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FACULDADE DE ECONOMIA E FINANÇAS IBMEC PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO E ECONOMIA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM ECONOMIA Aplicação de Teoria dos Jogos na difusão de Inovações na Indústria Siderúrgica Humberto Rodriguez dos Santos ORIENTADOR: Prof. Dr. Rodrigo Novinski Rio de Janeiro, 29 de agosto de 2013.

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FACULDADE DE ECONOMIA E FINANÇAS IBMEC

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM

ADMINISTRAÇÃO E ECONOMIA

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

PROFISSIONALIZANTE EM ECONOMIA

Aplicação de Teoria dos Jogos na difusão de Inovações na Indústria

Siderúrgica

Humberto Rodriguez dos Santos

ORIENTADOR: Prof. Dr. Rodrigo Novinski

Rio de Janeiro, 29 de agosto de 2013.

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“APLICAÇÃO DE TEORIA DOS JOGOS NA DIFUSÃO DE INOVAÇÕES NA

INDÚSTRIA SIDERÚRGICA”

HUMBERTO RODRIGUEZ DOS SANTOS

Dissertação apresentada ao curso de

Mestrado Profissionalizante em Economia

como requisito parcial para obtenção do

Grau de Mestre em Economia.

Área de Concentração: Economia

ORIENTADOR: PROF. DR. RODRIGO NOVINSKI

Rio de Janeiro, 29 de agosto de 2013.

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S237

Santos, Humberto Rodriguez dos.

Aplicação de Teoria dos Jogos na difusão de Inovações na

Indústria Siderúrgica / Humberto Rodriguez dos Santos. - Rio

de Janeiro: [s.n.], 2013.

46 f. : il.

Monografia de Graduação em Economia do Ibmec

Orientador (a): Dr. Rodrigo Novinski.

1. Teoria dos jogos. 2. Siderurgia. 3. Difusão de Tecnologia.

4. Inovação I. Título.

CDD 330.12

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho à minha esposa Sandra Cristina que me apoiou em todos os

momentos, aos meus pais: Adolfo Rodriguez e Esperanza Rodriguez que me ensinaram

desde cedo valores como integridade, ética e honestidade, e aos meus filhos Henrique dos

Santos Rodriguez e Heitor dos Santos Rodriguez, os quais, procuro através do exemplo

torná-los cidadãos responsáveis, íntegros e preparados para assumir seu lugar na sociedade.

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AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer primeiro a Deus, por ter-me dado oportunidade e determinação

suficiente para levar a cabo este projeto. Gostaria de agradecer aos funcionários do Ibmec,

que sempre me ajudaram em minhas necessidades, a todo o corpo docente, especialmente

ao Prof. Fernando Nascimento, ao Prof. Sergei Vieira, ao Prof. Jose Valentim, ao Prof.

Claudio Barbedo, ao Prof. Luis Alberto, ao Prof. Christiano Arrigoni e um agradecimento

especial ao Prof. Rodrigo Novinski, meu orientador neste trabalho.

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RESUMO

Este trabalho avalia as estratégias de absorção de tecnologia aplicando a Teoria dos Jogos.

O desenvolvimento do tema se inicia com a discussão da relevância da Inovação

Tecnológica no desenvolvimento econômico. Posteriormente efetua-se uma breve análise

das tecnologias de materiais para indústria automobilística, e em seguida propõe uma

modelagem da tomada de decisões no setor siderúrgico do Brasil . As opções de absorção

de tecnologia são apresentadas com os respectivos payoffs e o equilíbrio de Nash é

calculado.

Palavras Chave: Teoria dos Jogos, Siderurgia, Difusão de Tecnologia, Inovação.

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ABSTRACT

This Dissertation analyses the Strategic of Technology Absorption applying The Games

Theory. The development of the theme begins with the discussion of Technologic

Innovation relevance in the Economic Development. After that, we realize a brief analysis

of the technology of materials to the automotive industry, and later we propose one

decision-making model of Brazilian Steel Mill. The options of Absorption Technology are

presented with the respective payoff and the Nash equilibrium is calculated.

Key Words: Games Theory, Steel Mill, Technology Diffusion, Innovation.

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Produção de automóveis por país .......................................................................... 11

Gráfico 2 – População X Automóveis/1000 habitantes ............................................................ 12

Gráfico3 – Produção de automóveis 1966 - 2011 .................................................................... 13

Gráfico 4 – Demanda inversa de automóveis - Brasil .............................................................. 17

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Comparativo de preço entre alumínio e aço ............................................................. 8

Tabela 2 – Estimação de Demanda de Automóveis – periodo 2000 a 2012 ............................ 16

Tabela 3 – Dados para construção da Curva de Demanda Inversa .......................................... 17

Tabela 4 – Simulação da Curva de Demanda Inversa .............................................................. 18

Tabela 5 – Estimativa de crescimento de consumo de aços especiais...................................... 19

Tabela 6 – Custo de Produção e Preço de Venda de aço .......................................................... 23

Tabela 7 – Matriz de Payoffs .................................................................................................... 30

Tabela 8 – Matriz de Payoffs – simulaçao para o ano 2000 ..................................................... 32

Tabela 9 – Matriz de Payoffs – simulação para o ano 2018 - modificado .............................. 33

Tabela 10 – Matriz de Payoffs – simulação com 10% aumento de preço do aço .................... 33

Tabela 11 – Dados de demanda interna de automóveis............................................................ 40

Tabela 12 – Regressão por OLS e por Dois estágios ............................................................... 41

Tabela 13 – Teste de Instrumentos – regressão com resíduos .................................................. 41

Tabela 14 – Teste de instrumentos – Resíduo como variável depentende ............................... 42

Tabela 15 – Teste Qui-quadrado .............................................................................................. 42

Tabela 16 – Teste de Hausman – PIB_PC como variável dependente ..................................... 43

Tabela 17 – Teste de Hausman – outras variáveis dependentes ............................................... 43

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Tabela 18 – Comparativo de preço EUA X Brasil ................................................................... 44

Tabela 19 – Preço de automóveis nos EUA com fator de desconto ......................................... 45

Tabela 20 – Estimativa de custo médio de fabricação de automóveis no Brasil ...................... 46

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LISTA DE FIGURAS

Figura1 – Árvore de Jogos – Estratégias .................................................................................. 21

Figura2 – Árvore de Jogos – Payoffs........................................................................................ 29

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LISTA DE ABREVIATURAS

ANFAVEA – Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores

OICA – Organização Internacional de Construtores de Automóveis

WEF – World Economic Forum

BCB – Banco Central do Brasil

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

TRIP – Transformation Induced Plasticity – aço de alta resistência

OLS – Ordinary Least Squares

OECD – Organization for Economic Co-operation and Development

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 1

1.1 Motivação .................................................................................................................................................. 1

2 INOVAÇÃO E TECNOLOGIA ................................................................................. 3

3 AÇOS AUTOMOBILÍSTICOS .................................................................................. 8

3.1 Evolução dos aços automobilísticos .................................................................................................... 8

3.2 Mercado Automobilístico ...................................................................................................................... 9

3.3 Projeção de Demanda de automóveis ................................................................................................ 13

3.4 Estimativa de consumo de aço ............................................................................................................ 19

3.4 Custo de Produção ................................................................................................................................. 20

4 JOGO DA DIFUSSÃO DE TECNOLOGIA ............................................................. 21

4.1 Determinação das Estratégias e dos Payoffs.................................................................................... 24

4.1.1 Determinação do Payoff do Licenciamento por Taxa Fixa ....................................................... 24

4.1.2 Determinação do Payoff da Joint Venture .................................................................................... 25

4.1.3 Determinação do Payoff do Pagamento de Royalty .................................................................... 26

4.1.4 Determinação do Payoff do Cluster ................................................................................................ 28

4.1.5 Análise das Estratégias ...................................................................................................................... 29

4.1.6 Análise de Sensibilidade dos Payoffs ............................................................................................. 31

5 CONCLUSÃO ............................................................................................................................... 35

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 37

ANEXO 1–DEMANDA INTERNA DE AUTOMÓVEIS - DADOS ....................................... 39

ANEXO 2 – REGRESSÃO AUTOPROD - TESTES ............................................................. 41

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ANEXO 3 – ESTIMATIVA DE CUSTOS DE PRODUÇÃO DE AUTOMOVEIS ............ 44

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1 INTRODUÇÃO

1.1 Motivação

Neste trabalho nos propusemos a aplicar a Teoria dos Jogos, para avaliar a interação entre duas

empresas do setor siderúrgico na difusão de tecnologia. A questão é muito atual em um momento onde a

eficiência dos meios de produção e a regulamentação governamental são de vital importância para a

melhoria da competitividade das empresas e para o incremento do ritmo do desenvolvimento

tecnológico. O Brasil, com raras exceções, não se destaca pelo desenvolvimento de tecnologia e

capacidade de inovação, se tornando um grande exportador de produtos agrícolas e matérias primas –

comodities.

O estudo abordará especificamente o setor siderúrgico voltado à indústria automobilística.

Inicialmente baseada em empresas estatais e que foram criadas para suprir a demanda de aço da

construção civil e da indústria automobilística, a siderurgia brasileira vem sendo bastante demandada

por montadoras de veículos e governos, no sentido de produzir aços mais leves (com menor consumo de

combustível) e mais resistentes (segurança). Após a privatização do setor siderúrgico, grande parte das

siderúrgicas brasileiras passou a pertencer a grupos siderúrgicos estrangeiros e com acesso a tecnologias

desenvolvidas no exterior. Outras, porém enfrentam o desafio de acompanhar o desenvolvimento do

aço, lançando mão de diversas estratégias: aquisição de tecnologia, formação de joint ventures,

licenciamento de tecnologias e desenvolvimento de tecnologia por conta própria ou através da criação

de estruturas de clusters. Neste trabalho, discutiremos brevemente os aspectos que são relevantes para a

criação e difusão de tecnologia, em seguida definiremos o modelo de tomada de decisão, de modo a

justificar o investimento.

Apresentaremos alguns dados comparativos de países com características semelhantes e outras mais

avançadas que o Brasil. Para estimar o potencial de consumo per capita de carros nacional, há a

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necessidade de definir como ele se comporta e como modelá-lo. Estudos econométricos baseados no

mercado brasileiro, realizados pela FIEP, apresentaram um modelo bastante interessante, que tomamos

como base.

A partir daí, modelamos as possíveis decisões de duas siderúrgicas como um jogo não cooperativo.

Para a aplicação de Teoria dos Jogos é crucial a questão crucial da definição do payoff de cada opção,

pois toda a decisão se dará sobre essas informações. Discutiremos então como se dá o processo de

difusão de tecnologia através da determinação do equilíbrio de Nash deste jogo

Este trabalho está estruturado da seguinte forma: no Capítulo 2 discutiremos o conceito de inovação

e algumas possíveis formas de difusão. No Capítulo 3 apresentaremos informações referentes aos aços e

do mercado automobilístico. No Capítulo 4 aplicaremos os conceitos e informações discutidas nos

capítulos anteriores para determinação do payoff de cada estratégia de difusão de tecnologia. No

Capítulo 5 apresentamos a conclusão, abordando algumas restrições do estudo e sugestões para

trabalhos posteriores. São apresentados ainda três anexos que contém detalhes de informações utilizadas

no desenvolvimento deste trabalho.

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2 INOVAÇÃO TECNOLOGICA

“Uma inovação é uma ideia, uma prática ou um objeto percebido como novo por um

individuo ou outras unidades de adoção”Roger, Everett M. (Diffusion of Innovations, 5ª edição,

2003, pag 5-6).

Há a ideia de que a inovação surge espontaneamente, mas o fato é que ela surge de diversas

maneiras: através de necessidades de clientes, de melhoria de processos/produtos existentes ou através

de pesquisa sistemática.

Independente do gerador da inovação, ela impacta em redução de custo de produção, melhoria na

qualidade do produto, redução no consumo de matérias primas e recursos naturais ou redução de

impactos ambientais da atividade econômica. Como consequência desses impactos tem-se a melhoria da

competitividade do negócio.

Fagenberg (2003) complementa que deve haver uma distinção entre invenção e inovação: a

primeira é quando se tem a primeira ideia de uma mudança de processos, a segunda é quando a ideia é

comercializada.

David, J Teece (2004) escreveu que na nova economia, a vantagem competitiva sustentável das

empresas de negócios advém da criação, propriedade, proteção e uso de ativos de conhecimento,

comerciais, industriais, difíceis de imitar. Tais ativos incluem know-how tácito e codificado, tanto

técnico como organizacional, sejam ou não protegidos pelos instrumentos de propriedade intelectual,

tais como segredos comerciais, copyright e patentes. A vantagem competitiva oferecida por esses ativos

pode ser sustentável na medida em que ela é transferível e utilizável no interior da empresa, mas difícil

de ser acessada e/ou recriada por outsiders.

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Santacreu(2006) propôs um modelo que confirma que a taxa de crescimento é explicada pela

habilidade de criar novos produtos e a habilidade de adoção de tecnologias estrangeiras, estudando

países da OECD, sendo a Irlanda o destaque desse estudo. O estudo demonstra que 81% do crescimento

da Irlanda nesse período é explicado por inovações oriundas de outros países.

Segundo a OECD, a Inovação é um resultado de interações complexas entre vários atores e

instituições. Mudanças tecnológicas não ocorrem de forma perfeitamente linear, mas através de loops

realimentados por um sistema, onde as firmas estão localizadas, a maneira como organizam a produção

e inovação e os canais pelos quais o conhecimento ganha acesso ao conhecimento externo. A fonte

desse conhecimento pode ser: outras firmas, instituições de pesquisa pública ou privada, universidades.

A firma inovadora pode ser vista operando junto a uma complexa rede de fornecedores e clientes

(clusters), competindo com outras firmas ou cooperando com elas e os pré- requisitos para existência da

inovação são:

-Capacidade Social – Abramovitz (1986) ; É a capacidade de um país alcançar o desenvolvimento

melhorando a educação e a infra-estrutura de negócios. Estes dois aspectos permitem um incremento na

competência técnica, desenvolvimento de gestão em empreendimentos em larga escala, ético, um

ambiente governamental mais transparente e honesto.

-Capacidade de absorção – Cohen e Levinthal (1990): Trata-se da capacidade de absorver

conhecimento. Relaciona-se com pessoas treinadas, com capacidade de absorver a tecnologia, capital

financeiro disponível e com a habilidade da uma firma reconhecer o valor de uma tecnologia nova e

aplicá-la comercialmente.

-Sistema de Inovação – Lundval (1992) - Nelson (1993): Definido como todos os elementos

relacionados que interagem com a criação, difusão e produção de uma região delimitada por fronteiras.

Ele contém todos os ingredientes necessários para o desenvolvimento da inovação.

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Estudando as interações entre as empresas e a difusão de tecnologia, Kamien(1992) destaca que

uma inovação devidamente protegida por uma patente torna-se uma fonte de receita extra para a

empresa inovadora. Essas receitas ocorrem na forma de taxas que podem ser do tipo royalty baseado em

produção ou unidades produzidas ou taxas que podem ser independentes do montante produzido ou uma

combinação das duas.

Desse modo, tem-se como complemento fundamental das inovações tecnológicas, a difusão e a

absorção dessa tecnologia. Consideraremos que difusão ocorrerá nas seguintes formas:

a) Através de joint venture: uma nova empresa é criada entre parceiros, e há a transferência de

tecnologia para esta nova empresa, proveniente do sócio que detém essa tecnologia e que, em

contrapartida, obtém acesso a um mercado ou redução de riscos ou ainda fonte de capital que viabilize

esse novo investimento.

b) Licenciando por uma taxa fixa: A empresa que detém a tecnologia, geralmente patenteada,

cobra uma taxa para que esta tecnologia seja disponibilizada e transferida. Isso geralmente ocorre via

assistência técnica. Alguns acordos podem fazer parte dessa transferência, como o compromisso de

atuar somente em alguns mercados, ou produzir quantidades definidas, ou fabricar modelos específicos.

De toda sorte, há um acordo de transferência de tecnologia com regras bem definidas.

c) Desenvolvendo através de spin off (clusters): É criada uma associação, que pode resultar em

uma nova empresa ou não, com objetivo de juntar competências originalmente em empresas diferentes

com o intuito de desenvolver um novo processo ou mesmo replicar uma tecnologia.

d) Pagamento de royalty: A empresa detentora de tecnologia cede know how em troca do

pagamento de uma taxa que geralmente é um percentual da receita obtida com a venda do produto.

Há uma diferença entre as opções de transferência de tecnologia que deve ser mencionada. O

cluster pressupõe a criação de tecnologia, ao contrário das outras opções onde há apenas a transferência

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de tecnologia, e pressupõe alguma capacidade tecnológica existente para esse desenvolvimento. Esta é a

opção que está associada ao maior grau de incerteza, dada a necessidade de criação de procedimentos,

processos e equipamentos para se desenvolver essa tecnologia. Outro fator que deve ser considerado é o

tempo que todo este desenvolvimento leva. Deve-se ressaltar que o resultado do esforço de

desenvolvimento de uma tecnologia própria não é linear, isto é, uma tentativa que não deu certo para

uma finalidade pode ser uma inovação para outra aplicação.

O aço plano é o material que dá a conformação final do automóvel e também o responsável por sua

estrutura, trata-se então de um material fundamental, e por isso um grande esforço de desenvolvimento

das características do aço é demandado com o objetivo de tornar o aço mais resistente e ao mesmo

tempo permitir grande conformação. Uma vez definida uma tecnologia inovadora de produção de aço,

os demais fabricantes de aço tentam replicar esse material, porém tendo de desenvolver seu próprio

processo de fabricação uma vez que a inovação está protegida por patente. Por outro lado, não interessa

à indústria automotiva a existência de um único fornecedor que detenha determinada tecnologia de aço.

As próprias montadoras estimulam esse desenvolvimento de modo que elas não fiquem refém de um

pequeno grupo de fornecedores.

Falando em termos globais, nos principais países produtores de automóveis existem siderúrgicas

que trabalham em conjunto com essas montadoras, com objetivo de mútuo benefício. O aço utilizado na

produção deve atender às necessidades das especificações, estar disponível em quantidade e em

qualidade, de modo que tenha a menor variabilidade possível. Essa estabilidade na qualidade exige

grande domínio operacional por conta da siderúrgica. Por essa razão, normalmente a siderúrgica

parceira atua junto com a montadora desde o início do projeto, muitas vezes desenvolvendo

características específicas para determinada aplicação. Para isso ser possível, contratos de longa duração

são assinados entre as montadoras e as siderúrgicas. Tal configuração é verificada na Alemanha com

Audi, Volkswagen, Mercedes, e a Thyssen Krupp, uma das melhores fabricantes de aço do mundo, ou

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mesmo no Japão, com Toyota, Nissan, Honda, Mitsubishi e siderúrgicas como a Nippon Steel e a NKK.

Na Coréia temos a KIA e a Hyundai, fabricante de automóveis e a Posco, uma das 10 maiores

siderúrgicas do mundo.

Na Alemanha, a Thyssen se beneficia da estrutura de clusters com empresas como a SMS. Neste

caso, a nova tecnologia é desenvolvida pela siderúrgica e sua estrutura de clusters e essa tecnologia é

ofertada para a montadora, que desenvolve uma nova aplicação com vantagens para o seu produto. Para

a empresa que vende a tecnologia, existe a vantagem de ter saído antes, e com isso, acabar por

determinar a tendência, ao invés de ser surpreendido por outro competidor com tecnologia melhor, e

nesse caso ter de acompanhar.

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3 AÇOS AUTOMOBILÍSTICOS

3.1 Evolução dos Aços automobilísticos

A partir dos anos 90, uma nova geração de aços começou a surgir no mercado automobilístico: os

aços IF (interstitial free) e BH (bake hardening). Estes aços possuíam características superiores aos aços

de estampagens utilizados até então: era possível fazer um aço mais resistente, mais conformável e de

menor espessura do que os aços utilizados até então. Na sequência desse desenvolvimento, vieram os

aços mais modernos: o DP – Dual Phase e o TRIP – Transformation Induced Plasticity – estes porém,

dedicados a peças estruturais.

De acordo com um trabalho do Steel Market Development, publicado em 2012, assume-se que 10%

de redução de peso em um automóvel implica em redução entre 2% e 3% de consumo de combustível, e

caso se faça um redimensionamento do conjunto motriz esta economia pode chegar até 8%. Ações

regulatórias do governo americano impuseram metas de redução de economia de combustível aos

fabricantes de automóveis, incluindo utilitários. O alumínio também pode ser utilizado para construção

de automóveis, geralmente em automóveis premiun, mas além de ser mais caro também tem um

processo de conformação mais complexo. Na Tabela 01 tem-se o preço por quilograma de aços

especiais comumente utilizados em indústria automotiva na parte estrutural em comparação com preço

do alumínio.

Material Preço

Alumínio US $ 3,33 / kg

Aço TRIP US $ 1,50 / kg

Aço DP 600 US $ 1,00 / kg

Aço BH 210 US $ 0,80 / kg

Tabela 01 – Comparação de preços entre Alumínio e três graus de aço

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A produção desses aços é mais complexa do que a do aço para construção, pois há características

que são relevantes, tais como resistência e capacidade de conformação, que em princípio são

antagônicas. Para obter essas características, é necessário que a composição química do aço seja a

adequada, com grau muito baixo de impurezas e um grande controle operacional para atendimento das

estreitas faixas de especificação de composição química. Dessa forma, podemos dizer que quanto mais

sofisticado o aço, maior sua dificuldade de fabricação. Com relação à composição química, este é um

aspecto mais fácil de copiar: basta adquirir um automóvel com o aço em questão e se fazer análises

laboratoriais para se obter a composição química. Também se é possível verificar qual a estrutura

cristalina do aço a ser copiado. A questão, porém, é sair da composição química e chegar-se na estrutura

cristalina do aço, pois não há um único caminho para tal. Não se pode definir o processo de fabricação,

seus controles e sua tecnologia baseado na composição química e na estrutura cristalina nem definir os

equipamentos utilizados, quando os aços são sofisticados. O acesso a essa tecnologia é fundamental para

a siderúrgica acompanhar o desenvolvimento dos aços automotivos.

3.2 Mercado Automobilístico

A indústria automobilística possui uma grande relevância na economia do Brasil. Segundo dados do

IBGE, em 2011 as montadoras de veículos eram responsáveis por 9,18% do PIB. Se levarmos em

consideração toda a cadeia produtiva esse percentual sobe para 18,2%. Além disso, ao acompanhar a

tendência tecnológica internacional, a indústria automobilística é um importante vetor de difusão de

tecnologia, primeiramente para sua cadeia produtiva e posteriormente para outros setores da indústria.

A relevância da indústria automotiva, para a siderurgia é ainda maior do que para a economia do

Brasil: de acordo com artigo publicado em O Estado de São Paulo em 06/05/2013: “A indústria

automobilística cresce 45,6% no PIB em 11 anos” aproximadamente 45% da produção total das

indústrias siderúrgicas tem como destino a indústria automobilística. Para a fabricação de aços

automobilísticos, toda uma série de procedimentos específicos é necessária, assim como linhas de

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produção especialmente desenvolvidas para este fim. Esse fato cria um grande vínculo com a indústria

automobilística em uma relação de dependência mútua. Os contratos firmados entre as duas empresas

são de longo prazo, onde ambas trabalham em cooperação e em sintonia. Efetivamente, a produção da

indústria automobilística determina a produção deste setor da siderurgia. Consideraremos duas

indústrias automobilísticas competindo e determinando suas quantidades ótimas de produção de

automóveis via Duopólio de Cournot. Cada indústria automobilística está associada a uma indústria

siderúrgica, que por sua vez, fornecerá aço somente para uma das indústrias automobilísticas. Dessa

forma, o consumo de aço será proporcional à produção de automóveis de cada indústria automobilística.

Após a abertura do mercado automobilístico, iniciou-se um grande ajuste da indústria nacional,

dado a obsolescência dos produtos brasileiros na época. Além da introdução da eletrônica embarcada, o

estilo e o consumo de combustível introduziram alterações nos aços utilizados. Nesse período, o Brasil

se tornou exportador de automóveis novamente, principalmente devido à conjuntura favorável e a vinda

de modelos compactos atualizados para ser fabricado no Brasil. As alterações mais marcantes se deram

por volta dos anos 2000 quando três plantas dedicadas à produção de aço revestido automobilístico

entraram em operação. Aços mais sofisticados como o IF (Interstitial Free) e BH (Bake Hardening)

passaram a ser difundidos nos automóveis produzidos no Brasil. Mas como a evolução é contínua, aços

mais sofisticados já estão disponíveis e sendo utilizados em automóveis mais sofisticados e a tendência

é que migrem para os demais automóveis nos próximos anos. Há tendência de utilização de aços de alta

resistência (aços TRIP) em peças internas visando redução de massa e segurança veicular.

Para termos uma melhor dimensão das oportunidades nesse mercado, efetuaremos um breve

comparativo do mercado brasileiro com os mercados de alguns países.

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11

Os países escolhidos possuem alguma semelhança com o nosso mercado, seja pelo tamanho, pelo

nível de desenvolvimento econômico ou mesmo por já terem passado pelo nível de desenvolvimento

atual de nossa economia.

Gráf. 01– Produção de automóveis por país- Fonte OICA

No Gráfico 01 percebemos um crescimento contínuo no volume de produção no Brasil. O caso do

México é semelhante, embora este país tenha sido mais afetado pela crise do subprime. A Espanha

mantinha-se em um patamar elevado até meados de 2006 quando houve um boom de produção, para

após a crise do subprime, haver uma forte retração e estabilização em um patamar de produção mais

baixo. Neste gráfico destacam-se Brasil e México: duas economias em desenvolvimento. Em um

primeiro instante o Brasil acusa uma inflexão maior na curva de produção para, a partir de 2010 haver

uma relativa estabilidade, enquanto que o México demonstra a partir de 2010 uma maior vitalidade na

produção de automóveis. A questão é que os números tratados no gráfico são de produção absoluta, não

levando em conta o nível de renda, nem a quantidade de habitantes de cada país. Para explorarmos um

pouco essa informação, avaliaremos o número de habitantes em relação à quantidade de automóveis

produzidos.

0

500000

1000000

1500000

2000000

2500000

3000000

3500000

4000000

4500000

Australia Brasil Canada Italia Mexico Espanha

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12

.

Gráfico 02– População X automóvel por 1000 habitantes. Fonte Banco Mundial

No Gráfico 02 podemos observar a evolução do consumo de automóveis em comparação com a

população de quatro países. Estes países vivem em condições sócio-econômicas e geográficas bastante

distintas, mas podemos perceber que em países mais desenvolvidos como EUA e Espanha, há um

patamar, onde a quantidade de automóveis /1000 habitantes se estabilizou. Para o México e o Brasil

percebe-se um incremento de automóveis/1000 habitantes concomitante com o crescimento

populacional.

0

200

400

600

800

160165170175180185190195200205

Milh

õe

s

população auto/1000hab

Brasil

0

200

400

600

800

1000

260

270

280

290

300

310

Milh

õe

s

população auto/1000hab

Estados Unidos

0

200

400

600

800

39,8

40

40,2

40,4

40,6M

ilhõ

es

população auto/1000hab

Espanha

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13

3.3 Projeção de Demanda de automóveis

Uma das questões fundamentais para a decisão por investir em aumento de capacidade de produção

é a perspectiva de crescimento de mercado. A demanda de automóveis é derivada de duas situações

distintas: o consumo devido a novos consumidores e o consumo devido à reposição de veículos. Ambos

são derivados de condições econômicas da população, mas o mercado potencial do país é que

determinará o aumento de produção de automóveis. Uma vez que existam condições institucionais

estáveis e confiáveis, o exercício da estimação do comportamento esperado do mercado é fundamental

para a decisão de investir ou não, devido ao prazo de maturação dos projetos e ao tempo de retorno do

investimento. No Gráfico 03, pode ser verificado como se deu esse crescimento nos últimos 50 anos.

Gráfico 03– Demanda de veículos 1966 – 2011 fonte Anfavea

No Gráfico 03 percebemos três fases distintas: até 1980, havia um crescimento constante da

demanda de veículos. A partir da década de 80 até a década de 90, houve uma estagnação na quantidade

de veículos comercializados. A partir do início da década de 90, percebe-se claramente uma retomada

no aumento de demanda de veículos, ainda que tenha ocorrido uma retração por volta de 1998/1999.

0

500,000

1,000,000

1,500,000

2,000,000

2,500,000

3,000,000

3,500,000

4,000,000

1960 1970 1980 1990 2000 2010 2020

Demanda de veículos - Brasil

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14

Esses ciclos são coincidentes com os ciclos econômicos do Brasil recente. No Anexo 1 há a tabela

completa de dados, incluindo exportação e importação de veículos.

Dargay et al (2007) desenvolveu um método de previsão considerando as variáveis de renda per

capita, crescimento de população e densidade demográfica de cada país. Nesse modelo busca-se a

quantidade de saturação de veículos por 1000 habitantes, ou seja, o nível de saturação do mercado. Para

o Brasil foi estimado em 831 automóveis /1000 habitantes, embutindo uma taxa de crescimento anual do

número de veículos da ordem de 4,1%. Por esse modelo, estaríamos no momento em um patamar de

aproximadamente 200 automóveis/1000 habitantes, que é o que realmente estamos. Com base neste

estudo, adotaremos o crescimento de 4,1% para projeção da produção de automóveis. Ainda como uma

projeção baseada neste número, temos uma previsão de produção de 41 milhões de automóveis no

período de 2014 a 2024, o que significa a existência de um mercado potencial promissor. Este modelo

porém, não captura alguns pontos importantes, para nós, como a oferta de financiamento, taxa de juros,

ou mesmo preço dos veículos.

Um estudo mais recente efetuado em 2011 pela FIEP – Federação da Indústria do Estado do Paraná,

utilizou dados do Brasil, relacionando a venda de veículos com o salário mínimo real, variação de preço

dos carros novos, a taxa de juros dos financiamentos de automóveis, o volume de crédito para

financiamento de veículos, o volume total de crédito e a relação crédito/PIB. Neste estudo, os autores

constataram uma relação entre a demanda de carros novos e o preço do carro novo, a taxa de juros dos

financiamentos utilizados e o volume de crédito utilizado em operações com recursos livres.

Com base nesse estudo, efetuamos uma regressão, com o intuito de utilizarmos estes dados para a

construção da Curva de Demanda Inversa.

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15

A equação da regressão considerada é:

(Eq 01)

Onde:

AUTOPROD é a série de dados correspondentes ao número de veículos comercializados – série

mensal extraída do Anuário 2012 da ANFAVEA.

PIB_PC é a série anual de dados referentes ao PIB per capita em dólares – extraído das séries

históricas do IBGE;

PRICEDOL é o preço médio dos automóveis comercializados – série mensal composta pelo autor

com dados extraídos da ANFAVEA. Foram considerados todos os automóveis comercializados no

Brasil no período considerado. Com os volumes de comercialização e o faturamento em dólar das

montadoras foi determinado o valor médio em dólar dos automóveis.

SALMED é a série de dados mensal referentes ao salário médio dos trabalhadores brasileiros –

extraída das séries históricas do IBGE.

VOL_MOEDA é a série de dados mensal referente ao volume de moeda em poder da população –

extraída das séries históricas do Bacen.

JUROS é a série de dados mensal correspondentes aos juros praticados para financiamento de

veículos – extraída das séries históricas do Bacen.

Na Tabela 02 mostramos o resultado da estimação pelo Eviews utilizando OLS. Podemos observar

que quando o preço do automóvel aumenta, há uma contribuição negativa com o aumento da demanda,

e os salários contribuem positivamente no aumento de demanda.

C + β1*PIB_PC + β2*PRICEDOL + β3SALMED + β4*VOL_MOEDA + β5*JUROS

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16

Tabela 02–Estimação de Demanda de Automóveis – com dados de: 2000 a 2012

Um ponto relevante que deve ser mencionado nesta estimação é a questão da endogenidade dos

regressores. Neste caso a variável explicativa e a dependente podem estar sujeitas à mesma influência.

Na literatura consultada sobre o assunto, havia algumas opções: assegurar que o modelo OLS era

adequado, efetuar estimação por dois estágios, ou por três estágios. Efetuamos a estimação por dois

estágios e efetuamos o teste de Hausman para verificar se a utilização do OLS era adequada. Na

regressão de dois estágios, obtivemos valores aproximados da estimação por OLS, o que foi avaliado

como adequado pelo teste Hausman. No Anexo2, disponibilizamos os testes que nos levaram a

considerar a regressão adequada para o desenvolvimento deste trabalho.

Um investimento em uma nova planta de produção tem um prazo de maturação de 3 a 4 anos.

Considerando que a decisão do investimento está sendo realizada neste ano de 2013, é razoável supor

que a nova linha de produção esteja iniciando sua produção em 2017. Por esta razão, tomamos como

base o cenário de 2018 para efetuarmos os cálculos e análises dos payoffs. Para tal, tornou-se necessária

uma projeção para o ano 2018, que pode ser vista na Tabela 03. Para PIB per capita, consideramos um

incremento linear de 2% ( contra 6,2% dos últimos dois anos), para o salário médio, consideramos 3,5%

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17

(contra um ritmo de aproximadamente 8% nos dois últimos anos) e 7% de expansão de moeda em

circulação (contra uma média de 9,3% nos últimos três anos) e para o crescimento de veículos adotamos

4,1%, conforme previsto no modelo de Dargay. Entendemos ser incrementos com imprecisão, porém

conservativos. Demais valores foram considerados sem alteração.

Tabela 03– Valores para construção de gráfico de demanda Inversa

Podemos construir a curva de demanda inversa, conforme Gráfico 04:

Gráfico 04– Demanda inversa mercado automotivo.

Para verificarmos avaliarmos a acuracidade do Gráfico 04, fizemos algumas comparações com

dados atuais, mais precisamente os anos 2000, 2006 e 2012. Esta comparação pode ser vista na Tabela

4.

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18

Nessa Tabela 04, temos na primeira coluna, os regressores considerados no modelo da Equação 01.

Na segunda coluna temos os coeficientes determinados no Eviews, assim como o intercepto definido nas

regressões. Nas colunas dos anos 2000, 2006 e 2012 e os dados utilizados nas regressões dos modelos.

Como o modelo foi definido com dados mensais, ao utilizarmos os dados “autoprod” calculados com a

equação 01 e utilizando os dados reais obteremos a demanda mensal. Na coluna “cálculo modelo” há o

valor de demanda anualizado que pode ser comparado com a “produção real” e a diferença percentual

pode ser verificada na última linha da planilha.

Tabela 04 - Simulações da Curva de Demanda Inversa

Na simulação demonstrada na Tabela 04 percebemos que há uma imprecisão por volta de 5% entre

os valores definidos pelo modelo oriundo da regressão e o valor de demanda real de automóveis

observada nos anos considerados.

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19

3.4 Estimativa de consumo de aço

Uma vez obtido o crescimento esperado na fabricação de automóveis, podemos com base nessa

estimativa, determinar qual seria o consumo de aços especiais nesse cenário. Essa estimativa de

crescimento será influenciada por duas condições: o aumento da quantidade do uso desses aços por

automóvel e o crescimento do número de automóveis produzidos.

Um automóvel de porte médio, no Brasil, tem o peso aproximadamente de 1700 kg, sendo que a

distribuição desse peso se divide aproximadamente em um terço para a carroceria, os componentes

mecânicos e os demais componentes estruturais. Estaremos nos fixando nos aços do corpo do

automóvel, ou seja, a carroceria. De acordo com o American Iron and Steel Institute, em trabalho

desenvolvido junto com a Ducker Worldwide Survey em 2011, espera-se que aconteça até 2020 uma

redução de 35% do peso do corpo dos automóveis, ou seja, o corpo dos automóveis passaria de 566 kg

para 367 kg. Essa redução seria consequência da adoção de materiais mais leves e resistentes, com o

incremento de aços TRIP, por exemplo. Estimativas apontam um uso conjunto de aproximadamente 200

kg por veículo desses dois aços. Uma estimativa baseada nos estudos de Dargay et al (2007) pode ser

vista na Tabela 05, com dados de aços especiais por automóvel extraído da Drucker Survey Results

(2011) – publicação que analisa o desenvolvimento de aços.

Tabela 05 – Estimativa de consumo de aços especiais (Drucker Worldwide Survey -2011)

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3.4.1 Custo de produção

Existe uma grande quantidade de tipos de aços, que são classificados conforme sua utilização. Em

nosso caso, estamos tratando de aços planos, destinados à indústria automobilística. Dentro dessa

categoria, quase a totalidade desses aços são fabricados em usinas integradas, que possuem como

matéria prima principalmente carvão mineral e minério de ferro. Para estabelecermos o custo de

produção de aço, vamos adotar um valor retirado do balanço de uma siderúrgica brasileira simplesmente

dividindo seu custo de produção pela produção pela quantidade produzida no período, incluindo o custo

de venda. Utilizamos dados da CSN – Cia. Siderúrgica Nacional que produziu 1,55 milhões de

toneladas de aço ao custo de produção total de R$ 1,671 bilhões. Considerando o câmbio a R$

2,00/dólar, chegamos a um custo médio de US$ 560,00/tonelada de aço. Como se tratam de aços

automotivos, e demandam processos de tratamentos subsequentes, vamos considerar uma parcela extra,

a qual representará os custos adicionais, resultando no valor de US$ 620,00/ton como custo de

produção. Este valor pode sofrer pequena variação, dependendo da siderúrgica considerada e seu

respectivo mix de produção.

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21

4 JOGO DA DIFUSÃO DE TECNOLOGIA

Neste capítulo, vamos descrever a difusão de inovações entre duas empresas do setor siderúrgico

(siderúrgica 1 e siderúrgica 2). Tais empresas formam um duopólio. A siderúrgica 1 possui uma

vantagem tecnológica sobre a concorrente que lhe dá a capacidade de produzir aços avançados para

suprir a indústria automobilística.

A siderúrgica 2 tem o objetivo de ser fornecedora de aço para o setor automobilístico, mas, como

não detém a capacidade de produção de aços avançados, terá de adaptar seu parque de produção. Para

tal, irá reagir à decisão da siderúrgica 1 de colaborar ou não com a difusão das tecnologias de produção

de aço TRIP.

Caso a siderúrgica 1 decida colaborar e transferir tecnologia (com assistência técnica) à siderúrgica

2, esta pode escolher a forma da transferência: via licenciamento de tecnologia ou através da construção

de uma joint venture com a detentora da tecnologia. Caso a escolha da siderúrgica 1 seja não colaborar,

a siderúrgica 2 tem duas alternativas para ter acesso à tecnologia: via pagamento de royalties (sem

qualquer assistência técnica), ou com a formação de um cluster, isto é, um grupo ou associação de

empresas que se unem para um determinado fim, no caso para desenvolver tecnologia de aços

especiais. Tais alternativas, sumarizadas na Figura 01, serão descritas detalhadamente na seção 4.1.

Figura 01 -Árvore de Jogos - Estratégias

Siderúrgica 2

Colabora Não Colabora

Joint Venture

Licença fixa Royalty Cluster

Siderúrgica1

Siderúrgica 2

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Vamos supor que a indústria automobilística é composta por duas montadoras que produzem um

bem homogêneo e concorrem como um duopólio de Cournot. A montadora 1 e a siderúrgica 1 possuem

um acordo de exclusividade sobre o fornecimento de aços avançados. A montadora 2 e a siderúrgica 2

possuem um acordo similar.

A combinação das decisões das siderúrgicas sobre a transferência de tecnologia irá influenciar o

custo marginal de cada montadora e, portanto, a quantidade de carros produzidos pela montadora no

equilíbrio de Nash-Cournot do setor automobilístico.

Considere a função de custos de produção da montadora 1 definida por

( ) ( 1 )

sendo (mil dólares) o custo marginal de produção e ( ) o custo incorrido pela montadora

para produzir carros.

A montadora 2 possui uma função de custos dada por

( ) ( ) ( 2 )

sendo o custo marginal adicional (em relação à montadora 1) e o custo fixo. A menor

eficiência desta montadora se deve à necessidade de desenvolver uma tecnologia que a concorrente já

possui.

Se a demanda inversa para a indústria automobilística for

( 3 )

sendo o preço do carro, a quantidade demandada, no equilíbrio de Nash-Cournot

as montadoras 1 e 2 irão produzir, respectivamente,

e ( 4 )

( )

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23

e a quantidade e o preço vigentes da indústria serão

( )

e ( 6 )

( 7 )

Adotando a premissa de que a quantidade de aço TRIP utilizada por carro é fixa em 0,2 toneladas, é

possível determinar as quantidades (em toneladas) de aço TRIP produzidas pela siderúrgica para

suprir a demanda por aços avançados da montadora :

e ( 8 )

.( 9 )

Para calcular o payoff (lucro) obtido pela siderúrgica detentora da tecnologia de aços avançados,

iremos desconsiderar custos fixos e utilizar os parâmetros mencionados no capítulo anterior, conforme

Tabela 06.

TRIP

Custo de Produção / ton US$620.00

Preço de venda / ton US$ 1,500.00

Tabela 06 - Custo de Produção e Preço de Venda de aço

Logo, o lucro da siderúrgica 1 para o aço TRIP será (em milhares de dólares) :

( )

, ou ( 10 )

considerando (T) outras receitas para a siderúrgica 1:

( 11 )

A siderúrgica 2 precisará investir em novas linhas de produção. O investimento mensal referente às

novas instalações para produção do aço TRIP será da ordem de US$ 5.591.666,67. Esse investimento

será rateado meio a meio com a montadora 2, de forma que o investimento mensal ( “I” ) total da

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siderúrgica 2 será de US$ 2.795.833,35, representando um custo fixo que ainda pode ser acrescido de

acordo com a estratégia escolhida pela firma 2. Com isso, poderíamos escrever:

( 12 )

Sendo . Vamos supor que o acordo assumido com a montadora 2 determina que qualquer

custo variável adicional ao valor da Tabela 06 seja inteiramente repassado para o preço de venda do aço.

Dessa forma, podemos escrever o lucro da siderúrgica 2 face a esta estratégia como

( )

ou ( 13 )

( 14 )

4.1 Determinação das Estratégias e dos payoffs

4.1.1 Licenciamento por taxa fixa

Nesta modalidade de difusão de tecnologia, a siderúrgica 1 escolhe colaborar na transmissão da

tecnologia. A siderúrgica 1 recebe uma taxa de US 2.500,00 (mil) para que a siderúrgica 2 possa utilizar

a nova tecnologia e receber assistência técnica da própria siderúrgica 1. Este valor de licença foi

baseado no trabalho desenvolvido por Goldscheider ET all(2002) – “Use of the 25 Per Cent Rule In

Valuing IP”, sendo aplicado sobre o faturamento presumido na taxa de 13%. Nesse trabalho é

apresentado valores típicos para diversos ramos de empresa, sendo a automotiva com teto de 15%, a

indústria química com teto de 25%. Como a siderurgia, em nosso caso, faz parte da cadeia produtiva da

automotiva, entendemos adequado o valor adotado.

Por conta de acordos contratuais e com o objetivo de incentivar a construção da nova linha de

produção, a montadora 2 arca com o valor da licença para uso da tecnologia e participa com 50% da

construção da nova linha. A siderúrgica 2 coordena a construção da nova linha e arca com 50% do

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investimento, que é descarregado em seu custo fixo. A siderúrgica 2 não tem a liberdade de modificar

ou replicar a tecnologia, e deverá utilizá-la conforme as determinações da siderúrgica 1.

A siderúrgica 2 terá um incremento de Custo Fixo (CF) como segue:

Montante de 50% do investimento ( I ) da nova linha: US$ 2.795,83 (mil);

Considerando = 0 e, substituindo os valores na equação (13), temos: CF2 = US$ 2.795,83.

Como as duas siderúrgicas têm o mesmo custo marginal, e, =0, utilizando as fórmulas (8) e (9)

vamos obter as quantidades de toneladas produzidas por cada siderúrgica:

= 21.461,5 ton

Podemos, agora calcular o Lucro (em milhares de dólares) da Siderúrgica 1 e da Siderúrgica 2:

Siderúrgica 1: substituindo em ( 11 ) temos que = US$ 21.386,20.

Siderúrgica 2: substituindo em ( 14 ), temos que = US$ 16.090,38.

4.1.2 Joint Venture

É uma associação colaborativa da siderúrgica 1 com a siderúrgica 2 , em que uma terceira empresa

é criada, com percentuais pré-definidos (neste caso 50%) de participação de cada siderúrgica. O

investimento e os lucros passam a ser divididos de acordo com a composição da firma nova. Esta opção

permite à siderúrgica 2 acesso à tecnologia de produção da siderúrgica 1, ao mesmo tempo que permite

à siderúrgica 1 que continue a controlar o desenvolvimento da tecnologia. A siderúrgica 1 continua a

deter os direitos da tecnologia, sendo que a siderúrgica 2 fica impedida de utilizar essa tecnologia

livremente em outros empreendimentos. Nesta opção, a montadora 2 também incentiva a construção da

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nova linha de produção arcando com 50% do valor do investimento. O lucro da empresa criada será

dividido igualmente entre a siderúrgica 1 e a 2. As siderúrgicas 1 e 2 contribuem com 25% do

investimento cada uma. O valor desse investimento incorrerá no custo fixo da nova linha de produção,

como segue:

Como neste caso =0, temos:

= 21.461,5 ton/mes.

Para calcularmos o lucro da siderúrgica 1 consideramos o acréscimo de 50% do lucro da siderúrgica

3, descontado o montante de investimento. O montante de 50% do investimento ( I ) da nova linha é de

US$ 2.795,83 (mil);

O Lucro da nova linha de produção será:

.

Como o lucro da nova linha é dividido igualmente entre as duas siderúrgicas, temos:

Siderúrgica 1: substituindo em ( 11 ) temos que = US$ 26.934,80.

Siderúrgica 2: substituindo em ( 14 ), temos que = US$ 8.045,14.

4.1.3 Pagamento de Royalty

Caso a siderúrgica 1 resolva não colaborar, ainda resta à siderúrgica 2 o pagamento de royalty para

adoção da tecnologia patenteada. Essa opção, não implica a assistência da firma 1, mas libera a

siderúrgica 2 a ter acesso ao know-how da produção do aço especial. A siderúrgica 2 passa a pagar um

montante pré-determinado, por quantidade produzida.

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O valor do royalty a ser adotado neste estudo é de 10%, e baseia-se no trabalho desenvolvido por

Goldscheider et all(2002) – “Use of the 25 Per CentRule In Valuing IP”. Nesse trabalho é apresentado

valores típicos para diversos ramos de indústrias, sendo a automotiva com teto de 15%, a química com

teto de 25%, etc. Como a siderurgia, em nosso caso, faz parte da cadeia produtiva da automotiva,

entendemos adequado o valor adotado.

A siderúrgica 2 paga à siderúrgica 1 o valor de 10% do valor de venda do aço. Esse valor é

repassado à montadora 2 que por sua vez repassa parte do custo adicional para o preço do automóvel. A

montadora 2 a título de incentivo, arca com 50% do investimento da linha nova.

As quantidades de equilíbrio são calculadas pelas equações (8) e (9). Vamos definir o valor de que

é o acréscimo de preço do aço devido à taxa de royalty que está sendo paga para a siderúrgica 1.

Considerando o fato que cada automóvel necessita de 0,2 ton de aço, e o valor do aço é US$

1,500/ton e o valor da taxa de royalty é 10% temos:

US$ 30,00.

Em (8) e (9),

e

.

Podemos calcular o lucro de cada siderúrgica 1 utilizando a equação 11, mas antes precisamos

calcular o montante devido ao royalty que a siderúrgica 1 receberá:

.

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28

Siderúrgica 1: substituindo em ( 11 ) temos que = US$ 22.112,22.

Siderúrgica 2: substituindo em ( 13 ), temos que = US$ 16.069,78.

4.1.4 Desenvolvimento de Clusters

Nesta estratégia, a siderúrgica 1 decide não colaborar e a siderúrgica 2 decide desenvolver sua

própria tecnologia. Como ela não tem os recursos e tecnologia para fazê-lo sozinha, a siderúrgica 2

forma um grupo de empresas para que juntas, tentem replicar o aço TRIP. Esta opção implica na criação

de uma estrutura de Pesquisa & Desenvolvimento com pessoas e instalações. Além disso, a siderúrgica

2 também terá de arcar com o investimento de uma nova unidade de produção e concorrer com a firma

1, que já está tem o domínio da tecnologia. A montadora 2, aceita repassar parte do custo do cluster para

o preço dos automóveis, e participa com 50% do custo da construção da nova linha de produção, a título

de incentivo, porém com compromisso de exclusividade do aço. O restante do custo do investimento

incorrerá no Custo Fixo da siderúrgica 2. Considerando os custos de pessoal extra, aquisição de

equipamentos analíticos e material necessário para o desenvolvimento do aço TRIP estimamos um valor

de aproximadamente 5% acima do royalty, ou seja, 15% do valor do aço.

Precisamos definir qual o acréscimo de preço no automóvel, devido ao custo do cluster:

US$ 45,00

Então:

- Siderúrgica 1: substituindo em ( 11 ) temos que = US$ 18.901,64.

- Siderúrgica 2: substituindo em ( 13 ), temos que = US$ 16.059,49.

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29

4.1.5 Análise das Estratégias

Uma vez definidos os payoffs, podemos retornar à árvore estratégica e complementar as

informações de cada opção:

- Em uma primeira análise vamos considerar que as duas siderúrgicas tomam suas decisões sobre a

inovação simultaneamente. Neste caso, a siderúrgica 1 decide baseada em sua estratégia dominante:

observamos que a estratégia “colabora” é dominante para a siderúrgica 1.

Posteriormente, vamos analisar o equilíbrio perfeito em subjogos.

(26.386,20, 8.045,14) (21.386,20, 16.090,38) (22.112,22, 16.069,78) (18.901,64, 13.231,2)

Figura 02– Árvore de Jogos- Payoffs

Passando para a forma estratégica, podemos analisar os payoffs:

Siderúrgica 2

Colabora Não Colabora

Joint Venture

Licença fixa Royalty Cluster

Siderúrgica1

Siderúrgica 2

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Tabela 07– Matriz de Payoffs (mil dólares)

Jogo Simultâneo: Equilíbrio de Nash com Estratégias Dominantes.

Nesta análise fazemos uma comparação, para a siderúrgica 1, dos payoffs disponíveis e verificamos

que a opção joint venture tem um payoff maior do que a opção royalty, assim como a licença fixa tem

um payoff superior ao cluster. Neste caso a siderúrgica 1 sempre escolherá a opção “colabora”. Fazendo

a mesma análise para a siderúrgica 2, verificamos que a licença fixa tem um payoff superior à joint

venture e o royalty tem um payoff levemente superior ao cluster.

Para a siderúrgica 1, a melhor opção seria a joint venture, pois é a opção onde ela obtém o maior

payoff . Mas, em termos de payoff esse seria a pior opção para a siderúrgica 2. Para a siderúrgica 2, a

melhor opção seria a Licença Fixa, porém para siderúrgica 1, há duas melhores opções: royalty e joint

venture.

Identifica-se na Tabela 7 que para a siderúrgica 1colaborar é estratégia dominante. Dado que a

siderúrgica 1 decide colaborar, a siderúrgica 2 irá obter um payoff maior optando pelo licenciamento a

custo fixo. Este será o equilíbrio de Nash para o jogo de difusão de tecnologia, com estratégias

dominantes.

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O payoff da siderúrgica 1 é: US 21.386,20 e ,

O payoff da siderúrgica2 é US$ 16.090,38.

Equilíbrio de Nash Perfeito em Subjogos

Na análise acima identificamos que há uma estratégia dominante que leva a siderúrgica 1 sempre

escolher a opção “colabora” e a opção escolhida é a licença fixa. Mas, sabendo quais os payoffs da

siderúrgica 2, se a siderúrgica 1 toma sua decisão primeiro, ela tem a oportunidade de adotar uma outra

estratégia e obter um payoff maior. Iniciando a análise pelo fim, a siderúrgica 1 observa que caso ela

decida não colaborar, a melhor opção para a siderúrgica 2 é escolher royalty, pois esta opção apresenta

um payoff melhor que cluster. Caso a siderúrgica 1 decida colaborar, a siderúrgica 2 optará pelo

licenciamento. Como o payoff obtido com o royalty é maior que o obtido com licenciamento, a

siderúrgica 1 optará por não colaborar. Encontramos um Equilíbrio de Nash Perfeito em Subjogos.

Nesse caso o payoff da siderúrgica 1 seria de US$ 22.112,22 , que é superior aos US 21.386,20 obtidos

na primeira análise. O payoff da siderúrgica2 é US$ 16.069,78.

4.1.6 Análise de Sensibilidade dos payoffs

Com o objetivo de explorar os valores obtidos de payoffs faremos um teste de sensibilidade para

verificar se a opção escolhida de estratégia persiste em cenários com alterações.

Primeiramente vamos imaginar que estamos no ano 2000 e verificar qual seria a escolha da melhor

estratégica, considerando o ambiente daquela época. Para isso, efetuamos o cálculo de payoff, com as

variáveis de regressão do ano de 2000.

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Tabela 08– Matriz de payoff – ano 2000

Analisando a Tabela 08, podemos verificar que o nível de payoff nesse cenário é inferior ao que

temos para 2018, e isso faz sentido dada a evolução econômica do Brasil nos últimos 12 anos. Em 2000

tínhamos um PIB per capita de US 7.000, um salário médio de R$ 585,00 e juros de 2,53% ao mês,

enquanto que em 2012, tivemos um PIB per capita de U$ 11.900, com um salário médio de R$ 1.840,00

e uma taxa de juros mensal de 1,5% (para financiamento de automóveis). Esses fatores são componentes

da variável “a”.

Quanto às estratégias, no caso de estratégias dominantes, a siderúrgica 1 já havia decidido por

“colabora”, por ser a estratégia dominante. A siderúrgica 2 não possui estratégia dominante. Como a

siderúrgica 1 escolhe primeiro, a escolha será “não colabora”. A siderúrgica 2 escolhe “opção 1”, ou

seja “royalty”, e se estabelece novamente o Equilíbrio de Nash em subjogos. O resultado é semelhante

ao obtido para 2018, embora com payoff diferente. Para o caso de Equilíbrio em Subjogos, raciocínio

idêntico ao cenário anterior se repete: caso a siderúrgica 1 opte por “colabora” a siderúrgica 2 optará por

“Licença Fixa”, então, conhecendo essa estratégia a siderúrgica 1 escolha “não colabora”, pois o payoff

de royalty é maior que Licença Fixa.

Na próxima simulação, iremos supor que o PIB per capita não se altere até 2018. Ou seja,

manteremos todas as condições previstas para 2018, com exceção do valor do PIB per capita.

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Tabela 09- Matriz de payoff – ano 2018 modificada

Na Tabela 09, podemos verificar, que mesmo mantido o poder de compra de 2012 até, 2018,

variando as demais condições a estratégia “colabora” para siderúrgica 1 ainda é dominante. O maior

payoff para a siderúrgica 1 continua sendo a joint venture. Para a siderúrgica 2 não há dominância, por

isso, tenderia a escolher a “opção 2”. A situação é a mesma dos dois casos acima: a siderúrgica 1

escolhe “não colabora” e a siderúrgica 2 escolhe opção 1. Para o caso de Equilíbrio em Subjogos, ocorre

a mesma situação do caso anterior, com a siderúrgica 1 optando por “não colabora”, pois o payoff de

“royalty” é maior que “Licença Fixa”.

Com os valores da estimação original, efetuamos um aumento de 10% no preço do aço e

avaliaremos quais os payoffs obtidos, mantendo as demais condições fixas:

Tabela 10- Matriz de payoff – aumento de 10% no preço do aço

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Para o caso de aumento 10% do preço do aço, ocorre a mesma situação dos casos anteriores, tanto

em Estratégias Dominantes quanto em Equilíbrio em Subjogos.

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5 CONCLUSÃO

Para a siderúrgica1 maximizar seu payoff ela escolherá a opção “não colabora”, dada as opções da

siderúrgica 2. O royalty é a opção de difusão de tecnologia que seria escolhido, dados as premissas

adotadas. Este resultado é coerente com o que Kamien (1984) preconiza em seu paper, onde o royalty

sempre traria maiores benefícios do que a licença por taxa fixa para quem detém a tecnologia.

Um ponto importante para se considerar é que a venda de tecnologia trouxe à siderúrgica 1, um

aumento significativo de receita, aumentando sua lucratividade.

A conclusão que se chega é que a preferência para a siderúrgica 1 se dá na seguinte ordem: joint

venture, royalty, licença fixa e por último o cluster, onde na verdade ela é excluída da receita da nova

linha de produção. Já para a siderúrgica 2, a opção se dá na seguinte sequencia: a licença fixa é a melhor

opção, seguida por royalty, cluster e joint venture. Em todos os casos, para a siderúrgica 2, a joint

venture é a pior opção econômica. Voltando aos aspectos teóricos de absorção de tecnologia descritos

neste trabalho, o fato de se optar, por licença fixa, royalty ou mesmo cluster imputa à siderúrgica 2 uma

maior responsabilidade na nova linha de produção, pois esta a estará operando – uma maior capacidade

do corpo técnico para absorção dessa tecnologia. No caso de joint venture, justifica-se sua adoção se há

pouco domínio da tecnologia envolvida. A siderúrgica2 paga pelo aprendizado.

Na questão da estimação da curva da demanda inversa, onde optamos por utilizar o OLS, após a

adoção do teste de Haussman e da regressão em dois estágios, nos chamou a atenção para a questão da

endogenidade e a dificuldade de estudos dessa natureza. Embora, tenhamos utilizado essa ferramenta,

creio que esse é um terreno bastante fértil para novos estudos. Em fato, muito pouca referência foi

encontrada.

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Existem algumas limitações neste trabalho, que foram adotadas com vista à simplificação, mas que

podem ser reconsideradas em trabalhos posteriores:

Trabalhamos com apenas uma opção de tecnologia, mas poderia ser considerado mais de um

tipo de tecnologia disponível para ser absorvida.

Estabelecemos valores de taxas (licenças e royalty) que podem variar de acordo com as

condições comerciais negociadas. Outro estudo pode ser feito de forma complementar, para

determinar até onde cada estratégia se mostra competitiva.

Os dados tomados para 2018 podem encerrar alguma imprecisão, que pode ser avaliada,

conforme o caso com uma gama maior de simulações de sensibilidade.

Foi considerado o automóvel como um bem homogêneo, o que pode uma aproximação bem

próxima do real, em alguns segmentos do mercado, mas não para todo o mercado. Há

diversos modelos de automóveis no mercado, que competem por preço, por qualidade,

status, etc.

Para simplificar a análise, consideramos apenas duas empresas automobilísticas concorrendo

via Duopólio de Cournot. Outras opções como oligopólio podem ser consideradas.

Embora existam indústrias automobilísticas que possuam exclusividade de fornecedores de

aço, usualmente as siderúrgicas fornecem aço para mais de uma indústria automobilística.

Por fim, a utilização da Teoria dos Jogos, dá uma nova dinâmica ao estudo e uma facilidade muito

grande para definir as estratégias. A parte mais difícil fica para a definição dos payoffs, pois deles

depende o resultado da análise. Talvez, pelas condições de contorno adotadas, não foi necessária

nenhuma técnica mais apurada, porém esse também é um exercício que pode ser feito em outros

trabalhos, decorrentes de outras condições de contorno adotadas.

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Anexo 1– Demanda Interna de Automóveis

ano Quantidade de veículos

produzidos (unid)

Quantidade de veículos

licenciados nacionais (unid)

Quantidade de veículos

importados (unid)

Quantidade de veículos

exportados (unid)

Quantidade totalde veículos

licenciados (unid)

1966 224.609 221.576 221.576

1967 225.487 226.912 226.912

1968 279.715 278.615 278.615

1969 353.700 349.493 3 349.493

1970 416.089 416.704 253 416.704

1971 516.964 509.623 1.256 509.623

1972 622.171 601.420 9.460 601.420

1973 750.376 735.228 18.553 735.228

1974 905.920 835.093 56.866 835.093

1975 930.235 858.478 63.796 858.478

1976 986.611 896.135 70.360 896.135

1977 921.193 852.970 59.968 852.970

1978 1.064.014 972.362 84.411 972.362

1979 1.127.966 1.014.925 89.360 1.014.925

1980 1.165.174 980.261 135.717 980.261

1981 780.883 580.725 189.889 580.725

1982 859.304 691.294 166.886 691.294

1983 896.462 727.732 164.707 727.732

1984 864.653 677.082 187.438 677.082

1985 966.708 763.180 197.257 763.180

1986 1.056.332 866.728 169.896 866.728

1987 920.071 580.085 324.100 580.085

1988 1.068.756 747.716 299.014 747.716

1989 1.013.252 761.625 233.738 761.625

1990 914.466 712.626 115 173.956 712.741

1991 960.219 770.936 19.837 180.435 790.773

1992 1.073.861 740.325 23.691 323.809 764.016

1993 1.391.435 1.061.467 69.078 312.520 1.130.545

1994 1.581.389 1.206.823 184.358 354.811 1.391.181

1995 1.629.008 1.359.332 364.748 244.210 1.724.080

1996 1.804.328 1.506.783 219.515 282.516 1.726.298

1997 2.069.703 1.640.243 299.818 397.359 1.940.061

1998 1.586.291 1.187.737 343.833 379.531 1.531.570

1999 1.356.714 1.078.215 174.974 261.813 1.253.189

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ano Quantidade de veículos

produzidos (unid)

Quantidade de veículos

licenciados nacionais (unid)

Quantidade de veículos

importados (unid)

Quantidade de veículos

exportados (unid)

Quantidade totalde veículos

licenciados (unid)

2000 1.691.240 1.315.303 166.537 355.978 1.481.840

2001 1.817.116 1.422.966 175.255 377.190 1.598.221

2002 1.791.530 1.363.377 113.004 412.175 1.476.381

2003 1.827.791 1.354.807 72.093 513.840 1.426.900

2004 2.317.227 1.517.053 59.581 720.190 1.576.634

2005 2.530.840 1.626.683 84.988 839.863 1.711.671

2006 2.612.329 1.785.372 138.993 788.633 1.924.365

2007 2.980.166 2.185.645 273.709 733.145 2.459.354

2008 3.216.381 2.445.200 370.937 680.229 2.816.137

2009 3.183.482 2.652.366 485.428 451.925 3.137.794

2010 3.646.548 2.854.808 657.517 729.746 3.512.325

2011 3.432.616 2.775.347 853.838 536.038 3.629.185

Tabela 11– Dados para a curva de demanda interna de automóveis

Na Tabela 11 podemos observar que nos primeiros anos de produção de veículos no Brasil, a

produção correspondia praticamente à demanda, ou seja, tudo que era produzido era vendido. A partir de

final dos anos 70, que observamos uma exportação de veículos mais consistente, porém ainda por volta

de 10% do que era produzido. Nos anos 80 as exportações ganham um pouco mais de peso e nos anos

90 as importações começam a aparecer com maior significância, e praticamente equilibra a importação

de veículos com a exportação.

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Anexo 2 – Regressão AUTOPROD – Testes aplicados.

Embora não seja o objetivo deste trabalho um estudo detalhado de modelagem do

comportamento da demanda automobilística no Brasil, procuramos efetuar uma verificação do modelo

utilizando Two-StageLeast Square, e o teste de Hausman.

1) Regressão em dois estágios (Two-StageLeast Square)

Tabela 12– Regressão por OLS e por Dois Estágios

Para a regressão com Dois Estágios, utilizamos como instrumentos: PIB_PC, MOEDA, JUROS, PRICE,

VOL_FINANCIA. Nota-se resultados bastante semelhantes, como pode ser visto na Tabela 12.

Efetuamos o teste Qui-Quadrado, introduzimos PRICE como variável dependente e calculamos os

resíduos – Tabela 13.

Tabela 13– Teste de Instrumentos – regressão com resíduo

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A H0 >>>é endógeno. Como a probabilidade é muito alta, rejeito que PRICE é endógeno.

Vamos para dois estágios:

Com os instrumentos exógenos da equação 05B , calculamos os resíduo.

Na sequencia vamos colocar o resíduo como variável dependente contra todas as exógenas e os mais

instrumentos – Tabelas 14.

Tabela 14– Teste de instrumento- resíduo como var. dependente

Series xy=1-@cchisq(150*res05a@R2,1)

Tabela 15– Teste Qui-quadrado

O resultado Qui Quadrado, apresentado na Tabela 15, é um p valor onde H0 = todos os regressores

são exógenos.

Não rejeito a hipótese > os regressores são exógenos.

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2) Teste de Haussman

O Teste de Hausman verifica se o OLS é consistente ( se a variável independente não se correlaciona

com os resíduos) e, caso seja, deveria ser utilizado o Variáveis Instrumentais Tabela 16.

Tabela 16–Teste de Haussman – PIB_PC como var. dependente

Primeiramente, voltamos à equação inicial. Calculamos o resíduo e efetuamos outra regressão, onde

a variável dependente passa a ser variável independente explicativa de uma outra variável , no caso:

vol_financia e CAMBIO – Tabela 17.

Tabela 17– Teste de Haussman – VOL_FINANCIA e CAMBIO.

Não rejeitamos a hipótese 0. Pelo teste de Hausman, não verificamos endogenidade, e concluímos

que o modelo é válido.

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Anexo 3 - Estimativa de custo de produção de um automóvel no Brasil

Uma tarefa bastante complexa no Brasil é definir o preço de produção de um automóvel. Apesar

de a tributação ser uma das mais elevadas no mundo: Brasil (30,4%), Itália (17,3%), França (16,0%),

Espanha (15,3%) e Estados Unidos (5,7%) – dados Anuário Anfavea 2012, a disparidade é bastante

grande.

No anuário 2012 da Anfavea, retiramos os valores utilizados nas regressões, e definimos o preço

de venda médio de um automóvel no Brasil que se situa por volta de US 23.759,00. Se retirarmos o

imposto declarado teremos o valor de US$ 16.631,30. Desse valor tem-se de retirar o valor pago à

revenda, o custo de comercialização e a margem do fabricante. Usualmente a concessionária fica com

10% do valor automóvel, já os custos de distribuição e a margem de venda, não são explícitos.

É possível, porem, efetuar-se uma comparação de um mesmo veículo comercializado em países

diferentes. Para ficar mais interessante, selecionamos o automóvel Civic da Honda que é fabricado no

Brasil e exportado para o México. De acordo com dados extraídos da Agência Auto Informe no site

Infomoney em 30/06/2011: um Civic LX produzido no Brasil e vendido no mercado Mexicano, custava

lá US$ 16.645,16, incluindo um frete de US 2.258,00 e a comissão da revenda de US 1.290,00, o que

levava o custo do automóvel a US 13.097,16. O mesmo veículo custava no Brasil US$ 36.264,51.

Partindo-se do valor de US$ 13.097,16 e somando-se a carga tributária mais custo de distribuição mais a

comissão, chega-se a US$ 26.255,48. A diferença é de US$ 10.009,00 no valor da venda. Note-se que o

fabricante do Brasil (e que exportou o veículo) com certeza não envia o automóvel para o México com

margem zero.

Outra comparação que faremos é o preço mercado americano versus preço no mercado

brasileiro. Para tal, buscamos os preços de mercado, de cinco veículos que existem similares nos dois

países.:

Tabela 18– Comparativo de preço nos EUA X Brasil.

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Na Tabela 18 mostramos um levantamento de preços de veículos comercializados nos EUA,

similares a modelos disponíveis no mercado brasileiro. Com exceção do Fiesta que é produzido no

México e exportado para os EUA, os demais estão em fabricação nos EUA atualmente. Os valores de

preço foram adquiridos em sites de comercialização de veículos nos EUA. Note-se que os automóveis

no EUA não são vendidos em versões básicas como no Brasil. O Fiesta, por exemplo, não está

disponível em versões populares despojadas de 1000 cm³ como no Brasil, somente em versões que se

aproximam do top de linha no Brasil, pois existem itens que são obrigatórios em todos os modelos nos

EUA e sequer estão disponíveis no Brasil, como por exemplo, o controle de estabilidade. Para equalizar

as versões efetuamos o artifício de incluir um fator de desconto no preço do Fiesta normal dos EUA

para que correspondesse ao Fiesta intermediário de modo a criarmos uma versão mais barata. O fator de

desconto arbitrado foi de um terço da variação entre a versão mais cara e a mais barata no Brasil. Na

Tabela 19 podemos verificar os valores antes e depois do desconto em dólares.

Tabela 19– Preço de automóveis nos EUA, com fator de desconto.

A margem de 10,85% foi obtida no documento

http://pages.stern.nyu.edu/~adamodar/New_Home_Page/datafile/margin.html: Margens por Setor

Industrial – New York University e o imposto incidente no veículo foi retirado do Anuário Anfavea

2012.

Dessa forma, entendemos que o “Preço descontado”, seria o preço próximo de um veículo da faixa

intermediária do modelo. Mesmo com esta consideração ainda incorremos em uma imprecisão, pois os

modelos representados na tabela 20, não corresponderiam ao carro médio brasileiro. Em uma terceira

abordagem, aplicaremos alguns valores de margens, utilizando a tributação brasileira, no preço médio

de US$ 23.759,00, encontrado em nossos levantamentos.

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Tabela 20– Estimativa de custo médio de fabricação de automóvel no Brasil.

Para analisarmos a Tabela 20, utilizamos o valor médio do preço de venda de um automóvel no

Brasil, e efetuamos as deduções de impostos e comissão da revenda, para chegarmos ao preço do

veículo ainda com a margem do fabricante. Nesse ponto, efetuamos simulação de três valores de

margem: 10%, 15% e 20%, sendo que o valor que corresponde ao custo de produção encontra-se

respectivamente, ao lado direito da tabela. O valor adotado é de US$ 11.500,00.