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AOEROA DE UMA ROCHA QUARTZO-AND ALUZÍTIO A OOM OORINDO
R DIÁSPORO
POR
RICARDO QUADRADO e C. A. DE l\fATOS ALVES INVESTIGADORES DA J . r. u .
Proveniente de Arga de S. ,Toão (~50 m a norte de S. lo
Aginha), na periferia da Serra de Arga, proximidades de . Caminha, estudámos, por indicação do Prof. C. rrEIXErRA, algumas amostras duma rocha essencialmente andaluzitica contendo, além disso, corindo, diásporo, distena, mica branca e tmmalina.
Esta rocha, de natmeza filoniana, acompanha os xistos ante-ordovícicos, metamorfizados, da região de Caminha e Cerveira. Os filões aparecem representados na folba l-C da carta geológica desta região na escala 1/50.000. São filões quartzo-andaluzíticos (qal), sumàriamente descritos na notícia explicativa da carta, onde a sua origem é considerada metamórfica.
Este tipo de filões é conhecido não so no norte, 'como no centro de Portugal [A. MARTINS (1952) assinalou-os no C'aramulo]. Existem também na Galiza (PARGA POND AL e MARTIN CARDOSO, 195~), nos E. U. A. (em White Mountain, loyo Range, etc.: LINDGRffiN, K ERR et al.) e noutras regiões.
Os filões minhotos pertencem ao mesmo conjunto dos da Galiza, de que são a continuação.
Os aspectos mineralógico e petrográfico destas rochas não foram, até agora, considerado!' pelos autores portugueses, embora se tenham ocupado dos problemas da sua geologia e génese. No trabalho acima referido de PARGA PONDAL e MAR-
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TIN CARDOSO, relativo à Galiza, o objectivo, como os autores indicam, foi «dar a conocer la presencia de diaspora en la falda de la Sierra deI Argallo, en el llamado campo deI Maragato, cerca de Goyán», do outro lado do Rio Minho.
Nos exemplares de que dispusemos é o corindo que se destaca pelas dimensões e abundância, enquanto o diásporo, que permitiu aos autores espanhois tão minucioso estudo cristalográfico, existe em pequena quantidade. O primeiro destes minerais, se bem que cristalizado em grandes massas macroscópicas, não assume formas cristalográficas susceptíveis de serem medidas. Procedemos, por isso, ao :exame petrográfico em lâmina delgada e realizámos o estudo radiocristalográfico.
* * *
A rocba estudada é. constituída por um agregado de andaluúte, de cor vermelha-acastanhada (cor deearne), formando mais de 90 % do volume da mesma rocha, corindo em agregados em forma de roseta, turmalina e um mineral micáceo cuja cor vai do branco ao amarelo~dourado e que o e13tudo peLos raios·X mostrou corresponder à moscovite. Vê-se que os cristais de andaluzite, prismáticos, de secção transversal rectangular, atingem o comprimento de alguns centímetros. O corindQ assume formas tabulares, em nódulos radiados, de cor azul violeta intensa, mostrando partição escamosa (0001) e romboédrica (lOl1).
Há, aparentemente, em exame. micro,scópico,duas micas brancas, uma constituindo agregados escamosos bem ,des~nvolvidos e outra, finamel.l,te microcrÍf:;talina, que envolve os cristais de corindo e deles parece derivar. No ,entanto, o estudo -radiográfico mostrou tratar-se dum polimorfoda moscovite, 2Ml'
O exame petrográfico baseou-se na observação de várias lâminas delgadas da amostrl;l considerada. A andaluzite é de cor rosllda, pálida, pleocróica, formando massas prismática~ alongadas, o qUe confere à· rocha o carácter granular grosseiro. :f:" na tQt,alidade dos ca~p.os opservÇldos,. o min.eral ,essencj~l, . ~. ..
1bi
etistindo os restantes como inclusões ou nos espaços entre os seus cristais. A andaluzite deu um radiograma típico; sem quaisquer características especiais.
O corindo, incluído na andaluzite, está sempre rodeado por agregados lamelares de mica. Tem hábito tabular e aparece acompanhado de diásporo e de distena que formam pequenas hastes e grânulos de identificação difícil. O hidróxido de alumínio apresenta, no entanto, extinção recta em relação ao alongamento ou à clivagem (O tO), enquanto que a distena, com hábito prismático alongado como o mineral anterior, tem ângulos de extinção que vão de 00 a 300 , medidos entre o alongamento e a direcção de vibração O'g. Os cristais são, além disso, de alongamento positivo na distena e negativo no diásporo.
Destes minerais, o corindo e o diásporo deram radiogramas de pó, típicos. Da distena não foi possível obter radiograma, dada a dificuldade de separar o mineral, por existir em quantidades escassas e sempre no seio da andaluzite. Da turmalina também se obteve um radiograma que é, do mesmo modo, típico, sem quaisquer particularidades.
O radiograma de pó da moscovite (1) permitiu identificá-la com um dos polimorfos deste mineral.
No quadro junto apresentam-se os valores das equidistâncias reticulares'(d) e das intensidades relativas (1) das linhas de difracção,deduzidas do radiograma de pó da moscovite de Arga de São João, juntamente com os valores obtidos por Smith e Yoder (1956) e por Yoder e Eugster (1955), tomados para referência.
Os valores J avaliaram-se à vista, segundo uma escala de 10 termos. Aqueles que correspondem às reflexões basais, (001), e que vão assinalados no quadro, devem ser. considerados exagerados em relação aos -valores teóricos, visto que as
. (1) Os radiogramas de todos estes minerais foram obtidos numa câmara Philips de' 114,83 mm de diâmetro, com radiação KOI: do cobre, sob tensão de 40 kV e intensidade de corrente catódica de 25 mA, filtro de Ni e colimadores.finos (0,5 mm de 'diâmetro). O tempeJ de exposição foi de oito heiras eutilizoú-se filme Ilford Industrial G.
Moscovite 2 MI Moscovite 2 M U. S. A. (1) sintética
(Smith and Yoder) (Y oder and Eugster) (1956) (1955)
d (Á) I d (Á) I
10,04 v. s. 10,014 >100 5,02 m 5,021 55 4,48 m 4,478 55 } 4,46 m 4,458 65 4,39 v. w. 4,391 14 4,30 w 4,296 21 4,11 v. w. 4,109 14 3,97 v. w. 3,973 12 3,89 w 3,889 37 3,74 w 3,735 32 3,50 m 3,500 44 3,35 v. s. 3,351 >100 3,21 m 3,208 47 3,00 m 2,999 47 2,87 w 2,871 35 2,80 w 2,803 22 2,59 m 2,589 50 ) 2,58 m 2,580 45 I 2,56 s 2,562 90 2,51 w 2,514 20
2,458 19 2,446 12 2,396 10 2,380 24 2,247 12 2,236 5 2,201 lb } 2,184 2,149 23 } 2,132 23 2,051 6 2,010 75 ~ 1,975 14 f
1,736 6 1,699 6 1,670 12 1.653 17 1,602 7
1,499 40
I I I I
(1) De Sprune Pine, N. C. (U. S. N. M. 96460). * Reflexões basais.
Moscovite de
Arga de São] oão
d (Á) I
10,0 * 10 5,0 * 6
4,47 7
4,30 1 4,11 1
3,88 4 3,74 4 3,50 5 3,33 * 10 3,20 5 2,99 7 2,86 5 2,788 5
2,583 5
2,564 9 2,501 * < 1 2,456 1
2,386 2 2,248 1
2,194 1 b.
2,137 4
2,058 < 1 b.
1,993* 6
1.876 < 1 v. b. 1,731 1 b. 1,697 < 1 b.
1,646 3 1,600 1 1,558 1 1,523 1 1,500 5 1,451 1 ],430 1 1,393 <1 1,351 1 1,338 1 1,295 1 b. 1,273 < 1 1,248 1 b. 1,219 < 1
103
lâminas das micas tendem a orientar-se com os planos basais paralelos ao eixo da fibra do aglomerado do pó. Desse fado resulta o reforço das intensidades destas reflexões.
Como os radiogramas que tomámos como referência foram obtidos por uma técnica que conduz a um reforço semelhante, é possível comparar directamente as intensidades do nosso radiograma com aqueles.
Os valores de d obtiveram-se a partir de medidas sobre o radiograma, que se efectuaram utilizando um negatoscópio e uma régua graduada em milímetros, tendo associada· uma lupa e um nóniode natureza igual a 0,1 mm. Não foram corrigidas do erro proveniente do encolhimento da película, devido à ausência de linhas de difracção na região dos grandes valores do ângulo de Bragg (0)0
Dada a concordância entre os valores de d e I correspondentes à moscovite 2M1 de Sprune Pine, N. C., nos E. U. A., e à moscovite sintética ~M,com os valores que obtivemos com a moscovite de Arga de S. joão, pensàmos poder afirmar estar-se em presença do polimorfo 2Ml' .
o,
RÉSUMÉ
Les auteurs présentent la description pélrographique d'une roche filonienne, des environs de S. to Aginha (Caminha), provenant d'une série métamorphique anté-ordovicienne. Par moyen des rayons-X ont été étudiés les principaux minéraux, corindon, diaspore et mica, ce dernier étant du type 2M1•
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BIBLIOGRA B'J A
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Idem, V. 8 p. 225, 1955.
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R. QUADRADO e C. MATOS ALVES -Rocha com corindo EST. II
Fig. 1 - Cristais achatados de cOi'indo no meio de agregados de moscovite. Lu z simplesmente polarizada; A. 50 X
Fig. 2 - Aspecto dos agregados micáceos formando células. A. 60 X ; N +
R. QUADRADO e C. MATOS ALVES - R ocha com cOl'indo E ST. III
F ig . 1-· Agregados radiados e palmados de mosco\'ite. A. 100 x . N +
Fig. 2 - Cristal de cOl'indo incluído na a ndalu zite. A. 50 x ; N + Bo/ , da Soe , Geo/ , de Por/ug .. / - Vel. XV - ' 963