Upload
ddrriiaannss
View
10
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
LQUIDO CEFALORRAQUIDIANO (LQUOR, LCR)
DEFINIO
Humor aquoso que preenche os ventrculos cerebrais, o espao sub-aracnideo craniano e raquiano e o canal central da medula.
FUNES
Barreira mecnica para amortecimento dos traumatismos;
Excreo e retirada de produtos do metabolismo;
Transporte de nutrientes pelo tecido nervoso;
Manuteno da homeostase.
FORMAO
LOCAL: plexos corides, espao perivascular do encfalo, vasos sangneos da pia-mater e clulas ependimrias;
MECANISMOS: difuso passiva, transporte ativo, difuso facilitada por carreadores, e pinocitose.
PRINCIPAIS INDICAES DO EXAME DE LCR
- Processos infecciosos do sistema nervoso e seus envoltrios; - Processos granulomatosos com imagem inespecfica; - Processos desmielinizantes; - Leucemias e linfomas (estadiamento e tratamento); - Imunodeficincias; - Processos infecciosos com foco no identificado; - Hemorragia sub-aracnidea.
COLETA
Puno lombar entre a 3 e a 4 ou entre a 4 e a 5 vrtebra lombar. Trs frascos estreis sem anticoagulante (sorologia, microbiologia, hematologia).
EXAME MACROSCPICO: COR E ASPECTO
RECM - NASCIDO: xantocrmico e lmpido 30 MS EM DIANTE: incolor e lmpido
A ocorrncia de amostra opaca ou leitosa pode ser resultado de concentrao elevada de protenas, mas tambm pode ser indcio de infeco, sendo a opacidade causada pela presena de leuccitos. Xantocromia um termo utilizado para descrever o sobrenadante do LCR de colorao rosada, laranja ou amarela, devido, principalmente, a presena de produtos de degradao dos eritrcitos. Outras causas de xantocromia: nveis sricos elevados de bilirrubina, presena de caroteno, grande concentrao de melanina. Em recm-nascidos, principalmente prematuros, a xantocromia se deve imaturidade da funo heptica.
SIGNIFICADO CLNICO DA APARNCIA DO LCR
Aparncia Causa Principal significado
Cristalino Normal
Turvo, opaco, leitoso
Leuccitos Meningite
Hemcias Hemorragia
Puno traumtica
Microorganismos Meningite
Protenas
Distrbios que afetam a barreira hematoenceflica
Produo de IgG no SNC
Oleoso Meios de contraste
radiogrfico
Sanguinolento Hemcias Hemorragia
Xantocrmico
Hemoglobina
Hemorragia antiga
Clulas lisadas por puno traumtica
Bilirrubina
Decomposio de hemcias
Nveis sricos elevados de bilirrubina
Mertiolate Contaminao
Caroteno Nveis sricos elevados
Protenas Ver acima
Melanina Melanosarcoma menngeo
Coagulado
Protenas Ver acima
Fatores de coagulao Introduzidos por puno
traumtica
Formao de pelculas Protenas
Distrbios que afetam a barreira hematoenceflica
Fatores de coagulao Meningite tuberculosa
DIFERENCIAO ENTRE AVCH e ACIDENTE DE PUNO
Exame dos trs tubos:
Centrifugao: cor do sobrenadante: - incolor: acidente de puno - eritrocrmico ou xantocrmico: AVCH
Contagem de hemcias nos 3 tubos: - se diferena menor que 10%: sugere AVCH - se diferena maior que 10%: sugere acidente de puno
Formao de cogulos:
- positivo: sugere acidente de puno
- negativo: AVCH
EXAME MICROSCPICO: ANLISE CITOLGICA
Composta por:
* Contagem global de hemcias e leuccitos
* Contagem diferencial de leuccitos
* Anlise detalhada do sedimento (fornece informaes sobre a constituio e caractersticas das clulas)
CITOLOGIA NO NEOPLSICA
Elementos celulares observados:
* Linfcitos * Moncitos * Neutrfilos * Plasmcitos * Eosinfilos * Basfilos * Macrfagos:
- Eritrfagos - macrfagos contendo hemcias, aparecem poucas horas at 3 a 4 dias aps a hemorragia;
- Siderfagos - macrfagos contendo grnulos de hemossiderina, aparecem de 4 dias at 6 meses aps a hemorragia;
* Clulas de revestimento dos ventrculos, plexo coride, aracnide e epndima: podem aparecer em recm-nascidos, injeo intra-tecal, cirurgias do SNC, punes repetidas.
A contagem de leuccitos normal em adultos de 0 a 5 clulas/l e em recm-nascidos varia de 0 a 30 clulas/l, sendo encontrados principalmente linfcitos e moncitos. Os adultos tem mais linfcitos que moncitos (70:30), enquanto os moncitos predominam nas crianas. Observam-se tambm alguns neutrfilos no LCR normal, sendo considerado anormal o resultado que mostra um nmero elevado destas clulas, assim como a presena de eosinfilos, basfilos, plasmcitos, macrfagos e de grande nmero de clulas de revestimento.
Quando o nmero global de leuccitos est aumentado, o papel da contagem diferencial do LCR de fornecer, na maioria das vezes, informaes diagnsticas sobre o tipo de microorganismo que est causando alguma infeco. Por exemplo, se for grande a presena de leuccitos, principalmente de neutrfilos, h indcio de meningite bacteriana; por outro lado, se a contagem de leuccitos no LCR for elevada e a porcentagem de linfcitos e moncitos for alta, h indcio de meningite viral, tuberculosa ou fngica.
CITOLOGIA NEOPLSICA
Critrios citolgicos de malignidade:
- Quebra da relao ncleo-citoplasma (discariose) - Ncleos grandes e hipercromticos com nuclolos evidentes - Tamanhos e formatos celulares variados - Clulas frequentemente agrupadas pela fuso das membranas celulares
A presena de leuccitos imaturos (blastos) observada quando h comprometimento do SNC em leucemias e linfomas. possvel tambm encontrar no LCR clulas cancerosas provenientes da metstase de vrios carcinomas.
CLULAS PREDOMINANTES NO LCR
Tipo de clula Principal significado clnico
Linfcitos
Normal
Meningite viral, tuberculosa e fngica
Esclerose mltipla
Neutrfilos Meningite bacteriana
Hemorragia cerebral
Moncitos
Meningite bacteriana crnica
Meningite viral, tuberculosa e fngica
Esclerose mltipla
Macrfagos Meningite viral e tuberculosa
Hemcias no LCR
Plasmcitos Esclerose mltipla
Clulas de revestimento
(mesoteliais)
Traumatismo
Procedimentos diagnsticos
Leuccitos imaturos (blastos) Leucemias e linfomas
Clulas neoplsicas Carcinomas metastticos
DIAGNSTICO CITOLGICO DIFERENCIAL DA MENINGITE
Bacteriana Viral Tuberculosa Fngica
Contagem elevada de leuccitos
Contagem elevada de leuccitos
Contagem elevada de leuccitos
Contagem elevada de leuccitos
Neutrfilos Linfcitos Linfcitos e moncitos Linfcitos e moncitos
LQUIDO SINOVIAL
DEFINIO
O lquido sinovial, encontrado nas cavidades articulares, um fludo viscoso, filtrado do plasma atravs da membrana sinovial, cujas clulas secretam um mucopolissacardeo contendo cido hialurnico e pequena quantidade de protenas, que se soma a esse ultrafiltrado. Como essa filtrao plasmtica no seletiva, exceto no que diz respeito s protenas de alto peso molecular, o lquido sinovial normal tem, essencialmente, a mesma composio bioqumica do plasma.
Os nveis de protena e imunoglobulinas so aproximadamente 25% dos nveis sricos, enquanto que os nveis de glicose e cido rico so iguais aos do soro. Leses imunolgicas, mecnicas, qumicas ou bacterianas alteram a permeabilidade da membrana e capilares sinoviais produzindo variados graus de resposta inflamatria. FUNO
Lubrificar as faces articulares mveis e transportar nutrientes para a cartilagem articular.
PRINCIPAIS INDICAES DO EXAME DE LQUIDO SINOVIAL
A anlise do lquido sinovial usada para classificar os distrbios articulares em termos de etiologia. As duas principais indicaes de anlise de lquido sinovial so as suspeitas de artrite sptica e de sinovite induzida por depsitos de cristais. Nas demais situaes patolgicas, o exame do lquido sinovial apenas indica se o fluido do tipo inflamatrio, no inflamatrio ou se h a presena de hemartrose. CLASSIFICAO DOS DISTRBIOS ARTICULARES E SUAS CAUSAS
- GRUPO I (no inflamatrio): distrbios articulares degenerativos (osteoartrite, traumtico, osteocondrite, osteoartropatia neuroptica); - GRUPO II (inflamatrio): problemas imunolgicos (artrite reumatide, lpus eritematoso, sndrome de Reiter, febre reumtica, espondilite anquilosante, enterite regional, colite ulcerativa, psorase); - GRUPO III (infeccioso): infeces (bactrias, fungos); - GRUPO IV (cristal-induzido): provocados pela formao de cristais (gota, artropatia associada apatita, doena de depsito de cristais de pirofosfato de clcio); - GRUPO V (hemorrgico): trauma e deficincias de coagulao (hemofilia, hemangioma, uso de anticoagulantes). COLETA
Amostra aspirada das articulaes com agulha num procedimento chamado artrocentese. A quantidade normal de lquido contido na cavidade articular inferior a 3,5 ml, aumentando nos distrbios articulares. Assim, o volume colhido depende do grau em que produzido pela articulao. O lquido sinovial normal no coagula, mas o proveniente de articulaes comprometidas pode conter fibrinognio e formar cogulos. Devem ser colhidas amostras com e sem anticoagulantes. Costuma-se colher trs tubos:
um estril e heparinizado para a microbiologia, um heparinizado para a hematologia e um no heparinizado para exames bioqumicos e sorolgicos.
EXAME MACROSCPICO: ASPECTO, COR E VISCOSIDADE EXAME MICROSCPICO: ANLISE CITOLGICA Composto por: - Contagem global de hemcias e leuccitos - Contagem diferencial de leuccitos - Pesquisa de cristais
ACHADOS LABORATORIAIS NOS DISTRBIOS ARTICULARES
No inflamatrio Transparente, amarelo, boa viscosidade Leuccitos: menos de 5.000 Neutrfilos: menos de 30%
Inflamatrio
Opaco, amarelo, pouca viscosidade Leuccitos: 2.000 a 100.000 Neutrfilos: mais de 50% Possibilidade de auto-anticorpos
Spticos
Opaco, verde-amarelado, pouca viscosidade Leuccitos: 10.000 a 200.000 Neutrfilos: mais de 90% Presena de microorganismos
Provocados pela formao de cristais
Opaco, leitoso, pouca viscosidade Leuccitos: at 50.000 Neutrfilos: menos de 90% Presena de cristais
Hemorrgicos
Opaco, vermelho, pouca viscosidade Leuccitos: menos de 5.000 Neutrfilos: menos de 50% Presena de hemcias
CLULAS OBSERVADAS NO LQUIDO SINOVIAL
Clula Descrio Significado
Neutrfilos Normal Infeco bacteriana Inflamao provocada por cristais
Linfcitos Normal Inflamao no bacteriana
Macrfagos Normal Infeces virais
Clulas da membrana sinovial Normal
Clulas de Reiter Macrfagos vacuolados com neutrfilos fagocitados
Sndrome de Reiter Inflamao inespecfica
Ragcito
Neutrfilos com grnulos citoplasmticos escuros contendo complexos imunes
Artrite reumatide Inflamao imunolgica
Clulas de cartilagens Osteoartrite
CRISTAIS - Urato monossdico (agulhas intracelulares e extracelulares) - Pirofosfato de clcio (bastonetes intracelulares e extracelulares) - Hidroxiapatita (pequenas agulhas intracelulares e extracelulares) - Colesterol (losangos extracelulares) - Corticosterides (placas achatadas intracelulares)
LQUIDOS CAVITRIOS OU SEROSOS (PLEURAL, PERICRDICO, PERITONEAL)
DEFINIO
As cavidades fechadas do organismo (pleural, pericrdica e peritoneal) so revestidas por duas membranas conhecidas como serosas. Uma delas reveste as paredes da cavidade (parietal) e a outra cobre os rgos do interior da cavidade (membrana visceral). O lquido situado entre essas duas membranas recebe o nome de lquido seroso.
Os lquidos serosos so formados como ultrafiltrados do plasma, sem participao de nenhum outro material formado pelas clulas da membrana. A pequena quantidade de protena filtrada retirada pelo sistema linftico. A produo e reabsoro dos lquidos serosos esto sujeitas, respectivamente, a presses hidrostticas e coloidais exercidas pelos capilares que irrigam as cavidades.
FUNO
Lubrificao" das superfcies das membranas e rgos, facilitando sua movimentao.
VOLUME NORMAL
Lquido pleural: 30 ml Lquido pericrdico: 10-50 ml Lquido peritoneal: 50 ml
PRINCIPAIS INDICAES DO EXAME DOS LQUIDOS CAVITRIOS
Acmulo dos lquidos serosos nas suas respectivas cavidades, processo conhecido como derrame.
CAUSAS DE FORMAO DE DERRAMES
- Aumento da presso hidrosttica na microcirculao - Diminuio da presso coloidal da microcirculao - Aumento da permeabilidade capilar - Diminuio ou bloqueio da drenagem linftica
CLASSIFICAO DOS DERRAMES
- TRANSUDATOS: acmulo de lquido secundrio a doenas sistmicas que rompem o equilbrio entre produo e reabsoro (aumento da presso hidrosttica na microcirculao ou diminuio da presso coloidal da microcirculao). Exemplos de patologias: insuficincia cardaca congestiva, hipoproteinemia e cirrose heptica;
- EXSUDATOS: acmulo de lquido por acometimento direto das membranas de determinada cavidade (aumento da permeabilidade capilar ou diminuio ou bloqueio da drenagem linftica). Exemplos de patologias: processos infecciosos (tuberculose, pneumonias), neoplasias, infartos, doenas auto-imunes.
COLETA
Aspirao com agulha (toracocentese pleural; pericardiocentese pericrdico; paracentese peritoneal).
- CITOLOGIA: frasco com anticoagulante (citrato de sdio ou EDTA)
- BIOQUMICA: frasco sem anticoagulante
- MICROBIOLOGIA: frasco estril sem anticoagulante
RESUMO DOS EXAMES MACROSCPICOS (ASPECTO E COR) E MICROSCPICOS (ANLISE CITOLGICA) REALIZADOS NOS LQUIDOS CAVITRIOS
LQUIDO PLEURAL
Aparncia normal: transparente, amarelo-claro
Turvao: leuccitos (infeco bacteriana, tuberculose, artrite reumatide)
Sanguinolento: hemcias (leso traumtica, neoplasias, infarto pulmonar, puno traumtica)
Leitoso: material quiloso (quadros inflamatrios crnicos)
Contagem de hemcias acima de 100.000 clulas/l: neoplasias, traumas, infarto pulmonar
Contagem de leuccitos acima de 1.000 clulas/l com predominncia de neutrfilos (acima de 50%): infeco bacteriana
Contagem de leuccitos acima de 1.000 clulas/l com predominncia de linfcitos (acima de 50%): tuberculose
Clulas mesoteliais provenientes das membranas pleurais: contagem elevada nas inflamaes no-bacterianas, contagem baixa na tuberculose e infeces bacterianas.
LQUIDO PERICRDICO
Aparncia normal: transparente, amarelo-claro
Turvao: leuccitos (infeco, neoplasia)
Sanguinolento: hemcias (tuberculose, neoplasia, puno cardaca)
Leitoso: material quiloso (drenagem linftica comprometida)
Contagem de leuccitos acima de 10.000 clulas/l com predominncia de neutrfilos (acima de 50%): pericardite bacteriana
LQUIDO PERITONEAL
Aparncia normal: transparente, amarelo-claro
Turvao: leuccitos (infeces bacterianas ou fngicas, neoplasias)
Sanguinolento: hemcias (traumatismo)
Leitoso: partculas alimentares (perfurao do trato gastrointestinal); material quiloso (neoplasias, cirrose, infeces parasitrias)
Verde: bile (pancreatite aguda, colecistite)
Contagem de leuccitos acima de 500 clulas/l com predominncia de neutrfilos (acima de 50%): peritonite bacteriana
REFERNCIAS
Fishman, R.A. Cerebrospinal fluid in diseases of the nervous system. W.B. Saunders, Philadelphia, 2 ed., 1992.
Henry, J.B. Clinical diagnosis and management by laboratory methods. W.B. Saunders, Philadelphia, 2001.
Kjeldsberg, C.; Knight, J. Body Fluids: laboratory examination of amniotic, cerebrospinal, pleural, peritoneal and seminal fluids. American Society of Clinical Pathologists Press, Chicago, 1986.
Neely, A.E.; Cheek, K.K. Malignant Cells. In Textbook of Urynalisis and Body Fluids, Appleton-Century-Crofts ed., Norwalk, CT, 1983.
Strasinger, S.K. Uroanlise e Fluidos Biolgicos. Ed. Panamericana, So Paulo, 1991.