sndrome de abstinncia (NAPPO, 1996).

MACONHA E THC

A maconha o nome dado aqui no Brasil a uma planta chamada cientificamente de Cannabis sativa. Ela j era conhecida h pelo menos 5.000 anos, sendo utilizada quer para fins medicinais quer para "produzir risos".

O THC (tetraidrocanabinol) uma substncia qumica fabricada pela prpria maconha, sendo o principal responsvel pelos efeitos da planta. Assim, dependendo da quantidade de THC presente (o que pode variar de acordo com o solo, clima, estao do ano, poca de colheita, tempo decorrido entre a colheita e o uso), a maconha pode ter potncia diferente, isto , produzir mais ou menos efeitos (CARLINI, 1981).

Efeitos no SNC

O mecanismo de ao da maconha ainda no est bem esclarecido. Recentemente foram descobertas substncias endgenas (que o nosso prprio organismo produz) no SNC que atuam de forma semelhante maconha. Elas foram denominadas anandamidas. a partir dessa descoberta que o mecanismo de ao da maconha est comeando a ser elucidado.

Os efeitos no SNC dependero da qualidade da maconha fumada e da sensibilidade de quem fuma. Para uma parte das pessoas, os efeitos so uma sensao de bem-estar acompanhada de calma e relaxamento, sentir-se menos fatigado, vontade de rir (hilariedade). Para outras pessoas, os efeitos so mais para o lado desagradvel: sentem angstia, ficam aturdidas, temerosas de perder o controle da cabea, trmulas, suando. o que comumente chamam de "m viagem" ou "bode".

H ainda evidente perturbao na capacidade da pessoa em calcular tempo e espao, e um prejuzo na memria e ateno. Assim, sob a ao da maconha, a pessoa erra grosseiramente na discriminao do tempo, tendo a sensao de que se passaram horas, quando na realidade foram alguns minutos; um tnel com 10 metros de comprimento pode parecer ter 50 ou 100 metros.

Quanto aos efeitos na memria, eles se manifestam principalmente na chamada memria a curto prazo, ou seja, aquela que nos importante por alguns instantes. Um exemplo verdico auxilia a entender esse efeito: uma telefonista de PABX em um hotel (que ouvia um dado nmero pelo fone e no instante seguinte fazia a ligao) quando sob ao da maconha no era mais capaz de lembrar-se do nmero que acabara de ouvir.

Aumentando-se a dose e/ou dependendo da sensibilidade, os efeitos psquicos agudos podem chegar at a alteraes mais evidentes, com a predominncia de delrios e alucinaes. Delrio uma manifestao mental pela qual a pessoa faz um juzo errado do que v ou ouve; por exemplo, sob ao da maconha uma pessoa ouve a sirene de uma ambulncia e julga que a polcia que vem prend-la; ou v duas pessoas conversando e pensa que ambas esto falando mal ou mesmo tramando um atentado contra ela. Em ambos os casos, esta mania de perseguio (delrios persecutrios) pode levar ao pnico e, conseqentemente, a atitudes perigosas ("fugir pela janela", agredir as pessoas conversando em "defesa" antecipada contra a agresso que julga estar sendo tramada). J a alucinao uma percepo sem objeto, isto , a pessoa pode ouvir a sirene da polcia ou ver duas pessoas conversando quando no existe quer a sirene quer as pessoas. As alucinaes podem tambm ter fundo agradvel ou terrificante.

H ainda a considerar os efeitos psquicos crnicos (conseqncias que aparecem aps o uso continuado por semanas, ou meses, ou mesmo anos) produzidos pela maconha. Sabe-se que o uso continuado da maconha interfere com a capacidade de aprendizagem e memorizao e pode induzir um estado de amotivao, isto , no sentir vontade de fazer mais nada, pois tudo fica sem graa e sem importncia. Esse efeito crnico da maconha chamado de sndrome amotivacional. Alm disso, a maconha pode levar algumas pessoas a um estado de dependncia, isto , elas passam a organizar suas vidas de maneira a facilitar o uso de maconha, sendo que tudo o mais perde o seu real valor.

Finalmente, h provas cientficas de que se a pessoa tem uma doena psquica qualquer, mas que ainda no est evidente (a pessoa consegue "se controlar"), ou a doena j apareceu, mas est controlada com medicamentos adequados, a maconha piora o quadro. Ou faz surgir a doena, isto , a pessoa no consegue mais "se controlar", ou neutraliza o efeito do medicamento e a pessoa passa a apresentar de novo os sintomas da doena. Esse fato tem sido descrito com freqncia na doena mental chamada esquizofrenia (CARLINI, 1981).

Efeitos no resto do organismo

Os efeitos fsicos agudos (isto , quando decorrem apenas algumas horas aps fumar) so muito poucos: os olhos ficam meio avermelhados (o que em linguagem mdica chama-se hiperemia das conjuntivas), a boca fica seca (e l vai outra palavrinha mdica antiptica: xerostomia - o nome difcil que o mdico d para boca seca) e o corao dispara, de 60-80 batimentos por minuto pode chegar a 120-140 ou at mesmo mais ( o que o mdico chama de taquicardia).

Os efeitos fsicos crnicos da maconha j so de maior monta. De fato, com o continuar do uso, vrios rgos do nosso corpo so afetados. Os pulmes so um exemplo disso. No difcil imaginar como iro ficar esses rgos quando passam a receber cronicamente uma fumaa que muito irritante, dado ser proveniente de um vegetal que nem chega a ser tratado como o tabaco comum. Essa irritao constante leva a problemas respiratrios (bronquites), alis como ocorre tambm com o cigarro comum. Mas o pior que a fumaa de maconha contm alto teor de hidrocarbonetos (maior mesmo que na do cigarro comum) e entre eles existe uma substncia chamada benzopireno, conhecido agente cancergeno; ainda no est provado cientificamente que a pessoa que maconha cronicamente est sujeita a contrair cncer dos pulmes com maior facilidade, mas os indcios em animais de laboratrio de que assim pode ser so cada vez mais fortes.

Outro efeito fsico adverso (indesejvel) do uso crnico da maconha refere-se a uma baixa produo do hormnio masculino, a testosterona. Conseqentemente o homem apresenta um nmero bem reduzido de espermatozides no lquido espermtico, ou seja, o homem ter mais dificuldade de gerar filhos. Esse um efeito que desaparece quando a pessoa deixa de fumar a planta (CARLINI, 1981).

SOLVENTES OU INALANTES

Um nmero enorme de produtos comerciais contm solventes como esmaltes, colas, tintas, thinners, propelentes, gasolina, removedores, vernizes etc. Esses produtos contm substncias pertencentes a um grupo qumico chamado de hidrocarbonetos, tais como o tolueno, xilol, n-hexano, acetato de etila, tricloroetileno etc., que so responsveis pelo efeito psicotrpico.

Um produto muito conhecido no Brasil o "cheirinho" ou "lol" ou ainda o "cheirinho da lol". Este um preparado clandestino (isto , fabricado no por um estabelecimento legal, mas sim por pessoal do submundo) base de clorofrmio mais ter e utilizado s para fins de abuso. Mas j se sabe que quando esses "fabricantes" no encontram uma daquelas duas substncias, eles misturam qualquer outra coisa em substituio. Assim, em relao ao "cheirinho da lol", no se sabe bem a sua composio, o que complica quando se tem casos de intoxicao aguda por essa mistura. Ainda, importante chamar a ateno para o "lana-perfume", um produto a base de cloreto de etila ou cloretila, sendo proibido a sua fabricao no Brasil (CARLINI et al., 1988; GALDURZ, 1996; NOTO et al., 1994).

Efeitos no SNC

O mecanismo de ao dos solventes muito complexo e, por esse motivo, ainda no totalmente esclarecido. Alguns autores consideram a ao dessas substncias como inespecfica, atuando nas membranas de todos os neurnios. Por outro lado, outros autores consideram que os solventes atuam em alguns sistemas de neurotransmisso especficos. Nesse caso, a fase estimulante seria reflexo da ao nos sistemas de neurotransmisso dopaminrgico e noradrenrgico, enquanto a fase depressora seria resultado da ao nos sistemas gabargico e glutamatrgico.

O incio dos efeitos, aps a aspirao, bastante rpido - de segundos a minutos no mximo - e em 15-40 minutos j desaparecem; assim o usurio repete as aspiraes vrias vezes para que as sensaes durem mais tempo.

De acordo com o aparecimento dos efeitos aps inalao de solventes, eles foram divididos em quatro fases:

Primeira fase: a chamada fase de excitao e a desejada, pois a pessoa fica eufrica, aparentemente excitada, ocorrendo tonturas e perturbaes auditivas e visuais.

Segunda fase: a depresso do SNC comea a predominar, com a pessoa ficando em confuso, desorientada, voz meio pastosa, viso embaada, perda do autocontrole, dor de cabea, palidez; a pessoa comea a ver ou ouvir, coisas.

Terceira fase: a depresso se aprofunda com reduo acentuada do alerta, incoordenao ocular (a pessoa no consegue mais fixar os olhos nos objetos), incoordenao motora com marcha vacilante, a fala "enrolada", reflexos deprimidos; j pode ocorrer evidentes processos alucinatrios.

Quarta fase: depresso tardia, que pode chegar inconscincia, queda da presso, sonhos estranhos, podendo ainda a pessoa apresentar surtos de convulses ("ataques"). Essa fase ocorre com freqncia entre aqueles cheiradores que usam saco plstico e aps um certo tempo j no conseguem afast-lo do nariz, e assim a intoxicao torna-se muito perigosa, podendo mesmo levar ao coma e morte.

Finalmente, sabe-se que a aspirao repetida, crnica, dos solventes pode levar a destruio de neurnios (as clulas cerebrais), causando leses irreversveis do SNC. Alm disso, pessoas que usam solventes cronicamente apresentam-se apticas, tm dificuldade de concentrao e dficit de memria.

Efeitos no resto do corpo

Os solventes praticamente no atuam em outros rgos. Entretanto, existe um fenmeno produzido pelos solventes que pode ser muito perigoso. Eles tornam o corao humano mais sensvel adrenalina, que faz o nmero de batimentos cardacos aumentar. Essa adrenalina naturalmente liberada toda vez que o corpo humano tem que exercer um esforo extra, por exemplo, correr, praticar certos esportes etc. Assim, se uma pessoa inala um solvente e logo depois faz esforo fsico, pode ter complicaes cardacas. A literatura mdica j conhece vrios casos de morte por sncope cardaca, principalmente de adolescentes (FLANAGAN & IVES, 1994).

Efeitos txicos

Os solventes, quando inalados cronicamente, podem levar a leses da medula ssea, dos rins, do fgado e dos nervos perifricos que controlam os nossos msculos. Em alguns casos, principalmente quando existe no solvente uma impureza, o benzeno, mesmo em pequenas quantidades, pode haver diminuio de produo de glbulos brancos e vermelhos pelo organismo (MATSUMOTO et al., 1992).

Um dos solventes bastante usado nas nossas colas a n-hexana. Essa substncia muito txica para os nervos perifricos, produzindo degenerao progressiva dos mesmos, a ponto de causar transtornos no marchar (as pessoas acabam andando com dificuldade).

Aspectos gerais

A dependncia naqueles que abusam cronicamente de solventes comum, sendo os componentes psquicos da dependncia os mais evidentes, tais como: desejo de usar, perda de outros interesses que no seja o de usar solvente.

A sndrome de abstinncia, embora de pouca intensidade, est presente na interrupo abrupta do uso dessas drogas, aparecendo ansiedade, agitao, tremores, cimbras nas pernas e insnia.

Pode ocorrer a tolerncia, embora no to dramtica quanto em outras drogas. Dependendo da pessoa e do solvente, a tolerncia se instala ao fim de 1 a 2 meses (GALDURZ, 1996).

TABACO

O tabaco uma planta cujo nome cientfico Nicotiana tabacum, da qual extrada uma substncia chamada nicotina. O tabaco pode ser fumado na forma de cigarros, charutos ou cachimbos.

Efeitos no SNC

Os principais efeitos da nicotina no sistema nervoso central so: elevao leve no humor (estimulao) e diminuio do apetite. A nicotina considerada um estimulante leve, apesar de um grande nmero de fumantes relatarem que se sentem relaxados quando fumam. Essa sensao de relaxamento provocada pela diminuio do tnus muscular.

Essa substncia, quando usada ao longo do tempo, pode provocar o desenvolvimento de tolerncia, ou seja, a pessoa tende a consumir um nmero cada vez maior de cigarros para sentir os mesmos efeitos que originalmente eram produzidos por doses menores.

Alguns fumantes, quando suspendem repentinamente o consumo de cigarros, podem sentir fissura (desejo incontrolvel por cigarro), irritabilidade, agitao, priso de ventre, dificuldade de concentrao, sudorese, tontura, insnia e dor de cabea. Esses sintomas caracterizam a sndrome de abstinncia, desaparecendo dentro de uma ou duas semanas.

A tolerncia e a sndrome de abstinncia so alguns dos sinais que caracterizam o quadro de dependncia provocado pelo uso de tabaco.

Efeitos no resto do organismo

A nicotina produz um pequeno aumento no batimento cardaco, na presso arterial, na freqncia respiratria e na atividade motora.

Quando uma pessoa fuma um cigarro, a nicotina imediatamente distribuda pelos tecidos. No sistema digestivo provoca queda da contrao do estmago, dificultando a digesto. H um momento da vasoconstrio e na fora das contraes cardacas.

Efeitos txicos

A fumaa do cigarro contm vrias substncias txicas ao organismo. Dentre as principais, citamos a nicotina, o monxido de carbono e o alcatro.

O uso intenso e constante de cigarros aumenta a probabilidade de ocorrncia de algumas doenas como, por exemplo, pneumonia, cncer de pulmo, problemas coronarianos, bronquite crnica, alm de cncer em regies do corpo que entram em contato direto com a fumaa conto garganta, lngua, laringe e esfogo. O risco de ocorrncia de enfarte do miocrdio, angina e derrame cerebral maior nos fumantes quando comparado aos no fumantes.

Existem evidncias de que a nicotina pode provocar lceras gastrointestinais. Entre outros efeitos txicos provocados pela nicotina, podemos, destacar ainda nuseas, dores abdominais, diarria, vmitos, cefalia, tontura, bradicardia e fraqueza.

Tabaco e gravidez

Quando na gravidez a me fuma, "o feto tambm fuma", passando a receber as substncias txicas do cigarro atravs da placenta. A nicotina provoca aumento do batimento cardaco no feto, reduo do peso do recm-nascido, menor estatura, alm de alteraes neurolgicas importantes. O risco de abortamento espontneo, entre outras complicaes durante a gravidez, maior nas gestante que fumam.

Durante a amamentao as substncias txicas do cigarro so transmitidas para o beb atravs do leite materno.

ESTATSTICAS SOBRE O USO DE DROGAS NO BRASILIV Levantamento sobre o Uso de Drogas entre Estudantes de 1 e 2 graus em 10 Capitais Brasileiras - 1997 *CONCLUSES:

I Os solventes foram as drogas que tiveram maior uso na vida, nos quatro levantamentos realizados (1987-1989-1993-1997), excluindo-se o tabaco e o lcool da anlise. Dentre as seis drogas mais utilizadas, trs delas - maconha, anticolinrgicos e cocana - tiveram um crescimento de uso na vida estatisticamente significante.

II - A anlise de tendncia do uso na vida para as drogas psicotrpicas em geral, em cada capital separadamente, mostrou que nas cidades do Rio de Janeiro, Salvador e So Paulo houve uma tendncia diminuio estatisticamente significante do uso na vida. O contrrio se observa para Belm, Curitiba, Fortaleza e Porto Alegre onde houve aumento da tendncia do uso na vida.

Tomando-se os dados das dez capitais em conjunto, pode-se concluir que no houve alterao de tendncia no uso na vida, ao longo dos quatro levantamentos examinados.

Na anlise de tendncia para o sexo feminino nota-se aumento significativo de uso na vida, em Belm, Curitiba, Fortaleza e Porto Alegre; e diminuio estatisticamente significativa em So Paulo.

IV - A anlise de tendncia do consumo de drogas em geral (uso na vida) segundo a faixa etria, nos quatro levantamentos realizados, mostra que, em todas as faixas etrias estudadas, no se observam alteraes nas tendncias de uso.

VI - A anlise de tendncia do uso freqente de drogas em geral (uso de drogas seis ou mais vezes nos trinta dias que antecederam pesquisa), para as dez capitais brasileiras mostra tendncia de aumento estatisticamente significante do uso freqente de drogas em Belm, Fortaleza e Porto Alegre. O contrrio, ou seja, diminuio da tendncia do uso freqente em Recife, Rio de Janeiro e So Paulo, na comparao dos quatro levantamentos realizados (1987-1989-1993-1997).

I Levantamento Domiciliar Nacional Sobre o Uso de Drogas Psicotrpicas

Parte A - Estado de So Paulo *CONCLUSES

1 O uso na vida de qualquer droga psicotrpica, exceto lcool e tabaco, foi de 11,6%, porcentagem prxima ao Chile, superior Colmbia e muito inferior aos EUA (34,8%). Os resultados globais das 24 cidades pesquisadas mostram que o Estado de So Paulo tm perfil que se aproxima mais aos pases em desenvolvimento, se distanciando bastante dos pases de 1 mundo como os da Europa ou o EUA, no que diz respeito ao uso de drogas psicotrpicas.2 O lcool e o tabaco foram as drogas com maiores prevalncias de uso na vida, com 53,2% e 39,0%, respectivamente. Quanto s estimativas de dependentes de lcool as porcentagens estiveram ao redor dos 6%, valores prximos aos observados em estudos de outros pases. De qualquer forma, vale lembrar que essas drogas so legalizadas e que as campanhas de preveno raramente abordam essa questo.3 - A maconha foi dentre as drogas ilcitas a que teve maior uso na vida, porm com porcentagens muito inferiores ao observado por exemplo no Chile, EUA, Dinamarca, Espanha e Reino Unido. O uso no sexo masculino maior do que no feminino, fato que deve ser levado em conta nos programas de preveno.4 A prevalncia do uso na vida de cocana no Estado de So Paulo est bem prxima ao de alguns pases da Amrica do Sul como Chile e Colmbia, alm de Holanda e Dinamarca; bem inferior prevalncia dos EUA. Isto sugere que a implantao de programas preventivos copiados de outros pases, sem se conhecer a realidade brasileira, tendem ao fracasso. 5 No houve nenhum relato do uso de herona, ao contrrio do que a mdia tem veiculado nos ltimos tempos.6 Detectou-se o uso de esterides anabolizantes, que embora em porcentagens muito pequenas pode ser um indicador importante, pois o culto ao corpo musculoso, no importando-se como consegu-lo, tem crescido ultimamente.7 A percepo da populao quanto facilidade em se conseguir certas drogas surpreendentemente alta, como por exemplo 38,3% dos entrevistados acreditando ser fcil conseguir a herona; 62,4% a cocana e o LSD com 36,2%. Essas expressivas porcentagens devem fazer parte do imaginrio popular criado pela mdia, pois os dados epidemiolgicos no mostram dados elevados de consumo dessas drogas.8 A percepo em relao ao trfico de drogas apresentou porcentagens elevadas, j que cerca de 20% diz ter visto algum vendendo ou procurando comprar drogas. Porm quando a questo diz respeito diretamente ao entrevistado como por exemplo ao ser perguntado se j tinha sido procurado por um traficante oferecendo-lhe drogas, apenas 3,6% do total respondeu afirmativamente. Essa contradio pode estar refletindo um receio de se comprometer diretamente com a questo do trfico. Por outro lado as porcentagens quanto a observao de trfico pode refletir uma viso ampliada e distorcida do fenmeno ou mesmo estar traduzindo a realidade, o que seria muito preocupante.9 Concluses semelhantes anterior podem ser tiradas quanto percepo de ter visto algum embriagado ou sob efeito de drogas, pois cerca de 50% da populao respondeu afirmativamente a esta questo, ou seja, ou estamos diante de vises distorcidas ou a realidade est preocupante.10 Quase a totalidade da populao considerou um risco grave o uso dirio de qualquer das quatro drogas pesquisadas quanto a este aspecto (lcool, maconha, cocana e "crack").

11 - Embora o IMC (ndice de Massa Corporal) tenha apenas sido obtido por relato dos entrevistados, somente uma pequena porcentagem apresenta IMC que justifique o uso do drogas anorexgenas. Portanto, o grande consumo dessas substncias no Brasil, como vrios trabalhos mostram, precisa ser revisto.12 Infelizmente, por motivos alheios nossa vontade no foi possvel traar o perfil do uso de drogas na populao brasileira.

LEVANTAMENTOS REALIZADOS EM SO LUS MA

Alguns trabalhos preliminares realizados em nossa cidade sobre avaliao do uso de drogas entre estudantes do ensino fundamental, mdio e superior, mostram resultados similares. As drogas com maior relato de uso so lcool, tabaco, solventes e maconha (esta, por vezes vem em terceiro lugar superando solventes). Ainda percebe-se o relato de um percentual significativo de experimentadores de cocana.

Maiores informaes = Departamento de Farmcia (UFMA)

MODELOS DE PREVENO

Uma vez, em um debate sobre reduo de danos, ouvi a seguinte afirmao - que, alis, em muito me incomodou - de algum que se posicionava contra esta forma de trabalho: "A questo da moral que deve reger as relaes."

Um dia, lendo o livro "A guia e a galinha - uma metfora da condio humana" de Leonardo Boff, pude compreender que o meu incmodo referia-se limitao (de resultados e perspectivas) dos trabalhos de preveno desenvolvidos com base na moral.

O que deve reger as relaes entre as pessoas - e qualquer atividade voltada para o ser humano - a tica: "... a tica assume a moral, quer dizer, o sistema fechado de valores vigentes e de tradies comportamentais. Ela respeita o enraizamento necessrio de cada ser humano na realizao de sua vida, para que no fique dependurada das nuvens. Mas a tica introduz uma operao necessria: abre esse enraizamento. Est atenta mudanas histricas, s mentalidades e s sensibilidades cambiveis, aos novos desafios derivados das transformaes sociais. Ela impe exigncias a fim de tornar a moradia humana mais honesta e saudvel. ... acolhe transformaes e mudanas que atendam a essas exigncias. Sem essa abertura s mudanas, a moral se fossiliza e se transforma em moralismo. ... No basta sermos apenas morais, apegados a valores da tradio. ... Cumpre-nos tambm sermos ticos, quer dizer, abertos a valores que ultrapassam aqueles do sistema tradicional ou de alguma cultura determinada. ... Valores que nos tornam sensveis ao novo que emerge, com responsabilidade, seriedade e sentido de contemporaneidade." 2Trabalhos mais eficazes na rea de drogas s sero possveis na medida em que estiverem pautados por princpios ticos e que corresponderem s reais necessidades da populao que se pretende atingir.

Eixos principais da questo das drogas

Reduo da Oferta - a substncia

Reduo da Demanda - o indivduoPreveno ao uso indevido de drogas

Interveno cujo objetivo o de evitar o estabelecimento de um uso problemtico, de uma relao destrutiva de um indivduo com uma droga. (Silveira, 1993)

Reduo de danos

uma poltica pblica que tem como objetivo prioritrio minorar os efeitos negativos decorrentes do uso de drogas.

Histria da preveno

Segundo Beatriz Carlini-Cotrim, a Preveno ao Abuso de Drogas por intermdio da Educao tem como essncia a noo de que a sociedade civil pode e deve atuar nas intenes dos sujeitos sociais de consumirem substncias que alterem suas conscincias. Isto legitimado historicamente pelo Movimento de Temperana.

Se tentarmos compreender a fundo o que este movimento representou, veremos que por trs de uma preocupao com a sade e o bem-estar dos indivduos, havia a inteno de um controle sobre os mesmos com o objetivo de se manter a ordem social.

A Lei Seca (1919) um dos resultados do movimento de temperana.

A Lei anti-pio (1870), o Harrison Act (1914) - represso cocana - e, na dcada de 40, no Brasil, as aes contra a maconha, so outros exemplos de processos semelhantes.

Assim, podemos dizer que, inicialmente, a preveno era baseada na fiscalizao e na represso com a finalidade de reduzir a disponibilidade de drogas ilcitas no mercado.

Com o tempo foi-se percebendo a insuficincia destes mecanismos para diminuir o consumo diante da expanso do uso de drogas no mundo moderno.

Diante desta situao, em 1970 a UNESCO (Organizao das Naes Unidas para a Educao, Cincia e Cultura) convoca pela primeira vez especialistas para discutirem a abordagem preventiva do uso de drogas.

Em 1972 a UNESCO considera a educao destinada a prevenir o abuso de drogas como necessidade universal e urgente.

Iniciam-se amplas campanhas de esclarecimento populao atravs de informaes de cunho alarmista (pedagogia do terror) objetivando a reduo da utilizao no-mdica de drogas (mdia, cartazes, palestras, filmes, insero de contedos relativos s drogas e seus efeitos nos programas curriculares), as quais foram consideradas no eficazes.

Novas abordagens comeam a ser propostas e a informao passa a ser um dos componentes de uma estratgia mais ampla, qual seja, a de incentivo auto-realizao, auto-estima, ao desenvolvimento do senso de responsabilidade com relao prpria vida objetivando a formao das pessoas onde Prevenir = Educar = Formar ( Informar.

Evoluo dos modelos de atuao preventiva

Modelo jurdico-moral

Foco: droga (inofensivas e perigosas) = agente ativo

Pblico = vtimas que devem ser protegidas por medidas legais

Modelo mdico ou de sade pblica

Droga - indivduo - contexto = agente - hospedeiro - meio ambiente

Foco: droga (geradoras de dependncia)

Indivduo = vulnervel ou no-vulnervel

Modelo psicossocial

Foco: Indivduo = agente ativo

Preocupao com a significao do uso da droga e de sua funo para o indvduo

Contexto = algo que contribui tanto para o uso e problemas associados quanto para as reaes frente ao uso

Modelo scio-cultural

Foco: contexto reconhecido como complexo e variado

As condies scio-econmicas e o meio ambiente em que vive o indivduo so as razes de uma presso psicolgica

Modelos de preveno

Em maio de 1989 foi publicado o artigo "Preveno do abuso de drogas na escola: uma reviso da literatura internacional recente" (Carlini-Cotrim, B. e Pinsky, I.) que sistematiza as posturas tericas (ideolgicas e polticas) que orientam os programas que visam prevenir o abuso de drogas no sistema escolar.Segundo as autoras, h trs propostas diferentes de atuao visando a preveno do abuso de drogas:A - PRIVATE

PRIVATE "TYPE=PICT;ALT=bullet.gif (207 bytes)"Aumento do controle socialB - Oferecimento de alternativasC - PRIVATE "TYPE=PICT;ALT=bullet.gif (207 bytes)"Educao

C1 - Modelo do princpio moralPRIVATE

PRIVATE "TYPE=PICT;ALT=bullet.gif (207 bytes)"

C2 - Modelo do amedrontamentoPRIVATE "TYPE=PICT;ALT=bullet.gif (207 bytes)"

C3 - Modelo do conhecimento cientficoPRIVATE "TYPE=PICT;ALT=bullet.gif (207 bytes)"

C4 - Modelo da educao afetivaPRIVATE "TYPE=PICT;ALT=bullet.gif (207 bytes)"

C5 - Modelo do estilo de vida saudvelPRIVATE "TYPE=PICT;ALT=bullet.gif (207 bytes)"

C6 - Modelo da presso de grupo positivaPRIVATE "TYPE=PICT;ALT=bullet.gif (207 bytes)"

A - Aumento do controle socialPrincpios tericos:

a natureza do problema do aumento do uso de drogas entre jovens a recente e rpida diminuio do controle social exercido pelos adultos sobre o comportamento dos jovens, ou seja, a mesma natureza de fenmenos como a intensificao da deliqncia juvenil, da gravidez precoce e das doenas venreas na adolescncia.

o que leva os jovens a terem estes comportamentos a busca impulsiva, desenfreada do prazer = nocivo sociedade ( colocar limites nesta busca.

Propostas:

a recuperao do conceito de punio

a diminuio tolerncia

o aumento do controle sobre os indivduos.

Pilares

a noo do jovem como um ser incapaz de discernimento de suas aes

a utilizao de drogas como pretexto para aumentar o controle social sobre todas as aes consideradas indesejveis, diminuindo o campo da autonomia das pessoas.

Linha bastante utilizada nos Estados Unidos da Amrica do Norte, tendo se constitudo numa importante vertente de atuao dos ltimos governos daquele pas.

B - Oferecimento de alternativas razes do abuso de drogas = problemas e tenses sociais enfrentados pelos jovens que procurariam na droga uma fuga s presses e frustraes vividas.

prope uma interveno nas condies sociais que se acredita facilitarem o consumo (falta de perspectiva no mercado de trabalho, um sistema educacional inadequado e distante da realidade dos jovens, falta de opes de lazer e de atividades culturais e fechamento do espao de participao poltica so alguns dos fatos associados, nesta teoria, ao abuso de drogas)

Exemplos de intervenes:

estruturao de grupos culturais e esportivos atuantes fora do horrio escolar,

implantao de programas extracurriculares de instruo profissional,

incentivo formao de grupos de jovens para discusso de seus problemas sociais e afetivos ou formao de escolas especiais que levem em conta especificidades culturais de certos segmentos sociais, como por exemplo, minorias tnicas.

A aplicao deste programa encarada por vrios autores como o procedimento mais adequado de atuao no Terceiro Mundo e no caso de populaes marginalizadas e carentes de pases desenvolvidos. No entanto, sua aplicao no restrita a estes segmentos, existindo vrios programas deste tipo com outros grupos populacionais.

C - Educao

C1 - Modelo do princpio moralEnfoque: o abuso condenvel dos pontos de vista tico e moral (princpios religiosos ou movimentos polticos baseados em valores como patriotismo, ou sacrifcio pessoal pelo bem comum)

Em alguns momentos histricos este modelo foi efetivo como, por exemplo, na situao de Cuba imediatamente aps a revoluo socialista.

Atualmente sua utilidade e pertinncia so negadas pelos profissionais da rea, existindo avaliaes que concluram ser este enfoque contraproducente na maioria dos casos.

C2 - Modelo do amedrontamento campanhas de informao que expe somente os lados negativos das drogas consideradas como eficientes para persuadir as pessoas a no comearem ou a pararem de usar drogas.

Atualmente esta crena est bem abalada pois:

populaes mais jovens tendem a se sentirem atrados por comportamentos que envolvam o desafio ao perigo

falta de credibilidade (uma razovel parcela dos jovens tem ou teve experincia com drogas e podem contrastar sua prpria vivncia com as informaes unilaterais fornecidas neste tipo de educao)

C3 - Modelo do conhecimento cientfico surge da crtica ao modelo do amedrontamento

prope o fornecimento de informaes sobre drogas de modo imparcial e cientfico a partir das quais os jovens poderiam tomar decises racionais e bem fundamentadas sobre as drogas

Vrios autores constataram que, apesar de uma grande parcela dos jovens revelar terem assimilado as informaes oferecidas, isto no implicava na diminuio da porcentagem de usurios de drogas, sendo possvel encontrar at, em alguns casos, um aumento dos nveis de consumo.

As informaes imparciais sobre as drogas influem de maneira dupla:

entre os que usam: geram um maior nvel de conhecimento formal sobre as mesmas, mas no uma mudana de atitude e/ou comportamento;

entre os que no usam drogas: por temerem os seus efeitos, o contedo deste modelo serviria para rebaixar o medo e a tenso, proporcionando uma mudana de atitude e comportamento favorvel ao uso.

Alguns autores no acreditam que esta associao entre o conhecimento cientfico e uso de drogas seja to simples assim. No acreditam, tambm, que simples informaes sejam capazes de provocar nas pessoas a deciso de usar drogas. No so defensores desta estratgia educacional, mas questionam os resultados pessimistas obtidos.

Este modelo ainda muito utilizado, principalmente como auxiliar na estruturao de programas educativos mais amplos.

C4 - Modelo da educao afetiva Prope a modificao de fatores pessoais que so vistos como predisponentes ao uso de drogas.

Constitui-se de um conjunto de tcnicas que visa melhorar ou desenvolver a auto-estima, a capacidade de lidar com a ansiedade, a habilidade de decidir e interagir em grupo, a comunicao verbal e a capacidade de resistir s presses de grupo.

A droga em si nunca tratada como questo central, mas freqentemente um dos vrios tpicos destes programas.

Eficcia: bastante polmica em virtude dos poucos anos de experincia com ele.

Vrios trabalhos relatam um impacto positivo destes programas, embora de pequena dimenso.

Outros autores apontam para uma melhora de algumas deficincias pessoais dos alunos (auto-estima, por exemplo), mas sem a diminuio nos nveis de consumo de drogas.

Dificuldades para implementao nas instituies escolares:

tradio e dificuldade em absorver mudanas.

professores teriam que passar por um treinamento bastante intenso e estarem dispostos a estabelecer uma dinmica diferente na sala de aula para conseguirem lidar com caractersticas pessoais e psicolgicas dos seus alunos.

fator limitante: a "pouca disposio dos professores para mudar"

C5 - Modelo do estilo de vida saudvel Estratgia: promover estilos de vida associados boa sade

No usar drogas seria um dos elementos de uma maneira de viver que incluiria tambm alimentao balanceada, controle de peso, das taxas de colesterol e da presso arterial, exerccios fsicos regulares etc.

Estes comportamentos tm sido muito incentivados pelos meios de comunicao e encontram adeptos atualmente.

Na Frana tem sido trabalhada, na escola, atravs da matria "Ecologia Mdica" onde se discute uma srie de problemas advindos do avano tecnolgico e da sociedade urbano-industrial, assim como estratgias para super-los.

Temas da "Ecologia Mdica": Poluio, barulho, trnsito, substncias cancergenas, perigo atmico, drogas, lcool e tabaco so os principais tpicos.

C6 - Modelo da presso de grupo positiva Recente e portanto pouco desenvolvido

Presso de grupo: elemento muito importante para a determinao do comportamento de consumir drogas entre os jovens

Tese central: a utilizao da presso de grupo como um fator de influncia para no usar drogas

Afastamento dos adultos e utilizao dos prprios jovens para liderarem programas de preveno

Contato com lderes naturais dos adolescentes, para trein-los a lidarem com o problema, o incentivo de festas onde no existam psicotrpicos ("drug free parties") e o fortalecimento de organizaes de solidariedade e ajuda entre os jovens

Diretrizes de um programa de preveno

Valorizao da vida - Processo de ampliao de compromissos do indivduo em relao a si mesmo e ao outro, na busca da realizao de projetos pessoais e coletivos. uma ao dinmica, consciente, que no se esgota somente na busca da boa sade ou na qualidade de vida saudvel. Trata-se da compreenso da vida como horizonte de possibilidades em que mesmo dificuldades, desiluses e tristezas podem-se tornar desafios para a busca de solues e a organizao coletiva que vise transformao social. Qualidade de vida - Conjunto de condies favorveis que permite ao indivduo, ao grupo e comunidade manter-se, realizar-se e expandir-se. Entende-se por condies favorveis a garantia de alimentao, sade, educao, trabalho, segurana, esporte, habitao, meio ambiente, saneamento bsico, cultura e participao efetiva no processo social.

Princpios fundamentais para uma poltica em relao ao consumo de lcool, tabaco e outras substncias psicoativas

A) A questo das drogas deve ser tratada fundamentalmente como um problema de sade pblica.

B) A abordagem do problema deve ser ampla e totalizada, contemplando tanto as drogas lcitas como as ilcitas.

C) As polticas em relao s drogas devem ser integradas s polticas sociais gerais.

D) As aes para enfrentamento do problema devem respeitar as particularidades histricas, sociais e culturais.

E) A viabilizao dos programas depende da participao de toda a sociedade.

F) As polticas em relao s drogas devem ser baseadas no conhecimento cientfico sobre o tema.

Recomendaes da UNESCO (1977)

1. A informao sobre o uso no mdico de drogas, sobre o abuso de medicamentos, de lcool ou fumo, deve visar mais as condies scio-psicolgicas susceptveis de impedir ou freiar o uso de drogas, do que as caractersticas qumicas e mdicas das drogas.

2. A informao sobre drogas deveria estar centralizada na qualidade de vida e das relaes das pessoas.

3. Uma ateno particular necessria sobre a correlao que eventualmente existe entre o uso de drogas e a situao das minorias ou grupos submetidos a uma segregao qualquer.

4. A realizao de programas de preveno deve se efetuar num clima de confiana, a aplicao de legislao muito repressiva perturba e mesmo impede a aplicao de tais programas.

REFERNCIAS PARA ATENDIMENTO E BUSCA DE INFORMAES:

INTERNET:

Sugestes de alguns sites nacionais e internacionais sobre drogas/aids

INFOdrogas - www.imesc.sp.gov.br/infodrog.htm

Preveno Tambm se Ensina - www.educacao.sp.gov.br/projetos/prevencao/prevep00.htm

Adolesite - www.adolesite.aids.gov.br

Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria - Ministrio da Sade - www.anvisa.gov.br

Associao Brasileira Interdisciplinar de AIDS (ABIA) - www.alternex.com.br/~abia

Boletim CEBRID - www.epm.br/psico/BOLT.htm

Centro Brasileiro de Informaes sobre Drogas Psicotrpicas (CEBRID) - www.cebrid.drogas.nom.br

Conselho Estadual de Entorpecentes (CONEN-SP) - www.justica.sp.gov.br/conen.htm

Coordenao Nacional de DST e AIDS - www.aids.gov.br

Frum sobre tica, Cidadania e Direitos Humanos na Abordagem aos Usurios de drogas - www.cogeae.uol.com.br/eticaedrogas

Ncleo de Estudos e Pesquisas em Ateno ao Uso de Drogas (NEPAD) - www.lampada.uerj.br/nepad

Ncleo de Estudos e Temas em Psicologia - Net Psi - www.drogas.psc.br

Programa de Orientao e Assistncia ao Dependente (PROAD) - www.epm.br/psiquiat/proad

Secretaria Nacional Antidrogas (SENAD) - www.senad.gov.br

European Monitoring Centre for Drugs and Drug Addiction (EMCDDA) - www.emcdda.org

Food and Drug Administration (FDA) - www.fda.gov

National Clearinghouse for Alcohol and Drug Information (NCADI) - www.health.org

Nacional Institute on Drug Abuse (NIDA) - www.nida.nih.gov/NIDAHome.html

Observatoire Gopolitique des Drogues (OGD) - www.ogd.org

Servio de Preveno e Tratamento da Toxicodependncia - www.toxicodependencias.pt

TOXIBASE - www.ofdt.fr/bulletin/toxibase/index.html

United Nations - www.un.org

United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization (UNESCO) - www.unesco.org

United Nations International Drug Control Programme (UNDCP) - www.undcp.org

United Nations Programme on HIV/AIDS (UNAIDS) - www.unaids.org

World Health Organization (WHO/OMS) - www.who.int

INSTITUIES:

Comunidade Teraputica Ruy Palhano

DJMOMA Desafio Jovem do Maranho

Fazenda Boa Esperana (Coroat MA)

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