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Apontamentos de pastos e foragens.Conceitos, Ecologia de pastagem, silagem, fenagem
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INTRODUO DISCIPLINA.
1. Breve historial da disciplina de pastos e forragens
O momento exacto em que a disciplina de pastagens teve incio desconhecido, porm, grande
interesse sobre as influncias do gado em pastoreio, a sade e produtividade das pastagens data dos anos
1890 nos Estados Unidos da Amrica. Pessoas como Smith (1895) em Texas, Colville (1898) em Oregon,
Nelson (1898) em Wyoming e Kennedy e Doten (1901) foram os primeiros a definir os problemas do
pastoreio descontrolado em pastagens. Smith em 1898 forneceu uma descrio de pastagens destrudas por
pastoreio descontrolado que pode ser resumido em:
Reduo da capacidade de pastoreio;
Substituio de forrageiras desejveis por plantas no palatveis;
Compactao do solo pelo pisoteio do gado;
Reduo da absoro da gua de chuva pelo solo;
Elevadas perdas de solo durante perodos de chuvas torrenciais.
Pode-se afirmar que a disciplina de pastagens teve o seu incio na altura em que se tomou conscincia
do uso descontrolado das pastagens devido ao pastoreio excessivo (tragdia dos comuns). Prova disso, so
os primeiros estudos sobre pastagens ou maneio de pastagens que tiveram incio em 1890 nos Estados
Unidos. Relatos de problemas de pastoreio e estudos cientficos nas pastagens de outras partes do mundo
antes de 1900 so escassos, portanto, os Estados Unidos aparecem como sendo os pioneiros da disciplina
de pastagens.
Porm, importante reconhecer que as Tribos pastorais em frica e sia apascentavam o seu gado em
pastagens h milhares de anos. Antes da interferncia dos Europeus nos meados do sculo XIX, o sistema
era mantido, em que os animais e forrageiras estavam em equilbrio. Em algumas reas usava-se rotao de
pastoreio similar a alguns sistemas sofisticados que so aplicados nos Estados Unidos actualmente.
Embora os Americanos tenham desenvolvido esta cincia, muitas das prticas modernas usadas no maneio
de pastagens nos Estados unidos foram aplicadas durante sculos em outras partes do mundo. A evoluo
desta disciplina seguiu a tendncia dos avanos nas reas de maneio de pastagem e de pastoreio.
Inserir o historial de Moambique
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Na histria das pastagens em Moambique, h que distinguir trs perodos: o pr-colonial, o
colonial e o ps-colonial
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2. Introduo disciplina
2.1 Conceito de pastagem natural Uma pastagem natural, conhecida como range (Amrica do Norte e Austrlia) ou veld (frica do Sul) pode ser
definida como:
a) Uma mquina de grande longevidade (quando submetida a um bom maneio), capaz de fornecer
carne e leite sem se degradar (Descoings, 1971).
b) Uma poro de terra no cultivada capaz de satisfazer as necessidades alimentares dos animais,
quer domsticos quer selvagens (grazing/grazers e browsing/browsers).
Uma pastagem cultivada distingue-se de uma pastagem natural pelo facto de na cultivada as espcies
nativas terem sido substitudas por espcies cultivadas, s quais so aplicados insumos agronmicos, tais
como, rega e fertilizao.
2.2 Relao com outras disciplinas Ecologia Solos
Botnica Economia
Fisiologia Vegetal Sociologia
Florestas Nutrio Animal
Hidrologia Fauna Bravia
Climatologia Outras
2.3 Importncia das pastagens:
Constituem um recurso renovvel;
Fornecem ao homem produtos de origem vegetal (pastos, madeira) e de origem animal (carne, leite,
peles, l, etc.). As pastagens naturais tm a particularidade de proporcionarem estes produtos a um
custo mais baixo, quando comparados com as pastagens cultivadas;
Rotao de culturas (exemplo capim Rhodes/Tabaco, no Zimbabwe): neste sistema o capim
Rhodes para alm de ser uma forrageira aceitvel, usado para reduzir a infestao com
nemtodos, beneficiando a cultura de tabaco.
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Reciclagem de nutrientes, melhorando a fertilidade do solo: neste caso pode se apontar as
leguminosas que so muito valiosas como fixadoras do azoto.
Proteco do solo (exemplo, gramneas de poca fresca em Alabama, gramneas tropicais); Em
Alabama e Gergia (Estados Unidos da Amrica) em sistemas de produo de amendoim a
colheita mecanizada. Este processo deixa o solo desnudado, o que levaria a problemas srios de
eroso. Assim, os agricultores semeiam forrageiras do Inverno como o caso do azevm (Lolium
multiflorum), garantindo, assim, a cobertura do solo e a alimentao animal. Tambm a cobertura do
solo melhora a infiltrao da gua por minimizar o run off.
Proporciona espao recreativo e conferem beleza paisagem e proporcionam habitat para a fauna
bravia; alguns pastos so estabelecidos para promover a reproduo de certas espcies faunsticas
bravias, proporcionando o eco-turismo e a caa recreativa.
Manuteno da qualidade da gua: onde se pratica agricultura a beira dos rios e com recurso a
produtos qumicos (adubos e pesticidas) a conteno do run off evita que produtos qumicos
atinjam os rios. Por outro lado, algumas espcies forrageiras que consomem altas quantidades de
nitrognio evitam que este atinja o lenol fretico, protegendo-o, assim, da contaminao com
nitratos.
Contribuem para a preservao de diversidade biolgica pelas espcies vegetais e animais que
coabitam no ecossistema.
Contribuem para atenuar o efeito de estufa: ao realizarem a fotossntese as plantas encontradas em
pastagens sequestram o carbono atmosfrico, atravs da fixao do CO2. O CO2 faz parte dos
chamados gases de estufa que so responsveis pelo aquecimento global do planeta.
3. Bases da nutrio animal A alimentao uma das actividades mais importantes para qualquer organismo vivo. Pela
alimentao os seres vivos adquirem nutrientes necessrios ao seu funcionamento e reproduo. Esses
nutrientes devem ser achados em nveis adequados e nas propores certas para apoiar as diversas
actividades dos animais.
As exigncias nutricionais (protena, energia, vitaminas e minerais) dos ruminantes variam muito
em funo de vrios factores, tais como: raa, classe animal e estado fisiolgico dos animais. A gestao,
principalmente no seu tero final, e a lactao levam a um aumento considervel nos requerimentos
nutricionais do animal.
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Os herbvoros tm dois tipos bsicos de sistemas digestivos, o sistema digestivo dos ruminantes e o
sistema digestivo cecal ou dos no ruminantes (monogstricos). Cada sistema habilita o animal a digerir a
fibra das plantas, atravs da fermentao microbiana. O processo de formao similar nos dois sistemas,
mas a anatomia dos respectivos sistemas substancialmente diferente.
4 ECOLOGIA DE PASTAGENS NATURAIS A ecologia pode ser definida como a parte da biologia que procura explicar as relaes mtuas entre os
organismos e entre os organismos e o seu ambiente. Uma vez que as plantas (forrageiras) e os animais
(herbvoros) so organismos biolgicos, suas interrelaes na natureza so ecolgicas.
4.1 A pastagem entendida como um ecossistema pastoril A produo animal a partir do uso de pastagens implica interferncia do homem no sentido de
utilizar conhecimentos que permitam: a) garantir a perenidade do ecossistema existente; b) assegurar um
compromisso entre a oferta de quantidade e qualidade de forragem compatvel com a produo animal
pretendida e permitida pelo meio; c) simplificar e reduzir os custos ou aumentar a margem econmica
lquida, objectivo fundamental para o produtor.
Qualquer pastagem, natural ou cultivada deve ser entendida como um ecossistema, cuja estrutura
formada por componentes biticos, representados pelas plantas, animais e outros seres vivos como o
Homem, e componentes abiticos como o solo (textura, estrutura, fertilidade, etc.), clima (precipitao,
radiao solar, temperatura e vento) e topografia (aspecto, grau de declive e altitude). Os factores abiticos
definem o tipo de vegetao e a sua produtividade numa determinada zona, enquanto que os factores
biticos determinam o "estado de sade" da pastagem.
Do equilbrio destes componentes depende a sustentabilidade do ecossistema (pastagem).
fundamental que se considere que alguns destes factores so passveis de controlo (intensidade de desfolha,
disponibilidade de nutrientes, gua, etc.) enquanto que outros, ao menos at ao momento, so
incontrolveis, ou seja, no podem ser modificados pela aco do homem (radiao solar, temperatura,
precipitao). O conhecimento dos efeitos destes factores no controlveis sobre o crescimento das
plantas pr-requisito essencial ao desenvolvimento de qualquer estratgia de produo animal baseada
em pastagens.
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Numa outra perspectiva, o ecossistema pode tambm ser afectado tanto por factores alognicos que so
influncia externa como nutrientes trazidos atravs de fertilizantes, animais, aluvies, nutrientes retirados
de culturas, animais e eroso, cultivo, fogo, pastoreio ou derrube da vegetao, e factores alognicos, os
de influncia interna como climticos (temperatura, luz, pluviosidade e vento), edficos (profundidade do
solo, composio qumica, textura, estrutura, capacidade de reteno de gua) e fisiogrficos (natureza do
estado geolgico, caractersticas topogrficas).
Nos ltimos anos tem se acumulado muito conhecimento no domnio do aquecimento global do
planeta e das mudanas climticas. Assim, o clima j no deve mais ser entendido como fixo. Essa nova
conscincia poder mudar o entendimento que se tem sobre a interaco entre factores biticos e abiticos.
Estes factores no actuam independentemente: qualquer que seja o tipo de pastagem, ela determinada pela influncia relativa
e pela interaco dos factores (biticos e abiticos) prevalecentes.
4.1.1 Funcionamento do ecossistema das pastagens
Em termos ecolgicos o funcionamento de um ecossistema resume-se a duas dimenses: proporcionar
o fluxo de energia e a reciclagem de nutrientes. O funcionamento do ecossistema pastagem pode ser
visualizado principalmente atravs de dois princpios bsicos determinantes dos diferentes nveis trficos
de produtividade e devem ser bem entendidos para que possam ser adequadamente manejados pelo
homem: estes princpios podem ser resumidos em:
1. O funcionamento do sistema depende fundamentalmente de um fluxo de energia cuja entrada no
sistema depende da disponibilidade de radiao solar;
2. A captura da energia incidente depende da superfcie de captao (folhas), cujo tamanho e cuja
eficincia de transformao da energia solar em energia qumica depende da disponibilidade de
nutrientes assegurada pela absoro (razes) e reciclagem de nutrientes no sistema.
4.1.1.1 O fluxo de energia
O fluxo de energia dentro de um sistema de pastagem compreende a captura inicial de energia
solar pela vegetao, que a converte em energia qumica pela fotossntese. Aps a utilizao da energia
pelas plantas, ela flui por um grande nmero de vias ou nveis trficos dentro do ecossistema (figura 5).
Porm, a quantidade de energia obtida em cada nvel trfico determinada pela produo primria e pela
eficincia com que a energia do alimento convertida.
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Quanto mais curta for a cadeia, menos energia se perde na converso alimentar entre o produtor
primrio e o consumidor final; a diminuio de energia em cada nvel trfico de utilizao determina uma
pirmide de energia. Para haver estabilidade ambiental, o peso total por unidade de rea dos
consumidores e dos decompositores no deve exceder o peso total dos produtores primrios (capacidade
de carga). Para que haja uma produo biolgica mxima deve haver uma absoro mxima de energia ao
nvel dos produtores primrios (cobertura vegetal). Quanto maior for a diversidade dos produtores
primrios, melhor a capacidade de captar a energia em condies variveis e a suportar alteraes violentas
por fogo, seca, inundaes, etc. (maior estabilidade). Um ecossistema com populaes de indivduos
sos e vigorosos est em condies de assegurar a sua sobrevivncia e a continuidade das espcies.
Para aumentar a eficincia de fluxo de energia a partir do sol e passando pelos diferentes nveis
trficos, h uma srie de intervenes que o Homem pode fazer, como:
- Melhorar a captao da energia solar atravs de aces que assegurem uma boa cobertura do solo,
como observncia da carga animal, durao do pastoreio e aces de reforo da pastagem, controle
arbustivo, etc.
-Melhorar a digestibilidade das plantas atravs da observncia do estado de maturao das plantas e
aplicao do pastoreio em altura apropriada e suplementao nutricional dos animais de forma a assegurar
uma dieta equilibrada e minimizar perdas metablicas
4.1.1.2 O ciclo de nutrientes
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Os nutrientes apresentam vrias funes que so essenciais ao crescimento normal de plantas e
animais. Esses nutrientes permanecem no sistema solo-planta-animal e so reciclados ou so perdidos
pelos vrios caminhos que compem este sistema. Os nutrientes que so perdidos ou exportados de um
compartimento, continuam a reciclar dentro do sistema global e podem at mesmo retornar para o sistema
de onde ele foi perdido. Os nutrientes essenciais como Carbono, Oxignio, Hidrognio, Nitrognio,
Fsforo e Potssio integram os processos bioqumicos e as vias metablicas dos organismos vivos que
influenciam directamente a captura e o fluxo de energia num ecossistema.
As principais fontes de nutrientes dentro de um ecossistema de pastagem so: o material de origem
do solo, o retorno das excrees animais, fertilizantes e correctivos e a precipitao atmosfrica. As
principais vias de sada ou perda de nutrientes de um ecossistema de pastagem so a volatilizao,
lixiviao e eroso, remoo na forma de forragem (colheita) ou remoo com produtos animais (carne,
leite, l , etc.). As pastagens so ecossistemas complexos constantemente modificados pelas actividades do
Homem e utilizao pelos animais, onde simultneas interaces ocorrem entre os compartimentos que
integram o sistema. A taxa de transferncia entre uma etapa e outra varia com a espcie de planta utilizada,
suas necessidades nutricionais, caractersticas do solo e com outros inmeros elementos que compem o
ecossistema como um todo.
A utilizao de modelos vem sendo utilizada desde os anos 70, at os dias de hoje, tentando
descrever como ocorre a reciclagem dos nutrientes nas pastagens, identificando onde esto os pontos
crticos do sistema. Heitschmidt & Stuth (1991) descreveram um modelo (Figura 6) tentando explicar
como os nutrientes dentro desse sistema podem reciclar entre os vrios compartimentos, ou seja, do solo
para a planta, para o animal, e para a atmosfera e novamente voltar para o solo. A reciclagem dos
nutrientes dentro desse sistema considerada policclica ou seja um determinado nutriente pode reciclar
dentro de cada um dos compartimentos, antes de ser transferido para outro compartimento.
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A disponibilidade de nutrientes constitui o factor universalmente mais limitante no ecossistema de pastagens (naturais ou
cultivadas) e a maximizao do ciclo de nutrientes resulta na maior eficincia produtiva e sustentabilidade do sistema.
4.2. Sucesso e clmax
4.2.1 Sucesso
Sucesso vegetal o desenvolvimento progressivo da vegetao segundo um padro caracterstico em
que podem ser reconhecidos estgios diferentes, at que uma comunidade final seja alcanada. Esta
comunidade final chamada clmax. H dois tipos de sucesso: primria e secundria.
4.2.1.1 Sucesso primria
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O processo de sucesso primria caracterizado pela substituio sucessiva de uma comunidade de
plantas por outra, ocorrendo tambm o aumento da biomassa e complexidade do ecossistema, at que se
atinja o estgio de clmax.
A sucesso primria iniciada em reas desprovidas de vegetao como superfcie de rochas.
Nestes locais as temperaturas e a humidade disponvel flutuam amplamente. As nicas plantas capazes de
colonizar habitats to severos so aquelas que esto adaptadas para sobreviver em condies extremas,
como os lquenes. Estas comunidades constroem, lentamente, pequenas quantidades de solo e, com a
sombra que estas fazem, conduz a uma lenta modificao do ambiente. Este processo conhecido como
reaco bitica - o processo pelo qual a aco de plantas no seu ambiente melhora o habitat e que pode
levar a sua sucesso.
Figura7: Estgios da sucesso primria
4.2.1.2 Sucesso secundria
Sucesses secundrias so aquelas que ocorrem aps algum tipo de perturbao, tais como fogo ou
pastoreio severo. Exemplos de sucesso secundria ocorrem em terras cultivadas abandonadas, queimadas,
derrube, calamidades naturais que perturbam o desenvolvimento da vegetao ou a manuteno do estado
clmax.
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Figura 8: Estgios da sucesso secundria
Este tipo de sucesso apresenta caractersticas distintas da sucesso primria como o facto de
apresentar uma menor diversidade florstica (devido aos elementos de perturbao), uma produtividade
inferior da comunidade clmax e no possuem a mesma eficincia na reciclagem de nutrientes que uma
sucesso primria com igual desenvolvimento. A sucesso secundria, geralmente ocorre muito mais
rpido que a sucesso primria e de uma forma mais previsvel. A variabilidade na sucesso secundria
reduzida medida que o clmax se aproxima.
O maneio de pastagens lida mais frequentemente com a sucesso secundria e raramente com a sucesso primria e a sucesso
secundria, geralmente ocorre muito mais rpido que a sucesso primria e de uma forma muito mais previsvel.
A sucesso pode tambm ser categorizada por progressiva ou regressiva, consoante o sentido de
evoluo da vegetao, resultante da influncia de factores alognicos ou alognicos. Essa categorizao
implica atribuir uma direco ao processo de mudana da vegetao; um ponto inicial e final que podem
ser dificilmente discernveis. O termo "sucesso" ou "desenvolvimento da comunidade" usualmente
designa sucesso progressiva. Progresso uma srie de estgios ou um continuum a partir de uma
comunidade inicial pioneira at uma comunidade bem desenvolvida, talvez estvel. Retrogresso o
inverso de progresso; a direco no sentido de estgios mais simples, iniciais, com poucas espcies e
baixa produtividade.
Embora tradicionalmente se tenha sempre atribudo responsabilidade exclusiva pela sucesso
regressiva aos factores alognicos, h alguns casos de sus sesso regressiva devida a factores alognicos,
como, por exemplo, a acumulao excessiva de manta morta nalgumas comunidades vegetais.
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Sucesso progressiva Influncia de factores alognicos e alognicos Influncia de factores alognicos Sucesso regressiva Incio interrupo Clmax
4.2.2 clmax
A natureza tende a equilibrar cada factor (bitico e abitico), do grande complexo chamado
ecossistema, constituindo-se o que se denomina de balano ou equilbrio da natureza. O princpio da ecologia
assume que qualquer comunidade seja de animais ou vegetais, est sempre em estado de mudana, com
uma tendncia a atingir um ponto de equilbrio entre estes factores. Em termos ecolgicos, este equilbrio
denominado clmax. Portanto, o clmax o estgio final da sucesso. Porm, o desenvolvimento normal
da vegetao passa por diferentes estgios at atingir a estabilidade (clmax), que so:
0. Terra desnudada
1. Migrao de propgulos
2. Ecesis: germinao de propgulos
3. Agregao de indivduos
4. Competio entre plantas
5. Reaco bitica
6. Estabilizao
4.2.2.1 Factores que determinam o clmax da vegetao
O clmax controlado, principalmente, pelo microclima. A este tipo de clmax denomina-se
Clmax Climtico. Mas tambm pode ser determinado por factores biticos, denominando-se Clmax
Bitico ou edficos designando-se por Clmax Edfico, onde as caractersticas do solo podem ter
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influncia sobre o tipo de vegetao em desenvolvimento. Dependente do clmax resultam diferentes tipos
de graminais.
Tipos gerais de graminais
1. Graminais hmidos (sub-climax) Clmax bitico
So considerados subclmax por nas regies hmidas haver condies para se atingir um clmax mais
evoludo (floresta) se o factor bitico que trava a progresso estiver ausente.
2. Graminais ridos (clmax) Clmax climtico
Contrariamente aos anteriores, estes graminais so tidos como vegetao clmax e no subclmax
porque constituem o estado de vegetao mais evoludo, por no haver condies de progresso para
estados sucessionais mais evoludos.
Gramneas anuais gramneas perenes gramneas perenes (pioneiras: Aristida, (pioneiras: Eragrostis, (subclmax/clmax: Cynodon, Setaria) Sporobolus, Aristida) Themeda, Heteropogon, Hyparrhenia) Xerfitas Mesfitas (regies ridas1200mm) Figura .... Ilustrao da mudana na ocorrncia das espcies vegetais consoante o ambiente
ecolgico prevalecente. As espcies pioneiras so mais adaptadas a condies adversas,
comparadas com as clmax.
Tabela 1: Comparao entre as espcies pioneiras e as espcies clmax
Pioneiras Clmax
Alta capacidade reprodutiva Grande parte da energia investida mais no
crescimento do que na reproduo
Produzem sementes pequenas e em Produzem sementes grandes e em pequena
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grande quantidade quantidade
Sementes de alta longevidade Sementes de longevidade varivel
Os mecanismos de dormncia
permitem a germinao em pocas
favorveis
Os mecanismos de dormncia no so
muito bem desenvolvidos
So geralmente anuais (ciclo de vida
curto)
So predominantemente perenes (ciclo de
vida longo)
Possuem pequeno porte Possuem porte varivel
Apresentam um crescimento rpido Apresentam um crescimento muito lento
Apresentam fisiologia plstica So altamente especializadas
4.2.2.2 Caractersticas das comunidades clmax:
1. So estveis
2. Autoperpetuam-se
3. So extremamente diversas quer em termos de espcies quer em formas de vida
4. So muito produtivas
5. Apresentam um ciclo de nutrientes relativamente rpido
6. Sem interferncia do homem, esto em equilbrio com a fauna bravia e apesar das flutuaes, mantm-
se relativamente inalteradas indefinidamente. Contudo, h que atender a questo das mudanas
climticas que j uma realidade no planeta.
5. Competio e reaco bitica A Competio uma caracterstica comum a todas as comunidades vegetais (e animais) com
impacto na composio e condio das mesmas. uma consequncia inevitvel do aumento de densidade
das comunidades vegetais. Esta ocorre quando dois ou mais indivduos fazem grandes exigncias em
relao a qualquer factor de crescimento e, assim sendo, recebem uma quantidade insuficiente de recursos,
os quais se tornam limitantes perante as exigncias dos indivduos, no satisfazendo as suas necessidades.
5.1 Princpios que regulam as relaes das espcies com o ambiente fsico:
Cada espcie possui um certo nmero de exigncias em relao aos factores ambientais;
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Cada espcie possui uma amplitude ecolgica, isto ., uma potencialidade caracterstica de
crescimento dentro de uma variao limitada de condies ambientais;
Cada espcie tem uma capacidade caracterstica de utilizao dos recursos do ambiente onde esta
ocorre.
A reaco bitica (efeito da comunidade de plantas em seu ambiente) e a competio entre plantas,
interagem entre si promovendo o desenvolvimento subsequente da comunidade de plantas. Para tal,
importante entender melhor os limites de tolerncia da planta para diferentes nveis de disponibilidade de
vrios factores para os quais normalmente esto expostas. A reproduo e crescimento das plantas podem
ser limitados por um nvel muito elevado de disponibilidade, assim como por nvel muito baixo de
disponibilidade de um factor particular. Esta ideia ilustrada atravs da Lei de Tolerncia de Shelford
que diz que h uma amplitude de disponibilidade de qualquer factor no ambiente dentro da qual a planta
capaz de sobreviver. Tambm h um nvel ptimo de disponibilidade no qual a taxa de crescimento da
planta ser mxima, e no qual a planta ser, ento, mais agressiva.
6. Tipos de formaes vegetais
a) Segundo o teor de humidade do solo as formaes vegetais classificam-se em xerofticas, mesofticas e
higrofticas;
b) Segundo a dominncia dos componentes classificam-se em lenhosas (floresta densa), herbceas
(graminal puro) e mistas (savanas);
c) Segundo a queda (ou no) das folhas podem ser pereniflias (se dominadas por espcies que retm a
folhagem ao longo do ano), decduas (se as espcies dominantes perdem folhas nalgum perodo do
ano) e mistas (quando no h equilbrio entre as espcies que perdem folhagem e as que a retm);
d) Segundo a localizao podem ser formao de montanha (se ocorre em altitude que varia de 1200 a
1500m), formaes mesoplanticas (as que ocorrem em altitude que varia de 500 a 1200m), formaes
das terras baixas (as que ocorrem em altitude inferior a 500m), formaes do litoral (ao longo do
litoral), formaes ribeirinhas (ao longo de rios), formaes pantanosas (em pntanos), formaes
aquticas (na gua) e formaes de inundao (em zonas sujeitas inundao).
Exemplos de formaes vegetais:
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a) Florestas
Formaes de altitude: floresta de montanha (geralmente densa), pradaria de montanha e estepe
herbcea.
Formaes cerradas: Floresta densa (mais ou menos penetrvel), bosques ou matagais (pouco
penetrvel) e brenhas (impenetrveis)
Formaes edficas: Mangal, floresta de inundao (Floresta do Bobole Raphia australis), floresta
periodicamente inundada
b) Savanas ecossistemas tropicais ou subtropicais, caracterizadas por um estrato herbceo contnuo,
constitudo predominantemente por gramneas C4 helifilas e tambm por ciperceas e por outro estrato
dominado por rvores e arbustos de densidade varivel e que apresenta uma clara sazonalidade relacionada
com a disponibilidade de gua.
Tabela 2: Tipos de savana:
Segundo Menault (1985) as savanas podem ser classificadas consoante a zona bioclimtica em que ocorrem,
sendo esta definida com base na pluviosidade anual mdia:
Zona bioclimtica Pluviosidade anual mdia
(mm)
Tipo de savana
Hmida > 1200 Humida
Msica 300 1200 Msica
rida < 500 rida
c) Graminais: So formaes vegetais dominadas por herbceas, maioritariamente gramneas. So
as formaes vegetais de maior interesse para pastoreio.
Tipos de pasto
Pasto: Unidade de vegetao cuja variao to pequena que permite que esse todo tenha as mesmas
potencialidades de desenvolvimento. Cientistas Sul-Africanos desenvolveram um sistema simples de
classificao de pastos, consoante a capacidade relativa de se manterem palatveis ao longo do ano. Deve
se entender este sistema como indicativo, uma vez que todas as plantas perdem a palatabilidade medida
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que forem crescendo. Porm, umas perdem-na com mais ou menos rapidez. Assim, classificam-se em
pastos amargos, doces e mistos.
Pastos amargos tambm conhecidos por highveld ou sourveld, na frica do Sul:
ocorrem geralmente a altitudes elevadas, com mais de 1000m de altitude, e com um clima mais
fresco
aparecem em zonas com queda pluviomtrica anual elevada, oscilando entre 1000 e 1500mm,
sendo o crescimento das plantas regular e vigoroso;
graminal consiste principalmente de plantas amargas que s so palatveis durante a poca de
crescimento, tornando-se grosseiras e pouco palatveis no fim da poca das chuvas at nova
rebentao
possuem poucos arbustos comestveis
a cobertura graminosa , de uma maneira geral, densa quando no prejudicada pela presena da
mata muito fechada
podem ser pastadas intensivamente
corre o risco da invaso arbustiva quando no utilizada ou quando sub utilizada
tm a possibilidade de ser ceifados, dependendo apenas das condies do terreno, mata e outros
acidentes
durante a estao seca o gado tem de ser mantido com fenos, silagens ou pastos cultivados, ou
ento, recorrem aos locais hmidos das baixas
em geral economicamente vivel a produo de pastagens cultivadas
Exemplos de espcies dominantes: Alloteropsis semialata, Andropogon filifolius, Aristida junciformis, Digitaria
diagonalis, D. monodactyla, Elyonurus argenteus, Eragrostis capensis, Heteropogon contortus, Panicum natalense, Themeda
triandra, Tristachya hispida
Pastos doces tambm conhecidos por lowveldou sweetveld, na frica do Sul:
ocorrem geralmente a altitudes baixas, de queda pluviomtrica baixa (< 750mm por ano) e
irregular, o que torna o crescimento das plantas errtico;
a cobertura graminosa mantm-se palatvel e nutritiva durante todo o ano
so ricos em arbustos comestveis valiosos
tm uma cobertura graminosa escassa de onde a baixa capacidade de carga
durante a estao de crescimento ressentem-se da apascentao contnua
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tm tendncia para o desenvolvimento excessivo de arbustos espinhosos, em detrimento do
pasto, quando mal utilizados
a pouca abundncia de gramneas, por um lado e a abundncia de lenhosas por outro, tornam
difcil o corte de feno
as condies climticas conduzem a m apascentao no comeo da estao das chuvas
(irregularidade de rebentao e de crescimento, sendo o pasto seco estragado pelas primeiras
chuvas)
a rotao de pascigo deve considerar um parque em pousio, durante a estao de crescimento,
que constitui uma reserva contra a seca
Exemplos de espcies dominantes: Anthephora pubescens, Cenchrus ciliaris, Chloris gayana, Digitaria decumbens,
D. eriantha, Eragrostis superba, Heteropogon contortus, Panicum maximum, Setaria sphacelata, Sporobolus fimbriatus,
Themeda triandra, Urochloa mossambicencis
Pastos mistos tambm conhecidos por middleveld ou mixedveld na frica do Sul:
ocorrem geralmente a altitudes mdias
aparecem em zonas cuja queda pluviomtrica oscila entre os 450 e 1100mm por ano
possuem sempre uma quantidade de pastagem palatvel durante todo o ano
so moderadamente ricos em arbustos comestveis nutricionalmente valiosos
a cobertura graminosa maior que a dos pastos doces e menor do que a dos pastos amargos
durante a estao de crescimento ressentem-se da apascentao contnua
resistem mais ao pastoreio que os pastos doces e menos que os pastos amargos
alguns tipos esto sujeitos invaso arbustiva
nalguns tipos possvel ceifar o pasto, mas noutros o mato demasiado denso
comeo da estao das chuvas o perodo mais difcil, mas menos que nos pastos doces. Durante
a estao seca, a necessidade de suplementao no to vincada como nos pastos amargos
Nalgumas zonas, onde as chuvas forem mais abundantes, podem ser produzidos pastos cultivados
Exemplos de espcies dominantes: Brachiaria serrata, Chloris gayana, Digitaria monodactyla, Eragrostis capensis,
Heteropogon contortus, Hyparrhenia buchananii, H. filipendula, H. hirta, Setaria flabellata, Themeda triandra, Tristachya
hispida
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INVENTRIO E CONTROLO DE PASTAGENS NATURAIS
O inventrio e controlo de pastagens naturais afiguram-se importantes para o uso sustentvel deste recurso natural. Porqu e para qu estudar a vegetao, ento?
A reposta a esta pergunta reside no seguinte:
reconhecimento e definio de diferentes tipos e comunidades vegetais;
mapeamento de diferentes tipos e comunidades vegetais;
estudo de relaes entre distribuio de espcies vegetais e controlo ambiental;
estudo da vegetao como habitat para animais, aves e insectos;
tomada de decises visando conservao biolgica e maneio;
monitoramento de prticas de maneio;
fornecimento de bases para prever possveis mudanas.
2. Fases de estudo das pastagens: o estudo de pastagens pode compreender vrias fases, mas no conjunto resumem-se s seguintes: 1. Fase Analtica: compreende o inventrio detalhado da vegetao
2. Fase Sinttica: descreve os tipos de pastagens (estrutura, composio especfica) e a sua cartografia. A
estrutura compreende a estratificao (arranjo vertical) e cartografia (distribuio horizontal) da
vegetao.
3. Dinamismo: nesta fase interessa registar o estado de sade da pastagem (condio) e a sua
tendncia (sentido da mudana a partir duma condio registada num determinado momento)
4. Produtividade: nesta fase avalia-se o que a pastagem pode produzir quando sujeita a uma certa
intensidade de uso. E neste processo interessa controlar a carga animal, que aliada ao tempo de
permanncia dos animais na pastagem define o que conhecido como intensidade de pastoreio.
3. Amostragem No sendo possvel estudar todos os indivduos que ocorrem numa comunidade vegetal, o
estudo de pastagens apoia-se em amostras que so um subconjunto de indivduos extrados da populao
seguindo regras estatisticamente vlidas. Portanto, amostragem um meio pelo qual podem ser obtidas
amostras e delas feitas observaes que permitam tirar concluses sobre uma comunidade vegetal. O
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objectivo da amostragem de obter o mximo de informao acerca das espcies que integram uma
comunidade, com um mnimo de esforo e custo. Portanto, uma amostra ideal deve ser suficientemente
pequena e representativa.
3.1 Etapas a considerar na amostragem da vegetao:
Segmentao da vegetao em subreas ou estaes;
Seleco de amostras nos segmentos reconhecidos;
Forma e tamanho das amostras;
Definio dos parmetros a medir.
Esta sequncia nem sempre seguida e depende de: (i) tipo de vegetao; (ii) objectivos do estudo; (iii) tempo disponvel e (iv)
experincia do investigador.
3.2 Requisitos de uma amostragem
deve ser suficientemente grande de modo a conter o mximo de espcies pertencentes
comunidade vegetal, mas suficientemente pequena para no ser cara;
deve representar um habitat uniforme em cada estao;
a cobertura vegetal no local de amostragem deve ser homognea (tanto quanto possvel), ou seja, a
rea no deve possuir clareiras, no deve ser dominada numa parte por uma espcie e na outra por
outra espcie.
Estes requisitos baseiam-se na premissa ecolgica de que os parmetros da vegetao ou os registos
estatsticos devem assegurar maior preciso na estimativa de parmetros.
3.3 Mtodos de amostragem
A vegetao pode ser avaliada quantitativa e qualitativamente por diversos procedimentos de
amostragem. A aplicao de um ou de outro depender de alguns factores tais como: tempo, recursos
disponveis, variaes fisionmicas e estruturais da vegetao, etc. Alm disto, necessrio conhecer os
procedimentos de amostragem, que possam ser mais aplicveis para a rea em estudo.
A tomada de amostras no campo pressupe uma orientao clara dos locais donde so tomadas as
amostras, para permitir que amostragens subsequentes para aces de monitoramento se possam fazer nos
mesmos pontos. Os locais de tomada de amostras podem ser dispostos em linhas imaginrias chamadas
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transectos ou em macroplots. Os transectos podem obedecer a uma disposio linear ou em
baseline.
3.3.1 Transecto linear: Neste mtodo de amostragem definida uma linha (transecto) e usadas
quadriculas (cada quadrcula indica o ponto em que se far a amostragem). A amostragem feita em nico
sentido e a escolha do ponto inicial aleatria. Esta tcnica serve para reas estreitas que so mais longas
do que largas. Um exemplo so zonas ribeirinhas.
3.3.2 Transectos em Baseline: uma linha estabelecida esticando uma fita mtrica de comprimento
desejado entre duas estacas. Para uma linha extremamente longa, podem ser usadas estacas intermedirias
para assegurar o alinhamento. A disposio dos transectos perpendicular linha central (baseline), para
poder captar a variao ao longo da largura e a orientao dos transectos determinada aleatoriamente.
Esta tcnica recomendada para reas que so muitos largas.
3.3.3.Macroplot (Macro talho): Toma-se a rea de estudo como um macrotalho e se estabelece
coordenadas. A direco mais longa coincide com o eixo das abcissas e a mais curta com o eixo das
ordenadas. Cada ponto onde se vai localizar a quadrcula determinado por coordenadas. Recomenda-se
para reas onde se assume que a distribuio da vegetao aleatria e as outras tcnicas no iriam
explorar o padro de distribuio.
rea crtica, rea-chave e espcie-chave:
reas crticas: as reas crticas so reas que merecem uma avaliao separada do resto da unidade de
maneio porque possuem valores especiais. reas crticas incluem bacias hidrogrficas, reas de reproduo
da fauna, reas de preocupao ambiental, etc.
reas - chave: as reas-chave so reas indicadoras que so capazes de reflectir o que est a acontecer
numa rea grande. Para isso tm que ser representativas de pasto, habitat de fauna bravia, rea de maneio
de uma manada, rea de uma bacia hidrogrfica, etc. Podem ser seleccionadas seguindo os seguintes
critrios:
devem ser representativas do estrato em que se encontram situadas;
devem ser situadas dentro de uma nica unidade ecolgica e comunidade vegetal;
devem conter as espcies - chave onde o conceito de espcies - chave for usado;
tm de ser capazes e provveis de responder s aces de maneio. Esta resposta deve ser indicativa
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da resposta que est a ocorrer no estrato
Espcies - chave: servem como indicadoras de mudana. Podem ou no ser espcies forrageiras. Pode-se
seleccionar mais do que uma espcie-chave e pode ser uma planta venenosa.
Localizao das reas de estudo: A seleco adequada das reas de estudo crtica para o sucesso de
um programa de monitoria. Erros na seleco podem resultar na colheita de dados irrelevantes e na
tomada de decises inapropriadas. Ao se seleccionar o local deve-se indicar os objectivos do maneio, o
critrio usado para seleccionar o local e tipo de comparaes e interpretaes a serem feitas. Algumas das
caractersticas e informao do local que podem ser consideradas na seleco do local so: solo, vegetao
(tipos e distribuio de plantas), locais ecolgicos, estgios serais, topografia, localizao de gua, vedaes,
e barreiras naturais, tamanho do pasto e/ ou classe de animais - gado, fauna bravia, hbitos dos animais,
incluindo alimentares, reas de concentrao de animais, localizao e tamanho das reas crticas,
condies de eroso, espcies em risco - plantas e / ou animais, perodos de uso pelos animais, histria de
pastoreio, localizao de suplementos, localizao de pegadas/caminhos de gado e fauna bravia
4. Atributos/parmetros da vegetao: Atributos da vegetao: so caractersticas quantitativas da vegetao que descrevem quantas e
que tipos de espcies de plantas esto presentes. Os mais comuns so frequncia, cobertura, densidade,
produo, estrutura e composio especfica.
4.1 Frequncia: Descreve a abundncia e distribuio de espcies e importante para detectar mudanas
numa comunidade vegetal ao longo do tempo. o nmero de vezes que uma espcie aparece num
determinado nmero de unidades de amostragem e expressa como percentagem.
Vantagens e desvantagens de uso da frequncia:
Frequncia sensvel ao tamanho e forma de quadrcula. Contudo, existem mtodos mais
adequados (ex.: passo de amostragem).
Para detectar uma mudana, a frequncia da espcie deve ser pelo menos 20 %, mas no mais do
que 80%.
Alta repetibilidade pode ser conseguida
Frequncia altamente sensvel s mudanas resultantes do estabelecimento de rebentos.
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Frequncia no capaz de determinar que atributos mudaram: cobertura da copa, densidade ou
padro de distribuio.
Uso apropriado de frequncia para monitoria da pastagem:
Se a principal razo para uso de frequncia mostrar que houve mudana na vegetao, ento em
muitos tipos de vegetao o mtodo de frequncia pode satisfazer, com evidncia estatstica, e a
um custo baixo.
Na disponibilidade de recursos a frequncia no deve ser a nica varivel a ser medida. Deve ser
combinada com dados de cobertura e outros dados que possam permitir entender melhor as
mudanas ocorridas.
4.2 Cobertura: uma caracterstica importante do ponto de vista de vegetao e hidrolgico. Tentou-se
usar uma cobertura de solo padro com vista estabilidade de bacias hidrogrficas, mas muito cedo se
notou que sensvel a foras edficas. geralmente expressa em percentagem.
Compreende vrios tipos:
Cobertura vegetal: cobertura total de vegetao num local.
Cobertura foliar: rea de terreno coberta pela projeco vertical de pores de plantas, excluindo
pequenas aberturas e sobreposies na copa.
Cobertura da copa: rea de terreno coberta pela projeco vertical do permetro mais exterior de
folhas, incluindo pequenas aberturas.
Cobertura basal: a rea da superfcie de terreno ocupada pela poro basal das plantas.
Cobertura de terreno: a cobertura de plantas, detritos, rochas e pedras num local.
Vantagens e limitaes:
Cobertura do terreno muito usada para medir a estabilidade de bacias hidrogrficas, mas no
permite comparaes entre locais.
Cobertura vegetal e foliar so sensveis a variaes climticas.
Sobreposio da cobertura da copa um problema em comunidades mistas quando se pretende medir
a composio especfica.
Para comparao da tendncia em comunidades herbceas a cobertura basal considerada muito
estvel contra variaes climticas ou pastoreio.
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4.3 Densidade: A densidade tem sido usada para descrever caractersticas das comunidades vegetais.
Contudo, comparaes s podem ser feitas com base em formas de vida similares. Esta a razo por que
densidade menos usada como medida por si quando se descreve comunidades vegetais. Por exemplo, a
importncia de uma certa espcie para uma comunidade diferente se houver 2500 plantas anuais/ha,
comparado com 2500 arbustos/ha. Na literatura antiga densidade e cobertura eram sinnimas. Densidade
basicamente o nmero de indivduos por unidade de rea.
Vantagens e limitaes:
Densidade muito til na monitoria de espcies em risco ou outras espcies com estatuto especial.
Densidade til quando se comparam formas de vida similares (anuais com anuais, arbusto com
arbusto) de mesmo tamanho. Para medies de tendncia, este parmetro usado para determinar
se o nmero de plantas de uma certa espcie est a aumentar ou diminuir.
O problema em usar a densidade ser capaz de identificar indivduos e comparar indivduos de
diferentes tamanhos. D bons resultados para arbustos.
4.4 Produo: Muitos acreditam que a produo relativa de diferentes espcies numa comunidade vegetal
a melhor medida do papel dessas espcies no ecossistema.
Vantagens e limitaes:
Biomassa e produo primria bruta: so raramente usadas em estudos de tendncia da pastagem,
porque no prtico medir os rgos subterrneos, bem como a parte animal.
Cultura em p e Pico de cultura em p so muito usados em estudos de tendncia. Pico de
produo geralmente medido no fim da estao de crescimento. Contudo, diferentes espcies
alcanam o pico de cultura em p em diferentes tempos, criando problemas em comunidades
mistas.
Flutuaes no clima e em influncias biticas podem alterar as estimativas. Estima-se que 25% da
produo mxima consumida por insectos ou pisoteada, mas poucos estudos de tendncia fazem
essa referncia.
Medir biomassa vegetal laborioso. Muitas vezes se tem feito estimativa a partir da cobertura e
frequncia.
4.5 Estrutura: A estrutura da vegetao examina como a vegetao est disposta num espao
tridimensional. A importncia da medio da estrutura avaliar o valor de uma comunidade vegetal em
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fornecer o habitat para espcies bravias associadas. A vegetao medida em camadas, em planos verticais.
As medies examinam a distribuio vertical tanto por estimar a cobertura de cada camada ou por medir
a altura da vegetao.
Vantagens e limitaes:
Dados de estrutura fornecem informao til sobre a transitabilidade e cobertura de abrigo, o que
importante para a fauna bravia.
H mtodos rpidos para colher dados
Mtodos que usam tcnicas de obstruo visual para medir a altura da vegetao so menos
enviesados (unbiased).
Estrutura no por si s til para avaliar a tendncia
4.6 Composio: mais um atributo calculado do que medido. a proporo de vrias espcies de
plantas em relao ao total de uma dada rea. Pode se exprimir como cobertura relativa, densidade relativa,
peso relativo, etc. Tem-se usado muito para descrever locais ecolgicos e avaliar a condio da pastagem.
Para calcular a densidade, o valor individual (peso, densidade, percentagem de cobertura) para uma espcie
ou para um grupo de espcies dividido pelo valor total da populao inteira.
Vantagens e limitaes:
Mtodos de quadrculas, de amostragem por ponto, e de ponto de passo podem ser usados para
calcular a composio.
A repetibilidade do clculo de composio depende do atributo colhido e do mtodo usado.
Sensibilidade mudana dependente do atributo usado para calcular a composio. Por exemplo,
se a biomassa vegetal for usada para calcular composio, os valores podem variar com condies
climticas e a poca de ocorrncia de eventos climticos (exemplo, precipitao). Pelo contrrio,
composio baseada na cobertura basal seria estvel.
A Composio permite comparar comunidades vegetais em vrios pontos, dentro dos mesmos
locais ecolgicos.
Mtodos de medio dos atributos da vegetao:
Existem vrios mtodos para medir os atributos da vegetao. Cada um dos mtodos mais
adequado para medir um determinado atributo, embora haja mtodos que na sua aplicao permitam
medir mais do que um atributo. A deciso sobre a medio de certos atributos usando mtodos no to
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adequados para o efeito depende da preciso que se pretende alcanar e do uso que se pretende fazer dos
dados.
A seguir so apresentados alguns mtodos:
Frequncia de passo, Frequncia de quadrcula, Nested frequency
Os trs mtodos consistem em observar as quadrculas ao longo de transecto, com as quadrculas
sistematicamente localizadas a um intervalo especfico. A nica diferena entre estas tcnicas o tamanho
e a forma dos quadros das quadrculas e a disposio do transecto. Avalia a frequncia, cobertura basal e
categorias gerais de cobertura, e reproduo de espcies-chave (se se colher dados de rebentos). D bons
resultados se for associada fotografia e com gramneas, forbs e arbustos.
4.7 Intercepo de linha: Consiste em medies horizontais lineares de intercepes de plantas ao longo
de uma linha. usado para gramneas, pseudo-gramneas, forbs, arbustos e rvores, fornecendo dados
sobre cobertura basal e foliar, e composio (por cobertura).
4.8 Classificao do peso seco: Este mtodo usado para determinar a composio especfica. Consiste
em observar vrias quadrculas e classificar as trs espcies que contribuem mais peso na quadrcula.
Recomenda-se que se complemente com fotografia. Aplica-se para graminais, pequenos arbustos ou
extracto inferior de arbustos altos e rvores. Infelizmente no fornece dados reais sobre a produo,
porque h casos em que ocorrem quadrculas vazias.
4.9 Colheita: Consiste em determinar a quantidade da produo vegetal area numa rea definida. Avalia o
pico da cultura em p e composio especfica por peso. usado para graminais e arbustos de desertos,
no sendo prtico para comunidades de arbustos grandes e rvores.
5. Avaliao da condio da pastagem 5.1 Condio da pastagem (Range condition, veld condition)
A condio da pastagem o estado de sade da pastagem tendo em conta aquilo que ela pode
produzir naturalmente (American Society of Range Management, 1964). Tal descrio s faz sentido se for
relacionada de alguma forma com um padro conhecido. Contudo, isto torna-se difcil porque a condio
da pastagem varia com as condies edficas e ambientais. Usa-se como referncia uma pastagem que
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produz ao nvel do seu potencial, na mesma zona ecolgica. A condio pode ser potencial e actual e
expressa em m, moderada, boa e excelente. A condio actual integra numa s medida as diversas
reaces da pastagem aos tratamentos que lhe so proporcionados.
5.2 Tendncia da pastagem (Range trend)
A tendncia da pastagem a direco das alteraes que ocorrem na pastagem e no solo;
expressa em melhor, estvel ou em deteriorao. Duas componentes so importantes: a taxa em que a
condio est a mudar e a direco da mudana. Em geral pode-se determinar a direco da mudana
atravs da idade dos rebentos. Quando abundam rebentos de espcies decrescentes pode-se assumir que a
pastagem est a melhorar, enquanto a abundncia de rebentos de espcies crescentes ou ausncia total de
rebentos sugere uma retrogresso. So essenciais avaliaes peridicas da condio e tendncia da
pastagem a fim de permitir a tomada de decises sobre as regras de maneio a aplicar.
Graminais clmax e graminais subclmax representam uma condio ideal.
5.3 Objectivos da avaliao da condio de uma pastagem
1. Conhecer a condio corrente
2. Controlar alteraes na condio
3. Determinar os efeitos das prticas de maneio em uso e quais as que devem ser alteradas
4. Avaliar a capacidade de carga corrente e recomendar o encabeamento
Escala de avaliao de uma pastagem segundo a percentagem de classes gramneas
Excelente 75 a 100%
Boa 50 a 75%
Razovel 25 a 50%
M < 25%
5.4 Alguns estgios na regresso da vegetao induzidas pelo pastoreio:
1. Perturbao fisiolgica das espcies clmax
2. Alteraes na composio da vegetao clmax
3. Invaso de novas espcies
4. Desaparecimento das plantas clmax
5. Decrescente densidade das invasoras
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5.5 Mtodos para a determinao da condio da pastagem
A avaliao da condio da pastagem pode se fazer com base em caractersticas agronmicas, isto ,
na sua capacidade de suportar a produo animal ou em caractersticas ecolgicas. Nos ltimos anos tem-
se considerado muito a avaliao ecolgica, porque h casos em que comunidades pioneiras so muito
produtivas, mas sabe-se que so muito instveis. S em zonas ridas que por vezes tem havido
contradio entre avaliao ecolgica e agronmica, porque nessas comunidades pode dominar a Urochloa
mosambicensis que uma gramnea de alto valor nutritivo, mas no indicador de boa sade da pastagem.
5.5.1 Mtodos baseados em princpios agronmicos
Segundo Humphrey (1949), a classificao da condio da pastagem no deveria ser restrita por
conceitos ecolgicos, mas no mximo da produo da forragem para um dado tipo de gado em pastoreio
deveria ser o nico critrio para estimar a condio. Isto implica que um local com uma condio ecolgica
excelente pode no ser, necessariamente a mais produtiva sob ponto de vista de pastoreio. Similarmente,
campos com uma condio ecolgica pobre podem ter uma boa taxa de produo.
5.5.1.1 Mtodo de composio ponderada da palatabilidade
A produo animal potencial num determinado local baseada somente na produo potencial
imediata da forragem. As espcies so agrupadas em classes de palatabilidade as quais correspondem pesos
a serem usados na ponderao da composio, como se segue:
Classe I: Espcie altamente palatvel, com peso 3
Classe II: Espcie moderadamente palatvel, com peso 2
Classe III: Espcie com baixa palatabilidade ou no palatvel, com peso 1
Os pesos 1, 2 e 3 so usados para estimar a taxa da composio de palatabilidade (PC) para cada
local de amostra. Esta calculada como a soma dos produtos da abundncia relativa de cada espcie pelo
seu peso, e expressa como percentagem da mxima PC (300) para produzir uma amplitude que varia de
33.3 (todas as espcies na classe III) para 100 (todas as espcies na classe I). Estes valores de PC so
convertidos em valores de peso da composio de palatabilidade (WPC) por meio da frmula que se segue:
WPC = (VCI 33.3) * 100 : 66.7, onde VCI o ndice da condio da pastagem e igual
5.5.2 Mtodos baseados em princpios ecolgicos
Mtodos baseados em princpios ecolgicos classificam a condio da pastagem, de acordo com a
resposta da vegetao ao impacto dos factores biticos e abiticos. Muitos destes mtodos aplicam a teoria
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clssica da sucesso, isto , estgios de vegetao movem-se em sintonia com o ambiente, desde a fase
pioneira at a uma comunidade clmax. A condio da pastagem comparada a este eixo de sucesso, a
condio variando de pobre (estgio pioneiro) a excelente (estgio dominado por vegetao clmax ou
subclmax).
5.5.2.1 Mtodo do Benchmark ou Ponto de Referncia
A base para avaliar a condio da pastagem comparar com um local com a pastagem em
excelente condio (em termos dos objectivos de maneio definidos) na mesma zona ecolgica, ento a
exigncia deste mtodo definir a natureza da tal pastagem excelente. Locais escolhidos para este
propsito so chamados locais benchmark ou ponto de referncia. A identificao do benchmark
subjectiva e envolve locais que so produtivos e estveis. Em muitos casos so zonas de clmax bitico de
fogo ou de pastoreio. Dentro do benchmark as espcies classificam-se em:
Decrescentes: aquelas que dominam numa pastagem que esteja em boa condio e decrescem quando a
condio se deteriora, como resultado de sobrepastoreio.
Crescentes I: aquelas que no so abundantes numa pastagem em boa condio, mas que aumentam
quando a pastagem subutilizada ou no utilizada.
Crescentes II: aquelas que no so abundantes numa pastagem em boa condio, mas que aumentam
quando a pastagem sobreutilizada
Crescentes III: aquelas que no so abundantes numa pastagem em boa condio, mas que aumentam
quando a pastagem sujeita ao pastoreio selectivo.
Enquanto nas zonas hmidas podem ocorrer todas as quatro categorias, nas zonas ridas no podem
ocorrer as Crescentes I.
Os locais de amostragem so analisados da mesma maneira que o local benchmark. Todas as
espcies registadas no local de amostragem so classificadas dentro das categorias de espcies. A condio
da pastagem calculada comparando a composio das espcies da amostra com as do benchmark. So
impostos limites na contribuio que cada espcie pode trazer na contagem da condio da pastagem do
local de amostragem e baseado na abundncia da espcie no benchmark. s espcies decrescentes
permitida ocorrncia at um excesso de 10 unidades percentuais sobre o valor da abundncia no
benchmark. Enquanto as espcies crescentes so limitadas pela sua abundncia individual no benchmark.
Onde so encontradas espcies decrescentes, mas que normalmente no ocorrem no benchmark, a sua
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contribuio limitada a um mximo de 10 unidades percentuais. Espcies crescentes que no ocorrem no
benchmark no so includas na contagem. A condio da pastagem do local de amostragem ento
calculada como o somatrio das abundncias de todas as espcies neste local, depois de serem ajustadas
aos limites definidos no benchmark para aquela zona ecolgica.
5.5.2.2 Mtodo dos ndices ecolgicos
Este mtodo similar ao mtodo Benchmark, em que a vegetao no local de amostragem
comparada com a do local Benchmark. Neste mtodo, as espcies so agrupadas nas seguintes categorias:
a) espcies decrescentes;
b) espcies crescentes IIa aumentam em abundncia com moderada sobre-utilizao;
c) espcies crescentes IIb aumentam em abundncia com severa sobre-utilizao;
d) espcies crescentes IIc aumentam em abundncia com extremamente severa sobre-utilizao;
e) espcies invasoras
Quando as espcies crescentes I ocorrem, estas so agrupadas em duas classes:
a) espcies crescentes Ia aumentam em abundncia com moderada sub-utilizao;
b) espcies crescentes Ib aumentam em abundncia quando a desfoliao mnima ou ausente;
ndices relativos so atribudos a cada grupo, sendo:
10 para as espcies decrescentes;
7 para as espcies crescentes Ia e IIa;
4 para as espcies Ib e IIb;
1 para as espcies IIc e invasoras
A condio da pastagem para um determinado local de amostragem o somatrio dos produtos da
abundncia da espcie pertencente a um grupo ecolgico pelo valor do ndice relativo atribudo a cada
grupo. A contagem mxima 1000, isto , 100% de espcies decrescentes e o mnimo 100, isto , 100%
de espcies crescentes IIc ou invasoras. Esta contagem comparada com a do benchmark para a mesma
zona ecolgica.
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Figura 9:
5.5.2.3 Mtodo Ponderado de Espcies-chave
Apenas as espcies que respondem ao gradiente de pastoreio devem ser usadas para avaliar a
condio da pastagem. Este mtodo foi desenvolvido a partir do reconhecimento de que nem todas as
espcies encontradas num determinado local apresentam um carcter crescente ou decrescente na resposta
a intensidade de utilizao. A condio da pastagem calculada como o somatrio da abundncia relativa
das espcies-chave e comparada com o local benchmark.
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Tabela 3: Classificao, peso e limites de acordo com os diferentes mtodos de determinao da condio
da pastagem
Espcies
Mtodo de avaliao da condio da pastagem
WPCM BM EIM WKSM
Classe Peso Classe Limite Classe Valor Peso
Alloteropsis semialata II 2 Crescente I 2 Crescente Ia 7 Andropogon appendiculatus
II 2 Crescente I* 1* Crescente Ia 7
Andropogon schirensis I 3* Decrescente* 10* Decrescente* 10* Aristida junciformis III 1 Crescente III 0 Crescente III 1 Brachiaria serrata II 2 Decrescente 11 Decrescente* 10* Cymbopogon excavatus III 1* Crescente I 0 Crescente Ia 7 Digitaria monodactyla II 2* Crescente II* 0* Crescente IIa 7 Digitaria setifolia III 1* Crescente III* 0* Crescente III* 1* Digitaria tricholaenoides I 3 Crescente I 0 Crescente Ia 7 Diheteropogon amplectens I 3 Decrescente 11 Decrescente 10 Diheteropogon filifolius III 1* Crescente III 2 Crescente III 1 Elionurus muticus II 2 Crescente III 5 Crescente III 1 Eragrostis capensis II 2 Crescente II 1 Crescente IIa 7 Eragrostis curvula II 2 Crescente II 1 Crescente IIc* 1* 5 Eragrostis plana II 2 Crescente II 1 Crescente IIc* 1* 4 Eragrostis racemosa II 2 Crescente II 1 Crescente IIb 4 Eulalia villosa I 3 Crescente I 1 Crescente Ia* 7* Forbs III 1 Crescente II 5 Crescente IIb 4 Harpochloa falx II 2 Crescente I 3 Crescente Ia 7 Helictotrichon turgidulum II 2* Decrescente 10 Crescente Ia* 7* Heteropogon contortus II 2 Crescente II 4 Crescente IIb 4 6 Hyparrhenia dregeana II 2 Crescente I 0 Crescente Ib 4 Hyparrhenia hirta I 3 Crescente II 1 Crescente IIc* 1* 3 Koeleria capensis II 2 Crescente I* 0* Crescente Ia 7 Loudetia simplex III 1 Crescente III 0 Crescente III 1 Melinis nerviglumis II 2 Decrescente 10 Decrescente 10 Microchloa caffra II 2 Crescente II 1 Crescente Ib 4 Monocymbium ceresiiforme I 3 Decrescente 12 Decrescente* 10* Panicum ecklonii II 2 Crescente I* 2* Crescente Ia* 7* Panicum natalense III 1 Crescente II 10 Decrescente 10 Paspalum dilatatum I 3 Crescente II 0 Crescente IIc 1 Paspalum scrobiculatum I 3 Crescente II 0 Crescente IIc 1 1 Rendlia altera III 1 Crescente III 0 Crescente III 1 Sedges II 2 Crescente II 1 Crescente Ib 4 Setaria flabellata I 3 Crescente II 0 Crescente IIa 7 Setaria nigrirostris I 3 Crescente I 0 Crescente Ia 7 Sporobulus africanus II 2* Crescente II 0 Crescente IIc 1 3 Themeda triandra I 3 Decrescente 55 Decrescente 10 10
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Trachypogon spicatus II 2 Crescente I 2 Crescente Ia 7 Tristachya leucothrix II 2 Crescente I 20 Crescente Ia 7 9
* espcies classificadas subjectivamente pelos autores
Tabela 4: Exemplo de clculo para a determinao da condio da pastagem usando diferentes mtodos
Espcies
Abundncia relativa Mtodo de avaliao da condio
da pastagem
Benchmark Amostra WPCM BM EIM WKSM
Alloteropsis semialata 2 2 41 2 145 Brachiaria serrata 1 1 2 1 10 Digitaria tricholaenoides 1 3 0 7 Diheteropogon amplectens 1 Diheteropogon filifolius 2 4 4 23 4 Elionurus muticus 5 3 6 3 3 Eragrostis capensis 1 3 6 13 21 Eragrostis curvula 1 11 22 13 11 555
Eragrostis plana 1 5 10 13 5 20 Eragrostis racemosa 1 2 4 13 8 Eulalia villosa 1 Forbs 5 3 3 3 12 Harpochloa falx 3 1 2 1 7 Heteropogon contortus 4 3 6 3 12 18 Hyparrhenia hirta 1 8 24 13 8 24 Microchloa caffra 1 2 4 13 8 Monocymbium ceresiiforme 2 Rendlia altera 3 3 0 3 Sedges 1 Sporobulus africanus 7 14 0 7 21 Themeda triandra 45 23 69 23 230 230 Trachypogon spicatus 2 2 4 2 14 Tristachya leucothrix 20 16 32 16 112 144
Total 100 100 222 62 496 512
ndice da condio da pastagem 612 624 4966 5126
1Produto da abundncia relativa das espcies pelo seu peso
2Valor da composio da palatabilidade (PC) = 222
ndice da condio da pastagem (VCI) = 222 * 100: 300 = 74
Peso da composio da palatabilidade (WPC) = (74 33.3) * 100 : 66.7 = 61.02%
3Limites do benchmark afectam a contribuio individual das espcies no ndice da condio da pastagem.
4ndice da condio da pastagem calculado como o somatrio das contribuies individuais das espcies,
limitados pelos limites do benchmark.
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5Produto da abundncia relativa pelo seu peso.
6ndice da condio da pastagem o somatrio dos produtos da abundncia das espcies pelos respectivos
pesos.
6. Deteriorao das pastagens. A invaso arbustiva A deteriorao das o processo evolutivo de perda de vigor, de produtividade, de capacidade de
recuperao natural das pastagens para sustentar os nveis de produo e qualidade exigida pelos animais.
As causas da deteriorao das pastagens podem ser vrias, mas destacam-se:
1. Encabeamento incorrecto: fala-se em encabeamento incorrecto quando o nmero de animais de
certa classe por hectare inferior ou superior ao ptimo, podendo resultar em subpastoreio ou
sobrepastoreio.
2. Utilizao incorrecta: h vrias formas que podem corporizar uma utilizao incorrecta podendo
combinar decises erradas sobre classes de animais postas na pastagem, poca do ano,
encabeamento, at mesmo uso incorrecto do fogo.
3. Uso incorrecto do fogo: o uso incorrecto do fogo pode se manifestar em termos da no
observncia das condies exigidas para uma queimada de sucesso, nomeadamente a poca, a
intensidade da queimada, tipo e quantidade de combustvel, etc.
4. Situao prolongada de seca: afecta a composio especfica por reduzir o vigor das plantas pouco
tolerantes seca.
Padres de deteriorao das pastagens: so sinais de que um gestor se pode orientar para detectar
situaes de deteriorao das pastagens e tomar as devidas medidas para as reverter.
Compreendem:
1. Alterao da composio especfica: pode acontecer como resultado de maior utilizao das
espcies vegetais mais preferidas pelos animais.
2. Reduo do vigor das plantas: acontece em resposta a uma situao desfavorvel ao crescimento
ptimo da planta que pode ser causada pela desfoliao ou pela alterao dos factores de
crescimento.
3. Reduo do grau de cobertura do solo: a cobertura do solo um dos atributos da vegetao que
permite monitorar a estabilidade do ecossistema.
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4. Aumento da eroso: representa um estado avanado de deteriorao da pastagem, podendo levar a
perda da camada produtiva do solo.
5. Aumento do escoamento superficial de gua (run-off): consequncia directa da reduo da
cobertura do solo e pode ser uma das causas da eroso;
6. Aumento de reas desnudadas: as situaes relatadas nos pontos anteriores podem inicialmente
afectar s uma parte da pastagem em funo da no utilizao uniforme das reas de pastoreio,
mas com o agravamento da deteriorao as reas abrangidas aumentam.
7. Desertificao: de todos o estado mais avanado de deteriorao da terra. Por interessar a toda a
humanidade e por ser irreversvel, existem vrias iniciativas das Naes Unidas de combate
desertificao.
Avaliao do vigor das plantas: o vigor referido como um dos padres usados para determinar o
estado de deteriorao das pastagens pode ser avaliado quer por via qualitativa quer por via
quantitativa, podendo at ser subjectivo. O importante que oriente decises de maneio. Assim,
pode-se examinar:
1. Tamanho da planta
2. Cor das folhas
3. Nmero e tamanho das inflorescncias
4. Nmero e tipo de plantas
5. Vigor das plntulas
6. Idade e distribuio das plantas
7. Morte dos tufos
8. Invaso arbustiva
6.1. A Invaso Arbustiva
A invaso arbustiva nas pastagens das zonas tropicais e subtropicais tem uma importncia decisiva na
produo animal, em regime extensivo, pelas implicaes econmicas negativas da resultantes. Estas,
traduzem-se em:
diminuio geral do potencial de pascigo (pastoreio) das reas pasccolas;
gastos necessrios para a desarbustizao e recuperao das reas infestadas.
Nas savanas em que as gramneas constituem o componente principal, a invaso arbustiva o
resultado de um desequilbrio profundo daqueles ecossistemas. Este desequilbrio provocado pelo
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homem, em consequncia das suas actividades como criador de gado. As savanas so povoadas por vrias
espcies de ruminantes bravios que possuem hbitos e preferncias alimentares diferentes e que, por isso,
no entram em competio entre si, mas se complementam.
As populaes humanas foram ajustando, ao longo do tempo, o seu nmero e as suas actividades
em relao ao que as potencialidades das terras poderiam proporcionar em termos das suas necessidades
alimentares, fornecidas pela caa e pela agricultura. Assim, as comunidades vegetais e animais, por um lado
e as populaes humanas por outro, conseguem manter, na savana, o equilbrio ecolgico, mais ou menos
estvel, em relao s condies edficas e climticas prevalecentes. evidente que esse equilbrio , por
vezes, rompido em reas restritas e localizadas, as quais com o decorrer do tempo podem acabar por
regenerar.
Quando o homem comea a introduzir o gado nas pastagens comea, tambm, por introduzir um
elemento de desequilbrio do ecossistema, e tanto mais intenso, quanto maior o nmero de cabeas.
Inicialmente, as reas ainda so, suficientemente, extensas para o nmero de cabeas a alimentar
introduzidas, mas medida que o seu nmero aumenta, diminui tambm a disponibilidade de alimento
constitudo sobretudo por gramneas. O ataque cerrado a que as gramneas so submetidas, diminui a
sua capacidade de competio em relao aos arbustos que passam a dominar as reas de pastagem, quase
completamente. Sem pretender dar uma explicao exaustiva das causas da invaso arbustiva das savanas,
as observaes feitas por Walter (1963) sobre a Nambia e que a seguir se transcrevem so relevantes e
esclarecedoras sobre a dimenso do problema:
O equilbrio do ecossistema (savanas com queda pluviomtrica de menos de 500 a 600 mm, nas quais os
componentes dominantes so as gramneas e os secundrios as plantas lenhosas) ocorre apenas em condies naturais, com os
ruminantes bravios alimentando-se regularmente e raras queimadas ocasionadas por trovoadas e pelo homem. Quando o
homem comea a utilizar a savana para pastoreio do seu gado, o equilbrio rompido radicalmente. O gado move-se
lentamente e remove todas as folhas das gramneas nas reas pastoreadas. Por conseguinte, as perdas de gua por transpirao
das gramneas decai muito, passando a haver mais humidade no solo durante a poca seca. Este aumento de humidade no solo
vai beneficiar os arbustos, sobretudo os lenhosos do gnero Acacia, os quais se vo tornando cada vez mais numerosos e densos
medida que o pastoreio se intensifica de ano para ano. Nas reas sobrepastoreadas e j muito invadidas por arbustos, o
gado obrigado a comer com mais frequncia as vagens das accias e muitas sementes no digeridas so depositadas com as
fezes. Essas sementes germinam mais tarde e as plntulas crescem rapidamente e assim grandes extenses da savana se
transformam em matagais e brenhas muitas vezes impenetrveis para o homem e para o gado.
A invaso arbustiva deste tipo, to vulgar em muitas partes de frica, no devida a nenhum
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fenmeno climtico nem tem como causas primrias um decrscimo da frequncia das queimadas, embora
este ltimo factor possa, em certos casos, contribuir para isso. A principal causa o sobrepastoreio,
podendo ocorrer tanto em graminais de clmax climtico como em graminais de clmax bitico
(subclmax).
A invaso arbustiva em graminais de clmax bitico pode ser ocasionada pelo subpastoreio, o qual
proporciona s espcies decrescentes perodos de repouso longos e a sua substituio lenta e gradual pelas
crescentes I e por espcies lenhosas (evoluo da fase subclmax em direco fase que corresponde
mata ou floresta com vrios graus de dominncia.
Em Moambique, a invaso arbustiva tem vindo a acentuar-se de ano para ano nas reas de maior
concentrao de gado bovino, sobretudo nas regies semi-ridas das provncias do Sul do Save. A invaso
arbustiva , salvo, raras excepes uma constante das reas de pastoreio dos sectores comercial e familiar
cuja produo animal se v diminuda de 50 a 80% do que poderia produzir, de acordo com as
potencialidades naturais dessas reas.
6.2. Consideraes ecolgicas resultantes da remoo de rvores Os resultados da remoo de plantas lenhosas diferem entre vrios tipos de pastagens, podendo as
respostas ser positivas ou negativas porque os determinantes fsicos (clima e solo), as caractersticas de
cada espcie e as interaces biolgicas so nicas para cada situao espacial e temporal. Por isso, antes de
se conceber um programa de controlo arbustivo importante compreender estas relaes sob pena dos
esforos serem contraproducentes.
6.2.1 Interaces negativas (gramneas-rvores)
As interaces competitivas entre plantas lenhosas e herbceas envolvem factores diversos como a
disponibilidade de gua no solo, os tipos e a fertilidade de solos e a relao pluviosidade
/evapotranspirao (balano hdrico).
As diferenas nas respostas remoo de arbustos podem ser devidas a diferenas relativas ao tipo e fertilidade dos solos, pois
nos anos de pluviosidade elevada, os solos argilosos relativamente frteis respondem melhor remoo de arbustos do que os
solos arenosos e pobres.
6.2.2 Interaces positivas (gramneas-rvores)
Stuart-Hill et al. (1987) argumentam que o resultado das interaces negativas e positivas sobre a produo
de biomassa est dependente da densidade das rvores, criando estas sub-habitats que diferem de um
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habitat aberto. Assim, as rvores podem ter efeitos positivos sobre o crescimento das gramneas porque o
seu rendimento nem sempre declina linearmente, com o aumento da densidade das rvores.
6.2.3 Competio entre rvores
O crescimento e o subsequente tamanho que uma rvore pode atingir funo da abundncia de
recursos aos quais ela tem acesso, tais como a gua e os nutrientes;
As razes das espcies lenhosas das savanas africanas estendem-se para alm do dimetro da copa
(sete vezes mais em savanas de Burkea e de mopane);
Quanto maior for a rvore, maior a rea de depleo de recursos e maior o efeito competitivo
sobre as plantas vizinhas (lenhosas e herbceas);
A remoo das rvores resulta numa alterao drstica e imediata no regime de competio. Deste
processo resulta quer um aumento de plantas vizinhas ou um estabelecimento de novos indivduos,
A competio rvore-rvore particular para cada espcie, por exemplo, as espcies de accias no
se estabelecem debaixo da copa das rvores, qualquer que seja a espcie, enquanto a Euclea
aivinorum estabelece-se bem debaixo da copa das rvores;
6.3 Mtodos de controlo arbustivo Os mtodos de controlo arbustivo que determinam um aumento da produtividade das pastagens so
os seguintes:
Mtodos biolgicos: consistem no uso de animais (browsers) para consumirem os arbustos e
debilit-los. So limitados por vezes, preveno precoce de invaso de arbustos;
Mtodos mecnicos: contemplam uso de equipamento pesado como buldozers. Se no se
tomarem as devidas precaues podem resultar numa pastagem dominada por espcies pioneiras e
numa situao de invaso arbustiva a larga escala.
Mtodos qumicos: so melhor aplicados nas operaes iniciais de remoo e em reas vastas
onde no se pretenda um controlo selectivo.
Estes mtodos so tidos como os mais eficientes e aconselhados. No entanto, devem ser usados
selectivamente, de acordo com cada situao. Uma vez que um s mtodo no permite controlar todas as
situaes eles devem ser usados selectivamente.
6.3.1 Controlo biolgico: o uso de browsers
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exclui os animais selvagens, uma vez que difcil control-los;
preconiza o uso de cabritos que tm alguma preferncia alimentar as plantas lenhosas, sendo por
isso situados no grupo dos intermedirios, no que respeita aos tipos de ruminantes;
no podem ser usados para controlar reas densas de plantas lenhosas, cujas copas se situam acima
de 1.5 metros (fora do alcance dos caprinos);
devem ser tomados cuidados quando o pastoreio contnuo para que no ocasionem danos s
gramneas;
pode estar associado ao controlo mecnico na remoo inicial de rvores;
requer um alto nvel de maneio, para evitar danos pastagem.
6.3.2 Controlo Mecnico: serve-se de meios mecnicos para controlar os arbustos,
compreendendo:
Debilitao da planta por anelagem;
Remoo da planta com o uso de buldozers;
Desvantagens: Provoca distrbios no solo o que afecta, severamente, o estrato graminoso levando
substituio de gramneas teis por gramneas pioneiras e por plntulas de espcies lenhosas. H registo de
casos em que Acacia Spp. e de Dichrostachys cinerea formaram uma comunidade mais densa que a original,
aps aplicao do mtodo mecnico.
6.3.3 Controlo qumico: Pode compreender a aplicao de arbusticidas ao solo, planta ou por
avio.
6.3.3.1 Arbusticidas aplicados ao solo: o produto incorporado ao solo atravs da gua das chuvas
e posteriormente absorvido pela planta.
Vantagens: o tratamento rpido, o efeito residual pode suprimir a regenerao de plantas at 4 a 5 anos
e o menos caro porque necessita de pequenas quantidades de qumicos.
Desvantagens:
porque as razes das rvores se estendem muito para alm do permetro da copa, as rvores que se
encontram localizadas a alguma distncia das tratadas, podem ser afectadas mesmo por aplicao
selectiva;
h lentido na actuao porque dependente da chuva para o transporte do produto para o
40
interior;
as doses necessrias dependem da natureza do solo, pois quanto maior for o teor de argila e de
matria orgnica no solo maior ser a dose necessria;
algumas espcies arbreas (especialmente as sempre-verdes) requerem uma dose alta de arboricida
e;
um grande nmero de rvores tornam a paisagem menos atractiva.
6.3.3.2 Arbusticidas aplicados s plantas
Vantagens:
a aplicao selectiva, particularmente quando aplicada manualmente;
as rvores tratadas so imediatamente mortas pelo tratamento;
possvel estabelecer imediatamente o nmero de rvores a reter e;
o material colhido pode ser por vezes usado para recuperar os custos atravs de fabrico de carvo
ou lenha.
Desvantagens:
o procedimento lento;
a aplicao sendo manual requer mo-de-obra intensiva, tornando o procedimento muito oneroso.
6.3.3.3 Aplicao area de arbusticidas
Vantagens:
em virtude da sua aplicao ser uniforme, as diferentes espcies lenhosas e as suas plntulas no
escapam ao tratamento;
podem ser tratadas reas vastas em pouco tempo; e
requer pouca mo-de-obra.
Desvantagens:
o procedimento caro e s se justifica para reas com grande densidade de espcies lenhosas;
as plantas valiosas so adversamente afectadas.
Num programa de controlo arbustivo deve-se ter em conta, para alm da eficincia de controlo, os custos
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envolvidos. Assim, recomenda-se que se avalie a combinao ptima de mtodos.
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ADUBAO E O REFORO DE PASTAGENS NATURAIS
1. Reforo de Pastagens Naturais
O reforo da pastagem natural visa liberta-la da limitao gentica no aumento do rendimento. Faz-se
introduzindo espcies que tm maior rendimento que as existentes. S d resultados onde a precipitao e
o regime de humidade do solo no sejam limitantes. Infelizmente, raramente se encontram pastos naturais
em solos muito frteis em zonas de alta precipitao. Por isso o reforo da pastagem tem que se combinar
com rega (zonas ridas) ou adubao (zonas de alta precipitao). A rega no normalmente econmica
em pastos naturais. Por isso, o reforo normalmente praticado em zonas de alta precipitao, com
adubao. Zonas aptas para reforo so as que recebem no mnimo 500600 mm/ano, dependendo da
evapotranspirao.
Procedimentos de sementeira: No h um procedimento padro, mas em todos os casos a semente deve
ser de uma espcie superior, quer a sementeira seja a lano, quer seja por drilling. Quando a semente
lanada sobre a vegetao existente o processo chama-se overseeding (sobressementeira). Quando a
sobressementeira feita por drilling, o processo chama-se overdrilling. O overdrilling sobre pasto
chama-se sodseeding.
A sobressementeira pode ser manual, em que se pode usar vrios implementos, incluindo distribuidores de
adubo mecnica ou area quando se esta em zonas de difcil topografia.
A sobressementeira pressupe o uso de queimadas, monda ou pastoreio e requer muita semente. Pode
tambm requerer uma preparao especial da semente (pelleting) e perturbao do solo. O sodseeding
pode envolver maquinas que combinam a perturbao da vegetao com o lanamento da semente.
Qualquer dos mtodos de sementeira resulta em problemas de maneio por estarem envolvidas espcies
nativas (pouco produtivas) e espcies melhoradas. Os animais tendem a seleccionar as espcies
introduzidas por estas serem geralmente palatveis. Por isso o maneio de pastoreio tem de recorrer a
sistemas que permitem optimizar a utilizao destas espcies.
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2. Adubao de Pastagens
A fertilizao em pastagens visando corrigir ou melhorar teores de elementos como Nitrognio, Fsforo e
potssio nos solos uma questo bastante delicada e s vezes controversa. Esse facto devido grande
diversidade de forrageiras existentes que diferem sobremaneira entre si, no permitindo que somente uma
recomendao geral seja vlida para qualquer espcie. Outra causa a grande variao no maneio utilizado
em cada local que tende a modificar os teores dos elementos no solo. H ainda o prprio factor solo que
determina diferentes disponibilidades dos elementos, necessitando uma ateno tambm especial.
A forma de aplicao de adubos depende do mtodo de sementeira adoptado. No caso de
sobressementeira, o adubo aplicado atravs de um distribuidor. Se a semente for embalada com adubo, a
aplicao do adubo pode ser retardada. Porem, em gramneas no possvel fazer o pelleting por este
afectar a germinao. No caso de sodseeding a aplicao da semente e do fertilizante so simultneas.
Independentemente do mtodo de sementeira a pastagem resultante de relativamente de baixa produo.
Por isso o reforo tem que ser o mais barato possvel.
Alguns procedimentos aplicados no reforo das pastagens podem apresentar alguns efeitos no benficos
para a vegetao e para o solo:
A adubao azotada pode enfraquecer as espcies pioneira;
A queimada retarda o crescimento da vegetao existente;
A escarificao do solo e o sodseeding perturbam a vegetao existente e o solo.
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MANEIO DE PASTAGENS NATURAIS E SEU USO MLTIPLO
Introduo
O maneio de pastagens naturais apoia-se, por um lado, na fisiologia dos componentes das
pastagens naturais e, por outro lado, nos princpios de ecologia vegetal.
Objectivo do maneio das pastagens
Atingir um nvel alto de produo animal, numa base estvel ou crescente compatvel com a
condio da pastagem, procurando manter ou melhorar a sua condio.
O que significa
Manter a pastagem no estgio da sucesso mais favorvel ao pastoreio, proporcionando um habitat
s plantas e aos animais.
1. Terminologia bsica utilizada no maneio de pastagens naturais
1.1 Termos que expressam a unidade de pastoreio
Os princpios de maneio de pastagens so aplicados a unidade de terra que pela sua natureza variam, sendo
necessrio, por essa razo, defin-las.
Como j sabido, o clima, os solos e a vegetao podem diferir dentro de uma mesma rea
pasccola. A fim de conseguirmos uma utilizao uniforme e satisfatria da pastagem torna-se necessrio
identificar e separar unidades de maneio relativamente uniformes. Estas unidades so designadas unidades
agro-ecolgicas, e definiu-as como sendo reas em que o clima, solos e vegetao so homogneos e em
que a adaptao e a capacidade de resposta das espcies vegetais no apresentam diferenas sensveis de
lugar para lugar. Estas unidades podem re-ocorrer, repetidamente, sobre a rea total. O grau de variao
que pode ser aceite numa unidade agro-ecolgica, depende muito do critrio de cada um.
O conjunto de todas unidades agro-ecolgicas disponveis para o pastoreio, constitui a rea total da
pastagem. Esta rea pode ser utilizada em um ou mais sistemas de maneio os quais se aplicam quer a
pastagens naturais, quer a pastagens cultivadas.
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1.2 Termos que expressam a produtividade da terra
1.2.1 Capacidade de Carga (Carriyng Capacity) - ha/UA ou Ua/ha: traduzida pela rea destinada,
quer ao pastoreio, quer a produo de forragem, necessria para suportar uma unidade animal em boas
condies de produo e de reproduo. durante um ano inteiro, sem provocar a deteriorao da
vegetao e do solo. Este termo traduz a corrente produtividade da rea destinada a produo pecuria,
tomada na condio original. A proporo pode vir a ser diminuda por intensificao e aumentada como
resultado de um mau maneio.
1.2.2 Capacidade Corrente de Pastoreio (Current Grazing Capacity): a capacidade de pastoreio da
vegetao na sua condio corrente.
1.2.3 Capacidade Potencial de Pastoreio (Potential Grazing Capacity): a capacidade
de pastoreio da vegetao na sua condio ptima para o pastoreio.
1.2.4 Capacidade de pastoreio (Grazing Capacity): a rea de pastoreio necessrio para manter uma
unidade animal em boas condies de produo (produo econmica/ptima e estvel) e de reproduo,
considerando o perodo normal de pastoreio, sem que ocorra a deteriorao da vegetao e do solo. Como
a capacidade de carga, a capacidade de pastoreio define a corrente produtividade da terra, reconhecendo,
porem, que pode ser alterada como resultado do maneio aplicado (geralmente o perodo de um ano
completo, mas em determinadas circunstancias, a vegetao pode ser utilizada durante uma parte do ano).
1.3 Termos que expressam a relao terra/animal (definem as praticas do criador)
1.3.1 Encabeamento (stocking rate): representa a rea reservada a cada unidade animal, sendo expressa
em ha/UA/ano.
As diferenas entre a capacidade de carga e o encabeamento, que a capacidade de carga
principalmente funo da vegetao quando utilizada na sua condio original (ptima) enquanto que
encabeamento refere-se a uma avaliao do criador que traduz a produo entre a rea e o animal que
pensa trazer melhores benefcios a pastagem a ao animal.
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1.3.2 Densidade Animal (stocking density): refere-se a proporo entre o nmero de animais e a
unidade de rea, num determinado momento. expressa em UA/ha. Este valor esta dependente do grau
de diviso da rea destinada ao gado num sistema rotacional. Por exemplo, se um campo for dividido em
quatro cercados para se aplicar o pastoreio rotacional, o cercado em que o gado se encontra num
determinado momento possui uma densidade animal quatro vezes maior do que no caso de se estar a
aplicar o pastoreio contnuo.
1.4 Termos que expressam o movimento animal
1.4.1 Perodo de ocupao (period of occupation): o perodo de tempo durante o qual uma rea
utilizada, sem haver interrupo. a soma dos perodos de permanncia.
Quanto mais curto, maior o rendimento da pastagem
necessrio um grande nmero de cercados a fim de se poder assegurar perodos curtos de
ocupao.
economicamente vivel em pastagens intensivas de alta produo; nas extensivas h um limite
econmico.
1.4.2 Perodo de ausncia num cercado (period of absense in a camp): o perodo de tempo que
decorre entre dois perodos de ocupao sucessivos, durante o qual a pastagem recresce de modo a atingir
um estgio favorvel ao pastoreio. A finalidade deste perodo de conferir a pastagem tempo suficiente
para o seu recrescimento de modo a que a manada possa utilizar o cercado no ciclo de pastoreio seguinte
Est relacionado com o perodo de ocupao
Se for curto, a frequncia de desfoliao aumenta resultando a perda de vigor das plantas
Se for muito longo, a qualidade dos pastos pode declinar a nveis inaceitveis
O perodo de ausncia deve situar-se a limites tais que no provoquem estes efeitos contrastantes
A sua durao varia com a taxa de crescimento E a taxa de perda de qualidade e, portanto, com a
aceitabilidade dos pastos.
1.4.2.1 Determinao do perodo de ausncia
PA = (nc-ng)*dp
PA = perodo de ausncia
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ncc= numero de cercados
ng = numero de manadas
dp = dias de permanncia
50 ha
E = 50 UA CC = 1 UA/ha SD = 50 UA/50 ha = 1Ua
50 ha
50 ha
50 ha