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APLICAÇÃO DOS CONCEITOS DA LOGÍSTICA REVERSA
NAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR
ESTUDO DE CASO: PROJETO PILOTO DE
COLETA SELETIVA NA UENF
MAGDA MARTINA TIRADO SOTO
Dissertação apresentada ao Centro de
Ciência e Tecnologia da Universidade
Estadual do Norte Fluminense, como
parte das exigências para obtenção do
título de Mestre em Engenharia de
Produção.
Orientador: Prof. Gudelia G. Morales de Arica
CAMPOS DOS GOYTACAZES – RJ
ABRIL – 2006
FICHA CATALOGRÁFICA
Preparada pela Biblioteca do CCT / UENF 19/2006
Tirado Soto, Magda Martina Aplicação dos conceitos da logística reversa nas instituições de ensino superior: estudo de caso: projeto piloto de coleta seletiva na UENF / Magda Martina Tirado Soto. – Campos dos Goytacazes, 2006. xiv, 148f. : il. Orientador: Gudelia G. Morales de Arica. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) --Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro. Centro de Ciência e Tecnologia. Laboratório de Engenharia de Produção. Campos dos Goytacazes, 2006. Área de concentração: Pesquisa operacional Bibliografia: f. 112-116 1. Desenvolvimento sustentável 2. Sistemas de gestão ambiental 3. Logística reversa 4. Instituições de ensino superior 5. Resíduos sólidos l. Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro. Centro de Ciência e Tecnologia. Laboratório de Engenharia de Produção II. Título
CDD
363.700711
ii
APLICAÇÃO DOS CONCEITOS DA LOGÍSTICA REVERSA
NAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR
ESTUDO DE CASO: PROJETO PILOTO DE COLETA SELETIVA
NO CAMPUS DA UENF
MAGDA MARTINA TIRADO SOTO
Dissertação apresentada ao Centro de
Ciência e Tecnologia da Universidade
Estadual do Norte Fluminense, como parte
das exigências para obtenção do título de
Mestre em Engenharia de Produção.
Aprovada em 26 de Abril de 2006
Comissão Examinadora:
____________________________________________________
Prof. Aristides Arthur Soffiati Netto (D.Sc. História) - UFF
___________________________________________________
Prof. André Luís Policani Freitas (D.Sc. Eng. Produção) - UENF
____________________________________________________
Prof. Luis Henrique Valdiviezo (D.Sc. Eng. Produção) - UENF
___________________________________________________
Prof. Gudelia Morales de Arica (D.Sc. Matemática) – UENF
Orientador
iii
A Carlos e Elizabeth, meus pais, a quem
devo tudo o que eu posso ser hoje.
A Carlos, meu esposo, a quem amar
me faz tão bem.
A Andrés, meu filho, por quem desejo
mudar o mundo... começando por mim.
iv
Agradecimentos
A Deus, por colocar na minha vida só pessoas boas e... por tudo.
Aos meu pais, pelo apoio incansável nos meus empreendimentos, por acreditarem
sempre que eu posso. Por estarem sempre disponíveis, apesar da distância.
A Carlos e a Andrés pelo amor e carinho, por estarem sempre no meu time.
Aos meus irmãos e demais familiareis pelas palavras de alento, onde a amizade,
carinho e união estão sempre presentes.
A Gudelia, minha orientadora e amiga, devo um muito obrigado, pela paciência, por
acreditar em mim, pelo exemplo pessoal e profissional, por ser incentivadora desta
empreitada, pelo apoio constante nas dificuldades encontradas oferecendo-me, além
de tudo, sua amizade, que facilitou o meu caminho.
À equipe do projeto piloto de coleta seletiva: Raquel, Aline, Dileia, Paloma, Maxuel e
Robson, por seu trabalho, fonte de informações para a elaboração desta tese. A
eles, com quem tive a oportunidade de compartilhar, não só o trabalho, mas também
momentos que enriqueceram minha experiência de vida.
A Liliana e Rigoberto, meus amigos, que, com seu apoio e carinho, tornam mais
fáceis meus momentos e minha permanência distante de casa. A eles, minha eterna
gratidão.
Ao Laboratório de Engenharia de Produção pela oportunidade, e à UENF-FAPERJ
pelo apoio financeiro.
Finalmente, um muito obrigado a todos os que, de alguma forma, contribuíram para
a elaboração desta tese.
v
RESUMO
A responsabilidade dos possíveis efeitos ambientais durante o ciclo de vida dos
produtos tem motivado a adoção de sistemas de gestão ambiental nas empresas. A
logística reversa forma parte dessa gestão envolvendo as atividades de retorno dos
resíduos ou rejeitos ao processo produtivo ou propiciando um destino
ecologicamente correto. Nesse cenário, a universidade vem contribuindo de maneira
efetiva na pesquisa de tecnologias limpas e inovação de tecnologias em geral para o
desenvolvimento sustentável, e principalmente na formação de recursos humanos
visando à preservação ambiental.
Da mesma forma que uma empresa, uma universidade também é uma
organização e deve obedecer ao mesmo modelo. Seu principal produto oferecido é o
conhecimento. Para tal fim, aplica-se a logística direta na aquisição de bens e
serviços, repondo, estocando e distribuindo materiais nos processos de ensino,
pesquisa e extensão. Nesses processos, uma vez que os bens adquiridos são
descartados, deve-se implementar um fluxo logístico reverso, para recapturar valor
dos resíduos ou dar-lhes um destino ecologicamente correto.
Neste trabalho propõe-se um modelo de gestão de resíduos nas universidades.
O modelo é baseado nos conceitos da logística reversa. Este modelo foi aplicado em
um estudo de caso no campus da Universidade Estadual do Norte Fluminense
(UENF). Os resultados permitiram identificar a necessidade de unir a prática à teoria
da proteção ambiental, além de gerar um compromisso real com o desenvolvimento
sustentável na comunidade universitária.
Palavras-chave: Desenvolvimento Sustentável, Logística Reversa, Resíduos
Sólidos, Sistemas de Gestão Ambiental.
vi
ABSTRACT
The responsibility of the possible environmental effects during the cycle of life of
the products has motivated the adoption of environmental management systems in
the companies. Reverse logistics, like part of this management, involving the
activities of return of the wastes to the productive process or assure proper disposal
of them. In this scene, the university comes contributing in an effective way to
research of clean technologies and innovation of technologies in general for the
sustainable development, and mainly in the formation of human resources aiming at
the environmental protection.
As a company, a university is also an organization and must follow the same
model. Its main product is the knowledge. Then, for such reason the direct logistics is
applied to acquire goods and services, restituting, stocking and distributing materials
in the education, researches and extension processes. In these processes, a time
that the acquired goods are discarded, must be implemented a reverse logistic flow
to recapture the value of wastes or assure proper disposal.
In this work is proposed a model of wastes management in the universities. The
model is based on the concepts of logistic reverse. This model was applied to a case
study at the campus of Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF). The
results allow identifying the necessity to join the practice to the theory of the
environmental protection, in addition to generate a real commitment with the
sustainable development in the university community.
Key-word: Sustainable Development, Reverse Logistics, Solid Wastes,
Environmental Management Systems.
vii
SUMÁRIO
Lista de Quadros.................................................................................................... x
Lista de Diagramas.................................................................................................. xi
Lista de Tabelas..................................................................................................... xii
Lista de Gráficos ..................................................................................................... xiii
1 INTRODUÇÃO
1.1 Visão Geral do Problema de Pesquisa ......................................................... 1
1.2 Objetivos ....................................................................................................... 3
1.2.1 Objetivo geral .................................................................................... 3
1.2.2 Objetivos específicos ......................................................................... 3
1.3 Justificativa .................................................................................................... 4
1.3.1 Justificativa do Trabalho ..................................................................... 4
1.3.2 Justificativa do Projeto Piloto.............................................................. 5
1.4 Método da Pesquisa ...................................................................................... 6
1.5 Estrutura do trabalho .................................................................................... 7
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1. Introdução ..................................................................................................... 9
2.2. Desenvolvimento Sustentável ..................................................................... 10
2.3. Tecnologias Limpas ...................................................................................... 12
2.4. Logística Reversa .......................................................................................... 13
2.4.1. A Logística e a Análise do Ciclo de Vida (ACV)................................... 15
2.4.2. Logística Reversa e Reciclagem de Ciclo Aberto e de Ciclo
Fechado................................................................................................17
2.4.3. Projeto de Implantação da Logística Reversa .................................... 19
2.4.4. Motivação para implantação de um Projeto de Logística Reversa .... 23
2.5 Aplicação dos Conceitos da Logística Reversa nas Instituições
de Ensino Superior ........................................................................................ 27
2.6 Sistema de Gestão Ambiental e a ISO 14000 .............................................. 30
2.7 Legislação no Brasil sobre Meio Ambiente e Gerenciamento dos
Resíduos Sólidos ........... ............................................................................... 33
2.7.1 Política Nacional de Resíduos Sólidos .............................................. 34
viii
2.7.2 Protocolo de Kyoto e a Questão dos Resíduos Sólidos Urbanos ..... 37
2.8 Considerações Finais .................................................................................. 38
3 Sistemas de Gestão Ambiental nas Instituições de Ensino Superior
3.1 Introdução ..................................................................................................... 40
3.2 Sistemas de Gestão Ambiental nas Universidades ...................................... 41
3.3 O papel das Universidades no Desenvolvimento Sustentável ..................... 45
3.3.1 Acordos da Conferência da Terra ...................................................... 49
3.3.2 Declaração de Kyoto .......................................................................... 50
3.3.3 Carta Copernicus ................................................................................ 51
3.3.4 Conferência Mundial para o Desenvolvimento Sustentável ............... 52
3.3.5 Carta de Niterói .................................................................................. 54
3.4 Experiências de SGA em Universidades Brasileiras .................................... 55
3.4.1 Universidade de São Paulo – Usp Recicla......................................... 55
3.4.2 Universidade de Campinas- UNICAMP.............................................. 57
3.4.3 Universidade Federal de São Carlos – CEMA ................................... 59
3.4.4 Universidade Federal de Santa Catarina – CGA ............................... 60
3.4.5 Universidade Federal de Rio de Janeiro - UFRJ................................. 63
3.5 Considerações Finais ................................................................................... 64
4 ESTUDO DE CASO
4.1 Informações Especializadas sobre Resíduos Sólidos.................................... 65
4.1.1 Definição de Resíduos Sólidos............................................................ 65
4.1.2 Tipos de Resíduos Sólidos.................................................................. 65
4.1.3 Gerenciamento dos Resíduos Sólidos................................................. 67
4.2 Estudo de Caso: Projeto Piloto de Coleta Seletiva na UENF......................... 70
4.2.1 Diagnóstico Situacional dos Resíduos Gerados no Campus............... 71
4.2.2 Metodología para a Adoção da Coleta Seletiva.................................. 77
4.2.2.1 Análise Gravimétrica................................................................. 78
4.2.2.2 Planejamento e Implementação do Projeto Piloto de Coleta
Seletiva....................................................................................... 80
4.2.2.3 Operações Baseadas na ISO 14000 - Melhoria contínua....... 83
4.2.2.4 Resultados da Coleta Seletiva.................................................. 85
ix
4.2.2.5 Aproveitamento do Material Reciclável: Experiências ralizadas
na UENF..................................................................................... 90
4.3 Resultados e Discussão................................................................................ 92
4.3.1 Indicadores .......................................................................................... 92
4.3.2 Caracterização dos Resíduos gerados no Campus..............................97
4.3.3 Ganhos Ambientais e Qualidade de Vida.............................................99
4.3.4 Proposta de um Centro de Triagem no Campus e a Capacitação de
Catadores .......................................................................................... 102
4.4 Considerações Finais................................................................................... 106
5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES......................................................... 108
REFERÊNCIAS........................................................................................................112
ANEXO
I Carta de Niterói.................................................................................................... 117
APENDICES
I. Fotografias ....................................................................................................... 119
II. Rede de Coleta Seletiva no Campus – Mapeamento ...................................... 127
x
Lista de Quadros
Quadro 1: Classificação dos Projetos de Logística Reversa segundo
os Canais de Distribuição Reversos.........................................................19
Quadro 2 : Fatores críticos para a eficiência do processo de logística reversa.........21
Quadro 3: A ONU e as universidades no âmbito do Desenvolvimento
Sustentável (1972-1992)...........................................................................45
Quadro 4: Esratégia do Programa Copernicus para o Desenvolvimento
Sustentável...............................................................................................52
Quadro 5: Média mensal de recicláveis coletados seletivamente nos campus
da USP......................................................................................................56
Quadro 6: Tipos de Resíduos................................................................................... 66
Quadro 7: Responsabilidade do Gerenciamento dos Resíduos............................... 67
Quadro 8: Tipos de Tratamento dos Resíduos......................................................... 68
Quadro 9: Tempo de Decomposição dos Materiais.................................................. 69
Quadro 10: Cursos de Graduação e Pós-Graduação da UENF................................71
Quadro 11: Infra-estrutura Básica para a Implementação de um
Centro de Triagem................................................................................103
Quadro 12: Atividades Artesanais criadas a partir do lixo produzido
na Universidade.....................................................................................106
xi
Lista de Diagramas
Diagrama 1: Modelo Linear de Desenvolvimento Econômico.................................. 10
Diagrama 2: Modelo de Desenvolvimento Sustentável............................................ 12
Diagrama 3: Foco de Atuação da Logística Reversa................................................ 14
Diagrama 4: Ciclo de Vida dos Produtos e a Logística Reversa............................... 16
Diagrama 5: O Ciclo Aberto e O Ciclo Fechado da Reciclagem .............................. 18
Diagrama 6: Classificação dos Canais de Distribuição Reversa............................... 20
Diagrama 7: Cadeia da Reciclagem de Ciclo Aberto.................................................28
Diagrama 8: Série de Normas ISO 14000..................................................................31
Diagrama 9: Modelo de Sistema de Gestão Ambiental..............................................32
Diagrama 10: Logística Reversa: Instrumento de Desenvolvimento
Econômico, Social e Ambiental.............................................................36
Diagrama 11: Papel da universidade na sociedade para o DS..................................53
Diagrama 12: Fluxos e Tratamentos Gerais dos Resíduos Perigosos
da UNICAMP........................................................................................58
Diagrama 13: Roteiro para o diagnóstico da situação atual do gerenciamento
dos resíduos na UENF.........................................................................73
Diagrama 14: Geradores de Resíduo no Campus da UENF.....................................74
Diagrama 15: Aplicação da Melhoria Contínua no Projeto Piloto de Coleta
Seletiva na UENF................................................................................83
Diagrama 16: Modelo para a capacitação de Catadores através da
Gestão de Resíduos gerados no campus ........................................104
Diagrama 17: Modelo de Gestão dos Resídos na UENF Aplicando os conceitos da
Logística Reversa .......................................................................... 107
xii
Lista de Tabelas
Tabela 1: Tipos de Resíduos Identificados no Campus.............................................75
Tabela 2: Resultado da Análise Gravimétrica........................................................... 78
Tabela 3: Tipos de Materiais Recicláveis coletados pelo projeto piloto ................... 86
Tabela 4: Principais Geradores por tipos de material reciclável............................... 89
Tabela 5: Cobertura Física da Coleta de Papel........................................................ 93
Tabela 6: Cálculo dos Custos Operacionais da Coleta Seletiva............................... 96
Tabela 7: Receita da Coleta Seletiva.........................................................................97
Tabela 8: Matérias Primas Economizadas na Reciclagem dos Materiais
Coletados pelo projeto piloto.....................................................................99
Tabela 9: Ganhos Econômicos a partir da Reciclagem do Papel Coletado.............100
Tabela 10: Dificuldades Encontradas para o Descarte do Lixo................................101
xiii
Lista de Gráficos
Gráfico 1: Proporções dos Resíduos encontrados nas Amostras
(nov 2004- jan 2005).................................................................................77
Gráfico 2: Proporções dos Tipos de Resíduos Resultado das Análises
Gravimétricas (abril 2005 - Dez 2005).......................................................79
Gráfico 3: Localização de Coletores no Prédio P5 – 1º Andar..................................82
Gráfico 4: Materiais Coletados pelo Projeto Piloto.....................................................85
Gráfico 5: Evolução dos Tipos de Materiais Coletados pelo Projeto......................... 88
Gráfico 6: Proporção da participação dos Geradores na coleta seletiva.................. 89
Gráfico 7: Papel Misturado Descartado nas Lixeiras e o Papel Misturado
coletado seletivamente..............................................................................94
Gráfico 8: Quantidade de Casca de Coco registrada nas Análises Gravimétricas....98
xiv
“ Não temos em nossas mãos a solução para todos
os problemas do mundo... mas, diante dos problemas do
mundo, temos as nossas mãos.” - Anônimo
1
1. INTRODUÇÃO
1.1 Visão Geral do Problema de Pesquisa
Diariamente a humanidade produz milhões de toneladas de resíduos sólidos de
diversas origens, em decorrência de um sistema de produção, circulação e consumo
de bens e serviços, que aumentam cada vez mais a quantidade gerada. Como diz
Leite:
O acelerado desenvolvimento tecnológico experimentado pela humanidade tem permitido a introdução constante e com velocidade crescente de novas tecnologias, que contribuem para a redução de preços e dos ciclos de vida de grande parcela dos bens de consumo duráveis e semiduráveis, alem da busca de diferenciação mercadológica que gera obsolescência antecipada e aumenta a velocidade de giro dos produtos (Leite, 1998).
A redução do ciclo de vida útil dos produtos aumenta a quantidade de resíduos
sólidos. Ao contrário da maioria dos resíduos produzidos pela natureza, aqueles
gerados pelo homem, dentro de uma economia de mercado, têm uma velocidade de
produção muito maior que a de sua decomposição. Portanto, o primeiro problema a
surgir na administração dos resíduos é a forma de eliminá-los, e assim se pode
verificar o esgotamento da capacidade dos sistemas tradicionais de disposição final:
os aterros.
O destino final do lixo é um problema constante em quase todos os municípios,
embora seja mais visível nas grandes cidades. Os municípios defrontam-se com a
escassez de recursos para investimento na coleta, no processamento e na
disposição final do lixo. Os “lixões” continuam sendo o destino da maior parte dos
resíduos urbanos produzidos no Brasil, com graves prejuízos ao meio ambiente, à
saúde e, em geral, à qualidade de vida da população. Segundo o IBGE:
O Brasil produz 241.614 toneladas de lixo por dia. 76% são depositados a céu aberto em lixões, 13 % são depositados em aterros controlados. 10% em usinas e 0,1% são incinerados. (IBGE 2000)
Mesmo nas cidades que implantaram aterros sanitários, o rápido esgotamento
de sua vida útil, evidencia o problema do destino do lixo urbano. Como exemplo
temos a cidade do Rio de Janeiro que, em fevereiro de 2005, presenciou o iminente
esgotamento do aterro sanitário do Jardim Gramacho em Duque de Caxias. Estas
2
situações exigem soluções para a destinação final do lixo no sentido de reduzir o
seu volume, ou seja, “é preciso gerar menos lixo”.
Neste sentido, nota-se, nos últimos anos, uma tendência mundial em
reaproveitar cada vez mais os produtos jogados no lixo, através dos processos de
reciclagem, o que representa economia de matérias-primas, de energia fornecida
pela natureza e da diminuição de uso da água. Entretanto, junto a esse novo
comportamento, não aparece a preocupação em reduzir o consumo (até porque isso
inviabilizaria a eficiência do sistema produtivo). Pelo contrário, a variedade de
produtos só tem aumentado.
Diante desta situação, surge o conceito do Desenvolvimento Sustentável (DS),
buscando conciliar o desenvolvimento econômico com a proteção ambiental. A
definição de DS, segundo Relatório Brundtland de 1987 aprovado pela ONU, diz o
seguinte: “O DS é aquele que atende às necessidades do presente sem
comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem a suas próprias
necesidades”.
Perante o desafio do que significa o DS, a universidade deverá contribuir
promovendo práticas e pesquisando tecnologias limpas, entendendo-se por
tecnologia limpa toda e qualquer atividade tecnológica desenvolvida com a finalidade
de reduzir a poluição, a contaminação, a agressão ao meio ambiente e o consumo
de energia.
Na última década, começou a ser desenvolvida a logística reversa; esta é uma
tecnologia limpa, cuja aplicação permite que a organização priorize sua atuação
sobre os resíduos gerados nos processos, definindo o seu gerenciamento. A
logística reversa traz de volta ao processo produtivo, materiais que podem ser
reparados, reaproveitados, reciclados ou adequadamente descartados.
Uma pequena ou grande empresa, um laboratório ou o corpo de bombeiros, um
hospital, uma escola e até mesmo a universidade são todos exemplos de
organizações e portanto precisam de um gerenciamento adequado dos resíduos
cumprindo os requisitos do desenvolvimento sustentável. De acordo com Pereira:
3
As universidades, assim como todos os estabelecimentos de ensino superior, assumem uma responsabilidade essencial na preparação das novas gerações para um futuro viável. Pela reflexão e por seus trabalhos de pesquisa básica, esses estabelecimentos devem não somente advertir, ou mesmo dar o alarme, mas também conceber soluções racionais. Devem tomar a iniciativa e indicar possíveis alternativas, elaborando esquemas coerentes para o futuro. Devem, enfim, fazer com que se tome consciência maior dos problemas e das soluções através de seus programas educativos e dar, eles mesmos, o exemplo (Pereira, 2005a).
Uma universidade conta com uma estrutura constituída geralmente por um
campus universitário, inserido numa área urbana ou no seu entorno, ocorrendo
sinergias entre a universidade e a comunidade vizinha. Portanto, o gerenciamento
do lixo gerado dentro do campus universitário como resultado de suas atividades de
ensino, pesquisa e extensão requerem procedimentos e técnicas para lidar com os
diferentes tipos de resíduos: doméstico, eletrônico, de laboratórios, entulho, etc.
Assim, a logística reversa, que tem como objetivo a recuperação de valor ou o
destino ecologicamente correto dos resíduos, pode ser aplicada para contribuir com
o DS.
1.2 Objetivos do Estudo
A seguir, para melhor compreensão dos objetivos deste trabalho, eles são
divididos em objetivo geral e objetivos específicos.
1.2.1 Objetivo geral
Estudar a viabilidade operacional da implantação de um programa de logística
reversa pós-consumo como suporte à gestão ambiental numa Instituição de Ensino
Superior.
1.2.2 Objetivos específicos
• Diagnosticar qualitativa e quantitativamente os resíduos nas atividades de
ensino, pesquisa e extensão no campus da UENF;
• Identificar os destinos atuais dos resíduos gerados;
4
• Desenvolver um modelo de gestão sustentável aplicando a logística reversa no
campus universitário (projeto piloto de coleta seletiva);
• Estudar a viabilidade do modelo frente aos desafios ambientais, econômicos e
sociais afetos a um campus universitário.
1.3 Justificativa
1.3.1 Justificativa do trabalho
A Logística Reversa, como metodologia para recuperação de valor econômico de
produtos e materiais disponibilizados para seu descarte, está sendo dirigida,
segundo a literatura encontrada para as empresas cujo produto final são bens
tangíveis, existindo poucos trabalhos desenvolvidos que abordem o tema em
empresas ou instituições de serviços.
As empresas de serviços, ao usar produtos e materiais como apoio para o
desenvolvimento de suas atividades, atuam como “consumidores”. Se adotarem os
conceitos do consumo sustentável, podem exigir de seus fornecedores produtos
cada vez mais recicláveis, atuando como propulsores do desenho de produtos
ecologicamente corretos. A logística reversa aplicada nas empresas e/ou
instituições de serviços é planejada a partir da aquisição de materiais de consumo,
os procedimentos de uso e de descarte, e não apenas de forma corretiva sobre os
efeitos e conseqüências provenientes do resíduo gerado.
Em um Campus Universitário, as atividades de ensino, pesquisa e extensão são
atividades que necessitam de apoio logístico para o suprimento de materiais. Após o
consumo, os resíduos, precisam ser descartados de maneira ecologicamente
correta. Melhor ainda, poderiam ser reutilizados. Mas, com toda a atenção voltada
para o envio de materiais para os consumidores (centros e laboratórios), o retorno
de seus resíduos fica em um segundo plano. Não tendo o tratamento adequado,
podem ocasionar prejuízos ambientais a médio prazo e do ambiente do trabalho a
curto prazo.
5
Além dos aspectos ambientais, um outro fator importante para o investimento em
logística reversa é o custo envolvido nos retornos de materiais e equipamentos. Na
maioria das vezes, a implantação de um modelo de controle eficiente desses
retornos pode se tornar uma surpresa positiva, pois, no manuseio de resíduos,
obtêm-se reduções de custos significativos pelo melhor processamento e utilização
de materiais e também pelo reaproveitamento de embalagens e resíduos. Além
desses custos diretos, pode haver um ganho indireto com a redução de custos
potenciais pela diminuição dos riscos com multas e outras penalidades da
legislação.
Por outro lado, como a questão ambiental envolve aspectos intimamente
relacionados (tecnológicos, político-sociais e econômicos) a existência de canais de
distribuição reversa dentro de um campus universitário pode gerar projetos
interdisciplinares e de inovação tecnológica para o reaproveitamento de resíduos e
materiais descartados na própria universidade.
Assim, este trabalho se justifica pela necessidade de implementar um programa
de gestão ambiental nas instituições de ensino superior.
1.3.2 Justificativa do Projeto Piloto:
A Universidade, em função de suas características como foco de convergência
do conhecimento, é responsável pelo encaminhamento das discussões a respeito de
todas as problemáticas percebidas pela sociedade. A escolha da UENF, como alvo
de estudo de caso, partiu de um princípio bastante simples, segundo o qual o
exemplo deve iniciar-se junto aos proponentes da idéia, ou seja, na própria
universidade. A justificativa deste trabalho é resultado dos diversos aspectos abaixo
assinalados:
Ambiental porque:
• A redução, o reuso e a reciclagem de materiais implicam numa redução
significativa dos níveis de poluição ambiental. Menos lixo significa menos
agressão à natureza;
6
• A disposição inadequada do lixo está diretamente ligada à presença de vetores
de diversas doenças e ao aumento de riscos de acidentes de trabalho (como
pode ser o caso do lixo gerado nos laboratórios de química, física, agronomia,
veterinária, etc).
Econômica porque:
• Com a diminuição de consumo e desperdícios por parte dos usuários da cidade
universitária, pode-se obter uma redução de gastos com manutenção e limpeza
da área pertencente à Universidade;
• Se parte do lixo é reaproveitado, a Universidade poderia economizar para a
prefeitura da cidade o volume de lixo transportado para o aterro.
Político e Social porque:
• Ao lidar diferentemente com o lixo dentro da Universidade induzirá a sua
comunidade interna a levar, para extramuros da UENF, posturas corretas em
relação ao lixo;
• Possibilita a aproximação entre a Universidade, o poder público, a população e
as empresas;
• Contribui positivamente para a imagem da Universidade pela promoção e
participação na solução do problema do lixo da cidade;
• Podem-se promover cursos de extensão para a população em relação ao
tratamento adequado do lixo e reciclagem.
1.4 Método da Pesquisa
O método de trabalho é constituído de pesquisa bibliográfica sobre a
problemática do lixo, dos enfoques da gestão ambiental nas Instituições de Ensino
7
Superior, o Desenvolvimento Sustentável, da Logística Reversa e dos Sistemas de
Gestão Ambiental (norma ISO 14000).
É também empregado o estudo bibliográfico da Logística Reversa para realizar
uma análise que possa ser aplicada como técnica para a gestão ambiental das
universidades.
O estudo bibliográfico compreende pesquisas em referências básicas,
publicações, teses em bibliotecas, bancos de dados e sites de internet. É importante
destacar que, na literatura pesquisada, não se encontraram aplicações da Logística
Reversa em empresas de serviços, especialmente nas Instituições de Ensino
Superior.
Para a análise da teoría proposta, foi utilizado o método de estudo de caso
através do projeto piloto de coleta seletiva no campus da UENF.
A natureza da pesquisa pode ser classificada como aplicada (já que objetiva
gerar conhecimentos para aplicação prática dirigidos à solução de problemas
específicos). Pela forma de abordagem, a pesquisa é quantitativa (porque procura
traduzir em números, opiniões e informações para classificá-las e analisá-las). Pelos
seus objetivos é exploratória (já que procura proporcionar maior familiaridade com o
problema com vistas a torná-lo explícito ou a construir hipóteses).
1.5 Estrutura do trabalho
Inicialmente, no Capítulo 2 são discutidas questões ambientais e o
Desenvolvimento Sustentável, frisando a necessidade do uso de tecnologias limpas
nos processos produtivos. Assim, a Logística Reversa é apresentada como uma
tecnologia limpa necessária para implementar um Sistema de Gestão Ambiental.
Este capítulo apresenta ainda a Gestão de Resíduos Sólidos no Brasil e as
legislações que promovem a implantação da logística reversa.
O Capítulo 3 discorre sobre o papel das universidades para o Desenvolvimento
Sustentável. Apresenta-se também uma descrição das experiências de coleta
seletiva implementadas em algumas universidades brasileiras que visam a
8
preservação ambiental e a recuperação de valor dos resíduos, delineando o
caminho para o estabelecimento de um Sistema de Gestão Ambiental nas
universidades.
O Capítulo 4 apresenta o campus da UENF (objeto do estudo) fazendo um
levantamento de informação sobre a geração de resíduos e suas principais
características. Apresenta-se o diagnóstico da situação atual, o planejamento e os
resultados obtidos a partir da intervenção do projeto piloto de coleta seletiva no
campus, além de identificar os beneficios que a gestão de resíduos pode trazer
para a qualidade do ambiente do trabalho e a potencialidade para equacionar
problemas sociais em torno da problemática do lixo, propondo a realização de
projetos sociais na universidade.
O Capítulo 5 apresenta as conclusões do estudo e as recomendações para
novos trabalhos ligados ao tema.
9
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 Introdução A questão ambiental está se tornando cada vez mais parte importante nas
agendas das empresas públicas e privadas, do poder público, das instituições de
ensino e da comunidade em geral. A globalização dos negócios, a conscientização
crescente dos atuais consumidores e a disseminação da educação ambiental
permitem antever que a exigência futura que farão os consumidores em relação à
preservação do meio ambiente e à qualidade de vida deverá intensificar-se (Pereira,
2005b).
A razão disso é a avaliação do modelo de desenvolvimento econômico adotado
pelo mundo desde a revolução industrial. Dito modelo se sustenta na premissa de
que são infinitas a disponibilidade de recursos naturais e a capacidade do meio
ambiente em absorver a poluição gerada pela exploração e pelo uso destes
recursos. No entanto, hoje, após inúmeros sinais de que o meio ambiente não está
mais dando conta de processar a carga de poluentes que recebe, nem de fornecer
recursos, conclui-se que este modelo precisa ser repensado (Braga et al., 2002). A
respeito, as legislações cada vez mais severas e a pressão da população estão
incentivando a prática de novas formas de produzir, consumir e descartar produtos.
Assim, o conceito de Desenvolvimento Sustentável (DS) sugere a aplicação de
tecnologias limpas nos processo de produção, com a finalidade de minimizar
resíduos, considerando todo o ciclo de vida do produto. Neste contexto, a logística
reversa trata dos canais reversos de distribuição utilizados no retorno dos produtos
do consumidor ao fabricante, seja para reparo, substituição ou remanufatura e se
ocupa também do planejamento e das atividades ligadas à redução, gerenciamento
e disposição de resíduos pós-consumo.
Neste capítulo, desenvolvem-se com maiores detalhes estes conceitos para que
se possam compreender os problemas referentes ao meio ambiente e às operações
logísticas reversas nas organizações.
10
2.2 Desenvolvimento Sustentável
Os impactos resultantes das atividades humanas são os que causam os mais
sérios problemas sanitários e ambientais do mundo moderno. A história do lixo
pertence à própria história da civilização, pois o homem é o único ser vivo que não
consegue ter seus dejetos inteiramente reciclados pela natureza, provocando
impactos no meio ambiente. A problemática do lixo urbano decorre basicamente de
dois fatos importantes: por um lado, a concentração da população nas áreas
urbanas e, por outro, o ciclo de vida cada vez mais curto dos bens de consumo, que,
somados, resultam em quantidades de lixo difíceis de gerenciar. Simultaneamente, a
ausência de uma política de gestão por parte do poder público para o tratamento
adequado dos resíduos industriais e domésticos, provoca a contaminação do ar, do
solo e da água, entre outros impactos. Isto não é mais do que o resultado do atual
modelo de crescimento econômico que gera enormes desequilíbrios ambientais; e
que pode ser representado pelo seguinte diagrama1.
Diagrama 1: Modelo Linear de Desenvolvimento Econômico
Fonte: Braga, 2002: Introdução à Engenharia Ambiental, pág. 47
Como se pode observar, o modelo representa um sistema aberto que depende
de um suprimento contínuo e inesgotável de matéria e energia e que, depois de
utilizada é devolvida ao meio ambiente (jogada fora). Para que tal modelo possa ter
sucesso de desenvolvimento, ou seja, para que os seres humanos garantam sua
sobrevivência, as seguintes premissas teriam que ser verdadeiras (Braga et al.,
2002):
Energia
Recursos Naturais
Processamento Modificação
Recursos
Transporte Distribuição
Consumo
Resíduo/Impacto Resíduo/Impacto Resíduo/Impacto Resíduo/Impacto
11
• suprimento inesgotável de energia;
• suprimento inesgotável de matéria;
• capacidade infinita do meio ambiente de reciclar matéria e absorver
resíduos
Podemos admitir que o uso de energia é inesgotável, já que o Sol é uma estrela
que ainda poderá fornecer energia à Terra por 5 bilhões de anos. Em relação aos
recursos naturais, a premissa não se verifica, já que sua quantidade é finita e
conhecida. Quanto à capacidade de absorver e reciclar matéria ou resíduos, a
humanidade tem observado a existência de limites no meio ambiente, e tem de
conviver com níveis indesejáveis e preocupantes de poluição do ar, da água e do
solo e com a conseqüente deterioração da qualidade de vida. (Braga et al, 2002c).
Diante desta problemática ambiental, o DS procura conciliar o desenvolvimento
econômico com a proteção ambiental. Sua definição, segundo o Relatório
Brundtland de 1987, aprovado pela ONU, diz o seguinte: O DS é aquele que atende
às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade das gerações
futuras atenderem as suas próprias necessidades. Nesse relatório definiu-se
também, três princípios essenciais a serem cumpridos: desenvolvimento econômico,
proteção ambiental e eqüidade social, sendo que, para cumprir estas condições,
reconheceram-se indispensáveis mudanças tecnológicas, sociais e culturais.
Este modelo de DS deve funcionar como um sistema fechado, tornando os
processos produtivos menos poluidores (diagrama 2). Este novo modelo se
sustenta nas seguintes premissas:
• Dependência do suprimento externo contínuo de energia (Sol);
• Uso racional da energia e da matéria com ênfase na conservação, em
contraposição ao desperdício;
• Promoção da reciclagem e do reuso dos materiais;
• Controle da poluição, gerando menos resíduos para serem absorvidos
pelo ambiente;
• Controle do crescimento populacional em níveis aceitáveis, com
perspectivas de estabilização da população.
12
Diagrama 2: Modelo de Desenvolvimento Sustentável
Fonte: Braga, B. et al (2002) Introdução à Engenharia Ambiental , pág. 48
Como se pode observar no modelo proposto por Braga et. al (2002), o
paradigma da produção com impacto ambiental zero nem sempre se pode atingir
em 100%, mas se, se adiciona na cadeia de produção o que é chamado de
tecnologias limpas, podem-se conseguir resultados menos agressivos do que no
modelo anterior, fazendo com que os sistemas de produção sejam mais compatíveis
como o meio ambiente e possibilitando que o desenvolvimento ocorra dentro de um
modelo sustentável. Dessa forma, as tecnologias limpas tornam-se importantes
ferramentas do DS e estarão ocupando, com certeza, o mercado de tecnologias do
futuro.
2.3 Tecnologias Limpas
As tecnologias limpas são metodologias ou processos de produção desenhadas
para serem menos poluidoras e menos consumidoras de energia que as
tradicionalmente utilizadas pelas empresas. (Hiwatashi, 1998)
A mudança no paradigma ambiental sugerido pelo DS induz as empresas a
voltarem-se para a origem da geração de seus resíduos sólidos, as emissões
atmosféricas e seus efluentes líquidos, buscando soluções nos seus próprios
processos produtivos, minimizando, assim, o emprego de tratamentos convencionais
de “fim-de-tubo” (atuação reativa), muitas vezes onerosos e de resultados não
definitivos para os resíduos. Constatar essa oportunidade faz com que os centros de
pesquisa do mundo inteiro desenvolvam novas técnicas, no sentido de aprimorar a
Recursos Naturais
Processamento Modificação
Recursos
Transporte Distribuição
Consumo
Impacto minimizado pela restauração ambiental
Energía
Recuperação do Recurso
13
eficácia dos processos, visando a redução ou eliminação da geração de resíduos e
desperdícios durante o uso de matérias primas, entre outras ações.
Segundo o Centro Nacional de Tecnologias Limpas (2003), minimizar resíduos e
emissões também significa aumentar o grau de emprego de insumos e energia
usados na produção, isto é, produzir itens utilizáveis e não resíduos, garantindo
processos mais eficientes. Para a empresa, a minimização de resíduos não é
somente uma meta ambiental, mas, principalmente um programa orientado para
aumentar o grau de utilização dos materiais, com eficiência, vantagens técnicas e
econômicas.
A aplicação de tecnologias limpas apóia-se na aparição de novas
regulamentações ambientais, em especial as referentes aos resíduos, que vêm
obrigando as empresas a operar considerando todos os possíveis impactos que sua
produção possa causar ao meio ambiente. Nesses processos “limpos” a logística
reversa intervém com uma série de atividades, administrando as devoluções dos
materiais e/o produtos pós-venda ou pós-consumo. Estes produtos e embalagens
pós-consumo podem retornar ao fornecedor, ser revendidos, recondicionados e
reciclados ou simplesmente descartados e substituídos.
Neste contexto, podemos identificar a logística reversa como uma tecnologia
limpa relevante para implantar programas de produção e consumo sustentáveis e
que tem como objetivo eliminar a poluição e o desperdício associados a materiais e
produtos.
2.4 Logística Reversa
A logística reversa pode ser definida como o planejamento, operação e controle
do fluxo e de sistemas de informação logística, para o retorno de bens, por meio de
diversos canais reversos. Objetiva a redução na fonte, reciclagem, substituição de
materiais, reutilização de materiais, reforma e remanufatura, sempre com a visão da
cadeia desde o ponto de consumo até o ponto de origem, visando maximizar a
satisfação dos clientes (Rogers et al., 1999).
14
Existem diversas definições e citações de logística reversa que revelam que o
conceito ainda está em evolução face às novas possibilidades de negócios
relacionados ao crescente interesse por parte das empresas. Leite (2002) define
logística reversa como a área da logística empresarial que planeja, opera e controla
o fluxo, e as informações logísticas correspondentes, do retorno dos bens de pós-
venda e de pós-consumo ao ciclo de negócios ou ao ciclo produtivo, através dos
canais de distribuição reversos, agregando-lhes valor de diversas naturezas:
econômico, ecológico, legal, logístico, de imagem corporativa, entre outros.
Diagrama 3 : Foco de Atuação da Logística Reversa
Fonte: Leite (2003) Logística Reversa: Meio Ambiente e Competitividade pág 19
Comércio - Indústria
Bens Pós-Venda Bens Pós-Consumo Resíduos Industriais
Qualidade Comerciais Substituição de Componentes
Fim de Vida Ùtil
Em Condições
de Uso
Conserto Reforma Estoques Validade
Retorno ao Ciclo de Negócios
Mercado Secundário de Bens
Disposição Final
Mercado Secundário de Matérias Primas
Reciclagem
Retorno ao Ciclo Produtivo
Mercado Secundário de Componentes
Remanufatura
Componentes
Desmanche
Mercado 2da Mão
Reuso
15
Como se pode apreciar no diagrama 3, Leite (2003) propõe para as questões de
retorno, duas formas de recuperação dos bens, classificando-as em Logística
Reversa de Pós-Venda e Pós-Consumo.
A Logística Reversa de Pós-Venda planeja, opera e controla o fluxo de retorno
dos produtos após serem entregues aos usuários, agrupados nas seguintes seções
foco: Garantia/Qualidade, Comerciais e de Substituição de Componentes.
A Logística Reversa de Pós-Consumo planeja, opera e controla o fluxo de
retorno dos produtos após perderem sua utilidade ou seus materiais constituintes,
classificados em função de seu estado de vida e origem: Em condições de uso, Fim
de vida útil, e Resíduos Industriais.
Os produtos pós-consumo (foco do trabalho e que será aprofundado na
dissertação) originam-se de bens duráveis e semi-duráveis (aparelhos de TV,
geladeiras etc.) ou descartáveis (latas de refrigerantes, pneus, embalagens, etc.) e
fluem por canais reversos de reuso, desmanche e reciclagem até a destinação final.
Quando o consumidor descarta um produto, este é classificado como um bem de
pós-consumo, entrando no fluxo reverso de uma cadeia produtiva.
Desde que o objetivo da logística reversa pós-consumo é recuperar o valor do
material ou componentes do produto descartado, incorporando-o ao processo
produtivo ou encaminhando-o a um destino seguro, deve-se pensar em decidir por
operações com o menor custo. Neste aspecto, o planejamento no nível operacional,
deve partir desde o fluxo direto. Para Bowersox e Closs (2001), o ponto importante
está no nível estratégico, que não poderá ser formulado sem uma consideração
cuidadosa dos requerimentos para o fluxo de retorno. Em outras palavras,
consideram a ACV do produto para que, desde o desenho e planejamento da
produção se considerem a forma de descarte dos mesmos após o consumo.
2.4.1 A Logística Reversa e a Análise do Ciclo de Vida (ACV)
ACV é um método utilizado para avaliar o impacto ambiental de bens e serviços.
A ACV de um processo ou atividade é uma avaliação sistemática que quantifica os
16
fluxos de energia e de materiais no período de vida útil até seu descarte. A
Environmental Protection Agency, dos Estados Unidos define a ACV como uma
ferramenta para avaliar, de forma holística, um produto ou uma atividade durante
todo seu ciclo de vida. (Munhoz et. al., 2003).
Assim, a ACV de um produto ou serviço compatibiliza os impactos ambientais
decorrentes de todas as etapas envolvidas: desde sua concepção mercadológica,
planejamento, extração e uso de matérias-primas, gasto de energia, transformação
industrial, transporte, consumo, até seu destino final - disposição em aterro sanitário,
reciclagem, compostagem ou incineração. Desta forma, o acompanhamento da vida
de um produto é feito de seu "berço ao túmulo". (CEMPRE, 2005)
Dessa forma, a vida de um produto do ponto de vista logístico, não termina com
sua entrega ao cliente. Produtos se tornam obsoletos, danificados, ou não
funcionam e devem retornar ao seu ponto de origem para serem adequadamente
descartados, reparados ou reaproveitados. Portanto, no ciclo de vida de um
produto, consideram-se dois fluxos: um fluxo direto (logística direta), desde o
fornecimento de matéria prima até a colocação do produto ao consumidor; e um
fluxo reverso (logística reversa) que traz de volta o produto pós-consumo,
incorporando-o ao processo produtivo ou encaminhando-o a um destino final
adequado, protegendo o meio ambiente. (diagrama 4)
Diagrama 4 : Ciclo de Vida dos Produtos e a Logística Reversa
Fonte: Collaborative Research Center 281- em http://www.numa.org.br/Vworkshop%20ama.htm acessado em agosto 2005
17
Em conseqüência, expande-se a visão da logística para uma visão integrada,
através da qual se busca diminuir os impactos ambientais associados a todas as
fases de seu ciclo de vida. Bowersox e Closs (2001) apresenta a idéia de “Apoio ao
Ciclo de Vida” como um dos objetivos operacionais da logística moderna, referindo-
se ao prolongamento da logística além do fluxo direto dos materiais e à necessidade
de considerar os fluxos reversos dos produtos em geral.
Neste contexto, assume-se o conceito de logística reversa como o fluxo no
sentido contrário ao produtivo que operacionaliza os retornos dos produtos.
2.4.2 Logística Reversa e a Reciclagem de Ciclo Aberto e de Ciclo Fechado
A logística reversa é o processo pelo qual o material reciclável será coletado,
selecionado e entregue na indústria de revalorização. Os produtos pós-consumo
podem seguir os canais da reciclagem, do desmanche ou do reuso. Dentre estes
canais reversos, a reciclagem vem na última posição, em último lugar, isto porque,
como ponto de partida, procura-se a redução e o reuso de materiais.
O reuso de um determinado produto, por exemplo, o reuso de embalagens
vazias, evita o consumo de outros produtos ou matérias-primas. Um exemplo típico
desta prática era o reuso das embalagens retornáveis de refrigerantes. O reuso tem
uma característica peculiar, que é o baixo consumo de energia e de insumos para
sua realização, comparado com o processo de fabricação de um novo produto. Esta
é uma grande diferença frente à reciclagem.
A reciclagem é um processo, principalmente industrial, que converte o lixo
descartado (matéria-prima secundária) em produto semelhante ao inicial ou outro.
Assim, a reciclagem pode seguir dois tipos de processo de transformação dos
materiais ou produtos descartados: reciclagem de ciclo fechado (semelhante ao
inicial) e reciclagem de ciclo aberto (outro).
• Na reciclagem de ciclo fechado um produto é reciclado para produzir novos
produtos do mesmo tipo, por exemplo: papel de jornal ou latas de alumínio, onde
18
a matéria-prima usada para sua produção é mesmo papel de jornal e lata de
alumínio, respectivamente.
• Na reciclagem de ciclo aberto, os materiais descartados são transformados em
diversos produtos, diferentes do original, para os quais, tem que se encontrar
usos, como por exemplo, as garrafas PET. Este reaproveitamento gera novos
produtos que depois de um tempo, se tornarão rejeitos novamente e não se
poupa à fonte (natureza) que gera a matéria prima desse material.
Uma tecnologia inovadora, inteiramente desenvolvida no Brasil, está provocando uma revolução na reciclagem de caixas longa-vida. O alumínio e o plástico presentes nestas caixas, antes destinados a ocupar espaço em aterros sanitários, agora estão sendo aproveitados para a produção de telhas para a construção civil. (Fome Zero, 2005)
Neste exemplo, o reaproveitamento pode poupar matéria-prima na indústria de
peças de construção civil, porém não se está poupando a matéria-prima usada na
indústria de embalagens cartonadas (longa vida).
Seguindo a estrutura dos processos de reciclagem de ciclo aberto e fechado,
pode-se apreciar que na operacionalização dos fluxos reversos de retorno-
recuperação-reciclagem de qualquer produto ou material (de tipo industrial) são
consideradas necessárias, para completar o retorno na cadeia de produção, as
seguintes etapas: Coleta, Seleção, Consolidação, Revalorização e Transformação,
(diagrama 5).
Diagrama 5 : O Ciclo Aberto e O Ciclo Fechado da Reciclagem
Coleta Seleção/Consolidação
Uso Abastecimento
Transformação Reciclagem
Redistri buição
Reuso Disposição
Final
Distribuição Produção CICLO FECHADO
Materia-prima para a
produção de produtos similareis
CICLO ABERTO
Matéria prima para a produção de produtos direferentes
19
No caso da reciclagem de ciclo fechado, Leite (2003) afirma que existe uma
tendência de integração entre o fluxo direto e fluxo reverso. Isto porque a
recuperação desses materiais específicos é economicamente estratégica para as
empresas fabricantes do produto, ao contrário do que acontece com a reciclagem de
ciclo aberto, onde existe uma menor tendência à integração nas etapas reversas de
coleta, seleção, revalorização e transformação, em função da diversidade da origem
de seus materiais.
2.4.3 Projeto de Implantação da Logística Reversa
A logística reversa não é nenhum fenômeno completamente novo, e exemplos
como o do uso de sucata na produção e reciclagem de vidro têm sido praticados há
muito tempo. Entretanto, observa-se que a complexidade dos projetos de logística
reversa têm aumentado consideravelmente pelos aspectos ambientais que devem
ser incorporados.
A classificação dos projetos, segundo os diversos tipos de Canais de Distribuição
Reversos (CDR’s), pode ser da seguinte maneira (quadro 1):
Quadro1: Classificação dos Projetos de Logística Reversa segundo os Canais de Distribuição Reversos
Tipo de Bem Disponibilizado
Duráveis
Semiduráveis
Descartáveis Forma de Reaproveitamento
Desmanche Re-uso Reciclagem
Ciclo que representam
Aberto Fechado
Nível de integração empresarial e participação
Integrado: Empresas que administram todo o ciclo fechado de aproveitamento de matérias-primas para sua produção. Semi-Integrado: Empresas que executam o aproveitamento até a produção de matéria-primas secundárias disponibilizando-as para as empresas recicladoras. Não integrado: Empresas que utilizam outros agentes para a consecução das diferentes etapas de aproveitamento (coleta, triagem, produção).
Objetivos Econômico; Mercadológico; Legislativos; Prevenção de Riscos.
Ganhos de imagem corporativa
Para o Consumidor e a Sociedade onde está inserida.
Fonte: Adaptação de Leite (2003)
20
Segundo Leite (2000), na logística reversa pós-consumo deve-se estabelecer
uma distinção entre os diversos fluxos ou CDR’s, quanto ao tipo de bem
disponibilizado e quanto à forma de reaproveitamento dos bens ou de seus materiais
constituintes.
Classificam-se os CDR’s Pós-Consumo em bens duráveis, semiduráveis e
descartáveis ou em CDR’s de Re-uso, Desmanche e Reciclagem. Em cada um
destes casos, o planejamento de um projeto de rede reverso de pós-consumo será
significativamente diferente (diagrama 6).
Diagrama 6 : Classificação dos Canais de Distribuição Reversos
Fonte: Adaptação de Leite (2000)
Produtos duráveis, com vida útil de alguns anos a algumas décadas, poderão ser
disponibilizados no término de vida útil, quando o bem não apresenta interesse e
funcionalidade de qualquer espécie, ou por obsolescência operacional, quando,
embora em funcionamento, não apresenta interesse ao primeiro possuidor. No
primeiro caso, a rede de distribuição reversa estará interessada no aproveitamento
de seus materiais constituintes e em seus componentes eventuais, enquanto no
segundo caso, o objetivo de projeto de distribuição reverso será o reaproveitamento
do bem em uma extensão de sua utilidade.
Os bens semiduráveis, com vida útil de alguns meses a dois anos, apresentam
características intermediárias entre os duráveis e os descartáveis, sendo, portanto,
considerados em cada caso específico. Ou seja, a rede reversa poderá se constituir
de reaproveitamento de componentes ou de extensão de uso (re-uso) dos bens
originais bem como de seus materiais constituintes.
Tipo de Bem Disponibilizado
Forma de Reaproveitamento
Durável
Descartável
Semidurável
Desmanche
Reciclagem
Re-Uso
21
Os bens descartáveis, de algumas semanas de vida útil, apresentam interesse na
reciclagem dos materiais constituites dos mesmos, que poderão dar origem a
produtos da mesma espécie ou de espécies diferentes do produto original.
Pelo exposto, dependendo de como o processo de logística reversa é planejado
e controlado, este terá uma maior ou menor eficiência. Alguns dos fatores
identificados como sendo críticos e que contribuem positivamente para o
desempenho do sistema de logística reversa (Lacerda, 2000) são apresentados a
seguir:
Quadro 2 : Fatores críticos para a eficiência do processo de logística reversa.
Bons Controles de Entrada
Processos Mapeados e Formalizados Ciclo de Tempo Reduzido
Sistemas de Informação Acurados
Rede Logística Planejada
Relações Colaborativas Entre Clientes
e Fornecedores
Fonte: Lacerda (2000)
i. Bons controles de entrada: É necessário identificar corretamente o estado
dos materiais que serão reciclados e as causas dos retornos, para planejar o
fluxo reverso correto ou mesmo impedir que materiais que não devam entrar
no fluxo o façam. Por exemplo, identificando produtos que poderão ser
revendidos, produtos que poderão ser recondicionados ou que terão que ser
totalmente reciclados. O treinamento de pessoal é a questão chave para
obtenção de bons controles de entrada.
ii. Tempo de ciclo reduzidos: Tempo de ciclo refere-se ao tempo entre a
identificação da necessidade de reciclagem, disposição ou retorno de
produtos, e seu efetivo processamento. Tempos de ciclos longos adicionam
custos desnecessários porque atrasam a geração de caixa (pela venda de
sucata, por exemplo) e ocupam espaço, dentre outros aspectos. A
consideração correta deste item é fator de redução de custos e melhoria do
nível de serviço.
22
iii. Processos padronizados e mapeados: Uma das maiores dificuldades na
logística reversa é que ela é tratada como um processo esporádico,
contingencial e não como um processo regular. Efetuar corretamente o
mapeamento do processo e o estabelecimento de procedimentos
formalizados são condições fundamentais para se obter controle e a melhor
performance do projeto.
iv. Sistemas de informação: A capacidade de rastreamento de retornos,
medição dos tempos de ciclo, medição do desempenho de fornecedores
(avarias nos produtos, por exemplo) permitem obter informação crucial para
negociação, melhoria de desempenho e identificação de abusos no retorno de
produtos. Projetar estes sistemas de informação é um grande desafio, devido
à inexistência no mercado de sistemas capazes de lidar com o nível de
variações e flexibilidade exigido pelo processo de logística reversa.
v. Rede Logística Planejada: Ao contrário da logística normal, cuja filosofia é
consolidar os centros de distribuição, a logística reversa tem de ampliar a
rede de coleta e ter capilaridade, ou seja, implementar processos logísticos
reversos requer a definição de uma infra-estrutura logística adequada para
lidar com os fluxos de entrada de materiais usados e fluxos de saída de
materiais processados. Instalações de processamento e armazenagem e
sistemas de transporte devem ser desenvolvidos para ligar de forma eficiente
os pontos de fornecimento, onde os materiais a serem reciclados devem ser
coletados, até as instalações onde serão processados.
Questões de escala de movimentação e até mesmo falta de correto
planejamento devem ser enfocadas na fase do projeto. Instalações
centralizadas dedicadas ao recebimento, separação, armazenagem,
processamento, embalagem e expedição de materiais retornados podem ser
uma boa solução, desde que haja escala suficiente. Deverão ser aplicados
também os mesmos conceitos de planejamento utilizados no fluxo logístico
direto, tais como estudos de localização de instalações e aplicações de
sistemas de apoio à decisão (roteirização, programação de entregas etc.)
23
vi. Relações Colaborativas: Um tópico a ser explorado na fase de projeto de
logística reversa é a utilização de prestadores de serviço e de
estabelecimento de parcerias ou alianças com outras organizações
envolvidas em programas ambientais e/ou de logística reversa.
Como esta é uma atividade onde a economia de escala é fator relevante e
onde os volumes do fluxo reverso são normalmente menores, uma opção
viável seria possível através da terceirização e aliança, como ocorre no caso
do Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (INPEV), que,
para a coleta de embalagens dos agrotóxicos estabeleceu parcerias com os
correios, empresas de transportes, empresa privada (lojas) etc., criando uma
rede de coleta que abrange todo o território brasileiro.
Pelo exposto, a logística reversa precisa de planejamento para os diferentes
setores, tanto industriais como de serviços, de maneira geral. Serão necessários
esforços para aumento de eficiência, com iniciativas para melhor estruturar os
sistemas de logística reversa.
2.4.4 Motivação para Implantação de um Projeto de Logística Reversa
Cada vez mais, a logística reversa tem se tornado importante para as empresas,
uma vez que as mercadorias devolvidas oferecem oportunidades para recuperação
do valor, bem como economias de custo em potencial. Certamente, o objetivo
estratégico econômico, ou de agregação de valor monetário é o mais evidente na
implementação da logística reversa nas empresas e varia entre os setores
empresariais e em seus diversos segmentos de negócios, tendo sempre como fator
dominante a competitividade e os conceitos ecológicos e sociais.
De acordo como grupo RevLog (um grupo de trabalho internacional para o
estudo da logística reversa, envolvendo pesquisadores de várias universidades em
todo o mundo e sob a coordenação da Eramus University Rotterdam, na Holanda),
as principais razões que levam as firmas a atuarem mais fortemente na logística
reversa são três, dependo do interesse e o grau de importância para o futuro das
empresas e organizações: a legislação ambiental, os beneficios econômicos e a
conscientização dos consumidores, comentados a seguir:
24
i. Legislação Ambiental: As legislações que regem as empresas têm
experimentado grandes avanços nas questões ambientais, alimentados pelas
informações das tendências em nível mundial e com a conseqüente
conscientização dos consumidores. O referencial de sustento foram as duas
últimas grandes Conferências Mundiais sobre Meio Ambiente: a RIO’92 e a
RIO+10, esta última realizada em 2002.
Na Conferência de Rio’92, o principal documento gerado foi a Agenda-21,
que lançou bases importantes para se tratar das questões ambientais, como a
biodiversidade, as mudanças climáticas e sobretudo, do desenvolvimento
sustentável. E a Organização Internacional para a Normalização (ISO), que
participou também na Rio’92, comprometeu-se a criar normas ambientais
internacionais, conhecidas hoje como ISO 14000.
A Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável
(RIO+10), também conhecida como Cúpula Mundial sobre Meio Ambiente,
discutiu as ações mais voltadas à erradicação da pobreza, à globalização e às
questões energéticas. Surgiram então o Mecanismo de Desenvolvimento
Limpo e o protocolo de Kyoto, sobre mudanças climáticas, entre outros
documentos. A RIO+10 reconheceu a importância e a urgência da adoção de
energias renováveis em todo o planeta, e considerou legítimo que os blocos
regionais de países estabelecessem metas e prazos para cumpri-las.
Neste contexto, as legislações internacionais visam promover a produção
limpa nas empresas com a aplicação da logística reversa; fazendo a empresa
responsável pelos resíduos, qualquer que seja a sua natureza e origem,
devendo promover a sua coleta, armazenagem, transporte e eliminação ou
utilização de tal forma que não ponham em perigo a saúde humana nem
causem prejuízos ao ambiente. Isto significa que as empresas estão proibidas
de poluir, pelo que lhes incumbe pagar os custos de eliminação dos resíduos
e, caso não o façam, cabe-lhes a responsabilidade de ter de pagar os custos
"sociais" de uma ação poluidora (através de multas, indenizações etc.), sem
prejuízo de serem obrigados a tomar as medidas necessárias para corrigir a
situação.
25
Portanto, os projetos de logística reversa têm gerado um grande impacto
junto à população em relação à imagem das empresas, pela redução,
aproveitamento e tratamento dos resíduos ecologicamente corretos.
ii. Beneficios Econômicos: As iniciativas relacionadas à logística reversa têm
trazido consideráveis retornos para as empresas. Economias com a utilização
de embalagens retornáveis por exemplo, ou com o reaproveitamento de
materiais para produção têm trazido ganhos que estimulam cada vez mais
novas iniciativas. (Lacerda, 2000)
Nestes processos de recuperação de valor, a chamada logística
empresarial é economicamente afetada pela adoção específica da logística
reversa; pois muitos materiais são reaproveitados e retornam ao processo
tradicional de suprimento, produção e distribuição. Este processo geralmente
é composto por um conjunto de atividades que uma empresa realiza para
coletar, separar, embalar e expedir itens usados, danificados ou obsoletos
dos pontos de consumo até os locais de reprocessamento, revenda ou
descarte. (Lacerda, 2000)
Segundo Beaumord et al. (2005) a logística reversa de pós-consumo
envolve economia de custos na prática de:
• Reutilização de embalagens, que geralmente agrega alguns custos
adicionais decorrentes da classificação, administração e transporte de
retorno, mas, por outro lado, pode implicar na redução dos custos de
aquisição de embalagens;
• Utilização da reciclagem, que reduz os custos de coleta e processamento,
permitindo um avanço, no mercado, de produtos reciclados;
• Produtos refabricados ou, de outra forma, convertidos em novos, mais
uma vez o valor será menor do que os produzidos pela primeira vez,
entretanto, seu valor será substancialmente maior do que aqueles
produtos que são vendidos para refugo ou reciclagem.
26
Por outro lado, Beaumord et al. (2005) também mencionam os problemas
(custos) gerados pelos retornos:
• A quantidade de produtos que retorna é maior que a produzida na
indústria;
• Os produtos retornáveis ocupam espaço nos armazéns, o que gera
custos, principalmente se a quantidade for grande;
• Retornos não identificados ou desautorizados – ou seja, embalagens
de plástico, por exemplo, quando retornam, são acompanhadas de
outros materiais como pregos, pedaços de madeira, que precisam ser
separados, no caso de uma reciclagem;
• O custo total do fluxo reverso é desconhecido, de difícil avaliação.
• Custos de transporte e armazenagem de produtos tóxicos;
• O custo de transporte ou a tarifa é a mesma para entregar e para
buscar o produto;
• Os custos da operação de troca são elevados.
Apesar dos problemas citados acima, se as empresas se estruturassem para
as práticas reversas na cadeia de suprimentos e buscassem parcerias, a
relação custo benefício seria menos onerosa, como pratica o INPEV para o
retorno das embalagens de agrotóxicos.
iii. Conscientização Ambiental dos Consumidores: Atualmente, a escolha
dos produtos ou serviços pelos consumidores é influenciada pelos níveis de
serviços logísticos oferecidos. A meta da empresa é prover serviços que
satisfaçam os clientes com maior efetividade e eficiência que seus
concorrentes. Portanto, o nível de serviço dos canais reversos pode ser um
instrumento promocional da mesma forma como os descontos de preço, a
propaganda, as vendas personalizadas ou os termos de vendas favoráveis.
Transporte especial, processamento mais rápido, tempo de entrega reduzido,
embalagem padronizada, entre outros, afetam diretamente a venda do
serviço, tornando a empresa mais competitiva, pois está agregando valor ao
serviço oferecido. (Pfützenreuter, 2005)
27
Por outro lado, o Código Brasileiro de Defesa do Consumidor (Lei n.º
8.078/90) tem trazido muitas vitórias aos consumidores, que estão cada vez
mais conscientes de seus direitos, bem como exigindo que os problemas
graves presentes nas relações de consumo sejam sanadas, destacando-se a
consciência ecológica e as atitudes focalizando a proteção do meio ambiente
e exigindo das empresas maior responsabilidade. (Martins, 2005)
O consumidor, geralmente das grandes metrópoles, desperta para uma
consciência ecológica e exige, desta forma, maior responsabilidade dos seus
fornecedores e dá credibilidade às empresas verdes, isto é, aquelas que
assumem práticas de proteção do meio ambiente, possibilitando a estas
empresas uma vantagem competitiva. E, portanto, os projetos de logística
reversa têm gerado um grande impacto junto à população em relação à
imagem das empresas, pela redução, aproveitamento e tratamento dos
resíduos ecologicamente corretos.
2.5 Aplicação dos Conceitos da Logística Reversa nas Instituições de
Ensino Superior
No caso de projetos de rede reversa de pós-consumo para empresas que
envolvem bens tangíveis, observa-se uma tendência que visa soluções para ciclos
fechados, integrados totalmente, de forma a garantir os volumes em escala
econômica de processamento empresarial (consolidação), além de integrar os lucros
das operações individuais em cada etapa reversa. (Leite, 2000)
Entretanto, nas empresas que têm como produto final bens intangiveis, como é
o caso das empresas de serviços, a tendência é propor soluções para ciclos abertos
no projeto de rede reversa de pós-consumo.
Ocorre que as atividades de serviços revelam ser um grande usuário de bens de
consumo que, muitas vezes, geram impactos negativos, não só em seus processos
de prestação do serviço, mas também no momento do descarte de resíduos
(geração de lixo).
28
Dessa forma, o modelo de ciclo aberto para empresas prestadoras de serviços
pode ser ilustrado no diagrama 7 da seguinte maneira:
Diagrama 7: Cadeia da Reciclagem de Ciclo Aberto.
Como se pode apreciar, no caso das empresas que não têm um processo
produtivo e de transformação “tangível”, mas que precisam de materias de apoio
para prestar seus serviços, o projeto da rede reversa pós-consumo envolve decisões
e ações nos ambientes externos à empresa que precisam ser estudados; como
parcerias com empresas para os serviços de coleta, envolvimento com associações
de classe, processos de educação da sociedade, mobilizações junto aos poderes
públicos etc.
Atualmente, as empresas de serviços se distribuem numa gama de atividades
muito diversas, de serviços padronizados a serviços personalizados, de hospitais a
serviços domésticos, passando por bancos, por empresas de telecomunicações ou
varejo etc. Dentro dessa gama de atividades encontramos as Instituições de Ensino
Superior.
No caso das Instituições de Ensino Superior (IES), postula-se que este tipo de
organização deveria ter também um sistema de gestão ambiental, como o podería
ter uma prestadora de serviços. Seu principal produto “oferecido” é o conhecimento.
Embora cada universidade possa ter sua própria estrutura de funcionamento, pode-
se visualizar uma estrutura funcional comum para todas, entre elas a de Apoio
Administrativo envolvendo atividades secundárias como serviços gerais, limpeza,
Abastecimento
Coleta Seletiva
Seleção/Consolidação Venda, Doação Re-Uso
Disposição Final
Uso
29
vigilância, transportes, almoxarifado, entre outras e, portanto efetuam-se aquisições
de bens e serviços, repondo, estocando e distribuindo materiais de uso comum na
Universidade. Além disso, a circulação de pessoas (estudantes, professores,
funcionários etc.) torna um campus universitário um ambiente público, e em
conseqüência, gera resíduos e materiais descartados, demandando o seu
gerenciamento e um tratamento adequado.
Portanto, atendendo à classificação estabelecida por Leite (2000), um projeto de
rede reversa de pós-consumo para uma IES classifica-se pelo tipo de bens
disponibilizados como descartáveis (papel, papelão, embalagens, plásticos, resíduos
perigosos etc). Pela forma de aproveitamento, seria o re-uso e o encaminhamento
para a reciclagem, formando parte de um ciclo aberto e, portanto, não integrada
(porque são utilizados outros agentes para completar as etapas de aproveitamento).
Quanto aos objetivos que uma IES poderia ter para aplicar uma rede reversa, citam-
se: a educação ambiental, a prevenção de riscos, a obediência à legislação e
ganhos à imagem institucional, sendo que o objetivo econômico poderia ser
perseguido até atingir a auto-sustentabilidade da rede reversa.
Um modelo conceitual de reciclagem de ciclo aberto, não integrada,
desenvolvida por una empresa, uma instituição e até mesmo na administração do
lixo domiciliar, encontra seu ponto de apoio na coleta seletiva. Materiais reusáveis,
corretamente coletados, requerem apenas um reprocessamento pequeno, como
uma limpeza e uma inspeção, o que pode levar a um pequeno número de níveis na
rede dos canais reversos, isto significa que, o caminho de retorno que permitirá o
reuso ou a reciclagem dos materiais é mais curto.
Com certeza o grande e grave problema para o reaproveitamento dos produtos descartados ou de seus materiais constituintes, qualquer que seja o canal de distribuição reverso, é a - “logística de captação” - dos mesmos, ou seja o “domínio” das fontes e o equacionamento dos sistemas logísticos adequados, de forma a disponibilizá-los para o elo seguinte na cadeia logística reversa. Por “domínio” das fontes entendemos todos os processos entre o desembaraço do bem ou descartável e a disponibização dos mesmos aos agentes das cadeias reversas.(Leite, 1998)
Sendo assim, num projeto de logística reversa de pós-consumo através da
reciclagem de ciclo aberto, numa IES, deve-se planejar corretamente as atividades
30
de coleta que serão realizadas em função do tipo de material e do motivo pelo qual
estes entram no sistema de logística reversa.
Pelo exposto, toda organização em geral, industrial ou de serviços que implanta
um projeto de rede logística reversa precisaria também da implantação de um
sistema de gestão ambiental para facilitar o envolvimento de todas as unidades da
empresa e garantir a criação de vantagens competitivas pela recuperação de valor
dos resíduos e a responsabilidade ambiental perante os consumidores.
2.6 Sistemas de Gestão Ambiental e a ISO 14000
Empresas responsáveis em termos ambientais antecipam ações que reduzem os
impactos causados por seus produtos e processos ao meio ambiente, implantando
sistemas de gerenciamento ambiental, sistemas de certificação ISO 14000 e outras
ferramentas.
A implantação de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA) pode proporcionar o
envolvimento da empresa como um todo. A responsabilidade ambiental é
disseminada a cada setor, seja das áreas produtivas, operacionais, administrativas,
serviço geral etc. Quando todos passam a ver as questões ambientais sob a mesma
ótica, soluções criativas começam a surgir em toda a empresa, explorando-se as
oportunidades de aproveitamento de rejeitos, substituição de insumos, eliminação de
perdas nos processos, reciclagem, redução do consumo de energia, redução da
geração de resíduos, mudanças tecnológicas etc.
Um SGA é um conjunto de normas técnicas referentes a métodos e análises,
que possibilitam certificar que um determinado produto foi produzido, distribuído, e
os seus resíduos de produção descartados, de forma a reduzir ao mínimo os danos
ambientais. Um SGA garante a utilização de processos técnicos que estejam de
acordo com a legislação ambiental. Assim, a instituicão normalizadora do país, ou
outra por ela delegada, emite então o cerficado sobre o processo de producão ou
rótulo sobre o produto: o selo verde.
31
A série de normas ISO 14000 (diagrama 8) está conformada por um grupo de
normas que fornecem ferramentas e estabelecem um padrão de SGA, abrangendo
seis áreas bem definidas:
1. Sistemas de Gestão Ambiental (Série ISO 14001 e 14004);
2. Auditorias Ambientais (ISO 14010, 14011, 14012 e 14015);
3. Avaliação de Desempenho Ambiental (Série ISO 14031 e 14032);
4. Rotulagem Ambiental (Série ISO 14020, 14021,14022/ 14023/14024 e 14025);
5. Avaliação do Ciclo de Vida de Produto (Série ISO 14040, 14041, 14042 e
14043) e;
6. Termos e Definições (Série ISO 14050).
Diagrama 8 : Série de Normas ISO 14000
Fonte: Adaptado de Cajazeira (1997)
A ISO 14001, estabelece o sistema de gestão ambiental da organização e avalia
as conseqüências ambientais das atividades, produtos e serviços da organização;
atende a demanda da sociedade; define políticas e objetivos baseados em
indicadores ambientais definidos pela organização que podem retratar necessidades
desde a redução de emissões de poluentes até a utilização racional dos recursos
Vocabulário (Termos e Definições) Norma ISO 14050
SÉRIE DE NORMAS ISO 14000 GESTÃO AMBIENTAL
Normas que tratam de Avaliação da Organização
SGA Normas 14001 e
14004
Auditoria Ambiental Normas
14010/11/12/15
Desempenho Ambiental Normas
14031/32
Normas que tratam de Avaliação dos Produtos e
Processos
Rotulagem Ambiental Normas 14020/21/22/23/24
Análise do Ciclo de Vida
Normas 14040/41/42/
43
Aspectos Ambientais
Nos produtos Guia
ISO 14064
32
naturais; implicam na redução de custos, na prestação de serviços e em prevenção;
e é aplicada às atividades com potencial de efeito no meio ambiente.
No Brasil, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) oficializou as
NBR ISO: 14001/04/10/11 e 14040. Destas, a NBR Série ISO 14001/1996, trata dos
requisitos para implementação do Sistema de Gestão Ambiental, sendo passível de
aplicação em qualquer tipo e tamanho de empresa (diagrama 9).
Diagrama 9: Modelo de Sistema de Gestão Ambiental
Fonte: Adaptado da NBR-ISO 14001 em http://www.ambientebrasil.com.br
Os objetivos e as finalidades inerentes a um gerenciamento ambiental nas
organizações, evidentemente, devem estar em consonância com o conjunto das
atividades desenvolvidas, mas não podem e nem devem ser vistos como elementos
isolados, por mais importantes que possam parecer num primeiro momento. Vale
aqui relembrar o trinômio das responsabilidades de toda organização:
responsabilidade ambiental, econômica e social. (Leitão, 2003).
Avaliação Ambiental
Inicial
Política
Ambiental
Planejamento • Aspectos Ambientais • Requisitos legais • Objetivos e Metas • Progarma de gerencia-
mento Ambiental
Revisões
Gerenciais
Verificação e Ação Corretiva
• Manutenção e medição
• Não-conformidades, ações corretiva e preventivas
• Registros • Auditorias
Implantação e Operação • Estrutura e Responsabilidade • Treinamento, Conscientização e
competência • Comunicação • Documentação • Controle Operacional • Preparação para emergência
33
Assim sendo, essas normas fomentam a prevenção de contaminações
ambientais nos processos de produção, uma vez que orientam a organização quanto
a sua estrutura, forma de operação e de levantamento, armazenamento,
recuperação e disponibilização de dados e resultados (sempre atentando para as
necessidades futuras e imediatas de mercado e, conseqüentemente, a satisfação do
cliente e comunidade onde está inserida), entre outras orientações, inserindo a
organização no contexto ambiental.
Em relação à certificação ISO 14000, para que um SGA possa ser certificado, a
empresa, através de sua política ambiental, deve estar comprometida em atender
três requisitos mínimos, sendo eles:
• Comprometimento com a melhoria contínua;
• Comprometimento com a prevenção da poluição;
• Comprometimento com o atendimento da legislação ambiental.
1.7 Legislação no Brasil sobre Meio Ambiente e Gerenciamento dos Resíduos
Sólidos
A Constituição Federal Brasileira, promulgada em 1988, trata de forma
abrangente e moderna os assuntos relacionados à proteção do meio-ambiente e ao
desenvolvimento sustentável da economia, reservando à União, aos Estados, ao
Distrito Federal e aos Municípios a tarefa de proteger o meio ambiente e de controlar
a poluição (artigo 23).
Mesmo a legislação ambiental brasileira sendo uma das mais vigorosas e
atualizadas do mundo, ainda não conta com um dispositivo para o controle
apropriado dos descartes de resíduos sólidos. Por esse motivo, uma política
nacional de resíduos sólidos vem sendo formulada para tornar possível um
programa responsável de reaproveitamento, reciclagem e descarte de produtos ao
final de seu ciclo de vida (Selige, 2005).
Em alguns casos, por resoluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente
(CONAMA), a destinação final de certos resíduos já foi determinada. A resolução do
34
CONAMA nº. 257, por exemplo, trata das baterias e pilhas esgotadas e estabelece
que é responsabilidade dos produtores o gerenciamento da coleta, classificação e
transporte dos produtos descartados, assim como o tratamento prévio dos mesmos.
Com a definição de maior responsabilidade aos produtores e distribuidores sobre
os produtos, um gerenciamento mais efetivo e eficiente do tratamento de resíduos
sólidos ao final de seu ciclo de vida é projetado para o futuro, conseguindo promover
as ações que dão precedência às soluções de recuperação da energia ou do
material sobre as formas arbitrárias de disposição final. Nesse cenário, diversos
projetos de lei tramitam no Congresso e no Senado Federal, cumprindo a missão de
atualizar a legislação brasileira segundo os moldes de uma indústria ecologicamente
sustentável.
Os Estados da República Federativa do Brasil têm liberdade de deliberar por
outras leis, mais restritivas, que preencham as suas demandas regionais. Por esse
motivo, alguns Estados já votaram leis mais rigorosas voltadas ao gerenciamento de
resíduos sólidos e outros estão em vias de validar novos projetos de lei. No estado
de São Paulo, um Plano Diretor de Resíduos Sólidos foi estabelecido pela lei nº
11.387, de 2003, para propor apropriadamente novas resoluções a respeito do
gerenciamento de resíduos. (Selige, 2005)
2.7.1 Política Nacional de Resíduos Sólidos A Política Nacional de Resíduos Sólidos, está sendo intensamente debatida por
inúmeros setores sociais interessados na implementação de uma legislação que não
apenas regule o funcionamento desta área, mas principalmente institua leis que
resultem em mudanças na situação dos resíduos sólidos em nível federal, estadual e
municipal. Propõe-se uma lei que disponha sobre as normas gerais aplicáveis aos
resíduos no país e institua uma Política Nacional de Resíduos Sólidos, seus
princípios, objetivos, instrumentos, fundamentos e planos, estabeleça diretrizes para
a gestão, o gerenciamento e o manejo de resíduos sólidos e regulamente
responsabilidades e parâmetros técnicos a ela inerentes, em consonância com as
Políticas Nacionais de Meio Ambiente, de Educação Ambiental, de Recursos
Hídricos, de Saneamento Básico, de Saúde, Urbana e as que promovam a Inclusão
35
Social (Grimberg, 2004). Estariam sujeitos à observância das normas desta Lei os
agentes públicos e privados que desenvolvam ações que, direta ou indiretamente,
envolvam a gestão, o gerenciamento, o manejo e o fluxo de resíduos sólidos.
Os objetivos da Política Nacional de Resíduos Sólidos são: estabelecer um
melhor gerenciamento dos resíduos sólidos, reduzir a quantidade e a nocividade dos
resíduos sólidos; eliminar os prejuízos à saúde pública e à qualidade do meio
ambiente causados pela geração de resíduos; formar uma consciência comunitária
sobre a importância da opção pelo consumo de produtos e serviços que não
afrontem o meio ambiente e com menor geração de resíduos sólidos e de seu
adequado manejo; além de gerar benefícios sociais e econômicos aos municípios
que se dispuserem a licenciar, em seus territórios, instalações que atendam aos
programas de tratamento e disposição final de resíduos industriais, minerais,
radioativos, de serviços e tecnológicos. (Grimberg, 2004)
Portanto, está em questão a regulamentação de sistemas de tratamento de
todos os resíduos gerados e, também, a instituição de responsabilidades bem
definidas, segundo os tipos de resíduos. Na Política Nacional de Resíduos Sólidos,
será enfocado, além dos resíduos comuns, aqueles considerados como especiais:
industriais e de mineração, de serviços de saúde, rurais, de transportes, radioativos,
de construção civil, do comércio e de serviços, tecnológicos, pneumáticos, de
explosivos e armamentos, de embalagem.
Este é um ponto chave que envolve mudanças em toda cadeia produtiva, tendo
em vista a busca de um novo paradigma, o da sustentabilidade ambiental. A
responsabilização das indústrias envolve desde o processo de produção de bens e
serviços até o pós-consumo, o que deverá levar à revisão de processos produtivos
com vistas à redução da geração de resíduos. (Grimberg, 2004)
Assim, a Política Nacional de Resíduos Sólidos, discutida na 35ª Assembléia
Associação Nacional de Serviços Municipais de Saneamento – ASSEMAE (Belo
Horizonte – MG; 27 de julho de 2005), reconheceu como principais conceitos a
serem adotados os seguintes:
36
• Gestão, Gerenciamento e Manejo Integrado de Resíduos Sólidos;
• Logística Reversa (diagrama 10);
• Resíduos e Rejeitos.
Diagrama 10: Logística Reversa:
Instrumento de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental
Fonte: Borzino (2005)
PRODUTO
CENTRO PRODUTIVO
GERAÇÃO PRIMÁRIA DE RESÍDUOS SÓLIDOS
GERAÇÃO DE EMPREGO E RENDA (Org.catadores/prioridade)
CONSUMO
NÃO GERAÇÃO, PREVENÇÃO E REDUÇÃO DA GERAÇÃO
DE RESÍDUOS SÓLIDOS
GERAÇÃO SECUNDÁRIA
IDENTIFICAÇÃO DAS OPORTUNIDADES
REJEITO
ABSORVER CENTRO GERADOR OU
OUTROS BENEFICIÁRIOS
DISPOSIÇÃO FINAL
RESÍDUOS SÓLIDOS REVERSOS
GERADOR
LOGÍSTICA REVERSA
Centro de Coleta
Tratamento/ações fluxo reverso
Reciclar/Reutilizar
37
2.7.2 O Protocolo de Kyoto e a Questão dos Resíduos Sólidos Urbanos
O Protocolo de Kyoto é um acordo internacional que estabelece metas de
redução de gases poluentes para os países industrializados. Ratificado por 157
países o Protocolo de Kyoto entrou em vigor no dia 16 de fevereiro de 2005. O
protocolo foi elaborado, baseado nos princípios do Tratado da ONU sobre Mudanças
Climáticas de 1992, e tem por objetivo a redução da emissão de gases que
potencializam o efeito estufa, fenômeno da retenção do calor na terra agravado pelo
aumento e concentração de gases poluentes como o dióxido de carbono (CO2).
Existe a constatação de que a temperatura da Terra tem aumentado
significativamente nas últimas décadas. Há um consenso mundial de que as
emissões de gases, denominadas emissões antrópicas, provocadas pelas atividades
humanas alteram o meio ambiente. As emissões antrópicas de Gases de Efeito
Estufa (GEE) são responsáveis por este aumento de temperatura. Os principais GEE
listados pelo Protocolo de Kyoto incluem: dióxido de carbono (CO2), metano (CH4),
óxido nitroso (N2O), hidrofluorcarbonos (HFCs), perfluorcarbonos (PFCs) e
hexafluoreto de enxofre (SF6).
O acordo atual prevê que os países industrializados reduzam as emissões totais
de GEE, sendo o ano de referência 1990, em 5,2 % durante o período de 2008-
2012. Trata-se de meta audaciosa, porém, necessária. Para tanto, os países com
metas a serem cumpridas poderão adotar os conhecidos mecanismos de
flexibilização tais como a utilização dos Mecanismos de Desenvolvimento Limpo
(MDL) e a compra de “créditos de carbono”.
O MDL prevê investimentos das nações industrializadas em países pobres para
a obtenção de créditos de carbono, cumprindo assim suas metas de redução, bem
como auxiliando aqueles países em desenvolvimento a não potencializar o
agravamento do efeito estufa. Exemplo disso é o programa “NovaGerar” do aterro
sanitário de Nova Iguaçu – RJ, primeiro projeto certificado de MDL do mundo e que
recebeu crédito para redução de 2.000 toneladas de metano (uma tonelada de
metano equivale a 21 toneladas de carbono), sendo que a capacidade total do aterro
38
é de 4.000 toneladas diárias, tendo ainda o projeto como meta receber
investimentos da ordem de R$ 35 milhões até 2012. (Chaves et al, 2005)
As reduções das emissões dos gases devem acontecer em várias atividades
econômicas, especialmente nas de energia e transportes. Os países devem
cooperar entre si por meio das seguintes ações básicas (Revista Época, 2006):
• Reforma dos setores de energia e transportes;
• Promoção do uso de fontes energéticas renováveis;
• Eliminação de mecanismos financeiros e de mercado inadequados aos fins da
Convenção de Kyoto;
• Redução das emissões de metano no gerenciamento de resíduos e dos
sistemas energéticos;
• Proteção de florestas e outros sumidouros de carbono.
O Protocolo de Kyoto, no que respeita à gestão de resíduos sólidos, propicia que
cada autoridade responsável pela disposição final de resídos nos aterros procure
alternativas para diminuir ao máximo as emissões de CO2 , como por exemplo:
separação dos resídos orgânicos e inorgânicos, compostagem, extração do gás
metano etc., onde a logística reversa através da coleta seletiva e a reciclagem se
tornariam projetos indispensáveis para a diminuição de resídos a serem tratados,
involucrando nesse sentido o governo, empresas e comunidade em geral.
2.8 Considerações Finais
A reciclagem e ou recuperação de materiais - efeito central da logística reversa
pós-consumo aberto ou fechado - deve ser tratada não só como uma atividade
privada, mas também como uma atividade que gera benefícios sociais e envolvem
agentes racionais, que maximizam suas opções de ganhos econômicos. (Pimenteira,
2002).
Coloca-se, assim, a questão de atingir um equilíbrio econômico através da
gestão dos resíduos sólidos e o nível ótimo de reciclagem. Pimenteira (2002) propõe
dimensionar os ganhos obtidos com a reciclagem a partir da quantificação dos
39
custos sociais e ambientais evitados. Além de uma implementação, no
gerenciamento de resíduos sólidos, créditos de reciclagem para os que praticam a
reciclagem os que atuariam como instrumento econômico para regular o mercado,
tal instrumento só poderá ser estabelecido pelas instituições do governo na
sociedade.
40
3 SISTEMAS DE GESTÃO AMBIENTAL NAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO
SUPERIOR
3.1 Introdução
Nos últimos anos, as empresas privadas (industriais e de serviços), as
instituições públicas e inclusive as Instituições de Ensino Superior (IES) têm sido
chamadas a tomar consciência de sua responsabilidade a respeito das questões
ambientais e da sua importância na melhoria e desempenho na gestão das
organizações. Como resultado, a adoção de Sistemas de Gestão Ambiental (SGA)
tem sofrido um grande crescimento.
As IES, em particular, têm também aqui um papel muito importante porque,
constituindo-se como um microcosmo da sociedade (nelas existindo muitas das
atividades e operações dos vários sistemas sociais), poderiam apresentar impactos
ambientais negativos, às vezes bastante significativos. As IES encontram-se numa
posição privilegiada para a implementação de um SGA, principalmente devido às
suas responsabilidades na educação, ao seu papel ético e social na promoção da
sustentabilidade, às suas elevadas competências em matéria de ambiente e ciência
que as tornam o local ideal para abordar e fazer propostas de soluções aos
problemas ambientais, melhorando ao mesmo tempo a sua imagem e eficiência.
(Lopes e Ferreira, 2005)
A implementação de um SGA contribui não só para melhorar de modo global a
gestão e o comportamento ambiental destas instituições, mas também para melhorar
o ensino ministrado através de um ambiente onde os alunos aprendem em situações
reais, desenvolvendo competências fundamentais para o futuro de suas carreiras.
Uma IES, especificamente uma universidade, físicamente está consitituída por
um campus, inserido numa área urbana ou no seu entorno, ocorrendo sinergias
entre a universidade e a comunidade vizinha. Portanto, o gerenciamento dos
resíduos gerados dentro do campus universitário como resultado das atividades de
ensino, pesquisa e extensão, requerem procedimentos e técnicas para lidar com os
diferentes tipos de resíduos.
41
As IES têm, todavia, características específicas que devem ser consideradas na
implementação do SGA, tais como possuírem uma cadeia de gestão hierárquica
burocrática, estruturas e procedimentos pouco flexíveis e resistentes à mudança, e
apresentarem níveis de controle contabilístico reduzidos dos recursos consumidos
pela instituição, serem instituições públicas ou privadas, entre outras.
Neste capítulo, estudam-se os SGA implementados para as IES e procura-se
demonstrar a necessidade de um compromisso real para com a teoria e a prática da
proteção ambiental e do desenvolvimento sustentável no seio da comunidade
acadêmica.
3.2 Sistemas de Gestão Ambiental nas Universidades
Os SGA foram desenvolvidos mais especificamente para a aplicação em
indústrias, do que em outras atividades como os serviços. Isto porque os SGA têm
sido muito utilizados na indústria e em organizações privadas, dado que sua
estrutura de aplicação vai ao encontro das características deste tipo de
organizações.
Mesmo assim, é notório o crescente interesse da aplicação destes sistemas aos
serviços públicos (Instituições de Ensino Superior, Hospitais, Laboratórios, entre
outros). Nestes, o sucesso da implementação do SGA, segundo os sistemas
normativos de referência, apresenta fatores críticos em virtude das características
destas instituições. A sua estrutura hierárquica, a resistência aos desafios e a inércia
face a novas estratégicas de gestão que alterem os procedimentos de trabalho e
aumentem a dinâmica, competitividade e envolvimento estratégico, são alguns dos
fatores que condicionam a implementação desta ferramenta.
As IES são as organizações que mais se assemelham à sociedade no seu todo,
em termos de complexidade, relações de poder e envolvimento dos seus membros.
Estas instituições têm demonstrado uma grande capacidade de sobrevivência ao
longo da história e uma longevidade e resistência à mudança pouco comuns em
organizações empresariais, que são fruto das suas características organizacionais.
(Lopes et al, 2004)
42
As áreas de conhecimento são a base da organização das IES, dando origem a
uma estrutura fortemente fragmentada por áreas científicas, e pela especialização
dos conhecimentos. O processo de tomada de decisão é assim difuso e
descentralizado, pelo que os responsáveis exercem menos controle e autoridade
que os seus equivalentes nas empresas. A fragmentação da estrutura conduz ainda
à existência de sub-culturas com estilos decisórios, restrições de tempo e
prioridades diferentes. No interior de cada unidade científica, as IES são inovadoras
e adaptáveis, embora a maior parte das inovações sejam de carácter incremental
(quer dizer, novos conhecimentos que agregam valor às pesquisas desenvolvidas).
Em nível estrutural, a universidade é muito resistente à mudança e tem elevada
aversão ao risco. (Lopes et al, 2004)
As IES encontram-se, assim, numa posição propícia para implementar um
comportamento ambiental mais sustentável, pois, por um lado, são geradoras de
problemas ambientais, mas, por outro, como instituições que criam conhecimento e
com responsabilidades na educação, têm o dever ético-social e as competências
que as tornam o local ideal para abordar os problemas ambientais. (Lopes, 2004)
Apesar de reconhecerem as vantagens dos SGA, estas instituições ainda estão
hesitantes em incorporar estes sistemas. A implementação de um SGA é um
processo bastante complexo, atravessando muitas barreiras que dependem da
cultura organizacional, dos estilos formais e informais de gestão, dos indivíduos
envolvidos no processo, das condições técnicas e da fase de implementação do
SGA.
Por este fato, existe a necessidade de desenvolvimento de metodologias de
implementação de SGA que tenham em conta as características e especificidades
das IES. Cada IES tem uma estrutura física diferente, localizada em cidades com
clima, cultura e pessoas diferentes, onde o desenvolvimemto de suas atividades,
embora similares, geram resíduos que são gerenciados segundo as suas
particularidades. Por isso, as metodologias a serem aplicadas devem ser menos
estruturadas e mais flexíveis, como forma de sustentabilidade destes sistemas a
longo prazo. (Carreiras et al, 2005)
43
Estas instituições, possuindo uma dimensão significativa, consomem
quantidades consideráveis de recursos e produzem grandes quantidades de
resíduos. Apresentam um consumo elevado de energia, de água e substâncias
químicas. Produzem igualmente grandes quantidades de resíduos sólidos e resíduos
perigosos, como resíduos químicos, pesticidas, tintas, solventes e resíduos
radioativos. Os reagentes químicos perigosos usados em laboratório, os fitofármacos
e os fertilizantes são abundantes nos campus universitários e aumentam o risco de
contaminação, colocando em risco a segurança de trabalhadores, estudantes, da
comunidade e dos ecossistemas. (Lopes et al, 2004)
Ao ter um melhor desempenho ambiental, as IES melhoram ao mesmo tempo a
sua imagem e eficiência. A maioria das iniciativas ambientais nas IES tem surgido
mais por razões circunstanciais, como no caso dos laboratórios químicos em
algumas universidades brasileiras, do que resultantes de estratégias planejadas; não
estão integradas por políticas e não constituem ações alargadas que integram as
várias áreas funcionais destas instituições.
Apesar das inúmeras iniciativas ambientais existentes no exterior, como na
Europa e nos EUA, por exemplo, são poucas as que continuam e se expandem. As
iniciativas ambientais seguidas pelas IES têm abordagens diversificadas: enfatizam
as questões operacionais; têm uma abordagem filosófica; abordam temáticas
específicas; introduzem esta temática na grade curricular; incorporam esta questão
nos processos de tomada de decisão, numa perspectiva estratégica de longo prazo;
ou implementam ferramentas mais racionais e sistêmicas como os SGA.
Dentre as vantagens em implementar um SGA nas IES, (Lopes et al, 2004)
considera:
• A melhoria do desempenho ambiental da instituição, reduzindo os riscos
ambientais, em termos de higiene e segurança no trabalho, o consumo de
recursos e a emissão de poluentes;
• As medidas implementadas conduzem a uma maior eficiência dos processos e a
uma redução de custos, com melhorias claras em termos de competitividade;
44
• Promovem uma postura pró-ativa em termos ambientais, que responde à
consciência global de proteção ambiental que é apoiada pelos governos e pela
sociedade, daí advindo claros benefícios políticos, uma melhoria da imagem e
reputação da instituição e uma melhoria da relação com outras instituições ;
• Promovem o cumprimento da legislação e uma postura pró-ativa nesta matéria,
reduzindo o risco de multas legais;
• A implementação de um SGA introduz melhorias administrativas na organização,
através de um melhor controle das responsabilidades e competências, e do
controle de custos, que reforça a eficiência e competitividade das organizações;
Porém, os SGA, como já foi dito, foram desenvolvidos para a aplicação em
indústrias e não para outras atividades como os serviços. No entanto, têm recebido
receptividade por parte de algumas instituições de serviços. Pode-se mencionar aqui
o trabalho efetuado pelo Ministério do Meio Ambiente do Brasil que criou um
programa denominado “A Agenda Ambiental na Administração Pública”, em 2001,
que visa inserir critérios ambientais nas áreas de governo, visando minimizar ou
eliminar os impactos ao meio ambiente, provocados por atividades administrativas
ou operacionais.
A implementação dos SGA é muitas vezes dificultada por impedimentos
técnicos, de disponibilização de recursos humanos e organizacionais, e a bibliografia
é omissa quanto ao modo como os implementar, sendo desenvolvida reduzida
investigação nesta área. Por sua vez, Malmborg (2002) afirma que a abordagem
tradicional dos SGA, com uma estrutura bastante formal, tem-se focado mais em
“como devem os atores agir nas diferentes situações” (ação reativa), em vez do “que
deve ser conseguido com cada ação” (ação pró-ativa). Como consequência, perante
novas situações, são necessários novos procedimentos. A implementação dos SGA
reflete uma reduzida flexibilidade, bem como uma aprendizagem de curto prazo dos
agentes envolvidos, já que prescreve como lidar com os problemas atuais, e não se
focando nos objetivos a atingir ao longo do tempo.
45
Por este fato, existe a necessidade de desenvolvimento de metodologias de
implementação de SGA que tenham em conta as características e especificidades
de cada Intituição. Estas metodologias devem ser menos estruturadas e mais
flexíveis na procura de sua adequação e adaptação às mudanças e se manter ao
longo do tempo.
3.3 O Papel das Instituições de Ensino Superior no Desenvolvimento
Sustentável
As IES estão cada vez mais conscientes do papel que têm a desempenhar na
preparação das novas gerações de profissionais para o DS. Nesse sentido, a ONU
deu os primeiros sinais às universidades quanto ao seu papel no caminho para o
DS, nos documentos associados à Conferência das Nações Unidas para o
Desenvolvimento Humano (UNCHD), em 1972, e à Conferência das Nações Unidas
sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (UNCED), em 1992, entre outras, que
explicitam objetivos e medidas dirigidas às instituições de ensino superior, como se
pode apreciar no quadro 3.
Quadro 3 : A ONU e as universidades no âmbito
do Desenvolvimento Sustentável (1972-1992)
Documento Objetivos Medidas Recomendadas
UNCHD (1972) Declaração de Estocolmo (Princípios 9 e 24)
Prever e/ou diminuir aspectos contrários ao desenvolvimento sustentável.
Formulação de acordos multi ou bilaterais, ou de outras formas de cooperação (nomeadamente em transferência tecnológica).
UNCED (1991) Relatório do Comitê Preparatório
Envolver todos na educação para o desenvolvimento sustentável.
Envolvimento de decisores no governo, de especialistas que os aconselhem nas universidades, institutos de investigação, etc.
UNCED (1992) Declaração do Rio (Princípio 9)
Fortalecer o desenvolvimento de capacidades para o desenvolvimento sustentável.
Intercâmbio de conhecimento científico e tecnológico. Desenvolvimento, adaptação, difusão e transferência de tecnologias, incluindo as novas e inovativas.
Clarificar o papel da ciência e tecnologia no desenvolvimento sustentável.
(Re)desenho dos programas nacionais em Ciência e Tecnologia por forma a clarificar contribuições do setor para o desenvolvimento sustentável e identificar funções/ responsabilidades do sector no desenvolvimento humano.
Gerar e disseminar conhecimento e informação em desenvolvimento sustentável.
Produção de avaliações científicas de longo prazo sobre depleção dos recursos, uso da energia, impactos na saúde e tendências demográficas, e tornar públicas em formas amplamente compreendidas.
UNCED (1992) Agenda 21 (Capítulos 31, 34, 35 e 36)
Educar todos para o desenvolvimento sustentável.
Desenvolvimento de programas de educação em ambiente e desenvolvimento (acessível a pessoas de todas as idades). Incentivos dos países às universidades e a redes de trabalho neste âmbito.
Fonte: COPERNICUS –CAMPUS http://copernicus-campus.org/sites/list_index.html
46
Nas palavras do Relatório Bruntland, deve-se aprender a cuidar das
necessidades presentes sem comprometer a capacidade das gerações futuras
satisfazerem as suas próprias necessidades. A consciência está aí. O que falta é
uma estratégia compreensível para construir um futuro sustentável eqüitativo para
todos os seres humanos, como foi sublinhado pela UNCHD e pela UNCED. Essa
estratégia requer um novo enquadramento mental e num novo conjunto de valores.
Para a promoção de tais valores, a educação é essencial para aumentar as
capacidades das pessoas de enfrentar as questões ambientais e de
desenvolvimento. A educação, em todos os níveis, especialmente a educação
universitária para a formação de decisores e professores, deve ser orientada para o
desenvolvimento sustentável e para forjar atitudes, padrões de capacidade e
comportamentos ambientalmente conscientes, tal como um sentido de
responsabilidade ética. A educação ambiental, no sentido mais completo do termo,
tem que se tornar uma prática na vida diária.
As universidades e instituições equivalentes de ensino superior formam as
futuras gerações de cidadãos e possuem conhecimentos específicos em todos os
campos da investigação, tanto em tecnologia como nas ciências naturais, humanas
e sociais. Portanto, é conseqüentemente seu dever propagar a literatura ambiental e
promover a prática de uma ética ambiental na sociedade. Como exemplo disso,
pode-se citar no exterior, a organização COPERNICUS, cujo alvo é compartilhar o
conhecimento sobre o DS das universidades européias com a indústria, e, no Brasil,
encontra-se a “Carta de Niterói”, delineada para o tratamento de resíduos químicos
gerados nas universidades e diversas experiências de coleta seletiva como parte da
gestão de resíduos.
Na verdade, as universidades são cada vez mais chamadas a desempenhar um
papel preponderante no desenvolvimento de uma forma de educação multidisciplinar
e eticamente orientada, de forma a encontrar soluções para os problemas ligados ao
desenvolvimento sustentável. Segundo Pereira (2005a), para alcançar estes
objetivos e cumprir a sua missão básica, as universidades são pressionadas a
desencadear todos os esforços para subscrever e implementar os seguintes
princípios de ação seguidamente definidos:
47
i. Compromisso institucional – as universidades devem demonstrar, na prática,
seu compromisso com a proteção ambiental dentro do seu próprio campus.
ii. Ética ambiental – as universidades devem promover, entre os seus docentes,
alunos e o público em geral, padrões de consumo sustentáveis e um estilo de
vida ecológico, estimulando paralelamente programas que desenvolvam as
capacidades do corpo docente para ensinar temas relacionados à proteção
ambiental.
iii. Educação dos funcionários universitários – as universidades deverão
proporcionar educação, formação e encorajamento aos seus funcionários em
matérias ambientais, para que eles possam prosseguir o seu trabalho de uma
forma ambientalmente responsável.
iv. Programas de educação ambiental – as universidades deverão incorporar uma
perspectiva ambiental em todo o seu trabalho e estabelecer programas de
educação ambiental envolvendo docentes, investigadores e estudantes,
expondo-os a todos os desafios globais do ambiente e desenvolvimento, seja
qual for o seu campo de trabalho ou estudo.
v. Interdisciplinaridade – as universidades devem encorajar a educação
interdisciplinar e colaborativa e programas de investigação relativos ao
desenvolvimento sustentável enquanto parte da missão central da instituição.
Devem também procurar ultrapassar os instintos competitivos entre disciplinas e
departamentos de modo de compartilhar conhecimentos para atingir o mesmo
alvo da proteção ambiental e da qualidade de vida.
vi. Disseminação do conhecimento – as universidades devem apoiar esforços
para suprir as falhas na atual literatura disponível aos estudantes, profissionais,
decisores e público em geral, preparando material didático informativo,
organizando leituras públicas e estabelecendo programas de formação. Elas
devem também estar preparadas para participar de auditorias ambientais.
48
vii. Redes de trabalho – as universidades devem promover redes interdisciplinares
de peritos ambientais em nível local, nacional, regional e internacional, com o
objetivo de colaborar em projetos ambientais comuns de ensino e investigação.
Para isto, a mobilidade de estudantes deve ser encorajada.
viii. Parcerias – as universidades deverão tomar a iniciativa de forjar parcerias com
outros setores preocupados da sociedade, de modo a desenhar e implementar
abordagens, estratégias e planos de ação coordenados.
ix. Programas de educação contínua – as universidades deverão inventar
programas de educação ambiental sobre estes assuntos e para diferentes
grupos-alvo, por exemplo: empresas, agências governamentais, organizações
não-governamentais, meios de comunicação social.
x. Transferência tecnológica – as universidades devem contribuir para programas
educacionais concebidos para a transferência de tecnologias de educação e
inovação e métodos de gestão avançados.
As universidades que tentam cumprir com estes princípios estão se esforçando
para definir e ao mesmo tempo assumir seu papel no que se refere ao ensino para
um futuro viável. O desafio do desenvolvimento sustentável procura, na
universidade, um agente especialmente equipado para liderar o caminho. Com essa
missão, em diferentes períodos e lugares, as universidades adotaram declarações
ambiciosas e propuseram também grandes princípios e objetivos para o processo de
reformas que devem assumir. Neste sentido, podem-se citar os seguintes
documentos:
3.3.1 Acordos da Conferência da Terra
Em 1992, 172 governos reuniram-se na cidade brasileira do Rio de Janeiro para
a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento
(UNCED), que ficou conhecida como Conferência da Terra. Esta Conferência
produziu importantes documentos. O maior e mais importante deles foi a Agenda 21.
Nele, constam tratados em muitas áreas que afetam a relação entre o meio
49
ambiente e a economia, como: atmosfera, energia, desertos, oceanos, água doce,
tecnologia, comércio internacional, pobreza e população. Até a UNCED as
universidades praticamente estiveram formalmente fora do palco da discussão sobre
o desenvolvimento sustentável, mas, no capítulo 36 da Agenda 21 se estabelece a
promoção da educação, da consciência pública e da formação de tal forma a
reorientar a educação para o DS tomando como bases para a ação os seguintes
lineamentos (Site Campus Verde):
• A educação, incluindo a educação formal, a consciência pública e a formação
devem ser reconhecidas como um processo através do qual os seres
humanos e as sociedades podem alcançar o seu completo potencial.
• A educação é vital à promoção do desenvolvimento sustentável e à melhoria
das capacidades humanas em lidar com as questões do ambiente e do
desenvolvimento.
• Enquanto a educação básica fornece as bases para qualquer educação em
ambiente e desenvolvimento, as posteriores necessitam ser incorporadas
como uma parte essencial da aprendizagem.
• A educação formal e a educação não-formal são ambas indispensáveis na
mudança de atitudes que capacitará as pessoas a avaliar e resolver as suas
preocupações de desenvolvimento sustentável.
• A educação é também vital ao alcance de uma ética e consciência ambiental,
de valores e atitudes, habilidades e comportamentos consistentes com o
desenvolvimento sustentável e para uma efetiva participação pública nos
processos decisórios.
• Para ser efetiva, a educação ambiental e de desenvolvimento deve lidar com
as dinâmicas biofísicas e socioeconômicas do ambiente e de
desenvolvimento humano (que pode também ser espiritual), deve ser
integrada em todas as disciplinas e deve empregar métodos formais e não-
formais e meios efetivos de comunicação.
50
3.3.2 Declaração de Kyoto
Promovida pela Associação Internacional das Universidades (IAU), sublinha a
dimensão ética da educação para o desenvolvimento sustentável que, além de
ensinar princípios, deve promover práticas igualmente sustentáveis. Na 9ª Mesa
Redonda da IAU, que ocorreu em Kyoto (Japão) a 19 de novembro de 1993, cerca
de 90 líderes universitários reuniram-se para discutir e adotar uma declaração de
princípios, baseada nas declarações emanadas das conferências passadas, como
as de Talloires (1990), Halifax (1991) e Swansea (1993). (Ferreira, 2002). As ações
foram as seguintes:
• Pressionar as universidades em todo o mundo a procurar estabelecer e
disseminar uma compreensão mais clara do conceito e encorajar princípios e
práticas de desenvolvimento sustentável mais apropriados ao nível local,
nacional e global, de formas mais correspondentes com as suas missões.
• Utilizar os recursos das universidades para tentar uma melhor compreensão, por
parte dos governos e do público em geral, dos perigos inter-relacionados físicos,
biológicos e sociais que ameaçam o planeta Terra e para reconhecer a
interdependência significativa e as dimensões internacionais do desenvolvimento
sustentável.
• Sublinhar a obrigação ética da geração presente em ultrapassar as práticas de
utilização dos recursos e as disparidades globalmente disseminadas que estão
na base da insustentabilidade ambiental.
• Potenciar a capacidade da universidade de ensinar, investigar e agir no seio da
sociedade, de acordo com os princípios de desenvolvimento sustentável;
aumentar a literatura ambiental e melhorar a compreensão da ética ambiental no
meio acadêmico e entre o público em geral.
• Cooperar entre si e com todos os segmentos da sociedade na procura de
medidas práticas e de política que alcancem o desenvolvimento sustentável e
assim assegurem os interesses das gerações futuras.
51
• Encorajar as universidades a rever as suas próprias operações de forma a refletir
as melhores práticas de desenvolvimento sustentável.
3.3.3 Carta Copernicus
A Carta Copernicus, chamada de “Carta Patente da Universidade para o
Desenvolvimento Sustentável” define os princípios de ação a serem adotados pelas
universidades européias rumo ao DS. A carta patente foi introduzida e apresentada
à Conferência dos Reitores da Europa (CRE), em Barcelona, em outubro de 1993, e
assinada em Genebra, em abril de 1994, por um conjunto de 196 universidades
européias.
Na verdade, COPERNICUS (Cooperation Program for Environmental Research
in Nature and Industry through Coordinated University Studies) é um programa
lançado pela (CRE) em 1988 e visa a cooperação das universidades européias para
a pesquisa sobre a proteção ambiental em parceria com a indústria.
Quadro 4 – Estratégia do Programa Copernicus para o Desenvolvimento Sustentável
Objetivos gerais Prioridades Áreas-chave Ações Copernicus
Gerar conhecimento em desenvolvimento sustentável
Investigação multidisciplinar Redes de peritos
Seminário virtual em expansão e desenvolvimento sustentável
Disseminar conhecimento em desenvolvimento sustentável aos alunos
Formação de professoresCurrículos universitários em desenvolvimento sustentável
Identificar formas de as universidades ajudarem a sociedade a responder ao desafio do desenvolvimento sustentável
Disseminar conhecimento em desenvolvimento sustentável à sociedade
Parcerias e redes de trabalho a nível local Serviço à sociedade em: -ciência e investigação; -definição de políticas; desenvolvimento de capacidades; -transferência tecnológica
Conferências anuais, desde 1998: Sustainable Universities: inter-, multi-and trans-disciplinary issues and options, (Barcelona, 1999)
Alcançar a sustentabilidade nas universidades
Implementar práticas ambientalmente responsáveis pelas e nas universidades
Promover a gestão ambiental das universidadesPromover padrões sustentáveis de produção e consumo nas universidades
Projetos:-Universidade de baixa energia;-Campus-solar europeu-Química sustentável
Fonte: http://www.copernicus-campus.org
52
Tendo como visão tornar a sustentabilidade uma marca registrada, tanto do
espaço europeu da investigação como do espaço europeu da educação, o programa
COPERNICUS desenvolve sua própria estratégia de ação baseada nos princípios de
sua carta, conforme quadro 4.
Este programa é o principal agente regional de diálogo nesta matéria em nível
internacional e trabalha em parceria com a Associação das Universidades Européias
(EUA), o Instituto de Investigação para a Europa Sustentável (SERI), a Associação
Ambiental das Universidades e Faculdades do Reino Unido (EAUC) e algumas
universidades singularmente pró-ativas em desenvolvimento sustentável no espaço
europeu.
3.3.4 Conferência Mundial para o Desenvolvimento Sustentável
A Conferência Mundial para o Desenvolvimento Sustentável, realizada em 2002,
na África do Sul, reuniu 150 delegados em torno da pergunta: Qual o papel do
ensino superior no DS?. Uma resposta particular mereceu especial atenção e foi
apresentada pela Universidade Politécnica da Catalunha, que elaborou um modelo
onde se distinguem quatro níveis de intervenção para as universidades, descritas a
seguir:
1) Ensino, educação dos decisores para um futuro sustentável;
2) Pesquisa de soluções, paradigmas e valores que sirvam a uma sociedade
sustentável;
3) Extensão universitária, divulga para a sociedade resultados de pesquisas e
apresenta novas tecnologías visando a transformação e a inclusão social.
4) Operação dos campi universitários como modelos e exemplos práticos de
sutentabilidade em escala local.
A coordenação e a comunicação entre o níveis anteriores e entre estes e a
sociedade resulta na capacidade de agir em sinergia, em uma ação cooperativa dos
agentes envolvidos, de tal forma que o aporte para o desenvolvimento sustentável
53
seja maior que a soma dos esforços realizados independentemente, como ilustrado
no diagrama 11.
Diagrama 11: Papel da universidade na sociedade para o DS
Fonte:Adaptação do modelo apresentado pela universidade de catalunha apresentado em.
www.gestãoambiental.com.br/recebedos/maria_kraemer
Seguindo este modelo, na operacionalização do campus universitário, a gestão
dos resíduos produzidos nas universidades torna-se uma questão indispensável. Ao
usar a logística reversa sobre os bens descartados, propicia-se o interesse dos
pesquisadores com o tratamento e disposição final dos resíduos, adotando regras de
responsabilidade ambiental e seguindo diretrizes básicas tais como:
Modelo a escala Local
Graduandos Profissionais
Campus
Universitário
Ensino
Pesquisa
Futuras pesquisas
Objetivos Posição Central
SOCIEDADE
Soluções Consciência Crítica Paradigmas
COORDENAÇÃO E COMUNICAÇÃO
Extensão
Marco de Conhecimento
54
• Prevenção na geração de resíduos;
• Minimização da proporção de resíduos perigosos de modo a tornar viável e
economicamente possível a atividade gerenciadora;
• Economia do uso de energia pela consolidação da coleta;
• Reutilização interna ou externa dos produtos descartados;
• Reciclar o componente material ou energético do resíduo, entre outras
alternativas.
3.3.5 Carta de Niterói
No Brasil, já vêm ocorrendo, há alguns anos, encontros para se discutir, entre
outros temas, a gestão de resíduos perigosos; um exemplo disso são os Encontros
Nacionais de Segurança em Química – ENSEQUI. O primeiro deles ocorreu em
2000, na Universidade Estadual de Campinas, em São Paulo, e o enfoque principal
foi a discussão de estratégias para implementação de uma política de segurança em
laboratórios e o tratamento dos resíduos químicos nas universidades.
No segundo ENSEQUI, realizado em 2002, na Universidade Federal do Rio
Grande do Sul, em Porto Alegre, buscou-se a interação entre indústrias,
universidades e o poder público, dentro de suas realidades na área de segurança e
gestão de resíduos.
No terceiro ENSEQUI, realizado em 2004 na Universidade Federal Fluminense,
em Niterói - Río de Janeiro, contou-se com a presença de 142 participantes de
diferentes universidades, empresas (PETROBRAS, BAYER, MERCK), instituições
do governo, como a Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente, dentre
outras. O foco do evento foi a participação da administração central das Instituições
Federais de Ensino (IFE’s) e a implementação de políticas de segurança e gestão
ambiental, especialmente de resíduos perigosos. Na oportunidade, foi discutido e
elaborado um documento intitulado “CARTA DE NITERÓI”, a ser enviado a diversos
55
ministérios e órgãos de fomento após a aprovação nas IFE’s signatárias, propondo
ações que visam a implementação de programas na área de gerenciamento de
resíduos perigosos e, em âmbito mais geral, da gestão ambiental. (Texto da Carta
de Niterói, no anexo I).
3.4 Experiências de SGA em Universidades Brasileiras
3.4.1 Universidade de São Paulo – USP RECICLA
O USP Recicla - da Pedagogia à Tecnologia - é um programa interno da
Universidade de São Paulo (USP) que busca contribuir para a formação de
sociedades sustentáveis por meio de iniciativas de gestão ambiental através de
comissões internas nas unidades e órgãos dos seis campi da Universidade. É um
esforço de integração e de gestão compartilhada do lixo auxiliada pela coordenação
e comunicação dos agentes e dos trabalhos intensivos de extensão universitária.
Este programa é parte da Comissão Especial de Coordenação de Atividades de
Extensão (CECAE). Assim, o USP Recicla atua, basicamente no desenvolvimento
de um programa educativo para a comunidade universitária na articulação de
parcerias internas nas áreas de ensino, pesquisa e tecnologia relacionadas à
minimização de resíduos. Em linhas gerais, o programa tem como objetivos :
i. Estimular valores, atitudes e comportamentos voltados à minimização de
resíduos e à adoção de práticas ambientalmente adequadas, mediante a
implementação de um programa educativo na USP;
ii. Articular e fomentar o desenvolvimento de projetos em torno do tema,
englobando aspectos de pesquisa, ensino, extensão e gestão cotidiana da
Universidade;
iii. Contribuir para o estabelecimento de diretrizes para uma política interna de
conservação, recuperação, melhoria do meio ambiente e da qualidade de vida na
USP, no seu entorno e interfaces.
O programa de minimização de resíduos da USP considera a coleta seletiva de
materiais de acordo com a situação de cada campus. A opção pela coleta seletiva do
56
papel em todos os campi da USP deu-se pela facilidade de escoamento desse
material e pelo fato dele representar cerca de 70% do peso total do lixo da
universidade. Os demais resíduos são descartados em cestos de lixo, coletados e
destinados como tal (quadro 5). Nos campi de Ribeirão Preto e Bauru, onde a USP
Recicla está integrada aos programas municipais de coleta seletiva, as caixas
distribuídas também recebem outros recicláveis como metais, plásticos e vidros,
uma vez que o escoamento destes materiais está garantido.
Quadro 5: Média mensal de recicláveis coletados seletivamente nos campus da USP
Campus Bauru Piracicaba Ribeirão Preto São Carlos São Paulo
kg/mês 2.600 2.400 3.400 1.700 15.000
Fonte: http://www.cecae.usp.br/recicla/ (2003)
Outros materiais coletados e encaminhados para reciclagem são:
• Lâmpadas fluorescentes, consideradas resíduos perigosos por seu teor de
mercúrio, são separadas em quase todos os campi, e destinadas à
descontaminação numa empresa no município de Paulínia, SP, processo este
que gera mercúrio, vidro e alumínio passíveis de reciclagem.
• Cartuchos de toner, devolvidos para refill através de convênio com uma
empresa de máquinas copiadoras.
• Resíduos orgânicos, provenientes de copas, lanchonetes, varrição e poda
de jardim, para compostagem. Foram montadas 8 composteiras, até o
presente, em 5 campi. O composto, que já foi analisado pelo Departamento
de Química da ESALQ-USP (no campus de Piracicaba), vem sendo utilizado
em hortas e jardins, tanto dentro da Universidade quanto fora, ao ser
adquirido por funcionários e demais interessados.
Em conjunto, essas práticas permitiram a diminuição média de 50% no peso do
lixo produzido na universidade encaminhados ao aterro. Nas unidades que
57
compostam seus resíduos orgânicos, esta diminuição chega a 90% e só 10% se
encaminha ao aterro da cidade.
Forma parte também da Gestão Ambiental da USP o CONSERVUSP
(Conservação de Recursos na USP), que está formado pelo programa USP Recicla,
pelo programa de uso racional da água e pelo programa de uso racional de energia.
Todos estes programas visam criar sinergia entre todas suas atividades de
preservação ambiental em termos operacionais, tecnológicos, educacionais, de
pesquisa e extensão.
i. O Programa de Uso Racional da Água (PURA)- Em operação desde 1997.
Encontra-se estruturado por seis microprogramas integrados, abrangendo
documentação técnica, laboratórios, novas tecnologias, estudos em edifícios
residenciais, programas da qualidade e, finalmente, estudos de caso em
diferentes tipos de edifícios (escritórios, escolas, hospitais, cozinhas, etc.).
ii. O Programa de Uso Racional de Energia (PURE) - Existente desde 1997, vem
implementando ações de economia de energia e conscientizando a comunidade
universitária sobre a eficiência energética e a necessidade de se ter uma
consciência ecológica e uso racional dos recursos da universidade.
3.4.2 Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)
A UNICAMP constituiu, em julho de 2001, um grupo de trabalho formado por
representantes de várias unidades universitárias que teve como principal tarefa
discutir e propor um programa institucional de gerenciamento de resíduos biológicos,
químicos e radioativos.
Este programa tem agora o objetivo primordial de definir normas e procedimentos no
âmbito da universidade, de maneira a garantir que as pesquisas desenvolvidas, não
venham a degradar o meio ambiente através da emissão indevida de resíduos
poluentes. Com essa finalidade, a UNICAMP realizou um inventário (passivo e
ativo) sobre os resíduos químicos, biológicos e radioativos da universidade. E, partir
disso, estabeleceu um fluxo geral básico comum para os três tipos diferentes de
resíduos (diagrama 12).
58
Diagrama 12 : Fluxos e Tratamentos Gerais dos Resíduos Perigosos da UNICAMP
Fonte: http://www.cgu.unicamp.br/residuos/gerenres.htm
Esse fluxo geral está constituído por diferentes etapas de tratamento e destino
dos resíduos perigosos com especificidades de acordo com o tipo de resíduos
gerados. O interessante do planejamento desde modelo de gestão de resíduos é
que considera a responsabilidade da unidade geradora (laboratório), a
responsabilidade da administração da universidade e a responsabilidade externa,
esta última, refere-se à responsabilidade das empresas fornecedoras.
EX
TE
RN
O
A B C D E F
Armazenamento Temporário no EDR/Unicamp (máx. 7 días)
Armazenamento Temporário na Unidade (ATU)
Segregação, Acondicionamento, Identifação e Controle de Inventario
Geração de Resíduos Perigosos
Aquisição
Distribuição
ETE tratamento reprocessamento
Disposição Final Reuso
Uso Interno
Pré-tratamento
Devolução ao Fabricante
Disposição Final Tratamento Externo
UN
IDA
DE
U
NIV
ER
SID
AD
E
QUIMICO BIOLOGICO RADIOATIVO
Sistema de Tratamento de Resíduos
59
Nesta experiência, o sistema de gestão ambiental responde à necessidade
urgente de tratamento de resíduos perigosos e, no que respeita ao tratamento de
resíduos sólidos, está em fase de implementação.
3.4.3 Universidade Federal de São Carlos – CEMA
A Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) vem desenvolvendo
oficialmente uma política ambiental desde 1993, quando foi criada a Coordenadoria
Especial para o Meio Ambiente - CEMA pela Resolução nº. 201/93 do Conselho
Universitário, constiuíndo-se como uma unidade de apoio da pró-reitoria de
admnistração da UFSCar. A função da CEMA é planejar e coordenar as atividades
relacionadas a:
• Desenvolvimento de uma política ambiental para a UFSCar;
• Explorações agro-florestais;
• Ocupação racional dos campi;
• Apoio e/ou desenvolvimento de assuntos ambientais;
• Programas de educação ambiental;
• Programas de conservação de energia;
• Programas de controle de resíduos;
• Controle da utilização de produtos considerados tóxicos nos campi;
• Outras atividades necessárias para o alcance dos seus objetivos.
A CEMA também é responsável pela conservação da Reserva do Cerrado da
UFSCar, uma área de 150 hectares onde estão preservadas espécies nativas da
flora e da fauna da região. A área é utilizada para pesquisas científicas e atividades
práticas das disciplinas da área biológica. No local também há a Trilha da Natureza,
um percurso de 1.800 metros em meio ao cerrado.
60
Além disso, desde março de 1991, ligado à CEMA e em parceria com a
Prefeitura Universitária, foi criado o Programa de Eficiência e Racionalização no
Uso de Energia - PERENE – que é uma iniciativa de alunos, professores e
funcionários da UFSCar que busca :
• Reduzir os gastos da universidade com a energia elétrica;
• Concientizar a comunidade unviersitária sobre o desperdício do uso da
energia elétrica e também de outros recursos naturais como a água, o gás e
os alimentos, além dos materiais de consumo, como papel e plástico.
No que diz respeito à coleta seletiva no Campus da UFSCar (segundo o
informativo da Reitoria da UFSCar, “INFORMANDO” de outubro 2005), a
Associação de Proteção Ambiental de São Carlos (APASC) e a CEMA firmaram uma
parceria com a Prefeitura Municipal de São Carlos e com três cooperativas de
catadores da cidade: Eco-Ativa, Cooletiva e Cooper-Vida. A parceria estabelece que
a prefeitura fornecerá um caminhão para transporte do material, enquanto a
universidade oferece o material reciclável e a venda da coleta e os recursos
arrecadados serão administrados pelas cooperativas, o que irá contribuir com a
renda dos catadores.
A gestão ambiental desenvolvida na UFSCar tem importância ambiental, é de
relevância social, já que as cooperativas reúnem ex-catadores do antigo aterro.
3.4.4 Universidade Federal de Santa Catarina – CGA
A Coordenadoria de Gestão Ambiental – CGA foi criada em 1996, ligada
diretamente ao Gabinete do Reitor. A CGA é um órgão de planejamento e execução
voltado para o desenvolvimento da gestão ambiental na Universidade Federal de
Santa Catarina (UFSC) e tem como objetivos:
• Desenvolver a gestão ambiental na UFSC, na conquista da qualidade do meio
ambiente e qualidade de vida da comunidade universitária;
61
• Consolidar o comprometimento da UFSC com a questão ambiental,
integrando a responsabilidade ambiental à estrutura organizacional e
incorporando-a nas práticas administrativas e na postura universitária e
assegurar a proteção, a preservação, a conservação, o controle, a melhoria e
a recuperação dos recursos ambientais e ecossistemas da UFSC.
A CGA, para atingir seus objetivos, está dividida em programas e projetos que
atendem diferentes áreas da gestão ambiental da UFSC, a seguir, sumariamente, se
descrevem alguns deles:
i. Programa de Gerenciamento de Resíduos Químicos - A CGA mantém um
sistema de gerenciamento de resíduos químicos, implantado em 1997 pela
Portaria do Reitor (0320/GR/97), que visa à preservação do Sistema Hídrico
local e a preparação dos acadêmicos envolvidos nos processos de produção
e manipulação dos reagentes químicos para as boas práticas protecionista.
A CGA oferece apoio técnico para a classificação dos resíduos, fornece
recipientes para o armazenamento, devidamente etiquetados, além do
controle dos resíduos recolhidos. A coleta e destinação final desses resíduos
são realizadas por uma empresa especializada. Para apoiar o gerenciamento,
foi construído um banco de dados com o levantamento dos laboratórios
geradores de resíduos químicos.
ii. Programa de Gerenciamento de Resíduos Sólidos Secos - A UFSC
produz, mensalmente, cerca de 30 toneladas de resíduos sólidos secos,
distribuídos em 14 pontos de coleta no campus. Este material, constituído
principalmente por papel e plásticos, é recolhido por empresas contratadas,
que utilizam contentores metálicos distribuídos em pontos estratégicos.
A geração dos resíduos se dá a partir de duas grandes fontes primárias: o
usuário, que produz e deposita suas sobras nas caixas coletoras, disponíveis
nas áreas internas e externas das edificações, e os funcionários de limpeza,
que recolhem e encaminham os resíduos às caixas coletoras centrais,
recolhidos pelo sistema de coleta contratado. Desse total, estima-se que
62
cerca de cinco toneladas/mês são recicladas, especialmente papel e papelão,
que armazenam o material nos mais diversos pontos e condições de
segurança.
iii. Compostagem de Resíduos Sólidos Orgânicos- Os resíduos sólidos
orgânicos, provenientes dos bares e restaurantes (sobra de alimentos ou de
sua preparação), são agregados aos gerados nos parques e jardins do
Campus, e encaminhados para o pátio de compostagem, onde são
processados, resultando na produção de adubo orgânico, que são utilizados
como fertilizante na manutenção do campus, além de ser doado a instituições
de caráter comunitário e beneficente.
O pátio de compostagem, processa cerca de três toneladas de resíduos por
dia, proporcionando uma economia expressiva de recursos, com a eliminação
do custo de transporte e destinação final dos mesmos.
iv. Gerenciamento dos Resíduos Sólidos do Sistema de Saúde - Os resíduos
do Serviço de Saúde, gerados principalmente no Hospital Universitário, nas
clínicas odontológicas e laboratórios com manipulação de vísceras,
demandam uma atenção especial, quanto ao seu gerenciamento, desde a
geração até a disposição final, em função dos riscos que podem oferecer à
saúde pública e ao meio ambiente.
Os recipientes adequados para o acondicionamento desses resíduos são
sacos plásticos brancos, com desenho do símbolo de biossegurança, onde
são disponibilizados os resíduos que tiveram contato com os pacientes, como
curativos, seringas, luvas, sobras de alimentos e outros. Além desses, os
objetos perfurocortantes, que tiveram contato com os pacientes, como
agulhas e lâminas, são dispostos em embalagens especiais, visando a
proteção das pessoas que os manipulam. Esses resíduos são armazenados
em locais próprios, sendo transportados separadamente dos demais resíduos,
e levados por uma empresa especializada para o aterro sanitário, com células
especiais para resíduos do Sistema de Saúde, com licença de operação
emitida pelo órgão competente.
63
v. Gerenciamento de Pilhas, Baterias e Lâmpadas Fluorescentes - Os
resíduos especiais, que contenham em sua constituição metais pesados,
bioacumulativos, ou outros compostos prejudiciais à saúde e ao meio
ambiente, com lâmpadas fluorescentes, de vapor de mercúrio, vapor de sódio
ou de vapor misto, pilhas e baterias, são recolhidos e acondicionados em
local adequado, sendo posteriormente encaminhados para descontaminação
e reciclagem, por uma empresa especializada.
vi. Projeto de Arborização do Campus - A CGA vem dando continuidade ao
Projeto de Arborização e Humanização do espaço físico do campus
universitário, que vem sendo desenvolvido desde a criação da CGA e
contempla como principal atividade o plantio e a manutenção de mudas de
espécies nativas. Para a execução deste projeto, conta-se com a parceria da
prefeitura universitária, que vem promovendo a arborização integrada ao
projeto paisagístico do plano diretor da UFSC.
vii. Parque do manguezal do Itacorubi - A CGA tem coordenado ações para a
implantação do Parque do Manguezal do Itacorubi, envolvendo desde os
aspectos jurídicos do convênio, celebrado entre a Secretaria do Patrimônio da
União, a UFSC, a Prefeitura Municipal de Florianópolis e o IBAMA, até
estudos para a instalação da sede provisória da administração do Parque.
Vem acompanhando e fiscalizando as obras, com o objetivo de fazer com que
os empreiteiros tomem os devidos cuidados ambientais que o ecossistema
exige e propor a implementação de ações mitigadoras de impactos e medidas
compensatórias que viabilizem o referido Parque.
Em conjunto, todas as atividades realizadas na UFCS são bastante abrangentes,
atingindo varios objetivos de proteção ambiental.
3.4.5 Universidade Federal de Rio de Janeiro (UFRJ)
A UFRJ optou pela pareceria com a iniciativa privada para tratar seus resíduos,
a princípio os não perigosos. A empresa USINAVERDE S/A implantou na cidade
universitária da UFRJ, na Ilha do Fundão, um centro tecnológico dotado de planta
64
protótipo, para a incineração de resíduos sólidos por meio da mineralização dos
resíduos orgânicos, evitando a emissão de gás metano, gás que potencializa o efeito
estufa, em aterros sanitários. Visando otimizar a tecnologia e ampliá-la para o
tratamento de outros tipos de resíduos, como os de serviços de saúde, por exemplo,
a planta protótipo tem capacidade para processar 30 toneladas/dia gerando 1500
quilowatts de energia elétrica, energia suficiente para abastecer o prédio da COPPE
(Coordenadoria de Programas de Pós-Graduação em Engenharia), unidade parceira
do projeto. A parceria permite que a UFRJ intensifique suas atividades de pesquisa
em torno do aproveitamento de energia a partir dos resíduos orgânicos e, como
atividade de extensão, envolve catadores na coleta seletiva.
3.5 Considerações Finais
A complexidade dos problemas relacionados aos resíduos produzidos nas
universidades aumenta à medida que são desenvolvidas as atividades de ensino,
pesquisa e extensão. Como os processos geradores de resíduos, nessas atividades,
são dinâmicos, é importante identificar as variáveis que os determinam, no sentido
de melhor controlar a execução do plano de gerenciamento dos mesmos.
O gerenciamento do lixo das universidades torna-se, assim, um diferencial
competitivo, procurando adequar-se à legislação do meio ambiente atual, em vias de
uma modernização tecnológica e responsabilidade social. O envolvimento da
comunidade universitária nos assuntos ligados ao lixo por ela produzido e nas
decisões sobre o seu correto armazenamento e disposição é uma contribuição
fundamental para a construção e consolidação do desenvolvimento sustentável.
65
4. ESTUDO DE CASO
4.1 Informações Especializadas sobre Resíduos sólidos
4.1.1 Definição de Resíduos Sólidos
Definem-se resíduos sólidos como o conjunto dos produtos não aproveitados das
atividades humanas (domésticas, comerciais, industriais, de serviços de saúde, etc.)
ou aqueles gerados pela natureza, como folhas, galhos, terra, areia, que são
retirados das ruas e logradouros pela operação de varrição e que são enviados para
os locais de destinação ou tratamento. (ABNT, 1987)
Considerando-se a complexidade das atividades humanas, pode-se imaginar
que o resíduo de uma atividade pode ser utilizado para outra, e assim
sucessivamente, de forma sistêmica e integrada. Após este ciclo de utilizações, o
material que não tiver nenhuma possibilidade de se reintegrar na cadeia produtiva,
ou seja, que não tiver nenhum consumidor em potencial, será nomeado como "lixo".
Embora se faça essa diferença entre o que é “lixo” ou “resíduo”, neste trabalho,
ambos poderão ser usados indistintamente porque a criação de canais reversos
depende das tecnologías de recuperação disponíveis, as quais, por sua vez,
apresentam um desenvolvimento constante, dificultando muitas das vezes
diferenciar aquilo que é lixo do que é resíduo.
4.1.2 Tipos de Resíduos Sólidos
São várias as formas possíveis de se classificar os resíduos, dependendo de
suas características (quadro 6):
• Por sua natureza física: seco e molhado;
• Por sua composição química: matéria orgânica e matéria inorgânica;
• Pelos riscos potenciais: perigosos, não-inertes e inertes (ABNT, 1987);
• Por sua origem: Doméstico, Comercial, Público, Serviços de Saúde, Portos,
Aeroportos e Terminais Rodoviários e Ferroviários, Industrial, Agrícola e Entulho.
66
Quadro 6: Tipos de Resíduos
Tipo Descrição
Natureza Física
Seco Composto geralmente de matérias recicláveis, manufaturados.
Molhado Representado pelos restos de comida.
Composição
Orgânico Todo lixo que recentemente fez parte de um ser vivo. Inclui restos de comida (ex: folhas, sementes, restos de carne e ossos, etc), madeira não tratada quimicamente, fezes, etc.
Inorgânico Inclui todo material que não possui origem biológica, ou que foi produzida por meios não-naturais, como plásticos, produtos de metal, vidro, detergentes, etc.
Riscos Potenciais
Classe I: Perigosos
Possuem propriedades de inflamabilidade, corrosividade, toxidade, reatividade e patogenicidade. Incluem as baterias e pilhas que contém ácidos e metais pesados em sua composição, certos tipos de tinta (como aquela usada nas impressoras), produtos químicos, além de rejeitos hospitalareis e industriais.
Classe II: Não Inerte
Apresentam características como biodegradabilidade, solubilidade ou combustibilidade. A matéria orgânica (restos de alimentos) e papel são exemplos de lixo classe II.
Classe III: Inerte Rocha, tijolos, vidros e determinados plásticos e borrachas que não são decompostos facilmente.
Origem
Doméstico Constituído por restos de alimentos (cascas de frutas, verduras, sobras, etc.) produtos deteriorados, jornais e revistas, garrafas, embalagens em geral, papel higiênico, fraldas descartáveis, etc. Contém ainda alguns resíduos que podem ser tóxicos como embalagens de detergentes e inseticidas, por exemplo.
Comercial Aquele originado nos supermercados, estabelecimentos bancários, lojas, bares, restaurantes, etc. O lixo destes locais tem grande quantidade de papel, plásticos, embalagens diversas e resíduos de asseio dos funcionários, tais como papel toalha, papel higiênico, etc.
Público Originado dos serviços de limpeza pública urbana, incluindo-se todos os resíduos de varrição das vias públicas, limpeza de praias, limpeza de galerias, córregos e terrenos, limpeza de parques e restos de podas de árvores, corpos de animais, além da limpeza de áreas de feiras livres, etc.
Serviços de Saúde e Hospitalar
Contêm ou potencialmente podem conter germes patogênicos, oriundos e locais como: hospitais, clínicas, laboratórios, farmácias, clínicas veterinárias, postos de saúde, etc. Tratam-se de agulhas, seringas, gazes, bandagens, algodões, órgãos e tecidos removidos, meios de culturas e animais usados em testes, sangue coagulado, luvas descartáveis, remédios com prazo de validade vencido, instrumentos de resina sintética, filmes fotográficos de raios X, etc.
Portos, Aeroportos e Terminais Rodoviários e Ferroviários.
Aqueles que contêm ou potencialmente podem conter germes patogênicos. Constituem-se de materiais de higiene, asseio pessoal e restos de alimentos, os quais podem veicular doenças provenientes de outras cidades, estados ou países.
Industrial Aquele originado nas atividades dos diversos ramos da indústria, tais como metalúrgica, química, petroquímica, papeleira, alimentícia, etc. O lixo industrial é bastante variado, podendo ser representado por cinzas, lodos, óleos, resíduos alcalinos ou ácidos, plásticos, papéis, madeiras, fibras, borrachas, metais, escórias, vidros e cerâmicas, etc. Nesta categoria, inclui-se a grande maioria do lixo considerado tóxico Classe I.
Agrícola São resíduos sólidos das atividades agrícolas e da pecuária. Incluem embalagens de fertilizantes e de defensivos agrícolas, rações, restos de colheita, etc.
Entulho Composto por materiais de demolições e restos de obras, solos de escavações, etc.
Fonte: Adaptação de IPT/CEMPRE (2000)
67
4.1.3 Gerenciamento e Tratamento dos Resíduos
O Gerenciamento de Resíduos Sólidos é o envolvimento de diferentes órgãos da
administração pública e da sociedade civil com o propósito de realizar a limpeza
urbana, a coleta, o tratamento e a disposição final dos resíduos, elevando, assim, a
qualidade de vida da população e promovendo o asseio da cidade. Para o
gerenciamento, levam-se em consideração as características das fontes de
produção, o volume e os tipos de resíduos, para receberem um tratamento
diferenciado e proporcionarem uma disposição final técnica e econômica adequada.
(IBAM 2001)
No gerenciamento de resíduos são promovidos programas da limpeza urbana,
com a participação da comunidade em geral, enfocando meios para que seja obtida
a máxima redução da produção de resíduos, o máximo reaproveitamento e a
reciclagem de materiais.
Mesmo que a responsabilidade do gerenciamento dos resíduos pertença ao
poder público, existem tipos de resíduos que são responsabilidade do gerador
(quadro 7). Esses materiais devem ser separados na fonte de produção pelos
respectivos geradores e daí seguir passos específicos para remoção, coleta,
transporte, tratamento e destino correto. Conseqüentemente, os geradores têm de
ser envolvidos, de uma forma ou de outra, para se integrarem à gestão otimizada
dos resíduos sólidos.
Quadro 7: Responsabilidade do Gerenciamento dos Resíduos
Tipo de Resíduos Responsável
Domiciliar Prefeitura
Comercial Prefeitura1
Público Prefeitura
Serviços de Saúde Gerador (hospitais, etc.).
Industrial Gerador (Industrias)
Portos, Aeroportos e Terminais Ferroviários e Rodoviários.
Gerador (portos, etc.).
Agrícola Gerador (Agricultor)
Entulho Gerador 1
1A Prefeitura é co-responsável apenas por pequenas quantidades (geralmente menos que 50 kg ou 100 lts.), de acordo com a
legislação municipal específica da lei 13.478/02 de São Paulo.
68
A destinação ou disposição final, como o próprio nome sugere, é a última fase de
um sistema de limpeza urbana. Geralmente, esta operação é efetuada
imediatamente após a coleta. Em alguns casos, entretanto, antes de serem
dispostos, os resíduos são processados, sofrendo algum tipo de beneficiamento,
visando melhores resultados econômicos, sanitários e/ou ambientais.
Quando o processamento tem por objetivo fundamental a diminuição dos
inconvenientes sanitários ao homem e ao meio ambiente, diz-se então que os
resíduos foram submetidos a um tratamento (IBAM, 2001).
Várias são as formas de processamento e disposição final aplicáveis aos
resíduos sólidos urbanos. Na maioria das vezes, ocorrem associadas. As mais
conhecidas são: o aterro sanitário, a incineração, a reciclagem e a usina de
compostagem (quadro 8).
Quadro 8: Tipos de Tratamento dos Resíduos
Tratamento Descrição
Aterro sanitário
A rigor, é o único método de disposição final propriamente dito. Consiste basicamente na compactação dos resíduos em camadas sobre o solo, empregando-se, por exemplo, um trator de esteira; o seu recobrimento com uma camada de terra ou outro material inerte. Implica também a adoção de procedimentos para proteção do meio ambiente como instalação de chaminés para a fuga de gases, drenagem e tratamento do chorume (líquido altamente contaminante proveniente da decomposição dos resíduos), impermeabilização do solo, etc.
Incineração
Este processo visa à queima controlada do lixo em fornos projetados para transformar totalmente os resíduos em material inerte, propiciando também uma redução de volume e de peso. Do ponto de vista sanitário é excelente. A desvantagem fica por conta dos altos custos de instalação e operação, além dos riscos de poluição atmosférica, quando o equipamento não for adequadamente projetado e/ou operado.
Reciclagem
Reciclar vem do inglês Recycle, que significa = Re (repetir) Cycle (ciclo). A reciclagem pode ser do tipo artesanal ou industrial. Artesanal quando se utilizam processos de transformação não muito sofisticados e; industrial quando estes processos são mecanizados e capazes de fabricar produtos a larga escala (ver seção logística reversa, cap. II). A reciclagem artesanal também pode ser vista como uma forma de reutilização, pois os resíduos passam por poucas modificações.
Usina Compostagem
Trata-se de um processo biológico de decomposição de matéria orgânica que pode estar contido em restos de origem animal ou vegetal. O produto final resultante do processo de compostagem pode ser considerado como um enriquecedor do solo, ou seja, ele poderá ser aplicado ao solo para melhorar as suas características, sem que haja uma contaminação do meio ambiente. Entre as vantagens da compostagem podemos destacar, economia de espaço físico em aterro sanitário, reaproveitamento agrícola da matéria orgânica produzida, reciclagem dos nutrientes contidos no solo, eliminação de patogênicos e ambientalmente seguro.
Fonte: Adaptação de IBAM (2001)
69
A natureza é muito eficiente no tratamento dos resíduos. Na natureza, todas as
plantas e animais mortos apodrecem e se decompõem. Na realidade, não há
propriamente lixo, pois ele é novamente usado e se transforma em substâncias re-
aproveitáveis. O problema aparece quando muitas das substâncias manufaturadas
pelo homem não são biodegradáveis, não se decompõem facilmente, como os
vidros, as latas e alguns plásticos, que levam muitos anos para se decompor (quadro
9). O consumo freqüente e o acúmulo conseqüente desses resíduos geram a
poluição.
Quadro 9: Tempo de Decomposição dos Materiais
Material Tempo de Decomposição
Aço Mais de 100 anos
Alumínio 200 a 500 anos
Cerâmica Indeterminado
Chicletes 5 anos
Cordas de nylon 30 anos
Embalagens Longa Vida Até 100 anos (alumínio)
Embalagens PET Mais de 100 anos
Esponjas Indeterminado
Isopor Indeterminado
Louças Indeterminado
Luvas de borracha Indeterminado
Metais (componentes de equipamentos)
Cerca de 450 anos
Plásticos (embalagens, equipamentos)
Até 450 anos
Papel e papelão Cerca de 6 meses
Pneus Indeterminado
Vidros Indeterminado
Sacos e sacolas plásticas Mais de 100 anos
Filtros de cigarros 5 anos
Fonte : Ambiente Resíduos em http://www.ambientebrasil.com.br
Portanto, o manejo ambientalmente saudável dos resíduos deve ir além da
simples disposição final ou aproveitamento por métodos seguros e buscar
desenvolver a causa fundamental do problema. Isto é, procurar mudar os padrões
não-sustentáveis de produção e consumo.
70
4.2 Estudo de Caso: Projeto Piloto de Coleta Seletiva
Este estudo de caso está baseado nos dados fornecidos pelo projeto piloto de
coleta seletiva “Gestão Compartilhada do Lixo do Campus da UENF” aprovado pela
Pró-Reitoria de Extensão (PRO-EX) em setembro de 2004. Os dados permitiram
levantar informação e elaborar um diagnóstico da situação atual dos tipos e
quantidades de lixo e determinar algumas formas de aproveitamento e recuperação
de valor e/ou descarte ecologicamente correto dos resíduos.
O Campus da UENF está localizado no bairro Parque Califórnia, em Campos dos
Goytacazes, município ao norte do Estado do Rio de Janeiro, e em dezembro de
2005 a população da UENF era de aproximademente 5.333 pessoas (entre
funcionários, estudantes e professores).
As atividades do projeto piloto foram realizadas no próprio campus e os dados
correspondem ao período de novembro de 2004 até fevereiro de 2006.
4.2.1 Diagnóstico Situacional dos resíduos gerados no Campus
A Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF) foi criada em 27 de
fevereiro de 1991. Em julho de 1993, foram instituídos os seguintes centros de
pesquisa:
• Centro de Ciência e Tecnologia (CCT);
• Centro de Biociências e Biotecnologia (CBB);
• Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias (CCTA) e;
• Centro de Ciências Humanas (CCH).
Nestes quatro centros, estão concentradas as atividades de ensino e pesquisa
em nível de graduação e pós-graduação. A UENF oferece, na graduação, 10 cursos
de bacharelado e 5 licenciaturas (sendo uma à distância) e, na pós-graduação,
oferece doze programas (quadro 10).
A comunidade universitária está conformada atualmente por 243 professores,
490 funcionários técnico-administrativos, 4000 alunos (graduação e pós-graduação),
71
500 bolsistas dos diferentes projetos e 100 funcionários da cooperativa de limpeza,
conformando uma população de 5.333 pessoas aproximadamente.
Quadro 10: Cursos de Graduação e Pós-Graduação da UENF
Graduação Pós-Graduação
Bacharelados
Engenharia Civil – CCT Engenharia Civil (Ms),
Engenharia Metalúrgica –CCT Engenharia e Ciências dos Materiais (Ms e Ds),
Engenharia de Produção –CCT Engenharia de Produção (Ms),
Engenharia de Exploração e Produção de Petróleo – CCT
Engenharia de Reservatório e de Exploração de Petróleo (Ms),
Ciências Biológicas – CBB Biociências e Biotecnologia (Ms e Ds),
Agronomia – CCTA Ciências Naturais (Ms),
Zootecnia –CCTA Ecologia e Recursos Naturais (Ms e Ds),
Medicina Veterinária – CCTA Genética e Melhoramento de Plantas (Ms e Ds)
Ciências Sociais – CCH Produção Animal (Ms e Ds),
Ciências da Educação – CCH Produção Vegetal (Ms e Ds)
Licenciaturas Políticas Sociais (Ms),
Biologia – CBB Cognição e Linguagem (Ms),
Biologia à Distância – CBB
Física – CCT
Matemática – CCT
Química – CCT Fonte: Adaptação da pág. web da UENF: http://www.uenf.br/Uenf/historia
O campus da UENF tem uma estrutura composta por 07 prédios de três andares
cada um (03 dos quais contam, ademais, com um anexo que corresponde a um
andar ao lado do térreo), 01 prédio de dois andares, 09 barracões, 02 quadras de
esportes e 01 piscina. Em cada prédio localizam-se salas de aula, escritórios e
laboratórios de um ou vários centros. A nominação de cada prédio deve-se às
atividades desenvolvidas desde sua inauguração; assim temos os prédios da
REITORIA, CCTA, CCT, CBB, CCH e, nos prédios das OFICINAS, P5 e P4,
construídas com posterioridade, desenvolvem-se atividades dos centros CCT, CCTA
e CBB ou compartilhadas.
Desde o início das atividades letivas em 1993, as atividades de ensino, pesquisa
e extensão foram se intensificando e, por conseguinte, a dinâmica dos resíduos que
acompanham estes processos diversificou os tipos e quantidades de lixo produzido
dentro do campus.
72
A Direção Geral de Administração (DGA) tem, dentre suas responsabilidades, os
serviços de limpeza do campus. Estes serviços são terceirizados através da
cooperativa de limpeza “COOPER-Campos”. Esta cooperativa presta os serviços
com 100 funcionários distribuídos nos 08 prédios e áreas de recreio (quadras e
piscina). Os funcionários desempenham os trabalhos de varrição e limpeza das
quadras, corredores, banheiros, oficinas, salas, escritórios, laboratórios e finalmente
o acondicionamento do lixo para posterior coleta municipal.
Os serviços de poda de jardins e áreas verdes também são terceirizados,
responsabilizando-se também pelo acondicionamento e disposição final do lixo
gerado.
Para o acondicionamento do lixo, a UENF conta com 13 lixeiras (de cor laranja)
de 240 litros para o lixo doméstico, e 04 lixeiras (de cor branca) de 240 litros. para o
lixo perigoso (resíduos químicos e biológicos). Todas as lixeiras laranjas estão
localizadas num estacionamento do campus. Os funcionários de limpeza
transportam o lixo gerado desde os prédios até este local de centralização. As
lixeiras brancas encontram-se localizadas no prédio gerador do lixo perigoso, como
o CBB, CCTA e nos Barracões. Dessa forma, os funcionários da cooperativa não
lidam com o lixo perigoso, sendo ele responsabilidade do centro gerador.
A coleta geral dos resíduos é efetuada três vezes por semana, por caminhões
da empresa Queiroz Galvão, responsável pela coleta de lixo na cidade de Campos.
Os resíduos perigosos são coletados por outro caminhão especial destinado para a
coleta de resíduo hospitalar. Ambos, os dois tipos de resíduos, são destinados ao
aterro controlado da cidade.
Não existem registros da evolução dos resíduos produzidos no campus da
UENF. Não há antecedentes de procedimentos administrativos sobre coleta seletiva.
Só se podem registrar procedimentos próprios de alguns laboratórios para o
descarte dos resíduos perigosos.
Sendo assim, a pesquisa teve como ponto de partida a hipótese inicial de que,
sendo a UENF uma instituição de ensino, o lixo por ela produzido deve ser do tipo
73
doméstico, conformado principalmente de papel em seus diversos tipos, como
folhas, cadernos, revistas, papelão, cartolinas, jornais etc. e todos aqueles resíduos
provenientes da lanchonete, como restos de comida, embalagens de alimentos etc.
Portanto, para a elaboração do diagnóstico situacional, teve-se como principal
enfoque os resíduos do tipo doméstico. Este diagnóstico foi elucidado após um
levantamento de dados sobre a rota da maioria dos materiais encontrados, desde a
aquisição, consumo, descarte e destino final (diagrama 13).
Diagrama 13: Roteiro para o diagnóstico da situação atual do gerenciamento dos resíduos na UENF
a) Aquisição de Materiais na UENF
A aquisição de materiais é feita pela Gerência de Compras (vinculada à Direção
Geral de Administração - DGA), a qual é responsável pela consolidação dos pedidos
de compras e contratação de serviços da universidade em consonância com a
legislação sobre licitações e contratos realizados pela Administração Pública. Os
materiais adquiridos são enviados para o Almoxarifado que é a unidade
administrativa responsável pelo controle e pela movimentação dos bens de
consumo. A partir dali, são distribuídos os materiais aos Centros e Laboratórios
(Departamentos) da UENF.
b) Consumidores e Fontes Geradoras de Resíduos na UENF
Uma vez que o almoxarifado distribui os materiais aos Centros, estes são
consumidos e descartados pós-consumo. Porém, cada Centro, de acordo com a
natureza de suas atividades, também adquire materiais específicos para o trabalho
que desenvolvem, por exemplo: fertilizantes, reagentes químicos, vidros para
laboratório etc.
Aquisição de
Materiais
Caracterização e Destino final dos
Resíduos
Diagnóstico da Situação Atual
Consumo Fontes Geradoras
de Resíduos
74
Após as atividades de ensino, pesquisa e extensão, os resíduos são
disponibilizados para serem jogados fora. Assim, identificaram-se os geradores de
resíduos na UENF classificando-os pela localização do gerador e pelo tipo de
resíduos: perigosos ou não.
Diagrama 14: Locais de Geração de Resíduos no Campus da UENF
Segundo o diagrama 14 a UENF tem como fontes geradoras de lixo:
• 07 prédios onde se encontram localizados laboratórios e salas de aula dos
cursos de graduação: Centro de Ciência e Tecnologia (CCT), Centro de
Biociências e Biotecnologia (CBB), Centro de Ciências e Tecnologias
Agropecuárias (CCTA) e Centro de Ciências do Homem (CCH).
Laboratórios que geram lixo perigoso/contaminante (vidros de reagentes, reagentes, seringas, luvas, pipetas e lixo orgânico: plantas de experiências, animais mortos, óleos, combustíveis etc)
Laboratórios que geram lixo doméstico (papel: revistas, jornais, papelão; plásticos: copos descartáveis, caixas longa vida, garrafas etc.
CCTA CBB CCH CCT
PRODUCÃO VEGETAL
1.LFIT 2.LSOL 3.LEAG 4.LMGV 5.LPP 6.LTA PRODUÇÃO
ANIMAL 7.LSA 8.ZNA 9.LMGA
1.LEPROD 2.LCFIS 3.LCQUI 4.LCMAT 5.LAMAV 6.LECIV 7.LENEP
1.LCA 2.LBR 3.LBT 4.LBCT 5.LFBM 6.LQFPP
1.LCL 2.LEEA 3.LEEL 4.LESCE
Reitoria Barracões
A Projeto RECREANDO B Diretoria Central de Estudantes C Transportes e Vigilância D Cooperativa de Limpeza E Manutenção F Criação de Ratinhos G Necrotério
Locais Geradores de Resíduos no Campus da UENF
1.REITORIA 2.DGA 3. SALAS DE AULA 4.FENORTE
75
• 01 prédio da Reitoria, onde estão instalados os escritórios da Reitoria, Pró-
Reitorias e Secretaria Acadêmica, a Direção Geral de Administração, salas de
aula e o Complexo FENORTE (Fundação Estadual do Norte Fluminense).
• 09 barracões, construções provisórias acondicionadas para o funcionamento de
diversas atividades como, por exemplo, o local de criação de ratinhos de
laboratório, a oficina e escritório para setor de transportes, escritório da
administração dos funcionários da Cooperativa de Limpeza, o Necrotério (local
onde se depositam cadáveres de animais em estudo), sala da administração do
projeto RECREANDO (projeto de extensão da FENORTE, que trabalha com a
comunidade infantil) etc.
c) Caracterização dos Resíduos e Destino Final dos Resíduos Gerados na
UENF
Para caracterizar os resíduos, trabalhou-se com amostras, tomando-se uma
lixeira e classificando os materiais ali encontrados. No período de 27 de outubro
de 2004 a 26 de Janeiro 2005 avaliaram-se 18 amostras no total (toda 2da, 4ta e
6ta feira antes do caminhão compactador do lixo realizar a coleta).
Este período coincidiu com a greve dos funcionários e docentes da UENF. Por
esta razão, estas amostras focaram-se na identificação dos tipos de lixo e não
nas quantidades do lixo produzido, pela irregularidade das atividades letivas e
administrativas. A média do lixo analisado em cada amostra foi de 27 quilos.
Tabela 1: Tipos de Resíduos Identificados no Campus*
*Média das 18 amostras realizada no campus da UENF
Tipos de Lixo Quilos %
Orgânico 173,4 35,7%
Misturado 144,83 29,8%
De Laboratório 35,1 7,2%
Eletrônico 1,94 0,4%
Papel Misturado 84,75 17,4%
Papelão 8,27 1,7%
Plásticos 22,89 4,7%
Vidros 9,73 2,0%
Entulho 5,2 1,1%
TOTAL 486,11 100%
76
Como se mostra na tabela 1, foram identificadas 09 categorias ou tipos de lixo, os
quais estiveram compostos dos seguintes materiais:
• Lixo Orgânico: casca de coco, casca de frutas, café, restos de
alimentos em geral, poda de jardins, animais mortos, restos de
experiências agrícolas (maracujá, mamão, plantas etc.);
• Lixo Misturado: lixo de banheiro, isopor e principalmente materiais
recicláveis que, por não serem separados na fonte, encontraram-se
contaminados e sujos, impossíveis de recuperar.
• Lixo de Laboratório: luvas, seringas, gazes, algodões, pipetas,
embalagens plásticas de produtos químicos, tubos de ensaio,
vasilhames diversos etc.;
• Lixo Eletrônico: disquetes, CD’s, peças de computador, cabos, fios,
pilhas, baterias, reatores, lâmpadas fluorescentes etc.;
• Papel Misturado: folhas, cadernos, revistas, jornais, livros, catálogos
telefônicos, cartazes etc.;
• Papelão: embalagens de produtos, caixas e embalagens tetrapack;
• Plásticos: garrafas PET, garrafas de água, copos descartáveis,
sacolas, embalagens de detergentes e embalagens de alimentos em
geral;
• Vidros: vidros de reagentes químicos, garrafas de vidro, vasilhames em
geral;
• Entulho: restos de experiências da engenharia civil, cimento, tijolos,
madeiras etc.
No gráfico 1, a seguir, podem-se observar as proporções em que os tipos de lixo
foram encontrados. O lixo orgânico, o lixo misturado e o papel misturado têm maior
representatividade e que, somados à presença de outros materiais recicláveis,
evidenciam que não existem canais de recuperação destes resíduos. A presença de
vidros (de reagentes químicos), fluorescentes e outros de natureza perigosa foram
indicadores da ausência e/ou da necessidade de melhorar procedimentos para sua
coleta e adequado descarte.
77
Gráfico 1: Proporções dos Resíduos encontrados nas Amostras (nov 2004- jan 2005)
Finalmente, o diagnóstico situacional permitiu avaliar a hipótese inicial, isto é,
comprovou-se a presença de papel e restos de alimentos, mas se devia adicionar a
necessidade de adequação do lixo perigoso, provenientes dos laboratórios, do lixo
eletrônico e do entulho.
4.2.2 Metodologia para a adoção da Coleta Seletiva
O Desenvolvimento Sustentável (revisado no capitulo 2) propõe a execução de
atividades humanas preservando o meio ambiente. E a Gestão Sustentável dos
Resíduos nas IES (revisado no capitulo 3) procura minimizar o impacto ambiental no
desempenho das atividades de ensino, pesquisa e extensão.
E é nesse contexto que a pesquisa concentrou-se no gerenciamento do lixo, na
coleta, armazenamento, transporte dentro e fora do campus até o destino final; e a
detecção de dificuldades enfrentadas por este gerenciamento e problemas
ambientais relacionados. Estas informações foram obtidas através de entrevistas e
observações in situ.
O projeto piloto de coleta seletiva no campus levou à prática, técnicas e métodos
referentes ao gerenciamento dos resíduos. Como a Análise Gravimétrica para a
caracterização de resíduos, a Logística Reversa na construção da rede de coleta
seletiva, e, para a avaliação do processo o método de Melhoria Contínua.
Lixo Misturado29,8%
Lixo de Laboratório7,2%
Lixo Eletrônico0,4%
Papel Misturado17,4%
Papelão1,7%
Plásticos4,7%
Entulho1,1%
Lixo Orgânico35,7%
Vidros2,0%
78
4.2.2.1 Análise Gravimétrica
A análise gravimétrica é uma avaliação qualitativa e quantitativa dos resíduos.
Esta metodologia foi baseada nos trabalhos de IPT/CEMPRE (2000). Os resíduos
presentes nas amostras são identificados de acordo com o material utilizado na sua
fabricação (papel, plástico, vidro, metal etc). Cada tipo de material é pesado,
calculando-se a porcentagem que representa do peso total da amostra.
No estudo de caso, analisou-se aproximadamente 70% dos resíduos gerados no
campus em um dia e meio de atividades regulares (as análises realizaram-se às 7
horas da manhã, antes da coleta municipal, ao meio día). Cada lixeira pesou em
média 27kg, analisando-se 237kg de resíduos em cada amostra. Realizaram-se 15
análises, no período de abril a dezembro 2005, quando as condições assim o
permitiram (não se podia realizar este trabalho em dias de chuva, ventando e
quando a universidade realizava eventos ocupando a área de trabalho etc.).
Todo o lixo produzido na UENF é levado ao aterro controlado da cidade. Esse
lixo está composto também de materiais recicláveis como papéis de escritório,
papelão, plásticos, vidros, lixo da lanchonete (restos de comida, copos descartáveis,
garrafões) e inclusive poda de jardins etc. Sem contar o lixo eletrônico como
baterias, telefones, celulares, computadores, cartuchos de impressoras etc., que
apareceram em quantidade pouco expressivas. (fotos no Apêndice II). Os resultados
são apresentados na tabela 2.
Tabela 2: Resultado da Análise Gravimétrica*
TIPOS DE RESÍDUOS Média % Lixo Orgânico 117,35 49% Lixo Misturado 73,06 31% Plásticos 18,85 8% Papel Misturado 17,6 7% Papelão 4,25 2% Lixo Laboratório 3,67 2% Vidros 2,59 1% TOTAL 237,37 100%
* Media das 15 Análises Gravimétricas realizadas pelo projeto
No gráfico 2, a seguir, observa-se que o lixo orgânico é o mais representativo,
composto principalmente de casca de coco, poda de jardins e restos de alimentos,
79
nessa ordem de significância. Em segundo lugar, o lixo misturado, que esteve
formado por papéis dos diversos tipos e plásticos, mas que misturados com os
restos de café e lixo de banheiro, impossibilita sua recuperação. No outro extremo,
em último lugar, foram encontrados resíduos de laboratório e vidros, como luvas,
tubos de ensaio, vasilhames, etc.
Gráfico 2: Proporções dos Tipos de Resíduos Resultado das Análises Gravimétricas
(Abril 2005 - Dez 2005)
Lixo Misturado31%
Papel Misturado7%
Papelão2%
Lixo Laboratório2%
Lixo Orgânico49%
Plásticos8%
Vidros1%
Dessa forma, cada categoria representou um item importante para a criação
de canais reversos que facilitem seu aproveitamento dentro da própria universidade,
para o encaminhamento para reciclagem ou para dar um adequado destino final aos
resíduos.
Neste ponto, se ressalta que, no estudo de caso, não foi considerada a criação
de canais reversos para o lixo perigoso (lixo biológico, químico ou radiativo) porque
precisam de condições de segurança e informações especializadas, infra-estrutura
para armazenamento, tratamento prévio (técnicas para inertização), antes de serem
acondicionados e disponibilizados para o descarte etc. O único material coletado foi
constitíido por garrafas de vidro vazias dos reagentes químicos e sem perigo de
contaminação.
O lixo eletrônico, que apareceu em poucas proporções nas análises
gravimétricas, também foi excluído da coleta seletiva, porque estão registrados como
80
patrimônio da universidade e quantidades interessantes de peças e restos de
computadores defeituosos não são disponibilizados para o descarte; cada centro é
responsável pelo armazenamento dos mesmos.
Os fluorescentes, que são também considerados como lixo eletrônico, merecem
uma especial atenção, pois, aproximadamente, cada prédio conta com 1000
fluorescentes, os quais são trocados a cada dois meses em média (não existe
registro) e que, pela periculosidade do descarte, não se realizou a coleta seletiva. Na
prática, este tipo de resíduo é descartado nas lixeiras laranjas, armazenadas num
ambiente da prefeitura do campus ou às vezes são quebradas por funcionários de
limpeza interessados em retirar as peças de aluminio que contêm.
O entulho, também encontrado nas análises gravimétricas, não foi considerado
para a coleta, pois são necessários equipamentos especiais para sua remoção e
aproveitamento. Atualmente, como procedimento próprio do prédio das Oficinas,
este material é juntado numa área atrás do prédio e retirado periodicamente do
campus por uma carroça contratada.
O lixo orgânico, principal componente da análise gravimétrica, precisa de
procedimentos especiais para sua coleta e aproveitamento em compostagem.
Procedimentos que escaparam dos recursos deste estudo de caso.
Em conseqüência, se planejaram, segundo os recursos e condições
apresentadas, canais reversos para os seguintes materiais recicláveis: em primeiro
lugar o papel; logo, o vidro; e finalmente plásticos.
4.2.2.2 Planejamento e Implementação do Projeto Piloto de Coleta Seletiva A aplicação dos conceitos da logística reversa neste ponto implicou na
construção de uma rede que permita o fluxo de materiais recicláveis através dos
canais reversos. Para isso, foi preciso incluir no projeto algumas questões a respeito
de:
• Determinação do número de coletores distribuídos dentro dos prédios, sala
por sala (foto 1);
81
• Número e localização de depósitos ou pontos intermediários de coleta no
térreo de cada prédio (foto 2). Até fevereiro de 2006 foram distribuídos 11
cilindros coletores: 04 para vidros (CCTA, CBB, CCT e P4); 01 para plásticos
(CBB) e 06 para papel (REITORIA, CCH, OFICINAS, CBB, CCT, e P4) . Tais
cilindros são, na prática, “pontos de entrega voluntária” onde os funcionários
de limpeza, alunos, professores e até transeuntes colocam materiais
recicláveis;
• Coleta (cobertura, freqüência, horários, roteiros, transporte). Neste ponto se
realizou um mapeamento de todos os prédios do campus, identificando o tipo
de resíduo gerado (perigoso ou não) e a localização dos coletores, como se
pode apreciar no gráfico 3 (mapas completos no Apêndice II);
Foto 2: Cilindros Coletores Vermelho: Plásticos Verde : Vidros Azul : Papel
Foto 1: Caixas Coletoras Até fevereiro 2006, foram distribuídas 80 caixinhas coletoras.
82
Gráfico 3: Localização de Coletores no Prédio P5 - Primeiro Andar
• Inspeção e separação no centro de triagem onde se concentra todo o material
coletado e são classificados nas seguintes categorias: folhas escritas por um
lado só (Papel 1L), folhas escritas pelos dois lados (Papel 2L), revistas,
jornais, papelão, vidros (sem riscos de contaminação) e plásticos;
• Consolidação dos materiais classificados e pesados, os quais são estocados
por um período máximo de 15 dias;
• Identificação do destino para o material reciclável, o que, depois de
consolidado é doado pelo projeto para uma instituição de beneficência, a
SACI (Sociedade de Apoio à Criança e ao Idoso). Esta instituição
comercializa produtos recicláveis na cidade de Campos e negocia
diretamente com as empresas de transformação desde 1992;
• Reaproveitamento na mesma universidade através da reutilização de
materiais, reciclagem artesanal de papel e reciclagem artesanal de plásticos.
Na medida em que o trabalho se desenvolvia, a adesão de funcionários,
professores e alunos foi se incrementando. Ao mesmo tempo, tomou-se
conhecimento das necessidades e problemas que enfrentam os laboratórios para o
descarte de alguns materiais, propiciando a melhoria do processo de coleta seletiva.
Banheiro F M
121 117
106
118
112
116
110
111
108
109
1 115
114
113
RAMPA
122
CO
PA
Banh F M
123
124
125
126
127
101
102
105
104
103
escada
128
129
120 119
Banheiro (lixo contaminado) S.de Aula,Copa, Escritórios (Lixo doméstico: papel, embalagens, copos, café, restos de alimentos etc.) Laboratórios (Lixo Químico: Vidros, pipetas, reagentes, luvas etc) Coletor Seletivo de Papel
83
4.2.2.3 Operações Baseadas na ISO 14000 - Melhoria contínua
Para implementar um SGA, como revisado na literatura, aplica-se o princípio da
melhoria contínua. Este princípio impõe a existência de um sistema de avaliação
objetiva dos resultados do gerenciamento ambiental. Baseia-se no levantamento dos
aspectos e impactos ambientais associados aos processos, produtos e serviços. Os
resultados devem ser revisados periodicamente, garantindo a atualização das
informações utilizadas na tomada de ações, tanto mitigadoras quanto de prevenção
dos impactos ambientais pré-determinados.
Embora o projeto tenha sido idealizado apenas para a coleta e recuperação de
materiais pós-consumo e seu posterior encaminhamento para a reciclagem,
representa a execução de uma parte do que podería ser um Sistema de Gestão
Ambiental (SGA) da Universidade. Nesse contexto, realizaram-se atividades
visando a melhoria contínua do processo de coleta seletiva (diagrama 15).
Diagrama 15: Aplicação da Melhoria Contínua do Projeto Piloto de Coleta Seletiva na UENF
• Avaliação Ambiental Inicial: A identificação dos aspectos ambientais das
atividades desenvolvidas no campus através do diagnóstico situacional e a
realização das análises gravimétricas de forma periódica (de 15 em 15 dias),
permitiram determinar aqueles resíduos que têm ou possam ter impactos ambientais
significativos. Além de comprovar se a coleta seletiva estava desviando efetivamente
os materiais recicláveis, como, no caso das garrafas de vidros de reagentes, que
após iniciada sua coleta seletiva, não voltaram a aparecer nas lixeiras laranjas.
Diagnóstico Situacional
Implementação
Planejamento Verificação e
Ação Corretiva
Análise Crítica
Projeto Piloto de Coleta Seletiva
Análise Gravimétrica
84
• Planejamento: Baseado nos dados das análises gravimétricas e as informações
proporcionadas pelos mesmos geradores, a rede de coleta foi desenhada
inicialmente para papel e posteriormente para vidros e plásticos.
Por outro lado, o mapeamento dos prédios (com a localização dos geradores e
os tipos de resíduos) permitiu planejar a distribuição de caixas azuis para cobrir as
rotas dos principais geradores de papel, distribuindo-se nas salas de professores,
nas secretarías administrativas, no prédio da REITORIA etc. Estes mapas foram
atualizados constantemente e a rede de coleta foi crescendo até ter presença em
todos os prédios do campus.
• Implementação e Operação: A coleta foi guiada pelo mapeamento de cada
prédio. Realizando-se de 2da a 6ta em dois turnos, pela manhã e à tarde, a coleta
cobria duas rotas: do centro de triagem (localizado no P5) até o CCTA, prédio
localizado no extremo direito do campus; e do centro de triagem até o CCH, prédio
localizado no extremo esquerdo do campus; de tal forma que ambas rotas cobriram
a rede de coleta criada no campus. Dentro de cada prédio, as rotas eram
modificadas de acordo com o aumento dos coletores repartidos nas salas e
escritórios.
Para a coleta, contou-se com uma equipe conformada por 04 bolsistas de
universidade aberta. Esta equipe realizou também os trabalhos de triagem,
classificação, pesagem, acondicionamento de cada material e finalmente o
encaminhamento para a reciclagem.
• Verificação e Ação Corretiva: Na execução da coleta, os usuários e geradores
dos laboratórios, principalmente, demostraram as dificultades que tinham para o
descarte de alguns materiais, incrementando-se a coleta inicial de papel, a coleta de
vidros e posteriormente dos plásticos. Os horários e a freqüência de coleta tiveram
de ser adequados aos principais geradores e aos períodos de maior ou menor
atividade letiva.
• Análise Crítica: A coleta seletiva mereceu uma análise, considerando-se
diferentes aspectos, como, por exemplo, quais os cuidados necessários para
85
lidar como os resíduos, como aumentar a conscientização dos geradores, a
identificação de funcionários de limpeza, que também são catadores e que juntam
materiais recicláveis dentro do campus de forma individual etc. Além disso, a
periodicidade das análises gravimétricas permitiram verificar os materiais que ainda
precisam de canais reversos e, por conseguinte, do planejamento, obtendo-se dessa
forma uma evolução e melhoria contínua do processo de coleta seletiva.
4.2.2.4 Resultados da Coleta Seletiva
Após praticamente um ano de atividades, teve-se como resultados 4,9 toneladas
de resíduos encaminhados para a reciclagem e, por conseguinte, desviados do
aterro da cidade. Este resultado representa a recuperação de valor de um mês de
resíduos produzidos no campus da UENF. Despertou-se o interesse da comunidade
acadêmica pela responsabilidade ambiental e verificou-se o aumento gradativo da
quantidade coletada, sobretudo nos períodos de maior atividade letiva. (gráfico 4)
Gráfico 4: Materiais Coletados pelo Projeto Piloto
Nos meses de agosto e setembro de 2005 existe uma variação abrupta nos
dados devido à coleta do material reciclável na FENORTE de maneira excepcional.
A limpeza do arquivo da FENORTE gerou 1.5 ton de papel misturado e papelão.
Mês Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Jan Fev TOTAL
Kg. 32 47 18 92 159 340 187 313 338 1163 902 271 217 203 334 309 4932
0,00200,00400,00600,00800,00
1000,001200,001400,00
nov/0
4
dez/0
4
jan/0
5
fev/0
5
mar
/05
abr/0
5
mai/05
jun/0
5jul
/05
ago/0
5
set/0
5
out/0
5
nov/0
5
dez/0
5
jan/0
6
fev/0
6
Incluindo a FENORTE UENF
86
Mesmo sem a participação da FENORTE, observa-se (ago-set) o incremento
das quantidades coletadas no campus pela atividades letivas da UENF. Os trabalhos
de coleta, nesse período, se intensificaram, permitindo atingir as 4,9 toneladas de
material reciclável até fevereiro 2006.
Segundo o gráfico 4, as quantidades representadas mostram uma sazonalidade,
que varia de acordo com a evolução das atividades dos períodos letivos. Assim,
podemos apreciar que no segundo período letivo de novembro de 2004 até maio de
2005, as quantidades de material aumentaram desde março, atingindo seu ponto
máximo em abril e declínio em maio. Da mesma forma, no primeiro período letivo de
2005, de junho até outubro, as quantidades coletadas representam a intensificação
das atividades acadêmicas. Já no segundo período de 2005, que tem início no mês
de novembro e ainda em curso, pode-se comprovar a mesma sazonalidade
mencionada e uma tendência geral ao crescimento.
Todo o material coletado, como se mostra na tabela 3, foi classificado em 09
categorias, de forma a diferenciar os materiais para seu posterior encaminhamento
para a reciclagem (na comercialização, os preços oscilam dependendo do grau de
pureza dos materiais).
Tabela 3: Tipos de Materiais Recicláveis coletados pelo projeto
TIPO KG. %
PAPEL 1L 1143,90 23%
PAPEL MIX 860,65 17%
PAPELÃO 744,15 15%
VIDRO 677,15 14%
PAPEL 2L 629,45 13%
JORNAIS 397,95 8%
REVISTAS 329,29 7%
VIDRO PIREX 121,00 2%
PLÁSTICO 28,80 1%
TOTAL 4932,34 100%
87
Na Tabela 1, apresentam-se também as proporções de cada uma das categorias
mencionadas. Comprova-se, portanto, a hipótese inicial do diagnóstico situacional,
de que a UENF gera realmente mais resíduo doméstico, principalmente papel e
restos de comida.
Dessa forma, para cada tipo de material coletado, foi disponibilizado um canal
reverso (separou-se para melhores análises, o papelão):
a) Papel:
• Doação para uma creche municipal da comunidade vizinha (Matadouro) e
para a Instituição de Beneficência SACI – Sociedade de Apoio à Criança e ao
Idoso;
• Reutilização, nos serviços administrativos, pelos próprios alunos da UENF
nas bibliotecas, e pela equipe do projeto nos trabalhos artesanais e nos
cursos de reciclagem artesanal, para a divulgação.
b) Papelão:
• Doados para a SACI;
• Reutilizados pelo projeto piloto. As caixas foram encapadas e distribuídas
como coletores de papel.
c) Plásticos:
• Doados para catadores (funcionários de limpeza e catadores da vizinhança,
que transitam pelo campus) e para a SACI;
• Reutilizados na elaboração de trabalhos artesanais para divulgação.
c) Vidros:
• Doados para a SACI. No seu centro de triagem, os vidros são triturados e
acondicionados para posterior comercialização.
Dessa forma, os canais reversos estabelecidos pelo projeto - papel, plástico e
vidro - foram operacionalizados e os resultados divulgados a cada mês. As 4.9
toneladas de material reciclável foram divididas, para uma melhor apresentação
gráfica, em quatro categorias: Papel (inlui-se papel 1L, papel 2L, jornais, revistas e
88
papéis misturados), Papelão, Vidros (simples e pirex) e Plásticos. Assim, o gráfico
5, apresenta a evolução destes materiais no período em que foi implementado o
projeto piloto.
Gráfico 5: Evolução dos Tipos de Materias Coletados pelo Projeto
Pode-se apreciar, no gráfico 6, que a quantidade de papel coletado, em média,
atinge os 150Kg. mensais desde maio 2005 e não diminui no meses seguintes,
aumentando nos períodos de maior atividade letiva. Os vidros atingem minimamente
os 25kg., o que pode ser traduzido em 50 garrafas de vidros de reagentes,
significando uma importante parceria com os centros geradores.
O papelão aparece mantendo-se na mesma faixa de valores até os 50Kg.,
cabendo mencionar que o papelão é desvidado pela coleta de funcionários de
limpeza que atuam também como “catadores eventuais”. Os plásticos,
representados por pequenas quantidades, são resultado da participação consciente
e voluntária de diferentes usuários (o prédio do CBB merece ser mencionado de
forma especial) porque este tipo de material, geralmente composto por embalagens,
precisa ser lavado antes da coleta para não contaminar os coletores com restos de
alimentos ou líquidos.
Dessa forma, os resultados da coleta permitiram identificar, além dos tipos de
resíduos gerados, os geradores principais de cada um deles, como mostra a tabela
4, permitindo redesenhar a rede de coleta. Os coletores foram incrementados,
removidos e localizados de acordo com as necessidades apresentadas.
0,00
50,00
100,00
150,00
200,00
250,00
300,00
350,00
nov/0
4
dez/0
4jan
/05fev
/05
mar/05
abr/0
5
mai/05
jun/05
jul/05
ago/0
5se
t/05
out/0
5
nov/0
5
dez/0
5jan
/06fev
/06
Val
ore
s em
Kg
.
PAPEL PAPELÃO VIDRO PLÁSTICOS
89
Tabela 4: Principais Geradores por tipos de material reciclável
PREDIO PAPEL PAPELÃO VIDRO PLÁSTICO TOTAL FENORTE 1077,40 465,66 0,00 1,70 1544,76 P5 619,45 34,90 10,70 5,20 670,25 REITORIA 545,00 91,90 0,00 0,30 637,20 P4 143,65 60,95 403,60 4,90 613,10 CBB 216,50 45,30 209,00 9,70 480,50 CCT 128,20 21,70 235,20 0,30 385,40 CCTA 49,40 49,00 139,50 2,20 240,10 OFICINAS 141,20 43,80 4,85 7,80 197,65 CCH 151,80 12,20 0,00 0,00 164,00
TOTAL 3072,60 825,41 1002,85 32,10 4932,96
O maior número de caixas coletoras de papel e papelão encontra-se localizado
no prédio da REITORIA e no P5. Os cilindros verdes para a coleta de vidro, foram
colocados no P4, CBB, CCT e CCTA, prédios que contam com instalações especiais
para o funcionamento de laboratórios. O cilindro para plásticos colocado
inicialmente na Lanchonete do P5, não deu resultado, os materiais ali colocados
estavam sujos, provocando a contaminação do coletor. Foi removido para o CBB,
onde, além de embalagens de alimentos, colocaram-se vasilhames de laboratórios,
todos limpos e prontos para o encaminhamento para a reciclagem.
Estes resultados permitem identificar os prédios do P5 e REITORIA como os que
mais participaram da coleta seletiva. Seguidos pelos prédios do P4, CBB, CCT e
CCTA. Já os prédios das Oficinas e o CCH registraram menor participação, como se
pode apreciar no gráfico 6.
Gráfico 6: Proporção da participação dos Geradores na coleta seletiva
CCTA7%
OFICINAS6%
CCT11%
CBB14%
P4
REITORIA19%
CCH5%
P520%
90
Pela interação com os geradores, percebe-se a necessidade de implementar
uma gestão integral dos resíduos que se traduza num sistema de canais reversos,
que tenha abrangência para todos os tipos de resíduos sólidos.
4.2.2.5 Aproveitamento do Material Reciclável: Experiências realizadas na
UENF
Como resultado da aplicação dos conceitos da logística reversa, cujo objetivo é a
recuperação do valor dos materiais descartados, o projeto piloto realizou trabalhos
artesanais visando o aproveitamento nas mesmas atividades de coleta, assim como
para divulgar e conscientizar a comunidade universitária.
A valorização do material descartado foi colocada na prática da seguinte forma:
a) Reutilização:
• Destinação de parte do material coletado para os cursos de reciclagem
artesanal: Canudinhos de Jornal e Reciclagem Artesanal de Papel dirigido
aos funcionários de limpeza;
• Aproveitamento das caixas de papelão para a coleta.
b) Reciclagem Artesanal de Papel:
• Confecção de cartões de Natal (dezembro 2005);
• Elaboração de bloquinhos de notas a partir das folhas coletadas (escritas por
um lado) e aproveitando as capas dos encadernados.
c) Reciclagem Artesanal de Plásticos:
• Confecção de vassouras de garrafas PET, as quais foram utilizadas nas
análises gravimétricas;
• Elaboração de brinquedos (porquinhos, ampulhetas feitos de garrafas de
PET, telefone de copos descartáveis, etc.) que foram expostos nas palestras
realizadas numa creche e numa escola de ensino fundamental;
• Preparando materiais educativos para o ensino de física, a partir de materiais
recicláveis, expostos na semana de Ciência e Tecnologia (outubro 2005);
• Confecção de um sofá de garrafas PET.
91
d) Reciclagem Artesanal de Caixas Longa Vida
• Elaboração de um lençol térmico feito das caixas longa vida (tetrapack). A
utilização do alumínio presente nas embalagens de leite e de outros alimentos
“longa vida”, como refletor de calor, aumenta o conforto térmico nas
edificações (projeto forro vida longa, faculdade de Engenharia Mecânica da
UNICAMP).
É importante frisar que, para o aproveitamento dentro da mesma universidade,
considera-se a possibilidade de que os diversos tipos de resíduos possam se tornar
fontes de pesquisas. Pode-se mencionar que existem na UENF projetos e
pesquisas em desenvolvimento que estudam formas de aproveitamento de resíduos,
como, por exemplo:
• Casca de Ovo: Estudos preliminares realizados no Laboratório de Engenharia
de Materiais indicam que a incorporação da casca de ovo melhora
substancialmente as propriedades físico-mecânicas dos azulejos. Em 1998, o
consumo de azulejos foi de 60,8 milhões de metros quadrados. Levando em
conta que 15% das massas cerâmicas para azulejos constituem-se de calcita,
isso equivale à extração de 114,2 mil toneladas de calcário de jazidas minerais
— um recurso não renovável e que poderá ser substituído pela casca de ovo.
Este material, cujo destino normalmente é a lata de lixo, pode se transformar
num ingrediente fundamental para a indústria de revestimentos;
• Vidros: A incorporação de diferentes tipos de vidros (cristal, vasilhame, tubo de
imagem) à massa argilosa usada para a fabricação de produtos de cerâmica
vermelha é investigada no Laboratório de Engenharia de Materiais;
• Casca de Coco Verde: O Laboratório de Fitotecnia da UENF estuda as
condições para o aproveitamento de casca de coco, no lugar do xaxim, em
plantas ornamentais. O xaxim, nome popular dado à Samambaia-açu, é muito
utilizado para desfibramento e em jardins, como planta ornamental. Mas está em
extinção por causa do mau uso. A escassez e o risco de desaparecimento
fizeram com que algumas empresas buscassem alternativas em relação ao seu
92
uso como insumo para plantas e arranjos. Uma das soluções propostas é o uso
da fibra do coco verde.
4.3 Resultados e Discussão
Os resultados obtidos com a coleta seletiva, referida na seção anterior, estima o
potencial de materiais recicláveis gerados na UENF. Estes dados serão
representados através de indicadores, que poderão ser utilizados para acompanhar
e melhorar os resultados ao longo do tempo.
Com o objetivo de fazer o acompanhamento do impacto das ações propostas
pelo projeto, apresenta-se a análise dos resultados sob duas perspectivas: os
ganhos ambientais obtidos com a coleta seletiva e a contribuição com a qualidade
do meio ambiente do trabalho no campus.
Finalmente, se sugere um modelo de projeto social universitário, para contribuir
com a problemática social dos catadores da cidade.
4.3.1 Indicadores
São apresentados, a seguir, os resultados da coleta seletiva, expressos através
de indicadores, os quais medem o impacto imediato do projeto. Bringhenti et al
(2003) estabeleceu 25 indicadores-chave para a Coleta Seletiva (programas
municipais de maior cobertura) e que foram aplicados no projeto de forma parcial:
a) Cobertura Física da coleta de papel ( % );
b) Quantidade mensal coletada seletivamente ( t / mês );
c) Índice de Recuperação de Materiais Recicláveis ( % );
d) Custo total da Coleta Seletiva no Campus ( R$/ t );
e) Relação Receita/Despesa (número puro).
A seguir, apresentam-se a definição, forma de apuração, representação e
aplicação no projeto piloto:
93
a) Cobertura Física da coleta de papel (%)
- Definição: expressa a parcela da área atendida pelo projeto de coleta
seletiva em relação à área total do campus da UENF;
- Forma de apuração: Nº de coletores de papel distribuídos pelo projeto piloto
dividido entre o nº total de salas existentes (escritórios, salas de aula, salas
administrativas, biblioteca, laboratórios etc.) nos 08 prédios do campus da
UENF;
- Representação: porcentual;
- Aplicação no Projeto Piloto: (87/450) x 100 = 19 % de cobertura.
Tabela 5: Cobertura Física da Coleta de Papel
PRÉDIO Nº SALAS Nº COLETORES COBERTURA REITORIA 55 16 29% P5 68 13 19% CCTA 58 14 24% OFICINAS 56 13 23% CCT 53 10 23% CCH 34 9 26% P4 65 8 12% CBB 61 4 7%
TOTAL 450 87 19%
Este indicador só foi calculado para a coleta de papel, para o qual se adotou a
modalidade de coleta “porta a porta”, mantendo contacto diretamente com o
gerador. No caso dos vidros e plásticos, os coletores atuaram como “postos de
entrega voluntária” e foram distribuídos nos prédios do campus, como se
descreve a seguir:
• Vidros: 04 cilindros colocados nos térreos do CCTA, P4, CBB e CCT, prédios
onde se localiza o maior número de laboratórios. Falta cobrir o prédio das
Oficinas e o P5 que possuem laboratórios. Aproximadamente 60% da
cobertura;
• Plástico: Só no térreo do prédio CBB, faltando cobrir na sua maior
percentagem.
Este indicador de 19% de cobertura pode se ver refletido na diminuição de papel
(diversos tipos) no lixo doméstico (lixeiras laranja), segundo o registro nas 15
análises gravimétricas efetuadas de abril a dezembro de 2005, comprovou-se
94
que, com a intervenção da coleta seletiva, o papel foi desviado do lixo comum e
encaminhado para a reciclagem (gráfico 7). Com respeito aos vidros de
reagentes químicos, praticamente desapareceram do lixo doméstico, sendo
encaminhados para a reciclagem. Os plásticos continuam sendo encaminhados
para o lixo doméstico, precisando de maior divulgação e educação ambiental
prévia, para a separação e a limpeza dos mesmos e conseguir ampliar sua
cobertura.
Gráfico 7: Papel Misturado Descartado nas Lixeiras e o Papel Misturado Coletado Seletivamente
0,0
50,0
100,0
150,0
200,0
250,0
300,0
350,0
400,0
450,0
abr/05 mai/05 jun/05 jul/05 ago/05 set/05 out/05 nov/05 dez/05
Qu
anti
dad
e em
Qu
ilos
Descartado Coleta Seletiva
b) Quantidade mensal coletada seletivamente (t/ mês)
- Definição: expressa a quantidade mensal de materiais recicláveis coletados
seletivamente;
- Forma de apuração: somatório das quantidades de materiais recicláveis
coletados seletivamente, dividido pelo número de meses de operação;
- Representação: Média kg/ mês;
- Aplicação no Projeto Piloto: (3855 / 15) = 296,5 kg/ mês.
Para o cálculo dos materiais recicláveis, utilizaram-se os registros da coleta
no período de nov. 2004 até fev. 2006 (não se considerou a coleta da
FENORTE, por ter sido extraordinária). É importante frisar que a coleta
começou nos primeiros meses de uma forma muito reduzida, iniciando-se nos
ambientes do Laboratório de Engenharia de Produção (LEPROD), e
posteriormente nos demais centros e laboratórios.
95
c) Índice de Recuperação de Materiais Recicláveis (%)
- Definição: expressa a quantidade de materiais que deixaram de ser enviados
à destinação final e que foram encaminhados para a reciclagem.
- Forma de apuração:
IRMR = _____ Quantidade Coletada Seletivamente / mês x 100______________
Quantidade Coletada Seletivamente/mês+ Lixo Doméstico no campus/mês
- Representação: percentual
- Aplicação no Projeto Piloto:
IRMR = 296,5 (média mensal coleta seletiva) x 100 = 6,5 %
296,5 + 4212
A quantidade mensal de resíduos produzidos no campus da UENF foi
calculada a partir da média de resíduos colocados numa lixeira. Esta média
foi obtida das análises gravimétricas e foi de 27kg por lixeira.
27kg x 13 lixeiras (distribuídas no campus) = 351kg (em dois dias)
351kg x 03 vezes (dias de coleta municipal) = 1053kg x semana
1053 kg x 04semanas = 4212 kg de resíduos por mês
Considerando a contribuição da FENORTE, este índice se elevaria a 7,2% de
recuperação.
d) Custo total da Coleta Seletiva no Campus (R$/ kg)
- Definição: expressa o custo unitário global do programa;
- Forma de apuração: quociente entre a somatória dos custos de acessórios
para a coleta e a quantidade de materiais recicláveis coletados, no mesmo
período de tempo;
- Representação: R$/ Kg.
96
- Aplicação no Projeto Piloto: 80,59 /296,5 = R$ 0,27 por Kg.
Tabela 6: Cálculo dos Custos Operacionais Mensais da Coleta Seletiva
Custos da Coleta Seletiva R$ MATERIAS Luvas Descartáveis (6 pessoas) 12,00 Máscaras Descartáveis (6 pessoas) 6,00 Papel Lustro azul 8,00 Fotocopias 5,00 Cola 5,00 Artigos de Limpeza 4,00
Sub-Total 40,00 EQUIPAMENTOS (depreciação mensal) 01 Balança de 150 kg. 12,50 02 Carrinhos de Feira 4,17 05 Pares de Botas 10,42 05 Aventais 7,50 05 Pares de Luvas 6,00
Sub-Total 40,59 Total Mês 80,59
Para o cálculo do custo total da coleta seletiva, considerou-se o custo direto
(aqueles que ocorreram na execução do serviço). Os custos indiretos
(energia, água, aluguel do local etc) e os gastos de pessoal não foram
considerados (tabela 6). Neste indicador, a universidade fornece o ambiente
de trabalho e o pessoal na execução da coleta seletiva que recebem uma
bolsa da Pró-Reitoria de Extensão da UENF.
e) Relação Receita/ Despesa
- Definição: expressa a relação entre a receita e as despesas do programa.
- Forma de apuração: quociente entre a receita da venda dos materiais
recicláveis coletados e a somatória dos custos de coleta, no mesmo período
de tempo.
- Representação: número puro.
- Aplicação no Projeto Piloto:
Receita/ Custos= 523,18 = 523,18 = 0,4
80,59*15 1208,85
97
Tabela 7: Receita da Coleta Seletiva
TIPO KG. Preço* Total
PAPEL 1L 1143,9 0,10 114,39
PAPEL MIX 860,65 0,10 86,07
PAPELÃO 744,15 0,19 141,39
VIDRO 677,15 0,05 33,86
PAPEL 2L 629,45 0,10 62,95
JORNAIS 397,95 0,10 39,80
REVISTAS 329,29 0,10 32,93
VIDRO PIREX 121 0,05 6,05
PLÁSTICO 28,8 0,20 5,76
TOTAL 4932,34 523,18 * Preço Médio (2004) fornecidos pela SACI
Os materiais coletados foram todos doados. A receita calculada para este
indicador foi sobre uma suposta venda (tabela 7). Dessa forma, pode-se
interpretar que, para atingir a auto-sustentabilidade financeira, é preciso
triplicar a quantidade coletada. Pelo potencial de material reciclável que se
pode coletar na UENF, a cobertura de 19% pode ser ampliada, melhorando
as quantidades coletadas e, por conseguinte a relação receita/despesa. É
necessário mencionar que, para implementar um programa institucional de
Coleta Seletiva na UENF, será indispensável a participação dos funcionários
de limpeza para a coleta do material reciclável.
A coleta seletiva e a reciclagem do lixo doméstico apresentam, normalmente,
um custo mais elevado do que os métodos convencionais. De qualquer forma,
é importante notar que o objetivo da coleta seletiva não é gerar lucros, mas
reduzir o volume de lixo, gerando ganhos ambientais. É um investimento no
meio ambiente e na qualidade de vida. (Vaz e Cabral,1993)
4.3.2 Caracterização dos Resíduos gerados no Campus
A dinâmica da produção de resíduos transforma-se sem parar. Dentro da
comunidade universitária, as características vão se modificando com o decorrer do
tempo, tornando necessários levantamentos periódicos, visando à atualização de
dados. As características do lixo variam em função de diversos fatores, como por
98
exemplo, a atividade dominante (ensino, pesquisa e extensão), os hábitos e
costumes dos usuários do campus (principalmente quanto à alimentação) e o clima.
Na UENF, as análises gravimétricas e a coleta seletiva permitiram identificar
alguns motivos das mudanças das características do lixo. Por exemplo, dentre as
atividades principais desenvolvidas no campus, encontram-se as pesquisas
efetuadas em laboratórios, que geram lixo orgânico e lixo perigoso, e as atividades
de ensino e extensão que geram lixo doméstico e lixo eletrônico.
Quanto aos hábitos e costumes, um dado importante é o consumo de água de
coco em quantidades superiores aos outros refrescos ou refrigerantes, (gráfico 8).
Gráfico 8: Quantidade de Cascas de Coco registradas nas Análises Gravimétricas
O consumo de água de coco, nessa quantidade, gera dificuldades para o descarte
da casca de coco verde pelo seu volume no acondicionamento, e pelo peso
excessivo na sua remoção deteriorando as lixeiras. Cada casca de coco pesa entre
1,5 e 3Kg. Em cada uma das análises realizadas, registrou-se a presença de, pelo
menos, 40 cascas de coco verde, equivalente a 69 kg. em média.
O consumo de café e o conseguinte descarte de pó de café e copos
descartáveis, são pontos que precisam ser tratados na mudança de hábitos. Na
USP, foram trocados os copos descartáveis por xícaras pessoais. Este tipo de
resíduo, geralmente misturado ao papel, dificulta o aproveitamento.
0,00
20,00
40,00
60,00
80,00
100,00
120,00
140,00
20-a
br
6/m
ai
20/m
ai
8/jun
24/ju
n6/jul
22/ju
l
10/a
go
26/a
go9/se
t
21/set
12/o
ut
28/o
ut
18/n
ov
2/de
z
Qua
ntid
ade
em Q
uilo
s
99
Estas informações, entre outras, permitem avaliar o processo de coleta seletiva,
adequar os termos da educação ambiental, dirigida especificamente ao gerador e
incentivar a mudança de hábitos e costumes. E, principalmente, estudar as técnicas
de aproveitamento de resíduos.
Portanto, o levantamento de informação sobre as características do lixo, a
manutenção de um histórico do lixo gerado no campus permitirá no futuro a
implementação de um sistema de gestão ambiental adequado aos requerimentos da
UENF.
4.3.3 Ganhos Ambientais e Qualidade de Vida
As razões predominantes ou ganhos esperados da implantação da coleta seletiva
podem variar de uma organização para outra. No caso das universidades, por
exemplo, a adoção da coleta seletiva, como parte de um SGA, justifica-se pela
preservação do meio ambiente da área do campus, com reflexo no meio ambiente
da comunidade vizinha e na saúde da comunidade universitária. Tudo isto compõe
melhores condições de trabalho e de estudo, quer dizer, eleva a qualidade de vida.
A coleta seletiva que inicia o fluxo de retorno dos materiais, encaminhando-os
para a reciclagem, também é responsável pelos ganhos ambientais no seu re-
processamento. Na tabela 8, mostra-se a quantidade de matérias-primas poupadas
à natureza como resultado da coleta seletiva aplicada no campus da UENF.
Tabela 8: Matérias Primas Economizadas na Reciclagem dos Materiais Coletados pelo Projeto Piloto
Material Reciclável
Matéria Prima Economizada pela
Reciclagem
Material Coletado pelo
Projeto
Matéria Prima Economizada pela
Reciclagem
1000kgPapel 20 árvores 4108,8kg 82,18 árvores
1000kg Vidro 1,3 tn de areia 798,15kg 1,03 tn areia
1000kg Plástico 130kg petróleo 26kg 3,38 Kg Petróleo
Fonte: Adaptação dos dados www.ambientebrasil.com.br,
100
Além disso, em termos monetários, calculou-se para os 4108,80 kg de papel,
R$2195,43 economizados só em água e energia na sua reciclagem (tabela 9).
Tabela 9: Ganhos Econômicos* a partir da Reciclagem do Papel Coletado
Recursos Poupados em 1000Kg Papel
Recursos Poupados em 4108,80 Kg Papel
Preço Valor R$
25,0 m3 água 102,72 m3 água 2,372 243,45
2,5 MW/hr 10,3 MW/hr 190,033 1951,99
TOTAL R$ 2195,43
*Dados apenas como ilustração, cálculos deste tipo em sua maioria são aproximações e desconsideram uma série de fatores
Dessa forma, a valorização da coleta seletiva não deve ser medida apenas pela
receita obtida da venda dos materiais recicláveis. Deve-se adicionar os benefícios
ambientais e econômicos produzidos a partir dela.
Estes ganhos ambientais, produzidos a partir da coleta seletiva, podem ser
analisados também, na perspectiva da qualidade do meio ambiente do trabalho,
porque induz a comunidade universitária a minimizar impactos negativos no
desenvolvimento de suas atividades administrativas e operacionais, ao mesmo
tempo em que promove a formação de profissionais com posturas ambientalmente
corretas no desenvolvimento de seus futuros trabalhos.
Na concepção de Fiorillo (2004), meio ambiente do trabalho é o “... local onde
as pessoas desempenham suas atividades laborais, sejam remuneradas ou não,
cujo equilíbrio está baseado na salubridade do meio e na ausência de agentes que
comprometam a incolumidade físico-psíquica dos trabalhadores, independente da
condição que ostentem (homens ou mulheres, maiores ou menores de idade,
celetistas, servidores públicos, autônomos etc.)”.
No caso da universidade, o meio ambiente do trabalho envolve as instalações
físicas do campus (ventilação, iluminação natural ou artificial, ruídos, móveis,
maquinário etc.) que devem oferecer um ambiente saudável para a realização das
2 Preço calculado pelo Laboratório de Hidrología da UFRJ em 1,997. http://www.hidro.ufrj.br/pqarj/municip/aperibe/tarifas.htm.: correpondente ao consumidor industrial entre 21-130m3 /mês. Tarifa praticada: R$0,439753/m3 * 5,40 (mulitplicador) = 2,3746 3 Preço obtido na ANEEL (Agencia Nacional de Energia Elétrica). Tarifas Consumidores Finais – Tarifas Médias de Fornecimento por Região (2005) de água Industrial. http://www.aneel.gov.br/98.htm
101
atividades de ensino, pesquisa, extensão e administrativas. Devem ser considerados
também o adequado descarte dos diversos tipos de resíduos e a minimização das
possibilidade de contato com qualquer agente químico ou biológico, que traga riscos
à saúde do trabalhador, no caso dos laboratórios, por exemplo.
Dessa maneira, numa universidade, o conjunto de medidas, técnicas
administrativas, educacionais etc. empregadas na gestão dos resíduos produzidos
no campus deve ter como finalidade eliminar condições inseguras no meio ambiente
do estudante, pesquisador, funcionários e visitantes, inclusive.
Nesse sentido, o projeto piloto, com o objetivo de verificar a existência de
procedimentos, pontos críticos e/ou problemática para o descarte dos resíduos,
aplicou um questionário de opinião dirigida a usuários das instalações do campus. A
pesquisa foi constituída por 50 questionários aplicados nos diferentes centros (tabela
10).
Tabela 10: Dificuldades Encontradas para o Descarte do Lixo
Dificuldades Encontradas para o Descarte do Lixo Material Descartado Procedimento
(1) Periculosidade
(2) Armazenamento
(3) Equipamento
(4)
Papel (Papelão, Jornal, Revista, Folhas) 14% 2% 6%
Vidros de Laboratório 20% 16% 22% 2%
Resíduo Orgânico de Laboratório 14% 16% 14% 4%
Plástico de Laboratório 6% 4% 6%
Resíduos de Reagentes 24% 22% 20% 2%
Resíduo Radioativo 4% 0% (1) Procedimento : Método pré-estabelecido para o descarte adequado (2) Periculosidade : Perigosos para o manuseio (3) Armazenamento :Local, Espaço, (4) Equipamento : Equipas para inertização dos agentes perigosos
Os resultados indicaram que as maiores dificuldades estão focados no descarte
dos resíduos orgânicos, nos vidros de laboratório e os resíduos de reagentes
químicos. Os centros que apresentaram estas dificuldades são os que contam com
laboratórios como o CCTA, o CBB e o CCT. Muito embora existam procedimentos
para descarte de resíduos, o CBB estabeleceu procedimentos específicos para seus
laboratórios e no CCT e no CCTA os usuários, por responsabilidade ambiental,
estabeleceram procedimentos próprios.
102
Desses resultados, pode-se avistar a necessidade de estabelecer além de um
programa de coleta seletiva mais abrangente, um centro de tratamento de resíduos
químicos, como vem se constituindo em outras universidades do Brasil, o que é uma
tarefa complexa que requer um significativo conhecimento da diversidade e das
quantidades de resíduos gerados nos centros e laboratórios que funcionam no
campus.
4.3.4 Proposta de um Centro de Triagem no Campus e a Capacitação de
Catadores
Ao tratar o tema dos resíduos gerados no campus, foi impossível separar o tema
da pobreza e da realidade dos catadores. O campus da UENF está localizado junto
à favela de Matadouro. Nessa favela, existem catadores, os quais, às vezes,
procuram materiais recicláveis nas lixeiras da universidade.
O Município de Campos dos Goytacazes tem uma população de 406.989
habitantes (IBGE, 2000) e uma produção de resíduos sólidos em torno de 300
toneladas4 por dia, que têm como destino final o aterro controlado da cidade
localizado no distrito Codim. No aterro, trabalham aproximadamente 200 catadores
em condições precárias, além de outros vários que atuam nas ruas da cidade (não
se têm registros).
Os catadores vendem os materiais recicláveis para as empresas sucateiras, que
funcionam como grandes depósitos de consolidação, por exemplo: a RCG-
Reciclagem, ReciCampos, Pita Reciclagem. No entanto, não existe nenhuma
cooperativa de catadores.
Nesse contexto, o projeto piloto realizou uma entrevista com os catadores do
aterro e com os catadores das ruas centrais da cidade (entre os meses de agosto e
setembro de 2005), verificando-se que eles não se encontram organizados, atuam
de forma individual ou familiar (2 a 3 pessoas de uma mesma família), sem
condições adequadas de trabalho e com pouca informação a respeito do mercado
de recicláveis.
4 Segundo Entrevista realizada em janeiro de 2005, com o Gerente de Operações Sr. Alex Gomes da empresa Queiroz Galvão, empresa contratada pelo Município de Campos para os Serviços de Limpeza Urbana.
103
Diante desta realidade e problemática social, o presente trabalho de pesquisa,
propõe uma alternativa para informar e/ou capacitar os catadores por meio da
implementação de um verdadeiro Centro de Triagem para os materiais recicláveis
produzidos na universidade, com maiores implementos do que aqueles utilizados no
projeto piloto, precisando-se de um área especial dentro do campus e de uma infra-
estrutura básica para seu funcionamento.
Como se viu no decorrer da pesquisa, a aplicação dos conceitos da logística
reversa na universidade apresenta diversas alternativas para revalorizar e
reaproveitar materiais recicláveis produzidos no campus: a reutilização, a reciclagem
artesanal, a comercialização, compostagem de resíduos vegetais etc. Esta
recuperação de valor precisa de conhecimentos específicos, técnicas, criatividade e
mão-de-obra.
Um centro de triagem de matérias recicláveis, localizado dentro do campus,
operacionalizado por catadores e gerenciado pela universidade, pode se converter
numa referência para os demais catadores da cidade (do aterro e das ruas), de
forma a encontrarem um lugar onde possam se capacitar e/ou procurar informação
sobre o mercado, gestão, operacionalização etc.
Os catadores participantes do projeto podem gradativamente ir descobrindo como
o trabalho organizado pode gerar melhores condições de trabalho e renda. Segundo
Pólita Gonçalves5, as iniciativas de organização dos catadores, deve partir deles
mesmos “de dentro para fora” e de “baixo para cima”. Quer dizer que as
organizações devem ser iniciadas pelos mesmos catadores.
No diagrama 16, apresenta-se um modelo que sugere a implementação de um
Centro de Triagem dentro do campus com a participação dos catadores e focado na
criação de canais reversos fechados. Assim, o papel da universidade neste contexto,
é de consultoria e promoção de pequenos empreendimentos como a reciclagem
artesanal, a compostagem, a comercialização etc.
5 Informação verbal fornecida por Pólita Gonçalves, diretora da ONG Lixo.Consulting (site www.lixo.com.br) e organizadora
dos Debates Sócio Ambientais, pertencente ao Fórum Estadual Lixo & Cidadania Rio de Janeiro.
104
Diagrama 16: Modelo para a capacitação de catadores
através da gestão de resíduos gerados no Campus
O modelo propõe a implantação da Coleta Seletiva na universidade e de um
Centro de Tratamento de Resíduos Especiais (CTRE). A coleta seletiva movimenta
os materiais recicláveis produzidos na universidade para o centro de triagem onde
se realiza a classificação e a consolidação. Os resíduos químicos, previamente
tratados no CTRE e sem perigo de contaminação, seriam destinados para o centro
de triagem.
Para a implementação de um centro de triagem, precisa-se de um estudo prévio
para determinar a viabilidade técnico-financeira que considere aspectos tais como a
localização, infra-estrutura, equipamentos etc. Para dispor de um espaço dentro do
campus e a implementação desta infra-estrutura básica, é preciso que a
administração da universidade assuma a coleta seletiva como parte do plano de
gestão de resíduos. Neste ponto, é importante frisar que o estudo de caso não
contemplou, como seria a implementação de um CTRE devido aos conhecimentos
específicos necessários. O quadro 11 descreve os requisitos mínimos da parte física
de um Centro de Triagem no campus, adaptado das recomendações do
IPT/SEBRAE (2003).
Atividades que poderiam ser operacionalizadas por catadores e com apoio da universidade
Atividades de Ensino, Pesquisa e Extensão
Fontes Geradoras de Resíduos
Coleta Seletiva
Centro de Tratamento de Resíduos Especiais
Químicos, Biológicos e Radioativos
Disposição Final no Aterro da Cidade
Aquisição de Materiais
Compostagem
Atividades Artesanais
Comercialização, Encaminhamento para
RECICLAGEM
CENTRO DE TRIAGEM
105
Quadro 11: Infra-estrutua Básica para a Implementação de um Centro de Triagem
DESCRIÇÃO
Localização
Deve ser localizado, preferencialmente em área central, diminuindo o custo da coleta e facilitando o acesso aos trabalhadores e à comunidade universitária.
Arranjo Interno
Un galpão básico contém área coberta para triagem e beneficiamento dos materiais, escritório, cozinha e refeitório, sanitários masculino e feminino, com chuveiros e área para guardar ferramentas. Inclui também a ligação específica conforme os equipamentos a serem instalados, ventilação, iluminação (inclusive à noite para segurança), pavimentação, drenagem de água de lavagem e tratamento de esgotos. È necessário reservar espaço na área coberta do galpão para estocar os materiais: recicláveis recém-coletados, antes da triagem; recicláveis triados, até o volume suficiente para serem beneficiados; recicláveis já beneficiados que não podem ficar expostos à chuva e à umidade, como os fardos de papel. In
fra-
estr
utu
ra
Área externa
Deve abrigar estacionamento, local para lavagem dos veículos de coleta e Baias (ou áreas) delimitadas para o armazenamento dos materiais recicláveis prontos para comercialização.
Equipamentos
Somente após um dado período de funcionamento será possível avaliar a necessidade de maquinários adicionais que incrementem a lucratividade das operações. Inicialmente, os equipamentos que atendem às atividades de triagem e beneficiamento são: balança, balcão, mesa, “big bags” ou cilindros, prensa, caçamba, etc.
Fonte: Adpatação de: Guia para Implementação. IPTISEBRAE (2003)
Para os custos de operação e manutenção da coleta seletiva, as alternativas de
financiamento proviriam de parcerias com instituições e fundações de apoio, a venda
dos recicláveis, as bolsas de extensão etc., além das atividades de recuperação de
valor, como trabalhos artesanais e atividades de compostagem.
O reaproveitamento dos materiais recicláveis dentro da universidade incentiva a
pesquisa de novas tecnologias para a reaproveitamento dos materiais recicláveis.
Atualmente, todo o material reciclável coletado na cidade é enviado para as
empresas recicladoras de Rio de Janeiro, Niterói e São Paulo, dado que na cidade
de Campos, não existe indústria dedicada à reciclagem propriamente dita.
106
Dentre as atividades artesanais já desenvolvidas no centro de triagem do projeto
piloto, com a utilização de materiais provenientes dos resíduos gerados dentro do
campus, encontra-se a reciclagem artesanal de papel, plásticos, caixas longa vida
etc. (quadro 12).
Quadro 12: Atividades Artesanais criadas a partir do lixo Produzido na Universidade
Material Reciclável Reciclagem Artesanal
Canudos de Folhas deJornal Cestas, porta-canetas, porta-retratos, baú, etc. Reciclagem Artesanal de Papel
Folhas, envelopes, pastas, caixas e sacolas para presentes, cartões, etc.
Produtos Com Plástico Pt Vassouras, poltronas, cadeiras, bolsas, cortinas, etc.
Materiais Didáticos a Partir de Materias Recicláveis
Porquinhos, tambores, telefones, orquestra de sucata, materiais educativos diversos, etc.
Produtos com Caixas Longa Vida
Utilização do alumínio presente nas embalagens de leite e de outros alimentos “longa vida”, pós-uso, como refletor de calor, para aumentar o conforto térmico nas edificações populares.
Compostagem* Adubo orgânico a partir de vegetais
Casca de Coco Verde Vasos e tutores para plantas ornamentais. * A compostagem não foi realizado pelo projeto
Dessa forma, o modelo proposto implica a conscientização da administração
para a construção e operacionalização do centro de triagem dentro do campus, e
que de forma gradativa atinja a gestão compartilhada. A participação da comunidade
universitária é indispensável para atender às diferentes demandas de
conhecimentos para o tratamento dos resíduos. Cada profissional na sua área tem
que aportar para o tratamento e descarte final dos resíduos por ele gerados. Além
de beneficiar o ambiente de trabalho, beneficia o acervo de conhecimentos em torno
ao lixo para ser disseminado e capacitar os “agentes ambientais” (os catadores) e a
comunidade como um todo.
4.4 Considerações finais
Os aspectos positivos de promover o gerenciamento de resíduos usando a
logística reversa são que, além de mostrar ser possível, os resíduos são reduzidos,
reusados e reciclados dentro da mesma universidade provocando ao final uma
economia nos recursos financeiros e ganhos na qualidade de vida. Em princípio, a
aquisição de materiais seria planejada considerando o descarte adequado dos
107
mesmos, facilitando à administração a limpeza do campus. Por exemplo, lâmpadas
fluorescentes, pilhas, baterias, reagentes químicos, agrotóxicos etc. poderiam voltar
aos fornecedores após o consumo. Por outro lado, se procuraria reduzir ao mínimo a
geração de resíduos, requisitando apenas o necessário e o suficiente. Ao mesmo
tempo, é possível propor a troca de materiais descartáveis pelos mais duradouros;
reutilizar os materiais, sempre que seja possível e as oficinas de reciclagem
poderiam, também por sua vez, evitar a aquisição de materiais para pesquisa, como
vidros, caixas, móveis, peças, partes de computadores, papel artesanal, adubo
orgânico para a manutenção de jardins dentro do campus entre outras iniciativas.
(diagrama 17)
Diagrama 17: Modelo de Gestão des Resíduos na UENF
Aplicando os Conceitos da Logística Reversa
Como toda metodologia, o modelo proposto está em processo de construção,
isto é, aprimorando-se na prática e aplicando suas orientações básicas, partindo de
Aquisição de Materiais
� Papel � Plástico � Metal � Vidro � Lixo Orgânico � Lixo Eletrônico � Lixo químico, biológico e
radiativo. � Resíduos Especiais � Outros
Coleta Seletiva
Piscina
Materiais Reaproveitados
na mesma Universidade
E1 - FENORTE/ UENF – Reitoria – Pr ó - Reitoria P1 - CCTA - Centro de Ci ê ncias e Teconologias Agropecu á rias E2 - CCH – Centro de Ci ê ncias do Homen P2 - CBB - Centro de Bioci ê ncias e Biotecnologia G1 – Quadra de esportes P3 - CCT - Centro de Ci ê ncias e Tecnolog í a G2 - Quadra de Esportes P4 - CCTA
P5 - CCTe CBB
Oficinas Estacionamento
Estacionamento Estacionamento
Entrada do Campus
Estacionamento Estacionamento
Centr í fuga
P1 P2
P5 P4 P3
E1 E2
G1
G2 Piscina Piscina
Encaminhamento para Reciclagem:
Venda ou Doação
E1 - FENORTE/ UENF – Reitoria – Pr ó - Reitoria P1 - CCTA - Centro de Ci ê ncias e Teconologias Agropecu á rias E2 - CCH – Centro de Ci ê ncias do Homen P2 - CBB - Centro de Bioci ê ncias e Biotecnologia G1 – Quadra de esportes P3 - CCT - Centro de Ci ê ncias e Tecnolog í a G2 - Quadra de Esportes P4 - CCTA
P5 - CCTe CBB
Oficinas Estacionamento
Estacionamento Estacionamento
Entrada do Campus
Estacionamento Estacionamento
Centr í fuga
P1 P2
P5 P4 P3
E1 E2
G1
G2
Campus Universitário
Cadeia Logística Reversa
Atividades de Ensino, Pesquisa e Extensão
Disposição Final Ecologicamente
Correta
• Almoxarifado • Lanchonetes • Escritórios • Laboratórios • Manutenção • Limpeza • Outros
Resíduos
108
um referencial teórico. Neste caso, a logística reversa orienta a implementação do
planejamento da gestão ambiental na UENF e ajuda na compreensão e na
interpretação de sua realidade ambiental.
5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
A partir do pressuposto de que a aplicação da logística reversa pós-consumo
pode ser uma técnica de suporte para um modelo de gestão sustentável dos
resíduos produzidos num campus universitário e, como resultado do estudo de caso,
chegou-se às seguintes conclusões:
As novas tendências que formam o sistema ecológico atingem também as
Instituições de Ensino Superior (IES), obrigando-as a repensar os processos
realizados no desenvolvimento das atividades de ensino, pesquisa, extensão e
operação, de forma a cumprirem as legislações pertinentes, atender as demandas
sociais e sobretudo, a estabelecer uma coerência entre o conhecimento ministrado e
a prática diária.
As experiências analisadas sobre gestão ambiental nas universidades brasileiras
demonstram diferentes graus de intervenção para o desenvolvimento sustentável
(ensino, pesquisa, extensão e operacionalização dentro do campus), evidenciando
que o caminho para a gestão integral dos resíduos nas universidades do Brasil,
ainda está em construção.
A complexidade dos problemas relacionados aos resíduos produzidos nas IES,
especificamente nas universidades, aumenta à medida que são desenvolvidas suas
atividades. Como os processos geradores de resíduos são dinâmicos, é importante
identificar as variáveis que os determinam, no sentido de melhor controlar a
execução do plano de gerenciamento dos mesmos.
Esta crescente necessidade de inclusão de questões ambientais na gestão das
IES tende a tornar cada vez mais importante a relação entre a Gestão Ambiental e a
Logística (direta e reversa), para garantir o consumo sustentável e evitar o
desperdício, a geração de resíduos e a poluição.
109
Para isso, a gerência administrativa de uma universidade requer estar
convencida, consciente e disposta a planejar a logística reversa em função da
logística direta, como parte de um plano de Gestão Ambiental. Este plano deve
considerar, portanto, o planejamento, o orçamento, a implementação e a execução
de canais reversos. Quer dizer que as decisões deverão ser estratégicas e
requererão que a alta administração se comprometa e assuma os objetivos de
proteção ambiental para contribuir com o desenvolvimento sustentável da
universidade em questão.
A aplicação dos conceitos da logística reversa na gestão de resíduos nas
universidades permite analisar o funcionamento das mesmas em todos seus âmbitos
e atividades, detectando problemas, obstáculos, estruturas e mecanismos que
dificultam sua atuação ambientalmente responsável e sustentável. Além de unir em
torno de vantagens mútuas, a comunidade acadêmica, a comunidade vizinha, os
catadores e os demais elos da cadeia de reciclagem.
Os principais tipos de resíduos gerados nas IES dependem das atividades
desenvolvidas, do clima, dos hábitos e costumes, entre outros fatores. Mas a
classificação de lixo de escritório (principalmente papel), lixo perigoso (resíduos
químicos, físicos e biológicos) e o lixo orgânico, que são predominantes nas
universidades, representam a escala local, os resíduos gerados em uma cidade.
A coleta seletiva em uma universidade desvia efetivamente materiais recicláveis
do aterro da cidade. Os montantes dependem do estabelecimento de procedimentos
para o descarte (política institucional) e do grau de participação (conscientização) da
comunidade universitária. Os tipos de materiais a serem coletados dependem da
infra-estrutura disponibilizada: centro de triagem para materiais recicláveis, centro de
tratamento de resíduos químicos (se for o caso) e áreas livres para a prática da
compostagem. Cada um destes centros de tratamento conformam-se como
“oficinas”, fechando o fluxo dos materiais recicláveis, quer dizer que os resultados e
produtos obtidos do tratamento dos resíduos podem permanecer dentro do campus
auxiliando as atividades de ensino, pesquisa e extensão.
110
O tratamento de resíduos, tema multi e interdisciplinar, é fonte de pesquisas em
nível de graduação e pós-graduação nas diferentes áreas. O desenho dos canais
reversos dependem desses conhecimentos e tecnologias para o aproveitamento e
recuperação de valor dos resíduos. Esta conjunção de saberes em torno do lixo
propicia a gestão compartilhada dos resíduos entre a comunicade acadêmica.
Os benefícios da implementação da coleta seletiva nas IES não são econômicos,
não pretendem obter ganhos financeiros, os benefícios esperados são: a proteção
ambiental da área do campus e a qualidade de vida, oferecendo segurança no
ambiente de trabalho e estudo. E é a partir destes benefícios que se obtêm outros,
como a imagem institucional, participação política ao tratar temas sobre a
problemática ambiental da região etc.
Os custos relacionados à coleta seletiva implementada nas IES são subsidiados
pela infra-estrutura do campus, a participação de estudantes, pelas bolsas de
extensão e pelo conjunto de usuários localizados num âmbito fechado. Os custos
operacionais da coleta (coletores, manutenção, tiragem, divulgação, comunicação
etc), podem ser financiados pela receita produzida da mesma coleta, além das
parcerias com outras instituições que permitem a troca de materiais por implementos
para a coleta.
A coleta seletiva incentiva o consumo consciente. Ao lidar de forma diferente
com os resíduos, incita-se a comunidade acadêmica à aquisição de novos hábitos
que lhes permitirá atuar nos seus futuros centros de trabalho com um
comportamento ambientalmente correto.
Na UENF, existem sinais positivos quanto à alteração de comportamentos e à
colaboração da comunidade universitária, mas a abordagem efetiva dos problemas
da UENF e da gestão ambiental exige a mudança dos processos da instituição e das
mentalidades dos seus indivíduos, o que levará um período de tempo superior ao da
duração do projeto. O Projeto Piloto constitui, assim, o “motor de arranque” para este
processo, constituindo o primeiro ciclo de melhoria contínua da Gestão Ambiental na
UENF, precisando, no futuro, pelas atividades desenvolvidas, da implementação de
um centro de triagem para materiais recicláveis, um centro de tratamento para
resíduos químicos e uma usina de compostagem.
111
Ao abordar o tema do lixo, é impossível desligar-se do problema social dos
catadores. A universidade, como pólo de conhecimentos, pode assumir um papel de
consultoria para a capacitação e organização desses “agentes ambientais”. A partir
de um modelo de coleta seletiva funcionando na universidade, podem se atingir
soluções práticas às necessidades de capacitação e informação dos catadores.
Além de ter maiores elementos para propor soluções ao governo municipal.
Finalmente, a proposta metodológica da aplicação dos conceitos da logística
reversa no gerenciamento de resíduos nas universidades é uma contribuição para
futuros empreendimentos de planejamento da gestão ambiental na Instituições de
Ensino Superior.
112
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Meio Ambiente) http://www2.ufscar.br/administracao/cema.php Site Universidade Federal de Santa Catarina – CGA (Coordenadoria de Gestão
Ambiental) http://www.cga.ufsc.br/ Site Reciclagem.net. Portal da Reciclagem e do Meio Ambiente.
http://www.compam.com.br/
117
ANEXO I
CARTA DE NITEROI
118
CARTA DE NITEROI O cenário ambiental tem servido como painel de fundo para as discussões que visam minimizar os riscos e
criar condições para o desenvolvimento de processos de gestão sustentáveis dos Campi Universitários.
Vários eventos, de âmbito nacional e internacional, têm abordado de forma consistente a temática, e
dentro deste contexto inserem-se os Encontros Nacionais de Segurança em Química (ENSEQUI).
Por ocasião do 3º ENSEQUI (2004), realizado na Universidade Federal Fluminense (UFF), em Niterói, RJ,
foram discutidos os aspectos mais relevantes relacionados ao gerenciamento de resíduos químicos e ao
atendimento das exigências da legislação ambiental e de segurança vigentes.
Nesta terceira edição do evento foi organizada uma reunião em que foram convidados os Pró-Reitores das
Instituições de Ensino e Pesquisa de todo o país. Esta reunião teve como objetivo propor ações que
visassem disseminar a cultura e a prática do gerenciamento dos resíduos perigosos principalmente
oriundos das atividades de ensino e pesquisa.
As Instituições presentes e signatárias deste documento reconhecem a importância e relevância do tema,
mas enfrentam problemas de ordem orçamentária para a implementação de programas na área de
gerenciamento de resíduos perigosos e, em âmbito mais geral, da gestão ambiental.
Assim, para transpor dificuldades orçamentárias, de modo que as Instituições de Ensino possam colocar
em prática ações que minimizem o impacto ambiental e o risco aos envolvidos nas suas atividades de
ensino e pesquisa e, para que sejam formados profissionais com a consciência da necessidade de atenção
a resíduos que tragam riscos a indivíduos ou ao ambiente, sugere-se as seguintes ações aos órgãos de
financiamento e regulamentação do ensino e pesquisa no país:
• que sejam alocados fundos e lançados editais específicos para Gestão Ambiental e
Gerenciamento de Resíduos Perigosos nas Instituições de Ensino e Pesquisa. Entendem-se como
resíduos perigosos, os resíduos químicos, biológicos e radioativos gerados nas atividades de
ensino e pesquisa;
• que se crie um grupo de trabalho de especialistas para propor Normas de Segurança em Química
para as Instituições de Ensino e Pesquisa;
• que se crie um grupo de trabalho de especialistas para estruturar o gerenciamento dos resíduos
perigosos visando o futuro Licenciamento Ambiental nas Instituições de Ensino e Pesquisa e
• que se inclua como critério de qualidade para fins de avaliação por parte do MEC e da CAPES, a
existência, ou projeto em implantação, de programa de gestão de resíduos perigosos em cursos
de graduação e pós-graduação das Instituições de ensino e pesquisa.
3º ENSEQUI Universidade Federal Fluminense
Outubro 2004
119
APENDICE I
FOTOGRAFIAS
120
Análise Gravimétrica: Composição do Lixo produzido no Campus
Lixeiras transportadas até a quadra de esportes onde se realizavam as amostras.
Disposição dos Resíduos Produzidos no Campus da UENF
121
Tipos de Resíduos encontrados nas Análises Gravimétricas
Resíduos encontrados: fluorescentes, papel, casca de coco, seringas, garrafas PET, copos descartáveis, etc.
122
Cilindro “Azul”, destinado para a coleta de papel (folhas, revistas, jornais, caixas de
Cilindro “Verde”, destinado para a
coleta de vidro (vidros de laboratório )
Cilindro “Vermelho”, destinado para a
coleta de plásticos
Cilindros doados pela SACI (atualmente o projeto conta com 11 cilindros, acondicionados e pintados pela equipe do projeto)
Caixas de papelão (descartadas no campus da UENF) acondicionadas e encapadas com papel azul pela equipe do projeto e posteriormente distribuidas nos gabinetes de professores, bancadas, e salas de aula dos diferentes centros. Atualmente contam-se com 80 caixas distribuídas.
Coletores
123
Centro de Triagem Provisório
Ubicado no térreo do P5.
Neste local, o material coletado é separado,
Todo o material coletado é doado atualmente para a SACI (Sociedade de Apoio à Criança e ao Idoso).
124
Sofá elaborado com 150 garrafas PET, usado no Centro de Triagem
Vassoura elaborada com 18 garrafas PET usada nos análises gravimétricas e
na limpeza do centro de Triagem
Reciclagem Artesanal de Plástico
125
Oficina de Reciclagem
Artesanal de Papel
A equipe do projeto elaborou papel reciclado para confeccionar
caderninhos de notas e cartões de Natal.
126
Palestra Ministrada pela equipe do projeto na Creche-Escola “São Francisco de Asis”
na comunidade vizinha do Matadouro
Palestra dirigida para crianças de 3
a 6 anos
Brinquedos elaborados a
partir de materiais recicláveis
127
APENDICE II
REDE DE COLETA SELETIVA NO CAMPUS
MAPEAMENTO POR PRÉDIOS
⇒ CCTA ⇒ P4 ⇒ CBB ⇒ P5 ⇒ CCT ⇒ OFICINAS ⇒ REITORIA ⇒ CCH
128
PREDIO CCTA - TERREO
Març. 2006
01 Prof. Hernan Maldonado – LAP 02 Prof. Carlos Augusto de Alencar Fontes – LZNA 03 Prof. José Fernando Coelho da Silva – LZNA
04 GRC-Gerencia de Recursos Computacionais / André / Guilherme
05 Sala de Crescimento de Pantas em VITRO LMGV-LRGBG
06 Secretaria Chefia do Lab.Zootecnologia e Nutirição Animal – LZNA
07 Sala de Moagem e Preparo de Amotras – LZNA
08 Laboratorio de Sanidade Animal –LSA / Setor de Doenças Infeto-contagiosas e Parasitarias
09 Prof. Alberto Fernandes/ Humberto Pena / R. Augusto/ M. Vieira -LZNA
10 LSA / Setor de Doenças Infeto-contagiosas e Parasitarias ISA/SDIP
11 LSA- Virologia / Epidemiologia e Medic. Veterinaria Preventiva
12 Prof. Carlos Travassos/Marcio Manhães/ Dules Sampaio
13 Porf. Marinete Pinheiro Carreira / Olny Vieira da Motta
14 GEMAIN / DTC / Area de Manutenção 15 Nucleo de Pesquisa em MGA-LMGA
16 Clínica de Grandes Animais Domésticos/ Prof. Carlos Rodrigues
17 Setor de Fisiologia Animal -LMGA / Prof. Rosemary Bastos
18 Secretaria / Chefias: José F. Straggiotti -LMGA/ Eulogio Queiroz-LSA
N Laboratório 19 LMGA – Biotecnologia do Sêmen 20 LSA- Setor de Morfologia e Anatomia Patológica 21 Prof. E. Queiroz/A.da Silva/A. Peixon –LSA
22 Prof. Maria A. Vieira da Costa / Silvia R.Ferreira Gonzalvez
23 Prof. Celia R. Quirino –LMGA
24 Laboratório de Melhoramento Genético Animal –LMGA Setor de Imonogenética
25 Prof. Marcos F. R. Matta / Jpsé Federico S. Silva 26 Prof. Rossemary Bastos/ Isabel N. Cunha – LMGA
27 Prof. Salassier Bernardo / Elias Fernandes de Souza – LFIT
Banheiro (lixo contaminado) Auditorios e Escritórios (Lixo doméstico: papel, embalagens, copos, café, restos de alimentos, etc.) Laboratórios (Lixo Químico: Vidros, pipetas, reagentes, luvas, etc) Lixeira Coleta Seletiva de Papel Lixeira Coleta Seletiva de Vidros
AN
EX
O
Banheiro
Mas Fem
S
EC
RE
TA
RIA
CC
TA
BIB
LIO
TE
CA
- CC
TA
Materiais
Ban
heiro
M
asc.
RAMPA
02
04
Banheiro
Mas Fem
03
PROCAMPO
Consultoría Agropecuária
Empresa Junior da UENF
Coord. Graduaç. XEROX
Ban
heiro
F
em.
Dep. De Limpeza
Entrada Anexo
12
06
08
07
10
09
11
05
13
14
01
27
26
15 25 24 23 22 21 20 19
sn 18 17 16
129
PREDIO CCTA – PRIMEIRO ANDAR
Març. 2006
101 SN 102 SN 103-
A Laboratório
103 Sala de Conferências 104 Sala de Informática 105 Sala de Aula 106 Sala de Aula 107 Sala de Aula 108 SN
109 Laboratório de Zootecnia e Nutrição Animal - LZNA
110 Alimentação Animal Caprino e Ovino – Cultura Zoot. I e II Luis Humberto Castillo / Sergio Aguiar
111 Prof. Rony Antonio Ferreira / Rita Trindade
112 Prof. Francisco A.Fonseca/Dalcio De Andrade/ Manuel Vidal
Banheiro
Mas Fem
109
Lab
. Z
oo
tecn
ia e
Nu
triç
ão A
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al
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Banheiro (lixo contaminado) Auditorios e Escritórios (Lixo doméstico: papel, embalagens, copos, café, restos de alimentos, etc.) Centro de Computo (Lixo Eletrônico: Disquetts, peças, Cds, cabos, etc) Laboratórios (Lixo Químico: Vidros, pipetas, reagentes, luvas, etc) Lixeira Coleta Seletiva de Papel
130
PREDIO CCTA – SEGUNDO ANDAR:
Març. 2006
201 Setor de Entomologia Prof. Magali Hofman 202 Setor de Semioquimicos Prof. Ana M.
Matoso Viana 203-A SN 203 Laboratório ? 204 Tunel do Vento N Museo Entomologia – LPP
205 Sala de Aula N Prof. Ana Maria M. Viana / Omar E. Bailez
206 Sala de Aula 206-A Secretaria – LPP
N Almoxarifado – Laboratório de Entomologia e Fitopatologia
207 Economia Rural – LEAG 207 A/2
Prof. Thiubaut /Gilmar / Piacelli / Rogelio/ Geraldo/Newton
207-A Coord. Pós-Grad. – Produção Animal 208-A Prof. Richar Milton –LEF 208-B Prof. Claudia M. Dolinski/ Ricardo M. Souza 208-C Prof. Gilberto S. Albuquerque / José Oscar
Gomes de Lima 209 Laboratório de Engenharia Agrícola 210 Setor de Manejo Integrado de Pragas e
Doenças – LPP José Oscar Gomes de Lima / Gilberto Soares Abuquerque
211 Patologia de Insetos–LPP / Prof. Richard Ian Samuels
212 Setor de Patologia Vegetal Nematologia.
Banheiro
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N
RAMPA
Banheiro (lixo contaminado) Auditorios e Escritórios (Lixo doméstico: papel, embalagens, copos, café, restos de alimentos, etc.) Laboratórios (Lixo Químico: Vidros, pipetas, reagentes, luvas, etc) Lixeira Coleta Seletiva de Papel
131
PREDIO P4 – TERREO
Març. 2006
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Lab. De Radio-Imuno-ensaio
Cámaras
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Conferências
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Sala de Conferências
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Escadas
Banheiro (lixo contaminado) Auditorios e Escritórios (Lixo doméstico: papel, embalagens, copos, café, restos de alimentos, etc.) Laboratórios (Lixo Químico: Vidros, pipetas, reagentes, luvas, etc) Lixeira Coleta Seletiva de Papel Lixeira Coleta Seletiva de Vidros
132
PREDIO P4 – PRIMEIRO ANDAR
Març. 2006
101 Secretaria I - LSOL 102 Secretaria II - LMGV 103 Secretaria III - LFIT 104 Secretaria IV - LTA
105 Setor de Microbiologia Industrial de Alimentos – LTA
106 Setor de Controle de Qualidade de Alimentos – LTA 107 Manutenção / Acesso Restrito 108 Setor de Análise Sensorial – LTA 109-
A SN
109 Setor de Processamento de Alimentos – LTA 110 Setor de Resistência a Doenças – LMGV 111 Setor de Recursos Genéticos– LFIT 112 Setor de Cultura de Tecidos / Silvio Lopes – LFIT
113 Setor de Tecnologia de Sementes / Roberto Ferreira – LFIT
114 GAU – Area Técnica
115 Setor de Fitotecnia – LFIT / Cunha / D. Guerra / J. Geraldo
116 Setro de Fitoecnia – LSOL / Almy Carvalho/ Claudia Sales / Janie C. Adell
117 Secagem / Moagem – LFIT
118 Setor de Nutrição Mineral de Plantas – LFIT Prof. Assis
119 Setor de Plantas Medicinais – LFIT 120 Setor de Plantas Danhinas – LFIT 121 Manutenção / Acesso Restrito 122 Manutenção / Acesso Restrito 123 Laboratório Setor de Solos - LSOL 124 Setor de Solos - LSOL 125 Setor de Solos - LSOL 126 Setor de Solos - LSOL 127 Setor de Microbiologia do Solo – LSOL
Banheiro (lixo contaminado) Auditorios e Escritórios (Lixo doméstico: papel, embalagens, copos, café, restos de alimentos, etc.) Laboratórios (Lixo Químico: Vidros, pipetas, reagentes, luvas, etc) Lixeira Coleta Seletiva de Papel
Banh F M
120
118
108
101 SDR
119
113
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escada
133
PREDIO P4 – SEGUNDO ANDAR:
Març. 2006
201 Lavagem Esterilização–Area de Uso Comum LMGV/LBR/LBT
202 Area de Lavagem – LBR 203 Gabinete Chefia –LBR 204 Prof. Wilmar Dias da SIlva 205 Setor de Imunologia Humana – LBR 206 Setor de Citometria de Fluxo – LBR 207 Setro de Imunologia Humana – LBR 208 Manutenção / Acesso Restrito 209 Setor de Imunoquimica –LBR 210 Setor de Imunología Celular – LBR 211 Setor de Cultura de Células – LBR N SN
212 Setor de Microbiologia Molecular – LBT 213 Setor de Lavagem / Preparo de Amostras – LBT 213-
B Fermentação
214 Setor de Insetario Sala de Quimica – LBT 215 Manutenção / Acesso Restrito 216 Setor de Engenharia Genética – LBT 217 Setor de Fisiologia Vegetal – LMGV 218 Area de Uso Comum – LMGV / LBR / LBT 219 Sala de Radioativida - LMGV / LBR / LBT 220 Manutenção / Acesso Restrito 221 Manutenção / Acesso Restrito 222 Setor de Melhoramento Genético 223 Gabiente I / prof. Messia Gonzaga - LMGV 224 Gabiente II / prof. Angela Peire - LMGV 225 Setor de marcadores de DNA 226 Gabinete Chefia LBT 227 Setor de Citogenêtica – LMGV
228 Nucleo de Sequenciamento de DNA - LMGV / LBR / LBT
RAMPA
Banh F M
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210
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2 25
224
223
227
204
208
Banheiro (lixo contaminado) Auditorios e Escritórios (Lixo doméstico: papel, embalagens, copos, café, restos de alimentos, etc.) Laboratórios (Lixo Químico: Vidros, pipetas, reagentes, luvas, etc) Lixeira Coleta Seletiva de Papel
134
PREDIO CBB - TERREO
Març.2006
01 Sn 02 Coord. Bacharelado em Ciências Biológicas
03 Coord. Pós-Grad. Prof.Andrea C./ Veto Arnnoldt / Jorge Amaral
04 Sn 05 Central Analítica do LCA
06 Setor Interção Parasita –Celular (Material altamente Patogénito)
07 Sala de Equipamentos de Uso Geral 08 SN
09 LBCT – TEM 900 Microscopio Eletrônico de Transmissão
10 LBCT – TEM 912 Microscopio Eletrônico de Transmissão
11 LBCT – DSEM 962 Microscopio Eletrônico de Varredura
12 LBCT – Confocal Laser Scanning / Microscopê – Microscopia Confocal
13 SN 14 LBCT 15 LBCT – Setor Fotográfia 16 Area de Manutenção 17 LBCT – Animais Infetados – “NÂO ENTRE” 18 LBCT – Preparo de Amostras para Microscopia
19 Sala de Computação Científica – Suporte Operacional GSIS / DIPROF
20 SN 21 Clovis de Paula Santos / Marco Antonio Oliveira 22 Arnoldo Rocha Façanha / Fabio Lopes Olivares 23 LBCT - Sala de Fluxo Laminados 24 Sala Disciplina Coord. Renato da Matta
25
LBCT- Setor Citologia Vegetal – Prof. Fabio Lopes/ Flavio Costa/Maura da Cunha/Claudia França/ Darli Gravitol/ Beatriz Ferreira/ Rosemary Auxiiadora
26 SN 27 Diretoria – CBB 28 Diretoria – CBB
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Lab. Equip. Freezer
Dep. De Limpeza
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12
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Sala de Aula
xerox
15
16
Banheiro (lixo contaminado) S.de Aula e Escritórios (Lixo doméstico: papel, embalagens, copos, café, restos de alimentos, etc.) Laboratórios (Lixo Químico: Vidros, pipetas, reagentes, luvas, etc) Lixeira Coleta Seletiva de Papel Lixeira Coleta Seletiva de Plásticos Lixeira Coleta Seletiva de Vidros
135
PREDIO CBB – PRIMEIRO ANDAR
PREDIO CBB – SEGUNDO ANDAR:
Març.2006
101 Sala de Reuniões 102 Sala de Lavagem – Estufas 103 Sala Multidisciplinar 104 Sala de Aula 105 Sala de Aula 106 Sala de Microscopia 107 Sala de Aula 108 Herbario / Marcelo Trindade / Mauro de Ainha 109 Laboratório de Ciências Ambientais 110 COOEX – Coord. Extensão - Prof. João Almeida 111 Coord. Pós-Grad. Ecologia e Recursos Naturais 112 Secret. Licenc. Biologia
201 Toxoplasma - Prof. Lian Bahia Oliveira 202 Sala Citômetro de Fluxo 203 ? 204-A Prof.Elena Lasson / Adrea Veto / Jorge Petroski 204-B Prof.Lilian Maria Garcia de Oliveira / Valery Bozhrov 205-A Sala de Pós-Grad 205-B Prof.Thereza Liberman – Chefe Lab. LBR 206 Sala de Aula N ? 207-B Sala Chefia A. Okorokov / Secret. Juliana de Almeida 207-A Prof.Ana Orkovov / Valdirene Moreira – LFBM 208-A Prof.João Almeida / Julio Ferreir / Konstatum 208-B Sala de Equipamentos 209 Lab. De Fisiologia e Bioquimica de Microorganismos LFBM 210 Sala de Lavagem 211 Sala de Computação do CBB 212 Coord. Licenc. Ciências Biológicas a Distância
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202
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Banheiro (lixo contaminado) S.de Aula e Escritórios (Lixo doméstico: papel, embalagens, copos, café, restos de alimentos, etc.) Laboratórios (Lixo Químico: Vidros, pipetas, reagentes, luvas, etc) Lixeira Coleta Seletiva de Papel
136
PREDIO P5 – TERREO
Març.2006
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Dep. De Limpeza
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Projeto Gestão Compartilhada
do Lixo do Campus
Cozinha
Banheiro (lixo contaminado) Auditorios, Escritórios, Area de Convivencia (Lixo doméstico: papel, embalagens, copos, café, restos de alimentos, etc.) Lixeira de Coleta Seletiva de Papel
137
PREDIO P5 – PRIMEIRO ANDAR
Març.2006
101 Secretaria de Graduação e Pós-Grad. – LEPROD
102 Secretaria de Graduação e Pós-Grad. – LEPROD
103 Setor de Catalise Petroquímica – LCQUI
104 Setor de Catalise Petroquímica – LCQUI
105 Manutenção / Acesso Restrito
106 Setor de Resonância Magnética – LCQUI
107 Cromatografía –LCQUI
108 Cromatografía –LCQUI
109 Sala de Pós-Grad. – LCQUI
110 Secretaria – Gabinete Chefia –LCQUI
111 Sala de Aula –LEPROD
112 Sala de Aula –LEPROD
113 Gabinete Chefia – Biblioteca –LCMAT
114 Informática Aplicada ao Ensino LCMAT – Bilioteca Sala de Coord. Licenciatura
115 GAU – Area Técnica
116 Suporte Professores Atendimento Graduação – LCMAT
117 Gabinete Professores
118 Gabinete Professores
119 Simulação Computacional Suporte técnico – LCMAT
120 Sala de Aula Computação – LCMAT
121 Sala de Aula Computação – LCMAT
122 Manutenção / Acesso Restrito
123 Manutenção / Acesso Restrito
124 Bancada – Sala de Informática – LEPROD
125 Bancada-Sala de Informática – LEPROD
126 Sala de Pòs-Graduação - LEPROD
127 Secretaria LEPROD – Gabinete de Professores
128 Gabinete Professores – LEPROD
129 Sala de Reuniões
Banheiro (lixo contaminado) S.de Aula,Copa, Escritórios (Lixo doméstico: papel, embalagens, copos, café, restos de alimentos, etc.) Laboratórios (Lixo Químico: Vidros, pipetas, reagentes, luvas, etc) Lixeira Coleta Seletiva de Papel
Banheiro F M
121 117
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138
PREDIO P5 – SEGUNDO ANDAR
Març.2006
201 Alvaro Ramon Ovalle / Glauca T. Aragon / Adriana D. Gravitol – LCA
202 Gabinete Professor
203 Marcelo Trindade / Dora Villela / Angel P. Vitoria – LCA
204 Carlos Zende / Ilana R. Zalmon / Paulo Pedroza - LCA
205 Carlos Ruiz / Maria Cristiana / Leandro Cabello – LCA
206 Manutençaõ / Acesso Restrito 207 Sala de Etologia e Evolução – LCA 208 Ronaldo Novelli / Carlos Veiga – LCA 209 Setor Chefia – LCA 210 Setor de Preparo de Amostras II – LCA 211 Setor de Preparo de Amostras II – LCA 212 Setor de Preparo de Amostras II – LCA 213 Setor Central Analítica – LCA
214 Setor de Geoprocessamento / Setro de Microscopia
215 Manutenção/ Acesso Restrito 216 Almoxarifado – LCA 217 Sala de Reunião / Setor de Apoio LQFPP 218 Secretaria / Setor de Apoio LQFPP
219 Setor Central de Sequenciamento – LQFPP Prof. Elias W.
220 Sala de Estudo 221 Setor Central de Sequienciamento – LQFPP 222 Laboratório Geral – LQFPP 223 Laboratório Geral – LQFPP 224 Setor de Bioquimica de Planta I – LQFPP 225 Manutenção / Acesso Restrito 226 Manutenção / Acesso Restrito 227 Setor de Bioquimica de Planta II –LQFPP 228 S. Biologia Insetos / Carlos Perez Silva – LQFPP
229 S. Biologia Insetos / Carlos Jorge Logullo – LQFPP
230 S. Biologia Insetos / Marilvia – LQFPP 231 Setor de Preparao de Amostra – LCA
232 Setor de Pós-Grad. Bancada Computadores – LCA
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229 228
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210
211
208
209
Banheiro (lixo contaminado) S.de Aula,Copa, Escritórios (Lixo doméstico: papel, embalagens, copos, café, restos de alimentos, etc.) Laboratórios (Lixo Químico: Vidros, pipetas, reagentes, luvas, etc) Lixeira Coleta Seletiva de Papel
139
PREDIO CCT - TERREO
Marc. 2006
N SN
01 LCQUI – S. Química Ambiental e Analítica, S. Polímeros, S. Física, Química Orgânica
02 Análises Instrumentais
03 LCQUI – Setor de Química de Produtos Naturais Prof. Ivo José Curano Vieira/ Leda Mathias / R. Braz Filho
04 Chefe – LCQUI / Coord. Grad. / Secretaria Tania 05 LCQUI – Raimundo Braz Filho N SN
06 Fenômenos Fototêrmicos LCFIS Prof. Helion Vargas / Carlos Gatts/ Marcelo Gomes / Marcelo Sthel
07 Sala de Instrumentação e Eletrônica. Prof. José A. P. Lima/ Israel A. Esquel Luis Antonio M. Mierelles/ Sergio S. Dutra
08 Difratômetro e Espectômetro de Raio X Prof. Luiz Telmo Auler / Rosane Toledo / Ronaldo Lerner
09 Area de Manutenção 10 Prof. Helio Vargas / Secret. Isabel C.S. Pinto Benedito
11 Sala de Estudo / Computação – Pós-Grad. Ciências Naturais
12 Laboratorio – LCFIS
13 Prof. Delson Urbiratan da Silva/ Roberno Trindade Faria Junior
14 Prof. Marcelo Gomes / Marcelo Sthel 15 Prof. María P. Pessanha Castro / Roberto W. A Franco 16 N
17 Prof. Denise Ribeiro dos Santos / Acacio Castro Andrade
18 Sala de Reuniones - LCFIS 18-B SN
19 LCQUI – Analise Cromatrográfica Prof. Jan Schri Psema /Gabriel da Silva / Fernando Luna / Martha Lima / Nallace Tena
N SN 20 LCQUI – Prof. Edimilson / José Maria
Banheiro (lixo contaminado) S.de Aula e Escritórios (Lixo doméstico: papel, embalagens, copos, café, restos de alimentos, etc.) Laboratórios (Lixo Químico: Vidros, pipetas, reagentes, luvas, etc) Lixeira de Coleta Seletiva de Papel Lixeira de Coleta Seletiva de Vidro
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Dep. De Limpeza
Entrada Anexo
08
09
Assitência Executiva de Rede A.E. de Suporte ao
Usuario GRC
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N
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18
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07
02
N
01
10
Lab. De Ciências Químicas
Resonância Magnética Nuclear
140
PREDIO CCT – PRIMEIRO ANDAR
PREDIO CCT – SEGUNDO ANDAR:
Març.2006
101 Prof. Maria Canela / Cristiane Fernandez - LCQUI 102 Prof. Luis C Passoni/ Sergio Cardoso - LCQUI 103 Laboratório LCQUI – PROGER 104 Sala de Aula 105 Sala de Aula 106 Sala de Aula 107 Sala de Aula 108 Sala de Aula 109 Sala de Seminarios – LECIV 110 Laboratório de Modelagem Computacional 111 Prof. Adolfo Horn/Carlos Roberto-LCQUI
112 Prof. Gabriel da Silva/ Glauco Tostes / Ulises Guedes - LCQUI
201 Prof. Marcelo Shoey de O. Massunaga 202 Sala de Informática Graduac. Em Física –LCFIS 203 Setor Informática – LCMAT 204 Laboratório Fisica I 205 Sala de Aula 206 Sala de Aula 207 Sala de Aula 208 Sala de Aula 209 Auditorio
209-B Laboratório Física I e II – LCFIS 210 Sala de Aula 211 Prof. Marilia Paixão Linhares 212 Sala de Aula
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204
202
RAMPA
209 B
Lab. De Física II e III
Banheiro (lixo contaminado) S.de Aula e Escritórios (Lixo doméstico: papel, embalagens, copos, café, restos de alimentos, etc.) Laboratórios (Lixo Químico: Vidros, pipetas, reagentes, luvas, etc) Centrs de Computo (Lixo Eletrõnico: peças de computador, disketts, cabos, etc) Lixeira de Coleta Seletiva de Papel
141
PREDIO – OFICINAS – TERREO
Març. 2006
LAMAV 01 Fornos 02 Oficinas Mecânicas 03 Prensas – SMSD 04 Materiais Super duros –SMSD 05 Filmes Finos – SMMA 06 Oficina Metalográfica – SMF 07 Processamento de Materiais I –SMMA 08 Processamento de Materiais II – SMMA 09 Matalurgia Física –SMF 10 Ensaios Mecânicos – SMMA 11 Pós-Graduação Mestrado 12 SN 13 Pós-Graduação Doutorado 14 Polímeros I – SEPOL 15 Polímeros II – SEPOL 16 Polímeros III – SEPOL 17 Microscopia Otica 18 Oficina Area Técnica 19 Secretaria –LAMAV
LECIV 26 Cerâmicas 27 Modelos Reduzidos 28 Materiais Cimenticios 29 Prof. Luiz G. Smiderle 30 Almoxarifado 31 Materiais de Construção 32 Equipamentos para Ensaio de Campo
S.de Aula e Escritórios (Lixo doméstico: papel, embalagens, copos, café, restos de alimentos, etc.)
Banheiro (lixo contaminado)
Lixeira de Coleta Seletiva de Papel
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01
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31
32
LECIV
LAMAV LAMAV
142
PREDIO – OFICINAS– PRIMEIRO ANDAR
ESCADA
Març. 2006
LECIV 16 Sala de Seminários 106 José Nilson F. De Holanda 01 Patricia Hibibi 17 Secretaria LECIV 107 SN 02 Vânia José Karan/ Gines Artur Santos F. 18 Sala de Convivencia 108 Eduardo A. De Carvalho 03 Fernando Saboya Junior/ Sergio Tibana 19 Sala de Reuniões 109 Sala de Informática – Pós –Grad. / Graduação 04 Aldo Duran Farfan/ Paulo C. De A. María 20 Frederico Terra de Almeida 110 SEPOL 05 Sala Computação / Biblioteca Setorial 21 Jean Marie Désir 111 Ronaldo Paranhos –SMF 06 Ensaios de Caracterização/Tec. Vanuzia Dos Santos 22 Jonas Alexandre 112 Sergio Neves Monteiro SMMA 07 Setor de Geotecnia e Estruturas Ensaios Especiais 23 Dylmar Penteado Dias 113 Ana Lucia Degues – SMSD 08 Geotecnia e Estruturas Microanálises Tec. Andrés M. 24 Maria da Gloria Alves 114 Marcelo Figueira SMSD 09 Câmara Úmida 25 S. Geologia e Geoprocessamento 115 Guerolds Bobrovnitchii - SMSD 10 Geotecnia Ambiental Radiação Ultravioleta de Alta Intensidade LAMAV 11 SN 101 Ruben Rosental – SMF 12 Sala de Alunos de Pós-Graduação 102 Luis Augusto H. Terrones - SMF 13 Sala de Alunos de Pós-Graduação 103 Anatoly N. Matlaknov – SMF 14 Sala de Alunos de Pós-Graduação 104 Ruben Sanchez Rodrigues –SEPOL 15 Sala de Alunos de Pós-Graduação 105 Herval Ramos P. Junior
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PREDIO REITORIA - TERREO
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PREDIO REITORIA– PRIMEIRO ANDAR
Marc.2006
FENORTE 101 Gerencia de Planejamento Controle / Auditoria 102 Gerencia de Materiais 103 Presidencia 104 Assesoría de Comunicação 105 Núcleo de Gestão de Pessoas 106 Gerencia Financeira 107 Superintendencia 108 Diretoria de Projetos e Fomento 109 Assesoria Jurídica 110 Tecnorte –Incubadora de Empresas
111 Gerenc. Bioprodução, Meio Ambiente e Gerenc. Técnica de Informação
UENF 112 DGA / Assesoría Jurídica/ Auditoira 113 Sala de Aula 114 Sala de Aula (CCTA) 115 Sala de Aula (CCTA) 116 Ciências Eduação, Ciências Sociais (CCH) 117 Sala de Aula (CCTA) 118 Sala de Aula (CCTA) 119 Gerencia de Recursos Computacionais 120 SN
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PREDIO REITORIA – SEGUNDO ANDAR ‘
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201 Sala de Aula CBB 202 Sala de Aula CBB 203 Arquivo Corrente –FENORTE 204 Almoxarifado–Ger. de Materiais – FENORTE 205 SN 206 Sala de Aula CCT 207 Sala de Aula CCT 208 PEC-PROEX Prog. Educação Continuada 209 SINTUPERJ 210 ADUENF – Assoc. Docentes da UENF
211 SN
212 Educação Física 213 Sala de Aula CCT 214 SN 215 DGA-Direc.Geral Compras- Gerenc. Finanzas 216 Pro-Reitoria de Graduação 217 DGA–G. Recursos Humanos-G. Importações 218 Sala de Aula CCH 219 SN – Escritorio 220 Sala de Aula CCH 221 Sala de Aula CCH 222 Sala de Aula CBB 223 Sala de Aula CBB
PROPPG Pro-Reitoría de Pesquisa e Pós-Graduação PROEX Pro-Reitoría Extensão– Setor Apoio Academico
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PREDIO CCH - TERREO
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PREDIO CCH – PRIMEIRO ANDAR
Març.2006
101 TV-UENF 102 Sala Pós-Grad. Congnição e Linguagem 103 Sala Mestrandos Politicas Sociais Lab Lab. Excusivo Graduação CCH CACISO Centro Academico de Ciências Sociais
104 Prof. Silvia B. Joffily Prof. Frederico Schwerin Secco
105 Lab. Congnição e Linguagem 106 LESCE- Lab. Estudo Sociedade Civil e do Estado 107 SN 108 LESCE - Lab. Estudo Sociedade Civil e do Estado 109-B Prog. Pós-Grad. Congnição e Linguagem 109 Prog. Pós-Grad. Políticas Sociais 110 Area Livre (estava o Banco ITAU)
111 Lab. Congnição e Linguagem (Prof. Arlete, Paula, Pedro, Dario)
112 LEEA – (Prof. Teresa Peixoto, Marcelo Santos) 113 Lab. Congnição e Linguagem (Prof. Julio Esteves) 114 Direção e Secretaria do CCH 115 Prof. Simone Texeira 116 LEEA – Prof. Marcos Pedroswski 117 LEEA – Prof. Adelia Miglievich 118 GRC – Gerencia de Recursos Computacionais
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S.de Aula e Escritórios (Lixo doméstico: papel, embalagens, copos, café, restos de alimentos, etc.)
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PREDIO CCH – SEGUNDO ANDAR
Març.2006
201 Núcleo de Estudo Oral da UENF 202 Lab. Estudos Educação e Linguagem 203 SN 204 LEEL- (Prof. Lilian, Sonia, Yolanda) 205 LEEA – SEUR (Prof. Ailton Mota Carvalho) 206 Sala de Aula 207 Sala de Aula 208 Sala de Aula 209 Sala de Conferências 210-B Pós-Grad. Congnição e Linguagem 210 Pós-Grad. Ciências Políticas BIBLIOTECA CCH
BIBLIOTECA CCH
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Chefe Biblioteca
ESCADA
S.de Aula e Escritórios (Lixo doméstico: papel, embalagens, copos, café, restos de alimentos, etc.)
Banheiro (lixo contaminado)
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