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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA PATRICIA SAXER APLICAÇÃO DA FMEA PARA ANÁLISE DE RISCOS NA QUALIDADE DO PROCESSO DE EMBALAGENS EM UMA MULTINACIONAL DE AGROQUÍMICOS Lorena 2015

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA

PATRICIA SAXER

APLICAÇÃO DA FMEA PARA ANÁLISE DE RISCOS NA

QUALIDADE DO PROCESSO DE EMBALAGENS EM UMA

MULTINACIONAL DE AGROQUÍMICOS

Lorena

2015

PATRICIA SAXER

APLICAÇÃO DA FMEA PARA ANÁLISE DE RISCOS NA

QUALIDADE DO PROCESSO DE EMBALAGENS EM UMA

MULTINACIONAL DE AGROQUÍMICOS

Monografia apresentada a Escola de

Engenharia de Lorena da Universidade de

São Paulo como requisito parcial para

obtenção do título de Engenheiro Químico.

Área de Concentração: Qualidade

Orientador: Prof. Dr. Eduardo Ferro dos

Santos

Lorena

2015

AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus pais Silvia e

William, meus maiores exemplos.

AGRADECIMENTOS

À Deus por todas as bênçãos recebidas e pelo seu amor infinito.

Aos meus pais, Silvia e William, e a toda minha família por me apoiarem em todos os

momentos da minha vida e se preocuparem que eu estivesse sempre andando pelo

caminho correto. Obrigada por cada palavra, incentivo, orientação e pelas orações

em meu favor.

Ao professor Eduardo Ferro que, com muita paciência e atenção, dedicou do seu

valioso tempo para me orientar em cada passo deste trabalho.

À Débora, porque em você encontrei uma verdadeira irmã.

Às minhas amigas e companheiras de casa Fernanda, Izabela, Jacqueline, Mayra,

Natalya, Raissa e Sara por todo apoio e cumplicidade. Espero que nossa harmonia

nunca acabe, que nossa amizade seja eterna e que nossos encontros sejam

constantes.

Aos meus grandes amigos Gabriel, Rodrigo, Maria Clara, Marina, Arthur e Ana por

cada momento que passamos juntos. Porque mesmo quando distantes, estavam

presentes em minha vida.

Aos meus mentores Edvaldo, Marcelo e Wagner pela contribuição e

desenvolvimento tanto na minha vida pessoal quanto profissional. Obrigada por cada

ensinamento e principalmente por acreditarem em mim.

Obrigada a todos que, mesmo não estando citados aqui, tanto contribuíram para a

conclusão desta etapa e para a Patricia Saxer que sou hoje.

EPÍGRAFE

“Que os vossos esforços

desafiem as impossibilidades,

lembrai-vos de que as grandes

coisas do homem foram

conquistadas do que parecia impossível.”

(Charles Chaplin)

RESUMO

SAXER, P. (2015). Aplicação da FMEA para Análise de Riscos na

Qualidade do Processo de Embalagens em uma Multinacional de

Agroquímicos. Monografia, Escola de Engenharia de Lorena, Universidade de São

Paulo, Lorena, 2015.

Na atualidade, com o avanço da tecnologia e da facilidade de acesso a

informações, as indústrias estão se tornando cada vez mais competitivas e ávidas

para conquistar uma parcela maior do mercado, atendendo as necessidades dos

clientes e os tornando fieis ao seu produto. De forma a enfrentar este grande

desafio, faz-se necessário concentrar esforços para promover o desenvolvimento de

produtos diferenciados e a otimização de processos, proporcionando uma redução

nos custos e aperfeiçoando os processos para garantir a funcionalidade do produto

oferecido. Para alcançar um produto com qualidade, é necessário acompanhar o seu

ciclo de vida, desde o projeto até a utilização, de forma a realizar uma gestão de

ameaças e vulnerabilidades que possam ocorrer devido a falhas no projeto ou

processo produtivo. Este trabalho apresenta a utilização do método de Análise dos

Modos de Falhas e seus Efeitos (FMEA) no gerenciamento de riscos de qualidade

do processo de embalagens de formulações sólidas em uma multinacional de

agroquímicos e a implementação das ações corretivas e preventivas para eliminação

ou mitigação dos modos de falhas priorizados nesse processo. Este método mostra

ser um artifício eficiente para a realização de análises de riscos de qualidade na

indústria química, controlando a probabilidade e impacto de eventos indesejados,

atuando na eliminação dos riscos, além de maximizar a realização de oportunidades

propiciando maior confiabilidade ao processo.

Palavras-chave: Gerenciamento de riscos. Análise de Falhas. Otimização de

processos.

ABSTRACT

SAXER, P. (2015). FMEA Application for Quality Risk Analysis in

Packaging Process in an Agrochemicals Multinational. Monografia, Escola de

Engenharia de Lorena, Universidade de São Paulo, Lorena, 2015.

Nowadays, with all the technological advances and the easy access to

information, industries are becoming increasingly competitive and eager to gain a

larger share of the market, meeting the customer´s needs and making them faithful to

their product. In order to meet this challenge, it is necessary to concentrate efforts

aiming to promote the development of both differentiated products and processes

optimization, thus providing a cost reduction and improving processes to ensure the

product functionality that is offered. To achieve product with high quality, it is

necessary to monitor its life cycle, from design to use in order to carry out a threat

management and vulnerabilities that may occur due to flaws in the design or

production process. This monograph presents the use of the analysis method of

Failure Mode and Effects (FMEA) in risk management of quality Dry product

packaging process in a multinational agrochemical and the implementation of

corrective and preventive actions to eliminate or mitigate the prioritezed failure

modes in this process.

. This method proves to be an efficient device for carrying out quality risk

analysis in the chemical industry, controlling the likelihood and impact of undesirable

events, working on risks elimination and maximizing the realization of opportunities

providing greater reliability to the process.

Keywords: Risk management. Quality. FMEA. Process Optimization. Packaging line.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Estágios do gerenciamento de riscos ....................................................... 19

Figura 2 - Processo de gestão de risco proposto na norma AS/NZS 4360 ............... 20

Figura 3 - Fluxo para elaboração da FMEA .............................................................. 29

Figura 4 - Tipos de FMEAs........................................................................................ 30

Figura 5 - Princípios da gestão de qualidade ............................................................ 35

Figura 6 - Descrição da QS 9000 .............................................................................. 37

Figura 7 - Modelo de sistema de gestão ambiental para ISO 14001 ......................... 38

Figura 8 - Lista dos problemas e frequências nos estudos selecionados para revisão

sistemática ................................................................................................................ 41

Figura 9 - Esquematização da linha de embalagens de formulações sólidas ........... 46

Figura 10 - Critérios de priorização de incidentes de qualidade ................................ 47

Figura 11 - Matriz de priorização de incidentes de qualidade ................................... 48

Figura 12 - Evidência de instalação do sensor difuso ............................................... 55

Figura 13 - Lógica de funcionamento de um sensor difuso ....................................... 56

Figura 14 - Correlação entre o tamanho do lote e o nível de inspeção a ser utilizado

.................................................................................................................................. 57

Figura 15 - Planos de amostragem individuais para inspeção normal ...................... 58

Figura 16 - Alteração na alça da caixa para 50 mm do vinco superior ...................... 60

Figura 17 - Alteração na alça para o topo da caixa ................................................... 61

Figura 18 – Estudo de compressão e coluna ............................................................ 61

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Técnicas de análise de risco ................................................................... 23

Quadro 2 - Tabela de severidade para FMEA de processo ...................................... 26

Quadro 3 - Tabela de ocorrência para FMEA de processo ....................................... 27

Quadro 4 - Tabela de detecção para FMEA de processo ......................................... 28

Quadro 5 - Relação entre os requisitos das normas e a FMEA ................................ 33

Quadro 6 - Resumo das condições para uso do estudo de caso .............................. 43

Quadro 7 - Componentes, modos de falha e seus efeitos ........................................ 49

Quadro 8 - Componentes, modos de falha e suas causas ........................................ 51

Quadro 9 - Critérios de severidade ........................................................................... 52

Quadro 10 - Probabilidade de ocorrência .................................................................. 52

Quadro 11 - Probabilidade de detecção .................................................................... 53

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

AMFE Análise dos Modos de Falha e seus Efeitos

ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária

APP Análise Preliminar de Perigos

APR Análise Preliminar de Riscos

AQR Análise de Efeitos e Consequências

FMEA Failure Mode and Effects Analysis

FMECA Análise Crítica de Modos de Falha e Efeitos

FTA Fault Tree Analysis

HACCP Hazard Analysis of Critical Control Points

HAZID Hazard Identification Study

HAZOP Hazard and Operability Study

IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ISO International Organization for Standardization

MAPA Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

NASA National Aeronautics and Space Administration

NBR Norma Brasileira

NPR Número de Prioridade de Risco

PIB Produto Interno Bruto

SAE Society of Automotive Engineers

SGQ Sistema de gestão da qualidade

SIL Avaliação do Nível de Integridade e Segurança

SWOT Strengths, Weaknesses, Opportunities and Threats

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................................14

1.1 Contextualização ......................................................................................................................14

1.2 Justificativa ................................................................................................................................15

1.3 Objetivo geral ............................................................................................................................16

1.4 Objetivos específicos ...............................................................................................................16

2 REVISÃO DA LITERATURA .....................................................................................................17

2.1 Gerenciamento de riscos .........................................................................................................17

2.1.1 Origem e aplicação ...............................................................................................................17

2.1.2 Estágios do gerenciamento de riscos ................................................................................19

2.2 FMEA ..........................................................................................................................................24

2.2.1 Origem e aplicação ...............................................................................................................24

2.2.2 Conceito e etapas para realização da FMEA....................................................................25

2.2.3 Formulário de FMEA .............................................................................................................30

2.2.4 Tipos de FMEAs ....................................................................................................................30

2.2.5 Equipe de FMEA ....................................................................................................................32

2.2.6 Normas que orientam a FMEA ............................................................................................32

2.2.6.1 Normas ISO 9000 ..............................................................................................................34

2.2.6.2 Norma QS 9000 ..................................................................................................................36

2.2.6.3 Normas ISO 14000 ............................................................................................................37

2.2.7 Benefícios de utilização da FMEA ......................................................................................39

2.2.8 Problemas e melhorias da FMEA .......................................................................................40

3 METODOLOGIA ..........................................................................................................................42

3.1 Método de Pesquisa .................................................................................................................42

3.2 A empresa ..................................................................................................................................44

3.3 Cronograma de Execução ........................................................... Erro! Indicador não definido.

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES .............................................................................................45

4.1 Identificação das causas dos modos de falha......................................................................50

4.2 Modos de falha priorizados ................................................................................................53

4.3 Ações tomadas no processo a partir da elaboração da FMEA .........................................54

4.3.1 Insumos de embalagens fora de especificação................................................................54

4.3.2 Peso incorreto ........................................................................................................................54

4.3.3 Aplicação incorreta de bulas ................................................................................................56

4.3.4 Pacote faltante .......................................................................................................................58

4.3.5 Caixa faltante .........................................................................................................................59

4.3.6 Desalinhamento / queda de caixas .....................................................................................59

4.3.7 Pallet avariado .......................................................................................................................59

4.3.8 Caixa avariada .......................................................................................................................60

5 CONCLUSÃO ...................................................................................................................................63

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................................64

APÊNDICE A – Formulário da FMEA do processo em estudo ....................................................71

ANEXO A – Formulário para realização da FMEA ........................................................................83

14

1 INTRODUÇÃO

1.1 Contextualização

O agronegócio, no ano de 2014, marcou o cenário econômico brasileiro

representando cerca de 23% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional de acordo com

dados coletados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2014),

contribuindo de modo significativo para o crescimento econômico recente do país,

que em 2015 passa por um momento de crise, enquanto o setor de agronegócio se

encontra fortalecido e ajuda a alavancar as estatísticas de crescimento econômico

do Brasil. Isso se deve ao fato da desvalorização da taxa de câmbio pressionar os

custos de alguns insumos, porém aumentar a renatbilidade dos setores exportadores

como o agronegócio (SERIGATI et al., 2014).

Tendo em vista esse panorama favorável para as atividades comerciais e

industriais da cadeia produtiva agrícola, Silva et al. (2012) destaca que existem

diversas oportunidades de desenvolvimento da indústria de defensivos agrícolas

brasileira, que dispõe de um mercado amplo, aprimorado e capaz de se consolidar

como o principal do mundo nos próximos dois anos.

Diante da dinâmica global do setor e o constante avanço da tecnologia e do

acesso a informações, as indústrias estão se tornando cada vez mais competitivas

para que possam conquistar uma parcela maior do mercado, atender as

necessidades de seus clientes e torná-los fiéis aos seus produtos. Desta forma,

torna-se necessário para a empresa escolher entres os seguintes modelos de

atuação: desenvolvimento de um produto diferenciado frente aos concorrentes ou

comercialização de um produto que possua preços abaixo do valor de mercado.

Visando alcançar esse segundo pilar, deve-se focar na otimização de processos que

promova a redução de custos e obtenção da excelência na qualidade do processo, e

consequentemente do produto.

De acordo com Lins (2005), para se alcançar um produto com qualidade, é

necessário acompanhar o seu ciclo de vida, desde o projeto até a utilização,

identificando as características que irão determinar a qualidade do produto de forma

a projetá-lo adequadamente, produzi-lo dentro das especificações e por meio da

15

utilização do produto final verificar se todos os parâmetros anteriormente definidos

foram atendidos e se não houve falhas durante esse processo.

O gerenciamento de riscos surge como alternativa para realizar a gestão de

ameaças e vulnerabilidades que podem ocorrer devido a falhas no projeto ou

processo produtivo. Ele identifica, avalia e prioriza os riscos através da aplicação

coordenada e econômica dos recursos para minimizar, monitorar e controlar a

probabilidade e impacto de eventos ou para maximizar a realização de

oportunidades. Deste modo, para a US Food and Drug Administration (2006) torna-

se evidente que a gestão dos riscos de qualidade é um componente valioso de um

sistema de qualidade eficaz.

Existem diversos métodos de análise de riscos de qualidade. Dentre eles, a

FMEA (Failure Mode and Effects Analysis) foi escolhida por ser o método que melhor

se adequa às necessidades do estudo de caso realizado em uma indústria

multinacional de agroquímicos que será apresentado neste trabalho.

1.2 Justificativa

Apesar de haver uma ampla bibliografia disponível para consulta acerca do

tema gerenciamento de riscos, nota-se grande complexidade na implementação

dessa gestão em empresas e universidades. O tema “Aplicação da FMEA para

Análise de Riscos na Qualidade do Processo de Embalagens em uma Indústria

Multinacional de Agroquímicos” abordado nessa monografia foi escolhido por fazer

parte do estudo e da aplicação desta ferramenta durante o estágio na empresa.

Em se tratando de gerenciamento de riscos existem diversos métodos que

podem ser utilizados, tais como: Análise de Árvore de Falhas – FTA, Estudo do

Perigo e da Operabilidade – HAZOP, Análise de Modos de Falha e Efeitos – FMEA e

What-if.

Entretanto, considerando as características e peculiaridades de cada uma

dessas técnicas, tem-se que a FMEA é aquela que melhor se ajusta ao estudo dos

modos de falha da linha de embalagem de formulações sólidas por ser uma análise

focada nos modos de falha dos equipamentos e seus efeitos no produto, identificado

e avaliando sistematicamente a origem dessas falhas, suas consequências e

16

propondo ações que poderão ser tomadas para a mitigação dos riscos levantados

(PALADY, 2004).

1.3 Objetivo geral

Esta monografia tem a finalidade de apresentar as ações corretivas e

preventivas implementadas na linha de embalagens de formulações sólidas para

eliminação ou mitigação dos modos de falhas priorizados empregando a

metodologia de Análise de Modos de Falha e Efeitos – FMEA.

1.4 Objetivos específicos

Para tanto, pretende-se:

Revisar a bibliografia acerca do gerenciamento de riscos tendo como ponto de

referência o método de análise e prevenção de falhas conhecido por FMEA;

Demonstrar como realizar o gerenciamento de riscos de qualidade por meio

da FMEA, de forma a organizar os conhecimentos fundamentais adquiridos relativos

a esse assunto e acrescentá-los ao âmbito de atuação dos profissionais inseridos na

engenharia para utilização no processo de vida de um determinado produto.

Relatar a sua aplicação na linha de embalagens de formulações sólidas de

uma indústria multinacional de agroquímicos.

17

2 REVISÃO DA LITERATURA

Neste capítulo serão abordados temas importantes do ponto de vista teórico

para a elaboração e execução do projeto, dentre eles estão a revisão bibliográfica

acerca do gerenciamento de riscos e o principal método utilizado para realizar essa

gestão.

2.1 Gerenciamento de riscos

2.1.1 Origem e aplicação

De acordo com a US Food and Drug Administration (2006), princípios de

gestão de riscos são efetivamente utilizados em muitas áreas de negócio e de

governo, incluindo finanças, seguros, segurança no trabalho, saúde pública, indústria

farmacêutica e por agências que regulam estas indústrias.

Enquanto algumas empresas aceitam riscos passivamente, outras tentam

criar uma vantagem competitiva pela exposição a riscos de forma prudente e

fundamentada. Jorion (2007) elucida em seu livro que em ambos os casos, no

entanto, os riscos devem ser cuidadosamente monitorados devido ao seu potencial

de danos.

Moraes (2013) descreve que em meados do século XX, a concepção de risco

adquiriu amplo destaque social e industrial, constituindo um conceito operacional

amplamente utilizado na engenharia e na gestão de produtos necessários à tomada

de decisões associadas às atividades tecnológicas.

Em uma perspectiva popular, o risco simboliza a possibilidade de perda, dano,

desvantagem ou impacto negativo, bem como um perigo ou uma ameaça. Já em

uma perspectiva técnica, está associado a um evento ou acontecimento e é definido

pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) na norma NBR ISO 31000

(2009) como uma grandeza que resulta da combinação da probabilidade e

severidade de consequências devido a falhas potenciais.

Nesse contexto, segundo Rausand e Oien (1996), as falhas constituem uma

concepção primordial para a avaliação de confiabilidade, sendo definidas como a

finalização da habilidade de um item para a execução de uma requerida

18

incumbência. Elas são consideradas eventos não planejados e indesejados que

podem ocorrer em um processo causando um efeito, podendo gerar

indisponibilidade e/ou perdas na qualidade do produto e dependendo de sua

magnitude, até mesmo acarretar em danos à imagem e reputação da companhia.

A fabricação e utilização de um produto agroquímico, incluindo seus

componentes, ocasionalmente implica em um certo grau de risco devido a sua

potencial toxicidade.

Freitas (2003, p.212) comenta sobre o assunto afirmando que:

[...] a discussão sobre os agrotóxicos vem crescendo, fortificando-se não apenas em termos de segurança no trabalho no uso de equipamentos de proteção individual, mas na adoção de medidas de educação, proteção coletiva, fiscalização, implantação de alternativas, prevenção e gerenciamentos de riscos, obrigando-nos a refletir e a desenvolver estratégias que não só possam lidar com os riscos e as incertezas relacionadas ao problema, mas que também contribuam para uma sociedade democrática e sustentável.

É importante compreender que a qualidade do produto deve ser mantida

durante todo o ciclo de vida do produto (LINS, 2005), de tal modo que os atributos

que são importantes para a qualidade do agroquímico permaneçam consistentes

com os utilizados nos estudos toxicológicos.

Uma abordagem eficaz de gestão de riscos de qualidade pode garantir ainda

mais a qualidade do produto para o cliente, fornecendo uma forma dinâmica para

identificar e controlar possíveis problemas de qualidade durante as etapas de

desenvolvimento e fabricação. Além disso, o uso da gestão de riscos de qualidade

pode melhorar o poder de decisão do fabricante se surgir um problema de qualidade

que necessite de um veredito. Uma gestão dos riscos de qualidade eficiente pode

facilitar a tomada de decisões e fazer com estas sejam melhores e mais informadas,

pode fornecer aos órgãos reguladores uma maior garantia da capacidade de uma

empresa para lidar com riscos potenciais de seus produtos e até mesmo afetar

beneficamente a extensão e nível de supervisão reguladora direta, que no caso da

indústria de agroquímicos, é realizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária

(ANVISA), pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e pelo

Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA).

19

2.1.2 Estágios do gerenciamento de riscos

A elaboração do gerenciamento de riscos pode ser realizada através de

diferentes tipos e números de etapas de acordo com a preferência de cada autor

(OLIVEIRA, 2009), porém em todos os casos, é fundamentada essencialmente nas

atividades de detecção dos perigos existentes e de suas causas, cálculo dos riscos

evidenciados por estes perigos e criação e emprego de medidas de redução destes

riscos com a posterior verificação da eficiência das medidas adotadas (JONES et al.,

2002).

Jones et al. (2002), por exemplo, segmentam o processo de gerenciamento

de riscos em três etapas, a saber: Etapa 1.0 - Determinação de risco envolve a

Etapa 1.1 - Análise de risco, na qual é realizada a identificação dos perigos, suas

causas e o cálculo dos riscos associados aos perigos identificados, e a Etapa 1.2 -

Avaliação de risco para determinação da necessidade de redução dos riscos. Na

Etapa 2.0 - Controle de risco, os procedimentos de controle de risco são

desenvolvidos e implementados. Na Etapa 3.0 - Análise dos resultados obtidos, as

etapas anteriores são reavaliadas segundo os resultados obtidos com os

procedimentos de controle de risco adotados. Essas atividades estão distribuídas de

acordo com o diagrama da Figura 1.

Figura 1 - Estágios do gerenciamento de riscos

Fonte: Jones et al., 2002

20

Para Schenini et al. (2006), esse processo é dividido em quatro etapas:

Etapa 1 - Análise e avaliação dos riscos, na qual é realizada a constatação

dos potenciais riscos;

Etapa 2 - Identificação das alternativas de ação, na qual chega-se a um

parecer quanto a evitar, reduzir, transferir ou assumir os riscos;

Etapa 3 - Elaboração da política de riscos, para designação dos objetivos e

programas de prevenção;

Etapa 4 - Execução e controle das medidas de segurança adotadas, a fim

de concretizar as etapas anteriores e seu controle.

Por sua vez, a norma AS/NZS 4360, a qual é a primeira norma do mundo em

nível internacional sobre o gerenciamento de riscos, propõe que o processo seja

realizado em cinco etapas, conforme ilustra a Figura 2.

Figura 2 - Processo de gestão de risco proposto na norma AS/NZS 4360

Fonte: Adaptado de Cooper, 2004

As etapas do processo de gerenciamento de riscos, proposto pela AS/NZS

4360 por meio da Figura 4 são descritas por Oliveira (2009) da seguinte maneira:

21

Comunicação e consulta - informar e consultar as partes internas e

externas envolvidas em cada etapa do processo de gestão de riscos e em relação

ao processo como um todo;

Estabelecimento dos contextos - estipular o contexto interno, o externo e

o da gestão de riscos, bem como os critérios em relação aos quais os riscos serão

avaliados e a estrutura da análise;

Identificação de riscos - identificar conjunturas, combinações de

conjunturas e estados de um sistema que possam levar a um episódio indesejável;

Análise de riscos - identificar e analisar os riscos e controles existentes.

Envolve determinar o nível de risco considerando as consequências potenciais, da

ocorrência e da probabilidade dos eventos;

Avaliação de riscos – quantificar os riscos por meio de sua probabilidade e

das possíveis consequências expressas em danos pessoais, materiais ou

financeiros para que sejam tomadas decisões quanto à extensão, natureza e

prioridade das ações necessárias para mitigação desses eventos indesejados;

Tratamento de riscos - elaborar e colocar em prática estratégias e planos

de ação referentes aos riscos detectados, com o intuito de aumentar os benefícios e

diminuir os custos potenciais. Para Alberton (1996), essa etapa aborda somente um

dos seguintes caminhos: eliminação, redução, retenção ou transferência dos riscos

detectados nas etapas anteriores;

Monitoramento e análise crítica - monitorar e, caso necessário, proceder

as modificações necessárias para garantir a melhoria continua do processo. Essa

fase monitora a eficácia de todas as etapas do processo de gestão de riscos.

2.1.3 Técnicas para realização de análise de riscos

Aven (2008) descreve em seu livro que a análise de risco deve produzir um

quadro amplo de risco, com destaque para as incertezas para além dos valores e

probabilidades esperados. O objetivo da análise de risco é detectar ameaças,

particularidades e desvios de processo que possam afetar a saúde e segurança dos

empregados, o meio ambiente e a qualidade dos produtos, bem como prever

quantidades físicas desconhecidas tais como pressão de uma explosão, o número

de vítimas mortais, custos, e assim por diante, e avaliar as incertezas relacionadas a

esses eventos.

22

Chopra (2012) explicita que interrupções nos fluxos de materiais em qualquer

parte da cadeia de abastecimento são imprevisíveis e raras, mas muitas vezes

bastante prejudiciais para as empresas. Nesse contexto, é de suma importância a

aplicação de técnicas de análise de riscos para identificação dos riscos relativos a

projetos, aquisição, sistemas, propriedade intelectual, recebimento, estoques e de

capacidade.

Segundo Duarte Junior (2011), existe uma gama de ferramentas e

metodologias de análise de riscos que podem ser utilizadas para esses propósitos.

Dentre elas pode-se citar a Análise da Árvore de Falhas (FTA – Fault Tree Analysis),

Análise de Efeitos e Conseqüências (AQR), Análise de Modos de Falha e Efeitos

(FMEA - Failure Mode and Effect Analysis), Análise Preliminar de Perigos (APP),

Análise Preliminar de Riscos (APR), Análise SWOT (Strengths, Weaknesses,

Opportunities, and Threats), Árvore de Decisão, Avaliação do Nível de Integridade e

Segurança (SIL), Estudo do Perigo e da Operabilidade (HAZOP – Hazard and

Operability Study), HACCP – Hazard Analysis of Critical Control Points, HAZID –

Hazard Identification Study, Matriz Probabilidade-Impacto, What-if, entre outras.

Estas técnicas já são amplamente empregadas nos programas de controle de

qualidade, sendo escolhidas e adotadas baseando-se nas características e

peculiaridades de cada uma delas. A FTA analisa efeitos indesejados causados por

problemas no produto escolhido e identifica as possíveis razões ou modos

defeituosos que provocaram este efeito de maneira dedutiva (ERICSON, 1999;

GEYMAR et al., 1995). HAZOP é uma metodologia indutiva voltada para a

identificação de perigos, problemas e/ou desvios operacionais nos processos,

compreendendo uma revisão detalhada da operação do produto (KLETZ, 1999). A

FMEA é uma técnica indutiva pela qual os efeitos dos modos de falha de um projeto,

processo, sistema ou serviço analisado são identificados e avaliados

sistematicamente (MCDERMOTT,1996). Quando o nível de severidade e

probabilidade de ocorrência dos modos de falha são analisados, a técnica passa a

ser chamada de Análise Crítica de Modos de Falha e Efeitos – FMECA (BOUTI,

1994) .

De acordo com Calixto (2006, p. 5), as técnicas de análise de risco podem ser

caracterizadas como dedutivas ou indutivas:

23

´As técnicas dedutivas partem do perigo, aspecto ambiental ou desvio de processo para as causas e consequências com objetivo de propor ações mitigadoras. As técnicas indutivas são o contrario, investigam os possíveis efeitos de um evento desejado partindo de um desvio de processo ou evento indesejado para avaliar as causas e consequências para propor ações mitigadoras. ´

Para Pedroso (2006), as técnicas dedutivas e indutivas, por sua vez, podem

ser divididas em qualitativas e quantitativas. As técnicas qualitativas são

fundamentadas na vivência e conhecimento dos envolvidos do processo a ser

averiguado, podendo-se fazer o uso de bancos de dados para se definir a

probabilidade de ocorrência dos acontecimentos indesejados caso haja

necessidade, entretanto, a severidade de tais acontecimentos não é calculada.

Já as técnicas quantitativas têm por objetivo quantificar a fragilidade da área

analisada e o efeito em termos de danos materiais, ambientais e físicos aos

indivíduos dentro e fora da organização, podendo utilizar-se de modelos

matemáticos e simuladores (CALIXTO, 2006).

O Quadro 1 apresenta um resumo das diferentes divisões das técnicas de

análise de risco descritas anteriormente.

Quadro 1 - Técnicas de análise de risco

Técnicas de Análise de risco

Qualitativa Quantitativa

Indutiva Dedutiva Indutiva Dedutiva

FMEA APR AQR FTA

FMECA SIL

HAZOP

HAZID

WHAT IF

Fonte: Calixto, 2005

24

2.2 FMEA

2.2.1 Origem e aplicação

A Análise dos Modos de Falha e seus Efeitos (AMFE) é a tradução adotada

pela Associação Brasileira de Norma Técnicas na norma NBR 5462 (1994), para a

sigla originária do inglês FMEA (Failure Mode and Effects Analysis).

Desenvolvido na década de 1960 pela agência norte-americana NASA

(National Aeronautics and Space Administration) durante a missão Apollo, esse

método tem por objetivo identificar falhas potenciais em sistemas, projetos,

processos ou serviços, bem como seus efeitos e causas e a partir disso, definir

ações para reduzir ou eliminar o risco associado a essas falhas (PUENTE et al.,

2002).

Clarke (2005) relata que após sua aplicação no setor espacial, a FMEA foi

utilizada em 1975 na tecnologia nuclear. Após 1977, passou a ser utilizada de forma

mais abrangente na indústria automobilística, uma vez que a Ford Motors Company

incorporou a FMEA em seu conceito de garantia da qualidade na fabricação de

automóveis (GILCHRIST,1993).

O uso da FMEA tem se difundido amplamente por ser exigência contratual de

fornecimento de todas as montadoras automobilísticas, sendo referenciada na QS

9000 como manual complementar. Além disso, essa metodologia é cada vez mais

utilizada em todos os campos que envolvam o processo de desenvolvimento de

bens de consumo e de capital (BERENS,1989; SCHUBERT, 1993). Ao longo dos

anos, o FMEA tem sido empregado nas mais diversas áreas, tais como:

Administração (COUTO et al., 2015);

Área médica (CAIXEIRO, 2011; DUWE et al., 2005);

Circuitos elétricos (PRICE, 1996);

Desenvolvimento de reator termonuclear (PINA et al., 1998);

Equipamentos semicondutores (VILLACOURT, 1992);

Ergonomia (SANTOS, 2003);

Indústria siderúrgica e metalúrgica (CASTRO, 2005; ARAUJO, 2015);

Indústria química (THIVEL, BULTEL e DELPECH, 2008);

Indústria alimentícia (TSAROUHAS, ARVANITOYANNIS e AMPATZIS,

2009);

25

Sistema de gestão integrado (SILVA,1997);

Sistemas hidráulicos e pneumáticos (BULL et al., 1995; LATINO,1996).

2.2.2 Conceito e etapas para realização da FMEA

A Análise de Modos de Falha e Efeitos é uma análise aprofundada que

permite identificar e explorar os modos de falha individuais de equipamentos ou

componentes de um sistema, ou seja, as maneiras pelas quais esses elementos

podem falhar, além de propiciar um estudo das causas e os efeitos que poderão

originar-se devido a tais falhas (MATOS, 2009).

Esse método surgiu da necessidade de se determinar a confiabilidade de

produtos complexos. A confiabilidade é definida por Hammer (1993) como a

probabilidade de uma missão ser concluída com sucesso dentro de um determinado

tempo e segundo condições específicas. Visando alcançar esse propósito, a FMEA

determina como, quando e porque os componentes do produto podem falhar, avalia

as consequências e as taxas de falha e propõe alternativas que possibilitem uma

diminuição das probabilidades de falha, gerando um aumento na confiabilidade do

sistema.

A FMEA é aplicada incialmente de forma qualitativa, durante o levantamento

sistemático dos modos de falha, a determinação de seus efeitos e dos componentes

cujas falhas têm efeito crítico na operação do sistema. Em seguida, pode-se realizar

uma análise quantitativa para estabelecer a probabilidade de falha ou confiabilidade

do sistema através do cálculo do Número de Prioridade de Risco (NPR), que é

obtido por meio da multiplicação dos valores definidos para os critérios de

severidade, ocorrência e detecção:

NPR = severidade x ocorrência x detecção

A severidade é considerada como o resultado do efeito potencial das falhas

de cada componente em um sistema e pode ser definida através da utilização do

Quadro 2 abaixo que é dividido entre Efeito no Cliente externo e Efeito na

Fabricação/Montagem, referente ao cliente interno. É necessário somente ler todos

26

os critérios para definir qual índice está de acordo com o efeito do modo de falha

(LOUREIRO, 2013).

Quadro 2 - Tabela de severidade para FMEA de processo

Severidade Critério Índice

Efeitos para os clientes Efeito para manufatura

Perigoso sem avisos

Quando um efeito de modo de falha em potencial de um sistema de segurança opera sem avisos (compromete a segurança) e/ou envolve o não cumprimento de regulamentação do governo.

Pode colocar o operador em risco sem avisos.

10

Perigoso com aviso

Quando um efeito de modo de falha em potencial de um sistema de segurança opera sem avisos (compromete a segurança) e/ou envolve o não cumprimento de regulamentação do governo.

Pode colocar o operador em risco com avisos.

9

Muito alta Sistema inoperável (parada da função primária)

100% do produto possivelmente deverá ser jogado fora, ou reparado no departamento com um tempo maior que 1 hora.

8

Alta Sistema operável, porém em um nível de performance reduzido.

O produto deverá ser desmontado e classificado e uma porção dele jogada fora ou produto deverá ser reparado no departamento com um tempo entre 0,5 e 1 hora.

7

Moderada Sistema operável, porém com itens de conforto/conveniência inoperáveis. Cliente insatisfeito.

Uma porção do produto deverá ser jogada fora sem necessidade de desmontá-lo e classificá-lo ou produto deverá ser reparado no departamento com um tempo menos de 0,5 hora.

6

Baixa

Sistema operável, porém com itens de conforto/conveniência operáveis em um nível reduzido de performance. Cliente um pouco insatisfeito.

100% do produto deverá ser retrabalhado ou o produto deverá ser reparado fora da linha de produção, mas não precisa ir para o departamento de reparos.

5

Muito baixa

Sistema produz barulhos e chiados; encaixes não estão de acordo. Defeito notado pela maioria dos clientes (mais que 75%).

Um produto deverá ser remontado e classificado em uma porção dele deverá ser retrabalhado.

4

Mínima

Sistema produz barulhos e chiados; encaixes não estão de acordo. Defeito notado pela metade dos clientes.

Uma porção do produto deverá ser retrabalhada dentro de linha, mas fora da estação.

3

Quase nula Sistema produz barulhos e chiados; encaixes não estão de acordo. Defeito notado por poucos clientes.

Uma porção do produto deverá ser retrabalhada dentro de linha, mas dentro da estação.

2

Nula Nenhum defeito Nenhum efeito ou pequenos inconvenientes para o operador.

1

Fonte: AIAG, 2008

27

A ocorrência determina a frequência da falha ocorrer, considerando os

controles de prevenção caso existentes. Para esse critério, tanto em projetos,

processos ou sistemas novos quanto antigos, geralmente utiliza-se o conhecimento

prévio do operador e dados estatísticos do processo, respectivamente. Seu índice é

calculado com base no Quadro 3 de critérios para ocorrência (LOUREIRO, 2013).

Quadro 3 - Tabela de ocorrência para FMEA de processo

Probabilidade Probabilidade de falha Índice

Muito alta: a falha é quase inevitável

1 em 10 10

Alta: muitas falhas

1 em 20 9

1 em 50 8

1 em 100 7

Moderada: falhas ocasionais

1 em 500 6

1 em 2.000 5

1 em 10.000 4

Baixa: poucas falhas 1 em 100.000 3

1 em 1.000.000 2

Remota: a falha é improvável de ocorrer

Falhas eliminadas através de controles preventivos

(Poka-Yokes) 1

Fonte: AIAG, 2008

A detecção determina a probabilidade de se detectar o modo de falha,

avaliando a capacidade dos controles existentes em identificar a falha. Seu índice é

calculado com base no Quadro 4 de critérios para detecção (LOUREIRO, 2013).

28

Quadro 4 - Tabela de detecção para FMEA de processo

Detecção Critério A B C Alcance sugerido para métodos de detecção

Índice

Nula Absoluta certeza de não detecção

x Não pode detectar ou não é checado. 10

Muito Remota O controle provavelmente não irá detectar

x O controle é executado com checagens indiretas ou aleatórias.

9

Remota O controle tem uma chance pequena de detecção

x O controle é executado apenas com inspeção visual.

8

Muito Baixa O controle tem uma chance pequena de detecção

x O controle é executado apenas com dupla inspeção visual.

7

Baixa O controle pode ou não detectar

x x

O controle é executado com representações gráficas, como controle estatístico de processo, por exemplo.

6

Moderada O controle pode ou não detectar

x

O controle é baseado em uma variável a ser medida após as peças terem saido da estação ou medição do tipo passa não passa em 100% das peças após elas terem saido da estação.

5

Moderada/Alta O controle tem uma boa chance de detectar

x x Detecção de erros em operações subsequentes ou medição feita na montagem.

4

Alta O controle tem uma boa chance de detectar

x x

Detecção de erros dentro da estação ou em operações subsequentes por camadas múltiplas de aceitação; suprimentos, seleção, instalação e verificação. Não se pode aceitar partes discrepantes.

3

Muito alta É quase certeza que o controle irá detectar

x x

Detecção do erro dentro da estação (medição automática com parada automática). Não pode passar partes discrepantes.

2

Muito alta O controle irá detectar x

Partes discrepantes não podem ser feitas porque o item foi imunizado a erros devido ao projeto ou proceso do produto.

1

Legenda:

A: Fortalecido contra erros B: Medições C: Inspeções manuais

Fonte: AIAG, 2008

Para a elaboração de uma análise de falhas através da FMEA, Helman (1995)

sugere seguir as doze etapas abaixo ilustradas na Figura 3:

29

Definição da equipe responsável pela execução;

Definição dos itens do sistema que serão considerados;

Preparação prévia e coleta de dados;

Análise preliminar dos itens considerados;

Identificação dos modos de falha e seus efeitos;

Identificação das causas das falhas;

Identificação dos controles atuais de detecção das falhas;

Determinação dos índices de criticidade;

Análise das recomendações;

Revisão dos procedimentos;

Preenchimento do formulário da FMEA;

Reflexão sobre o processo.

Figura 3 - Fluxo para elaboração da FMEA

Fonte: Adaptado de Helman, 1995

1- Definição da equipe responsável pela execução

2- Definição dos itens do sistema que serão considerados

3- Preparação prévia e coleta de dados

4- Análise preliminar dos itens considerados

5- Identificação dos modos de falha e seus efeitos

6- Identificação das causas das falhas

7- Identificação dos controles de detecção das falhas

8- Determinação dos índices de criticidade

9- Análise das recomendações

10- Revisão dos procedimentos

11- Preenchimento do formulário de FMEA

12- Reflexão sobre o processo

30

2.2.3 Formulário de FMEA

Conforme manual de referencia do SAE – Society of Automotive Engineers, a

condução do trabalho a ser desenvolvido deve ser baseada em um formulário de

FMEA para a aplicação da metodologia, conforme Anexo A. O formulário é

extensível para todos os tipos de FMEA.

2.2.4 Tipos de FMEAs

Existem quatro tipos de FMEAs utilizados globalmente. Dentre eles, todos

possuem como objetivo identificar falhas que possam causar danos em potencial ou

prejuízo para o consumidor do produto ou serviço oferecido e diferem entre si na

forma de classificar os riscos e nomear os elementos envolvidos. De acordo com

Silveira (2012), os tipos mais comuns são a FMEA de produto e a FMEA de

processo. A Figura 4 apresenta as relações entre os tipos de FMEA.

Figura 4 - Tipos de FMEAs

Fonte: Adaptado de Stamatis, 2003

A seguir a descrição, foco e objetivo de cada um segundo Stamatis (2003):

31

FMEA de Sistema: utilizada para analisar sistemas e subsistemas, desde o

conceito inicial até o estágio de projeto. Seu foco é explorar os modos de falha

potenciais entre as funções de um sistema devido a deficiências no modelo e

minimizar o efeito dessas falhas. A FMEA de sistema tem como objetivo maximizar a

qualidade, a confiança, o custo e a manutenção de um sistema. Ele auxilia na

escolha da melhor alternativa de projeto de um sistema, na determinação de

redundâncias, na definição da base para os procedimentos de diagnóstico em nível

de um sistema, no aumento da probabilidade de que os problemas potenciais sejam

considerados e na identificação das falhas potenciais do sistema e suas interações

com outros sistemas ou subsistemas.

FMEA de Projeto ou FMEA de produto: utilizada para analisar produtos

antes de serem liberados para a fabricação. Concentra-se em modos de falhas

causados por deficiências de projeto, analisando as especificações do produto e

focando em componentes e subsistemas de forma a minimizar o efeito dessas

falhas. A FMEA de projeto tem como objetivo maximizar a qualidade, a confiança, o

custo e a manutenção de um projeto. Ela auxilia no estabelecimento de prioridades

de ações de melhoria no projeto, na identificação de características críticas ou

significativas bem como falhas nas fases de desenvolvimento de um produto, na

avaliação dos requerimentos e alternativas de um projeto, na identificação e

posterior eliminação de problemas potenciais de segurança e na documentação das

razões para as mudanças.

FMEA de Processo: utilizada para analisar processos de fabricação e

montagem. Concentra-se em modos de falhas causados nas etapas de

planejamento e execução de forma a minimizar o efeito dessas falhas e melhorar o

processo como um todo. A FMEA de processo tem por objetivo maximizar a

qualidade, a confiança, o custo, a manutenção e a produtividade de um processo.

Ela identifica as deficiências no processo e as características críticas e/ou

significativas, oferece um plano de ações corretivas e estabelece uma prioridade

para elas, ajuda no desenvolvimento dos planos de controle, auxilia na análise dos

processos de manufatura e montagem e na documentação das razões para as

mudanças.

FMEA de Serviço: utilizada para analisar serviços antes que eles atinjam

os clientes. Concentra-se em modos de falha (tarefas, erros e equívocos) causados

32

por deficiências no sistema ou processos, de forma a minimizar o efeito dessas

falhas. A FMEA de serviço tem por objetivo maximizar a satisfação do cliente através

de qualidade, confiança e serviços. Ela auxilia nas análises dos fluxos de trabalho,

sistemas e processos, identifica as deficiências das tarefas, detecta as tarefas

críticas ou significativas, ajuda no desenvolvimento dos planos de controle,

estabelece uma prioridade para as ações de melhoria e documenta as razões para

as mudanças.

2.2.5 Equipe de FMEA

Embora seja necessário que a responsabilidade pela execução da FMEA seja

delegada a um indivíduo, Huang (1999) descreve que a FMEA deve ser um

resultado de um trabalho em equipe. Cada membro pode fazer as suas próprias

contribuições de forma independente ou com base em trabalhos anteriores

realizados pelos outros membros da equipe.

Um time de especialistas com experiência no tema a ser analisado deve ser

formado incluindo, por exemplo, engenheiros de projeto, manufatura, montagem,

assistência técnica, qualidade, confiabilidade, operadores e responsáveis por

manutenção, conforme a necessidade.

Esse time tem como responsabilidades a abordagem de trabalho em equipe,

a coordenação da equipe pelo engenheiro responsável pelo produto, processo ou

manutenção, o envolvimento de representantes de todas as atividades efetuadas,

bem como a atualização do formulário utilizado para realização da FMEA com as

mudanças ocorridas ou com informações adicionais obtidas, uma vez que se trata de

um documento vivo.

2.2.6 Normas que orientam a FMEA

Atualmente existem diversas normas que abordam a gestão da qualidade

(ISO 9000 e QS9000), gestão ambiental (ISO 14000) e gestão de segurança e

saúde do trabalho (BS8800).

A elaboração e posterior propagação dessas normas têm por objetivo

estabelecer e regulamentar procedimentos que procuram atenuar prejuízos

33

provenientes de deficiências habituais do âmbito de planejamento, de forma a

garantir uma gestão mais eficiente e completa em relação às temáticas citadas

acima.

Nesse contexto, Silva (1997) considera que se a metodologia da FMEA for

empregada de forma adequada, ela poderá atender aos requisitos específicos

dessas normas, como por exemplo, na realização de uma análise e priorização de

impactos, bem como na determinação de ações corretivas e preventivas para sanar

as não conformidades encontradas. No Quadro 5, são citados os requisitos

específicos das normas ISO 14000, ISO 9000, QS9000, e BS8800 e a descrição da

aplicação da FMEA para promover o atendimento e conformidade desses itens.

Quadro 5 - Relação entre os requisitos das normas e a FMEA

Norma Requisito Comentário

ISO 14001

4.3.1 - Aspectos Ambientais: Análise e priorização de impactos ambientais

A utilização da FMEA assegura a análise e priorização dos impactos ambientais.

4.5.2 - Não-conformidade e Ações Corretivas e Preventivas

A FMEA é em si uma técnica preventiva, pode também ser utilizada para solucionar problemas de forma sistemática na identificação das causas fundamentais.

ISO 9001/2/3

4.4 - Contorle de Projeto: Análise crítica

4.14 - Ações Corretivas e Preventivas

A FMEA é em si uma técnica preventiva, pode também ser utilizada para solucionar problemas de forma sistemática na identificação das causas fundamentais.

QS 9000

Seção I: 4.4 - Controle de Projeto

4.14 - Ações Corretivas e Preventivas

A FMEA é em si uma técnica preventiva, pode também ser utilizada para solucionar problemas de forma sistemática na identificação das causas fundamentais.

Seção II: Processo de Aprovação de Peças de Produção (PPAP)

A FMEA além de ser um dos manuais complementares da QS 9000 é um dos documentos obrigatórios para aprovação de peças.

BS 8800

4.2 - Planejamento A organização deve realizar uma avaliação de riscos, incluindo a identificação de perigos. O uso da FMEA atende perfeitamente este requisito.

4.4 - Verificação e Ação Corretiva A FMEA, pode também ser utilizada para solucionar problemas de forma sistemática na identificação das causas fundamentais.

Anexo D - Avaliação de Riscos A utilização da FMEA assegura a análise e priorização dos riscos de condições inse.guras e prejudiciais a saúde presentes no trabalho.

Fonte: Silva, 1997

34

Nos subitens a seguir será apresentado um resumo das normas, bem como

suas características e peculiaridades.

2.2.6.1 Normas ISO 9000

A ISO – International Organization for Standardization, é uma organização

criada em 1946 com o intuito de facilitar a coordenação internacional e a unificação

dos padrões industriais (SOARES, 2013).

Em 1987, a organização publicou uma série de cinco normas que estabelece

um método para gestão e garantia da qualidade de forma a assegurar a estabilidade

e uniformidade de um processo produtivo, tanto para produtos quanto para serviços.

A família ISO 9000 foi concebida a principio, para ser o sistema comum da qualidade

na Europa Unificada, entretanto devido a sua abrangência, essa tendência se

irradiou para os demais países participantes da ISO, os Estados Unidos através da

Q-90, o Japão, os Tigres Asiáticos entre outros. No Brasil, essa nova ordem mundial

foi adotada através da família ABNT NBR ISO 9001. Por conseguinte, o certificado

ISO 9000 é documento imprescindível para empresas que desejam comercializar

seus produtos internacionalmente, principalmente nos países que adotam a norma

ISO (SILVA, 1997).

Em resumo, a ISO 9000 é um sistema de gestão da qualidade (SGQ)

concebido através de normas que descrevem requisitos de sistemas de qualidade

que pode ser utilizado como instrumento pelas empresas para desenvolver, manter e

documentar um portfólio de serviços, melhorar seu desempenho e se beneficiar com

a implementação para fins de garantia de qualidade externa. De acordo com Soares

(2013, apud GRAEL, 2009), a gestão da qualidade pode ser apresentada em oito

princípios contidos na Figura 5:

35

Figura 5 - Princípios da gestão de qualidade

Fonte: Soares, 2013

Segundo Reocities (2015), a família ISO 9000 é constituída pelas seguintes

normas básicas:

ISO 9000:2005 – indica conceitos e terminologias utilizados nas normas.

Essa não é uma norma certificável, sendo utiliza apenas para consulta;

ISO 9001:2005 - indica requisitos para a implementação de um sistema de

gestão da qualidade e é utilizada quando a conformidade com requisitos

especificados tiver que ser garantida pelo fornecedor durante projeto,

desenvolvimento, produção, instalação e serviços associados. Essa norma é

certificável pelos organismos certificadores. Segundo INMETRO (2015):

[...] a ISO 9001 é a versão brasileira da norma internacional ISO 9001 que estabelece requisitos para o Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ) de uma organização, não significando, necessariamente, conformidade de produto às suas respectivas especificações. O objetivo da ISO 9001 é lhe prover confiança de que o seu fornecedor poderá fornecer, de forma consistente e repetitiva, bens e serviços de acordo com o que você especificou.

36

ISO 9002:1994 – indica requisitos para a garantia da qualidade em

produção, instalação e serviços associados e era certificável pelos organismos

certificadores. No ano 2000, ela foi cancelada e absorvida pela ISO 9001;

ISO 9003:1994 – indica requisitos para a garantia da qualidade em

inspeção e ensaios finais e era certificável pelos organismos certificadores. No ano

2000, ela foi cancelada e absorvida pela ISO 9001;

ISO 9004:2008 – indica diretrizes para melhoria de desempenho e eficácia

da organização. Essa norma não é certificável.

2.2.6.2 Norma QS 9000

Nos Estados Unidos, em 1980, desencadeou-se uma corrida em busca da

qualidade na indústria automotiva e a criação de uma gama de programas

individualizados para melhorar o produto, a satisfação do cliente e as relações com

os fornecedores, gerando consequentemente certa opressão da rede de

fornecedores devido a quantidade de informações diferenciadas disponíveis (SILVA,

1997).

Nesse contexto, as grandes companhias da época Chrysler, Ford e General

Motors se uniram para formar um grupo tarefa com o objetivo de desenvolver

sistemas harmonizados para a indústria automotiva que satisfizessem os padrões

internacionais e os requisitos individuais de seus produtos (KARTHA, 2004).

O sistema de qualidade é encontrado no Quality System Requirement, QS-

9000 (HOYLE, 1997) e baseado na estrutura da ISO 9001:1994 em letras itálicas,

mas também possui requisitos adicionais que estão escritos em letras normais

(FORD, 1994). A aplicabilidade da QS 9000 estende-se a todos os fornecedores

internos e externos de produção, serviços, materiais e projetos (SILVA, 1997).

Na figura 6, pode-se visualizar a estrutura dessa norma, que é dividida em

três sessões distintas, bem como alguns de seus requisitos adicionais, como

elementos adicionais de qualidade total e metodologias como a FMEA:

37

Figura 6 - Descrição da QS 9000

Fonte: Silva, 1997

2.2.6.3 Normas ISO 14000

A família ISO 14000 é uma serie de normas que regulamenta métodos e

análises e possibilita certificar produtos e organizações, que estejam de acordo com

a legislação ambiental (SILVA, 1997). Soledade (2007, p.06) salienta que:

A série ISO 14000 tem como objetivo um Sistema de Gestão Ambiental que auxilie as empresas a cumprirem suas responsabilidades em relação ao meio ambiente que permeia a organização dentro de conceitos e procedimentos sem perder de vista características e valores regionais. As normas ISO 14000 se aplicam às atividades industriais, extrativas, agroindustriais e de serviços certificando as instalações da empresa, linhas de produção e produtos que satisfaçam os padrões de qualidade ambiental.

De acordo com Silva (1997), a norma ISO 14000 possui áreas de abrangência

que podem ser distribuídas nos grupos de processo produtivo e de produto, são

elas: sistemas de gestão ambiental, auditorias ambientais, selos verdes, avaliação

de desempenho ambiental, análise do ciclo de vida do produto e termos e definições.

Abaixo segue resumo da norma de maneira simplificada:

ISO 14001- indica requisitos para a implementação de um sistema de

gestão ambiental às empresas. Essa norma é certificável pelos organismos

certificadores;

38

ISO 14004 - é um guia de princípios, sistemas e técnicas de suporte para

que as empresas possam se enquadrar e, no futuro, conseguir a certificação;

ISO 14010 a 14012 – indica diretrizes para a realizacao de auditorias dos

métodos produtivos das empresas;

ISO 14020 a 14024 - normaliza objetos, princípios, termos e definições

para a rotulagem ambiental;

ISO 14040 a 14043 - define a avaliação do ciclo de vida dos produtos

seguindo padrões de gestão ambiental;

ISO 14050 - indica conceitos e terminologias utilizados nas normas.

Para Cerqueira (2010), é importante ter em mente que se tratando de sistema

de gestão ambiental, deve-se procurar um constante aprimoramento através da

avaliação contínua do sistema a fim de identificar oportunidades de melhoria. Na

Figura 7 pode-se visualizar a estrutura do modelo de sistema gestão ambiental

abordando este conceito.

Figura 7 - Modelo de sistema de gestão ambiental para ISO 14001

Fonte: ABNT, 2004 apud Soares, 2013

39

2.2.6.4 Norma BS 8800

Na Inglaterra, em 1996, foi publicada a norma britânica BS 8800 (BSI, 1996)

que estabelece um sistema para gestão e garantia da Segurança e Saúde do

Trabalho, podendo ser aplicada tanto para indústrias de grande porte e altos riscos,

como para organizações de pequeno porte e baixos riscos. As diretrizes dessa

norma foram elaboradas com base no guia HSG 65 - Successful Health and Safety

Management e na ISO 14001 sobre Sistemas de Gestão Ambiental (SILVA, 1997).

Em 1999, a BS8800 serviu como base para o desenvolvimento da norma

OHSAS 18001 (Occupational Health and Safety Assessement Series) que também

estabelece requisitos para o um Sistema de Gestão de Saúde e Segurança

Ocupacional, sendo desenvolvida com a cooperação de diversas associações e

órgãos de certificação internacionais. Essa norma tem por objetivo auxiliar na

minimização dos riscos para os trabalhadores através da gestão de prevenção de

acidentes e doenças ocupacionais, melhorar o desempenho dos negócios e

estabelecer uma imagem responsável perante o mercado (ARAÚJO et al., 2007).

2.2.7 Benefícios de utilização da FMEA

Um dos pontos mais importantes para o sucesso da implementação da FMEA

é utilizá-la no momento adequado, agindo sempre de maneira preventiva, antes que

o modo de falha de projeto, processo, sistema ou serviço seja incorporado ao

produto. Uma FMEA desenvolvida na época apropriada é capaz de proporcionar

menores gastos com mudanças nos produtos, processos, sistemas ou serviços e

maior facilidade na efetivação das modificações necessárias, além de evitar a

utilização de medidas corretivas, pelo fato do sistema já ter suas ameaças e

vulnerabilidades monitoradas e mitigadas. Abaixo segue uma lista de benefícios

gerais desta metodologia segundo Stamatis (2003):

Melhorar a qualidade, confiabilidade e segurança dos produtos fabricados

e ou serviços oferecidos;

Reduzir a variabilidade do processo;

Melhorar a competitividade e a imagem da empresa;

Integrar as áreas e os funcionários dentro de uma empresa;

40

Promover uma melhor compreensão do projeto, processo, sistema ou

serviço;

Promover atividades preventivas do ponto de vista de qualidade;

Ajudar a alcançar e superar a expectativas dos clientes;

Documentar e acompanhar as ações tomadas com o objetivo de reduzir

riscos.

2.2.8 Problemas e melhorias da FMEA

Apesar da popularidade da metodologia da FMEA, alguns indivíduos e

organizações tem se defrontado com certas adversidades para atingir os benefícios

que esse método disponibiliza de maneira integral e alguns contratempos

relacionados com a sua aplicação têm sido apontados na literatura, como por

exemplo, falta de termos bem definidos (KARAZAITRI et al., 1991 apud LAURENTI

et al., 2012) e problemas na identificação de falhas chave (BEDNARZ et al.,1988

apud LAURENTI et al., 2012).

Por meio de uma revisão bibliográfica sistemática Laurenti et al. (2012)

analisaram 106 publicações, encontrando um total de 37 problemas e 153 propostas

de melhoria para a FMEA. A Figura 8 apresenta os problemas identificados pelos

autores ordenados por frequência de aparecimento e suas respectivas classes:

41

Figura 8 - Lista dos problemas e frequências nos estudos selecionados para revisão sistemática

Classe Problema Frequencia Definição do risco Os valores dos RPNs não são precisos. 34,91%

Recursos A realização de uma FMEA completa e rigorosa demanda grande quantidade de tempo e recursos.

31,13%

Integração PDP A aplicação da FMEA não é integrada com outros métodos e atividades do PDP.

24,53%

Temporal Realizado tarde no PDP. 21,70%

Definição do risco Os índices são utilizados como se todos tivessem a mesma importância. 20,75% Definição do risco Um mesmo valor de RPN pode representar situações caracterizadas por

diferentes níveis de risco. 19,81%

Comportamental É considerada tediosa pelos participantes. 16,04%

Definição do risco Critérios qualitativos são usados como quantitativos. 15,09%

Gestão de conhecimentos

Falta de reuso de informações sobre falhas. 14,15%

Cultura organizacional É considerada laboriosa pelos praticantes. 12,26%

Procedimentos Falhas múltiplas não são consideradas. 11,32%

Competência Depende da experiência dos membros do time. 10,38%

Informações Dificuldade em definir ações de melhorias adequadas, considerando a viabilidade, a chance de sucesso e os impactos desfavoráveis.

9,43%

Definição do risco Dificuldade em estimar os valores para os índices. 8,49%

Informações Falta de uma taxonomia padrão. 8,49%

Procedimentos Os custos das ações de melhorias não são estimados. 7,55%

Procedimentos Os custos de falhas que chegariam ao cliente não são estimados. 7,55%

Definição do risco Presença de lacunas na escala de 1 a 1000 do RPN (números primos). 6,60%

Informações Dificuldade de se obter dados relevantes sobre o projeto do produto/processo.

6,60%

Procedimentos O formulário da FMEA não representa todos os dados relevantes da análise. 6,60%

Definição do risco Os índices númericos não são expressivos. 5,66%

Cultura organizacional Realizado somente por questões contratuais. 5,66% Definição do risco Pequenas mudanças nos valores dos índices levam à grandes alterações do

RPN. 3,77%

Temporal Aplicado somente após o protótipo ser construído e testado. 3,77% Cultura organizacional FMEA utilizado para checagem e não para se propor melhorias. 3,77%

Comportamental Conflito entre os membros do time na atribuição de valores para os índices. 3,77%

Procedimentos Os níveis de complexidade do item de análise não são considerados. 3,77%

Integração PDP Dificuldade de reunir o time multidisciplinar, fornecedores e consumidores nas sessões do FMEA.

2,83%

Procedimentos Repetitivo, já que deve estar sempre atualizado. 2,83%

Procedimentos Não levados em conta aspectos ambientais na proposição de melhorias. 2,83% Definição do risco RPN não considera o tamanho do lote para atribuir a probabilidade de

ocorrência da causa da falha. 1,89%

Cultura organizacional Falta de entendimento da importância da FMEA. 1,89%

Definição do risco O índice de severidade é definido pelo projetista e não pelo consumidor. 0,94%

Procedimentos Falta de agrupamento de modos de falhas (mecânica, elétrica, etc...) 0,94%

Procedimentos Não existem critérios para selecionar itens que serão analisados pela FMEA. 0,94% Procedimentos Não considera falhas originadas em diferentes departamentos da

organização. 0,94%

Procedimentos Não define modos de falhas de sistemas dependentes de tempo-real, tais como falhas que ocorrem muito cedo ou muito tarde em sistemas de segurança (marca-passos, airbags, etc.).

0,94%

Fonte: Laurenti et al., 2012

42

Durante a confecção de seu trabalho Laurenti et al. (2012) chegaram a

conclusão que muitas das adversidades da FMEA descritas na literatura podem ser

causadas pela utilização incorreta da metodologia e que se aplicada da maneira

correta, a FMEA pode trazer diversos benefícios aos envolvidos. Além disso, para

ajudar nesse processo, diversas propostas de melhorias estão sendo desenvolvidas

em diferentes tipos de indústrias almejando alcançar o máximo proveito do FMEA.

3 METODOLOGIA

3.1 Método de Pesquisa

Dentro das abordagens empregadas para análise de resultados o estudo de caso é caracterizado pelo estudo profundo e exaustivo de um ou de poucos objetos, de maneira que permita seu amplo e detalhado conhecimento, tarefa praticamente impossível mediante os outros delineamentos considerados (GIL,1996 apud FERREIRA, 2001, p. 60).

De acordo com Turrioni (2002), na história da metodologia de pesquisa, o

estudo de caso é considerado uma dos instrumentos mais antigos de pesquisa,

sendo utilizado pela primeira vez na Europa no início do Século XX, particularmente

na área da Medicina, com o método clínico.

Nos Estados Unidos, esse princípio foi associado ao departamento de

sociologia da Universidade de Chicago na década de 20, quando Robert Park

introduziu técnicas de reportagem ao método. Para ele o sociólogo era um repórter

meticuloso e empenhado, visando a descrição profunda dos eventos, de forma a

levantar as grandes tendências sociais de uma era, regidas por leis dinâmicas e com

a constante possibilidade de mudança (TURRIONI, 2002).

Ferreira (2001) descreve que no decorrer das décadas de 30 e 40, o anseio

dos pesquisadores por leis mais estáveis e generalizáveis para a ciência levou o

estudo de caso a enfrentar um período de decadência, proporcionando espaço para

a ascensão das metodologias positivistas e do enfoque na pesquisa quantitativa, que

propiciavam por descrições objetivas e maior confiabilidade nos resultados ao olhar

dos estudiosos.

43

Somente nas décadas de 50 e 60 o estudo de caso voltou a ser utilizado, na

área educativa, como técnica de ensino na Escola de Administração da Universidade

de Harvard (Harvard Business School) e na área de pesquisa, após a percepção das

limitações dos métodos quantitativos (TURRIONI, 2002).

Com o estudo de caso, é possível experimentar a realidade de forma genuína,

e considerar dados de forma integral através da observação, reconstrução dos fatos

e análise dos dados, reunindo o entendimento dos participantes do caso em estudo

(FERREIRA, 2001).

Essencialmente existem três tipos de estudo de caso (YIN,1993):

O estudo de caso exploratório tem por objetivo testar as perguntas

norteadoras do projeto, hipóteses, e principalmente os instrumentos e procedimentos

e funciona como um estudo piloto. O estudo de caso descritivo tem por objetivo

descrever uma situação, apresentando ao leitor uma realidade que ele não conhece,

sem estabelecer relações de causa e efeito ou realizar generalizações. Já o estudo

de caso explanatório tem por objetivo descrever uma realidade e estabelecer

relações de causa e efeito aos fatos.

Segundo Yin (2001), com o intuito de determinar qual método de pesquisa

será empregado para a realização de um projeto, deve-se atentar às seguintes

condições: (a) a natureza da questão de pesquisa proposta; (b) a amplitude do

controle que o pesquisador tem sobre eventos comportamentais efetivos; (c) o nível

de enfoque em acontecimentos históricos em oposição a acontecimentos

contemporâneos. Dessa forma, o estudo de caso é o método adotado quando se

determinam questões de pesquisa do tipo “como” e “por que” e se exploram eventos

contemporâneos sem poder manipular comportamentos relevantes. Seu diferencial

frente às outras metodologias está relacionado à capacidade de trabalhar com uma

vasta variedade de evidências, como documentos, artefatos, entrevistas e

observações. O quadro 6 apresenta uma síntese das conjunturas citadas acima para

o uso do estudo de caso.

Quadro 6 - Resumo das condições para uso do estudo de caso

Fonte: Yin, 2001

44

Ferreira (2001) descreve que hoje em dia, o estudo de caso é empregado na

averiguação de eventos das mais diversas áreas do conhecimento e pode ser

considerado um método psicoterápico, didático ou até mesmo um método de

pesquisa. Neste último entendimento, pode ser elucidado como:

[...] um conjunto de dados que descrevem uma fase ou a totalidade de um processo social de uma unidade, em suas varias relações internas e nas suas fixações culturais, quer seja esta unidade uma pessoa, uma família, um profissional, uma instituição social, uma comunidade ou uma nação (Young, 1960, apud FERREIRA, 2001, p. 62).

O método de pesquisa denominado estudo de caso descritivo baseado em

análise prática acerca do gerenciamento de riscos de qualidade premeia o

desenvolvimento deste projeto. Essa metodologia foi escolhida com o intuito de

contemplar a existência de relações sobre os conceitos teóricos descritos na

literatura e os resultados práticos e demonstrar ao leitor uma situação existente e

que está em desenvolvimento na atualidade.

3.2 A empresa

A empresa na qual o estudo foi realizado é uma multinacional da indústria do

agronegócio e biotecnologia, de capital aberto. No Brasil, a empresa conta com duas

áreas produtivas de herbicidas, sendo uma delas responsável apenas pela produção

do produto intermediário, que também é comercializado, e a outra pela produção do

produto final localizada no Vale do Paraíba – SP.

É uma empresa agrícola que procura, por meio da inovação e da tecnologia,

ajudar os agricultores de todo o mundo a aumentar a sua produção de forma

sustentável, para que eles possam produzir alimentos mais saudáveis, oferecer

melhor ração animal e mais fibra, como também diminuir o impacto da agricultura no

meio ambiente.

45

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Neste capítulo é relatado um estudo de caso concernente ao uso da FMEA:

uma aplicação sobre o processo de embalagens de formulações sólidas em uma

multinacional de agroquímicos.

O grupo de trabalho responsável pela realização da FMEA de processo foi

composto pelo engenheiro de qualidade, especialista técnico de qualidade,

estagiária de qualidade, engenheiro de embalagens, especialista de produção,

engenheiro elétrico e engenheiro de manutenção. O conhecimento da equipe era

essencialmente oriundo de experiências profissionais relacionadas à linha de

embalagens de formulações sólidas, participações em outras análises de falha e

levantamento das reclamações de clientes associadas ao produto final

comercializado. No decurso do estudo de caso, serão detalhadas as etapas

primordiais utilizadas para a realização desta análise.

O processo de embalagem é composto por nove componentes principais: a

embaladeira, a primeira balança, o aplicador de bulas, a segunda balança, a

formadora e seladora de caixas, o sistema de rejeito de caixas, o robô paletizador, a

filmadora e o armazém, de acordo com o diagrama exemplificado na Figura 9:

46

Figura 9 - Esquematização da linha de embalagens de formulações sólidas

Fonte: Do autor

Primeiramente, é colocada uma bobina de filme plástico na entrada da

embaladeira, onde ocorre a formação dos sacos de 5 Kg, a impressão dos lotes nas

embalagens e posteriormente o enchimento dos pacotes com a formulação sólida e

a selagem destes. Em seguida, cada pacote passa pela primeira balança com o

intuito de realizar-se a conferência de peso e percorre pela esteira em direção ao

aplicador de bulas. Neste ínterim, as caixas de papelão são montadas na formadora

de caixas, localizada abaixo da esteira de pacotes. Depois disso, os pacotes são

depositados pela empacotadora nas caixas, as quais são seladas e seguem para a

segunda balança para conferência de peso, com o objetivo de garantir o número

correto de volumes em cada caixa.

As próximas etapas envolvem a passagem pelo sistema de rejeito e pela

impressora de lotes nas caixas. Em seguida, a paletizadora abastece a linha com os

paletts e o robô paletizador realiza o agrupamento das caixas e as deposita em

camadas sobre o palett, o qual é filmado com strech filme com o objetivo de

compactar a carga e realizar o transporte do produto até o armazém.

A seleção da linha de embalagens como objeto de estudo nesta monografia

deve-se ao fato deste processo ter sido classificado pela equipe com o maior nível

de criticidade.

visando o aprimoramento e a obtenção da excelência na qualidade dos

processos internos da multinacional de agroquímicos e considerando que existem

vários processos críticos do ponto de vista de qualidade que precisam ser

47

aperfeiçoados na empresa, foi realizado um mapeamento e posteriormente um

arranjo desses processos baseado em critérios de classificação de incidentes de

qualidade (Figura 10) e o resultado obtido foi enquadrado em uma matriz de

priorização, para que se elegesse um ponto de partida para a aplicação do

gerenciamento de riscos de qualidade.

Figura 10 - Critérios de priorização de incidentes de qualidade

Fonte: Do autor

Seguindo essa linha de raciocínio, cada processo foi classificado de acordo

com a magnitude do esforço e impacto que causariam para a empresa. Dessa

forma, a linha de embalagens de formulações sólidas foi escolhida para a realização

desse trabalho por apresentar um impacto alto e um esforço baixo, sendo

considerado o processo que expressa o maior nível de criticidade do ponto de vista

de qualidade de acordo com a Figura 11.

48

Figura 11 - Matriz de priorização de incidentes de qualidade

Fonte: Do autor

Desta forma, para a elaboração da FMEA de processo, foi realizado um mapa

da linha de embalagens de produtos sólidos e utilização das seguintes etapas para

sua confecção:

Seleção dos principais elementos da linha de embalagem;

Identificação dos modos de falha de cada elemento e seus efeitos no

sistema;

Identificação das causas e controles dos modos de falha para cada

elemento;

Determinação dos índices de severidade, ocorrência e detecção para cada

modo de falha;

Determinação de ações corretivas ou preventivas e responsáveis.

No decorrer das reuniões de FMEA realizadas com o intuito de coletar

informações pertinentes para se realizar uma análise profunda quanto à seleção dos

49

principais elementos da linha de embalagem e seus modos de falha, constatou-se

que certos eventos podem ser considerados como modos de falha ou não,

dependendo das convicções da equipe quanto aos fenômenos relacionados ao

elemento que está sendo explorado. Em vista disso, Sakurada (2001) destaca a

importância do grupo em estender o estudo sobre o elemento em avaliação de forma

a estabelecer nitidamente o fundamento para o qual está sendo realizada a análise

de falha. O quadro 7 apresenta de forma ilustrativa a etapa de identificação dos

modos de falha e seus efeitos para cada um dos componentes analisados.

Quadro 7 - Componentes, modos de falha e seus efeitos

Componente Modo de falha Efeito

Embaladeira

Matéria-prima fora de especificação Produto fora de especificação

Insumos de embalagens fora de especificação

Parada da linha

Peso incorreto Produto fora de especificação

Selagem do pacote incorreta Pacote aberto

Código do lote incorreto Falha de impressão

Balança de pacotes Peso incorreto Produto fora de especificação

Aplicador de Bulas Aplicação incorreta de bulas

Produto fora de especificação Bulas fora de especificação

Formadora de caixas Formação incorreta de caixas Parada de linha

Empacotadora Produto faltante

Produto fora de especificação Pacote avariado

Seladora

Caixa avariada Produto fora de especificação

Pacote avariado

Falta de fita Caixa aberta

Balança de caixas Peso incorreto Produto fora de especificação

Sistema de rejeito Pacote faltante Produto fora de especificação

Impressora Falha na impressão Produto fora de especificação

Robô Paletizador Caixa faltante

Produto fora de especificação Desalinhamento/Queda de caixas

Paletizadora Falha na alimentação de pallets Parada de linha

Filmadora Caixa avariada

Produto fora de especificação Desalinhamento/Queda de caixas

Armazém

Pallet avariado Produto fora de especificação

Caixa avariada

Deslizamento de caixas Queda de produto

Fonte: Do autor

50

4.1 Identificação das causas dos modos de falha

Após a realização de análises profundas de forma a detectar todos os

modos de falha potenciais de cada um dos componentes da linha, é possível então

prosseguir para as próximas etapas e itens contidos no formulário da FMEA, ou

seja, na identificação das causas e controles dos modos de falha para cada

elemento e determinação dos índices de severidade, ocorrência e detecção para

cada modo de falha. O quadro 8 apresenta o conjunto das causas dos modos de

falha identificados.

51

Quadro 8 - Componentes, modos de falha e suas causas

Componente Modo de falha Causas dos modos de falha

Embaladeira

Matéria-prima fora de especificação

Qualidade no fornecedor, armazenamento.

Insumos de embalagens fora de especificação

Qualidade no fornecedor, falha humana, falha no manuseio.

Peso incorreto Falha na balança, falha na comunicação entre equipamentos.

Selagem incorreta do pacote

Temperatura de selagem incorreta, falha no ar comprimido, tempo de selagem e de resfriamento incorretos, filme fora de especificação, alta umidade do produto, densidade, falha humana.

Código do lote incorreto

Falha humana, falha na troca da tinta, falha no sincronismo entre velocidades de impressão e de enchimento de tinta.

Balança de pacotes

Peso incorreto Falha humana, calibração incorreta, vibração, falha do sensor, falha de comunicação entre a Embaladeira e a Balança 1.

Aplicador de Bulas

Aplicação incorreta de bulas

Falha no motor, falha no sensor, falha humana, falha no sincronismo de velocidades de linha e do aplicador bulas.

Bulas fora de especificação

Qualidade no fornecedor.

Formadora de caixas

Formação incorreta de caixas

Qualidade no fornecedor, falha na aplicação de cola devido a temperatura e pressão incorretas, falha nos cilindros, falha de sincronismo entre sensores.

Empacotadora

Produto faltante Falha no sensor, posição incorreta do sensor, falha de sincronismo entre sensores.

Pacote avariado Falha de introdução do cilindro, posição incorreta da caixa, falha de sincronismo entre sensores, falha do sinal do PLC, posição incorreta do pacote, qualidade no fornecedor (dimensões da caixa).

Seladora

Caixa avariada Falha no cilindro, qualidade no fornecedor, falha no tensionador de fitas, falha humana, posição incorreta do pacote.

Pacote avariado Posição incorreta do pacote.

Falta de fita Qualidade no fornecedor, falha no tensionador de fitas, falha humana, falha no corte da fita.

Balança de caixas

Peso incorreto Falha humana, calibração incorreta, vibração, falha do sensor.

Sistema de rejeito

Pacote faltante Falha no cilindro, falha no sensor do solenoide, compartimento cheio.

Impressora Falha na impressão Falha na pressão de ar, erro de digitação, manutenção do DIE, estoque de tinta vazio, tinta velha, intervalo entre caixas, qualidade no fornecedor.

Robô Paletizador

Caixa faltante Falha no sensor de contagem, falha na pressão de ar, falha no medidor de vácuo e dano nas ventosas.

Desalinhamento/ Queda de caixas

Qualidade no fornecedor, falha de carga no tabuleiro de papelão, falha no sensor.

Paletizadora Falha na alimentação de pallets

Qualidade no fornecedor, falha na pressão de ar, falha de sincronismo, falha humana na alimentação de paletes, falha no motor M5.

Filmadora

Caixa avariada Falha humana no ajuste de tensão e número de voltas do filme, qualidade no fornecedor, falha na célula de carregamento, falha na pressão de ar. Desalinhamento /

Queda de caixas

Armazém

Pallet avariado Qualidade no fornecedor, especificação do palete, manuseio e manutenção da empilhadeira incorretos.

Caixa avariada Qualidade no fornecedor, manuseio incorreto da empilhadeira.

Deslizamento de caixas

Qualidade no fornecedor, falha na aplicação do strech e manuseio incorreto da empilhadeira.

Fonte: Do autor

Para definição dos níveis de severidade de cada modo de falha, foram

utilizados os critérios abrangidos no quadro 9.

52

Quadro 9 - Critérios de severidade

SEV Critérios de Severidade

10 Falha extremamente grave, que envolve a segurança do cliente

(até morte) e o não cumprimento de aspectos legais, sem aviso.

9 Falha muito grave, que envolve a segurança do cliente, aspectos

legais, porém é emitido um aviso caso ela ocorra.

8 Falha grave que resulta em cliente muito insatisfeito devido ao não

cumprimento da função pelo produto e/ou serviço oferecido.

7 Falha de gravidade mediana que resulta em cliente bastante

insatisfeito devido ao desempenho bastante restrito do produto e/ou serviço oferecido.

6 Severidade moderada que faz o cliente insatisfeito e com certeza

este não voltará a comprar novamente o produto e/ou serviço.

5 Severidade bem moderada, onde o cliente percebe claramente as

limitações naquilo que lhe é oferecido e provavelmente não voltará a comprar o produto e/ou serviço.

4 Severidade baixa, onde o cliente percebe claramente a falha

porém o cliente pode voltar a comprar o produto e/ou serviço.

3 Severidade leve, o cliente nota a falha porém percebe que a

mesma não prejudica o desempenho do produto e/ou serviço oferecido.

2 Severidade bem leve e o cliente notará muito pouco as limitações

do produto e/ou serviço oferecido.

1 Severidade insignificante e é improvável que o cliente perceba a

falha. A falha não afeta em nada o desempenho do produto e/ou serviço oferecido.

Fonte: Adaptado de Sneeling et al., 2009

Para definição da probabilidade de ocorrência de cada modo de falha, foram

utilizados os critérios abrangidos no quadro 10 abaixo.

Quadro 10 - Probabilidade de ocorrência

OCO Probabilidade de Ocorrência

10 1 em 2 Muito Alta

9 1 em 4 Muito Alta

8 1 em 8 Alta

7 1 em 20 Alta

6 1 em 80 Moderada

5 1 em 400 Moderada

4 1 em 2.000 Moderada

3 1 em 15.000 Baixa

2 1 em 150.000 Muito Baixa

1 1 em 1.500.000 Remota

Fonte: Adaptado de Ford Motor Company (1988)

53

Já os critérios utilizados para se definir a probabilidade de detecção dos

potenciais modos de falha estão contidos no Quadro 11.

Quadro 11 - Probabilidade de detecção

DET Probabilidade de Detecção %

10 Nada existe para detectar a falha. Com certeza chegará ao cliente. 0%

9 É muito remota a probabilidade de detecção da falha. 5%

8 É remota a probabilidade de detecção da falha. 20%

7 Probabilidade muito baixa de detecção da falha. 40%

6 Probabilidade baixa de detecção da falha. 60%

5 Probabilidade moderada de detecção da falha. 70%

4 Probabilidade moderada alta da falha ser detectada. 80%

3 É alta a probabilidade da falha ser detectada. 90%

2 É muito alta a probabilidade da falha ser detectada. 95%

1 É certo que a falha será detectada. 100%

Fonte: Do autor

4.2 Modos de falha priorizados

Através da realização do gerenciamento de riscos de qualidade aplicando a

metodologia da FMEA para a linha de embalagens de formulações sólidas, as falhas

potenciais que poderiam ocorrer durante esse processo tornaram-se mais notórias.

Seguindo as indicações de Martins (2012), foram analisados os NPR´s de

cada um dos modos de falha identificados e priorizados aqueles que possuíam os

maiores escores para que as tratativas sejam implementadas visando à mitigação ou

eliminação total da falha, ampliando assim a confiabilidade do processo durante uma

produção em escala industrial.

O Apêndice A desta monografia especifica todos os modos de falha

encontrados pela equipe multifuncional responsável por averiguar o processo, bem

como as ações recomendadas para cada um deles. Abaixo seguem os modos de

falha considerados mais significativos para a linha de embalagens:

Insumos de embalagens fora de especificação;

Peso incorreto;

Aplicação incorreta de bulas;

54

Pacote faltante;

Caixa faltante;

Desalinhamento / queda de caixas;

Pallet avariado;

Caixa avariada.

4.3 Ações tomadas no processo a partir da elaboração da FMEA

4.3.1 Insumos de embalagens fora de especificação

Implementado SLA (Service Level of Agreement) no contrato de fornecimento

de filmes com o objetivo de se mensurar a qualidade dos produtos recebidos através

de um indicador que apresenta a quantidade fornecida e o volume de defeitos

detectados mensalmente. Foi estabelecido o número máximo de defeitos permitidos

e caso a meta seja ultrapassada, o fornecedor deverá pagar multas ao cliente.

Realizada a inclusão de medida de capabilidade para parâmetros críticos de

filme como espessura e falhas de impressão nos certificados de análise de cada lote

enviado pelo fornecedor à empresa.

De forma a mitigar potenciais falhas de arte nos filmes plásticos, foi avaliada a

implementação de um sistema de inspeção através de câmeras para instalação em

linha custando aproximadamente R$ 300.000. Esta iniciativa foi incluída na lista de

projetos da planta e deverá ser implementada até 2017.

4.3.2 Peso incorreto

Revisados os planos de manutenção das balanças, nos quais uma empresa

externa segue o plano de calibração a cada seis meses e avalia se tem existem

críticos para a manutenção destas, após isso emite um certificado. Foram incluídos

os transportadores das balanças no plano de manutenção preventivo para inspeção

rolamentos, roletes e esteiras. Devido ao fato das balanças possuírem rotação baixa

e intermitente, não foi possível incluí-las na manutenção preditiva de forma a

monitorar vibrações que poderiam causar erros de leituras, entretanto caso aconteça

55

algum sinal anormal de vibração nos transportadores onde estão as balanças, a

equipe da operação aciona a manutenção onde é feito a avaliação das causas.

Revisada a instrução de trabalho SJC-DPA IT-001 Revisão 17 e incluídos os

passos necessários para a calibração da balança de pacotes. Deverá se programar

a calibração da balança com uma empresa externa, desde que se tenha

rastreabilidade a padrões nacionais. A empresa emitirá um certificado de calibração

do equipamento e a ordem de serviço deverá ser encerrada.

Instalado um novo sensor por meio difuso na balança de pacotes para

aumentar a confiabilidade do equipamento conforme Figura 12.

Figura 12 - Evidência de instalação do sensor difuso

Fonte: Do autor

Anteriormente o sensor instalado em linha era indutivo e operava através de

uma bobina que gerava uma variação da indutância do campo eletromagnético,

quando objetos passavam próximos à face sensora. Entretanto, esse não era o

princípio ideal a ser utilizado neste caso, pois dependendo da posição do pacote o

sensor poderia entrar em falha e não identificá-lo. Já o sensor difuso atua por

presença, ou seja, o acionamento da saída sucede quando o utensílio a ser

identificado adentra na zona de sensibilidade, gerando a reflexão do feixe de luz do

transmissor para o receptor de acordo com a Figura 13 (SILVA, 2015).

56

Figura 13 - Lógica de funcionamento de um sensor difuso

Fonte: Silva, 2015

4.3.3 Aplicação incorreta de bulas

Implementado SLA no contrato de fornecimento de rótulos e bulas de forma a

mensurar o nível de qualidade dos produtos fornecidos e fazer um acompanhamento

dos desvios encontrados. Foi estabelecido o número máximo de defeitos permitidos

e caso a meta seja ultrapassada, o fornecedor deverá pagar multas ao cliente.

Avaliada a implementação de um novo sistema de inspeção de forma a

detectar falhas de impressão em rótulos e bulas. Ambos os fornecedores atuais

realizam inspeções visuais durante a produção desses insumos e de acordo com

eles não existe tecnologia acessível para inspecioná-los em detalhes. Já para as

linhas de produção existe tecnologia disponível através de um sistema de

gerenciamento de imagens, o qual fotografa um padrão e compara com os rótulos e

bulas que estão passando em linha de forma a detectar divergências. Esse sistema

custa em torno de 300K$ e sua compra foi incluída na lista de projetos da planta e

deverá ser implementada até 2017.

Realizada a inclusão de um Nível de Qualidade Aceitável (NQA) nos

Certificados de Análises de rótulos e bulas enviados à empresa referente a falhas de

impressão. O Nível de Qualidade Aceitável é a máxima porcentagem defeituosa

(número de defeitos / não conformidades) que, para fins de aceitação por

amostragem, pode ser considerada satisfatória como média de um processo ou série

contínua de lotes e é baseado na NBR 5426. Após a coleta e análise dos dados pelo

fornecedor, pode-se concluir que para seu processo seria aplicada inspeção

especial, nível S-4, e para o range de defeitos interno seria considerado 10%. Na

57

Figura 15 está ilustrada a correlação entre o tamanho do lote e o nível de inspeção a

ser utilizado. Como o lote do fornecededor possui 40000 peças e não existiam

inspeções por amostragem no produto acabado anteriormente, deverá ser aplicada

inspeção especial nível S-4. Cruzando estes critérios na Figura 14, foi encontrada a

letra “J” como código de amostragem.

Figura 14 - Correlação entre o tamanho do lote e o nível de inspeção a ser utilizado

Fonte: ABNT, 1985

Na Figura 15 estão ilustrados os planos de amostragem individuais para

inspeção normal. A letra “J” encontrada anteriormente indica que o fornecedor

deverá inspecionar 80 peças como amostragem para liberação de um lote para seus

clientes. Considerando um range de defeitos interno de 10% e cruzando as

informações na figura abaixo, determina-se que se 14 peças fora de especificação

forem encontradas durante a inspeção, deverá ser realizada uma nova amostragem

considerando o intervalo anterior e o posterior para identificação de potenciais

defeitos em outros paletes. Caso mais de 15 peças fora de especificação sejam

encontradas durante a inspeção final, o lote inteiro deverá ser reprovado e analisado

antes de ser enviado ao cliente.

58

Figura 15 - Planos de amostragem individuais para inspeção normal

Fonte: ABNT, 1985

4.3.4 Pacote faltante

Quando a balança identifica que uma caixa deve ser rejeitada devido à

divergência de peso, o sensor envia um sinal para o controlador lógico programável

e este realiza o comando de parar o transportador e acionar a solenoide de um

cilindro para empurrar a caixa para a esteira de rejeitos. A lógica foi reavaliada para

que o transportador pare quando houver sinal de rejeito e presença de caixa na

frente do cilindro ou presença de caixa parada em linha por mais de 3 segundos.

Para que o transportador volte a funcionar, depende do sinal de que o cilindro

chegou ao final de curso e retornou a posição inicial, ou seja, é necessário um

comando de recuar e isso acontece quando o cilindro é recuado e emite um sinal de

avançado. Caso a lógica de avançado não funcione, a linha continua parada. Esse

tipo de bloqueio já integra todas as possibilidades de falha seja por cilindro, válvula

ou alimentação de ar.

Instalado um novo sensor por meio reflexivo na balança de caixas para

aumentar a confiabilidade do equipamento de forma que se o sensor indutivo falhar

59

existe o reflexivo para garantir que a solenoide do cilindro irá rejeitar a caixa quando

ela estiver dentro da região de sensibilidade dos sensores.

Instalada uma nova lógica no sistema de rejeito de caixas utilizando sinal de

contato normal fechado. Esse tipo de contato garante que, caso o cabo entre a

balança de caixas e o controlador lógico programável seja rompido, danificado ou

desconectado, haja rejeito da caixa.

4.3.5 Caixa faltante

Reavaliada a lógica do robô paletizador com o objetivo de confirmar se existe

vácuo nas ventosas durante a etapa de formação das caixas no pallet. Caso haja

uma queda de caixa pelo robô ocorre a atuação do pressostato (chave de pressão),

indicando que existe perda de vácuo nas ventosas e o robô é direcionado para a

posição de zero parando imediatamente a paletização e o operador da linha deve

entrar em contato com a equipe de manutenção para verificação do equipamento.

4.3.6 Desalinhamento / queda de caixas

Realizada a troca da posição das caixas no pallet em 90 graus de forma a

ganhar tempo na etapa de formação das colunas de caixas e melhorar as operações

logísticas, evitando o desalinhamento de caixas.

Realizada a inclusão de capabilidade para espessura de strech film, bem

como a inclusão dos valores de estiramento (laboratoriais) nos certificados de

análise envidados à empresa e revisada a especificação atual de strech film

incluindo a necessidade de o fornecedor enviar os valores de capabilidade para

parâmetros críticos no certificado de análises.

4.3.7 Pallet avariado

Implementado SLA no contrato de fornecimento de pallets com o objetivo de

se mensurar a qualidade dos produtos recebidos através de um indicador que

apresenta a quantidade fornecida e o volume de defeitos detectados mensalmente.

60

Revisada a especificação atual de pallet substituindo o material utilizado de

Pinus (madeira leve) por Eucalipto (madeira densa) que possui as seguintes

vantagens em relação ao Pinus: maior durabilidade devido à porosidade,

aumentando a umidade da madeira; menor incidência de fungos e maior resistência

a esforços e abaulamento devido ao Eucalipto apresentar fibras longas e menor

incidência de nós de madeira.

4.3.8 Caixa avariada

Devido ao fato das formulações sólidas serem embaladas a temperaturas de

aproximadamente 45ºC, após a etapa de empilhamento de caixas com oito camadas

de altura no pallet, observa-se a incidência de caixas colapsadas localizadas na

base do pallet em dias mais úmidos. Para identificação da causa raiz de

colapsamento de caixas, foram realizados diversos testes em parceria com o

fornecedor de forma a avaliar ações para mitigação deste problema. Após avaliação

de nossas linhas e especificações, seguem abaixo estudos realizados e resultados

obtidos:

Realizado teste de alça na caixa, alterando a alça para 50 mm do vinco

superior de acordo com a Figura 16. Entretanto, esta alteração não

proporcionou aumento na compressão da caixa atual.

Figura 16 - Alteração na alça da caixa para 50 mm do vinco superior

Fonte: Do autor

61

Realizado teste de alça, deslocando a alça para o topo da caixa (Figura

17), de forma que o ar quente possa subir e ser dissipado no ambiente.

Essa alteração proporcionou um aumento de apenas 2,5% na compressão

atual da caixa.

Figura 17 - Alteração na alça para o topo da caixa

Fonte: Do autor

Realizado teste de tratamento interno na caixa contra umidade, não

obtendo ganhos com essa alteração.

Realizado estudo de compressão e coluna em duas ordens de produção de

caixas durante sete dias de forma a identificar a variabilidade desses

parâmetros durante a produção no fornecedor de acordo com a Figura 18.

A partir dos dados analisados comprovou-se que a capabilidade do

fornecedor é alta e não existem variações significativas de compressão e

coluna durante a produção de diferentes lotes.

Figura 18 – Estudo de compressão e coluna

Fonte: Do autor

62

Realizado estudo de variabilidade de umidade e resistência em três

momentos diferentes de impressão de ao longo da produção de um lote de

caixas no fornecedor (0, 12 e 24 horas após o início da produção na

onduladeira). Foi encontrada alta correlação entre umidade e resistência da

coluna, entretanto não há variabilidade de processo a ponto de gerar

populações diferentes em resistência de coluna dentro de um mesmo lote

após condicionamento.

Baseado nos testes realizados para identificação de causa raiz para

colapsamento de caixas a ação tomada foi aumentar a coluna de caixas em

1Kgf/cm² e a compressão em 100 Kgf/cm² e revisar a especificação atual de caixas

para contemplar esses valores.

63

5 CONCLUSÃO

O estudo de caso exposto neste trabalho apresentou a utilização prática do

método FMEA empregado no gerenciamento de riscos de qualidade do processo

produtivo de embalagens de formulações sólidas em uma multinacional do setor de

agroquímicos. Através do presente trabalho, foi demonstrada a elaboração e

preenchimento do formulário da FMEA, realizada a eliminação ou mitigação de

modos de falha encontrados no processo e a implementação de ações corretivas e

preventivas para desvios que poderiam gerar no futuro não conformidades na

qualidade do produto final fornecido ao mercado, além de possibilitar a redução de

potenciais custos com retrabalho, atrasos na produção e reclamações de clientes.

Diante das evidências apresentadas, conclui-se que sem a realização de uma

análise de riscos do processo, a ocorrência de modos de falha identificados pela

aplicação da FMEA sucederia em grande escala, por esse motivo, esta metodologia

mostra ser um artifício eficiente para a realização de análises de riscos de qualidade

na indústria química.

Como sugestão para trabalhos futuros, poderá ser realizada uma reanálise da

FMEA realizada para a linha de embalagens de formulações sólidas de forma a

avaliar os novos índices de risco para os modos de falha encontrados depois da

implementação de todas as ações corretivas e preventivas nesse processo.

64

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71

APÊNDICE A – Formulário da FMEA do processo em estudo

72

FMEA Nº: 01

Área: Linhas 2 e 3

Preparado por: Edvaldo Dozena, Giancarlo Pinotti, Rafael Brunholi, Roger Goldman, Alam Lopes, Marcos Peverati, Silvio Almeida e Patricia Saxer

Processo: Linha de embalagens de formulações sólidas

Data: Oct / 08 / 2014

Variável Modo de falha

Efeito SEV

Causa da falha

OCO

Controle D E T

RPN Ações recomendadas

Resp. Prazo

Embaladeiira Matéria

prima fora de espec

Produto fora de espec / Parada de linha

7 Qualidade do fornecedor

1

(D) Análises de controle de processo a cada 3hrs (umidade e densidade)

3 21 N/A

7 Falha de armazenagem

1 (D) Indicação de peso alto

1 7 N/A

Filme fora de espec

Produto fora de espec / Parada de linha / Falha de impressão

9 Qualidade do fornecedor

5

(C) Controle de CoA; (C) Inspeção visual; (D) Checklist da operação; (D) Inspeção de qualidade (QRM)

5 225

1) Implementar SLA no contrato de filmes 2) Avaliar a implementação de um novo sistema de inspeção de filmes na área e no fornecedor 3) Incluir capabilidade para parâmetros críticos de filmes no CoA.

1) Vanessa 2) Giancarlo 3) Roger

15-Apr-15

9

Manuseio interno incorreto

1

(C) Instrução de trabalho (C) Controle de CoA; (C) Inspeção visual; (D) Checklist da operação; (D) Inspeção de qualidade (QRM)

5 45 N/A

Falha de selagem do pacote

Pacote aberto

7

Temperatura de selagem incorreta

3

(C) Inspeção visual (C) Controle de temperatura com Interlock (+-10°C) (D) Inspeção de qualidade (QRM)

4 84 N/A

7

Falha na máquina de pressão de ar

2 (C)Válvula de controle de inpressão

1 14 N/A

73

Variável Modo de falha

Efeito SEV

Causa da falha

OCO

Controle D E T

RPN Ações recomendadas

Resp. Prazo

Embaladeira

Falha de selagem do pacote

Pacote aberto

7 Tempo de resfriamento

3

(D) Inspeção visual (D) Teste de queda (D) Inspeção de qualidade (QRM)

4 84 N/A

7 Filme fora de espec

3

(C) Controle de CoA; (C) Inspeção visual;

4 84 N/A

7 Densidade 3

(D) Análises de controle de processo a cada 3hrs

4 84 N/A

7 Umidade 3

(D) Análises de controle de processo a cada 3hrs

4 84 N/A

7 Falha humana

2

(D) Instrução de trabalho (D) Treinamento (D) Inspeção de qualidade (QRM)

4 56 N/A

Peso fora de espec

Produto fora de espec

9

Falha de comunicação entre a balança e a embaladeira

1 (C) Balança 2 18 N/A

9 Falha na balança

1

(C) Calibração (D) Inspeção de qualidade (QRM)

2 18 N/A

Número de lote incorreto

Produto fora de espec

9 Falha humana

2

(D) Instrução de trabalho (D) Treinamento (D) Inspeção de qualidade (QRM) (D) Inspeção em linha

5 90 N/A

9

Falha de sincronismo entre as velocidades de impressão e enchimento de tinta

2

(D) Instrução de trabalho (D) Treinamento (D) Inspeção de qualidade (QRM) (D) Interlock de falta de tinta (D) Inspeção em linha

5 90 N/A

74

Variável Modo de falha

Efeito SEV

Causa da falha

OCO

Controle D E T

RPN Ações recomendadas

Resp. Prazo

Embaledeira

Número de lote incorreto

Produto fora de espec

9 Troca da tinta 2

(D) Instrução de trabalho (D) Treinamento (D) Inspeção de qualidade (QRM) (D) Inspeção em linha

5 90 N/A

Balança de pacotes

Falha de peso

Produto fora de espec

9 Vibração 2

(C) Inspeção visual (C) Balança de caixas

7 126 1) Revisar o plano de manutenção

1) Silvio Almeida

15/dez/14

9 Falha humana

2

(D) Instrução de trabalho (D) Treinamento (D) Inspeções de qualidade (QRM)

7 126

1) Revisar a instrução de trabalho considerando o procedimento de calibração

1) Rafael Brunholli

15/set/14

9 Calibração incorreta

2 (D) Plano de manutenção (D) Calibração

4 72 N/A

9

Falha de comunicação entre a balança e a embaladeira

2

(C) Balança off-line (C) Balança de pacotes

2 36 N/A

9 Falha no sensor

2

(C) Balança de pacotes (D) Inspeção de qualidade (QRM)

7 126

1) Testar um novo sensor para melhorar a confiança da balança

1) Marcos Peverati

15-Apr-15

Aplicador de rótulos e bulas

Falha na aplicação

Produto fora de espec

9 Falha no motor

1

(D) Inspeção visual (D) Inspeção de qualidade (QRM) (D) Checklist da operação

6 54 N/A

9 Falha no sensor

1

(D) Inspeção visual (D) Inspeção de qualidade (QRM) (D) Checklist da operação

6 54 N/A

75

Variável Modo de falha

Efeito SEV

Causa da falha

OCO

Controle D E T

RPN Ações recomendadas

Resp. Prazo

Aplicador de rótulos e bulas

Falha na aplicação

Produto fora de espec

9 Falha humana

1

(D) Instrução de trabalho (D) Treinamento (D) Inspeção de qualidade (QRM)

6 54 N/A

9

Falha de sincronismo entre a velocidade de linha e de aplicação de bulas

1

(D) Inspeção visual (D) Inspeção de qualidade (QRM) (D) Checklist da operação

6 54 N/A

Bula fora espec

Produto fora de espec

9 Qualidade do fornecedor

2 (D) CoA 9 162

1) Implementar SLA no contrato de rótulos e bulas 2) Avaliar a implementação de um novo sistema de inspeção (fornecedor e área produtiva) 3) Incluir capabilidade para parâmetros críticos no CoA.

1) Vanessa 2) Giancarlo 3) Roger

15-Apr-15

Formadora de caixas

Má formação da caixa

Parada de linha

4 Qualidade do fornecedor

3

© Controle de COA (D) Inspeção visual (D) Inspeção de qualidade (QRM)

2 24 N/A

4

Falha na aplicação de cola devido à temperatura

2

(C) Controle de temperatura de aplicação de cola (D) Inspeção visual (D) Inspeção de qualidade (QRM)

2 16 N/A

4

Falha na aplicação de cola devido à pressão

2

(D) Inspeção visual (D) Inspeção de qualidade (QRM)

2 16 N/A

4 Falha no cilindro

2

(D) Inspeção visual (D) Inspeção de qualidade (QRM)

2 16 N/A

4

Falha de sincronismo entre sensores

2

(D) Inspeção visual (D) Inspeção de qualidade (QRM)

2 16 N/A

76

Variável Modo de falha

Efeito SEV

Causa da falha

OCO

Controle D E T

RPN Ações recomendadas

Resp. Prazo

Case Packer

Produto faltante

Produto fora de espec

9 Falha no sensor de contagem

3

(C) Sensor duplo de contagem (C) Sensor duplo de presença (C) Balança

2 54 N/A

9 Posição incorreta do sensor

2

(C) Sensor duplo de contagem (C)Sensor duplo de presença

3 54 N/A

9

Falha de sincronismo entre sensores

3

(C) Sensor duplo de contagem (C)Sensor duplo de presença (C) Balança

2 54 N/A

Pacote avariado

Produto fora de espec

9 Falha na introdução do cilindro

2

(C)Sensor duplo de presença (C) Balança

3 54 N/A

9

Falha de sincronismo entre os sensores

2

(D) Inspeção visual (D) Checklist de qualidade (a cada 3 pallets) (D) Inspeção de qualidade (QRM)

6 108 N/A

9 Falha no sinal do PLC

2

(D) Inspeção visual (D) Checklist de qualidade (a cada 3 pallets) (D) Inspeção de qualidade (QRM)

6 108 N/A

9 Posição incorreta do pacote

2

(D) Inspeção visual (D) Checklist de qualidade (a cada 3 pallets) (D) Inspeção de qualidade (QRM)

3 54 N/A

9

Qualidade no fornecedor (dimensões da caixa incorretas)

2

(C)Controle de COA (D) Inspeção visual (D) Inspeção de qualidade (QRM)

6 108 N/A

Seladora de caixas

Caixa avariada

Produto fora de espec

4 Falha no cilindro

3 (D) Inspeção visual

2 24 N/A

77

Variável Modo de falha

Efeito SEV

Causa da falha

OCO

Controle D E T

RPN Ações recomendadas

Resp. Prazo

Seladora de caixas

Caixa avariada

Produto fora de espec

4 Qualidade no fornecedor

4

(C)Controle de COA (D) Inspeção visual (D) Inspeção de qualidade (QRM)

2 32 N/A

4 Falha no tensionamento da fita

2 (D) Inspeção visual

2 16 N/A

4 Falha humana

3 (D) Inspeção visual

2 24 N/A

4 Posição incorreta do pacote

3 (D) Inspeção visual

2 24 N/A

Pacote avariado

Produto fora de espec

9 Posição incorreta do pacote

2

(D) Inspeção visual (D) Checklist de qualidade (a cada 3 pallets) (D) Inspeção de qualidade (QRM)

6 108 N/A

Falta de fita

Produto fora de espec

4 Qualidade no fornecedor

2

(D) Inspeção visual (D) Checklist de qualidade (a cada 3 pallets) (D) Inspeção de qualidade (QRM)

6 48 N/A

4 Falha no tensionamento da fita

2

(D) Inspeção visual (D) Checklist de qualidade (a cada 3 pallets) (D) Inspeção de qualidade (QRM)

6 48 N/A

4 Falha humana

3

(D) Inspeção visual (D) Checklist de qualidade (a cada 3 pallets) (D) Inspeção de qualidade (QRM)

6 72 N/A

4 Falha no cortador de fita

3

(D) Inspeção visual (D) Checklist de qualidade (a cada 3 pallets) (D) Inspeção de qualidade (QRM)

3 36 N/A

78

Variável Modo de falha

Efeito SEV

Causa da falha

OCO

Controle D E T

RPN Ações recomendadas

Resp. Prazo

Balança de caixas

Falha de peso

Produto fora de espec

9 Vibração 2 (C) Inspeção visual (C) Balança

7 126 1) Revisar o plano de manutenção

1) Silvio Almeida

15/dez/14

9 Falha humana

2

(D) Instrução de trabalho (D) Treinamento (D) Inspeção de qualidade (QRM)

4 72 N/A

9 Manutenção da calibração

2

(D) Plano de manutenção (D) Calibração de rotina

2 36 N/A

9 Falha no sensor

2 (D) Inspeção de qualidade (QRM)

7 126

1)Testar no sensor para melhorar a confiabilidade da linha

1) Marcos Peverati

15-Apr-15

Sistema de rejeito de caixas

Produto faltante

Produto fora de espec

9 Falha no cilindro

2 (D) Inspeção de qualidade (QRM)

9 162

1) Reavaliar a lógica incluindo o caso quando o cilindro não se move por 2 segundos

1) Marcos Peverati

15-Apr-15

9 Falha no sensor

2 (D) Inspeção de qualidade (QRM)

9 162

1)Instalar um sensor duplo considerando um princípo diferente

1) Marcos Peverati

15-Apr-15

9 Rejeito cheio 3

(C) Interlock do transportador (D) Inspeção de qualidade (QRM)

3 81 N/A

9 Aplicação de strech film

2 (D) Inspeção de qualidade (QRM)

9 162

1) Instalar nova lógica (se o sinal da balança faljar, todas as caixas devem ser rejeitadas)

1) Marcos Peverati

15-Apr-15

9 Falha na solenóide

2 (D) Inspeção de qualidade (QRM)

9 162

1) Reavaliar a lógica incluindo o caso em que o cilindro não se move por 2 segundos

1) Marcos Peverati

15-Apr-15

79

Variável Modo de falha

Efeito SEV

Causa da falha

OCO

Controle D E T

RPN Ações recomendadas

Resp. Prazo

Impressora

Falha de impressão na caixa

Produto fora de espec

9 Pressão de ar incorreta

2

(D) Sistema de aviso sonoro (D) Inspeção visual (D) Checklist de qualidade (a cada 3 pallets) (D) Inspeção de qualidade (QRM)

3 54 N/A

9 Erro humano de digitação

2

(D) Inspeção visual (D) Checklist de qualidade (a cada 3 pallets) (D) Inspeção de qualidade (QRM)

3 54 N/A

9 Manutenção do DIE

2

(C) Manutenção preventiva (semanal) (D) Inspeção visual (D) Checklist de qualidade (a cada 3 pallets) (D) Inspeção de qualidade (QRM)

2 36 N/A

9 Estoque de tinta

2

(C) Inspeção visual (C)Código da tinta digitado no IHM

2 36 N/A

9 Tinta velha 2 (C) FIFO (C) Inspeção visual

5 90 N/A

9 Intervalo entre caixas

2

(D) Inspeção visual (D) Checklist de qualidade (a cada 3 pallets) (C) Sensor da 3M

2 36 N/A

9 Falha no sensor

2

(D) Inspeção visual (D) Checklist de qualidade (a cada 3 pallets) (D) Inspeção de qualidade (QRM)

6 108 N/A

9 Qualidade no fornecedor (tintas)

1

(C) Controle de CoA (D) Inspeção de qualidade (QRM)

5 45 N/A

80

Variável Modo de falha

Efeito SEV

Causa da falha

OCO

Controle D E T

RPN Ações recomendadas

Resp. Prazo

Robô paletizador

Caixa faltante

Produto fora de espec

9 Falha no sensor de contagem

2

(D) Inspeção de qualidade (QRM) (C) Controle de vácuo

3 54 N/A

9 Falha na pressão de ar

2

(D) Inspeção de qualidade (QRM) (C) Controle de vácuo

3 54 N/A

9 Falha no medidor de vácuo

2 (D) Inspeção de qualidade (QRM)

9 162

1) Reavaliar a lógica para confirmar a presença de vácuo na etapa de paletização

1) Marcos Peverati

15/abr/15

9 Avaria na membrana do robô

2

(D) Inspeção de qualidade (QRM) (C) Controle de vácuo

3 54 N/A

Desalinhamento / queda de caixas

Produto fora de espec

3 Qualidade no fornecedor (pallet)

5

(C) Controle de CoA (D) Inspeção de qualidade (QRM)

9 135

1) Mudar a posição de caixas no pallet em 90 graus 2) Revisar especificação de pallet

1) Alam Lopes 2) Giancarlo Pinotti

15-Dec-14 15-Apr-15

3 Qualidade no fornecedor (caixas)

5

(C) Controle de CoA (D) Inspeção de qualidade (QRM) (D) Checklist de qualidade (a cada 3 pallets)

6 90 N/A

3

Falha no carregamento das chapas de papelão

5

(C) Sensor de presença (D) Inspeção de qualidade (QRM) (D) Checklist de qualidade (a cada 3 pallets)

2 30 N/A

3 Falha no sensor de pallets

4

(C) Sincronismo entre robô e pallet

2 24 N/A

Paletizadora

Falha na alimentação de pallets

Parada de linha

1 Qualidade no fornecedor (pallet)

5 (C) Controle de CoA

2 10 N/A

1 Falha na pressão de ar

2 (D) Inspeção visual

3 6 N/A

1 Falha no sincronismo da máquina

5 (D) Inspeção visual

3 15 N/A

1

Falha humana na alimentação de pallets

1 (D) Inspeção visual

3 3 N/A

1 Falha no motor

1 (D) Inspeção visual

3 3 N/A

81

Variável Modo de falha

Efeito SEV

Causa da falha

OCO

Controle D E T

RPN Ações recomendadas

Resp. Prazo

Filmadora (TITAN)

Caixa avariada

Produto fora de espec

4

Falha humana em ajuste de pressão

2

(C) Controle de CoA (D) Inspeção de qualidade (QRM) (D) Checklist de qualidade (a cada 3 pallets)

6 48 N/A

4 Qualidade no fornecedor (strech)

2

(C) Controle de CoA (D) Inspeção visual

7 56 N/A

4 Falha na célula de carga

2

(D) Inspeção visual (D) Inspeção de qualidade (QRM)

7 56 N/A

4

Falha humana no ajuste do múmero de voltas

2 (D) Inspeção de qualidade (QRM)

7 56 N/A

4 Falha na pressão de ar

2 (D) Inspeção visual

2 16 N/A

Desalinhamento / queda de caixas

Produto fora de espec

4

Falha humana no ajuste de tensionamento

2

(D) Inspeção visual (D) Inspeção de qualidade (QRM) (D) Checklist de qualidade (a cada 3 pallets)

6 48 N/A

4 Qualidade no fornecedor (strech)

5

(C) Controle de CoA (D) Ispeção visual

7 140

1) Incluir capabilidade para parâmetros críticos no CoA 2) Revisar a especificação de strech film

1) Roger 2) Giancarlo

15/abr/15

4 Falha na célula de carga

2

(D) Visual Inspection (D) Quality Inspection (QRM)

7 56 N/A

4

Falha humana no ajuste do múmero de voltas

2 (D) Inspeção de qualidade (QRM)

7 56 N/A

4 Falha na pressão de ar

2 (D) Visual Inspection

2 16 N/A

Armazém Pallet avariado

Queda de produto

9 Qualidade no fornecedor (pallet)

3

(D) Inspeção de qualidade (QRM) (D) Inspeção de logística

5 135

1) Revisar a especificação de pallets 2) Incluir SLA no contrato

1) Giancarlo 2) Vanessa

15/abr/15

9 Especificação de pallet

2 (D) Inspeção de logística

5 90 N/A

9 Manuseio da empilhadeira

2 (D) Inspeção de logística

5 90 N/A

9 Manutenção da empilhadeira

1 (D) Inspeção de logística

5 45 N/A

82

Variável Modo de falha

Efeito SEV

Causa da falha

OCO

Controle D E T

RPN Ações recomendadas

Resp. Prazo

Armazém Caixa avariada

Produto fora de espec

9 Qualidade da caixa

3

(D) Inspeção de qualidade (QRM) (D) Inspeção de logística

5 135

1) Desenvolver estudo para entender causas de colapsamento de caixas 2) Baseado no resultado do estudo, definir ações para este desvio.

1) Giancarlo / Roger 2) Giancarlo / Roger

15/abr/15

9 Manuseio da empilhadeira

2 (D) Inspeção de logística

5 90

Sliding boxes

Queda de produto

9 Qualidade ndo strech

2

(D) Inspeção de qualidade (QRM) (D) Inspeção de logística

5 90 N/A

9 Aplicação de strech film

2

(D) Inspeção de qualidade (QRM) (D) Inspeção de logística

5 90 N/A

9 Manuseio da empilhadeira

2 (D) Inspeção de logística

5 90 N/A

83

ANEXO A – Formulário para realização da FMEA

84

Fonte: SAE, 2000 apud Sakurada, 2001