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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO BIOMÉDICO PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS BIOMÉDICAS (FISIOLOGIA E FARMACOLOGIA) Helena Naly Miguens Rocha APOPTOSE E PREJUÍZO NA CAPACIDADE DE REPARO ENDOTELIAL INDUZIDOS POR FLUXO SANGUÍNEO RETRÓGRADO NA HIPERTENSÃO Niterói/RJ 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

INSTITUTO BIOMÉDICO PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS BIOMÉDICAS

(FISIOLOGIA E FARMACOLOGIA)

Helena Naly Miguens Rocha

APOPTOSE E PREJUÍZO NA CAPACIDADE DE

REPARO ENDOTELIAL INDUZIDOS POR FLUXO

SANGUÍNEO RETRÓGRADO NA HIPERTENSÃO

Niterói/RJ

2016

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Helena Naly Miguens Rocha

APOPTOSE E PREJUÍZO NA CAPACIDADE DE REPARO

ENDOTELIAL INDUZIDOS POR FLUXO SANGUÍNEO

RETRÓGRADO NA HIPERTENSÃO

Defesa de dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Biomédicas (Fisiologia e Farmacologia) da Universidade Federal Fluminense, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Ciências Biomédicas. Área de concentração: Fisiologia.

Orientadores: Prof. Dra. Natália Galito Rocha Ayres

Prof. Dr. Antonio Claudio Lucas da Nóbrega

Niterói / RJ

2016

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Helena Naly Miguens Rocha

APOPTOSE E PREJUÍZO NA CAPACIDADE DE REPARO

ENDOTELIAL INDUZIDOS POR FLUXO SANGUÍNEO

RETRÓGRADO NA HIPERTENSÃO

Defesa de dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Biomédicas (Fisiologia e Farmacologia) da Universidade Federal Fluminense, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Ciências Biomédicas. Área de concentração: Fisiologia.

Aprovada dia 18 de Janeiro de 2016.

BANCA EXAMINADORA

Profa. Dra. Natália Galito Rocha Ayres Universidade Federal Fluminense

Prof. Dr. Allan Robson Kluser Sales Universidade de São Paulo

Profa. Dra. Jemima Fuentes Ribeiro da Silva Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Prof. Dr. Pedro Paulo da Silva Soares Universidade Federal Fluminense

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por me dar saúde e forças para sempre seguir em frente.

Acima de tudo, preciso agradecer à minha mãe, meu pai, minha avó, minha tia-avó e meu irmão. Esse trabalho só foi possível por ter ao meu lado uma família incrível, que me ensinou a correr atrás do que queria, com dedicação e resiliência. Sem dúvida, é a razão de que estar escrevendo essas palavras hoje. E se a cada dia eu busco mais, é porque vocês estão ao meu lado, incentivando e apoiando incondicionalmente.

Aos meus amigos de longa data. Amigos de infância e amigos de adolescência que se tornaram família e que entenderam minha ausência e torceram pelo meu sucesso durante esse período. Vocês sempre estiveram e sempre estarão comigo.

Agradeço a toda equipe do LACE, por todo momento de ajuda, dedicação e descontração. Estar com vocês todos os dias tem sido um aprendizado enorme, tanto a nível profissional quanto pessoal. É um prazer dividir meus dias com vocês, rindo juntos, aprendendo juntos, crescendo juntos. Padrão LACE de qualidade!

A minha orientadora Natália Galito Rocha Ayres por toda dedicação e paciência. Aprendi muito nesses três anos de convivência, e isso levarei pra vida toda. Agradeço ao professor Antonio Claudio Lucas da Nóbrega por dividir conosco suas experiências e seu conhecimento, e pela oportunidade de poder integrar uma equipe como a do LACE.

Sobre os últimos dois anos, existem algumas pessoas que foram essenciais. Às amigas Thais e Thaiane, preciso agradecer pelos momentos de apoio e, principalmente, de risadas sem fim. À Renata Frauches, que já é muito mais que amiga. Você sempre acreditou que eu conseguiria, e sempre brigou comigo quando eu começava a duvidar. Muito obrigada! E por fim, mas não menos importante, ao “super-gêmeo” Vinicius. Por todas as ideias trocadas sobre coisas supérfluas, por todos os debates (às vezes acalorados) sobre ciência e pelas infinitas horas de conversa sobre a vida e tudo que ela pode nos ensinar, aprendi muito e tenho enorme admiração por você.

Gostaria de agradecer também ao Programa de Pós-Graduação emCiências Biomédicas (Fisiologia e Farmacologia), pela oportunidade de participar de um programa inovador e que está constantemente incentivando os alunos. Agradeço também a CAPES e demais agências de fomento, por possibilitar a realização dessa pesquisa.

À banca examinadora, por aceitar o convite para participar desse momento importante em minha trajetória acadêmica.

A todos que passaram na minha vida, de forma duradoura ou passageira, e que moldaram quem eu sou hoje, obrigada.

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“A coisa mais indispensável a um

homem é reconhecer o uso que deve

fazer do seu próprio conhecimento.”

Platão

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RESUMO

Rocha, Helena Naly Miguens. Apoptose e prejuízo na capacidade de reparo endotelial induzidos por fluxo sanguíneo retrógrado na hipertensão. 2016. Dissertação (Mestrado em Ciências Biomédicas - Fisiologia) – Instituto Biomédico, Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2016.

Mecanismos de ativação e reparo endoteliais em resposta ao fluxo sanguíneo retrógrado (FSR) exacerbado ainda não foram completamente elucidados, nem em condições fisiológicas, nem na hipertensão arterial sistêmica (HAS). O objetivo deste estudo foi determinar os efeitos do FSR exacerbado sobre biomarcadores endoteliaisem indivíduos saudáveis e com HAS. Oito homens saudáveis (grupo CT; 36±3) e oito pacientes com HAS(grupo HAS;39±5) foram submetidos a manobra de indução de FSR em um dos braços, através da insuflação de dois manguitos, um no antebraço a 75mmHg e outro manguito próximo ao ombro a 40 mmHg, por 30 minutos. A avaliação do fluxo sanguíneo (ultrassom vascular) e a coleta de sangue foram realizadas no momento basal e no 30º minuto de manobra em ambos os braços (contralateral e ipsilateral). Ativação endotelial, micropartículas endoteliais (MPE) e células progenitoras endoteliais (CPE) foram mensuradas por citometria de fluxo. Nitrito foi mensurado por NOA Sievers. Em condições basais, fluxo sanguíneo médio, condutância vascular, taxa de cisalhamento média (p<0,01) e MPE (p=0,03) foram maiores no grupo HAS quando comparado ao grupo CT. Níveis basais de CPE estavam reduzidos no grupo HAS, permanecendo assim durante a manobra (p<0,01). Ambos os grupos apresentaram redução no fluxo sanguíneo médio e na condutância vascular (p≤0,01), bem como aumento na taxa de cisalhamento retrógrado (p<0,01) e no índice de cisalhamento oscilatório (p<0,01) durante a manobra. Somente o grupo HAS aumentou o número de MPE (p=0,02) e a ativação endotelial (p=0,04) durante a manobra. A razão MPE/CPE foi maior em ambos os momentos no grupo HAS (p<0,02). A resposta dos níveis séricos de nitrito a manobra foi menor no grupo HAS (p=0,03). Conclui-se que pacientes com HAS apresentam um quadro subclínico de disfunção endotelial com comprometimento no reparo vascular, o que foi agravado pela indução de FSR.

Palavras-chave: fluxo sanguíneo retrógrado; disfunção endotelial; células progenitoras endoteliais; micropartículas endoteliais.

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ABSTRACT

Rocha, Helena Naly Miguens. Endothelial apoptosis and impaired repair capacity induced by retrograde blood flow in hypertension. 2016. Dissertation (Master in Biomedical Sciences - Physiology) – Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2016. Endothelial activation and repair mechanism in response to increased retrograde blood flow (RBF) have not beenfully elucidated, neither in physiological conditions nor in hypertension. We aimed to determinethe effects of increased RBF on endothelial biomarkers in healthy individuals and hypertensive patients. Eight healthy subjects (CT group; 36±3) and eight hypertensive men (HT group; 39±5) underwent a maneuver to increase RBF, using two pneumatic cuffs: one in the forearm, inflated to 75 mmHg and one near the shoulder, inflated to 40 mmHg, for 30 minutes.Blood flow measures (ultrasound doppler) and blood samples were obtained at baseline and during the last minute of the maneuver from both arms (ipsilateral and contralateral). Endothelial activation, endothelial microparticle (EMP) and endothelial progenitor cell (EPC) were measured by flow cytometry. Nitrite was measured through NOA Sievers.At baseline, mean blood flow, vascular conductance, mean shear rate (p<0.01) and EMP (p=0.03) were higher in HT group than CT group. Baseline EPCs levels were reduced in HT group, which was sustained during the maneuver (p<0.01). Both groups presented decreased mean blood flow and vascular conductance (p<0.01), along with increased retrograde shear rateand oscillatory shear index (p<0.01), during the maneuver. Only the HT group showed increased EMP (p=0.02) and endothelial activation levels (p=0.04). EMP/EPC was higher in HT group in both moments (p<0.02).Nitrite levels in response to the maneuver were lower in HT group (p=0.03).Hypertensive patients present a subclinical endothelial dysfunction along with impaired endothelial repair, which was worsened by the RBF induction.

Keywords: retrograde blood flow; endothelial dysfunction; endothelial

progenitor cells; endothelial microparticle.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Quadro 1. Classificação da pressão arterial segundo o Seventh report of the

Joint National Committee on Prevention, Detection, Evaluation, and Treatment

of High Blood Pressure. Modificado de Chobanian AV et al.(2003). ................ 16

Figura 1. Padrão de fluxo sanguíneo laminar e retrógrado. ............................ 18

Figura 2. Possíveis vias de sinalização intracelular que estimulam a formação

e liberação de MPE. Adaptado de Chironi et al, 2009. .................................... 21

Figura 3. Desenho experimental..................................................................... 27

Figura 4. Posicionamento dos manguitos de pressão e do transdutor de

ultrassom no braço do paciente ...................................................................... 29

Figura 5. Avaliação do padrão de fluxo sanguíneo na artéria braquial através

de Doppler vascular durante manobra de indução de fluxo sanguíneo

retrógrado. ...................................................................................................... 30

Figura 6. Ativação endotelial no desenvolvimento do processo inflamatório. . 43

Figura 7. Vias de sinalização intracelular envolvidas na modulação da

liberação de micropartículas endoteliais em resposta a diferentes padrões de

taxa de cisalhamento ...................................................................................... 46

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Variáveis antropométricas e metabólicas de cada grupo ................ 34

Tabela 2. Variáveis de fluxo sanguíneo e de taxa de cisalhamento nos braços

ipsilateral e contralateral à manobra. .............................................................. 36

Tabela 3. Variáveis moleculares e celulares no braço contralateral. ............... 41

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1. Número de micropartículas CD62E+ por µL de plasma antes e

durante a manobra de indução de fluxo retrógrado ......................................... 37

Gráfico 2. Número de MPE CD42b-/CD34+/AnexinaV+ por µL de plasma pobre

em plaquetas antes e durante a manobra de indução de fluxo retrógrado ...... 38

Gráfico 3. Relação MPE/CPE.. ...................................................................... 38

Gráfico 4. Número de CPE por µL de sangue total antes e durante a manobra

de indução de fluxo retrógrado ........................................................................ 39

Gráfico 5. Concentração plasmática de nitrito (A) e resposta de nitrito à

manobra de indução de fluxo retrógrado (B) ................................................... 40

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABCA-1 Proteína transportadora de cassete de ligação de ATP

acLDL Lipoproteína de baixa densidade acetilada

Akt Proteinaquinase B

ANCOVA Análise de covariância

ANOVA Análise de variância

APC Aloficocianina

CD14 Grupo de diferenciação celular 14

CD31 Grupo de diferenciação celular 31

CD34 Grupo de diferenciação celular 34

CD42 Grupo de diferenciação celular 42

CD45 Grupo de diferenciação celular 45

CD54 Grupo de diferenciação celular 54

CD62E Grupo de diferenciação celular 62

CD144 Grupo de diferenciação celular 144

CE Células endoteliais

CPE Células progenitoras endoteliais

DCV Doenças cardiovasculares

ECA Enzima conversora de angiotensina

eNOS Óxido nítrico sintase endotelial

FITC Isotiocianato de fluoresceína

HAS Hipertensão arterial sistêmica

HDL Lipoproteína de alta densidade

ICO Índice de cisalhamento oscilatório

IMC Índice de massa corporal

KDR Receptor de fator de crescimento endotelial vascular tipo 2

LACE Laboratório de Ciências do Exercício

LDL Lipoproteína de baixa densidade

LDLox Lipoproteínas de baixa densidade oxidadas

Lectina UEA-1 Lecitina associada à aglutinina 1 de UlexEuropaeus

L-NMMA L-NG-monometilarginina

MPE Micropartículas endoteliais

NADPH Nicotinamida adenina dinucleotídeo fosfato oxidase

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NO Óxido nítrico

NO2 Dióxido de nitrogênio

PA Pressão arterial

PAD Pressão arterial diastólica

PAS Pressão arterial sistólica

PBS Tampão fosfato

PE Ficoeritrina

PerCP Clorofila Peridinina

PI3K Fosfatidilinositol3quinase

ROCK Proteinoquinases associadas ao citoesqueleto

sE-selectina selectina endotelial solúvel

sICAM-1 molécula de adesão intercelular 1

sVCAM-1 molécula de adesão vascular 1

SDF-1 Fator derivado de estroma tipo 1

TC Taxa de cisalhamento

TG Triglicerídeos

TNF-α Fator de necrose tumoral alfa

Ve-caderina Caderina de endotélio vascular

VEGF Receptor do fator de crescimento endotelial vascular

VEGFR2 Receptor do fator de crescimento endotelial vascular tipo 2

VLDL Lipoproteína de muito baixa densidade

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SUMÁRIO

RESUMO ......................................................................................................... vi

ABSTRACT .................................................................................................... vii

LISTA DE ILUSTRAÇÕES .............................................................................viii

LISTA DE TABELAS ....................................................................................... ix

LISTA DE GRÁFICOS ...................................................................................... x

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS .......................................................... xi

1. INTRODUÇÃO ......................................................................................... 14

1.1 Hipertensão arterial sistêmica ...................................................................... 14

1.2 Disfunção endotelial ....................................................................................... 16

1.3 Padrão de fluxo sanguíneo ............................................................................ 18

1.4 Micropartículas endoteliais ........................................................................... 20

1.5 Células progenitoras endoteliais .................................................................. 22

1.6 Lacuna científica ............................................................................................. 24

2. OBJETIVOS ............................................................................................. 25

2.1 Objetivo Geral ................................................................................................. 25

2.2 Objetivos específicos ..................................................................................... 25

3. MATERIAIS E MÉTODOS ....................................................................... 26

3.1 Amostra ............................................................................................................ 26

3.2 Protocolo ......................................................................................................... 26

3.2.1 Exames bioquímicos .................................................................................. 27

3.2.2 Avaliação clínica ......................................................................................... 27

3.2.3 Sessão experimental .................................................................................. 28

3.3 Análise estatística........................................................................................... 33

4 RESULTADOS ......................................................................................... 34

4.1. Características da amostra ............................................................................ 34

4.2 Padrão de fluxo sanguíneo ............................................................................ 34

4.3 Liberação de micropartículas endoteliais ................................................... 37

4.4 Avaliação quantitativa de CPE ...................................................................... 39

4.5 Quantificação de nitrito plasmático ............................................................. 40

5. DISCUSSÃO ............................................................................................ 42

6. CONCLUSÃO .......................................................................................... 50

7. REFERÊNCIAS .........................................................................................51

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1. INTRODUÇÃO

As doenças cardiovasculares (DCV) são as principais causas de morte

natural nomundo, inclusive no Brasil. Dados do ano de 2014 apontaram

que,aproximadamente, 30% dos registros de mortalidade nacional foram

decorrentes dedoenças cardiovasculares(1-3). Deacordo com inquéritos

populacionais em cidades brasileiras, a hipertensão arterialsistêmica (HAS)

parece ser o tipo de doença cardiovascular mais prevalente, tendosido

diagnosticada em mais de 30% da população(1, 2, 4).

Estudos sugerem que a HAS está diretamente relacionada à presença

da disfunção endotelial, caracterizada fenotipicamente por alterações nas

células endoteliais nos vasos sanguíneos(5). O mecanismo por trás do

desenvolvimento da disfunção endotelial está relacionado adesbalanços na

homeostase endotelial como a diminuição na biodisponibilidade de óxido nítrico

(NO) e inflamação(6, 7). Outro fator que parece influenciar a saúde do

endotélio é o padrão de fluxo sanguíneo que, quando apresenta

comportamento retrógrado exacerbado, pode ser relacionado à ativação

endotelial, apoptose e ao desenvolvimento de placas ateroscleróticas.

Considerando-se que a disfunção endotelial está diretamente ligada ao

desenvolvimento do processo ateromatoso, faz-se necessário o estudo dos

mecanismos que atuam tanto no desenvolvimento da disfunção quanto no

processo de reparo em condições de fluxo sanguíneo retrógrado.

1.1 Hipertensão arterial sistêmica

A HAS é considerada um dos principais fatores de riscomodificáveis e,

devido a sua alta prevalência e baixas taxas de controle, tem se tornado um

dos mais importantes problemas de saúde pública. Umexemplo disso é que o

aumento na mortalidade por DCV aumenta progressivamente com o aumento

da pressão arterial, de forma linear, contínua e independente(8). Estima-se

que, atualmente, a HAS acometa até 1 bilhão de pessoas em todo o mundo,

sendo responsável por 7,1milhões de mortes ao ano atribuídas a complicações

desencadeadas por ela(9). Dados da Organização Mundial de Saúde de 2014

mostram que, em todo o mundo,22% dos adultos (acima de 18 anos)

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apresentam pressão arterial(PA) elevada, sendo mais prevalente em homens

de países de baixo ou médio desenvolvimento econômico(10).

A relação entre o aumento da pressão arterial e o risco de

desenvolvimento de um evento cardiovascular independe de outros fatores de

risco. Quanto maior a pressão, maior a chance de acontecimento de infarto

agudo do miocárdio, insuficiência cardíaca, entre outros(11). Além disso, a

HAS é frequentemente associada a alterações funcionais e estruturais em

órgãos-alvos, como coração, rins e vasos sanguíneos, e a alterações

metabólicas, aumentando ainda mais o risco de eventos cardiovasculares fatais

e não-fatais(8, 12). A recomendação feita pelo EighthReportofthe Joint

NationalCommitteeonPrevention, Detection, Evaluation, andTreatmentof High

BloodPressure (VIII JNC), publicado em 2014, é que para a população menor

que 60 anos de idade, o tratamento anti-hipertensivo seja iniciado caso a PA

sistólica esteja acima de 140 mmHg. Se após um mês não for observada

diminuição nesse valor, deve-se aumentar a dose da medicação ou iniciar o co-

tratamento com outra classe de anti-hipertensivo (13). Nesse contexto, chama

a atenção o fato de que 66% dos pacientes com hipertensão precisam fazer

uso de dois ou mais medicamentos anti-hipertensivos para que o controle da

pressão arterial seja efetivo(14).

De acordo com o SeventhReportofthe Joint

NationalCommitteeonPrevention, Detection, Evaluation, andTreatmentof High

BloodPressure (VII JNC), publicado em 2003, a classificação para hipertensão

em adultos maiores de 18 anos deve ser baseada na média de duas ou mais

aferições adequadas (posição sentada, ambiente controlado), realizadas em

dois ou mais dias não consecutivos. Foi introduzida ainda uma nova categoria,

pré-hipertensão, aonde os pacientes com PA entre 130/80 e 139/89mmHg

apresentam o dobro de risco de desenvolverem hipertensão, quando

comparados àqueles com PA normal(15).No quadro 1 encontra-se a

classificação completa da pressão arterial segundo o VII JNC(11).

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Quadro 1.Classificação da pressão arterial segundo o Seventh report of the Joint National Committee on Prevention, Detection, Evaluation, and Treatment of High Blood Pressure.Modificado de Chobanian AV et al.(2003).

Diversos estudos mostraram que a HAS é uma doença de etiologia

multifatorial e que detecção, controle e tratamento são fundamentais para

prevenir a ocorrência de um evento cardiovascular(8). Já se sabe que presença

de elevada PA está relacionada à disfunção endotelial e que esse efeito parece

estar ligado intimamente ao desequilíbrio na homeostase dos leitos vasculares,

principalmente, no que diz respeito à vasodilatação dependente de

endotélio(5).

1.2 Disfunção endotelial

O endotélio vascular é formado por uma monocamada celular que

reveste os vasos sanguíneos, separando os demais tecidos do lúmen do

vaso(16). Essas células são denominadas células endoteliais (CE). Atualmente,

o endotélio é considerado um órgão endócrino sensível a estímulos humorais,

neurais e mecânicos, responsável pela síntese e liberação de substâncias que

participam do processo de modulação do tônus vascular(17), coagulação e

trombólise (18), angiogênese(19), remodelamento vascular(20) e

inflamação(21).Agressões químicas, mecânicas ou metabólicas ao vaso podem

levar à disfunção da célula endotelial, fazendo com que o endotélio se torne um

“substrato” para o acúmulo de diversos tipos de células(22). A resposta

vascular a estes agentes agressores é do tipo inflamatória e envolve a

interação de diversos grupos celulares como monócitos, linfócitos T, células

musculares lisas vasculares e também plaquetas dando início a uma série de

eventos que culminam com enrijecimento do vaso e a formação da placa

aterosclerótica(23).

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A disfunção endotelial representa a primeira fase na formação da placa

ateromatosa, ondeocorre aumento na expressão e liberação de moléculas de

adesão, em especial, a selectina endotelial (sE-selectina), a molécula de

adesão intercelular 1 (sICAM-1) e a molécula de adesão vascular 1 (sVCAM-1).

Essas moléculas são liberadasem resposta a estímulos de citocinas

inflamatórias, de lipopolissacarídeos bacterianos ou de lipoproteínas de baixa

densidade oxidadas (LDLox) e permitem a ligação célula-célula ou célula-

matriz extracelular, levando a deposição de células espumosas no espaço

subendotelial(24-26).O acúmulo progressivo de células espumosas no espaço

subendotelial contribuipara o aumento da espessura da parede do vaso

reduzindo ou até obstruindo o diâmetro do vaso(27).

Estudos utilizados em ratos espontaneamente hipertensos mostraram

que existe um aumento na liberação de fatores endoteliais vasoconstrictores,

como a prostaglandina H2 em resposta a acetilcolina e à angiotensina II(28).

Por sua vez, Vanhoutteet al. (1995), mostraram que ratos Dahl, que

desenvolvem hipertensão sensível ao sal,apresentaram diminuição na

vasodilatação dependente de endotélio não devido a um aumento na secreção

de substâncias vasoconstritoras, mas sim por uma diminuição na sensibilidade

das células musculares lisas ao NO, bem como diminuição na atividade da

enzima NO sintase endotelial (eNOS), responsável por catalisar, a partir da L-

arginina, uma série de reações redox, que culminam na formação de L-citrulina

e NO(29, 30).A relação entre disfunção endotelial e HAS também parece ser

correlacionada positivamente com o grau de prejuízo ao endotélio(31). Estudos

com jovens adultos saudáveis mostraram que o aumento agudo da PA gera

prejuízo transitório na vasodilatação mediada pelo fluxo e que altos níveis de

pressão arterial sistólica em adolescentes estão associados com aumento da

incidência de disfunção endotelial na vida adulta(32, 33).

Outro fator que parece influenciar a saúde do endotélio é o padrão de

fluxo sanguíneo. O aumento abrupto do fluxo sanguíneo retrógrado parece

estar relacionado há maior expressão de endotelina-1(molécula vasoconstritora

sintetizada nas CEs cuja regulação está relacionada à disfunção endotelial) e

de moléculas de adesão, e maior liberação de espécies reativas de oxigênio

(por exemplo, ânion superóxido), além de diminuir a expressão da enzima

eNOS(34).

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18

1.3 Padrão de fluxo sanguíneo

O padrão de fluxo sanguíneo também parece influenciar na saúde e

integridade do endotélio vascular. O fluxo sanguíneo é composto por um

componente anterógrado, aonde o sangue segue pelas artérias no sentido do

coração para a circulação periférica, e um componente retrógrado, aonde um

percentual do volume de sangue flui em sentido contrário.

Figura1. Padrão de fluxo sanguíneo laminar e retrógrado. Adaptado de Functions of Cell and Human Body, 2013http://fblt.cz

O fluxo sanguíneo laminar, geralmente encontrado em condições

fisiológicas, é capaz de estimularmecanicamente o endotélio vascular num

processo denominado taxa de cisalhamento (TC). Nesse contexto, a TC é alta

e unidirecional, sendo capaz de estimular mecanorreceptores endoteliais,

aumentando a expressão gênica de proteínas e/ou substâncias que atuam de

forma a prevenir a formação da placa aterosclerótica(35).Altos níveis de TC,

geralmente, são benéficos uma vez que promovem uma dilatação adaptativa

ou remodelamento estrutural na parede arterial através de mecanismos

mediados pelo endotélio. Durante o exercício, por exemplo, o aumento da TCé

o estímulo chave para o aumento na expressão da eNOS(36) e diminuição na

expressão de endotelina-1(37). Além disso, alterações na expressão gênica

estão associadas a maior ativação endotelial in vivo(38, 39).

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No entanto, em regiões arteriais irregulares, como bifurcações e

curvaturas, ocorre aumento do fluxo sanguíneo oscilatório, com fluxo

retrógrado intenso e TC baixa e, consequentemente, maior susceptibilidade

para o desenvolvimento de placas ateroscleróticas quando comparado a

regiões onde o fluxo é continuo e a taxa de cisalhamento moderada/alta(40,

41).Isso acontece porque nessas regiões ocorre menor expressão da eNOS e

prostaciclinas, diminuindo a biodisponibilidade de substâncias vasodilatadoras,

e aumento da expressão de endotelina-1, uma importante molécula

vasoconstritora (41). Além disso, a TC baixa estimula a expressão, por parte

das CE, de proteínas de ligação às lipoproteínas de baixa densidade,

facilitando seu acúmulo na camada subendotelial(42). Dados de estudos com

cultura de células endoteliais isoladas de artérias indicam que a diminuição na

TC induz remodelamento vascular patológico e prejuízo na vasodilatação

endotélio-dependente (43).

O fluxo sanguíneo também está relacionado à condutância vascular e o

diâmetro arterial.Em relação à condutância vascular, a mesma traduz a

facilidade com que o fluxo passa pelo vaso, sendo inversamente proporcional a

resistência vascular. O papel do diâmetro arterial é de extrema importância já

que, de acordo com a Lei de Poiseulle, pequenas alterações no diâmetro levam

a grandes mudanças no fluxo(44).

Como dito anteriormente, a diminuição na TC está relacionada ao dano

endotelial, com ativação e apoptose das células do endotélio vascular (45).

Alguns estudos sugerem que o mecanismo dominante no desenvolvimento da

disfunção endotelial é a expressão prejudicada da eNOS(46, 47). No entanto,

outros grupos mostraram que a disfunção endotelial está relacionada a

diversos efeitos. Tricotet al. (2000) mostraram, in vivo, que a TC no local da

placa de ateroma influencia apoptose da CE e pode ser um fator determinante

para ruptura da placa e trombose (45). Já Vionetal.(2013) mostraram que

regiões com pré-disposição a formação da placa aterosclerótica e baixa TC

estimulam a formação e liberação de micropartículas endoteliais (MPE) (48).

O padrão de fluxo sanguíneo também pode estar alterado em algumas

doenças, como na HAS.A hiperativação simpática comumente verificada nos

pacientes com HAS gera um aumento nos níveis de catecolaminas

circulantes(49). Dessa forma, a noradrenalina e a adrenalina atuam sobre

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receptores vasculares α1-adrenérgicos, aumentando o conteúdo intracelular de

cálcio, causando um efeito vasoconstritor(49). O aumento da vasoconstrição

poderia levar ao aumento do fluxo sanguíneo retrógrado e diminuição da TC,

tornando esses indivíduos mais susceptíveis a formação da placa de

aterosclerose.

1.4 Micropartículas endoteliais

Micropartículas são pequenas vesículas liberadas por diferentes tipos

celulares (como leucócitos, plaquetas, hemácias) que possuem em seu interior

material celularcomo proteínas, lipoproteínas e debris citoplasmáticos(50). Em

condições normais, a ativação endotelial– quando o endotélio sai de seu

estado basal e passa a expressar citocinas e moléculas de adesão,

desencadeando mecanismos inflamatórios –semantém local, discreta e

reversível, de forma que MPE circulantes são dificilmente encontradas(51, 52),

enquanto as micropartículas plaquetárias continuam a ser liberadas, mantendo

sua atividade pró-coagulante protetora basal(51). Aos se desprender de suas

células de origem, as micropartículas carregam em sua superfície moléculas de

adesão, enzimas e receptores, além de expressarem uma variedade de

antígenos constitutivos(53).

As MPE são micropartículas liberadas de células do endotélio vascular

em resposta a ativação e/ou apoptose. As CE apresentam, em sua membrana

externa, fosfatidilcolina e esfingomielina, enquanto fosfatidilserina e

fosfatidiletanolamina estão presentes no lado interno da membrana

citoplasmática. Uma vez iniciado o processo de apoptose endotelial, ocorre

aumento abrupto da liberação de cálcio pelo retículo endoplasmático, fazendo

com que a membrana celular saia do estado repouso(54). Com isso, a

fosfatidilserina intracelular, que possui importante atividade pró-coagulante, fica

exposta, indicando que MPEestão diretamente relacionadas com a

trombogênese e formação da placa de ateroma (55), participando ainda nos

processos de inflamação, dano vascular e angiogênese(54).

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Figura2. Possíveis vias de sinalização intracelular que estimulam a formação e liberação de MPE. Adaptado de Chironiet al, 2009.

A diferenciação entre as origens das micropartículas circulantes se dá

através da caracterização de seus marcadores de superfície; micropartículas

de diferentes origens celulares apresentam diferentes características

fenotípicas. As MPE são caracterizadas pela presença de diversos marcadores

como fosfatidilserina (marcado pela Anexina V), CD54 (molécula de adesão

intracelular; ICAM-1), CD62E (E-selectina), CD144 (VE-caderina) e CD31

(molécula de adesão celular endotelial plaquetária; PECAM)(54).A variabilidade

nos marcadores de superfície também parece estar relacionada ao tipo de

estímulo para formação e liberação das MPE. Estudos in vivo e ex vivo

mostraram que MPE originadas a partir de estímulos apoptóticos são mais

propensas a expressar o CD31, enquanto as MPE liberadas a partir de

ativação endotelial apresentam fenótipo predominante de CD62E(56, 57).

Os mecanismos precisos de liberação de MPE ainda estão indefinidos.

No entanto, já se sabe que sua formação não é exclusivamente iniciada por

estímulos apoptóticos(58). Diversas substâncias pro-inflamatórias e oxidativas,

como fator de necrose tumoral (TNF-α), angiotensina II e espécies reativas de

oxigênio, tem sido implicadas neste processo(59). Wang et al.(2007),

mostraram que o desacoplamento da eNOS pode estar relacionado a formação

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de MPE(60). Outro fator que parece estimular a liberação de MPE é o fluxo

sanguíneo. A diminuição da TC parece estar envolvida na formação de MPE

bem como na modulação de genes de proteínas que estão envolvidas na via

de sinalização e liberação de MPE(48). Em indivíduos com hipertensão, os

níveis de MPE parecem estar aumentados quando comparados com indivíduos

saudáveis, e parecem estar positivamente relacionados ao aumento da PAS e

na PAD(61).

1.5 Células progenitoras endoteliais

Uma vez que saúde cardiovascular está diretamente ligada à saúde do

endotélio vascular, é imprescindível que existam mecanismos de reparo

endotelial e na formação de novos vasos. As células progenitoras endoteliais

(CPE) constituem uma população celular heterogênea encontrada,

principalmente, na medula óssea, cordão umbilical e sangue periférico. Embora

a medula óssea seja a principal fonte, as CPE também podem ser observadas

em tecidos e órgãos como coração, vasos sanguíneos, músculo esquelético e

tecido adiposo e se originar de múltiplos precursores incluindo

hemangioblastos, precursores não hematopoiéticos, células monocíticasou

células-tronco residentes nos tecidos(62, 63).

Fenotipicamente, as CPE precoces são caracterizadas pela captação de

lipoproteína de baixa densidade acetilada(acLDL), pela ligação à lectina

aglutinina 1 de UlexEuropaeus (lectina UEA-1) e pela expressão dos

marcadores CD31, CD34, VE-caderina, receptor do fator de crescimento de

endotélio vascular tipo 2 (VEGFR2) e fator de von Willebrand. Alguns autores

ainda acreditam que sejam derivadas da linhagem hematopoiética-monocítica,

ou seja, positivas para CD45 e CD14. Além disso, apresentam baixo potencial

proliferativo, expressam eNOS e contribuem para a formação de vasos através

da liberação de mediadores por mecanismos parácrinos e através da

incorporação a vasos sanguíneos recém-formados.

Devido a sua capacidade em proliferar, migrar, e se diferenciar in vivo e

in vitro em células endoteliais maduras, em casos de lesão ao endotélio, essas

células são ativadas da medula ósseae mobilizadas para circulação periférica.

As CPE são atraídas por quimiotaxia através de sinais químicos, sejam eles

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aexpressão de moléculas de adesão ou pela liberação de citocinas

inflamatórias / fatores de transcrição. Ao atingirem o órgão-alvo, essas células

se dirigem para o local da lesão, podendo então se diferenciar em CE maduras

do endotélio ou produzir e liberar fatores que irão estimular a maturação das

células do endotélio, participando dos processos de neovascularização e

angiogênese(64).

A mobilização das CPE acontece, principalmente, por fatores de

crescimento vascular e moléculas responsáveis por sua ativação na medula

óssea. Atualmente, não está definido qual seria o fator de mobilização mais

importante. O fator derivado de célula estromal (SDF-1) e o fator de

crescimento endotelial vascular (VEGF) apresentaram efeitos similares e

rápidos na mobilização de CPE em modelo animal, enquanto angiopoetina-1

mobilizou uma menor quantidade de células em maior tempo(65). Isquemia

também parece mobilizar CPE através da estimulação de VEGF e SDF-1(66).

Além disso, foi mostrado que a eNOS é essencial para a mobilização de

células tronco derivadas da medula óssea e de células progenitoras (67), e que

a administração de noradrenalina após isquemia de membros inferiores

aumenta o numero e a mobilização de CPE através da cascata de sinalização

eNOS/Akt/PI3K e estimulação de VEGFR2 (68).

Estudos recentes mostraram que a quantidade de CPE circulantes

correlaciona-se inversamente com a presença de fatores de risco para a

aterosclerose(69, 70). No que diz respeito à HAS, foi mostrado que a

hipertensão influencia fortemente a redução nos níveis de CPE bem como

prejudica a capacidade migratória dessas células, em pacientes com doença

arterial coronariana. Neste mesmo estudo, foi observado que o número de CPE

circulantes em cultura estava reduzido em pacientes com hipertensão

refratária, o que pode predizer um aumento na disfunção endotelial(71). Além

disso, outro estudo com ratos espontaneamente hipertensos e pacientes com

hipertensão essencial mostrou que a senescência das CPE está acelerada,

provavelmente devido a inativação da telomerase, o que pode afetar o

processo de remodelamento vascular(72).

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1.6 Lacuna científica

Como dito anteriormente, a HAS está diretamente relacionada a

presença de disfunção endotelial (5), com desbalanço na homeostase vascular

como diminuição na biodisponibilidade de NO e inflamação (6, 7), além de

influenciar no aumento do fluxo sanguíneo retrógrado, em função da

hiperativação simpática observada em presença da doença(49). Além disso, a

presença de fluxo sanguíneo retrógrado exacerbado parece estar associada ao

aumento da ativação e apoptose endotelial, com consequente liberação de

MPE(73). Nessas condições, é importante que os mecanismos celulares de

reparo vascular estejam funcionais a fim de garantir a manutenção e a

integridade endotelial (64, 74). No entanto, os mecanismos endoteliais de

ativação e de reparo não foram completamente elucidados em condições

fisiológicas, nem em condições de doença como na HAS.

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2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral

Determinar os efeitos do fluxo sanguíneo retrógrado exacerbado, através

de manobra de manipulação de fluxo,sobre biomarcadores endoteliais em

indivíduos saudáveis e com hipertensão arterial sistêmica.

2.2 Objetivos específicos

Determinar os efeitos da indução do fluxo sanguíneo retrógrado

exacerbado sobre:

1. A ativação das células endoteliais em indivíduos saudáveis e com HAS;

2. A liberação de micropartículas endoteliaisem indivíduos saudáveis e com

HAS;

3. A mobilização de células progenitoras endoteliaisem indivíduos

saudáveis e com HAS;

4. A biodisponibilidade de óxido nítrico em indivíduos saudáveis e com

HAS.

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3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Amostra

Foram selecionados 16 voluntários do sexo masculino por meio de

panfletos, mídia impressa e eletrônica. Esses atendiam os seguintes critérios

de inclusão:

a) Idade entre 20 e 55 anos;

b) Sedentários (não praticaram exercício físico regular pelos últimos

três meses);

c) Sem histórico de tabagismo;

d) Ausência de alterações metabólicas, hipertensão renovascular,

doença isquêmica cerebral, doença arterial coronariana e

anormalidades musculoesqueléticas.

Os indivíduos que apresentaram HAS em estágios 1 e 2 de acordo com

os critérios do SeventhReportofthe Joint NationalCommittee (VII JNC) (11)

foram alocados no grupo HAS (n=8), enquanto os indivíduos que apresentaram

PA dentro dos parâmetros normais (PAS<120 e/ou PAD<80 mmHg) foram

incluídos no grupo controle (CT, n=8). Todos os pacientes do grupo HAS

faziam utilização de medicamentos anti-hipertensivos.

O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da Instituição (CAAE

01634412.9.0000.5243). Todos os participantes foram devidamente informados

quanto aos procedimentos realizados e assinaram o Termo de Consentimento

Livre e Esclarecido.

3.2 Protocolo

O protocolo consistiu em um ensaio clínico controlado, composto por

doisdias de avaliações, não consecutivas (Figura 3), no Laboratório de

Ciências do Exercício (LACE). O primeiro contato foi realizado por telefone ou

pessoalmente, no qual foi feito um cadastro de pré-seleção dos voluntários. No

primeiro dia de avaliação, os indivíduos realizaram exames bioquímicos; no

segundo dia, eles foram submetidos à avaliação clínica eà sessão

experimental.

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A sessão experimental foi dividida em dois momentos. A

instrumentalização era realizada assim que o voluntário chegava ao laboratório

e, após um período de 20 minutos de repouso e aclimatização, dava-se inicio a

sessão. Foi realizada amanobra para indução de fluxo sanguíneo retrógrado

em um dos braços, com duração de 30 minutos, acompanhadode mensuração

do padrão de fluxo em ambos os braços (braço ipsilateral e contralateral a

manobra). A coleta de sangue era realizada em ambos os braços antes e no

último minuto de realização da manobra.

Figura3. Desenho experimental

3.2.1 Exames bioquímicos

Após um período de jejum de 12 h, foi coletada uma amostra de sangue

para a realização das seguintes dosagens: hemograma completo (Dym 3500R,

AboottLaboratories, Chicago, Illinois, EUA), glicemia de jejum, colesterol total,

HDL-colesterol e triglicerídeos(química seca; Vitros, Ortho-ClinicalDiagnostics,

New Jersey, EUA).Os valores de VLDL-colesterol foram calculados com base

nos valores de triglicerídeos, e LDL-colesterol foi calculado pela fórmula de

Friedewald, que usa como base os valores de colesterol total, HDL-colesterol e

triglicerídeos.

3.2.2 Avaliação clínica

A avaliação clínica dos pacientes era composta por aferição da pressão

arterial de repouso pelo método semi-automático (HEM-742INT,

OmronHealthcare, Kyoto, Japan) e medidas antropométricas peso e altura.

Quanto às medidas de pressão arterial, foram realizadas duas aferições na

posição sentada, sendo uma em cada braço e após um intervalo de, no

mínimo, 10 min. essas medidas foram repetidas. Os valores de PA de repouso

foram gerados após cálculo da média das duas aferições.

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3.2.3 Sessão experimental

As sessões experimentais foram realizadas sempre no período da

manhã, após 12h de jejum, em ambiente climatizado, com temperatura

controlada (22-24°C). Todos os voluntários eram orientados a não ingerir

álcool, cafeína e não realizar exercícios físicos nas 48h que precedem a

sessãoexperimental. Em relação aos pacientes com HAS, foi orientado que

suspendessem os medicamentos por 48h antes da realização do protocolo.

Em seguida, era realizado o posicionamento dos cateteres endovenosos

na fosse cubital para coleta de sangue em ambos os braços, para avaliação de

biomarcadores endoteliais. Após, aproximadamente,20 minutos de repouso,

dava-se inicio a sessão experimental. As técnicas realizadas na sessão

experimental estão descritas a seguir.

Manobra de indução de fluxo retrógrado.A manobra de indução de fluxo

sanguíneo retrógrado foi realizada através da utilização de dois manguitos

pneumáticos inflados durante 30 minutos e posicionados no braço dominante

do indivíduo da seguinte forma: a) um manguito distal, posicionado no

antebraço do paciente, inflado a 75 mmHg, a fim de gerar uma perturbação

local no fluxo sanguíneo normal (aumento do fluxo sanguíneo retrógrado com

aumento da taxa de cisalhamento retrógrado), porém sem que ocorra uma

hiperemia reativa após o fim da manobra; e um manguito proximal, posicionado

próximo a axila, inflado a 40 mmHg, com o objetivo de ocluir parcialmente o

retorno venoso no braço, facilitando a captura de MPE possivelmente liberadas

durante o experimento. No braço contralateral, foi realizada avaliação do

padrão de fluxo sem utilização de manguitos de pressão, a fim de estabelecer

uma condição controle, como proposto por Jenkinset al. (2013)(73, 75).

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Figura 4. Posicionamento dos manguitos de pressão e do transdutor de ultrassom no braço do paciente (braço experimental) e do transdutor de ultrassom no braço contralateral, sem utilização de manguitos de pressão.

A avaliação do padrão de fluxo teve duração de 30 segundos e foi

realizada no momento basal e no último minuto de manobra, sendo utilizada a

técnica de ultrassomdoppler vascular (Vivid 7, GE, Hatfield, Hertfordshire,

Inglaterra). Os dados de velocidade e diâmetro da artéria braquial foram

analisados offline pelo programa Vascular Tools 5 (Medical

ImagingApplications LLC, Coralville, IA, EUA). O índice de cisalhamento

oscilatório, que indica a magnitude de oscilação das taxas de cisalhamento,foi

calculado da seguinte forma: │TC retrógrada │/ (TC anterógrada + │TC

retrógrada │). O fluxo sanguíneo foi calculado através da velocidade de fluxo e

da área do vaso, considerando 60 como constante. A TC foi calculada

utilizando as variáveis de fluxo sanguíneo e o valor de diâmetro, como

mostrado a seguir: 4 x (fluxo(d-1)). Para o calculo da condutância vascular,

foram considerados os valores de pressão arterial média e fluxo sanguíneo

médio.

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Figura5. Avaliação do padrão de fluxo sanguíneo na artéria braquial através de Doppler

vascular durante manobra de indução de fluxo sanguíneo retrógrado.

Variáveis hemodinâmicas.Durante toda a sessão experimental, a pressão

arterial foi verificada continuamente, batimento a batimento, por meio de um

sistema não-invasivo (Finometer, FinapresMeasurement Systems, Arnhem,

Holanda).A frequência cardíaca foi obtida por registro eletrocardiográfico.

Todos os sinais foram obtidos numa frequência de 1000 Hz e integrados e

digitalizados através do sistema de aquisição de dados PowerLab

(ADInstruments, Sydney, Austrália) e analisados pelo software LabChart 7

(ADInstruments, Sydney, Austrália).

Avaliação da ativação endotelial. A ativação endotelial foi determinada pela

identificação e contagem de micropartículas positivas para CD62E presentes

no plasma pobre em plaqueta. Foram coletados 9mL de sangue periférico em

tubo contendo citrato e centrifugados a 2500xg por 15 minutos. A porção

superior do plasma foi coletada e centrifugada novamente a 2500xg por 15

minutos para obtenção de plasma pobre em plaqueta. A partir do

sobrenadante, foram separadas alíquotas para análise de micropartículas

endoteliais, e uma parte foi alíquotada, congelada em nitrogênio liquido e

armazenadas em freezer -80ºC. Posteriormente, essas alíquotas foram

descongeladas e incubadas com 8  μL de CD62E-PE (BD Biosciences; Franklin

Lakes, NJ, EUA) por 30 min, no escuro, a 4ºC. Antes da aquisição as amostras

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no citômetro, cada amostra foi lavada com 900μL de PBS. Foram utilizadas

microesferas de látex de 1.1μm (Sigma-Aldrich, Saint Louis, MO, EUA) para

determinação do tamanho dos eventos analisados (inferiores a 1.1 μm) e

TruCountBeads(BD Biosciences; Franklin Lakes, NJ, EUA) foram utilizadas

para contagem absoluta de micropartículas CD62E+, através da fórmula

abaixo:

Avaliação de micropartículas endoteliais. Os níveis de MPE foram medidos

a partir de plasma pobre em plaquetas. Alíquotas de 100 μL que foram

incubadas com 8  μL de CD31-FITC (BD Biosciences; Franklin Lakes, NJ,

EUA), 8 μL de CD42b-APC (BD Biosciences; Franklin Lakes, NJ, EUA) e 5 μL

de Anexina V-PE (BD Biosciences; Franklin Lakes, NJ, EUA), por 30 min, no

escuro, a 4ºC. Antes da aquisição as amostras no citômetro, cada amostra foi

lavada com 900 μL de PBS. Uma vez que o CD42b é um marcador especifico

de plaquetas, este pode ser utilizado para excluir as mesmas da análise.

Foram utilizadas microesferas de látex de 1.1μm (Sigma-Aldrich, Saint

Louis, MO, EUA) para determinação do tamanho dos eventos analisados.

Dessa forma, apenas eventos inferiores a 1.1 μm foram analisados como

sendo micropartículas. O fenótipo endotelial das micropartículas foi

determinado por marcação fluorescente de superfície, através da marcação

negativa para CD42b e marcação duplo positiva para CD31 e AnexinaV (CD42-

/CD31+/AnexinaV+).TruCountBeads (BD Biosciences; Franklin Lakes, NJ,

EUA) foram utilizadas para contagem absoluta, seguindo o mesmo cálculo

daquele empregado na contagem de micropartículas CD62E+.

Avaliação de células progenitoras endoteliais. A mobilização de CPE foi

avaliada através de citometria de fluxo. Sangue periférico foi coletado em tubos

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de EDTA e amostras de 100 μL foram incubadas com 20 μL de CD34-FITC

(BD Biosciences; Franklin Lakes, NJ, EUA), 10 μL de CD45-PerCP (BD

Biosciences; Franklin Lakes, NJ, EUA), e 20 μL de VEGFR2-APC (R&D

Systems; Minneapolis, MN, EUA), no escuro, por 40 minutos, a 4ºC. As células

foram incubadas com 900 μL FACS Lysingsolution (BD Biosciences; Franklin

Lakes, NJ, EUA). A intensidade de fluorescência das amostras foi mensurada

por citometria de fluxo através do FACSVerse (BD Biosciences; Franklin Lakes,

NJ, EUA) e um total de 5x105eventos foram analisados pelo software

FACSSuite(BD Biosciences; Franklin Lakes, NJ, EUA). Foram consideras CEP

as células que apresentassem fenótipo CD45dim/CD34+/VEGFR2+. Para

calcular o numero absoluto de CPE, foram utilizadas TruCountBeads (BD

Biosciences; Franklin Lakes, NJ, EUA), seguindo o mesmo cálculo daquele

empregado na contagem de micropartículas.

Concentração de nitrito.A mensuração das concentrações de nitrito nas

amostras foi realizada através do Analisador de NO (NOA, Nitric Oxide

AnalyzerSievers), modelo 280i (GE AnalyticalInstruments, Colorado, EUA). A

detecção é baseada na reação de quimioluminescência em fase gasosa entre

óxido nítrico e ozônio através da seguinte reação:

A emissão do radical dióxido de nitrogênio (NO2) ocorre na região

vermelha e próxima a infravermelha do espectro de luz, e é detectada por um

tubo fotomultiplicador vermelho-sensível termoeletricamente resfriado. Este

transfere a informação em milivolts (mV)(76)para um computador que através

do software Liquid v.3.2 integra os picos gerados e calcula a concentração das

amostras.

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3.3 Análise estatística

O tamanho apropriado da amostra de 10 indivíduos para cada grupo foi

calculado utilizando a mobilização de CPE como desfecho principal e admitindo

uma diferença na média de 5% (tamanho do efeito) e o desvio-padrão também

igual a 5%, ambos obtidos em experimentos preliminares, ajustando o poder do

teste estatístico para 0,8 e o erro alfa para 0,05. Para verificaçãoda

normalidade na distribuição das variáveis foi realizado o teste Shapiro-Wilk e a

homocedasticidade pelo teste de Levene. Para comparações entre grupos, foi

utilizado o teste t-Student para variáveis com distribuição normal e teste de

Mann-Whitney para variáveis sem distribuição normal. Na sequência, foram

realizadas ANOVA two-way para medidas repetidas, onde “grupo” e “momento”

foram considerados os fatores principais. Quando encontrado diferenças

significativas para grupo, momento e/ou interação, o teste de Student Newman-

Keulsfoi utilizado como procedimento post-hoc (StatSoft, Inc. 2011,

STATISTICA 10.0, USA). Os dados foram expressos na forma de média± erro

padrão da média. Uma probabilidade menor do que 5% foi considerada

estatisticamente significativa em análises bicaudais.

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4 RESULTADOS

4.1. Características da amostra

Dezesseis voluntários, do sexo masculino, com idade 36±2 anos,

participaram do estudo. As variáveis antropométricas e metabólicas foram

demonstradas na tabela 1. Como esperado, os grupos CT e HAS apresentaram

diferenças significativas para as variáveis PAS e PAD (p<0,05).Os grupos

ainda apresentaram diferença em relação ao índice de massa corporal.

Tabela 1. Variáveis antropométricas e metabólicas de cada grupo

Variáveis

Grupos

CT HAS p

N (16) 8 8 -

Idade (anos) 36 ±3 39 ±5 0,74

IMC (kg/m²) 25,1 ±0,6 27,9 ±1,1 0,05

PAS (mmHg) 117±4 139±3 <0,01

PAD (mmHg) 75±4 93±3 <0,01

Glicose (mg/dL) 85,1 ±4 94 ±3 0,11

Colesterol total (mg/dL) 181,8 ±16 177,3 ±11 0,83

HDL (mg/dL) 51,3 ±7 42,6 ±4 0,31

LDL (mg/dL) 113,1 ±13 109 ±12 0,82

VLDL (mg/dL) 17,3 ±1 25,7 ±5 0,08

TG (mg/dL) 87,6 ±7 128,7 ±23 0,09

Inibidor da ECA --- 2 -

Diurético --- 2 -

Antagonista de AT1 --- 5 -

Bloqueador de canal de cálcio --- 1 -

Dados estão apresentados como média ± erro-padrão da média; CT, grupo controle; HAS, grupo com hipertensão arterial sistêmica; IMC, índice de massa corporal; PAS, pressão arterial sistólica; PAD, pressão arterial diastólica; HDL, lipoproteína de alta densidade; LDL, lipoproteína de baixa densidade; VLDL, lipoproteína de muito baixa densidade; TG, triglicerídeos; ECA, enzima conversora de angiotensina; AT1, receptor de angiotensina II

4.2 Padrão de fluxo sanguíneo

As variáveis de fluxo sanguíneo e taxa de cisalhamento, tanto para o

braço ipsilateral quanto para o braço contralateral à manobra, estão

apresentadas na tabela 2.

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Em relação ao braço no qual foi realizada a manobra de indução de fluxo

de retrógrado, pode-se observar que no momento basal, o grupo HAS

apresentou valores significativamente maiores de fluxo sanguíneo médio,

condutância vascular e taxa de cisalhamento média(p<0,01 vs. CT).Durante a

indução de fluxo retrógrado local, foi verificada diminuição significativa nos três

parâmetros, de forma similar, em ambos os grupos (p<0,10 vs. basal). Além

disso, houve aumento significativo na taxa de cisalhamento retrógrada e no

índice de cisalhamento oscilatório (p<0,01 vs. basal). A taxa de cisalhamento

anterógrada não apresentou alteração significativa.

No braço contralateral à manobra, aonde não foram posicionados

manguitos de pressão, não foram observadas diferenças basais entre os

grupos. No entanto, foram observados aumentos significativos de fluxo

sanguíneo médio, condutância vascular e taxa de cisalhamento médio, quando

comparados os momentos basal e durante a manobra de indução de fluxo

(p<0,01), tanto no grupo CT quanto no grupo HAS. Não foram verificadas

mudanças significativas nos valores de taxa de cisalhamento anterógrada e

retrógrada no braço contralateral.

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Tabela 2. Variáveis de fluxo sanguíneo e de taxa de cisalhamento nos braços ipsilateral e contralateral à manobra.

Dados estão apresentados como média ± erro-padrão da média; CT, grupo controle (n=8); HAS, grupo com hipertensão arterial sistêmica (n=8); TC, taxa de cisalhamento; ICO, Índice de cisalhamento oscilatório; (*) P<0,01 vs. CT; (†) P<0,01 vs. Basal.

Variáveis

Grupos

CT HAS

Basal Durante Basal Durante

Braço ipsilateral à manobra

Fluxo médio (mL.min-1) 24,70 ±3,34 10,00 ±2,55† 48,15 ±3,57* 11,69 ±2,73†

Condutância (mL/min.mmHg-1) 0,34±0,06 0,13±0,03† 0,55 ± 0,06* 0,12 ±0,03†

TC anterógrado (s-1) 36,58 ±4,70 47,11 ±5,94 52,97 ±5,02 53,02 ±6,35

TC retrógrado (s-1) -11,58 ±3,33 -43,17 ±8,35† -5,27 ±3,56 -43,40 ±8,93†

TC médio (s-1) 24,72 ±3,08 10,68 ±2,86† 47,80 ±3,29* 12,17 ±3,06†

ICO 0,18±0,04 0,40±0,05† 0,09±0,04 0,44±0,05†

Braço contralateral à manobra

Fluxo médio (mL.min-1) 26,75 ±9,46 98,14 ±24,36† 44,40 ±9,46 144,52 ± 24,35†

Condutância (mL/min.mmHg-1) 0,37±0,10 1,40 ±0,28† 0,50 ±0,10 1,60 ±0,28†

TC anterógrado (s-1) 45,32 ±8,06 44,60 ±7,67 58,77 ±8,06 63,46 ±7,67

TC retrógrado (s-1) -13,34 ±3,13 -11,59 ±2,67 -12,94 ±3,13 -12,62 ±2,67

TC médio (s-1) 26,89 ±8,22 102,08 ±23,24† 40,29 ±8,22 133,23 ±23,24†

ICO 0,22±0,04 0,20±0,04 0,20±0,04 0,18±0,04

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4.3 Liberação de micropartículas

Foram analisados dois perfis de marcação de micropartículas: CD62E+,

fenótipo de micropartículas liberadas por células endoteliais ativadas; e CD42b-

/CD31+/AnexinaV+, característico de células endoteliais em processo

apoptótico.

A ativação endotelial não foi diferente entre os grupos em condições

basais, no braço ipsilateral à manobra. Durante a manobra, houve um aumento

da ativação endotelial somente no grupo HAS (p=0,04 vs. basal) (gráfico 1).

Não foram observadas diferenças no braço contralateral (tabela 3).

Gráfico 1. Número de micropartículas CD62E+ por µL de plasma antes e durante a manobra de indução de fluxo retrógrado.Grupo CT, grupo controle (n=8); grupo HAS, grupo hipertensão arterial sistêmica (n=8); (†) p=0,04 vs. basal.

No braço ipsilateral à manobra, os níveis de MPE já estavam elevados

no grupo HAS (p<0,01 vs. CT) em condições basais. Durante a manobra,

houve aumento significativo das MPE apenas no grupo HAS (p=0,02 vs. basal;

p<0,01 vs. CT) (gráfico 2).

No braço contralateral à manobra, apresentado na tabela 3, o grupo

HAS apresentou valores significativamente maiores do que o grupo CT em

ambos os momentos (p<0,01 vs. CT).

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Gráfico 2. Número de MPE CD42b-/CD34+/AnexinaV+ por µL de plasma pobre em plaquetas antes e durante a manobra de indução de fluxo retrógrado.Grupo CT, grupo controle (n=6); grupo HAS, grupo hipertensão arterial sistêmica (n=8); (*) p<0,01 vs. CT, (†) p=0,02 vs. basal.

Para evidenciar a relação entre o dano endotelial e o mecanismo de

reparo, foi feita a razão entre a liberação de MPE e a mobilização de CPE,

antes e durante a manobra de indução de fluxo retrógrado. Foi visto que no

momento basal a razão MPE/CPE estava maior no grupo HAS quando

comparado ao grupo CT (p<0,01vs. CT), e que durante a manobra essa

diferença permaneceu maior no grupo HAS (p=0,01vs. CT), como pode ser

observado no gráfico 3.

Gráfico 3. Relação MPE/CPE.Grupo CT, grupo controle (n=8); grupo HAS, grupo hipertensão arterial sistêmica (n=8); (*) p=0,01 vs. CT.

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4.4 Avaliação quantitativa de CPE

A quantificação de CPE foi feita através de citometria de fluxo em ambos

os braços, e foram consideradas os eventos que apresentassem os perfil

CD45dim/CD34+/VEGFR2+.

No braço ipsilateral à manobra, foi observado que no momento basal o

grupo HAS apresentava um número significativamente menor de CPEs quando

comparado ao grupo CT (p<0,01 vs. CT). Durante a manobra de indução de

fluxo, essa diferença entre os grupos se manteve (p=0,02 vs. CT), como pode

ser observado no gráfico 4. No braço contralateral não foram observadas

diferenças significativas (tabela 3).

Gráfico 4. Número de CPE por µL de sangue total antes e durante a manobra de indução de

fluxo retrógrado.Grupo CT, grupo controle (n=6); grupo HAS, grupo hipertensão arterial sistêmica (n=7); (*) p<0,02 vs. CT.

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4.5 Quantificação de nitrito plasmático

Não foram observadas diferenças entre grupos e momentos, tanto no

braço ipsilateral (gráfico 5A) quanto no braço contralateral à manobra (tabela

3). No entanto, a resposta (manobra – basal) na concentração de nitrito no

braço ipsilateral à indução do fluxo retrógrado foi menor no grupo HAS, quando

comparada ao grupo CT (p=0,03), como apresentado no gráfico 5B.

Gráfico 5. Concentração plasmática de nitrito (A) e resposta de nitrito à manobra de indução de fluxo retrógrado (B).Grupo CT, grupo controle (n=8); grupo HAS, grupo hipertensão arterial sistêmica (n=8); (*) p=0,03 vs. CT.

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Tabela 3. Variáveis moleculares e celulares no braço contralateral.

Dados estão apresentados como média ± erro-padrão da média; CT, grupo controle (n=6); HAS, grupo com hipertensão arterial sistêmica (n=5); CPE, células progenitoras endoteliais; MPE, micropartículas endoteliais; (*) P<0,01 vs. CT.

Variáveis

Grupos

CT HAS

Basal Durante Basal Durante

CPE (/µL) 104± 22 120± 11 63± 22 81± 11

MPE (/µL) 1 ± 1 2 ± 1 7 ± 1* 6 ± 1*

CD62E (MP/µL) 54 ± 7 56 ± 6 46 ± 7 46 ± 7

Nitrito (µM/µL) 0,30 ± 0,02 0,27 ± 0,03 0,20 ± 0,03 0,27 ± 0,03

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5. DISCUSSÃO

No presente estudo foi testada a hipótese de que o aumento exacerbado

no fluxo sanguíneo retrógrado estaria relacionado à alteração nos níveisde

biomarcadores endoteliais em pacientes com HAS quando comparados a

indivíduos saudáveis. Os principais achados do estudo foram: (1) o fluxo

sanguíneo retrógrado exacerbado levou ao aumento da ativação endotelial em

pacientes com HAS; (2) o fluxo sanguíneo retrógrado exacerbado foi capaz de

agravar o quadro de disfunção endotelial em pacientes com HAS, já

evidenciado pela maior liberação basal de MPE; (3) a capacidade dereparo

endotelial, verificada pelo número de CPE em pacientes com HAS, se

apresentou diminuída em condições basais, e não se alterou após a indução de

fluxo sanguíneo retrógrado; e (4) houve um menor aumento nos níveis

plasmáticos de nitrito em resposta a manobra em pacientes com HAS.

A diminuição no fluxo sanguíneo médio e na TC cisalhamento médio,

bem como o aumento na TC retrógrada e no índice de cisalhamento oscilatório

nos permitem afirmar que a manobra de indução de fluxo retrógrado foi

realizada com sucesso, assim como mostrado anteriormente na literatura (34,

73). Manobras de indução de fluxo sanguíneo retrógradotem sido utilizadas a

fim de estudar os efeitos da manipulação da TC sobre a função endotelial e,

assim, simular situações fisiológicas (por exemplo, bifurcações ou curvaturas)

ou em situações patológicas (por exemplo, na presença da placa de

aterosclerose), aonde ocorre aumento do fluxo retrógrado.Jenkinset al. (2013)

observaram diminuição de fluxo sanguíneo médio, TC média e TC anterógrada,

concomitante ao aumento da TC retrógrada e do índice de cisalhamento

oscilatório(73).Outro estudo, o qual objetivou a manipulação da TC, utilizou

diferentes pressões (25 mmHg, 50 mmHg e 75 mmHg) para simular um

aumento progressivo no fluxo sanguíneo retrógrado e na TC retrógrada, e

consequentemente, diminuição no fluxo médio e na TC média(75). Foi

observado um efeito dose-dependente sobre a dilatação mediada pelo fluxo em

indivíduos saudáveis, com aumento na TC média e no índice de cisalhamento

oscilatório somente com 50 mmHg e 75 mmHg (34). Como o protocolo do

presente estudo visou manipular o fluxo sanguíneo e a TC, sem que fosse

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provocada uma hiperemia reativa após a liberação do manguito de pressão, foi

utilizada a pressão de 75 mmHg.

Apesar de o presente estudo corroborar os dados anteriores quanto a

fluxo retrógrado, médio e TC retrógrada no braço ipsilateral à manobra, os

dados no braço contralateral foram diferentes do observado por Jenkinset al.

(2013). Contudo, deve ser levado em consideração que no estudo citado, foram

avaliados os padrões de fluxo no braço contralateral em apenas trêsindivíduos

saudáveis (73). Nesse caso, a falta de poder estatístico pode ter mascarado

um possível aumento das variáveis de fluxo e TC encontradas no presente

estudo.

A ativação endotelial é um importante passo para o desenvolvimento e

progressão de diversos eventos fisiopatológicos, estimulados por fatores de

crescimento, citocinas, lipoproteínas e estresse oxidativo (77).A ativação

parece estar relacionada ao aumento na expressão de proteínas de adesão

celular endotelial como E-selectina (CD62E), ICAM-1 (CD54), e PECAM-1

(CD31) (78). A E-selectina, especificamente, é uma molécula de adesão

expressa por células endoteliais, portanto, sua detecção pode ser valiosa para

determinação de ativação endotelial após injúria (79).

Figura6. Ativação endotelial no desenvolvimento do processo inflamatório.

Adaptado de Kakkar A.K. eLefer D.J., CurrOpinPharmacol. 2004.

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Em nosso estudo, foi verificado que a ativação endotelial basal foi

semelhante entreos indivíduos saudáveis e os pacientes com HAS, o que é

corroborado por outro estudo (80). Este estudo mostrou quea hipertensão

parece apresentar um perfil de ativação endotelial menos expressivo do que

condições como doença arterial coronariana (80). No entanto, em resposta a

indução de fluxo retrógrado, a liberação de CD62E aumentou

consideravelmente nospacientes com HAS, evidenciando a ativação das

células do endotélio vascular. Esse resultado é condizente com dados da

literatura que mostram que o aumento no fluxo sanguíneo retrógrado e

diminuição na TC estão relacionados ao aumento da expressão de genes

codificantes de E-selectina(81).

Recentemente, estudos mostraram que baixas concentrações de

lipoproteína de alta densidade (HDL) –complexos lipoproteicos com importante

papel anti-aterogênico – estão relacionadas ao aumento da ativação endotelial,

quando comparados com indivíduos com valores normais de HDL (82). Outro

estudo, cujo objetivo foi relacionar a liberação de micropartículas ao risco de

ocorrência de um evento cerebrovascular, mostrou que as micropartículas

CD62E+ estão associadas à isquemia, estando diretamente relacionada à

extensão da lesão isquêmica. Esse mesmo estudo mostrou que a E-selectina

parece representar um quadro agudo de ativação endotelial (77). Uma vez que

as micropartículas CD62E+ estão relacionadas à ativação endotelial, sugere-se

que as mesmas participem na patogênese de doenças cardiovasculares e

provavelmente aumentem o risco de mortalidade subsequente ao evento

cardiovascular (83).

Além de evidências sobre a ativação endotelial, a quantificação de MPE

também é capaz de fornecer informações sobre a integridade das células

endoteliais, no que diz respeito ao processo de apoptose celular. Como dito

anteriormente, em resposta à ativação endotelial e estímulo apoptótico, as CE

liberam pequenas vesículas que carregam um pedaço da membrana celular

bem como conteúdo citoplasmático (84), o que permite, por exemplo, sua

identificação e quantificação por citometria de fluxo (85). Nos últimos anos, as

MPE tem sido consideradas uma importante ferramenta no estudo de diversas

patologias, incluindo na disfunção endotelial, em especial em indivíduos

assintomáticos ou em pacientes com HAS (85).

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No presente estudo, foi observado que pacientes com HAS apresentam

um aumento basal de MPE, indicando a existência de um quadro de disfunção

endotelial e aumento de risco de evento cardiovascular. Esse achado é

corroborado pelo estudo de Preston et al.(2003), o qual comparou pacientes

com HAS severa (PAD≥120 mmHg), HAS média (PAD≥95 mmHg) e indivíduos

saudáveis (PAD<90 mmHg) e verificou que os pacientes com HAS severa

apresentavam maiores níveis de MPE do que os outros dois grupos, e que a

concentração de MPE apresentou correlação positiva com o aumento da PAS e

da PAD (61). Esse achado é consistente com dados da literatura que sugerem

que altos níveis de pressão arterial estão relacionados alterações na função

endotelial e ativação plaquetária (86).

Durante da manobra de indução de fluxo retrógrado, houve um aumento

ainda maior na liberação de MPE por parte dospacientes com HAS. Estudos in

vitromostraram que em regiões onde há diminuição da TC e, portanto,

predisposição a formação de placas de aterosclerose, há aumento na liberação

de MPE, quando comparado a regiões aonde o fluxo sanguíneo e a TC são

considerados normais (48). Jenkinset al. (2013) encontraram resultados

similares em seu estudo mostrando aumento da liberação de MPE após

indução de fluxo retrógrado, porém, em indivíduos saudáveis (73).

Acredita-se que um dos mecanismos responsáveis pela liberação de

MPE, nesse caso, seja o estímulo à via de sinalização de proteinoquinases

associadas ao citoesqueleto (ROCK) (58), pois as mesmas já foram associadas

ao aumento na liberação de MPE em processos inflamatórios (87). Dessa

forma, alterações no padrão de fluxo sanguíneo e na TC levariam a ativação na

via ROCK, reorganização do citoesqueleto e liberação de micropartículas.

Outra possível via envolvida na regulação de MPE é a produção de NO. A

utilização de L-NMMA, inibidor da enzima NOS, levou ao aumento da liberação

de MPE enquanto o aumento da biodisponibilidade de NO, através de um

doador, fez que essa liberação diminuísse. O aumento do NO pode inibir a

expressão de algumas proteínas que atuam na regulação da liberação de MPE,

como a ABCA-1(88). De fato, estudos mostraram que células de camundongos

deficientes para ABCA-1 apresentaram menor quantidade de fosfatidilserina e

menor liberação de MPE (88, 89).

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Figura7. Vias de sinalização intracelular envolvidas na modulação da liberação de

micropartículas endoteliais em resposta a diferentes padrões de taxa de cisalhamento.Adaptado de Vion A.C, Boulanger C.M, Circ Res, 2013.

Nossos achados também mostraram que pacientes com HAS

apresentam, em condições basais, uma menor quantidade de CPE circulantes,

quando comparados aos indivíduos saudáveis. Durante a manobra de indução

de fluxo retrógrado, esse resultado se manteve, mostrando que mesmo após

estimulo de lesão ao endotélio, indivíduos acometidos pela HAS não foram

capazes de mobilizar CPE.

Como dito anteriormente, as CPEs são recrutadas da medula óssea

para atuar no reparo endotelial, além de atuar paracrinamente secretando

fatores e citocinas pró-angiogênicas que estimulam os processos de

neovasculogênese e de angiogênese(64). Essas células são atraídas por

fatores quimiotáxicos como NO, fatores de crescimento e metaloproteinases

(90), mecanismos que parecemestar prejudicados em presença de risco

cardiovascular.Diversos estudos tem demonstrado que o número de CPE está

reduzido na presença de risco cardiovascular, independente da doença estar

estabelecida ou não (71, 91, 92). Em relação à HAS, foi demonstrado que

pacientes com doença arterial coronariana apresentam diminuição no número e

na capacidade migratória das CPE, sendo esse último efeito diretamente

influenciado pela HAS (70). Outro estudo com pacientes com HAS refratária

demonstrou in vivo e in vitroque a concentração de CPE circulantes era

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significativamente menor nos pacientes acometidos pela doença quando

comparados com os indivíduos saudáveis (71). A utilização de medicação anti-

hipertensiva parece não restaurar os níveis de CPE CD34+KDR+ em pacientes

com HAS(93), assim como foi encontrado no presente estudo. Foi observado

ainda que as CPE de pacientes com HAS e com pré-hipertensão

transplantados in vivo em ratos com injúria na artéria carótida, não foram

capazes de restaurar a função endotelial devido a uma baixa capacidade de

reparo e de migração(93). Além disso, esses pesquisadores verificaram um

aumento considerável na concentração de micropartículas endoteliais

circulantes, devido ao processo apoptótico sofrido pelas CPE transplantadas

(94).

Considerando-se o fato de que elevados níveis de MPE CD42b-

/CD31+/AnexinaV+ estarem relacionados ao dano endotelial e processo

apoptótico (54), e que baixas concentrações de CPE parecem estar associados

a deficiência na capacidade de reparo vascular e angiogênese (94), a razão

MPE/CPE parece nos fornecer uma visão do balanço entre dano endotelial e

mecanismo de reparo. No presente estudo observamos elevada razão

MPE/CPE em condições basais e durante a manobra de indução de fluxo

retrógrado, somente em pacientes com HAS. Outro estudo mostrou que essa

razão estaria aumentada em pacientes com HAS em condições basais e que

esse resultado estaria associado à deterioração da função renal subsequente

(95).

Em relação às medidas de concentração de nitrito, não foram

observadas diferenças significativas nas dosagens nitrito em ambos os grupos

antes e durante a manobra. Contudo, ao analisar a resposta de nitrito ao fluxo

sanguíneo retrógrado exacerbado, observou-seuma menor biodisponibilidade

de nitrito nos pacientes com HAS. Recentemente, diversos estudos afirmam

que o comprometimento da biodisponibilidade de nitrito, tanto por aumento da

inativação de NO (aumento do estresse oxidativo), quanto pela redução da sua

produção, parecem participar da fisiopatologia da HAS(96, 97). É sugerido

ainda que pacientes com HAS essencial (98) e hipertensão renovascular

apresentem diminuição na biodisponibilidade de vasodilatadores, como o NO

(99). Outro fato que deve ser ressaltado é que o aumento do fluxo retrógrado e

diminuição da TC anterógrada diminuem o atrito do sangue com o endotélio,

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fazendo com que ocorra menor estímulo aos mecanoceptores na superfície

celular(100). Com isso, ocorre comprometimento das cascatas de sinalização

intracelular e menor expressão de proteínas e enzimas críticas para geração e

liberação de fatores de relaxamento muscular, como o NO(101).

Vale salientar que os indivíduos saudáveis não apresentaram alterações

nos níveis de MPE e na mobilização de CPEdurante a indução do fluxo

sanguíneo retrógrado. Esses achados são contrários aos verificados por

Jenkinset al. (2013)(73) que demonstraram que a presença de fluxo sanguíneo

retrógrado exacerbado é capaz de estimular a ativação endotelial e a liberação

de MPE, mesmo em indivíduos saudáveis. É importante lembrar que o estudo

citado utilizou um manguito de pressão posicionado no punho inflado a 200

mmHg, o que ocasionaria uma hiperemia reativa após sua liberação, além da

população, que apresentava idade diferente. Em contrapartida, nossos dados

são coerentes entre si, uma vez que não houve alteração na liberação de

micropartículas apoptóticas ou de ativação endotelial, de forma que não foi

necessário o recrutamento dos mecanismos de reparo vascular.

Algumas considerações devem ser feitas em relação às limitações de

nosso estudo. A primeira delas é a tendência de diferença no índice de massa

corporal (IMC) entre os grupos (p=0,053). Estudos mostram que altos níveis de

IMC estão relacionados à mobilização de CPE em resposta a ativação

endotelial (102), além impactar diretamente na variabilidade da PA (103).

Entretanto, foram realizadas análises de covariância (ANCOVA), utilizando o

IMC como covariável, e os resultados anteriores foram mantidos.A segunda

limitação seria o pequeno tamanho da amostra. No entanto, foi realizado o

cálculo do tamanho amostral utilizando o número de CPEcomo desfecho

principal, o poder do teste estatístico de 0,8 e o erro alfa de 0,05. Além disso,

nosso estudo é o primeiro a mostrar in vivo os efeitos do aumento exacerbado

do fluxo sanguíneo retrógrado sobre a ativação endotelial, liberação de MPE e

a mobilização de CPE em pacientes com HAS. A terceira limitação a ser

considerada é a utilização de medicamentos anti-hipertensivos pelos pacientes

com HAS. Como dito, estudos mostram que a utilização de determinadas

classes de anti-hipertensivos é capaz de melhorar a funcionalidade de

CPE(104, 105). Contudo, foram observadas diferenças significativas entre os

grupos CT e HAS, mesmo com uso da medicação. Vale ressaltar que as

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avaliações foram realizadas após um período de washout de 48h a fim de

evitar o efeito agudo da medicação.

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6. CONCLUSÃO

Os resultados do estudo nos permitem concluir que indivíduos com

hipertensão arterial sistêmica apresentam um quadro subclínico de disfunção

endotelial com comprometimento no reparo vascular, fato atestado pelos

elevados níveis basais de MPE e baixos níveis de CPE. Além disso, a indução

de fluxo sanguíneo retrógrado foi capaz de agravar o quadro de injúria

endotelial em pacientes com HAS, com aumento da ativação endotelial

concomitante ao maior aumento na liberação de MPE e reduzida

biodisponibilidade de óxido nítrico.

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