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Apostila de curativo FUNEC – fundamentos II Profªs Cláudia, Carmem e Marilucci Apresentação Nos últimos anos, com os avanços tecnológicos, muitos recursos materiais, equipamentos, medicamentos e correlatos estão disponíveis no mercado para o tratamento de feridas, sendo necessária a avaliação adequada para a sua utilização. A avaliação do paciente portador de lesão de pele é considerada a parte integral no tratamento, inclui as condições clínicas associadas como diabetes ou doença vascular periférica, e as condições locais da ferida que são abordadas quanto ao seu aspecto, local, cor, quantidade e tipo do exsudato. A anamnese é essencial para a obtenção dos dados necessários quanto a história patológica pregressa, idade, hábitos alimentares, uso de medicamentos e condição social, consideradas fatores que podem retardar o processo de reparação cicatricial. Na elaboração do processo assistencial no tratamento de feridas quanto a seleção de recursos, temos a necessidade do estabelecimento de critérios, exigindo-se conhecimento científico, atualização e análise crítica do profissional. O processo cicatricial eficiente é o resultado da indicação adequada do tratamento e uma avaliação eficaz do paciente. O tratamento efetivo dos pacientes portadores de lesão de pele requer uma abordagem da equipe multidisciplinar, incluindo enfermeiros, médicos, farmacêuticos, nutricionistas e assistentes sociais. 1. ANATOMIA E FISIOLOGIA DA PELE A pele é o maior órgão do corpo. Sendo a maior interface entre o corpo e o ambiente, a pele é adaptada para muitas funções específicas: proteção para estruturas internas do organismo à ação de agentes externos, constituindo uma barreira de proteção, proteção

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Apostila de curativo FUNEC – fundamentos II Profªs Cláudia, Carmem e MarilucciApresentação

Nos últimos anos, com os avanços tecnológicos, muitos recursos materiais, equipamentos, medicamentos e correlatos estão disponíveis no mercado para o tratamento de feridas, sendo necessária a avaliação adequada para a sua utilização.

A avaliação do paciente portador de lesão de pele é considerada a parte integral no tratamento, inclui as condições clínicas associadas como diabetes ou doença vascular periférica, e as condições locais da ferida que são abordadas quanto ao seu aspecto, local, cor, quantidade e tipo do exsudato. A anamnese é essencial para a obtenção dos dados necessários quanto a história patológica pregressa, idade, hábitos alimentares, uso de medicamentos e condição social, consideradas fatores que podem retardar o processo de reparação cicatricial.

Na elaboração do processo assistencial no tratamento de feridas quanto a seleção de recursos, temos a necessidade do estabelecimento de critérios, exigindo-se conhecimento científico, atualização e análise crítica do profissional.

O processo cicatricial eficiente é o resultado da indicação adequada do tratamento e uma avaliação eficaz do paciente.

O tratamento efetivo dos pacientes portadores de lesão de pele requer uma abordagem da equipe multidisciplinar, incluindo enfermeiros, médicos, farmacêuticos, nutricionistas e assistentes sociais.

1. ANATOMIA E FISIOLOGIA DA PELE

A pele é o maior órgão do corpo. Sendo a maior interface entre o corpo e o ambiente, a pele é adaptada para muitas funções específicas: proteção para estruturas internas do organismo à ação de agentes externos, constituindo uma barreira de proteção, proteção imunológica, percepção sensorial, termorregulação e o seu PH varia de 4,5 a 6,0. Mantendo a flora normal.

A pele é composta de três camadas estreitamente relacionadas:

1.1 Epiderme

EPIDERMEEPIDERMEDERMEDERME

SUBCUTÂNEOSUBCUTÂNEO

É a camada mais externa da pele, composta por cinco camadas de células epiteliais. O estrato córneo, camada fina e mais externa da epiderme é composta de células desvitalizadas e queratinizadas. É impermeável à água e rica na proteína protetora chamada queratina. As camadas seguintes da epiderme (estrato lúcido, estrato basal, estrato granuloso e estrato germinativo), contém células. O estrato germinativo é a camada mais profunda da epiderme, contendo as células chamas melanócitos, onde é formada a melanina que produz o pigmento à pele. A epiderme é uma camada protetora que proporciona uma barreira às lesões, à contaminação e às ondas luminosas e térmicas. Ela também evita a desidratação dos tecidos subjacentes , retém fluidos e nutrientes dentro da pele.

1.2 Derme

A derme é composta de tecidos conjuntivos fibrosos de colágeno e elastina. Estas fibras estão entremeadas dentro de uma matriz de polissacarídeos e proporcionam força e elasticidade à pele. Estão contidas na derme o plexo vascular, as fibras nervosas, os folículos pilosos, glândulas sudoríparas e glândulas sebáceas. A derme produz pêlos, regula a temperatura corporal,

mantém a flora bacteriana normal, supre nutrientes e oxigênio e sintetiza várias substâncias químicas.

1.3 Tecido Subcutâneo ou Hipoderme

O tecido subcutâneo é composta de tecido adiposo que proporciona isolamento térmico, suporte e amortecimento para a pele e outros tecidos, para suportar tensões e pressões e armazena também energia.Abaixo desta camada, estão localizados a fáscia e músculos que proporcionam amortecimento adicional por sobre as estruturas ósseas.

1.4 Anexos ou Apêndices Epidérmicos :

vasos sangüíneos- responsável pela nutrição e oxigenação; glândulas sudoríparas- localizada no tecido subcutâneo com um ducto

excretor que se abre diretamente na superfície da pele. Existem 2 tipos: glândulas écrinas- espalhadas por toda superfície da pele com função na regulação da temperatura corporal; glândulas apócrinas - são encontrados nas axilas, em torno dos mamilos, região periumbilical e órgãos genitais.;

glândulas sebáceas- controlam o PH da pele, mantendo em níveis normais de 5,5; inibe o crescimento fúngico e bacteriano.

vasos linfáticos- remoção do excesso de líquidos e estocam proteínas terminações nervosas- distinguem diferenças de temperatura e

sensibilidade pêlo – estruturas constituídas por células queratinizadas produzidas

pelos folículos pilosos; fibras colágenas – produzem suporte, volume e força elastina e reticulina – conferem elasticidade à pele.

1.5 Tipos de Lesões da Pele ( MOSTRAR IMAGENS)

Mácula – uma mancha na pele sem elevação ou depressão e que pode ser de várias formas, cores ou tamanhos- eritema – uma mácula de cor vermelha, formada por vasodilatação- cianose – cor arroxeada, formada por congestão venosa e diminuição de

temperatura Pápula – lesão elevada sólida, menor que 1 cm Nódulo – lesão elevada, de 1 a 3 cm de tamanho Vesícula – elevação pequena da pele, cheia de líquido não purulento, de

até 1 cm de tamanho Bolha – vesícula grande, com conteúdo de líquido claro maior que 1 cm de

tamanho. Pústula – elevação dérmica que contém pus Crosta – revestimento formado de soro, sangue ou pus ressecado na pele Escoriações – arranhões lineares Fissura – rachadura da pele comumente originária de acentuado

ressecamento e inflamação prolongada Úlcera – lesão formada por destruição local da epiderme e de parte da

derme subjacente Abscesso – coleção localizada de pus causada pela supuração no interior

de um tecido, órgão ou espaço confinado Hematoma – coleção de sangue na pele ou espaço subcutâneo,

proeminente ou não, e de tamanho variado Exantema – eritema localizado nas mucosas Equimose – mancha escura, devido a hemorragia sob a pele e mucosas

2. FERIDAS

Qualquer lesão no tecido epitelial, mucosas, ou órgãos, com prejuízo de suas funções básicas.

2.1 Classificação das feridas

As feridas podem ser classificadas segundo diversos parâmetros, que auxiliam no diagnóstico, na evolução e na definição do tipo de tratamento a ser seguido.

2.1.1 Quanto à causa:

Causas extrínsecas Intencional ou cirúrgica Acidental ou traumática

Causas intrínsecas Diabetes Doenças metabólicas Insuficiência vascular periférica

2.1.2 Quanto ao grau de contaminação: ( MOSTRAR IMAGENS )

1Limpa – sem sinais de infecção, feira em condições assépticas e que não atingiram os tratos respiratórios, digestório, genital e urinário.

2Potencialmente Contaminada – envolvem o trato respiratório,digestório, genital e urinário; cada qual contendo população bacteriana nativa ou secreções que podem contaminar-se facilmente e desenvolver processo infeccioso.

3Contaminada – incluem feridas acidentais recentes, abertas e as cirúrgicas onde as técnicas de assepsia não foram devidamente respeitadas.

4Infectada ou suja – caracterizadas pela presença de sinais clínicos de infecção

2.1.3 Quanto à evolução: (MOSTRAR IMAGENS)

Feridas crônicas – feridas de longa duração ( superior a três semanas) ou recorrência freqüente, caracterizada por desvio na seqüência do processo de cicatrização.

Feridas agudas – feridas traumáticas, que respondem rapidamente ao tratamento e cicatrizam sem complicações(não ultrapassam de três semanas).

Feridas pós-operatórias – são as feridas agudas intencionais

2.1.4 Quanto ao nível e tecido atingido ( MOSTRAR IMAGENS)

Feridas superficiais – lesão apenas na epiderme Feridas de espessura parcial – a epiderme e parte da derme são

destruídos. Feridas de espessura total – toda a epiderme e a derme estão

destruídas, podendo atingir músculos e ossos.

2.1.5 Quanto ao Exsudato ( MOSTRAR IMAGENS)

Quantidade – nenhuma, pouca, moderada e grande Odor – ausente, moderado e fétido Aspecto – seroso (soro fino e aquoso), purulento (contém pus) e

sanguinolento (fluido sangüíneo constituído de eritrócitos a água), pode haver a associação desse tipos de drenagem sendo denominados serossanguinolento, piossanguinolento.

2.1.6 Quanto ao tecido encontrado no leito da ferida

O aspecto do tecido presente no leito da ferida reflete a fase de sua cicatrização bem como a ocorrência ou não de complicações.

Tecido de granulação MOSTRAR IMAGENS)

Caracteriza-se pela presença de tecido vivo, ricamente vascularizado, com presença de colágeno e outras células responsáveis pela resposta de reparação tecidual.

Tecido de fibrina viável (branca) MOSTRAR IMAGENS)

Caracteriza-se pela presença de pontos esbranquiçados sobre o tecido de granulação. Nessa fase, a fibrina ainda viável mantém suas características de sustentação do tecido que está sendo formado. Portanto, sua remoção deverá ser realizada sob avaliação criteriosa. É mais evidente em úlceras venosas crônicas.

Feridas com esfacelos (slough) MOSTRAR IMAGENS)

O esfacelo é descrito como uma membrana fibrosa, composta pelo conjunto de células mortas acumuladas no exsudato, que se adere ao leito da ferida. Pode cobrir grandes áreas. É considerado um tecido inviável e deve ser removido.

Tecido necrótico MOSTRAR IMAGENS)

Presença de tecido desvitalizado acometendo total ou parcialmente o leito da ferida. Pode se apresentar em forma de escara ou de crosta necrótica de cor preta ou marrom. Feridas com necrose são mais extensas do que apresentam. Esse tecido é fonte de infecção e perdura esse processo. Portanto, deve ser totalmente removido para que a ferida volte a cicatrizar

Tecido com supergranulação ou granulação hipertrófica MOSTRAR IMAGENS)

O tecido de granulação evidencia-se em relação ao restante da pele, impedindo que as células epiteliais presentes na camada basal se espalhem pela ferida para formação do novo epitélio. Isso prolonga o tempo de reparação tissular.

Tecido de epitelização

Presença de fino tecido epitelial, que recobre o tecido de granulação.

3. PROCESSO DE CICATRIZAÇÃO DAS FERIDAS

A cicatrização é um processo dinâmico multifatorial que se inicia com a lesão tecidual. Lesão é a formação de solução de continuidade da pele, podendo ser chamada de ferida.Os eventos que se sucedem em uma lesão, formam um processo contínuo, mas dividido em três fases:

Fase inflamatória ( exsudativa )A fase inflamatória é uma parte importante do mecanismo de defesa do corpo, e essencial no processo de cicatrização. Esta fase engloba dois processos básicos, a hemostasia e a inflamação propriamente dita, objetivando o controle do sangramento e a limpeza da ferida. Ocorre um 3 a 6 dias. Clinicamente manifesta-se como sangramento controlado através da formação de coágulo, seguida das características típicas das reações inflamatórias, isto é, edema, eritema, calor e dor.

Fase proliferativaEm seguida a fase inflamatória, inicia-se a fase de reconstrução, que se caracteriza pelo preenchimento da ferida com tecido de granulação e a cobertura epitelial ( 12 a 14 dias ). Abrange dois processos, a granulação e a contração da ferida. Na fase de granulação observa-se um tecido vermelho vibrante, que é gradativamente recoberto por um tecido fino e translúcido.A formação do tecido de granulação refere-se a dois processos simultâneos e co- dependentes: a neoangiogênese que é a formação de novos vasos sangüíneos e a síntese de colágeno.

Fase de Maturação

A última fase do processo de cicatrização é a maturação ou remodelagem, que se inicia, aproximadamente, na terceira semana após a lesão, podendo prosseguir até dois anos ou mais. Sua principal finalidade é de aumentar a força tensil da lesão. Observa-se inicialmente uma cicatriz rasada e alargada que se torna, gradativamente, mais pálida, endurecida e com aspecto fibrótico, Pelo processo de cicatrização, novo colágeno é produzido enquanto o colágeno antigo é degradado. Para a formação normal de uma cicatriz, essa síntese e lise ocorre de modo balanceado. Entretanto, se a taxa de degradação excede a taxa de produção, resulta em uma cicatriz mais amolecida e menor; se a taxa de produção excede a taxa de degradação, resulta em uma cicatriz hipertrófica ou quelóide.

3.1 Tipos de cicatrização:

Primeira Intenção – é a situação ideal para o fechamentos das lesões e está associada a feridas limpas, ocorrendo quando há perda mínima de tecido, quando é possível fazer a junção dos bordos da lesão por meio de suturas ou qualquer outro tipo de aproximação com reduzido potencial par infecção.

Segunda Intenção – está relacionada a ferimentos infectados e a lesões com perda acentuada de tecido, onde não é possível realizar a junção dos bordos , acarretando um desvio da seqüência esperada de reparo tecidual. Este processo envolve uma produção mais extensa de tecido de granulação e , também requer maior tempo

para a contração e epitelização da ferida, produzindo uma cicatriz significativa.

Terceira Intenção – quando há fatores que retardam a cicatrização de uma lesão inicialmente submetida a um fechamento por primeira intenção. Esta situação ocorre quando uma incisão é deixada aberta para drenagem do exsudato e, posteriormente, fechada.

3.2 Fatores que interferem na cicatrização

3.2.1 Fatores sistêmicos

Idade( ESTUDAR)

A idade avançada é um dos fatores que propiciam incidência maior no aparecimento de alterações nutricionais, metabólicas, vasculares e imunológicas que prejudicam o processo de cicatrização. Apresentam diminuição da migração de leucócitos, aumento da fragilidade capilar, diminuição do processo de angiogênese e diminuição do número de anticorpos naturais, predispondo às infecções.

Tabagismo ( ESTUDAR)

A nicotina age como potente vasoconstritor e aumenta a adesividade plaquetária, elevando o risco de trombose microvascular e isquemia; o Monóxido de Carbono liga-se à hemoglobina, reduzindo a saturação de oxigênio e o Cianureto de Hidrogênio inibe os sistemas enzimáticos necessários à oxidação, maximizando ocorrências hipóxicas e hipoxêmicas.

Distúrbios Hematológicos( ESTUDAR)

Alterações no processo de coagulação devem ser consideradas como uma das avaliações sistêmicas que dificultam a cicatrização à medida que é, basicamente, a coagulação que inicia essa “cascata” de eventos. Assim, pacientes com deficiência dos fatores de coagulação, por doenças ou desnutrição, ou doenças trombocitopênicas ou ainda submetidos a terapia anticoagulante, podem apresentar sangramento prolongado o que não só retarda o processo de cicatrização como contribui para a formação de hematomas e, consequentemente maior risco de infecções.

Doenças Sistêmicas

Diabetes Mellitus( ESTUDAR)

O diabetes é uma doença sistêmica que afeta o processo de restauração tissular. O controle glicêmico é fundamental, porque normalmente a glicemia se encontra elevada nos pacientes diabéticos em situações de estresse fisiológico como cirurgias, sepsis e a própria reparação tecidual. O diabetes não controlado causa a redução da síntese de colágeno, a

contração inadequada da ferida e o retardo da migração epitelial. A hiperglicemia afeta também a atuação dos leucócitos, reduzindo a resposta inflamatória, causando maiores riscos de infecção.

Insuficiência Renal

A uremia interfere na cicatrização causando dificuldade na deposição de colágeno, na formação do tecido de granulação, além da predisposição à infecção.

Imunossupressão

O comprometimento imunológico origina-se através de doenças ou drogas, como a AIDS, o câncer, a desnutrição grave e terapias imunodepressoras além da idade. A imunossupressão afeta a função dos macrófagos na fase inflamatória, deixando a lesão predisposta às infecções.

Vascularização: Oxigenação e Perfusão Tissular( ESTUDAR)

Oxigenação e perfusão tissular são condições essenciais para a manutenção da integridade e sucesso da reparação tissular. A hipóxia reduz a proliferação e migração epitelial, reduz a síntese de colágeno, diminui a força tensil e aumenta a suscetibilidade à infecção.

Terapia Sistêmica

Quimioterapia( ESTUDAR)Inibe a proliferação celular e reduz a força tensil da cicatriz. Os efeitos

colaterais como vômitos pode prejudicar o estado nutricional.

RadioterapiaA radioterapia bloqueia a mitose celular, causando efeitos desde a deterioração vascular com fibrose e destruição parenquimatosa

Antiinflamatórios

O uso de antiinflamatórios retardam a fase inflamatória, diminuindo a neovascularização, a produção de colágeno e inibem a agregação plaquetária

Estado Nutricional

O estado nutricional é considerado um co-fator sistêmico importante no processo de cicatrização. A deficiência de qualquer nutriente pode prejudicar o processo de cicatrização. A cirurgia, queimaduras extensas e lesões traumáticas iniciam um estado de estresse fisiológico no corpo, causando efeitos de hipermetabolismo e hipercatabolismo. O estado hipermetabólico necessita uma ingesta maior de energia e de outros nutrientes. Estratégias de intervenção nutricional adequada, podem evitar uma posterior degeneração tecidual e acentuar o processo de cicatrização. Os objetivos da terapia nutricional são: fornecer as necessidades metabólicas, prevenir e/ou reverter a

desnutrição, promover a cicatrização de feridas, auxiliar a imunocompetência e diminuir o risco de infecção.Para suprir as necessidades de energia criadas pelo estado de estresse fisiológico, as reservas endógenas são rapidamente consumidas. O glicogênio e os lipídeos são utilizados rapidamente, os aminoácidos são liberados das proteínas corporais e usados para a glicogênese. A reparação da ferida é também dependente de suprimento contínuo de glicose. Geralmente, o aumento nas necessidades de energia e proteína é proporcional ao grau do trauma. A obesidade também constitui uma alteração no estado nutricional, podendo comprometer a cicatrização pela baixa vascularização do tecido adiposo.Os principais nutrientes necessários na manutenção dos tecidos e cicatrização são:CarboidratosGorduras/ Ácidos graxosProteínasAminoácidosVitaminas KVitaminas EVitaminas AVitaminas CMinerais

3.2.2 Fatores Locais

Infecção

Existem três estados microbiológicos possíveis em uma ferida: contaminação, colonização e infecção.A contaminação é caracterizada pela simples presença de microrganismos na ferida, porém, sem proliferação. Todas as feridas independente da etiologia, são contaminadas.A colonização caracteriza-se como presença e proliferação de microorganismos na ferida, sem, no entanto, provocar reação do hospedeiro. A colonização é um estado comum nas feridas crônicas, como úlceras venosas e de pressão, e não retarda necessariamente ao processo cicatricial.A infecção ocorre quando as bactérias invadem tecidos sadios e continuam a proliferar causando resposta imunológica do hospedeiro. A carga biológica e metabólica da bactéria retarda ou impede a restauração tecidual. A presença da infecção prolonga a fase inflamatória, leva à destruição tissular adicional, retarda a síntese de colágeno e impede a epitelização, pois o microorganismo compete com as células normais , no micro ambiente para a obtenção de oxigênio e nutrientes, além de liberar produtos tóxicos. O diagnóstico é feito constatando a presença de eritema, edema, endurecimento, fragilidade tissular, pus, aumento da temperatura local e sistêmica e dor.

Presença de corpos estranhos/necrose

A presença de corpos estranhos (suturas, resíduos de cobertura), tecido desvitalizado e necrótico, prejudica a cicatrização, por dificultar a migração

celular, epitelização e contração da ferida, predispondo também à colonização bacteriana e infecção. A fibrina que se forma no tecido em cicatrização quando em excesso age como corpo estranho. A necrose pode se apresentar sob a forma de uma crosta espessa, preta, marrom, cinzenta ou esbranquiçada.

Edema

O aumento de fluido no espaço intersticial pode ser caracterizada de acordo com sua distribuição e volume. O edema é muito comum na fase inflamatória. Quando exacerbado pode levar a isquemia e desnutrição tecidual.

Tensão de Oxigênio

A velocidade de cicatrização é diretamente dependente da disponibilidade de sangue e oxigênio para as células da ferida. A tensão de Oxigênio diminui no local da ferida devido a aporte sangüíneo insuficiente, inibindo a migração de fibroblastos e síntese de colágeno, predispondo às infecções.

4. PRINCÍPIOS GERAIS NO TRATAMENTO DE FERIDAS

Existem alguns princípios gerais no tratamento de feridas, para que o ambiente local da ferida seja considerado ideal e otimizar o processo de cicatrização.

4.1Tratar a infecção

A presença de infecção afeta o processo cicatricial. Os sinais clínicos da infecção são rubor, dor, tumefação local, calor e alteração na quantidade do exsudato na ferida. A antibioticoterapia sistêmica geralmente é iniciada após a confirmação da presença de infecção, com o agente etiológico identificado.

4.2 Limpar a ferida

As técnicas de limpeza da ferida que removem fisicamente as bactérias superficiais tem função preventiva. A Solução Fisiológica a 0,9% é um agente de limpeza eficaz quando é aplicado no local da ferida com a força adequada para remover as bactérias. A irrigação é um método eficaz de limpeza da ferida. Deve-se tomar precaução para não introduzir bactérias na ferida por técnica inadequada.

4.3Desbridar tecido desvitalizado/necrótico

A cicatrização é retardada ou impedida na presença de tecido desvitalizado. A limpeza e a preparação da ferida é essencial para reduzir o risco de infecção. O desbridamento é a remoção de tecido necrótico e desvitalizado de uma ferida. O desbridamento pode ser: cirúrgico, enzimático, autolítico e mecânico.O desbridamento cirúrgico é o mais efetivo, agressivo e mais rápido meio de remover grandes quantidades de tecido desvitalizado. Tecido saudável também pode ser rompido, e a dor associada com esse tipo de desbridamento requer

anestesia. O desbridamento cirúrgico deve ser usado com cautela para pacientes com o uso de anticoagulante e baixa contagem de plaquetas.No desbridamento enzimático inclui a aplicação de agentes tópicos ou enzimas. Realiza o desbridamento seletivo de tecido necrótico, pois as enzimas digerem o tecido desvitalizado e não lesam o tecido saudável.

desbridamento autolítico, certos curativos oclusivos facilitam os próprios processos autolíticos do organismo, resultando na autodigestão de tecido necrótico e liquefação de escaras por enzimas naturalmente presentes no fluido da ferida.O desbridamento mecânico é a limpeza da ferida por fricção, com a utilização de gaze. Este tipo de desbridamento não é seletivo e remove tanto tecido viável como não viável do leito da ferida.

4.4Proporcionar um ótimo meio para a cicatrização

A hidratação do tecido da ferida é uma condição importante para a viabilidade e proliferação tecidual. Os estudos histo-patológicos da cicatrização em meio úmido comparativamente á cicatrização em meio seco revelaram que o meio seco resulta em morte adicional tecido, denominado necrose por desidratação. Outros estudos sobre a cicatrização de feridas em meio úmido demonstraram que o líquido retido na superfície da ferida contém enzimas proteolíticas e fatores de crescimento que aceleram o processo de cicatrização.

4.5Aliviar a dor

A dor pode afetar a reabilitação e possivelmente a cicatrização. Alguns tipos de curativos podem reduzir a dor, porém outros podem causar dor no local da ferida.

4.6Prevenir complicações

Alguns itens são importantes na prevenção de complicações : Prevenção da desidratação e infecção na ferida Prevenção de reações alérgicas com a utilização dos produtos Prevenção de ruptura da pele Complicações gerais relacionada ao uso dos produtos

4.7Cuidados com a pele ao redor da ferida

Alguns problemas podem ocorrer na pele ao redor da ferida se não tomar alguns cuidados: trauma na pele, devido a remoção freqüente de adesivos, alergia à fita adesiva ou ao produto utilizado e desidratação e descamação da pele na utilização de bandagens.

4.8Mensuração da ferida

A medida feita com regularidade permite o monitoramento da velocidade da cicatrização.

Medida simples – o método é medir com o uso de uma régua esterilizada a ferida na região de maior comprimento e de maior largura, assim como sua profundidade; se houver tecido necrótico ou desvitalizado, o tamanho real da ferida só ficará evidente após a realização do desbridamento cirúrgico

Fotografias – a fotografia dá uma amostra da aparência d aferida e sugestões do seu tamanho

5. TÉCNICA DE CURATIVO

É a terapêutica utilizada em uma ferida para mantê-la limpa, protegida contra trauma e processos infecciosos, com o objetivo de favorecer a cicatrização, prevenir o aparecimento de infecção e promover conforto e higiene ao paciente.

5.1 Montagem e manutenção do carrinho de curativos

Carrinho de curativo ou bandeja de aço inoxidável Pacote de curativo com 4 ( quatro ) pinças : anatômica, dente de rato,

Kocher ou Pean e Kelly Almotolia com tampa com Clorexidina alcoólica a 0,5% ou PVPI Almotolia com tampa com Solução Fisiológica a 0,9 % Ampolas de vaselina líquida – para remoção de adesivos Adesivo de não tecido (micropore®) Fita adesiva (crepe) Luvas de procedimentos Luvas esterilizadas Ataduras de crepe Pacotes de gazes esterilizadas Saco plástico para desprezar material sujo Álcool a 70% no frasco - para a limpeza do carrinho de curativo

Materiais complementares para feridas com presença de exsudato, e para retirada de pontos.

Máscaras descartáveis Lâminas de bisturi Óculos para proteção Compressas esterilizadas Adesivo de tecido de algodão (esparadrapo) Aventais

Pacote de material para retirada de pontos (r.p.) Recipiente para material pérfuro-cortante

Prescrição de Enfermagem

5.2Técnica de Curativos

Ferida limpa e seca (1º Pós Operatório – incisões fechadas)

1 -.Lavar as mãos antes do procedimento 2 - Abrir o pacote de curativo com técnica asséptica3 - Com a mão embaixo do campo pegar uma das pinças pela ponta, elevando- a para que possa ser pega pelo cabo; com esta pinça pegar as outras pinças pela ponta e com a outra mão segurar pelo cabo e dispor sobre o campo de forma que fique 1/3 fora do campo dispostas da seguinte forma :- a Kocher ou Pean e a dente de rato de um lado ( a sua direita ), para retirar

e desprezar o curativo sujo, e as gazes e demais pinças do lado oposto4 - Pegar a pinça anatômica para a formação do “ bonequinho “ de gaze com o auxílio da pinça Kocher travando-o com esta última, enquanto a anatômica deve ser colocada no seu local de origem. Mantenha as pinças no ângulo de 90º em relação ao campo no momento em que estão sendo manipuladas.

5 - Pegar a ampola com removedor de adesivos com a mão esquerda, umedecendo a seguir a gaze presa na pinça Kocher, sempre tendo o cuidado de não encostar a ponta da ampola na gaze e não molhar a pinça; mantenha distante do recipiente de lixo.

6 - Pegar a pinça dente de rato para a retirada do adesivo, puxando uma das bordas ao mesmo tempo em que umedece a pele no ângulo da inserção com o adesivo: pressione a gaze contra a pele com o objetivo de facilitar o descolamento e evitar desconforto e dor.7 - Pegar a pinça anatômica com a mão esquerda, retire outra gaze do campo e coloque- a ao lado e, com a outra mão pegue a pinça Kelly, faça o”bonequinho”, com o auxílio da pinça anatômica.

8 - Pegar a almotolia com Solução Fisiológica a 0,9 % , com a mão esquerda, despreze o primeiro jato e umedeça a gaze.9 - Limpar a ferida sempre seguindo a regra do menos contaminado para o mais contaminado ( em feridas limpas, limpe de dentro para fora, e em feridas contaminadas de fora para dentro ), utilizando os dois lados da gaze e mantendo a limpeza sempre no sentido distal para o proximal, nunca em movimentos de vai e vem, que apenas desloca e não remove os microorganismos e secreções. 10 - Refazer o processo quantas vezes forem necessários11 - Utilizar gaze seca para retirar o excesso da solução.12 - Cobrir o curativo com gaze e adesivo, se necessário.

Observação :-Todos curativos de ferida limpa e fechada, que não apresentarem exsudato,

deverão ser mantidos abertos a partir do 2º pós operatório (48 horas ).

Feridas abertas ou fechadas que apresentam exsudato, tecido desvitalizado/ necrótico

01 - Repetir os passos descritos para ferida limpa e seca até o item 10.02 - Utilizar a modalidade de produto para curativo (descrita mais adiante) de

acordo com a avaliação de ferida

Retirada de pontos

01 - Repetir os passos citados acima até o item 10.A retirada de pontos cirúrgicos ou de procedimentos deverão ser avaliados pelo enfermeiro.02 - Após a retirada de pontos ,repita o procedimento com Clorexidina Alcoólica

a 0,5% ou PVPI03 - Utilizar gaze seca para retirar o excesso da solução.

Técnica de Curativos em Drenos

01 - Repetir os passos descritos para ferida limpa e seca até o item 10.02 - Iniciar a limpeza do sítio de inserção do dreno realizando movimentos

únicos de dentro para fora, ou seja, do orifício de entrada para os arredores, atingindo toda a área que circunda o sítio de inserção ( raio de 10 a 12cm ).

03 - Pegar a pinça anatômica para a formação do “ bonequinho “ de gaze com o auxílio da pinça Kelly travando-o com esta última, enquanto a anatômica deve ser colocada no seu local de origem. Mantenha as pinças no ângulo de 90º em relação ao campo no momento em que estão sendo manipuladas.

04- - Pegar a almotolia com Clorexidina Alcoólica a 0,5% com a mão esquerda, desprezando o primeiro jato da solução, umedecendo a seguir a gaze presa na pinça Kelly, sempre tendo o cuidado de não encostar a ponta da almotolia na gaze e não molhar a pinça; mantenha distante do recipiente de lixo.

05 - Iniciar a limpeza do sítio de inserção do dreno realizando movimentos únicos de dentro para fora, ou seja, do orifício de entrada para os arredores, atingindo toda a área que circunda o sítio de inserção ( raio de 10 a 12cm ).

06 - Após, proceder limpeza do dreno com Solução Fisiológica a 0,9%, também com movimentos únicos iniciando na porção proximal em direção a distal, atingindo de 5 a 8cm deste seguimento;

07 - Utilizar gaze seca para retirar o excesso da solução.08 - Cobrir com gaze e adesivo.

Realizar o curativo no orifício de dreno (pleural ou mediano) com Solução Fisiológica a 0,9% e AGE(oleosa), somente 24 horas após a retirada do dreno.

Técnica de Curativos em Cateteres Vasculares - Central

1. Lavar as mãos antes do procedimento ;2. Abrir o pacote de curativo com técnica asséptica3. Com a mão embaixo do campo pegar uma das pinças pela ponta, elevando-

a para que possa ser pega pelo cabo ; com esta pinça pegue as outras pinças pela ponta e com a outra mão segure pelo cabo e disponha sobre o campo de forma que fique 1/3 fora do campo dispostas da seguinte forma :

- a Kocher ou Pean e a dente de rato de um lado ( a sua direita ), para retirar e desprezar o curativo sujo, e as gazes e demais pinças do lado oposto

4. Pegar a pinça anatômica para a formação do “ bonequinho “ de gaze com o auxílio da pinça Kelly travando-o com esta última, enquanto a anatômica deve ser colocada no seu local de origem. Mantenha as pinças no ângulo de 90º em relação ao campo no momento em que estão sendo manipuladas.

5. Pegar a almotolia com Solução Fisiológica a 0,9% com a mão esquerda, desprezando o primeiro jato da solução, umedecendo a seguir a gaze presa na pinça Kelly, sempre tendo o cuidado de não encostar a ponta da almotolia na gaze e não molhar a pinça; mantenha distante do recipiente de lixo.

6. Iniciar a limpeza do sítio de inserção do cateter realizando movimentos únicos de dentro para fora, ou seja, do orifício de entrada para os arredores, atingindo toda a área que circunda o sítio de inserção ( raio de 10 a 12cm ).

7. Pegar a pinça anatômica para a formação do “ bonequinho “ de gaze com o auxílio da pinça Kelly travando-o com esta última, enquanto a anatômica deve ser colocada no seu local de origem. Mantenha as pinças no ângulo de 90º em relação ao campo no momento em que estão sendo manipuladas.

8. Pegar a almotolia com Clorexidina Alcoólica a 0,5% ou PVPI com a mão esquerda, desprezando o primeiro jato da solução, umedecendo a seguir a gaze presa na pinça Kelly, sempre tendo o cuidado de não encostar a ponta da almotolia na gaze e não molhar a pinça; mantenha distante do recipiente de lixo.

9. Iniciar a limpeza do sítio de inserção do cateter realizando movimentos únicos de dentro para fora, ou seja, do orifício de entrada para os arredores, atingindo toda a área que circunda o sítio de inserção ( raio de 10 a 12cm ).

10.Após, proceder a anti sepsia do cateter, também com movimentos únicos iniciando na porção proximal em direção a distal, atingindo de 5 a 8cm deste seguimento;

11. Utilizar gaze seca para retirar o excesso da solução.12. Cobrir com curativo transparente de acordo com os procedimentos

descritos adiante.Cobrir com gaze e adesivo na primeiras 24 horas após a inserção do cateter.

Ao término do curativo :

- Deixar o paciente confortável e o ambiente em ordem.- Lavar as mãos

- Limpar o carrinho de curativo ou bandeja com álcool a 70 %, fechar o saco de lixo e desprezar na Sala de Utilidades.

- Acondicionar as pinças em local adequado para encaminhamento posterior ao Centro de Material e Esterilização.

Anotação na Prescrição de Enfermagem

ANOTAR NA PRESCRIÇÃO DE ENFERMAGEM

Na Anotação de Enfermagem:

Data e hora do procedimento Local da ferida Aspecto da ferida Aspecto e quantidade do exsudato Soluções e modalidades utilizadas Intercorrências

Assinatura e Carimbo

5.3CRITÉRIOS PARA A REALIZAÇÃO DO CURATIVO

Lavar as mãos antes e após cada curativo Colocar todo o material na bandeja ou no carrinho de curativo e levar para o

quarto do paciente. Verificar a data de validade do pacote de curativo. Colocar o paciente em posição que facilite o curativo, mantendo a

privacidade e o conforto durante o procedimento. Orientar o paciente sobre o procedimento a ser realizado Avaliar a lesão antes de executar o curativo, com a finalidade de obter

informações básicas sobre o aspecto da ferida para realizar a seleção adequada das modalidades de produtos para curativos (descritas adiante).

Quando vários curativos forem realizados pela mesma pessoa, iniciar pelos curativos de incisões limpas e fechadas e a seguir para os curativos de feridas abertas e fístulas em geral.

A freqüência das trocas dos curativos de feridas contaminadas e abertas devem ser de acordo com a quantidade de secreção produzida ou eliminada no local e sempre que apresentar-se sujo, úmido ou solto.

Não tocar em nada além do instrumental sendo utilizado, quando estiver com a mão enluvada.

Não falar próximo a ferida e material esterilizado . Utilizar luvas de procedimento para retirar ataduras de crepe do paciente. Utilizar luvas esterilizadas em casos de sangramentos ou na presença de

grande quantidade de secreção. Realizar avaliação constante da ferida, trocar a modalidade se não observar

evolução em uma semana e não intercalar constantemente diferentes modalidades.

Utilizar óculos de proteção na presença de grande quantidade de exsudato ou sangramento.

Trocar o saco plástico de material sujo a cada paciente. Os drenos de sistema aberto devem ser protegidos durante o banho Os curativos com deiscência de sutura devem ser protegidos durante o

banho, quando os curativos não forem impermeáveis. Manter o curativo sempre seco. Não retirar o curativo durante o banho Não realizar curativos de incisões limpas e fechadas, após o 3ºdia de pós-

operatório. As almotolias ou frascos das soluções devem ser mantidas com tampa e

trocados a cada 7 dias. Em caso de pacientes em isolamento todo material de curativo

( almotolia, fita adesiva, soluções ) deve ser mantido na unidade do paciente e descartados após a alta.

Quando a ferida é limpa considerar sempre o centro mais limpo que as bordas, por ser mais protegido da contaminação externa.

As soluções e anti sépticos recomendados são:

Soluções:

Solução salina 0,9% - utilizada na limpeza da ferida , remoção das células mortas e solução de continuidade.

Vaselina ou glicerina líquida - utilizada na remoção de adesivos Clorexidina Alcoólica a 0,5% - formulação para anti sepsia da pele no

sítio de inserção de cateteres, drenos, fio de marca passo e na ferida operatória sem deiscência, porém com exsudação.

Obs: a Clorexidina Alcoólica a 0,5% não deverá ser utilizada em feridas abertas bem como nas mucosas.

5.4 Critérios para o curativo ideal (Turner,1960,Bryant,1992) Promover meio ótimo para cicatrização. Manter alta umidade no espaço entre ferida e curativo. Proteger contra infecção secundária. Fornecer isolamento térmico. Permitir trocas gasosas. Ser aceito pelo paciente. Ser fácil obtenção e de custo acessível.

Meio úmido no leito da feridaO meio úmido na ferida facilita a quimiotaxia (migração de células

epiteliais), estimula a ação macrofagocitária e consequentemente a liberação de fatores de crescimento. Outro benefício do meio úmido no tratamento das feridas é a sensível diminuição da dor, visto que as terminações nervosas envolvidas pelo gel hidratado não ressecam e tornam-se menos sensíveis.

Classificação dos Curativos Passivos – gazes Interativos – hidrocolóides, Hidrogel Bioativos – AGE, Carvão Ativado, Alginato de Cálcio, Colagenase, Papaína.

Limpeza da ferida Solução Fisiológica a 0,9%

Coberturas Devem promover a umidade local Devem permitir o oxigenação Não devem provocar pressão e aderência no leito da ferida

6. ALGUMAS MODALIDADES DE CURATIVOS

6.1 Curativo com Ácidos Graxos Essenciais (AGE ) – loção oleosa

Descrição

O curativo com Ácidos Graxos Essenciais tem sua origem nos óleos vegetais poliinsaturados, como grãos de milho, girassol, canola e linhaça. Na sua composição básica temos: ácido linoleico, ácido caprílico, ácido cáprico, ácido capróico, ácido láurico, lecitina de soja. vitamina A e vitamina E.

Modo de Ação

No tratamento da dermatite amoniacal o AGE forma uma barreira protetora da pele, impedindo sua maceração e importante ação nos processos de inflamação e proliferação celular.

Indicação

Prevenção de lesão de pele. Tratamento da dermatite amoniacal.

Cuidados a serem observados

Observar a presença de reação alérgica ao produto, suspendendo-o imediatamente.

6.2 Loção emoliente e hidratante com Ácidos Graxos Essenciais

Descrição

É uma loção hidratante e emoliente para pele seca em cuja fórmula

destacam – se os Ácidos Graxos Essenciais.

Modo de Ação

Os componentes da fórmula agem sinérgicamente, proporcionando resultados importantes na pele, desde a hidratação, proteção e prevenção de úlceras por pressão.

Modo de Utilização

Aplicar na pele de todo o corpo, após a higienização do paciente, e a cada mudança de decúbito.

Cuidados a serem observados

Não aplicar sobre lesões de pele: descamação com lesão epidérmica e feridas.

Não massagear sobre áreas isquêmicas, mas somente ao seu redor.

6.3 Curativo com Carvão Ativado e Prata

Descrição

É uma cobertura estéril, composto de carvão ativado puro impregnado com nitrato de prata. Consiste em 100% de carbono ativado produzido pela carbonização de um material de rayon de tecido de viscose. O tecido é selado dentro de um invólucro de não tecido poroso feito de fibras de nylon. O produto é fornecido em embalagens individuais e esterilizado por irradiação gama..

Modo de Ação

tecido de carvão ativado remove e retém as moléculas do exsudato e as bactérias, exercendo efeito de limpeza no leito da ferida e reduzindo odores desagradáveis. O exsudato da lesão é absorvido pelo curativo secundário.

A prata exerce função bactericida complementando a ação do carvão, o que estimula a granulação e a velocidade da cicatrização.

A capacidade de adsorção do carvão permite que o curativo permaneça mais tempo no ferimento reduzindo o número de trocas.

Indicação

É indicado para cobertura de feridas infectadas com presença de grande

quantidade de exsudato e com ou sem odor e ausência de tecido de

necrose.

Modo de Utilização

Remover tecido necrótico e/ou fibrótico; Limpar a ferida com Soro Fisiológico a 0,9%. Aplicar o curativo de carvão ativado sobre o local com técnica asséptica.

Cobrir com curativo secundário ( gaze ). Fixar com adesivo.

Cuidados a serem observados

curativo de carvão ativado nunca deve ser cortado. curativo de carvão ativado não precisa ser removido a cada troca do

curativo secundário. O curativo secundário deve ser trocado sempre que necessário (sujo, úmido ou solto ).

Não associar a outros produtos.

6.4 Curativo com Hidrocolóide

Descrição

O curativo hidrocolóide é constituído por duas camadas : externa : revestimento de espuma ou poliuretano , sendo flexível e

impermeável a água e outros agentes externos. interna : compostas por partículas absorventes elásticas de celulose natural,

englobada em uma substância elástica e auto–adesiva.As partículas de celulose se expandem eficazmente quando absorvem exsudato.O curativo hidrocolóide apresenta variedade de tamanho e apresentação, sendo embalados e esterilizados individualmente.

Modo de Ação

O curativo hidrocolóide promove no leito da ferida um meio ambiente úmido, ideal à migração de células epiteliais acelerando a cicatrização. Promove barreira protetora e o isolamento térmico.Quando absorve o exsudato da ferida, o curativo forma um gel amarelado, protegendo o tecido de granulação e as terminações nervosas.

Indicação

O curativo hidrocolóide é indicado para prevenção e tratamento de úlceras de pressão, úlceras de perna, queimaduras superficiais e áreas doadoras de enxerto de pele.

Modo de Utilização

Lavar a ferida com Solução Fisiológica a 0,9% e secar a área adjacente. Selecionar o tamanho apropriado da placa, deixando uma margem de 3 cm

maior que a ferida. Aplicar o curativo sobre a ferida.Observação: Pode ser trocado a cada 3 dias, desde que não haja sinais de vazamento de exsudato ou exsudato purulento. Passará da coloração amarelada para esbranquiçada.

Técnica para retirada do hidrocolóide

Pressionar a pele para baixo e com cuidado levantar uma das bordas da placa de hidrocolóide.

Continuar ao redor até desprender todas as bordas.

6.4 Pomadas Enzimáticas

6.4.1 Colagenase sem cloranfenicol

Descrição

A colagenase é uma preparação enzimática obtida a partir de filtrados de culturas de Clostridium histolyticum, que contém a clostridiopeptidase A como componente principal e outras peptidases formadas durante o processo de preparação.

Modo de Ação

A colagenase é utilizada como agente desbridante em lesões superficiais, promovendo a limpeza das áreas lesadas, retirando ou dissolvendo, enzimáticamente, necroses e crostas.

Indicação

Para limpeza enzimática de lesões superficiais, independente de sua origem e localização; em ulcerações e necrose- úlcera varicosa , úlceras de pressão; em lesões de difícil cura- lesões pós-operatórias.

Modo de Utilização

Fazer a limpeza da ferida com Solução Fisiológica a 0,9 %. Aplicar a colagenase de maneira uniforme na área lesada, com

espessura de 2 mm. Cobrir a lesão com gaze. Fixar com adesivo.

Cuidados a serem observados

O curativo deve ser trocado diariamente ou sempre que necessário. Reação alérgica aos componentes da fórmula. Ardência, dor, irritação,

eczema, rubor, e reações de hipersensibilidade ao cloranfenicol são passíveis de ocorrer com o uso do produto.

Não utilizar detergentes, sabão ou solução anti-séptica, já que esses produtos inativam a ação da colagenase.

Deve ser removido a cada troca de curativo, todo o material necrótico desprendido.

Não associar a outros produtos

6.5 Fibrinolisina

Descrição

Emoliente formado pela associação de fibrinolisina e desoxirribonuclease, enzimas líticas de origem bovina, contendo 1% de cloranfenicol.

Modo de Ação

Age sobre a fibrina de coágulos sangüíneos e exsudatos fibrinosos.

Indicação

Limpeza enzimática de lesões superficiais; Ulcerações e necrose formadas em úlceras varicosas, úlceras de

pressão, feridas infectadas.

Modo de Utilização

Fazer a limpeza da ferida com Soro Fisiológico a 0,9%; Aplicar a fibrinolisina de maneira uniforme, com espessura de 2mm; Cobrir a lesão com gaze seca; Fixar com fita adesiva.

Cuidados a serem observados

O curativo deverá ser trocado diariamente ou sempre que necessário. Reação alérgica aos componentes da fórmula, ardência, dor, irritação,

eczema, rubor, e reações de hipersensibilidade ao cloranfenicol são passíveis de ocorrer com o uso do produto.

Deve ser removido a cada troca de curativo, todo o material necrótico desprendido.

Não associar a outros produtos

6.6 Curativo de Alginato de Cálcio

Descrição

O curativo de alginato de cálcio é composto por fibras de não tecido provenientes de um polissacarídeo encontrado na parede celular e espaços intercelulares da alga marinha da espécie Laminari hyperbone, também conhecida como “alga marrom”. São curativos primários, absorventes, com apresentações em forma de placas e de fitas.

Mecanismo de ação

As fibras de alginato, em contato com o meio líquido alteram seu formato físico. Os íons de cálcio do curativo trocam de lugar com os íons de sódio da

exsudação. Essa troca iônica desencadeia uma reação que faz a fibra de alginato transformar-se em gel suave, fibroso, não aderente e altamente hidrofílico que mantém o meio úmido ideal para o desenvolvimento do processo cicatricial e trocas livres de trauma para os tecidos recém – formados, oferecendo também outros benefícios como o auxílio ao processo de hemostase e a indução de agregação plaquetária.

Indicação

Feridas altamente exsudativas limpas ou infectadas; Feridas com pequenos sangramentos, Feridas superficiais (placa) ou profundas (fita).

Podem ser utilizadas em: úlceras de pressão, úlceras arteriais, úlceras venosas, úlceras diabéticas, em áreas doadoras de enxertos, feridas traumáticas .

Modo de utilização

Desbridar o tecido desvitalizado; Limpar a ferida com Solução Fisiológica a 0,9%. Aplicar o curativo de Alginato de Cálcio no espaço da ferida Cobrir com curativo secundário. Fixar com adesivo.

Cuidados a serem observados

O curativo pode permanecer até 5 dias, desde que não apresente sinais clínicos ou laboratoriais de infecção.

Nos curativos infectados, a troca deve ser realizada pelo menos uma vez a cada 24 horas;

Trocar toda vez que ocorrer um transpassamento pelo curativo secundário. Nas feridas hemorrágicas trocar o curativo a cada 24hs; O curativo de Alginato de Cálcio pode ser cortado de acordo com o

tamanho da ferida. O curativo de Alginato de Cálcio não pode ser utilizado como esponja

cirúrgica, ou para controle de hemorragias abundantes.

6.7Curativo de Hidrogel Amorfo

Descrição

É um gel hidroativo incolor, amorfo, estéril e viscoso.

Composição

DuoDERM Gel® - Carboximetilcelulose Sódica, Pectina, Propilenoglicol e Água

Purioln Gel® - Água purificada, Carboximetilcelulose e Alginato Intrasite Gel® - Carboximetilcelulose Sódica, Propilenoglicol e Água SAF-GEL® - Carboximetilcelulose sódica e alginato de cálcio e sódio

Modo de Ação

O curativo com gel hidroativo promove a hidratação de áreas com necrose e tecido desvitalizado, favorecendo o desbridamento autolítico da ferida e estimulando a formação do tecido de granulação.

Indicação

O gel hidroativo é indicado para a hidratação de feridas secas com necrose e/ou fibrina auxiliando o desbridamento autolítico.

Modo de Utilização

Lavar a ferida com Solução Fisiológica 0,9% e secar a área adjacente. Aplicar uma camada de aproximadamente 2mm do gel hidroativo sobre toda

a lesão. Nas feridas com crosta fazer uma escarotomia para maior penetração. No

caso de ferida seca e profunda, preencher com o gel hidroativo, sem ultrapassar a margem da ferida.

Ocluir a ferida com cobertura secundária estéril.

6.8 Curativo de Hidrogel Placa

Descrição

Cobertura para ferimentos, estéril, composta por um gel de polivinilpirrolidona e água, sustentado por uma estrutura fibrosa e revestido nas partes interna e externa por um filme de polietileno que protege ambos os lados do curativo. Apresentado em embalagens individuais esterilizadas.

Modo de Ação

O curativo de Hidrogel proporciona um ambiente favorável à cicatrização: Reduz a desidratação da ferida e a formação de crosta, estimulando

uma epitelização mais rápida; É não aderente, o que preserva o tecido neo-formado, não

retardando o processo de cicatrização; Absorve exsudatos, prevenindo a maceração e a desidratação do

leito da ferida;

Atua como barreira bacteriana, protegendo contra contaminantes externos.

Indicação

Indicado para cobertura de feridas limpas abertas Lesões superficiais Úlceras por pressão estágio II Lacerações superficiais, cortes ou abrasões Queimaduras de 1º e 2º grau Áreas doadoras ou receptoras de enxertos

Modo de Utilização

Realizar a limpeza da lesão com Solução Fisiológica a 0,9%; Remover o filme protetor interno do curativo, o mais espesso, e aplique o

lado exposto diretamente sobre o leito da ferida; Fechar as bordas do curativo com micropore, deixando 3cm aderido

diretamente sobre a pele;

Cuidados a serem observados

Se for necessário cortar o curativo de Hidrogel, faça-o com tesoura estéril, antes de retirar o filme protetor

curativo pode permanecer na lesão por 72 horas, dependendo da quantidade de exsudato

Para retirar o curativo, levante as bordas e remova o excesso de gel com Solução Fisiológica a 0,9%

Se houver necessidade de utilizar várias camadas de curativo de Hidrogel para preencher uma lesão, remova além do filme protetor interno o filme protetor externo ( o mais fino ) de cada curativo, deixando o filme do último curativo

curativo de Hidrogel não é indicado para feridas de profundidade total, feridas infectadas e queimaduras de 3º grau

Cuidados a serem observados

Não é necessário curativo secundário. É impermeável à água não sendo necessária a sua remoção para o banho.

6.8 Filme transparente

DescriçãoO curativo transparente consiste de um filme delgado transparente, estéril, semi - permeável constituído por uma película de poliuretano e adesivo hipoalergênico, que adere à pele.

Modo de Ação

Permeabilidade seletiva – Permite a entrada de oxigênio e a saída de vapor úmido, essencial para a manutenção da função normal da pele sob o curativo.

Impermeável a fluidos e microorganismos – Atua como uma barreira protetora para pontos de inserção de cateteres vasculares contra agentes de contaminação externa tais como bactérias, sangue e líquidos corpóreos.

Transparente – Permite fácil monitorização das feridas e dos pontos de inserção de cateteres vasculares sem remover o curativo. A transparência proporciona completa visibilidade do local durante a aplicação.

Indicação

Fixação e proteção de cateteres vasculares

Modo de Utilização

Fixação de cateteres vasculares Escolher o tamanho de curativo que cobrirá o cateter, assegurando de que

uma margem de 2,5cm de curativo esteja aderida à pele. Fazer a limpeza do local da inserção do cateter com Clorexidina alcóolica a

0,5% ou PVPI; Secar o local com gaze; Posicionar o curativo sobre o local do cateter. Envolver totalmente a

conexão do cateter com o curativo, de modo a selar com segurança o acesso ao ponto de inserção

Técnica para a remoção do filme transparente Sustente a pele com uma das mãos ao remover o curativo transparente

com a outra mão. Estabilize o cateter para evitar deslocamento;

Para remover o curativo, levante uma de suas bordas e remova-o lentamente, soltando-o da pele num ângulo de 180 graus, na direção do crescimento do pêlo. Ou levante uma das bordas do curativo, segurando-a firmemente, e repuxe o curativo, esticando-o totalmente, paralelamente à pele;

Para facilitar a remoção do curativo pode ser usado vaselina líquida no adesivo exposto à medida que o curativo é removido.

Cuidados a serem observados

Não é indicado em : pontos de inserção de cateter com exsudato ou sinais de infecção; aplicação em cateteres arteriais;

O curativo deverá ser trocado se não estiver intacto. Um curativo intacto é aquele que foi corretamente aplicado e manteve uma boa aderência no mínimo ao redor de toda a periferia do curativo. Caso o curativo seja perfurado pelos pontos ou outros dispositivos deverá ser trocado;

O local da inserção do cateter deverá ser freqüentemente observada quanto a sinais de infecção, que pode ser indicada por febre, dor local, vermelhidão, inchaço ou presença de exsudato, o curativo transparente deverá ser removido;

Cuidados para não deslocar os cateteres ou outros dispositivos ao remover o curativo;

A pele ao redor deverá estar seca e livre de resíduos de detergentes para a boa aderência;

Não esticar o curativo durante a aplicação; Pode ocorrer trauma mecânico da pele caso o curativo seja aplicado com

tensão. Nas primeiras 24 horas após a inserção do cateter é realizado o curativo

com gaze e micropore.

O curativo transparente é indicado após 24 horas da inserção do cateter e na ausência de secreções.

6.9Curativo com Papaína

Descrição

A Papaína provém do látex do mamoeiro Carica Papaya (leite de mamão). É composta por enzimas proteolíticas e por peroxidases (papaína, quimiopapainas A e B e Papaya peptidase).

Modo de Ação

Atua como desbridante químico, provocando proteólise, ou seja, liqüefazendo todo o tecido necrótico e desvitalizado

Atua como antiinflamatório por ação direta em prostaglandinas Tem efeito bactericida e bacteriostática Estimula o desenvolvimento do tecido de granulação Produz uma cicatriz com menos propensão à formação de quelóides (por

alinhamento dos fibroblastos durante a síntese do tecido cicatricial) Estimula a força tensil das cicatrizes

Indicação

Indicada para o desbridamento de tecido desvitalizado e/ou necrótico, infectado ou não.

Apresentação

A papaína é apresentada: liofilizada (pó) de 2 gramas de cor branca, às vezes levemente amarelada,

com odor característico creme ou gel de 2% a 10%

Preparo da Solução de Papaína

É utilizada em concentrações diferentes, dependendo das características da lesão.

Utilizar recipiente de vidro (cálice esterilizado) ou de plástico (almotolia) para a diluição da papaína

Colocar Solução Fisiológica a 0,9% ou Água Destilada no recipiente Acrescentar no recipiente a quantidade de papaína necessária para a

concentração indicada, de acordo com os seguintes critérios: Para crianças a concentração da solução de papaína não deve exceder

a 2%, para todos os tipos de lesão; Na presença de tecido de granulação, a concentração da papaína não

deve exceder a 2%. Inicialmente lavar a ferida com jatos da solução de papaína e após manter gazes embebidas da mesma solução;

Em ferida exsudativa ou em necrose de liquefação, devemos lavar com jatos de solução de papaína diluída em 4% a 6% e após manter gazes embebidas desta solução;

Em feridas que apresentem necrose de coagulação, para facilitar a penetração do produto, devemos efetuar primeiramente a escarotomia. Sendo a diluição indicada de 8% a 10%, aplicando-se gazes embebidas nessa solução e deixando-as sobre a ferida por um período de 10 a 15 minutos. Após lavar a lesão com solução de papaína a 8%.

Diluição da solução de papaína:

1grama – 100ml – 1% 1grama - 50ml - 2% 2 gramas - 50ml - 4% 3 gramas - 50ml - 6% 4 gramas - 50ml - 8% 5 gramas - 50ml - 10%

Modo de Utilização

Lavar a lesão com Solução Fisiológica a 0,9% Remover todo o tecido desvitalizado Colocar cobertura secundária (gazes) e adesivo Trocar o curativo 2 a 3 vezes ao dia de acordo com as características da

lesão.

Cuidados a serem observados

Após a sua preparação, a solução de papaína deverá ser utilizada no menor espaço de tempo possível, pois uma vez diluída a enzima perde a sua estabilidade

Após diluída a solução de papaína não deve ser exposta à luz A solução de papaína não deverá ser armazenada Diminuir a concentração da solução de papaína ou suspender, se o

paciente apresentar dor no local da lesão, após a utilização da solução

Restrições ao uso

Não utilizar em cavidades profundas ( torácicas e abdominais).6.10 Aloe veraModo de AçãoEmoliente e auxilia no processo de cicatrização, sendo regenadora de tecidos; antiinflamatório e antibactericida.

IndicaçãoLesões de pele secundárias à queimaduras térmicas ou químicas (1º, 2º e 3ºgraus, desde que não infectado) físicas (radioterapia). Também utilizada em alguns casos de celulite, erisipela, seborréia, psoríase, eczema.

ApresentaçãoCreme ou gel a 25% em embalagem de 30g e 250g.

7. OXIGENOTERAPIA HIPERBÁRICA

A Oxigenoterapia Hiperbárica é uma modalidade terapêutica que consiste na administração de oxigênio a 100% como recurso de tratamento. A aplicação é feita em câmaras especiais, individuais ou para vários pacientes.

A Medicina Hiperbárica é reconhecida pelo Conselho Federal

De Medicina e regulamentada pela Sociedade Brasileira de Medicina

Hiperbárica. Este órgão é associado à Undersea and Hyperbaric Medical

Society, órgão internacional sediado nos EUA, que orienta seus afiliados

quanto às questões éticas e técnicas desta especialidade.

A Oxigenoterapia Hiperbárica é uma técnica que extrai os benefícios da exposição ao oxigênio concentrado a 100% a uma pressão 2 ou 3 vezes maior que a pressão atmosférica normal. Esta terapêutica proporciona resultados satisfatórios, principalmente nos casos de má cicatrização e de certas infecções. Isto se dá devido à saturação de 100% da hemoglobina, além de um aumento significativo na quantidade de oxigênio livre, isto é, dissociado da hemoglobina e dissolvido no plasma. Assim obtêm-se níveis elevados de oxigênio no plasma (até 2000 mmHg), que conseguem atingir profundamente todos os tecidos do organismo.

As câmaras hiperbáricas são equipamentos resistentes a pressão, podendo ser do tipo multiplace (de maior porte comportando simultaneamente várias pessoas) com a utilização de máscaras ou capuzes especiais ou monoplace (permitindo a acomodação de apenas uma pessoa). As câmaras monoplace são pressurizadas diretamente com oxigênio, não havendo necessidade de dispositivos especiais para a inalação deste gás. Este compartimento é selado, geralmente de formato cilíndrico horizontal. Estas câmaras possibilitam o contato visual com o paciente, através de sua estrutura de acrílico transparente; isto reduz a ocorrência de sintomas de claustrofobia.

No tratamento hiperbárico conduzido em câmaras multipacientes, o médico hiperbárico monitora ao pacientes no interior do equipamento durante toda a sessão, tanto nos procedimentos de rotina quanto nas emergências. Para a segurança e o conforto do paciente, as câmaras hiperbáricas possuem um sistema de rádio que possibilita a comunicação coma equipe de OHB.

A administração de oxigênio hiperbárico se faz por meio de aplicações diárias, sendo necessário, em média a administração de 25 sessões, com duração média de 90 minutos cada uma.

As indicações da terapia hiperbárica, propostas pela Sociedade Brasileira de Medicina Hiperbárica são:1. Enxertos e retalhos cutâneos comprometidos: são os recursos de cirurgia

plástica reparadora utilizados para reconstituir feridas extensas e profundas, fazendo uso de pele ou músculo retirados do próprio paciente. Nos casos de circulação sangüínea comprometida e conseqüente falta de oxigenação da pele ou do músculo transplantado, a Oxigenoterapia Hiperbárica atua evitando a necrose da região;

2. Feridas de difícil cicatrização: são, por exemplo, as lesões resultantes de imobilização prolongada na cama, geralmente notadas nas nádegas e nos calcanhares, e aquelas comuns nos portadores de diabetes, feridas estas que com freqüência levam à amputação do membro atingido. Geralmente decorrem de deficiência na circulação sangüínea, o que prejudica a oxigenação local, e/ou de uma infecção bacteriana;

3. Lesões actíneas: notam-se em pacientes com câncer que se submetem a tratamento radioterápico; podem ocorrer na pele ou em vísceras ocas, como a bexiga e o intestino grosso, ou no tecido ósseo, sendo denominada osteorradionecrose;

4. Lesões por esmagamento e síndrome compartimental: tais feridas se caracterizam por danos em vasos sangüíneos de maior calibre e inchaço acentuado no membro atingido, o que provoca dificuldades sérias na circulação sangüínea. Geralmente resultam de esmagamentos traumáticos de braços e pernas;

Quanto às infecções relacionam-se:

1. Abscesso cerebral: é o acúmulo de pus no cérebro, com necessidade de tratamento intensivo e abrangente;

2. Infecções necrotizantes de partes moles: atingem a epiderme, a camada de gordura subjacente e, às vezes, os músculos vizinhos. Estas enfermidades podem tanto progredir lentamente quanto se agravarem com rapidez, levando até à amputação do membro afetado;

3. Osteomielite crônica refratária: é a infecção crônica de ossos, que não se cura por meio de tratamento convencional (antibioticoterapia associada a cirurgias para raspagem do osso afetado).

Para a eficácia da aplicação da Oxigenoterapia Hiperbárica no tratamento de feridas , além das sessões diárias de OHB são necessárias a realização adequada de curativos, desbridamento de material necrótico/desvitalizado e em casos de infecção a administração de antibioticoterapia específica.

Alguns produtos de curativos derivados de hidrocarbonetos e de petróleo podem causar combustão na presença de níveis elevados de oxigênio. Para os pacientes submetidos à OHB é necessária a realização do curativo da ferida com a utilização somente de Solução Fisiológica a 0,9% antes de sua aplicação. E devido à hipersecreção na ferida após a sessão de OHB é necessária realizar novamente o curativo utilizando a modalidade de curativo indicado.

8. PREVENÇÃO E TRATAMENTO DE ÚLCERAS DE PRESSÃO

Conceito

As úlceras de pressão são áreas infartadas na pele provocada pela interrupção do fornecimento de sangue para o local. Isso ocorre devido a pressão exercida contra os tecidos cutâneos e subcutâneos pelas proeminências ósseas e uma superfície externa por tempo prolongado.

Etiologia das úlceras de pressão

Dividem-se em :

Fatores extrínsecos ao paciente ( ambientais ) pressão

É o fator mais comum no desenvolvimento de úlceras de pressão; quando o tecido mole do corpo é comprimido por tempo prolongado entre uma saliência óssea e uma superfície dura provocando pressões maiores do que as pressões capilares, ocorre a anoxia tecidual ou isquemia. A pressão capilar normal é considerada na margem de 40 mmHg .

Quando ocorre pressão maior que 25 mmHg nos capilares, diminui a tensão local de oxigênio para menos de 30 mmHg, o que provoca os primeiros sinais de lesão isquêmica. Quando a pressão é aliviada, surge uma região vermelha sobre a saliência óssea. Isso se chama hiperemia reativa, e é conseqüência de um aumento temporário do fornecimento sangüíneo para a região, onde são removidos detritos, e trazendo oxigênio e nutrientes. É considerada uma resposta normal do organismo. Se a pressão não for aliviada, haverá a necrose do tecido.

força de cisalhamentoPodem danificar os tecidos e, consequentemente lesar os

vasos sangüíneos.

fricçãoA fricção ocorre quando duas superfícies entram em atrito.

A causa mais comum é quando o paciente é arrastado no leito. Isso faz com que as camadas superiores das células epiteliais sejam retiradas. A umidade exacerba o efeito da fricção.

Fatores intrínsecos ao paciente ( locais e sistêmicos )

idade A medida que as pessoas vão envelhecendo, a pele fica mais

fina e menos elástica. Apresentam vulnerabilidade ao trauma, diminuição da resposta imunológica, diminuição da síntese de colágeno, alterações dos melanócitos da pele e diminuição do lipídio epidérmico. Ocorre também diminuição do estado nutricional devido a sinais de debilidade que vai afetar a capacidade do paciente de manter os padrões de alimentação.

estado nutricional O estado nutricional inadequado prejudica a elasticidade da pele. A desnutrição está associado à depressão dos mecanismos de defesa imunológica, o que aumenta o risco de infecções. Quando ocorre a carência protéica, segue-se o balanço nitrogenado negativo, predispondo ao edema. A presença de edema diminui a elasticidade, a resistência e a vitalidade da pele, aumentando a suscetibilidade para essas lesões.

peso corporal Todo desvio substancial do ideal pode aumentar o risco de

úlcera de pressão. O paciente magro, com redução do tecido subcutâneo e da massa muscular, apresenta pequeno acolchoamento entre a pele e o osso adjacente, aumentando a suscetibilidade do efeito da pressão. O paciente obeso, pelo maior peso está sujeito à força de compressão, são difíceis de deslocar sofrendo efeito de fricção por técnicas de levantamento incorreto.

umidade A incontinência urinária contribui para a maceração da pele,

consequentemente aumenta o risco de fricção. Pode ocorrer também vazamentos dos curativos e do sistema de drenagem.

mobilidade reduzida A mobilidade reduzida pode afetar a capacidade de aliviar a

pressão. Também predispõe ao cisalhamento e a fricção . Podem ocorrer em casos de : pós operatório imediato devido aos efeitos do anestésico, da dor, das infusões e drenos; nas alterações neurológicas como AVC, paraplegias, diabetes e em casos de perda de sensibilidade, quando o paciente não percebe a necessidade de aliviar a pressão, mesmo podendo fazê-lo. Existem outros fatores como, pele sensível, infecção, febre, e

fatores vasculares.

Localização mais freqüente das úlceras de pressão

sacral

calcâneos trocânteres glúteo

Prevenção das úlceras de pressão

Avaliação de Risco

Os pacientes devem ser avaliados através de indicadores de risco, para identificar aqueles mais susceptíveis. É necessário realizar avaliações diárias para identificar mudanças no estado que possa alterar o grau de risco.

A Agency for Health Care Policy and Research dos EUA, recomenda a utilização da Escala de Braden para avaliar os fatores de risco. São avaliados as condições física, mental, atividade, mobilidade, incontinência, estado nutricional, fricção e cisalhamento.

Cuidados com a Pele

inspecionar a pele diariamente individualizar a freqüência da higienização umidificar a pele com cremes hidratante cada mudança de

decúbito observar e tratar incontinência, com o uso de fraldas e

coletores manutenção de boa qualidade de higiene manter o paciente em decúbito de 30 graus, se não houver

restrições, para redistribuição do peso corporal rotina de mudança de decúbito de 2/2h – evitar tensões

musculares e posições viciosas mantendo o alinhamento corporal e registrar o horário do último posicionamento

colocar o paciente em poltronas – por períodos de 1h , considerando o conforto, a postura, distribuição do peso corporal, estabilidade e alívio de pressão

Medidas de Suporte

usar travesseiros, espumas e lençóis para proteger áreas de contato- joelhos

sempre utilizar protetores em áreas de saliência óssea utilizar colchão de espuma piramidal (caixa de ovo)- reduzem a

pressão redistribuindo o peso do paciente de maneira mais uniforme e reduzindo a pressão em saliências ósseas; esse colchão é de espuma de poliuretano, dotado de células abertas para uma boa aeração , impedindo o aquecimento corporal, possui uma face lisa que pode ser superposta a qualquer tipo de colchão, e a outra face é formada por um conjunto de cones de 4 cm de altura

Classificação e Tratamento de Úlceras de Pressão

Segundo a classificação estabelecida pela National Pressure Ulcer Advisory Panel – NPUAP, as úlceras de pressão são classificadas em 4 estágios:

Estágio I epiderme e derme permanecem íntegras presença de mácula eritematosa – vermelho escura perda discreta da sensibilidade edema discreto hiperemia que não regride após remoção da pressãoTratamento manter o paciente em decúbito de 30 graus escala de mudança de decúbito de 2/2h, evitando pressão na

área hiperemiada realizar avaliação de risco utilizar medidas mecânicas como colchão piramidal, travesseiros,

coxim de espuma avaliação diária da área hiperemiada fazer uso de loção emoliente com AGE ou loção oleosa de AGE,

não massagear áreas hiperemiadas utilizar curativo de hidrocolóide ou hidrocolóide com disco de

espuma

Estágio II derme e epiderme rompidas apresentam ulcerações que se estendem-se até o subcutâneo,

não estando este ainda lesado presença de flictemas –não perfurar, pois o meio úmido

favorece a cicatrização, diminui a dor e o risco de infecçãoTratamento manter o paciente em decúbito de 30 graus escala de mudança de decúbito de 2/2h, evitando pressão na

área lesada realizar avaliação de risco utilizar medidas mecânicas como colchão piramidal,

travesseiros, coxim de espuma avaliação diária da lesão limpar a lesão com soro fisiológico e aplicar a loção oleosa de

AGEse rompidas os flictemas , limpar a lesão com soro fisiológico aplicar o AGE ou curativo de hidrocolóide

Estágio III a derme e a epiderme são atingidas na sua totalidade,

causando lesão do tecido subcutâneo pode haver a presença de infecção local, exsudato e tecido

necrótico a fascia muscular não foi atingida

Tratamento manter o paciente em decúbito de 30 graus escala de mudança de decúbito de 2/2h, evitando pressão na

área lesada realizar avaliação de risco utilizar medidas mecânicas como colchão piramidal,

travesseiros, coxim de espuma avaliação diária da lesão após desbridamento do tecido necrótico, se permanecer

pontos de necrose limpar a lesão com soro fisiológico e aplicar colagenase ou papaína

após desbridamento do tecido necrótico, se não apresentar pontos de necrose fazer a limpeza com solução fisiológica a 0,9% e aplicar loção oleosa de AGE; se houver presença de exsudato purulento, fazer o curativo com carvão ativado ou alginato de Ca.

Estágio IV a úlcera atinge a fascia muscular e pode estender-se até o

osso presença de infecção no local - secreção purulenta presença de tecido necróticoTratamento manter o paciente em decúbito de 30 graus escala de mudança de decúbito de 2/2h, evitando pressão na

área lesada realizar avaliação de risco utilizar medidas mecânicas como colchão piramidal,

travesseiros, coxim de espuma avaliação diária da lesão após desbridamento do tecido necrótico, se permanecer

pontos de necrose limpar a lesão com soro fisiológico e aplicar colagenase ou papaína

após desbridamento do tecido necrótico, se não apresentar pontos de necrose fazer a limpeza com soro fisiológico e aplicar loção oleosa de AGE

em lesões profundas com grande quantidade de secreção purulenta e ausência de tecido necrótico , limpar a lesão com solução fisiológica e utilizar o curativo de carvão ativado e prata ou curativo com alginato de Ca.

Educação

Implantar programa educacional de prevenção de úlceras de pressão Orientação domiciliar aos pacientes e familiares quanto a prevenção e

tratamento de úlceras de pressão no momento da alta hospitalar

Considerações Finais

As úlceras de pressão adquiridas no hospital aumentam o tempo de internação do paciente, atrasam sua recuperação e aumentam o risco para desenvolvimento de complicações, além de provocar dor, sofrimento e diminuir a sua auto imagem.

A prevenção e tratamento das úlceras de pressão são da responsabilidade do enfermeiro.

Escala de BRADEN - Avaliação de Risco

Percepção sensorial – capacidade de responder de modo significativo ao desconforto relacionado com a pressão1. Completamente limitado: não responde(não geme, reage. ou aperta)

a estímulos dolorosos, devido ao nível diminuído de consciência ou sedação ou capacidade limitada para sentir dor na maioria da superfície corporal.

2. Muito limitado: responde somente a estímulos dolorosos. Não pode comunicar o desconforto exceto por gemido ou inquietação ou tem uma limitação sensorial que limita a capacidade para sentir dor ou desconforto sobre a metade do corpo.

3. Ligeiramente limitado: responde a comandos verbais, mas nem sempre pode comunicar o desconforto ou necessidade de ser movimentado ou tem alguma limitação sensorial que limita a capacidade para sentir dor ou desconforto em uma ou duas extremidades.

4. Sem limitação: responde a comandos verbais. Não tem déficit sensorial que limita a capacidade para sentir ou verbalizar dor ou desconforto.

Umidade – grau com que a pele é exposta a umidade1. Constantemente úmida: a pele é mantida quase constantemente

úmida pela perspiração, urina, etc. A umidade é detectada cada vez que o paciente é movimentado.

2. Muito úmido: a pele freqüentemente, porém nem sempre úmida. A roupa deve ser trocada pelo menos uma vez por turno.

3. Ocasionalmente úmido: a pele está ocasionalmente úmida requerendo uma troca de roupa, aproximadamente uma vez ao dia.

4. Raramente úmida: a pele está usualmente seca, a roupa requer troca a intervalo de rotina.

Atividade – grau de atividade física1. Acamado: confinado ao leito.2. Em cadeira: capacidade para andar severamente limitada ou não

existente. Não pode suportar o próprio peso e / ou deve ser assistido na cadeira ou cadeira de rodas.

3. Anda ocasionalmente: anda ocasionalmente durante o dia mas por distância muito curtas, com ou sem assistência. Passa a maior parte de cada turno na cama ou cadeira.

4. Anda freqüentemente: anda fora do quarto pelo menos duas vezes ao dia e dentro do quarto pelo menos uma vez a cada duas horas e durante o período em que está acordado.

Mobilidade – capacidade para mudar e controlar a posição do corpo1. Completamente imóvel: não faz nem ligeira mudança na posição do

corpo ou extremidades sem assistência.2. Muito limitado: faz mudanças ligeiras e ocasionais na posição do

corpo ou extremidades, mas incapaz de fazer independentemente mudanças freqüentes ou significativas.

3. Ligeiramente limitado: faz freqüentes ainda que ligeiras mudanças na posição do corpo ou extremidades independentemente.

4. Sem limitações: faz mudanças maiores e freqüentes na posição sem assistência.

Nutrição – padrão usual de ingestão de alimento1. Muito mal: nunca faz uma refeição completa; raramente come mais

do que 1/3 de qualquer alimento oferecido; come duas porções ou menos de proteína por dia(carne ou produtos laticínios); toma pouco líquidos; não toma suprimento dietético líquido ou está em dieta por sonda e / ou mantido em soro por mais de cinco dias.

2. Provavelmente inadequado: raramente come uma refeição completa e geralmente come somente metade de qualquer alimento oferecido; a ingestão de proteínas inclui apenas três porções de carnes ou laticínios por dia; ocasionalmente tomará suprimento dietético ou recebe quantidade menor de dita líquida ou alimentação por sonda.

3. Adequado: come mais da metade da maioria das refeições; come um total de 4 porções de proteínas por dia; ocasionalmente recusa uma refeição, mas usualmente toma um suplemento se oferecido ou está em dieta por sonda ou NPP que provavelmente atende a maioria das necessidades nutricionais.

4. Excelente: come a maior parte de cada refeição; nunca recusa uma refeição; usualmente come um total de 4 ou mais porções de carne e laticínios; ocasionalmente come entre as refeições; não requer suplementação.

Fricção “SHEAR”1. Problema: requer assistência moderada para máxima na

movimentação; elevação completa sem deslizar contra lençóis é impossível; freqüentemente escorrega para baixo na cadeira ou cama, requerendo reposicionamento freqüente com assistência máxima; contraturas ou agitação leva a fricção quase constante.

2. Problema potencial: movimenta-se fracamente ou requer assistência mínima; durante um movimento a pele provavelmente escorrega em alguma extensão contra lençóis, cadeiras, restrições ou outros dispositivos; mantém relativamente boa posição na cadeira ou cama na maior parte do tempo, mas ocasionalmente escorrega para baixo.

3. Sem problema aparente: movimenta-se independentemente na cama e na cadeira e tem força muscular suficiente para erguer completamente durante o movimento; mantém boa posição no leito ou cadeira durante todo o tempo.

A nota máxima é 23 pontos. A nota de corte é 16. Abaixo de 16 o paciente possui grau maior de risco.

9. FERIDAS PATOLÓGICAS MAIS COMUNS

9.1 Úlcera Venosa

Associada à insuficiência venosa crônica, incompetência valvar, hipertensão venosa, trombose venosa profunda e disfunção da bomba muscular da panturrilha da perna.

Os músculos da panturrilha exercem contração a fim de impulsionar o sangue dos MMII para o coração; as vavulas venosas se fecham evitando fluxo retrogrado.

Numerosas desordens levam a incompetência valvular e ao comprometimento da contração dos músculos da panturrilha, contribuindo para que o sangue ( que deveria estar retornando ao coração ) fique acumulado na circulação dos MMII.

O acúmulo de sangue nas veias dos membros inferiores torna a circulação mais lenta ( estase venosa ou insuficiência venosa crônica) causando danos:

Veias varicosas ( superficiais ou profundas) – são veias tortuosas e dilatadas devido á congestão sanguínea.

As veias estando dilatadas devido ao congestionamento sanguíneo, se tornam mais finas, permeáveis; permitindo o extravasamento de plasma e soro sanguíneo, levando ao edema de MMII.

Uma pigmentação acastanhada ou avermelhada pode ser observada na extremidade do membro inferior; e resulta também do congestionamento de sangue , que permite o extravasamento de células vermelhas do sangue para a pele. Tal pigmento é chamado de hemossiderina ( rico em ferro)

O eczema é uma condição muito comum que pode ser o aspecto de eritema escamoso com prurido e exsudato ocasional, que se desenvolve em resposta ao ressecamento crônico causado pela falta de oxigênio e nutrientes.

As úlceras podem surgir a partir de traumas ( mecânicos, químicos, térmicos ou decorrentes de prurido).

9.2 Úlcera Arterial

Causada pela perfusão arterial insuficiente, que consequentemente leva á má perfusão dos tecidos e a morte celular.

A insuficiência arterial na maioria das vezes é causada pela doença vascular periférica; que resulta de doenças sistêmicas crônicas.

Vários fatores genéticos e ambientais contribuem para a doença vascular periférica:

Tabagismo – reduz o fluxo sanguíneo para as extremidades e contribui para o aparecimento de arterosclerose,

Diabetes mellitus – ao longo dos anos danifica artérias, comprometendo a circulação.

Hiperlipidemia – favorece o acúmulo de placas de gorduras na parede das artérias, comprometendo a circulação,

Hipertensão arterial – acelera a aterogenese e aumenta a incidência de doença do coração e acidente vascular cerebral.

A valiação dos pulsos periféricos ( femural, poplíteo, tibial posterior e dorsal do pé ), da temperatura e da coloração das extremidades pode revelar sinais de comprometimento na perfusão sanguínea.

O trauma é o evento de maior freqüência para desencadear as úlceras artérias dos MMII. Quando este ocorre, mesmo que seja pequeno, uma resposta inflamatória é iniciada; sendo necessário um suprimento sanguíneo adequado, caso contrário ocorrerá hipóxia e morte tecidual.

10. ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE OSTOMIZADO

1. Quem é ostomizado ?

Todo indivíduo que, devido determinada doença ou ferimento no aparelho digestivo ou urinário, necessita de uma cirurgia onde será feita uma abertura artificial no organismo ( abdome ).Através dessa abertura (ostoma), acontecerá a saída das eliminações naturais do organismo.Ostoma ou estoma – qualquer abertura cirúrgica de uma víscera oca ao meio externo, direta ou indiretamente. O nome do estoma é dado pela víscera em questão.

2. Tipos de ostomia:

2.1 – Ileostomia – quando a parte final do interior do intestino delgado é exteriorizada no abdome.

2.2 - Colostomia – exteriorização de uma parte do intestino grosso.2.3 – Urostomia – exteriorização de uma parte do sistema urinário.

Quanto a duração ela ser temporária ou permanente.

3. Causas

Existem vários motivos que levam uma pessoa a precisar de uma ostomia.

3.1 – Traumatismos – Ferimentos por arma de fogo,arma branca,acidentes automobilísticos.

3.2 - Doenças Inflamatórias: Tais como a doença de Crhon ( inflamação do íleo ou cólon ,produz granulação e fibrose – estreita a luz do intestino-obstrução) e reto colite ulcerativa, que geralmente levam a uma ileostomia.

3.3 – Má formação congênita do intestino ou sistema urinário. (deve ser corrigido logo após o nascimento ou na primeira infância)3.4 - Doenças Hereditárias3.5 – Câncer de intestino grosso ou de bexiga3.6 – Doenças Agudas: obstrução intestinal, volvo e divertículos de intestino grosso.

A maior incidência de ostomizado está na faixa etária de 20 a 59 anos, que é considerada faixa produtiva de trabalho.

4. Quanto a Ileostomia

O ostoma é localizado do lado direto do abdome, pouco abaixo da linha da cintura.

O diâmetro do ostoma varia de 2,5 a 4 cm, e o formato varia de acordo com o tipo de cirurgia.

A coloração do ostoma varia entre rosado e vermelho, brilhante. Características semelhante a mucosa oral.

As fezes, geralmente são líquidas ou semi-líquidas, de odor ligeiramente ácido.

O ostoma é umedecido por muco e há também liberação de enzimas juntos com as fezes que podem causar dermatites.

Poderá haver diminuição do volume urinário, pois maior quantidade de água do organismo está sendo perdida nas fezes.

A ileostomia é incontinente, ou seja, o conteúdo do íleo é geralmente líquido e não há controle esfincteriano.

5. Quanto a Colostomia à Direita

Ocorre geralmente quando o cólon ascendente ou transverso é exteriorizado.

Cerca de 2 cm do intestino são exteriorizados para a que as fezes caiam diretamente na bolsa, sem contato com a pele.

As fezes são geralmente pastosas, o odor depende da alimentação e da ação das bactérias nos alimentos.

Há produção de muco pelo intestino, que é eliminado pelo ostoma podendo provocar dermatites.

Também é incontinente.

6. Quanto à colostomia à Esquerda

A parte do intestino a ser exteriorizada pode ser o cólon transverso ou descendente.

Se a exteriorização for do cólon transverso, a ostomia possuirá as mesmas características descritas para as colostomias à direita, embora se localize à esquerda.

Se a exteriorização for do cólon descendente ou do sigmóide, as fezes são, geralmente menos prejudiciais à pele; devido a uma menor quantidade de enzimas que a irritam.

As fezes são pastosas ou semi-sólidas, e as eliminações geralmente acontecem em períodos regulares do dia (principalmente após grandes refeições).

A pessoa colostomizada à esquerda pode usufruir de um treinamento específico, para que a eliminação das fezes ocorra somente uma vez ao

dia. Esse treinamento é chamado de IRRIGAÇÃO (uma alternativa para a eliminação das fezes em horário pré-estabelecido)

7. Quanto à Urostomia

A localização da urostomia dependerá da parte do aparelho urinário que foi removida na cirurgia. Geralmente, é do lado direito e o ostoma é de pequeno diâmetro.

É importante saber que haverá gotejamento constante de urina; o odor é característico.

É aconselhável que a ingestão de líquidos seja abundante, para impedir que a urina torne-se concentrada, ocasionando complicações.

A bolsa utilizada deve ser drenável e poderá ser adaptada a um conector (extensão) para drenagem noturna.

8. Demarcação do Local do Ostoma

Porque razão se deve selecionar o local?Por que é um direito adquirido em lei de 1986, e além disso porque

deve levar em consideração alguns fatores que facilita o auto-cuidado.Quando realizar a demarcação?

No pré-operatórioQuem realiza a demarcação?

Enfermeira estoma terapeuta ou enfermeira da unidade, em conjunto com o cirurgião e com a participação do paciente.

9. Fatores considerados na seleção do local:

- Localização do músculo retro-abdominal.- Manutenção de uma área adesiva suficiente para fixação da bolsa- Manutenção de uma distância adequada da incisão cirúrgica. (+ ou - 5 cm da incisão cirúrgica)- Observar se há cicatrizes anteriores.- Avaliar abdome quanto a presença de pregas ( pacientes obesos). O paciente precisa ver o ostoma para se cuidar.- Uso de cadeira de rodas (marcar com o paciente sentado).-Paciente com dois ostoma. O ideal seria um ostoma de cada lado; cuidado para que uma bolsa não interfira na fixação da outra.10. Considerações Psicossociais

Como conviver coma ostomia?

O ostomizado atravessa várias fases:ChoqueDescrença na vidaNegaçãoRejeição Raiva Restauração ( depende do trabalho da equipe)

Todas estas fases estão relacionadas a imagem corporal, que é mudada quando somos submetidos a uma ostomia.

A imagem corporal é a idéia que a pessoa tem de seu próprio corpo, e vai se formando ao longo de nossa vida.

As modificações experimentadas pelos ostomizado de ambos os sexos estão relacionados à sua capacidade de retornar ao trabalho e a vida social, e de ter confiança e independência para manejar seu próprio ostoma.

É importante determinar qual é o conhecimento do paciente sobre a ostomia.

Será que o paciente sabe onde se localizará e como funcionará o ostoma?

Já viu os tipos de equipamentos disponíveis e como se usa?

Será que está ciente do tipo e da freqüência das eliminações?

O ser humano tem capacidade de explora, entender, decidir, enfrentar desafios e perdas, como amputação e mutilação, e transformar esta realidade no seu estilo de vida.

Para isso é fundamental importância todo tipo de apoio positivo que será dado pela equipe multiprofissional e também pelos familiares, amigos e outros ostomizado já reabilitados; facilitando seu restabelecimento e retorno ás atividades anteriores.

11.Principais Complicações dos Estomas

- Prolapso dos estomasQueda ou deslocamento de um órgão de seu lugar normal, em extensão variável, por insuficiência de seus meios de fixação.As principais causas de prolapso estão relacionadas as condições no intra-operatório e a técnica cirúrgica utilizada.Podem aparecer complicações inesperadas, como uma abertura da parede abdominal maior que a alça intestinal.

- Hérnias para-estomalAparecem mais nas colostomias e estão relacionadas com a fragilidade abdominal (abertura grande do músculo retro-abdominal).

- Retração dos ostomaDificulta a coloração do dispositivo, desviando as fezes para fora da bolsa, facilitando as dermatites.

- Dermatites peri-estomaMais comuns quando há efluentes mais líquidos.

1 Dermatite irritativa ou de contatoCausada pelas secreções do estoma, sabões e desodorantes.

2 Dermatite alérgicaProvocada por qualquer elemento do dispositivo usado (adesivo, barreira ou o plástico ).

3 Dermatites provocadas por trauma mecânicoTécnicas abrasivas de limpeza, remoção traumática ou fricção.

4 Infecção por fungos, dermatite infectada por fungos.

12 Como Tratar as Dermatites

- PrevençãoEscolha do equipamento adequadoPesquisar hipersensibilidadeBoa higiene com água e sabão neutroSecar bem a região ( não friccionar)Afastar o alergenoNão usar éter para retirar bolsa, nem benjoim para película protetora.Usar barreiras protetoras como pasta (ajudam a aderir o dispositivo sem contato direto com a pele)Nistatina oral, para dermatite infectadas por fungos

Cuidados do paciente com ostomia intestinal, baseados no diagnóstico de Enfermagem:

1 Déficit de conhecimento do procedimento cirúrgico e do preparo pré-operatório.

Fornecer informações sobre o pré e pós operatório: os cuidados a serem realizados a prevenção de infecção.

Ajudar na sondagem nasogástrica, fornecendo informações a respeito. É utilizada para descomprimir e drenar o conteúdo gastrointestinal antes e após a cirurgia.

2 Ansiedade relacionada à imagem corporal alterada.

Encorajar o paciente a verbalizar os sentimentos em relação ao estoma.

Oferecer-se para estar presente na primeira troca do dispositivo; sugerindo a participação de um ente-querido. A ansiedade pode ser diminuída se as questões forem respondidas imediatamente.

3 Ansiedade relacionada com a perda do controle intestinal.

Informar sobre a função intestinal após a cirurgia, características do efluente, freqüência.

Ensinar o paciente como escolher, preparar os cuidados com a bolsa a ser usada.

5 Potencial de risco para deterioração da integridade da pele, relacionada a irritação provocada pelas fezes.

Informar sobre sinais e sintomas de pele irritada ou inflamada. Ensinar ao paciente como limpar a pele periestomal. Demonstrar como limpar uma barreira cutânea e como remover a

bolsa. Separar com delicadeza o adesivo da pele para evitar irritações. Nunca puxar, usar SF se precisar

6 Potencial de risco para alteração nutricional

Realizar avaliação nutricional. Adieta deve ser balanceada para suprir as necessidades. Importante obter uma ingestão nutricional adequada.

Informar o paciente sobre sua alimentação após a alta. O que comer? Como evitar o odor e flatulência?”

7 Disfunção sexual relacionada com a imagem corporal alterada.

Encorajar o paciente a verbalizar seus temores. Recomendar posições sexuais alternativas. Procurar ajuda de um

terapeuta.

8 Potencial de risco para déficit no volume de líquido.Desidratação relacionada a anorexia, vômito,diarréia.

Controle de ingestão e excreção de líquidos Avaliar os valores séricos de sódio e potássio Observar e registrar o turgor da pele e o aspecto da língua. Refletem

o estado de hidratação.

“BOA VIDA REQUER MAIS DO QUE SIMPLE ACESSO ÀS COISAS MATERIAS”

Campbell