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Noção de desenvolvimento: modelos, princípios e aspectos gerais.
O Desenvolvimento Humano
O estudo do desenvolvimento humano é feito desde a concepção até à morte humana. Este estudo é
feito através do da observação cientifica de mudanças causadas tanto por maturacao (seguindo o
determinismo genético) ou por aprendizagem (mudanca causada por experiência).
Desenvolvimento inclui mudancas no crescimento humano que sao facilmente observaveis e
mensuraveis. Estas mudanças são rápidas e permitem as crianças maior diferenciação e
consequentemente, maior adaptação ao meio, como capacidade de suporte do seu corpo,
locomoverem-‐se, manipularem e construírem. O desenvolvimento refere-‐se também ao processo de
maturação ou ao plano biológico contido nos nossos genes. Estes são o material hereditário que é
transmitido de geração em geração que determina parcialmente as etapas biológicas que irão ocorrer
no seu desenvolvimento.
Mudança Vs Desenvolvimento
O conceito de mudança está simbioticamente ligado ao conceito de desenvolvimento. Sendo que o
desenvolvimento implica algum tipo de mudanças ao longo de um determinado espaço de tempo,
que poderão levar a novos níveis qualitativos de organização de um determinado organismo.
O processo de desenvolvimento em si é um processo contínuo, desde concepção até à morte, sendo
assim um fenómeno histórico. O aspecto fulcral aquando conceptualizando “desenvolvimento” é a
sua direcção, i.e. Telos. Embora a sua direcção não seja determinística, pois para além dos processos
de maturação, o desenvolvimento prossegue também de acordo com as mudanças feitas por
experiência do organismo, como a aprendizagem;
Estas mudanças poderão ser qualitativas ou quantitativas.
Mudanças quantitativas referem-‐se a mudanças que os indivíduos sofrem aquando adquirem
conhecimento ou crescem fisicamente , sendo este um processo gradual, de fácil observação. Ex:
Peso/altura; Aprendizagem linguística
Mudanças qualitativas referem-‐se a mudanças
que ocorrem na forma como o individuo pensa,
comporta-‐se e percepciona o mundo, sendo
este feito por estádios. São mais difíceis de
medir, pois assentam em qualidades ao invés de
quantidades. Ex. Aprender a andar; Comportamento
social/egocentrismo
Quantitativo Qualitativo
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Os 4 Planos de Desenvolvimento
O desenvolvimento humano pode ser estudado de acordo com 4 planos de desenvolvimento.
Desenvolvimento Físico: Refere-‐se a mudanças em tamanho de corpo (crescimento) e proporções; a
ordem e aquisição de capacidades motoras; capacidades perceptivas e motoras;
Desenvolvimento Cognitivo: Pensamento e processos intelectuais, que incluem atenção, memoria,
conhecimento, resolução de problemas e criatividade, linguagem e comunicação;
Desenvolvimento Social: Compreensão do “Self”, relações interpessoais e socialização;
Desenvolvimento Emocional: Expressão emocional, personalidade, temperamento e afeiçoamento.
Plasticidade de Desenvolvimento
Plasticidade em Psicologia de Desenvolvimento, refere-‐se o grau a que, e as condições onde, o
desenvolvimento está aberto a mudança e intervenção.
As primeiras conceptualizações de “plasticidade” foram influenciadas pela identificação de “períodos
críticos” em várias espécies. Define-‐se Período Critico como um período de desenvolvimento,
durante o qual uma determinada experiencia terá que ocorrer ou um comportamento não se irá
desenvolver. Por outras palavras, existe plasticidade para um determinado aspecto de
desenvolvimento APENAS durante este período. Ex. As crias de um pato terão que ter contacto
directo com a mãe , ou irão criar um vinculo com o primeiro objecto em movimento, que
percepcionarem. –Konrad Lorenz
Embora existam poucas evidencias de “períodos críticos” após o nascimento em humanos, existem
abundantes evidencias de “Períodos sensíveis”.
Períodos Sensíveis são definidos como momentos no desenvolvimento de um organismo, durante
os quais uma determinada experiência (ou ausência desta) tem um efeito mais pronunciado no
organismo, do que teria em qualquer outro momento do seu desenvolvimento. Ex As crianças
parecem ser mais sensíveis à aprendizagem linguística nos primeiros anos de vida, adquirindo assim
facilmente linguagem a que estão expostos regularmente. Contudo, mesmo que não tenham sido
expostos regularmente a linguagem, até por volta dos 6, 7 anos de idade, são ainda capazes de a
aprenderem. A partir desse período, torna-‐se cada vez mais difícil a aquisição de linguagem.
As questões à volta da plasticidade contêm importantes implicações. As suas respostas são essenciais
à compreensão de como o desenvolvimento humano poderá ser modificado através de intervenção
deliberada, como terapia ou educação, de forma ultrapassar experiências traumáticas, etc.
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O caso de Victor D’Aveyron
Em 1800 foi encontrado um rapaz perdido, na província francesa de Aveyron. Aquando vários
médicos examinaram o rapaz concluíram que este teria uma deficiência mental, escolhendo assim
transferir o rapaz para um asilo. Contudo, um medico, Jean-‐Marc Itard desafiou o consenso entre os
seus colegas, afirmando que se o rapaz tivesse realmente algum tipo de deficiência, não teria
sobrevivido sozinho. Assim, Itard denominou o rapaz de Victor.
Querendo provar que o contexto influencia o desenvolvimento humano, Itard propôs-‐se a ensinar
Victor a falar. Nos primeiros tempos, Victor aprendeu a transmitir as suas necessidades por poucas
palavras, aprendeu também a reconhecer e escrever algumas palavras, aprendeu a utilizar um penico
e criou laços de afecto pelos seus tutores. Contudo, o seu progresso estagnou e Itard viu-‐se forcado a
termina a experiencia, entregando Victor a uma senhora, com quem iria permanecer até a sua morte.
Este caso é de extrema importância para o estudo de desenvolvimento, pois levanta a dualidade
existente “Nature Vs Nurture”. Actualmente, alguns académicos postulam que Victor poderia ser
autista, enquanto que outros concluem que Victor possuía o potencial de ser uma pessoa comum,
contudo, devido à ausência de estímulos e à não exposição desde cedo a uma linguagem, o seu
desenvolvimento linguístico estagnou.
Teorias de Desenvolvimento
(importância dos factores socioculturais)
Teoria Biológica
É acreditada a emergência das teorias de desenvolvimento biológicas a Sigmund Freud, neurologista.
Captivado pela ideia de que poderia reverter comportamentos causados por experiências
traumáticas, Freud teorizou que todo o comportamento teria uma base biológica. Sendo que
qualquer impulso biológico tem como objectivo a sobrevivência da espécie, tornou-‐se-‐lhe claro que o
desenvolvimento infantil tem a sua base na satisfação de impulsos biológicos sexuais. Desde a
infância, passando pela adolescência até à idade adulta, as formas de gratificação sexual mudam, ao
longo de etapas sequenciais de desenvolvimento. (Fase oral, Fase Anal, Fase Fálica, Latência e Fase
Genital).
Assim, as teorias biológicas de desenvolvimento focam-‐se em mecanismos como a maturação, de
forma a explicarem o desenvolvimento humano, categorizando o contexto sociocultural como quase
que irrelevante.
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Teoria de Aprendizagem-‐ (Social)
Existem vários tipos de teorias de aprendizagem social, contudo, todas estas partilham um
denominador comum: o processo de aprendizagem envolve a modificação de comportamento,
através da formação de associações entre comportamento observável e suas consequências, sejam
elas favoráveis ou desfavoráveis. Esta escola de pensamento, foca-‐se no desenvolvimento das
estruturas internas de personalidade e resolução de conflictos internos. Assim, os teoristas de
aprendizagem social exploram como certas experiências como recompensas, punições ou outros
reforços, mudam a probabilidade de ocorrência de um determinado comportamento. Num polo
extremo desta escola de pensamento, poderemos encontrar teoristas que afirmam que o
desenvolvimento assenta apenas na aprendizagem, assim, as mudanças de desenvolvimento são
vistas como graduais e continuas.
Estas teorias tem feito grandes contribuições ao estudo do desenvolvimento humano, dando especial
enfâse a 2 contribuições de Albert Bandura. Uma contribuição é o conceito de modelagem, isto é, o
processo pelo qual as crianças observam e imitam outros. Outra contribuição é o conceito de auto-‐
eficacia, referindo se a percepção do sujeito da eficácia das suas acções, sendo que a auto eficácia
tem um papel crucial no processo de aprendizagem.
Estes teoristas postulam que muitos aspectos da personalidade como agressão e dependência, são
comportamento aprendidos e que, consequentemente poderão ser “desaprendidos”. Este
pressuposto levou à emergência da modificação comportamental, uma técnica de desassociação
entre comportamentos e as consequências ambientais que os sustêm.
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Teorias Construtivistas
Uma das teorias mais influenciais no que concerne ao desenvolvimento humano, é a teoria
construtivista de Jean Piaget. Piaget enfatizava o papel activo do sujeito (criança) no seu
desenvolvimento cognitivo. Este afirmava que as crianças não vão descobrindo como o mundo
funciona, mas sim, que constroem uma visão do mundo, que assenta consoante as experiencias que
viveram. Assim, de acordo com a teoria construtivista de Piaget, a aquisição de conhecimento é um
processo criativo e inventivo e não um processo de descobrimento de factos.
Piaget criou um modelo explicativo do desenvolvimento humano, onde identificou vários estádios de
desenvolvimento cognitivo, cada um sendo um reflexo de uma determinada idade.
Após estudar várias culturas, Piaget concluiu que o desenvolvimento poderá ser acelerado ou
abrandado, consoante o ambiente onde o sujeito se encontra inserido, mas que contudo, o
desenvolvimento terá que passar por ditas fases. Assim, a teoria construtivista presume que os
processos de desenvolvimento são universais em toda a raça humana.
Teorias socioculturais/ co-‐construtivistas
Elaborada por Lev Vygotsky, este postula que tanto factores biológicos como factores ambientais
desempenham um papel fundamental no desenvolvimento. Contudo Vygostky identifica uma 3a
forca, a cultura. De acordo com vygostky, os conceitos tanto nature como de nurture, moldam o
desenvolvimento, mas não actuam directamente no individuo. Ao invés disso, é através da cultura
que os factores biológicos e ambientais interagem.
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Contexto Socio-‐cultural e Desenvolvimento
Das várias teorias modernas de desenvolvimento, destacam-‐se as teorias de sistema. Esta teorias
definem-‐se como teorias que abordam os fenómenos presentes no desenvolvimento humano como
“todos” (sistemas) complexos , constituído por varias partes. Explora-‐se assim como estes “todos” e
estas partes interagem uns com os outros.
A teoria de sistema ecológica, foca-‐se na organização e interacção de múltiplos contextos de
desenvolvimento. Um dos modelos mais influenciais das teorias ecológicas, foi elaborado por
Bronfenbrenner, que centra a criança no cerne de 4 sistemas internacionais.
1. O sistema central ou Microssistema, inclui todos os cenários que a criança habita
quotidianamente – como o escolar, casa e grupos de peers ou pares/colegas;
2. O Mesosistema, é visto como tecido conectivo, que liga os vários ambientes do
microssistema uns com os outros, como o envolvimento parental na escola. A forca e
natureza destas ligações são de extrema importância ao desenvolvimento infantil;
3. O Exosistema, consiste em ambientes ou cenários que afectam mas que não incluem a
criança, como o local de trabalho dos pais.
4. O Macrosistema, é constituído por valores, normas, ideologias e recursos de uma cultura
maior em acção, que modelarão os restantes sistemas.
Assim, os 4 sistemas apresentados são compreendidos na forma como interagem uns com os outros.
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Capacidades Precoces
Desde o inicio do estudo do desenvolvimento humano que se põe a questão da dualidade “Nature vs
Nurture”. Quando um bebe nasce, este, tipicamente, apresenta algumas capacidades cognitivas já
parcialmente desenvolvidas.
De forma a podermos responder a esta questão, teremos que medir as capacidades precoces dos
bebés.
Dado que os bebes encontram-‐se num estado imatura, que os impossibilita de comunicarem as suas
experiencias de forma organizada, psicólogos na área criaram ferramentas que possibilitassem esta
mensuração.
O método básico de mensuração de capacidades precoces assenta na apresentação de um estimulo
ao bebe e consequente observação das respostas.
De acordo com o paradigma de preferência, o investigador apresentará 2 estímulos
simultaneamente, de forma a determinar se o bebe irá demonstrar alguma preferência por um dos
estímulos, olhando durante mais tempo para um. Conclui-‐se, a partir disto que, o bebe é capaz de
distinguir entre 2 estímulos diferentes. Variáveis: Tempo de olhar
De acordo com o paradigma de surpresa, o investigador irá apresentar um estimulo novo que
capturará a atenção do bebe, como um tom musical. Irá continuar a expor o bebe a este estimulo até
que este se farte dele e não lhe de mais atenção. Este processo onde a atenção a um novo estimulo
diminui após exposição continua a esta, é denominado de habituação. O próximo passo será alterar
ligeiramente o estimulo, neste caso alterando a nota do tom. Caso o infante mostre interesse de novo
após a alteração do estimulo, é dito que exibe desabituação. Assim, o investigador poderá concluir
que o bebe percepciona mudança. Variáveis: Tempo de olhar • Ritmo de sucção • Ritmo cardíaco •
Ondas cerebrais, etc.
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Capacidades Sensoriais
Visão
Os componentes básicos anatómicos do sistema visual, encontram-‐se presentes desde o nascimento,
mas não completamente desenvolvidos. A lente (cristalino) do olho e as células da retina são algo
imaturos, limitando a definição visual A imaturidade de algumas redes neuronais, que transmitem a
informação da retina para o cérebro, limitam a capacidade visual dos recém nascidos. Para além
disso, os movimentos oculares do bebé não são coordenados o suficiente de forma a produzir uma
imagem composta. O resultado traduz-‐se numa visão desfocada.
Acuidade Visual
Um ponto de interesse bastante estudado no que concerne a visão dos recém nascidos, é a sua
acuidade visual, i.e. a sua definição visual.
Assim, os recém nascidos são bastante míopes, com uma acuidade visual de 20/300 ou 20/600. Por
outras palavras, conseguem ver apenas até 6 metros.
O seu sistema visual está afinado o suficiente para percepcionarem objectos com facilidade, a 30 cm
de distância. Isto permite-‐lhes percepcionarem a cara da mãe, por exemplo. Este nível de acuidade
visual permite-‐lhes estabelecerem contacto visual, de forma a estabelecerem também relações
sociais, entre mãe e filho, por exemplo.
Por entre os 2 a 3 meses de idade, os recém nascidos poderão coordenar a sua visão com ambos os
olhos.
Por entre os 7 a 8 meses de idade, aquando podem gatinhar, a sua acuidade visual é quase a mesma
que a de um adulto.
Varrimento do Campo Visual
Apesar da sua miopia e dificuldade em focar, os recém nascidos varrem o seu ambiente, desde os
primeiros dias de sua vida.
Marshall Haith desenvolveu técnicas de registo que lhes permitia determinar com precisão, para
onde os infantes olhavam e também, para monitorizar os seus movimentos oculares em quartos com
luz ou sem luz.
Este descobriu que mesmo num quarto completamente escuro, os neonatos varrem o seu campo
visual. Sendo que os olhos não eram estimulados por luz alguma, então estes movimentos oculares
não estavam a ser estimulados pelo ambiente exterior. Por conseguinte, Haith concluiu que deveriam
ser movimentos oculares endógenos, tendo origem na actividade neuronal do sistema nervosa
central. Assim, os movimentos oculares endógenos, parecem ser uma base inicial e primitiva de
comportamento ocular.
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Os estudos de Haith também concluíram que os neonatos exibem uma forma inicial de
comportamento ocular exógeno, ou seja, comportamento ocular que é estimulado pelo ambiente
exterior. Assim sendo, os neonatos, aquando a luz de um quarto se encontra ligada, pausam a olhar
para um determinado objecto ou para alguma mudança de claridade no seu campo de visão. Esta
sensibilidade inicial a alterações de brilho ou claridade, que é normalmente associada com os vértices
ou ângulos de objectos, parece ser um componente importante da capacidade neonata em
percepcionar formas.
Percepção de Cores
Os neonatos parecem possuir todos, ou quase todos, os pré-‐requisitos de forma a percepcionarem
cor, de maneira rudimentar. Contudo, quando 2 cores são igualmente brilhantes, estes não
conseguem discernir entre elas. A partir dos 2 meses de idade, a sua capacidade em percepcionarem
diferentes core, aproxima-‐se da capacidade de um adulto.
Percepção de Padrões e Objectos
Até à década de 60, era comummente aceite que os neonatos apenas percepcionam uma forma
abstracta de luz.
Robert Fantz refutou esta ideia, demonstrando que os neonatos com menos de 2 dias de idade
conseguem discernir entre formas visuais. A técnica usada era bastante simples.
Os neonatos eram colocados de barriga para cima, numa câmara personalizada, onde depois eram
expostos a várias formas. Dado que os neonatos passavam mais tempo olhando para umas formas do
que para outras, presumivelmente, estes conseguiam distingui-‐las umas das outras. Assim, Fantz
concluiu que os neonatos preferiam olhar para figuras com padrões, como caras e círculos
concêntricos.
Os resultados das experiências de Fantz impulsionaram uma investigação de forma a determinar o
grau das capacidades neonatas em percepcionar objectos, e porque razão preferiam umas formas a
outras. Estas investigações têm vindo a confirmar que os infantes percepcionam o mundo de uma
forma mais organizada do que previamente se pensou, contudo, sendo ainda bastante longes das
capacidades adultas.
A partir dos 2 meses de idade, os infantes começam a demonstrar que percepcionam a
tridimensionalidade dos objectos, para além dos seus ângulos e vértices.
Um grande número de estudos demonstram que a visão dos infantes demonstram mais facilidade de
diferenciação visual, aquando se observa um grande contraste de cores, como um gato preto em uma
cadeira branca.
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Percepção de distância:
Comportamento defensivo à aproximação do objeto – 2a semana de vida (Tom Bower):
1) arregalar de olhos
2) retraimento da cabeça
3) interposição das mãos entre a face e o objeto.
Percepção do Rosto Humano Em alguns dos seus estudos iniciais, Fantz expôs os neonatos a um diagrama esquemático de um
rosto humano e a um diagrama um formas abstractas similares a rostos humanos, que continham
elementos faciais.
O estudo revelou que os neonatos ou infantes conseguiam distinguir um rosto normal a um rosto
abstracto. Embora a diferença tenha sido pequena, a possibilidade que os neonatos possuem uma
preferência inata para formas com relevância biológica, como um rosto humano, atraiu mais
investigadores à área.
Investigações mais recentes têm demonstrado que um factor crucial nesta preferência, é a presença
de mais elementos na parte superior da forma do que na parte inferior. Esta preferência corresponde
ao facto biológico de que existem mais elementos na parte superior do rosto do que na parte inferior,
e de que os neonatos são sensíveis a esta proporção desequilibrada.
Outra conclusão chave é a de que o movimento influencia drasticamente a percepção neonata de
rostos humanos. Estudos demonstram que os infantes, tal como os adultos, distinguem e
memorizam rostos dinâmicos, ao invés de rostos estáticos. Isto poderá explicar o facto de os
neonatos com apenas 2 a 7 horas de vida, reconhecem e demonstram preferência pelo rosto da mãe
em contraste pelo rosto de um estranho.
Em suma, o sistema visual em desenvolvimento é altamente sensível às experiências individuais do
bebé. Assim, aos 3 meses de idade, os infantes tendem a olhar mais para rostos com características
étnicas similares aos que estão mais familiarizados. Analogamente, durante o primeiro ano de vida, os
infantes encontram-‐se capazes de distinguirem entre caras da etnicidade que lhes é mais familiar.
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Audição
Dado que os fetos respondem a estímulos sonoros ainda no útero da mãe, seria bastante razoável
presumir que um neonato responde aos mesmos estímulos de forma instantânea. E assim o é.
Um neonato, aquando estimulado sonoramente, irá mover e direcionar a sua cabeça para a fonte do
estímulo ou barulho, indicando assim que percepciona som.
Desta forma, um neonato consegue distinguir o som de uma voz humana de outros tipos de som,
demonstrando também uma preferência pelo mesmo. Estes estão especificamente “sintonizados”
aos sons da linguagem.
Neonatos em qualquer parte do mundo demonstram um particular interesse em linguagem ou
discursos com tom agudo e lento e com pronunciação exagerada, o que é hoje denominado de baby
talk.
Um dos resultados mais entusiasmantes é a sua capacidade em distinguir diversos fonemas,
capacidade esta que diminui com o tempo, centrando-‐se depois na diferenciação de fonemas na
linguagem nativa.
Num estudo pioneiro, Peter Eimas demonstrou que neonatos com 2 meses de idade conseguem
distinguir por entre uma grande variedade de fonemas.
Neste estudo, os infantes teriam que chupar numa chucha que estaria ligada a um sistema de
gravação. Após estabelecerem um ritmo base de sucção para cada bebé, os investigadores
apresentaram o som /pa/ aos bebés cada vez que sugassem. Num primeiro momento o ritmo de
sucção dos bebés aumentou, contudo, após algum tempo os infantes voltavam ao ritmos base de
sucção.
Quando os infantes se tornassem muito habituados aos som /pa/, alguns foram expostos a outro
som, /ba/, similar mas diferente do som inicial. Outros foram expostos ao mesmo som, mas na
mesma categoria que o fonema /p/.
Assim, os bebés começaram a sugar mais rapidamente quando eram expostos a categorias de
fonemas diferentes, indicando uma sensibilidade especial a fonemas diferentes.
A capacidade neonata de distinguir diversos fonemas só começa a especilizar-‐se na sua língua
materna a partis dos 6 a 8 meses de idade, por volta também da mesma altura em que começam a
produzir formas inicias de fala.
Dado o padrão de crescimento cerebral nos infantes durante esta altura, alguns investigadores na
área especulam que esta especialização na língua materna demonstra o impacto dos factores sociais
em estruturas biológicas inatas.
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Paladar
Os neonatos possuem uma capacidade inata em distinguirem diferentes sabores e odores, mostrando
uma grande preferência por sabores doces, tal como a sua fonte de alimentação, o leite materno.
Estudos demonstram que um sabor doce tem um efeito calmante em bebés aquando estão a chorar,
diminuindo indicações de dor, tanto fisiológica como comportamental.
Para além da sua capacidade em distinguir doce de não doce, até que ponto é que os neonatos
conseguem distinguir outros sabores?
Diana Rosenestein e Harriet Oster concluíram que bebés com apenas 2 horas de idade produzem
diferentes expressões faciais como resposta a sabores doces, amargos e salgados.
As expressões faciais características que produzem como resposta a sabores específicos assimilam-‐se
bastante aos produzidos em adultos, indicando assim que estas expressões são inatas e que poderão
ter importantes implicações biológicas.
Oster, sugere que quando o rosto se franze em resposta a um sabor azedo, este está a estimular a
boca de forma a produzir saliva, diluindo assim o elemento amargo.
Em contraste, como resposta a sabores amargos, a boca irá abrir e fechar-‐se, de forma a poder
ejectar a comida, sendo assim uma resposta adaptativa a substâncias que não são comestíveis e
potencialmente perigosas ou fatais.
As respostas dos neonatos em seu paladar envolvem também factores culturais. Como exemplo, é
sabido há muito tempo que os sabores presentes na dieta materna, aquando a gravidez, são
transmitidos ao feto através do liquido amniótico. De forma análoga, sabores da dieta materna são
transmitidos através do leite materno.
Um estudo cuidadosamente controlado, sugere que estas formas de exposição Indirectas aos sabores
comuns na dieta materna, afectam as preferências de paladar de um neonato.
Neste estudo de Menella, Jagnow e Beauchamp, mulheres grávidas planeando amamentar os seus
infantes, foram aleatoriamente colocadas a grupos experimentais e de controlo. Aquelas no grupo
experimental, beberam uma quantidade específica de sumo de cenoura várias vezes por semana,
aquando o seu último trimestre de gravidez, em contraste com as mulheres do grupo de controlo que
beberam água.
As preferências de paladar dos infantes foram testadas vária semanas após começarem a comer
cereais, mas antes de terem qualquer tipo de exposição directa a cenouras.
Comparados com os infantes do grupo de controlo, os infantes do grupo experimental exibiram
menos expressões faciais negativas aquando foram alimentados com cereais com sabor a cenoura, e
tenderam também a comerem mais cereais destes. Os bebés no grupo de controlo não
demonstraram preferências.
Esta investigação sugere que a dieta pré natal materna prepara as crianças para os elementos
nutricionais existentes no ambiente em que se desenvolveram.
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Olfacto
Os neonatos têm a capacidade de distinguirem entre vários odores. Passados alguns minutos de vida,
os neonatos irão mover a sua cabeça para onde se encontra o odor do leite materno, direccionando-‐
se assim para o mamilo da mãe. Assim, são capazes de distinguir o cheiro do leite das suas mães do
de outras mães; preferem odor leite materno – 8 – 10 dias
Um teste para determinar o grau das capacidades olfactivas neonatas, é realizado com um cotonete
com um cheiro específico debaixo do nariz do bebé. Os bebé com um sentido de olfacto funcional
irão reagir facialmente ao odor, caso seja um odor desagradável como o cheiro de alho, o bebé irá
franzir o nariz, possibilitando a saída do agente estranho, caso seja agradável, o bebé poderá sorrir.
Tacto/ Temperatura /P. Vestibular
• São sensíveis ao toque e demonstram-‐no virando-‐ se para o local onde foram tocados.
• Tornam-‐se mais ativos se a temperatura baixa.
• Respondem com movimentos oculares a mudanças bruscas na sua posição.
Percepção Intermodal
Uma das áreas mais intrigantes nas capacidades perceptuais neonatas, foca-‐se na percepção
intermodal, i.e. a habilidade neonata em processar 2 estímulos sensoriais diferentes
simultaneamente.
Estudos recentes sugerem que os infantes poderão nascer preparados para percepcionarem dados
estímulos como correlacionados (capacidade de condicionamento).
Um demonstração inicial de percepção intermodal foi providenciada por um estudo, onde foi dado a
um grupo de infantes com 29 dias de idade, uma forma de borracha para sentirem na boca (chucha).
Após terem explorado a forma por 90 segundos, a forma foi cobrida para os infantes não a verem.
Quando foram mostrados aos infantes um par de formas, eles olharam mais tempo para aquela que
tinham posto na boca. Sugerindo assim, que estabeleceram uma conexão intermodal entre o que
sentiram com o que viam.
Outros estudos têm investigado como a percepção intermodal poderá ser um veículo de
aprendizagem nas primeiras horas de vida. Dado que o bebé consegue reconhecer a cara da mãe em
contraste com a um de um estranho, seria razoável investigar se será apenas a cara a que o bebé
responde, mas como também a voz da mãe.
Assim, investigadores compararam preferências pela cara da mãe em grupos de bebés com 2 a 12
horas de vida após o nascimento.
Em um grupo, os infantes não ouviram a voz da mãe. Enquanto que as mães no segundo grupo
interagiram normalmente com o bebé.
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Um teste estandardizado de preferência, aonde o neonato é exposto tanto à cara da mãe como a de
um estranho, foi utilizado para determinar se os neonatos reconheceriam a cara das mães (Tanto a
mãe como o estranho teriam apenas a sua cabeça exposta, enquanto que o resto do corpo se
encontrava tapado por um lençol). Foi revelado assim, que os bebés que foram impedidos de ouvirem
a voz da mãe não conseguiram reconhecer a cara da mãe, sugerindo assim que a percepção
intermodal do rosto materno e da voz materna é essencial à aprendizagem inicial dos neonatos.
Em suma, existem bastantes evidências para assumirmos que os neonatos nascem com boas
capacidades sensoriais e muito mais organizadas que previamente se pensou.
Capacidades Precoces Sensoriais
Sentido Capacidade
Visão ⇒ Ligeiramente desfocada;
⇒ Visão a cores a partir dos 2 meses de
idade;
⇒ Capacidade de distinção entre estímulos
padronizados ou sólidos;
⇒ Preferência por estímulos semelhantes a
rostos;
Audição ⇒ Capacidade de distinção de fonemas;
⇒ Preferência pela língua nativa ou
materna;
Olfacto ⇒ Capacidade neonata de distinção de
odores;
Paladar ⇒ Capacidade neonata d distinção de
sabores
Tacto ⇒ Responde a estímulos tactuais desde o
nascimento;
Temperatura ⇒ Sensível às mudanças de temperatura;
Posição ⇒ Sensível às mudanças de posição;
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Capacidade de Aprendizagem
Glossário
Aprender: Uma mudança comportamental, relativamente permanente, despoletada ela realização de
associações entre comportamento e eventos ambientais;
Condicionamento Clássico: processo de aprendizagem, onde comportamentos já existentes são
estimulados por novos estímulos;
Estímulo Condicionado (E.C): Um estímulo que suscita um comportamento, sendo este dependente
da maneira como é associado ao estímulo;
Estímulo Incondicionado (E.I): O estímulo, como a comida na boca, que irá causar uma resposta
incondicionada, como a salivação;
Resposta Incondicionada (R.I): A resposta, como a salivação, que foi suscitada pelo estímulo
incondicionado, como a comida na boca;
Resposta Condicionada (R.C): Uma resposta suscitada pelo emparelhamento entre o estímulo
condicionado (E.C) e o estimulo incondicionado (E.I);
Condicionamento Operante: Aprendizagem ou mudanças comportamentais são modeladas pelas
consequências do comportamento, dando lugar a comportamentos desejados.
Condicionamento Clássico
Tipo de aprendizagem onde, comportamentos previamente existentes tornam-‐se associados com e
suscitados por novos estímulos. A existência deste tipo básico de aprendizagem foi demonstrado por
Ivan Pavlov.
Pavlov conseguiu demonstrar que após várias experiências em ouvir um tom antes de comer comida,
um cão iria começar a salivar como resposta ao tom.
Um grande número de investigadores, utilizou as experiências de Pavlov no âmbito do estudo de
desenvolvimento humano, de forma a demonstrar um possível modelo de aprendizagem para
infantes.
Um dos colegas de Pavlov demonstrou respostas de alimentação condicionadas num infante de 14
meses de idade, baseado nos princípios do condicionamento clássico. Assim, o neonato iria abrir a
sua boca e faria movimentos de sucção (R.C) aquando via um copo de leite (E.C). Um sino foi tocado
múltiplas vezes (novo E.C) momentos antes do aparecimento do copo de leite. Consequentemente, o
neonato começou a abrir a sua boca e fazer movimentos de sucção, aquando o sino tocava. Esta
experiência foi demonstrativa da capacidade do condicionamento clássico, onde irão construir
expectativas no infante, através de um processo de associação.
O ponto crucial nestas observações é o de que não existe qualquer tipo de ligação biológica entre o
som do sino e o acto de abrir a boca ou dos movimentos de sucção. Em contraste, novos estímulos
suscitaram respostas demonstrativas da ocorrência de aprendizagem.
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Condicionamento Operante
O condicionamento clássico explica como os infantes começam a criar as suas expectativas, por
associação, entre eventos no seu ambiente, contudo, não explica o aparecimento dos mais simples
comportamentos.
O princípio básico do condicionamento operante é o de que os comportamentos são modelados pelas
consequências dos mesmos, ou seja, que os organismos têm tendência a repetir certos
comportamentos que tenha consequências gratificantes, ao invés de comportamentos que tenham
consequências desagradáveis. Uma consequência, como uma recompensa, que irá aumentar a
probabilidade de ocorrência de dado comportamento, denomina-‐se de reforço.
Rovee-‐Collier demonstrou como os infantes irão repetir comportamentos, de forma a produzir
efeitos visuais interessantes.
Os investigadores ataram a ponta de uma fita ao tornozelo de um bebé, e a outra ponta a um móbile
pendurado por cima do berço. Após alguns minutos, o bebé aprendeu que ao mexer o tornozelo, iria
causar efeitos visuais interessantes no móbile. Assim, os efeitos visuais interessantes actuaram como
um reforço positivo.
Existem ainda mais evidências que suportam a premissa que a aprendizagem é um colaborador
importante no desenvolvimento de organização comportamental. Estas evidências provêm de
estudos demonstrativos que infantes são capazes de se lembrarem o que aprenderam, de sessão para
sessão, capacidade esta que melhora exponencialmente nos primeiros meses de vida.
Imitação
Entre os 18 a 24 meses de idade, os bebés começam a basear as suas acções em simbolismos
mentais, isto é representações de experiência. A capacidade neonata em representar pessoas,
objectos, eventos e experiências mentalmente tem sido o foco de vários investigadores, dado que
esta capacidade tem implicações enormes em outras áreas de desenvolvimento.
Uma vez que os bebés se tornam capazes de representação, estes iniciam brincadeiras simbólicas (i.e.
faz de conta), onde utilizam um objecto de forma a representar mentalmente outro.
A representação dá lugar também a imitação deferida, ou seja, a imitação de acções aprendidas no
passado, sendo que esta capacidade tem tremendas vantagens na socialização e aprendizagem geral.
18
Temperamento
É sabido que os infantes nascem com diferenças individuais a como reagem ao ambiente exterior.
Estas diferenças individuais são associadas a variações de temperamento, ou seja, as características
emocionais ou comportamentais de um indivíduo, que parecem ser constantes numa panóplia de
situações, ao longo do tempo.
Thomas e Chess desenvolveram um estudo, com 141 neonatos caucasianos, abrangendo depois mais
95 neonatos de etnia latina, bem como, neonatos que sofrem doenças, incapacidades neurológicas
retardação mental. Chess e Thomas começaram o seu estudo, conduzindo entrevistas clínicas com os
pais das crianças, pouco depois do seu nascimento. Questionaram os pais acerca de assuntos, como
as reacções das crianças a tomar banho, a fraldas molhadas e a comer comida sólida pela primeira
vez. À medida que as crianças cresciam, estas entrevistas eram complementadas com entrevistas a
professores, e também, por testarem as crianças por si mesmos.
Thomas & Chess (1968, 1977) desenvolveram estudos pioneiros nesta área e definiram 9 dimensões
ao nível do temperamento do RN, nomeadamente:
• Nível de Actividade: tempo passado em acção e inactivo.
• Regularidade: regularidade e previsibilidade das funções biológicas básicas. Perante
determinada situação espera-‐se que o bebé reaja de uma certa forma. Esta previsibilidade
do comportamento é confortável para os pais. Esta é uma questão muito importante. Se o
bebé for irregular tudo o que acontecer de forma imprevisível irá provocar-‐lhe ainda mais
irregularidade.
• Aproximação/ Afastamento: natureza da resposta inicial do bebé a algo novo. Se a mãe se
afasta e o bebé chora sem ninguém, excepto a mãe, ser capaz de o acalmar, a relação mãe-‐
bebé torna-‐se sufocante para a mãe.
• Adaptabilidade: facilidade com que o bebé muda a sua resposta a uma dada situação, ou se
adapta a outras pessoas. Esta questão pode, por vezes, deixar os pais inseguros.
• Limiar de capacidade: nível de intensidade necessário para desencadear uma resposta.
Refere-‐se também às capacidades espetaculares que os pais reconhecem nos seus bebés, ou
pelo contrário, pela falta delas, quando os pais consideram que o seu filho está sempre
atrasado em relação aos outros.
• Intensidade de Reacção: nível de energia de uma resposta. Por exemplo, quando o bebé tem
fome, se reage de forma muito negativa e intensa, pode ajudar a desequilibrar/destabilizar
os pais. Cada vez que o bebé se desorganiza com tal intensidade, precisa que o voltem a
organizar, o que vai acabando por provocar um desgaste em quem o organiza.
• Qualidade de Disposição: quantidade de comportamentos amigáveis e não amigáveis. Por
exemplo, um bebé mais simpático dá maior prazer de interagir.
19
• Susceptibilidade: até que ponto um novo estímulo atrasa ou atrapalha um comportamento
anteriormente iniciado. Um bebé muito susceptível (que muito facilmente chora quando
estamos a brincar com ele) vai prejudicar a relação uma vez que não promove a interacção.
• Espectro de Atenção/ Persistência: até que ponto o bebé inicia uma actividade e a mantém.
Se o seu espectro de atenção for muito curto não dá muito prazer interagir com esse bebé.
Após a avaliação dos resultados, concluíram que a maior parte das crianças poderiam ser organizadas
em 3 categorias de temperamento:
• Temperamento Fácil, bebés que são brincalhões, regulares nas suas funções biológicas e que
se adaptam com facilidade a novas circunstâncias;
• Temperamento Difícil, bebés que são irregulares nas suas funções biológicas, irritáveis e
costumam responder com intensidade e negatividade a novas situações, tendo tendência de
afastamento destas;
• Adaptação Lenta, bebés que têm um nível de actividade baixa, onde as suas respostas são
suaves e moderadas. Tendem a ter uma atitude de evitamento, contudo de forma calma, e
requerem mais tempo de forma a adaptarem-‐se a novas situações.
Existe um consenso geral de que factores genéticos providenciam a base para diferenças
temperamentais. Stephen Suomi, descobriu um alelo que torna os macacos mais tendenciosos a
comportamentos agressivos.
Uma base genética para traços temperamentais, implica que devemos esperar vieses relativamente
estáveis na forma como um indivíduo reage, e consequentemente, seria possível de prever as
características temperamentais como irritabilidade, etc.
Embora existam bastantes evidências de que o temperamento é estável ao longo do tempo, e que
estes se tornaram problemáticos em fases mais tardias de desenvolvimento, é necessário enfatizar
que a maior parte dos estudos observa correlações modestas de temperamento em diferentes
idades, indicando que o temperamento é um traço complexo que poderá ser influenciado por vários
factores.
20
Repertório mãe-‐bebé
Interacção Mãe – Bebé
Este diálogo entre os educadores é como se fosse uma dança, todos os olhares, sons, movimentos,
etc. estão bem coordenados e, são importantes. Nem sempre é assim, surgem dificuldades por
diversas razões: temperamento, personalidade da mãe, etc.
Papel adaptativo da interacção
� Os bebés humanos são dependentes dos cuidados das figuras parentais para sobreviver.
� Estabelecimento de uma relação próxima é crucial. Não só pela questão da dependência
física, como também pela afectiva, que se sobrepõe à sobrevivência física.
� Não é inevitável, nem automática (“instintiva”), se fosse era generalizável a toda a espécie
humana e, não é. Nem todas as mães são capazes de responder adequadamente, a todas as
solicitações do bebé. Há um repertório da mãe que deve ser desenvolvido ao mesmo tempo
que o do bebé. A mãe também aprende com o bebé. A vinculação da mãe ao bebé não é
imediata, é algo que dá trabalho.
� Stern (1977) : micro-‐análises do comportamento do bebé em interacção social
demonstraram o papel activo que o bebé tem no decorrer destas. O bebé vai tendo um
papel cada vez mais activo.
� Até aos 2 meses: regulação dos ciclos biológicos (sono e alimentação). Até esta idade os
ciclos do bebé ainda não se encontram socialmente regulados. Não têm fome às horas das
refeições, nem dormem só à noite. – 1ª fase do repertório mãe-‐bebé (tanto um como outro
vão-‐se organizar em torno do sono e da alimentação).
� Depois dos 2 meses: regulação mútua de expressões, gestos e respostas (Trevarthen, 1977,
1998) em situação de interacção social – início da intersubjectividade. Os bebés focam-‐se
mais no olhar do que na totalidade da face humana. No que diz respeito à interacção social,
o olhar é fundamental para a tal dança que Stern fala.
Aparência física das crias
Adultos, especialmente mulheres, tendem a preferir rostos de crianças/crias humanas e animais
(Fullard and Reiling, 1976). Estas despertam mais facilmente afecto em nós. Esta é já uma
característica do repertório da mãe.
Regulação dos ciclos biológicos
Os progenitores tentam modificar os ciclos biológicos dos recém-‐nascidos de forma a que eles se
adeqúem aos ritmos da família.
21
Estados de consciência
Estevez et al. (2002): a cada estado de vigília corresponde um padrão de actividade cerebral. Existem
6 estados de consciência, se não considerarmos estes estados quando interagimos com o bebé,
vamos comprometer a interação.
1. Sono activo
� REM (rapid-‐eye-‐movement) – sono mais agitado: respiração instável. Pode haver
movimento.
2. Sono passivo
� NREM (non-‐rapid-‐eye-‐movement) – respiração regular. Sem movimentos.
§ Até aos 2 / 3 meses: os bebés começam a dormir com o sono REM e
passam gradualmente para NREM
§ Depois dos 3 meses: verifica-‐se a sequência inversa, tal como no adulto.
3. Estado de sonolência ou intermédio
� Não está a dormir nem acordado. Está tranquilo, sem actividade motora mas,
qualquer estímulo facilmente o acorda. Não é a altura ideal para interagir com o
bebé.
4. Estado acordado ou estado de alerta
� Está tranquilo, respiração estável, etc. É uma boa altura para interagir com o bebé,
ele responde facilmente a estímulos.
5. Estado de alerta irritado
� Respiração irregular. Pede ajuda para se organizar. Muitas vezes, é confrontado
com um excesso de estimulação então, desorganiza-‐se. Precisa de ser acalmado e
organizado e facilmente adormece. Se não for acalmado passa para o choro.
6. Choro
Duração e Padrão do Sono
A quantidade de sono é muito importante, mesmo nos adultos.
� Recém-‐nascidos: dormem em períodos que podem durar apenas alguns minutos ou algumas
horas. Com o tempo vão prolongando o sono e a adaptando-‐o ao ritmo da família.
� Podem, assim, estar acordados em qualquer momento do dia ou da noite.
� Ao longo dos primeiros meses, os períodos de sono vão sendo mais duradouros e coincidem
cada vez mais com o período nocturno.
22
Alimentação
� “A pedido”
§ Recém-‐nascidos: cada 3 horas
§ 2 meses e meio: cada 4 horas
§ 7 / 8 meses: 4 vezes por dia
� Não se verificaram diferenças no crescimento das crianças alimentadas a pedido ou de acordo
com um horário pré-‐estabelecido (Saxon et al., 2002)
� No entanto, os bebés alimentados de acordo com um horário choravam mais (é discutível).
Depois dos 2 meses: início da reciprocidade
� Os bebés estão acordados e alerta por períodos de tempo cada vez maiores.
� Começam a ser capazes de controlar a atenção e o olhar, de se orientar ou de evitar a fonte
de estímulos. São capazes de regular a interacção.
§ Os pais aproveitam estas competências dos bebés para construírem cadeias de
interacção mais longas e mais complexas.
� Os pais chamam a atenção dos bebés, envolvem-‐nos na interacção, alteram a estimulação
em coordenação com os sinais dados pelos bebés – estão em sintonia (Stern, 1985). É
importante os pais perceberem os bebés e darem-‐lhe a entender que o percebem, para que
ele se sinta compreendido. Ex.: situação de amamentação – durante esta situação criam-‐se
laços e, também se regulam os ciclos. Exemplo: a mãe está mais disponível durante o dia e,
dá claros sinais ao bebé da sua disponibilidade logo, o bebé vai-‐se organizar para que o seu
estado de alerta seja durante o dia.
§ O bebé é iniciado no padrão de tomada de vez da comunicação humana. Tem
choros diferentes para se fazer entender. Com o tempo, começa a fazer-‐se entender
de outras formas.
23
Repertório do bebé
Conjunto de meios que o bebé utiliza para entrar em comunicação com os outros.
� Olhar
§ 6ª semana: é capaz de fixar os olhos da mãe e manter essa fixação. Começa a controlar o
movimento ocular.
§ 3 meses: maturação visuo-‐motora; as relações deixam de ser simbióticas, o bebé e a mãe
não são um só sujeito. É a partir daqui que ele começa a protestar quando a mãe se
ausenta. Os olhares regulam a interacção e permitem adquirir uma noção de
individualidade.
§ 5/6 meses: coordenação óculo-‐manual. O que permite explorar os objectos diferentes
formas.
§ O olhar pode ser subdividido entre a visão e capacidade de controlar os movimentos dos
olhos e da cabeça de forma a seguir um alvo visual. Quando consegue controlar o
movimento ocular e da cabeça começa a ser capaz de controlar a interacção (se não lhe
interessa desvia o olhar ou a cabeça, não tem que prestar atenção a estímulos que não
lhe interessam).
§ A visão pode ser “ligada” ou “desligada”
� Movimentos da cabeça
§ São geralmente coordenados com as mudanças do olhar
o Posição central
o Posição periférica
o Baixar da cabeça
§ Sinalização: pelo choro a criança preludia a palavra.
§ Organização endógena
§ Inicialmente reflexo, torna-‐se num acto voluntário ao longo dos primeiros meses de vida.
� Vocalizações
§ Choro
o Primeira forma que o bebé tem de interagir e comunicar com o outro é através
do choro. Existem diferentes choros, que sinalizam diferentes necessidades.
o Padrões de choro:
ü Básico (aborrecido/sono): início arrítmico, rítmico e cada vez mais forte
ü Colérico: choro – pausa, inspiração, pausas mais curtas, inspiração;
quando está incomodado.
ü Dor: brusco, início forte, pausa, brusco, forte.
o Os adultos são capazes de distinguir os diferentes choros (Zeskind et al., 1992).
� Expressões faciais
24
§ Sorriso
o Também sofre uma evolução, tal como o choro, começa por não ser intencional,
ser apenas reflexo. Com o tempo, o bebé vai-‐se organizando e, tornando o
sorriso voluntário e desencadeado por estimulações externas.
o 2 semanas: endógeno ou reflexo
ü Surge quando os bebés estão a dormir (REM)
ü Pela segunda semana podem observar-‐se com o bebé acordado, mas não
se correlacionam com nenhum acontecimento em particular.
o 6 semanas / 3 meses: exógeno
ü Solicitado por acontecimentos exteriores, como visões e sons, mas
sobretudo o rosto humano, o olhar humano, o tom de voz agudo e
cócegas.
o Depois dos 3 meses: instrumental
ü Para que o sorriso instrumental surja, é necessária a interacção.
ü Já funciona como um comportamento social em que o bebé usa esse
sorriso como uma forma de se aproximar de alguém. O bebé pode
reproduzir o sorriso para obter de alguém uma reacção, tal como um
outro sorriso da mãe ou uma palavra dela.
• Maior qualidade emocional na relação dos pais com os bebés
Repertório da mãe
� Formas de interacção que se ajustam às capacidades precoces do bebé. Há um repertório
característico dos adultos (não apenas das mães).
� O comportamento materno constitui o primeiro conhecimento que o bebé tem acerca de tudo o
que é humano.
� As mães agem com os bebés de uma forma diferente da que agem com os outros adultos e
crianças mais velhas.
§ Expressões faciais
ü Exageradas no espaço e no tempo.
ü Surpresa fingida; Careta; Sorriso; Expressão de preocupação e de simpatia;
Neutra.
ü Têm que ser mais lentas para dar tempo ao bebé de a decifrar
ü Neste período de desenvolvimento é necessário um número limitado de
expressões para regular o fluir normal da interacção.
§ Vocalizações
ü Responsável pelo desenvolvimento da linguagem. Estimulação muito
importante. Permitem ao bebé assimilar todas as características da língua
materna.
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ü “baby-‐talk” -‐ Diálogo imaginário em que a mãe reage como se o bebé
respondesse sempre
§ Entoação elevada (falsete)
§ Tonalidade elevada (todos os tipos de sons)
§ Intensidade exagerada (desde murmúrios até sons altos)
§ Ênfase pronunciada nas palavras ou nas sílabas
§ Velocidade alterada
§ Pausas mais prolongadas
§ Olhar
ü Na nossa cultura o olhar mútuo raramente dura mais do que 10 segundos.
ü Na interacção mãe-‐bebé: 30 segundos ou mais.
ü As mães olham e vocalizam em simultâneo, ao contrário do que se passa
nas interacções entre os adultos.
ü Passam mais de 70% do tempo com o olhar fixo.
§ Apresentações faciais e movimentos da cabeça
ü “Cu-‐cu”: série de aparecimentos e desaparecimentos do rosto. Ajuda na
construção da permanência do objecto, promove o desenvolvimento
cognitivo.
ü Acenar da cabeça; sacudir da cabeça; desviar da cabeça em proporções
exageradas.
§ Espaço interpessoal
ü Na nossa cultura, cerca de 60 centímetros.
ü As mães não respeitam estas convenções espaciais quando interagem com
os seus bebés.
§ Interacção social
ü A tarefa desenvolvimental do bebé consiste em construir com o adulto
competências de comunicação a partir das rotinas interactivas. Amamentar
e ir deitar são momentos fundamentais para que o bebé se organize,
comece a conhecer e compreender o meio.
ü Desenvolvimento da comunicação: momento sensível do ponto de vista
emocional e cognitivo.
26
Desenvolvimento Psicomotor
Entre os 3 a 24 meses de idade, dá-‐se um dos mais dramáticos desenvolvimentos no humano. Emerge
assim, a capacidade infantil de explorar o ambiente exterior, através de movimentos preenseis
(agarrar) e através de se locomover pelo espaço, explorando-‐o. Estas capaciadades motoras têm
drásticas consequências no seu desenvolvimento cognitivo, social e emocional. Á medida que as suas
capacidades motoras se desenvolvem, os bebés adquirem informação valiosa sobre as características
do ambiente exterior e de como este é estruturados.
De forma importante, os avanços nas capacidades motoras providenciam os bebés com novas
oportunidades de seguir (literalmente) as pessoas e de comunicar com estas, recebendo depois
feedback sobre os interessantes objectos que encontram.
è Caracterização dos movimentos:
Ü Movimentos Incontrolados e Não Coordenados
Ü Movimentos Voluntários e Coordenados (Por volta dos 2 anos)
Leis do Desenvolvimento Psicomotor
è Lei Céfalo-‐caudal
Ü O desenvolvimento processa-‐se na direcção cabeça-‐pés (as partes superiores do
corpo desenvolvem-‐se primeiro).
è Lei Próximo-‐distal
Ü O desenvolvimento processa-‐se na direcção de dentro para fora (as partes mais
próximas do eixo corporal desenvolvem-‐se antes das extremidades).
Distinguem-‐se assim 2 tipos de capacidades motoras:
• Capacidade Motora Fina, que involve o desenvolvimento e coordenação de pequenos
músculos, como dedos ou olhos;
• Capacidade Motora Grossa, que involve músculos grandes, tornando a locomoção possível.
27
Capacidades Motoras Finas
Alcançar e Agarrar
Por volta dos 3 meses de idade, os bebés obtêm controlo voluntário dos seus movimentos, dando
lugar a movimentos para tentar alcançar ou agarrar alguma coisa. Com prática, a sua coordenação
das capacidades motoras finas, melhora gradualmente.
Por volta dos 5 meses de idade, os infantes olham para o
objecto, avaliando-‐o mas sem o tentarem alcançar. Por
volta dos 9 meses de idade, a maior parte dos neonatos
consegue coordenar os seus movimentos de alcance e de
agarrar (preênsil) com apenas um olhar, e executam-‐no
de maneira bem integrada e automática.
Entre o periodo dos 7 a 12 meses de idade, os
movimentos motores finos tornam-‐se mais bem
coordenados. Um neonato de 7 meses de iade ainda se
encontra incapaz de utilizar os seus polegares em
oposição aos restantes dedos, de forma a agarrar
objectos. Contudo, aos 12 meses de idade os neonatos
são capazes de moverem os seus polegares e outros
dedos, em posições apropriadas ao tamanho do objecto
que tentam agarrar.
Á medida que os bebés possuem controlo das suas mãos,
diferentes objectos convidam diferentes tipos de
exploração-‐ bater, agitar, apertar e atirar. Todas estas acções providenciam o bebé com
conhecimento sobre as características do mundo exterior.
Figura 1 -‐ Neonatos encontram formas de agarrarem objectos, desde cedo. Mas boa coordenação do polegar e dedo indicador, requer pelo menos um ano
28
Destreza Manual
Infantes de 10 a 23 meses de idade tentam agarrar uma colher, contudo com dificuldade. Aos 10 a 12
meses de idade, os neonatos conseguem realizar apenas movimentos simples com a colher, como
batê-‐la na mesa. Crianças ligeiramente mais velhas conseguem coordenar a acção de imergir a colher
na sopa, para depois a levar à boca, contudo, na maior parte das vezes, deixam cair o seu conteúdo a
meio caminho. Uma vez dominada esta capacidade, a sequência de acções é ajustada até se tornar
automática.
A coordenação de capacidades motoras finas aumenta significativamente durante o 2º ano de vida.
Com 2 anos de idade, os infantes podem também virar as páginas de um livro, construir uma torre de
blocos alta, pegar um copo de leite ou vestirem-‐se sozinhos.
Cada um destes feitos poderão parecer pequenos em valor, contudo, são estas mesmas capacidades
que nos possibilitaram a utilização de ferramentas.
Figura 2 -‐ Capacidade Motora Fina: O desenvolvimento e coordenação de pequenos músculos, que controlam os dedos e mãos, são associados com uma variedade de capacidades importantes, seguindo um ritmo relativamente previsível
29
Capacidades Motoras Grossas
O progresso da locomução é uma
mudança central que ocorre no fim do
1º ano de vida. O desenvolvimento das
capacidades motoras grossas permite
ao infante explorar o mundo, e
depender menos dos seus pais ou
tutores.
Rastejar e Gatinhar
Durante o 1º mês de vida, aquando os seus movimentos parecem ser primeiramente controlados por
áreas subcorticais do cérebro, os infantes poderão ocasionalmente rastejas curtas distâncias,
impulsionados pelos seus joelhos e dedos dos pés. Por volta dos 2 meses de vida, este
impulsionamento reflexivo desaparece, e só após 5 a 6 meses é que o infante poderá gatinhar.
Por volta dos 8 a 9 meses de idade, a maior parte dos infantes consegue gatinhar em superficies lisas,
com alguma habilidade. Tendo um papel adaptativo ao meio, gatinhar previne que o bebé se magoe
ao explorar, sendo que a gatinhar o bebé tem mais facilidade em não cair e magoar-‐se.
Andar
No seu 1º ano de vida, muitos infantes tornam-‐se capazes de se levantarem e andarem, o que lhes
permite explorar com as duas mãos livres. Não existe nenhum factor crucial para andar, mas sim, um
conjunto de factores que tornam andar possível, como postura, alternação de pernas, força muscular,
peso e sentido de equilíbrio, sendo que estes terão que ser praticados de forma a tornarem o acto de
andar automático e bem integrado.
30
Gesell
Psicólogo Americano que se especializou na área do desenvolvimento infantil. Os seus primeiros
trabalhos visaram o estudo do atraso mental nas crianças, mas cedo percebeu que é necessária a
compreensão do desenvolvimento normal para se compreender um desenvolvimento anormal.
·∙ Foi pioneiro na sua metodologia de observação e medição do comportamento e, portanto, foi dos
primeiros a implementar o estudo quantitativo do desenvolvimento humano, do nascimento até à
adolescência.
·∙ Realizou uma descrição detalhada e total do desenvolvimento da criança; realça, com base em
pesquisas rigorosas e sistemáticas, o papel do processo de maturação no desenvolvimento.
·∙ Gesell e colaboradores caracterizaram o desenvolvimento segundo quatro dimensões da conduta:
motora, verbal, adaptativa e social. Nesta perspectiva cabe um papel decisivo às maturações nervosa,
muscular e hormonal no processo de desenvolvimento.
·∙ Desenvolveu, a partir dos seus resultados, escalas para avaliação do desenvolvimento e
inteligência.
·∙ Inaugurou o uso da fotografia e da observação através de espelhos de um só sentido como
ferramentas de investigação
31
Da contribuição de Gesell e outros importantes pesquisadores do desenvolvimento infantil, seis
princípios gerais foram estabelecidos.
1. Princípio da Integração dos Reflexos e Emergência das Reações Posturais
O recém-‐nascido traz consigo uma variedade de reflexos primitivos que são considerados
mecanismos de sobrevivência. A sua presença em determinadas idades indica se o SNC está intacto
ou não. Estes reflexos que têm características estereotipadas, eliciados sob a presença de um
estímulo específico sob certa intensidade constante, têm duração limitada. O primeiro semestre em
geral é marcado pelo desaparecimento ou, mais apropriadamente falando, pela integração destes
reflexos. Em contrapartida, reações posturais tornam-‐se mais evidenciadas com o repertório
comportamental mais complexo. Não há uma clara separação temporal entre o fenômeno da
integração destes reflexos e o aparecimento das reações posturais. As reações posturais são
consideradas reações de equilíbrio. Sua função principal é responder automaticamente ao efeito das
forças gravitacionais durante mudanças súbitas na orientação do corpo no espaço. Antes do ganho da
posição bípede estas reações são observadas na posições decúbito e depois sentada.
2. Princípio da uniformidade na sequência e progressão ordenada
Este princípio determina que a emergência dos componentes de comportamentos tem uma
seqüência uniforme. Por exemplo, a alternância entre os movimentos oscilatórios dos braços durante
a marcha aparece depois de um período onde os braços foram mantidos abduzidos e elevados à
lateral do corpo. A progressão ordenada refere-‐ se à sequência em que um comportamento surge
após o outro, sem inversão. Por exemplo, antes de uma criança ficar em pé sozinha, tipicamente ela
deverá ter a capacidade de sentar e rolar independentemente.
3. Princípio da atividade geral-‐para-‐específica ou diferenciação
Movimentos de pegar objetos podem parecer grosseiros no início das manipulações. Com a prática, a
acurácia e a rapidez tomam lugar dando ao gesto uma aparência fluída e diferenciada com as
propriedades específicas dos objetos ou ambiente.
4. Princípio da direção céfalo-‐caudal
O controle motor segue uma progressão de desenvolvimento que vai das movimentações da cabeça
(postural e exploratórias), seguindo de um controle da cintura escapular, abdominal, pélvica e
membros inferiores. Desde o início dos ganhos posturais até o início da mobilidade independente,
decorre um ano. Esta evolução é o resultado do aperfeiçoamento de suas ações mais ou menos na
direção céfalo-‐caudal.
32
5. Princípio da coordenação próximo-‐distal
Gesell observa que o aperfeiçoamento coordenativo e postural que iniciam-‐se no eixo do corpo é pré-‐
requisito para a coordenação distal fina, particularmente aquela observada nos membros superiores
durante a coordenação olho-‐mão.
6. Princípio da coordenação motora bilateral para cross-‐lateral
É um princípio de que os movimentos iniciais ocorrem de forma bilateral, como por exemplo, a
elevação e abdução dos braços nas primeiras semanas de experiência com a locomoção
independente para depois dar lugar à alternância dos mesmos.
Provas de Gesell
É um teste de desenvolvimento infantil. ''As tabelas de Gesell consistem numa série de 27
observações e reações, registradas por nível etário, a diversas situações padroni-‐zadas do nascimento
até os cinco anos de idade. Em cada nível etário; um ínventário de ativi-‐dades é dividido em quatro
categorias de com-‐portamento: (1) Motor; (2) Adaptativo; (3) Linguagem; (4) Pessoal-‐Social. Cada
uma des-‐sas categorias de comportamento é avaliada observando-‐se a criança num certo número de
situações padronizadas.".
Os trabalhos de Gesell e a forma estruturada como estabeleceu o exame para diagnóstico dos desvios
do desenvolvimento trouxeram enorme contribuição para a pratica da Pediatria do Desenvolvimento;
servindo de base para estudos posteriores na área do comportamento infantil, assim como para a
elaboração de outras escalas de desenvolvimento.
A padronização das respostas da criança em diferentes situações, nas idades cronológicas especificas,
foram divididas em quatro aspectos principais:
1. COMPORTAMENTO MOTOR = aquisições motoras como: sustentar a cabeça, sentar, engatinhar,
andar e incluindo-‐se também a atividade das mãos em pegar e manipular objetos.
2. COMPORTAMENTO ADAPTATIVO = organização e adaptação sensorio-‐motora frente aos
estímulos, estando intimamente relacionado ao aspecto cognitivo.
3. COMPORTAMENTO DE LINGUAGEM = comunicação verbal e/ou não-‐verbal para compreensão e
expressão.
4. COMPORTAMENTO PESSOAL-‐SOCIAL = reações da criança relacionadas a sua cultura social
(influenciadas pelo ambiente).
33
Vinculação
Pesquisas com tanto macacos como humanos, indica como o equilíbrio entre a exploração e a
segurança é criado e mantido, de forma a permitir a continuação do desenvolvimento.
Um elemento chave neste processo, é o laço emocional, denominado de vinculação, sendo esta
criada entre os 7 a 9 meses de idade.
Teorias de Vinculação
O facto de que crianças dos 7-‐9 meses de idade, em qualquer parte do mundo, ficam tristes quando
os seus tutores primários de ausentam, indica que a vinculaçao é um factor universal no
desenvolvimento humano. Esta possibilidade tem impulsionado várias teorias explicativas sobre a
vinculação, de forma a responder a questões como, as razões evolucionárias da vinculação, as causas
dos comportamentos vinvulativos ao longo do tempo e a influência da qualidade inicial de vinculação
nas fases mais tardias de desenvolvimento.
Psicanálise – Sigmund Freud
Sigmund Freud acreditava que os humanos, como os restantes organismos, são motivados em grande
parte por impulsos biológicos – impulsos do organismo de satisfação de necessidades básicas como
fome, ou sede, criando tensão e um estado de excitamento no organismo. Quando certa necessidade
é satisfeita, o impulso é reduzido e o equilibrio biológico é restaurado e o organismo experiencia um
sentimento de prazer. Pode-‐se afirmar desta maneira, que a procura de prazer é um princípio básico
da existência.
No que concerne a vinculação, Fred afirmava que “o amor tem a sua origem na vinculação à
necessidade satisfeita de alimento”. Assim, de acordo com Freud, as crianças tornam-‐se vinculadas à
mãe, pois esta é a sua fonte mais segura e provável de alimento.
O maior problemas com esta explicação é a de que a maior parte das pesquisas recentes não validam
esta teoria, e pelo contrário, refutam-‐na. Harlow conduziu uma experiência com macacos de forma a
perceber se seria a necessidade de alimento ou necessidade de toque do tutor que impulsionaria a
vinculação. Harlow concluiu das suas experiências que era a necessidade de toque.
34
Etologia – Konrad Lorenz (e Bowlby)
Konrad Lorenz: A natureza inata da vinculação foi ilustrada por Lorenz nos seus estudos sobre
“imprinting” em gansos. Lorenz organizou 2 grupos de ovos de gansos, onde um grupo permaneceria
com a sua mãe biológica e o outro numa incubadora artificial. A primeira coisa que o grupo da
incubadora visse a mexer-‐se foi Lorenz, sendo que os pequenos gansos começaram a segui-‐lo logo
quando eclodiram. Quando os 2 grupos se juntavam, rapidamente se separavam nos grupos originais,
onde o grupo da incubadora seguia Lorenz e o outro a mãe biológica. Lorenz demonstrou a existência
d periodos críticos de desenvolvimento, onde o individuo tem de adquiri uma certa capacidade, caso
isto falhe em acontecer, dá-‐se uma perda no desenvolvimento do individuo irreversivel.
John Bowlby estudou crianças britânicas que ficaram orfãs após a Segunda Guerra Mundial.
As suas observações indicaram que quando as crianças se separavam das suas mães, sentiam-‐se
aterrorizados, chorando e tentando escapar do seu ambiente. Num segundo momento, sentiam
bastante desepero e depressão. Caso a separação continuasse, e nenhuma outra relação estável de
vinculação fosse formada, as crianças tornar-‐se-‐ião indiferentes às outras pessoas. Bowlby
denominou este estado de indiferença como desapego.
Bowlby foi influenciado pelo trabalho de etólogos, que enfatizam uma abordagem evolucionária ao
entendimento do comportamento humano.
Estudos etológicos com macacos revelaram que infantes destas espécies passam as suas semanas e
meses iniciais em contacto directo, quase constante, com as suas mães biológicas. Estes primatas
infantis demonstraram respostas vinculativas, similares às dos humanos, como: chupar, chorar, etc.
Após algumas semanas ou mese, os infantes começam a explorar o mundo exterior, contudo, quando
se deparam com alguma situação desagradável, voltam para junto da mãe. Estes comportamentos
primatas são as bases evolucionárias para o desenvolvimento de vinculação humana.
35
Psicologia Comparada – Harry Harlow
Em contraste com a teoria freudiana, Harlow encontraram, em suas experiências, suporte à teoria
etológica de Bowlby.
Sabendo que os bebés, tanto humanos como primatas, fogem para junto da mãe em situações
problemáticas, Harlow criou uma situação onde o bebé primata iria a fugir para a sua “mãe”
simbólica.
Este colocou cada macaco ao pé de um peluch que fazia muito barulho. Os bebés fugiram para junto
da sua “mãe” – sendo que existiam 2 opções onde, uma era constituida por arame e teria um biberão
com leite acessível ao bebé e outra seria também de arame, mas estaria revestida por um pano com
textura agradável, mas sem biberão de leite. Harlow notou que os bebés fugiram para ao pé da “mãe”
revestida por tecido, sendo que devido ao tecido, os bebés acalmaram-‐se.
Harlow concluíu que sensações tactuais agradáveis ofereciam ao bebé um sentimento de segurança,
sendo assim mais importante à vinculação que a comida.
No entanto Harlow conlcluiu também que, embora o toque seja um factor crucial no processo
vinculativo, não o era, por si só, suficiente. Á medida que os macacos se desenvolviam, estes
comportavam-‐se de modo agressivo ou indiferente com os outros macacos e não copulavam de
forma normal.
Em suma, Harlow e colegas concluíram que o conforto fisico providenciado pela “mãe”, não produz
um indivíduo adolescente ou adulto normal e funcional. Aplicando o principio de intersubjectividade,
parece ser que a ausência de um parceiro social responsável e sensível interfere com o
estabelecimento de uma relação emocional mãe-‐bebé, sendo esta tão crítica para um
desenvolvimento emocional e social saudável.
Funções da Vinculação
Função biológica
• Manutenção da proximidade conforto/ proteção;
Função psicológica
• Construção de base segura (necessária à exploração do meio);
• Construção de modelo interno (modelo para futuras relações);
Aspectos Básicos da Vinculação
• Seletiva
• Segurança
• Proximidade-‐exploração
Modelos Internos
Modelo mental
• Construído a partir da experiência com o prestador de cuidados
• Guia comportamento para as relações interpessoais
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Comportamentos Vinculativos
Sinalização: Chorar,Sorrir, Vocalizar;
Aproximação: Seguir, Agarrar, Trepar;
Glossário Bowlby
Base segura: Os indivíduos cuja presença oferece à criança segurança aquando explora o mundo;
Modelo Mental Interno: Um modelo mental onde as crianças constróem, como resultado das suas
experiências com os seus tutores, de forma a guiá-‐los em suas interacções diárias;
Situação Estranha: Procedimento elaborado de forma a avaliar o apego de uma criança, tendo como
base a utilização da sua mãe como uma base segura de exploração, as suas reacções aquando são
deixadas sozinhas com um estranho e depois completamente sozinhas, como também a sua resposta
aquando são reunidos com a mãe.
Fases de Vinculação
• Fase indiscriminada, 0-‐2 meses : nas primeiras semanas de vida, os neonatos permanecem
em contacto próximo com os seus tutores primários, não se tornando tristes quando estes se
ausentam;
• Fase de reconhecimento da figura materna (medo de estranhos), 2-‐7 meses : Os neonatos
começam a responder de forma distinta a rostos familiares e estranhos;
• Fase de Vinculação, -‐7 meses: Durante este período, a mãe torna-‐se numa base segura. É
também neste periodo que o neonato experiencia ansiedade por separação, tornando-‐se
triste quando a mãe se ausenta. Aquando esta fase é alcançada, a vinculação regula a relação
emocional e física entre a criança e a quem está vinculada.
Aquando alcançada, uma vinculação firme ajuda os infantes a sentirem constantes sentimentos de
segurança à medida que passam mais tempo longe dos tutores. Note-‐se que esta fase desenvolve-‐se
ao mesmo tempo que a emergência das representações mentais. Bowlby acreditava que como
consequência das crescentes capacidades simbólicas dos infantes, que a vinculação mãe-‐bebé
começaria a servir como um modelo interno funcional, i.e. um modelo mental que as crianças
constroem como resultado das suas experiências, utilizando este modelo como um guia na sua
interacção com os outros.
37
Tipos e Padrões de Vinculação
Que tipos de interacção entre a criança e os seus tutore primários, providenciam a base mais eficaz
para um desenvolvimento suadável de relações humanas. Embora não existam indivíduos iguais,
vários académicos acreditam que é possível identificar padrões gerais de vinculação, entre mãe e
bebé, que sejam mais inducentes de um desenvolvimento saudável.
As pesquisas actuais em tais padrões, foi fortemente influenciado pelo trabalho de Mary Ainsworth.
Com base nas suas observações, de relações mãe-‐bebé nos países de Uganda e E.U.A, Ainsworth
concluiu que existem padrões consistentes, estáveis e distintos de vindulação, durante o 2º e 3º ano
de vida do neonato.
Ainsworth afirmava que de forma a alcançar uma relação vinculativa segura, entre mãe e bebé, teria
que existir sensibilidade materna. O conceito de sensibilidade materna foi definido por Ainsworth
como “ a capacidade materna em percepcionar e interpretar de forma correcta, os sinais e
comunicações do seu infante, respondendo depois de forma apropriada”.
De forma a testar a segurança da relação mãe/criança, Ainsworth elaborou um procedimento
denominado de “Situação Estranha”.
Tendo lugar num laboratório com brinquedos, o procedimento consiste em 8 breves episódios, em
ordem sequencial, que incluem situações como:
1. Criança encontra-‐se na presença da mãe;
2. Criança encontra-‐se na presença da mãe e de um estranho;
3. Criança encontra-‐se na presença apenas de um estranho;
4. Criança encontra-‐se sozinha;
5. Criança é reunida com a mãe.
O fim deste procedimento, é o de observar como os infantes utilizam a presença da mãe como uma
base segura, de forma a poderem explorar a sala, como respondem à separação da mãe e como
respondem à presença de um estranho. Ainsworth preveu que diferentes padrões de reacção iriam
reflectir qualidades diferentes na relação vinculativa.
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A partir dos resultados obtidos, Ainswort categorizou as respotas dos infantes em 3 tipos de
vinculação:
• Vinculação Segura: Padrão de vinculação onde a criança brinca confortavelmente e reage de
forma positiva a um estranho, desde que a mãe se encontre presente. A criança fica
perturbada aquando a mãe se ausenta da sala, e é improvável que se acalme. Só se acalma
quando a mãe reaparece;
• Vinculação Evitante: Padrão de vinculação onde a criança é indiferente à mãe, poderá ou
não chorar na ausência da mãe. É tão provável ser consolado pela mãe ou por um estranho.
Respondem de forma indiferente quando a mãe reaparece;
• Vinculação Ambivalente: Padrão de vinculação onde a criança não se distancia da mãe, e
simultaneamente, mostra-‐se ansiosa na presença da mesma. Tornam-‐se bastante
perturbados na ausência da mãe, mas não são confortados quando esta reaparece.
Procuram simultaneamente contacto com a mãe, contudo, resistem às tentativas da mãe de
consolo.
Destas forma, a relação vinculativa torna-‐se mais complexa, levantando questões como: O que causa
a variação em tipos de vinculação ? Será que estas variações têm consequências em fases mais tardias
de desenvolvimento ?
Modelos Internos
A maneira como as relações vinculativas são eficazes em criar bases seguras depende, não apenas no
comportamento dos parceiros vinculativos (mãe, pai ou tutore primário), como também na tradução
dos seus padrões de interacção em representações mentais, ou, modelos internos.
Os modelos internos do self e do outro, em relações vinculativas ajuda os membros de uma díade
vinculativa a anteverem, interpretarem e guiarem as suas interacções com os seus parceiros.
Durante o curso de desenvolvimento , os modelos internos dos infantes tornam-‐se gradualmente
mais complexos e manipuláveis mentalmente, pemitindo não só previsões a curto prazo, como
também reflexões sobre relações actuais, passadas e futuras, através de simulações internas.
O termo “modelo interno” implica um sistema representacional que nos permite, por exemplo,
imaginar interacções com outros, baseados nas nossas experiências com estes.
Bowlby postulou que os modelos internos de vinculação de uma criança são baseados “em
experiências reais, de interacções quotidianas com os pais”, sendo assim modelos internos
direccionados a relações. Para além disto, dado que são construidos com base em relações
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interpessoais, modelos de self e figuras de vinculação, que irão reflectir como a criança se
percepciona e sente (pais amam e protegem, consequentemente, self é amado e protegido).
“Nos modelos internos que cada um de nós constrói, uma característica chave é a nossa noção de
quem são as figuras de vinculação, onde poderão ser encontradas e como será esperado estas
responderem. De forma similar, no modelo interno do self, que cada um de nós constrói, uma
característica chave é a noção do quão aceitável ou inaceitável o self é aos olhos das suas figuras
vinculativas. A estrutura deste modelos são baseados nas previsões do indivíduo sobre o quão
accessíveis as suas figuras de vinculação são, caso o indivíduo necessite de lhes pedir ajuda. “
Em suma, os modelos internos de self e figuras vinculativas representam os dois lados da relação e
irão influenciar drasticamente os padrões de vinculação do indivíduo.
Modelos Intenos Múltiplos
(Importância da primeira relação afetiva como modelo interno)
A partir da sua teoria de modelos internos, e suas implicações nas relações de vinculação da criança,
Bowlby identifica 3 tipos de modelos internos, associados a tipos de vinculação existentes.
Bolwby postula que uma criança irá ter múltiplas relações de vinculação, contudo existe um modelo
interno onde a criança criará uma relação vinculativa com o seu tutor primário, denominando-‐se de
modelo monotrópico.
Embora a criança se vincule primariamente ao seu tutor primário, Bolwby defende a existência de um
modelo hierárquico composto por outras figuras de vinculação e suas relações com a criança. Esta
hierarquia será definida por factores como, quem passa mais tempo com a criança, a qualidade de
cuidado que a figura oferece, o investimento emocional do adulto na criança e pistas sociais.
Por fim, Bolwby identifica um modelo integrativo de múltiplas vinculações. Este tipo de modelo
interno de vinculação, refere-‐se a 2 modelos internos de vinculação opostos e contraditórios, que a
criança irá integrar como um único modelo interno. Por exemplo, a relação vinculativa com um dos
tutores poderá ser segura enquanto a outra relação será insegura, criando assim um conflicto de
modelos internos vinculativos.
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Modelo Monotrópico – a criança dá-‐se com outras pessoas mas apenas estabelece uma vinculação
com a mãe. Segundo Bowlby, a criança criou um modelo relacional, um padrão interno através da
relação que estabelece com a mãe que irá usar como referência para futuras relações.
Modelo Hierárquico – não há apenas uma única relação se vinculação mas elas encontram-‐se
hierarquizadas. A relação de vinculação com a mãe encontra-‐se no topo, caso (excepcionalmente)
não seja com a mãe, há sempre uma relação de vinculação que se sobrepõe às restantes.
Modelo Integrativo – o bebé integra todas as relações de vinculação. Elas são interdependentes,
todas se influenciam mutuamente, não há nenhuma que se sobreponha às restantes.
Modelo Individual – o bebé estabelece diferentes relações de vinculação, mas estas são
independentes, não se condicionam. Pode haver uma má qualidade de relação com a mãe e, uma boa
com, por exemplo, a educadora.
Há uma forte relação entre a qualidade de vinculação e o desenvolvimento social, quanto melhor a
qualidade da vinculação, melhor o desenvolvimento social, melhor auto-‐estima, independência,
confiança e, popularidade.
Os indivíduos que se revelam inseguros e independentes são os menos competentes socialmente.
Não foram capazes de criar um modelo interno de referência para outras relações.
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Efeitos a Longo Prazo
Qualidade da Vinculação e Socialização
Existem várias razões teóricas para esperar uma associação entre a segurança da vinculação com os
cuidadores primários e a qualidade das relações da criança com outras pessoas nomeadamente
através da construção de modelos internos dinâmicos. Crianças com vinculação segura podem
construir modelos internos dinâmicos caracterizados por expectativas sociais positivas para as
relações. Simultaneamente o fenómeno da “base segura” pode promover a exploração do meio e as
interacções com novas crianças, representando oportunidades para exercer e desenvolver
competências sociais gerais.
Uma vinculação segura pode determinar uma boa auto-‐estima e sentimentos de eficácia, o que
combinado com a aprendizagem de interacções recíprocas satisfatórias nas relações precoces pode
resultar numa tendência a obter respostas positivas dos pares e a formar laços de amizade.
Desta forma, vários podem ser os processos que podem ligar causalmente os fenómenos de
vinculação aos pais e a relação da criança com as outras crianças.
Sendo assim os efeitos de uma vinculação segura influenciam 4 dimensões: 1) modelos internos
dinâmicos, 2) imagem de si e auto-‐estima, 3) regulação emocional, de forma a confiar e ser
independente 4) competências sociais bem adaptadas.
Consequências cognitivas e sociais de uma vinculação segura
Observa-‐se um consenso geral em que uma relação vinculativa segura é crucial, não só ao bem estar
do infante, como também para a qualidade das suas futuras relações.
Apoiando esta afirmação, Alan Soufre afirmou que crianças observadas com uma vinculação segura
aos 12 meses de idade e que são novamente avaliadas aos 3 anos e meio de idade, são observadas
como sendo mais curiosas, bricam mais eficazmente com os seus pares e possuem melhores relações
com os seus professores, em contraste com as crianças de vinculação insegura (evitante ou
ambivalente). Em observações posteriores, aos 10 anos de idade e depois novamente aos 15 anos de
idade, investigadores observaram que as crianças ditas de uma vinculação segura na sua infância,
eram mais habilidosos socialmente, tinham mais amigos, demonstravam mais auto-‐confiança e
estavam mais disponíveis em partilharem os seus sentimentos.
Estudos longitudinais mais recentes sugerem também a continuidade dos padrões de vinculação, da
infância à idade adulta. Everett Waters, num dos seus estudos, indicou que no que concerne aos
padrões de vinculação, em adultos, 72% da amostra, foi categorizada da mesma forma que
inicialmente (na infância). Em relação à minoria, que mudou de vinculação segura para insegura,
observou-‐se pelo menos um evento traumático (abuso sexual; doença, morte de um familiar; doença
mental parental; divórcio parental) após a avaliação inicial.
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Métodos de Avaliação de Vinculação
Situação Estranha
Neste procedimento, criado por Mary Ainsworth, a avaliação de vinculação é realizada em infantes
dos 12 a 20 meses de idade. Trata-‐se de um procedimento laboratorial, elaborado de forma a
capturar o balanço entre comportamentos vinculativos e exploratórios, sob condições que aumenta
gradualmente em stress.
O sistema de Ainsworth providencia instruções de forma a classificar a relação vinculativa do infante
em 3 grupos gerais: um grupo seguro e 2 grupos inseguros, neste caso, evitante ou ambivalente.
A classificação é baseada no comportamento do infante em relação ao tutor ou estranho, durante 8
episódios de reunião.
Uma das contribuições mais significativas deste método, provém do reconhcimento de padrões ou
tipos de vinculação, permitindo assim a investigadores descreverem e explicarem diferenças
individuais, de forma a prever resultados de desevnvolvimento em fases mais tardias.
Q-‐Sort
Q-‐Sort é um método de avaliação de vinculação utilizado, de forma avaliar crianças dos 12 a 48 meses
de idade. Este método foi desenvolvido por Waters e Deane, sendo composto por numerosas cartas
(75, 90 ou 100). Aquando utilizando este método, um único observador treinado, utiliza estas cartas
de forma a pontuar o comportamento de uma criança, após várias horas de observação
(recomendam-‐se vários períodos intercalados de observação, com uma duração média de 3 horas),
em múltiplos contextos. Após concluida a observação do sujeito, as cartas são avaliadas de acordo
com um espectro. Cada carta é colocada em um ou mais montes, de acordo com as caracteristicas
observadas na criança. Assim, uma vez que as cartas tenham sido avaliadas, o resultado final é
comparado a resultados típicos de crianças de vinculação segura.
Uma correlação perfeitamente positiva indica uma vinculação segura, em contraste com uma
correlação perfeitamente negativa, indicadora de uma vinculação insegura.
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Adult Attachment Interview
O Adult Attachement Interview (AAI) é um método de classificação do estado mental, composto por
uma entrevista semi-‐estruturada, utilizada de forma a classificar o estado mental, no que concerne à
vinculação em adultos. Estas classificações são as seguintes: seguro-‐autónomo, omisso, preocupado e
desorganizado. A entrevista consiste em 20 questões, focando-‐se nas relações com pais e ambiente
familiar, tendo uma duração de 45 a 90 minutos.
O AAI foi desenvolvido como uma avaliação narrativa do estado mendal adulto, no que respeita às
suas figuras de vinculação e padrões de organização de experiências. De forma interessante, o AAI
tem em conta a forma como a narrativa do participante é apresentada, focando-‐se assim em pausas,
escolha de vocabulário etc.
Este método avaliativo é capaz de prever a qualidade de vinculação entre adultos e os seus filhos,
reflectindo também a qualidade parental que o adulto tem a oferecer. Esta factor poderá ter um
grande impacto em várias famílias, alertando-‐as das suas falhas nas relações vinculativas que
possuem, ajudando assim interromper a transmissão de relações vinculativas inseguras.
Attachment Story Completion Protocolo
O ASCT procura captar diferenças individuais na forma como as crianças constroem narrativas em
torno de cenários do quotidiano familiar relacionados com a vinculação, sendo hipotetizado que, a
partir das respostas dadas, é possível inferir sobre a qualidade dos MID emergentes. Aplicável entre
os 3 anos e os 6 anos, sendo que consiste numa entrevista de cerca de 30 minutos, durante a qual,
com a ajuda de uma família de pequenas figuras moldáveis (i.e. pai, mãe, filho “protagonista” e
respectivo irmão/ã, ambos do mesmo género da criança entrevistada), são apresentados 6 inícios de
histórias, sendo pedido à criança que, ilustrando as interacções entre as personagens, complete cada
história livremente. Cada uma das instruções do ASCT foi construída de modo a evocar uma
problemática distinta: figura de vinculação em situação de autoridade face a um percalço acidental da
criança (Sumo Entornado); activação do sistema de vinculação e resposta parental à dor (Joelho
Magoado) e ao medo (Monstro no Quarto) da criança; ansiedade de separação e capacidade de
coping com um cuidador substituto (Partida) e tonalidade afectiva da reunião familiar (Reencontro).
Uma instrução adicional neutra (Bolo de Aniversário) é adminis43rada inicialmente, para assegurar
que a criança compreende o procedimento, mas não é cotada.
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Vinculação/separação
Três fases características que ocorrem face à separação materna (Bowlby, 1969; 1973; 1980) –
dependem do dramatismo da separação:
1. Protesto – caracterizada por uma grande actividade (choro, grito, movimento, etc.). Ao ver a
figura vinculativa sair mostra desagrado. Não se deixa confortar por outros e, está sempre na
expectativa que essa figura volte, daí a agitação. A separação foi claramente incómoda para a
criança. Se a qualidade de vinculação for boa, nesta fase o estranho não é capaz de a acalmar.
2. Apatia – segue-‐se uma fase de apatia em que a criança se torna inactiva. A criança continua
triste (paralelismo com um estado de luto) mas, acha que já não vale a pena protestar.
Transmite a sensação de que se organizou, mas isso não é verdade ela está deprimida ou
mesmo, desesperada. Nesta fase, quando a mãe volta a sua presença não lhe é indiferente,
ainda não se desvinculou e espera que ela volte.
3. – a criança desiste da figura vinculativa. Se ela não regressa depressa, a criança acaba por se
desvincular. Passa a olhar para essa figura de forma neutra, não há vinculação. Torna-‐se
independente e começa a explorar o meio de outra forma. Esta desvinculação não é irreversível.
Esta desvinculação pode ser vista como um comportamento adaptativo, na medida em que, se a
mãe a abandona, este comportamento torna-‐a disponível para se vincular a outra pessoa.
Separação vs Privação
� Separação pressupõe que há uma ausência da figura vinculativa, mas que a criança não é
privada dos cuidados maternos. Há alguém que toma o lugar da mãe e cuida da criança
� Privação pressupõe, para além da ausência da figura vinculativa, uma privação dos cuidados.
As consequências neste caso são mais graves do que na separação.
Separação
Qual o impacto da separação?
� Curto prazo/temporária: manifesta algum stress, a recuperação depende dos factores
citados e da atitude da mãe. Exemplo: creche, hospitalizações, etc. No caso da creche, se a
mãe estabelecer uma relação próxima com a educadora transmite segurança à criança. Se a
mãe se sente segura na creche a criança também. A criança pode ainda estabelecer uma boa
qualidade de vinculação com a educadora.
� Separações longas ou múltiplas: se for superior a 6 meses, em princípio, não há problema.
Bowlby referiu um grande número de casos de delinquência e transtornos afectivos
relacionados com separações, pela ausência da figura vinculativa e, de um quadro de
referência que lhe transmita um modelo de comportamento. Exemplo: adopção,
institucionalização, etc.
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Que variáveis devemos ter em conta? Uma separação inferior a 6 meses, em princípio, não traz
danos irreversíveis, ou seja, não afecta o desenvolvimento da criança. É necessário, no entanto, ter
em consideração as características da criança, da mãe, a altura em que ocorre a separação, o tipo de
separação, como era a relação de vinculação antes da separação, a qualidade dos cuidados maternos
(quanto mais estável for o comportamento materno/paterno, melhor), etc.
Privação
� Atrasos cognitivos e ao nível da linguagem
� Problemas ao nível do peso
� Depressão no estado adulto
� Transtornos afectivos
Self – Auto-‐Conceito de Identidade
Por altura dos 6 meses de idade, os infantes já adquiriram uma grande quantidade de experiência ao
interargir com objectos e pessoas, desenvolvendo, como resultado, um sentido de “self” ou auto-‐
identidade. Tendo um sentido de “self” mais explicito, separado de outros, promove novas formas de
relações sociais. Os infantes nesta idade começam a aprender que podem partilhar e comparar as
suas próprias experiências com os outros, especialmente com a emergência da utilização da
linguagem.
Auto-‐Reconhecimento
A consciência do self tem sido proposta como a grande diferença que nos distingue dos restantes
animais, contudo, as evidências apontam para o contrário.
Gordon Gallup argumentou que uma forma de autoconsciência é a aparente capacidade de um
individuo em se reconhecer visualmente num espelho. Assim, Gallup elaborou uma série de
experiências com chimpazés adolescentes, expondo-‐os a um espelho regularmente. Pouco tempo
depois, observou-‐se que os chimpazés utilizavam o espelho apropriadamente, utilizando-‐o para
limparem a cara, etc. Gallup concluiu que os chimpazés aprenderam a reconhecerem-‐se ao espelho.
Desta forma, com subsequentes estudos, identificaram-‐se várias etapas na aprendizagem de
reconhecimento do “self”:
• 0 -‐ 3 Meses:
o Pouco interesse pela imagem refletida pelo espelho
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• 4-‐10 Meses:
o Procuram agarrar e tocar objetos e pessoas no espelho; não compreendem que é
uma imagem refletida
• 10 Meses:
o Agarram o objeto atrás de si enquanto olham para o espelho; não reagem ao sinal
vermelho colocado na teste ou nariz
• 18 Meses:
o Tocam nos narizes: capacidade de se reconhecerem a si próprias no espelho
Self como Agente
Apartir dos 18 a 24 meses de idade, por volta do mesmo periodo onde as crianças começam a utilizar
produções telegráficas de frases (frases de duas palavras), estas também começam a descrever o seu
próprio comportamento – “o joão fez!” – A produção destas frases demonstra que as crianças
começam a referir-‐se a si próprias como agentes que exercem controlo e poder sobre os seus
ambientes.
Self – sentido do “eu”
Modelos internos: a criança constrói representações de si própria e do outro que regulam o
comportamento interpessoal.
Permite ao indivíduo adoptar uma posição a partir da qual tem uma visão do mundo. Self:
o Medeia a experiência social;
o Organiza o comportamento em relação aos outros;
o Determina o modo como se interpreta a realidade;
o Decide as experiências que se procuram (corresponder a auto-‐imagem)
O Self ou auto-‐conceito é a imagem do que acreditamos ser. Pode ser descrito como o produto dos
esforços de formação. Refere-‐se aos aspectos cognitivos da auto-‐estima. Exprime o conhecimento
subjectivo que o indivíduo tem de si próprio, enquanto ser físico e psicológico. É um produto do
biológico (genético), social e cultural. É um produto dinâmico que vai sofrendo alterações, é afectado
pelas experiências da vida.
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O “eu” é o mais privado dos aspectos da identidade. É um sistema complexo de diferentes facetas, de
acordo com a situação e papel que desempenho salientam-‐se diferentes atributos do self. 2 tipos de
“eu”:
� Eu existencial
§ 3 meses: sentido primitivo de separação
§ 9 meses: sentido de continuidade (na separação)
§ 2 anos: auto-‐percepção (auto-‐reconhecimento visual)
� Eu Conceptual: capacidade de as crianças se definirem a si próprias em termos de categorias
(idade, sexo, tamanho,…)
Desenvolvimento do Auto-‐conceito
De � a Descrição
Simples Diferenciado De conceitos globais (crianças mais novas) a definições mais
minuciosas e que consideram as circunstâncias (crianças mais
velhas).
Inconsistente Consistente Alterações da auto-‐avaliação para uma maior estabilidade no auto-‐
conceito.
Concreto Abstracto Dos aspectos exteriores, visíveis e físicos para os aspectos interiores,
invisíveis e psicológicos.
Absoluto Comparativo O eu sem os outros como referência até uma comparação com os
outros.
Eu público Eu privado As mais novas não distinguem entre os sentimentos privados e o
comportamento público. As mais velhas consideram o eu privado
como o “verdadeiro eu”.
Auto-‐estima
Sentimentos de um sujeito acerca do seu próprio valor e competência. Tem impacto no seu estado
emocional.
Comparações com o eu ideal:
§ baixa auto-‐estima (grande discrepância com o “eu-‐ideal”)
§ alta auto-‐estima (pouca discrepância com o “eu-‐ideal”)
§ Volúvel:
� Controlo constante do comportamento;
� Avaliação perante padrões.
� 7/8 anos: distanciamento suficiente para a auto-‐avaliação no desempenho de
diferentes funções e em diferentes domínios.
A auto-‐estima parece depender da relação com os pais, do apoio social e, de uma influência genética.
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Diferenças individuais
� Comportamento parental (vinculação, etc) – mensagem que passa para as crianças da forma
como a figura de autoridade (pais, professores, etc.) transmite valores. Se esses valores não
correspondem aos comportamentos expectáveis, as crianças podem sentir um desajuste. Os
próprios valores dos pais são considerados mais tarde na adolescência. A vinculação surge como
um modelo de interacção com os outros.
� Companheiros (ser popular) – o facto de ser popular pode condicionar a forma como me vejo.
Sentir que os outros me acolhem bem vai potenciar a minha auto-‐estima e o meu desempenho.
A forma como me valorizo também é influenciada, sinto-‐me escolhido. Se, pelo contrário, sou
sempre o que fica para trás, isso vai prejudicar a minha auto-‐estima. Estas situações podem
ocorrer desde muito cedo o que, vai prejudicar o desenvolvimento de algumas áreas de
competências.
O “eu” emocional
� Quando o eu avalia o eu: emoções (vergonha, orgulho)
§ Até aos 2 anos: tira prazer da sua realização mas não dá atenção às reacções do adulto.
§ Depois dos 2 anos: revelam crescente necessidade de aprovação dos adultos.
§ No final do pré-‐escolar: auto-‐avaliação autónoma.
Vou-‐me autonomizando e, a partir dos 5 anos já construi balizas sobre o que está bem feito, a minha
percepção do meu próprio desenvolvimento é eficaz (sei o que faço bem e o que faço mal), já não
preciso da constante aprovação do adulto. No entanto, essa valorização continua a ser boa como
reforço.
A valorização em excesso é má, a criança tem noção do que faz e a valorização por parte do adulto do
que está mal é percepcionada pela criança, vai desacreditar a valorização do adulto, mesmo quando
estiver bem feito. Perde o seu significado.
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Identidade
Self-‐Saturado
Em seu livro “The saturated self”, Gergen analisa as condições de emergência de um nova forma de
descrever o self – o self saturado, identificadas ao processo de saturação social promovido pelo
desenvolvimento tecnológico, especialmente dos meios de transporte, das telecomunicações e
variadas formas de mídia, nas últimas décadas. O self saturado aí descrito relaciona-‐se aos padrões de
relacionamento social de um mundo pós-‐moderno, no qual há um intenso fluxo e contato de pessoas
e tradições que levam ao questionamento reflexivo, a inúmeras possibilidades de negociação e
reconstrução. Neste processo de saturação social, emerge um self povoado por múltiplas e
contraditórias possibilidades de ser, para o qual se ampliam as oportunidades de relacionamento com
os outros, se complexificam os diálogos internos e aumenta a dificuldade de compromisso com uma
identidade assimilável à idéia de unicidade.
Desenvolvimento de Identidade
Processo através do qual os individuos constroem uma compreensão coerente de si próprios como
sujeitos, em relação com a sociedade em que se inserem.
A formação da identidade está intimamente associada ao estudo da adolescência. Muitos são os
autores que estabelecem a aquisição da identidade como a principal tarefa desse período.
Dominio Ocupacional
Marcia, em 1966, publicou um artigo operacionalizando o conceito de identidade e sistematizando,
de forma bastante simples, as duas dimensões essenciais na formação da identidade pelo
adolescente: exploração e compromisso.
Por exploração, Márcia (1966) entendia o período de tomada de decisão, quando antigos e novos
valores e escolhas são examinados. Época em que o indivíduo ativamente se envolve na exploração
de alternativas ocupacionais ou ideológicas. O resultado desejado da exploração é o compromisso
com alguma idéia ou papel específico.
Por compromisso ou comprometimento, Márcia (1966) supõe que o indivíduo tenha realizado uma
escolha relativamente firme, servindo como base ou guia para sua ação. O comprometimento é
medido pelo grau de investimento pessoal que o indivíduo expressa. Corresponde às questões que
mais valoriza e com as quais mais se preocupa, refletindo o sentimento de identidade pessoal.
Para estudar como é o desenvolvimento da identidade, Márcia (1966) utilizou medidas e critérios
congruentes com as postulações da Teoria Psicossocial. Elaborou uma entrevista semi-‐estruturada,
formulando perguntas destinadas a revelar em que medida os adolescentes estão explorando ou se
comprometendo com os temas.
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Medindo as duas dimensões – exploração e
compromisso –, propôs quatro estados de
identidade: Identidade Delegada,
Moratória, Difusa e Identidade
Conquistada.
No estado de Identidade Delegada, o adolescente persegue metas ideológicas e profissionais eleitas
por outros (pais, figuras de autoridade). O adolescente não explora, porque aceita os valores e
expectativas dos outros. Compromete-‐se com o que foi definido pelos pais ou pela cultura. Pode ser o
estado inicial do processo de formação da identidade adulta, partindo dos valores infantis .
No estado de Moratória, os compromissos são postergados e o adolescente debate-‐se com temas
profissionais ou ideológicos. Está explorando as alternativas e ainda não escolheu nenhuma.
No estado de Identidade Conquistada, o jovem fez suas escolhas e persegue metas profissionais ou
ideológicas. Explorou e chegou a algum compromisso.
No estado de Identidade Difusa, o adolescente não está explorando, embora possa tê-‐lo feito no
passado, e não chegou a nenhum compromisso. Pode ter tentado tratar algum tema ou ignorado,
mas não tomou decisões e não está preocupado em fazê-‐lo. O jovem não se sente pressionado neste
sentido. Pode representar um estágio inicial no processo de aquisição de identidade, no período da
adolescência inicial, ou representar o fracasso em estabelecer compromissos.
Factores Familiares
Contextos favoráveis: abertos, aceitam mudanças, oferecem apoio, confiança e encorajam a
descoberta de identidade distinta;
Tarefa de interação familiar (Grotevant & Cooper, 1998):
–Planificação viagem
–Cotação: individualidade (e.g., expressar o seu ponto de vista ou desacordo com outro membro da
família) Ligação, (e.g., responsividade ou sensibilidade aos pontos de vista do outro);
–> individualidade e responsividade -‐ > Exploração de identidade
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Factores Pessoais
•Identidade Conquistada
-‐encorajadores de autonomia
-‐diferenças exploradas dentro do contexto de mutualidade
•Identidade Delegada
-‐Envolvimento excessivo
-‐Evitam expressão de diferenças
-‐Negação e repressão para evitar o confronto com diferenças
•Identidade Difusa
-‐Liberais
-‐Rejeição
-‐Negligência
•Moratória
-‐Ambivalente com autoridade dos pais
•Identidade Conquistada
-‐Elevado desenvolvimento do eu
-‐Julgamento moral
-‐Locus de controlo interno
-‐Autoestima
-‐Desempenho sob stress
-‐Intimidade
•Identidade Delegada
-‐Autoritarismo
-‐Pensamento estereotipado
-‐Obediência à autoridade
-‐Locus de controlo externo
-‐Relacionamentos dependentes
-‐Baixos níveis de ansiedade
•Identidade Difusa
-‐Baixo desenvolvimento do self
-‐Complexidade cognitiva
-‐Segurança própria
-‐Julgamento moral
-‐Fraca capacidade de cooperação
•Moratória
-‐Ansiedade
-‐Receoso do sucesso
-‐Elevado desenvolvimento do eu
-‐Julgamento moral
-‐Autoestima
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O Género
A forma como me vejo é essencial para a elaboração do meu conceito. A concepção física é a primeira
a surgir e, é um aspecto fundamental do auto-‐conceito de um indivíduo. As questões do género
predominam em qualquer avaliação feita a outro indivíduo.
Na nossa sociedade, rapazes e raparigas tratados de modo diferente, surgem diferentes expectativas
em função do género. Há uma aprendizagem precoce de estereótipos sociais de cada género
(actividades/ preferências/ estilos sociais).
Segundo Maccoby e Jacklin (1987) a questão social e cultural da aprendizagem é muito importante, é
ela que vai condicionar as escolhas das crianças. Os meninos também pegam espontaneamente numa
boneca, mas esse comportamento é condenado, ao contrário do que se verifica se ele pegar num
carro, que é um comportamento valorizado.
Desenvolvimentos gerais:
• 2 anos – Identidade -‐ rotulam verbalmente os outros como masculinos e femininos.
• 2 / 3 anos: não têm consciência da estabilidade, não sabem que o género se mantém ao
longo da vida. Estereotipificação do sexo na escolha de brinquedos e também, em relação ao
que não é material (exemplo: numa carta ao pai natal as meninas pedem “paz no mundo”,
enquanto os meninos não se preocupam com esse tipo de coisas)
• A partir dos 3 anos: preferem brincar com companheiros do mesmo sexo. As raparigas
desenvolvem-‐se mais cedo nomeadamente, no que toca à linguagem. Esta é uma das razões
apontadas para a preferência para brincar com crianças do mesmo sexo, como o nível de
desenvolvimento é semelhante a interacção dá mais prazer. Esta segregação de género é um
fenómeno espontâneo e quase universal.
• 3 / 4 anos: estereótipos rígidos quanto às ocupações e às actividades que são “correctas”
para o sexo feminino e masculino.
• 3/5 anos – estabilidade -‐ Compreende que os indivíduos mantêm o género ao longo da vida.
Já se projectam no futuro.
• 5/7 anos – constância -‐ O género não depende de alterações na aparência (“Se um rapaz
vestir uma saia passa a ser uma rapariga?”)
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Desenvolvimento de um conceito de Self baseado no Género – 3 passos:
• Comportamento Sexualmente Tipificado:
• Acções confirmam as expectativas culturais
Desenvolvimento de um conceito de Self baseado no Género – 3 passos:
• Comportamento Sexualmente Tipificado:
o Acções confirmam as expectativas culturais
Até aos 2 anos Pais Incutem o C.S.T. às crianças desde o nascimento (vestuário, decoração do quarto). Encorajam
brincadeiras sexualmente tipificadas. Reagem mais positivamente quando as crianças o fazem.
2 Anos Crianças Preferência por determinados brinquedos. Aprendizagem baseada na imitação e reforço.
3-‐4 anos Crianças
Pensamento Categorial sobre actividades, profissões e objectos apropriados para cada género.
Apresentam muito mais comportamentos tipificados sexualmente. Feedback positivo/ negativo
como reforço.
• Papéis de Género:
o Conhecimento dos estereótipos culturais. Conceitos e estereótipos relativos ao
modo como os indivíduos masculinos e femininos se devem comportar e que
actividades devem realizar.
• Constância do Género:
o Compromisso emocional com o género (processo de identificação).
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Práticas Parentais
Familia:
• São grupos restritos e íntimos que facilitam à criança a aquisição de regras de
comportamentos consistentes.
• É a unidade básica dentro do qual a criança é apresentada à vida social.
Família, primeiro contexto de desenvolvimento
• Relevante na socialização da criança:
o Processo que ocorre, em primeiro lugar, no âmbito das famílias
o É desenvolvido pela atuação dos progenitores
o Tem como objetivo adaptar a criança às características da sociedade em que nasce
Relações Intrafamiliares
4 domínios centrais:
• Relacionamento Conjugal e Desenvolvimento da Criança
• Natureza da Criança/Relacionamento Conjugal/Ação Parental
• Conflitos Conjugais e Relação da Criança com a Mãe / Pai
• Relações Conjugais e Relações entre Irmãos
Relacionamento Conjugal e Desenvolvimento Infantil
Um bom relacionamento conjugal tende a ser associado a um relacionamento progenitor-‐criança
satisfatório e, logo, a um bom desenvolvimento da criança (Goldberg & Easterbrooks,1984)
• Progenitores com um baixo ajustamento conjugal estabelecem relações de vinculação
inseguras.
• Casamento isento de conflitos favorece o estabelecimento de relações de vinculação segura.
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Características da Criança/ Relacionamento Conjugal/ Ação Parental
Natureza da criança pode afetar:
• relacionamento conjugal;
• tipo de ação parental;
Dificuldades conjugais -‐ Relação pai /mãe
Problemas conjugais afetam mais a relação da criança com o pai do que com a mãe (Belsky,
Youngblade e Volling, 1991):
• Comportamento dos pais em relação à criança mais negativo e intrusivo: criança mais
desobediente ao pai
• Relacionamento mãe-‐filho revelava poucas dificuldades
Relações conjugais e relação entre irmãos
• As relações entre irmãos influenciam e são influenciadas pelas relações conjugal e parental;
• Quando existe discórdia e falta de coesão entre os progenitores, verifica-‐se uma maior
conflictualidade entre irmãos;
Um filho deficiente ou “difícil”, Prematuro ou Indesejado
Repercussões a nível conjugal e a nível parental
Tensão nos pais;
Ambiente adverso para desenvolvimento harmonioso
O que a poderá tornar ainda mais difícil a tarefa de educar
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Acção Parental Objectivos Robert Levine propôs 3 objectivos, partilhados por pais globalmente:
• Sobrevivência: assegurando a sobrevivência dos seus filhos, providenciando saúde e
segurança;
• Económico: assegurando que os seus filhos adquiram capacidades e outros recursos
necessários a serem adultos económicamente produtivos;
• Cultural: assegurando que os seus filhos adquiram os valores e normas culturais do grupo;
Estes objectivos formam uma hierarquia entre eles, sendo que o objectivo mais urgente é a
sobrevivência fisica do filho, só após de assegurada a asobrevivência, que os pais se focam nos outros
dois objectivos.
Estilos Parentais
2 Dimensões Importantes na sua Categorização:
• Permissividade/ Severidade/ Restrição -‐ Grau de Liberdade:
o Pais demasiado tolerantes e que não têm regras definidas;
o Pais impõem inúmeras restrições: regras são obedecidas;
• Calor Humano/ Hostilidade — Amor demonstrado:
o Pais calorosos – exprimem livremente afeto, manifestando a sua aprovação e
elogio;
o Pais hostis – frios, indiferentes e desinteressados, inferiorizam os filhos.
É possível encontrar diferentes padrões de comportamento, nomeadamente pelo cruzamento do
nível de controlo (liberdade que os adultos dão aos filhos) com a afectividade (quantidade de amor
versus hostilidade). Diane Baumrind (1970) considera quatro estilos parentais:
• Autoritário -‐ caracterizado por pais excessivamente controladores e directivos. Priveligiam o
poder e a obediência, não estão disponíveis para ouvir as opiniões dos filhos ou para que
estes questionem as suas regras. Este tipo de pais tem uma maior tendência para recorrer a
punições. São pais pouco afectuosos.
o Consequências: são incompetentes socialmente, normalmente afirmam-‐se pela
força, são agressivas. Reproduzem a falta de ferramentas ou imita as que vê em
casa. São crianças que tendem a exteriorizar os problemas.
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• Democrático -‐ pais que possuem regras bem definidas, mas que não as impõem, preocupam-‐
se em explicar as razões que os levam a tomar aquelas medidas e não outras. Afirma-‐se pela
autoridade e pela consistência. Promovem o diálogo e incentivam a autonomia dos seus
filhos. São pais afectuosos que por norma não usam medidas punitivas com os seus filhos.
Estão disponíveis para os filhos.
o Consequências: são crianças socialmente competentes, os pais estão disponíveis
para eles e transmitem-‐lhes ferramentas importantes que lhes permite balizar o seu
próprio comportamento. São auto-‐confiantes, estão habituadas a negociar, a serem
consideradas. São cooperantes com os adultos e companheiros. Normalmente, são
crianças alegres.
• Permissivo -‐ pais afectuosos, mas pouco controladores.Consideram que as crianças
aprenderão pela sua própria experiência. Apagam-‐se em relação à disciplina e às regras, são
inconsistentes o que os leva a perder autoridade. Consultam os filhos sobre a tomada de
decisões. Estão muito próximos dos filhos, quase se confundem com amigos.
o Consequências: crianças com falta de objectivos, estão entregues a elas próprias o
que não lhes permite estruturar objectivos, tornam-‐se pouco exigentes consigo
próprias. São desinteressadas, valorizam pouco o que têm pelo facto de terem
consigo tudo com facilidade. E, são pouco afirmativas, não estão preparadas para
lutar por alguma coisa, para resistir a contrariedades. Têm dificuldade em lutar pelo
que exige muito deles.
• Negligentes -‐ tal como os permissivos, também são pouco controladores. Para além disso,
este estilo parental é também pouco afectuoso. São pais que providenciam poucas
estruturas para as crianças incorporarem as regras sociais e culturais. Os pais não são
reactivos nem exigentes em relação aos filhos. Não orientam nem apoiam. Rejeição activa da
criança. Negação das responsabilidades pela educação da criança.
o Consequências: são crianças que não se sabem adaptar ao mundo. Muitas vezes
isolam-‐se. É o estilo parental que trás consequências mais graves para o
desenvolvimento das crianças (por exemplo psicopatologia).
Estas características são visíveis durante a infância e mesmo no período da adolescência. No entanto,
visto que a família é um sistema complexo e dinâmico, exposto a inúmeras influências internas e
externas, não podemos afirmar que o estilo parental seja o único responsável por estes padrões
observados nas crianças.
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Relações entre Pares
Relacionamentos Verticais Vs. Horizontais
Verticais – são relações assimétricas. São estabelecidas com um indivíduo que tem maior
conhecimento e poder do aquele que uma criança possui. A criança atribui-‐lhe competências que
reconhece como superiores, esta pessoa pode ser uma referência. São interacções complementares,
o sujeito não compete com a criança, é alguém que lhe dá respostas contingentes. A função destas
relações é proporcionar segurança, protecção e conhecimento. Ex.: progenitor, professor.
Horizontais – estabelece-‐se entre indivíduos que têm o mesmo poder social que a criança. São
relações igualitárias. São interacções recíprocas. Aprendizagem de aptidões sociais como a
cooperação e a competição. Ex.: outras crianças. Depende de criança para criança, há umas que se
desenvolvem mais em ambientes de competição e outras em ambientes de cooperação.
Estatuto sociométrico
•Popularidade entre os companheiros.
•Implicações no bem-‐estar do indivíduo.
•Implicações no ajustamento futuro e na saúde mental.
Grupos de estatutos sociométricos
Populares
• Positivas, bem dispostas
• Fisicamente atraentes
• Intensa interacção diádica
• Níveis elevados de jogo cooperativo
• Vontade de partilhar
• Capazes de manter uma interacção
• Consideradas boas dirigentes
• Pouco agressivas
São crianças socialmente competentes e com melhor desenvolvimento.
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Rejeitadas
• Comportamento muito destrutivo
• Conflituosas e anti-‐sociais
• Extremamente activas
• Faladoras
• Tentativas frequentes de aproximação social
• Jogo pouco cooperativo, sem vontade de partilhar
• Muita actividade solitária (não por vontade própria mas porque o grupo não as quer)
• Comportamento inadequado
Crianças rejeitadas gostam de se impor aos outros, gostavam de ser líderes, de serem populares.
Negligenciadas
• Tímidas
• Raramente agressivas; retraídas perante a agressão de outras
• Comportamento ligeiramente anti-‐social
• Não afirmativas (oposto das rejeitadas que constantemente se tentam afirmar)
• Muita actividade solitária (isolam-‐se porque querem, evitam o mais possível estar c os
outros)
• Evitam a interacção diádica, mais tempo em grupos maiores
Estas crianças têm uma maior probabilidade que as rejeitadas de, mudando de grupo, conseguirem
integrar-‐se.
Controversas
Despertam no grupo sentimentos contraditórios de estima e de indesejabilidade. Apresentam
características das crianças populares e das crianças rejeitadas.
Amizade
(não há necessariamente reciprocidade) Ser popular ≠ ter amigos (tem que haver reciprocidade)
As amizades permitem:
• Aquisição de aptidões sociais básicas
• Auto e heteroconhecimento
• Apoio emocional
• Precursoras de relacionamentos subsequentes
Há amizades que não são positivas, não desenvolvem a autonomia de um dos sujeitos.
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Desenvolvimento da amizade
• 3 – 9 anos: Companheiros com quem as crianças podem partilhar algumas actividades ou de
quem estão próximas. Amizades muito dependentes dos contextos. Ainda não há
descentralização.
• 9 – 12 anos: Partilha de valores (conceito abstracto que já começa a ter alguma força) e
gostos. Prazer na companhia recíproca. Relações assumem uma maior estabilidade.
• Mais de 12 anos: Intimidade: partilha de segredos e sentimentos e apoio nos problemas
psicológicos. Ideia de exclusividade pela construção de identidade.
Consequências da ausência de amizades
• Problemas emocionais
• Menos altruístas
• Menos aptidões sociais
• Menos sociáveis
• Menor adaptação escolar
• Menos progressos educacionais
Interacções entre Pares
• Positivas – comportamento pró-‐social
o Cooperação
o Altruísmo (atitude no sentido de ajudar o outro a ultrapassar esse momento)
o Empatia (ser capaz de me colocar no lugar do outro e compreendê-‐lo. Descodificar
as suas emoções)
o Empatia e altruísmo -‐ Agir de modo a favorecer uma outra pessoa sem óbvios
benefícios próprios. Implica uma partilha das emoções com essa outra pessoa, de
modo a compreender as suas necessidades. Pode manifestar-‐se desde o início do
segundo ano de vida.
o altruísmo pressupõe empatia, mas a empatia não pressupõe altruísmo
• Negativas – comportamento anti-‐social
o Competição, conflito, rivalidade, agressão