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PREFEITURA MUNICIPAL DE NOVA IGUAÇU UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO Curso Pré-Vestibular de Nova Iguaçu 2009 Apostila HISTÓRIA Organizadores: Aline Claro (CPV – Caju) Carolina Machado Diogo Lima Augusto Jessika Souza Juliana Sicuro Luisa Rosati (CPV – Caju) Mariana Renou Rejane Meirelles Renata Rufino Rodrigo Perez Rubens Machado Sandra Ferreira Santos Talita Rodrigues Tiago Monteiro Maria Paula Araujo (Professora Orientadora)

Apostila 2o Bimestre 2009 Final

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PREFEITURA MUNICIPAL DE NOVA IGUAU

PREFEITURA MUNICIPAL DE NOVA IGUAU

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

Curso Pr-Vestibular de Nova Iguau

2009

Apostila HISTRIA

Organizadores:

Aline Claro (CPV Caju)

Carolina Machado

Diogo Lima Augusto

Jessika Souza

Juliana Sicuro

Luisa Rosati (CPV Caju)

Mariana Renou

Rejane Meirelles

Renata Rufino

Rodrigo Perez

Rubens Machado

Sandra Ferreira Santos

Talita Rodrigues

Tiago Monteiro

Maria Paula Araujo

(Professora Orientadora)

CRONOLOGIA BRASIL/ MUNDO

Brasil

1789: Inconfidncia Mineira

1792: Primeira parte de Marlia de Dirceu (Toms Antnio Gonzaga)

1798: Inconfidncia Baiana

1808-A Corte Portuguesa, fugindo de Napoleo, chega ao Brasil.

1810: D. Joo assina os Tratados de Comrcio e Navegao e Aliana e Amizade com a Inglaterra

1815: Brasil elevado a Reino Unido a Portugal e Algarves

1817: Revoluo em Pernambuco

1821: D. Joo VI retorna a Lisboa, por presso da Revoluo do Porto

1822: D. Pedro proclama a Independncia

1823: A Constituinte dissolvida por D. Pedro I

1824: Primeira Constituio Brasileira

1825: Confederao do Equador

1826: D. Pedro torna-se rei de Portugal, mas abdica em favor da sua filha, D. Maria da Glria.

1831: Abdicao de D. Pedro I . Incio da Regncia

1835: Guerra dos Farrapos no Rio Grande do Sul, Cabanagem no Par e Revolta dos Mals na Bahia.

1836: Suspiros Poticos e Saudades (Gonalves de Magalhes)

1837: Revolta da Sabinada na Bahia. Feij abandona o cargo de regente. Assume o Marqus de Olinda.

1838: Balaiada no Maranho

Retirado do site: www.fflch.usp.br/dh/ceveh

Mundo

1751: Incio da Enciclopdia

1776: Independncia dos EUA

1781: incio da Revolta de Tupac Amaru

1789: Incio da Revoluo Francesa

1791: Estria em Viena A Flauta Mgica de Mozart

1799: Napoleo torna-se Cnsul

1807: Bloqueio Continental

1811: Independncia do Paraguai

1815: derrota final de Napoleo e Congresso de Viena

1821: Independncias do Peru, Venezuela e Mxico

1823: Doutrina Monroe

1826: Congresso do Panam

1834: Zollverein alemo

1839: Incio da Guerra do pio

1841: Inglaterra toma Hong Kong

1848: Manifesto Comunista

1853: Estria em Veneza A Traviata de Verdi

1861: Abolio da servido na Rssia

Incio da Guerra Civil Americana

1864: I Internacional

LIBERALISMO POLTICO

As lutas sociais ocorridas na Inglaterra do Sc. XVII contriburam para a formao de uma nova viso de mundo poltico. Esta viso privilegiava a perspectiva de mudana poltica que no transformasse as relaes de propriedade e ao mesmo tempo estabelecessem novas relaes entre o Estado e a Sociedade. A sntese desta tendncia poltico-ideolgica foi denominada Liberalismo.

Esta nova forma de se pensar a sociedade representa a emancipao do poder poltico do poder religioso (formao de um Estado laico) e, tambm, a desvinculao do poder econmico ao poder poltico (emergncia do Estado de livre mercado, conhecido como liberalismo econmico, outra vertente do pensamento liberal).

Razes Intelectuais

Algumas razes desse pensamento so: O ideal renascentista que o homem vale mais por suas aes que pelo seu nascimento; a concepo puritana de que o indivduo deve se destacar por suas qualidades individuais (sobretudo as qualidades de acumular riquezas); as perspectivas defendidas por pensadores como Francis Bacon, Walter Relegh e Edward Coke que afirmava a necessidade da liberdade de expresso, do desenvolvimento das cincias e s carreiras abertas ao talento como pr-requisitos para o dinamismo nacional; e a inspirao da sociedade holandesa que admitia a liberdade religiosa.

Os pensadores do Contrato Social

Os principais tericos deste perodo sobre os sistemas polticos foram Thomas Hobbes (1578-1679) e John Locke (1632-1704). Tinham em comum a idia de que antes da formao do Estado os homens viviam em um estado natural, onde todos eram independentes entre si e lutavam uns contra os outros. Esta situao de extrema insegurana levou os homens deste tempo busca de conforto e estabilidade. Os homens estabeleceram um Contrato. Neste ponto iniciam-se as divergncias entre os dois autores.

Hobbes em seu livro Leviat, afirmou que neste Contrato os homens entregaram parte de sua soberania para um Estado Forte. Sendo este contrato o resultado de um acordo comum entre os cidados, deveria proteger a integridade fsica dos seus sditos e por eles poderia ser modificado. O Estado de Hobbes, assim, seria um Estado forte e com poder extremamente centralizado, nica forma de evitar a desordem, seriamente prejudicial sociedade. O Estado figura em Hobbes, desta maneira, como nica forma de frear os instintos destrutivos dos homens.

a partir das idias de John Locke que podemos considerar fundada a teoria sobre o liberalismo poltico. Locke em seu livro Segundo Tratado Sobre o Governo Civil, defendeu que a origem do Contrato estava na necessidade de proteger a propriedade privada, originada do trabalho. Para Locke a propriedade uma extenso do indivduo, e atravs do desejo da conservao de si e da propriedade que se institui o social. A funo do Estado a preservao dos direitos naturais vida, liberdade e aos bens, sendo sua principal finalidade a conservao da propriedade. Alm desses fatores necessrio, para o estabelecimento de uma sociedade, o livre consentimento da comunidade para a formao do governo e o controle deste pela sociedade. Segundo Bobbio:

Atravs dos princpios de um direito natural preexistente ao Estado, de um Estado baseado no consenso, de subordinao do poder executivo ao poder legislativo, de um poder limitado, de direito de resistncia, Locke exps as diretrizes fundamentais do Estado liberal. (Bobbio, 1984, p. 41)

As idias de Locke, que considerado o pai do liberalismo individual, repercutiram fortemente na Inglaterra durante o sculo XVII. A disputa entre a nascente burguesia, herdeira das idias liberais e a dinastia Stuart, defensora do absolutismo, culminou com a Revoluo Gloriosa (1688-1689), que constituiu o primeiro triunfo do liberalismo.

Com as idias liberais ocorre uma mudana fundamental na relao entre o indivduo e a sociedade. O indivduo ganha o palco principal, se distinguindo do corpo social e deixando de ser considerado como uma massa homognea ou como apenas uma das peas que compem a sociedade. O homem passa a ser visto como o fundamento da sociedade, logo o Estado compreendido como uma reunio de indivduos auto-suficientes e a instituio do social pensada a partir do indivduo.

Desta maneira, a idia fundamental desta teoria que no estado natural, houve aqueles que tiveram um maior apreo ao trabalho e adquiriram a propriedade privada, e os outros, que no agiram da mesma maneira. A partir do contrato social surgiu o Estado que tinha como tarefa primordial a defesa da propriedade privada como princpio da paz social. Caso no cumpra esta tarefa, os cidados tm o direito de destituir o governo (ou seja, os homens que esto exercendo o poder em determinado momento), e guiar ao poder um novo, que respeite a funo do Estado: a defesa da propriedade privada.

Como podemos notar, a maioria da populao no era proprietria das terras e outros bens e, assim, no se beneficiava diretamente com estas idias ( claro que poderiam sonhar em obter riquezas um dia). A nobreza, nestes termos, no necessitava legitimar sua riqueza (hereditria e por posio), assim como, o Estado, para os nobres, no era fruto do trabalho e do contrato entre os homens, mas do Direito Divino. Ento conclumos que estes valores estavam associados e beneficiaram diretamente a burguesia revolucionria que ascendia ao poder na Inglaterra do sculo XVII. Seus princpios fundamentais eram:

Os governos devem proteger a propriedade privada, atender os cidados (caso no cumpram as leis, devem ser mudados); devem estar submetidos s leis; deve ser representativo (escolhidos pelo voto dos cidados); seu poder emana do povo e para ele deve governar e no pode intervir na vida privada dos cidados que cumprem as leis.

Se Liga!

Estas idias influenciaram os pensadores das Treze Colnias e os Iluministas.

Vamos Praticar

(UFRJ) Quem quiser falar com certa clareza da dissoluo do governo deve, em primeiro lugar, distinguir entre dissoluo da sociedade e dissoluo do governo. O que constitui a comunidade, e leva os homens do livre estado de natureza para uma s sociedade poltica, o acordo que cada um faz com os outros para se incorporar com eles e deliberar como um s corpo e, desse modo, formar uma nica sociedade poltica distinta. O modo habitual, e quase nico, pelo qual essa unio se dissolve a invaso de uma fora estrangeira (...). (John Locke)

As idias liberais consagraram um conjunto de atitudes prprias da burguesia. John Locke foi um dos filsofos a expressar essa viso de mundo que se fez presente nas revolues do sculo XVII.

a) Explique uma transformao poltica ocorrida na Inglaterra a partir das revolues do sculo XVII.

b) Cite dois princpios do liberalismo.

c) Justifique o interesse da burguesia inglesa nos aspectos econmicos do liberalismo.

(UFRJ) "A sociedade produzida por nossas carncias e o governo por nossa perversidade; a primeira promove a nossa felicidade positivamente mantendo juntos os nossos afetos, o segundo negativamente mantendo sob freio os nossos vcios. (...) A primeira protege, o segundo pune." (THOMAS PAINE, Senso Comum, 1776)

Os princpios do pensamento liberal desenvolveram-se durante o processo poltico que, na Europa, resultou no fim dos regimes absolutistas; nesse processo nota-se a ascenso de valores consagrados pelas revolues burguesas, tanto na Amrica como na Europa.

a) Cite um princpio comum ao neoliberalismo atual e ao liberalismo clssico.b) Explique o tipo de governo contra o qual se dirigiam as crticas do autor do texto.

ILUMINISMO

A revoluo intelectual que se efetivou na Europa, especialmente na Frana, no sculo XVIII, ficou conhecida como Iluminismo. Esse movimento representou o auge das transformaes culturais iniciadas no sculo XIV pelo movimento renascentista.

Mais do que um conjunto de idias foi uma nova mentalidade que influenciou grande parte da sociedade da poca, de modo particular os intelectuais, a burguesia e mesmo alguns nobres e reis. Os iluministas eram aqueles que em tudo se deixavam guiar pelas luzes da razo e que escreviam e agiam para dar sua contribuio ao progresso intelectual, social e moral e para criticar toda forma de autoritarismo, fosse ela de ordem poltica, religiosa ou moral.

Para os iluministas, s atravs da razo e da cincia o homem poderia alcanar o conhecimento, a convivncia harmoniosa em sociedade, a liberdade individual e a felicidade. A razo e a cincia eram, portanto, os nicos guias da sabedoria capazes de esclarecer qualquer problema, possibilitando ao homem a compreenso e o domnio da natureza.

Alm desses aspectos podemos afirmar que o Iluminismo marcado por uma crtica severa ao Antigo Regime, ou seja, maneira como se fundamentavam as relaes polticas, sociais e culturais nas sociedades modernas europias marcadas pela intolerncia (religiosa, filosfica e poltica), pelo absolutismo monrquico e pelos privilgios de classe (nobreza).

importante lembrarmos que o Iluminismo tambm denominado como Ilustrao ou Filosofia das Luzes.

A ideologia burguesa

O Iluminismo expressou o pensamento ideolgico da burguesia. Foi o auge de um processo que comeou no Renascimento, quando se usou a razo para se descobrir o mundo, ganhando um aspecto essencialmente crtico no sculo XVIII, quando os homens passaram a usar a cincia para entenderem a si mesmos no contexto da sociedade. A filosofia considerava a razo indispensvel ao estudo de fenmenos naturais e sociais. At a crena devia ser racionalizada. Os iluministas eram destas, isto , acreditavam que Deus est presente na natureza, portanto no prprio homem, que pode descobri-lo atravs da razo. Para encontrar Deus, bastaria levar vida uma piedosa e virtuosa; a Igreja tornava-se dispensvel. Os iluministas criticavam-na por sua intolerncia, ambio poltica e inutilidade das ordens monsticas.

As descobertas cientificas dos sculos XVII-XVIII apresentavam explicaes naturais para fenmenos antes atribudos a Deus. Os iluministas que mais se destacaram foram:

Montesquieu (1689-1755) - Em 1748 publicou o Esprito das leis, onde estudou as diversas formas de governo Despotismo, Monarquia e Repblica. Destacava a monarquia inglesa e recomendava, como nica maneira de garantir a liberdade, a independncia dos trs poderes: Executivo, Legislativo, Judicirio. Defendia o princpio de que as diferentes formas de governo seriam o resultado da situao socioeconmica de cada pas, na seguinte ordem: pases de grande extenso territorial adotariam o Despotismo; pases de tamanho mdio, a Monarquia Limitada; pases de dimenses pequenas adotariam a Repblica.

Voltaire (1694-1778) - Foi o mais importante dos iluministas franceses. Por fazer duras crticas aos privilgios da nobreza e da igreja e defender as liberdades individuais, foi obrigado a se exilar da Inglaterra. Defensor da tolerncia e do respeito s opinies contrrias, Voltaire detestava a arrogncia do estado e da igreja. Suas ironias lhe proporcionaram inmeros inimigos poderosos, ao que ele respondia. que Deus me livre dos meus amigos, que dos meus inimigos me livro eu. Sua obra mais famosa Cndido, uma fbula filosfica que satiriza a viso otimista de uma sociedade absolutista. Voltaire tambm colaborou na elaborao da Enciclopdia. Criticava o absolutismo garantido pela teoria do Direito Divino, propondo a participao da burguesia esclarecida no governo, como forma de garantir a paz e a liberdade, tanto poltica quanto religiosa. A expresso da defesa da liberdade por Voltaire marcante na seguinte frase: Posso no concordar com nenhuma das palavras que voc diz, mas defenderei at a morte o direito de voc diz-las.

Rousseau (1712-1778) - Suas principais idias esto nas obras: Discurso sobre a Origem da Desigualdade entre os Homens, que acusava a propriedade privada de destruir a liberdade social promovendo o despotismo e Contrato Social, onde afirmava que, para combater a desigualdade introduzida com o aparecimento da propriedade privada, os homens deveriam consentir em fazer um contrato social, pelo qual cada indivduo estaria de acordo em se submeter inteiramente vontade da maioria. Portanto, o que prevalecia era a vontade da comunidade e no a vontade individual de cada membro dessa comunidade. Como cada indivduo se unia a todos e ningum se unia em particular, o homem continuaria livre, uma vez que todos teriam direitos iguais. Rousseau destacou-se dos demais filsofos iluministas por valorizar no somente a razo, mas tambm os sentimentos e as emoes, pregando a volta natureza e simplicidade da vida. Sua teoria da vontade geral inspirou os lderes da Revoluo Francesa e do movimento socialista do sculo XIX.

Diderot (1713-1784) e DAlembert (1717-1783) Organizaram uma enciclopdia de 33 volumes, onde reuniam grande parte do conhecimento da poca (cientfico, artstico e filosfico). Para elaborarem A Enciclopdia esses autores contaram com a colaborao de diversos pensadores daquele perodo. Esta obra exerceu grande influncia sobre o pensamento poltico burgus expressando uma srie de idias como, por exemplo: O racionalismo, a laicizao do Estado e o progresso humano pela cincia e tecnologia. Proibida pelo governo por divulgar as novas idias, a obra passou a circular clandestinamente.

Frontispcio da Encyclopdie. (1772) Foi desenhado por Charles-Nicolas Cochin e ornamentado (engraved) por Bonaventure-Louis Prvost. Esta obra est carregada de simbolismo: A figura do centro representa a verdade rodeada por luz intensa (o smbolo central do iluminismo). Duas outras figuras direita, a razo e a filosofia, esto a retirar o manto sobre a verdade.

O Iluminismo reformista: a Fisiocracia.

Os entraves colocados pela presena do Estado na economia impediam a expanso dos negcios da burguesia.

A primeira corrente de economistas a criticar a poltica mercantilista ficou conhecida como Escola Fisiocrata. Foi a primeira escola de Economia Poltica. O principal representante da fisiocracia foi Franois Quesnay (1694-1774) que escreveu a obra Fisiocracia, o governo da natureza. Os fisiocratas acreditavam que as atividades econmicas naturais como agricultura, minerao e o extrativismo eram mais importantes para a prosperidade nacional do que o comrcio. Para eles, o comrcio era essencialmente estril, pois se limitava a transferir de uma pessoa para outras, mercadorias j existentes.

O fisiocrata Turgot foi Controlador-Geral das Finanas da Frana entre 1774-1776. Neste perodo a Frana estava com um crnico dficit-financeiro e o fisiocrata buscou reformar a economia francesa atravs dos seguintes atos: abolio das corvias reais obrigao de entregar Coroa parte da produo ; fim das Corporaes de Ofcio; fim dos obstculos legais para o livre comrcio de cereais; obrigatoriedade do pagamento de impostos pelo Clero e Nobreza.

Com o crescimento econmico da Inglaterra aps a Revoluo Gloriosa, decorrente da expanso das relaes capitalistas nas cidades e no campo, o triunfo burgus na nascente indstria, as idias Fisiocratas perderam a j escassa influncia que possuam na intelectualidade europia. Os Dspotas esclarecidos (ver abaixo) passaram a orientar suas medidas em busca de equiparar as instituies e relaes econmicas s inglesas com o objetivo de obter xitos econmicos semelhantes ltima. Hoje sabemos que essas medidas eram tmidas e incapazes de superar os limites que as relaes feudais, ento dominantes na Europa continental, impunham, e por isso, no surtiram o efeito desejado.

O Despotismo Esclarecido

Vrios monarcas adotaram a educao e o conhecimento formulados pelo iluminismo. Essa unio entre um poder excessivamente centralizado e as teses iluministas foi denominada de Absolutismo Ilustrado ou Despotismo Esclarecido.

Os absolutistas ilustrados no pretendiam modificar o Estado, ou seja, o absolutismo, mercantilismo e as bases feudais e do Antigo Regime, permaneceriam. O que pretendiam eram governar de acordo com as novas idias em vigor, justificar suas aes pela razo e no mais pelos pressupostos religiosos, acreditando que esse procedimento fortaleceria seu poder, e manteria o regime. Podemos citar como principais dspotas esclarecidos:

a) Frederico II (1712-1786) - Prssia;

b) Catarina II (1762-1796) - Rssia;

c) Jos I (rei) Marqus de Pombal (1 ministro) (1750-1777) Portugal;

d) Jos II (1780-1790) ustria;

e) Carlos III (1759-1788) Espanha.

Se liga!

As principais formulaes do pensamento iluminista foram:

Crtica aos abusos cometidos pelos reis Absolutistas;

Crtica tese do Direito Divino dos Reis;

Crtica participao da Igreja na vida pblica;

Racionalismo

Sesso pipoca

A Liberdade Azul, A Igualdade Branca e A Fraternidade Vermelha

Diretor: Krzystof Kieslowski. Frana, 1993.

Trilogia baseada nas cores da bandeira francesa. O objetivo do enfoque atualizar a discusso dos ideais iluministas. Ponto muito importante, discutido nos fi lmes, a questo dos direitos do homem moderno, que na verdade nunca se efetivaram na sua plenitude.

Vamos Praticar

(CESGRANRIO) Os dspotas esclarecidos procuravam modificar os mtodos e objetivos de ao do Estado. Em geral, apresentavam-se apenas como "os primeiros servidores do prprio Estado".

Entre as manifestaes do despotismo esclarecido, pode-se incluir:

a) a adoo da fraseologia dos filsofos iluministas para a modernizao de seus respectivos Estados;

b) seu sucesso em pases onde a burguesia era muito forte e atuante;

c) a durabilidade e coerncia de suas reformas implantadas nos pases da Europa Ocidental;

d) a adaptao de princpios novos a Estados com condies socioeconmicos e polticas bastanteavanadas;

e) a destruio da religio revelada e da autoridade da Igreja atravs de precoces idias de materialismo histrico.

(CESGRANRIO) Assinale a alternativa incorreta. Ao criticar o mercantilismo, os fisiocratas visavam:

a) eliminar o mercantilismo do Estado na vida econmica;

b) abolir os monoplios e privilgios;

c) permitir a livre circulao monetria;

d) desenvolver as colnias;

e) dar nfase agricultura como principal setor da atividade econmica.

(VEST) Representava o pensamento das camadas populares, ao afirmar que a fonte do poder era oprprio povo. Em seu livro Discurso sobre a origem da desigualdade entre os homens, afirma que "o primeiroque concebeu a idia de cercar uma parcela de terra e dizer 'isto meu', e queencontrou gentesuficientemente ingnua que lhe desse crdito, esse foi o autntico fundador da sociedade civil. De quantos delitos, guerras, assassnios, desgraas e horrores teria livrado o gnero humano aqueleque, arrancando as estacas e enchendo os sulcos divisrios, gritasse: 'cuidado, no deis crdito aesse trapaceiro, perecereis se esquecerdes que a terra pertence atodos'."

A que filsofo iluminista refere-se o texto?

a) Voltaire

b) Montesquieu

c) Rousseau

d) Denis Diderot

e) Jean d'Alembert

(Unicamp) Em 1770, um advogado chamado Sguier comentava, a propsito de um movimento do sculo XVIII: Os filsofos se erigiram como preceptores do gnero humano. Liberdade de pensar, eis seu brado, e esse brado se propagou de uma extremidade outra do mundo. Com uma das mos tentaram abalar o trono; Com a outra, quiseram derrubar os altares.

Do texto acima:

a) Identifique o movimento ao qual Sguier se refere.

b) Que caractersticas desse movimento podem ser retiradas?

(UFRN) No sculo XVIII, alguns monarcas europeus conciliaram as teorias iluministas com as prticas absolutistas de governo. O Despotismo Esclarecido, como foi chamada essa forma de governar, deu incio s:

a) Mudanas que eliminaram a interveno do Estado na Economia, permitindo total liberdade iniciativa privada.

b) Reformas que tentaram adequar as estruturas econmicas dos respectivos Estados ordem liberal burguesa em ascenso.

c) Prticas colonialistas que transformaram as estruturas econmicas, com base no desenvolvimento manufatureiro.

d) Medidas econmicas que ampliaram a participao da aristocracia na relao entre metrpoles e colnias.

(UFSMRS) Nenhum homem recebeu da natureza o direito de comandar os outros. A liberdade um presente dos cus, e cada indivduo da mesma espcie tem o direito de gozar dela logo que goze da razo. Denis Diderot, ao escrever o trecho citado, condensou alguns princpios do Iluminismo:

I A revelao da verdade pela f e pela natureza;

II A crena na capacidade de o homem pensar por si mesmo;

III O desapreo pelo individualismo e a nfase na coletividade;

IV Uma viso de mundo que favorece a igualdade entre os homens;

Esto corretas:

a) Apenas I e II

b) Apenas I e III

c) Apenas II e IV

d) Apenas III e IV

e) Apenas II, III e IV

(UFRJ) "Liberdade unicamente o poder de agir. Se uma pedra se movesse por sua escolha, seria livre. Os animais e os homens tm esse poder, portanto so livres. (...) Querer e agir precisamente o mesmo que ser livre." (Voltaire. Tratado de Metafsica, cap. VII)

As idias iluministas, surgidas na Frana durante o sculo XVIII, questionaram as bases de sustentao do Antigo Regime, afirmando os princpios considerados revolucionrios pela sociedade europia da poca. Entre os mais conhecidos pensadores iluministas se encontra Voltaire (1694-1778), autor do texto acima, escritor, poeta e filsofo, empenhado no combate contra o que denominava "as trevas da ignorncia e da superstio".

a) Apresente dois princpios ou caractersticas do Iluminismo.

b) Esclarea como as idias iluministas contriburam para a Revoluo Francesa.

(UFRJ) "Nenhum homem recebeu da natureza o direito de comandar os outros. A liberdade um presente do cu, e cada indivduo da mesma espcie tem o direito de gozar dela logo que goze da razo...Toda autoridade vem de uma outra origem, que no da natureza...O poder que vem do consentimento dos povos supe necessariamente condies que tornem o seu uso legtimo til sociedade, vantajoso para a repblica, e que a fixam e restringem entre limites". (Denis Diderot, [1713-1784] "Autoridade Poltica" na Enciclopdia)

A "Enciclopdia", cujo primeiro volume foi publicado na Frana em 1751, uma obra fundamental pois organiza as idias que orientam a rebeldia intelectual do sculo XVIII, movimento que chega plenitude com a Revoluo Francesa.

a) Explique, a partir do texto, uma razo para as crticas polticas formuladas por Diderot.

b)Apresente uma concepo de carter poltico representativa do pensamento iluminista divulgado pela Enciclopdia.

c)Cite dois movimentos polticos no Brasil que possam ser identificados com as idias difundidas pelos enciclopedistas.

INDEPENDNCIA DOS ESTADOS UNIDOS

Antes da Independncia, os EUA eram formados por treze colnias controladas pela Inglaterra. Dentro do contexto histrico do sculo XVIII, os ingleses usavam estas colnias para obter lucros e recursos minerais e vegetais no disponveis na Europa. Era tambm muito grande a explorao metropolitana, com relao aos impostos e taxas cobrados dos colonos norte-americanos.

Colonizao dos Estados Unidos:

Estudamos na apostila anterior um pouco do processo de colonizao da Amrica do Norte. A colonizao deste territrio se deu tardiamente, apenas no sculo XVII. A primeira colnia foi fundada em 1607, e todo o processo de ocupao esteve ligado ao reforo do absolutismo ingls e a intensificao da intolerncia e das perseguies religiosas empreendidas pela dinastia dos Stuarts. Aos poucos formaram-se assim, as chamadas Treze Colnias Inglesas, que tradicionalmente so dividas em

Colnias do Norte: New Hampshire, Massachussetts, Rhode Island, Connecticut;

Colnias do Centro: Nova York, Pensilvnia, Nova Jersey e Delaware;

Colnias do Sul: Maryland, Virgnia, Carolina do Norte, Carolina do Sul e Gergia.

Em linhas gerais as Colnias do Norte e do Centro caracterizam-se por possurem uma elite colonial atpica, ligada ao comrcio e s atividades industriais, de mentalidade capitalista. Assim como a presena de grandes cidades. Sofreram menos o impacto do pacto colonial, devido negligncia Salutar, ou seja, a maneira como a coroa inglesa praticamente permitiu uma auto-gesto destas, em virtude da produo agrcola desta regio no interessar ao mercado externo. A agricultura era caracterizada pela cultura de subsistncia, baseada na pequena propriedade, usando mo-de-obra livre e assalariada. Estabeleceram um intenso comrcio com as colnias britnicas do Caribe, que lhes compravam peixes secos e manufaturados. Em troca, compravam melado de acar, que transformavam em rum, e trocavam por escravos na frica, que eram vendidos para colnias inglesas do sul. Essa relao comercial ficou conhecida como Comrcio Triangular.

As Colnias do Sul possuam clima propcio para a produo de gneros tropicais, deu-se em bases mercantilistas, buscando atender s necessidades da metrpole. Portanto nessa regio prevaleceram o latifndio, a monocultura e o trabalho escravo. A economia era agro-exportadora, principalmente de algodo, e eram rigidamente controladas pelas regras do Pacto Colonial.

Por estas caractersticas, durante muito tempo, os historiadores classificaram as colnias do Norte como colnias de povoamento e as colnias do sul como colnias de explorao. Porm esta classificao tem sofrido crticas pelo fato de que era significativa a escravido urbana na estiva e nos domiclios nas colnias do norte, por exemplo, e a presena de cidades e empreendimentos manufatureiros nas colnias do sul. E, como pudemos observar, eram as colnias do norte que se responsabilizavam pelo trfico de escravos atravs do comrcio triangular, assim como pela construo dos navios negreiros. Por outro lado, haviam investimentos de banqueiros e industriais (manufaturas) do norte nos latifndios do sul.

As Pr-condies da Emancipao da Amrica Inglesa

O movimento de emancipao nasceu nas Treze Colnias quando sua autonomia passa a ser restringida pela metrpole inglesa. Podemos relacionar diretamente esse processo com a Guerra dos 7 anos (1756-1763) entre Frana (aliaram-se Espanha e ustria) e Inglaterra, onde mesmo aps a vitria e conseqente tomada de boa parte dos territrios franceses, alm da Flrida, at ento pertencente Espanha, a economia inglesa ficou bastante abalada. Como forma de se recuperar desta crise a metrpole arrochou a explorao colonial gerando insatisfao entre os colonos.

Por conta da Negligencia Salutar, os colonos (principalmente os do norte e do centro) habituaram-se a legislar sobre as questes locais, e as assemblias provinciais funcionavam como um Parlamento na Amrica. A partir de 1763, a Coroa britnica resolveu intensificar a explorao colonial: criou uma poltica de taxao que garantia o monoplio do mercado consumidor para as manufaturas inglesas, prejudicando as manufaturas coloniais; favoreciam os comerciantes de pele, os especuladores de terras, os pescadores e os madeireiros nascidos na metrpole; restringiu a participao dos colonos no comrcio com as Antilhas e com a frica o comrcio triangular; diminuiu a autonomia dos rgos polticos e administrativos das colnias.

A Poltica de Taxao

Nos anos seguintes o Parlamento ingls criou novos impostos coloniais visando aumentar a arrecadao metropolitana:

Lei do Acar (1764): que incidia sobre o acar, o melao, o vinho, a seda e o caf e proibia o comrcio com as Antilhas holandesas.

Lei do Selo (1765): obrigava a colocao de selos em jornais, livros, panfletos de qualquer carter e documentos comerciais. O selo era uma forma de taxao, porque somente o governo podia vender as estampilhas que os colonos eram obrigados a comprar.

Em reao a essas leis, os colonos proclamaram que sem representao no h tributao e decidiram no mais aceitar as determinaes inglesas, pois os colonos que viviam na Amrica no tinham representao no Parlamento ingls. Diante do clima tenso que se formou, a metrpole revogou a Lei do Selo.

Lei do Townshend (1767): imposto sobre os produtos importados como o chumbo, papel, tinta, vidro e o ch. A reao dos colonos foi o confronto com o exrcito ingls. No dia 5 de maro de 1770, os soldados ingleses enfrentaram populares e mataram cinco pessoas episdio conhecido como Massacre de Boston. Antes que a crise se agravasse, o governo ingls revogou o imposto.

Lei do Ch (1773): garantia aos comerciantes metropolitanos o monoplio sobre a comercializao do ch. Em resposta nova lei, colonos disfarados de ndios atacaram trs navios que estavam atracados no porto de Boston, e jogaram a carga de ch no mar. Esse acontecimento, conhecido como Festa do Ch de Boston, j mostrava evidncias de uma futura ruptura entre a colnia e a metrpole.

Leis Intolerveis (1774): Outorgadas em resposta a Festa do Ch de Boston, nesse conjunto de leis destacaram-se a Lei do Porto de Boston, que fechava o porto at o pagamento integral do ch lanado ao mar; a Lei do Aquartelamento, ordenando s autoridades que dessem alojamento adequado aos soldados ingleses; e a Lei de Quebec, que garantia aos habitantes franceses do Canad a liberdade de religio e dos seus costumes.

A Guerra de Independncia

Essas leis, em lugar de subjugar os colonos, acabaram provocando a unio dos mesmos contra a metrpole. Em encontros e assemblias com representantes de vrias colnias, eram discutidas as sanes e restries adotadas pelos britnicos. Em 1774, reuniu-se o Primeiro Congresso Continental da Filadlfia, que pediu o fim das medidas restritivas ao desenvolvimento das colnias. As colnias do Norte lideraram o movimento de independncia (1776-1787), incorporando as colnias do sul atravs da adoo do regime republicano Federativo (que concedia ampla autonomia aos Estados). Em resposta, Londres intensificou a represso. A intransigncia inglesa favoreceu a organizao do Segundo Congresso Continental da Filadlfia, em 1776, no qual, sob a liderana de Thomas Jefferson, foi redigida a Declarao de Independncia dos Estados Unidos, que foi aprovada em 4 de julho de 1776.

A partir da declarao de independncia a guerra prolongou-se at 1783, ano do reconhecimento da independncia dos Estados Unidos pela Inglaterra. Neste processo os colonos americanos contaram com o apoio de franceses e espanhis que possuam interesses territoriais e nutriam um revanchismo contra a Inglaterra, afinal este pas os tinha derrotado na Guerra dos sete anos. Em 1783 foi assinado o Tratado de Versalhes, onde se estabeleceu a paz entre os pases envolvidos no conflito, o reconhecimento da independncia das 13 colnias inglesas e a devoluo dos territrios da Louisiana Frana e da Flrida Espanha.

Aps a Independncia dos Estados Unidos foi elaborada uma constituio no ano de 1787, mantida at os dias atuais, e dotada dos ideais iluministas, porm que expressavam uma relao contraditria entre esta mesma constituio e as prticas da sociedade americana, onde, por exemplo, manteve-se a escravido que s seria abolida em meados do sculo seguinte.

Se liga!

Uma das razes do arrocho ingls sobre as colnias americanas era a necessidade de arrecadar fundos para cobrir o dficit econmico deixado pela Guerra dos Sete Anos (1756 1763), travada entre a Frana e a Inglaterra. A guerra comeou por causa de um desacordo sobre o controle do Rio Ohio e se expandiu para a Europa, envolvendo vrias potncias. O resultado foi a derrota da Frana e a reafirmao da Inglaterra como maior potncia mundial daquele momento;

Os Estados Unidos elaboraram a primeira constituio escrita (1787).

A independncia das 13 colnias inglesas na Amrica marcada pela influncia dos ideais iluministas de liberdade, igualdade e contestavam as opresses da metrpole sobre a colnia.

Sesso pipoca

Patriota

Diretor: Roland Emmerich. Estados Unidos, 2000.

O Patriota passa-se durante a guerra de Independncia dos EUA, narrando o surgimento dos Estados Unidos. A histria se desenvolve em torno de um fazendeiro que perde a casa e o filho, fatos que o levam a se tornar um dos lderes da independncia.

Vamos Praticar

(UFSM-RS) Em 1776, ocorreu a independncia dos Estados Unidos, onde pela primeira vez uma colnia americana conseguiu romper com a unidade do sistema colonial. explicao desse fato:

I A elite colonial, que at ento pde enriquecer e participar do movimento colonial, teve seus interesses obstaculizados pelos resultados da Guerra dos Sete Anos (1756-1763), que exigiam das Treze Colnias o ressarcimento dos nus da guerra.

II As leis inglesas de navegao sempre impossibilitaram o pleno desenvolvimento da colnia desde o incio do povoamento; a prova disso a Lei do Selo, a Lei do Acar e a Lei do Ch.

III A elite colonial reuniu-se no Primeiro Congresso Continental da Filadlfia, enviou ao rei e ao Parlamento a revogao das Leis do Selo, do Acar e do Ch e proclamou a independncia.

Est (o) correta (s):

a) Apenas I

b) Apenas II

c) Apenas III

d) Apenas I e II

e) Apenas I e III

(UNB) A independncia das Treze Colnias inglesas na Amrica do Norte conhecida como Revoluo Americana porque:

a) Representou o fim do antigo Regime naquela poro do continente.

b) Rompeu o pacto colonial e lanou as bases de um modelo democrtico

c) Foi um movimento de intensa participao popular e remodelou a noo de propriedade privada

d) Marcou o incio do predomnio do trabalho assalariado e o fim da escravido

e) Inspirou-se nos ideais do Despotismo Esclarecido

(UFF) No processo que resultou na Independncia dos EUA, em 1776, houve um longo confronto entre os colonos e o Parlamento ingls, motivado pela inteno da metrpole de impor s colnias as Leis do Acar, do Selo e do Ch. A resposta dos colonos ao arrocho fiscal proposto pela Coroa britnica foi:

a) Uma ilha no pode governar um continente

b) destino manifesto que esta nao foi escolhida para dominar a Amrica

c) Um governo s legtimo quando seu poder emana do povo

d) A Amrica para os americanos

e) Sem representao no h tributao

(UFRJ) Por que a Declarao de Independncia dos Estados Unidos, apesar dos avanos que representava para a poca, no pode ser considerada um documento que fazia justia a toda sociedade norte-americana?

(PUC) So verdades incontestveis para ns: todos os homens nascem iguais; o Criador lhes conferiu certos direitos inalienveis, entre os quais os de vida, o de liberdade e o de buscar a felicidade; para assegurar esses direitos se constituram homens-governo cujos poderes justos emanam do consentimento dos governados; sempre que qualquer forma de governo tenda a destruir esses fins, assiste ao povo o direito de mud-la ou aboli-la, instituindo um novo governo cujos princpios bsicos e organizao de poderes obedeam s normas que lhes paream mais prprias para promover a segurana e a felicidade gerais. (Trecho da Declarao de Independncia dos Estados Unidos.)

A idia central do texto :

a) A forma de governo estabelecida pelo povo deve ser preservada a qualquer preo

b) A retaliao dos direitos naturais independem da forma, dos princpios e da organizao do governo

c) Cabe ao povo determinar as regras sob as quais ser governado

d) Todos os homens tm direitos e deveres

e) Cabe aos homens-governo estabelecer as regras para o povo

(PUC-SP) Na discusso com o Parlamento ingls sobre as Leis do Acar e do Selo (1764-65), os colonos ingleses da Amrica baseavam sua argumentao para recusar as medidas:

a) Nos prejuzos financeiros advindos do bloqueio aos produtos das Antilhas.

b) Nos direitos naturais do cidado vida, propriedade e busca da felicidade.

c) No fato de no estarem representados na assemblia que votou as taxas.

d) No princpio de iseno de taxas concedido pela Coroa aos colonos.

e) No direito inalienvel dos sditos ingleses se recusarem a obedecer leis injustas. (FUVEST) Os conflitos entre os colonos americanos e a Inglaterra, que desencadearam a Guerra da Independncia dos Estados Unidos, originaram-se de divergncias sobre as seguintes questes:

a) Direito dos colonos de organizarem milcias; a extino das atividades agrcolas no sul; criao de escolas.

b) Liberdade de comrcio; representao colonial rio Parlamento; legalidade na cobrana de impostos.

c) Direito do Parlamento de legislar sobre as colnias; importao das manufaturas inglesas; liberdade de culto.

d) Imigrao estrangeira; nomeao de governadores; extino das assemblias coloniais.

e) Desenvolvimento das manufaturas coloniais; sucesso do trono ingls, pagamento da dvida da Guerra dos Sete Anos.

(UFF) Consideramos evidentes as seguintes verdades: que todos os homens foram criados iguais; que receberam de seu Criador certos direitos inalienveis; que entre eles esto os direitos vida, liberdade e busca da felicidade. (Declarao de independncia dos Estados Unidos da Amrica, 2 de julho de 1776.)

Esta passagem denota:

a) O desejo do Congresso Continental de delegados das Treze Colnias no sentido de empreender reformas profundas na sociedade do novo pas.

b) A utilizao de categorias do Direito Natural Racional, no contexto das idias do iluminismo.

c) Que o Congresso Continental, apesar de rebelde Inglaterra, permanecia fiel ao iderio do absolutismo, pois deste emanavam os ideais que defendia.

d) Influncia das reformas empreendidas no sculo XVIII pelos chamados dspotas esclarecidos da Europa.

e) Que os delegados das Treze Colnias tinham urna concepo ingnua e equivocada das sociedades humanas

(VEST) Leia o texto a seguir:

"[...] A independncia e a construo do novo regime republicano foi um projeto levado adiante pelas elites das colnias. Escravos, mulheres e pobres no so os lderes desse movimento. A independncia norte-americana (EUA) um fenmeno branco, predominantemente masculino e latifundirio ou comerciante. [...]. (Fonte: KARNAL, L. "Estados Unidos: da colnia independncia". So Paulo: contexto, 1990. (coleo repensando a histria). P. 67.)

Com base no texto e nos conhecimentos sobre o processo de independncia dos Estados Unidos, correto afirmar que:

a) O movimento de independncia da Amrica do Norte no representou a unio das treze colnias por um sentimento nico de Nao, mas sim, um movimento contra o domnio da Inglaterra, potencializado pelo sentimento anti-britnico.

b) A Amrica do Norte independente, com as reformas de carter democrtico, aboliu as diferenas entre os habitantes da colnia, instituindo a prtica da incluso por meio de uma Constituio Liberal.

c) A colonizao da Amrica do Norte pela Inglaterra diferenciou-se daquela feita na Amrica do Sul pelos espanhis e portugueses porque contou com a organizao e assistncia da metrpole nesse empreendimento de conquista e explorao.

d) A fora do catolicismo foi preponderante no processo de emancipao, pois incentivava o crescimento espiritual da populao, libertao dos escravos e a expanso territorial - crescimento que s seria possvel cortando os laos com a metrpole.

e) Um dos problemas apresentados no perodo de lutas pela independncia dos EUA foi a falta de um projeto comum entre as colnias do norte e as colnias do sul que no se harmonizavam quanto a um acordo na forma de promulgar a Constituio estadunidense do norte e do sul.

(VEST) A razo inicial da luta que conduziria Guerra de Independncia dos EUA foi o aumento de impostos decretados pelo parlamento ingls sobre as colnias americanas, tendo como objetivo:

a) arrecadar fundos para que a Inglaterra pudesse prosseguir na colonizao do oeste americano.

b) arrecadar capital para a explorao das usinas de carvo, to necessrias ao desenvolvimento de sua revoluo industrial.

c) angariar fundos para que a Inglaterra pudesse financiar uma nova coligao contra Napoleo Bonaparte.

d) diminuir o dficit do tesouro ingls, seriamente abalado com as despesas ocasionadas pela Guerra dos Sete Anos.

e) impor s colnias americanas a autoridade da metrpole, seriamente abalada com as guerras civis inglesas.

(Fuvest-SP) "O puritanismo era uma teoria quase tanto quanto uma doutrina religiosa. Por isso, mal tinham desembarcado naquela costa inspita [...J o primeiro cuidado dos imigrantes (puritanos) foi o de se organizar em sociedade."

Essa passagem de A democracia na Amrica, de A. de Tocqueville, diz respeito tentativa:

a)malograda dos puritanos franceses de fundarem no Brasil uma nova sociedade, a chamada Frana Antrtida.

b)malograda dos puritanos franceses de fundarem uma nova sociedade no Canad.

c)bem-sucedida dos puritanos ingleses de fundarem uma nova sociedade no Sul dos Estados Unidos.

d)bem-sucedida dos puritanos ingleses de fundarem uma nova sociedade no Norte dos Estados Unidos, na chamada Nova Inglaterra.

e)bem-sucedida dos puritanos ingleses, responsveis pela criao de todas as colnias inglesas na Amrica.

(PUC-RJ) Na discusso com o Parlamento ingls sobre as Leis do Acar e do Selo (1764-65), os colonos ingleses da Amrica baseavam sua argumentao para recusar as medidas:

a) Nos prejuzos financeiros advindos do bloqueio aos produtos das Antilhas.

b) Nos direitos naturais do cidado vida, propriedade e busca da felicidade.

c) No fato de no estarem representados na assemblia que votou as taxas.

d) No princpio de iseno de taxas concedido pela Coroa aos colonos.

e) No direito inalienvel dos sditos ingleses se recusarem a obedecer leis injustas.

(VEST) Um dos principais fatores que conduziram independncia dos EUA foi:

a) O lanamento sistemtico de tributos por parte da Inglaterra, sem anuncia da populao norte-americana.

b) O processamento da Revoluo Industrial nos EUA, o que contrariava os interesses ingleses.

c) A concorrncia mercantil na rea de Caribe desenvolvida pelo comrcio norte-americano em oposio Inglaterra.

d) A necessidade de romper o monoplio comercial que a Inglaterra exercia sobre os produtos agrrios do sul dos EUA.

(VEST) Analise o texto abaixo:

"Cremos como verdades evidentes por si prprias que todos os homens nasceram iguais, que receberam de seu Criador alguns direitos inalienveis; que entre esses direitos esto a vida, a liberdade e a procura da felicidade; que para assegurar esses direitos que os Governos foram institudos entre os homens e seu justo poder advm somente do consentimento dos governados; todas as vezes que uma forma de Governo torna-se destruidora desses fins, o povo est no direito de modific-la ou aboli-la e instituir um novo Governo, estabelecendo seus fundamentos nos princpios e organizando seus poderes nas formas que lhe parecero as mais prprias para realizar sua segurana e felicidade..."(Prembulo da Declarao de Independncia dos Estados Unidos da Amrica, 4 jul. 1776)

A partir do texto correto afirmar que o fundamento da Independncia dos Estados Unidos foi:

a) a liberdade de contestar o rei.

b) a igualdade na distribuio de poderes.

c) o direito luta pela segurana nacional.

d) o direito organizao corporativa.

e) o direito rebelio contra a tirania.

A REVOLUO INDUSTRIAL

Consideraes Iniciais

A partir do final do sculo XVIII, o mundo vai passar por transformaes ainda mais radicais do que aquelas que vinham se desenrolando na chamada Idade Moderna, cujas origens remontavam na Baixa Idade Mdia. Essas transformaes se deveram, como coloca o historiador Eric Hobsbawm, a dupla revoluo: a Revoluo Francesa de 1789 e a revoluo industrial (inglesa), contempornea a primeira. Nesse perodo, o mundo, ou grande parte dele, transformou-se, a partir de base europia, que reuniu as condies essenciais, capazes de empreender as mudanas. As foras econmicas e sociais, as ferramentas polticas e intelectuais desta transformao j estavam preparadas em todo o caso pelo menos em uma parte da Europa suficientemente grande para revolucionar o resto.(HOBSBAWM, Eric. A Era das Revolues, 1789-1848. So Paulo: Paz e Terra, 2006, 20a ed., p. 17)

Assim, a dupla revoluo ocorreu em determinada regio da Europa, porm, espalhou-se, logo tomou a forma de uma expanso europia e de conquista do resto do mundo. Significaram o triunfo do capitalismo liberal burgus, da sociedade burguesa, porm, viu-se tambm o aparecimento das foras que um sculo depois de 1848, viriam a transformar a expanso em contrao, quando o mundo conquistado, adotando as mesmas tcnicas e idias, se voltaria contra o Ocidente. Dentro da Europa, ainda, as foras e idias que projetavam a substituio da nova sociedade triunfante j estavam aparecendo, como veremos adiante.

A Revoluo Industrial explodiu antes da Revoluo Francesa. A partir de 1780, seguindo ainda o as anlises de Hobsbawm, foram retirados os grilhes do poder produtivo das sociedades humanas, que da em diante se tornaram capazes da multiplicao rpida, constante, e at o presente ilimitada, de homens, mercadorias e servios (HOBSBAWM, Eric. A Era das Revolues, 1789-1848. So Paulo: Paz e Terra, 2006, 20a ed., p. 50) A partir da metade do sculo XVIII, o processo j se desenvolvia, mas 1780 a dcada decisiva, pois foi quando a economia deu uma guinada repentina, todos os ndices foram as alturas.

A Revoluo Industrial

Desta forma, na Inglaterra, a partir da segunda metade do sculo XVIII, comeou uma das mais espetaculares transformaes da histria da humanidade: a Revoluo Industrial. A indstria capitalista surgiu e se tornou a parte mais importante da economia mundial, um fenmeno que no se restringiu a Inglaterra, e logo englobou a Europa Ocidental, mesmo que, sob a hegemonia daquela.

A Revoluo Industrial em sentido restrito foi o processo histrico que levou substituio das ferramentas pelas mquinas, da energia humana pela energia motriz e da produo domstica pelo sistema fabril, enfim, o processo de mecanizao das indstrias, partido da mquina a vapor e perpassando diversas fases. No entanto, preciso pens-la, em sentido mais amplo, como concretizao do sistema capitalista, como o conjunto de transformaes na indstria, agricultura, transportes, bancos, comrcio, comunicaes, enfim, em toda a economia, que transformou a sociedade como um todo, sua lgica e relaes. , portanto, um amplo processo de transformaes em todos os mbitos da sociedade. Traduz-se, assim, na mudana social, no modo de viver e pensar, na transformao da vida dos homens, no estabelecimento de novo sistema de relaes e de sentido.

Pioneirismo Ingls

O pioneirismo ingls se deve as condies favorveis que existiam no pas no sculo XVIII. Condies essas, que foram se desenvolvendo ao longo da Idade Moderna. A primeira delas foi o enriquecimento da burguesia, o acmulo de capitais em mos de um pequeno grupo de investidores. Atravs da pirataria, contrabando, das guerras de conquista, do trfico de escravos, da colonizao, de transaes com outros pases e do trabalho de camponeses e artesos, os burgueses acumularam capital, que seria essencial para o investimento nas fbricas nascentes. Capitais acumulados tambm atravs de operaes no setor da produo agrcola (enclousures, que veremos a diante) e industrial (com as manufaturas, ainda no industrializadas).

Outra condio essencial era a mo-de-obra, que deveria estar concentrada nas cidades, onde a fbrica poderia se desenvolver por conta do mercado consumidor, da infra-estrutura de transportes e obteno de matria prima por meio do comrcio. Na Inglaterra do sculo XVIII, formavam-se os novos cercamentos (enclosures). O processo dos cercamentos das terras agrcolas iniciou-se no final da Idade Mdia, mas teve seu auge no perodo que vai do sculo XVII at a primeira metade do sculo XVIII. Antigas propriedades auto-suficientes, que produziam variados itens, passaram a se especializar na produo de um nico produto voltado para comercializao no mercado. Por razes comerciais, o caso mais comum era a criao de ovelhas para extrao de l, matria-prima para as rentveis manufaturas txteis e, em menor escala, plantaes de trigo. Terras comunais usadas coletivamente pela populao rural, na antiga tradio feudal, passavam a ser exploradas em benefcio de um proprietrio nico, empregando reduzida mo-de-obra nas terras tomadas e cercadas. Assim, os cercamentos foram responsveis pelo esvaziamento da zona rural, pela expropriao macia dos camponeses e pela transformao da terra em um bem lucrativo. Os terrenos passaram a ser arrendados e foram contratados camponeses que se dedicavam a uma produo efetivamente voltada para o mercado. A mo-de-obra disponvel pode, ento, ser aproveitada no trabalho das minas e na produo manufatureira, e grande parte deslocou-se para as cidades, transformando-se na mo-de-obra necessria para a Revoluo Industrial.

Outra questo importante para a Revoluo Industrial foi o crescimento demogrfico. A partir do sculo XVIII, a populao aumentou rapidamente, divido a diminuio do ndice de mortalidade, devido a melhorias das condies alimentares, alto ndice de natalidade, em uma populao que passa a entrar no mercado de trabalho cada vez mais jovem, devido s novas necessidades, e cada vez mais cedo passam a ter famlia e filhos.

A Inglaterra, tambm j havia feito a sua revoluo burguesa, nas revolues inglesas (Puritana e Gloriosa). O feudalismo, a servido e o absolutismo com os resqucios do Antigo Regime j haviam sado de cena. O Estado representava os interesses da burguesia, desenvolvendo leis, infra-estrutura, obras pblicas em benefcio desta. Idias iluministas (valorizao das cincias, liberdades individuais, progresso ilimitado) puderam, neste quadro, se espalhar rapidamente. Assim, a consolidao da monarquia parlamentar alterou profundamente os rumos da economia britnica, que colocou como prioridade os interesses burgueses, que tinham agora o poder de deciso, e portanto o desenvolvimento industrial.

Os avanos cientficos e tecnolgicos no foram fatores determinantes para Revoluo Industrial, uma vez que, outros pases, como Frana, encontravam-se mais avanados em muitos setores. Porm, no haviam reunido e desenvolvido, todas essas condies favorveis, como os ingleses.

O papel do mercado tambm foi fundamental. A ampliao da produo de cereais fez baixar os preos da alimentao, o que elevou os salrios no fim das dcadas de 30 e 60 do sculo XVIII. Isso significava mais consumo, o mercado crescia e estimulava os fabricantes. O mercado externo teve um peso ainda mais decisivo, as exportaes de tecidos de algodo, por exemplo, ampliaram 900% de 1770 a 1790, como analisou Eric Hobsbawm. A Amrica Latina e sia, sobretudo a ndia, se tornaram mercados consumidores de primeira ordem.

Dispondo da mais poderosa esquadra do mundo, Inglaterra garantia esse mercado externo. Os tecidos eram feitos de linho ingls e de algodo, que precisava ser importando das Treze colnias e, depois, dos Estados Unidos, da ndia e do Brasil. Ao mesmo tempo que a construo de canais criavam facilidades para o mercado interno.

Por fim, a Inglaterra tambm possua ricas jazidas de ferro e carvo, matrias primas bsicas nessa fase, que se encontravam prximas aos centros industriais, que eram servidos por bons portos, estradas e canais, facilitando a circulao.

Assim, Inglaterra iniciou o processo da Revoluo Industrial que a rigor, no chegou ao fim. Porm, se quisermos considerar um perodo inicial, em que as primeiras transformaes de peso, no momento, ocorreram, podemos estend-la at meados do sculo XIX, 1840, com a construo das ferrovias. Assim, neste percurso da Revoluo Industrial, a Inglaterra ainda desenvolveu a indstria de base representada especialmente pela metalurgia e pela siderurgia e o setor de transportes. O carvo, por exemplo, foi utilizado como fonte de energia para a indstria, para o uso domstico e como combustvel para as locomotivas. O desenvolvimento de mquinas como a mquina a vapor e o tear mecnico permitiu o crescimento da produtividade e a racionalizao do trabalho. Com a aplicao da fora a vapor s mquinas fabris, a mecanizao difundiu-se na indstria txtil. A inveno da locomotiva e do navio a vapor acelerou a circulao das mercadorias.

O processo de Revoluo Industrial, assim, envolveu e transformou a sociedade, agora marcada por duas classes: a burguesia, proprietria dos meios de produo, e o proletariado, classe assalariada, que para subsistir, vende o nico bem que possui: sua fora de trabalho. Na nova lgica, o trabalho, que antes significava humilhao e dor, passou a designar fonte de riqueza e produtividade. Ele passou a dignificar o homem, no discurso corrente. No entanto, neste processo de industrializao o trabalhador foi robotizado. Se antes ele tinha o controle de todas as etapas de produo de um artigo, a partir daquele momento, ele tornou-se um especialista, o resultado do trabalho se torna alheio ao trabalhador. Ele saber apenas operar a mquina em uma das etapas do processo de confeco de um dado produto. O trabalhador fica submetido ao tempo da mquina e, por vezes, passa a ser substitudo por ela.

A revoluo industrial ainda buscou o trabalho feminino e infantil como mo-de-obra, principalmente nas indstrias txteis que exigiam menor fora fsica. Pagando salrios menores s mulheres e s crianas, os industriais conseguiam, assim, baratear o custo da sua produo. A grande maioria do proletariado vivia em pssimas condies. Os salrios eram baixssimos e a jornada diria de trabalho poderia durar 16 ou 18 horas, sem direito a frias. As fbricas eram imundas e o trabalho insalubre.

A fisionomia das cidades se modificou. Elas cresciam a cada dia, recebendo homens, mulheres e crianas interessados em trabalhar nas indstrias. Essas famlias habitavam os bairros mais pobres e populosos, em cortios e favelas com pssimas condies sanitrias. A misria fez crescer a criminalidade e a violncia.

As pssimas condies de trabalho e de moradia dos trabalhadores geraram uma srie de movimentos de revolta e reivindicao. Um deles foi o ludismo, movimento de protesto que no inicio da revoluo industrial se caracterizava pela destruio das mquinas pelos trabalhadores, os smbolos da perda de postos de trabalho e do esmagamento do trabalho artesanal. Posteriormente, entretanto, os movimentos desenvolveram-se para pressionar os empregadores, prejudicando seus interesses econmicos, buscando melhorias salariais, melhores condies de trabalho, alm de conter a mecanizao do trabalho. Longe de serem aes ingnuas dos trabalhadores, foram movimentos de ao direta, formas de negociao e reivindicao, que buscavam pressionar o patro, prejudicando seus negcios, impondo assim, mais rapidamente suas condies, protegendo a subsistncia do trabalhador contra os cortes nos salrios, ou contra ameaa das mquinas. Este ataque s mquinas rotulado ludismo, na verdade se aplica a movimentos especficos em pocas determinadas, e no se limitaram a protestos contra inovao tcnica.

Mais tarde, em meados do sculo XIX, que formas mais modernas de reivindicao e luta, como greves e sindicatos, tiveram lugar. Nos anos 30 do sculo XIX surgiu na Inglaterra o movimento cartista. Organizado em 1838, o cartismo, que englobava operrios, artesos a at representantes das classes mdias, tem origem na Carta do Povo, petio apresentada ao Parlamento contendo algumas reivindicaes. A principal delas era o sufrgio universal masculino, lutavam tambm por jornadas de trabalho de apenas 10 horas entre outras coisas. Em 1848, foi entregue ao parlamento a Carta do Povo, e os cartistas reprimidos. Porm o cartismo teve o mrito de organizar politicamente os trabalhadores. Como resultado a reforma eleitoral de 1867 concedeu direito de voto para a pequena burguesia e para alguns operrios especializados.

Operrios em protesto

No sculo XIX, a Revoluo Industrial se desenvolveu em diversos pases europeus, principalmente Frana e Alemanha. Em menor escala, na Holanda, Blgica e Norte da Itlia. A Rssia e a Europa Oriental, tal como Portugal, e Espanha, permaneceram essencialmente agrrias. Entretanto, no final do sculo XIX, comeou a se desenvolver a indstria russa.

A Revoluo Agrcola

A Inglaterra especializou-se, sobretudo, na produo de l e de algodo. A indstria de l estava ligada economia camponesa e associada criao de ovelhas, como j visto. J a indstria algodoeira vinculava-se ao comrcio ultramarino, tanto pelo fornecimento de matrias-primas, como pelo aproveitamento do algodo cultivado em algumas reas coloniais inglesas da Amrica.

importante, assim, observar que paralelamente s inovaes tecnolgicas e ao surgimento da indstria fabril nos centros urbanos, no campo operou-se tambm a afirmao do capitalismo atravs da Revoluo Agrcola. Esta envolveu uma srie de novos mtodos e tcnicas de cultivo e criao. A estrutura da propriedade mudou devido aos cercamento dos campos, e os proprietrios particulares investiram dinheiro na melhoria da produo. Uma srie de inovaes tcnicas, sociais e econmicas levou a agricultura a dinmica da produo capitalista. Transformaes visando aumentar a produtividade do solo, atender a demanda das indstrias e populaes, e ampliar os lucros dos produtores, foram a base para essas transformaes.

Liberalismo Econmico

O papel pioneiro desempenhado pela Inglaterra no processo de industrializao contribuiu para fazer daquele pas o bero da escola clssica de economia poltica.

Adam Smith (1723-1790), clssico, pai do liberalismo econmico, afirmava que o trabalho era a verdadeira fonte de riqueza e no a agricultura. Embora ele aceitasse o princpio do Laissez faire (Laissez faire, laissez passer et l monde va de lui-mme -Deixai fazer, deixai passar e o mundo marcha sozinho - a expresso que designa o iderio contra poltica intervencionista do mercantilismo, e propem a liberdade e no-interveno na economia, uma vez que ela se auto-regula, e desta forma que melhor funciona), acreditava que certas formas de interferncia governamental na economia eram tolerveis, desde que se destinassem a prevenir a injustia e a opresso ou a incentivar a educao e proteger a sade pblica. Outro ponto importante para sua teoria diz respeito diviso do trabalho: no momento em que houvesse a especializao do trabalho, em todas as atividades econmicas, seria facilitada a produo de bens e o mundo se transformaria numa vasta oficina, executando-se o trabalho onde fosse exigida menor necessidade de tempo e esforo, graas colaborao da natureza e ao aproveitamento das aptides humanas.

Smith, como David Ricardo (1772-1823), outro importante economista clssico, buscavam compreender a totalidade das relaes sociais que surgiam com a industrializao. Ricardo defendeu que trs fatores podiam desestabilizar a economia: salrio, lucros e as rendas da terra. Como podemos perceber, essas categorias dizem respeito aos trabalhadores, capitalistas e latifundirios. Quando um destes fatores aumentava demais, provocava um desequilbrio em toda a economia.

Em resumo, eis alguns dos postulados do liberalismo econmico:

A inviolabilidade da propriedade privada e o individualismo econmico a propriedade privada era um direito de todo o homem. Alm disso, toda atividade econmica que redundasse em benefcio pessoal para o indivduo beneficiaria, por extenso, a sociedade em seu conjunto. O bem-estar da sociedade era resultado da prosperidade econmica individual de seus membros.

Laissez-Faire, liberdade de comrcio e de produo O Estado no deveria interferir nas atividades econmicas. No mximo, ele poderia atuar de forma subsidiria e complementar. A funo do governo deveria ser a manuteno da ordem, da paz e a proteo propriedade privada. A economia possui leis naturais, isto , ela se auto-regula naturalmente, sem necessidade de qualquer interferncia do Estado.

Liberdade de contrato questes como salrio e jornada de trabalho deveriam ser fixadas livremente atravs da negociao direta entre empregador e empregado.

Se Liga!

A Revoluo Industrial foi um fenmeno que introduziu a racionalidade no trabalho. O saber-fazer dos artesos deu lugar a um trabalhador submetido ao tempo da mquina.

Ela iniciou-se na Inglaterra por uma srie de fatores, mas espalhou-se por toda a Europa ocidental, que iniciou um processo de expanso pelo mundo.

Trouxe srias conseqncias sociais e ambientais, como o crescimento desordenado das cidades, a submisso do trabalhador mquina, o uso do trabalho infantil e feminino e, por fim, o desenvolvimento de movimentos de contestao e reivindicao.

As principais caractersticas da doutrina econmica liberal eram:

A idia de que a economia se auto-regula por meio de suas leis naturais;

A defesa da livre-concorrncia;

A liberdade cambial;

A defesa da propriedade privada;

O combate ao mercantilismo.

Sesso Pipoca

Germinal

Diretor: Claude Berri. Frana, 1993.

Baseado na obra homnima de mile Zola, de 1881, o filme mostra o dia-a-dia de uma comunidade de mineiros de carvo do interior da Frana.

Oliver Twist

Direo: David Lean, Inglaterra

Uma das melhores produes das mais de dez verses cinematogrficas do clssico escrito por Charles Dickens. Embora seja um filme de aventuras, paresenta uma viso crtica de problemas sociais da Inglaterra em plena Revoluo Industrial.

Vamos Praticar

(RURAL2008) Leia os versos a seguir.

Quanto tempo o tempo tem?/Perguntas trazem meus versos/Nem a cincia conseguiu nos explicar/Nas mos divinas as origens do universo/H mais de 15 mil anos a humanidade busca respostas/Nascer e pr-do-sol... Definiram o dia/ A semana e o ms, a astrologia/ Tempo me escravizou, virei rob/Fez meu mundo girar, bem devagar/No tique-taque das horas/Nosso samba vira histria/E jamais vai se apagar.... O Tempo que o Tempo tem. Samba-Enredo 2007, G.R.E.S Acadmicos de Santa Cruz do Rio de Janeiro. Autores: Marcelo Borboleta, Charuto, Dito, Valdir e Fernando de Lima.

O verso em destaque apresenta uma crtica ao fato de o homem moderno ter-se transformado em um escravo do tempo. A inveno de mquinas para fazer o trabalho humano uma histria antiga. Mas com a inveno da mquina a vapor ocorreu uma modificao importante no mtodo de produo, e os efeitos chegaram at os trabalhadores.

Com base nos seus conhecimentos sobre a Revoluo Industrial, apresente duas (02) conseqncias da Revoluo Industrial que justifiquem o verso em destaque.

(Unicamp) De p ficaremos todos/ E com firmeza juramos/ Quebrar tesouras e vlvulas/ E pr fogo s fbricas daninhas (Cano dos quebradores de mquinas do sculo XIX citada por Lo Huberman, Histria da Riqueza do Homem, 1979.)

A partir do texto acima, caracterize o tipo de ao dos quebradores de mquinas e explique os motivos deste movimento.

(ENEM) A Revoluo Industrial ocorrida no final do sculo XVIII transformou as relaes do homem com o trabalho. As mquinas mudaram as formas de trabalhar e as fbricas concentraram-se em regies prximas s matrias-primas e grandes portos, originando vastas concentraes humanas. Muitos dos operrios vinham da rea rural e cumpriam jornadas de trabalho de 12 a 14 horas. A legislao trabalhista surgiu muito lentamente ao longo do sculo XIX e a jornada de oito horas de trabalho s se concretizou no sculo XX.

Pode-se afirmar que as conquistas trabalhistas no incio deste sculo esto relacionadas com:

a) a expanso do capitalismo e a consolidao dos regimes monrquicos constitucionais.

b) A expressiva diminuio da oferta de mo-de-obra devido demanda por trabalhadores especializados.

c) A capacidade de mobilizao dos trabalhadores em defesa de seus interesses.

d) O crescimento do Estado ao mesmo tempo em que diminua a representao operria nos parlamentos.

e) A vitria dos partidos comunistas nas eleies das principais capitais europias.

(PUC) A inaugurao da produo industrial inglesa no sculo XVIII modificou a face da sociedade. Assinale a alternativa incorreta a respeito da Revoluo Industrial:

a) A Revoluo Industrial transferiu o controle da produo das mos do trabalhador para as mos do empresrio capitalista.

b) A Revoluo Industrial subordinou as regras do mercado ao crescente volume da produo mecanizada.

c) Este processo modificou o conceito de consumo, ampliando-o para muito alm das necessidades bsicas.

d) Ela propiciou a formao de cidades industriais, superando carter rural das sociedades.

e) A Revoluo Industrial transformou o trabalhador em um ser submisso e alienado, inviabilizando as organizaes de classe.

(UFF2008) Conhecido como um dos mais importantes tericos do liberalismo econmico do sculo XVIII, Adam Smith afirmava que, ao promover o interesse pessoal, o indivduo contribua para o interesse geral e coletivo. Neste sentido, o principal impacto de seu livro, O Ensaio sobre a Riqueza das Naes, foi o de justificar fortemente, a busca desenfreada do enriquecimento individual.

Com base nesta afirmativa:

a) indique duas caractersticas do liberalismo econmico;

b) analise o papel do Estado no liberalismo econmico de Adam Smith.

(UFF-RJ) Adam Smith, em a Riqueza das Naes, assentou as bases do Liberalismo econmico, cujos princpios so:

a) Igualitarismo, liberdade de comrcio e criao de fazendas coletivas agro-industriais.

b) Colnias autogeridas, erradicao do Estado, mais-valia e autogesto industrial.

c) Capitalismo comercial, absolutismo, metalismo, e interveno do Estado na economia.

d) Respeito s leis naturais da economia, liberdade de contrato de trabalho, liberdade de comrcio e de produo.

e) Socializao dos meios de produo, livre-concorrncia, fim das desigualdades sociais e nacionalizao das fbricas.

(UERJ1997) Proletariado... o nome mesmo soa como um arcasmo: representam-se os proletrios do incio do sculo ou do entreguerras, bon inclinado sobre a cabea e sacola de pano sobre os ombros, dirigindo-se cedo pela manh para as portas das usinas dos sinistros subrbios. Ou ainda, bandeiras vermelhas s mos, nos cortejos de 1 de maio ou aqueles operrios dos manifestos. Imagens que parecem pertencer a outro sculo, mesmo se as realidades, que as engendraram, marcaram profundamente este nosso sculo que se finda. (BIRH, Alan. "Le Proletariat dans Tous ses clats". Le Monde Diplomatique: manire de voir, n 18, 1993.)

As realidades que formaram essas imagens do proletariado esto relacionadas ao incio do sculo XIX, no momento em que a Revoluo Industrial se firmava na Inglaterra.

A) Identifique um dos movimentos de reao desse proletariado s transformaes scio-econmicas em curso, na Inglaterra da primeira metade do sculo XIX, e cite uma de suas caractersticas.

B) Descreva a dinmica do movimento operrio a partir do "Manifesto Comunista" de 1848.

(UERJ2000) O sculo XXI comea sob o regime de uma revoluo econmica que talvez s seja comparvel revoluo industrial do final do sculo XVIII. Nos ltimos 100 anos no vimos nada igual.(Veja, 07/07/99)

Apesar da aproximao estabelecida acima, a Revoluo Industrial do sculo XVIII e a revoluo econmica em curso possuem diversas diferenas entre si.

Esses dois processos distinguem-se por apresentarem, respectivamente, as seguintes caractersticas:

a) acumulao de capital no setor tercirio atravs dos bancos acumulao de capital atravs da transformao capitalista da agricultura

b) revoluo agrcola necessria acumulao de capital desapropriao dos terrenos improdutivos para incentivo industrializao

c) crescimento das atividades artesanais centradas nas oficinas domsticas especializao da mo-de-obra na produo em srie

d) predominncia de empresas formadas por capital familiar limitado revoluo tcnicocientfica com a aplicao da cincia no desenvolvimento econmico

(UERJ2001)

(HENDERSON, W. O. A revoluo industrial. So Paulo: Verbo / Edusp, 1979.)

As ilustraes acima representam dois momentos do processo de transformao da indstria nos sculos XVIII e XIX.

Duas caractersticas que diferenciam o segundo momento do primeiro esto indicadas em:

a) aumento na escala produtiva / diviso do trabalho na fbrica

b) ampliao do local de trabalho / proibio do trabalho infantil

c) avano da mecanizao / controle estatal dos meios de produo

d) reduo da jornada de trabalho / desconcentrao espacial da indstria

(UERJ2001) Os acontecimentos do final do sculo XVIII deram corpo e alma a uma srie de mudanas que possibilitaram o nascimento, embora em ritmos diversos, segundo as regies, do mundo contemporneo. A gestao da Revoluo Industrial inglesa, a independncia dos Estados Unidos e a Revoluo Francesa constituram-se nos marcos dessa modernidade. As idias e prticas abalaram os alicerces do Antigo Regime, ainda que de formas diversas, tanto na maior parte do continente europeu quanto no universo colonial americano.

Aponte duas conseqncias da Revoluo Industrial inglesa, uma no plano econmico e outra no plano social.

(UERJ2004) Livre-se desta indiferena estpida, sonolenta e preguiosa (...). Em que caminho da vida pode estar um homem que no se sinta estimulado ao ver a mquina a vapor de Watt?

Arthur Young. Viagens na Inglaterra e no Pas de Gales. (Apud HOBSBAWM, Eric J. A era das revolues. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1981.)

Apesar do otimismo do autor do texto acima, o processo da Revoluo Industrial, que se iniciou por volta da dcada de 1760, na Inglaterra, promoveu uma srie de transformaes na sociedade inglesa, tais como:

a)mudana no significado da palavra trabalho, passando a expressar dor e desprestgio social.

b)ampliao da diviso do trabalho, buscando maior produtividade e controle sobre os operrios.

c)declnio das atividades agrcolas, provocando arrendamento das propriedades rurais e desvalorizao da terra.

d) aumento das exigncias tecnolgicas, levando capitalizao empresarial e ao abandono das tcnicas artesanais.

(UERJ2005)

CANO LUDITA

E noite trs noite, quando tudo est tranqilo

e a lua se esconde por detrs da colina

Ns marchamos para executar a nossa vontade

Com acha, lana ou fuzil

Oh! meus valentes cortadores

Os que com um s forte golpe rompem com as mquinas cortadeiras ...

(http://educaterra.terra.com.br)

O movimento Ludita, ocorrido na Inglaterra principalmente entre 1811 e 1813, conhecido na Histria como quebra-mquinas, foi uma reao contra os problemas decorrentes da Revoluo Industrial. Mencione:

a) dois fatores para o movimento Ludita;

b) duas razes, uma no plano social e outra no plano tecnolgico, que justifiquem o fato de a Revoluo Industrial ser considerada um marco do incio do mundo contemporneo.

(UERJ2007) A Intel, lder mundial de inovaes em silcio, desenvolve tecnologias, produtos e iniciativas para melhorar continuadamente a forma como as pessoas trabalham e vivem. (www.intel.com)

A Intel investir mais de US$ 1 bilho de dlares na ndia ao longo de cinco anos (...). A Intel est conversando com o governo indiano sobre a instalao de unidades de produo no pas (...).

(Adaptado de Valor Econmico, 06/12/2005)

A Revoluo Industrial iniciada no sculo XVIII na Europa, que resultou na reformulao do mapa econmico desse continente, e o atual processo de desenvolvimento industrial, exemplificado nos textos, tm mecanismos distintos de localizao das atividades industriais.

Em cada uma dessas fases, as fbricas com novas tecnologias foram atradas, respectivamente, pela presena de:

a) rede de transporte governo democrtico

b) incentivo fiscal abundante matria-prima

c) mercado consumidor legislao ambiental flexvel

d) fonte de energia mo-de-obra com qualificao

(UFRJ2000) Quando um estrangeiro passa pelas massas humanas que se acumularam ao redor das tecelagens e estamparias... no pode deixar de contemplar essas .colmias abarrotadas. Sem uma sensao de ansiedade e apreenso que beira o desalento. A populao, tal como o sistema em que ela pertence, nova, mas cresce a cada momento em fora e extenso. Ela um agregado de massas que nossas concepes revestem com termos que exprimem algo de prodigioso e terrvel... como a lenta e gradual formao das ondas de um oceano que dever, em algum momento futuro, mas no distante, carregar todos os elementos da sociedade em sua superfcie, e arrast-los s Deus sabe para onde. H energias vigorosas nessas massas... A populao manufatureira no nova apenas em sua formao: nova tambm em seus hbitos de pensamento e ao, que se formaram, pelas circunstncias da sua condio, com pouca instruo, e orientao externa ainda menor..... (Cooke Taylor, Notes of a tour in a manufacturing Districts of Lancashire (1842), citado em E. P. Thompson, A formao da classe operria inglesa, v.II, Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1987).

a) Explique duas mudanas produzidas pela Revoluo Industrial na sociedade inglesa do sculo XIX.

b) Caracterize as condies de trabalho da classe operria inglesa na primeira metade do sculo XIX.

(UFRJ2005)

GRAVURA: O mundo do capital a fbrica: Iron & Steel, em Barrow, in: HOBSBAWM, Eric. A era do capital, 1848 1875. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1977, ilustrao 71.

A industrializao desencadeou diversas mudanas econmicas e polticas na Europa de 1780 em diante.

a) Identifique duas caractersticas da produo fabril no sculo XIX.

b) No plano poltico, a industrializao contribuiu para o fortalecimento das idias e prticas liberais. Cite duas caractersticas do liberalismo no sculo XIX.

REVOLUO FRANCESA

Se a economia do mundo no sculo XIX foi formada principalmente sob a influncia da revoluo industrial britnica, sua poltica e ideologia foram formadas fundamentalmente pela Revoluo Francesa. (HOBSBAWM, Eric J. A era das Revolues (1789-1848))

Antecedentes: A Frana antes da Revoluo

A situao geral da Frana era delicada. O Antigo Regime tinha suas bases em crise, o que o deixava cambaleante. O sistema de produo francs era arcaico caso o compararmos com o sistema capitalista e dependente da manufatura das corporaes de ofcio, que traziam consigo o rano medieval. O Estado francs tinha base feudal, mas j apresentava aspectos de transio, que gerariam conflito em algum momento.

A sociedade era estratificada em trs ordens sociais: o Primeiro Estado (alto e baixo clero) que na dcada de oitenta setecentista eram 1% da populao e possuam 20% das terras. O Segundo Estado (nobreza cortes, nobreza provincial e nobreza de toga) eram no mesmo perodo 2% da populao e eram proprietrios de 35% das propriedades fundirias. O Terceiro Estado (grande burguesia, pequena burguesia, sans-culotte e camponeses). O Terceiro estado era composto da maioria da populao, aproximadamente 96%, e apesar das diferenas sociais de seus diversos grupos opunham-se aos privilgios concedidos nobreza e ao clero. Em relao propriedade dos meios de produo, a grande burguesia era grande proprietria. Em geral o Terceiro Estado reivindicava um regime jurdico de igualdade de todos perante a lei, pois apenas o clero e a nobreza possuam uma srie de benefcios polticos e tributrios. Mas para a grande burguesia as mudanas deveriam parar neste ponto. A pequena burguesia desejava maior diviso de renda, uma economia que no penalizasse a ento Classe Mdia com tantos impostos e a deixasse a merc dos desgnios da Grande Burguesia. Os camponeses desejavam reforma-agrria, fim das dvidas feudais.

Legenda: Sans-culottes, que eram artesos, trabalhadores e at pequenos proprietrios que viviam nos arredores de Paris. Recebiam esse nome porque no usavam os elegantes cales que a nobreza vestia, mas uma cala de algodo grosseira.

Podemos destacar como pontos de crise o crescimento demogrfico, que aumentava a presso social; a crise agrcola, gerada por crises climticas cclicas que provocaram colheitas desastrosas, e somando-se s pssimas condies de trabalho provocaram uma nova onda de fome; os tratados com a Inglaterra em 1786 Tratado de Eden onde ambos os pases acertaram a reduo das taxas alfandegrias, o que provocou uma crise na indstria txtil francesa, que no suportou a concorrncia; declnio do setor de comrcio externo em virtude da perda de colnias o Canad, a Luisiana e feitorias na ndia - que fez diminuir o fluxo de matrias-primas e manufaturas.

Devem ser tambm levados em conta os gastos com a Guerra dos Sete Anos (1756-1763) e Guerra de Independncia nos EUA (1776-1781), que levaram a Frana a contrair emprstimos junto a bancos estrangeiros. Todos estes problemas geraram grande insatisfao da populao tanto no campo quanto nas cidades. Para controlar a crise econmica e o dficit era preciso aumentar a arrecadao, ou seja, os impostos. Como o Primeiro e o Segundo Estado eram isentos de impostos, todo o peso recaa sobre o Terceiro Estado, que para cumprir suas obrigaes fiscais eram obrigados at mesmo a vender seus modestos bens e, algumas vezes, seus prprios instrumentos de trabalho. Diante da depresso econmica o terceiro estado no suportaria uma nova taxao. A soluo encontrada pelos ministros das finanas foi alterao da estrutura de privilgios, retirando a iseno do primeiro e segundo estados.

Primeira Fase da Revoluo:

No difcil imaginar o que aconteceu. O clero e a nobreza no estavam dispostos a perder seus privilgios e no aceitaram a generalizao dos impostos, o que acabou gerando uma freqente troca de ministros na rea econmica. Sem encontrar uma soluo para este impasse, Lus XVI convocou a Assemblia dos Estados Gerais, onde os trs Estados discutiriam de onde viria o aumento da receita tributria, na esperana de obter os impostos suplementares que lhe permitisse equilibrar o oramento.

Assemblia Nacional Constituinte

Em maio de 1789, to logo os Estados Gerais se reuniram em Versalhes, manifestaram-se os conflitos entre as trs ordens sobre o sistema de votao. A nobreza contava com 300 representantes, o clero com outros 300 e o terceiro estado com 600. Enquanto o clero e a nobreza exigiam o voto por ordem, o Terceiro Estado exigia o voto por cabea, o que lhe conferiria maior representatividade. Aps um ms de discusso infrutfera, o Terceiro Estado separou-se dos outros dois, proclamando-se o legtimo representante na nao e seus deputados declararam-se em Assemblia Nacional, atribuindo-se poderes de regular os impostos e fiscalizar o rei. O rei os expulsou do palcio de Versalhes na tentativa de dissolver tal Assemblia, o que no os intimidou. Revoltados, eles invadiram o Salo de Pla (um jogo praticado pelos nobres, parecido com o tnis), onde juraram se manter reunidos at conclurem uma nova Constituio. Diante das manifestaes dos parisienses em apoio a essa atitude, o rei viu-se obrigado a convidar o clero e a nobreza a se unirem aos representantes do povo. Desse modo, em 9 de julho de 1789, os Estados Gerais se transformaram em uma Assemblia Nacional Constituinte, que restringiria o poder do rei.

Essa deciso incitou o rei a tomar medidas mais drsticas, entre as quais a demisso do ministro Jacques Necker, conhecido por suas posies reformistas. Ao saberem do afastamento do ministro patriota, as massas parisienses mobilizaram-se e passaram a controlar as ruas da capital. Em 14 de julho de 1789, o povo tomou a Bastilha, fortaleza e priso smbolo do regime absolutista, libertou os presos que ali se encontravam e apoderou-se das armas e plvora ali existentes. A tomada da Bastilha foi um marco decisivo para o movimento revolucionrio. Tomar a Bastilha significava derrubar um mito de sustentao do Antigo regime. O povo destri a Bastilha e com ela a ltima lembrana do arbtrio poltico do regime que caa.

Legenda: A Tomada da Bastilha, por Jean-Pierre Louis Laurent Houel.

Em funo das agitaes parisienses, o movimento revolucionrio espalhou-se pelo campo. Na luta pelo fim da servido e dos direitos feudais, os camponeses invadiram castelos da aristocracia e em muitos casos massacraram os seus proprietrios. Paralelamente corriam boatos da vingana terrvel que os nobres exerceriam sobre o campesinato. Essas notcias ocasionaram uma onda de pnico que se expandiu pela maioria das provncias do pas, que ficou conhecida como Grande Medo.

Entre as primeiras medidas aprovadas pela Assemblia estavam a abolio dos direitos feudais, a Declarao dos Direitos do Homem e do Cidado e o confisco das terras da Igreja. A proposta de limitao do poder do soberano por meio do estabelecimento dos trs poderes Executivo, Legislativo e Judicirio constitua uma tentativa de conciliar a instituio real herdada do passado com aspiraes de modernidade poltica da Frana. O estabelecimento da Constituio Civil do Clero submeteu a Igreja ao Estado.

A Constituio de 1791

De natureza individualista, liberal e socialmente conservadora, a Constituio de 1791 estabeleceu que todos eram iguais perante a lei. Todavia, alguns eram mais iguais do que outros, uma vez que o texto estabeleceu o sufrgio censitrio, com distino entre cidados ativos e passivos. Ativos eram aqueles que votavam de acordo com a sua renda, ou seja, gente de posses, os ricos. Para conter os pobre os burgueses organizaram a Guarda Nacional. Passivos eram os no votantes, como os trabalhadores, os desempregados, as mulheres, enfim, os excludos. Assim a Constituio de 1791 mostrou que foi o reflexo das aspiraes de uma burguesia moderada que tomou a seu cargo a administrao dos departamentos e municpios franceses.

A Assemblia aprovou, com maioria absoluta de votos, a Lei de Chapelier que proibia as greves, as organizaes e associaes dos trabalhadores.

A promulgao da Constituio significou o fim do Absolutismo na Frana uma vez que o rei Luis XVI passou a obedecer s leis expressas na Carta-Magna e subordinar suas decises aprovao da Assemblia Nacional.

Mas esse projeto no tinha muita sustentao. Por um lado, os setores populares urbanos queriam avanar com o processo revolucionrio. Por outro lado, muitos nobres haviam se refugiado no exterior e se organizavam para destruir pelas armas todas as conquistas da revoluo. Os emigrados tinham o apoio de Estados Absolutistas como ustria e Prssia, que viam na Frana constitucional um exemplo perigoso. A situao agravou-se, quando em 1791 Lus XVI e a famlia real tentaram fugir para a ustria. Foram reconhecidos, detidos e obrigados a retornar para Paris.

Em agosto de 1791, os governantes da ustria e da Prssia lanaram a Declarao de Pillnitz, que afirmava a necessidade de restaurao da ordem e dos direitos reais na Frana, como um projeto de interesse comum de todos os Estados europeus. Como era de se esperar, tal declarao desagradou os franceses, que a viam como uma interferncia nos assuntos internos do pas.

Segunda Fase da Revoluo:

Conveno Nacional

Em abril de 1792, a Assemblia declarou guerra a ustria e Prssia. Como os exrcitos desses dois pases conseguiram atravessar a fronteira e chegaram a ameaar Paris, a ala radical proclamou a ptria em perigo e distribuiu armas a populao parisiense. O controle da capital passou Comuna de Paris equivalente o que hoje chamados de prefeitura -, que exigiu da Assemblia o afastamento do rei. No sendo atendidos, os parisienses atacaram o palcio real, detendo o soberano e obrigando o legislativo a suspend-lo de suas funes. Esvaziada de seus poder, a Assemblia convocou a eleio de uma Conveno Nacional.

A Conveno criou um novo calendrio.

Em 29 de setembro, o exrcito popular derrotou os austracos e prussianos na batalha de Valmy e o rei foi declarado um inimigo da revoluo. A Conveno Nacional iniciou seu governo, decretando o fim da monarquia e proclamando em 21 de setembro a Repblica. Coube-lhe decidir sobre importantes medidas: elaborar uma nova Constituio, julgar e executar o rei Lus XVI o que ocorreu em 21 de janeiro de 1793 e traar estratgias para fazer frente s coligaes estrangeiras, apoiadas pelos nobres emigrados.

A proclamao da Repblica marcou o Ano I do novo calendrio francs, bem como uma nova fase da Revoluo Francesa. O governo da Conveno Nacional estabeleceu o voto universal masculino. As massas nas ruas aprovavam as medidas. Dentro da Conveno os deputados dividiam-se poltico e ideologicamente de acordo com sua posio na instituio. Na Direita estavam os conservadores Girondinos. Eram os representantes das burguesias industrial, comercial e agrria. Seus lderes eram Brissot e Vergniaud. O Pntano ou Plancie eram os deputados que sentavam-se no meio da assemblia. Na maioria das votaes apoiavam os Girondinos. Sentados na esquerda da Conveno estavam os Jacobinos ou Montanha. Eram oriundos das camadas mdias da burguesia advogados, mdicos, professores, jornalistas e eram incansveis defensores dos direitos populares. Destes grupos saram os mais clebres lderes da revoluo: Marat, Danton, Saint-Just e o lder Robespierre.

De incio, a hegemonia da Conveno pertenceu aos Girondinos (a burguesia se dividia em dois principais grupos girondinos e Jacobinos), interessados em conter o avano das massas. Uma mobilizao na capital resultou na expulso de lderes girondinos e favoreceu a ascenso dos jacobinos Robespierre, Saint- Just, Marat e Danton. Iniciou-se ento o momento mais radical da revoluo, onde foram aprovadas medidas de carter popular: o sufrgio universal (somente para homens), o ensino pblico gratuito, a abolio da escravido nas colnias, o tabelamento dos preos dos gneros de primeira necessidade e o fim de todos os privilgios de classe que ainda existiam.

Robespierre, o principal lder da Revoluo, assumiu um Estado beira do colapso: em guerra contra uma coligao integrada pela Inglaterra, ustria, Prssia, Holanda, Espanha, Rssia e Sardenha, com revoltas populares e monarquistas na Vandia e em plena crise financeira e social.

O regime implantado pelos Jacobinos se alicerou numa aliana entre os grupos intermedirios (que correspondiam s novas camadas sociais, polticas e profissionais emergentes na poca, da qual fazia parte a pequena burguesia) e as massas trabalhadoras.

Os Jacobinos decretaram a Lei do Mximo que congelava os preos das mercadorias. Atravs desta lei a populao pobre possua a possibilidade de comprar o mnimo de alimentos que necessitava. A Burguesia no gostou desta medida e se tornou ferrenha adversria dos Jacobinos. As Terras Comunais e as propriedades dos nobres emigrados foram distribudas entre os camponeses. Todavia a maioria dos territrios franceses estavam fora do controle jacobino. A Burguesia fazia gio com os preos do mercado e as potncias estrangeiras controlavam regies chave do pas. Para proteger a revoluo os Jacobinos criaram o Comit de Salvao Pblica que instaurou um Tribunal Revolucionrio que se dedicou a perseguir e punir os inimigos do Regime. Paralelamente os Jacobinos reorganizaram o exrcito francs, mobilizaram toda a populao para vencer os exrcitos estrangeiros. Os soldados e cidados franceses os jacobinos com entusiasmo. Por estas razes os jacobinos e a populao francesa expulsaram as tropas reacionrias, restabeleceram o controle sobre o pas.

A atuao jacobina no controle do aparelho estatal francs teve como uma das conseqncias o acirramento das divises entre as diferentes faces jacobinas. Os Jacobinos Extremados eram liderados p